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CURSO: MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO PARA A COMPETITIVIDADE

DISCIPLINA: GESTÃO DA COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO


PROFESSOR: DR. LUIZ C. DI SERIO
LINHA: PROGRAMA EM GESTÃO PARA COMPETITIVIDADE
CONTEÚDO: Caso Innocentive – 21/03/2017
ALUNO: AUGUSTO TEIXEIRA MODESTO

TEMA: A COLABORAÇÃO DEVE SER INTRODUZIDA PELA INNOCENTIVE?

1. Introdução

Prima facie já classificamos a inovação da IC como inovação autônoma. Pautados no


conceito de Barbieri e Alvares, julgamos dessa forma porque a inovação oferecida pela
empresa se deu de maneira independente, ou seja, diante da tecnologia já existente, a
Sociedade criou um novo modelo de negócios por meio de da criação de um universo de
intermediação da inovação, ou melhor, um corretor da inovação.

InnoCentive.com (IC), que recebeu o epíteto de “ebay da inovação”, é uma corporação


online inovadora e líder na inovação aberta que conecta os “Procuradores” de soluções
inovadoras com os “Solucionadores” no livre mercado anonimamente, sendo que ao se
constatar uma solução apropriada, os procuradores remuneram os Solucionadores pela
propriedade intelectual de tal solução.

A IC elevou à última potência o conceito trazido por Henry W. Chesbrough sobre o método
de inovação aberta e o método de inovação fechada. De acordo com o ilustre autor, no
modelo de inovação fechada a Sociedade gera, desenvolve e comercializa suas próprias
idéias. O que prevalece é a filosofia da auto-realização.
No que compete ao modelo de inovação aberta, a Sociedade comercializa tanto suas
próprias ideais quanto adquire inovações de outras firmas e busca alternativas para levar
ao mercado suas ideias desenvolvidas internamente por meio de caminhos
cuidadosamente desenhados.

Uma importante característica da IC é que qualquer pessoa no mundo pode ingressar como
Solucionador em 06 diferentes temas: farmácia, química, física, engenharia, computação e
empreendedorismo. Talvez o que falte para a plataforma se tornar um verdadeiro ambiente
100% de inovação aberta conforme o conceito descrito acima, é que os Procuradores
colocam os problemas que querem ter solucionados, ou seja não há uma via de mão dupla
que os Solucionadores promovem suas ideias, sem uma demanda que a solicite.

Há 04 categorias de desafios geridos pela IC:


(i) Ideation - que consiste em brainstorming sem transferência de propriedade intelectual,
(ii) Theoretical – discussão de solução com transferência de propriedade intelectual e
prêmio por licença,
(iii) RTP (Reduction to practice) – descrição detalhada com evidência física e
(iv) eRFP – Solucionadores negociam contratualmente com o Procurador numa espécie de
leilão e posteriormente submente as soluções.

Vale destacarmos também o surgimento da IC foi derivado da empresa Eli Lilly, o que
consubstancia diversos conceitos apresentado por Henry.
Primeiramente a Sociedade é Innovation Investor (funding innovation), ou seja, uma
entidade que financia atividades de inovação (suas próprias).

Adicionalmente a IC é uma Innovation Merchant (generating innovation). Mercadores da


inovação especializam-se na performance de pesquisas inovadoras que ocorriam antes
internamente dentro das organizações e depois focam agressivamente na sua
comercialização. Pelos exemplos do caso decerto que a IC não é innovation explorer, uma
vez que cobrar um valor relevante nas suas operações.

Por fim, quanto à comercialização da inovação entendemos que a IC é innovation stop


center, pois ela colhe as melhores ideias e entrega aos seus clientes a preços competitivos.

A discussão atual está em torno da melhor plataforma colaborativa que propicie maior
integração entre os Solucionadores tendo em vista uma maior produtividade. Soluções mais
rápidas e criativas comporiam o pano de fundo de tal medida. O problema é que tal
alteração implicaria na perda do anonimato.

Seria potencialmente um novo modelo de negócios como apontou Reinhold. Temas


delicados que precisariam ser enfrentados envolveriam, entre outros: (i) habilidades de
gestão de equipe, (ii) consumo de tempo adicional por conta da comunicação e morosidade
na movimentação de grupos de projetos, (iii) aumento no custo da premiação, (iv)
dificuldade na transferência da propriedade intelectual de diferentes pessoas num mesmo
projeto e (vi) arbitragem no caso de disputas entre membros da mesma equipe.

O staff estratégico da Innocentive após debates chegou num alinhamento: em vez de uma
coisa ou outra, talvez a melhor alternativa seja quando é o melhor momento para lançar
atividades em grupo.

2. Desenvolvimento Teórico

Em 2008, a IC promoveu seu próprio Ideation Challenge, fomentando os Solucionadores a


apresentarem as melhores ideias sobre como construir uma plataforma mais colaborativa
para fins de trabalho em equipe. As melhores ideias propuseram ações (customização do
site, links de pesquisa etc) que melhorariam a harmonização de soluções e suplantaria a
independência e competitividade prevalecente até então.

Temos, portanto, que a IC quer promover uma inovação organizacional. Segundo Barbieri
e Alvares inovações organizacionais introduzem novidades que modificam os processos
administrativos, a maneira como as decisões são tomadas, a alocação de recursos, as
atribuições de responsabilidades, os relacionamentos com outras pessoas e organizações
e outros elementos relacionados à gestão da entidade.

No âmbito doutrinário, há muitas críticas sobre modelos de negócios colaborativos no


campo da P&D. Não só haverá dificuldades hercúleas quanto a administração de
propriedades intelectuais, mas a criatividade dos próprios Solucionadores pode ser
colocada em risco. Tal alerta é expresso no artigo de Stephen Shapiro (Is Collaboration or
Competition Better for Innovation?).

Segundo o supracitado autor, se um projeto já se inicia via colaboração, o pensamento em


grupo é eliminado “logo de cara”. Assim que a primeira ideia for alçada, ela tende a
influenciar o raciocínio dos demais participantes. O ideal seria começar competitivamente,
e depois de selecionar as melhores, seguir-se-ia pelo estreitamento do método colaborativo
entre os Solucionadores vencedores. Ou seja, apenas depois de cada indivíduo escrever
suas próprias ideias, as mesmas deveriam ser compartilhadas. Pensamento individual
seguido de pensamento coletivo, essa seria a fórmula mágica. Competição seguida de
colaboração.

O anonimato no IC torna a competição independente e foi comprovadamente um método


eficiente no modelo de negócios. Ainda assim, um melhor feedback aos Solucionadores
sobre por quais razões aquele determinado projeto não foi aprovado contribuiria até mesmo
para a evolução dos Solucionadores.

Um certo cuidado deve ser tomado em relação aos disclosures. Isso porque a ideia do
anonimato elimina os filtros preconceituosos carregados pelos seres humanos. Por
exemplo, não é porque determinada pessoa tem um background importante que para
aquele determinado projeto a ideia de alguém “sem formação” seria menos interessante (o
criador do facebook é um exemplo disso).

Entendemos como alternativa mais viável a política de uma inovação sustentável, ou seja,
adota-se uma postura conservadora e se faz melhorias incrementais singulares (diferente
da inovação disruptiva que é absolutamente arriscada e ocorre em novos mercados ou
público low end). Em outras palavras, a IC poderia lançar um ou outro projeto admitindo-se
equipes a fim de se avaliar o resultado, mas de tal forma que eventual falha não contamine
a Sociedade como um todo.

3. Análise SWOT

4. Análise PESTEL

 Political factors. Politicamente podem existir problemas de IP por conta dos


Solucionadores serem de várias partes do mundo. A legislação presente em cada país
pode acabar interferindo nas operações da IC, principalmente em relação ao direito da
propriedade intelectual. Nessa linha, o trabalho colaborativo tende a insuflar tais
tensões.

 Economic factors. Economicamente o projeto de colaboração é outro desafio. Como


dividir, a quem destinar a maior verba. As finanças promovem os sentimentos mais
primitivos no ser humano, portanto, a sociedade deve estar atenta para acabar não
sendo engolida pela ganância dos próprios Solucionadores.

 Social factors. A tendência é cada vez maior das pessoas serem remuneradas pelos
seus resultados entregues de modo que o modelo de negócios da IC promove
justamente isso. Aliás tal modelo adequa-se também a um mundo de incertezas em
que muitas pessoas vivem como autônomas. O desafio do trabalho cooperativo
também reside nesse sentido, pois em vez de concorrentes, as informações e estudos
compartilhados fomentarão o conhecimento de outros pares o que pode minar esse tipo
de iniciativa.

 Technological factors: novas tecnologias ciram novos produtos e serviços. Em razão do


avanço tecnológico a IC tem um amplo ambiente favorável para oferecer serviços cada
vez mais integrativos e marcantes aos Procuradores e Solucionadores.

 Environmental factors: o ambiente de rede cada vez mais integrative favorece o meio
ambiente em razão da economia de papel, a possibilidade de se trabalhar em diferentes
lugares do mundo sem ter que se locomover etc.

 Legal factors: esse aspecto é um dos mais preocupantes para a IC. Principalmente por
conta da dificuldade da negociação da propriedade intelectual nos trabalhos de equipe,
a Sociedade deve se munir de um ambiente jurídico relevante a fim de consubstanciar
que todas suas políticas estão aderidas à lei.

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