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Análise Financeira
da
Electricidade dos Açores, S.A.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................3
2. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR..................................................................................3
3. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA................................................................................5
14. ANEXOS...............................................................................................................22
ANEXOS
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objectivo fazer a análise económico-financeira da Electricidade dos Açores.
É uma análise dinâmica, abrangendo actividade da Empresa de 2006 a 2008. Cada exercício tem
início a 1 de Janeiro e finda a 31 de Dezembro do mesmo ano.
2. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR
A EDA, S.A. com actividade desde o dia 20 de Junho de 1980, dia em que a Assembleia Regional
dos Açores aprovou uma proposta de Decreto Regulamentar Regional que visava a criação de uma
empresa regional que fosse capaz e suprir as necessidades do subsector energético – a electricidade,
que se encontrava em grandes dificuldades. Para este efeito, a 21 de Agosto do mesmo ano, foi
publicado o Decreto Regional nº 16/80/A, que previa a constituição de uma empresa pública
regional, com a designação de Empresa de Electricidade dos Açores, E.P. Constituída a 18 de
Agosto do ano seguinte, a EDA, E.P.
A EDA S.A. tem como objectivo o estabelecimento e a exploração de serviço público de produção,
transporte e distribuição de energia eléctrica no arquipélago.
O Grupo EDA é caracterizado por um elevado volume de negócios, empregando cerca de 700
trabalhadores.
(Valores em €)
BALANÇO FUNCIONAL
2006 2007 2008
Capital Próprio 150.252.912 169.965.964 176.325.926
Na análise aos Balanços Analíticos, foram feitas algumas correcções na classificação das rubricas
de forma a criar o Balanço Funcional.
Respeitando ao imposto sobre rendimento, no capítulo do Activo, procedeu-se à alteração da
rubrica “Activos por impostos diferidos”. Não tendo certezas sobre se vão existir lucros fiscais no
futuro que possibilitem a recuperação das diferenças temporárias dedutíveis, trata-se de uma
EDA – Análise Económico-Financeira
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ANÁLISE FINANCEIRA
situação típica de custos diferidos que devem ser deduzidos, por prudência, ao valor do capital
próprio (CP).
Por outro lado, no capítulo do Capital Próprio e Passivo, respeitando ao imposto sobre rendimento,
na rubrica “Passivos por impostos diferidos”, considerou-se que o valor a pagar é de prazo superior
a 12 meses e por conseguinte tratou-se como um passivo a médio e longo prazo (CAE)
Analisando os Acréscimos e diferendos, no Capítulo do Activo, na rubrica “Acréscimos de
proveitos”, optou-se por classificar como Necessidades Cíclicas (NC): a energia a facturar e os
custos associados à convergência tarifária. Quanto aos proveitos financeiros e outros considerou-se
como Tesouraria Activa (TA).
Já no capítulo Capital Próprio e Passivo, na rubrica “Acréscimo de custos”, considerou-se o fundo
de pensões como CAE enquanto que a estimativa de custos a facturar de obras encerradas e o
ajustamento da compensação tarifária foi considerado como Recursos Cíclicos (RC). Os restantes
acréscimos de custos foram considerados como Tesouraria Passiva (TP). Na rubrica “Proveitos
diferidos”, que inclui Subsídios para o investimento, mereceu um cuidado especial. Assim, à
excepção dos proveitos diferidos relativos às licenças de CO2, todos os subsídios para o
investimento foram classificados como CP, de acordo com o SNC.
Verifica-se que o Fundo de maneio Funcional apresenta valores negativos, com uma
tendência de evolução ao longo dos três exercícios, derivado do aumento do activo
fixo, principalmente:
• O aumento de 49 M€ de equipamento básico;
O facto de ter um Fundo de Maneio negativo significa que parte dos fundos não
estáveis está a financiar os activos fixos, o que é um factor de risco.
O ligeiro aumento do valor das Necessidades de Fundo de maneio de 2007 para 2008
prende-se com o aumento das necessidades cíclicas:
Como o fundo de maneio funcional é parte dos fundos permanentes que ficam disponíveis para
financiar outros investimentos permanentes (que não imobilizado) e como as Necessidades de fundo
A Tesouraria líquida não é afectada por qualquer decisão de curto prazo e mostra que o equilíbrio
financeiro é resultado da política estratégica (Fundo de maneio funcional) e politica de gestão
operacional (necessidades de fundo de maneio).
A Tesouraria Líquida nos 3 exercícios é negativa, existindo um ligeiro aumento de 2006 para 2007,
seguido de uma diminuição de 2007 para 2008.
A situação, dos três exercícios em análise, indica a existência de investimentos permanentes a serem
financiados por financiamentos de curto de prazo.
Nos períodos em análise a empresa apresenta um desequilíbrio financeiro.
Na análise do rácio de liquidez geral (Liquidez Geral = Activo circulante / Passivo circulante),
sendo o activo corrente aquilo que a empresa transforma em dinheiro no prazo de 1 ano e o passivo
corrente aquilo que a empresa tem que pagar nesse mesmo período.
Esta situação de liquidez não chega para concluir o desequilíbrio da empresa, indica sim as
dificuldades de satisfazer compromissos de curto prazo com activos circulantes.
(Valores em Euros)
Com vista a uma análise mais fidedigna das rendibilidades económica e financeira, foram
calculados os seguintes rácios que estabelecem relações entre contas e agrupamento de contas do
Balanço e Demonstração de Resultados:
RÁCIOS
Crédito). O valor constante de 2007 para 2008 significa que o capital próprio e o passivo variaram
na mesma proporção. Assim, a evolução deste rácio indica que o passivo da empresa tem um peso
significativo quando comparado com o valor do capital próprio.
Os rácios da Rendibilidade do Activo e da Rendibilidade Líquida do Activo avaliam o desempenho
dos capitais investidos na empresa. Esses valores são muito baixos e constantes, se bem que o
primeiro teve variações ténues ao longo dos três anos estudados. Por conseguinte, conclui-se que a
influência do activo nos resultados operacional e líquido é muito pouco significativa.
O rácio da Rendibilidade do Capital Próprio foi praticamente constante entre 2006 e 2008, tendo
ocorrido apenas uma ligeira redução de 2% de 2007 para 2008 (nesse último ano o valor foi de 9%).
Consequentemente, constata-se que os resultados líquidos variaram numa proporção semelhante à
do capital próprio (a pequena variação em 2008 deveu-se a um ligeiro aumento no capital próprio e
a uma ligeira redução no resultado líquido) e que o capital próprio influencia pouco o resultado
líquido.
Sabendo que o tipo de financiamento de uma empresa pode ser definido por quatro estratégias
distintas - ortodoxa, defensiva, agressiva e arriscada - podemos concluir, a partir da análise dos três
anos, que a empresa aplica uma estratégia arriscada. Desta forma, os capitais permanentes são
insuficientes para financiar o activo fixo (Capitais permanentes < Activo Fixo) e, em simultâneo,
apresenta Tesouraria Líquida negativa (TRL<0).
Neste caso, é necessário referir que a EDA, S.A. é uma empresa monopolista, pois é aquela que
exerce o controlo de produção, distribuição e oferta, dominando por completo o mercado do sector
energético dos Açores.
A rentabilidade dos capitais próprios é afectada por um lado pelo grau de alavanca financeira e, por
outro, pela estrutura de capital utilizada. O efeito da política financeira sobre a rendibilidade dos
capitais próprios designa-se por efeito de alavanca financeira.
Efeito de Alavanca financeira = Efeitos de encargos Financeiros * Múltiplo da estrutura financeira
No caso do Efeito de Alavanca Financeira (EAF), este é sempre superior a 1, demonstrando que
existe efeito de alavanca financeira. Isto significa que o efeito tem impacto positivo na
Rendibilidade dos Capitais Próprios, demonstrando a investidores que, neste período, o
endividamento é benéfico para a empresa.
Sendo o peso dos custos fixos (CF) relativamente constante nos três exercícios, o crescimento das
vendas em 2007 melhora a Margem Bruta (MB) uma vez que os CMVMC+FSE se mantêm
sensivelmente estáveis. Por conseguinte estas variações representam uma redução no Ponto Crítico
de Vendas_valor (PCV_valor) e uma melhoria significativa da Margem de Segurança (MS) em
2007. Desta forma o risco do negócio melhora.
Os Fluxos de Caixa permitem uma análise da geração de meios financeiros e da sua utilização no
período em questão, explicando assim, a formação das respectivas disponibilidades da empresa. De
forma mais abrangente, pode-se considerar que os fluxos de tesouraria fornecem uma visão geral
dos sucessivos saldos de caixa ao longo dos diversos ciclos financeiros (exploração, investimento e
financiamento). Enquanto a demonstração de resultados representa a evolução económica da
empresa, os Fluxos de caixa mostram a evolução financeira.
No estudo em causa, importa referir que o mapa de fluxos de caixa foi construído pelo método
directo, reflectindo de uma forma mais exacta as variações dos fluxos nos períodos.
Rubricas
Podemos então afirmar que o ciclo operacional não é sempre gerador de fluxos positivos, pois em
2006 o Fluxo de caixa é negativo.
O valor recebido por parte dos clientes não é suficiente para cobrir as despesas de fornecedores e
do pessoal, principalmente devido aos custos associados à convergência do tarifário, que são
anualmente fixados pela ERSE (entidade reguladora dos serviços energéticos), liquidando, numa
base provisória, o montante de 33.634.709 € em referência ao exercício findo em 31 de Dezembro
de 2006.
O fluxo de caixa em 2007 e 2008 é positivo, derivado principalmente do aumento dos recebimentos
por parte dos clientes.
Verifica-se um aumento significativo de dos Fluxos de caixa de 2006 para 2007, enquanto que de
2007 para 2008 verifica-se uma significativa diminuição.
O elevado aumento dos Fluxos de caixa de 2006 para 2007 está associado:
• Um aumento de 53% de recebimentos por parte dos clientes, correspondendo a um
acréscimo de 111 M€ em 2007. Este aumento está associado aos custos da convergência
tarifária de 112.564.980€, que seriam recuperados no período de 10 anos, cedidos no
exercício de 2007 de forma definitiva a terceiros independentemente da forma de liquidação
que estava prevista.
Rubricas
Pagamentos respeitantes a:
- - -
Activos Fixos Tangíveis
32.490.675 18.643.191 29.729.689
Fluxo de
Caixa das
- - -
Actividades
31.253.082 16.897.419 26.426.290
investimento
(2)
Os subsídios de investimento não sofreram grandes alterações nos três exercícios em estudo,
diminuindo de 2006 para 2007 e aumentando de 2007 para 2008.
Desta forma podemos dizer que nos últimos três anos a empresa pagou cerca de 85 M€ por activos
fixos tangíveis, concluindo que a política de investimento da empresa é forte.
A análise do ciclo de operacional e de investimento mostra um desequilíbrio forte em termos de
fluxos, sendo que os fluxos gerados no ciclo operacional de 2006 e 2008 não são suficientes para
cobrir os fluxos consumidos no ciclo de investimento.
Rubricas
Pagamentos respeitantes a:
- - -
Financiamentos Obtidos 206.525.33 540.172.29 312.185.61
5 7 9
Empréstimos concedidos às
-137.635
participadas
- -
Juros e Gastos Similares -8.609.651
12.701.349 12.619.040
Fluxo de
Caixa das
-
Actividades 48.530.533 6.914.240
76.905.707
financiamento
(3)
É também possível concluir que o saldo em caixa no final do período é sempre positivo. No ano de
2006 para o ano de 2007 aumentou perto de 23% e do ano de 2007 para 2008 verifica-se um
decréscimo de aproximadamente 43%.
Analisando a situação financeira global, podemos inferir que a geração de fluxos de caixa criada
pelo ciclo de operação e de financiamento é suficiente para compensar o défice de fluxo
apresentado pelo ciclo de investimento.
Tal como em todas as análises financeiras, o papel preponderante deve ser atribuído, além da
informação quantitativa, à informação qualitativa. Na análise efectuada às demonstrações
contabilísticas em estudo, não foram encontradas grandes diferenças de valorização dos diferentes
activos da empresa, nem qualquer tipo de alteração dos princípios contabilísticos adoptados nos
diferentes anos.
A EDA, S.A. demonstrando que existe efeito de alavanca financeira (EAF >1). Isto significa que
neste período, o endividamento tem sido benéfico para a empresa.
Os activos fixos usados na geração de proveitos estão em boas condições de funcionamento, devido
ao constante investimentos nos exercícios em estudo.
Relativamente ao caso do sector, e à comparação dos resultados da EDA, S.A com os resultados das
restantes empresas, levanta algumas questões. Em primeiro lugar, e tal como mencionado na análise
comparativa da empresa com o sector, deste trabalho, existiu alguma dificuldade em encontrar um
grupo de empresas que pela sua dimensão/volume de vendas pudesse ser mais indicado à execução
deste trabalho e em segundo lugar, ao facto associado de a EDA, S.A. operar num mercado
monopolista.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este estudo pretendeu-se analisar os relatórios de contas da EDA, S.A. de 2006 a 2008, de
modo a compreender a sua situação financeira.
Ao longo dos anos em estudo podemos afirmar que a EDA se encontra-se em equilíbrio financeiro.
A Tesouraria Líquida da empresa, muito embora vá diminuindo, mantém-se positiva.
4. ANEXOS