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A Língua Escrita Nos Anos Iniciais Do Ensino Fundamental PDF
A Língua Escrita Nos Anos Iniciais Do Ensino Fundamental PDF
JUREMA HOLPERIN
SUBSECRETARIA DE ENSINO
IZA LOCATELLI
CONSULTORIA
FABIO DA SILVA
MARCELO ALVES COELHO JUNIOR
DESIGN
SUMÁRIO
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A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Iza Locatelli
Doutora em Educação PUC/Rio
Consultora da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro
A língua escrita é uma forma de representação criada há muito tempo com a finalidade, inicialmen-
te, de registrar operações comerciais. Por muitos e muitos anos foi privilégio de poucos, membros da elite
ou do clero. Hoje, ela é fundamental em nossa sociedade. Aprende-se a escrever na escola para garantir
comunicação em um mundo cada vez mais letrado.
Não importa o meio com que se escreve. Seja qual for o portador de textos, cartas, bilhetes, hoje
praticamente substituídos por e-mails, a escrita é absolutamente indispensável, usando-se lápis, caneta ou
as teclas de um computador.
Neste texto, discutiremos alguns conceitos que envolvem a Língua Escrita, além de analisar questões
de grande importância para o trabalho com a Língua Portuguesa.
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LÍNGUA E LINGUAGEM – LER E ESCREVER
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Cabe ressaltar, enfim, que esse posicionamento conceitual, bem como suas práticas decorrentes,
supõe processo crescente, contínuo, que se inicia no primeiro ano de escolarização e consolida-se por toda
a vida escolar dos alunos, contribuindo para a constituição desses sujeitos, num movimento que não tem
fim. Ensinar a ler/escrever não é tarefa apenas dos professores do período de alfabetização/letramento. É
tarefa de todos os anos e de todos os professores, seja qual for sua área de atuação.
Os objetivos do ensino da Língua Portuguesa, segundo as Orientações Curriculares, devem ser
alcançados ao longo da escolarização, não sendo restritivos a um determinado ano de escolarização. Por
isso, vamos encontrar a recorrência desses objetivos e habilidades em níveis crescentes de complexidade.
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2 COMPETÊNCIA DISCURSIVA
A competência discursiva só pode ser adquirida nas atividades de linguagem, na interação dos
sujeitos através dos gêneros textuais, dentro dos ambientes discursivos e das formações sócio- discursivas
que permeiam a sociedade.
A competência discursiva é a capacidade que os usuários da língua têm ou deverão ter de, ao criar
seus textos, escolherem o gênero que melhor lhes convier, dentro de um inventário de gêneros disponíveis.
É importantíssimo que a escola possibilite o falar de seus alunos em situações diversas e que crie
situações em que seja necessário narrar, argumentar, polemizar, descrever... Quanto mais os alunos falarem
e lerem na escola, melhor escreverão.
Lendo, os alunos perceberão que sempre, em uma história, há um tema central, personagens,
incluindo protagonistas e, eventualmente, antagonistas, o narrador que, em muitas ocasiões é, também,
um personagem, o enredo que apresenta o início da trama, o desenvolvimento, o clímax e o desfecho,
o ambiente que pode descrever, além do espaço físico, o meio social e a atmosfera que envolve os
personagens e o tempo, mostrando os eventos que se sucedem.
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TIPOS DE TEXTO
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Textos são formas de organização linguística existentes e percebidas dentro dos gêneros. Há inúmeras
classificações. Adotaremos uma delas:
• Tipo descritivo – ligado à percepção no espaço;
• Tipo instrucional/injuntivo – relacionado a prescrições, regras;
• Tipo narrativo – ligado à percepção no tempo;
• Tipo expositivo – ligado à análise e à síntese de representações conceituais;
• Tipo argumentativo – concentrado no julgamento e na tomada de posições.
Por exemplo: um romance, uma novela e um conto pertencem ao tipo narrativo; um manual de
instruções ou de montagem, regulamentos, guias de viagem e boletim meteorológico pertencem ao tipo
instrucional-injuntivo, ligado em prescrições de um comportamento a ser seguido. Já uma descrição
dentro de uma narração, uma publicidade e um guia turístico pertencem ao tipo descritivo; por outro
lado, um editorial, um texto de publicidade, teses e dissertações pertencem ao tipo argumentativo.
Os textos se situam em suportes textuais que são os espaços físicos e materiais em que estão grafados
os diferentes tipos de texto e gêneros textuais: livro, jornal, revista, manual de instrução, bula, receita e
hoje, cada vez mais, o que os textos usam como novo suporte: computadores, tablets e celulares.
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4 GÊNEROS DO DISCURSO
Diferentemente dos tipos de texto, os gêneros do discurso são em número ilimitado, ampliando-se
cada dia mais. Os gêneros pertencem a vários tipos de discurso. Temos, por exemplo, o discurso típico do
judiciário, da igreja, da mídia, da escola, da academia, o doméstico, o público etc.
Por outro lado, para formar bons leitores e escritores, a escola deve estar atenta ao fato de que ela
é o lugar, por excelência, que deve levar o aluno a compreender que a sociedade letrada está organizada
em instituições sociais definidas: os chamados lugares sociais ou ambientes discursivos. Sendo assim, os
professores devem auxiliar seus alunos a desenvolver as competências discursivas que lhes permitam
transitar e conquistar espaços discursivos em outras instituições sociais para poder nelas dialogar.
Aprender a ler e a escrever e a se comunicar de maneira correta em cada ambiente social são imperativos
na sociedade atual.
Apresentaremos, no decorrer deste trabalho, várias situações que envolvem diferentes gêneros
textuais.
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CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA,
FONÊMICA E SINTÁTICA 5
Bilabiais produzidos pelo contato dos lábios /p/ /b/ /m/ (pato, bola, mapa)
produzidos pelo contato do lábio infe-
Labiodentais /f/ /v/ (faca, vela)
rior com os dentes incisivos superiores
produzidos pelo contato do ápice da
Linguodentais /t/ /d/ /n/ (time, dado, nota)
língua com os dentes superiores
produzidos pelo contato da língua com
Línguoalveolares /l/ /r/ (lata, cara)
os alvéolos superiores
produzidos pelo contato da língua, na
Línguoalveolares convexos /s/ /z/ (casa, zebra)
posição convexa, com os alvéolos
produzidos pelo contato do dorso da
Línguopalatais /lh/ /nh/ (galho, ninho)
língua com o palato
produzidos pelo contato da língua na
Línguopalatais côncavos /ch/ /j/ (chave, jato)
posição côncava com o palato
produzidos pelo contato entre o terço
Velares mais próximo à raiz da língua com o véu /k/ /g/ /R/ (casa, gato, rato)
palatino
Quanto ao padrão silábico, as línguas naturais diferem bastante em relação aos padrões estruturais
a que obedecem. A sílaba mais simples e a sílaba mais complexa variam de língua para língua. Na língua
portuguesa, o padrão silábico mais comum é o de consoante seguida de vogal (CV). Não há, na língua
portuguesa, sílabas em que não haja pelo menos uma vogal.
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COESÃO E COERÊNCIA
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A coesão pode ser estruturada como a conexão, ligação, harmonia entre os componentes do texto,
demonstrada por frases e parágrafos entrelaçados, em que um dá continuidade ao outro. A coesão é
responsável pela unidade formal do texto.
• Palavras como preposições e conjunções garantem a unidade entre as diversas partes de um texto.
• Quando um conectivo não é usado corretamente, há prejuízo na coesão.
Exemplo: A escola possui um excelente time de futebol, portanto não conseguiu até hoje ganhar
um campeonato. Possuir um bom time de futebol e não vencer são ideias opostas, logo, deve-se escolher
uma conjunção adversativa: mas, porém, entretanto, no entanto.
Outros exemplos:
• Quero ficar em casa, hoje. Estou muito cansado.
Melhor seria: Quero ficar em casa, hoje, porque estou muito cansado.
• A camisa do uniforme do Pedro está suja. A minha está limpinha.
Melhor seria: A camisa do uniforme do Pedro está suja, enquanto (porém, mas) a minha está
limpinha.
Quanto à coerência, esta refere-se à macroestrutura do texto, isto é, à manutenção da mesma
referência temática em toda a sua extensão.
A coerência exige que
seja mantida a harmonia de sentido em todo o texto;
o texto não apresente contradição entre as ideias apresentada;
a relação entre as partes do texto crie uma unidade de sentido, isto é, que haja interrelação entre
as partes;
seja mantida a defesa de um ponto de vista, uma opinião.
Os tipos de coerência são:
Coerência narrativa – diz respeito às partes da narrativa e à lógica existente entre estas partes.
Coerência argumentativa – diz respeito ao raciocínio argumentativo.
Coerência temporal/espacial – diz respeito às leis da continuidade dos eventos e às características
do espaço em que os eventos ocorrem.
Exemplo:
Depois de lida uma história, pode-se pedir aos alunos que coloquem em ordem os fatos narrados na
história. Imaginemos que os professores leiam para os alunos a história de João e o Pé de Feijão. Uma boa
atividade seria a que está a seguir:
Coloque em ordem os pedaços da história que você leu (ouviu): 15
A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
( 4 ) O homem insistiu com o João para trocar a vaca por um punhado de feijões mágicos e ele
aceitou.
( 3 ) Indo para casa, João encontrou um homem estranho, mas com um jeito legal.
( 2 ) A mãe, que estava com pouco dinheiro, pediu ao filho para ir à cidade vender a única vaquinha
que possuíam.
( 5 ) Quando João chegou em casa e contou a história à mãe, ela ficou furiosa e jogou os feijões pela
janela.
( 1 ) Numa pequena cidade, viviam um menino chamado João e sua pobre mãe viúva.
( 6 ) No dia seguinte, João viu que os feijões jogados pela mãe tinham se transformado num grande
pé de feijão.
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LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
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O primeiro passo para uma alfabetização bem-sucedida consiste em inserir a criança no mundo da
leitura e da escrita. Isto se dá a partir do que chamamos letramento.
Etimologicamente, o termo alfabetização não ultrapassa o significado de processo de aquisição do
alfabeto. O processo de alfabetização tem as suas especificidades, mas é preciso lembrar que o sujeito
alfabetizado não é necessariamente um sujeito leitor/escritor. Para que se forme um sujeito leitor/escritor,
é necessário que a alfabetização e o letramento ocorram juntos.
Ao se estabelecer a distinção entre alfabetizar e letrar, consideramos que o sentido dado à palavra
alfabetização se alterou, ao longo do tempo, passando a indicar somente o domínio do código. Nessa
perspectiva, consideramos que a alfabetização é uma etapa importante do processo, mas é necessário,
também, que os nossos alunos entendam para que se lê/escreve, isto é, saibam o valor social desses
conhecimentos, conheçam o seu uso. A esse processo chamamos letramento.
É importante, então, que sejam propostas atividades que possibilitem aos alunos a expansão de
seu letramento, propiciando situações reais de comunicação, ou seja, situações significativas de leitura
e de escrita, que lhes proporcionem, também, o domínio do código da língua. Consideramos letradas as
crianças que reconhecem o valor social do conteúdo de aprendizagem, isto é, que sabem em que situação
usar os conhecimentos adquiridos. O nível de letramento dos alunos vai influir na expectativa em relação
ao que irão aprender e nos resultados alcançados.
O reconhecimento do código é uma das etapas do processo, mas não o processo, já que este não se
resume ao aprendizado do código. A compreensão do funcionamento do sistema da escrita se compõe
do entendimento das seguintes condições:
para que serve o texto;
que texto é mais apropriado em dada situação de comunicação (o gênero);
domínio da estrutura de cada um dos gêneros textuais, para usá-los de acordo com a situação
de comunicação;
que recursos da língua utilizar em dada situação, em dado texto (a gramática);
de que forma são utilizados os recursos para atender aos propósitos comunicativos (o estilo/o
uso da gramática).
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9 COMO LIDAR COM A ESCRITA EM SALA DE AULA
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A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Em seguida, os professores devem enfocar aspectos linguísticos do texto. Esses aspectos precisam ser
trabalhados com a turma toda, coletivamente, e, posteriormente, de modo individualizado, com os alunos
que apresentam maiores dificuldades. Não se pode lecionar, apenas, para aqueles que “acompanham bem
a aula’’. Por isso, as propostas deverão ser diversificadas, variando com o maior ou menor nível no processo
de aquisição da escrita.
Além dos aspectos citados, várias são as formas de lidar com a escrita. Por exemplo, entregar às
crianças um texto impresso e pedir a eles que:
marquem no texto a letra inicial do nome;
encontrem uma palavra destacada;
20 assinalem os espaços existentes entre as palavras;
A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
que reescrevam palavras significativas encontradas no texto lido como, por exemplo, o título do
texto;
que reescrevam um trecho escolhido; ou
que escrevam um texto, tendo como referência o tema que foi apresentado à turma.
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A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Antes da leitura propriamente dita, recomenda-se uma preparação dos alunos, chamando sua
atenção para o suporte e o formato do texto (o envelope, as ilustrações etc.). Após a leitura, podem ser
22 dadas pistas para que os alunos reconheçam a função do texto.
A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
COMOEQUEFAZ.COM
Se o texto falar de uma festa, pode-se perguntar: O que vai ser comemorado? Onde? Em que horário?
Na sequência, o professor poderá destacar outros recursos: circular letras maiúsculas, achar palavras com
determinada quantidade de letras, reconhecer o uso e o efeito da pontuação no texto... Em geral, em convites,
há a presença de um ponto de exclamação. Se for o caso, aproveitar para lidar com esse aspecto gramatical.
Por fim, textos trabalhados coletivamente podem ser ilustrados pelos alunos e colocados em
exposição, em local de fácil acesso, na sala de aula, para que as crianças possam consultá-los, sempre que
necessitarem de um modelo. O trabalho com textos coletivos é excelente.
Por outro lado, a multiplicidade de formas e funções dos textos – os diferentes gêneros textuais:
cartas, convites, parlendas, receitas, poemas etc. – deve ser apresentada não só nos momentos de leitura,
como também em propostas de produção textual.
Deve ser lembrado que cada um dos gêneros textuais apresenta diferentes estruturas. Não é a
mesma coisa escrever um bilhete ou fazer uma lista de convidados. Também não é a mesma coisa escrever
individualmente, a dois, a três ou em grupo. O professor deve propiciar situações que provoquem a necessidade
de escrita de diferentes gêneros; isto fará com que as crianças aprendam como escrever, em cada caso.
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A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
levar os alunos a identificar o número de sílabas de algumas palavras, percebendo que há sílabas
compostas por número diferente de letras;
fazer com que identifiquem letras que representam mais de um som;
organizar os alunos em duplas, para que um leia o texto do outro (o entendimento ou não, pelo
colega, leva a criança a perceber a necessidade do uso de uma escrita que possa ser compreendida
por outra pessoa);
propor a reescrita do próprio texto, após a correção.
Quanto à reescrita, é importante lembrar que esta atividade em um texto narrativo pode ser
explorada para auxiliar os alunos a aprender a escrever, porque, neste caso, eles não precisam se preocupar
com o que será escrito, pois isso o autor já fez. Deverão, somente, reescrever o que já foi dito pelo autor.
Ao propor atividades de reescrita de textos, o professor deverá:
– escolher o texto narrativo;
– fazer a leitura em voz alta;
– pedir aos alunos que contem oralmente a história ouvida;
– propor, então, a reescrita individual, sendo o mais fiel possível à história original.
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10 A CORREÇÃO DOS TEXTOS DE ALUNOS
ATÉ O 3.º ANO DE ESCOLARIDADE
Já antecipamos muito a respeito deste assunto, mas é importante ressaltar que, sem dúvida, uma
das funções mais importantes da escola é fazer com que seus alunos leiam/escrevam corretamente.
Voltamos a alertar, apenas, para que se leve em conta o processo, especialmente nos três primeiros anos
de escolaridade, não se fixando, na correção dos textos dos alunos, nas formas normativas e estáveis da
língua, sem preocupação com o seu uso, encontrando, assim, o equilíbrio entre o uso da norma padrão
e a espontaneidade da língua escrita. A correção de um texto em atividades propostas não pode nem
deve levar em conta apenas os aspectos formais, mas, principalmente, o dizer do aluno. Observem alguns
exemplos abaixo sobre a escrita de uma frase (de alunos do 2.º Ano) em que aparece um desenho de um
menino jogando bola:
I2hƩp://orientandopaiseducandofilhos.blogspot.com.br/
canƟnhodaleitura2009.blogspot.com
1papacaio.com.br
O menino joga bola na rua.
eu gosto munto de jogar bola com meus amiginhos no canpo de terra que tem no fin da rua.
Eu gamhei uma bola de coro e fui jogar no canpo de futebou perto da minha casa.
Se estivéssemos lidando com um teste, a primeira frase teria GRAU MÁXIMO. Nada se diz, mas não
há erros. Nas outras em que os alunos tentam dizer algo, mas cometem alguns erros, a pontuação seria
bem mais baixa.
Como já foi dito em outros momentos, o professor deverá ajudar os alunos a se apropriarem da es-
crita correta, mas sempre levando em conta o ano de escolaridade e o dizer do aluno. Não seria aceitável
esse tipo de escrita no 4º ou 5º Ano, mas até o 3º é possível aceitar desvios da norma culta, analisando-se
o texto do aluno de forma mais subjetiva do que objetiva.
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SÍNTESE DO QUE FOI COMENTADO
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1 - Usar fatos, situações contextualizadas para motivar o aluno na construção dos processos de
leitura e escrita; reconhecer seu nome, o dos seus colegas e da professora; identificar e relacionar nomes da
chamada no quadro de pregas, com letras no alfabetário; relacionar nomes de objetos comuns; identificar
letra inicial em nomes de objetos, animais etc., sempre ligando-os às letras correspondentes no alfabetário;
dizer palavras que comecem ou terminem com determinada sílaba; desenhar, pesquisar gravuras de
objetos que comecem com determinada sílaba ou letra; reconhecer a diferença entre números e letras...
2 - Criar ambientes de leitura, utilizar muitos livros ilustrados, fichas de leitura, histórias em
quadrinhos, ler para os alunos, apontar a direção da leitura. Deixar os alunos manusearem livros,
dramatizarem histórias lidas e responderem oralmente a questões que meçam as diferentes habilidades
em leitura.
3 - Incentivar a criança a desenhar e falar sobre seus desenhos.
4 - Escrever sobre seus desenhos, da forma que for possível; incentivar a escrita livre, mesmo que
contendo imperfeições.
5 - Deixar à vista o alfabetário, para que seja consultado.
6 - Sempre que escrever no quadro de giz ou blocão, mostrar a orientação espacial da escrita.
7 - Apresentar pequenas fichas de leitura com ilustração adequada, de modo que, ao “ler” a gravura,
o aluno descubra o texto, mesmo sem dominar todas as palavras.
8 - Fazer aflorar a consciência fonológica através da construção de paradigmas de palavras, lembrando-
se de que o aluno não precisa saber ler todas as palavras, mas sim perceber semelhanças e diferenças e
reconhecer determinadas letras no alfabetário, produzindo corretamente o som correspondente.
9 - Montar paradigmas em que se destaquem os diferentes fonemas consonantais e vocálicos,
sem esgotar a relação de todos os fonemas consonantais/todos os fonemas vocálicos. As palavras que
compõem os paradigmas devem ser retiradas de textos, parlendas, adivinhas etc.
10 - Lembrar que os momentos em que se trabalha com a consciência fonológica ocupam parte do
tempo da aula e não devem ser exaustivos nem longos. A atenção de crianças pequenas em uma mesma
atividade é curta. Variar as atividades.
11 - Organizar rotinas: chamada, calendário, janela do tempo, rodinha de conversas, leitura,
atividades artísticas, planejamento coletivo, recreação. É importante estimular todos os alunos a falarem,
na roda de conversas, pois, ao falar, organizamos nosso pensamento.
12 - Organizar cantinhos de Matemática, Artes, Ciências e Leitura.
13 - Diariamente, passar, explicar e corrigir o dever de casa. Devem ser criadas rotinas de estudo.
14 - Organizar, sempre que possível, a turma em pequenos grupos, dando atenção individual a um
grupo, enquanto outros fazem atividades diversificadas. Aulas expositivas, para todos, não funcionam
durante a alfabetização. Em alguns momentos, como quando de apresentação de uma noção nova, a aula
coletiva é apropriada, mas não durante todo o tempo. 27
A LÍNGUA ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
apresentados ou de outros textos, a ordem dos fonemas e até dos próprios textos, introduzindo
outros que lhe pareçam mais apropriados para a sua turma.
30 - Nesse caso, o professor deve registrar, em seu caderno de planejamento, os textos, as
palavras lançadas e os paradigmas formados com os novos fonemas apresentados.
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DE PROFESSOR PARA PROFESSOR
Colegas, Professores dos anos iniciais, quem escreve este texto não é, apenas, uma doutora, uma
acadêmica, distante da realidade das Escolas. A doutora foi Professora alfabetizadora por muitos anos
nesta Rede e tem certeza, por sua própria experiência e por tudo que ainda vivencia na área da Educação,
especialmente na alfabetização, que é possível alfabetizar a maioria dos alunos (pelo menos 90%), em
apenas um ano.
Querer e trabalhar muito, mesmo sob condições nem sempre perfeitas, é nossa tarefa, já que
a escolhemos. Nossos alunos não são culpados por vários problemas sociais. Ao contrário, muitos são
vítimas desses problemas. Confio, plenamente, na Escola Pública do Rio de Janeiro, sabendo que ela é a
única oportunidade de crescimento social, pessoal e intelectual de nossos alunos. O sucesso ou fracasso
de nossos alunos não pode ser marcado por um determinismo social e cultural. A Escola sempre poderá
fazer a diferença.
Iza Locatelli
Bibliografia
Locatelli et alii... - Leitura e Escrita: 1.º, 2.º e 3.º Anos de escolaridade. SME- 2011
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