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Os 12 Graus Do Silêncio PDF
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3º Silêncio da imaginação
Esta faculdade é a primeira em chamar à porta fechada do jardim do
Esposo; com ela vêm as emoções alheias, as vagas impressões, as tristezas.
Mas neste lugar retirado, a alma dará ao Bem Amado provas de seu amor.
Apresentará a esta potência, que não pode ser destruída, as belezas do céu,
os encantos de seu Senhor, as cenas do Calvário, as perfeições de seu Deus.
Então, também ela permanecerá no silêncio, e será a servente silenciosa do
Amor divino.
4º Silêncio da memória
Silêncio ao passado... esquecimento. Há que saturar esta faculdade com a
recordação das misericórdias de Deus... É o agradecimento no silêncio, é o
silêncio da ação de graças.
5º Silêncio às criaturas
Oh, miséria de nossa condição presente! Com freqüência a alma, atenta a si
mesma, se surpreende conversando interiormente com as criaturas,
respondendo em seu nome. Oh, humilhação que fez gemer os santos! Nesse
momento esta alma deve retirar-se docemente às mais íntimas profundezas
deste lugar escondido, onde descansa a Majestade inacessível do Santo dos
santos, e onde Jesus, seu consolador e seu Deus, se descobrirá a ela, lhe
revelará seus segredos, e a fará provar a bem-aventurança futura. Então lhe
dará um amargo desgosto para tudo o que não é Ele, e tudo o que é da terra
deixará pouco a pouco de distrair-la.
6º Silêncio do coração
Se a língua está muda, se os sentidos se encontram na calma, se a
imaginação, a memória e as criaturas se calam e fazem silêncio, se não ao
redor, ao menos no íntimo desta alma de esposa, o coração fará pouco
ruído. Silêncio dos afetos, das antipatias, silêncio dos desejos no que tem
de demasiado ardente, silêncio do zelo no que tem de indiscreto; silêncio
do fervor no que tem de exagerado; silêncio até nos suspiros... Silêncio do
amor no que tem de exaltado, não dessa exaltação da qual Deus é autor,
senão daquela na qual se mistura a natureza. O silêncio do amor, é o amor
no silêncio...
É o silêncio diante de Deus, suma beleza, bondade, perfeição... Silêncio
que não tem nada de chateado, de forçado; este silêncio não danifica a
ternura, o vigor deste amor, de modo semelhante a como o reconhecimento
das faltas não danifica tampouco o silêncio da humildade, nem o bater das
asas dos anjos de que fala o profeta o silêncio de sua obediência, nem o fiat
o silêncio de Getsemani, nem o Sanctus eterno o silêncio dos serafins...
Um coração no silêncio é um coração de virgem, é uma melodia para o
coração de Deus. A lâmpada se consome sem ruído diante do Sacrário, e o
incenso sobe em silêncio até o trono do Salvador: assim é o silêncio do
amor. Nos graus precedentes, o silêncio era ainda a queixa da terra; neste a
alma, por sua pureza, começa a aprender a primeira nota deste cântico
sagrado que é o cântico dos céus.
8º Silêncio do espírito
Fazer calar os pensamentos inúteis, os pensamentos agradáveis e naturais;
só estes danificam o silêncio do espírito, e não o pensamento em si mesmo,
que não pode deixar de existir. Nosso espírito quer a verdade, e nós lhe
damos a mentira! Agora bem, a verdade essencial é Deus! Deus é o
bastante à sua própria inteligência divina, e não basta à pobre inteligência
humana!
No que concerne a uma contemplação de Deus perene e imediata, não é
possível na debilidade da carne, a não ser que Deus conceda um puro dom
de sua bondade; mas o silêncio nos exercícios próprios do espírito consiste,
em relação à fé, em contentar-se com sua luz escura. Silêncio aos
raciocínios sutis que debilitam a vontade e dissecam o amor. Silêncio na
intenção: pureza, simplicidade; silêncio às buscas pessoais; na meditação,
silêncio à curiosidade; na oração, silêncio às próprias operações, que não
fazem mais que entravar a obra de Deus. Silêncio ao orgulho que se busca
em tudo, sempre e em todas as partes; que quer o belo, o bem, o sublime; é
o silêncio da santa simplicidade, do desprendimento total, da retidão.
Um espírito que combate contra tais inimigos é semelhante a esses anjos
que vêem sem cessar a Face de Deus. Esta é a inteligência, sempre no
silêncio, que Deus eleva a si.
9º Silêncio do juízo
Silêncio quanto às pessoas, silêncio quanto às coisas. Não julgar, não
deixar ver a própria opinião. Não ter opinião às vezes, ou seja, ceder com
simplicidade, sem nada se opor a ele por prudência ou por caridade. É o
silêncio da bem-aventurada e santa infância, é o silêncio dos perfeitos, o
silêncio dos anjos e dos arcanjos, quando seguem as ordens de Deus. É o
silêncio do Verbo encarnado!