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Confissão Belga

A "Confissão de Fé" data do ano de 1561 e foi escrita na língua francesa porque
era a língua materna do autor, Guido de Brés (1522-1567). Contudo, ele não era
francês, mas holandês.
Guido de Brés levou uma vida agitada; foi pastor em várias cidades; também
viveu como fugitivo em Londres e, mais tarde, em Genebra, onde foi aluno de João
Calvino. Ele morreu como mártir, por enforcamento.
Na noite de 1 para 2 de novembro de 1561, a "Confissão de Fé", na forma de
um livrinho, foi lançada sobre o muro do castelo da cidade onde Guido de Brés
estava (a cidade de Doornik). Ele queria que os comissários, que haviam chegado
àquela cidade para destruir a Reforma, achassem o pacote, endereçado ao rei
Felipe II (não sabemos se Felipe II realmente chegou a ver ou ler a "Confissão de
Fé").
Através do livrinho, Guido de Brés pretendia desmentir a queixa de que os
reformados eram revolucionários e hereges. Por isso, uma carta estava inclusa, em
que se pedia liberdade de religião.

http://www.teuministerio.com.br/BRSPIGBSDCMCMC/vsItemDisplay.dsp&objectID
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ARTIGO 7
A SAGRADA ESCRITURA : PERFEITA E COMPLETA

Cremos que esta Sagrada Escritura contém perfeitamente a vontade de


Deus e suficientemente ensina tudo o que o homem deve crer para ser
salvo [1]. Nela, Deus descreveu, por extenso, toda a maneira de servi-Lo.
por isso, não e lícito aos homens, mesmo que fossem apóstolos "ou um
anjo vindo do céu", conforme diz o apóstolo Paulo (Gálatas 1:8),
ensinarem outra doutrina, senão aquela da Sagrada Escritura [2]. É
proibido "acrescentar algo a Pa lavra de Deus ou tirar algo dela" [3]
(Deuteronômio 12:32; Apocalipse 22:18,19). Assim se mostra claramente
que sua doutrina é perfeitíssima e, em todos os sentidos, completa [4].

Não se pode igualar escritos de homens, por mais santos que fossem os
autores, às Escrituras divinas. Nem se pode igualar à verdade de Deus
costumes, opiniões da maioria, instituições antigas, sucessão de tempos
ou de pessoas, ou concílios, decretos ou resoluções [5]. Pois a verdade
está acima de tudo e todos os homens são mentirosos (Salmo 116:11) e
"mais leves que a vaidade" (Salmo 62:9).

Por isso, rejeitamos, de todo o coração, tudo que não está de acordo com
esta regra infalível [6], conforme os apóstolos nos ensinaram: "Provai os
espíritos se procedem de Deus" (l João 4:1), e: "Se alguém vem ter
convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa" (2 João :10).
1 2Tm 3:16,17; 1Pe 1:10-12. 2 1Co 15:2; 1Tm 1:3. 3 Dt 4:2; Pv 30:6; At
26:22; 1Co 4:6. 4 Sl 19:7; Jo 15:15; At 18:28; At 20:27; Rm 15:4. 5 Mc 7:7-
9; At 4:19; Cl 2:8; 1Jo 2:19. 6 Dt 4:5,6; Is 8:20; 1Co 3:11; Ef 4:4-6; 2Ts 2:2;
2Tm 3:14,15.

ARTIGO 29
AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA,
DE SEUS MEMBROS E DA FALSA IGREJA

Cremos que se deve discernir diligentemente e com muito cuidado, pela


Palavra de Deus, qual é a verdadeira igreja, visto que todas as seitas, que
atualmente existem no mundo, se chamam igreja, mas sem razãol. Não
falamos aqui dos hipócritas que, na igreja, se acham entre os sinceros
fiéis; contudo, não pertencem à igreja, embora sejam membros dela2.
Mas queremos dizer que se deve distinguir o corpo e a comunhão da
verdadeira igreja, de todas as seitas que se dizem igreja.

As marcas para conhecer a verdadeira igreja são estas: ela mantém a


pura pregação do Evangelho3, a pura administração dos sacramentos4
como Cristo os instituiu, e o exercício da disciplina eclesiástica para
castigar os pecados5. Em resumo: ela se orienta segundo a pura Palavra
de Deus6, rejeitando todo o contrário a esta Palavra7 e reconhecendo
Jesus Cristo como o único Cabeça8. Assim, com certeza, se pode conhecer
a verdadeira igreja; e a ninguém convém separar-se dela.

Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos
cristãos, a saber: pela fé9 e pelo fato de que eles, tendo aceitado Jesus
Cristo como único Salvador, fogem do pecado e seguem a justiçal0,
amando Deus e seu próximo11, não se desviando para a direita nem para
a esquerda e crucificando a carne, com as obras dela12. Isto não quer
dizer, por ém , que eles não têm ainda grande fraqueza, mas, pelo
Espírito, a combatem, em todos os dias de sua vida 13, e sempre recorr
em ao sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus.
NEle eles têm a remissão dos pecados, pela fél4.

Quanto à falsa igreja, ela atribui mais poder e autoridade a si mesma e a


seus regulamentos do que à Palavra de Deus e não quer submeter-se ao
jugo de Cristo15. Ela não administra os sacramentos como Cristo ordenou
em sua Palavra, mas acrescenta ou elimina o que lhe convém. Ela se
baseia mais nos homens que em Cristo. Ela persegue aqueles que vivem
de maneira santa, conforme a Palavra de Deus, e que lhe repreendem os
pecados, a avareza e a idolatria16.
É fácil conhecer estas duas igrejas e distingui-las uma da outra.

1 Ap 2:9. 2 Rm 9:6. 3 Gl 1:8; 1Tm 3:15. 4 At 19:3-5; 1Co 11:20-29. 5 Mt


18:15-17; 1Co 5:4,5,13; 2Ts 3:6,14; Tt 3:10. 6 Jo 8:47; Jo 17:20; At 17:11;
Ef 2:20; Cl 1:23; 1Tm 6:3. 7 1Ts 5:21; lTm 6:20; Ap 2:6. 8 Jo 10:14; Ef
5:23; C1 1:18. 9 Jo 1:12; 1Jo 4:2. 10 Rm 6:2; Fp 3:12. 11 1Jo 4:19-21. 12 Gl
5:24. 13 Rm 7:15; G1 5:17. 14 Rm 7:24,25; 1Jo 1: 7-9. 15 At 4:17,18; 2Tm
4:3,4; 2Jo :9. 16 Jo 16:2.

ARTIGO 30
O GOVERNO DA IGREJA

Cremos que esta verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem
espiritual, que nosso Senhor nos ensinou na sua Palavra1. Deve haver
ministros ou pastores para pregarem a Palavra de Deus e administrarem
os sacramentos2; deve haver também presbíteros3 e diaconos4 para
formarem, com os pastores, o conselho da igreja5. Assim, eles devem
manter a verdadeira religião e fazer com que a verdadeira doutrina seja
propagada, que os transgressores sejam castigados e contidos, de forma
espiritual, e que os pobres e os aflitos recebam ajuda e consolação,
conforme necessitam6.

Desta maneira, tudo procederá, na igreja, em boa ordem, quando forem


eleitas pessoas fiéis7, conforme a regra do apóstolo Paulo na carta a
Timóteo8.

1 At 20:28; Ef 4:11,12; 1Tm 3:15; Hb 13:20, 21. 2 Lc 1:2; Lc 10:16; Jo


20:23; Rm 10:14; 1Co 4:1; 2Co 5:19,20; 2Tm 4:2. 3 At 14:23; Tt 1:5. 4
1Tm 3:8-10. 5 Fp 1:1; 1Tm 4:14. 6 At 6:1-4; Tt 1:7-9. 7 1Co 4:2. 8 1Tm 3.

ARTIGO 32
A ORDEM E A DISCIPLINA DA IGREJA

Cremos que os que governam a igreja devem cuidar para não se


desviarem do que Cristo, nosso único Mestre, nos ordenou1; embora seja
útil e bom que, entre eles, se estabeleça e conserve determinada ordem
para manter o corpo da igreja.

Por isso, rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que se


queiram introduzir para servir a Deus, mas que venham, de qualquer
maneira, comprometer e constranger a consciência2. Aceitamos, então,
somente o que serve para promover e guardar a concórdia e a unidade e
para manter tudo na obediência a Deus3.

Esta ordem (caso desobedecida exige a excomunhão), feita conforme a


Palavra de Deus, com todas as suas conseqüências4.
1 1Tm 3:15. 2 Is 29:13; Mt 15:9; Gl 5:1. 3 1Co 14:33. 4 Mt 16:19; Mt
18:15-18; Rm 16:17; 1Co 5; 1Tm 1:20.

http://www.prca.org/prtj/Portuguese/Confissao_Belga.htm

CAPÍTULO VI

PARA QUE ALGUÉM CHEGUE A DEUS, O CRIADOR, É NECESSÁRIO QUE A


ESCRITURA SEJA SEU GUIA E MESTRA

1.O verdadeiro conhecimento de Deus na Bíblia

Portanto, ainda que esse fulgor, que aos olhos de todos se projeta no céu e na terra, mais que
suficientemente despoje de todo fundamento a ingratidão dos homens, serve também para
envolver o gênero humano na mesma incriminação. Deus a todos, sem exceção, exibe sua
divina majestade debuxada nas criaturas, contudo é necessário adicionar outro e melhor
recurso que nos dirija retamente ao próprio Criador do universo. Portanto, Deus não
acrescenta em vão a luz de sua Palavra para que a salvação se fizesse conhecida. E
considerou dignos deste privilégio aqueles a quem quis atrair para mais perto e mais íntimo.

Ora, visto que ele via a mente de todos ser arrastada para cá e para lá em agitação errática e
instável, depois que elegeu os judeus para si por povo peculiar, cercou-os de sebes, de todos
os lados, para que não se extraviassem à maneira dos demais. Nem em vão nos retém ele,
mediante o mesmo remédio, no puro conhecimento de si mesmo; pois, de outra sorte, bem
depressa se diluiriam até mesmo aqueles que, acima dos demais, parecem manter-se firmes.
Exatamente como se da com pessoas idosas, ou enfermas dos olhos, e tantos quantos sofram
de visão embaçada, se puseres diante delas mesmo um vistoso volume, ainda que reconheçam
ser algo escrito, contudo mal poderão ajuntar duas palavras; ajudadas, porém, pela
interposição de lentes, começarão a ler de forma distinta. Assim a Escritura, coletando-nos na
mente conhecimento de Deus que de outra sorte seria confuso, dissipada a escuridão, nos
mostra em diáfana clareza o Deus verdadeiro.

É esta, portanto, uma dádiva singular, quando, para instruir a Igreja, Deus não apenas se serve
de mestres mudos, mas ainda abre seus sacrossantos lábios, não simplesmente para proclamar
que se deve adorar a um Deus, mas ao mesmo tempo declara ser esse Aquele a quem se deve
adorar; nem meramente ensina aos eleitos a atentarem para Deus, mas ainda se mostra como
Aquele para quem devem atentar. Ele tem mantido esse proceder para com sua Igreja desde o
principio, para que, afora essas evidências comuns, também aplicasse a Palavra, a qual é a
mais direta e segura marca para reconhecê-lo.

Não carece de dúvida que Adão, Noé, Abraão e os demais patriarcas tenham, mercê deste
recurso, atingido íntimo conhecimento dele, o qual de certo modo, os distinguia dos
incrédulos. Não estou ainda falando da doutrina apropriada pela fé pela qual foram
iluminados para a esperança da vida eterna. Ora, para que passassem da morte para a vida,
foi-lhes necessário conhecer a Deus não apenas como Criador, mas ainda como Redentor, de
sorte que chegaram seguramente a um e outro desses dois conceitos à base da Palavra.

Ora, na ordem, veio primeiro aquela modalidade de conhecimento mediante o qual fora dado
alcançar quem é esse Deus por quem o mundo foi criado e é governado. Acrescentou-se
depois a outra, interior, a única que vivifica as almas mortais, por meio da qual se conhece a
Deus não apenas como Criador do universo e único Autor e Árbitro de todas as coisas que
existem, mas ainda, na pessoa do Mediador, como Redentor. Entretanto, visto que ainda não
chegamos à queda do mundo e à corrupção da natureza, deixo também de tratar de seu
remédio.

Portanto, os leitores se lembrarão de que ainda não irei fazer considerações a respeito daquele
pacto mediante o qual Deus adotou para si os filhos de Abraão, bem como daquela parte de
doutrina por meio da qual os fiéis sempre foram devidamente separados das pessoas profanas,
pois que ele se fundamentou em Cristo, doutrina essa que será abordada na seção cristológica,
mas somente enfocarei como se deve aprender da Escritura que Deus, que é o Criador do
mundo, se distingue, por marcas seguras, de toda a multidão forjada de deuses.
Oportunamente, mais adiante, a própria seqüência nos conduzirá à Redenção. Mas, embora
tenhamos de derivar do Novo Testamento muitos testemunhos, outros também da lei e dos
profetas, onde se faz expressa menção de Cristo, contudo todos tendem a este fim: que Deus,
o Artífice do universo, se nos patenteia na Escritura; e o que dele se deva pensar, nela se
expõe, para que não busquemos por veredas ambíguas alguma deidade incerta.

2 A Bíblia, a Palavra de Deus Escrita

Contudo, seja porque Deus se fez conhecido aos patriarcas por meio de oráculos e visões,
seja porque, mediante a obra e ministério de homens, ele deu a conhecer o que depois, pelas
próprias mãos, houvessem de transmitir aos pósteros, porém está fora de dúvida que a firme
certeza da doutrina foi gravada em seu coração, de sorte que fossem persuadidos e
compreendessem que o que haviam aprendido procedera de Deus. Pois, por meio de sua
Palavra, Deus fez para sempre com que a fé não fosse dúbia, fé esta que houvesse de ser
superior a toda mera opinião. Por fim, para que em perpétua continuidade de doutrina, a
sobreviver por todos os séculos, a verdade permanecesse no mundo, esses mesmos oráculos
que depositara com os patriarcas ele quis que fossem registrados como que em instrumentos
públicos. Neste propósito, a lei foi promulgada, a qual mais tarde os profetas foram
acrescentados com intérpretes.

Ora, visto que o uso da lê foi múltiplo, como se verá melhor no devido lugar, na verdade foi
especialmente outorgada a Moisés e a todos os profetas a incumbência de ensinar o modo de
reconciliação entre Deus e os homens, donde também Paulo chama Cristo o fim da lei [Rm
10.4]. Contudo, outra vez o reitero, além da doutrina apropriada da fé e do arrependimento,
que apresenta Cristo como o Mediador, a Escritura adorna de marcas e sinais inconfundíveis
ao Deus único e verdadeiro, porquanto criou o mundo e o governa, para que ele não se
misture com espúria multidão de divindades.

Portanto, por mais que ao homem, com sério propósito, convenha volver os olhos a
considerar as obras de Deus, uma vez que foi colocado neste esplendíssimo teatro para que
fosse seu espectador, todavia, para que fruísse maior proveito, convém-lhe, sobretudo,
inclinar os ouvidos à Palavra. E por isso não é de admirar que, mais e mais, em sua
insensibilidade se façam empedernidos aqueles que nasceram nas trevas, porquanto
pouquíssimos se curvam dóceis à Palavra de Deus, de sorte que se contenham dentro de seus
limites; ao contrário, antes exultam em sua futilidade.

Mas, para que nos reluza a verdadeira religião, é preciso considerar isto: que ela tenha a
doutrina celeste como seu ponto de partida; nem pode alguém provar sequer o mais leve
gosto da reta e sã doutrina, a não ser aquele que se faz discípulo da Escritura. Donde também
provém o princípio do verdadeiro entendimento: quando abraçamos reverentemente o que
Deus quis testificar de si mesmo. Orar, não só a fé consumada, ou completada em todos os
seus aspectos, mas ainda todo reto conhecimento de Deus nascem da obediência à Palavra.
E, ora de toda dúvida, neste aspecto, com singular providência, Deus em todos os tempos
teve em consideração os mortais.

3. A Bíblia é o único escudo a proteger do erro

Com efeito, se refletirmos bem quão acentuada é a tendência da mente humana para com o
esquecimento de Deus; quão grande sua inclinação para com toda sorte de erro; quão
pronunciado o gosto de a cada instante forjar novas e fantasiosas religiões, poder-se-á
perceber quão necessária foi tal autenticação escrita da doutrina celestial, para que não
desvanecesse pelo ouvido, ou se dissipasse pelo erro, ou fosse corrompida pela petulância dos
homens.

Como sobejamente assim se evidencia, Deus proveu o subsídio da Palavra a todos aqueles a
quem quis, a qualquer tempo, instruir eficientemente, porque antevia ser pouco eficaz sua
efígie impressa na formosíssima estrutura do universo. Portanto, necessário se nos faz trilhar
por esta reta vereda, caso aspiremos, com seriedade, à genuína contemplação de Deus.

Afirmo que importa achegar-se à Palavra onde, de modo real e ao vivo, Deus nos é descrito
em função de suas obras, enquanto essas próprias obras aí se apreciam, não conforme a
depravação de nosso julgar, mas segundo a norma da verdade eterna. Se dela nos desviamos,
como há pouco frisei, ainda que nos esforcemos com extrema celeridade, entretanto, uma vez
que a corrida será fora da pista, jamais conseguirá ela atingir a meta. Pois assim se deve
pensar: o resplendor da face divina, o qual o Apóstolo proclama ser inacessível [1Tm6.16],
nos é inextricável labirinto, a não ser que pelo Senhor sejamos dirigidos por intermédio dele
pelo fio da Palavra, visto ser preferível claudicar ao longo desta vereda a correr a toda brida
fora dela.

Assim é que, não poucas vezes [Sl 93,96,97,99 e afins], ensinando que importa alijar do
mundo as superstições para que floresça a religião pura, Davi representa Deus a reinar,
significando pelo termo reinar não o poder do qual Deus se acha investido e o qual exerce no
governo universal da natureza, mas a doutrina pela qual para si reivindica soberania legítima,
porquanto os erros jamais podem ser arrancados do coração humano, enquanto não for nele
implantado o verdadeiro conhecimento de Deus.

4. A Superioridade revelacional da Bíblia sobre a Criação

Por isso, o mesmo Profeta, onde trouxe à lembrança que a glória de Deus é proclamada pelos
céus, que as obras de suas mãos são anunciadas pelo firmamento, que sua majestade é
apregoada pela seqüência regular dos dias e das noites [Sl19.1,2], em seguida desce a menção
da Palavra: “A lei do Senhor”, diz ele, “é sem defeito, reanimando as almas; o testemunho do
Senhor é fiel, dando sabedoria aos pequeninos; os atos de justiça do Senhor são retos,
alegrando os corações; o preceito do Senhor é límpido, iluminando os olhos” [Sl 19.7,8]. Ora,
embora ele inclua ainda outros usos da lei, contudo assinala, de modo geral, porquanto em
vão Deus convida a si a todos os povos pela contemplação do céu e da terra, afirmando que
esta é a escola especial dos filhos de Deus: a Escritura;
Idêntico é a perspectiva do Salmo 29, no qual o Profeta, após discursar a respeito da voz
terrível de Deus, a qual sacode a terra com trovões, ventanias, chuvas, furacões e
tempestades, faz tremer as montanhas, despedaça os cedros, contudo no final acrescenta que
seus louvores são entoados no santuário, porquanto os incrédulos são surdos a todas as vozes
de deus que ressoam nos ares. De igual modo, assim ele conclui em outro dos Salmos, onde
descreveu as ondas espantosas do mar: “Mui fiéis teus testemunhos; a santidade convém a
tua casa, para sempre” [Sl93.5] Daqui também promana aquilo que Cristo dizia à mulher
samaritana [Jo4.22]: que seu povo e todos os demais povos adoravam o que desconheciam; e
que somente os judeus exibiam o culto verdadeiro de Deus.

Ora, já que, em razão de sua obtusidade, de modo algum a mente humana pode chegar a
Deus, salvo se for assistida e sustentada por sua Santa Palavra, então todos os mortais –
excetuados os judeus-, visto que buscavam a Deus sem a Palavra, lhes foi inevitável que
vagassem na futilidade e no erro.

Autor: João Calvino


Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição clássica, ed. Cultura Cristã, Vol 1, pg 71-74.
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O Enigma dos Dinossauros


Data 5/1/2009 17:30:00 | Assunto: Teologia

Muitos acreditam que a existência e a morte dos dinossauros está envolto de


tanto mistério, que jamais saberemos o que realmente aconteceu com eles.
Entretanto, os dinossauros são um mistério somente se você aceitar a teoria da
evolução. De acordo com a evolução, os dinossauros evolveram há 235 milhões
de anos atrás muito antes do que o homem. Nenhum homem jmais viveu com os
dinossauros. Embora eles reinassem sobre a terra, algo aconteceu há 65 milhões
de anos – eles desapareceram. Muitos evolucionistas acreditam que um
asteróide os matou, outros afirmam que eles evolveram nos pássaros, então eles
não estão extintos, mas estão sobrevoando sobre nós hoje.
.

J.S. Cavani
Dinossauros são usados mais do que qualquer outra coisa para indoutrinar os
jovens e adultos na idéia de milhões de anos da terra. Muitos acreditam que a
existência e a morte dos dinossauros está envolto de tanto mistério, que jamais
saberemos o que realmente aconteceu com eles. Entretanto, os dinossauros são
um mistério somente se você aceitar a teoria da evolução. De acordo com a
evolução, os dinossauros evolveram há 235 milhões de anos atrás muito antes
do que o homem. Nenhum homem jmais viveu com os dinossauros. Embora eles
reinassem sobre a terra, algo aconteceu há 65 milhões de anos – eles
desapareceram. Muitos evolucionistas acreditam que um asteróide os matou,
outros afirmam que eles evolveram nos pássaros, então eles não estão extintos,
mas estão sobrevoando sobre nós hoje.

Por outro lado, de acordo com a Bíblia, os dinossauros foram feitos junto com os
animais terrestres no Dia 6 (Gn1.20-25,31). Os dinossauros não poderiam ter
morrido antes da queda, como já foi discutido antes (i.e. o salário do pecado é a
morte, ou seja, a morte é resultado do pecado, então não havia morte antes da
Queda). Antes de mais nada, basta salientar que nem todos os dinossauros eram
enormes, a maioria deles eram relativamente pequenos. Os dinossauros, como
os répteis modernos, crescem por toda a vida. Ou seja, enquanto eles vivem,
eles crescem. Não existe neles nenhum mecanismo genético que os condiciona a
crescer até certa idade, como no homem que cresce até seus 21 anos. Portanto,
só os dinossauros mais velhos possuíam um tamanho enorme. Os mais jovens
eram pequenos, muitos chegando a ter o tamanho de uma ovelha. É razoável
crer que Noé tomou somente dinossauros pequenos na Arca, para dar mais
espaço aos outros animais. Aqueles que estavam fora da Arca pereceram nas
águas e muitos dos seus fósseis permanecem hoje. Como o clima pós-diluviano
havia mudado e havia falta de comida, doenças e ação antrópica, muitos
animais se tornaram extintos. Os dinossauros como outras criaturas, morreram.

Porque então há visões diferentes acerca dos dinossauros? Os fatos são os


mesmos. A razão é que os cientistas têm apenas o presente – os fósseis de
dinossauros existem no presente – mas eles estão tentanto conectar os fósseis
do presente ao passado. E segundo a maioria dos cientistas, o passado já foi pré-
determinado pelo uniformitarianismo. Mas como é muito difícil reconstruir o
passado, aqueles que estudam os fósseis (paleontogistas) tem as mais variadas
teorias acerca dos dinosauros. Como tem sido dito, paleontologia é semelhante a
política: as emoções falam mais alto e é muito fácil obter conclusões diferentes
dos mesmos fatos.[1]

A descoberta dos dinossauros é atribuído ao Dr. Robert Plot (1677) que havia
encontrado ossos tão grandes que ele achou que pertencia a um homem gigante
ou elegante gigante.[2] É importante saber que nenhum dinossauro desde então
foi desenterrado com sua pele intacta. Mesmo se todos os ossos de um
determinado dinossauro são encontrados, o paleontogista tem apenas 40% do
animal para tentar descobrir o que ele originalmente parecia. Os ossos não
dizem que cor o animal tinha, o que eles comiam e como se comportavam. Em
suma, o que nós sabemos sobre os dinossauros é mais especulação do que fato.
Porque a Bíblia Não Menciona Dinossauros?

Você não encontra a palavra dinossauro na Bíblia porque este termo foi
inventado apenas em 1841 por Richard Owen. Sir Richard Owen era um famoso
anatomista britânico e o primeiro superintendente do British Museum (e também
um combatente do darwinismo). Para descrever estes grandes animais do
passado, ele inventou a palavra dinossauro que em grego quer dizer “terrível
lagarto.” Será que haveria então uma outra palavra para dinossauro nos tempos
antigos? Há na verdade lendas sobre dragões ao redor do mundo. Muitas das
descrições dos dragões se encaixam com características de dinossauros
específicos. Da mesma forma em que as tradições do Dilúvio são baseadas num
verdadeiro Dilúvio, as lendas de dragões poderiam ser possivelmente baseadas
em encontros reais com animais que hoje nós chamamos de dinossauros. Nós
temos muitas estórias sobre dragões, a mais antiga que se tem registro é a
Epopéia de Gilgamesh. Gilgamesh, herói da Suméria, foi dito que matou uma
criatura réptil chamada Khumbaba numa floresta de cedro. Temos também o
exemplo dos britânicos, que são os primeiros europeus a produzir estórias a
respeito de um certo monstro que matou e devorou o Rei Morvidus de Gales em
336 A.C. O épico anglo-saxão Beowulf conta como Beowulf (495-583 AD) da
Escandinávia matou um monstro chamado Grendel e muitas serpentes-répteis,
mas perdeu sua vida com 88 anos quando tentava matar um réptil voador.
Outras estórias medievais de heróis e dragões incluem Siegfried dos nórdicos,
que matou um monstro chamado Fafnir; Tristam, Rei Artur, Sir Lancelot; e talvez
o mais famoso de todos, São Jorge que se tornou o santo padroeiro da Inglaterra.
A insígnia de dragão era também usada por muitos exércitos. Na Inglaterra,
antes da conquista dos Normandos em 1066, o dragão era a mais frequente
insígnia real. Outro rei que usava a insígnia do dragão era Richard I que em 1191
lutou nas Crusadas.

Na China, o dragão aparece como símbolo nacional da Família Real. Há também


muitas estória sobre dragões na China. O dragão fazia parte da bandeira chinesa
até 1911 quando a dinastia foi derrubada em favor da república. Embora ao
longo dos anos as estórias de dragões foram embelezadas, o fato de sua
existência virtual e as muitas semelhanças entre eles e os dinossauros apontam
para uma realidade inescapável. Os contos de fadas para crianças sempre
trazem desenhos fantasistas de dragões, os dragões históricos no entanto, não
tem este elemento imaginário. Parece então, que em todos os tempos, as
pessoas tem tido uma familiaridade única com os dragões. A Bíblia também os
menciona.

A palavra hebraica tanniyn é usada tanto para descrever monstros marinhos


como dragões (na Versão do Rei Tiago - KJV). È interessante notar que ela
aparece em Gn 1.21 onde os tradutores da KJV as traduzem por baleias, mas em
outros lugares é traduzido por dragão (Salmo 74.13; Is 27.1, 35.7, 43.20, 51.9; Jr
9.11, 10.22, 14.6, 49.33, 51.37).[3] Temos alguns exemplos abaixo:

(a) “E eu farei Jerusalém, um monte de pedras e morada de dragões [tanniyn]”


(Jer 9.11).

(b) “Irmão me fiz dos dragões [tanniyn], e companheiro dos avestruzes.” (Jó
30.29).

(c) “Tu dividiste o mar pela tua força; esmigalhaste a cabeça dos monstros
marinhos [tanniyn] sobre as águas.” (Salmo 74.13)

(d) “Louvai ao Senhor desde a terra, vós, monstros marinhos [tanniyn] e todos os
abismos.” (Salmo 148.7)

(e) “As hienas uivarão nos seus castelos, e os dragões [tanniyn] nos seus
palácios de prazer; bem perto está o seu tempo, e os seus dias não se
prolongarão.” (Is 13.22.)

É importante notar isso porque a KJV (Versão do Rei Tiago) foi publicada em
1611. Os tradutores da Bíblia estavam satisfeitos por usar a palavra dragão,
confiantes que esta seria uma palavra que faria sentido para os seus leitores e
não uma palavra mística que iria confundir a mente dos leitores.

Temos ainda no livro de Jó dois animais que segundo a descrição dada por Deus,
se assemelham muito a estes tão famosos lagartos terríveis. Um deles parece
ser um tipo de animal que até mesmo respirava fogo pelas narinas, talvez ele
tivesse um tipo de mecanismo genético capacitando-o a produzir uma explosão.
“Poderás tirar com anzol o leviatã…os seus espirros fazem resplandecer a luz…
…da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela. Dos seus narizes
procede fumaça…o seu hálito faz incender carvões, e da sua boca sai uma
chama” (Jó 41.1-34). Talvez ele fosse um Sarcosuchus de 12 metros ou um
Liopleurodon de 25 metros (com certeza ele não era um crocodilo). Alguns
argumentam que estas passagens devem ser interpretadas figuramente. Mas
isto parece incrível porque Deus menciona vários animais reais para Jó no
capítulo 39 (leões, cabras monteses, corça, jumento selvagem, boi selvagem,
avestruz, cegonha, cavalo, gafanhoto, falcão e águia). Se o Leviatã deve ser
interpretado figuramente, então porque não interpretar os outros animais
figuramente? Mas realmente não é este o sentido do texto, Deus claramente
está questionando Jó a respeito de eventos reais e tangentes que Jó vê no seu
dia a dia, mas não pode contudo explicar.

O outro animal é o vegetariano Beemote que pode ser tanto um Diplodocus ou


um Brachiossauro. “Contemplas o Beemote que eu fiz contigo, que come erva
como o boi…move sua cauda como o cedro, seus ossos são como tubos de
bronze…eis que um rio transborda, e ele não se apressa, confiando ainda que o
Jordão se levante até sua boca” (Jó 40.15-24). Será que o Beemote seria o maior
animal que Deus criou? Jó 40.19 diz que ele ocupa o primeiro lugar entre as
obras de Deus. Muitos comentadores dizem que o Beemote era um elefante ou
um hipopótamo. Mas o hipopótomo e o elefante não eram as maiores criaturas
terrestres (e.g. dinossauros). Esta interpretação não faz sentido, pois a cauda do
elefante e do hipopótamo não são como o cedro. Nenhuma criatura podia se
encaixar nesta descrição a não ser o Brachiossauro, um dos maiores
dinossauros.

Será Que Não Há Nenhum Dinossauro Vivo Hoje?

Há evidências de que os ossos de dinossauros não tem milhões de anos.


Cientistas da Universidade Estadual de Montana encontraram ossos do T. Rex
que não estavam completamente fossilizadas. Partes dos ossos continham aquilo
que parecia ser hemoglobina e céculas do sangue.[4]

Filmes como Jurassic Park mostram os dinossauros como agressivos carnívoros.


Mas a mera presença de dentes afiados não diz como o animal se comportava e
o que comia, mas apenas que tipo de dente ele tinha. O panda tem dentes
afiados, mas come apenas bambu. Grande parte das espécies dos ursos que tem
dentes afiados são vegetarianos.[5] Gênesis nos diz que todos eram
originalmente vegetarianos (Gn 1.30) até mesmo os dinossauros. Mas o
comportamento deles mudaram após o dilúvio (Gn 9.2-3), ou até mesmo após a
queda. No filme também mostra uma região dominada por grandes e colossais
dinossauros, mas como já foi dito antes o tamanho médio de um dinossauro era
o de uma ovelha (baseado nos esqueletos descobertos ao redor do mundo).[6]

Seria realmente excitante se um dinossauro fosse descoberto vivo. Certamente


seria um embaraço para o evolucionista. Não obstante, há exploradores e
nativos da África que relataram ter visto um animal semelhante ao dinossauro
no século 20.[7]

A Relevância da Teologia de Calvino Para o Século XXI


Lyle D. Bierma*
Introdução

No seminário norte-americano em que eu e o professor Carl Bosma ensinamos – Calvin


Theological Seminary – eu leciono uma matéria intitulada “Teologia Cristã Global”. Nessa
matéria nós lemos livros e ensaios escritos por teólogos de fora da Europa e da América do
Norte – teólogos da África, Ásia e América Latina. Muitos desses escritos são bastante
críticos da teologia do Ocidente (Europa e América do Norte). Por exemplo, alguns teólogos
evangélicos latino-americanos que nós temos lido afirmam que os missionários protestantes
trouxeram para a América Latina uma teologia avivalista e negadora do mundo vinda
diretamente do evangelicalismo americano. A preocupação básica dessa teologia era a alma,
não o corpo; a salvação individual, não mudanças sociais; a vida futura, não a vida aqui na
terra. O evangelho que esses missionários trouxeram estava voltado somente para as
necessidades “espirituais” dos seres humanos. Abordar coisas que estivessem fora dessa
esfera espiritual seria recair no liberalismo teológico e em um tipo de evangelho social.
Segundo esses críticos, a teologia ocidental nunca se contextualizou adequadamente na
América Latina. Em conseqüência disso, não emergiu nenhuma teologia autóctone na
América Latina até o surgimento da teologia da libertação nos anos 60 e 70. O protestantismo
ocidental, e a teologia que fazia parte do mesmo, era simplesmente mais uma religião imposta
a esta parte do mundo. Ele não abordou nem refletiu com seriedade o contexto latino-
americano para o qual havia vindo.

Esses teólogos não-ocidentais fazem ainda outras críticas à teologia ocidental: ela tem uma
orientação excessivamente abstrata e filosófica, está organizada de maneira excessivamente
sistemática, é excessivamente racional e lógica, está ligada muito de perto às ideologias
políticas e às estratégias econômicas do Ocidente, e é por demais alienada da realidade, ou
seja, aparentemente está inconsciente da maneira pela qual a vida é experimentada pela maior
parte da população mundial. Quase que se pode imaginar esses críticos dizendo o seguinte
sobre o nosso tema: “Como é que a teologia de João Calvino, um europeu ocidental que
viveu há quase quinhentos anos, pode ter qualquer relevância para o século 21 –
especialmente para a igreja fora do Ocidente?”

Eu não estou aqui para defender a teologia ocidental dessas acusações. Na realidade, entendo
que existe alguma verdade nessas críticas, muito embora elas sejam um tanto simplistas. O
que pretendo fazer nesta oportunidade é avaliar essas alegações no caso de um teólogo
ocidental, a saber, João Calvino. Por verdadeiro que seja que a teologia ocidental tem pouca
relevância hoje – especialmente para os cristãos do chamado “Mundo Majoritário” ou
Hemisfério Sul – creio que isso não é verdade no que diz respeito à teologia de Calvino.
Existe relevância, até mesmo uma relevância transcultural, em grande parte da teologia de
Calvino – não somente com respeito ao seu conteúdo, mas também e especialmente com
respeito a toda a sua maneira de abordar a teologia, isto é, como ele encarava a natureza e o
objetivo da reflexão teológica.

Nesta oportunidade vou me limitar a considerar a relevância contemporânea de apenas dois


aspectos da teologia de Calvino: (1) a maneira como ele relacionou a teologia com a piedade
e (2) a maneira como ele relacionou a teologia com a sociedade. Piedade e sociedade. Porém,
para aqueles que não estão muito familiarizados com o homem Calvino, eu gostaria
inicialmente de apresentar uma breve síntese da sua vida.

1. A Vida de Calvino
João Calvino nasceu em 1509 no norte da França. Quando era um menino de 14 anos, ele
mudou-se para Paris a fim de estudar latim e artes, obtendo os graus de bacharel e de mestre
com cerca de 17 anos. Nesses anos em Paris, ele sofreu a influência do movimento reformista
do final da Idade Média conhecido como humanismo cristão, um programa de reforma
educacional, cultural e eclesiástica baseado no estudo de textos clássicos e cristãos antigos.
Inicialmente o pai de Calvino havia pretendido que o filho realizasse estudos avançados de
teologia e se tornasse um homem da igreja; todavia, devido a seus problemas recentes com a
Igreja Católica, ele acabou direcionando o jovem Calvino para o estudo do direito civil. Nos
cinco anos seguintes Calvino estudou com vistas ao grau de direito nas universidades de
Orléans e Bourges, e paralelamente começou a estudar grego. Durante esses anos na escola
de direito ele também se comprometeu com a fé protestante e começou a pregar
ocasionalmente.

Após a sua formatura em direito, Calvino continuou a estudar grego (e talvez hebraico) e
iniciou o que parece ter sido uma carreira acadêmica como um erudito humanista protestante
– ensinando e escrevendo nas áreas de direito e teologia. Todavia, sendo um protestante em
um país católico, ele foi obrigado a mudar-se com freqüência e eventualmente teve de fugir
da própria França. No verão de 1536, Calvino se deteve para pernoitar em Genebra, Suíça, a
caminho de Estrasburgo, Alemanha. Foi convencido por Guilherme Farel, um dos líderes
protestantes de Genebra, a permanecer ali e auxiliá-lo na reforma da cidade. Calvino
concordou com relutância e iniciou o seu trabalho como pastor e preletor de Bíblia. Todavia,
as elevadas expectativas morais de Calvino e Farel com relação aos habitantes de Genebra,
que havia abraçado o protestantismo recentemente, causaram a expulsão desses homens dois
anos mais tarde, e Calvino finalmente se fixou em Estrasburgo. Ali ele trabalhou como
professor universitário e pastor de uma igreja de refugiados franceses, sob a orientação de
Martin Bucer, o grande reformador de Estrasburgo. Durante sua estadia de três anos nessa
cidade, Calvino também publicou o primeiro de seus muitos comentários da Bíblia e se casou
com a viúva de um ex-anabatista.

Em 1541 Calvino foi convidado a voltar para Genebra e ali permaneceu até a sua morte 23
anos mais tarde. Ele não ficou sem inimigos, mas grande parte da oposição política às suas
reformas desapareceu em meados da década de 1550, e os últimos dez anos da sua vida foram
pacíficos e produtivos. Além de pregar e ensinar, Calvino continuou a oferecer conselhos
políticos aos órgãos dirigentes de Genebra, embora nunca tenha ocupado nenhum cargo
público e não tenha se tornado um cidadão oficial de Genebra até 1559. Ele também
persuadiu as autoridades políticas a construírem uma academia teológica em Genebra, que
logo se tornou o seminário reformado mais importante da Europa. Nos últimos anos de sua
vida, ele concluiu a quinta e última edição das Institutas da Religião Cristã, um sumário de
teologia que havia atingido 1500 páginas. A academia de Calvino, seus escritos teológicos e
suas milhares de cartas a igrejas e indivíduos fora de Genebra ampliaram a sua influência em
toda a Europa, e por ocasião da sua morte em 1564 ele já era conhecido como um reformador
internacional. Como alguns de vocês talvez saibam, em 1556 Calvino e seus colegas até
mesmo enviaram a uma pequena colônia francesa no Brasil vários jovens de Genebra, dois
dos quais se tornaram os primeiros pastores protestantes a atravessarem o Oceano Atlântico.
Hoje a influência de Calvino ainda é sentida ao redor do mundo nos lugares em que se
difundiu o cristianismo reformado e presbiteriano.

2. Teologia e Piedade
Voltemos agora às duas maneiras sugeridas anteriormente nas quais a teologia de Calvino é
relevante para a igreja mundial no século 21. Essas duas maneiras tem a ver não tanto com o
conteúdo da teologia de Calvino, mas com toda a sua maneira de fazer teologia.
Em primeiro lugar, vejamos como Calvino relaciona teologia e piedade. A primeira edição
das Institutas de Calvino, em 1536, tinha o seguinte título longo e interessante – “Institutas da
Religião Cristã, contendo virtualmente toda a soma da piedade e tudo o que necessita ser
conhecido sobre a doutrina da salvação: Uma obra que vale a pena ser lida por todos os
cristãos que têm zelo pela piedade”. Para começar, trata-se de “institutas”. Institutio em latim
significa algo como “instrução básica”, “compêndio” ou “manual de instruções”. Mas um
manual de que – de teologia? Não, um manual “que contém virtualmente toda a soma da
piedade”, um manual “que vale a pena ser lido por todos os cristãos que têm zelo pela
piedade”. Não se trata de um livro primariamente sobre teologia, mas sobre piedade.
Obviamente existe muita teologia no livro. Mas para Calvino a reflexão teológica nunca é um
fim em si mesma. A teologia é sempre utilizada a serviço da piedade; ela deve conduzir à
piedade. Assim, a teologia de Calvino algumas vezes tem sido chamada de theologia pietatis,
uma “teologia da piedade”.

Mas o que Calvino quer dizer com piedade? Na mesma sentença de abertura das Institutas,
nós lemos: “Quase toda a sabedoria que possuímos... consiste em duas partes: o
conhecimento de Deus e de nós mesmos” (1.1.1). Na seção seguinte, Calvino passa a dizer
que, quando se trata do conhecimento de Deus, “nós não diremos que... Deus seja conhecido
onde não existe religião ou piedade. . . Eu denomino ‘piedade’ aquela reverência unida ao
amor a Deus que o conhecimento dos seus benefícios induz” (1.2.1). Ou então: “Aqui
certamente está a religião pura e verdadeira: a fé tão unida a um sincero temor a Deus que
esse temor também inclui uma reverência voluntária e leva consigo o culto legítimo que está
prescrito na lei” (1.2.2). Portanto, para Calvino o verdadeiro conhecimento de Deus é um
conhecimento sobre Deus que é aplicado na piedade ou devoção, isto é, em reverência, fé,
amor, adoração, obediência e serviço a Deus. A teologia – o estudo de Deus, a busca de
conhecimento acerca de Deus – deve evocar uma resposta de piedade em nós se queremos
verdadeiramente conhecer a Deus. Pois, como diz Calvino.

Como pode o pensamento de Deus penetrar em sua mente sem que você perceba
imediatamente que, visto ser obra de suas mãos, você foi... vinculado a ele por direito de
criação, você deve a sua vida a ele? – que qualquer coisa que você empreende, qualquer coisa
que faz, deve ser atribuída a ele? (1.2.2).

A teologia deve levar à piedade.

É exatamente assim que Calvino realiza a sua própria reflexão teológica ao longo das
Institutas; as Institutas são na realidade um manual de instruções sobre a piedade. Por
exemplo, ao tratar acerca de Deus, o Criador, Calvino não somente explica os detalhes da
doutrina da criação, mas também exorta o leitor a “comprazer-se piedosamente nas obras de
Deus” (1.14.20). O que significa confessar que Deus é o Criador dos céus e da terra?
Primeiramente, diz ele, significa refletir sobre a grandeza do divino Artista mediante a
contemplação de suas maravilhosas obras de arte. A criação reflete “essas imensas riquezas
de sua sabedoria, justiça, bondade e poder... [e] nós devemos meditar sobre elas longamente,
considerá-las em nossas mentes com seriedade e fidelidade, e evocá-las repetidamente”
(1.14.21). Mas a nossa resposta deve ir além disso. Nós também devemos compreender, diz
Calvino, que Deus criou todas as coisas para o bem da humanidade; devemos “sentir o seu
poder e graça em nós mesmos e nos grandes benefícios que ele nos concedeu, e assim sermos
levados a confiar, invocar, louvar e amá-lo” (1.14.22). Isso é piedade. Essa é uma teologia
que conduz à piedade. Para Calvino, estudar a doutrina da criação não é mero exercício
intelectual; envolve a pessoa inteira – coração, alma, mente e força. Como ele disse no final
dessa seção acerca da criação: “Convidados pela grande doçura da beneficência e bondade
[de Deus], dediquemo-nos a amá-lo e servi-lo de todo o nosso coração” (ibid.).

O mesmo se aplica à maneira como Calvino trata da predestinação, uma questão doutrinária
sobre a qual ele tem sido freqüentemente mal-compreendido e violentamente atacado. O
historiador americano Will Durant certa vez escreveu: “Nós sempre acharemos difícil amar o
homem [Calvino] que obscureceu a alma humana com a mais absurda e blasfema concepção
acerca de Deus de toda a longa e honrada história das tolices”. E o tele-evangelista americano
Jimmy Swaggart certa vez afirmou: “Creio que Calvino fez com que incontáveis milhões de
almas fossem para a perdição”. Todavia, a predestinação é um conceito bíblico, um conceito
com o qual os teólogos ocidentais tinham se debatido por mil anos antes de Calvino. O que
Calvino faz com essa doutrina é o que ele faz com toda a sua teologia – ele a relaciona com a
piedade do crente. A doutrina da eleição, diz ele, em primeiro lugar acentua para nós que a
salvação é sola gratia: é totalmente e inteiramente pela graça de Deus. Portanto, a doutrina da
eleição deve nos humilhar, porque ela nos defronta com o fato de que não temos nenhuma
contribuição a dar para a nossa salvação; ela é unicamente uma obra de Deus. Deus nos
escolheu antes que nós o escolhêssemos. Em segundo lugar, essa doutrina devia levar-nos a
glorificar a Deus por essa grande dádiva que ele graciosamente nos concedeu (3.21.1). Por
fim, ela pode assegurar-nos do caráter definitivo da nossa salvação, pois Deus prometeu em
Romanos 8 que aqueles a quem ele predestinou para a salvação nunca irão separar-se do seu
amor. Como Calvino disse: “Cristo nos libertou da ansiedade nessa questão... Quando somos
dele, somos salvos para sempre” (3.24.6). Calvino não pretendeu que a predestinação fosse
uma doutrina aterrorizante para o crente, mas uma doutrina consoladora.

Essa teologia da piedade foi assimilada por muitas confissões reformadas na própria época de
Calvino e nos anos posteriores à sua morte. A denominação à qual eu e o professor Bosma
pertencemos, a Igreja Cristã Reformada da América do Norte, subscreve três dessas antigas
confissões reformadas – a Confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort
– e em todas as três está presente essa aplicação pessoal, prática e experimental das doutrinas.
Por exemplo, a Confissão Belga de 1561 explica com alguns detalhes a doutrina da
providência de Deus, mas também dá atenção a qual deve ser a nossa resposta a esse ensino
(Art. 13). Nós não devemos ser excessivamente curiosos quanto às obras de Deus que
ultrapassam a compreensão humana. Devemos adorar as decisões de Deus com humildade e
reverência. Devemos reconhecer “o conforto indizível” que essa doutrina nos dá em seu
ensino de que nada nos pode acontecer por acaso. E podemos repousar no pensamento de que
“Deus controla os demônios e todos os nossos inimigos, os quais não podem nos ferir sem a
sua permissão e vontade”. Essas são respostas de piedade!

Uma teologia de piedade é ainda mais pronunciada no Catecismo de Heidelberg, de 1563.


Como um catecismo, obviamente ele foi concebido como um guia para ensinar, pregar e
aprender doutrinas. Mas ele sempre apresenta as doutrinas com um propósito em mente:
aplicar essas doutrinas à vida e experiência cristãs; instilar no crente um senso de consolo ou
certeza da salvação; evocar no crente uma resposta de gratidão por sua libertação do pecado e
da miséria espiritual. Ouça algumas das perguntas: “Como a ressurreição de Cristo nos
beneficia?” (P. 45); “Como a volta de Cristo para julgar os vivos e os mortos consola você?”
(P. 52); “Que bem lhe faz, todavia, crer em tudo isto?” (P. 59); “Por que ainda precisamos
praticar boas obras?” (P. 86); “Por que os cristãos precisam orar?” (P. 116). A reflexão
teológica no Catecismo de Heidelberg não é um exercício abstrato. Ela é relevante para a vida
e a experiência do crente.
O que Calvino e as confissões fazem aqui não é de fato uma coisa nova. Essa teologia da
piedade já estava evidente na tradição humanista cristã na qual Calvino foi formado. Porém, o
que é mais importante, ela tem o seu fundamento nas Escrituras, o recurso básico de Calvino
na elaboração da sua teologia. Quando Calvino descreve o conhecimento de Deus como um
conhecimento sobre Deus que evoca uma resposta de confiança, obediência e amor por Deus,
ele está simplesmente ecoando o ensino da própria Escritura. Encontramos já no Antigo
Testamento que o conhecimento de Deus não é mera posse de informações sobre Deus. É o
reconhecimento dos direitos de Deus sobre nós. É o reconhecimento respeitoso e obediente
do poder de Deus, da graça de Deus, das exigências de Deus. Conhecer a Deus é honrá-lo e
fazer o que é justo e íntegro. Como Deus diz através do profeta Jeremias:

Não se glorie o sábio na sua sabedoria... mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me
conhecer e saber que eu sou o Senhor, e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque
destas coisas me agrado, diz o Senhor. (9.23-24)

A implicação é que o Senhor se compraz no amor e na justiça não somente quando ele os
pratica, mas também quando nós os praticamos. Então poderemos afirmar que realmente
compreendemos e conhecemos a Deus.

O livro de 1 João no Novo Testamento dá ênfase ao mesmo ponto: “Ora, sabemos que o
temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o
conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (2.3-4).
Portanto, a teologia da piedade de Calvino ressoa com a mensagem da própria Escritura.
Pode-se realmente dizer que essa maneira pela qual ele procurou mostrar o valor das
Escrituras na sua época não tem relevância em nossos próprios dias?

3. Teologia e Sociedade
Alguém poderá objetar que essa teologia da piedade soa excessivamente individualista,
concentrando-se apenas na piedade pessoal. Ela não tem nada a dizer sobre a vida no mundo,
o papel do cristão na sociedade, a dimensão comunitária da nossa existência? Certamente que
sim para Calvino. A sua teologia da piedade é uma teologia que abrange toda a vida.

Ela realmente começa com a maneira pela qual Calvino e a tradição reformada entenderam o
chamado “princípio escriturístico” da Reforma, sola Scriptura, isto é, que somente a
Escritura é a nossa autoridade suprema em questões de doutrina e moralidade. O calvinismo,
mais do que qualquer outro ramo do cristianismo da Reforma, entendia que isso significava
tota Scriptura, isto é, que toda a Escritura é investida de autoridade, tanto o Antigo quanto o
Novo Testamento. Os crentes do Novo Testamento desfrutam de algumas vantagens em
relação aos crentes do Antigo Testamento, mas os dois testamentos estão vinculados por um
único pacto da graça. Assim, o Antigo Testamento ainda é tão plenamente uma parte da
revelação normativa de Deus quanto o é o Novo Testamento. Por exemplo, no Novo
Testamento encontramos o chamado “mandato missionário” de Mateus 28: “Ide e fazei
discípulos de todas as nações”. Mas também existe outro mandato universal na Escritura, o
chamado “mandato cultural” no Antigo Testamento: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei
a terra e sujeitai-a; exercei domínio sobre ela, cultivai-a e guardai-a” (Gênesis 1 e 2). Esse
mandato nunca é repetido no Novo Testamento, mas não precisa ser; ele ainda é válido. A
atividade cultural – agricultura, comércio, política, educação – é uma parte da vocação do
cristão tanto quanto o evangelismo.
Foi a partir dessa perspectiva das Escrituras que se desenvolveu grande parte da teologia
social de Calvino. Para ele, o modelo básico da sociedade se encontrava no Antigo
Testamento, na comunidade de Israel. Essa piedade se estendia a todas as dimensões da vida,
tanto públicas quanto particulares. Para Calvino, portanto, a reflexão teológica nunca fica
limitada ao indivíduo ou apenas às questões “espirituais”. Ela é uma reflexão sobre como
toda a Escritura se relaciona com toda a vida.

Para ilustrar isto, quero recorrer a três aspectos do pensamento social de Calvino: sua
reflexão cristã sobre a ordem política, sobre três questões econômicas e sobre a educação.

3.1. Política. No que se refere à ordem política, Calvino reconhecia a igreja e o estado como
esferas distintas que deviam cooperar estreitamente para edificar uma sociedade cristã.
Portanto, ao contrário dos anabatistas daquela época, ele defendia um elevado grau de
envolvimento por parte dos cristãos na vida política. “Ninguém deve duvidar que a
autoridade civil é uma vocação”, diz Calvino, “não somente santa e legítima diante de Deus,
mas também a mais sagrada e de longe a mais honrosa de todas as vocações em toda a vida
dos homens mortais” (Institutas 4.20.4). Os cristãos devem honrar as autoridades como
“ministros e representantes de Deus” (4.20.22). Elas devem orar pelos magistrados civis e
obedecê-los, até mesmo os tiranos, a menos que tal obediência resulte em uma desobediência
direta da vontade de Deus. E a igreja tem a responsabilidade profética de advertir as
autoridades quando elas erram e exortá-las a cumprirem os seus deveres. Em seu comentário
de Amós 8.4, Calvino escreve: “Com freqüência os governan- tes são culpados de muitas
coisas; essa é a razão pela qual os profetas se voltam contra eles de maneira tão contundente e
rigorosa”. Os porta-vozes proféticos de hoje, diz Calvino, são primariamente os ministros da
igreja. É seu dever clamar contra toda injustiça praticada pelo estado, particularmente no que
se refere ao tratamento dos pobres e dos fracos.

Qual é o dever dos governantes civis? Acima de tudo reconhecer que “foram ordenados
ministros da justiça divina”. O seu tribunal é “o trono do Deus vivo” e eles são
“representantes de Deus” (4.20.6). Como tais, é seu dever promover a justiça, a segurança e a
paz na sociedade, e especialmente defender os pobres e os fracos contra os ricos e poderosos.
O Salmo 82.3 diz: “Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o
desamparado”. Em seu comentário desse salmo, Calvino o aplica ao estado: “Um governo
justo e bem-regulado se distinguirá por preservar os direitos dos pobres e dos afligidos”.

Mas também é tarefa do governo, Calvino acreditava, promover e proteger a verdadeira


religião na sociedade. “Os santos reis”, ele escreve, “são grandemente exaltados nas
Escrituras porque restauraram o culto a Deus quando o mesmo estava corrompido ou
destruído, ou cuidaram da religião para que por meio deles ela pudesse florescer pura e
incontaminada” (4.20.9). Aqui, evidentemente, Calvino mostra ser um homem do seu tempo,
refletindo mil anos de busca de um estado cristão no Ocidente. Porém, o que devemos
observar é não tanto as conclusões a que ele chega aqui, mas o fato de que ele está se
esforçando no sentido de formular uma abordagem conscientemente bíblica e cristã da
dimensão política da sociedade.

3.2. Economia. Como outros líderes da Reforma, Calvino rompeu com a tradição medieval de
elevar a “vida contemplativa” acima da “vida ativa” do trabalho diário. O trabalho, diz
Calvino, é uma atribuição de Deus pela qual os indivíduos servem ao bem-comum. Deus nos
criou não somente como indivíduos, mas como indivíduos em comunidade. Dependemos uns
dos outros e devemos servir uns aos outros com os diferentes dons que nos foram dados.
Portanto, todas as formas de trabalho são de igual valor e são igualmente agradáveis a Deus
se beneficiam de algum modo a comunidade e não contradizem a Palavra de Deus. Não
trabalhar quando se tem a capacidade de fazê-lo é algo contrário à Palavra de Deus. Mas, ao
mesmo tempo, não proporcionar trabalho para aqueles que são capazes também é errado.
Assim sendo, Calvino e a cidade de Genebra iniciaram um programa de obras públicas para
os milhares de refugiados que estavam afluindo para aquela cidade.

Calvino também aplicou a perspectiva do evangelho à questão dos salários. Para o


empregado, o trabalho deve ser entendido como algo feito em primeiro lugar não pelo
dinheiro, mas para a glória de Deus. De fato, as pessoas não têm realmente um direito à
remuneração; qualquer salário que recebemos é na realidade uma expressão da graça de Deus
para conosco – gratuita, imerecida. Porém, do ponto de vista do empregador, o salário deve
ser justo. Afinal, o que está ocorrendo é uma dispensação da graça divina e o empregador é
um instrumento desse processo. Na verdade, para um empregador cristão, pagar o salário
mínimo legal não é suficiente. Como disse Jesus, devemos sempre fazer aos outros como
queremos que nos façam.

Finalmente, Calvino fez uma nova abordagem à usura ou à cobrança de juros. A igreja havia
proibido toda usura na Idade Média, muito embora algumas pessoas continuassem a praticá-
la. Todavia, Calvino argumentou que a Bíblia não proíbe toda forma de usura. As proibições
bíblicas contra a mesma precisam ser lidas em seu contexto. A usura foi proibida entre os
israelitas da velha dispensação, diz Calvino, porque lhes era fácil realizar negócios sem ela.
Mas aquelas circunstâncias mudaram em nossos dias. E a instrução de Jesus, “emprestai, sem
esperar nenhuma paga” (Lucas 6.35), visava orientar o nosso relacionamento com os pobres,
não com todas as pessoas. Seja como for, Calvino acreditava que quando se tratava de
emprestar dinheiro a juros, o nosso comportamento devia ser governado acima de tudo pela
lei bíblica do amor. Somente porque uma coisa é legal, isso não a torna amorosa ou justa.
Além disso, uma vez mais, nunca devemos fazer algo que não esteja de acordo com a Lei
Áurea.

3.3. Educação. Para Calvino, a responsabilidade principal pela educação recaía sobre a igreja,
e não sobre o estado, o que contrariava a tendência geral da Reforma no sentido de transferir
a educação da igreja para o controle do estado. Sob a sua influência, os mestres eram
nomeados pelos pastores da cidade, deviam submeter-se à confissão de fé de Genebra e
estavam sujeitos à disciplina eclesiástica. Calvino chegava a considerar o “mestre de
teologia” como um quarto ofício da igreja, ao lado do pastor, do presbítero e do diácono.

O programa educacional que Calvino ajudou a implantar em Genebra tinha um forte


componente humanista, isto é, uma grande ênfase no estudo de antigos textos gregos e
romanos. Por quê? Em primeiro lugar, porque para Calvino o propósito básico da educação
superior, pelo menos, era preparar homens para o ministério do evangelho ou para o serviço
público. Essas profissões requeriam pessoas que pudessem pensar bem, falar bem e escrever
bem. Quem poderia oferecer um melhor modelo para isso senão os grandes pensadores,
oradores e autores do mundo antigo?

Porém, Calvino se voltava para os clássicos por outras razões além do pensamento claro e da
retórica refinada. Ele também acreditava que havia verdades a serem encontradas nos antigos
autores não-cristãos, verdades que poderiam ajudar-nos a compreender o mundo de Deus e a
Palavra de Deus. Como ele diz nas Institutas:
Sempre que nos defrontamos com essas questões nos escritores seculares, que essa admirável
luz da verdade que neles brilha nos ensine que a mente do homem, embora decaída e
pervertida de sua integridade, no entanto está revestida e ornamentada com os excelentes
dons de Deus. Se consideramos o Espírito de Deus como a fonte única da verdade, não
rejeitaremos a própria verdade nem a desprezaremos onde quer que ela se manifeste, a menos
que desejemos desonrar o Espírito de Deus. (2.2.15)

É por isso que Calvino fazia os estudantes de sua academia lerem antigos autores não-cristãos
como Virgílio, Cícero, Ovídio, Sêneca, Lívio, Xenofonte, Políbio e Homero. Na realidade, o
professor de grego da academia não ensinava o Novo Testamento grego (isso era feito pelo
professor de teologia), mas textos antigos de Platão e Aristóteles sobre ética. Evidentemente,
o verdadeiro conhecimento de Deus, diz Calvino, só é possível quando a pessoa foi
regenerada pelo Espírito Santo e vê Deus revelado nas Escrituras. Porém, usando os “óculos”
das Escrituras, podemos prosseguir para o aprendizado do mundo não-cristão e encontrar
muitas coisas verdadeiras e úteis no sentido de preparar os crentes para o serviço cristão. A
lente da revelação da Palavra de Deus nos ajuda a focalizar bem a verdade que se encontra no
mundo de Deus.

Conclusão
Como, pois, a teologia de Calvino é relevante para o século 21? Não em primeiro lugar por
causa do seu conteúdo. Embora certamente haja muito o que se aprender desse conteúdo,
existem também aspectos em que é limitada a sua utilidade para o mundo moderno. A
relevância da teologia de Calvino reside, acima de tudo, na maneira como ele aborda a tarefa
teológica, naquilo que ele considera o propósito da teologia e em como ele empreende a
elaboração da teologia. O método de Calvino pode servir como modelo para os teólogos
cristãos atuais pelo menos de três maneiras.

Primeiramente, a sua teologia é bíblica. Ela reconhece a Escritura como a Palavra de Deus
inspirada e infalível, investida de autoridade suprema para todo o pensamento teológico e a
vida cristã. Não somente uma parte da Escritura, mas toda ela, Antigo e Novo Testamento.
Como tal, a teologia de Calvino inicia onde começa o Antigo Testamento, com a doutrina da
criação. Visto que a salvação é de fato a restauração da criação, os cristãos são conclamados
não a evitarem este mundo ou a fugirem dele, mas a servirem a Deus como seus agentes de
restauração e reforma neste mundo.

Em segundo lugar, a teologia de Calvino é prática, isto é, está sempre voltada para a piedade
cristã. Para ele a teologia não pode ser simplesmente um exercício teórico. Ela não é abstrata,
especulativa ou altamente filosófica. Ela nunca é um fim em si mesma. Antes, a teologia
sempre deve se relacionar com a vida e a experiência cristã. O conhecimento sobre Deus
deve levar ao conhecimento de Deus, isto é, uma resposta a Deus de reverência, amor,
obediência e confiança.

Finalmente, a teologia de Calvino é holística. Para ele, o evangelho se dirige não somente às
almas ou a pessoas individuais ou às chamadas questões “espirituais”. Ele se dirige à pessoa
integral e a todos os aspectos da vida e da sociedade – coisas como exercer um cargo público,
praticar desobediência civil, riqueza e pobreza, trabalho, salários, usura, educação, casamento
e vida familiar. É por essa razão que um estudioso denominou Calvino não somente um
reformador, mas um “revolucionário construtivo”.
Em suma, a teologia de Calvino nos faz lembrar a fonte (a Escritura), o propósito (a piedade)
e o escopo (toda a vida) do trabalho teológico. Parece-me que esses lembretes são tão
relevantes para a tarefa teológica em nossos próprios dias e em nosso mundo quanto o foram
na Genebra de Calvino há quase 500 anos.

__________________________
(*) O autor é professor de Teologia Sistemática no Calvin Theological Seminary, em Grand
Rapids, Michigan. Palestra proferida no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew
Jumper no dia 28 de agosto de 2003. Texto traduzido por Alderi Souza de Matos.

Leia mais: http://www.eleitosdedeus.org/joao-calvino/relevancia-teologia-calvino-


para-seculo-xxi-lyle-d-bierma.html#ixzz0wz34tpIW

NTRODUÇÃO

Em primeiro lugar queremos dizer que respeitamos as opiniões dos evolucionistas e de todos
quantos pensam de forma diferente, porém nós cremos unicamente nos fatos que concordam
com os relatos Bíblicos ou que pelo menos não conflitam com a Bíblia.

Normalmente, a leitura dos capítulos 1 e 2 do livro de Gênesis, que tratam sobre a criação,
geram algumas perguntas, tais como:

Os dias da criação eram de 24 horas ou grandes períodos de milhares de anos?

Porque o versículo 2 declara que a terra era sem forma e vazia se tudo que Deus faz é
perfeito?

Os textos de Gn. 1:1 e Gn.1:3-31 referem-se a uma só criação ou duas? Alguns estudiosos
colocam a criação original em Gn.1:1, seguindo-se uma catástrofe registrada em Gn. 1:2 e em
seguida uma reconstrução da criação nos versículos seguintes. Será que foi mesmo assim?

Onde se encaixam os dinossauros no processo de criação? Os cientistas atuais declaram que


fosseis encontrados de dinossauros, revelam idades de milhões de anos. Será isso verdade?

O texto de Gn. 1:9 declara que havia um só continente e um só oceano, porém não é isso que
vemos hoje no mapa mundi. O que realmente aconteceu?

Está escrito que Deus descansou no sétimo dia, no entanto Jesus afirmou que Deus trabalha
até hoje. Existe contradição?

Todos estes aspectos serão abordados no decorrer deste estudo


Capítulo 1

COMO FOI MOTIVADA A PREPARAÇÃO DESTE ESTUDO BÍBLICO

Certo dia uma pessoa me telefonou perguntando-me a respeito dos dinossauros querendo uma
resposta à luz da Palavra de Deus. Estes animais realmente existiram? Quando existiram? O
que aconteceu com eles?

Até então eu nunca tinha sido motivado para pensar no assunto, simplesmente acompanhava
as reportagens científicas de forma passiva, sem que houvesse qualquer interesse num
conhecimento mais profundo do assunto.

Agora, porém, diante da pergunta a mim dirigida, a situação mudou. Nasceu um grande
interesse em conhecer os fatos. Tudo que queremos saber a respeito do universo, temos que
procurar na Bíblia, pois a Palavra de Deus é a fonte inesgotável de todo o conhecimento. Só
não encontramos na Bíblia o que Deus não permite que o homem saiba. Li então
cuidadosamente, os primeiros capítulos de Gênesis, procurando uma resposta a respeito dos
dinossauros. Infelizmente, até então, não consegui visualizar nada que pudesse satisfazer a
minha curiosidade. Passei então a ler vários artigos científicos em revistas especializadas, a
respeito dos dinossauros. A minha intenção era encontrar naqueles artigos, alguma
informação que fosse de encontro com o relato da criação descrito na Bíblia.

Em certo momento aconteceu algo estranho. Enquanto eu lia um artigo científico sobre as
hipóteses da extinção desses animais, eu senti, ou ouvi dentro de mim, como que uma voz
dizendo: “versículo dois, versículo dois”. Naquele instante senti convicção: - “Os dinossauros
foram extintos no período descrito no versículo dois do capítulo um de Gênesis”.

Imediatamente abandonei a revista que estava lendo e abri a bíblia novamente, começando a
“digerir” cada palavra dos dois primeiros capítulos de Gênesis. Foi então que começaram a
surgir informações que até então eu não havia percebido. Os detalhes serão descritos no
decorrer do estudo.

Capítulo 2

ORDEM CRONOLÓGICA

Antes de tudo, precisamos levar em consideração o fato de que nem todos os fatos registrados
na Bíblia se encontram em rigorosa ordem cronológica. Os próprios livros na Bíblia não estão
necessariamente organizados na mesma ordem cronológica dos fatos reais. Sabemos que as
profecias também não estão colocadas em ordem cronológica em relação à consumação dos
fatos profetizados. O estudo que fizemos no livro do apocalipse, também revela que aquele
livro não está escrito em rigorosa ordem cronológica com relação aos fatos reais.
Podemos observar que a mesma coisa acontece nos capítulos 1 e 2 de Gênesis. O primeiro
versículo fala da criação completa dos céus e da terra. Em seguida, nos versículos Gn.1:3 até
Gn.2:3, encontramos o relato da mesma criação, porém bem mais detalhada e finalmente, em
Gn.2:4 até Gn.2:25, existem os detalhes da criação do homem que já havia sido mencionada
em Gn.1:26-27. Evidentemente o homem não foi criado duas vezes só pelo fato de ter sido
mencionado duas vezes. Isto é óbvio. Note também que somente no texto de Gn.1:3 a 2:3 é
que se mencionam os dias da criação.

Mais um fato que comprova que a escrita não está em ordem cronológica: Observe o texto em
Gn.2:5. - Logo após o relato completo dos sete dias da criação, quando Deus já havia
completado toda a obra criativa e já estava no sétimo dia de descanso, está escrito que a
vegetação ainda não havia brotado na terra, e está escrito também que não havia o homem
para lavrar a terra, portanto, nesse texto, o homem ainda não havia sido formado,
aparentemente contrariando o texto anterior de Gn. 1:26.

Para ser mais claro, observe a ordem da escrita e a aparente contradição:


1 - Em Gênesis 1:27 está escrito que Deus criou o homem.
2 - Em Gênesis 2:1-2 está escrito que Deus terminou toda obra de criação.
3 - Em Gênesis 2:5 está escrito que não havia plantas e nem homem para lavrar a terra.

Para melhor entendimento da realidade dos fatos, teríamos que examinar os textos dos
capítulos 1 e 2 de Gênesis, divididos em quatro grupos descritivos independentes entre si com
relação ordem cronológica, da seguinte maneira:

Primeiro grupo Gn. 1:1 - Visão global da criação descrita em apenas uma frase sem os
detalhes da criação

Segundo grupo Gn. 1:2 - Destaque do momento do caos na terra antes da formação do
homem

Terceiro grupo Gn. 1:3 até Gn. 2:3 - A mesma criação de Gn. 1:1 agora detalhada e dividida
em sete períodos

Quarto grupo Gn. 2:4-25 - Destaque com detalhes da formação do homem a qual já tinha sido
mencionada no terceiro grupo e incluída no primeiro grupo.

Sabe-se também que os estilos das obras literários antigos eram exatamente assim, ou seja,
costumava-se relatar o assunto de forma genérica e abrangente, para então relatar novamente
com mais detalhes. E é isso que percebemos nestes textos.

Portanto, para se entender os fatos narrados é necessário ordenar os textos devidamente na


ordem cronológica.
Capítulo 3

UMA SÓ CRIAÇÃO

Outro detalhe importante que devemos considerar neste estudo, é que Deus não cria a mesma
coisa duas vezes. A criação é realizada uma só vez, e se necessário, Deus preserva a sua
criação original para conservar a espécie. Vejamos algumas comprovações:

Deus formou o homem pela primeira vez usando a matéria prima da terra que Ele já havia
criado. O corpo físico do homem não foi feito de algo novo, mas de algo que já existia. O
verbo BARA traduzido como CRIOU em Gn. 1:1 no original hebraico, significa criar do
nada. No texto de Gn. 2:7 o verbo ASÁH, aplicado ao homem se traduz como fazer, fabricar,
realizar, por isso, o homem, fisicamente falando, não foi criado, mas formado da terra. O que
realmente foi criado e colocado no corpo do homem foi o espírito.

O mesmo aconteceu com a mulher, que foi formada e não criada. Da mesma forma, Deus não
usou o mesmo processo usado para o homem, pois se assim fosse, a mulher seria de outra
espécie diferente do homem. Deus usou uma parte do homem que já havia sido formado, no
caso a costela, para então formar a mulher, portanto, o homem e a mulher são da mesma
espécie e da mesma origem, ambos formados da terra. A própria ciência comprova que os
elementos químicos que existem no corpo humano são os mesmo existentes na própria terra.

Os animais foram criados por outro processo diferente e separado do homem, portanto, são de
espécies diferentes. Deus não usou parte do animal para formar o homem e nem usou parte
do homem para formar os animais. Este é um dos fatos, entre outros, que nos impedem de
crer na teoria evolucionista.

Outro fato que podemos mencionar é a preservação de Noé e sua família juntamente com os
animais para repovoar a terra, visto que todos os homens e animais seriam destruídos no
dilúvio. Se não fosse assim, após o dilúvio Deus teria que recriar o homem e os animais
novamente, coisa que Deus jamais faria. Fato semelhante a este destaca no estudo do
apocalipse onde os 144000 judeus serão preservados para também repovoar a terra cujos
habitantes serão destruídos durante a grande tribulação. Deus formou o homem uma só vez, e
mesmo assim, usando a matéria prima já criada anteriormente.

Existe uma lei na física que diz: “No universo nada se cria e nada se perde, mas tudo se
transforma". Exemplificando, se colocarmos uma pedra de gelo (água sólida) em uma panela,
após alguns minutos a pedra terá desaparecido, ficando em seu lugar uma porção de água
líquida. Na verdade o gelo não desapareceu, mas foi transformado em líquido. Continuando,
se colocarmos essa panela com água no fogo, dentro de alguns instantes veremos que a água
já não estará lá, pois se transformou em vapor e se deslocou para os ares em forma de nuvem.
A nuvem, que é água em forma de vapor, por sua vez irá se transformar novamente em
líquido ou em sólido. A própria água também pode ser decomposta em dois elementos
químicos, o oxigênio e o hidrogênio, os quais também podem se agrupar formando
novamente a água.
Esta é uma afirmação científica e que tem pleno fundamento bíblico, pois está escrito na
Palavra de Deus:

“Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe
tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele”.(Ecl. 3:14)

Está escrito que no sétimo dia Deus descansou de sua obra, ou seja, deu por encerrada a sua
obra criativa. Até hoje estamos no sétimo dia de descanso da criação. Jesus certa vez afirmou
que o Pai trabalha até hoje e Ele também trabalha. Existe contradição? Evidentemente que
não. Isto significa que Deus descansou da obra da criação, ou seja, depois do sexto dia Deus
não criou mais nada, pois tudo que tinha que ser criado já tinha sido criado até aquele
instante. Portanto o sétimo dia de descanso é da obra criativa e não de qualquer outro
trabalho.O dia sétimo da criação já dura cerca de seis mil anos.
Capítulo 4

A DESCRIÇÃO DA CRIAÇÃO AMPLIADA EM DETALHES

Como já vimos no capítulo anterior, a criação aconteceu somente uma vez, no entanto,
encontramos no texto de Gn. 1:1, a palavra hebraica BARA, que significa criar do nada, e a
mesma palavra, BARA, repetida em Gn. 1:21, quando fala da criação das grandes baleias.
Considerando que Gn. 1:1 fala da criação completa, não poderia haver uma nova criação em
Gn. 1:21, isto significa que a criação descrita em Gn. 1:2-31 é a mesma criação descrita em.
Gn. 1:1

O texto de Gn. 1:1 resume da forma mais simples possível, TODA criação dos céus e da terra
com apenas uma frase:

No princípio, criou Deus os céus e a terra.

Quem já aprendeu sobre os símbolos da Bíblia, sabe que o número sete simboliza a plenitude
perfeita de Deus, isto é, quando Deus menciona um fato dentro de um sete, indica que este
fato, ou acontecimento é completo, nada faltando e nada excedendo. Não é por coincidência
que o texto original hebraico de Gn. 1:1 é composto exatamente de sete palavras:

BERESHIT BARA ELOHIM ET ASHAMAIM VE-ET A-ARETZ


No princípio criou Deus os céus e a terra

Nota: No idioma hebraico se escreve e se lê da direita para a esquerda.

Depois de mencionar a criação como um todo com apenas sete palavras no primeiro
versículo, o relato da criação se abre com mais detalhes entre Gn. 1:3 até Gn, 2:3 quando
agora se menciona os sete dias da criação.

Dentro do texto acima mencionado (Gn. 1:3 até Gn, 2:3), existe o relato da formação do
homem em Gn. 1:26, no entanto, no terceiro texto em Gn. 2:4-25, encontramos novamente
detalhes da formação do homem, que não foram mencionados nos textos anteriores. Mais
uma vez se verifica o estilo literário da época, quando se menciona um fato de forma genérica
como um todo, para depois repeti-lo com mais detalhes.

Portanto, não aconteceram três criações, mas apenas uma. O texto de Gn. 1:3 a Gn. 2:3 não é
uma reconstrução do caos havido em Gn. 1:2, mas os detalhes da mesma criação mencionada
em Gn. 1:1. Isto é comprovado com a afirmação vista em Gn. 2:4 colocada logo após os
detalhes da criação:

Estas são as origens {ou gerações} dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que
o SENHOR Deus fez a terra e os céus. (Gn. 2:4)
A interpretação é reforçada pelo texto de Gn. 2:3 quando Deus afirma que a criação estava
completada e então descansou no sétimo dia. Este texto não faria sentido se o que está
relatado anteriormente fosse simplesmente uma reconstrução de um caos.

E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que
Deus criara e fizera. (Gn. 2:3)
Capítulo 5

OS DIAS DA CRIAÇÃO

Muito se tem discutido se os dias da criação eram dias de 24 horas ou grandes períodos de
milhares de anos. É fácil de se perceber que não poderiam ser dias de 24 horas. Observe a
ordem dos dias sincronizados com a criação

dia 1 luz e trevas, separação da luz e trevas Gn. 1:3:5


dia 2 separação das águas - céu abaixo das nuvens Gn. 1:6-8
dia 3 terra seca, oceano, vegetais, ervas verdes Gn. 1:9-13
dia 4 sol, lua e estrelas, marcação de tempo, dias e anos Gn. 1:14:19
dia 5 animais marinhos e aves do céu Gn. 1:20:23
dia 6 animais terrestres e o homem Gn. 1:24-31
dia 7 descanso Gn. 2:1-3

Notar que somente no dia 4 é que foram criados os astros no céu, sol, lua e estrelas. Observar
também que o Sol e a Lua, entre outras finalidades, foram criados para governarem o dia e a
noite e para contagem do tempo, dias e anos. É com base nos movimentos da terra e da lua ao
redor do sol, que se determinam os dias de 24 horas, os meses e os anos.

Ora, se o mecanismo de contagem de tempo somente foi criado no dia 4, conclui-se que nos
dias 1, 2 e 3 não havia qualquer meio de referencia para determinar ou medir o tempo e então
se afirmar que os dias da criação eram dias de 24 horas.

Existem fatos relatados na Bíblia, onde se menciona o dia como sendo uma descrição
genérica de um tempo indeterminado. Um deles é o chamado “DIA DO SENHOR”. Alguns
interpretam como sendo um dia específico determinado do calendário, e geralmente dizem
ser o Domingo, pelo simples fato de guardarmos o Domingo, porém já sabemos conforme
estudo nas profecias, que O DIA DO SENHOR é considerado aquele período da tribulação
quando o Senhor irá derramar a sua ira e o seu juízo sobre a terra, e sabemos que não se trata
de um dia de 24 horas.

O seguintes textos também mostram que “um dia” na mensagem bíblica nem sempre se refere
a um período de 24 horas:

Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da
noite. (Salmo 90:4)

Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos,
como um dia. (2 Pedro 3:8)

Como Deus é Eterno, não existe para Ele uma limitação, ou definição de tempo. Em outras
palavras, para Deus não existe o passado, nem o futuro, tudo é presente em sua onisciência.
Para nós, homens, que somos limitados, existe uma diferença enorme entre um ano e bilhões
de anos. Para Deus, um segundo ou bilhões de anos são a mesma coisa. Deus menciona o
tempo por causa do nosso entendimento e não por sua necessidade.
Portanto, sem sombra de dúvida, os dias da criação não eram períodos de 24 horas, mas
longos períodos totalmente desconhecidos por nós.

Considerando que os dias da criação eram longos períodos, o sétimo dia também seria um
longo período, portanto, Deus está descansando até hoje. Certa vez Jesus afirmou que o Pai
trabalha até agora e ele também trabalha. Existe contradição? Não! Deus estava trabalhando
na criação do universo, e no sétimo dia Ele descansou da obra da criação. Isto confirma mais
uma vez que Deus NÃO CRIOU MAIS NADA depois do sexto dia, mas evidentemente Deus
trabalha, como Jesus afirmou, em outras obras, mas não da criação.

Assim concluímos que os dias da criação citados como “E FOI A TARDE E A MANHÃ O
DIA PRIMEIRO“ são longos períodos cuja extensão desconhecemos, mas com toda certeza
não são períodos definidos de 24 horas na concepção humana.
Capítulo 6

A TERRA ERA SEM FORMA E VAZIA

O texto de Gn. 1:2 é sem dúvida um dos pontos mais importantes deste estudo, e o que
realmente gera muitas dúvidas no entendimento do processo da criação.

O primeiro versículo declara que no principio Deus criou tudo, e sabe-se que tudo que Deus
faz é perfeito. Note a expressão “E VIU DEUS QUE ERA BOM” que se repetem nos
versículos seguintes.

Isaias também afirmou que Deus não criou a terra vazia

Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; ele a
estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR, e
não há outro. (Isa. 45:18)

Aparentemente parece haver uma contradição, contudo, analisando o texto original hebraico,
verificamos que a palavra original HAITÁ no versículo 2, que foi traduzida como “ERA” , na
verdade tem o sentido de TRANSFORMOU-SE, TORNOU-SE. Este mesmo verbo, HAITÁ
é encontrado no texto de Gn. 19:26 onde foi traduzido por “TRANSFORMOU-SE”

E a mulher de Ló olhou para trás e transformou-se numa estátua de sal.

Não se sabe porque os tradutores da Bíblia traduziram o mesmo verbo HAITA como ERA
em Gn. 1:2 e como se TRANSFORMOU em Gn. 19:26

Portanto, realmente alguma coisa aconteceu durante a criação que tornou a terra caótica, e o
que se aceita como verdadeira causa desta destruição é a rebelião de Lúcifer contra Deus. Ver
texto em Ezeq. 28:11-19.

Antes de formar o homem, Deus já havia criado o Éden, porque na verdade o Éden é o nome
de um lugar. Observe que o Éden existia antes do homem, e o jardim foi plantado no Edem
após a formação do homem. (ver Gn. 2:8)

Agora compare com o texto de Ezequiel 28:13-:16, onde fala sobre a queda de Lúcifer:

Estavas no Éden, jardim de Deus; toda pedra preciosa era a tua cobertura: a sardônia, o
topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro;
a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado, foram
preparados. Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus
estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia
em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se
encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte
de Deus e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas.
É importante notar que Lúcifer estava com seus pés sobre a terra quando se rebelou contra
Deus, por isso a terra sofreu as conseqüências dessa rebelião e se transformou num caos.
Portanto, quando Lúcifer se rebelou, estava no Éden, e foi quando aconteceu o caos relatado
em Gn. 1:2, e isto ocorreu antes da formação do homem. Notar que logo após a formação do
homem e da mulher, Lúcifer já tinha se rebelado, tanto é que ele se apresentou em forma de
serpente para tentar Eva no jardim, onde ele já estava desde o princípio.

Portanto, para que haja entendimento lógico, cronologicamente falando, teríamos que
deslocar o versículo de Gn. 1:2 imediatamente após Gn. 1:25 (antes do 26). Salientamos que
isto não significa que estamos alterando a Palavra de Deus, mas procurando um entendimento
dos fatos na ordem cronológica dos acontecimentos.
Capítulo 7

O SEXTO DIA E O SÍMBOLO DO NÚMERO 6

No capítulo 13 do livro do apocalipse encontramos o numero 6 como símbolo do homem, e o


666 como símbolo da trindade satânica, ou seja, a besta, o falso profeta (que são dois
homens) e o dragão (Satanás). Isto também faz sentido considerando o fato do homem ter
sido formado no sexto dia da criação, bem como uma manifestação satânica no sexto dia.

Observar também que Gn. 1:2 declara que havia trevas sobre a face do abismo.
A terra estava deformada (sem forma) porque inicialmente Deus havia criado um só
continente e um só oceano, e agora, a terra seca se dividiu formando vários continentes no
meio de vários oceanos e estava vazia porque ainda não havia o homem nela. As trevas
estavam no abismo e não na terra. Trevas e abismo sempre se relacionam com uma ação
demoníaca. Isto não deixa dúvida que realmente foi a queda de Lúcifer que causou o caos na
terra a qual tinha sido criada perfeita.

E a terra era (tornou-se) sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o
Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

Dentro desta linha de interpretação, conseguimos resposta para duas questões relativas a
criação que vamos analisar em seguida:
Capítulo 8

UM SÓ CONTINENTE E UM SÓ OCEANO

Se observarmos atentamente o texto em Gn. 1:9-10, notamos que Deus criou originalmente,
um só continente e um só oceano.

“E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca. E
assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E
viu Deus que era bom.”

No entanto, o mapa mundi nos mostra algo diferente, ou seja, cinco blocos de grandes
continentes separados por vários mares e oceanos, portanto em algum tempo houve uma
alteração na geografia da terra.

Se observarmos ainda atentamente o mapa mundi, notamos que a costa oeste da Groenlândia
se encaixa na costa leste do Canadá a costa leste da América do sul se encaixa na costa oeste
da África; notamos ainda que o norte do Canadá, a Europa e a Indonésia se parecem como
que um prato que caiu ao chão e se quebrou em vários pedaços.

Esta silhueta dos continentes deixa claro que em alguma época no passado, a terra seca
separou-se alterando sua forma original. Os próprios cientistas de hoje fazem esta afirmação
que é comprovada pela bíblia.

Agora medite nisto, se o caos provocado pela queda de Lúcifer, descrito em Gn. 1:2 for
colocado após Gn. 1:25, a ordem das coisas passa a ter sentido, caso contrario até nos dias de
hoje teríamos um só continente no mundo, e não há qualquer registro de uma catástrofe desta
proporção na história da humanidade e que pudesse justificar a separação dos continentes.

Não sabemos o que pode ter acontecido fisicamente no momento da rebelião de Lúcifer, para
que o planeta sofresse uma catástrofe de tamanha envergadura. Quem sabe talvez, um
violento terremoto mundial, ou quem sabe, o choque de algum astro celeste. Não podemos
saber exatamente o que houve, mas temos certeza que algo de grande proporção realmente
aconteceu.
Capítulo 9

OS DINOSSAUROS

Outro fato intrigante é a existência de dinossauros no passado. Em que época existiram?


Quando e como foram extintos? Fato inegável é a existência dos dinossauros no passado, pois
as descobertas arqueológicas de esqueletos desses animais comprovam a sua existência.
Portanto os dinossauros realmente existiram.

Observe o seguinte detalhe:


No texto em Gn.1:24-25 está escrito que Deus criou três espécies de animais: gado, répteis e
bestas feras (Almeida RC).

E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e bestas-
feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi. E fez Deus as bestas-feras da terra
conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a
sua espécie. E viu Deus que era bom.

Quando nos transportamos para Gn. 1:26, após a formação do homem, observamos que Deus
determinou que o homem tivesse domínio sobre o gado e sobre o réptil, omitindo as bestas
feras.
Isto sugere que as bestas feras poderiam ser os dinossauros extintos antes da criação do
homem durante o caos produzido por Lúcifer. Isto é uma hipótese.

Cumpre destacar que tanto os animais quanto o homem, foram criados no mesmo dia sexto,
porém os animais foram criados antes do homem. Considerando que o dia da criação é um
período extenso, pode haver um intervalo de milhares ou milhões de anos (da nossa medida
de tempo) entre a criação dos animais de do homem.

Sabemos que os dinossauros eram animais enormes e por isso, facilmente destruídos no meio
de um grande cataclisma. O mesmo não aconteceria com animais pequenos, que por serem
pequenos poderiam sobreviver com mais facilidade, além disso, Deus pela sua providência, e
por alguma razão, poderia ter planejado a extinção desses animais mantendo as outras
espécies.

Outro fato que nos chama a atenção é a tradução da edição Almeida RA onde menciona
animais domésticos em vez de gado, e animais selváticos em vez de bestas feras, mantendo
os répteis.

Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua espécie: animais
domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez.
E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a
sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.

Agora, considerando que os animais selváticos são os mesmos chamados bestas-feras, e que
eles sejam os dinossauros extintos, sobram os répteis e os animais domésticos (ou gado),
mencionados em Gn.1:26.
Faz sentido chamar os dinossauros de bestas feras ou de animais selváticos, pois sabemos que
os dinossauros eram considerados animais ferozes. Em contrapartida, todos os demais
animais, sejam boi, cachorro, leão, urso, tigre, elefante, etc... estavam designados como sendo
gado, ou animais domésticos, isto porque até o tempo do dilúvio, todos os animais eram
dóceis, não eram selvagens nem ferozes..

Na verdade, os animais somente se tornaram ferozes e ariscos depois do dilúvio por uma
ordem de Deus. Veja o texto abaixo que se lê em Gn. 9:2 logo após o dilúvio:

Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus;
tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues.

Até o momento do dilúvio, todos os animais eram dóceis como animais domésticos, por isso
também concluímos que Noé não teve qualquer dificuldade de colocá-los na arca. Note
também que Eva conversava com a serpente e não fugia dela com pavor.

No nosso estudo sobre o livro do apocalipse, no capítulo referente ao milênio, mostramos


com farta coleção de textos bíblicos, o fato de que no milênio todos os animais da terra
voltarão a ser dóceis e domésticos, a ponto do leão comer palha com o boi e as crianças
brincarem com serpentes sem que esses animais lhe façam dano. Aprendemos que a
ferocidade dos animais foi instituída como maldição diante do pecado do homem, e durante o
milênio, o reinando de Jesus na terra, toda maldição será retirada. Naquele tempo, os animais
voltarão a ser domésticos como no passado anterior ao dilúvio.

Portanto, quando Deus formou o homem (Adão e Eva), os dinossauros, considerados animais
ferozes, já não existiam, pois foram destruídos antes da formação do homem e logo após a
rebelião de Lúcifer.

Há uma afirmação da ciência de que homem e dinossauro nunca se encontraram, ou seja, não
viveram na mesma era. Isto pode ser comprovado pelo fato de que Noé não poderia ter
colocado dinossauros dentro da arca tendo em vista as dimensões de ambos.

De acordo com a Bíblia, a arca de Noé tinha aproximadamente 135 metros de comprimento,
por 22 metros de largura e 13 metros de altura, possuindo ainda 3 andares internos. Existiram
dinossauros desde 2 metros até 21 metros de comprimento. Uma das espécies, o
Brontossauro, tinha 12,5 metros de altura (com a cabeça erguida), e esse sem dúvida já não
caberia na arca que tinha 13 metros de altura. Além disso, a arca foi construída com três
andares, além das várias divisões internas (compartimentos) ver Gn. 6:14-16. Portanto,
mesmo as espécies menores do que o Brontossauro jamais caberiam na arca. O fato se
complica ainda mais, considerando que Noé deveria colocar pelo menos um casal de cada
espécie dentro da arca. Não há dúvida de que os dinossauros não caberiam na arca.

Cremos que os dinossauros eram animais extremamente ferozes, e que Deus realmente não
planejou a sua conservação, permitindo que fossem extintos durante o caos de Gn. 1:2.
Mesmo assim, temos razões para crer que algumas espécies de dinossauros, de pequenos
porte, não tenham sido destruídos nesse período, mas que com o decorrer do tempo foram
automaticamente extintos antes mesmo do dilúvio. Lembremos que até nos dias de hoje
existem muitas espécies de animais que já foram extintos ou que estão em extinção.
Capítulo 10

RESUMO CRONOLÓGICO

No princípio criou Deus os céus e a terra da seguinte forma:

No princípio, quando não havia nada físico, Deus criou a luz, e fez separação entre a luz e as
trevas. Esta luz, não é o Sol como muitos imaginam, pois o Sol foi criado no dia quarto. Aqui
existem dois aspectos: Deus criou a ação física que produz luz. Essa luz também representa a
santidade que nele existe cuja glória produz luz. A separação entre luz e trevas indica a
separação entre o que é santo e o que é profano.

E chamou a luz de DIA e as trevas de NOITE. Como ainda não havia o Sol que produz em
nossa terra o dia e a noite, conclui-se que é uma questão de nomenclatura. O ambiente onde
existe luz pode ser chamado de DIA, mesmo que fora esteja escuro. Da mesma forma, o
ambiente onde não existe luz pode ser chamado de NOITE, mesmo que fora esteja iluminado.

E disse Deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre
a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã:
o dia primeiro. (Gen. 1:3-5)

A presença de Deus é luz. A ausência de Deus é trevas. O sentido é tanto físico como
espiritual.

É interessante notar onde diz: “E foi a tarde e a manhã: o dia primeiro “ A tarde é colocada
antes da manhã indicando que o dia começa à tarde indo até a tarde seguinte, ao contrário do
que usamos, quando consideramos o inicio do dia após a meia noite. Nisto está correto o uso
adotado pelos judeus que consideram o início de um dia às seis horas da tarde.

Embora não esteja escrito, o planeta Terra já estava criado quando no versículo 6 Deus faz
uma expansão no meio das águas. De acordo com o que está escrito, o planeta Terra no
momento da criação era como uma esfera sólida totalmente recoberta de água por todos os
lados.

Nesse momento da criação, Deus separa as águas que estão sobre a terra colocando uma parte
acima da terra de forma que apareça um vazio entre as águas. Este vazio foi chamado de
céus. Assim, podemos imaginar uma esfera sólida recoberta de água liquida, tendo um espaço
vazio logo acima (céu), e uma outra camada de água acima nos céus na forma de densas
nuvens como acontece nos dias de hoje.
Esta formação é coerente com a história do dilúvio, onde está escrito que nunca havia
chovido sobre a terra, concluindo-se desta forma que era realmente imensa a quantidade de
água nos céus em forma de nuvem.

E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E
fez Deus a expansão e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as
águas que estavam sobre a expansão. E assim foi. E chamou Deus à expansão Céus; e foi a
tarde e a manhã: o dia segundo. (Gen. 1:6-8)
Numa terceira etapa da criação, Deus separa as águas que estão sobre a esfera sólida, de tal
forma que apareça uma porção seca rodeada por água por todos os lados. Isto significa que
naquele instante havia um só imenso continente rodeado por um único oceano.

E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca. E
assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E
viu Deus que era bom. (Apoc. 1: 9-10)

Agora que a Terra estava formada, Deus coloca nela a vegetação. A Vegetação, porém ainda
estava na forma de semente na terra, pois ainda não havia condições favoráveis para a vida
vegetal e nem animal.

E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto
segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. E a terra produziu
erva, erva dando semente conforme a sua espécie e árvore frutífera, cuja semente está nela
conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã: o dia terceiro.
(Apoc. 1:11-13)

Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava;
porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para
lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra.
(Gen. 2:5-6)

No quarto dia Deus estabelece os astros celestes, criando a Lua, o Sol e as Estrelas. E começa
a marcação do tempo, dias, meses, anos, horas.

E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a
noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para
luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra. E assim foi. E fez Deus os dois grandes
luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e
fez as estrelas. E Deus os pôs na expansão dos céus para alumiar a terra, e para governar o dia
e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que era bom. E foi a tarde
e a manhã: o dia quarto. (Apoc. 1:14-19)

Agora a terra já está em condições de receber os seres vivos, e no quinto dia Deus cria os
animais aquáticos, e as aves que voam.

E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves
sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias, e todo réptil de alma
vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies, e toda ave de
asas conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. E Deus os abençoou, dizendo:
Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.
E foi a tarde e a manhã: o dia quinto. (Apoc. 1:20-23)

No sexto dia da criação acontecem três fatos distintos:

PRIMEIRO: Deus cria os animais terrestres.

E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e bestas-
feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi. E fez Deus as bestas-feras da terra
conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a
sua espécie. E viu Deus que era bom. (Apoc. 1:24-25)

SEGUNDO: Um anjo (obs. Os anjos já existiam e não encontramos relato na Bíblia em que
momento eles foram criados), um dos mais belos e poderosos, se rebelou contra Deus
querendo ser como Ele e estar acima de toda criação. Esta rebelião provoca o caos na terra,
conforme relatado no versículo dois do primeiro capítulo.

E a terra era (tornou-se) sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o
Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. (Gen. 1:2)

O relato da rebelião de Lúcifer com mais detalhes pode ser lido nos seguintes textos da
Bíblia: Ezequiel 28:11-19 e Isaías 14:12-20

TERCEIRO: Deus forma o homem e a mulher com o pó da terra, e o mundo começa a ser
povoado por seres humanos. Começa a história da humanidade.

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine
sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre
todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de
Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as
aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos
tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em
que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento. E a todo animal da terra,
e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes
será para mantimento. E assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito
bom; e foi a tarde e a manhã: o dia sexto. (Apoc. 1:26-31)

É interessante notar que a vegetação que Deus colocou sobre a terra tinha também a
finalidade de alimentar tanto o homem como os animais. Nas profecias de Isaías e outros,
lemos que no reinado milenar de Jesus os animais serão dóceis a ponto do leão comer palha
junto com o boi. Neste texto de Gênesis, vemos que os animais eram todos vegetarianos.

Os detalhes sobre a formação do homem e da mulher (Adão e Eva), podem ser lido nos textos
de Gênesis 2:4-25.

Finalmente, depois de tudo criado, Deus encerra o seu trabalho e descansa da obra criativa,
ou seja, encerra a criação.

Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E, havendo Deus acabado no
dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha
feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra,
que Deus criara e fizera. Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no
dia em que o SENHOR Deus fez a terra e os céus. (Gen. 2:1-4)
Capítulo 11

CONCLUSÃO

Deus criou todas as coisas perfeitas e boas, inclusive formou o homem para uma vida perfeita
e eterna, mas o homem também desobedeceu e se tornou um ser imperfeito diante de Deus.
Uma rebelião, contra a vontade de Deus, e uma desobediência, praticamente destruíram a
perfeição construída por Deus. E agora? Todo esse caos vai permanecer? Deus foi frustrado
no seu plano e na sua obra?

De forma nenhuma! Deus não foi frustrado e nem vai manter o caos!

O plano inicial de Deus vai ser mantido, para isso Deus providenciou um novo plano para a
restauração de todo esse caos.

E realmente Deus jamais iria manter a terra e sua criação debaixo de maldição. É por essa
razão que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo. Jesus veio para salvar o homem da
morte eterna causada pelo pecado e também para restaurar todo caos e eliminar toda maldição
que pesa sobre o homem e sobre a terra. No final, toda criação de Deus irá voltar a ser o que
era desde o principio, com toda a perfeição. E este é o trabalho que Jesus irá completar até o
final dos tempos.

E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o
mar já não existe. (Apoc. 21:1)

Para saber como isto irá acontecer em todos os seus detalhes, acompanhe o estudo sobre o
livro do apocalipse, o qual é praticamente a continuação deste estudo da criação.
Que Deus abençoe a todos.

http://www.yohanan.com.br/estudos/a_criacao.htm







20032010
No Princípio: Como Interpretar
Gênesis 1

No Princípio: Como Interpretar Gênesis 1

Publicado em março 9, 2010 por Seventh Day

“No princípio criou Deus os céus e a Terra.” (Gênesis 1:1)

Com tal beleza, majestade e simplicidade começa o relato da Criação em


Gênesis. Porém, uma análise do capitulo l de Gênesis não é tão simples e direta
como uma leitura casual do texto bíblico poderia sugerir. A interpretação
moderna da cosmogonia (estudo das origens) bíblica em Gênesis l é
extremamente complicada, dividida entre uma interpretação não-literal e a
literal. Vamos brevemente descrever sete destas interpretações e avaliar cada
uma à luz dos dados bíblicos.
Interpretações principais de Gênesis 1

Interpretações não-literais

Estudiosos que apoiam uma interpretação não-literal de Gênesis abordam a


questão de diferentes modos. Alguns consideram Gênesis l como mitologia’;
outros consideram-no poesia2; alguns tomam-no como teologia3; ainda outros o
consideram como simbolismo.4

Comum a todas estas interpretações não-literais é a suposição de que o relato


em Gênesis não é um relato literal e histórico da Criação.
Interpretações literais

Aqueles que aceitam literalmente o relato da Criação também diferem em sua


abordagem da cosmogonia bíblica de Gênesis l. Vamos indicar três pontos de
vista.

Teoria de um intervalo ativo. Esta opinião é também conhecida como a teoria


de ruína-restauração. Segundo esta opinião,5 Gênesis 1:1 descreve uma criação
originalmente perfeita a um tempo desconhecido (milhões ou bilhões de anos
atrás). Satanás era o regente deste mundo, mas por causa de sua rebelião
(Isaías 14:12-17), o pecado entrou no Universo. Deus condenou a rebelião e
reduziu o mundo ao estado arruinado e caótico descrito em Gênesis 1:2. Os que
mantêm esta opinião traduzem Gênesis 1:2 como “a terra tornou-se sem forma e
vazia”.

Gênesis 1:3 e os versos seguintes apresentam então o relato de uma criação


posterior na qual Deus restaura o que tinha sido arruinado. A coluna geológica é
usualmente inserida no período da primeira criação (Gênesis l: l) e o caos
subsequente, e não em conexão com o Dilúvio bíblico.

Teoria de uma criação prévia“sem forma e vazia”. Segundo esta


interpretação os termos hebraicos tohu (“sem forma”) e bohu (“vazia”) em
Gênesis 1:2 descrê vem o estado sem forma e sem conteúdo da Terra. O texto
se refere a um estado anterior à Criação mencionada na Bíblia. Esta opinião tem
duas variantes principais baseadas em duas análises gramaticais diferentes.

A primeira variante considera Gênesis 1:1 como uma cláusula dependente, em


paralelo com os relatos da Criação extra-bíblicos do Oriente Próximo.6 Daí a
tradução proposta: “Quando Deus começou a criar os céus e a Terra. Portanto,
Gênesis 1:2 equivale a um parêntesis, que descreve o estado da Terra quando
Deus começou a criar (“a Terra estando…”) e Gênesis 1:3 em diante descreve a
obra criadora efetiva (“E Deus disse…”).

As outras variantes principais consideram Gênesis 1:1 como uma cláusula


independente, e como um sumário ou introdução formal ou título que é então
ampliado no resto da narrativa.7 Gênesis 1:2 é visto como uma cláusula
circunstancial ligada com o verso 3:”A Terra, porém, era sem forma e vazia….
Disse Deus: ‘Haja luz’.”

Deste ponto de vista, apoiado por qualquer das análises gramaticais


mencionadas acima. Gênesis não oferece um começo absoluto de tempo para o
cosmos. Criação a partir do nada não é implicada, e não há indicação da
existência de Deus antes da matéria. Nada é dito da criação da matéria original
descrita no verso 2. Trevas, abismo e águas de Gênesis 1:2 já existiam no
começo da atividade criadora de Deus.

Podíamos mencionar de passagem uma outra opinião pré-Criação; esta toma o


verso 2 como uma cláusula dependente “quando…”, mas difere da primeira
variante na interpretação dos termos tohu e bohu, e os termos para “trevas” e
“abismo” — todos significando “nada”. Assim o verso l é visto como um sumário;
o verso 2 diz que inicialmente não havia “nada”; e o verso 3 descreve o começo
do processo criador.8

Teoria de um estado inicial “sem forma e vazio”. Uma terceira


interpretação literal da cosmogonia bíblica é a de um estado inicialmente “sem
forma e vazio”. Esta é a opinião tradicional, tendo o apoio da maioria dos
intérpretes judeus e cristãos através da história.9 Segundo esta interpretação.
Gênesis 1:1 declara que Deus criou do nada a matéria original chamada céus e
Terra no ponto de seu começo absoluto. O verso 2 esclarece que quando a Terra
foi primeiro criada ela estava num estado de tohu e bohu — sem forma e vazia.
O verso 3 e os versos seguintes então descrevem o processo divino de dar forma
ao informe e de encher o vazio.

Esta interpretação tem duas variantes. Alguns consideram os versos l e 2 como


partes do primeiro dia de uma semana de sete dias. Podemos chamá-la a
interpretação “sem intervalo”.10 Outros vêem os versos l e 2 como uma unidade
cronológica separada por um intervalo de tempo do primeiro dia da Criação
descrito no verso 3. Esta opinião é usualmente chamada a do “intervalo
passivo.”"
Avaliação

O espaço não permite uma avaliação pormenorizada de todos os prós e centras


de cada opinião aqui resumida, mas apresentaremos o esboço dos dados bíblicos
que se referem às teorias sobre a origem da matéria e da vida e sua existência
primitiva.
Interpretações não-literais
Ao considerar todas as interpretações não-literais e não-históricas, precisamos
levar em conta dois fatos bíblicos significativos:

1. O género literário de Gênesis 1-11 indica a natureza intencionalmente literal


da narrativa.12 O livro de Gênesis é estruturado pelo termo gerações (hebraico
toledoth) em relação com cada seção do livro (13 vezes). Este é um termo usado
alhures em conexão com genealogias que têm que ver com um relato exato de
tempo e história. O uso detoledoth em Gênesis 2:4 mostra que o autor pretendia
que a narrativa da Criação fosse tão literal como o resto das narrativas de
Gênesis.’3 Outros escritores bíblicos tomam Gênesis 1-11 como literal. Com
efeito, todos os escritores do Novo Testamento se referem a Gênesis 1-11 como
história literal.’4

2. Evidência interna também indica que o relato da Criação não deve ser tomado
simbolicamente como sete longos períodos segundo o modelo evolucionista —
como é sugerido tanto por eruditos críticos como evangélicos. Os termos tarde e
manhã significam um dia literal de 24 horas. Alhures nas Escrituras, o termo dia
com um número ordinal é sempre literal. Se os dias da Criação são simbólicos.
Êxodo 20:8-11 que comemora um Sábado literal não tem sentido. Referências à
função do Sol e da Lua para sinais, estações, dias e anos (Gênesis l: 14), também
indicam tempo literal e não simbólico. Portanto, devemos concluir que Gênesis l:
l a 2:4a indica sete dias literais, consecutivos, de 24 horas.’5

Embora as interpretações não-literais devam ser rejeitadas no que negam (a


saber, a natureza literal e histórica do relato de Gênesis), não obstante possuem
um elemento de verdade no que afirmam. Gênesis 1-2 têm que ver com
mitologia — não para afirmar uma interpretação mitológica, mas como polémica
contra a antiga mitologia do Oriente Próximo.16 Gênesis 1:1 a 2:4
provavelmente são estruturados de um modo semelhante à poesia hebraica
(paralelismo sintético),17 mas poesia não nega historicidade (ver, por exemplo.
Êxodo 15, Daniel 7 e aproximadamente 40 por cento do Antigo Testamento, que
são em poesia.) Escritores bíblicos frequentemente escrevem em poesia para
afirmar historicidade.

Gênesis 1-2 apresentam uma teologia profunda: doutrinas de Deus, Criação,


humanidade. Sábado, etc. Mas nas Escrituras, teologia não se opõe à história.
Com efeito, a teologia bíblica tem sua raiz na história. De igual modo há um
simbolismo profundo em Gênesis l. Por exemplo, a linguagem do Jardim do Éden
e a ocupação de Adão e Eva claramente aludem ao simbolismo do santuário e ao
trabalho dos levitas (ver Êxodo 25-40).” Assim o santuário do Éden é um símbolo
ou tipo do santuário celestial. Mas porque aponta para algo diferente não diminui
sua realidade literal.

Gerhard von Rad, um erudito crítico que não aceita o que Gênesis l afirma, ainda
assim confessa honestamente: “O que é dito aqui [Gênesis l] é para ser tomado
inteiramente e exatamente como está.”19

Portanto, nós afirmamos a natureza literal e histórica do relato de Gênesis. Mas


qual interpretação literal é correia?
Interpretações literais

Primeiro, precisamos de início rejeitar a teoria de ruína-restauraçao ou “intervalo


ativo” puramente por razões de gramática. Gênesis 1:2 claramente encerra três
cláusulas nominais e o sentido fundamen-tal de cláusulas nominais em hebraico
é algo fixo, um estado,20 não uma sequência ou ação. Segundo as regras da
gramática hebraica, precisamos traduzir “a Terra era sem forma e vazia”, e não
“a Terra tornou-se sem forma e vazia”. Assim a gramática hebraica não deixa
lugar para a teoria de um intervalo ativo.

Que dizer da interpretação de uma criação prévia “sem forma e vazia” na qual o
estado de tohu-bohu de Gênesis l :2 precede a criação divina? Alguns apoiam
essa teoria traduzindo o verso l como uma cláusula dependente. Mas a melhor
evidência favorece a leitura tradicional de Gênesis 1:1 como uma cláusula
independente: “No princípio criou Deus os céus e a Terra.” Isto inclui a evidência
dos acentos no hebraico, todas as antigas versões, considerações léxico-
gramaticais, sintáücas e estilísticas, e comparação com antigas lendas do
Oriente Próximo.21 O peso da evidência me leva a reter a leitura tradicional.

Outros suportam a teoria de uma criação prévia “sem forma e vazia”


interpretando Gênesis 1:1 como um sumário do capítulo todo (o ato da criação
só começando no verso 3). Mas se Gênesis l começa apenas com um título ou
sumário, então o verso 2 contradiz o verso 1. Deus cria a Terra (verso l), mas a
Terra existe antes da Criação (verso 2). Esta interpretação não pode explicar a
referência à existência da Terra já no verso 2. Rompe a continuidade entre os
versos l e 2 no uso do termo terra.12 Concluo, portanto, que Gênesis 1:1 não é
simplesmente um sumário ou título do capítulo todo.

Contra a sugestão de que todas as palavras em Gênesis 1:2 simplesmente


implicam “nada”, deve ser dito que o verso 3 e os versos seguintes não
descrevem a criação da água, mas assume sua existência prévia. O termo
tehom — “abismo” — combinado com tohu e bohu (como em Jeremias 4:34) não
parecem referir-se ao nada, mas à Terra num estado sem forma e vazia coberta
de água.

Isto nos leva à teoria de um estado inicialmente sem forma e vazio. A sequência
do pensamento em Gênesis 1:1-3 tem levado a maioria dos intérpretes cristãos e
judeus a esta opinião, que por conseguinte é chamada a opinião tradicional.
A sequência natural de Gênesis 1-2
Concordo com esta opinião, porque acho que só esta interpretação obedece à
sequência natural destes versos, sem contradição ou omissão de qualquer
elemento no texto.

A sequência do pensamento em Gênesis 1-2 é como segue:

a. Deus antecede a criação (verso l).

b. Há um princípio absoluto do tempo com relação a este mundo e às esferas


celestes que o cercam (verso l).

c. Deus cria os céus e a Terra (verso l), mas para começar eles são diferentes do
que agora, são “sem forma” e “vazios” (tohu e bohu; verso 2). d. No primeiro dia
da semana de sete dias da Criação, Deus começa a formar e a encher o tohu e
bohu (verso 3 e os versos seguintes).

e. A atividade divina de “formar e criar” é efetuada em seis dias sucessivos de


24 horas cada.

f. No final da semana da Criação, os céus e a Terra estão terminados (Gênesis 2:


l). O que Deus começou no verso l está agora finalizado.

g. Deus descansa no sétimo dia, abençoando-o e santificando-o como um


memorial da Criação (2:1-4).
A ambiguidade do quando

Os pontos acima estão claros na sequência do pensamento de Gênesis 1-2. Não


obstante, há um aspecto crucial neste processo da Criação que o texto deixa
aberto e ambíguo: Quando ocorreu o princípio absoluto dos céus e da Terra no
verso l? Foi no começo dos sete dias da Criação ou algum tempo antes? É
possível que a matéria bruta dos céus e da Terra em seu estado informe fosse
criada muito tempo antes dos sete dias da semana da Criação. Esta é a teoria do
“intervalo passivo”. Também é possível que a matéria bruta descrita em Gênesis
1:1-2 esteja incluída no primeiro dia da semana da Criação. Esta se chama a
teoria do “não intervalo”.

Esta ambiguidade no texto hebraico tem implicações na interpretação do Pré-


cambriano da coluna geológica, se a gente equaciona o Pré-cambriano com a
“matéria bruta” descrita em Gênesis 1:1-2 (naturalmente esta equação está
sujeita a debate). Há a possibilidade de um Pré-cambriano recente, criado como
parte da semana da Criação (talvez com a aparência de idade alta). Há também
a possibilidade de que a “matéria bruta” fosse criada no princípio absoluto da
Terra e das esferas celestes circundantes, talvez milhões ou bilhões de anos
atrás. Este estado inicial informe e vazio é descrito no verso 2. O verso 3 e os
versos seguintes então descrevem o processo de formar e encher durante a
semana da Criação.

Concluo que o texto bíblico de Gênesis l deixa margem tanto para (a) um Pré-
cambriano recente (criado como parte dos sete dias da criação) ou (b) rochas
muito mais antigas e sem fósseis, com um longo intervalo entre a criação da
“matéria bruta” descrita em Gênesis 1:1-2 e os sete dias da semana da Criação
descrita no verso 3 e nos versos seguintes. Mas tanto num caso como no outro, o
texto bíblico requer uma cronologia breve para a vida na Terra. Não há margem
para um intervalo de tempo na criação da vida na Terra: ela surgiu do terceiro
ao sexto dias literais e consecutivos da semana da Criação.

…………………………………………………………………………………………………………

Richard M. Davidson (Ph.D., Andrews University) é o catedrático do


Departamento do Antigo Testamento do Seminário Teológico Adventista do
Sétimo Dia, Berrien Springs, Michigan, E. U. A. Ele é autor de diversos artigos e
livros, incluindo Typology in Scripture (Andrews University Press, 1981), Love
Song for the Sabbath (Review and Herald, 1987), e In the Footsteps of Joshua
(Review and Herald, 1995).

Notas e Referências

1. Ver Hermann Gunkel, Schopfung und Chãos (Gottingen: Vandenhoeck &


Ruprecht, 1895); B. S. Childs, Myth and Reality in the Old Testament, Studies in
Biblical Theology, 27 (London: SCM Press, 1962), págs. 31-50.

2. Ver D. F. Payne, Genesis One Reconsidered (London: Tyndale, 1964); Henri


Blocher, In the Beginning: The Opening Chapters of Genesis (Downers Grove,
111.: Inter-Varsity Press, 1984), págs. 49-59.

3. Ver Conrad Hyers, The Meaning of Creation: Genesis and Modern Science
(Atlanta: John Knox, 1984); Davis Young, Creation and the Flood: An Alternative
to Flood Geology and Theistic Evolution (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1974),
págs. 86-89.

4. Ver Derek Kidner, Genesis: An Introduction and Commentary, Tyndale Old


Testament Commentaries (Downers Grove, 111.: Inter-Varsity Press, 1967),
págs. 54-58; P. l. Wiseman, Creation Revealed in Six Days (London: Marshall,
Morgan, e Scott, 1948), págs. 33-34.; Robert C. Newman e Herman I. Eckelmann,
Jr., Genesis One and the Origin of the Earth (Downers Grove, 111.: Inter-Varsity
Press, 1977), págs. 64-65.

5. Ver Arthur Custancc, Without Form and Void (Brockville, Canada: pelo autor,
1970); e a Scofield Reference Bible (1917, 1967).
6. Ver as seguintes traduções modernas de Gênesis 1:1-3: The New Jewish
Version (N J V), New American Bible (NAB) católica, New English Bible; ver
também E. A. Speiser,Anchor Bible: Genesis (Garden City, N.Y.: Doubleday,
1964), págs. 3, 8-13.

7. Ver Gerhard von Rad, Genesis: A Commentary, Biblioteca do Antigo


Testamento (Philadelphia: Westminster, 1972), pág. 49; Bruce Waltke, “The
Creation Account in Genesis 1:1-3; Parte III: The Initial Chaos Theory and the
Precreation Chaos Theory”, Bibliotheca Sacra 132 (1975),págs. 225-228.

8. Ver Jacques Doukhan, The Genesis Creation Story: Its Literary Structure, Série
de Teses Doutorais apresentadas no Seminário da Andrews University, 5 (Berrien
Springs, Mich.: Andrews University Press, 1978), págs. 63-73.

9. Uma lista dos principais aderentes e uma defesa detalhada desta posição se
encontra em Gerhard Hasel, “Recent Translations of Genesis 1:1″, The Bible
Translator, 22 (1971). págs. 154-167; e Idem, “The Meaning of Genesis 1:1″,
Ministry (Janeiro de 1976), págs. 21-24.

10. Ver Henry Morris, The Biblical Basis for Modern Science (Grand Rapids, Mich.:
Baker, 1984); e Idem, The Genesis Record (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1976),
págs. 17-104.

11. Ver Harold G. Coffin, Origin by Design (Hagerstown, Md.: Review and Herald,
1983), págs. 292-293, que concorda com esta possibilidade. Além disto, Clyde L.
Webster, Jr., “Gênesis e Cronologia: O Que a Datação Radiométrica nos Informa”,
Diálogo 5:1 (1993), págs. 5-8.

12. Ver Walter Kaiser, “The Literary Form of Genesis 1-11″, em The New
Perspectives on the New Testament, l. Barton Payne, ed. (Waco, Texas: Word,
1970), págs. 48-65.

13. Doukhan, págs. 167-220.

14. Ver Mateus 19:4-5; 24:37-39; Marcos 10:6; Lucas 3:38; 17:26-27; Romanos
5:12; I Coríntios6:16; 11:8-9, 12; 15:21-22, 45; II Coríntios 11:3; Efésios 5:31; I
Timóteo 2:13-14; Hebreus 11:7; I Pedro 3:20; II Pedro 2:5; 3:4-6; Tiago 3:9; I João
3:12; Judas 11, 14; Apocalipse 14:7.

15. Para mais evidência ver Terrance Fretheim, “Were the Days of Creation
Twenty-Four Hours Long? YES”, em The Genesis Debate: The Persistent
Questions About Creation and the Flood, Ronald F. Youngblood, ed. (Grand
Rapids, Mich.: Baker, 1990), págs. 12-35.

16. Ver Gerhard Hasel, “The Polemic Nature of the Genesis Cosmology,” The
Evangelical Quarterly 46 (1974), págs. 81-102; Idem, “The Significance of the
Cosmology in Genesis l in Relation to Ancient Near Eastern Parallels”, Andrews
University Seminary Studies, 10 (1972), págs. 1-20.

17. Ver Gordon J. Wenham, Word Biblical Commentary: Gen 1-15 (Waco, Texas:
Word, 1987), págs. 6-7, para um diagrama da combinação simétrica dos dias da
Criação.

18. Ver Gordon J. Wenham, “Sanctuary Symbolism in the Garden of Eden Story”,
Proceedings of the World Congress of Jewish Studies. 9 (1986), págs. 19-25.

19. Von Rad, pág. 47.

20. Ver Gesenius’ Hebrew Grammar, E. Kautzsch e A. E. Cowley, eds. (Oxford;


Clarendon Press, 1910, 1974), pág. 454 (par. 141 i); R. L. Reymond, “Does
Genesis 1:1-3 Teach Creation Out of Nothing?” Scientific Studies in Special
Creation, W. E. Lammerts, ed. (Grand Rapids, Mich.: Baker, 1971), págs. 14-17.

21. Ver Hasel, “Recent Translations” e “The Meaning of Genesis 1:1″.

22. Gesenius’ Hebrew Grammar, pág. 455 (par. 142 c), que identifica o verso 2
como uma cláusula circunstancial contemporânea com a cláusula principal do
verso l (não do verso 3).

"Conforme aquele caminho que chamam SEITA, assim sirvo


ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto esta escrito na LEI

http://adventista.forumbrasil.net/acervo-teologico-f1/no-principio-como-
interpretar-genesis-1-t343.htm

Deus e o mundo criado

[editar] A ação criadora

O dogma da criação é fundamental para que se tenha consciência da dependência dos seres
criados diante de Deus, do qual são reflexos.

A criação é obra pela qual Deus produz tudo do nada. É um ato que continua enquanto dura a
criatura. Não se refere somente à primeira coisa criada, mas também àquelas que vêm a partir
da primeira. A criação pode ser entendida pela filosofia, mas os filósofos não cristãos
refletindo sobre ela caem no dualismo, no emanatismo ou no materialismo.

Porém, o pensamento mais crítico para o filósofo seria a criação “ex nihilo”, a partir do nada.
A partir das coisas criadas, chega-se à conclusão de que existe um Criador. Esse pensamento
contradiz o marxismo que fala do mundo “incriado”.
Pela filosofia poder-se-ia admitir que o mundo sempre tivesse existido, mas os estudos
científicos por sua vez, indicam que o mundo teve um princípio temporal, o que está de
acordo com a Revelação, que ensina a temporalidade do mundo.

Em determinado momento, segundo o dogma da criação, Deus criou tudo o que existe numa
relação de dependência para com ele, muito embora a criatura tenha autonomia.

[editar] A ação criadora nos textos bíblicos

Muitos textos bíblicos falam sobre o dogma da criação, mas os principais são os primeiros
capítulos do Gênesis. Seu objetivo não é explicar a criação do mundo sob o ponto de vista da
ciência, mas sim mostrar que Deus é único e é o criador do mundo. O livro do Gênesis trata
do tema da criação de uma maneira mais espiritual, apresentando Deus como criador e
organizador dessa matéria caótica desorganizada. A matéria vai se organizando de acordo
com a Palavra de Deus. Tal organização pela palavra expressa a predileção de Deus ao
homem.

Nos escritos proféticos o tema da criação sobressai em Isaías. Apresenta a criação como obra
de Deus e relaciona-a com a História da Salvação. O mesmo Deus que criou o mundo,
conduz o seu povo através da história em busca da salvação.

Os salmos apresentam a mesma idéia da soberania e majestade divina na criação.

Enfim, na literatura sapiencial aparece a idéia da criação a partir do nada, mostrando a


soberania e a vontade de Deus, tanto na criação, quanto na preservação de sua criação.

No Novo Testamento, o tema da criação é abordado dentro da perspectiva de uma renovação.


Nos Evangelhos Sinóticos é apresentada uma relação entre a criação, efeito da vontade de
Deus, e a vontade divina para o modo de agir dos homens, bem como a ligação entre a
criação e o Reino, que para todos está preparado. O Evangelho de João fala expressamente da
criação e da participação de Jesus nela. Para São Paulo, o homem na graça vive uma nova
criação. Deus não deixa de relacionar-se com suas criaturas, fruto de sua criação.

[editar] A Criação e a Trindade

Ainda segundo o dogma da criação, no princípio Deus criou o céu e a terra, e esse ato é obra
inseparável de toda a Santíssima Trindade. Na plenitude do tempo, Deus realizou a obra da
Redenção do mundo pela Encarnação e morte de seu Filho único. Ora, tudo o que fez Nosso
Senhor, como Deus, nessa grande obra, foi realizado por toda a Santíssima Trindade. E Deus
também não cessa de santificar as almas; esta obra de santificação é tão grande que toda a
Santíssima Trindade dela participa.

Na criação, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são agentes que produzem um mesmo efeito. O
ser criado é reflexo daquele que o criou. Com a razão é difícil de compreender essa situação,
porém, a revelação faz compreender. A Sagrada Escritura oferece fundamentos para se
compreender esse tema.

[editar] O motivo e o fim da criação


A obra da criação de Deus têm uma finalidade: a glória do Criador. Mas essa finalidade não
exclui o homem, pois Deus não é egoísta, já que criou num ato de amor.

As criaturas são reflexos do Criador e nisso consiste sua felicidade.

Mas entre as criaturas, aquela que mais revela a Deus é o homem, pois a glória de Deus visa
levar o próprio homem à visão celeste, através de sua santificação.

[editar] Breve histórico da reflexão cristã sobre a criação

A criação “ex nihilo” sempre esteve presente na consciência cristã como verdade
fundamental. As primeiras citações do “Criador” se referiam a Deus. Depois se acrescentou o
nome do “Pai”, que parece ser designativo da “Divindade”.

Houve controvérsias em relação ao papel do Verbo de Deus na criação, mas o Concílio de


Nicéia, em 325, resolveu a questão distinguindo a “criação do mundo” e a “geração” eterna
do Filho: o Filho não foi criado pelo Pai, mas sim, gerado.

Também houve diversas controvérsias entre filósofos estóicos, gnósticos, etc., e autores
cristãos que sempre defenderam a doutrina da Igreja sobre a criação.

Autores da Reforma Protestante caíram no erro de dizer que o mundo não revela Deus, pois
que o mundo estava corrompido pelo pecado. Motivada por tantos erros doutrinários sobre a
criação, a Igreja sempre se preocupou em corrigir as idéias que não estivessem de acordo com
a Sagrada Escritura e a Tradição.

[editar] A Providência

[editar] O Senhor, próximo de nós

No Antigo Testamento não existe um termo definido para expressar a “providência”, mas a
idéia já é desenvolvida, e o povo de Israel percebe essa “providência especial” que se
manifesta na Aliança. Deus cuida de todas as suas criaturas não fazendo distinção entre elas.
Em Deus o homem encontra socorro e refúgio nos momentos de tribulação. Mas, apesar da
providência, o homem se depara, às vezes, com o “silêncio” de Deus, principalmente quando
sofre, mas isso não tira a capacidade que o homem tem de confiar em Deus.

Contraposto a esse “silêncio” divino, a Bíblia apresenta o recurso da oração, que parece fazer
com que a Providência ao pedido daquele que ora. A Providência Divina é paternal. Deste
modo percebe-se que a Providência Divina tem um fim escatológico particular e universal:
diz respeito a cada indivíduo e a toda a humanidade, mesmo que alguns, mediante a liberdade
que possuem, resistam a esse amparo oferecido por Deus.

[editar] Conceituação de Providência. O Governo divino

A “Providência” é o desígnio de divino que, com sabedoria e liberdade, conduz os seres


criados, no hoje da criatura.
Deste modo, a Providência é certa e infalível e cabe a ela o governo e a conservação do
mundo.

Neste governo, Deus se utiliza da cooperação das criaturas. Umas contribuem com as outras.
As criaturas são cooperadoras de Deus e cooperadoras entre si.

[editar] O Concurso Divino

Desde que começou a meditar sobre a Providência, o homem se pergunta como conciliá-la
com a liberdade das criaturas, pois a Providência lhes tiraria a liberdade.

Chegou-se à conclusão de que Deus está na raiz do ser e do agir das criaturas. Deus dá e
conserva o seu agir. E mais, as criaturas só conseguem agir porque são dependentes de Deus
e como tais, são instrumentos nas mãos do Criador. Tudo o que a criatura faz é mais obra de
Deus do que dela própria.

[editar] A Providência e o Mal

Esta é outra questão que surge ao homem: como aliar a verdade da Providência com a
existência do mal?

Antes de tudo se deve distinguir duas categorias do mal: o sofrimento que é contra a vontade
do homem, ou seja, a dor, a miséria, a aflição, etc.; e a maldade, que é própria do homem,
pois parte de sua vontade, que são o crime, o pecado, etc...

As religiões têm concepções diversas sobre o tema, chegando algumas delas a atribuírem o
mal à providência e a seus deuses.

Outras atribuem, num dualismo latente, o mal a um princípio mal, e o bem a um princípio
bom, numa concepção maniqueísta platônica.

O pensamento filosófico moderno, de fundo ateísta, considera o sofrimento um mal


necessário, já que o homem é apenas uma peça na engrenagem que faz o mundo funcionar.
Tudo pode ser resolvido pela técnica e pelo progresso.

O cristianismo tem outra compreensão do problema do mal, tendo em vista dois pensamentos
básicos: primeiro, que o sofrimento não é uma ilusão. É passageiro, mas existe. É fruto do
pecado do homem; segundo, que a morte entra no mundo por causa do pecado do homem.

E não há nada de mal que aconteça no mundo que não passe pelo crivo da Providência.
Conseqüentemente, o mal não é eterno, mas sempre esteve sob o controle de Deus.

Isto não significa que Deus seja o autor do mal, pois o mal é a ausência de um bem devido.

Surge, então, a questão de como e porque o mal existe. A resposta é que Deus criou o mundo
em estado de “caminhada”, para atingir a perfeição última e, enquanto não atingi-la, o mal
permanecerá, já que Deus criou tudo bom, mas o desvio das criaturas produz o mal.

Resumindo: Deus é o Senhor do mundo e da história, mas os caminhos de sua Providência


muitas vezes nos são desconhecidos. Somente quando estivermos “face a face” com ele,
teremos pleno conhecimento dos caminhos pelos quais terá conduzido sua criação até a glória
definitiva.

[editar] Providência sobrenatural

Todos os seres criados, de maneira especial os homens e os anjos, estão sob o regime da
providência sobrenatural.

Sob essa Providência, Deus tem um desígnio a nosso respeito: oferece-nos a salvação através
da mediação de Cristo.

A Utilização do termo “sobrenatural” não exclui o que é “natural” ao ser humano. Porém, não
se pode relativizar e achar que o homem vai encontrar a felicidade no plano meramente
natural, pois Deus propôs à humanidade uma vocação sobrenatural, desaparecendo assim,
todo lugar para um fim último natural. As duas dimensões integram a existência humana de
forma intrínseca.

[editar] A História da Salvação

Deus se associa na nossa história no plano pessoal, e nos dá a graça através da fé. Mas
também se associa no plano social e universal da história, através de suas obras.

É o que costuma se chamar de História da Salvação. Mas nem por isso o homem está livre
das tribulações cotidianas.

Porém, Deus dá a todos a graça para que, perseverantes na prática do bem, procurem a
salvação.

Deus revela seu plano de salvação e vem até o meio de seu povo. Entra na história de suas
criaturas, tornando-se muito próximo do homem, comunicando-se por ações e por sua
Palavra, pois a Revelação vem associada a acontecimentos, de modo que esses eventos
ilustram e fundamentam as palavras e as palavras decifram esses eventos.

[editar] Os sinais de Deus

Na História da Salvação, Deus se faz presente por sinais, sendo Jesus o sinal máximo entre
todos os outros, pois é a imagem visível do Deus invisível.

Existem outros sinais: os milagres de Cristo e diversos outros que aconteceram ao longo da
História da Salvação. Os milagres apontam para Deus, seu autor e estão a serviço da
manifestação divina.

Os milagres ultrapassam a possibilidade das forças naturais e são absolutos, não podendo ser
explicados pela ciência.

Nos milagres deve-se observar mais o poder e a intervenção divina do que o fato em si,
percebendo neles a extraordinária bondade de Deus.
[editar] A criação do mundo invisível

O texto bíblico que melhor apresenta o tema da criação é o primeiro capítulo do Gênesis, que
contém o Hexaémeron e o “descanso” de Deus. Esse relato é dividido em três partes: a
“criação”, a “distinção” e a “ornamentação”.

No passado acreditava-se que era um relato histórico; depois pensou-se que fosse uma
história e hoje fala-se de um relato teológico. Ele transmite uma mensagem religiosa e
espiritual, sem intenção de fornecer dados científicos.

O que o relato quer mostrar é que o mundo e suas criaturas foram criados por Deus. Porém, a
evolução da matéria pode ser admitida. Deus teria criado a matéria inicial caótica e dado as
leis da natureza para que fosse se desenvolvendo, como se houvesse uma “dupla criação”:
uma criada definitivamente e outra que estaria se desenvolvendo e evoluindo ainda hoje.

Assim, o cristão pode admitir o evolucionismo, a partir, porém, do criacionismo.

[editar] As criaturas invisíveis, ou anjos

[editar] Alusões no Antigo Testamento

A Revelação fala, inúmeras vezes, de seres espirituais superiores aos homens: os anjos. Os
anjos não são figuras lendárias ou metafóricas. Fazem parte do patrimônio das verdades
reveladas pelo Magistério da Igreja. No Antigo Testamento aparecem como criaturas a
serviço de Deus, sendo em muitos textos, a aparição do próprio Deus. Em alguns textos se
encontram citações dos nomes de alguns deles em relação com a missão que lhes foi
confiada. Um desses anjos se torna mau e é identificado como “diabo” que significa
adversário, e está sempre procurando fazer mal ao homem.

A literatura judaica considera os anjos como “filhos de Deus”, mas capazes de escolher entre
Deus e o pecado.

[editar] No Novo Testamento

No Novo Testamento os anjos aparecem sob uma nova óptica. Estão relacionados com Cristo
e a sua disposição protegendo a Igreja nascente e os Apóstolos. São enviados a serviço dos
homens que buscam a salvação. No Novo Testamento aparece também a figura de Satã, que,
com sua legião, se opõe a Deus. A exemplo do Antigo Testamento, precisa de permissão de
Deus para tentar ao homem.

[editar] Os anjos na tradição cristã

A doutrina sobre os anjos sofreu interpretações erradas nos primeiros séculos. Então os
Doutores cristãos elaboraram uma doutrina sistemática sobre os anjos, a fim de corrigir os
erros.

O Magistério Eclesiástico definiu: são criaturas de Deus, feitas no início do tempo e não
desde a eternidade. Foram criadas boas, mas por livre e espontânea vontade, algumas se
tornaram más.
A Escritura diz que os anjos são espíritos, mas não estão em toda parte e nem em dois lugares
ao mesmo tempo. Seu conhecimento é intuitivo e quando tomam uma decisão, não voltam
atrás. Quanto a decisão de anjos optarem pelo mal, não podem voltar atrás, sendo que já
estariam condenados junto com o príncipe deste mundo, pois para um anjo acima de tudo está
sua decisão, o que pode condena-lo ou torna-lo sempre puro, essa uma vez tomada o faz um
anjo do bem ou do mal(demônio).

Os anjos bons têm como missão adorar a Deus e ajudar os seres inferiores, os homens, a
chegar à salvação, papel que cabe, principalmente, aos anjos da guarda.

Já os anjos maus tentam o homem, a fim de lhes tirar do caminho certo, muito embora o ser
humano possa resistir às suas investidas, buscando força em Jesus Cristo que veio destruir as
obras do maligno.

[editar] O Homem

[editar] Sua dignidade nativa

A Revelação diz que o homem é uma criatura feita no tempo, que não teve existência
espiritual antes da corpórea. Os textos bíblicos não pretendem apresentar dados científicos,
mas mostrar o relacionamento de Deus com os homens, sua superioridade em relação à
natureza, etc. O homem é apresentado como imagem e semelhança de Deus, sendo Jesus
imagem verdadeira do Pai, e nós, seu reflexo. O homem é “imagem de Deus”, porque foi
criado com a capacidade de conhecer e amar seu Criador.

[editar] A estrutura do ser humano

O homem é um organismo psicofísico de corpo e alma, em perfeita unidade e


complementaridade.

Alma e corpo se apresentam como duas substâncias independentes, porém, formando uma
unidade. A alma é imortal ao passo que o corpo é corruptível, embora destinado à
ressurreição. Entre corpo e alma existe uma dualidade perfeita, ao contrário do dualismo
maniqueísta que coloca o corpo como cárcere da alma.

A visão perfeita da estrutura do ser humano nos apresenta são Tomás de Aquino. Ele diz que
a alma é a forma do corpo, podendo subsistir sem a matéria corporal, pois mantém sua
operação intelectiva aprendida mediante a operação sensorial.

[editar] Sobre a espiritualidade e imortalidade da alma

Os documentos do Magistério da Igreja afirmam que a alma é espiritual, fazendo da


espiritualidade a fundamentação racional para a afirmação da imortalidade. Se a alma é
espiritual, não pode ser corrompida, pois sendo espírito dotado de existência própria e
independente da matéria, não se extingue com a corrupção do corpo. A Revelação não
apresente profundamente o caráter natural ou sobrenatural da imortalidade da alma, pois a
Escritura considera toda a vida do ser em relação à Deus.

[editar] O Homem e a Mulher


Segundo o dogma da criação, Deus criou o homem e a mulher à sua “imagem e semelhança”,
com aptidão para a vida na graça e deu-lhes a missão de perpetuar a espécie, através de sua
sexualidade, embasados no amor, que ultrapassa o plano carnal e exprime uma vinculação e
complementação profunda dos dois.

Homem e mulher são seres idênticos e complementares: idênticos quanto à natureza, e


complementares quanto às particularidades físicas e psicológicas. Realizam-se humanamente
e santificam-se mutuamente dentro da Lei Moral.

Têm igual dignidade, embora no Antigo Testamento a mulher tenha sua participação limitada
na sociedade. Porém, no Novo Testamento, essa situação muda, principalmente por causa da
participação de Maria.

Dentro dessa igualdade, a sexualidade humana é orientada para o matrimônio monogâmico


indissolúvel, destinado à complementação mútua e à procriação da espécie, sendo no Novo
Testamento elevado, por Cristo, à categoria de Sacramento.

[editar] Transformismo, poligenismo, monogenismo

O Magistério da Igreja não nega o evolucionismo ou transformismo. Admite-o, desde que a


partir de um criacionismo. A Sagrada Escritura acena essa possibilidade quando diz que Deus
modelou o homem a partir do barro. O que se deve levar em consideração é que Deus é o
Criador imediato da alma espiritual e imortal em cada homem.

A criação do homem é diferente dos outros seres porque ele é portador da “imagem de Deus”,
enquanto os demais seres se reproduzem sozinhos, de maneira natural, o homem necessita
que Deus crie sua alma e infunda-a em seu corpo, fato que acredita-se acontecer no momento
da concepção, já que a vida do ser humano se inicia neste momento, conforme a própria
ciência demonstra.

Propõe-se também a hipótese do poligenismo, que seria o aparecimento de diversos casais de


um mesmo tronco originários. Esse sistema é contrário à doutrina do pecado original
universal e contrário à unidade da História da Salvação. Mas também não é totalmente
descartável, e pode, pelos menos, ser aceitável, levando-se em consideração o nome de Adão,
“homem”, como gênero humano.

O monogenismo, um só casal de um mesmo tronco originário, parece ser o mais provável, e


está em conformidade com a Sagrada Escritura. Essa hipótese não contraria o evolucionismo
e nem o criacionismo.

[editar] A Justiça Original

O homem perdeu a justiça original quando cometeu o pecado original. Para reconquistar esse
estado foi necessária a redenção oferecida gratuitamente por Deus. Embora o homem
recupere esse estado original no Batismo, as conseqüências do pecado original continuam a
existir.

[editar] A Queda
A doutrina do pecado original é muito importante para a fé. Deve-se distinguir entre o pecado
das origens e o estado de pecado que nasce cada ser humano. A humanidade vive mergulhada
num caos tão grande, que deve ter havido algum acontecimento que o tenha causado, mesmo
que alguns escritores digam que o relato do pecado original seja apenas simbólico. De
qualquer modo, o relato não foi inventado. Foi apresentado como “o tipo” do pecado
humano, onde teria o homem começado utilizar a liberdade para se tornar autônomo a Deus.

Deste modo, com o pecado de um, todos pecaram. E a participação dos descendentes no
pecado de Adão se dá pela “solidariedade” universal dos homens com o responsável pela
instalação do mal no mundo: o próprio homem.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_teol%C3%B3gica

Perguntas respondidas
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A Teoria da Evolução ajudou a vida humana ser


insignificante? Violenta?Subanimalizou o Homem?
Há abundantes evidências científicas que demonstram que é preciso haver um
Deus, evidências que não se ajustam à idéia de que a Terra é preciso ter bilhões
de anos de existência para evoluir os seres, inclusive o homem. Livros do ICR,
tais como, “Scientific Creationism”(Criacionismo Científico), “What Is Creation
Science?”(Qual É a Ciência da Criação?) “Science, Scripture and The Young
Earth” (Ciência, Escritura e a Terra Jovem), documentam essas evidências, entre
muitos outros. www.icr.org e www.cienciabiblica.xpg.com.br. A teoria da
evolução, banindo Deus da natureza, da historia e de todo o universo, nestes
últimos cem anos, tem sido a mais poderosa arma para impedir que os homens
ao menos, tentem se lembrar do seu Criador, revelado em sua exuberante
criação. Apregoando a origem simiesca do homem, a teoria da evolução o
subanimalizou e,deixando-o à mercê de seus próprios instintos, abriu-lhe
caminhos deveras funestos que o levarão a abismos cada vez maiores."Bereshit
bara elohim"

• 4 anos atrás

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by paulosxs

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Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta


Realmente, até onde sei, o Evolucionismo não está totalmente comprovado. Isso
é Ciência. É afirmar com certeza, não baseado em estórias criadas por uma
pessoa ou por um grupo restrito de pessoas. Da mesma forma, até agora
ninguém me provou que o Creacionismo é verdade. Li vários artigos
antievolucionistas, e realmente há questões ainda não respondidas. Mas, não vi
nenhum artigo pró-creacionista CONSISTENTE que aborde os fatos que
contrariam essa crença. Parece que, ao invés de atacar os fatos que contrariam
o Creacionismo, os creacionistas se esquivam, e procuram se apoiar apenas em
questões contra o Evolucionismo (vide, por exemplo, um artigo um tanto
superficial sobre a não-evolução do besouro bombardeiro).

Obs.: A meu ver, o Evolucionismo não nega a existência de Deus; ao contrário,


pode ser um indício da engenhosa sabedoria divina.

• 4 anos atrás

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Comentário do autor da pergunta:

Excelente resposta,Esse besouro de meia polegada é um demolidor da


teoria da evolução um desafio sem qualquer possibilidade de resposta.
Um químico alemão estudou ele por diversos anos Dr. Hermann
Shildknecht,elementos químicos: Peróxido de Hidrogênio e Hidroquinona
(C6 H6O2).Qual elemento veio1o?

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061013144937AAOjvhw

A Gestação e o Nascimento

domingo, 1 de agosto de 2010 08:53

O processo de concepção, visto cabalisticamente, é a união de todos os mundos


e a sua fusão na manifestação de um corpo físico para a entidade que está
encarnando. Assim, enquanto o casal faz amor, há uma união entre os Yesods
macho-fêmea de suas Árvores corporais, resultando em uma elevação da
consciência à tríade Yezirática do Despertar ou Êxtase, ao haver uma descida
dos veículos espiritual e psicológico do indivíduo que está para ser encarnado. A
concepção ocorre quando é decidida em, Azilut, no lugar do Self, onde os três
mundos se encontram, de modo que, quando o Daat do corpo e o Yesod da
psique, e o Daat da psique e o Yesod do espírito entram em contato criativo, e
tem lugar uma fusão de todos os níveis, abrindo caminho para que o esperma se
encontre corn o óvulo. Esse evento não representa uma seleção ao acaso de
sementes, mas uma precisa orientação das condições. Desse modo, enquanto os
pais, que têm talvez origens totalmente diferentes, parecem ter-se encontrado
casualmente em uma festa, isso é, na verdade, um encontro fatal que pode
afetar muitas vidas. Tais acontecimentos são o resultado de uma enorme
preparação, para pôr duas pessoas ern contato no momento certo, para que elas
se cortejem, casem e concebam uma pessoa específica.

Após a fertilização do óvulo, tem início o processo Assyático de construção de


um corpo físico. Seguindo a sequência do relâmpago descendente, a essência de
uma pessoa é mantida no Keter de Assyah, que está simultaneamente no Tijeret
da psique e no Malkhut do Espírito, que é o lugar do Self. É assirn que as
qualidades centrais de um indivíduo fusionam-se com as características físicas
dos pais. O processo continua, descendo para o Hokhmah do corpo, que dá vida,
e daí para o Binah que determina a estrutura. Sc o processo de gestação passa o
ponto crítico de Daat, o abismo da Árvore Corporal, e o impulso da encarnação
não é retirado, como acontece às vezes, por várias razões, os procedimentos
genéticos continuam na forma da expansão de Hesed na multiplicação das
células e na sua diferenciação em Gcvurah.

A essência do corpo e a base da psique são estabelecidos no Tiferet do corpo,


que se torna mais tarde o sistema nervoso central que serve a consciência física.
O processo então continua, à medida que os vários sistemas cíclicos Nezahianos
são construídos e sintonizados com os processamentos de dados de Hod.
Exemplos disso são a circulação sanguínea e o equilíbrio do açúcar de acordo
com as necessidades. As três tríades ao redor do sistema autónomo do Yesod do
corpo manifestam os órgãos, nervos e músculos. O impulso criativo é finalmente
resolvido no nível Malkhutiano dos ossos que dão sustentação ao corpo e da pele
com seus órgãos dos sentidos, que dão acesso ao mundo externo da fisicalidade.

Durante o período de gestação, à medida que os vários veículos superiores da


psique e do espírito são gradualmente alinhados com o corpo, a consciência da
pessoa que está para ser encarnada paira sobre o embrião. Nos primeiros
momentos a relação é bastante flexível, o que é uma das razões pelas quais os
abortos acidentais podem ocorrer quase imperceptivelmente. Mais tarde,
quando a psique começa a integrar-se ao organismo físico, a ligação torna-se
mais forte. Algumas pessoas lembram-se vagamente desse período, e muitas,
sob hipnose, recordam-se com bastante clareza de estarem flutuando dentro da
mãe, plenamente conscientes de seus sentimentos e dos da mãe a propósito do
nascimento que se aproximava. Muitos têm prazer em fazer a associação, mas
outros, como foi notado, não gostam, e se retraem, ïsso pode levar a abortos
espontâneos e às crianças com síndrome de Down, as quais, devido ao desejo de
permanecerem desencarnadas, retardam o processo normal de gestação no
nível genético. Pode-se também dizer o mesmo das crianças autistas, que quase
completam o processo, mas não chegam realmente à plena encarnação. Tal
como veremos, a gestação é um período altamente crítico, quando o corpo está
em seu estado mais vulnerável, e, portanto, mais suscetível a influências que
vêm tanto do indivíduo que está encarnando como da mãe. Dessa maneira,
aquilo que ela pensa, sente e faz psicológica e fisicamente pode afetar o
embrião. É por isso que muitas mulheres grávidas entram em estado de
fechamento em si mesmas, e perdem todo interesse em qualquer coisa além do
seu bebê. Essa é uma proteção psicológica natural, destinada a proteger o feto
de influências nefastas anteriores ao nascimento.

A escolha do momento do nascimento é tão crucial quanto a da concepção.


Muitos médicos vêern o processo de gravidez nos termos de um modelo-padrão,
mas o momento do nascimento não é assim. Nascer cedo ou tarde demais é uma
abstração clínica. Uma pessoa nasce no momento mais propício para que esse
indivíduo entre no mundo físico, e a Providência não está acima de uma
utilização da profissão médica para fazer com que um indivíduo seja pontual.
Não existe nascimento prematuro ou tardio quando este é visto como a primeira
intimação da sina. A maneira como um indivíduo ingressa no Mundo é de grande
importância.

A Anatomia do destino

segunda-feira, 26 de julho de 2010 22:11

Vejamos este vídeo:

Um exemplo de como o Mundo Celeste influencia a situação terrestre pode ser


visto no efeito que as notas musicais provocam num prato salpicado de pó
extremamente fino. As experiências mostram que as várias frequências
produzem o fenómeno de desenhos diferentes na poeira que se altera conforme
sejam as notas elevadas, abaixadas ou tocadas em combinações diferentes. Ao
observar tais frequências, vemos o pó arrumar-se numa série contínua de
formações intricadas, que se sucedem numa grande variedade de formas e
velocidades, de conformidade com as harmonias ou desarmonias, a violência ou
a suavidade, dos sons. É como observar um concerto na forma sólida. Se
percebemos o mesmo princípio numa escala muito mais grandiosa, pensamos a
respeito de um processo semelhante ocorrendo em relação à música das
esferas, onde os efeitos dos luminares, dos planetas, da Lua e das estrelas
influenciam o fluxo, sempre cambiante, de formas do cenário terrestre, conforme
ele reage em resposta a orquestra celestial.

Ainda empregando a analogia acima, também se pode notar que quando a


emissão de som é interrompida, o pó fica imobilizado no desenho daquele
instante. Isto nós dá uma ideia do que poderá acontecer quando, antes da
concepção e do nascimento, uma psique desencarnada é removida das
influências diretas do mundo sutil e fixada num corpo sólido, de carne e sangue,
ficando sob o domínio das leis físicas. Tendo em mente esta noção de
cristalização, voltemos para além dos momentos da concepção e do nascimento,
a fim de podermos perceber como os três mundos — Criação Cósmica, Formação
Sutil e Ação Física — formam uma cadeia de causas e efeitos descendentes. Isto
poderá ajudar-nos a compreender os processos que dão origem ao horóscopo
natal.

As posições dos planetas nos signos e nas Casas Mundanas criam uma ampla
variedade de manifestações. Por exemplo; Marte em Virgem e na sétima casa,
dos associados, tornaria a pessoa altamente exigente a respeito das suas
companhias e qualquer relacionamento, tanto profissional como particular, seria
dificultado pelo julgamento minucioso e constante e pelas críticas de ambos os
lados, pois a semelhança atrairia reações semelhantes. Por causa disso, o tipo de
parceiro que a pessoa tomaria em casamento, por exemplo, estaria limitado ao
tipo de cônjuge muito exigente, com certa aparência pessoal e determinadas
maneiras e expectativas emocionais. A menos que houvesse algum outro fator
atenuante, como Vénus em Aquário e na quinta casa, a pessoa jamais se
envolveria com um amante mal-educado, mal vestido e exageradamente
emocional. Em contraste, se Marte estivesse em Peixe e na sétima casa, isto
criaria uma indecisão emocional que resultaria numa constante inversão do
equilíbrio emocional em qualquer relacionamento, fazendo o agressor dominante
transformar-se, subitamente, na vítima confusa. É evidente que isto afetaria a
espécie de casamento que a pessoa atrairia para si mesma.

Aqui observamos novamente a lei que, por nossas naturezas, cria-nos um tipo
particular de vida. Assim., duas pessoas nascidas na mesma casa e tendo a
mesma educação terão vidas inteiramente diferentes por causa do modo como
sua psique individual se manifesta e cria seu próprio destino. Usando um
exemplo clássico, suponhamos que nasçam dois gêmeos mas que entre ambos
há, como acontece frequentemente, alguns minutos de diferença. Como o
Zodíaco se move um grau a cada quatro minutos, esta diferença pode ser
crucial. Isto quer dizer que Saturno, em Escorpião, está na oitava casa do gêmeo
mais velho e na sétima do mais novo. Esta diferença pode originar um profundo
interesse pelas filosofias ocultas no primeiro, e uma profunda atração para com
o sexo oposto mais velho, no último. Se Saturno está praticamente bem ou mal
em aspecto, é evidente que as duas vidas podem tomar direções absolutamente
diferentes. O mais velho poderia seguir uma vida de pesquisa secreta, na
questão da evolução espiritual, enquanto que seu irmão estaria preocupado em
solucionar seu relacionamento com a mãe através de um casamento penoso,
com uma mulher mais velha. Obviamente, quanto maior o intervalo entre os
gêmeos mais o Zodíaco gira dentro do sistema de Casas Mundanas, e assim
menos os gêmeos se parecerão um com o outro. Isto sem levar em conta o
rápido movimento da Lua no curso de duas horas, digamos, tempo em que ela
pode cruzar de um signo para outro e avançar um grau. O exemplo dos gêmeos
nascidos no mesmo dia e em momentos diferentes ilustra bem o fato de como
naturezas sutis quase idênticas podem produzir vidas absolutamente diferentes.
Pelo que foi já dito, os planetas nos signos colocados dentro das casas revelam
de que modo e onde os vários aspectos da natureza, práticos, emocionais e
intelectuais, expressar-se-ão numa situação terrestre.

Os Chakras

sábado, 31 de julho de 2010 20:34

OS CHAKRAS

Ao abordar a composição de um ser humano desde um ponto de vista


aristotélico ou empírico, começamos por fixar a estrutura e a dinâmica do corpo.
O corpo é feito dos quatro elementos, isto é, sólidos, líquidos, gases e radiação.
Tem também quatro níveis de operação: mecânico, químico, eletrônico e de
consciência. Nisso, vemos o eco dos quatro mundos na fisicalidade. Em termos
da Árvore, há uma interação dos pilares exteriores na estrutura e na dinâmica,
com a coluna central agindo como o eixo de consciência no organismo. Assim,
há um nível mineral de percepção para todas as operações essencialmente
físicas, uma percepção vegetativa nos processos viventes, uma percepção social
e ambiental no nível animal do corpo e uma dimensão humana, no sentido de
que uma pessoa pode estar consciente de coisas que estão além da percepção
dos sentidos. Isso inclui a capacidade de ter consciência, uma capacidade, diz-
se, que só a humanidade possui. Se olharmos mais detalhadamente para a
Árvore do corpo, veremos que ela segue o modelo da Árvore dos Sefirot
superior, mas no nível físico da realidade. Assim, o Malkhut do corpo contém os
quatro elementos que olham para o exterior para perceber os sólidos ou líquidos
pelo tato, gases pelo olfato e pela audição, e a radiação por todos eles,
especialmente pela visão. Aqui tambem observamos o princípio da
interpenetração dos níveis: o paladar, por exemplo, é uma mistura de sólido e
líquido, e a audição é uma combinação de vibração gasosa e radiação.

Parte I

Parte II

Parte III

Merkavah: A Obra da Carruagem ou O Estudo do Homem como Microcosmo

sábado, 31 de julho de 2010 20:41

Outra versão kabbalística do Mundo de Azilut é a figura de Adão Kadmon — o


Homem Primordial. Essa analogia é extraída da visão de Ezequiel às margens do
rio Chebar, onde o profeta viu figura de um enorme homem, sentado sobre algo
semelhante a .im trono, o qual era carregado pelo que aparentava ser uma
carruagem puxada por quatro estranhas criaturas vivas. Cercada de uma
luminosidade flamejante, a figura, em Ezequiel l, é comparada à Glória de Deus.
Este Homem Divino aparece na visão do profeta Ezequiel, que viu os Quatro
Mundos como a imagem de um homem (Azilut) sentado num trono celestial
(Beriah) colocado sobre um carro (Yezirah) o qual, por sua vez, avançava sobre a
terra (Asiyyah). Este modelo humano porém divino é visto por alguns kabbalistas
como a primeira manifestação perfeita do Absoluto, como Deus, o
Transcendente, vê Deus, o Imanente, na imagem de Azilut.

A figura de Adão Kadmon é em geral representada de costas, por respeito aos


versículos em Êxodo 33,20-3 que declaram que nenhum homem pode ver a Face
de Deus e continuar vivo. Contudo, a Moisés é permitido ver as costas da
Divindade. A próxima coisa que se nota sobre essa imagem do homem primitivo
é que o lado esquerdo é escuro e o direito, claro. Isso indica não só os aspectos
da Forma e Força de Azilut, mas os elementos Macho e Fêmea presentes em
Adão Kadmon, pois a figura é andrógina, ou uma fusão dos dois sexos. O tema
da polaridade sexual aparece constantemente em Kabbalah por ser o símbolo
mais óbvio para os lados ativo e passivo de qualquer Mundo, seus habitantes ou
acontecimentos ocorrendo sob as Leis representadas em Adão Kadmon. Embora
em Azilut os dois lados estejam personificados em um ser, nos Mundos seguintes
e inferiores a diferença torna-se mais pronunciada, até que no Mundo natural de
Asiyyah as colunas ativa e passiva estejam de fato fisicamente separadas na
divisão sexual dentre e entre as plantas, animais e pessoas. Contudo, no nível de
Azilut — o Mundo Perfeito — diz-se que os dois lados se encontram em uma
união face a face como um único ser.

A próxima coisa a ser observada sobre a figura é que as três colunas Sefiróticas
estão claramente dispostas ao longo do eixo vertical do corpo. Os Sefirot ativos
estão à direita e os passivos a esquerda, com os Sefirot da Vontade situados na
linha mediana se estendendo desde a Coroa, através da espinha, até os pés. Em
alguns esquemas kabbalísticos o esquerdo e o direito são virados em sentido
contrário como um reflexo espelhado, de modo ao ativo aparecer à esquerda.
Isso é meramente porque a imagem do Adão Kadmon foi visualizada como
estando de frente para nós. Tais pontos de vista divergentes causam alguma
confusão dentre os que vêem o diagrama literalmente e não distinguem além da
explicação lógica. Contudo, a imagem é clara, se o princípio for observado, por
exemplo, se Hokhmah for sempre o Intelecto ativo da Sabedoria pela sua
posição sobre ou na cabeça de Adão Kadmon, e Hesed for sempre o braço ativo
do homem Divino. Alguns kabbalistas colocam Hesed sobre o peito direito,
dizendo ser Hesed o lado positivo do Coração Divino; a diferença é insignificante
quando o braço é observado agindo de acordo com aquele lado do coração.
Binah e Gevurah representam o lado esquerdo, passivo ou severo da cabeça e
do coração da Divindade. Juntos, ambos os pares laterais dos Sefirot funcionais
estão sujeitos a Keter, que paira como uma coroa sobre a cabeça do homem
Divino. O não-Sefirah de Daat — ou Conhecimento — é situado, por alguns
kabbalistas, sobre a garganta e a boca. Aqui, diz-se, é o lugar do Bat Kol — ou
Voz Divina. A frase real significa Filha da Voz', e é a Voz do Espírito Santo," que
se diz residir nesse não-Sefirah. Um exemplo bíblico do Bat Kol é observado na
Voz sobrenatural que anunciou a morte de Moisés aos acampamentos israelitas
no Sinai. É também encontrada em circunstâncias mais particulares, na ainda
pequena voz interior, e na imagem simbólica de uma pomba descendo.

O Sefirah central de Tiferet é em geral situado logo abaixo do coração no corpo,


embora alguns kabbalistas o vejam como todo o torso, que atua como o eixo de
todos os membros e da cabeça. Esse conceito está corroborado no Tiferet da
Arvore Sefirótica. Sem dúvida havia a mesma ideia de uma ligação, no sentido
de ser o plexo solar humano, com o seu sistema nervoso irradiante, um
excelente símbolo para Tiferet. Essa colocação central novamente enfatiza a
divisão entre as metades superior e inferior do Mundo. Conquanto o intelecto
possa pensar e o coração agir através dos braços, nada pode ser realizado, a
menos que as partes inferiores movimentem o ser em uma completa ação e
geração de acontecimentos e resultados.

A ideia da geração e da criação está situada em Yesod, colocada sobre a


genitália. Daqui, Adão Kadmon pode produzir outro ser ou Mundo, á sua própria
imagem, exceto que este ser estará ainda mais distante do Absoluto do que
Adão Kadmon. Por sua vez, esse ser recém-criado pode produzir uma geração
seguinte, mas isso será outro Mundo ainda mais distante da Origem de tudo.
Yesod, como a fundação de Adão Kadmon, é o órgão de geração; como tal, leva
a imagem de Adão Kadmon, porém em semente tanto macho quanto fêmea. No
estado Divino de Azilut propriamente dito, ainda não há frutificação nem
reprodução, porque ainda não há um Mundo inferior da Criação habitado por
criaturas. Yesod em Adão Kadmon deve permanecer em perfeição eterna até
quando Deus, o Criador, deseje que o Mundo seguinte exista. De cada lado de
Yesod, às vezes nos quadris e às vezes nas pernas, estão colocados os Sefirot de
Nezah e Hod. Esses princípios funcionais são chamados de apoios do Adão
Divino. Como as pernas direita e esquerda, implementam a Graça descendo de
cima e, transmitem a Vontade até os pés em Malkhut. Aqui é onde o ser de Adão
Kadmon toca o Universo Criado, quando vem a existência. Como a metade
inferior do corpo Divino, todos os Sefirot abaixo do coração se assentam e fazem
parte do Trono do Céu, um símbolo kabbalístico para o Mundo Beriático da
Criação emergindo do Mundo da Emanação. Esse evento se dá devido aos quatro
níveis distintos encontrados em Azilut, que prefiguram e eventualmente
precipitam três Mundos, mais separados ainda, da Eternidade.

Vimos como os antigos cabalistas relacionaram um esquema antropomórfico


com a Árvore Sefirótica, já que Adam Kadrnon possui uma anatomia de Vontade,
Intelecto, Emoção e Ação. Este modelo se estende para baixo através dos Quatro
Mundos, que representam cada um a manifestação cósmica de um destes
mesmos níveis. No microcosmo de um ser humano encarnado como indivíduo, o
esquema se repete em miniatura.

Partindo do Mundo inferior, fixemo-nos no corpo. Este veículo físico, que evoluiu
através de milhões de anos, baseia-se numa série de princípios concretos que,
embora relacionados com as condições terrestres, também têm sua raiz nas leis
arquetípicas que governam a existência, ou seja, as Sefirot. Assim, a seu nível
mais elementar, o corpo opera sobre as interações da terra, da água, do ar e do
fogo. Podemos observá-lo nas estruturas e sistemas tais como os ossos e os
músculos, as correntes químicas, os intercâmbios gasosos e a atividade eletro-
química: é através da corrente química secretada plelas glândulas hormonais
que a psique se liga à materia, como no esquema abaixo:

A nível mais detalhado, a hierarquia dos tecidos orgânicos e mecânicos dos


sistemas metabólico e eletromagnético pode ser vista como a interação dos
Pilares da Força e da Forma, da energia e da matéria, o mesmo que os lados
ativo e passivo da Árvore atuando sob a direção da vontade dos sentidos em
Malkhut, o sistema nervoso autônomo em Yesod ou Fundamento, e o sistema
nervoso central, instalado no cérebro, em Tiferet, o Trono de Salomão. Assim, a
energia e a matéria estão ligadas durante a vida do corpo à vontade e à
consciência inerentes ao Pilar central. A face superior da Árvore Asyyática é a
parte sutil do corpo e representa a imagem ou, na cabala, o Zelim, que
corresponde à conexão etérea entre o corpo e a psique.

Na parte física, se compõe da energia e das matérias mais sutis das que se
encontram no Mundo mais inferior, correspondentes às mais grosseiras do
Mundo seguinte acima, com cuja metade inferior, ou face inferior, se
interpenetra. Algumas pessoas conseguem perceber com olho interno este nível
e ver sua aura radiante ao redor do corpo. O Keter ou coroa da Árvore do corpo
corresponde, neste esquema cabalístico , ao Tiferet do Mundo Formativo
Yezirático da alma ou psique, e ao Malkuth ou Mundo Criativo Beriático do
espírito. Isto mostra como os três mundos inferiores se encontram nos que
vivem na carne e como é possível experimentar os Mundos invisíveis nos
momentos em que percebemos uma realidade mais profunda além do mundo
físico.

A anatomia da psique se baseia no mesmo modelo Sefirótico da do corpo, mas a


sua energia, sua substância e sua consciência são as do Mundo sutil da
Formação. Mais exatamente, o único contato direto com o Mundo físico se dá
através do Malkhut elementar da Árvore Yezirática, ralacionada com o Tiferet do
corpo, isto é, com o cérebro e o sistema nervoso central. Isto demonstra a
exatidão deste esquema de Mundos interpenetrados, pois é aí onde o cérebro, o
órgão físico da cognição, funde a consciência com os tecidos, o metabolismo e
os campos eletromagnéticos. A Sefirah imediatamente superior é a não-Sefirah
de Daat ou Conhecimento do corpo, que corresponde à Yesod ou Fundamento da
psique. Desta forma, se encontram e interagem os Mundos, o inferior
proporcionando dados sobre o Mundo exterior, e o superior percebendo-os
psicologicamente e transmitindo ao corpo, e ao mundo exterior, a Vontade que
emana dos reinos interiores e superiores.

Do Homem Divino Adam Kadmon, bem como do Azilut, surge o Adão Beriático,
criado ao sexto Dia, quando a ação se concentrou em Yesod ou Fundamento da
Árvore da Criação. A lenda judaica estabelece que este Adão Beriático foi criado
como a última de todas as criaturas para que fosse humilde; o conceito
cabalístico é que todas as demais criaturas sem exceção - inclusive anjos e
arcanjos - têm seu fundamento no Adão de Azilut, mas foram deixados
incompletos: apenas o Adão Beriático foi uma imagem completa do Divino. Este
fato explica o mito dos ciúmes e da discórdia entre as legiões angélicas; aqueles
que não quiseram reconhecer a superioridade humana, como Lúcifer, foram
relegados à tarefa de conduzir as forças caóticas que assolam o universo, em
especial o homem. A rebelião na Criação, ainda antes da queda de Adão, ocorreu
porque os habitantes da Criação, que foi o primeiro dos Mundos separados
procedente do Divino, permitiu-lhes “inicialmente" certo grau de Iivre arbítrio.
Este traço inerente de desvio do plano cósmico era corrigido, segundo diz a
lenda, pelo vínculo do Nome Divino " EL” ao nome funcional de cada criatura
angélica, de modo que nunca pudesse exercer mais poder do que o desejado por
Deus. Assim, cada ser celestial foi limitado à sua tarefa, como o anjo Shalgiel,
que apenas se ocupava da neve. Vemos aqui, princípios da numerologia
cabalística, ou "Guematriá". Mas isso é outro estudo!

Exemplo de Milagre

terça-feira, 20 de julho de 2010 00:31

Para ser efetiva, qualquer operação precisa não somente estar em harmonia
com a estrutura do universo mas ressoar nos vários níveis de energia a ele
inerentes. Se um empreendimnto não está relacionado com as leis da
existência, ele simplesmente não segue o curso desejado e deste modo não
atingirá o objetivo. Um avião não pode voar se as asas não estiverem na
posição exata, mesmo que suas turbinas sejam poderosas. Deve-se empregar o
relacionameno correto entre forma e força.

O exercício da vontade

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Meditação para se conectar com a energia de Milagres

segunda-feira, 12 de julho de 2010 14:15

LEMBRE-SE: Para que sua visualização se torne uma imagem criada em Beriah,
você precisa fazer que nem o atleta do judô: treinar mil vezes mil até sua
manifestação no plano físico.

Isso dependerá também de outros fatores, como seu mérito, e sina nesta vida.

Faça esta meditação sempre que puder e quiser: não tem contra-indicação nem
energia de retorno.

E não esqueça da piada da loteria: não adianta pedir aos céus para ganhar na
loteria e não empreender uma AÇÃO no plano físico. Faça seu jogo aqui na terra,
ok?
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Magia x Milagre

segunda-feira, 19 de julho de 2010 23:18

Chegando a este ponto do nosso estudo, é importante abordar um assunto


recorrente em Kaballah. É fato que muitos se interessam pelo aspecto mágico da
Kaballa. Porém, a Kaballa prática ou mágica nunca contou com a aprovação do
pensamento ortodoxo; contudo, sempre foi praticada. Existem muitos livros
kabalísticos baseados no fato de que a vontade humana pode manipular os
princípios psicológicos e, portanto, controlar as condições do Mundo da
Formação e conseguir, sob certas circunstâncias, a materialização de um projeto
desejado. Tais operações são levadas a efeito tradicionalmente através da
invocação de nomes angélicos ou divinos de forma ritual, com um objetivo
claramente expresso. Aqui se mostra uma fórmula para conjurar um espírito que
se submeterá à direção do mago. Estas operações, se acaso fossem necessárias,
apenas podem ser realizadas após solicitar o consentimento Divino.

Selo angélico do denominado Sexto Livro de Moisés, Alemanha, século XVIII

O aspecto mágico da Kaballa é descrito no livro Sefher Yetzirá, que é o livro da


formação, cuja linguagem é extremamente simbólica e hermética. Isso serve
para manter os curiosos de plantão longe destes "experimentos".

Neste exemplo, retirado do Sepher Yetzirá, o Nome de Deus e as letras hebraicas


estão relacionadas com os conceitos gregos e babilônicos dos princípios que
regem o universo. No centro, encontra-se o Tetragrama, YHVH posto em forma
do Tetraktis de Pitágoras (1+2+3+4=10), com os ângulos assinalados pelas três
letras-mãe: a do ar, a da água e a do fogo. Os círculos mostram as 19 letras
restantes do alfabeto hebraico, postas em correspondência com os sete planetas
dos doze signos zodiacais.

Utilizado em dia e hora apropriados, de forma ritualística por um mago, irá


produzir um determinado efeito, baseado no princípio da analogia. A analogia é o
mesmo princípio utilizado no vodoo quando, por exemplo pega-se um boneco e
batiza-se com o nome de uma determinada pessoa a quem se quer atingir, da
qual foi retirado um pedaço de sua roupa, ou cabelo, e até mesmo fluidos
corporais, que criam um "endereço vibratório" com a pessoa em questão. Muita
gente, especialmente no Brasil, onde o sincretismo religioso é uma instituição,
adora fazer umas "simpatias", sem sequer saber com que energias estão
lidando, e depois não sabem por que suas vidas tomam um determinado rumo.

Com a magia cabalística dá-se o mesmo: se Hod está associado a processos


mentais, mexer com os poderes e os seres desta esfera pode custar a sua
sanidade. Com os de Tipheret, podem custar sua vida. Não é segredo que muitos
ocultistas ficaram loucos e outros tiveram um fim trágico.

A semeadura é livre, mas a colheita - esta é obrigatória.

A diferença entre os milagres e a magia é que operam a partir de diferentes


mundos. O milagroso é a Vontade do Céu, decretada em Beriah, o Mundo
espiritual da Criação; a magia é a aplicação da vontade humana ao nível
psicológico de Yetzirah, o Mundo da Formação.

O milagroso tem uma escala cósmica, embora possa se realizar através da vida
de um indivíduo. Muda o curso dos grandes acontecimentos ou intervém para
transformar uma situação ordinária numa oportunidade enviada do céu. A mais
famosa passagem bíblica a este respeito narra o episódio em que Moisés
enfrenta o mago egípcio: mestres mágicos como Balaão, que eram hábeis não só
em profetizar como em abençoar ou amaldiçoar dentro de certos limites. Porém,
existe uma fronteira além da qual a habilidade nas artes mágicas de
manipulação sutil não pode ulrapassar. O desafio entre Moisés e os sacerdotes
egípcios transformando seu bastão em serpente para engolir as cobras egípcis é
um símbolo de superioridade dos seres miraculosos sobre os mágicos. Em
termos de Kaballah, isso mostra o poder espiritual do Mundo Criativo de Beriah
pode conter e suplantar as construções psicológicas do Mundo das Formas
Yetziráticas.

"Magia é a perigosa arte de obter poder sobre o mundo psicológico (Yezirático)


mediante a utilização de símbolos."

x
Assim embaixo como acima

sábado, 7 de agosto de 2010 20:05

Esta é uma parte mais teórica, sintetizada de uma vasta bibliografia, em forma
de fichamento dos meus estudos da obra do rabino Shimon Halevi
( http://www.kabbalahsociety.org/wp/?page_id=425). Quem quiser se
aprofundar e buscar seu caminho, é só recorrer a bibliografia. É apenas uma
introdução à Cabala, na forma como me foi apresentada e por mim percebida.
Mas é um caminho sem volta. Ninguém adquire um conhecimento hoje e o
esquece amanhã. Se você aprende a andar de bicicleta, todas as vezes que
pegar a bicicleta você irá andar. Poderá desfrutar da delícia que é pedalar livre
com o vento batendo no seu rosto, mas também será responsável se atingir e
machucar alguém. Com a Cabala dá-se o mesmo. Muitas vezes eu quis
simplesmente "esquecer" tudo isso e voltar aos bancos da igreja, sentando,
levantando e dizendo amém sem pensar muito no que eu estava fazendo. É
uma forma inconsciente de se isentar da responsabilidade pelo próprio destino e
colocá-lo nas mãos de Deus. O problema é que Deus quer seu destino nas suas
mãos...

A minha parte nesta história é demonstrar como eu apliquei isto na minha vida,
e as conseqüências advindas. O exemplo, no caso, SOU EU.

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Surgimento de Assyah

quarta-feira, 16 de junho de 2010 10:31

O quarto mundo, Asiyyah, surge do anterior. A ele se refere o Gênesis quando


menciona o rio que emanava do Éden e que tinha quatro ramificações, numa
alusão aos quatro níveis inerentes à Arvore da Vida, e a cada mundo separado.
Este mundo básico do Fazer, ou dos Elementos e da Ação, é o Mundo ao qual, da
mesma forma que Adão e Eva, nós próprios descemos. Manifesta-se no universo
que nós experimentamos através dos nossos sentidos, com sua (aparente)
solidez e seus aspectos líquido, gasoso e irradiante. Para os cientistas, este
Mundo material contém energia e matéria; isto é, as qualidades dos Pilares
direito e esquerdo da Força e da Forma. Aqueles que têm consciência de algo
mais do que a interação dos fenômenos sob leis naturais, vêm-no com a
aparência física de Mundos mais sutis e mais elevados que podem permear a
existência em sua totalidade. De fato, alguns físicos intuíram que além da escala
sub-atômica, e além da galáxia mais remota, existe outro tipo de universo que
de alguma forma parece estar presente no interior da própria estrutura deste
cosmos científico, talvez não tão sólido como parece. Assim, inclusive ao nível
mais mundano, existe a consciência de outras dimensões que contêm e
influenciam o mundo natural e o impregnam de uma realidade sobrenatural. Os
Quatro Mundos interpenetram a existência em sua totalidade.
Esquematicamente, podem ser vistos como "a Escada de Jacó", em que a Árvore
de cada mundo cresce a partir da estrutura do anterior, de tal maneira que a
Vontade de Deus, e o fluxo que conecta tudo o que existe, está presente em
tudo o que é manifesto. Em cada um dos casos, o Fundamento (Yesod) do
mundo Superior serve de base ao Mundo inferior como seu DAAT. Note-se que
neste esquema particular a sequência das Sefirot também se desenvolve ao
longo do eixo, de tal forma que o raio flamejante ou Kav da Divina Vontade
atravessa todos os Mundos.

Os Quatro Mundos foram visualizados de muitas formas diferentes, desde as


geometrias concêntricas, até a imagem antropomórfica de Adão, ou como uma
sucessão de Vestíbulos ou colinas Santas de jardins. Contudo, deve-se recordar
que nenhuma imagem pode captar a realidade, da mesma forma que nenhum
retrato, por mais profundo ou genial que seja, pode captar mais de um aspecto
de uma pessoa. Em relação aos habitantes dos Mundos, os Tachutonim, os que
"moram aqui em baixo" em Asiyyah ou a esfera natural, pouco há a dizer; vemo-
los ao nosso redor, enquanto estamos em grande parte inconscientes de nossa
própria participação dos Mundos superiores. Quanto aos Elyonim, os que
"moram em cima", não são perceptíveis através dos sentidos ordinários; mas é
lógico supor que alguma vez se tenha experimentado uma intervenção
sobrenatural - que os Mundos superiores estão povoados de moradores
confinados a outras realidades. Estas criaturas se visualizam no esquema
cabalístico como anjos e arcanjos, ou como "peixes" e como "aves" (Génesis,
1:26), que nadam nas águas do Mundo Yezirático da Formação e voam no ar do
Mundo Beriático da Criação. Tais criaturas desempenham seu papel no grande
desígnio da existência. Embora possamos não perceber diretamente suas
operações cósmicas, estas, por certo, nos afetam, da mesma forma que os
ritmos naturais, os ciclos planetários e as varições estelares afetam as condições
terrestres para criar as mudanças climáticas, as épocas da história externa e os
períodos de espiritualidade humana e progressos internos.

Para completar a visão cósmica, existe na cabala um conceito conhecido como


Kelippot ou o Mundo das Conchas. É o reconhecimento das forças demoníacas ou
destrutivas presentes no universo criado. Segundo a tradição, os restos dos
Mundos anteriores desprezados pelo Criador ainda existem. Sua tarefa, tanto a
nível macrocósmico, como microcósmico, consiste em intervir para por à prova
sua bondade e comprovar sua solidez. Estas forças demoníacas parecem ser
maléficas, mas como pode se observar no Livro de Jó, Satã, o tentador, é um dos
Filhos de Deus. É enquanto "funcionários cósmicos" que as forças do Caos
tentam desequilibrar a balança do universo ao nível de um dos três Mundos
inferiores, e desfazer o que foi completado. Estas criaturas demoníacas, ou
Sheddim, constituem uma formidável oposição à humanidade, que é
particularmente sensível à sua influência. Sua razão de ser está em que Adão,
enquanto imagem de Deus, possui livre arbítrio e livre escolha. Manifesta o
resultado do bem e do mal, junto com todos os demais privilégios e deveres do
ser humano.

O Surgimento de Yetzirah - Os Anjos Yetziráticos

segunda-feira, 2 de agosto de 2010 15:47

No segundo capítulo do Gênesis, todo o processo parece se repetir; alguns


estudiosos o consideram como uma figura literária, mas para os cabalistas é
evidente que não é assim, porque muda uma palavra crucial. O versículo 1:27
diz: "E Deus criou o homem", Vayivra ELOHIM et ha Adam. Isto é, ELOHIM criou
Adão. O 2:27 diz: YHVH ELOHIM vayit-zer et ha Adam, "e Deus nosso senhor
formou o homem". Entre as palavras "criou" e "formou" há literalmente um
mundo de diferença, pois este segundo capítulo se refere a outra Árvore
Sefirótica mais elaborada, que costuma se denominar Olam ha Yezirah, o Mundo
da Formação. Este Mundo possui a qualidade dos fenômenos em perpétua
transformação, pois recebe de cima a influência da dinâmica da Criação e da
Divina Vontade. Pode se comparar à fase do desenho, em que uma idéia, que o
arquiteto decidiu (Azilut) e definiu criativamente (Beriah), adquire forma
detalhada antes de sua construção. Yezirah é uma esfera de diferenciação e
complexidade; é o nível em que, por exemplo, o espírito Beriático do cavalo ou
do cão, que são criaturas com sua origem no Mundo da Criação, experimenta
modificações sem fim para adquirir tipos e formas particulares. O Mundo de
Yezirah era o Jardim do Éden, em que o ser andrógino criado em Beriah (Gênesis,
1:27) se separou em Adão e Eva, os dois reflexos, macho e fêmea, claramente
diferenciados dos Pilares externos.

A origem da finalidade Cósmica do Céu está em Azilut, a imagem perfeita da


semelhança de Deus. Beriah, emergindo dessa perfeição, satisfaz a Vontade do
Ein Sof de criar uma referência cósmica em desdobramento na qual cada
criatura tem uma razão específica de existir. Tudo tem o seu lugar, seja a
vastidão do espaço celestial ou os mais íntimos impulsos e partículas da energia
e da matéria terrestres, seja o espírito do micróbio ou a essência arcangélica do
maior dinossauro. Tudo, além do mais, tem sua época específica para nascer e
morrer. Algumas criaturas se manifestarão nos Mundos inferiores por milhões de
anos; outras vão e vêm em uma breve série de milénios. Algumas criaturas
viverão um longo tempo de vida individual, outras apenas umas poucas horas.
Tudo é determinado em Beriah. As plantas, os animais e os ho¬mens têm suas
estações, como também os planetas, os sóis e as galáxias, todos
intrincadamente interconectados uns aos outros, os maiores contendo os
menores, cada parte influenciando o todo em uma ecologia celestial. Todo esse
movimento integrado é criado e supervisionado pelo Céu; cada parte da
supervisão e do equilíbrio do sistema cósmico é programada para relacionar um
nível ao próximo, acima e abaixo, dentro e fora, à medida que passam através
do Tempo em direção ao completo florescimento e retorno. Contudo, nada disso
acontece sem haver uma mudança de forma; e isso não pode ocorrer no Céu,
porque no Mundo da Criação existem somente as essências. Assim, em Beriah,
embora o destino de cada criatura esteja determinado, não pode, de fato, passar
por seus estágios, não pode crescer e manifestar-se nos diferentes estados de
sua existência. Por isso, um novo Mundo deve ser trazido à existência,
permitindo a consumação da criatura e seu destino, de outro modo a Criação
permaneceria sem um sinal de mudança, sem uma sugestão de
desenvolvimento ou de vida.

"E nenhum arbusto do campo existia ainda sobre a terra, nem brotara ainda erva
alguma do campo, porque Yahveh-Elohim ainda não fizera cair chuva sobre a
terra." Com esta estranha declaração após o capítulo de abertura acerca da
Criação, o Gênesis continua em seu segundo capítulo parecendo repetir alguns
processos do primeiro. Para os eruditos de mente literal, a repetição é o
comentário de uma escola de escribas Bíblicos dos últimos dias, mas para o
kabbalista é o Mundo de Yezirah — ou Formação — emergindo de Beriah. A
chave é a palavra 'chuva', isto é, 'água', o elemento simbólico do Mundo da
Formação. Isso é confirmado mais adiante pelo sexto versículo do segundo
capítulo, sobre uma névoa subindo da terra e irrigando Kol penai ha'damah,
"toda a superfície do solo". Aqui os pilares Ativo e Passivo estabelecidos por
Yahveh-Elohim causam uma descida do Mundo acima pela chuva que cai e a
ascensão de uma névoa do solo, isto é, do Malkhut do agora emergente Mundo
de Yezirah. Isso está contido na expressão "toda a superfície", significando a
parte inferior da Árvore Yezirática, pois será lembrado já estar em existência a
estrutura para a Face superior de Yezirah, como o aspecto que reveste a Face
inferior Beriática.
A Árvore Yezirática completa chega à existência como uma entidade operante
quando Vayitzer Yaliveh-Elohim et Ha'adam afar min ha'adamah, isto é, "Yahveh-
Elohim formou o homem da poeira do chão". Aqui a palavra significativa é yitzer,
ou 'formou'. Á palavra adamah é empregada para 'solo', indicando não ser Adão
um espírito, mas uma criatura manifesta em um Mundo inferior e
completamente diferente. Conclui-se o sétimo versículo com a importante
declaração de que Yahveh-Elohim insuflou nas narinas de Adão o Nishnmat
Hayïm, o Sopro da Vida, e o homem foi transformado lenefesh hyah, 'num ser
vivo'. Essa mudança de sopro — ou Espírito — em alma é vital na composição
de Adão, pois indica dois níveis distintos além do modelo original de perfeição do
Adão Kadmon de Azilut.

A história do Mundo de Yezirah continua no relato de como Yahveh-Elohim


plantou um jardim, o Gan Éden em hebraico, e colocou nele ha'adam asher
yatzer, 'o homem que Ele tinha plasmado'. O segundo capítulo segue adiante
para descrever como Yahveh-Elohim fez (indicando estar o nível Asiyyático do
Mundo da Formação ora em funcionamento) as Árvores crescerem do solo. O
tempo assume agora uma nova dimensão. É possível observar as coisas
transformando suas formas. O lado da Formação é expresso adiante em
sutilezas no comentário kol etz nehmad lemar'eh, isto é, "todas as Árvores eram
atraentes à vista". Suas formas eram atraentes. Além disso, seu fruto era bom
como alimento. Esse é um distanciamento maior do Mundo da Criação, porque o
sustento não era necessário às criaturas espirituais, que não tinham problema
em manter estabilidade dentro de uma forma ern mutação. (Diz a Tradição que
os Arcanjos se alimentam da luz de Azilut.) O versículo termina com a
enigmática declaração de que a Árvore da Vida estava no meio do Jardim. O
texto, contudo, não diz que a Árvore do Conhecimento também estava no meio
do Éden; diz apenas que estava ali. Alguns kabbalistas explicam isso (e eles
consideram cada palavra das escrituras e sua colocação com o maior cuidado)
dizendo que a Árvore da Vida representa a presença de Azilut na coluna central
da Árvore Yezirática, e a Árvore do Conhecimento representa a presença de
Beriah em Yezirah. O significado dessas presenças dos Mundos superiores nos
inferiores vem depois, na queda de Adão e Eva.

A partir desse segundo capítulo e terceiro estágio de manifestação, os


kabbalistas no decorrer dos milênios desenvolveram o Jardim do Éden em um
Mundo de grande complexidade. O primeiro elemento comum em todas as
tradições a respeito do Mundo da Formação é que ele é rico em imagens e
simbolismo. Não é surpreendente, no sentido de sua energia, matéria e
consciência Yeziráticas se ocuparem das miríades de Formações assumidas pela
Criação, à medida que esta segue adiante para manifestar os princípios
Azilúticos. Isso cria um Mundo no qual as coisas continuamente cristalizam-se e
dissolvem-se, complicam-se e simplificam-se, formando o fluxo e refluxo no
elemento aquoso celestial no qual este Mundo está simbolicamente fundido.
Construído no mesmo modelo Sefirótico de Azilut e Beriah, o Mundo de Yezirah
tem também a ampla divisão das duas Faces. Estas são chamadas de Édens
superior e inferior. O superior é a parte Yezirática da Face inferior Beriática e,
portanto, é o aspecto Edênico Misericordioso da Severidade do Céu. Isso mostra
como as leis dos dois Mundos coincidem e, mesmo assim, permanecem
separadas em suas respectivas Faces. O Éden superior é o lugar onde as
criaturas Yeziráticas entram em contato direto com os Arcanjos do Céu Inferior.
Aqui a Fundação Yesódica da Criação transforma e concede a imagem do
Conhecimento através do Daat de Yezirah, e assim o Céu informa, instrui e
supervisiona de forma inteligível os seres do Paraíso. Nota-se também que o
Keter de Yetzirah é também o Malkhut de Azilut, o lugar do Shekhinah — ou
Presença Divina — chamado pelo Nome Divino Adonai - Meu Senhor. Aqui esse
mesmo Sefirah também é lugar do Grande Arcanjo Miguel, que como Tiferet do
Mundo do Espírito Puro é também o Chefe — ou Keter — do Mundo dos seres
angélicos que habitam Yezirah.

Os Anjos são inteligências menores, mas ainda assim sutis, que operam e
mantêm o Paraíso. Destituídos, do mesmo modo que os Arcanjos Beriáticos, de
vontade individual ou de sua escolha, estão divididos ern diversas categorias,
dos pilares, dos Sefirot e das tríades e níveis dentro da Arvore Yezirãtica. Através
dos séculos, profundos estudos sobre esses seres Yeziráticos vêm sendo
compilados. Na verdade, existem muitas angelogias, às vezes empregando o
mesmo nome para funções diferentes. Isso acontece por um erro na
compreensão tanto das palavras hebraicas quanto dos princípios angélicos, não
se mencionando a corrupção por pura ignorância daquilo que está sendo exposto
nos textos kabbalísticos. O princípio geral governando os Anjos e seus nomes é
simples. A primeira parte de um título angélico é a sua função, e a segunda, o
Nome Divino sob Cuja Vontade o Anjo trabalha. Assim, Barak — que significa
relâmpago — unido a EL — um dos Nomes Divinos — torna-se Barakel. É
também assim como Raamiel, o Anjo das tempestades, e Kakhael, o Anjo das
estrelas, e Shalgiel, o Anjo da neve. Na verdade, reza a tradição que cada Anjo
traz uma placa no peito descrevendo a sua função. O mesmo princípio dos
nomes se aplica aos Arcanjos, mas a sua função é de diferente categoria, em
especial aqueles situados no pilar do meio.

De acordo com o mito bíblico, diz-se que os Anjos têm origem no suor ígneo das
Sagradas Criaturas Vivas — os Haiot Hakodesh, que carregam a Carruagem e o
Trono do Céu. Essa imagem vem da visão de Ezequiel do Touro, Leão, Águia e
Homem, kabbalisticamente colocados no Keter de Yezirah. Essa é a posição de
Miguel, e também do Messias — o Homem Consagrado representando Deus na
carne, na Coroa do Mundo da Formação. Nesse lugar, onde os três Mundos
superiores se encontram, o Malkhut Azilútico alicerça o Tiferet de Beriah, o qual
alicerça o Keter de Yetzirah. De tal combinação, os Anjos emergem do Fogo da
Emanação e do Ar cósmico da Criação para se tornarem seres capazes de
assumir qualquer forma exigida a fim de desempenhar suas tarefas em Yezirah,
ou para influenciar, através da Face inferior Yetzirática, a Face superior do
Mundo de Asiyyah quando este vier a existir.

A fim de ilustrar a qualidade Yezirática dos Anjos, um relato (Daniel) descreve


um Anjo como um ser vestido de linho, tendo os quadris cingidos pelo fino ouro
de Uphaz. Seu corpo era como o berilo e sua face corno o relâmpago, seus olhos
de fogo e braços e pés de cobre polido. Sua voz era como a voz de uma multidão
que, de acordo com outra fonte, nenhum homem natural é capaz de ouvir, o que
em termos psicológicos é totalmente compreensível, pois poucas pessoas podem
enfrentar a intervenção direta dos arquétipos angélicos correspondentes em
suas psiques. Em contraste a essa exótica manifestação, os Anjos, utilizando
suas habilidades Yeziráticas, têm sido registrados aparecendo nos termos
elementais do Vento e do Fogo. Às vezes é dito também que assumem a
aparência de homens e mulheres, tolos e pessoas educadas, como também
aparições aladas de diferentes tamanhos e proporções. De acordo com o
Talmud, alguns Anjos são da altura de um terço de um Mundo, mas essa
observação, como aquela sobre o Arcanjo Sefirótico Sandalphon, cuja altura se
estende por todos os céus, é uma expressão de seus poderes mais do que suas
meras dimensões. A afirmação de que Sandalphon é um 'trajeto' de 500 anos
mais alto que qualquer de seus colegas destina-se a chamar a atenção para o
fato de ele não ser um Arcanjo funcional comum. Seu lugar no Malkhut de Beriah
e no Tiferet de Yezirah — onde está o self humano — indica, em sua conexão
direta com seu irmão Metatron na Coroa do Céu, que está sob seus cuidados
uma missão muito especial a respeito da humanidade. O folclore kabbalístico
também registra que, apesar dos vastos tamanhos e dos enormes poderes, os
Anjos não só transmitem suas mensagens assumindo uma aparência aceitável
aos homens, como muitas vezes são vistos ou ouvidos apenas pela pessoa a
quem a mensagem é dirigida. Coincidindo Yetzirah com o corpo psicológico do
homem, isso é totalmente possível, como qualquer pessoa envolvida no trabalho
religioso ou criativo confirmará. As visões e a inspiração, mesmo se não origina
das em Yetzirah, devem ser emitidas em formas Yetziráticas antes que possam
ser vistas pelos olhos da mente.

Os Haiot Hakodesh — as Sagradas Criaturas Vivas —, além de carregar o Trono


Celestial e a Coroa de Yezirah, representam os quatro níveis inerentes ao Mundo
da Formação. O Homem é o símbolo do nível Azilútico, sua imagem ecoando o
Divino Adào Kadmon; a Águia representa o nível da Criação Yetzirática, ou o
aspecto aéreo do mundo angélico; o Leão define a esfera Yezirática aquática de
Yetzirah; e o Touro, uma imagem antiga para a terra, relata a substância e a
zona de ação do Mundo. Vistos em uma hierarquia, cada Criatura Sagrada é o
representante e a raiz das quatro camadas operando desde o topo até a base do
Mundo Yetzirático. Do suor das quatro Criaturas Sagradas, milhares de Anjos são
gerados: alguns, como diz a tradição, tornam-se Anjos do ministério, e outros,
Anjos de louvor.

As classes angélicas estão divididas de acordo com as leis da Arvore Yezirática.


Os Anjos de ministério ou função trabalham nos pilares esquerdo e direito da
Formação Ativa e Passiva; os que se ocupam do louvor habitam o pilar central.
As Hostes angélicas estão também divididas em nove classes Sefiróticas, abaixo
dos Haiot Hakodesh. Existem vários arranjos de nomes a serem encontrados,
mas todos correspondem à função Sefirótica para a qual foram designados.
Assim, os Orfanim e os Arelim, no esquema empregado neste livro, possuem as
qualidades do Hokhmah e do Binah Yetziráticos, enquanto os Hasheralim e os
Serafim assumem as funções do Hesed e do Gevurah Yetziráticos. Em termos
práticos, isso quer dizer que na manifestação terrena, por exemplo, a tendência
de uma nação será expansiva se em sua psicologia os Hasheralim forem
predominantes, e que passará por um severo período de puritanismo se os
Serafim estiverem ascendentes. Diz- se que alguns Anjos são criados para durar
muito tempo e outros, para apenas um breve ciclo. Isso assume um significado
em relação às Faces superior e inferior de Yetzirah. As três classes divinas de
Anjos têm um contato íntimo com suas contrapartes Sefiróticas do Mundo
Beriático: os Haíot Hakodesh e os Orfanim e Arelim possuem um papel espiritual
ou cósmico. As classes angélicas abaixo desempenham suas tarefas em uma
condição mais ou menos efêmera. Isso pode ser observado em especial nos
Anjos ocupados da Face inferior de Yezirah, que têm uma relação de trabalho
próxima com a Face superior de Asiyyah. Nesse nível, as coisas, as situações e
os seres transformam-se com muita rapidez; a ascensão e queda dos oceanos e
das montanhas é um rápido espetáculo para a Face superior de Yezirah, que é a
Face inferior da ordem cósmica Beriática, e os destinos das nações são até
mesmo menos duradouros. No caso das gerações da humanidade, ou da duração
de uma vida humana, a velocidade com que as coisas mudam de forma pode
apenas ser percebida pelos seres angélicos, os quais, eles mesmos, não passam
de veículos em eterna mutação e mensageiros sob a vasta supervisão cósmica
do Céu. E ainda assim, no caso da humanidade terrena, há algo de diferente. No
ser humano individual há algo inerente que é eterno, que em verdade pode se
elevar acima dos Anjos e mesmo dos grandes Espíritos de Beriah e, desse modo,
relacionar-se com Adão Kadmon e mais para além — com o Absoluto. Por esse
motivo, diz-se que os Anjos e Arcanjos estão levemente enciumados da
humanidade, pois podem distinguir Deus com intimidade porque, como seres,
são incompletos e fixos, cada um estando limitado ao seu próprio lugar. Apenas
Adão e Eva têm escolha, e essa dádiva do livre-arbítrio é a inveja dos Elyonim, os
que habitam acima.

Nesse ponto da discussão é relevante mencionar o Mundo Demoníaco de


Yezirah. Do mesmo modo que Beriah, o Mundo da Formação contém os
remanescentes dos Mundos antigos à esquerda e à direita de sua Árvore. Esses
seres do caos, como os Arquidemônios no nível da Criação, buscam desmembrar
ou sugar enegia e matéria do nível Yetzirático da realidade. Embora seus nomes
(e há toda uma Árvore de Anjos Demoníacos, como há para Beriah) pareçam
estranhos para nós, seu efeito e trabalho não o são, como é testemunhado na
Forma e Força Yetzirática se manifestando externamente na guerra e
internamente na loucura. Essas criaturas do mal, novamente como seus colegas
superiores Beriáticos, são as que tentam e testam, e que removem as Forças e
as Formas decadentes, das quais se alimentam. Embora tenham apenas um
fragmento de consciência separada, operam de modo totalmente mecânico. Em
termos simbólicos, servem e trabalham os sete níveis do Purgatório, que
correspondem, como o lado escuro, aos sete níveis do Paraíso a serem
encontrados em Yezirah.

À medida que a extensiva Árvore se afasta mais e mais do Absoluto e da


simplicidade do primeiro Mundo perfeito, assim, a complexidade aumenta,
enquanto cada Mundo assume as Leis de sua própria realidade e mais as que o
governam de cima. Esse entrelaçamento mais estreito e mais próximo da Força,
da Forma e da consciência está expresso em uma Face inferior mais densa de
cada Mundo mais inferior. Esta é, outra vez, a razão pela qual a Face inferior é
chamada de Julgamento ou Rigor. Em termos angélicos, o número multiplicado
de leis é observado em vastas concentrações de funções angélicas. Enquanto
em Beriah só é necessário um grupo relativamente pequeno de Espíritos
Criativos —ou Arcanjos —para realizar algo, exércitos inteiros de Anjos são
necessários em Yetzirah a fim de desenvolver algum processo. Por exemplo, a
tríade divina de Yezirah é o lugar em Beriah onde as luzes celestiais foram
criadas no quarto Dia da Criação. De acordo com a tradição, foi aqui que o
Zodíaco das estrelas, dos corpos luminosos e dos planetas foi feito para vir a
existir. No nível Yezirático desta Hoste Celestial, a cada Signo do Zodíaco foram
designados 30 exércitos de Anjos menores, um para cada grau do Signo, e cada
exército tern 30 acampamentos, um para cada um dos 30 minutos duplos de um
grau. Além disso, havia em cada acampamento 30 legiões de sub-Anjos, um para
cada duplo segundo de um minuto, e 30 cortes, com 30 companhias de Anjos
dentro de cada corte, a fim de manter os arcos e as divisões menores do
esquema celestial. Ora, embora a mente moderna possa achar isso bastante
arcaico e até mesmo divertido, deve ser lembrado que a ciência contemporânea
aplica uma complexidade matemática cada vez maior, indo a muito mais dígitos
quando lidando com problemas tolalmente comuns, desde a física nuclear até a
estatística econômica. A mensagem aqui é que as leis da Face inferior do Mundo
da Formação tornam-se imensamente complicadas. Quando se vê que essa Face
corresponde à Face superior do Mundo natural de Asiyyah, os números
envolvidos e sua divisão determinada parecerão relativamente simples em
relação às leis ainda mais complicadas governando o plano Asiyyático inferior,
fora e abaixo da Face inferior do Éden. Ao considerar as operações dentro dos
níveis atômico, molecular, celular, físico, psicológico e espiritual de um ser
humano, essa perspectiva se tornará clara.
O Surgimento de Beriah - Os Arcanjos

sábado, 24 de julho de 2010 19:54

O segundo Dia, a tríade azilútica de Nezah, Hod e Malkhut se converte na tríade


superior da Árvore de Beriah: a Sabedoria Criativa, o Entendimento e a Beleza,
Hokhmah, Binah e Tiferet. No Génesis se denomina este processo de divisão das
águas que estavam sobre o firmamento e das águas que estavam sob o
firmamento, isto é a separação do Divino daquilo que se chamaria um Mundo
separado. Os cinco Dias seguintes são o desenvolvimento passo a passo da
Árvore da Criação, cada nível exatamente relacionado com um grupo de Sefirot,
até que no último Dia o Criador descansa na Sefirah Beriática inferior, a do Reino
(Malkhut), completando assim o Trabalho, que "era muito bom". Este comentário
não é apenas auto-satisfação: alude às diferentes tentativas prévias de fabricar
um universo equilibrado em relação àqueles a que se refere a tradição esotérica
judaica. Os cabalistas chamam-nos os "Reis de Edom", que reinaram, segundo a
Bíblia, "antes de que houvesse reis em Israel". A razão de seu fracaso, nos diz,
foi o excesso de um Pilar ou de uma Sefirah. A Criação no Génesis era
equilibrada e, portanto, "boa".

Os 7 Dias da Criação

segunda-feira, 26 de julho de 2010 21:04

Diz a lenda judaica que logo antes do início da Criação, as 22 letras do alfabeto
hebraico gravadas na Coroa do Criador desceram e se colocaram ao redor de
seu Senhor, cada qual suplicando a Deus a criação de um Mundo através dela.
Todas, exceto as duas últimas letras, Bet e Alef, foram dispensadas porque já
possuíam funções a desempenhar. Finalmente, foi dada a Bet a tarefa de trazer
o Cosmo à existência, e assim a abertura do Gênesis se dá com as palavras
hebraicas Berashit bara, literalmente "No princípio Ele criou". Alef, diz-se, porque
não reclamara o primeiro lugar, foi premiada com o papel principal nos Dez
Mandamentos; porém, através de uma visão kabbalística, o motivo real é
provavelmente porque a letra Alef é a primeira na palavra Azilut. Já havia sido
honrada sendo a primeira letra no Mundo da Emanação Divina, bem como no
alfabeto.

Essa lenda popular data, pelo menos, do exílio babilónico; e apesar de seu
encanto aparentemente infantil, há diversos conceitos metafísicos importantes
nela ocultos. O primeiro é que as letras se originaram da Coroa do Criador, isto
é, do Keter de Beriah, onde a lenda conta em detalhes precisos que elas foram
gravadas com uma caneta de fogo. Isso quer dizer que elas foram colocadas ali
por um processo Azilútico. "O Santo, abençoado seja Ele, escolheu a letra Bet
para começar a Criação", continua a estória. Isso indica claramente estarmos
ouvindo falar do Tiferet de Azilut, o qual, é claro, está na mesma posição
Sefirótíca que o Keter de Beriah. Considerando a importância dos Nomes Divinos,
quem inventou a estórïa para transmissão pública, seja lá quem for, o fez corn
tanta atenção ao detalhe metafísico quanto as pessoas que inventaram as
fábulas esotéricas de Aladim e Cinderela. O segundo ponto dessa pequena
estória é que corrobora o fato de Azilut — ou Emanação — já existir antes de a
Criação começar, e de as 22 letras, as quais kabbalisricamente estão
relacionadas aos 22 caminhos entre os Sefirot, já estarem bem estabelecidas
como parte da Existência Manifesta. Isso é confirmado mais adiante pelo mito
kabbalístico do Torah — ou o Ensinamento —já existir antes da Criação. Quando
as letras "desceram da Grande Coroa do Criador", Azilut estava pronto para
começar o impulso Criativo. Isso é claramente observado na progressão
Sefirótica seguinte dos Sete Dias da Criação, assim disposto no esquema da
árvore da vida:

O PRIMEIRO DIA

Na abertura do Gênesis está a declaração Bereshit bara Elohim et hashamayin


Vaet ha-aretz, traduzido como: "No princípio Ele — os Nomes Divinos — criou o
Céu e a Terra". Isso quer dizer que no começo do Mundo da Criação os atributos
Azilúticos de Deus criaram o primeiro e o último Dó da Oitava Beriática, isto é, o
Keter e o Malkhut da Árvore Beriática. Contudo, a próxima frase continua, Ve-
aretz hayeta toliu vavohu: "A terra, porém, estava informe e vazia", ou, como
revela outra tradição, "era uma desolação e um deserto e as trevas pairavam
sobre a face do Oculto". Em hebraico, 'o Oculto' é chamado de Abismo. Tudo isso
expõe o fato de que os dois pólos da Grande Oitava de Beriah haviam sido
emitidos, mas não havia entre eles uma manifestação ordenada; apenas as
trevas estavam sobre a face do Abismo, isto é, o não-Sefirah de Daat da ainda
não realizada Face superior de Beriah. A Face inferior superimposta de Azilut é
precisamente definida pela próxima frase, Ve-Ruah Elohim...: "E o Espírito (ou
Vento) dos Elohim pairava por sobre a Face das Águas". Em Azilut, o nível aéreo
— ou Beriátíco — se moveu sobre o nível aquoso — ou Yezirático — do Mundo
Eterno.

A Criação propriamente dita começou quando os Elohim disseram "Haja luz" e


dividiram a luz das trevas e chamaram isso Dia e Noite. Kabbalisticarnente, é
para criar o Hokhmah e o Binah de Beriah, sendo o Dia o pilar ativo da Força e a
Noite, o pilar passivo da Forma. Assim, com a primeira noite e a manhã
seguinte, isto é, o declínio do impulso inicial e a ascensão do próximo, o primeiro
Dia da Criação estava completo e ativamente pronto para o segundo.
Nesse ponto, é bom indicar que há pelo menos três maneiras kabbalísticas de
observar os sete Dias da Criação. Muitos kabbalistas vêem os sete Sefirot mais
inferiores da Árvore Beriática como os Dias, o primeiro em Hesed e o último —O
Dia do Sabbath do Descanso — em Malkhut. Esses são conhecidos como os Sete
Sefirot de Construção, a tríade divina e também Daat sendo de uma ordem
superior. Outra escola vê os seis Sefirot exteriores como os Dias nos pilares
Funcionais, o sétimo Dia sendo o pilar mediano da Santidade, ou a Vontade de
Deus se dirigindo ao centro, enquanto o Relâmpago ziguezagueia através da
Criação. O último sistema, é a visão das tríades centrais serem os seis Dias.
Esse método será exposto aqui. Todas as abordagens são completarnente
válidas, dependendo de como se vê a Criação.

O SEGUNDO DIA

No segundo Dia, Vayomer Elohim, os Elohim disseram: "Haja um firmamento no


meio das águas, para separar umas das outras. E os Elohim fizeram o
firmamento que separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas
que estavam por cima do firmamento". Visto em termos das Árvores de Azilut e
de Beriah, aqui está uma clara separação entre os dois Mundos. O firmamento é
a tríade Beriática Hokhmah-Binah-Tiferet, e a ação dos Elohim falando do
firmamento, e então fazendo-o, indica uma distinta mudança de níveis na Árvore
Azilútica, cuja Face inferior está agora dividida da Face superior de Beriah já
completa. E os Elohim chamaram o firmamento de Céu, um dos nomes para
Beriah. Assim terminou o segundo Dia.

Vale a pena recordar que o nome hebraico para Céu é shemayin, cuja raiz é
composta de duas palavras para fogo e água. Por sua vez, isso se reporta a uma
versão talmúdica da Criação, a qual diz que Deus fez duas espirais, uma de fogo
e uma de neve e as entrelaçou para fazer o Universo. Aqui está outra alegoria
descrevendo os dois pilares externos da Força e da Forma unidos na Vontade do
Criador. O Céu criado é o Mundo do Espírito Puro, separado um grau da
Divindade de Azilut.

Antes de seguirmos para o terceiro Dia, veremos que os Elohim envolvidos na


Criação de Beriah são os Yahveh-Elohim do Tiferet Azilútico, algumas vezes
chamados de Criador, as duas Hostes Divinas de Hod e Nezah ao pé dos pilares
esquerdo e direito, o Todo-Poderoso Deus Vivo do Yesod Azilútico e o Senhor de
Malkhut, conhecido como o Shekhinah — ou Presença. Todos esses Sefirot
inferiores de Azilut alicerçam os Sefirot superiores de Beriah, e todos, exceto o
Daat Beriático, operam através dos espíritos puros dos Arcanjos emanando das
Hostes de Ynhveh e dos Elohim. Assim, começaram a existir as inteligências
separadas que deveriam habitar o Céu e os Mundos subsequentes.

O TERCEIRO DIA

No terceiro Dia da Criação, os Elohim uniram, "as águas que estavam debaixo do
Céu", isto é, sob a tríade Hokhmah-Binah-Tiferet, em um único lugar, definido
pela tríade Hesed-Tiferet-Gevurah, e apareceu o elemento seco. Ora, se
olharmos para essa tríade específica na Árvore Beriática, veremos que ela está
completamente separada das Faces superior e inferior. É, de fato, como uma ilha
entre o Mundo superior de Azilut e o ainda não formado Mundo de Yetzirah. O
Gênesis continua e diz que os Elohim chamaram o elemento seco de Terra; isto
é, kabbalisticamente havia uma raiz no Malkhut de Azilut, que é o Tiferet
simultâneo de Beriah. Nesse lugar encontram-se os três Mundos superiores de
Azilut, Beriah e Yezirah. Isso está definido nos três níveis de Céu, elemento seco
e mares mencionados em Gênesis 1,9-10. A Terra ali falada não é nossa Terra,
que ainda nào existe, mas uma Terra divina, criadora das ervas e das Árvores
que darão fruto e semente de acordo com a própria espécie. Iniciam-se aqui as
gerações contínuas que se propagarão até a conclusão do Shemittah Cósmico.
Com isso, termina o trabalho do terceiro Dia.

O QUARTO DIA

No quarto Dia, definido pela tríade Nezah-Tiferet-Hod, os Elohim criaram as luzes


celestiais que atuam como sinais e medem os dias e as estações. Essas funções
estão de total acordo com as qualidades Sefiróticas de Nezah e Hod, cuja eterna
repetição e cujo espectro total de reverberação e ritmos se relacionam
diretamente aos padrões cíclicos do sol, lua, planetas e estrelas e sua influência
sobre os Mundos inferiores. Novamente, a diferenciação entre as luzes maiores e
menores mencionada no versículo 16 faz ecoar os dois pilares funcionais ativo e
passivo e o surgimento e desaparecimento dos ritmos celestiais. Essas leis
cósmicas iriam governar as vidas das criaturas criadas no próximo Dia.
O QUINTO DIA

No quinto Dia da Criação, os Elohim disseram: "Pululem as águas


abundantemente trazendo Nefesh Hayah [ot], seres animados, voem as aves por
sobre a Terra, debaixo do firmamento do QV. Assim, as primeiras criaturas
vieram a existir da tríade Hod-Netzaah-Yesod, as aladas para alcançar a parte
superior da Árvore de Beriah, e as das águas para nadar abaixo no que,
eventualmente, se tornaria o Mundo aquático de Yezirah. As criaturas aladas,
diz-se, eram os Arcanjos que habitam o Ar da Criação, enquanto as nadadoras
erarn os anjos que vivem no plano aquático da Formação. Todas as criaturas, os
Elohim então instruíram, deveriam multiplicar-se e encher os Mundos.

O SEXTO DIA

No sexto Dia, os Elohim criaram as criaturas vivas da Terra: animais domésticos,


animais rasteiros e animais selvagens. Aqui, outra vez, existem três tipos de
seres, alguns para viver acima, outros para habitar abaixo e alguns para se
moverem no meío. Todas essas criaturas ainda estão nesse mesmo estágio de
inteligência espiritual, pois ainda não há níveis inferiores para encontrar seu
lugar e manifestar-se. Isso se apoia no fato de, nesse mesmo Dia — neste caso
definido pelo Sefirah Yesod —, ter sido feito o primeiro homem Beriático.

O Yesod Beriático é a Fundação da Criação. É o lugar onde se forma a imagem


do resultado de tudo acontecido acima. Assim, os Elohim dizem Na'aseh Adam
betzalmenu: "Façamos (note o NÓS plural) o homem à nossa imagem, como
nossa semelhança", para dominar todas as criaturas criadas. E os Elohim criaram
o homem Betzelem Elohim - à imagem dos Elohim. E aqui vem a linha decisiva,
Zakhar oonekeva bara otarn: "homem e mulher ele os criou. E os Elohim os
abençoaram e lhes disseram para serem fecundos e multiplicarem-se, encherem
a Terra e a dominarem".

Aqui, a imagem de Adão assume uma dimensão diferente das criaturas


anteriores criadas no sexto dia. Adão, "a imagem dos Elohim", é ambos, homem
e mulher; isto é, Adão está em contato dire-o com os dois pilares externos e,
assim, se expande para além de Yesod, na grande tríade Beriática de Hod-
Nezah-Malkhut, enquanto está focalizado no Yesod no centro desta tríade. A
Adão, ou aos 'eles' criados é dito, então, que se multiplique e que domine todas
as outras criaturas vivas, desde Malkhut — ou da Terra de Beriah para cirna, até
a tríade de Hesed-Gevurah-Tiferet —, onde podem encontrar seu alimento nas
ervas e Árvores, e seu fruto e semente. Assim estava feita uma criatura que era
como os Elohim, porém confinada às partes inferiores da Criação. Dessa
maneira, os Elohim podiam deixar um guardião espiritual para zelar sobre Beriah
enquanto se retiravam para o Mundo Divino de Azilut.

O SÉTIMO DIA

No sétimo Dia "os Céus e a Terra foram concluídos e todas as suas hostes". Os
Elohim descansaram do Trabalho feito e abençoaram o sétimo Dia — do Malkhut
da Criação —, pois o impulso iniciado no Keter de Beriah o alcançara a fim de
descansar. E os Elohim viram que todas as coisas criadas estavam bem, tudo em
equilíbrio perfeito e completo e, assim, os Elohim santificaram o sétimo Dia e o
consagraram.

A Origem da Criação na Bíblia e os nomes de Deus em Azilut

sábado, 24 de julho de 2010 20:21

A origem da concepção e da compreensão da dinâmica da relação entre um


Mundo e o seguinte reside no texto hebreu da Bíblia. O divino "chamamento pelo
Meu Nome", que é a essência de Azilut, significa que a cada Sefirah fica
vinculado um dos Nomes de Deus. Keter, a Coroa, tem o nome de EHYEH ASHER
EHYEH - EU SOU AQUELE QUE SOU: o princípio e o fim de toda a Existência. As
Sefirot da Sabedoria e do Entendimento, Hokhmah e Binah, recebem,
respectivamente, os nomes de YHVH e ELOHIM, que uma antiga crença associa
aos aspectos de Misericórdia e Justiça da Divindade. Em Tiferet, que é a união
dos cami nhos que partem destas três Sefirot. Está Deus o Criador, conhecido
pelo Nome composto de YHVHELOHIM. O resto das Sefirot têm seus próprios
nomes divinos, e alguns cabalistas entendem-nos como os ELOHIM a que se
refere coletivamente a primeira frase do Génesis, Bereshith bara ELOHIM, "No
princípio ELOHIM criou". A palavra ELOHIM é plural; assim, o processo da criação
começa quando os diferentes Atributos de Deus, encarnados nos Nomes Divinos,
manifestam a vontade de dar origem à Criação.

O Mundo perfeito e imutável que emana da Primeira Coroa é eterno. Enquanto o


que se estende além da Primeira Coroa é atemporal, o Mundo da Emanação é
temporal. Aqui está a Existência sem fim, por quanto tempo o Absoluto assim o
desejar. Se Deus revertesse a vontade de Deus de ver Deus, o Universo
desapareceria e o vazio da Existência Não Manifesta se preencheria e se
dissolveria no Tudo e no Nada outra vez, O Mundo é mantido pela Vontade e
pela Graça de Deus. Até que Deus termine o Tempo, a Árvore Emanada dos
Sefirot existirá para sempre.

A Tradição denomina o Mundo da Emanação de Mundo da Unidade. A razão disso


é que, embora exista um sistema de relatividade entre os Atributos Divinos
manifestos, eles são, de fato, expressões do Um. De Keter — a Coroa — flui tudo
o que é e, nessa emanação, coisa alguma está isolada, pois nada pode existir
por si. Apenas Deus existe em separado e em transcendência, e, desse modo,
embora seja muito precisa a diferenciação entre a Força e a Forma, entre acima
e abaixo e entre um Sefirah e outro, tudo se funde por seu próprio
relacionamento em uma Unidade de Divindade.

Keter — a Coroa — é a origem manifesta do Mundo. Como primeira


manifestação, situa-se próximo ao Absoluto, mas é separada dele. O nome
hebraico para Emanação é Azilut, cuja raiz tamém significa 'estar próximo'. Essa
é uma descrição bastante precisa de um lugar — o Mundo — que está tanto
dentro quanto fora do Tudo e Nada Absolutos.

O Mundo de Azilut é o Mundo das Luzes Divinas. É também chamado de Glória


de Deus, que permeia os Mundos inferiores da Existência como um resplendor
invisível. Essa impressão da Luz da Divindade Manifesta reaparece em todas as
tradições esotéricas e chega ao homem natural até mesmo no folclore. Dentre os
kabbalistas, Azilut é descrito de muitas maneiras.

De acordo com uma determinada formulação, Deus trouxe Azilut à existência


através de dez pronunciamentos. Essas Dez Palavras surgiram do Fogo Neutro
da Existência Não Manifesta no Fogo Branco de Azilut. As Declarações, diz-se,
tornaram-se os diversos os aspectos da Divindade no plano arquetípico da
Árvore Sefirotica, e são os Nomes pelos quais Deus é chamado. Sua disposição
assim se desenvolve:
Do Keter — o Nome Divino de Ehyeh ou Eu Sou — emana a Vontade de estar em
Existência. Compreendido no título Divino de Yahveh, cuja raiz significa 'tornar-
se', o segundo Nome Divino esttá associado a Hokhmah — ou Sabedoria —, o
Sefirah encabeçando a coluna ativa da Força. Associado a Binah no alto da
coluna passiva da Forma, o terceiro Nome Divino é Elohim, cuja tradução literal é
'muitos Deuses'. Em termos kabbalísticos, isso significa: Eu estarei manifesto
em muitos". Esse triunvirato de Ehyeh-Yahveh- Elohim constitui as Três
Grandes Cabeças da Existência. Como tal, representam a Mente Divina e o
Mundo, e a Sabedoria e a Compreensão de Deus, cujos Caminhos não são nossos
caminhos, cujos Pensamentos não são como nossos pensamentos.

Os Nomes Divinos para Hesed e Gevurah, como os próprios t:itulos Sefiróticos,


diferem dentre as escolas kabbalísticas. Todos os títulos, contudo, refletem a
Misericórdia e a Severidade da Divindade.

Neste esquema são usados os Nomes de Deus El e Yah. O primeiro, significando


simplesmente 'Deus', está no pilar ativo; o último é uma versão abreviada de
Yahveh. Esses dois Nomes são manifestações menores dos Sefirot laterais
superiores. Como tal, indicam uma 'espelhação' significante e decisiva na
pequena tríade que ambos ajudam a compor com Tiferet no centro da Árvore:
quando unidos, juntam-se no Nome Divino Composto de Yahel ou Yahoel, um dos
muitos títulos dados ao Tiferet Azilútico. O mesmo acontece quando o outro
Nome Divino Composto de Yahveh-Elohim é também observado sendo atribuído
ao Sefirah chave de Tiferet. Aqui, no lugar do Adorno, como Tiferet é às vezes
chamado, está a confluência do Mundo Azilútico superior. Alguns kahbalistas
chamam Tiferet de 'O Santo — Abençoado Seja Ele.

Os dois Sefirot funcionais inferiores são conhecidos pêlos Nomes Divinos de


Yahveh Zevaot e Elohim Zevaot, que traduzidos significam as Hostes de Yahveh
e as Hostes dos Elohim. Esses títulos múltiplos descrevem as operações
executivas das colunas da Força e da Forma. Executam as diretrizes da Divina
Misericórdia e do Divino Julgamento e os planos do Intelecto da Divindade. Como
as Hostes de Deus, implementam, através da repetição e da reverberação, todas
as coisas que são desejadas ser feitas.

El Hai Shnddai, o Nome Divino de Yesod, a Fundação do Mundo Divino de Azilut,


é traduzido como Todo-Poderoso Deus Vivo. Aqui na coluna central de equilíbrio,
a Vontade de Deus está manifesta na imagem da Divindade. Como tal, esse
título representa a aparência da Divindade, o Poder Vivo e a Glória a ser
vislumbrada pelas criaturas que atingem os níveis mais elevados da
espiritualidade.

O último Nome Divino — Adonai — significa Meu Senhor e é o título do Sefirah


inferior de Malkhut — o Reino. Reza a Tradição ser este o lugar do Shekhinah —
a Presença do Senhor. É o Deus daquelas criaturas que não podem alcançar as
partes superiores do Céu. Como Malkhut é a Presença Divina, assim o Shekhinah
tem o seu lugar, em Malkhut, em todos os Mundos inferiores como representante
da Imanência de Deus mesmo na mais densa das materialidades.

Enquanto os Nomes Divinos emanam do Eu Sou em uma progressão Sefirótica,


há, contudo, uma série secundária de Nomes Divinos no eixo central da Árvore
Azilútica: Ele para Keter, Tu para Tiferet e Eu para Malkhut. Esses epítetos
indicam que a Vontade do Absoluto tem acesso direto ao Mundo chamado nos
Dez pronunciamentos Divinos. Será observado não existir nenhum Nome Divino
para o Daat — ou Conhecimento — da Árvore Azilútica. Este não-Sefirah é o
Abismo entre as três Cabeças superiores da tríade divina e o restante da
manifestação. Penetrar além desse véu do Santo dos Santos é ver a Face de
Deus antes de transpor a Existência Manifesta.

Os Caminhos no sistema do tarô

segunda-feira, 14 de junho de 2010 20:19

As 4 leis menores - 4ª lei: Dos caminhos que ligam as sefirot entre si

domingo, 1 de agosto de 2010 08:46

O exemplo da metafísica dos sistemas de letras a ser discutido aqui baseia-se na


progressão do Relâmpago completando as tríades à medida que desce pelos
caminhos que ligam os Sefirot emergentes, permitindo que os Mundos se
desdobrem de Azilut a Asiyyah era uma sequência ordenada. Diz-se na Tradição
que há 32 caminhos, isto é, dez Sefirot e 22 letras. Juntos, eles trazem o
Universo à Existência Manifesta. Os dez Sefirot são objetivos, enquanto os
caminhos que correspondem às 22 letras são subjetivos; os primeiros são
basicamente imutáveis, e os últimos são variáveis. Desse modo há na Árvore
uma sutil e complexa interação. Por exemplo, um impulso positivo de Nezah
pode subir por qualquer um dos cinco caminhos. Suponhamos que ele desça
aquele que vai a Yesod, onde inicia um padrão de circulação totalrnente
diferente do que desce o caminho para Malkhut. No impulso Nezah-Yesod o fluxo
segue para baixo até Malkhut e depois sobe de volta a Nezah, enquanto todas as
tríades adjacentes seguem os fluxos iniciados pelo impulso original de Nezah a
Yesod. Isso afeta toda a Árvore, demonstrando claramente que nada ocorrc no
Universo sem que o todo seja afetado (ver na figura abaixo). Nisto está a base
para o debate a favor e contra as boas e más intenções e ações do homem.
Também de: monstra a premissa teórica e metafísica da Obra Kabbalístíca
influenciando os Mundos, acima e abaixo.

As letras nos caminhos, e não o significado de suas raízes, ajudam a definir as


características de cada um deles. Assim, o caminho entre Hod e Netzah, que
recebe a letra Nun, significa 'flor e deterioração'. Isto descreve graficamente a
qualidade do impulso oriundo de qualquer um ciclos dos Sefirot. Por exemplo,
qualquer dado dos sentidos como a visão ou a audição é passado de Hod a
Nezah. O som chega a Hod por Malkhut, o corpo, e o que reage a ele é Nezah,
cujo impulso faz virar a cabeça. O som então desaparece até as próximas ondas.
Se esse fenômeno de florescimento e deterioração não ocorresse, nossos olhos
veriam sempre a mesma imagem fixa do que vimos ao nascer. Mas acontece
que o processo de florescimento e deterioração (ou, neste caso, de
manifestação), o fluxo de impulsos eletrônicos pelo nervo ótico, é contínuo, de
maneira que obtemos uma imagem em movimento, cada quadro durando uma
fração de segundo. Como parte do esquema universal, o princípio designado
pela letra Nun é vital. Sem ele, nada poderia ser recebido ou concebido na
fronteira entre Asiyyah e Yezirah. No corpo, ele é a função crucial que divide os
níveis de membranas entre os órgãos e os tecidos, e na psique é o limiar do
princípio, onde o 'florescimento e deterioração' é visto como o surgimento e o
desaparecimento de pensamentos e sentimentos através da linha entre a
consciência e a inconsciência.

Outro modo de usar as letras em relação à Árvore é lê-las como tríades. Neste
caso elas formam raízes de três letras. Um exemplo é produzido pela tríade Hod-
Nezah-Yesod, cujos caminhos adjacentes e suas letras formam a raiz hebraica
'nakoof, que quer dizer 'andar em círculos'. Esta é uma descrição bem precisa
dessa tríade, como indica a observação dos devaneios e preocupações, com sua
falta de conexão com a realidade do Tiferet de dentro e a realidade do Malkhut
de baixo. Outra tríade, a de Gevurah-Tiferet-Hesed, forma a raiz de 'purificação e
limpeza'. Isso esclarece muito a natureza e a obra da tríade da Caridade na
Alma. O caminho de Malkhut a Yesod tem a letra Resh, ou seja, 'cabeça ou
início'. O caminho entre Yesod e Tiferet é chamado de 'honestidade', ou 'o
homem justo', o zadek, e encontra-se após a letra Tsade. O caminho central que
vai além de Tiferet passa pela Tríade da Purificação e cruza o caminho Gevurah-
Hesecl de Heh, que significa 'ser' e 'janela'. Este caminho vertical, o mais longo
da Árvore, recebe a letra Chet, que é a raiz das palavras 'cerca' e 'reverência'.
Ele entra e sai de Daat, o não-Sefirah do Conhecimento e do Espírito Santo, e
segue em frente até Keter, a Coroa, Fonte de Toda Existência.

Por si só, o estudo das letras e dos caminhos é um complexo exercício


metafísico. Contém camadas cada vez mais profundas no contexto da Árvore
total. Mantido no nível puramente acadêmico ele é um beco sem saída. Mais
tarde, voltaremos a esse assunto.

As 4 leis menores - 3ª lei: Em cada mundo há uma sub-árvore completa

terça-feira, 15 de junho de 2010 13:42

Ainda que perfeito, Azilut não está plenamente realizado por si mesmo: é como o
desejo de ter uma casa que foi concebida mas ainda não definida, não
desenhada na sua forma, nem construída e que, contudo, contém o gérme de
todos estes processos. Da mesma forma, estes quatro níveis inerentes a Azilut
apresentam quatro grandes etapas, cada uma das quais constitui um Mundo por
si mesma, da seguinte forma: concebida em Azilut (Fogo), a Manifestação
provoca o início (ar) do processo cósmico da Criação (Beriah em hebreu), que
pode ser entendido como uma segunda Árvore completa provinda do primeiro.
De Beriah surge um terceiro Mundo fluido de Formação (Yezirah), do qual nasce
um quarto Mundo sólido da Ação (Assyah). Cada nível tem sua própria Árvore e
cada Mundo segue em seu próprio contexto a configuração exata e a dinâmica
da Árvore de Azilut; portanto, cada um deles tem, no interior de sua própria
realidade, os mesmos quatro níveis.

As 4 leis menores - 2ª lei: As faces superior e inferior da árvore

sábado, 31 de julho de 2010 20:44

As 4 leis menores - 1ª lei: princípio das tríades que operam na árvore

segunda-feira, 14 de junho de 2010 20:11

4ª Lei: Dos elementos ( mundos )


quarta-feira, 16 de junho de 2010 09:50

Árvore da Vida, tal como assume existência pela primeira vez, constitui um
Mundo Divino de Emanação (Azilut ou Proximidade): uma configuração perfeita
dos Atributos Divinos. Toda a dinâmica e todas as leis inerentes ao Mundo de
Azilut são completas, exceto que nada tenha acontecido e nada acontecerá, a
menos que haja movimento no tempo e no espaço. Nada existe, porém, porque
Azilut ainda está no estado da Vontade pura. Poderia ter permanecido
eternamente só nesta prímeira condição se Deus não tivesse desejado o
princípio dos Dias, no início da Criação, numa sequência de grandes ciclos
cósmicos ou Eras (Shemittot) em que a presença divina se manifestaria no
espaço, desde o mais alto do firmamento até à mais minúscula das partículas, e
no tempo, desde a Eternidade, até o menor dos instantes do Agora, avançando
desde a Semana da Criação até o fim do mundo, quando tudo tenha sido
completado. Todo este imenso movimento começa em Azilut e opera segundo as
leis geradas pelas Sefirot.

Em Isaías 43:7, encontramos as palavras: "Mesmo aquele que é nomeado pelo


Meu Nome, pois eu o criei para a Minha Glória, eu o fiz: em verdade, formei-o.
Estes quatro níveis - chamar, criar, formar e fazer são constantemente
encontrados nas Escrituras e na cabala:

Os quatro níveis existem na Árvore primordial da Vida, em Azilut e


correspondem simbolicamente à raiz, ao tronco, aos ramos e ao fruto, ou às
quatro letras do "Tetragrama" ou do "muito especial Nome de Deus"- YHVH.
Também se percebem, por exemplo, nos quatro elementos familiares da Sefirah
inferior, Malkhut. Como tais, representam quatro níveis ou etapas, em que são
extraídos da fonte do Todo. O primeiro nível, associado ao fogo, mais próximo à
Coroa (Keter) é considerado símbolo da Vontade pura (o "chamamento" divino).
O segundo, associado ao ar, é o símbolo o Intelecto (a "criação divina). O terceiro
nível, associado à água, é considerado uma expressão da Emoção em suas
formas em contínua. transformação (a "formação" divina). O quarto símbolo
associado à terra, fala de Ação, a execução prática de tudo o que existiu antes (o
"fazer" divino). Cada nível contém as qualidades e atividades do que o precede,
de maneira que cada nível ulterior seja regido por mais leis, seja mais completo
e esteja mais afastado da fonte.
3ª lei: Lei da oitava musical

segunda-feira, 14 de junho de 2010 20:06

2ª lei: Lei da tríade superna ou "O Santo dos Santos"

sábado, 31 de julho de 2010 21:03

Deus é Deus. Nada existe que se possa comparar a Deus. Na cabala, o Deus
Transcedental se chama AYIN. AYIN significa em hebraico "nada", pois Deus está
além da Existência. AYIN não está abaixo nem acima; nem é movimento ou
imobilidade. AYIN não está em lugar nenhum. Deus é o Nada Absoluto.

AYIN SOF significa "Sem Fim". Este é o nome de Deus que está em toda parte.
AYIN SOF é o Um em relação ao Zero de AYIN. É a totalidade do que existe e do
que não existe. AYIN SOF é o Deus Imanente, o Todo Absoluto. AYIN SOF não tem
atributos, porque estes só podem manifestar-se no interior da existência, e a
existência, é finita.

O ZERO E O AYN

O zero ( 0 ) não tem valor, mas valoriza os números. O zero não é nada, o um
sim, mas quando o zero é colocado à sua direita eles assume um outro valor,
dez. Zero colocado entre números manifesta-se expressando valores diversos.
Assim o zero não é nada, mas ao mesmo tempo é algo que manifesta-se através
dos números. O mesmo se pode dizer do Ayn, ele por si não é algo mais
condiciona tudo aquilo em que se manifesta de alguma forma.

Assim, a partir do Uno expressado na Primeira Coroa, a Unidade Manifesta


Perfeita divide-se em duas, sendo o segundo estágio uma manifestação ativa.
Em seguida foi então completado pelo seu oposto passivo, de modo que três
Sefirot vieram à existência saídos do local de equilíbrio. Além disso a relação dos
três não era perfeita, pois a Vontade Divina , havia criado uma tensão entre eles.
Mesmo assim, em termos de uma existência agora relativa eles estavam em
equilíbrio funcional, embora isso devesse ser consrantemente preservado. Os
três eram chamados, e ainda são, de Supernais, e representam o Divino Eterno
no seio da Existência Manifesta. São o Santa Sanctorum. Ao longo dos séculos,
os Sefirot ativos e passivos da Tríade Supernal adquiriram muitas descrições
analógicas, mas talvez as mais evocadas sejam as do Grande Pai e Mãe, ou
Amma e Abba, os arquétipos do feminino e masculino. O seu papel no complexo
sistema que se seguiria era o de encabeçar os dois pólos ou colunas opostos e
complementares da Misericórdia e da Severidade, que em definições mais
terrenas são conhecidos como os pilares da força e da forma.

1ª LEI: O TODO É UM

segunda-feira, 14 de junho de 2010 19:59

Como vimos anteriormente no exemplo do avião e da ordem esotérica, TUDO,


absolutamente TUDO que é chamado à existência é composto por estes dez
atrubutos mais um. Também o homem, como espelho da criação, será objeto do
nosso estudo pormenorizado em seus quatro níveis quando estudarmos a
Maaseh merkavah, o estudo do homem como microcosmo, também conhecido
como "A obra da Carruagem."

As Leis Universais expressas no diagrama da Árvore

segunda-feira, 14 de junho de 2010 19:47

Esquema Kabalístico Geral Segundo Halevi

terça-feira, 15 de junho de 2010 13:11

A tradição oral da cabala afirma que a razão da existência é que Deus queria
contemplar Deus. Houve, pois, previamente uma não-existência "na qual,
segundo a tradição escrita, "o Rosto não contemplava o Rosto". Num ato de
vontade totalmente livre, Deus extraiu de seu lugar o Todo Absoluto, AYIN SOF,
para permitir que aparecesse um vazio em que pudesse manifestar-se o espelho
da existência. A este ato de "Zimzum", ou contradição, diz o ditado rabínico, "o
lugar de Deus é o mundo, mas o mundo não é o lugar de Deus".
Este ato divino se visualiza simbolicamente como segue: de AYIN SOF OR, a Luz
Infinita que rodeia o vazio, emanou um raio de luz que penetrou da periferia até
o centro. Este, o Kav, ou raio da Divina Vontade, se manifestou em dez etapas
diferentes de Emanação. Assim refere também outra máxima rabínica: o mundo
adquiriu vida através de Dez Palavras Divinas. Desde a Idade Média, estas dez
etapas se conhecem como as "Sefirot". A palavra "Sefirah" (sua forma singular)
não tem equivalente em nenhuma outra linguagem, embora por sua raiz esteja
aparentada com as palavras "cifra" (isto é, número) e "safira". Alguns viram nas
Sefirot os Poderes ou Barcos Divinos; outros os vêem como os instrumentos ou
ferramentas divinas do Governo Divino. Os místicos descreveram-nas como as
dez Faces, as dez Mãos ou mesmo as dez túnicas de Deus. Todos coincidem, no
entanto, em considerar que as Sefirot expressam os Atributos Divinos, os quais,
desde o primeiro momento da Emanação, são eternamente mantidos numa série
de relações até que por vontade divina voltem ao Nada, fundindo-se de novo no
Vazio.

As relações entre as Sefirot regem-se por três princípios divinos não manifestos:
os "Esplendores Ocultos" (Zahzahot): a Vontade Primordial, a Misericórdia e o
Rigor (ou Justiça). A Vontade mantém o equilíbrio, enquanto que a Misericórdia
espande e o rigor contrai, relativamente ao fluxo da Emanação, e desta maneira
organizam os dez Atributos Divinos segundo um arquétipo específico. A pauta
assim estabelecida é o modelo no qual se baseia tudo aquilo que for chamado a
se manifestar. Denominou-se a Imagem de Deus, mas é geralmente conhecida
como Árvore da Vida.

Cada Sefirah se manifesta por sua vez sob a influência de uma das Zahzahot em
particular. Assim, o fluxo que manifestam as dez Sefirot pode ser visualizado
como o movimento em zig-zag do "Raio Relampejante" a partir de sua posição
central (Equilíbrio) para a direita (Expansão), e transversalmente para a
esquerda (Contração). Assim, as Zahzahot conformam as três linhas verticais do
diagrama da Árvore da Vida, conhecidas como os Pilares: o do Equilíbrio (Graça,
Vontade) ao centro; o da Misericórdia (Força ativa, Expansão) à direita e a
Severidade (Forma passiva, Contração) à esquerda. As relações expostas na
Árvore servem de base à totalidade da existência; assim, as propriedades das
Sefirot podem ser consideradas em termos de qualquer ramo do saber (fizemos
o exemplo do avião, e de um sistema religioso). Assim, enquanto sua definição
básica é a de Atributos de Deus, podem ser definidas em termos de experiência
humana, porque nós também somos moldados à Imagem de Deus. Este método
antropomórfico é comum à cabala e a outros credos, e se aplica livremente
como linguagem simbólica a partes da metafísica que não podem ser explicadas
por abstrações puras.

A primeira manifestação da Existência é denominada em hebraico de Mundo de


Azilut, que significa 'estar próximo a’, ou o Mundo da Emanação. É considerado
como o reino perfeito e imutável da Eternidade, que precede à criação. Aqui,
tudo o que está para ser chamado, criado, formado e feito é mantido em
potencial para sempre. Como tal, pode ficar suspenso até que o Divino deseje
que a Eternidade dissolva-se outra vez de volta ao nada, ou queira que a criação
inicie o processo que não terminará até o fim dos tempos, quando Adão, a
imagem de Deus, verá o Divino e nele emergirá novamente.

A Árvore da Cabala na Bíblia

segunda-feira, 14 de junho de 2010 20:24

O primeiro diagrama manifesto do ensinamento da tradição esotérica judaica é a


Menorah, o candelabro que Deus especificou para Moisés (ver Êxodo 25). Feito
em ouro puro para simbolizar o permanente e unificado Mundo Divino da
Emanação, compõe-se da haste central da Graça; dos braços direito da
Misericórdia e esquerdo da Severidade, de dez mais uma posições sefiróticas e
vinte e duas partes decoradas. Este objeto ritual é a forma exotérica de um
esquema esotérico da existência e é um objeto tanto de contemplação quanto
de culto. Observe as correspondências clicando na imagem acima.

http://www.blogger.com/feeds/9200555028819018150/posts/default

[1] Benton, Dinosaurs: An A–Z Guide; Norell, et al., Discovering Dinosaurs in the
American Museum of Natural History, 62–69; V. Sharpton e P. Ward, Eds., Global
Catastrophes in Earth History, The Geological Society of America, Special Paper
247, 1990.

[2] S. West, Dinosaur Head Hunt, Science News 116(18):314–315, 1979.

[3] O termo dragão (tanniyn) aparece no Antigo Testamento umas 20 vezes.


Uma vez metaforicamente referindo-se ao Faraó (Eze 29.3), mas outras vezes
referindo-se a animais. Por exemplo: “Pisarás o leão e a áspide [tanniyn]” (Sal
91.13). A versão João Ferreira de Almeida traz a palavra áspide, e em outras
partes chacal para substituir a palavra hebraica tanniyn. Isto é um erro, pois
tanniyn não significa chacal e nem áspide, antes tanniyn é usado para designar
dragão, dinossauro, monstro marinho, serpente marinha ou serpente venenosa
ou baleia.

[4] D. Swift, Message On Stone, Creation 19(2):20–23, 1997.

[5] Os evolucionistas dizem que o Panda evolveu num carnívoro, mas depois
mudou sua dieta.

[6] D. Ager, The New Catastrophism (Cambridge, UK: Cambridge University


Press, 1993).

[7] Anon., Dinosaur Hunt, Science Digest 89(5):21, 1981. Veja H. Regusters,
Mokele-mbembe: an investigation into rumors concerning a strange animal in
the Republic of Congo, 1981, Munger Africana Library Notes, 64: 2–32, 1982; M.
Agmagna, Results of the first Congolese mokele-mbembe expedition,
Cryptozoology 2:103, 1983, citado em Science Frontiers 33, 1983

Fonte: http://www.answersingenesis.org/home/area/faq/dinosaurs.asp

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