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“ÁGUA: preciosa, útil, casta e humilde”(S.

Francisco)
“A água nunca descobrirá o que ela é. Mas, precisamente por ser água,
continuará a brotar, a cantar e a lavar a terra e a buscar o mar”.

A água dá vida, regenera, é disponível a todos. Não vive para si mesma, senão
para quantos a necessitam;
se adapta a todos os tempos, recipientes e lugares.
Sabe estar em jarras de barro e em vasilhas de ouro. Sabe manchar-se
para que os outros estejam
limpos. Não faz distinção das criaturas: a todas molha, põe frescor e
beleza.
A água é canção, alegria, paisagem, espelho de sonhos e poesia. Ela transforma,
regenera e põe vida em
toda a Criação. Ela abre os povos à comunicação, à cultura e ao turismo.
Ela está sempre disponí-
vel e aberta a todos os campos, terra, plantas, animais e pessoas de dela
precisam.
Na Bíblia, os poços do deserto e os mananciais que se oferecem aos nômades,
são outros tantos lugares de alegria e de assombro. Perto dos mananciais e dos
poços tem lugar os “encontros”.
A água que encontram em seu caminho é comparável ao maná: apagando sua
sede, os alimenta.
Por esta razão, pede-se água na oração: “Ouça Deus o grito de seu servo, envie os
aguaceiros e ajude a
encontrar os poços e os mananciais”.
A hospitalidade exige que se ofereça água fresca ao visitante e que se lavem seus pés, a fim de assegurar
a paz de seu descanso.
Javé se compara a uma chuva de primavera (Os. 6,3), ao aguaceiro que faz crescer as flores (Os. 14,6), às
águas frescas que correm das montanhas.
O justo é semelhante à árvore plantada às margens das águas que correm (Num. 26,6).
Jeremias, censurando a atitude do povo frente a seu Deus, fonte de água viva, se lamenta dizendo:
“Farão de seu país um deserto” (Jer. 18,16).
Nosso coração busca a Deus como o animal sedento busca a presença da água viva (Sl. 42,2-3).
A “alma” aparece como uma terra seca e sedenta, orientada para a água.
A “alma” espera a manifestação de Deus, tal como a terra resseca deseja poder ser empapada pelas
chuvas (Dt. 32,2).
Jesus se revela como Senhor da água viva com a samaritana (Jo. 4,10). Ele é a fonte: Se alguém tem
sede, venha a mim e beba” (Jo. 7,37).
“O Pai é a fonte, o Filho se chama o rio, e se diz que nós bebemos do Espírito” (S.
Atanásio).
A água se reveste, pois, de um sentido de eternidade; aquele que bebe desta água viva participa já da vida
eterna (Jo. 4,13-14).
“Ele derrama a chuva sobre a terra e envia as águas aos campos” (Jó 5,10).
“Dos mananciais tiras os rios, para que fluam entre os montes” (Sl. 103,10).
“Tenho sede de Deus, do Deus vivo. Quando é que poderei estar face a face com Ele? (Sl.
41)
“Como a terra seca do sertão à espera da chuva, todo o meu ser anseia por Ti, Senhor” (Sl
62,2)
“Não busqueis água em cisternas fendidas, que não retém a água” (Jer. 2,13).
“Bebe a água de tua cisterna, e das vertentes de teu poço” (Prov. 5,15)
“... a quem tem sede eu darei gratuitamente da fonte de água viva” (Apoc. 21,6).
“O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar...” (Saint-
Exupery).
“A verdadeira grandeza é como o poço: quanto mais profunda, menos ruído faz”.
* Há diferentes maneira de ter água em casa: uma delas é ir à fonte, tirá-la
trabalhosamente e trazê-la em baldes, como a samaritana. Para ela, aquele era
um dia qualquer. E, no entanto, era o dia de sua vida: o do encontro com Jesus.
Assim nossa oração, trabalhosa, dura, distraída... Mas um dia pode acontecer o
encontro mais profundo, talvez o dia da vida.
* Uma segunda maneira é a de obter água graças ao encanamento que chega
em casa, que vem por meio de “aquedutos”, como diz S. Teresa. Na verdade, é
mais cômoda, mas com seus riscos; às vezes vem turva, lodosa, ou simplesmente
não vem. De modo parecido, nossa oração afetiva talvez corra com mais
facilidade, com mais familiaridade para nós.
* Há um terceiro modo: quando a fonte brota, canta no coração. A água é
transparente e sempre próxima e fácil. Seria a oração mais contemplativa, na
qual a pessoa reduz seu trabalho a receber amorosamente o dom do Senhor.
Esta oração mais contemplativa realiza-se no “eu profundo”.

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