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Revista Antropolitica 25 PDF
Revista Antropolitica 25 PDF
No 25 2o - semestre 2008
ISSN 1414-7378
Antropolítica Niterói n. 25 p. 1-266 2. sem. 2008
© 2009 Programa de Pós-Graduação em Antropologia UFF
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Normalização: Caroline Brito de Oliveira
Revisão: Rita Godoy
Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica: José Luiz Stalleiken Martins
Supervisão gráfica: Káthia M. P. Macedo
Catalogação-na-Fonte (CIP)
A636 Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia — (n. 25, 2º sem. 2008, n. 1, 2. sem.
1995). Niterói: EdUFF, 2009.
v. : il. ; 23 cm.
Semestral.
Publicação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal
Fluminense.
ISSN 1414-7378
1. Antropologia Social. I. Universidade Federal Fluminense. Programa de Pós-Graduação em
Antropologia.
CDD 300
Artigos
Notícias do PPGA
Relação de dissertações defendidas no PPGA, 211
Relação de teses defendidas no PPGA, 237
Revista antropolítica: números e artigos publicados, 243
Coleção antropologia e ciência política (livros publicados), 261
Normas de apresentação de trabalhos, 265
Contents
Editors note, 7
Dossier: Immigration Studies: new approaches and perspectives, 9
Foreword: Márcio de Oliveira e Jair de Souza Ramosa
The Time, and The Study of Assimilation, 23
Nancy L. Green
Comitê Editorial
Apresentação
É com grande prazer que organizamos este
dossiê sobre o tema da imigração, trazendo a
tradução de três textos atuais mas inéditos para
o público de língua portuguesa. Como se sabe,
os estudos sobre imigração no Brasil foram
inicialmente realizados, a partir de meados do
século XIX, em relação às políticas imigratórias
(SEYFERTH, 2004). Do ponto de vista das ciên-
cias sociais brasileiras, a realidade é bastante dife-
rente, por exemplo, dos estudos norte-americanos
em que o tema da imigração se tornou central
(CHAPOULIE, 2001) e mesmo dos estudos rea-
lizados na Argentina (DEVOTO, 2004). Deve-se
lembrar ainda que o tema da imigração foi bas-
tante trabalhado da perspectiva historiográfica,
sendo muitas vezes considerado um objeto de
estudo da disciplina da história, ou seja, tratado
como a história dos deslocamentos de grandes
contingentes populacionais da Europa para di-
versos países americanos, sobretudo os Estados
Unidos, que ocorreu principalmente entre 1840
e 1940 e o impacto disso na história das nações
envolvidas (RYGIEL, 2007).
Não obstante, na maior parte dos países que
acolheram imigrantes, os estudos produzidos tra-
taram do fenômeno da imigração a partir da traje-
tória, digamos inicialmente, da integração. Assim
*
Professor do Departamen- falando, percebe-se claramente que, embora a
to de Ciências Sociais da imigração seja um fato histórico e demográfico,
UFPR. marciodeolivei-
ra@ufpr.br
repleto de estatísticas de partidas e entradas, con-
**
Professor do Departa- troles sanitários, relatórios oficiais etc., a questão
mento de Sociologia e da trazida junto com os imigrantes foi, em termos
Pós-graduação em Antro-
pologia da Universidade legais e administrativos, essencialmente política
Federal Fluminense. e social. Do ponto de vista intelectual e científico,
12
Referências
AVILA, Fernando B. de. L’immigration au Brésil. Rio de Janeiro: Agir,
1956.
BALDUS, Herbert; WILLEMS, Emílio. Casas e túmulos de japoneses
do Vale do Ribeira do Iguape. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo,
v. 77, 1941.
BOURDIEU, Pierre. Esprit d’État. Actes de la Recherche in Sciences Sociales,
Paris, n. 96- 97, p. 49-62, Mars 1993.
CARDOSO, Ruth C. L. O papel das associações juvenis na aculturação
dos japoneses. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 7, n. 1-2, 1959.
CARNEIRO, J. Fernando. Imigração e colonização. Rio de Janeiro:
Faculdade Nacional de Filosofia, 1950. (Publicações avulsas, n. 2)
CHAPOULIE, Jean-Michel. La tradition sociologique de Chicago. Paris:
Seuil, 2001.
DEVOTO, Fernando. Historia de la inmigración en la Argentina. Buenos
Aires: Sudamericana, 2004.
DIEGUES Jr., Manuel. Imigração, urbanização e industrialização. Rio de
Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, MEC, 1964.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 11-22, 2. sem. 2008
21
*
Professora da École des
Hautes Études en Sciences
Sociales, Paris, França.
**
“Time and Study of Assimi-
lation”. Artigo originalmen-
te publicado em Rethinking
History, v. 10, n. 2, p. 239-
258, June 2006, Tradução
de Marcelo Teixeira de
Oliveira.
24
Estudiosos no tempo
Conflitos entre pais e filhos podem ser concebidos como modos diferen-
ciados de adaptação dentro da primeira geração imigrante. Tempo e gê-
nero podem intervir diferentemente. Estudos sobre gênero provocaram
questões a respeito dos padrões de adaptação de homens e mulheres. Mas
pouco foi feito a respeito de dois outros fatores relacionados ao tempo:
idade na chegada e classificação dentro da unidade familiar. Diferenças
nas experiências com crianças jovens e mais velhas, dependendo da
idade com que chegaram e oportunidades de educação ou obrigações
no trabalho são outras instâncias no impacto das questões relacionadas
ao tempo em relação à imigração, à instalação e ao gênero.
Abstract
This article aims to explore the ways through which efforts towards the
classification of the assimilation (and its various opposites) are connected
to the notion of time - the relative rate of incorporation - being produced in
different historical times. The concept of assimilation incorporates different
time scales and generations in its analysis, but the usage of the term has its
own use cycles. “Assimilation”, therefore, needs reexamination not only as a
historical description of immigration per se, but also as an analytical category
built by sociologists and historians through time using different time frames.
Keywords: assimilation; immigration; generations; time; historiography.
Referências
ABOTT, Andrew. Time matters: on theory and method. Chicago: Chicago
University Press, 2001.
ALBA, Richard D. Ethnic identity: the transformation of white America.
New Haven, CT: Yale University Press, 1990.
ALBA, Richard; NEE, Victor. Remaking the America mainstream: assimilation
and contemporary immigration. Cambridge: Harvard university Press,
2005.
ALBERT, Phyllis. Ethnicity and Jewish Solidarity in 19th-century France.
In: REINHARZ, Jehuda; SWETSCHINSKI, Daniel (Ed.). Mystics,
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 23-47, 2. sem. 2008
41
Nota da autora
Eu gostaria de agradecer a Leo Lucassen, que primeiro me convidou
a começar a pensar nestes assuntos durante uma conferência orga-
nizada pelo Instituut Voor Migratie-em Etnischi Studies em Haia.
A imigração: o nascimento
de um “problema” (1881-1883)**
*
Historiador e professor na
École des Hautes Études en
Sciences Sociales (Paris).
**
Publicado originalmente
na revista Agone, nº 40, p.
15-40, 2008. Tradução de
Márcio de Oliveira, profes-
sor de sociologia (UFPR).
marciodeoliveira@ufpr.br.
50
Uma vez que as classes populares são percebidas como uma entidade
exterior à nação, que ameaça a civilização, o discurso social dos notáveis
é bastante malthusiano. Ao mesmo tempo em que procuram impedir as
migrações, para não engrossar as fileiras do proletariado, eles tentam
“moralizar” o povo para impedi-lo de crescer, reprochando-o de “se
multiplicar excessivamente”. Como disse um advogado de Bordeaux em
um ensaio sobre a população, publicado ao final do Segundo Império:
“Esta excessiva pululação do proletariado torna-se uma causa perpétua
das desordens e das revoluções”.6
Esta concepção do mundo explica por que antes da IIIª República a
questão dos migrantes estava completamente desconectada da questão
dos estrangeiros. Os discursos sobre os últimos são geralmente positivos
e apreendidos através do prisma do “princípio de nacionalidade”. Os
acordos de livre-troca assinados pela França com a Grã-Bretanha e a
Bélgica levam esta lógica ao paroxismo, consagrando a livre circulação
de mercadorias e de homens. Doravante, um belga ou um inglês pode
vir à França sem passaporte, enquanto um habitante de Lille que quer
ir a Nancy deve pedir uma autorização para sair de seu departamento.
Um vento de otimismo liberal sopra então sobre as elites, sejam elas bo-
napartistas ou republicanas. Em sua tese, Léonce Lehmann, advogado na
corte, afirma assim que “as leis de uma nação relativas aos Estrangeiros
indicam o tamanho de sua civilização”. Enquanto a questão dos estran-
geiros não é associada à questão dos operários, este humanismo é fácil
de defender. Segundo ele, “as necessidades do comércio, a amenidade
do clima, um sentimento de curiosidade bem justificado, o desejo de se
instruir, a paixão das viagens e mil e outros motivos podem trazê-los ao
território francês”. Mas a ideia de que um estrangeiro possa vir à França
para trabalhar não parece ainda despertar este jurista.7
Os raros textos que fazem a ligação entre a questão dos estrangeiros
e aquela das migrações dos operários privilegiam o tema da caridade.
Pode-se ilustrar este ponto citando um artigo do Tempo dedicado à “pe-
quena Alemanha” de Paris. O autor parte da constatação de que a maior
parte dos parisienses jamais viu a esquadra de varredores que se agitam
desde o amanhecer nas ruas da capital. Assim, eles não percebem que
6
GIRESSE, J. L. Essai sur la population. [S.l.]: Guillaumin, 1867, p. 21-27.
7
LEHMAN, Léonce. De la condition des esclaves en droit romain: de la condition des étrangers en France. Paris:
De Moquet, 1861. p. 99. Notemos de passagem que o autor se mostra bastante crítico em relação ao seu
próprio meio. Ele indica que nenhum texto da lei “exige a nacionalidade francesa para exercer a profissão de
advogado. As cortes imperiais admitem que os estrangeiros fazem juramento profissional, mas os conselhos
de ordem os repelem, sem justificativa séria, quando eles querem começar seu estágio”. Isto “em contradição
com as ideias liberais e o espírito de fraternidade que fazem a base da honra de nossa corporação” (LEHMAN,
1861, p. 115-116).
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 49-73, 2. sem. 2008
55
“poucos são franceses, quase todos são emigrantes alemães que a miséria
expulsou”. Eles esperam se empregar na construção. “Infelizmente, os
emigrantes alemães, apesar de sua coragem e probidade, não encontram
em nossa casa a terra prometida que eles tinham sonhado.” São assim
obrigados a trabalhar como varredores. Felizmente, acrescenta o autor,
uma missão evangélica protestante franco-alemã criou, em muitos bairros
de Paris, salas de asilo, escolas e serviços religiosos para estes alemães.
“Os emigrantes reencontram assim o culto, a língua, a proteção, a alma
da pátria.” O responsável por essa missão evangélica é um pastor “que
pertence a uma grande família prussiana”. Filho de um antigo minis-
tro das finanças da Prússia, ele “se dedica inteiramente a esta colônia
de miséria, espalhada na Chapelle, na Villete, em Belleville, aos pobres
varredores de nossas ruas. Ele vive em uma pobre cabana, celebra seu
ofício religioso”. Sua mulher é “originária como ele de uma grande fa-
mília prussiana” – o jornalista indica que seu pai é o atual ministro das
finanças da Prússia. Ela “mostra às meninas a costura e lhes faz executar
em coro cantos alemães. [...] Suas pobres e insuficientes vestimentas
atestam a miséria de suas famílias, mas ao menos eles adquirem hábitos
de limpeza, de ordem, de trabalho e recebem cuidados higiênicos”. Em
conclusão, o jornalista do Tempo extrai a moral da história. Ela prova tudo
o que pode realizar “um estrangeiro por seus compatriotas na França”
sem o socorro dos poderes oficiais.
Este texto é bastante esclarecedor da concepção de mundo que defendem
os notáveis. Ele coloca em cena um “nós”, ao mesmo tempo cristão e cari-
doso, que une todos aqueles que, em razão de sua posição social elevada,
estimam ter uma responsabilidade moral em relação aos pobres (“eles”).
Para matizar estas observações, deve-se, contudo, indicar que já nesta
época encontram-se discursos que apresentam sob um aspecto negativo
os operários estrangeiros. Mas eles estão localizados nos departamentos
fronteiriços, principalmente no norte da França (onde os belgas são
numerosos). A principal razão desta animosidade deve-se ao fato de que
as crianças dos estrangeiros podem escapar do serviço militar, o que os
dá uma vantagem no mercado de trabalho, porque os patrões preferem
empregar jovens que eles têm certeza de manter. Desde a Restaura-
ção, os votos colocados pelos conselhos gerais, as petições, os projetos
de lei apresentados pelos eleitos se sucedem para tentar resolver este
“problema”. Em 1856 Pierre Legrand, deputado do Norte, denuncia o
comportamento de “um grande número de jovens, nascidos no ambiente
de nossos filhos, compartilhando seus estudos, seus trabalhos, falando a
mesma língua, tendo os mesmos direitos, os mesmos costumes, os mesmos
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A ruptura de 1870
A derrota para a Prússia e o advento da IIIª República provocam uma
ruptura histórica tão importante quanto aquela de 1789. Esta ruptura
resulta do estabelecimento radical do princípio da cidadania republicana,
proclamado durante a Revolução, mas que não pudera ser aplicada até
este momento, pois não havia meios materiais para isso. As reformas mais
importantes adotadas pelos fundadores da IIIª República tiveram por
objetivo essencial integrar as classes populares no seio do Estado-nação.
Para colocar um fim na dupla clivagem evocada anteriormente, era preci-
so civilizar os camponeses, inserindo-os no modo de comunicação escrita,
e pacificar os operários, permitindo-os participar verdadeiramente do
jogo político eleitoral. É neste momento que começa a segunda fase da
construção do Estado-nação. Após a nacionalização do território, é a
nacionalização de toda a sociedade que começa.
Para compreender a coerência da estratégia desenvolvida pela IIIª Re-
pública, é preciso dizer uma palavra sobre a natureza do regime demo-
crático. Antes da Revolução de 1789, o poder soberano era exercido pelo
rei, em nome de um princípio dinástico. O monarca era considerado o
enviado de Deus na terra. Por ser de outra “essência”, diferente daquela
do povo francês, é que ele podia “representá-lo”. Este é o mesmo tipo de
8
LEGRAND, Pierre. De l´assimilation des étrangers aux nationaux en matiére de recrutement. Paris: Imprimerie de
Leleux, 1856.
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relação a seus leitores. Quanto aos eruditos, eles não são mais notáveis
esclarecidos, vivendo de rendas. São universitários remunerados pelo
Estado, tendo apenas seus salários para viver.
O surgimento da palavra “imigração” no vocabulário político francês, no
começo dos anos 1880, é a consequência de todas estas subversões. Ela
é o resultado da conexão entre dois temas: a questão dos estrangeiros e
a questão das migrações. Dois argumentos vão permitir estabelecer esta
conexão a partir dos anos 1870. O primeiro diz respeito aos “espiões
prussianos”. Em virtude do princípio de identidade governados/gover-
nantes evocado antes, um estrangeiro é visto doravante como cidadão
de outro Estado nacional, titular de uma parcela do poder soberano
deste Estado. Se este está em conflito com a França, o estrangeiro será
percebido como um “inimigo”, um suspeito em potencial, que deve
provar sua lealdade. Um dos reproches mais frequentes endereçados a
Napoleão III, nos anos que se seguiram à derrota de 1870-1871, é não
ter confinado os 100 mil imigrantes alemães que trabalhavam na França.
A ideia imposta então é que estes imigrantes teriam sido “espiões” que
facilitaram as operações do exército prussiano.
O segundo argumento graças ao qual se estabelece um laço entre a
questão dos estrangeiros e a questão das migrações é de ordem de-
mográfica. Deve-se parar um momento neste ponto, pois é nos textos
sobre tal assunto que se vê, pela primeira vez, aparecer uma definição
da palavra “imigração”. Os métodos estatísticos, rejeitados pelos notáveis
leplaysianos, mas encorajados pelo poder republicano, se impõem após
1870 nos estudos dedicados à população, revelando aos olhos de todos
o declínio demográfico que atinge a França. No dicionário enciclopédico
das ciências médicas, Louis-Adolphe Bertillon dedica vários artigos a esta
questão. Seu estudo sobre a natalidade compara as estatísticas publicadas
em um grande número de países para mostrar, com apoio de dados, que
a França, devido à sua baixa natalidade, se diferencia na Europa. Passa-
se brutalmente de um discurso que explicava a ameaça revolucionária
recorrente pela “pululação” das classes populares a um discurso que vê
na crise da natalidade uma ameaça para a nação francesa. O impacto da
guerra de 1870 aparece aqui com força, pois todo o raciocínio é cons-
truído a partir da comparação com a Prússia.10
10
Para Bertillon, a solução do problema passa pelo desenvolvimento de uma nova disciplina científica. “Esta
ciência é a Demografia. Ela deveria ser para a arte do legislador e do administrador aquilo que a física e a
química são para a arte industrial”. Infelizmente, acrescenta Bertillon, as pessoas do governo ignoram até
o seu nome: “Nós somos (pelo menos na França) meia dúzia de desconhecidos a lhe dedicar nossa vigília”.
E ele acrescenta patético: “Sentinela avançada, nós teremos feito nosso dever, lançado para a pátria amea-
çada nosso grito de alarme” (BERTILLON. Natalidade. In: DICTIONNAIRE encyclopédique des sciences
médicales. [S.l.]: Masson, 1868 -1889).
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O artigo das migrações ilustra bem, ele também, o novo olhar que decorre
do uso intensivo das estatísticas do Estado. Doravante, é a escala nacional
que se impõe inteiramente. Pela primeira vez, a questão migratória é
concebida, com efeito, sob o ângulo da contabilidade nacional.
Abstract
The discourses about the “problem” of immigration are divided in two great
chapters, constantly placed in the centre of current times. The first is related
to the entry and the permanence of foreigners in national territory. The
second approaches the question of the integration of these foreigners and their
children in French society. I will show here that the term “immigration” has
brutally imposed itself in the French political vocabulary since the beginning
of the 1880s, to first refer to these two types of concerns. At that moment,
the matrix that produced and reproduced all controversy on the subject for
the last 125 years was invented.
Keywords: immigration problem; France; national identity.
Referências
BERTILLON, Jacques. De la dépopulation de la France et des remèdes à y
aporter. Paris: Imprimerie de Berger-Levarult, 1896.
. Natalidade. In: DICTIONNAIRE encyclopédique des sciences
médicales. [S.l.]: Masson, 1868-1889.
BLOCH, Marc. Les caractéres originaux de l’histoire rural française. Paris:
Armind Collin, 1932.
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CHEVALIER, Louis. Classes laborieuses, classes dangereuses à Paris pendant
la première moitié du XIXe siècle. Paris: Librarie Générale de France. 1978.
(Coll. “Pluriel”).
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 49-73, 2. sem. 2008
73
*
Alexis Spire é charge de
recherche au CNRS, mem-
bro do comitê de redação
da revista Politix-Sciences
sociales du politique, chercheur
do CERAPS desde 2003 e
leciona na Universidade de
Lille 2.
**
Tradução de Jair de Souza
Ramos
76
estes agentes têm de seu trabalho e sua trajetória. Seu ponto de vista
nos coloca imediatamente na perspectiva traçada por Michel Foucault,
que preconizava que devíamos estudar o poder lá onde ele está em re-
lação direta com seu alvo visado, lá onde ele produz seus efeitos os mais
reais.4 O tratamento da imigração poderia então constituir um modo
de entrada privilegiado para uma sociologia da administração. Mais do
que qualquer outro domínio, ele ilumina a distância que separa a ação
pública legal e a prática discreta de cada funcionário, a parte explícita
da lei e a face escondida do estado.
Nós recebíamos, na época, de 1.200 a 1.300 pessoas por dia, nos anos
1966 ou 1967 [...] E ademais, havia pessoas doentes, e havia as folgas,
e não havia funcionários o bastante para lhes substituir. Então um
empregado a menos significava umas 40 pessoas que não eram re-
cebidas. Era infernal. Havia funcionários de guichê que diziam estar
numa prisão. E você sabe, o público nem sempre é fácil. Havia moças
que chegavam ao seu limite e não suportavam mais. (Entrevista com
Jacques, Montrichard, em 18/9/2000)
Os números oferecidos por esse antigo funcionário de guichê, tornado
chefe de sala em 1962, ilustram a amplitude que as atividades de recepção
tomavam no cotidiano do Bureau de cartas de sejour. O fenômeno da
massificação do acolhimento é acompanhado igualmente pelos primeiros
controles de produtividade. Durante um longo tempo, esta vigilância era
assegurada pelo chefe de sala que, a qualquer momento, poderia passar
por trás dos guichês e medir, com a ajuda de um cronômetro, o tempo
gasto por um agente para instruir um dossiê; ou então, um microfone
era colocado em cada guichê, para que o chefe do Bureau pudesse a
qualquer momento controlar a interação e intervir em caso de problema.
A estes modos de vigilância quase militares se soma progressivamente
um controle através de ferramentas estatísticas: cada pessoa emprega-
da no guichê deve logo que possível assinalar sistematicamente sobre
uma folha os números dos dossiês tratados ao longo do dia, para que o
chefe de Bureau pudesse avaliar a produtividade de cada um de seus
agentes. Esta forma de intensificação das tarefas de recepção é acompa-
nhada de uma feminização do recrutamento que segue um movimento
análogo àquele observado nas outras administrações: as mulheres “não
substituem os homens, mas vêm completar os efetivos quando a inflam
os trabalhos”.8 O recurso cada vez mais sistemático a auxiliares, mais
do que a titulares, e a degradação das condições de trabalho em razão
do aumento do número de estrangeiros recebidos, caminha em paralelo
com a progressão dos efetivos femininos. A despeito dessas evoluções, o
guichê permanece mais desejável que as outras tarefas administrativas
mais subalternas:
– Não. Eu nunca tive talento para isso. É preciso ter talento para redigir
uma carta. Seria necessário que eu trabalhasse mais. Você sabe, quan-
do acabava um dia de trabalho no sexto Bureau, eu não tinha muita
vontade de trabalhar ainda um pouco mais. Se tivesse um diploma, eu
poderia ter acabado administrador. Mas bem, é preciso que a gente
enxergue aquilo que a gente pode, é preciso permanecer simples.
(Entrevista com Jacques, Montrichard, em 18/9/2000)
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 75-96, 2. sem. 2008
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– Sim, claro. E eu tinha uma pilha inteira desses papéis. Porque eu lia
as circulares, não me contentava de lê-las e depois guardá-las... Era
preciso agir com base nas instruções. Nós não éramos nossos próprios
chefes, veja bem. Não se tratava de dizer a qualquer um que chegava
para nos ver “eu te dou um documento”. Não. Era preciso sempre se
apoiar sobre as instruções, as circulares... Eu creio que, tirando os altos
funcionários, os outros não têm nenhum poder. Isso é apenas para os
níveis elevados. Quando os acontecimentos nos obrigam a tomar uma
decisão, nós podemos ser punidos mais tarde quando nos acusam de
havermos agido sem estarmos referidos ao regulamento. Isso é o tipo
de coisa que eu não teria feito por mim mesmo. Ou então, teria sido
necessário que isso fosse verdadeiramente uma coisa excepcional;
nesse caso, eu me reportaria o mais rápido possível ao meu superior.
(Entrevista com Jacques, Montrichard, em 18/9/2000)
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 75-96, 2. sem. 2008
86
Abstract
From the analysis of the role of the prefecture de police agents, this article
examines the elaboration and the application of a public policy whose
targets have been the immigrants that entered France between 1945 and
1980. Thus, it represents a break up with the public policy approaches
that exclusively privilege the action of actors that interfere in the process
of law production, in favor of the exam of the way the representations and
practices of the agents in charge of immigration in the prefecturs de police
were structured, and the way the prefecturs de police shape the interpretation
of a complex compilation of laws and administrative rules, in the definition
of the treatment given to immigrants.
Keywords: immigration policy; state anthropology; juridical sociology.
Referências
BOURDIEU, P. Vous avez dit populaire? Actes de la Recherche en Sciences
Sociales, Paris, n. 46, p. 98, 1983.
DUBOIS, V. La vie au guichet: relation administrative et traitement de la
misere. Paris: Economica, 1999.
FOUCAULT, M. Il faut défendre la société. Paris: Éditions du Seuil:
Gallimard, 1997.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 75-96, 2. sem. 2008
96
Observação flutuante:
o exemplo de um cemitério parisiense**
*
Antropóloga, fundadora e
membro do LAU (Labo-
ratoire d’Anthropologie
Urbaine), CNRS, até 1995,
quando se aposentou.
**
“L’observation flottante
– l’exemple d’un cimetière
parisien”, publicado em
L’Homme, oct.-déc. 1982,
XXII (4), p. 37-47. Tra-
dução de Soraya Silveira
Simões e revisão de Evelina
Maria Cunha Carneiro da
Silva (ver comentários da
tradutora sobre a autora
na sessão resenha deste
número de Antropolítica).
100
A etnologia urbana está ainda por ser feita. Tentar teorizá-la será en-
tão prematuro, e é preciso, ao contrário, aceitar o desconforto de suas
hesitações. Entretanto, ela existe já há muito tempo para que suas ten-
tativas autorizem algumas reflexões teóricas. O conceito que se impôs
revela-se, aliás, insatisfatório naquilo que sugere uma dicotomia rígida
no interior de uma mesma sociedade. O fenômeno dos supermercados
implantados na periferia das cidades que atraem numerosos compra-
dores citadinos ou camponeses é um fenômeno urbano ou pertence ao
mundo industrial? Convém isolar os fenômenos urbanos? Melhor seria
falar da etnologia do mundo moderno. O poder revelador das outras
sociedades tende a lançar sobre a nossa um olhar diferente daquele da
racionalidade. Mas isto não resolve as dificuldades metodológicas, e os
problemas epistemológicos não param de ser debatidos pelos estudiosos
envolvidos com a pesquisa. Se o conceito, redutor, de etnologia urbana se
impõe com sucesso, é talvez precisamente porque ele reduz às dimensões
urbanas uma realidade muito mais vasta. Eis por que não há perigo em
aceitá-lo provisoriamente.
A cidade é conhecida desde suas origens por conter, ou deter, a au-
toridade – civil, militar, religiosa –, o comércio e a indústria, e por se
alimentar dos campos. Ela é desde sempre o lugar de todas as misturas,
do movimento incessante, da circulação incontrolável dos homens e das
coisas, da pluralidade, em suma. Como abordá-la? É provavelmente
tão falacioso encará-la como uma unidade social quanto acreditar que
um bairro é uma parte separada do todo. As cidades estão em relação
umas com as outras, e quem estuda o comércio se verá imediatamente
projetado fora das fronteiras nacionais.
Estudar diversos meios – profissionais, religiosos, estrangeiros... – é cer-
tamente uma das maneiras mais seguras de não se arriscar, quer dizer,
de permanecer fiel ao processo etnológico. Penetremos em uma dessas
empresas familiares do faubourg Saint-Antoine cujo letreiro anuncia: “Ir-
mãos Fulanos, sucessores de seus pais e avós”, e nós teremos o prazer
de explorar as redes de parentesco da aliança, os circuitos econômicos,
a tecnologia, sua evolução e sua transmissão, e de observar as práticas
advindas da ideologia, da religião ou da festa; ou seja, nós chegaremos
a um fenômeno social total. E se preferirmos começar uma enquete pelo
conhecimento íntimo do templo que reúne pessoas diversas, o resultado
obtido será similar.
Este método deve então ser assegurado, pois ele contribui eficientemente
para a compreensão de nossa sociedade. Entretanto, nesse tipo de en-
quete, o urbano é apenas uma interferência, ele toma a forma de trajetos
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101
leem as cartas dos floristas e as fitas de luto. Sobre uma delas: “Teatro
Marie Bell”. Estimando o número, a qualidade e o preço das flores, elas
supõem a idade da morta (“ela era jovem”), seus gostos (“ela gostava do
azul, a coitadinha, olhe só essas almofadas”) e a afeição que a cercava. A
alguns passos dali, em outra cova, elas se dedicam à mesma estimativa,
do preço das flores à consideração familiar e social. Sobre uma placa
provisória um nome caligrafado em anglaises: Walter. “É um W ou um
V?”, pergunta a mulher com capa, a mais volúvel das duas.
Depois, como estamos perto da saída e já é quase a hora do fechamento,
elas propõem mostrar algumas sepulturas célebres mais próximas: Carita,
em seguida Colette, cuja lápide de granito traz apenas este nome. “Olhe
atrás”, elas exigem, “há sua carteira de identidade”. “Eu não a conhecia
antes, a Colette”, diz a mulher com a capa, “mas eu fui ver sua peça, no
sábado, com Michele Morgan”. “Que peça?” “Ben! Querida, em cartaz
no Variétés, que fica no boulevard. É bem encenada.” É preciso também
ver a placa nua de Pierre Brasseur. “Era ele que não queria flores, mas
seu filho podia assim mesmo colocar um vaso. Nesse ponto, isso não se
faz.” Uma mão anônima plantou na areia da aleia, contra a placa, um
pequeno buquê de violetas de plástico. Na frente de uma tumba chine-
sa, negra, em forma de pagode, gravada de letras de ouro perpassadas
por dragões, um velho senhor surge, admirado: “Isso custa muito caro,
porque deve ser gravado à mão. Para as letras francesas, há os modelos,
as máquinas, mas para essas é preciso encontrar os artesãos.” Ele repete:
“é feito à mão”, como se estivesse reconhecendo as exigências chinesas
de perpetuar a existência dos artesãos.
Uma das mulheres pega o ônibus para o XVIIéme arrondissement. A outra
desce a pé a rue de la Roquette e, caminhando, me confia: “Eu não tenho
muita instrução. Desde que eu me aposentei, eu vou quase todos os dias
ao Père-Lachaise quando o tempo está bom. É um parque bonito, e os
mortos não são chatos. É uma loucura o que eu aprendo ali. É ali que
eu me instruo”.
Assim, o cemitério é um parque em que se pode descobrir as sepulturas
daqueles que ignorávamos, medir o fervor e a notoriedade, ler a vida
dos Grandes como em uma revista, e que torna o encontro fácil, cada
um tendo a sua vez de transmitir ou perguntar algo.
3 de março – O tempo frio e coberto encurta uma nova exploração soli-
tária. O velho senhor, bem-agasalhado, está sentado sobre um banco no
lugar habitual. Ele tem 87 anos e vai ao cemitério religiosamente, faça
chuva ou faça sol. Ele é inesgotável e recita o cemitério, “seus 44 hectares,
suas 12 mil árvores e seus duzentos gatos (para se ocupar dos gatos há
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 99-111, 2. sem. 2008
105
inventores. Sobre Apollinaire ele pergunta: “Você sabia que ele devia
casar com Marie Laurencin? Mas foi Jacqueline quem o cuidou, então
ele enamorou-se dela. É humano.” E diante de Modigliani: “A mulher
com quem ele vivia, veja só, é a mesma data, ela se jogou pela janela
quando ele morreu”.
Por vezes um detalhe no túmulo incita a algum julgamento de ordem
afetiva: “Crozatier, você acredita que ele era marceneiro?” Por causa
dos móveis? “Ele era bronzista, o melhor.” E diante do mausoléu do
estatuário em cima de seu busto em bronze, ao lado daquele em pedra,
decapitado, de sua mulher, ele estima: “Ele poderia até ter feito um
bronze para sua mulher. Eu não acho bom de sua parte, um bronzista
com tal talento!” É preciso notar que um membro da família de Leon
Daudet está separado da cova: “Deve ter se passado alguma coisa, uma
disputa entre eles”.
Mas se, como as mulheres, ele dá vida às famílias e aos seres, mais do
que elas, ele se interessa pelas técnicas e pela história política, deixan-
do discretamente filtrar suas opiniões. “E Juliette Dodu? É preciso
conhecê-la, ela foi morta em 1970. Eu vou mostrá-la a você.” Seu périplo
se estende pelo Muro dos Federados, sempre florido de cravos, passa
diante da filha de Karl Marx. Lugares estão sendo reservados próximo
a Marcel Cachin: “É para não deixar os burgueses chegarem perto”. De
Victor Noir, ele confessa, pudico, que “dizem que as mulheres estéreis
deitam-se sobre ele”, mas, não as tendo visto, ele prefere contar sobre
o assassinato do jovem por Pierre Bonaparte.
Como ele constituiu o seu saber? Ele tem 80 anos. Desde os 16, vem
três vezes por semana. Anota os nomes em uma lista, depois efetua as
pesquisas em bibliotecas. “Na Pompidou tem muitos livros.” Antes ele
se contentava com as bibliotecas de bairro. “Somos cerca de uma dezena
de pessoas que sabem tudo do cemitério e nós nos passamos algumas
dicas.” Mas ele se lamenta pelas depredações sistemáticas – quebra de
cruzes e roubos de bronzes – das quais o Père-Lachaise tem sido alvo há
quatro anos. Do pequeno padre nós não sabemos nada, a não ser que
ele nasceu na rue Ordener mas, percebendo um frontão ornamentado
com instrumentos esculpidos, ele nota: “Com o paquímetro e tudo,
certamente um grande empreendedor!” E certamente ele é um velho
operário parisiense.
Diante das inscrições apagadas pelo uso, ele ensina o que foi gravado:
“São os pais de Fulano; é Mademoiselle Lenormand. – Como você
sabe? – Antes, a estela não estava quebrada”, ou ainda: “Há 16 anos
nós ainda podíamos ler”.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 99-111, 2. sem. 2008
110
Abstract
Many aspects of urban life resist the application of orthodox research
techniques. Notably, the urban phenomenon of anonymous encounters
(“rencontres” in French) has yet to reveal its secrets. The anthropologist is
perhaps particularly well prepared to meet this challenge. the “floating obser-
vation” method consists in keeping one’s responsiveness, not focussing one’s
attention upon any specific object. Several days’ trails in the Père-Lachaise
cemetery of Paris bring to light a heretofore unsuspected use of this space
and the existence of genuine memory collectors. The latter, however, reveal
their knowledge only through chance encounters.
Keywords: urban anthropology; ethnographic method; floating observa-
tion; direct observation.
Referência
BAUDRILLARD, J. L’Échange symbolique et la mort, Paris, Gallimard, 1976.
*
Antropóloga, professora
do Programa de Pós-gra-
duação em Antropologia,
bolsista de produtividade
do CNPq. Email: delmap-
neves@gmail.com.
114
2
Para tal distinção, tomo em consideração diversos investimentos de construção da especificidade da or-
ganização produtiva qualificada como globalização, de modo a não dissolver os significados do termo em
onipresença presuntiva de homogeneizações. Valho-me, ao assumir essa perspectiva, de leituras de textos
de Ricardo Antunes (2002a, 2002b) e Marcio Pochmann (1998, 2002, 2007).
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 113-138, 2. sem. 2008
116
23 M Solt. S. rel. Médio Servente de 23-23 anos Sergen Engenharia Contrato formal.
obras (11 meses) - Empresa de Salário mínimo
construção civil, São (1 1/2).
Gonçalo
24 M Solt. Evang. Fundam. Peixeiro mai/97 – atual Loja de revenda de Contrato
(36 meses) peixe no Mercado informal.
São Pedro, Niterói Salário mínimo
(1).
25 F Solt. Evang. Fundam. Panfleteira 25-atual Consultório dentário Contrato
(4 meses) da Clínica Santo informal.
André, São Gonçalo
Códigos: Solt. = solteiro; Cas. = casado; Sep. = separado; Div. = divorciado; S.I. = sem informação;
S. rel. = sem religião; Evang. = evangélico; Catol. = católico; Fundam. = fundamental.
Os entrevistados classificados no ensino médio se encontravam em fase de finalização do respectivo ciclo de formação.
Itinerários Ocupacionais
Levando em consideração este restrito conjunto de dados obtidos por
questionário, apresento a tabela subsequente, seguida de considerações
sobre alguns dos itinerários elaborados.
Estado Ocupação Ocupações Período de Local de
Idade Sexo Religião Escolaridade Contrato/salário
Civil atual anteriores exercício trabalho
17 Solt. F S. rel.. Fundam. Balconista Entregador dez/2 a fev/3 Depósito de Contrato informal.
de bebidas (3 meses) bebidas e Salário semanal.
gelo, Barreto,
Niterói
Pistoleiro de 16-16 anos Madeireira Contrato informal.
cartazes (3 meses) no Barreto, Salário diário.
Contorno
Montador de 15-15 anos Oficina de Contrato informal.
bicicleta (2 meses) bicicleta, Rio Salário semanal.
das Ostras
Camelô 16-16 anos Camelô, Contrato informal.
(6 meses) Centro, Salário semanal.
Niterói
Balconista mai/5 a jul/5 Cantina em Contrato informal.
(3 meses) Funerária, Salário mínimo (1)
Maruí, São
Gonçalo
18 Solt. M Evang. Médio Entregador Faxineiro jan/99 a MSKE Sem contrato.
abr/99 Produções -
(4 meses) filmes, vídeo e
fotografia
Entregador dez/4 a fev/5 Ki-Água - Contrato informal.
(3 meses) Distribuidora Salário mínimo (1)
de água, venda
de comida
caseira
O trabalho mesmo era carregar o peso, não é nada de mais. Era perto
de casa, o dinheiro era para ajudar, não tinha nada para fazer...! Mas
aprendi a chegar na casa das pessoas: – Bom dia, muito obrigado, até
logo, quando quiser, estamos às ordens, é só telefonar...
[...]
6
Um dos trabalhadores, exercendo a função de pistoleiro de cartazes, assim comenta a interdependente
precariedade: “Quando faltava material, não tinha trabalho; contava com o dinheiro e não recebia por falta
de trabalho”. Mais à frente na entrevista, referindo-se ao primeiro vínculo, comenta: “Acho que trabalhava
muito e ganhava pouco”. E no segundo: “Acabou o trabalho: acabou o tempo de eleição, acabou o trabalho”.
7
Sobre essa importante distinção reivindicada por trabalhadores como parte de sua constituição social, ver
Guedes (1997); Barbosa (2000).
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 113-138, 2. sem. 2008
125
Fui lá pedi vaga, sempre dão vaga em época de eleição. Era pistoleiro,
grampeava cartazes nos outdoors. Aprendi vendo as pessoas fazendo,
fui observando. Têm uns colegas que são mais maneiros, outros que
parecem ter medo da gente pegar o lugar dele, mas a gente vai apren-
dendo a se virar.
Reconhecendo-se como alguém que nada ou pouco sabe exercer em
termos de atividade a ser remunerada, os jovens entrevistados são condes-
centes com as precariedades das condições de vínculo, criam o necessário
consentimento para a aceitação e a legitimação de situações de trabalho
desfavoráveis. Assim, o entrevistado que exercia a função de pistoleiro
avalia os dois primeiros vínculos como equivalentes. No primeiro e no
segundo, considerou que a situação de trabalho permanecia a mesma,
pois que não tinha idade para trabalhar sob carteira assinada.
Importante então dar destaque aos termos em que os jovens vão sendo
construídos nessas modalidades de mercado de trabalho, termos estru-
turantes ou princípios constitutivos da qualificação de funções específicas
que aí emergem no novo conjunto de prestação de serviços. As funções
são expressivas de saberes integrados à divisão de trabalho, mas cuja
aprendizagem deriva muito mais de um relacionamento entre mem-
bros da equipe do que aprendizado instrumentalizado e operacional. A
observação e a imitação são então recursos pedagógicos fundamentais.
“Aprendi vendo as pessoas fazendo, fui observando.”
A primeira saí porque ganhava pouco, mas não tive problema com ele.
Do segundo, eu saí porque pedi para sair, estava me sentindo mal, o
trabalho era muito forçado, nem conseguia ir para casa. O patrão não
tinha condições de me pagar, ia fechar a loja e me mandar embora.
Ganhava muito pouco e atrapalhava os meus estudos.
Este outro trabalhador entrevistado, com 18 anos, exercendo a função de
faxineiro, dotado de ensino fundamental, sem afiliação religiosa explícita,
solteiro, durante 12 meses trabalhou na função, numa farmácia de bairro
em São Gonçalo. Por este vínculo, conseguiu um contrato informal, rece-
bendo meio salário mínimo. Explica sua entrada no mercado de trabalho
por intermédio da mãe, que conhecia o dono da farmácia e pediu para
que ele lá trabalhasse. Dedicava-se à limpeza da farmácia e aprendeu o
exercício das funções por explicação do proprietário da empresa. Avalia a
experiência como inexpressiva, pois não gostava de realizar as atividades
para as quais era comandado, além de considerar seu salário muito baixo.
Entrementes, avalia positivamente o patrão pela sua maneira de tratar os
empregados, qualificado como legal. Mesmo com o baixo salário que o
empregador oferecia, ele não teve condições de manter o jovem, 12 meses
depois tendo interrompido o vínculo de trabalho. O entrevistado ficou
satisfeito em deixar este vínculo, embora permanecesse desempregado
por ocasião da entrevista. Na condição de faxineiro, também atendia ao
balcão, e estes exercícios extras são valorizados pelo aprendizado dos
nomes dos medicamentos, dados a serem agregados a seu currículo e,
quem sabe, projeta ele, poder se apresentar como candidato ao posto
de trabalho em outras unidades do mesmo ramo.
Considerações finais
A análise das condições de trabalho aqui apresentada, na medida em que
tomou em conta formas menos conhecidas de políticas de ação familiares
e vicinais, pôde ultrapassar os limites da organização de princípios de
avaliação segundo as caricaturas patrocinadas pelos termos inclusão x
exclusão. Não basta apenas advertir sobre o caráter fluido e impreciso ou
mesmo o absurdo social do termo exclusão, afinal eles revelam e procuram
esconder ou secundarizar relações nem sempre conhecidas por serem
irreconhecidas. Uma forma de caracterizar a sociedade contemporânea
tem sido especialmente formulada pela polarização que teóricos e ideólo-
gos acentuam ou insistem em acentuar quanto ao caráter acumulativo da
inserção precária, intermitente e dependente de laços outros que, longe
de colocarem como perspectiva a autonomia, assentam-se na construção
da interdependência, das trocas em momentos liminares que atingem
potencialmente a todos os que se colocam em idade produtiva.
As situações aqui apresentadas estão longe de ser pensadas pelos ime-
diatos efeitos das mudanças técnicas que caracterizam a globalização
tout court. Elas revelam o fechamento de alternativas de trabalho para
os jovens, mas muitos outros fatores são mais contundentes: ausência de
uma política de formação de jovens para o mercado de trabalho; certo
isolamento social num contexto da conclamada globalização comuni-
cativa e de circularidade de certos conhecimentos; falta de alternativas
aos meios de transporte de massa; enfim, modos de encantoar de parte
da população em torno da periferia dos grandes centros. E talvez seja
esta a razão pela qual eles mesmos recriam, na fronteira, outras formas
de produção e engajamento interno, assentadas em suas condições co-
tidianas de vida; e gerem, como possível, os efeitos de uma sociedade
que conclama a dualidade: a uns a excelência dos postos de trabalho
valorizados e bem pagos; e a outros a criatividade e o intercâmbio de
parcos recursos para gerir circuito econômico próprio.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 113-138, 2. sem. 2008
133
Abstract
In this text, from interviews of students that, at night time, were connected
to one of the Integrated centers of public education (Centros Integrados de
Educação Pública), located in the city of São Gonçalo, in the state of Rio de
Janeiro, I analyze processes of constitution of occupational itineraries among
youths between 16 and 25 years old. From the gathered data, I characterize
the practical formation of workers in family and neighborhood scales, an
insertion through which they feel self authorized to present themselves in
specific work markets. Defining themselves as owning certain know-how to
handle, and, sometimes, know-how to do, they recognize themselves as people
that own demonstrative attributes of knowledge that is estimated among
employers that interested in workers whose constitution comes form practical
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 113-138, 2. sem. 2008
137
Referências
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In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O
PROGRESSO DA CIÊNCIA, 56., 2004, Cuiabá. Disponível em: <www.
sbpcnet.org.br/eventos/56ra/pags/programa-preliminar.pdf>.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 113-138, 2. sem. 2008
138
Performance e empreendimento
nos assaltos contra instituições financeiras
*
Doutoranda do programa de
Pós-graduação em Antropo-
logia Social, da USP. Email:
janiadiogenes@usp.br.
140
Introdução
A expressão assaltos contra instituições financeiras é utilizada pelos repre-
sentantes das Polícias brasileiras para denominar ocorrências de roubos
e furtos1 contra agências bancárias, carros-fortes, empresas de guarda-
valores e arrombamentos de caixas eletrônicos.
Até meados dos anos 1980, no Brasil, esta modalidade de crime era
efetuada somente contra bancos e se restringia aos grandes centros
urbanos. Todavia, houve significativas alterações em suas características
e alvos: os assaltantes começaram a visar agências bancárias, localizadas
em cidades de pequeno e médio porte; a interceptar carros-fortes nas
rodovias que ligam a capital ao interior dos estados; a roubar empresas
de guarda-valores e caixas eletrônicos – estes, tão logo se propagaram
no país, em meados dos anos 1990, tornaram-se alvos de roubos e furtos.
Demonstrando estarem informadas sobre rotinas internas de funciona-
mento das instituições financeiras, as quadrilhas passaram a efetuar roubos e
furtos exatamente nos dias em que bancos, empresas de guarda-valores
e carros-fortes movimentam maiores quantias líquidas.
Além da organização e do planejamento, outra característica proeminente
destas operações é a infraestrutura: mobilizam instrumentos arrojados,
tais como veículos potentes, armamentos de grosso calibre e dispositivos
de comunicação modernos. A própria atuação dos assaltantes tornou-
se mais calculada e cuidadosa. Com base em uma acentuada divisão de
tarefas entre os participantes dos roubos, habilidades como pontaria e
manuseio de diferentes modelos de armas são continuamente exercitadas.
Assim, o gerenciamento de informações precisas, de equipamentos que
condensam tecnologia de ponta e de “mão de obra qualificada” se tor-
nou a base dos assaltos. Esta modalidade de crime não apenas se elevou
estatisticamente e ampliou sua gama de alvos, mas também se tornou
mais elaborada, resultando em subdivisão de maiores quantias para as
equipes que a organizam e executam.
O caráter performático e a dimensão de negócio que os assaltos contra
instituições financeiras assumem, para os indivíduos que os articulam,
emergem como características proeminentes. Neste texto, estou me
baseando em três fontes de dados principais: notícias de periódicos de
1
Furto é uma categoria jurídica, correspondente ao artigo 155 do Código Penal Brasileiro. Refere-se ao ato
de “subtrair para si, ou para outrem, coisa alheia móvel”. Roubo também é uma modalidade de crime contra
o patrimônio e equivale ao artigo 157 do mesmo texto jurídico, designando a ação de “subtrair coisa móvel
alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. Ocorrências de “roubos” e “furtos” são usualmente
denominadas “assaltos”.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 139-157, 2. sem. 2008
141
Crimes e Negócios
Além de uma contundente sofisticação no âmbito das ocorrências, há
indícios de ter havido, a partir dos anos 1980, uma mudança no perfil
dos indivíduos e grupos que protagonizam tais assaltos. Estes crimes
ganham visibilidade no país, nos anos seguintes ao golpe de 1964. Na-
quele período, roubos contra agências bancárias, junto com sequestros
de importantes figuras no cenário político, foram artifícios utilizados por
militantes de grupos políticos contrários ao regime militar. Os “ganhos”
destas ações eram canalizados para suas reivindicações na luta contra o
regime ditatorial ou para o financiamento de guerrilhas. Posteriormente,
tais ocorrências tiveram como protagonistas mais notórias associações
nascidas nas prisões, resultantes do convívio entre os chamados “crimi-
nosos comuns” e os “presos políticos”, tendo o Comando Vermelho, do
Rio de Janeiro, sido a mais conhecida nos anos 1970 e 1980. Tal grupo,
segundo seus integrantes, utilizava o dinheiro roubado dos bancos para
organizar fugas de detentos e otimizar o comércio de entorpecentes. No
decênio atual, a organização criminosa que adquiriu maior visibilidade e
tem sido apontada pela Polícia e meios de comunicação de massa como
responsável por assaltos contra instituições financeiras, em todas as regiões
do país, é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Tal “comando” teria
sua base nos presídios situados no Estado de São Paulo, e suas ativida-
des principais seriam os assaltos contra instituições financeiras, o tráfico de
entorpecentes e o tráfico internacional de armamentos.
Sem estar interessada em delinear contornos do PCC ou de outras
“organizações criminosas congêneres”, nem pretender mapear seus
vínculos com a modalidade de crime que estou pesquisando, enfatizo
somente a “dimensão de negócio” que tais atividades criminosas, atual-
mente, assumem para aqueles que as empreendem. Entrevistas por mim
realizadas vêm demonstrando que assaltantes vivenciam suas tarefas de
planejamento, organização e execução de grandes operações de assalto
como o desenvolvimento de uma atividade econômica.
Da mesma maneira que negócios legais e juridicamente regulamenta-
dos, a organização de um assalto de “grande porte” requer dispêndios
monetários – neste caso, investe-se em veículos e armamentos a serem
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 139-157, 2. sem. 2008
142
Esse negócio de você lidar com os sentimentos dos outros é muito sério.
Você passa a noite com as famílias e você não pode demonstrar que
você tem sentimento, que é capaz de sentir piedade. Você tem que ser
muito forte para alcançar seu objetivo. A gente passa uma noite com
aquelas pessoas, ameaça, diz que vai matar, mas não pode deixar que
elas vejam nossa fraqueza. A gente não pode demonstrar que fica toca-
do com o sentimento delas. Quando a gente tá trabalhando, não pode
demonstrar esse lado. Porque se percebem que você não tá querendo
matar, eles não vão entregar o dinheiro. E se eles não entregam o di-
nheiro, aquele serviço já fracassou. Então, a gente tem que dizer que
quer matar e que a vida deles não significa nada pra gente. (Trecho de
entrevista com Rafael, realizada em maio de 2003)
Devendo demonstrar “frieza” e “firmeza” como “fachada pessoal” de
agressor, cabe ao assaltante emitir impressões capazes de promover
volubilidade e obediência.
Os entrevistados costumam enfatizar que, nas operações precedidas
de sequestros das famílias dos gerentes ou tesoureiros, a quadrilha fica
desincumbida de atacar o alvo em pleno horário de seu funcionamento
comercial, tarefa que envolveria maiores riscos.
financeiras, pode-se afirmar que nos casos dos roubos no vapor se verifica
consonância entre aparência e maneira. Nestes eventos, os praticantes da
ação criminosa revelam a condição de assaltante, desde o primeiro mo-
mento: chegam às instituições efetuando disparos, aterrorizam, ameaçam,
agem com brutalidade. Em larga medida, esse é o comportamento que a
plateia – identificada com as vítimas de um assalto – espera de criminosos,
personagem portador de estigmas e estereótipos.
No caso dos assaltos no sapatinho, seus protagonistas disfarçam a condi-
ção de assaltantes. É recorrente as quadrilhas, na abordagem de alvos,
utilizarem características ou habilidades de seus integrantes, socialmente
associados à “boa aparência”, tais como: pele branca, cabelo liso, nariz
afilado, porte altivo, elegância nos gestos e vestimentas. Graças à imagem
de distintos cidadãos de classe média, os interlocutores afirmam se apro-
ximar dos gerentes ou tesoureiros dos estabelecimentos que pretendem
roubar. As duas narrativas a seguir expressam a utilização que concedem
aos itens fixos e não fixos de suas fachadas pessoais:
Essa parte de pegar o gerente da instituição tem que ser uma pessoa
cuidadosa, que seja capaz de se aproximar dele em qualquer lugar.
Tem que ser capaz de abordar ele, onde ele estiver, sem que ninguém
perceba que naquele momento tá começando um assalto a banco. Por
isso tem que ser uma pessoa educada. Eu gosto de fazer essa parte,
porque se eu for, eu consigo pegar sem ninguém perceber. Eu me
aproximo dele, invento qualquer desculpa, tiro ele do meio do povo
e levo para um particular. (Trecho de entrevista com Daniel, realizada
em abril de 2003)
Você me vê aqui manso, falando numa boa com você, mas você nem
imagina como é que eu sou quando estou trabalhando. Tinha um
amigo meu que dizia que eu me tornava outra pessoa. A minha voz
muda, as minhas maneiras mudam. Ele disse que não me reconhecia,
porque eu pareço outra pessoa. Não é que eu não me lembre do que
eu faço depois, mas eu mudo. Eu sou eu, mas faço e digo coisas que eu
não faço normalmente, que não têm a ver com o meu jeito de tratar as
pessoas. (Trecho de entrevista com Rafael, realizada em abril de 2003)
Da mesma maneira que os atores, dançarinos e religiosos pesquisados
por Schecnher (1985), o “assaltante profissional” não pode imergir no
personagem a ponto deixar de ser ele mesmo ou perder a consciência dos
seus atos. Tanto o é que uma das qualidades mais enaltecidas entre os
praticantes desta modalidade de crime é o autocontrole. A falta de do-
mínio de si pode desencadear atitudes nocivas aos reféns, a eles próprios
e aos seus comparsas. O pavor da perda do autodomínio foi apontado
por alguns entrevistados como um dos elementos que os impedem de
consumir álcool ou entorpecentes, quando estão “trabalhando”.
A ideia de transformação do ser, enfatizada por Schechner (1985) na repre-
sentação do ator, decorre da noção de liminaridade, categoria construída
a partir dos estudos de Van Gennep, sobre rites de passage, depois expan-
dida por Turner, em suas pesquisas entre os ndembu. Van Gennep (1978)
havia mostrado que todo rito de passagem ou transição se caracteriza por
três fases: separação, margem e agregação. A segunda fase do ritual, margem,
foi também chamada pelo autor de limem, que, em latim, significa limiar.
Esta etapa é caracterizada pela disparidade entre o estado anterior ao
ritual e a transição. Trata-se de um momento de “suspensão”, marcado
pelo contraste entre a posição na estrutura anterior ao rito e aquela que
o indivíduo passará a ocupar depois dele. Para Turner, a liminaridade
experimentada durante a performance envolve uma maneira subjuntiva
de os indivíduos se situarem no mundo, orientada por um como se e
vivenciada por estranhamento da realidade. Se a vida ordinária se or-
ganiza pelo modo indicativo, em que pessoas e posições são ou foram ou
serão, a subjuntividade, inerente ao momento ritual, instaurando o como
se, produz em seus participantes um efeito de “espelho mágico” do real,
concedendo-lhes a capacidade de ser não eu.
Percebe-se que a suspensão e a liminaridade, próprias dos rituais, caracteri-
zam o momento de duração de um assalto. Nestes eventos, ao apresentar
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155
Considerações Finais
A concepção schumpeteriana de empreendedor e as perspectivas de
compreensão da performance de Turner, Schechner e Goffman têm consti-
tuído um valioso panorama teórico para minha análise dos assaltos contra
instituições financeiras. A metáfora da sociedade teatro de E. Goffman e sua
ênfase no “desempenho de papéis” por atores sociais, em situações de
interação, como vistas, revelam afinidades entre estratégias expressivas
de elaboração do comportamento, mobilizadas por atores sociais na vida
cotidiana, bem como artimanhas adotadas por praticantes de assaltos,
diante de seus reféns. Por sua vez, as elaborações apresentadas por
Turner e Schechner possibilitam sublinhar a liminaridade destes eventos,
interpretando a atuação dos seus protagonistas como expressão de uma
experiência e parte de uma cadeia ou “sequência” de ações.
Trata-se de elaborações teóricas que propiciam um alargamento de pers-
pectivas para a compreensão do objeto de estudo, impedindo-me de
reduzi-lo à dimensão de ocorrência criminosa ou ação violenta. Por outro
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156
Abstract
This article analyzes hold-ups against financial institutions, presenting them
as sophisticated operations resulting from elaborate plans and mobilization
of a complex infra-structure. Exempting itself from the emphasis given to
the criminal and violent dimension of these occurrences, it privileges the
significant elements for their protagonists, who consider the organization
of a hold-up a moneymaking activity and high-risk “work”. The dramatic
action and the performances done before hostages, intended to frighten
them and make them collaborate with the robbery, constitute relevant abili-
ties and denote competences among “professionals” of this type of crime.
J. Schumepter’s definition of entrepreneur and E. Goffman’s, V. Turner’s
and R. Schechner’s perspectives of analysis of the performance constitute
the theoretical referential of the text.
Keywords: performance; undertaking; crime.
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Antropolítica Niterói, n. 25, p. 139-157, 2. sem. 2008
157
Introdução
Embora a imigração europeia para o Brasil meridional, especificamente
para o Rio Grande do Sul (RS), já viesse ocorrendo desde os primeiros
séculos de ocupação da América do Sul,1 o fluxo mais intensivo de imi-
grantes de origem europeia para o Rio Grande do Sul se insere no fenô-
meno das migrações transoceânicas recorrentes entre a Europa e o Brasil
no século XIX. Conforme Pesavento (1994), a imigração é um processo
que se insere na dinâmica de desenvolvimento do capitalismo na medida
em que se formou, em determinadas nações europeias, um excedente
populacional que, sem terra e sem trabalho, se convertia em foco de
tensão social. Esta população sobrante necessitava ser alocada em outros
países que oferecessem, além da terra, condições de reprodução social.
O fenômeno da imigração, no Brasil, vincula-se ao momento histórico
em que se dá no país a transição das relações de trabalho escravistas para
as relações assalariadas.
A introdução do imigrante europeu alemão no RS, além de ter o objetivo
de ocupar áreas “virgens” com pequenos proprietários produtores de
alimentos e fazer certo contrapeso político frente às oligarquias locais,
teve também a intenção de superar a agricultura praticada pelos “cabo-
clos”, pois, segundo o discurso predominante na época, estes não eram
capazes de produzir os alimentos necessários para abastecer os núcleos
urbanos (PESAVENTO, 1994). Esta foi uma situação que requereu e
justificou, por parte do Estado, medidas para a implantação de colônias
para produção diversificada de excedentes.2 Com esse intuito, foram
instaladas colônias de imigrantes alemães em regiões “desabitadas”,
consideradas estratégicas: instalaram-se as primeiras colônias na região
de São Leopoldo – próximo a Porto Alegre – e, posteriormente, ocorreu
a expansão das colônias para a encosta do Planalto Riograndense, onde
instalaram-se colônias como a de Santa Cruz e a de Santo Ângelo, esta
última na região central do RS (ROCHE, 1969).
A criação oficial da Colônia Santo Ângelo, atuais municípios de Agudo,
Paraíso do Sul, parte de Dona Francisca e Cachoeira do Sul (região
1
Imigração que contava principalmente com elementos humanos provenientes das áreas de domínio dos
impérios de Portugal e Espanha.
2
De acordo com Roche (1969), a imigração no RS teve duas fases. A primeira, que contou com a entrada de
imigrantes de origem alemã, vai de 1824 a 1845 e ficou a cargo do governo Imperial. Nesta fase se verificou
um período de escassez de entrada de imigrantes, tendo como causas a falta de dinheiro para pagamento
das despesas de transporte e as crises políticas decorrentes da renúncia de D. Pedro I e da Regência, além
da deflagração da Revolução Farroupilha em 1835, que opôs a Província ao governo Imperial. A segunda,
que vai de 1845 a 1889, marcou o início da colonização provincial e privada, que não tinha ocorrido antes
por falta de recursos.
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161
FormaçãoedesenvolvimentodaColôniaSantoÂngelo
Em novembro de 1857 desembarcaram na margem esquerda do rio Ja-
cuí, em Cerro Chato, atual município de Agudo, os primeiros imigrantes
germânicos, pioneiros da Colônia Santo Ângelo na região central do RS.
Os mais antigos diziam que, de primeiro, tudo era muito difícil, que
foram abandonados nesta terra. [...] Aqui era tudo mato, e que com
bastante dificuldade e com união e trabalho foi se abrindo picada tudo
a facão. Até as mulheres e as crianças ajudavam. (V. W., agricultor
aposentado, 71 anos)
A ocupação da colônia na segunda metade do século XIX, segundo Mello
(2006), pode ser dividida em duas fases: a primeira, que comporta um
3
Putnam (1996) cita exemplos que vão desde uma aldeia Ibo na Nigéria até os fundos rotativos animados
por certas organizações internacionais de desenvolvimento (passando pelas regiões “cívicas” do Norte da
Itália, para cujo funcionamento virtuoso está voltado seu livro). No Brasil, a respeito, citam-se os trabalhos
de Abramovay (2000); Boschi (1999); Mayorga; Tabosa (2006), entre outros.
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 159-177, 2. sem. 2008
163
Meu avô veio para o Brasil em 1885. Na Alemanha ele possuía o ofício
de marceneiro e inspetor de madeiras, mas chegando aqui, ele teve de
se dedicar a atividades agrícolas, pelo menos nos primeiros anos. [...]
Ele, junto com a família, plantou fumo de galpão secado em paióis,
mandioca, milho e batata. (A. J. D., professor aposentado, 81 anos)
Tinha muito rigor nos bailes e festas, onde a bebida principal nas festas
populares era a schnaps (cachaça), mas também tinha chopp. Nos casa-
mentos a bebida tradicional era o vinho. (E. T., técnico agrícola, 55 anos)
Assim, as associações contribuíram para desenvolver atividades culturais,
originando as sociedades de jogos, canto e dança, que serviam ao “en-
trosamento” social dos colonos, assim como para manter ativa a cultura
germânica. Este sentimento de cooperação transcendia os limites destas
associações, reportando-se, em momentos de necessidade, bastante fre-
quentes à ajuda mútua nas atividades agrícolas, como nos momentos de
colheitas, por exemplo. Isso estreitava os laços de amizade e confiança,
firmando a relação entre cultura e atividades rurais. No início do século
XX estas pequenas experiências de associações diversas deram origem a
um complexo sistema de Uniões Coloniais organizado em todo Estado
do Rio Grande do Sul, com o objetivo de preservar a cultura germânica
e de promover o desenvolvimento econômico das colônias (SCHAL-
LENBERGER, 2001).
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169
Considerações finais
O presente trabalho objetivou levantar aspectos históricos da colonização
alemã na região central do RS, particularmente na Colônia Santo Ângelo,
que foram fatores importantes para a sua consolidação e contribuição
ao desenvolvimento regional. A chegada destes imigrantes alemães em
1857, por motivos múltiplos, trouxe inovações à paisagem agrária da
região central do Rio Grande do Sul, onde, anteriormente, predomi-
nava a pecuária extensiva. No contexto de se indagar sobre os fatores
que possibilitaram o desenvolvimento das colônias alemãs em regiões
desprezadas pelos primeiros colonizadores (portugueses), o processo de
desenvolvimento da Colônia Santo Ângelo apresenta alguns indicativos
interessantes, sobretudo se olhados desde a perspectiva da noção de
capital social.
O estabelecimento dos colonos germânicos propiciou, de um lado, a im-
plantação de novas culturas agrícolas, técnicas diferenciadas de manejo
de solo e plantas; de outro, o nascimento de um formato de organização
comunitária e de agricultura de base familiar até então não muito conhe-
cidos nesta região. Tais inovações trazidas pelos imigrantes germânicos
logo acarretaram mudanças na economia e na vida cultural da região
central gaúcha, gerando certo dinamismo econômico e fortalecimento da
organização social, o que tornou possível o desenvolvimento da colônia
e sua integração na economia do Estado.
Por outro lado, os imigrantes alemães, ao contrário do que almejavam
as autoridades da época, não se constituíam somente em agricultores.
Existiam dentre os imigrantes várias profissões, desde carpinteiros,
marceneiros e ferreiros até comerciantes, professores e artistas. Estes
diferentes profissionais vinham para a América com o propósito de
melhorarem de vida e, apesar de terem sido obrigados a se dedicar
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175
Abstract
The present work had the aim to search for historical aspects of the German
colonizing in the central area of Rio Grande do Sul which were important
for the consolidation of the state and contributed to the development of
the region. The data was obtained through bibliographic and documental
research and from oral narratives and non-standardized interviews with
twenty rural producers of German descent. It was verified that the changes
conducted by the German colonizers in the rural area and in agriculture
after they settled downin the central area of Rio Grande do Sul resulted in
a fast economic consolidation and brought up´new social conditions which
responded to the intentions of the government at the time, as well as their own
aspirations. As the agriculture at the colonial period was very dinamic soon
appeared the agronomic industries and the associations of rural producers.
On the other hand, the social and religious beliefs of the colonizers were
disseminated in he society, contributing to the consolidation of the German
colonizing in the central area of Rio Grande do Sul. The religious faith
based on the protestantism of Luthero and the diversified origin of many of
the immigrants stand out in this process. Many of them came from urban
centers and had wide technical and cultural habilities and this contributed to
the technological development of the area and helped to establish social nets
which worked as social capital and favoured the development of the region.
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176
Referências
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um estudo de representações sobre a política
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de pensamento e separação judicial
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Data da defesa: 10/5/1999
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de (re)integração social
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Orientador: Profª Drª Delma Pessanha Neves
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des (co-orientadora)
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representações sobre o cabelo
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60 TÍTULO: AcientifizaçãodaacupunturamédicanoBrasil:
uma perspectiva antropológica
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Orientador: Prof. Dr. Roberto Kant de Lima; Profª Drª Simoni Lahud Gue-
des (co-orientadores)
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64 TÍTULO: SantaTecla,GraçaeLaranjal:regrasdesucessão
nas casas de estância do Brasil Meridional
Autor: Ana Amélia Cañez Xavier
Orientador: Profª Drª Eliane Catarino O’Dwyer
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66 TÍTULO: Dimensõesdasexualidadenavelhice:estudoscom
idosos em uma agência gerontológica
Autor: Rosangela dos Santos Bauer
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68 TÍTULO: Responsabilidadesocialdasempresas:quandoo
risco e o apoio caminham
lado a lado
Autor: Ricardo Agum Ribeiro
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Data da defesa: 28/1/2005
71 TÍTULO: Umacomunidadeemtransformação:modernidade,
organização e conflito
nas escolas de samba
Autor: Fabio Oliveira Pavão
Orientador: Prof. Dr. José Sávio Leopoldi
Data da defesa: 28/2/2005
72 TÍTULO: Esculhamba,masnãoesculacha:umrelatosobre
uso dos trens da Central do Brasil, no Rio de
Janeiro, enfatizando as práticas e os conflitos
relacionadosacomerciantesambulanteseoutros
atores, naquele espaço social
Autor: Lênin dos Santos Pires
Orientador: Prof. Dr. Roberto Kant de Lima
Data da defesa: 28/2/2005
78 TÍTULO: Consumidorconsciente,cidadãonegligente?
Autor: Michel Magno de Vasconcelos
Orientador: Profª Drª Laura Graziela F. F. Gomes
Data da defesa: 18/5/2005
84 TÍTULO: Disque-denúncia:aarmadocidadão.Processos
de construção da verdade
a partir da experiência da Central
Disque-denúncia do Rio de Janeiro
Autor: Luciane Patrício Braga de Moraes
Orientador: Prof. Dr. Roberto Kant de Lima
Data da defesa: 9/3/2006
94 TÍTULO: Políciaparaquemprecisa:umestudosobretutela
e repressão do GPAE no Morro do Cavalão
(Niterói)
Autor: Sabrina Souza da Silva
Orientador: Prof. Dr. Roberto Kant de Lima
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98 TÍTULO: Etnicidade,processodeterritorializaçãoeritual
entre os tuxá de rodelas
Autor: Ricardo Dantas Borges Salomão
Orientador: Profª Drª Eliane Cantarino O´Dwyer
Data da defesa: 28/2/2007
99 TÍTULO: Tempo(s)ecológico(s):umrelatodastensõesentre
pescadoresartesanaiseibamaacercadocalendário
de pesca na lagoa feia – RJ
Autor: José Colaço Dias Neto
Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio da Silva Mello
Data da defesa: 6/3/2007
1 TÍTULO: A mulher-sujeito:subjetividade,
consumo e trabalho
Autor: Cesar Ramos Barreto
Orientador: Prof. Dr. José Sávio Leopoldi
Data da defesa: 29/9/2007
3 TÍTULO: Igualdadeehierarquianoespaçopúblico:
análise de processos de administração
institucional de conflitos no município de
niterói
Autor: Kátia Sento Sé Mello
Orientador: Prof.Dr. Roberto Kant de Lima
Data da defesa: 29/3/2007
7 TÍTULO: Sobreculpadoseinocentes:oprocessode
criminação e incriminação pelo ministério
público federal brasileiro
Autor: Gláucia Maria Pontes Mouzinho
Orientador: Prof. Dr. Marcos Otávio Bezerra
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9 TÍTULO: Campointelectualegestãodaeconomiado
babaçu:dosestudoscientíficosàspráticas
tradicionaisdasquebradeirasdecocobabaçu
Autor: Cynthia Carvalho Martins
Orientador: Profa Dra Delma Pessanha Neves
Data da defesa: 28/2/2008
10 TÍTULO: Maneirasdebeber:sociabilidadesealteridades
Autor: Ângela Maria Garcia
Orientador: Profa Dra Delma Pessanha Neves
Data da defesa: 28/2/2008
13 TÍTULO: Entreaestruturaeaperformance:ritualde
iniciaçãoefaccionalismoentreosxavantes
da terra indígena são marcos
Autor: Paulo Sérgio Delgado
Orientador: Profa Dra Eliane Cantarino O’Dwyer
Data da defesa: 31/3/2008
14 TÍTULO: Asemânticadointangível.considerações
sobre o registro do ofício de paneleira
do espírito santo: ritual de iniciação e
faccionalismo entre os xavantes da terra
indígena são marcos
Autor: Lucieni de Menezes Simão
Orientador: Profa Dra Lygia Baptista Pereira Segala
Data da defesa: 30/4/2008
15 TÍTULO: Identidade(s)enacionalismoemcaboverde
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Brasil: nações imaginadas
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Brasileiros e argentinos em Kibbutz: a diferença continua
Sonia Bloomfield Ramagem
Mudança social: exorcizando fantasmas
Delma Pessanha Neves
Ostras e pastas de papel: meio ambiente e a mão invisível do mercado
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Uma antropologia no plural: três experiências contemporâneas. Marisa G. Pei-
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de Canudos no nordeste brasileiro
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A política estratégica de integração econômica nas Américas
Gamaliel Perruci
O direito do trabalho e a proteção dos fracos
Miguel Pedro Cardoso
Elites profissionais: produzindo a escassez no mercado
Marli Diniz
A “Casa do Islã”: igualitarismo e holismo nas sociedades muçulmanas
Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto
Quando o amor vira ficção
Wilson Poliero
Resenha
Nós, cidadãos, aprendendo e ensinando a democracia: a narrativa de uma ex-
periência de pesquisa
Angela Maria Fernandes Moreira-Leite
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 243-260, 2. sem. 2008
245
Artigos
Comunicação de massa, cultura e poder
José Carlos Rodrigues
A sociologia diante da globalização: possibilidades e perspectivas da sociologia
da empresa
Ana Maria Kirschner
Tempo e conflito: um esboço das relações entre as cronosofias de Maquiavel e
Aristóteles
Raul Francisco Magalhães
O embate das interpretações: o conflito de 1858 e a lei de terras
Márcia Maria Menendes Motta
Os terapeutas alternativos nos anos 90: uma nova profissão?
Fátima Regina Gomes Tavares
Resenha
Auto-subversão
Gisálio Cerqueira Filho
Artigos
Jornalistas: de românticos a profissionais
Alzira Alves de Abreu
Mudanças recentes no campo religioso brasileiro
Cecília Loreto Mariz e Maria das Dores Campos Machado
Pesquisa antropológica e comunicação intercultural: novas discussões sobre an-
tigos problemas.
José Sávio Leopoldi
Três pressupostos da facticidade dos problemas públicos ambientais
Marcelo Pereira de Mello
Duas visões acerca da obediência política: racionalidade e conservadorismo
Maria Celina D’Araújo
Artigos
Palimpsestos estéticos y espacios urbanos: de la razón práctica a la razón sensi-
ble
Jairo Montoya Gómez
Trajetórias e vulnerabilidade masculina
Ceres Víctora e Daniela Riva Knauth
O sujeito da “psiquiatria biológica” e a concepção moderna de pessoa
Jane Araújo Russo, Marta F. Henning
Os guardiães da história: a utilização da história na construção de uma identidade
batista brasileira
Fernando Costa
A escritura das relações sociais: o valor cultural dos “documentos” para os tra-
balhadores
Simoni Lahud Guedes
A Interdisciplinaridade e suas (im)pertinências
Marcos Marques de Oliveira
Artigos
Le geste pragmatique de la sociologie française. Autour des travaux de Luc Bol-
tanski et Laurent Thévenot
Marc Breviglieri e Joan Stavo-Debauge
Economia e política na historiografia brasileira
Sonia Regina de Mendonça
Os paradoxos das políticas de sustentabilidade
Luciana F. Florit
Risco tecnológico e tradição: notas para uma antropologia do sofrimento
Glaucia Oliveira da Silva
Trabalho agrícola: gênero e saúde
Delma Pessanha Neves
Artigos
Prolegômenos sobre a violência, a polícia e o Estado na era da globalização
Daniel dos Santos
Gabriel Tarde: Le monde comme féerie
Isaac Joseph
Estratégias coletivas e lógicas de construção das organizações de agricultores no
Nordeste
Eric Sabourin
Cartórios: onde a tradição tem registro público
Ana Paula Mendes de Miranda
Do pequi à soja: expansão da agricultura e incorporação do Brasil central
Antônio José Escobar Brussi
Resenha
Terra sob água – sociedade e natureza nas várzeas amazônicas
José Augusto Drummond
Artigos
Desenvolvimento económico, cultural e complexidade
Adelino Torres
The field training project: a pioneer experiment in field work methods: Everett
C. Hughes, Buford H. Junker and Raymond Gold’s re-invention of Chicago field
studies in the 1950’s
Daniel Cefaï
Cristianismos amazônicos e liberdade religiosa: uma abordagem
histórico-antropológica
Raymundo Heraldo Maués
Poder de policía, costumbres locales y derechos humanos en Buenos Aires
de los 90
Sofía Tiscornia
Resenha
Reflexões antropológicas em tópicos filosóficos
Eliane Cantarino O’Dwyer
Artigos
Profissionalismo e mediação da ação policial
Dominique Monjardet
The plaintiff – a sense of injustice
Laura Nader
Religião e política: evangélicos na disputa eleitoral do Rio de Janeiro
Maria das Dores Campos Machado
Um modelo para morrer: última etapa na construção social contemporânea da
pessoa?
Rachel Aisengart Menezes
Torcidas jovens: entre a festa e a briga
Rosana da Câmara Teixeira
O debate sobre desenvolvimento entre o Brasil e os EUA na década de cinqüen-
ta
W. Michael Weis
El individuo fragmentado y su experiencia del tiempo
Carlos Rafael Rea Rodríguez
Igreja do Rosário: espaço de negros no Rio Colonial
Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros
In nomine pater: a ciência política e o teatro intimista de A. Strindberg
Gisálio Cerqueira Filho
Terra: dádiva divina e herança dos ancestrais
Osvaldo Martins de Oliveira
Resenha
Estado e reestruturação produtiva
Maria Alice Nunes Costa
Artigos
Transição democrática e forças armadas na América Latina
Maria Celina D’Araújo
Mercado, coesão social e cidadania
Flávio Saliba Cunha
Cultura local y la globalización del beber. De las taberneras en Juchitan, Oaxaca
(México)
Sergio Lerin Piñón
Romaria e missão: movimentos sociorreligiosos no sul do Pará
Maria Antonieta da Costa Vieira
“O estrangeiro” em “campo”: atritos e deslocamentos no trabalho antropológico
Patrice Schuch
A transmissão patrimonial em favelas
Alexandre de Vasconcelos Weber
A sociabilidade dos trabalhadores da fruticultura irrigada do platô de Neópolis/
SE
Dalva Maria da Mota
A beleza traída: percepção da usina nuclear pela população de Angra dos Reis
Rosane M. Prado
Povos indígenas e ambientalismo – as demandas ecológicas de índios do rio
Solimões
Deborah de Magalhães Lima
Raízes antropológicas da filosofia de Montesquieu
José Sávio Leopoldi
Resenhas
A invenção de uma qualidade ou os índios que se inventa(ra)m
Mercia Rejane Rangel Batista
China’s peasants: the anthropology of a revolution
João Roberto Correia e José Gabriel Silveira Corrêa
Artigos
As concertações sociais na Europa dos anos 90: possibilidades e limites
Jorge Ruben Biton Tapia
A (re)construção de identidade e tradições: o rural como tema e cenário
José Marcos Froehlich
A pílula azul: uma análise de representações sobre masculinidade em face
do viagra
Rogério Lopes Azize e Emanuelle Silva Araújo
Homenagem
René Armand Dreifuss
por Eurico de Lima Figueiredo
Dossiê
Maneiras de beber: proscrições sociais
Apresentação: Delma Pessanha Neves
Entre práticas simbólicas e recursos terapêuticos: as problemáticas de um itine-
rário de pesquisa
Sylvie Fainzang
Alcoólicos anônimos: conversão e abstinência terapêutica
Angela Maria Garcia
“Embriagados no Espírito Santo”: reflexões sobre a experiência pentecostal e o
alcoolismo
Cecília L. Mariz
Artigos
Visões de mundo e projetos de trabalhadores qualificados de nível médio em seu
diálogo com a modernidade tardia
Suzana Burnier
O povo, a cidade e sua festa: a invenção da festa junina no espaço urbano
Elizabeth Christina de Andrade Lima
Antropologia e clínica – o tratamento da diferença
Jaqueline Teresinha Ferreira
Mares e marés: o masculino e o feminino no cultivo do mar
Maria Ignez S. Paulilo
Resenhas
Antropologia e comunicação: princípios radicais
José Sávio Leopoldi
Politizar as novas tecnologias: o impacto sócio-técnico da informação digital e
genética
Fátima Portilho
Criminologia e subjetividade no Brasil
Wilson Couto Borges
Homenagem
Luiz de Castro Faria: o professor emérito
por Felipe Berocan da Veiga
Dossiê
Políticas públicas, direito(s) e justiça(s) – perspectivas comparativas
Apresentação: Roberto Kant de Lima
Drogas, globalização e direitos humanos
Daniel dos Santos
Detenciones policiales y muertes administrativas
Sofía Tiscornia
Os ilegalismos privilegiados
Fernando Acosta
Artigos
Estado e empresários na América Latina (1980-2000)
Álvaro Bianchi
O desamparo do indivíduo moderno na sociologia de Max Weber
Luis Carlos Fridman
A construção social dos assalariados na citricultura paulista
Marie Anne Najm Chalita
As arenas iluminadas de Maringá: reflexões sobre a constituição
de uma cidade média
Simone Pereira da Costa
Resenhas
Ética e responsabilidade social nos negócios
Priscila Ermínia Riscado
Novas experiências de gestão pública e cidadania
Daniela da Silva Lima
Uma ciência da diferença: sexo e gênero
Fernando Cesar Coelho da Costa
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 243-260, 2. sem. 2008
253
Dossiê
Por uma antropologia do consumo
Apresentação: Laura Graziela F. F. Gomes e Lívia Barbosa
Pobreza Da Moralidade
Daniel Miller
O consumidor artesão: cultura, artesania e consumo em uma
Sociedade Pós-Moderna
Colin Campbell
Por uma sociologia da embalagem
Franck Cochoy
Artigos
A Antropologia e as políticas de desenvolvimento: algumas orientações
Jean-François Baré
Arquivo público: Um segredo bem guardado?
Ana Paula Mendes de Miranda
A concepção da desigualdade em Hobbes, Locke e Rousseau
Marcelo Pereira de Mello
Associativismo em rede: uma construção identitária em territórios
de agricultura familiar
Zilá Mesquita e Márcio Bauer
Depois de Bourdieu: as classes populares em algumas
abordagens sociológicas contemporâneas
Antonádia Borges
Resenhas
Modération et sobriété. Études sur les usages sociaux de l’alcool
Fernando Cordeiro Barbosa
Governança democrática e poder local: A experiência dos
conselhos municipais no Brasil
Débora Cristina Rezende de Almeida
Uma ciência da diferença: sexo e gênero
Fernando Cesar Coelho da Costa
Antropolítica Niterói, n. 25, p. 243-260, 2. sem. 2008
254
Dossiê
Fronteiras e passagens: fluxos culturais e a construção da etnicidade
Apresentação: Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto
Eliane Cantarino O’Dwyer
Etnicidade e o conceito de cultura
Fredrik Barth
Etnicidade e nacionalismo religioso entre os curdos da Síria
Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto
Entre iorubas e bantos:
a influência dos estereótipos raciais nos estudos afro-americanos
Stefania Capone
Os quilombos e as fronteiras da Antropologia
Eliane Cantarino O’Dwyer
Artigos
Engajamento associativo/sindical e recrutamento de elites políticas:
“empresários” e “trabalhadores” no período recente no Brasil
Odaci Luiz Coradini
Crônicas da pátria amada:
futebol e identidades brasileiras na imprensa esportiva
Édison Gastaldo
O duro, a pedra e a lama: a etnotaxonomia e o artesanato
da pesca em Ponta Grossa dos Fidalgos
Arno Vogel e José Colaço Dias Neto
De antas e outros bichos: expressão do conhecimento nativo
Jane Felipe Beltrão e Gutemberg Armando Diniz Guerra
Resenha
Livro: A revolução urbana
Henri Lefèbvre
Autor da resenha: Fabrício Mendes Fialho
Livro: Ser polícia, ser militar. O curso de formação na socialização
do policial militar
Fernanda Valli Nummer
Autora da resenha: Delma Pessanha Neves
Livro: Reflexões sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches
Bruno Latour
Autora da resenha: Verlan Valle Gaspar Neto
Artigos
A poética da experiência: narrativa e memória
Diego Soares
Neocomunidades no Brasil: uma aproximação etnográfica
Javier Lifschitz
Liberdade e riqueza: a origem filosófica e política do pensamento
econômico
Angela Ganem, Inês Patricio e Maria Malta
Resenhas
Livro: Ciência e desenvolvimento
José Leite Lopes
Autora da resenha: Cátia Inês Salgado de Oliveira
Livro: Le temps du pub. Territoires du boire en Anglaterre
Josiane Massart-Vicent
Autora da resenha: Delma Pessanha Neves e Angela Maria Garcia
Resenhas
Livro: Buenos vecinos, malos políticos: Moralidad y política
en el gran Buenos Aires. Buenos Aires: Prometeo, 2004. 283 p.
Sabina Frederic
Autor da resenha: Fernanda Maidana
Resenhando o conceito de “Double Bind” de Gregory Bateson
em seis autores das ciências humanas contemporâneas
Autora da resenha: Mônica Cavalcanti Lepri
Resenhas
Livro: La relation médecins-malades: information et mensonge da
autoria de Sylvie Fainzang
Autora da resenha: Jaqueline Ferreira
Resenhas
Livro: Carman, Maria. Las trampas de la cultura: los intrusos y los
nuevos usos del barrio de Gardel
Autora da resenha: Michele Andrea Markowitz
Livro: Bestor, Theodore. Tsukiji – The fish market at the center of
the world
Autora da resenha: Wilma Leitão
Artigos
Imigração brasileira na Guiana: entre elocubrações e realidade
Isabelle Hidair
Caminho Niemeyer: os “usos” da cultura em Niterói
Margareth da Luz Coelho
A socialização das meninas trabalhadoras
Joel Orlando Bevilaqua Marin
Entre muros e rodovias: os riscos do espaço e do lugar
Eduardo Marandola Jr
Resenhas
Deslocamentos, movimentos e engajamentos: as formas plurais da
ação humana na perspectiva de Laurent Thévenot
Autor da resenha: Fabio Reis Mota