Crtica da pea Gota D'gua

Teoria do poema Tbita, Letras

Gota d'gua uma pea teatral dramtica, escrita por Chico Buarque e Paulo
Pontes em 1975. A pea uma adaptao da tragdia grega clssica Medeia. Apesar do
grande sucesso que sucedeu sua encenao, os autores foram vtimas de forte censura,
s tendo seu trabalho artstico liberado aps negociaes sobre possveis cortes, feitas
por Paulo Pontes com os censores. Mesmo com essas pedras no caminho, a pea
recebeu o Prmio Molirie, ao qual os escritores responderam com um protesto
censura, se recusando a comparecer cerimnia de entrega.
A histria retrata as dificuldades enfrentadas pelos moradores da Vila do Meio Dia,
que so constantemente explorados por Creonte, dono do conjunto habitacional que
cobra um aluguel cada vez mais abusivo pelas casas. Nesse mesmo lugar, mora Joana
com seus dois filhos e Jaso, seu companheiro. Jaso msico e ambicioso, e v na sua
arte uma possibilidade de ascenso social. Aps seu samba Gota D'gua fazer sucesso
nas rdios, ele decide deixar Joana, a nica que esteve ao seu lado durante vrios anos,
para casar-se com Alma, filha de Creonte.
Abandonada, humilhada, trada em todos os aspectos e colocada como um estorvo
na vida de todos ao seu redor (at de suas prprias amigas da vizinhana, que no final
das contas acabando mudando de lado), Joana, mulher de muita f, planeja uma
vingana: faz bolinhos de carne envenenados e d para seus dois filhos entregarem
noiva de Jaso. Mas o plano falha, e Joana, desesperada e desconsolada, come, com os
filhos, os bolinhos envenenados. A pea se encerra com os corpos de Joana e dos filhos
sendo colocados no local onde ocorre a festa de casamento de Jaso.
Espontnea, tocante e crtica, a pea causa variadas sensaes nos leitores e
espectadores, com uma linguagem simples e crua em versos bonitos e bem trabalhados.
Com um realismo quase cruel, a crtica feita: o sistema, visando apenas o lucro cada
vez maior, corrompe mentes e almas. Transforma as vidas e as relaes humanas em
simples mercadorias, manipuladas conforme a vontade do detentor. Sentimos o gosto
amargo na boca de algo que, apesar de ter sido escrito h anos, ainda muito atual.