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FUNDAMENTOS PARA COMPREENSÃO DE UMA PRÁTICA DOCENTE

INTERDISCIPLINAR

Kelly Tainara da Silva1

Trabalhar a interdisciplinaridade é uma possibilidade de relacionar conteúdos


das diferentes áreas, respeitando as peculiaridades de cada uma destas áreas.
A Interdisciplinaridade rompe com os limites das disciplinas, visando garantir a
construção de um conhecimento globalizante. Nesse sentido, Fazenda afirma
que:

A interdisciplinaridade é um termo utilizado para caracterizar a


colaboração existente entre disciplinas diversas ou entre setores
heterogêneos de uma mesma ciência (...) caracteriza-se por uma
intensa reciprocidade nas trocas, visando um enriquecimento mútuo.
(FAZENDA, 1996, p.41).

Portanto, os professores devem realizar trocas entre seus conhecimentos,


métodos, experiências e visões de mundo, objetivando sempre o
enriquecimento mútuo. É importante que eles trabalhem com a
interdisciplinaridade, e tomem conhecimento de seu significado. Luck relata
que:
O desenvolvimento de atitude e consciência de que trabalhando
dentro de um sistema de interdisciplinaridade o professor produz
conhecimento útil, portanto, interligando teoria e prática,
estabelecendo relação entre o conteúdo do ensino e realidade social
escolar. (LUCK, 2000, p.34).

Fazenda, ao revisitar suas produções sobre a prática da interdisciplinaridade,


registra seis fundamentos - livro Interdisciplinaridade: qual o sentido? - que se
destinam à compreensão de uma prática docente interdisciplinar (2003, p. 65-
75). O primeiro deles é o movimento dialético próprio de uma atitude
interdisciplinar para estabelecer o diálogo com as próprias produções, com a
própria prática, visando a “rever o velho para torná-lo novo ou tornar novo o
velho” e revisitar experiências passadas. Esses movimentos levam a descobrir
possibilidades de inovação e novos pressupostos ainda não revelados.
1
Bolsista do GEIFoP, UniBH, Curso de Pedagogia.
O segundo fundamento relatado pela autora é o da memória (registro). Isso
precisa ser exercitado sempre. Na memória ficam registrados os
conhecimentos e experiências significativas. A memória possibilita ao ser
humano realizar uma releitura crítica, uma revisão dos fatos ocorridos e reviver
o passado de forma diferente.

O terceiro fundamento é a parceria. A autora relata que os educadores são


parceiros dos outros educadores, dos alunos e até mesmo dos teóricos que
lêem. No trabalho interdisciplinar, a parceria é de fundamental importância, pois
possibilita trocas, contribuindo assim para uma satisfatória produção na área da
educação.

O quarto fundamento analisado pela autora é a sala de aula (prática docente).


Relata que na sala de aula interdisciplinar satisfação, humildade, cooperação,
generalidade, companheirismo e produção do conhecimento estão sempre
presentes. Esta sala difere da comum desde a organização do espaço
arquitetônico à organização do tempo. Sendo assim, esses quesitos são
fundamentais para a permanência da interdisciplinaridade na sala de aula.

O quinto fundamento é o projeto interdisciplinar. Segundo a autora, a sua


implementação depende de um projeto inicial claro, coerente e detalhado.
Afirma, também, que ao trabalhar com esses projetos é necessário agir com
rigor e intencionalidade e não com improvisação e acomodação. Devido à falta
de seriedade, muitas instituições têm conduzido os projetos interdisciplinares a
um esfacelamento do conhecimento.

O sexto fundamento citado é a pesquisa interdisciplinar. Relata-se que esta


permite ao pesquisador revelar sua potencialidade e competência,
possibilitando assim a construção coletiva de um novo conhecimento para os
enigmas da educação.

Diante do exposto, percebe-se que na formação do professor interdisciplinar


assume relevância a discussão desses fundamentos na sua formação inicial e
continuada. No entanto, esse profissional precisa estar aberto às novas
experiências e perspectivas, manter a comunicação com as demais disciplinas
escolares, ser capaz de estimular os alunos, exercer reflexão crítica sobre suas
práticas, gostar de inovações e pesquisa, entre outros aspectos.

REFERÊNCIAS:

LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teóricos-


metodológicos. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e interdisciplinaridade no


ensino brasileiro: efetividade ou ideologia?. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1996.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: qual o seu sentido?.


São Paulo: Paulus, 2003.

*Kelly Tainara da Silva - Bolsista do projeto de pesquisa: Grupo de Estudos


Interdisciplinares de Formação, Prática e Condição Docente – GEIFOP (UNI-BH)

Professora: Nali Rosa S. Ferreira

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