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Aços Inoxidáveis
Aços Inoxidáveis
AÇOS INOXIDÁVEIS
2013
Vitória
Sumário
DEFINIÇÃO ............................................................................................................................................. 3
A FORMAÇÃO DE FILMES PASSIVOS ..................................................................................................... 3
DIAGRAMA Fe-Cr ................................................................................................................................... 6
DIAGRAMA Fe-Ni ................................................................................................................................... 7
DIAGRAMA Fe-C-Cr ................................................................................................................................ 8
DIAGRAMA Fe-Cr-Ni-C ........................................................................................................................... 9
CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS ............................................................................................ 10
MARTENSíTICOS .............................................................................................................................. 11
Composição química dos aços inoxidáveis martensíticos........................................................... 12
Usos típicos dos aços inoxidáveis martensíticos ......................................................................... 13
Tratamentos térmicos dos aços inoxidáveis martensíticos ........................................................ 14
FERRíTICOS....................................................................................................................................... 18
Composição química dos aços inoxidáveis ferríticos .................................................................. 19
Usos típicos dos aços inoxidáveis ferríticos ................................................................................ 20
Tratamentos térmicos dos aços inoxidáveis ferríticos ................................................................ 20
AUSTENíTICOS ................................................................................................................................. 22
Composição química dos aços inoxidáveis austeníticos ............................................................. 27
Usos típicos dos aços inoxidáveis Austeníticos ........................................................................... 29
Tratamento térmico dos aços inoxidáveis austeníticos .............................................................. 31
AÇOS INOXIDÁVEIS DUPLEX ............................................................................................................ 32
AÇOS INOXIDÁVEIS ENDURECÍVEIS POR PRECIPITAÇÃO ................................................................ 34
CORROSÃO EM AÇOS INOXIDÁVEIS .................................................................................................... 37
CONCLUSÕES ....................................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 41
DEFINIÇÃO
Os aços inoxidáveis são ligas de ferro (Fe) e cromo (Cr) com um mínimo de 10,50% de Cromo
(Cr).
Os filmes passivos são extraordinariamente finos (nos aços inoxidáveis são filmes de uma
espessura aproximada de 30 a 50 angström, sendo um angström é o resultado da divisão de 1 mm
por dez milhões) e isso cria grandes dificuldades para uma interpretação definitiva sobre a forma e a
natureza dos mesmos.
Sabe-se que a formação destes filmes é favorecida pela presença de meios oxidantes.
A primeira experiência, realizada aproximadamente há 160 anos, foi feita com aço carbono
(nessa época não havia aços inoxidáveis) em meios nítricos.
Uma amostra de aço carbono, colocada em um bécher com ácido nítrico diluído era atacada
rapidamente, o que se manifestava através da produção de vapores nitrosos.
Outra amostra, idêntica, colocada em outro bécher com ácido nítrico concentrado (que é
mais oxidante que o nítrico diluído) não era atacada.
Se neste mesmo bécher, adicionavam água diluindo o ácido nítrico concentrado até que
ficasse com a mesma concentração do ácido nítrico diluído do primeiro bécher, o aço carbono
continuava sem ser atacado.
A única diferença que existia entre a primeira amostra (que foi atacada pelo ácido nítrico
diluído) e esta última (que não foi) era que a última havia permanecido durante certo tempo em
ácido nítrico concentrado. Assim, chegaram a conclusão que, provavelmente, o ácido nítrico
concentrado havia formado um filme sobre a superfície do aço e que este o protegia de um ataque
posterior com ácido nítrico diluído. Para demonstrar que era um filme, riscaram a amostra, e
imediatamente o desprendimento de vapores nitrosos provenientes da parte riscada mostrou
novamente a existência do ataque com ácido nítrico diluído.
3
A passividade como pode se notar através da experiência relatada, não é um fenômeno
exclusivo dos aços inoxidáveis. A maioria dos metais forma filmes passivos e de uma maneira geral
podemos dizer que, quanto mais oxidável é um metal, tanto maior é a tendência do mesmo para
formar tais filmes.
Até poucos anos atrás, predominou a ideia de que estes filmes eram óxidos dos metais (ou
óxidos hidratados), sendo que no caso dos aços inoxidáveis o filme era constituído por um óxido (ou
óxido hidratado) de Cr, o elemento mais facilmente oxidável das ligas Fe-Cr. O filme passivo poderia
se formar, inclusive, para muitos estudiosos deste assunto, pela reação espontânea entre o Cr e o
oxigênio do ar.
Mas existem objeções a este ponto de vista. Uma barra de aço carbono, colocada em um
deserto, em uma atmosfera sem umidade e com temperaturas elevadas, não se oxida. No entanto, a
mesma barra, submersa em água previamente desoxigenada por adição de nitrogênio (N), se oxida.
Aparentemente, nos aços inoxidáveis, o filme passivo se forma pela reação entre a água e o
metal base, e está constituído por um oxihidróxido dos metais Cr e Fe.
Duas regiões poderiam ser consideradas dentro deste filme passivo: uma mais próxima ao
metal, onde predominam os óxidos, e outra, mais próxima do meio ambiente, onde predominam os
hidróxidos. Este filme não seria estático: com a passagem do tempo, existiria uma tendência ao
crescimento dos óxidos (não dos hidróxidos) e também um enriquecimento de Cr.
O filme passivo dos aços inoxidáveis é muito fino e aderente. Os filmes formados em meios
oxidantes (como é o caso do ácido nítrico, frequentemente utilizado em banhos de decapagem) são
mais resistentes. Os aços inoxidáveis formam e conservam filmes passivos em uma grande variedade
de meios, o que explica a elevada resistência à corrosão destes materiais e a grande quantidade de
alternativas que existem para a utilização dos mesmos.
A diferença de comportamento entre um aço inoxidável e outro material que não tenha a
capacidade de formar filmes passivos em um determinado meio, se manifesta com o traçado de
curvas "velocidade da corrosão x concentração de oxidante no meio".
Consideremos um meio redutor, como o ácido sulfúrico, por exemplo, com 50% de
concentração e adicionemos lentamente um oxidante, por exemplo, cátion férrico, Fe (+3).
Em um material que não apresenta o fenômeno da passividade (ver figura 1), observaremos
que na medida em que aumentamos a concentração de oxidante, maior será a velocidade de
corrosão (pequenos aumentos na concentração de oxidante provocam grandes aumentos na
velocidade de corrosão. Notar que nas abscissas são utilizadas potências de 10).
4
Figura 1
Um aço inoxidável submerso em ácido sulfúrico com essa concentração, no início também
terá uma elevada velocidade de corrosão (ponto A da figura 2) e com pequenos aumentos da
concentração de oxidante, teremos um comportamento semelhante ao de um metal não passivável.
Figura 2
5
DIAGRAMA Fe-Cr
Pode-se observar no diagrama de equilíbrio Fe-Cr (Figura 3) que em aços com teores de
aproximadamente 45% de cromo, é notável a presença de uma fase quebradiça composta de ferro e
cromo, denominada “fase sigma”. A esquerda do campo em que se encontra apenas a fase sigma
observa-se duas fases: a α (ferrita) e (sigma), e a direita do campo de fase sigma, nota-se a
existência de (sigma) e α (ferrita), rica em cromo. Nota-se que a fase sigma se dissolve, acima de
aproximadamente 815ºC, na forma de ferrita (α).
6
DIAGRAMA Fe-Ni
Além disso, o níquel exerce uma importante ação nas ligas com elevados teores de cromo,
sobre a zona de estabilidade da fase sigma, provocando seu deslocamento até regiões com menores
quantidades de cromo.
7
DIAGRAMA Fe-C-Cr
Figura 7 - 8%Cr
Essas considerações são importantes, pois certos aços inoxidáveis com teores de cromos
elevados – entre 16% e 20% - podem se tornar quebradiços pelo esfriamento muito lento,
admitindo-se que esse fenômeno seja associado a uma precipitação de carbonetos. Essa fragilidade
pode, entretanto, ser eliminada pelo reaquecimento a temperaturas entre 790 e 850°C seguido de
resfriamento razoavelmente rápido.
8
DIAGRAMA Fe-Cr-Ni-C
Ao contrário do cromo, o níquel é um elemento gamagéneo, tornando o aço integralmente
austenítico se estiver presente em quantidade suficiente (teores mínimos de 8%) - vide secções dos
diagramas de equilíbrio Fe-18%Cr-C com 4 e 8% de níquel.
A fórmula empírica indicada a seguir permite calcular o teor em níquel necessário à obtenção
de microestruturas integralmente austeníticas, em função da restante composição química do aço:
9
CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS
Já foi comentado que os aços inoxidáveis são ligas Fe-Cr com um mínimo de 10,50% de Cr.
A adição de outros elementos permite formar um extenso conjunto de materiais. Nos aços
inoxidáveis, dois elementos se destacam: o cromo, sempre presente, por seu importante papel na
resistência à corrosão, e o níquel, por sua contribuição na melhoria das propriedades mecânicas.
A série 400 é a dos aços inoxidáveis ferríticos, aços magnéticos com estrutura cúbica de
corpo centrado, basicamente ligas Fe-Cr.
A série 300 é a dos aços inoxidáveis austeníticos, aços não magnéticos com estrutura cúbica
de faces centradas, basicamente ligas Fe-Cr-Ni.
Em todos os aços inoxidáveis estão também sempre presentes o carbono e outros elementos
que se encontram presentes em todos os aços, como o silício (Si), manganês (Mn), fósforo (P) e
enxofre(S).
Os aços inoxidáveis da série 400 podem ser divididos em dois grupos: os ferríticos
propriamente ditos, que em geral apresentam o cromo mais alto e o carbono mais baixo, e os
martensitícos, nos quais predomina um cromo mais baixo e um carbono mais alto (comparando-os
com os ferríticos).
10
MARTENSíTICOS
Nos aços inoxidáveis martensíticos (figura 7) o carbono está em uma determinada
concentração que permite a transformação de ferrita em austenita em altas temperaturas. Durante o
resfriamento a austenita se transforma em martensita.
Estes aços são fabricados e vendidos pela indústria siderúrgica no estado recozido, com
estrutura ferrítica, baixa dureza e boa ductilidade. Somente depois de um tratamento térmico de
têmpera terão uma estrutura martensítica sendo muito duros e pouco dúcteis. Mas nestas condições
(temperados) é que serão resistentes à corrosão.
Entre os aços inoxidáveis martensíticos o mais conhecido é o aço 420, com pouco mais de
12% de Cr e aproximadamente 0,35% de C.
No estado recozido, ferrítico, o 420 não possui boa resistência à corrosão atmosférica. Isto se
deve à operação de recozimento que é realizada a uma temperatura próxima aos 760ºC,
temperatura na qual o C e o Cr presentes no aço se combinam para formar carboneto de cromo,
Cr23C6, que precipita. Cada molécula de Cr23C6 precipitada possui, em peso, aproximadamente 95%
de Cr. Como o aço 420 tem muito carbono e pouco cromo (quando comparado com outros
inoxidáveis), praticamente a metade de cromo do aço 420 acaba sendo precipitado e retirado da
solução sólida. Nesta condição, o material não resiste à corrosão atmosférica (não existe um mínimo
de 10,50% de Cr na solução sólida).
Assim, o aço inoxidável 420 (e todos os martensíticos) tem que sofrer a operação da
têmpera, que transforma a ferrita em austenita e a esta última em martensita durante o
resfriamento. Quando estão temperados, o carbono forma parte da fase martensítica e não está
disponível para ser precipitado como carboneto de cromo. Somente depois de temperados estes
materiais passam a ser resistentes à corrosão.
A alta dureza do material temperado (estrutura martensítica) faz com que estes materiais
sejam muito utilizados na fabricação de facas. A resistência ao desgaste é muito forte.
Outros aços inoxidáveis martensíticos são variantes do aço 420. O aço 410 possui uma
quantidade máxima de carbono de 0,15%. Sendo a martensita uma fase rica em carbono é evidente
que este aço, ao ser temperado, atingirá uma dureza menor que a do 420.
O aço P498A (designação interna de Acesita), similar ao DIN 1.4110, com carbono máximo de
0,47%, com cromo um pouco superior ao do aço 420 e com presença de molibdênio, apresenta
depois de temperado, durezas maiores que as atingidas com o 420. O molibdênio, como elemento de
liga, melhora a resistência à corrosão deste material.
Existem também os aços 440 (tipos A, B e C), com teores mais altos de carbono (maior
dureza na têmpera) e valores mais elevados de cromo e molibdênio (melhor resistência à corrosão).
O aço 420F, fabricado normalmente na forma de produto não plano, é uma variante do 420
no qual o aumento na quantidade de enxofre facilita a usinagem do material.
11
Figura 7
Tipo de
aço C Mn Si P S Cr Ni Outros
ABNT
11,50
403 0,15 1,00 0,50 0,040 0,030
13,00
11,50 Al
405 0,08 1,00 1,00 0,040 0,030
14,50 0,10/0,30
11,50
410 0,15 1,00 1,00 0,040 0,030
13,50
11,50 Ni
414 0,15 1,00 1,00 0,040 0,030
13,50 1,25/2,50
0,15 12,00 0,60
416 0,15 1,25 1,00 0,060
min. 14,00 (A)
12,00 Se
416Se 0,15 1,25 1,00 0,060 0,060
14,00 0,15 min.
0,15 12,00
420(B) 1,00 1,00 0,040 0,030
min 14,00
0,15 0,15 12,00 0,60
420F 1,25 1,00 0,060
min min. 14,00 (A)
422 Ni 0,50/1,00
0,20 11,00 0,75
1,00 0,75 0,025 0,025 V 0,15/0,30
0,25 13,00 1,25
W 0,75/1,25
15,00
431 0,20 1,00 1,00 0,040 0,030 Ni 1,25/2,50
17,00
0,60 16,00
440 A 1,00 1,00 0,040 0,030 0,75
0,75 18,00
12
0,75 16,00
440 B 1,00 1,00 0,040 0,030 0,75
0,95 18,00
0,95 16,00
440 C 1,00 1,00 0,040 0,030 0,75
1,20 18,00
0,10 4,00 0,40
501 1,00 1,00 0,040 0,030
min 6,00 0,65
4,00 0,40
502 0,10 1,00 1,00 0,040 0,030
6,00 0,65
(A) Opcional
(B) O aço tipo ABNT 420 pode ser solicitado objetivando carbono nas faixas 0,15/0,35 e 0,35/0,45
caso se destine ao uso geral ou aplicação em cutelaria respectivamente,
446: Caixas de recozimento, chapas grossas para abafadores, queimadores, aquecedores, tubos para
pirômetros, recuperadores, válvulas e conexões, aplicações a altas temperaturas quando necessária
resistência a oxidação.
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Tratamentos térmicos dos aços inoxidáveis martensíticos
A Tabela abaixo apresenta as temperaturas de recozimento pleno e de recozimento
isotérmico que são aplicados nesses aços, para obtenção da estrutura que permita a conformação
mecânica a frio e eliminar total ou parcialmente as suas tensões internas.
14
O revenido propriamente dito aplica-se aos aços de carbono mais baixo e é realizado entre
550 e 750 graus °C, de 1 a 4 horas, dependendo das alterações desejadas nas propriedades
mecânicas; deve-se procurar evitar a faixa entre 480 e 600 graus °C, pois, do contrário, tanto
a tenacidade como a resistência à corrosão são afetadas;
Para completa recuperação das propriedades no estado recozido, faz-se recozimento na faixa
de temperatura de 725 a 915 graus °C.
Tipo Têmpera
AISI Temperatura Tempo Meio de resfriamento
°C min.
Tipo Revenido
AISI Temperatura °C Tempo h Dureza
Brinell
15
Tipo Propriedades mecânicas médias, após o tratamento térmico
AISI
Limite resistência Limite de Alongamento Resistência ao
à tração escoamento choque
Um fato que deve ser mencionado, em relação aos aços inoxidáveis martensíticos, diz
respeito ao fenômeno denominado “fragilidade pelo hidrogênio”, o qual pode ocorrer nesses aços
quando a sua dureza e o seu carbono são elevados. Essa fragilidade pode ser adquirida durante o
processo de fusão do aço, ou durante o seu tratamento térmico devido à atmosfera usada, ou
durante os tratamentos químicos ou eletroquímicos como decapagem ou eletrodeposição que
eventualmente sejam empregados nesses aços. A prevenção é a melhor maneira de eliminar esse
inconveniente, o qual, por outro lado, pode ser atenuado por um aquecimento do aço, sob essa
condição de fragilidade, a uma temperatura no máximo igual a 400 graus °C, às vezes da ordem de
apenas 100 graus °C.
Além do níquel, outras adições que podem ser feitas nesses aços ao cromo são as seguintes:
C Si Mn Cr Ni Mo V
0,25% 0,50% 0,50% 12,50% 0,50% 1,00% 0,30%
16
Esse aço, temperado a partir de 1010 graus °C, durante 15 minutos, revenido a 480 graus °C
durante 4 horas apresenta as seguintes propriedades mecânicas:
17
FERRíTICOS
Os aços inoxidáveis ferríticos (também na figura 7) contêm, em geral, uma quantidade de
cromo superior a dos martensíticos. Isto melhora a resistência à corrosão, mas em parte sacrifica
outras propriedades, como a resistência ao impacto.
O mais popular dos aços ferríticos é o 430. Com cromo superior a 16% é um material com
ótima resistência à corrosão.
Sua capacidade de estampagem também é boa, mas estampagens muito profundas não
podem ser conseguidas com este tipo de aço.
A maior limitação para a utilização do aço 430 é a soldabilidade do mesmo. As soldas neste
aço são frágeis e de menor resistência à corrosão. A formação parcial da martensita (mesmo com o
baixo conteúdo de carbono), a precipitação de carbonitretos de cromo e o crescimento excessivo do
tamanho do grão nas regiões soldadas, são as principais causas que acarretam o mal desempenho
deste material na soldagem. As aplicações do 430 se restringem à aquelas que não precisam de
soldagem, ou quando as soldas não são consideradas operações de alta responsabilidade. Por
exemplo, uma pia de cozinha pode ser soldada com a mesa, mas não se pode construir um tanque
para estocar ácido nítrico (mesmo que o 430 resista muito bem a este ácido).
Uma solução para este problema de soldabilidade seria fazer o recozimento depois de soldar.
Porém isto aumenta os custos e, muitas vezes, pelas características da estrutura soldada, um
recozido não é possível.
Os elementos estabilizadores tem uma grande afinidade química com o carbono, formando
então carbonetos destes elementos. Ataca-se desta maneira, principalmente, a formação de
martensita (fase rica em carbono) e a precipitação de carbonitretos de cromo. O crescimento de grão
das regiões soldadas é também, em parte, limitado pela presença de elementos estabilizadores.
Todos eles podem ser soldados pelo fato de serem aços inoxidáveis ferríticos estabilizados.
O aço 439 também apresenta um melhor comportamento que o 430 na estampagem e uma
melhor resistência à corrosão (devido ao Ti, o enxofre precipita como sulfeto de titânio e não como
sulfeto de manganês, inclusões estas últimas que são preferencialmente atacadas na corrosão por
pites).
18
O 441, semelhante ao 439, possui uma melhor resistência à fluência em altas temperaturas
devido a maior quantidade de nióbio.
O aço 409, com somente 11% de cromo (no limite, portanto, do que é definido como aço
inoxidável) é o ferrítico estabilizado mais popular e é muito utilizado no sistema de escapamento de
automóveis.
O aço 434 é um 430 com 1% de molibdênio, para melhorar a resistência à corrosão. O aço
436 é a versão estabilizada do 434.
Com 26% de cromo, o aço 446 é um material com boas características para aplicações em
altas temperaturas. A fragilidade do material, no entanto, é maior, devido ao alto conteúdo de
cromo.
No aço 430F, fabricado em algumas empresas siderúrgicas somente como produto não
plano, o conteúdo mais alto de enxofre melhora a usinagem do mesmo.
19
Usos típicos dos aços inoxidáveis ferríticos
403: Lâminas de turbina sujeitas à corrosão e desgaste por abrasivo e corrosão úmida, anéis de jatos,
seções altamente tensionadas em turbina à gás.
A fase sigma aparece principalmente nos aços com 25% a 30% de cromo. O seu
aparecimento é acelerado por adições de níquel, manganês e silício. Por outro lado, aparece tanto
mais rapidamente quanto mais ele se aproxima da temperatura do limite superior de estabilidade
(cerca de 600 graus °C). O aquecimento a uma temperatura mais elevada transforma a fase sigma em
ferrita e provoca o desaparecimento da fragilidade que ela confere aos aços. Esse aquecimento
deverá ser de várias horas a 800 °C ou de aproximadamente meia hora a 850 °C.
20
Sua aparência microscópica é na forma de um precipitado de rendilhado contínuo ao longo
dos contornos dos grãos.
Essa fragilidade – denominada “fragilidade a 475°C” – que se revela nos aços inoxidáveis
ferríticos de alto cromo é, segundo alguns autores, devida a uma modificação do reticulado cristalino
e rearranjo atômico, que precede e prepara a precipitação da fase sigma. O assunto é ainda muito
controvertido. Parece, por outro lado, que o carbono, o nitrogênio, o hidrogênio e oxigênio
favorecem o fenômeno de “fragilidade a 475°C”, principalmente o oxigênio, pela provável formação
de óxido de cromo CrO, ao ser mantido o aço em certas faixas de temperaturas. De qualquer modo, a
última palavra sobre o assunto parece que ainda não foi dada.
É certo, finalmente, que a fragilidade a 475°C pode ser eliminada pelo reaquecimento do aço
a temperaturas superiores a 600 °C, seguido de resfriamento rápido através da temperatura
perigosa.
21
AUSTENíTICOS
A adição de níquel como elemento de liga, em determinadas quantidades, permite
transformar a estrutura ferrítica em austenítica e isso tem como consequência uma grande mudança
em muitas propriedades.
Os aços inoxidáveis austeníticos (figura 8), dos quais o 304 (18%Cr-8%Ni) é o mais popular,
têm excelente resistência à corrosão, excelente ductilidade (existe aqui uma grande mudança nas
propriedades mecânicas se os comparamos com os ferríticos) e excelente soldabilidade.
O aço 304 é um material com grandes possibilidades em suas aplicações, a tal ponto que o
podemos encontrar em nossas casas (em um garfo ou em uma panela, por exemplo) e também na
indústria, em aplicações de grande responsabilidade. Dependendo do meio ambiente, o 304 não é o
austenítico mais utilizado.
Um dos problemas enfrentado pelo 304 (e o mesmo ocorre com outros aços inoxidáveis) é o
da ação corrosiva provocada pelo ânion cloreto, Cl(-). Dependendo da concentração de cloretos no
meio, da temperatura e do pH, três formas de corrosão podem ocorrer: por pites (figura 9), em
frestas (figura 10) e sob tensão (figura 11). Destas três formas de corrosão, os ferríticos também são
propensos às duas primeiras e podemos dizer que, em geral, os austeníticos possuem melhor
resistência que os ferríticos às corrosões por pites e em frestas (devido à ação do níquel, que
favorece a repassivação do material nas regiões onde o filme passivo foi quebrado por estas formas
de corrosão).
Figura 8
22
Figura 9 - Corrosão por pites em aço 304 (provocada por uma solução ácida com presença de
cloretos).
23
Figura 11 - Corrosão sob tensão em uma autoclave de aço 304.
O 316 é um pouco melhor que o 304 na corrosão sob tensão ( corrosão que envolve
normalmente três fatores: meio agressivo, no caso, cloretos, temperatura e, como o nome indica,
tensões, sejam estas aplicadas ou residuais do processo de fabricação). Mas as vantagens do 316
sobre o 304 nesta forma de corrosão são muito limitadas. A corrosão sob tensão é conhecida como o
calcanhar de Aquiles dos aços inoxidáveis austeníticos, principalmente os que contêm entre 8 e 10%
de níquel. Um grande aumento no teor de níquel diminui o risco de corrosão sob tensão. É muito
importante observar que os aços inoxidáveis ferríticos são imunes a esta forma de corrosão (figura
12).
24
Figura 12 - Corrosão sob tensão nas ligas Fe-Cr-Ni em cloreto de magnésio 42% em ebulição
A quantidade máxima de carbono nos aços 304, 316 e 317 é de 0,08%. Quando estes
materiais são submetidos a temperaturas entre 425 e 850 °C, o carbono e o cromo se combinam e se
precipitam como carboneto de cromo (Cr23C6). Esta precipitação ocorre preferencialmente nos
contornos de grão do material, o que provoca um empobrecimento de cromo nas regiões adjacentes
dos mesmos. O fenômeno é conhecido como sensitização e um material sensitizado (dependendo da
intensidade da precipitação de carbonetos de cromo) pode ficar com quantidades de cromo em
solução sólida, nas adjacências dos contornos de grão, tão baixas que essas regiões já não terão a
resistência à corrosão dos aços inoxidáveis. Os materiais sensitizados, quando estão em contato com
determinados meios, em particular meios ácidos sofrerão corrosão. Como o empobrecimento do
cromo ocorre nas adjacências dos contornos de grão, esse tipo de corrosão, que acaba destacando
os grãos do material, é conhecida como corrosão intergranular. Os materiais sensitizados são
também mais propensos às formas de corrosão anteriormente mencionadas.
Como o cromo precipita como carboneto, uma solução óbvia é reduzir a quantidade de
carbono nestes materiais. Os aços inoxidáveis 304L (ver figura 13), 316L e 317L, com carbono
máximo de 0,03% são as versões extra baixo carbono para os aços 304, 316 e 317 e são utilizados na
fabricação de equipamentos que trabalham com meios capazes de provocar corrosão em materiais
sensitizados.
Elementos estabilizadores, como titânio e nióbio, podem ser adicionados com o objetivo de
evitar a sensitização, devido a que estes elementos têm uma afinidade química com o carbono
superior a aquela que tem o cromo. Carbonetos desses metais são precipitados, impedindo desta
25
maneira a precipitação de carbonetos de cromo. Exemplos destes tipos de aço são o 321 e o 347,
basicamente aços 304 estabilizados. O 316Ti é a versão estabilizada do 316.
Figura 13 - Eliminação de problemas de corrosão nas regiões afetadas pelo calor em una
soldagem com a utilização do 304 L.
26
O aço 304 é um material com excelente ductilidade. Em alguns casos, de estampagem muito
profunda, um aumento no níquel permite melhorar ainda mais esta característica. Com esta
finalidade tem sido desenvolvido o aço 305.
Também utilizados em aplicações estruturais, os aços da série 200 são o resultado de uma
substituição parcial de níquel por manganês. A resistência à corrosão destas ligas (Fe-Cr-Ni-Mn) é
inferior a dos aços equivalentes da série 300.
Nos austeníticos, há também uma versão do 304 com alto enxofre, para melhorar a
usinagem: o aço 303. É fabricado somente como produto não plano.
Grandes aumentos de níquel nos levam às ligas Ni-Fe-Cr, onde o elemento em maior
porcentagem já não é o ferro e sim o níquel. São conhecidas como ligas a base de níquel (não são
classificadas como aços inoxidáveis) e possuem excelente resistência à corrosão em muitos meios em
altas temperaturas.
27
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 8,00
304
20,00 10,50
0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 8,00
304 L
20,00 12,00
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 8,00
304 N N = 0,10/0,16
20,00 10,50
0,12 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 10,50
305
19,00 13,00
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 19,00 10,00
308
21,00 12,00
0,20 2,00 1,00 0,045 0,030 22,00 12,00
309
24,00 15,00
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 22,00 12,00
3095
24,00 15,00
0,25 2,00 1,50 0,045 0,030 24,00 19,00
310
26,00 22,00
0,08 2,00 1,50 0,045 0,030 24,00 19,00
3105
26,00 22,00
0,25 2,00 1,50 0,045 0,030 23,00 19,00
314
3,00 26,00 22,00
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00
316 Mo = 2,00/3,00
18,00 14,00
0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00
316 L Mo = 2,00/3,00
18,00 14,00
0,08 2,00 1,00 0,20 0,10 16,00 10,00
316 F Mo = 1,75/2,50
mín, 18,00 14,00
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 Mo = 2,00/3,00
316 N
18,00 14,00 N = 0,10/0,16
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 11,00
317 Mo = 3,00/4,00
20,00 15,00
0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 11,00
317 L Mo=3,00/4,00
20,00 15,00
0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00
321 Ti >= 5 x C
19,00 12,00
329 0,10 2,00 1,00 0,040 0,030 25,00 3,00
Mo = 1,00/2,00
30,00 6,00
330 0,08 2,00 0,75 0,040 0,030 17,00 34,00
1,50 20,00 37,00
347 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00
Nb + Ta > = 10 x C
19,00 13,00
348 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00 Nb + Ta > = 10 x C
19,00 13,00 Ta = 0,10 máx.
I Co = 0,20 máx.
384 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 15,00 17,00
17,00 19,00
(A) Opcional
28
Usos típicos dos aços inoxidáveis Austeníticos
301: Fins estruturais, correias transportadoras, utensílios domésticos, ferragens, diafragmas, adornos
de automóveis, equipamentos para transporte, aeronaves, ferragens para postes, fixadores
(grampos, fechos, estojos), conjuntos estruturais onde altas resistências são exigidas, em aeronaves,
automóveis, caminhões I e carrocerias, carros ferroviários.
302: Gaiola de animais, guarnições arquitetônicas, exteriores arquitetônicos, garrafas térmicas e
esterelizadores, equipamentos para recozimentos, pias, lavadores de pratos, utensílios domésticos,
equipamentos hospitalares, tanques de gasolina, equipamentos para fabricação de sorvetes,
congeladores, guarnições para portas, equipamentos para lacticínios, maquinaria para
engarrafamento, tanques de fermentação, equipamentos para armazenagem e processamento de
produtos alimentícios, dobradiças, refinarias de açúcar, carros ferroviários.
302 B: Peças resistentes ao calor, elementos de aquecimento de tubos radiantes, caixas de
recozimento, suportes de tubos, aplicações onde exija resistência à oxidação a temperaturas até
926°C e para serviço intermitente envolvendo resfriamento rápido a temperaturas até 870°C (ex.:
partes de fornos, seções de queimadores, abafadores de recozimento).
303: Parafusos, porcas, pregos, eixos, cabos, fechaduras, componentes de aeronaves, buchas, peças
produzidas em máquinas automáticas de parafusos e outros equipamentos de máquina ferramenta.
304: Utensílios domésticos, fins estruturais, equipamentos para indústria química e naval, indústria
farmacêutica, indústria têxtil, indústria de papel e celulose, refinaria de petróleo, permutadores de
calor, válvulas e peças de tubulações, indústria frigorifica, instalações criogênicas, depósitos de
cerveja, tanques de fermentação de cerveja, tanques de estocarem de cerveja, equipamentos para
refino de produtos de milho, equipamentos para leiteria, cúpula para casa de reator de usina
atômica, tubos de vapor, equipamentos e recipientes para usinas nucleares, peças para depósito de
algumas bebidas carbonatadas, condutores descendentes de águas pluviais, carros ferroviários,
calhas.
304 L: revestimento para trajas de carvão, tanques de pulverização de fertilizantes líquidos, tanques
para estoque de massa de tomate, quando se faz necessário um teor de carbono menor que o tipo
304 para restringir a precipitação de carbonetos resultantes da solda, particularmente quando as
peças não podem ser tratadas termicamente após a solda, carros ferroviários.
29
de diafragma dos bocais para motores turbojatos, panelas de cristalização de nitratos, equipamentos
para usina de papel.
314: Caixas de recozimento, caixas de cementação, acessórios para tratamentos térmicos, tubos de
radiação.
316: Peças que exigem alta resistência à corrosão localizada, equipamentos de indústrias químicas,
farmacêutica, têxtil, petróleo, papel, celulose, borracha, nylon e tintas, peças e componentes
diversos usados na construção naval, equipamentos criogênicos, equipamentos para processamento
de filme fotográfico, cubas de fermentação, instrumentos cirúrgicos.
347: Tubos para superaquecedores radiantes, tubo de exaustão de motor de combustão interna,
tubulação de vapor a alta pressão, tubos de caldeiras, tubos de destilação de refinaria de petróleo,
ventilador, revestimento de chaminé, para estruturas soldadas e peças sujeitas, a aquecimento na
faixa de precipitarão de carbonetos, tanques soldados para transporte de produtos químicos, anéis
coletores, juntas de expansão, resistores térmicos.
ASTM A-269: Tubos de aço inoxidável austenítico soldados para serviços gerais.
ASTM A-270: Tubos de aço inoxidável austenítico soldados para aplicação em industrias alimentícias
e de bebidas, nas quais, além da resistência à corrosão sejam minimizadas as possibilidades de
contaminação e deterioração dos produtos e haja facilidade de limpeza.
30
Tratamento térmico dos aços inoxidáveis austeníticos
Esses aços não são endurecíveis por não possuírem temperaturas de transformação típicas
A1 e A3. Contudo, podem ser submetidos a determinados tratamentos térmicos, a seguir descritos.
1 – Solubilização
Tipo Temperatura, °C
201, 202 1010/1120
301,302, 302B
303, 303 Se 1010/1120
304, 305, 308 1010/1120
304 L 1010/1120
309, 309 S 1040/1120
310, 310 S 1040/1065
314 1040/1120
316 1040/1120
317 1065/1120
316 L, 317 L 1040/1105
321 955/1065
347, 348 980/1065
O tempo à temperatura depende das dimensões das peças e deve ser o mínimo necessário.
Para espessuras da ordem de 1,5 a 3,0 mm o tempo é de 3 a 5 minutos. O resfriamento é em água ou
o ar em peças de espessura muito pequena (décimos de milímetros).
2 – Alívio de tensões
O objetivo é eliminar, total ou parcialmente, as tensões internas que se originaram nas peças
acabadas durante sua deformação plástica ou durante a soldagem e para melhorar as propriedades
elásticas o material fortemente encruado. O aquecimento é feito a uma temperatura inferior a que
pode provocar a precipitação de carboneto de cromo nos contornos dos grãos, ou seja, entre 350 e
430°C, durante 30 minutos a 2 horas, de acordo com as dimensões das peças; segue-se resfriamento
ao ar.
3 – Estabilização
Este é um tratamento aplicado nos aços estabilizados do tipo AISI 321, com o objetivo de
garantir a máxima resistência à corrosão. Consiste no aquecimento, entre 840 e 900°C, durante cerca
de cinco horas, dependendo das dimensões das peças.
31
4 – Tratamentos termo-químicos
Existe ainda uma operação, chamada sensibilização, a qual, na realidade não pode ser
considerada um tratamento térmico. Um aço inoxidável sensibilizado é um aço que está em
condições de sofrer corrosão intergranular, e que se origina pela precipitação de carboneto de cromo
nos contornos dos grãos. Como também já se viu, a corrosão intergranular, ou seja, a existência de
aço sensibilizado, é evitada pela adição dos elementos estabilizadores do cromo, como nióbio e
titânio e os aços com essas adições são chamados estabilizados. O fenômeno de corrosão
intergranular é mais evidente nos aços inoxidáveis austeníticos de carbono mais elevado.
Entretanto, eles são susceptíveis a pelo menos três tipos de fragilização, causado por:
precipitação de ', uma fase meta estável; presença da rede de carbonetos precipitação da fase .
Algumas das principais aplicações do aço duplex são em: componentes de equipamentos
expostos a presença de íons cloretos, trocadores de calor, bombas e tubos, nas industrias químicas,
petroquímicas, de papel e celulose e de alimentos.
32
condensar, é usada como meio refrigerante. É também recomendado para uso em soluções de ácido
sulfúrico e ácidos orgânicos (como ácido acético).
A alta resistência mecânica do aço DIN 1.4462 (importado) o faz uma alternativa atraente em
relação ao aço inoxidável austenítico, em estruturas sujeitas a carregamento pesado. A presença de
microestrutura bifásica nos aços inoxidáveis é determinada principalmente pelos teores de ferro,
cromo e níquel no material.
Para obtenção de propriedades específicas, uma série de elementos de liga podem ser
adicionados à composição base:
33
O reconhecimento de que as propriedades de corrosão do aço inoxidáveis duplex são
influenciadas por essa partição dos elementos de liga está começando a se ampliar. A corrosão
seletiva ou da austenita ou da ferrita é conhecida e este fenômeno tem sido apresentado como
dependente do meio corrosivo, tratamento térmico e composição de liga.
Deve-se perceber que tendo um volume de ferrita maior, têm-se uma maior concentração de
elementos alfagênios, Cr e Mo, reduzindo, portanto, a resistência à corrosão. Este fato dentre outros,
é que demonstra o quão importante é o balanço de fases.
A tabela a seguir mostra alguns tipos desses aços. Eles são divididos em três classes –
martensíticos, semi-austeníticos e austeníticos – em função da estrutura no estado solubilizado e da
que resulta após o tratamento de envelhecimento.
34
A Tabela a seguir mostra as propriedades mecânicas que podem ser obtidas de acordo com o
tratamento de envelhecimento.
Os valores apresentados correspondem a condições de tratamento que propiciam a
obtenção da máxima dureza.
Propriedades mecânicas dos aços endurecíveis por precipitação, de acordo com o tratamento de
envelhecimento
35
PH-15- Solubilizado como 91 890 39 380 35 88 RC
7Mo acima
Envelhecido como 186 1820 183 1800 2 49 RC
acima
17-10P Solubilizado a 63 620 27 260 70 10 RC
1120°C, 30 min.
(mín); resf. em
água
Envelhecido a 95 930 62 610 25 30 RC
705°C, 24h.
17-14 Solubilizado a 61 600 30 290 45 -
CuMo 1120°, 30 min.,
resf. em água
Envelhecido a 63 620 29 280 45 -
730°C, 5h.
A velocidade de resfriamento depende da espessura das peças
Embora de custos mais elevados que os aços inoxidáveis normais, os inoxidáveis endurecíveis
por precipitação, limitados durante algum tempo a aplicações apenas no campo militar, têm sido
estendidos ao campo industrial em geral, pela alta resistência que podem adquirir à indústria
aeronáutica, além de serem utilizados em determinados componentes críticos como molas especiais
e aplicações similares.
36
CORROSÃO EM AÇOS INOXIDÁVEIS
Corrosão é geralmente entendida como uma destruição parcial ou total de um metal ou liga
metálica, por via química ou eletroquímica.
CORROSÃO INTERCRISTALINA (ou intergranular) - Ocorre nos contornos dos grãos dos metais e
frequentemente propaga-se pelo interior da peça, deixando poucos sinais visíveis na superfície. Esta
forma de desenvolvimento representa um grande perigo, pois, a corrosão pode progredir
consideravelmente sem ser notada.
Para evitar ou ao menos reduzir a ocorrência deste tipo de ataque (os austeníticos são os
mais sensíveis a este tipo de corrosão) pode:
Usar aços estabilizados, isto é aços com adição de elementos de liga como o titânio, tântalo
ou nióbio, que possuem maior afinidade pelo carbono do que o cromo.
Usar aços com teores de carbono extremamente baixos (da ordem de 0,02 a 0,03%).
37
CORROSÃO SOB TENSÃO – Ocorre quando o metal se encontra sob a ação simultânea de um meio
corrosivo e de uma tensão mecânica, produzida por exemplo, por uma deformação a frio.
CORROSÃO ALVELAR – Também conhecida como corrosão localizada (pitting em inglês) consiste num
ataque localizado de uma peça por um agente corrosivo. Este tipo de corrosão caracteriza-se por
38
uma penetração do ataque em pontos isolados, que pode eventualmente provocar a perfuração da
peça enquanto as regiões circunvizinhas permanecem praticamente intactas. Um dos casos mais
frequentes de corrosão alveolar ocorre em peças metálicas imersas em água do mar.
As causas da corrosão alveolar são muito diversas e estão geralmente ligadas ao estado de superfície
da peça, a aeração, a composição do eletrólito, etc.
A corrosão alveolar é muitas vezes associada a corrosão galvânica e nesses casos torna-se
necessário combater simultaneamente as duas formas de ataque.
39
CONCLUSÕES
Pelo exposto verifica-se a importância dos aços inoxidáveis em todas as atividades, o que
pode ser resumido através dos benefícios que os mesmos apresentam:
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REFERÊNCIAS
http://www.pipesystem.com.br/Artigos_Tecnicos/Aco_Inox/body_aco_inox.html
http://www.fundinox.com.br/imagens/publishing/fundicaoeservicos.pdf
http://xa.yimg.com/kq/groups/21784460/1858665406/name/Aco
http://www.infomet.com.br/acos-e-ligas-
conteudo.php?cod_tema=9&cod_secao=10&cod_assunto=79
l Catálogo de Produtos Inox da Acesita. Marco Antônio Nunes. Seminário Inox 2000. ACESITA.
l Aços Inox. Características e Propriedades de Uso. José Antonio Nunes de Carvalho. Seminário Inox
2000. ACESITA.
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