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yes!

BOLSO
www.fashionistaspfw.blogspot.com

DICAS PARA ACERTAR EM CHEIO


NO LOOK SEM ESTOURAR O
CARTÃO DE CRÉDITO

“INFORMAÇÃO DE
MODA HOJE É MAIS
VALIOSA DO QUE
DÓLAR”
ÉRIKA PALOMINO ABRE O JOGO
SOBRE A MODA NO BRASIL

SPFW
TUDO SOBRE OS BASTIDORES
DO PRINCIPAL EVENTO DE MODA
DO BRASIL

QUAL O ESPAÇO QUE A


SPFW GANHOU NA IMPRENSA
BRASILEIRA?
BLOGS
REVISTAS
JORNAIS

WOODSTOCK
40
FAZ ANOS COM ESTILO DE SOBRA. SPFW
NÃO DEIXOU A DATA DE LADO. 2009 | N.º 01 | GRATUITO
yes!
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[ Sumário ]
PARA COMEÇAR
05 Bastidores:
equipe e charge.
06 Editorial:
notícias da redação
07 Online: o que
rola no site

COMPORTAMENTO
08 Moda em série
09 Música: artistas
que ditam a moda
22 Webfashion
28 Entrevista: Erika
Palomino
33 Inspirações
MODA
12 Backstage da
SPFW
15 Recessionismo:
a tendência que vai
enxugar seu orça-
mento
19 Modelos Mas-
culinos
23 Crítica de Mídia
30 Passarela
verde: sustentabili-
dade, meio ambiente
e aquecimento global
35 Cota de negros
39
WOODSTOCK: +
A moda que funciona 37 Artigos
em qualquer
tempo e 52 Crônica
CAPA: Lyvia Jardim (Por Jaqueline Saiuri)
lugar
Tratamento de imagem: Jaqueline Saiuri [ YES! ] 03
Projeto gráfico e edição de arte

yes!
Jaqueline Saiuri e Juliana Cimeno

Edição Juliana Cimeno julianacimeno@gmail.com


Chefia de reportagem Carolina Nogueira cnogueirajornalismo@gmail.com
Reportagem Aline de Oliveira alinejornalismo.silva28@gmail.com Jaqueline
Saiuri sayuri.jaque@gmail.com
Comercial Aline de Oliveira alinejornalismo.silva28@gmail.com

Fotografia Jaqueline Saiuri

Revisão Sérsi Bardari

Presspres e impressão NT Copiadora

Participaram desta edição Lucas Prado, Lyvia Jardim lyvia.jardim@hotmail.com,


Douglas Lima douglas.felipe.lima@hotmail.com, Erika Palomino, Verônica Melo

As matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista Yes!,


publicação como parte integrada do Projeto Entrevê.

Da esqueda
para a direita: Aline de
O Oliveira, Lyvia Jardim,
Juliana Cimeno, Douglas
Lima, Carolina Nogueira,
Jaqueline Saiuri e
Giovana
Cimeno.

04 [ YES! ]
[ Bastidores ]
EQUIPE YES!
Curioso para saber quem faz parte da esquipe? Então
confira a seguir as informações de cada integrante YES!

Carolina Nogueira: 19 anos;


É apaixonada por jornalismo des-
de os 15. Já trabalhou em diversos
veículos da imprensa regional e
graças ao projeto se apaixonou
pela área de cultura, que inclui
moda. Embora o interesse pela
moda tenha surgido graças à re-
vista YES!, já acha que o resultado
ficou tão bom quanto as revistas
concorrentes no mercado.

Juliana Cimeno: 19 anos; Jornalista es-

Warner Brothers (Y); Escritora nas horas vagas;


Amante de: Ficção Científica, Rock’n Roll e Moda
tagiária; Descabelada; Futura colaboradora da
Aline de Oliveira: 20 primaveras, muito
bem vividas; Estudante de jornalismo;
Atualmente estagiaria de uma rádio; Apaix-
onada por música, dança, internet e moda;
tem como principal objetivo trabalhar na TV.

Jaqueline Saiuri: 20 anos; Tem como


paixão a fotografia; Adora gastar o tempo
assistindo diversos seriados; Consumista
assumida; Pretende ir para o Canadá ao se
formar; Eclética em todos os gêneros.

Deseja fazer contanto com a equipe YES!?

Retrô.
Então dá uma olhada na página ao lado.

CHARGE
POR JULIANA CIMENO

[ YES! ] 05
[ Editorial ]

JUST SAY YES!


Se você está com a primeira edição da revista
Yes! nas mãos, você entende ou pelo menos se
interessa por moda, certo? Errado. Não é bem
esse o público alvo da nossa produção. É claro
que a SPFW é o carro-chefe dos assuntos apre-
sentados na revista. Porém, a equipe da revista
Yes! não quer falar com quem conhece tudo so-
bre as passarelas, grifes, e desfiles, apenas. Mas
sim, com a leitora que além disso tudo, sabe so-
bre si mesma, sobre a própria personalidade e
vontades.
Você, que estuda feito uma louca, dia e noite,
mas faz questão de estar “apresentável” para
um pretendente, ou um chefe em potencial. Você
que é inteligente, confiante, moderna, mas jovem
antes de qualquer coisa! Foi para você que pro-
duzimos esta revista. Com ela, vamos tentar te
levar para dentro da SPFW e, de quebra, te fazer
descobrir muitas coisas.
Nesta edição da Revista Yes! você vai descobrir
como ter estilo e gastar pouquinho. Descobrir tudo
que se passou nos bastidores e na mente dos
estilistas que participaram do SPFW. Descobrir
detalhes sobre a vida de modelo... dos rapazes!
Descobrir o resultado da cota de modelos negras
na SPFW. Descobrir que a moda de liberdade e o
conforto de Woodstock não passam nunca.
E, no final das contas, você vai descobrir que
moda tem a ver com estar bem consigo mesma
e não ter medo de se vestir para se expressar!
Just say YES! to yourself! As próximas páginas
vão mostrar tudo isso de um jeito leve, bonito,
e gostoso. Como a moda tem que ser. Acredite,
enquanto lê, o tempo vai parecer ter passado tão
rápido quanto a moda das polainas! Boa leitura!

06 [ YES! ]
[ Online ] www.fashionistaspfw.blogspot.com

SPFW
Curioso para saber tudo o que aconteceu
nas edições da São Paulo Fashion Week
de 2009? Então não deixe de acessar o
blog. Lá, você encontra todas as informa-
ções necessárias para saber sobre o que
rolou nos bastidores, quais grifes desfila-
www
ram e quais as melhores dicas para estar
sempre por dentro da moda. + lá no blog da YES!
www.fashionistaspfw.blogspot.com

MAKING OF DO EDITORIAL
DE MODA “WOODSTOCK”
Quer consferir como foi a sessão de fotos
que rendeu o editorial de moda da página
XX sobre a matéria “Woodstock”? Então
você não pode deixar de acessar o blog
e assistir o vídeo do Making Of. Lá, você
vai conferir o documentário que registra
os melhores momentos dos modelos Lyvia
Jardim e Douglas Lima.

A MODA MASCULINA AOS


OLHOS DE LUCAS PRADO
A matéria que você confere na página XX
foi resultado de uma entrevista que a YES!
fez com o modelo Lucas Prado. Você pode
conferir o vídeo inteiro lá no blog, clicando
em www.fashionistaspfw.blogspot.com.

[ YES! ] 07
[ TV ] Se em algumas produções de TV a moda é o pano de fun-
do, um assunto sutil sem grandes regalias, nessas séries
é um dos personagens principais. Tem nome, gênero e
estilo definidos.
PROJECT RUNAWAY

No reality show “Projeto

moda em
Passarela”, os participan-
tes travam uma compe-

SÉRIE
tição para descobrir o me-
lhor ‘designer de moda’.
Em vez de votações do
público, os jurados se
baseiam no resultado da
atividade da semana, em
que estilistas produzem
visuais a partir de um
tema proposto pela equipe do
programa. De conceitual à dia-
a-dia, a moda está presente na
versão passarela em todos os
episódios.

Colegiais ricos e problemáticos, que gostam de


SEX AND THE CITY

beber até cair e transar com amigos compromis-


sados é a premissa da série. Parece previsível?
Talvez seja mesmo, mas depois de assistir alguns
episódios, não há quem não se divirta com as pi-
rações dramáticas de Blair Waldorf, Serena Van
der Woodsen, Dan Humpfrey, Chuck Bass e Nate
Archibald. A moda é algo tão natural na série, que
não se resume às garotas, os maiores destaques
são os vestidos amarelos de Serena, os arranjos de
Na sugestiva Nova York, as amigas Carrie Brad- cabelo de Blair, os coletes de Dan e as produções
shaw, Samantha Jones, Charlotte York e Miranda originais de sua irmã mais nova, Jenny, os ternos
Hobbes vivem o céu e o fel dos relacionamentos de Chuck e muitas outras marcas registradas dos
amorosos e profissionais. A trama equilibra surtos personagens. A série está em sua terceira tempo-
feministas a questões relacionadas à sexualidade rada nos Estados Unidos, com o primeiro ano dos
e princípios morais, mantendo um pé no útil e outro protagonistas na faculdade.
no agradável. Enquanto isso, a grande constante
GOSSIP GIRL

das seis temporadas da série é a moda: a paixão


por sapatos, vestidos, lenços e casacos é a carac-
terística principal de três das amigas novaiorqui-
nas e transformou Sex And The City em um dos
tv shows de maior repercussão fashion de todos
os tempos.
OS MIDAS DA MODA
[ Música ]

Um palco escuro,
um ponto central de luz. A pla-
téia plantada em seu lugar, treme
de excitação e frio. Estão ao céu
aberto, em uma cidade qualquer
nos Estados Unidos, enfrentando
o frio e 7º com a cara e a coragem,
texto: Juliana Cimeno fotos: Divulgação

esperando por ela.


Em um segundo, a cena
inteira se modifica.
A figura toma lugar
no palco e o barulho
se torna gritaria. Turbilhão.
Sua presença dispensa
introduções, complemen-
tação. Ela é o show.
Vestindo nada além de
colant e polainas,
Madonna não parece
se importar com a
temperatura, com os
olhares dos críticos,
com a cor e o tecido
que não casam com a
estação ou com o corte
Se
da coleção passada.
Madonna usar,
vira ouro.

09 [ YES! ]
[ ]
É essa a linha de pensamento das grifes,
trenders e tietes de carteirinha dessa e de
diversas outras estrelas da música mundial. O
grande segredo? Confiança. Enquanto desfi-
lam em seus figurinos indiscretos, coloridos e
muitas vezes estranhos, em nenhum segundo
duvidam da genialidade daquela ‘criação’.
CO

Não é qualquer um que sustenta tanta ima-


JUS

gem, mas para os aventureiros, a moda é o


OL

universo livre para experimentação.


TIN
TIM

Sim, ele é o cara. Quando aparece, é sempre o


BER

mais descolado de todos e tem aquela qualidade


invejável de “sopro de ar fresco”. Justin evoluiu de
LA

goroto de ‘boy band’ de caixinhos longos, para um


ícone do estilo. O que pouca gente percebe é a in-
KE

fluência retrô utilizada pela estrela. Suspensórios,


coletes e chapéus de estampa xadrez montam
a aparência mais ‘cool’ do cenário musical atual.
Para seguir os passos do loiro, a tarefa inicial é
vasculhar armários e brechós atrás dos famosos
‘achados’, peças e acessórios que pareçam an-
tigos, mas não velhos

DRAMA
AMY LEE
Drama é a palavra chave para o visual da vo-
calista da banda Evanescence. A cantora alia
espartilhos, botas e taxas a saias e vestidos,
criando um estilo gótico mais suave, conhe-
cido como Gothic Lolita. Amy utiliza alguns
artifícios ligados à uma imagem sexy, sendo
um decote, uma barra mais curta ou ombros
de fora. Para não sair por aí parecendo uma
vampira de filme pornô, o segredo é sutileza.
Combinar uma bota de cuturno com um ves-
tido ‘menininha’ garante uma mescla interes-
sante entre o rock e o romantico, uma carac-
terística clássica das roupas da vocalista.
]
Se você pensou ‘normal’, pense duas ve-
zes. Para David Bowie, a ordem é brilho.
Roupas justas, cores fortes e conflitantes,
poucos acessórios e muita maquiagem é a
lei para os figurinos do eterno rebelde. Nos
primeiros anos de sua carreira, Bowie inves-
tia no visual andrógino e nos tecidos cola-

DA GLA
dos, margem de cálculo para a questão de
sua sexualidade. Para os bem resolvidos,

VID M
o visual inspirado no cantor deve mostrar
faíscas, com elementos cult. Calças skin-

BO
ny, tecidos listrados e glitteres estratégicos
são boas idéias para montar um look como

WI
o dele.

E
MADONNA POP
Já que inspirações é o assunto, nada mais justo que
lembrar o princípio básico dos figurinos da estrela:
pernas. Enquanto o couro, fitas, botas e chapéus
complementam o visual, o prato principal são as
finas e longas pernas da cantora. Elas não estão
sempre à mostra, mas de alguma forma se desta-
cam. Para seguir o modelo de Madonna, o jeito é
investir em shorts, calças justas e lisas, que valori-
zam o contorno das coxas. Meias-calças grossas e
coloridas ficam fora da produção e sapatos de salto
que alongam a silhueta é uma pedida sagrada.

Para a russa, a jogada é se expressar: cores,


cortes, tecidos e penteados andam em har-
monia com a sensação que sua música deve
inspirar. Por isso, não é difícil encontrar Björk
com roupas de garota católica dos anos 50,
toda de branco e até nua, com correntes ata-
das a seu corpo. Para investir no estilo Björk,
a dica é não ter medo da roupa caricata e
das peças que dizem ao mundo, um pouco
sobre quem você é e como se sente. Vale
fazer uma leitura prévia de ambiente. Talvez
vestidos em forma de ganso não sejam exa-
tamente apropriados para qualquer outro lu-
gar que o tapete vermelho.
BJÖRK
11 [ YES! ] CONCEITUAL
[ SPFW ]
O backstage, o corre-corre e o glamour
que batem ponto nos corredores da se-

BASTIDORES DA MARATONA
mana mais badalada da moda em São
Paulo.

O São Paulo Fashion


passaram a maior parte
do tempo deslocando-
Week é conhecido como se de um ponto a outro
a grande festa do glam- em um enorme e corrido
our no Brasil, um entra e “balé”.
sai de celebridades e per- São muitos os profis-
sonalidades importantes sionais que fazem a
que ditam os rumos da SPFW ter o conceito que
moda e do estilo nacio-
POR JAQUELINE SAIURI FOTOS DIVULGAÇÃO

ela possui. Repórteres,


nal. Um verdadeiro tem- operadores de câmeras,
plo de atitudes. Já para produtores, maquiad-
as pessoas responsáveis ores, cabeleireiros, as-
por fazer o evento acon- sessores de imprensa,
tecer, ele é conhecido faxineiros, assistentes,
por seu grande alvoroço dentre uma infinidade
e correria. Foi no Pavil- de outros colaboradores
hão da Bienal no Parque que correm, trabalham
do Ibirapuera que a 26ª e e se desdobram para
a 27ª edições contaram criar o sonho e o glam-
com cerca de 40 desfiles our do evento, algo que
de diferentes grifes para na maioria das vezes
apresentar as coleções não corresponde nem
Outono/Inverno 2009 e de perto à vida que es-
Primavera/Verão 2010, ses profissionais levam.
com aproximadamente Nem mesmo os modelos
uma hora de espaça- escapam desse des-
mento entre o término de gaste. Eles são aqueles
um e o início de outro. que representam todo o
Ou seja, profissionais glamour do evento sobre
a passarela, mas pos-
suem uma vida tão difícil
quanto a dos demais
profissionais, correndo
de um desfile para outro,
trocando maquiagens
e passando ensaios.
10
12 [[ YES!
YES! ]]
Alguns modelos chegam [ CURIOSIDADES ]
a fazer até cinco des-
files em um só dia, com + Na 27ª edição do
produções, estilos e en- São Paulo Fashion
saios diferentes, resul- Week, foi realizada
tando em um desgaste uma homenagem aos
enorme ao final de todo estilistas franceses
o processo. por causa do Ano da
Mas é através desse França no Brasil, um
trabalho em conjunto, programa cultural re-
muito suor, empenho e alizado este ano, com
desgaste psicológico, o apoio dos governos
que em cerca de dez dos dois países.
minutos de desfiles, es-
ses profissionais rep- + Neste ano, o SPFW
resentarão um semes- incluiu uma série de
tre inteiro de sonhos e atividades paralelas,
beleza. Sonhos esses como a feira de negó-
que nascem da idéia de cios do setor da moda
um estilista, passa pelo e uma programação
trabalho de diversas pes- alternativa de cada
soas, até o momento marca participante.
mágico, composto pela
relação entre fotógrafo e
modelo, onde o sonho de
fato se concretiza.
Gisele Bundchen e Je-
sus Luz foram os grandes
protagonistas deste úl-
timo desfile na semana
da moda em São Paulo.
Bündchen, que des-
fila para a marca Colcci
há cerca de seis anos, >> Fotógrafos no evento com
suas respectivas câmeras
encerrou as coleções de
>> Gisele Bündchen em desfile para
a Colcci; Top models no backstage de Primavera/Verão 2010.
Max Weber; Rodrigo Hilbert em desfile
também para a Colcci.

>>
Nem mesmo os modelos escapam do des-
gaste: eles são aqueles que representam
todo o glamour do evento sobre a passarela.

[ YES! ] 13
Gisele Bundchen e Jesus Luz foram os grandes
protagonistas na semana da moda em São Paulo.

A modelo brasileira in- atual namorado de Ma-


augurou o desfile com donna, também desf-
um look de vestido tra- ilou para a marca Col-
pézio curto em xadrez cci, mostrando-se muito
e mostrou-se muito sor- sério para as objetivas
ridente e confiante. Por dos fotógrafos.
sua vez, Jesus Luz, o

Desfilaram na 26ª edição (Outono/Inverno 2009): Fause Haten,


Osklen, Mario Queiroz, Cori, Priscila Darolt, Colcci, Isabela Capeto, Ron-
aldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, Vide Bula, Forum Tufi Duek, Do Estil-
ista, Lino Villaventura, Iódice, Carlota Joakina, Patricia Viera, Ellus, Fábia
Bercsek, Huis Clos, Triton, Cavalera, Reinaldo Lourenço, Erika Ikezili, Oes-
túdio, 2nd Floor, Wilson Ranieri, V.Rom, Animale, Maria Bonita, Simone
Nunes, Uma por Raquel Davidowicz, Reserva, Samuel Cirnansck, André
Lima, Gloria Coelho, Amapô, Jefferson Kulig, Maria Garcia, Alexandre Her-
chcovitch (Masculino), Neon.

Desfilaram na 27ª edição (Primavera/Verão 2010): Colcci,


Osklen, Priscilla Darolt, V. Rom, Paola Robba, Uma, Iódice, Maria Bonita,
Alexandre Herchcovitch, Cori, Forum Tufi Duek, Huis Clos, Cia. Marítima,
Reinaldo Lourenço, Simone Nunes, Água de Coco, Gloria Coelho, Erika
Ikezili, Maria Garcia, FH, Cavalera, Néon, Ronaldo Fraga, Jefferson Kulig,
Mario Queiroz, Lino Villaventura, Isabela Capeto, Wilson Ranieri, Movi-
mento, Reserva, Samuel Cirnansck, André Lima.

>> Modelos desfilando com roupas


da coleção da Triton, Ellus, FH e Cia.
Marítima.

14 [ YES! ]
[Especial ]

MODA
DE
BOLSO
Recessionismo. A tendência no mundo da moda que
chegou para enxugar o orçamento e fazer bonito no
quesito estilo.
POR CAROLINA NOGUEIRA FOTOS DIVULGAÇÃO

>>
[ YES! ] 15
os 14 anos constrói seus Por outro lado, para fazer
Quem disse que para looks garimpando os mel- sucesso, às vezes, não
se vestir bem é preciso hores preços e peças. é preciso ir muito longe.
gastar fortunas? Desfilar Ser recessionista pode Uma amiga sua pode es-
por aí na maior “estica” ser trabalhoso. Mas a tar guardando a peça cer-
com o cartão de crédito pesquisa vale a pena. ta para você e suas idéias.
no limite não está com Débora conta sobre uma Para encontrá-la, basta
nada. A moda agora é peça comprada em um fazer uma espécie de
ser inteligente e econo- brechó que se tornou “bazar” entre as amigas e
mizar. O recessionismo é peça de estimação. “Eu trocar, vender “achados”
tendência no mundo todo. tenho uma jaqueta jeans entre vocês. “Sempre en-
A crise, que deixou todo que comprei faz muito contro as minhas amigas
mundo com um pé atrás tempo e que simples- ‘peruas’ nos brechós”,
na hora das compras, mente não consigo jogar brinca Débora.
criou um tipo de consumi- fora”. Além do jeans estar Além de inteligente, a
dor mais econômico. No sempre na moda, ela res- recessionista pode pre-
mundo fashion, não foi salta a versatilidade das cisar ser prendada tam-
diferente. peças. “A moda hoje tem bém. Transformar uma
Liquidações, brechós muitos adereços. Você bermuda velha em uma
e costureiras passaram pode por um bottom, um mini-saia, ou reformar
a fazer parte da vida lenço, uma flor e ter vários uma blusa que você nem
de quem quer estar na looks com uma mesma lembrava que existia pode
moda. “A moda quem faz peça.” ser mais simples e barato
é a gente mesmo. Nos Débora conta também do que se imagina. Basta
brechós dá pra construir que não tem dia nem hora costurar aqui ou ali e de-
looks bem legais e com marcada para encontrar a ixar a criatividade rolar.
um preço que compensa”. peça certa. “Sempre que Além disso, a internet
É o que relata a profes- passo em frente e gosto também pode conter uma
sora Débora Barbosa, 35, de alguma coisa eu en- tonelada de técnicas de
recessionista que desde tro e acabo levando”. Ela reformas simples. No blog

PARA SER RECESSIONISTA


É PRECISO TER A
AUTO-ESTIMA
EM ORDEM.
16 [ YES! ] >>
RECESSIONISTA RULE >>

>> Campanha da Rede Volkswagem nos Estados Unidos em época de crise:


incentivando pessoas aos recessionismo.

da Revista YES!, você de atender pedidos como tos”. De qualquer forma,


aprende, por exemplo, esses. Periodicamente, a economia no final das
a reformar o tênis Allstar aceita pedidos de roupas contas, de acordo com
já desbotado, e produzir para reuniões de Anime- Débora, é de pelo menos
um batom exclusivo feito friends. Além disso, ela 80%. “Ainda assim, não
em casa sem gastar um explica que é possível ba- adianta comprar só por
tostão. ratear o custo da peça que que o preço é pequeno.
Para quem não tiver o se quer copiar. “Às vezes O ideal é comprar o que
“dom” da costura, há pro- o vestido pede um tecido gostar”. Afinal de contas,
fissionais por aí que con- muito caro. Mas o mesmo comprar porque é barato
seguem tirar o modelito da vestido pode ser feito com e depois não usar acaba
sua cabeça e transforma- um tecido mais barato e aí sendo gasto desne-
lo em realidade. É o que o preço diminui.” cessário.
explica a costureira Clara Como tudo na vida, o Embora a palavra “re-
Caetano: “Geralmente as preço final de peças enco- cessionismo” tenha sur-
meninas pegam as revis- mendadas na costureira gido recentemente por
tas de moda, copiam e depende de uma série causa da crise, o hábito
aí eu costuro conforme o de coisas. “Depende do de “baratear a elegância”
desenho.” modelo, do tecido, da rou- não vem de hoje. A esteti-

>
Clara, que é costureira pa. Até aparecem pedidos cista Tânia Antunes, 44,
há 38 anos, entende bem impossíveis de serem fei- conta que já econo

[ YES! ] 17
mizava na produção quan- sobraram de coleções pas- ridades, com peças muito
do era moça, nos anos 80. sadas. Outra evidência é o mais baratas que as origi-
“Eu via nas revistas, com- uso dos acessórios gigan- nais dos famosos.
prava os tecidos, e minha tes de Christine Yofun, que Para ser recessionista,
mãe costurava do jeito que fizeram toda a diferença além de bastante criativi-
eu pedia”. E como pede a nos looks apresentados na dade, é preciso ter a auto-
ousadia de quem se veste edição outono-inverno da estima em ordem, segundo
bem, saber inventar é um SPFW2009. A customiza- Débora. “Tem que comprar
trunfo. “Eu me inspirava ção chegou e parou como o que gosta e ter bastante
no que via, mas imaginava vestígios da recessão. certeza de que quer o que
um negócio diferente. Mui- Na imprensa, a revista está comprando. Você pre-
ta coisa vinha da minha Criativa apresenta a cada cisa se aceitar”. Enfim, se
cabeça. E ainda fazia o edição uma competição a moda vem e vai, talvez
maior sucesso!”. entre candidatas que com- nos brechós e na sua cria-
Como tudo que dá certo, ponham o melhor look tividade ela sempre esteja.
o recessionismo foi parar garimpado em brechós, Basta entender que moda
na passarela e na impren- em uma hora. A mesma é para se sentir bem sem
sa. A coleção de Isabela ideia é colocada em práti- se descabelar por causa
Capeto para o verão de ca na revista Gloss, que do orçamento.
2010 é um exemplo. Ela constrói looks parecidís-
reaproveitou tecidos que simos com os das celeb-

LIQUIDAÇÕES, BRECHÓS
E COSTUREIRAS
PASSARAM A FAZER
PARTE DA
VIDA DE
QUEM QUER
ESTAR NA
MODA.
18 [ YES! ]
Moda
masculina
Quais as dificuldades que os homens enfrentam no
mercado? A moda masculina vai se desenvolver?
Fizemos estas e outras perguntas ao modelo Lucas
Prado, que explicou como é a realidade que envolve
o mundo fashion. POR JAQUELINE SAIURI

[ YES! ] 19
izada em roupas infantis, de modo geral, não se
Normalmente, quan- e, desde então, vem gan- preocupa tanto com valor
do se fala do mundo hando espaço nos pou- da roupa que veste, con-
da moda, o pensa- cos desfiles dos quais tanto que se sinta con-
mento coletivo ima- participa. Esta profissão, fortável. “Eu acho que
gina a mulher. Mas que financeiramente é as mulheres recebem
o homem também arriscada, possui como mais porque elas têm
está presente nesse característica principal mais demanda de trab-
universo também. O a diversidade de cachê, alho. Então a chance de
modelo de mascu- que depende do que se crescerem na profissão é
linidade com o qual faz. “Uma vez tive que maior. Faz parte da cul-
ainda hoje muitos realizar um trabalho para tura a mulher se preocu-
meninos crescem – a Polícia Militar, onde par mais com a vaidade
a ausência de lágri- apresentei o novo uni- do que os homens”, ex-
mas, o repúdio for- forme. Pagaram-me uma plica Lucas. “Para um
çado de bonecas e miséria. Em torno de 200 homem conseguir uma
brincadeiras de coz- e 250 reais. O que é dife- vaga de modelo é mais
inha e outros detal- rente quando acontece difícil. Os organizadores
hes mil vezes mais um desfile. Uma marca dos desfilem contratam
sutis, mas igualmente famosa paga em torno de um moreno alto, um loiro
determinantes – está 200 reais por cada entra- forte, um ruivo sedutor
obsoleto. E está difi- da na passarela. Pode- e pronto. Já basta para
cultando o desem- se ganhar muito pouco, eles.”. Há também a
penho de uma socie- como se pode ganhar questão do preconceito.
dade mais igualitária mais do que o suficiente De acordo com Lucas,
que traga benefícios para o sustento mensal”, em geral o homem pen-
para todos e que seja diz Lucas. sa: ‘Eu ser modelo? O
mais harmoniosa. que vão falar de mim?’.
As dificuldades “E tem outra: quando a
A moda mascu- pessoa é modelo, ela é
do mercado
lina em princípios Um dos atributos que
rotulada de burra”, com-
Lucas Lopes do Pra- pleta o rapaz.
mais afeta os homens que
do trabalha com pouca seguem esta profissão
frequência nas passare- é a dificuldade que eles O futuro da moda
las. Mas, desde os sete encontram no mercado masculina
anos, faz “bicos” para de trabalho. Nesse setor, Levando em conta o
sua irmã Thaís Prado, as mulheres ganham metrosexualismo*, pode-
produtora de moda. Sua mais do que homens. se prever que a moda
primeira atuação como
modelo foi para uma Isto porque o público masculina vá crescer
capa de revista especial consumidor de moda é e muito nos próximos
mais feminino. O homem, anos, uma vez que o
20 [ YES! ]
metrossexual e a moda com 14 anos possuem preocupante é o psi-
possuem todas as carac- hoje o rosto e corpo de cológico. A sociedade
terísticas para seguirem mulher, tornando a com- imagina a mulher como
juntas. “É totalmente as- petição com mulheres a principal afetada, e
sociado uma coisa com mais velhas muito mais embora a mídia evite o
a outra. Parece que as fácil. “Garotos com essa assunto, homens tam-
pessoas estão mais idade ainda possuem bém sofrem desse mal
preocupadas com a vai- cara de moleque. Eu es- tanto quanto as modelos.
dade, tanto os homens tava vendo esses dias Para eles, fugir da tabela
quanto as mulheres, já mesmo na TV, que uma que a agência determina
que cosméticos e cirurg- garota de 16 anos havia para cada um, como me-
ias estéticas estão se vencido um concurso didas, peso e cuidados
tornando mais baratas. de moda, sendo que faciais é querer destruir a
E conseqüentemente ela estava competindo profissão, e consequent-
os homens ficam se at- com mulheres de 23, emente, esse pensa-
entando mais a isso. 25 anos.”, esclarece Lu- mento acaba afetando
A questão cultural, por cas. Essa desvantagem no modo de pensar da
outro lado, é mais difícil aprofunda mais ainda pessoa, tornando-a psi-
de ser quebrada. Se o a questão do fator cul- cologicamente e fisica-
homem fala que faz a tural em si, assim como mente doente.
unha, ele é muito criti- a movimentação capital-
cado. Ou seja, a moda ista. Agências procuram [ OBSERVAÇÃO ]
masculina vai crescer, atualmente aproveitar a
porém, ainda é preciso beleza de uma determi- *Metrosexu-
que alguns paradigmas nada modelo por uma
sejam quebrados para vida útil maior, ou seja, alismo
que se iguale à femini- elas acabam começando Termo originado no
na”, comenta. sua carreira mais cedo final dos anos 90,
do que deveriam. pela junção das pa-
lavras metropolitano
A questão cultural e heterossexual,
É comum, em pro- Mundo feminino x sendo uma gíria para
gramas de reality shows, mundo masculino um homem heteros-
ver garotas ganhando Aparentemente, são sexual urbano exces-
concursos relaciona- muitas as características sivamente preocupa-
dos à moda com 14, que diferenciam o mundo do com a aparência,
16 anos, uma carac- feminino do masculino. gastando grande
terística desconhecida Porém, mens e mulheres parte do seu tempo e
quando se trata de ga- estão longe de serem as- dinheiro em cosmé-
rotos. Esse fato se deve sim tão diferentes quando ticos, acessórios e
ao crescimento ante- o assunto é moda, e um roupas de marca.
cipado, já que garotas fator igualitário, porém

[ YES! ] 21
WEBFASHION

MELAINE PULLEN http://unvestido.blogspot.com/

UN VESTIDO Y UN AMOR
A releitura das cenas dos O blog de divulgação da
http://www.melaniepullen.com/

crimes mais polêmicos dos Estados boutique de Débora Falabella mos-


Unidos na década de 50 é o tema tra as novidades e os modelos de
do trabalho fotográfico de Melanie vestidos inspirados no estilo vinta-
Pullen. Os assassinatos de figuras ge e 50’s. A Um Vestido Y Un Amor
femininas foram encenados nos reúne produtos exclusivos e atende
locais originais, mas com uma pro- em sua sede física, na Rua Augusta,
dução fashion de dar inveja até em apenas com hora marcada, o agen-
cadáveres. Marcas como Channel, damento pode ser feito pelo blog.
Marc Jacob’s e Prada fazem parte Outra coisa bacana é a lista de ami-
do repertório de roupas, sapatos gos do site, com vários endereços
e bolsas das vitmas. Como diriam de blogs e sites referêntes ao estilo
os fashionistas: um crime de alta retrô.
moda.

Em 2009 o mundo mudou. O A moda não é só para mo-


http://www.leblogdebigbeauty.com/

que antes era sinônimo de ‘rato de delos magrelas. Esse fato é provado
GEEK CHIC

biblioteca’ hoje é associado à tecno- por Marie Melodie, uma francesa gor-
logia e novas tendências. Ser geek dinha que expõe suas produções no
é cool e os mais ligados em acessó- “O Blog da Grande Beleza”. Cheia de
rios podem se jogar numa infinidade estilo e confiança, Marie publica foto-
de gadgets estilizados: pen drives, grafias de si mesma, usando roupas
celulares, bolsas e materiais de es- e acessórios de sua própria grife em
critório de cores, modelos e formas baladas, praças e monumentos. Além
diferentes, associando as funções de uma boa fonte de idéias para as
necessárias para a rotina diária ao fashionistas mais cheinhas, é também
estilo pessoal. O site apresenta uma uma boa chance de adquirir produ-
seleção de gadgets voltados para tos bacanas do tamanho certo, para
o público feminino, com direito à quem pode pagar
strass, hello kittys e muito rosa.

http://geekchic.com.br/ LE BIG BEAUTY


[ Crítica de Mídia ]

OS VARIOS looks da IMPRENSA

SPFW
SÃO PAULO FASHION WEEK
LOOKS, ALFAITARIA, BACKSTAGE, TRENCH-COATS,
azuis-esverdeados, verdes-azulados. Palavras de moda. Cada
qual no seu canto, e à cada veículo a palavra que lhe convém.
A cobertura da imprensa brasileira sobre um dos eventos mais
importantes de moda no país manteve tudo nos conformes.
Proporcional ao evento? Talvez. De qualquer forma, a imp-
rensa soube levar em conta o público alvo e o que ele implica.

FOTOS DIVULGAÇÃO
[ YES! ] 23
>>
A
furos de reportagem sobre os praticamente acusa a moda
mais diversos assuntos, desde de estar inerte aos efeitos da
s revistas de moda não a taxa Sélic, até um novo pa- recessão. “É a crise. Sorria!”.
abandonaram o “fashionês”, trocínio do Corinthians, acom- Mais irônico, impossível. O
a língua que muitas vezes panhou Glória Coelho em uma gancho esteve no fato de que
só quem entende mesmo de véspera de desfile na SPFW. o tema da SPFW foi “alegria”.
moda consegue decifrar. Os Alguns trechos da matéria O organizador, Paulo Borges,
blogs atenderam às necessi- escrita por Mônica chamam a alega coincidência, porém, no
dades básicas do internauta e atenção pela riqueza de det- decorrer do texto, a repórter
falaram de tudo o tempo todo, alhes, bem como pela lingua- evidencia que as finanças do
sem esquecer dos palpites. E gem mais leve que o habitual. evento anual vai de vento em
os jornais diários... Bom, va- “No cardápio, uma folha de popa, apesar da crise.
mos começar por eles. alface, cinco rodelas de to- “O custo do evento será de
mate, sanduíche de peito de cerca de R$ 7 milhões - o úl-
Impressos peru e Coca. ‘Mas eu quero timo ficou em R$ 6 milhões. A
Proporcionalmente ao even- só o refri”, diz ela (a modelo maior parte é bancada por pa-
to, que mobiliza toda a co- de prova)’”, escreveu. Eis o trocínios. ‘Não economizamos
munidade fashion em cinco primeiro pitaco sobre a saúde em nada’, afirma Borges. A or-
dias definitivos para o futuro das modelos. De leve, cer- ganização da SPFW também
da moda naquele ano, es- tamente, mas o comentário tem seus motivos para estar
colhemos os dois principais contrasta com a informação feliz. Em agosto passado, o
veículos do estado: a Folha de sobre o salário da modelo de grupo de gestão de marcas In-
S. Paulo e o jornal O Estado prova, contratada para por e brands adquiriu boa parte das
de S. Paulo. tirar peças e mais peças, até ações da empresa Lumino-
O primeiro ignorou o jornal- que Glória esteja satisfeita. sidade, que produz o evento,
ismo especializado em moda Além disso, a repórter anotou permitindo novos investimen-
e foi além. Não resistiu à o número de comprimidos to- tos”, afirmou a reportagem.
tentação de analisar a crise mados pela estilista e recon- Mais uma vez, o veículo foi
econômica, a saúde das mod- struiu um ambiente de fortes feliz, por ter sido o único a in-
elos, o comportamento do exigências sobre cada peça e formar o custo final do evento.
brasileiro. Nada disso ficou de detalhe do desfile. Porém, a crise foi apresentada
fora da cobertura do veículo, Embora a atitude de levar o como um paradoxo ao mundo
embora o tenha feito cheio de leitor para os bastidores da fashion, diferentemente do
dedos em relação às pessoas SPFW tenha sido positiva, o que fez o jornal concorrente.
envolvidas, ao evento, e ao texto final ficou com cara de A cobertura da Folha se re-
que ele representa. deboche. Apresentou-se um sume em uma palavra: públi-
Para acompanhar o dia-a- mundo de modelos tamanho co-alvo. Um público que es-
dia da estilista Glória Coelho, 34 e estilistas dopadas e exi- pera por repórteres com quem
a Folha de S. Paulo escolheu gentes, aliás, classes que gan- o leitor se identifique, como
nada mais, nada menos, do ham muito bem. Mônica e sua vasta abrangên-
que Mônica Bérgamo. A jor- O aspecto financeiro mereceu cia de assuntos e espírito críti-
nalista, conhecida por trazer uma matéria, com título que co aguçado. Um público que
24 [ YES! ]
> não quer ignorar os assuntos ria ‘Desejos (ainda) secretos‘ dor, Paulo Borges. O ambiente
sociais conforme as matérias que, por meio de pequenas dos desfiles torna-se palpável
fizeram. E, finalmente, um pú- observações, remeteu os e o texto dá espaço para as
blico que, além de refletir, tam- leitores aos tempos de crise celebridades que estariam pre-
bém se veste e se veste bem. econômica. “(...) os cenários sentes. Ao comentar as famo-
Esse fato justifica a agenda das salas de desfile ficam mais sidades , a jornalista ressalta
publicada pelo jornal, com minimalistas. Alguns estilistas os profissionais brasileiros que
asteriscos nos desfiles para dizem que é para destacar a arrasam lá fora, e, ao fazer
compradores. Dois asteriscos roupa. Outros revelam con- isso, apresenta a imagem da
demarcaram o desfile para a tenção de gastos. É a crise? moda brasileira internacional-
imprensa, o que é de se espe- Sim, a crise também está na mente, embora esta seja a de-
rar de um jornal que também moda”, escreveu. Aqui a dife- ixa para certo apelo comercial.
tem a função de pautar outros rença de abordagem entre o O Estadão também foi o
jornais em todo o Brasil. Estado e a Folha fica evidente. único a relatar a presença do
À frente da cobertura do Enquanto a Folha debocha da prefeito Gilberto Kassab na
evento pelo jornal O Estado despreocupação do mundo abertura do evento. Apesar da
de S. Paulo, aparece Lílian fashion com a crise, o Estado abordagem abrangente, em
Pacce. A principal jornalista de afirma que a crise faz parte alguns casos o jornal foi bas-
moda do Brasil fez exatamente deste universo, o que fica ai- tante breve ao falar dos des-
isso: jornalismo de moda. Co- nda mais evidente no título files, apoiando-se mais nas
mentou cada desfile, analisou de outra matéria publicada no imagens...
cada novidade e cada grife, segundo dia de desfiles. “Crise A análise do comportamento
como pede a moda. Tudo isso Econômica é tema dos estilis- do brasileiro diante da moda
de um jeito completamente in- tas do OEstudio”. No texto, a aparece muito de leve, ao falar
teligível ao leitor que não en- repórter descreve a coleção sobre chapéus. “E apesar de o
tende tanto assim do assunto, apresentada e relaciona a brasileiro não ter tal hábito de
sem esquecer de falar sobre o criação com a crise. usar chapéu, [a estilista Anne]
que o brasileiro realmente se Na mesma matéria, detal- Gaul acredita que a moda está
interessa, como pede o jornal- hes sobre a homenageada do começando a pegar. E se for
ismo. evento, Carmem Miranda, res- tomar o verão como medida, a
Um exemplo da cobertura pé saltam o tema “brasilismo” da estilista está certa. Nas facul-
no chão do Estado é a maté- SPFW, segundo o organiza- dades, os estudantes aderiram

>>
[ YES! ] 25
a todas as versões de boinas”. site: Alexandre Hertchcovich, para as equipes dos hotéis
Outro público-alvo, por certo. Colcci e Osklen. A estrutura Mercure”, afirmou. Mais uma
Torna-se perceptível que o básica de cada uma das três vez, situar o leitor que é bom,
público do Estadão enxerga míseras matérias foi quase nada!
a moda com outros olhos. Ol- didática. Um perfil da grife do
hos que veem além da moda estilista e trechos de matérias Revistas
ditadora de tendência; veem a do Uol Estilo, da Revista Elle A revista Vogue sabe mui-
moda como reflexo sócio cul- e o Portal Terra, com direito a to bem a influência que tem
tural. links para as matérias destes
no mundo fashion. É por
sites.
isso que, no Brasil, além de
Blogs A escolha do Fashion Bubles
de se pautar no Portal Terra dedicar uma edição espe-
Fotos, fotos, fotos e mais
foi feliz. Lá, para cada desfile, cial ao evento, começa di-
fotos. Se a página não car-
rega com rapidez, ‘so sorry’! uma notícia, um artigo e uma tando moda. O título e linha
Foi mais ou menos assim que galeria de fotos. Isso sem fina de uma das matérias já
os blogs Fashion Bubbles e contar as matérias sobre os definem o que vai e o que
o Portal Terra se aproveita- bastidores e dicas, como na não vai dar certo na esta-
ram do tão bajulado ‘tempo matéria de título “Ricardo dos ção de modo categórico:
real” para cobrir o evento. No Anjos dá dicas para uma pele “Top 20. O power dressing
caso do Fashion Bubbles, os perfeita”. A ideia teria sido ain- à altura. Vogue seleciona o
comentários foram bastante da mais bem sucedida se a in-
melhor da temporada’”.
breves. ternauta soubesse realmente
Também é difícil não co-
“O objetivo é promover a quem é Ricardo dos Anjos, um
maquiador responsável pela mentar o fashionês eviden-
brasilidade, abordando temas
grife Amapô. te da linha fina. O que seria
como a hibridização cultural
do país. O evento pretende O nome mais saliente na exatamente o “power dress-
realçar a leveza e a alegria cobertura foi o da articulista ing”? Seria a tradução literal
do povo brasileiro e home- Iesa Rodrigues. E também é da expressão, ou algum
nageará um ícone internacio- onde surge o aspecto nega- jargão desse universo? Fica
nal do Brasileirismo; a ilustre tivo da cobertura do site. A para quem entende bem do
Carmem Miranda, com a cel- articulista foi breve até demais negócio. A matéria também
ebração do centenário de seu e parecia sempre acabar o priorizou as imagens, clas-
nascimento”, foi tudo que o texto de repente. Ela também
sificando cada tendência
blog apontou sobre o evento. falou dos estilistas como vel-
com palavras em fashionês
Os próximos parágrafos desta hos conhecidos, ao comentar
que este ou aquele desfile fi- como ‘Déco’, ‘Girlie’, ‘Lady-
matéria são uma biografia da
cou melhor ou pior que outro. like’, e ‘Statement-bijoux’.
homenageada. Nada sobre as
grifes, a não ser a agenda de Um exemplo foi o comentário As outras 12 matérias da
desfiles. a respeito do desfile de Gloria revista foram praticamente
Além disso, das quarenta Coelho:“Como roupa, prefiro didáticas, com dicas de
grifes que desfilaram, apenas a série de tailleurs e looks como fazer um coque, uma
três foram abordadas pelo masculinos que Gloria assinou maquiagem de acordo com
26 [ YES! ]
a tendência, ou então se dades mais claras’. Graças e que custam uma fortuna.
resumem a uma série de á esta linguagem, o leitor Aos jornais e veículos ‘séri-
fotos, agrupadas por as- consegue praticamente vi- os’, falta análise crítica e
suntos, como celebridades, sualizar as peças, pelo seu compreensão de que moda
ou passarela. Fica evidente, caráter descritivo. tem mais a ver com mani-
ainda, a abordagem co- A moda ainda não concreti- festação cultural do que
mercial , ao atribuir esta zou seu espaço na mídia. O parece.
ou aquela marca o melhor conteúdo fashion aparecem
produto para construir um em muito maior quantidade
look ou uma maquiagem. . entre “blogueiros” e “twit-
Mais uma vez, quem man- teiros”. Este fato revela que
da é o público alvo. Estilis- o interesse existe, por mais
tas, estudantes e modelos que a imprensa não seja
entendem bem a linguagem recíproca. Em entrevista à
e buscam exatamente essa revista Yes! , a jornalista e
afirmação sobre o que vestir consultora de moda Erika
ou não. Palomino ressalta esse
O mesmo acontece em fato. “Os jornais deverias
relação à revista Cool dar mais espaço sério aos
Magazine. Porém, a preo- eventos de moda e não só à
cupação com a cobertura parte social”, afirmou.
do evento em si fica mais A chegada da Fashion
evidente neste veículo. A TV ao Brasil, por exemplo,
revista escolheu por apre- mostra a moda dando as
sentar uma matéria sobre caras pela mídia brasileira.
as inspirações das grifes, Porém o conteúdo do canal
atitude que fica evidente, fala pouco das produções
já que cada matéria tem nacionais, e por vezes apre-
como título o nome da grife. senta material pouco atual-
A linguagem também difere izado. A importância sócio-
da Vogue já que, embora economica da moda já é
fale da mesma coisa, usa conhecida, porém ela ainda
expressões que traduzem ao foi relacionada com a
as criações das grifes: ‘O imagem da cultura.
resgate da grife em peças Para a imprensa, moda
sobre o aspecto rústico da ainda se resume à peças
lavagem do brim, que varia de roupa que andam de um
>> Especial Passarelas da
do quase preto até as tonali- ponto à outro da passarela revista Vogue;Cool Magazine.

[ YES! ] 27
‘SALVEM A
IMAGEM
DA MODA’
Moda no Brasil, tecnologia, meio-ambiente, imprensa, roupas ap-
ertadas, e uma palavra nova para o vocabulário fashion. A revista
YES! entrevistou Érika Palomino que falou sobre tudo isso com o
olhar crítico que só uma jornalista referência no mundo fashion pode
ter. Para ela, os veículos precisam mudar o posicionamento, a cul-
tura de falar mal só por falar mal não está com nada e a arte, o cin-
ema e a música podem ser chave para uma mudança para melhor.

Yes! O Brasil é uma pouco generosas no que toca do chocho (falar mal apenas
POR CAROLINA NOGUEIRA FOTOS DIVULGAÇÃO

das nações destaques ao item exportação e ajuda a por falar mal) que rege este
no mundo da moda. pequenos empresários. mercado no Brasil. É muito
Fale um pouco sobre fácil criticar uma revista ou
o melhor e o pior da Yes! E o jornalismo de site, mas parece que quando
moda brasileira. moda brasileira? O que convêm às pessoas se esque-
Erika Palomino Dis- vale a pena e o que pre- cem de como é difícil fazer
cordo do fato de o Brasil ser cisa melhorar? uma revista ou um ensaio de
destaque no mundo da moda. Erika Palomino Pre- moda. Aos poucos vamos
O Brasil é destaque no mun- cisamos de mais veículos, melhorando. Acho que todo
do, por sua cultura, lifestyle e não apenas blogueiros e mundo pode melhorar lendo
e outras condições, mas a twitteiros soltando opiniões a mais e tentando melhorar a
produção brasileira de moda rodo. Anunciantes e/ou patro- qualidade de seu texto, e ver
ainda não é percebida pelo cinadores deveriam dar mais arte, cinema, música, e não fi-
Planeta Fashion como movi- condições para os veículos car apenas olhando o vaivém
mento ou com tendências em existirem de forma indepen- das modelos numa passarela.
denominadores. Nem sei se é dente e autônoma, e os jornais
pra ser... O melhor da moda deveriam dar mais espaço Yes! Várias grifes tem
brasileira é a persistência de sério aos eventos de moda, e produzido coleções in-
seus criadores e sua deter- não apenas ao social _coisa spiradas na situação
minação, criatividade e inces- que os demais veículos deve- atual da economia,
sante busca por soluções al- riam também prestar atenção. meio-ambiente e cul-
ternativas. O pior, não é culpa Precisa melhorar o olhar pro- tura, utilizando ferra-
da moda, mas de legislações vinciano e terminar a cultura mentas tecnológicas
28 [ YES! ]
Vocabulario
Fashion:
* Chochar:
Falar mal só
por falar mal.


cia, um pouco de rosa, roxo,
tipo de ostentação que previ nada de vermelho, saltos altos
como diferencial nos cafona há alguns anos. Infor- e calçados estapafúrdios, ras-
looks. Essa onda ‘en- mação de moda hoje é mais teiras simples e sapatilhas...
gajada’ e ‘alternativa’ é valioso do que dólares, e pega Melissas de cores loucas...
um fator que influencia muito mal dizer que pagou Bolsas grandes para o dia e
a moda ou é a moda caro por tal peça, como virou minúsculas ou “no-bags at
que é influenciada por cafona se vestir usando todas all” para a noite. Acho a coisa
ela? as peças de uma marca só há mais chique uma mulher que
Erika Palomino A tec- alguns anos. Ser chique é ser tem tanta segurança que não
nologia têxtil é o único camin- simples ou parecer simples. precisa se “amparar” numa
ho para a moda, hoje. Porém, Ontem encontrei a herdeira bolsa para chegar numa festa.
no que toca ao item sustent- de uma das maiores fortunas Ou tem um bofe lindo para
abilidade é uma tendência do Brasil de calça jeans sem carregar a dela e ‘chega che-
irreversível, tanto no desen- grife, malha, tênis, puxando gando’ de mãos abanando.
volvimento de fibras e tecidos sua própria maletinha também
quanto no comportamento das sem grife saindo do dentista. Yes! Existe mais algu-
empresas. Achei a coisa mais chique do ma coisa sobre a moda
mundo. no Brasil que você
Yes! O que você acha queira comentar?
da tendência do reces- Yes! Agora como con- Erika Palomino 1) A im-
sionismo, de se vestir sultora de moda, em re- agem de moda está em crise.
bem gastando pouco, sumo, o que vai “virar” Salvem a imagem de moda; 2)
(comprando em bre- do que teve na última É cafona bajular estrangeiros
chós e reformando a edição da SPFW? O que vem tratar de moda no
peça, por exemplo)? É que vem por aí como Brasil; 3) É uó ‘chochar’ o look
uma boa? tendência? do próximo; 4) Por favor, não
Erika Palomino Sem- Erika Palomino Do que usemos roupas tão aperta-
pre foi assim pra quem tem eu estou gostando? Cinzas, das.; 5) Estampas e cores
menos grana. A tal “crise”, na claros, neutros, um pouco de devem ser usadas com bom
minha opinião, serviu para ti- dourado, um pouco de nostal- gosto e parcimônia: ninguém
rar os excessos e o culto a um gia e um pouco de extravagân- é obrigado!

[ YES! ] 29
[ Matéria ]
31 [ YES! ]
[ YES! ] 32
INSPIRAÇÕES

o ano de 2009 foi de grandes inovações com diferentes es-


tilos nas passarelas. E para isso, cada designer desenvolveu
peças únicas que deram um verdadeiro show de novidades
e atitudes ao São Paulo Fashion Week. Confira algumas das
principais inspirações de grifes importantes no mundo da
moda.
Teve como inspiração nas
passarelas os aviadores e para
quedistas. A grife assumiu seu
caráter comercial e mostrou
a mais bem resolvida coleção
de moda jovem da temporada.

2ND FLOOR
Como principal palco de
inspiração o militarismo light,
AL fetiche e os anos 1980. A grife
E
HE XAN marcou ponto na passarela
RC D ao propor uma moda focada e
HC RE descolada, despretensiosa e
OV bem feita.
ITC COLCCI
c
Op
unk H
aba alem
as m rés da ão, o
d s RONALDO FRAGA
o ca usas c aístas
o u ,
met s das bistas O espetáculo “Giz”, de
r
des ópoles grande e 1988, do Teatro de Bone-
taqu f s
de H e da oram o cos Giramundo invadiu as
mix e r chc c oleç passarelas. A inclinação
o ã
teci de esta vitch. O o poética do estilista transfor-
dos m
em e te pas, mou a passarela em palco
u
cha m me xturas e as roupas em figurinos.
m s
de f ou a mo loo Os modelos foram crianças
otóg aten k
hion r ç
itas afos e ão e idosos com mais de 75
. fas- anos.

Teve como
ELLUS I TON principal
T R inspiração a
A história do denim (um tipo monarquia
de tecido de algodão em que inglesa e
somente os fios longitudinais a moda de
são tingidos com corante ín- Londres, des-
digo), de uniforme dos trabal- tacando a co-
hadores da indústria nos anos leção com o
1940 até o estilo jovem dos uso do xadrez
dias de hoje foram aspectos e o pop street
constantes na coleção. misturado
com jeans.
fotos Divulgação
texto Aline de Oliveira
SPFW COM A CARA DO

BRASIL
A mulher brasileira vai começar a aparecer
mais nas passarelas de moda e um novo pa-
drão de beleza está prestes a surgir
Q uem é que nunca se
perguntou de onde surge
não por merecimento”,
disse. Verônica, que é
por grifes
internacionais
aquelas modelos loiras de contratada pela agen- como a Miu Miu
olhos claros, com traços cias Márcia Figueiredo, e Colcci, são a gra-
de mulheres européias. Bauhaus Models e pela nde aposta de estilis-
Você não é o único que MKT Produções Artísti- tas internacionais. Ema-
clama por beleza brasi- cas, acredita que a bele- nuela de Paula que foi
leira em grandes eventos za brasileira deveria ser descoberta em um sho-
de moda. mais aproveitada, pois o pping de Recife, é atual-
Seguimos durante mui- que vemos nas passare- mente uma das angels
to tempo, um padrão de las não é um reflexo da da grife Vitoria’s Secret e
moda que não reflete a beleza nacional “O Brasil vem arrancando suspiros
beleza exótica que só é reconhecido pelas cur- de muitos, com as linge-
a mulher brasileira tem. vas das nossas mulhe- ries mais sensuais da
Mas esse cenário está res, que geralmente são marca. Isso mostra que
começando a mudar, negras. Precisamos mais os estilistas estrangeiros
depois de um Termo de disso nas passarelas”, fri- estão em busca de novos
Ajustamento de Conduta sou. rostos, um padrão dife-
(TAC), assinado no final Verônica não é a única rente de tudo aquilo visto
de maio desse ano, en- que acredita no sucesso durante um bom tempo
tre o Ministério Público da mulher brasileira no nas passarelas, criando
e a organização da São mundo da moda. O pro- automaticamente uma in-
Paulo Fashion Week, que blema está nos estilistas clusão social sem cotas,
determina que 10% dos que persistem em copi-ar diferente dos
FA ashi cia qu de m ie de ek só es ac 25 de ro.
modelos de cada desfile fórmulas de sucesso do nossos esti
SH on B e o oda São par on-
devem ser negros, afro- exterior, deixando de lado listas. ♦
O ên tos éc We fil ias mb

a princi-
IO lack rgan por Pau a
F

descendentes ou indíge-
ag en esp on des s d ove

nas. Caso as cláusulas pal característica


N
ev a hi Os e o e n

do termo não forem cum- do nosso país,


BL umaza do no,
um Fas os. ntr º d

pridas, a organização do a nossa diver-


lo gr e e 1

A
evento pode receber mul- sidade étnica.
CK
ne cem ro

Nomes
é i a -

ta de R$ 250 mil.
te utub

Para a modelo Verônica como


o

Melo de 19 anos, a cota Gra-


para negros na SPFW é cie
Car-
is

um grande avanço, mas


não uma solução, “Para valho e
os que sofrem com o pre- Emanuela
conceito, é bom ter seu de Paula, pro-
‘espaço reservado’, mas vam que a beleza
deve ser ruim saber que nacional faz sucesso
te colocaram lá apenas em outros paises.
por obrigação e pela lei, As duas que já desfilaram
36 [ YES! ]
[Artigos]
DO PARTICULAR A SOCIOCULTURA
PARA O GERAL NA SPFW
M
“ oda é um fenômeno sociocultural que expres- N as passarelas da São Paulo Fashion Week,
o lançamento de coleções de representativos estilistas
www.fashionistaspfw.blogspot.com < Carolina Nogueira

Jaqueline Sayuri > www.flickr.com/photos/sublinhado


sa os valores da sociedade - usos, hábitos e costu-
mes - em um determinado momento”. Eis aqui uma e marcas, no decorrer de edições, vêm cumprindo a
definição de moda...sem a menor graça! É claro meta de firmar um calendário para a temporada de
que ninguém pode dizer que não é verdade. Certa- moda de um país que, cada vez mais, desperta inte-
mente, em cada desfile um reflexo sociocultural fica resse do mercado internacional. Profissionalização é
evidente, se não hoje, em breve. Nossos hábitos e a palavra-chave para conquistar e manter posição em
costumes são evidentes na criação de cada grife. um segmento em que a concorrência atual mostra uma
Mas vamos combinar que teorizar a moda não faz o faceta desafiadora aos empresários brasileiros: oferta

[ ]
menor sentido. Com o tempo a moda deixou de coisa de produtos em quantidade e de baixo custo.
de gringo, de grife, de gasto e passou a ser “all about Neste ano, o desafio da organização dos desfiles foi
the concept”. outro. Na última edição, ocorrida entre 17 a 23 de jun-
Olhe para as modelos nas passarelas. Existem ex-
ceções como, uma Gisele ou uma Fernanda Motta
que imprimem suas personalidades quando desfilam A tendência (não só na
e acabam agregando valor à roupa, e não o oposto.
Mas que elas parecem todas iguais, não há como moda) é ter tudo junto
negar! O motivo do crime: mercado. O padrão entre e misturado desde que
as modelos existe por que a moda não deixou (e nem
vai deixar) de ser um negócio. E as beldades padro- você seja bem repre-
nizadas representam esse aspecto.
Então para quem sobra a função de ressaltar os
sentado.
conceitos? Para as grifes. A SPFW Outono-inverno
2009 teve marinha, inverno russo, judaísmo, áfrica,
ho, as passarelas do Verão 2010 contaram com etnias
circo, monarquia britânica, glamour retrô, fragilidade
das mais variadas. Ou melhor: pelo menos dez por
da mulher, e assim vai. Agora me diz se é possível
cento da mesma. É isso mesmo. Para que as edições
juntar tudo isso em uma tendência só? Muito pelo
seguintes pudessem continuar normalmente, a coor-
contrário. A tendência (não só na moda) é ter tudo
denação do evento precisou evidenciar ao Ministério
junto e misturado desde que você seja bem repre-
Público de São Paulo que não pratica discriminação
sentado.
social. Isso implicou na contratação por parte das grifes
Moda hoje é conceito. As SPFWs estão aí para que
participantes do SPFW de pelo menos dez por cento de
você tenha um leque de opções para transformar o
modelos entre negros, afrodescendentes ou indígenas,
conceito em roupa. Conceito do que você tem de
do total dos modelos em cada desfile.
bom, do que você tem pra dizer, de como você queria
Como os desfiles são de repercussão internacional,
que fosse, do que você acha bonito. Quer fenômeno
revelar vários modelos que fazem sucesso por uma ca-
mais sóciocultural do que representar a si mesmo,
racterística de nosso país, como a mestiçagem, faz do
assim, na beca?
Brasil um celeiro reconhecido de belezas únicas, trans-
Tweet it: formando assim a SPFWeek em uma organização sem
igual. Pelo menos espera-se que assim seja.
@carollnogueira
@jaque_
[ YES! ] 37
MODA CONCEITUAL MODA OUTONO/
É COMERCIAL? INVERNO EM CRISE
M uitas pessoas acham estranho o quanto os B otas de cano alto, golas de pele (falsa), casacos
estilistas famosos exageram em suas roupas em de alfaiataria e luvas esquentaram as passarelas dos
www.caixiinhadesurpresa.blogspot.com < Aline de Oliveira

Juliana Cimeno > www.doobvioaoavesso.blogspot.com


desfiles de moda. Algumas peças apresentadas ao 38 desfiles sobre a última edição Outono/Inverno da
público parecem que nunca chegaram às pessoas São Paulo Fashion Week. Foram seis dias de uma
comuns, tamanho exagero. Quem não entende de maratona de exibição fashion – e apuração. Contudo,
moda acha muitas vezes desnecessário gastar tanto estes desfiles contaram com tendências que passaram
dinheiro em criações que nunca vão ser utilizadas. despercebidas pelos olhos do público, que não leva-
É ai que nos enganamos. Cada detalhe, cada bo- ram em consideração que a moda também havia sido

[ ]
tão de uma blusa ou a cor da sombra de um olho de afetada pelo pavor que consumiu o primeiro semestre
uma modelo que está pronta para entrar no desfile é no mundo inteiro.
Como se já não bastasse ter indústrias em crise, o
corte e a costura também foi afetada de muitas manei-
Por mais barata que a ras. O reflexo mais óbvio é a queda nas vendas. Con-
roupa seja, ela foi ins- tudo, há outras mudanças que passaram pelos olhos
sem serem notadas e acabaram entrando no nosso
pirada em alguma peça imaginário como mais uma tendência.
A 26ª edição do evento contou com um cenário cria-
apresentada em gran- tivo e ecológico, utilizando madeiras, tinta, pregos, pa-
des eventos de moda. pelão, que são materiais que invadem o evento já há
três anos. Em 2009, devido à crise mundial, os inves-
timentos caíram. Em razão disso, os criadores apos-
planejado com todo cuidado, sempre com o objetivo taram no uso de preto e branco e de tecidos como o
de inovar e lançar para o publico a moda da próxima jeans. Em Paris e Milão, a situação estava ainda pior,
estação. Poucos sabem, mas os vestidos de bone- com corte de convidados e de investimento de compra-
cas que viraram moda foram lançados na São Paulo dores internacionais. Algumas grifes, ainda, sugeriram
Fashion Week do ano passado; os tecidos xadrezes o uso de peças customizadas para construir os looks.
que dominaram as vitrines nesses últimos meses A idéia é produzir uma peça simples e consequente-
também foram apresentados em vários desfiles. mente barata para a grife, que ganha corpo com um
A moda conceitual chega de forma chocante, com broche, colar ou botão estilizado. Ou seja, há fortes
tecidos novos, que expressam uma época, um sen- indícios de que a crise econômica atingiu em cheio a
timento, uma idéia que depois será reaproveitada esfera fashion.
para ser comercializada, consumida por pessoas Em tempos de crise, os estilistas protegeram suas
“normais”. Isso não significada que tenhamos que grifes de catástrofes comerciais apostando em elemen-
utilizar exatamente aquilo foi lançamento no ultimo tos tradicionalmente vendedores. Daqui a alguns anos,
desfile, já que nem sempre o que fica bom na Gisele essa crise pode virar um capítulo da história da moda.
Bündchen, fica bom em uma pessoa comum, cada
um deve comprar e vestir, aquilo que se sente bem Tweet it:
sem necessariamente estar na moda. O que deve-
mos entender é que por mais barata que a roupa
@sweet_poison
seja, ela foi inspirada em alguma peça apresentada @sortdrame
em grandes eventos de moda.

38 [ YES! ]
[ Matéria ]

Paz, &
amor
estilo
POR CAROLINA NOGUEIRA
FOTOS DIVULGAÇÃO

Quarenta anos mais tarde, WOODSTOCK ainda


marca ideologia e moda que funcionam em
qualquer tempo ou lugar

[ YES! ] 39
Paz,amor&
estilo
Jeans surrado, ba-
tas, faixas na cabeça,
óculos coloridos, brin-
Moda”. Em um trecho
da obra, o autor diz:
“Até os anos 60, ha-
Até algumas estações
atrás, “chapado” ou
ao natural, a faixa no
via uma maneira de meio da testa se reen-
cos e colares arte- vestir-se, com o qual controu com o cabelo
sanais. Forma-se a homens e mulheres solto vez ou outra.
imagem de um hip- mantinham as diferen- O que também mar-
pie. Quarenta anos ças de sexo acentua- cou o evento hippie foi
depois do evento das.Também estava a presença de cores
musical que mudou a na roupa a diferença por onde quer que
história, a proposta de de posições soci- se olhasse. Calças,
paz e amor pode não ais. Com a explosão camisas, coletes, blu-
estar tão presente, da moda hippie tudo sas e camisetas colo-
mas veio para ficar começou a mudar. A ridas até hoje identifi-
no mundo fashion. Foi começar pela redução cam o pessoal “paz e
em Woodstock que das diferenças no amor”. As cores vivas
uma moda de con- vestuário de homens praticamente se movi-
testação foi apresen- e mulheres”. mentavam nas es-
tada ao mundo. O que todo mun- tampas das roupas. O
Lá, cabelo compri- do quis usar de dife- palpite de sociólogos,
do deixou de ser coisa rente foram as calças historiadores e estu-
de mulher e calça de- de boca larga. E a diosos é o de que es-
ixou de ser coisa só moda persistiu por sas estampas se as-
de homem. Contesta- gerações. Tem sem- sociam às “viagens”
ção atrás de contesta- pre uma ou outra grife provenientes do uso
ção, a “igualdade de que resolve apostar de drogas, comum na
sexos” foi uma das na pantalona para o ocasião.
bandeiras levantadas verão, por exemplo. Para “reproduzir”
em Woodstock, onde Da mesma forma, o estas “viagens”, uma
a moda era unissex. cabelão comprido, das alternativas era o
O escritor Tupã praticamente abando- tie-dye: Uma técnica
Gomes Corrêa ex- nado pelos seus don- milenar de tingimento
plica toda essa con- os, estava na cabeça muito usada por po-
testação no seu livro de todo mundo, a ex- vos primitivos da Ásia
“Rock: Nos Passos da emplo de Janis Joplin. e da África, que podia

40 [ YES! ]
ser feita artesanal- Colcci foi quem deu o jeans sempre por
mente, como curtiam um toque “Woodstock” dentro nos looks.
os hippies. no SPFW Verão 2010, Embora muito mais
De qualquer forma, em junho deste ano. feminina que as com-
“high” ou artesanal, a Roupas larguinhas, posições do evento
moral era estar con- pantalonas e as faix- de 1969, Maria Gar-
fortável. Paz e amor as na cabeça em tons cia, na SPFW Verão
não combinam com neutros compuseram 2010, resgatou as
roupas coladas, aper- a linha da campanha franjas e colares arte-
tando ou machucando para este verão. sanais que sempre
aqui ou ali, muito me- A Cia Marítima deu dão o toque especial.
nos com acabamento um toque hippie para Detalhes como as
impecável. Com este os biquinis da esta- franjas, os colares, as
pensamento, surgi- ção, alguns com es- estampas e o jeans
ram as roupas lar- tampas na técnica deixam o look sempre
guinhas, que, no final tie-dye. Um macacão “woodstockiano”, mas
das contas, têm cai- hippie-indie-chic cau- a essência da ideo-
mento bonito e gos- sou sensação na pas- logia que foi literal-
toso de se usar, com sarela. Além disso, as mente parar na moda
ombros de fora e nem modelos, entre elas é a liberdade. “Moda
um pouco estrutura- Fernanda Mota, desfi- hippie fala de conforto
das. laram com cabelão. A e liberdade e isso não
Década após déca- modelo tcheca Karoli- passa nunca”, disse a
da, sempre tem uma na Kurkova exibiu um estilista Thais Losso
grife apostando nesse tipo de colete soltinho, ao site Terra. Pelo
caimento, principal- acompanhando a es- menos na vestimen-
mente no verão. Em tampa do biquíni, bem ta, ainda temos paz,
2009, a Colcci, a Cia na pegada do confor- amor e estilo.
Marítima, a V Rom - to Woodstock.
de moda masculina Já a grife mascu-
- e a Maria Garcia lina V.Rom usou as
usaram de artifícios tendências das es-
dessa tendência para tampas, do couro
construir suas cam- e do jeans claro na
panhas. mistureba que fez na
Tendo como centro SPFW outono-inverno
das atenções as bel- 2009. A coleção tinha
dades Rodrigo Hil- cortes de alfaitaria,
bert, Jesus Luz e ela, com pitadas de es- >> Woodstock inspira estilistas.

Gisele Büdchen, a tampas Woodstock e

[ YES! ] 41
Assim como o festival exemplificou a era hippie e a
contracultura do final dos anos 1960, a YES! prep-
arou uma sessão de fotos de tirar o fôlego. O col-
orido, os girassóis e o estilo simples de ser são os
destaques que você confere nas páginas a seguir.

FOTOS JAQUELINE SAIURI


EDIÇÃO DE MODA CAROLINA NOGUEIRA
42 [ YES! ]
woodstock

[ YES! ] 43
Nesta página: bata de seda, M.
Officer; regata branca, Hering;
violão e acessórios, acervo da
produção.
Na página ao lado: camiseta,
M. Officer; calça jeans, M. Of-
ficer; acessórios, acervo da
44 [ YES! ] produção.
[ YES! ] 45
46 [ YES! ]
Na página ao lado: ves-
tido, acervo da produção;
acessórios, acervo da
produção.
Nesta página: bata de seda, M.
Officer; regata branca, Her-
ing; acessórios, acervo da
produção.

[ YES! ] 47
Douglas Lima (19 anos)
iniciou sua carreira aos
13 anos como final-
ista de um concurso de
modelos, mas quando
descobriu o mundo do
teatro se apaixonou.

Atualmente é ator iniciante; já trabalhou na figuração na série


“Norma”, da rede Globo, e vem fazendo uma bateria de testes,
você pode conferir seu último trabalho em breve no comercial de
comemoração de 10 anos de uma rede de Fármacias.
Na página ao lado: camiseta,
M. Officer; calça jeans, M. Of-
ficer; acessórios, acervo da
produção.
Nesta página: bata de seda, M.
Officer; regata branca, Hering;
camistea branca, TNG; calça
jeans, M. Officer; acessórios,
acervo da produção. [ YES! ] 49
Nesta página: blusa de re-
gata, C&A; saia, acervo da
produção;
colete jeans, Marisa; acessóri-
os, acervo da produção.
Nesta página: blusa de re-
gata, C&A; saia, acervo da
produção;
colete jeans, Marisa; camiseta
branca, TNG; calça jeans, M.
Officer; acessórios, acervo
da produção.

Lyvia Jardim (19 anos),


aspirante a roteirista de
cinema e modelo nas
horas vagas; cursa o
segundo ano de jornal-
ismo na UMC; tem como
paixão a Sétima Arte;
se arrisca como crítica
após assistir uma mon-
tanha de DVD’s em um
final de semana.

50 [ YES! ]
Assista ao Making Of desta sessão acessando:
www.fashionistaspfw.blogspot.com
I magine um salão de
senhoras. Experientes.
Já passaram por muito na
que dão conta do serviço
sozinhos e que iam falar bo-
bagens!
[ Crônica ]
ficar me explicando. Ah mas
fiquem espertos. Essa tal Fu-
tilidade tem andado por aí dis-
vida. Uma delas relembra- - O que você está falando farçada de todos vocês.
va quando combateu a di- menina? Você fica por aí di- A mocinha voltou ao seu lu
tadura. A outra falava sobre zendo para usar ou não usar gar e continuou a rabiscar um
quando foi tema de movi- esse ou aquele vestidinho – caderninho surrado. Parecia
mentos dos estudantes.Um resmungou um dramático desenhar roupinhas. Uma
senhor pomposo procurava amigo do senhor Teatro para cada assunto das rodin-
por um tal Oscar por todo - Pois fique você sabendo has dos “verda
o lado. Na festa, todos se que eu tenho um caderninho deiros intelec-
cumprimentavam, reme- igual o da família de Artes, tuais. ♦
morando os bons tempos onde anoto tudo o que acon-
em que o povo tinha algum tece na história, na ciência,
interesse nas senhoras. na economia, na sociedade.

por Carolina Nogueira


Chamavam-se Literatura, E você acha que escolho
Pintura, Escultura, Cinema, qualquer roupinha? Tem
Música. O senhor Cinema que significar alguma coisa.
por exemplo gostava de ser Assim como vocês, amigos
chamado de sétima arte. da Dª Literatura, não escol-
No canto da sala, calada e hem qualquer palavra.
observadora, uma mocinha - Sim, mas...
parecia não estar enten- - Mas, coisa nenhuma. Eu
dendo nada. Chamava-se não trabalho sem as coor-
Moda, e recebia olhares de denadas
superioridade dos convi- deste A MODA E O SEUS

REGISTROS
dados, que não entendiam caderni-
sequer sua presença no en- nho. Mas os
contro. gênios são
- O que ela sabe da histó- vocês.
ria?- indagou um amigo da Não vou
Sª Música
- Dizem que
ela anda
com uma tal
de Futilidade. Uma insupor-
tável. – alfinetou outra con-
vidada.
A menina observava tudo e
lamentou o preconceito:
- Sabia que tenho amigos
como o Videogame, a Foto-
grafia e o primo Arte Digital
que também foram convi-
dados? – intrometeu-se a
menina – Eles bem que avi-
saram que vocês pensam

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