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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE _______________________

DANIEL MUNIZ DA COSTA,


___________________________(qualificação completa incluindo telefone), residente e
domiciliados nesta cidade de __________________ à _____________________(endereço),
vem com o devido respeito e acatamento, ante a ilustre presença de Vossa Excelência, para
propor a presente

em desfavor da empresa B2W - COMPANHIA GLOBAL DO


VAREJO (proprietária do site submarino), com sede na Cidade de Osasco, Estado de
São Paulo, na Rua Henry Ford, 643, inscrita no CNPJ/MF, sob o nº 00.776.574/0001-56com
fulcro nos artigos 35 e demais pertinentes do Código de Defesa do Consumidor pelos fatos
e fundamentos a seguir expostos:

DOS FATOS

O(a) autor(a) adquiriu no dia 04/12/2007 às 15:11 através do sítio


http://www.submarino.com.br uma CPU Dual Core E2140 1GB 160GB DVDRW e um
monitor LCD 17" Widescreen – AOC no valor de R$ 1.299,00 (mil duzentos e noventa e
nove reais). O pagamento foi feito através de cartão de crédito, bandeira Mastercard.
Recebendo o produto, constatou que este estava com defeito, motivo
pelo qual solicitou sua devolução junto à empresa ré.

Informando a empresa requerida sobre o defeito, esta providenciou


para que a mercadoria fosse retirada na casa do autor, que procedeu de conformidade com
todas as orientações da requerida.

Em 03/01/2008 os dois produtos foram retirados pela E.B. Correios,


mediante comprovante. O autor optou então pela desistência da compra, dentro do prazo
de 7 dias previsto no Código de Defesa do Consumidor, e pediu pelo estorno do valor pago
(doc. anexo).

A empresa requerida então, após receber o pedido de estorno do


requerente em 07/12/2007, enviou a empresa Mastercard solicitação de estorno no valor de
R$ 834,74, no dia 08/12/2007 (doc. anexo).

O requerente, diante do erro no valor, notificou via email a empresa


requerida, para que esta regularizasse o pedido de estorno no valor total de R$ 1.299,00,
valor da compra conforme pedido (doc. anexo), no prazo máximo de 5 dias úteis contados a
partir de 28/01/2008 sob pena de serem tomadas as medidas judiciais cabíveis.

A despeito da notificação, a empresa requerida limitou-se a informar


que seu caso seria encaminhado ao “setor competente”, e até o presente momento nada foi
resolvido, ficando o requerente no prejuízo e locupletando-se a empresa indevidamente.

1. Dos danos Materiais

O Código Civil em seu artigo 402 preceitua que os danos


patrimoniais, ou seja, materiais, deverão ser ressarcidos, incluindo o que efetivamente se
perdeu e ainda o que se deixou de lucrar.

O requerente teve debitado em seu cartão de crédito o valor de R$


1.299,00 (Mil duzentos e noventa e nove reais) pelo produto comprado. Pela devolução
somente obteve estorno no valor de R$ 834,74, ficando com um prejuízo de R$ 464,26
(quatrocentos e sessenta e quatro reais, e vinte e seis centavos).
O requerente exerceu o seu direito de desistência no prazo de 7 dias
previsto no Código de Defesa do Consumidor, diante da imprestabilidade do produto, e
portanto tinha o direito da devolução INTEGRAL do valor pago a empresa requerida.

Esta não apenas não estornou o montante devido, como ao ser


informada do “engano” se limitou a dar desculpas, nada resolvendo sobre a questão.

Assim, uma vez não sendo estornado o valor integral pago, faz jus o
requerente ao ressarcimento a título de danos materiais, no valor de R$ 464,26
(quatrocentos e sessenta e quatro reais, e vinte e seis centavos), diferença entre o valor
pago e o estorno errado realizado pela empresa requerida.

2. Dos danos morais

O ordenamento jurídico prevê a reparabilidade do dano moral. O dinheiro


no caso tem como objetivo não valorizar a dor em sim, mas sim servir como atenuante aos
transtornos sofridos pelo autor.

A CF dispôs em seu artigo 5º da Carta Magna de 1988:


"V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;” e ainda X - são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".

Assim, uma vez elevado a status de matéria constitucional, o dano moral


está plenamente inserido na Legislação brasileira, e pode ser cumulado com indenização
por danos morais, conforme preceitua súmula 37 do STJ que diz: "São cumuláveis as
indenizações por dano material e dano moral oriundas do mesmo fato" .

O Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8.137/90) veio a ressaltar a


importância de tal instituto, tanto que o inseriu dentre os direitos básicos do consumidor
(artigo 6º, inciso VI), "a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos".

No dano moral não está em questão a prova do prejuízo, e sim a violação


de um direito constitucionalmente previsto. Esse entendimento tem encontrado guarida no
Superior Tribunal de Justiça, que assim já decidiu:
"A concepção atual da doutrina orienta-se no
sentido de que a responsabilização do agente
causador do dano moral opera-se por força do
simples fato da violação (damnum in re ipsa), não
havendo que se cogitar da prova do prejuízo" (REsp
nº 23.575-DF, Relator Ministro César Asfor Rocha,
DJU 01/09/97).

"Dano moral - Prova. Não há que se falar em prova


do dano moral, mas, sim, na prova do fato que
gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que
os ensejam (...)" (REsp nº 86.271-SP, Relator
Ministro Carlos A. Menezes, DJU 09/12/97).

O requerente se vê envolvido em uma situação sem saída desde o


momento em que comprou o produto da empresa requerida. A empresa que vende a
imagem de tranqüilidade através de compras na internet, no final acabou causando
inúmeros transtornos ao requerente, desde a entrega de produto com defeito até o não
estorno do valor pago.

A despeito das tentativas de solução amigável do impasse, o


requerente que se encontra fora de seu Estado realizando curso, passa por esta
situação, onde a empresa requerida simplesmente se recusa a devolver o que não lhe
é devido.

Não é difícil imaginar os sofrimentos pelos quais passa o requerente


que foi literalmente feito de “bobo” pela empresa requerida.

O requerente perdeu tempo e dinheiro entrando em contato


repetidas vezes com a empresa requerida que não apenas não resolveu o problema
como insiste em desculpas sem fundamentos e pedidos de dilação de prazo.

Além de todos os gastos e aborrecimentos pelo qual passou, o


requerente se vê impelido a ingressar na justiça para receber a devolução do montante
pago pelo produto com defeito, já devolvido à empresa requerida. Uma compra pela
internet, que deveria ser sinal de tranqüilidade e comodidade, passou a ser uma
verdadeira Via Crucis.

Desta forma, patentemente cabível o ressarcimento aos danos


morais causados ao autor, a ser arbitrado por vossa Excelência, de conformidade com
os princípios de equidade e justiça.

3. Da inversão do ônus da prova

A inversão do ônus da prova prevista no artigo 6º, VIII, CDC


representa um imenso avanço na garantia dos direitos dos consumidores, os quais, em sua
grande maioria, sempre estiveram em enorme desvantagem frente ao poderio das grandes
empresas, o que criava um grande desequilíbrio entre as partes.

Referido instituto veio quebrar a hegemonia do antiqüíssimo


brocardo jurídico: Actori onus probandi incumbit.

Uma vez tratando-se de relação de consumo e ante a


hipossuficiência do autor bem como a verossimilhança de suas alegações requer seja
deferida a inversão do onus probandi, em conformidade com o artigo 6º do Código de
Defesa do Consumidor.

III – DO PEDIDO

Ex positis, é a presente para requerer a Vossa Excelência:

I) A citação do requerido no endereço citado no preâmbulo da


inicial, para que querendo venha contestar a presente no prazo legal, sob pena de revelia;
assim como a desconsideração da personalidade jurídica da empresa, nos termos do artigo
28 do Código de Defesa do Consumidor, com o prosseguimento da ação contra seus
dirigentes caso se faça necessário;

II) Por se tratar de relação de consumo, requer-se seja


determinada a inversão do ônus de prova prevista no artigo 6º, VIII, da Lei 8.078/90.
III) A PROCEDÊNCIA TOTAL do pedido, e a condenação do
requerido:

a – no montante de R$ 464,26 (quatrocentos e sessenta e


quatro reais e vinte e seis centavos) a título de indenização por danos
materiais, correspondente a diferença entre o valor pago pelo produto
devolvido (R$ 1.299,00) e o estorno efetivamente realizado pela empresa
requerida (R$ 834,74), conforme doc. anexo, que deverá ser corrigida e
atualizada desde da data do evento, acrescida de custas processuais e
honorários advocatícios;

b – A condenação da requerida ao pagamento de verba a título

de DANOS MORAIS, a ser devidamente arbitrada por Vossa


Excelência com base na equidade e justiça bem como considerando
o caráter punitivo de tal condenação;

c– A condenação da empresa requerida às despesas de praxe:


eventuais custas processuais e demais cominações de estilo.

d – A aplicação de juros e correção monetária como de direito


nas verbas pleiteadas.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidas e que vierem a ser necessárias.

Dá-se à presente o valor de R$ 834,74 para efeitos de


alçada.

Termos em que,
Pede Deferimento
Cidade, data.
Nome e Assinatura

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