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3.1. Contatores
O princípio de funcionamento do contator foi apresentado no capítulo I (seção 1.4). Ele é um
dispositivo largamente utilizado no acionamento de motores de indução trifásicos. Os contatores
podem ser divididos em dois tipos: contatores principais (de força) e contatores auxiliares.
Os contatores de força possuem três contatos principais NA (normalmente abertos) que
servem para manobrar cargas trifásicas com correntes de até algumas centenas de Ampères.
Também possuem contatos auxiliares normalmente abertos (NA) e normalmente fechados (NF) de
baixa corrente, até 10 A, para comando e sinalização dos circuitos. A figura 3.1 apresenta o
diagrama esquemático de um contator de força.
Os terminais da bobina são designados por A1 e A2. Geralmente as bobinas são projetadas
para alimentação com corrente alternada para as seguintes tensões eficazes: 12 V, 24 V, 110 V,
127V, 220 V, 380 V e 440 V. Quando a tensão da bobina é diferente da tensão de rede deve-se
utilizar um transformador de comando. As bobinas projetadas para corrente contínua são
encontradas nas seguintes tensões: 12 V, 24 V, 48 V, 125 V e 220 V.
Os terminais dos contatos principais são 1 (L1), 3 (L2) e 5 (L3), que são conectados na rede
trifásica, e 2 (T1), 4 (T2) e 6 (T3), que são conectados na carga. Os terminais dos contatos
auxiliares são 13, 14, 21 e 22. O primeiro algarismo indica a posição relativa dos contatos e o
segundo algarismo indica se o contato é NA (3 e 4) ou NF (1 e 2). O número de contatos auxiliares
é variável. Geralmente é possível encaixar blocos de contatos auxiliar no contator principal.
Os contatores auxiliares (figura 3.2) possuem somente contatos auxiliares e são utilizados
para funções de comando e sinalização.
Os dispositivos de proteção mais comuns para motores de indução trifásicos são o Relé
Bimetálico de Sobrecarga e o Fusível.
O princípio de funcionamento do relé bimetálico de sobrecarga (ou relé térmico) foi
apresentado no capítulo I (seção 1.4). Ele é um dispositivo muito utilizado na proteção contra
sobrecarga de motores de indução trifásicos. Geralmente estão acoplados mecanicamente ao
contator de força. Na figura 3.3 está apresentado o diagrama esquemático do relé de sobrecarga.
Os elementos bimetálicos estão localizados entre os terminais 1-2, 3-4 e 5-6, por onde
circula a corrente do motor. Quando ocorre a sobrecarga, estes elementos curvam e movimentam
um sistema mecânico que faz os contatos auxiliares 97-98 (NA) e 95-96 (NF) trocarem de estado.
Coloca-se o contato NF em série com a bobina do contator para que, na ocorrência da sobrecarga, a
alimentação desta bobina seja interrompida e o motor seja desligado. O contato 97-98 pode ser
usado para ligar uma lâmpada de sinalização (sinaleiro) que avisa sobre a ocorrência da sobrecarga.
Os fusíveis utilizados na proteção do circuito de motores são o Diazed (ou D) e o NH. Estes
fusíveis foram apresentados no capítulo I (seção 1.4). Os fusíveis são utilizados nas fases do
circuito de potência de motores e no circuito de comando das bobinas dos contatores.
Ação
manual
Mola de
retorno NF NA
(contatos)
(a) (b)
A figura 3.6 apresenta o circuito de potência (a) e o circuito de comando (b) da chamada
“Chave partida direta”.
R S T F1
F
S1
RS1
F0
B0
K1
B1 K1
RS1
K1
M N
(a) (b)
Figura 3.6 – Chave partida direta: circuito de potência (a) e circuito de comando (b)
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 71
O contator conecta os terminais do motor diretamente na rede trifásica e duas botoeiras são
as responsáveis por ligá-lo (B1) e desligá-lo (B0). O contato auxiliar NA de K1 está em paralelo
com o botão liga. Este contato é chamado de selo ou retenção porque quando a ação manual na
botoeira B1 cessa, a bobina de K1 continua sendo alimentada por este contato. Quando a botoeira
B0 é pressionada, ela corta a alimentação da bobina transitoriamente fazendo o contato auxiliar
abrir e o motor é desligado.
A figura 3.7 apresenta o circuito de potência (a) e o circuito de comando (b) da chamada
“Chave partida direta reversora”. Se o motor for acionado pelo contator K1, a seqüência de fases
aplicada aos terminais T1, T2 e T3 do motor é RST. Se o motor for acionado pelo contator K2, a
seqüência de fases aplicada aos terminais T1, T2 e T3 do motor é RTS. Esta troca na seqüência de
fases produz inversão do sentido de rotação do motor de indução trifásico.
R S T F1
F
S1
B0
F0
RS1 RS2
K1 K2
B1 K1 B2 K2
RS1 RS2
B2 B1
K2 K1
K1 K2
M N
(a) (b)
Figura 3.7 – Chave partida direta reversora: circuito de potência (a) e circuito de comando (b)
Se, por algum problema, os contatores forem acionados simultaneamente ocorrerá curto-
circuito entre as fases S e T. Para evitar este problema, no circuito de comando existe um
intertravamento entre os contatores que impede que eles atuem simultaneamente. Observe-se que o
contato NF de um contator está em série com a bobina de outro contator, assim, elas não podem ser
acionadas juntas. Com a disposição usada para as botoeiras o sentido de rotação pode ser invertido
em plena marcha. Pressionando-se o botão B1, a bobina do contator K1 atraca e o motor parte em
um dado sentido, por exemplo, horário. O contato de selo mantém o contator K1 acionado mesmo
após cessar a pressão manual no botão B1. Quando o botão B2 é pressionado, a alimentação de K1
é cortada instantaneamente, porque o contato NF de B2 está em série com a bobina de K1. Por outro
lado, o contato NA de B2 fecha e a bobina de K2 é alimentada, fazendo o motor inverter o sentido
Eletricidade Industrial 72
de rotação. O contato de selo mantém o contator K2 acionado mesmo após cessar a pressão manual
no botão B2.
A chave fim de curso é um tipo de chave que é acionada pelo esbarro de um corpo como,
por exemplo, um portão, um caixote, a haste de um cilindro hidráulico ou pneumático, etc. Há
chaves fim de curso com variados formatos. A figura 3.8 apresenta chaves fim de curso que
possuem roletes que são pressionados por uma grade e trocam os estados dos contatos NA e NF.
Quando a pressão externa cessa, uma mola faz os contatos retornarem as posições iniciais. O
número de contatos NA e NF é variável conforme o modelo da chave.
(a) (b)
Figura 3.8 – Chave fim de curso: esquema físico (a) e símbolo (b)
(a) (b)
A ampola de mercúrio é utilizada no interior de uma bóia que controla níveis de caixas de
água (chave bóia). São utilizadas duas chaves bóia, uma no reservatório superior e outra no
reservatório inferior. As ampolas de mercúrio estão posicionadas de forma diferente nestas bóias. A
figura 3.10 apresenta a caixa superior para em duas situações: na figura 3.10(a) a caixa está vazia e
os contatos da chave bóia estão fechados (bomba ligada); na figura 3.10(b) a caixa está cheia e os
contatos da chave bóia estão abertos (bomba desligada).
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 73
(a) (b)
Figura 3.10 – Reservatório superior: vazio (a) e cheio (b)
A figura 3.11 apresenta a caixa inferior para em duas situações: na figura 3.11(a) a caixa está
vazia e os contatos da chave bóia estão abertos (bomba desligada); na figura 3.11(b) a caixa está
cheia e os contatos da chave bóia estão fechados (bomba ligada).
(a) (b)
Figura 3.11 – Reservatório inferior: vazio (a) e cheio (b)
Se a bomba é monofásica, as chaves bóias só podem estar ligadas diretamente no motor para
potências muito baixas (menores do que 3/4 cv). Para bombas trifásicas, as chaves bóias comandam
a bobina do contator.
A figura 3.12 apresenta o circuito de potência (a) e o circuito de comando (b) de uma chave
de controle de nível com contator e chaves bóias.
R S T F1
F
S1 RS1
F0
S0
1 2 3
K1
BSUP
RS1
BINF
K1
M
N
(a) (b)
Figura 3.12 – Controle automático de nível para dois reservatórios
Eletricidade Industrial 74
A1 15
RTE
A2 18 16
1 A1 15
RTD
2 A2 18 16
Alimentação em A1 e A2
T1 (ajustável)
t1 t2 t3 t4
Estrela-Triângulo
Partida Compensadora
Série-Paralelo
Impedância em série
V (3.1)
I p = I pn
Vn
onde Ip é a corrente de partida para a tensão reduzida V e Ipn é a corrente de partida para a tensão
nominal Vn.
O conjugado de partida e o conjugado máximo são proporcionais ao quadrado da tensão
aplicada a cada enrolamento do motor (Apostila de Máquinas CA, CEFET RS):
C p = k 1V 2 (3.2)
(3.3)
C ma = k 2 V 2
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 79
onde k1 e k2 são constantes da máquina. Atente-se para o fato do conjugado ser proporcional ao
quadrado da tensão.
Portanto, o conjugado de partida e o conjugado máximo também podem ser expressos por:
V
2 (3.4)
C p = C pn
Vn
2
V
C ma = C man (3.5)
Vn
V 0,5Vn
I p = I pn = 6I n = 3I n
Vn Vn
A curva (b) da figura 3.20 mostra o comportamento da corrente para 50% da tensão
nominal.
I / In
(a)
(b)
n / ns
A curva (a) da figura 3.21 mostra um exemplo de curva de conjugado onde se tem: Cpn=2Cn
e Cman=4Cn.
Eletricidade Industrial 80
Para o motor alimentado com 50% da tensão nominal, das equações (3.4) e (3.5), se tem:
2 2
V 0,5Vn
C p = C pn = 2C n = 0,5C n
Vn Vn
2 2
V 0,5Vn
C ma = C man = 4C n = C n
Vn Vn
Como a velocidade associada ao conjugado máximo não se altera, obtém-se a curva (b) da
figura 3.21 para 50% da tensão nominal.
T / Tn
(a)
(b)
n / ns
Na chave partida direta o motor está ligado na sua conexão definitiva, de modo que cada
enrolamento do motor recebe tensão nominal no momento da partida. Devido à alta corrente de
partida, as concessionárias de energia elétrica limitam a partida sob tensão plena a motores de
pequeno porte, da seguinte forma:
2 – Alimentação em alta tensão (AT) com transformador próprio → até 9% dos kVA do
transformador.
Para o motor em si a partida direta é preferível, pois fornece o máximo conjugado de partida
possível, o que encurta o tempo de aceleração.
O diagrama de ligações da chave partida direta convencional está apresentado na seção 3.3
(exemplo 3.1).
A chave estrela-triângulo somente pode ser utilizada em motores de 6 terminais cuja ligação
normal seja triângulo ou motores de 12 terminais cuja ligação normal seja triângulo série ou
paralelo. Na partida o motor é ligado em estrela (série ou paralelo), fazendo com que cada
enrolamento recebe uma tensão menor do que a nominal, o que reduz a corrente de partida em
relação à partida direta.
O circuito de potência da chave estrela-triângulo para o motor de 6 terminais é mostrado na
figura 3.22. Na partida são ligados os contatores K3 e K1 que efetuam a ligação estrela no motor
(rede em 1, 2 e 3; 4, 5 e 6 em curto) . Após a partida o contator K3 é desligado e em seu lugar entra
o contator K2 que, junto com K1 fecha a ligação triângulo (1 com 6, 2 com 4 e 3 com 5; rede em 1,
2 e 3).
11
S0
12
23 43
S1 K1
24 44
15 25 13 13
RY K1 K3
18 28 14 14
21 21
K2 K3
22 22
A1 A1 A1 A1
RY K3 K2 K1
N A2 A2 A2 A2
VL (3.6)
VFY =
3
VFY VL (3.7)
I FY = =
ZF 3Z F
VL (3.8)
I LY = I FY =
3Z F
VFD = VL (3.9)
onde VFD é a tensão de fase na ligação triângulo (delta);
VFD VL (3.10)
I FD = =
ZF ZF
3VL (3.11)
I LD = 3I FD =
ZF
Das equações (3.8) e (3.11) obtém-se a relação entre a corrente de linha em estrela
(reduzida) e a corrente de linha em triângulo (direta):
VL
I LY 3Z F 1
= = (3.12)
I LD 3VL 3
ZF
1
I LY = I LD (3.13)
3
V
2
V / 3
2 (3.14)
C p = C pn ⇒ C pY = C pD L
V
Vn L
1 (3.15)
C pY = C pD
3
O mesmo procedimento pode ser utilizado para análise do conjugado máximo. Da equação (3.5)
obtém-se:
2
V / 3
2 (3.16)
V
C ma = C man ⇒ C maY = C maD L
V
Vn L
1 (3.17)
C maY = C maD
3
T / Tn
TY
TR
n / ns
comutação
Figura 3.24 - Curva de conjugado em Y (CY), em ∆ (C∆) e conjugado resistente (CR)
I / In
IY
n / ns
comutação
Características positivas
− Custo reduzido.
− Permite elevada freqüência de manobras.
− Corrente de partida reduzida a 1/3 da corrente de partida nominal.
− Dimensões relativamente pequenas.
Características negativas
Aplicações
Acionamento de cargas que apresentam baixo conjugado resistente na partida e baixa inércia
ou, melhor ainda, quando a partida for a vazio.
Exemplos: bombas centrífugas, ventiladores, etc.
Eletricidade Industrial 86
F1,2,3
K1 K2 K3
80%
65%
50%
F7
M
Figura 3.26 - Circuito de potência da Chave Compensadora
F21
F
95
F7
96
11
S0
12
23 13 13 43
S1 K2 K1 K1
24 44
14 14
15 13
K6 K3
16 14
21 21 43 21
K1 K11 K2 K3
22 22 44 22
A1 A1 A1 A1 A1
K3 K2 K6 K1 K11
N A2 A2 A2 A2 A2
VLm (3.18)
x=
VL
onde VL é a tensão de linha da rede, VLm é a tensão de linha no motor.
Tomando-se o auto-transformador como ideal tem-se a relação inversa para as correntes de
linha na rede de alimentação (IL) e no motor (ILm):
IL (3.19)
x=
I Lm
Como a ligação do motor não é alterada pela chave compensadora, pode-se tomar como
referência para análise tanto a ligação em estrela como em triângulo, pois os resultados são os
mesmos.
Tomando-se a ligação estrela como referência, tem-se, para partida direta:
VF V (3.20)
I F = I L = I pn = = L
ZF 3ZF
VFm V V (3.21)
I Lm = I Fm = = Lm = x L
ZF 3ZF 3ZF
I Lm = xIpn (3.22)
I L = xILm (3.23)
I L = x 2 I pn
(3.24)
A equação (3.22) mostra que a corrente de partida no motor fica reduzida na mesma
proporção em que a tensão é reduzida (conforme o tap selecionado). A equação (3.24) mostra que a
corrente no alimentador fica reduzida proporcionalmente ao quadrado da redução da tensão.
O conjugado de partida pode ser determinado da seguinte forma:
V
2 (3.25)
Cp = Cpn
Vn
2
xV
Cpc = Cpn L (3.26)
VL
Cpc = x 2 Cpn (3.27)
Características positivas
− Pode-se mudar o tap para tentar adequar o conjugado de partida as características da carga.
− Em qualquer tap a corrente de partida na rede fica reduzida em relação à corrente de partida
nominal:
Tap de 50% → IL=x2Ipn=(0,50)2Ipn=0,25Ipn
Tap de 65% → IL=x2Ipn=(0,65)2Ipn=0,42Ipn
Tap de 80% → IL=x2Ipn=(0,80)2Ipn=0,64Ipn
− Bastam três terminais para o motor, ou seja, a sua ligação é indiferente para a chave
compensadora.
Características negativas
Aplicações
Nos casos onde a chave estrela-triângulo não pode ser usada, seja por impossibilidade de
conexão ou por insuficiência de conjugado.
Eletricidade Industrial 90
Com as bobinas de K1, K2 e K3 alimentadas o motor fica ligado na sua conexão definitiva
(estrela-paralelo) para operação em regime permanente. A lâmpada K1 acesa sinaliza que o motor
está em operação normal.
Pode-se demonstrar (exercício 5, seção 3.5) que esta chave reduz tanto a corrente de partida
como o conjugado de partida a 25% dos respectivos valores para partida direta. Portanto, a
aplicação é restrita a motores de 9 ou 12 terminais cuja ligação definitiva é paralelo (muito comum
nos motores americanos) e a partida é com carga leve ou a vazio.
Eletricidade Industrial 92
Em casos raros, como motores de média tensão (acima de 600 V) e grande porte pode-se
usar resistências ou reatâncias em série com o estator durante a partida para reduzir a tensão
aplicada ao motor e, por conseqüência, limitar a corrente de partida.
A figura 3.30 apresenta o circuito de potência da chave de partida com impedância primária.
Na partida somente o contator K2 é energizado, de modo a inserir as impedâncias externas Z em
série com o estator. Durante o período transitório de aceleração a corrente vai diminuindo,
reduzindo a queda na impedância externa, e a tensão aplicada ao motor vai aumentando. Após o
tempo de partida programado, o contator K1 também é energizado e o motor passa a receber tensão
nominal. O contator K2 pode ser então desenergizado porque não tem mais função no circuito.
Observe-se que esta seqüência de operação efetua transição fechada, impedindo picos de
corrente e conjugado durante a comutação.
Deixa-se o circuito de comando desta chave como um exercício proposto (exercício 6, seção
3.5).
R S T
F1,2,3
K1 K2
Z Z Z
F7
O problema deste método de partida é que a redução do conjugado de partida é maior do que
a redução da corrente de partida. Nas chaves estrela-triângulo, série-paralelo e compensadora a
corrente de partida e o conjugado de partida são ambos reduzidos na mesma proporção graças a
alterações de ligações ou a inserção do auto-transformador.
A redução direta da tensão nos terminais do motor faz com que a redução da corrente de
partida seja proporcional à redução de tensão, porém, a redução no conjugado de partida é
proporcional ao quadrado da redução de tensão (equações 3.1 e 3.4). Para reduzir a corrente de
partida à metade, por exemplo, o conjugado de partida fica reduzido à quarta parte.
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 93
Nos motores de rotor bobinado insere-se uma resistência externa no circuito do rotor
(secundário), reduzindo assim a corrente de partida no rotor e, conseqüentemente, no estator. Este
aumento da resistência do rotor também aumenta o conjugado de partida porque reduz a defasagem
entre as forças eletromotrizes e as correntes no rotor.
A figura 3.31 apresenta um esquema simplificado deste método de partida. O motor parte
com a máxima resistência rotórica (todos os resistores em série) e à medida que a velocidade vai
crescendo os resistores são seqüencialmente retirados (curto-circuitados).
R S T
F0
K1 K2 K3 K4
RS1
M
R2.1 R2.2 R2.3
É um dos melhores métodos de partida para motores de indução trifásicos, porém, é o mais
caro e só é usado em situação de extrema dificuldade de partida.
Eletricidade Industrial 94
O soft-starter é um equipamento eletrônico usado para dar partida suave e fazer a parada de
motores de indução trifásicos. Para isto, ele controla a tensão eficaz aplicada ao motor, o que influi
na corrente e no conjugado. Há muitos fabricantes de soft-starters, porém as suas características são
muitos semelhantes. Nesta seção são descritas as características gerais dos soft-starters, sem se ater
especificamente em nenhuma marca. Nas aulas práticas serão analisadas características específicas
de algumas marcas.
É conveniente salientar que o soft-starter não é usado para controlar a velocidade do motor
porque ele não altera a freqüência e sim o valor eficaz da tensão apenas durante os transitórios de
partida e parada.
O circuito de potência do soft-starter possui em cada fase dois tiristores (SCRs) ligados em
anti-paralelo e comandados por um circuito eletrônico microprocessado. São usados dois tiristores
em anti-paralelo porque deve existir condução nos dois semi-ciclos da tensão da rede, já que o
motor é de corrente alternada. Esta configuração de circuito é denominada Gradador e a tensão
eficaz de saída depende do ângulo de disparo dos tiristores
O processo de partida mais simples é através de uma rampa de tensão. Assim, o ângulo de
disparo dos tiristores inicialmente é alto e vai sendo reduzido gradativamente de modo que a tensão
senoidal da rede é recortada e a tensão eficaz aplicada ao motor é elevada continuamente (figura
3.33).
A figura 3.34 mostra o arranjo básico para as conexões do circuito de potência do Soft-
Starter. Alguns componentes podem ser omitidos ou outros acrescentados, dependendo do modelo
do Soft-Starter de do tipo de comando desejado (frenagem, reversão, etc).
O ajuste dos parâmetros de operação dos soft-starters pode ser feito no seu próprio console
(possível em todos os modelos), através de uma IHM (interface homem-máquina) adicionada
externamente ou, ainda, através de um microcomputador. As duas últimas opções não são
encontradas em todos os modelos.
Eletricidade Industrial 96
Classes de arranque
Neste tipo de partida a tensão inicial de rampa ou pedestal tensão (V0) geralmente é ajustada
entre 20% e 100% da tensão nominal (Vn). O tempo de rampa (tR), ou seja, o tempo programado
para a tensão variar do valor inicial até o nominal fica na faixa entre Os e 180s.
Se a partida fosse direta, a corrente de partida atingiria o valor Ipn (corrente de partida
nominal) representado pela linha tracejada e diminuiria à medida que a rotação fosse aumentando,
até chegar no valor nominal em regime permanente (In). A corrente de partida (I0) com tensão
reduzida fica menor do que a corrente de partida nominal, dependendo do valor de V0.
Em muitos modelos é possível impor um limite para a corrente durante a partida (IB,
corrente de bloqueio). Considere que a tensão inicial de rampa está ajustada em 100% , o tempo de
rampa está ajustado em zero e a corrente está limitada no valor IB. Pelo ajuste de rampa feito, a
partida seria direta e a corrente atingiria o valor Ipn representado na curva tracejada. Porém o soft-
starter não deixa a corrente passar do valor ajustado IB enquanto o motor estiver partindo. Para
tanto, uma rampa de tensão é automaticamente produzida pelo aparelho. Quando a corrente cai
abaixo do valor de limitação a tensão nominal é aplicada.
Este caso é uma combinação dos dois anteriores. A rampa é ajustada com uma tensão inicial
V0 e um tempo tR e é incluída uma limitação de corrente IB. A corrente inicia com uma intensidade
I0 até atingir a intensidade limitada IB, onde permanece durante um tempo, e só diminui após o
motor ter atingido uma velocidade próxima da nominal. Nesta situação a rampa inicialmente
programada (representada em tracejado) não é respeitada para que a corrente não ultrapasse o valor
limitado.
d) Arranque com rampa de tensão, limitação de corrente e impulso de partida (figura 3.38)
Os arranques apresentados até agora são indicados para cargas que apresentem um
conjugado resistente baixo durante a partida e que este cresça com a rotação como, por exemplo,
bombas centrífugas e ventiladores. Algumas cargas têm conjugado resistente aproximadamente
constante, independentemente da rotação (elevadores, guindastes, esteiras transportadoras, etc),
porém, o conjugado resistente é um pouco maior na partida devido ao atrito estático.
Para situações em que a carga possui um conjugado de atrito estático alto alguns soft-
starters dispõem da função impulso de partida (impulso de ruptura ou kick-start). Ele consiste em
aplicar um pulso de tensão (VI) de curta duração (tI) para melhorar o conjugado de partida, antes de
começar a rampa de tensão. A corrente de partida atinge um valor II durante o impulso de tensão, a
seguir cai para o valor ajustado como limitação de corrente (IB) e próximo a velocidade nominal
atinge o valor de regime permanente.
A amplitude do pulso de tensão (VI) deve ser menor que a tensão da rede, para que a
corrente de partida produzida por ele não seja igual a corrente de partida direta (Ipn). A duração do
pulso de tensão (tI) deve ser pequena (milésimos de segundo) para que a partida seja suave.
Classes de parada
a) Parada normal
Neste caso a tensão aplicada ao motor é reduzida do valor nominal para zero
instantaneamente ao chegar a ordem de desligamento. O motor vai parar conforme a inércia e o
amortecimento do acionamento. Com inércias pequenas o tempo de parada é curto e com inércias
grandes é longo.
b) Parada suave
Na parada suave a tensão é reduzida continuamente por uma rampa de desaceleração. Ela é
usada no acionamento de cargas com pequeno momento de inércia, onde a parada normal seria
muito rápida e indesejável.
Em Esteiras Transportadoras, por exemplo, uma parada súbita poderia causar queda dos
materiais transportados. Durante a parada correntes elevadas podem ocorrer, devido a redução de
tensão, por isto a função parada para bombas geralmente é usada em soft-starters com proteção
eletrônica de sobrecarga.
O ajuste para parada normal em uma bomba pode produzir parada brusca e um aumento de
pressão na tubulação formando o conhecido "Golpe de Ariete" que pode trazer algum dano
mecânico na tubulação ou nas suas válvulas. Neste caso a parada suave é bastante utilizada, tanto
que alguns soft-starters possuem a função parada (suave) para bombas.
c) Frenagem CC
Este método consiste em uma parada brusca do motor através de aplicação de corrente
contínua aos seus enrolamentos. O campo magnético deixa de ser girante e passa a ser estacionário,
porém, enquanto o rotor permanece em movimento, são induzidas correntes nele que produzem um
conjugado freante.
A frenagem é usada com cargas de inércia elevada que produzem um tempo de parada
normal muito grande como, por exemplo, grandes ventiladores, ou por exigência do funcionamento
da máquina acionada.
Economia de Energia
Existem situações que, durante um período, o motor permanece ligado a vazio ou com pouca
carga. Nestas situações pode-se usar o Soft-Starter para fazer economia de energia mediante a
aplicação de uma tensão mais baixa ao motor o que reduz as perdas no cobre e as perdas no ferro.
Se a função está ativada o soft-starter vigia a carga e aplica tensão de acordo com o
conjugado exigido do motor. A quantidade de energia economizada depende de vários fatores:
potência do motor, número de pólos, projeto do motor e potência exigida pela carga. A figura 3.39,
obtida de manuais da Siemens, mostra a economia de energia em função da potência do motor e da
carga acionada. Um motor de 4 kW operando com 25% de carga tem uma economia de 19% de
energia e um motor de 150 kW operando também com 25% de carga tem uma economia de energia
de 12%.
Por outro lado, deve-se tomar cuidado quando a carga é de tração (guinchos, elevadores de
carga), por que o motor pode atingir velocidades maiores que a síncrona. Neste caso, deve-se
desativar a função economia de energia. Nem todos os soft-starters têm a função economia de
energia.
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 99
No caso de utilização de capacitores de correção do fator de potência (figura 3.41), estes não
devem estar conectados durante a partida do motor devido à existência de harmônicas geradas pelo
soft-starter. A função economia de energia também não deve ser ativada.
3.5. Exercícios
2. Desenvolva uma chave de comando para um motor Dahlander de conjugado constante. Devem
existir três botões pulsadores de comando, um botão para cada velocidade e um botão para desligar
o motor. A proteção deve ser feita por fusíveis e relés bimetálicos. O sentido de rotação do motor
deve permanecer inalterado nas duas velocidades.
3. Explique a diferença entre o circuito de comando da chave partida direta reversora da figura
abaixo e o da figura 3.7.
F1
F
B0
RS1 RS2
B1 K1 B2 K2
K2 K1
K1 K2
N
Eletricidade Industrial 102
4. Desenvolva uma chave de partida para um motor de indução trifásico com comutação polar por
dois enrolamentos independentes no estator. A chave deve funcionar da seguinte forma:
- uma botoeira S1 dá a partida no motor através do enrolamento de baixa rotação;
- transcorrido um certo tempo, ajustável pelo operador, o enrolamento de baixa rotação é desligado
e o enrolamento de alta rotação é alimentado;
- quando uma botoeira S0 é pressionada, o enrolamento de alta rotação é desconectado e o
enrolamento de baixa rotação é energizado, durante o intervalo de tempo ajustado;
- após este intervalo de tempo o motor é desligado completamente;
- o sentido de rotação deve ser o mesmo nas duas velocidades;
- deve haver um intertravamento elétrico impedindo que os dois enrolamentos sejam alimentados
simultaneamente;
- a proteção contra curto-circuito e contra sobrecarga deve ser feita por fusíveis e relés bimetálicos.
5. Demonstre que a chave série-paralelo reduz a corrente de partida e o conjugado de partida para ¼
dos respectivos valores de partida direta.
6. Desenvolva o circuito de comando para uma Chave de Partida com Impedância Primária.
3.6. Práticas
1a. Montar uma chave magnética para um sistema automático de bombeamento de água com dois
reservatórios, superior e inferior.
Material necessário:
− Simulador de Defeitos em Quadros de Comando.
− Esquema do Quadro de Comando.
− Multiteste.
Roteiro
7 – Verifique quais os contatores que estão energizados. Verifique no diagrama qual é a necessidade
destes contatores estarem energizados.
10 – Chame o Professor para que ele insira um defeito no circuito da chave partida direta.
15 – Indique, no diagrama que você tem em mãos, a ligação da chave simuladora de defeito.
Materiais: motor de indução trifásico (380V e I<4A); soft-starter PowerBoss; interruptor simples;
amperímetro ferro móvel 10A; multiteste; Cabos.
Roteiro
3 380 V / 60Hz
R
S
T
Seccionadora
com fusível
L1 L2 L3
H1
N 6
220 V 5
F 4 CONN5
RL1
3 RELÉ DE
OPERAÇÃO
2
1
N H2
6
220 V 5
4 CONN6
RL2
RELÉ
3 PROGRAMÁVEL
2
1
4
ENTRADA
S 3 DIGITAL
2
LIGA /
1 DESLIGA
T1 T2 T3
M
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 105
8 ON, 9 ON e 10 ON ⇒ tR=0,50 s
8 OFF, 9 ON e 10 ON ⇒ tR=2,00 s
8 ON, 9 OFF e 10 ON ⇒ tR=5,00 s
8 OFF, 9 OFF e 10 ON ⇒ tR=10,0 s
8 ON, 9 ON e 10 OFF ⇒ tR=20,0 s
8 OFF, 9 ON e 10 OFF ⇒ tR=30,0 s AJUSTE
8 ON, 9 OFF e 10 OFF ⇒ tR=60,0 s
8 OFF, 9 OFF e 10 OFF ⇒ tR=120 s
5. Conecte o multiteste na escala de Volts adequada para medir a tensão aplicada ao motor.
16. Mude a função do relé programável RL2 e observe a diferença em relação à função inicial.
Cap. III –Comando e Proteção de Motores de Indução Trifásicos 107
Materiais:
8. Dê partida no MIT (F7) sem carga, cronometre o tempo de rampa e observe a tensão e a
corrente.
18. Dê nova partida e aplique carga até que a corrente do motor atinja 2,5 A.
26. Com o motor desligado, interrompa uma fase. Dê partida no motor e anote conclusões.
Materiais:
2. Indique na figura abaixo as posições dos micro-interruptores para se obter os seguintes ajustes:
- Parada suave
- Impulso de partida desativado
- Economia de energia desativada
- Partida de emergência desativada
- Temperatura ambiente 40oC
- Sem detecção de regime permanente
- Parametrização no próprio Soft-Starter
Materiais:
2. Indique na figura abaixo as posições dos micro-interruptores para se obter os seguintes ajustes:
- Frenagem em CC
- Impulso de partida desativado
- Economia de energia desativada
- Partida de emergência desativada
- Temperatura ambiente 40oC
- Detecção de regime permanente ativada
- Parametrização no próprio Soft-Starter
Materiais:
Soft-Starter SSW-05 Plus
Manual do SSW-05 Plus
Amperímetro de ferro móvel 0-5A...10A
Voltímetro de ferro móvel 250 V
Motor de indução trifásico 1,5 cv, 220V/380V
Interruptor simples
Botoeiras liga e desliga
Interruptor simples
Cabos
Roteiro
5. Desligue o motor.
7. Dê partida no motor e observe. Se ocorrer mensagem de falha (led vermelho piscando), consulte
tabela da página 77. Leia também o item 12.4 da página 76. Descreva a razão da falha.