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RESOLUÇÃO CFC Nº 986/03

Aprova a NBC T 12 – Da Auditoria


Interna.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de


suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas


Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que estabelece
regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando da realização de
trabalhos;

CONSIDERANDO que a forma adotada de fazer uso de trabalhos de


instituições com as quais o Conselho Federal de Contabilidade mantém
relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes constantes dessas
relações;

CONSIDERANDO que o Grupo de Trabalho das Normas Brasileiras


de Contabilidade, instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade,
atendendo ao que está disposto no art. 3º da Resolução CFC nº 751, de 29 de
dezembro de 1993, que recebeu nova redação pela Resolução CFC nº 980, de
24 de outubro de 2003, elaborou a NBC T 12 – Da Auditoria Interna;

CONSIDERANDO que por se tratar de atribuição que, para o


adequado desempenho, deve ser empreendida pelo Conselho Federal de
Contabilidade, em regime de franca, real e aberta cooperação com o Banco
Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, o Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de Seguro Social, o
Ministério da Educação e do Desporto, a Secretaria Federal de Controle, a
Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional e a
Superintendência de Seguros Privados,

RESOLVE:

Art. 1º Aprovar a NBC T 12 – Da Auditoria Interna.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor a partir do dia 1º de janeiro


de 2004, revogando a Resolução CFC nº 780, de 24 de março de 1995.

Brasília, 21 de novembro de 2003.

Contador ALCEDINO GOMES BARBOSA


Presidente

Ata CFC nº 850


Procs. CFC nos 40/03 e 42/03
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE

NBC T 12 – DA AUDITORIA INTERNA

12.1 – CONCEITUAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS

12.1.1 – Conceituação e Objetivos da Auditoria Interna

12.1.1.1 – Esta norma trata da atividade e dos procedimentos de


Auditoria Interna Contábil, doravante denominada Auditoria
Interna.

12.1.1.2 – A Auditoria Interna é exercida nas pessoas jurídicas de direito


público, interno ou externo, e de direito privado.

12.1.1.3 – A Auditoria Interna compreende os exames, análises,


avaliações, levantamentos e comprovações,
metodologicamente estruturados para a avaliação da
integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade
dos processos, dos sistemas de informações e de controles
internos integrados ao ambiente, e de gerenciamento de
riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no
cumprimento de seus objetivos.

12.1.1.4 – A atividade da Auditoria Interna está estruturada em


procedimentos, com enfoque técnico, objetivo, sistemático e
disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado
da organização, apresentando subsídios para o
aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles
internos, por meio da recomendação de soluções para as não-
conformidades apontadas nos relatórios.

12.1.2 – Papéis de Trabalho

12.1.2.1 – A Auditoria Interna deve ser documentada por meio de papéis


de trabalho, elaborados em meio físico ou eletrônico, que
devem ser organizados e arquivados de forma sistemática e
racional.
12.1.2.2 – Os papéis de trabalho constituem documentos e registros dos
fatos, informações e provas, obtido no curso da auditoria, a
fim de evidenciar os exames realizados e dar suporte à sua
opinião, críticas, sugestões e recomendações.

12.1.2.3 – Os papéis de trabalho devem ter abrangência e grau de


detalhe suficientes para propiciarem a compreensão do
planejamento, da natureza, da oportunidade e da extensão dos
procedimentos de Auditoria Interna aplicados, bem como do
julgamento exercido e do suporte das conclusões alcançadas.

12.1.2.4 – Análises, demonstrações ou quaisquer outros documentos


devem ter sua integridade verificada sempre que forem
anexados aos papéis de trabalho.

12.1.3 – Fraude e Erro

12.1.3.1 – A Auditoria Interna deve assessorar a administração da


entidade no trabalho de prevenção de fraudes e erros,
obrigando-se a informá-la, sempre por escrito, de maneira
reservada, sobre quaisquer indícios ou confirmações de
irregularidades detectadas no decorrer de seu trabalho.

12.1.3.2 – O termo “fraude” aplica-se a ato intencional de omissão e/ou


manipulação de transações e operações, adulteração de
documentos, registros, relatórios, informações e
demonstrações contábeis, tanto em termos físicos quanto
monetários.

12.1.3.3 – O termo “erro” aplica-se a ato não-intencional de omissão,


desatenção, desconhecimento ou má interpretação de fatos na
elaboração de registros, informações e demonstrações
contábeis, bem como de transações e operações da entidade,
tanto em termos físicos quanto monetários.
12.2 – NORMAS DE EXECUÇÃO DOS TRABALHOS

12.2.1 – Planejamento da Auditoria Interna

12.2.1.1 – O planejamento do trabalho da Auditoria Interna compreende


os exames preliminares das áreas, atividades, produtos e
processos, para definir a amplitude e a época do trabalho a ser
realizado, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela
administração da entidade.

12.2.1.2 – O planejamento deve considerar os fatores relevantes na


execução dos trabalhos, especialmente os seguintes:

a) o conhecimento detalhado da política e dos instrumentos


de gestão de riscos da entidade;

b) o conhecimento detalhado das atividades operacionais e


dos sistemas contábil e de controles internos e seu grau de
confiabilidade da entidade;

c) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos


de auditoria interna a serem aplicados, alinhados com a
política de gestão de riscos da entidade;

d) a existência de entidades associadas, filiais e partes


relacionadas que estejam no âmbito dos trabalhos da
Auditoria Interna;

e) o uso do trabalho de especialistas;

f) os riscos de auditoria, quer pelo volume ou pela


complexidade das transações e operações;

g) o conhecimento do resultado e das providências tomadas


em relação a trabalhos anteriores, semelhantes ou
relacionados;

h) as orientações e as expectativas externadas pela


administração aos auditores internos; e
i) o conhecimento da missão e objetivos estratégicos da
entidade.

12.2.1.3 – O planejamento deve ser documentado e os programas de


trabalho formalmente preparados, detalhando-se o que for
necessário à compreensão dos procedimentos que serão
aplicados, em termos de natureza, oportunidade, extensão,
equipe técnica e uso de especialistas.

12.2.1.4 – Os programas de trabalho devem ser estruturados de forma a


servir como guia e meio de controle de execução do trabalho,
devendo ser revisados e atualizados sempre que as
circunstâncias o exigirem.

12.2.2 – Riscos da Auditoria Interna

12.2.2.1 – A análise dos riscos da Auditoria Interna deve ser feita na fase
de planejamento dos trabalhos; estão relacionados à
possibilidade de não se atingir, de forma satisfatória, o
objetivo dos trabalhos. Nesse sentido, devem ser
considerados, principalmente, os seguintes aspectos:

a) a verificação e a comunicação de eventuais limitações ao


alcance dos procedimentos da Auditoria Interna, a serem
aplicados, considerando o volume ou a complexidade das
transações e das operações;

b) a extensão da responsabilidade do auditor interno no uso


dos trabalhos de especialistas.

12.2.3 – Procedimentos da Auditoria Interna

12.2.3.1 – Os procedimentos da Auditoria Interna constituem exames e


investigações, incluindo testes de observância e testes
substantivos, que permitem ao auditor interno obter subsídios
suficientes para fundamentar suas conclusões e
recomendações à administração da entidade.
12.2.3.2 – Os testes de observância visam à obtenção de razoável
segurança de que os controles internos estabelecidos pela
administração estão em efetivo funcionamento, inclusive
quanto ao seu cumprimento pelos funcionários e
administradores da entidade. Na sua aplicação, devem ser
considerados os seguintes procedimentos:

a) inspeção – verificação de registros, documentos e ativos


tangíveis;

b) observação – acompanhamento de processo ou


procedimento quando de sua execução; e

c) investigação e confirmação – obtenção de informações


perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das
transações e das operações, dentro ou fora da entidade.

12.2.3.3 – Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à


suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos
sistemas de informação da entidade.

12.2.3.4 – As informações que fundamentam os resultados da Auditoria


Interna são denominadas de “evidências”, que devem ser
suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecer
base sólida para as conclusões e recomendações à
administração da entidade.

12.2.3.5 – O processo de obtenção e avaliação das informações


compreende:

I – a obtenção de informações sobre os assuntos relacionados


aos objetivos e ao alcance da Auditoria Interna, devendo
ser observado que:

a) a informação suficiente é aquela que é factual e


convincente, de tal forma que uma pessoa prudente e
informada possa entendê-la da mesma forma que o
auditor interno;
b) a informação adequada é aquela que, sendo confiável,
propicia a melhor evidência alcançável, por meio do
uso apropriado das técnicas de Auditoria Interna;

c) a informação relevante é a que dá suporte às


conclusões e às recomendações da Auditoria Interna;

d) a informação útil é a que auxilia a entidade a atingir


suas metas.

II – a avaliação da efetividade das informações obtidas,


mediante a aplicação de procedimentos da Auditoria
Interna, incluindo testes substantivos, se as circunstâncias
assim o exigirem.

12.2.3.6 – O processo deve ser supervisionado para alcançar razoável


segurança de que o objetivo do trabalho da Auditoria Interna
está sendo atingido.

12.2.3.7 – Devem ser adotados procedimentos adequados para assegurar


que as contingências ativas e passivas relevantes - decorrentes
de processos judiciais e extrajudiciais, reivindicações e
reclamações, bem como de lançamentos de tributos e de
contribuições em disputa, - foram identificadas e são do
conhecimento da administração da entidade.

12.2.3.8 – No trabalho da Auditoria Interna, quando aplicável, deve ser


examinada a observância dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade, das Normas Brasileiras de Contabilidade e da
legislação tributária, trabalhista e societária, bem como o
cumprimento das normas reguladoras a que estiver sujeita a
entidade.

12.2.4 – Amostragem

12.2.4.1 – Ao determinar a extensão de um teste de auditoria ou um


método de seleção de itens a serem testados, podem ser
empregadas técnicas de amostragem.
12.2.4.2 – Ao usar método de amostragem, estatística ou não, deve ser
projetada e selecionada uma amostra que possa proporcionar
evidência de auditoria suficiente e apropriada.

12.2.5 – Processamento Eletrônico de Dados – PED

12.2.5.1 – A utilização de processamento eletrônico de dados pela


entidade requer que exista, na equipe da Auditoria Interna,
profissional com conhecimento suficiente sobre a tecnologia
da informação e os sistemas de informação utilizados.

12.2.5.2 – O uso de técnicas de Auditoria Interna, que demandem o


emprego de recursos tecnológicos de processamento de
informações, requer que exista na equipe da Auditoria Interna
profissional com conhecimento suficiente de forma a
implementar os próprios procedimentos ou, se for o caso,
orientar, supervisionar e revisar os trabalhos de especialistas.

12.3 – NORMAS RELATIVAS AO RELATÓRIO DA AUDITORIA INTERNA

12.3.1 – O relatório é o documento pelo qual a Auditoria Interna apresenta o


resultado dos seus trabalhos, devendo ser redigido com objetividade e
imparcialidade, de forma a expressar, claramente, suas conclusões,
recomendações e providências a serem tomadas pela administração da
entidade.

12.3.2 – O relatório da Auditoria Interna deve abordar, no mínimo, os seguintes


aspectos:

a) o objetivo e a extensão dos trabalhos;

b)a metodologia adotada;

c) os principais procedimentos de auditoria aplicados e


sua extensão;

d) eventuais limitações ao alcance dos procedimentos de


auditoria;
e) a descrição dos fatos constatados e as evidências
encontradas;

f) os riscos associados aos fatos constatados; e

g) as conclusões e as recomendações resultantes dos fatos


constatados.

12.3.3 – O relatório da Auditoria Interna deve ser apresentado a quem tenha


solicitado o trabalho ou a quem este autorizar, devendo ser preservada a
confidencialidade do seu conteúdo.

12.3.4 – A Auditoria Interna deve avaliar a necessidade de emissão de relatório


parcial, na hipótese de constatar impropriedades/irregularidades/
ilegalidades que necessitem providências imediatas da administração da
entidade, e que não possam aguardar o final dos exames, considerando o
disposto no item 12.1.3.1.

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