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Aula 01

Curso: Direito Constitucional p/ AFRFB


Professor: Jonathas de Oliveira
Curso: Direito Constitucional p/ AFRFB
Teoria, Jurisprudência e Questões comentadas
Prof. Jonathas de Oliveira - Aula 01

Aula 01 – Teoria geral da Constituição: conceito e conteúdo. Tipos


de Constituição. Interpretação constitucional. Poder constituinte:
emenda, reforma e revisão constitucional.

Assunto Página
1- Conceitos de Constituição 04
2- Conteúdo: regras materialmente constitucionais e 05
formalmente constitucionais
3- Tipos de Constituição 07
3.1- Quanto à Origem 07
3.2- Quanto à Forma 07
3.3- Quanto à Extensão 08
3.4- Quanto ao Conteúdo 08
3.5- Quanto ao Modo de Elaboração 08
3.6- Quanto à Alterabilidade 09
3.7- Quanto à Dogmática 09
3.8- Quanto à Correspondência com a realidade (ontologia) 09
3.9- Quanto ao Sistema 10
3.10- Quanto à Origem de sua decretação 10
3.11- Quanto à Finalidade 10
3.12- Resumo da ópera: Constituição Federal de 1988 10
4- Interpretação constitucional 13
4.1- Métodos de interpretação constitucional 13
4.2- Princípios de interpretação constitucional 15
4.3- Princípio da interpretação das leis em conformidade com a 17
Constituição
5- Poder constituinte: emenda, reforma e revisão 20
constitucional
5.1- Poder constituinte originário 20
5.2- Poder constituinte derivado 25
5.2.1- Poder constituinte derivado revisor 25
5.2.2- Poder constituinte derivado reformador 26
5.2.3- Poder constituinte derivado decorrente 26
5.3- Poder constituinte difuso 27
6- Questões comentadas 28
7- Lista de exercícios 41

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8- Gabarito 49
9- Referencial Bibliográfico 49

Olá guerreiras e guerreiros!


Este é mais um tópico que as bancas parecem não apreciar muito... rs
Porém, nada impede que um súbito gosto surja! Além disso, alguns
conceitos que aqui serão tratados facilitam sobremaneira a compreensão de
outros itens de bastante peso, como aqueles relativos ao controle de
constitucionalidade.
Vamos então à aula!

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1- Conceitos de Constituição

Podemos identificar na doutrina três conceitos mais destacados de


Constituição. São diferentes sentidos sob as quais tal termo pode ser
compreendido.
Com um ou outro ajuste, são os conceitos mais cobrados em concursos
públicos na área fiscal. Quase sempre, sem muitos desvios e sem maior nível
de aprofundamento.

Principal expoente: Carl Schimtt


Constituição é a decisão política fundamental (as
Político normas que estruturam a base da sociedade). As demais
normas, ainda que inscritas no mesmo documento,
seriam somentes leis constitucionais.

Principal expoente: Ferdinand Lassale


Sociológico Constituição é o somatório das forças sociais (fatores
reais) que compoem o poder dentro da sociedade.

Principal expoente: Hans Kelsen


Constituição como norma logíco-jurídica: é a norma
hipotética fundamental.
Jurídico
Constituição como norma jurídico-positiva: é a norma
que fundamenta a existência das demais e lhes serve de
referência.

(CESPE / Auditor do TCU / 1996) Em relação ao


pensamento jurídico-filosófico acerca da Constituição, julgue o item seguinte.
Os fatores reais de poder, segundo Ferdinand Lassale, não se submetem aos
termos da Constituição escrita quando esta esteja dissociada daqueles.
Resolução: Correta. Questão antiga, sim, mas que serve para fixação.
Fatores reais de poder = Definição de Lassale.

(ESAF / Auditor Fiscal do Trabalho / 2003 / Adaptada)


Julgue a assertiva a seguir:
Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial instaurador do
processo de criação das normas positivas, seria a constituição em seu sentido
lógico-jurídico.
Resolução: Correta. Kelsen trata a Constituição como norma pura, num plano
acima e de fatores políticos e sociológicos. Ainda mais, que serviria de
fundamento de validade para o ordenamento jurídico que dela deriva.

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(CESPE / Analista Judiciário do STF / Área Judiciária /


2008) Acerca da teoria geral da constituição e do Poder Constituinte, julgue o
item seguinte.
Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, com
adaptações, de José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo.
São Paulo: Atlas, p. 41...).
A constituição é considerada norma pura. A palavra constituição tem dois
sentidos: lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro,
constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de
fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico-positiva,
que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a
criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.
É correto afirmar que essa definição denota um conceito de constituição no
seu sentido jurídico.
Resolução: Correta. Questão bem didática e ilustrativa.

2- Conteúdo: regras materialmente constitucionais e formalmente


constitucionais

Ao abordamos o conceito de Constituição, quer sob o prisma formal,


quer sob o ponto de vista material, podemos tirar as seguintes conclusões em
relação às regras constitucionais.

REGRAS MATERIALMENTE REGRAS FORMALMENTE


CONSTITUCIONAIS CONSTITUCIONAIS

• Fator distintivo: qual a qualidade do • Fator distintivo: qual procedimento


conteúdo da regra? legislativo de introdução da regra
no ordenamento jurídico?
• É materialmente constitucional a
regra que versa sobre aspecto • É formalmente constitucional a
nuclear da sociedade em seu regra existente por simples
modus operandi jurídico-positivo manifestação do poder constituinte
(forma de Estado, forma de (originário, revisor ou reformador),
governo, sistema de governo, independentemente do seu teor.
divisão de Poderes etc.).
• Tal critério admite a existência de • Tal critério admite como
regras constitucionais fora da carta constitucionais regras indiferentes
constitucional. ao funcionamento estrutural da
sociedade (ex.: CF/88, art. 242,
§2º, que trata do Colégio Pedro II).

“Regras” nada mais são que espécies do gênero “normas”. Pois bem...
É importante que o candidato conserve tal distinção em mente, o que será
especialmente útil ao estudarmos os tipos de Constituição.

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No mais, desde já, considere-se uma afirmativa correta: o Brasil adota
o critério formal na identificação da constitucionalidade de suas normas.
Por exemplo, se a Constituição tratar do preço dos automóveis (seja
pelo texto original, seja por mudança oriunda de revisão ou reforma), então o
preço dos automóveis será matéria constitucional.

(ESAF / Auditor Federal de Controle Externo / 2000 /


Adaptada) Em relação à supremacia material e formal das constituições,
julgue a assertiva a seguir:
A supremacia formal resulta da situação da Constituição no topo da hierarquia
das normas, independentemente da matéria tratada
Resolução: Correta. O ordenamento pátrio considera a constitucionalidade
das normas sob o viés formal. Assim, mesmo que a matéria abordada em
nada diga com elementos estruturantes do Estado, o simples fato de
constarem no corpus da Constituição as dota de elementos de supremacia
normativa frente as demais.

(CESPE / Técnico do MPU / Área de Administração /


2013) No que se refere à CF, julgue o item a seguir.
Todas as normas presentes na CF, independentemente de seu conteúdo,
possuem supremacia em relação à lei ordinária, por serem formalmente
constitucionais.
Resolução: Correta. Conciliando o conceito de supremacia da Constituição
(relembrem a pirâmide de Kelsen) e, sabendo que no Brasil se adota o critério
formal de Constituição, temos que, qualquer norma (regra ou princípio)
constitucional será hierarquicamente superior à legislação
infraconstitucional (leis ordinárias, complementares, decretos, resoluções
etc.).

IMPORTANTE: Algumas vozes doutrinárias chamam a atenção para o fato de


que a partir da Emenda Constitucional nº 45 de 2004, seria adequado afirmar
que o Brasil comporta um critério misto, em especial pelo o que dispõe o art.
5º, §3º da Constituição Federal:
“Art. 5º [...] § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais”.

Observe-se que o dispositivo condiciona a referida equivalência à matéria


(tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos) e a seu

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modo de introdução no ordenamento jurídico (rito de aprovação idêntico
ao das emendas constitucionais).

3- Tipos de Constituição

Antes de mais nada, cumpre destacar que não há tipologia mais ou


menos acertada. As diferentes classificações dizem apenas com perspectivas a
partir das quais a Constituição (para fins didáticos, entenda-se o termo aqui
em seu sentido jurídico) é visualizada.
Adotamos e adaptamos aqui a estrutura de apresentação proposta por
Lenza (2012).

3.1- Quanto à Origem

Instituídas unilateralmente pelo agente ou classe


política dirigente num movimento de auto
Outorgadas contenção/restrição. Não obtiveram legitimidade por
parte do povo.
Ex.: No Brasil, as de 1824, 1937 e 1967.

Instituídas pela via democrática, resultantes de uma


Assembleia Nacional Constituinte eleita e, portanto,
Promulgadas legitimada por parte do povo.
Ex.: No Brasil, as de 1891, 1934, 1946 e 1988.

Semelhantes às outorgadas. No entanto,


Cesaristas referendadas (ação a posteriori) pelo povo. Pouco
cobradas em provas.

3.2- Quanto à Forma

Materializadas num documento escrito e único.


Escritas
Ex.: No Brasil, a de 1988.

Materializadas em textos legais diversos e


esparsos, além de se fazerem presentes por meio
Não escritas das convenções sociais, costumes,
(costumeiras) jurisprudência etc.
Ex.: A Constituição da Inglaterra.

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3.3- Quanto à Extensão

Consubstanciam princípios fundamentais e


Sintéticas estruturais do Estado, pouco ou nada versando
(concisas, sumárias, sobre pormenores. Tendem a ser mais duradouras e
sucintas) estáveis. Ex.: A Constituição norte-america e a brasileira
de 1981.

Analíticas Consubstanciam, além de elementos estruturantes,


diversas minúcias de índole não essencial ao
(amplas, extensas, funcionamento e à organização do Estado. Ex.: No
volumosas) Brasil, a de 1988 (vide art. 242, §2º).

3.4- Quanto ao Conteúdo

Textos legais que contém as normas essenciais ao


funcionamento e à organização do Estado. O elemento
Materialmente
distintivo é o conteúdo normativo e não necessariamente a
constitucionais
existência de uma Constituição escrita ou outros fatores de
natureza formal. Ex.: No Brasil, a de 1824.

Elemento distintivo é o processo de formação da norma


Formalmente e sua inserção no mundo jurídico por um órgão
constitucionais constituinte (originário ou derivado), independentemente
de seu teor. Ex.: No Brasil, a de 1988.

3.5- Quanto ao Modo de Elaboração

Constituições escritas que são elaboradas racional e


sistematicamente por um órgão constituinte, a partir de
Dogmáticas
ideologias e dogmas previamente concebidos. Ex.: No
Brasil, a de 1988.

Constituições (escritas ou não) elaboradas gradativamente


como reflexo imediato das características peculiares do
Históricas
povo do Estado e sua dinâmica ao longo do tempo. Ex.: A
Constituição da Inglaterra

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3.6- Quanto à Alterabilidade

Imutáveis Pretensamente eternas. Desconsideram a evolução da


(permanentes) sociedade a qual pretendem normatizar.

Parcialmente imodificáveis pelo poder constituinte derivado.


O que as caracteriza é a existência de um núcleo de
Super rígidas matérias impossível de ser modificado (suprimido).
Ex.: Para alguns autores, no Brasil, a de 1988 (vide cláusulas
pétreas).

Processo de modificação requer um rito legislativo


Rígidas mais solene e moroso. Ex.: No Brasil, a de 1988 (vide
processo legislativo – art. 60 – de emenda à Carta Magna).

Processo de modificação se assemelha àquele das leis


Flexíveis
infraconstitucionais (notadamente, medidas provisórias,
(plásticas)
leis ordinárias, leis complementares e leis delegadas).

3.7- Quanto à Dogmática

Constituições formadas por basicamente uma única corrente


Ortodoxas
ideológica. Ex.: A Constituição soviética de 1977

Constituições formadas por diversas correntes ideológicas.


Ecléticas
Ex.: A brasileira de 1988.

3.8- Quanto à Correspondência com a Realidade (ontologia)

Constituições que, de fato, disciplinam o agir do Estado e


estabelecem em seu sistema estrutural elevada
Normativas correspondência com a realidade social e política. Ex.: A
brasileira de 1988 é (ou para alguns autores, ‘pretende ser’)
normativa.

Constituições que tentam estabelecer critérios limitadores


ao poder político, porém não logram êxito. Estabelecem
Nominalistas
em seu sistema estrutural média correspondência com a
realidade social e política.

Constituições que apenas visam a legitimar as ações dos


agentes ou classes políticas dominantes. Estabelecem
Semânticas
em seu sistema estrutural baixa correspondência com a
realidade social e política.

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3.9- Quanto ao Sistema

Constituições em que predominam princípios. Ex.:


Principiológicas
A brasileira de 1988.

Preceituais Constituições em que predominam regras.

3.10- Quanto à Origem de sua decretação

Constituições decretadas por outro Estado ou


Heterônomas organismo internacional. Ex.: A Constituição
japonesa de 1946.

Constituições decretadas pelo próprio Estado que


Autônomas por ela será regido. Ex.: Todas as Constituições
brasileiras.

3.11- Quanto à Finalidade

Constituições que visam a garantir a proteção dos


Garantia direitos civis e políticos dos cidadãos em face à
(liberais ou potencial arbitrariedade do Estado, numa típica
negativas) atuação negativa deste. Marcam a passagem de um
Estado autoritário para um Estado de Direito.

Constituições que consubstanciam princípios socialistas.


Balanço Marcam a passagem de um Estado de Direito para um
Estado Democrático de Direito.

Dirigentes
Constituições que estabelecem uma diretiva ou projeto
(sociais ou de Estado, numa típica atuação positiva deste.
positivas)

3.12- Resumo da ópera: Constituição Federal de 1988

TIPOLOGIA CF/88
Origem Promulgada
Forma Escrita
Extensão Analítica
Conteúdo Formalmente
Constitucional
Modo de elaboração Dogmática

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Alterabilidade Super rígida / Rígida
Dogmática Eclética
Correspondência com a Pretende ser normativa
realidade (ontologia)
Sistema Principiológica
Origem de sua decretação Autônoma
Finalidade Dirigente

MNEMÔNICO (PRAFED - principais características)


P = Promulgada R = [super]Rígida A = Analítica
F = Formal E = Escrita D = Dogmática

(ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil /


Área de Auditoria / 2003 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir.
Da Constituição em vigor pode ser dito que corresponde ao modelo de
Constituição escrita, dogmática, promulgada e rígida.
Resolução: Correta. Nosso mnemônico acima quebra um galho, concordam?
rs

(ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil /


Área Tributária e Aduaneira / 2005 / Adaptada) Sobre conceito de
Constituição e suas classificações e sobre a aplicabilidade e interpretação de
normas constitucionais, julgue a assertiva abaixo.
Uma constituição não-escrita é aquela cujas normas decorrem de costumes e
convenções, não havendo documentos escritos aos quais seja reconhecida a
condição de textos constitucionais.
Resolução: Errada. Diz-se não-escrita a Constituição cujo conteúdo não se
encontra formal e solenemente reunido em documentos escritos. Contudo,
nada impede que existam conteúdos textuais considerados constitucionais.

(ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil /


2009 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir.
A constituição escrita, também denominada de constituição instrumental,
aponta efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de
calculabilidade e publicidade.
Resolução: Correta. A constituição escrita trata-se de um instrumento que
visa a garantir maior solidez às normas constitucionais, em vez de deixá-las
“soltas” em costumes e textos esparsos.

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(CESPE / Juiz Federal TRF da 1ª Região / 2009)


Assinale a opção correta acerca do conceito, da classificação e dos elementos
da constituição.
a) Segundo a doutrina, os elementos orgânicos da constituição são aqueles
que limitam a ação dos poderes estatais, estabelecem as balizas do estado de
direito e consubstanciam o rol dos direitos fundamentais.
b) No sentido sociológico, a constituição seria distinta da lei constitucional,
pois refletiria a decisão política fundamental do titular do poder constituinte,
quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, aos direitos individuais e à atuação
democrática, enquanto leis constitucionais seriam todos os demais preceitos
inseridos no documento, destituídos de decisão política fundamental.
c) Na acepção formal, terá natureza constitucional a norma que tenha sido
introduzida na lei maior por meio de procedimento mais dificultoso do que o
estabelecido para as normas infraconstitucionais, desde que seu conteúdo se
refira a regras estruturais do Estado e seus fundamentos.
d) Considerando o conteúdo ideológico das constituições, a vigente
Constituição brasileira é classificada como liberal ou negativa.
e) Quanto à correspondência com a realidade, ou critério ontológico, o
processo de poder, nas constituições normativas, encontra-se de tal modo
disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder se subordinam às
determinações de seu conteúdo e do seu controle procedimental.
Resolução: Alternativa E. Questão interessante por revisar diversos pontos
trabalhados até aqui.
O erro do item “A” é que tais elementos são limitativos e não orgânicos,
conforme sintetiza a lição de José Afonso da Silva. Já o item “B”, descreve o
que seria o conceito político de Constituição (vide Carl Schmitt) e não o
sociológico (vide Ferdinand Lassale).
O item “C” inicia acertadamente, porém erra ao condicionar à acepção
formal ao conteúdo das normas. Nessa tipologia (formal), não interessa o
elemento material do texto normativo.
Por fim, a atual CF/88 é tida como dirigente (sinônimos: social ou
positiva), uma vez que exprime uma atuação de cunho intervencionista do
Estado nas relações sociais, de modo a assegurar a premência dos direitos e
garantias individuais e coletivos, sociais etc.

(FCC / Especialista em Políticas Públicas – SP / 2009)


No tocante à caracterização das normas constitucionais sob o ângulo formal e
material, é correto afirmar, em face da Constituição brasileira de 1988, que:
a) todas as normas nela contidas são formal e materialmente constitucionais.

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b) nela existem algumas normas que são apenas formalmente constitucionais.
c) não há normas materialmente constitucionais fora de seu corpo articulado.
d) são materialmente constitucionais apenas as suas normas referentes à
organização dos Poderes e aos direitos individuais.
e) são formalmente constitucionais todas as normas contidas em seu corpo
articulado, mesmo as destituídas de rigidez.
Resolução: Item B. Questão direta. Apenas algumas ressalvas.
Ao contrário do que afirma a letra “D”, outras normas, como as relativas
à forma de Estado, aos objetivos fundamentais, aos direitos coletivos etc. são
também materialmente constitucionais. ATENÇÃO: desconfie dos termos
condicionantes e articuladores na oração, em especial dos advérbios (apenas,
somente, sempre, nunca...).
O erro da letra “E” é invocar a existência de regras constitucionais
destituídas de rigidez. O entendimento doutrinário dominante é de que toda a
Constituição é dotada de rigidez e, algumas matérias, inclusive, são dotadas
de super rigidez.

4- Interpretação constitucional

Uma vez que a Constituição irradia o fundamento de validade do nosso


ordenamento jurídico, é de nuclear importância o trabalho de adequada
interpretação (hermenêutica) do seu texto.
Segundo a lição de Canotilho (1993), a hermenêutica constitucional
dispõe, para esse propósito, de um conjunto de métodos de interpretação
(não são necessariamente mutuamente excludentes), os quais expomos
sinteticamente a seguir, somando ainda o importante método da comparação
constitucional, não abordado diretamente pelo professor.

4.1- Métodos de interpretação constitucional

"Interpretar a Constituição é interpretar uma lei".


Para tanto, o sentido desta deve ser buscado a partir
dos elementos:
(i) gramatical/textual - análise literal;
JURÍDICO (ii) lógico - análise da harmonia lógica do sistema;
(HERMENÊUTICO
CLÁSSICO) (iii) histórico - análise da evolução das normas e do
contexto em que estão inseridas;
(iv) teleológico - análise da finalidade das normas;
(v) genético - análise da origem dos conceitos
normativos.

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Este método considera que a tarefa de interpretação


constitucional deve considerar:
CIENTÍFICO- (i) os sistemas de valores subjacentes ao texto
ESPIRITUAL constitucional;
(ii) o sentido social e a realidade evolutiva da Lei
Maior.

Método caracterizado pelo caráter prático da


interpretação.
TÓPICO- Sentido interpretativo:
PROBLEMÁTICO
CASO CONCRETO → NORMA
(mais específico para o mais geral)

Método caracterizado pelo grande peso das pré-


compreensões do intérprete e de sua mediação
entre a norma e o caso concreto.
HERMENÊUTICO-
CONCRETIZADOR Sentido interpretativo:
NORMA (pré-compreendida) → CASO CONCRETO
(mais geral para o mais específico)

Método caracterizado pela compreensão de que o


texo da norma positivada é apenas a ponta do
NORMATIVO- iceberg normativo. O interpréte (legislador,
ESTRUTURANTE administrador, julgador) deverá captar a realidade
social e concretizar uma aplicação prática das
normas.

Método caracterizado por se valer da confrontação


COMPARAÇÃO de diversas Constituições, seja no âmbito
CONSTITUCIONAL externo (Constituições de outros países), seja no
âmbito interno (histórico de Constituições do País).

(CESPE / Procurador da AGU / 2010) Quanto à


hermenêutica constitucional, julgue o item a seguir.
O método hermenêutico-concretizador caracteriza-se pela praticidade na
busca da solução dos problemas, já que parte de um problema concreto para
a norma.
Resolução: Errada.
Quando a temática “métodos de interpretação constitucional” incide em
provas, é comum o uso de pegadinhas invertendo os conceitos de método
“tópico-problemático” e “hermenêutico-concretizador”.

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(FCC / Auditor Fiscal Tributário Estadual – PB / 2006)


O método de interpretação das normas constitucionais segundo o qual se
procura identificar a finalidade da norma, levando-se em consideração o seu
fundamento racional, é o método:
a) literal.
b) gramatical.
c) histórico.
d) sistemático.
e) teleológico.
Resolução: Alternativa E.
A interpretação jurídico-constitucional incorpora, pois, uma série de
critérios que se pretendem justos, transparentes, objetivos, razoáveis,
estruturantes e harmonizadores.
OBSERVAÇÃO: destacamos que a quase totalidade das principais bancas
costuma explorar este tópico somente em certames da área jurídica. A
exceção parcial é a ESAF que, com alguma recorrência, o aborda em provas
da área fiscal.
Paralelamente aos métodos de interpretação constitucional temos –
partindo de uma postura hermenêutico-concretizadora – um rol de princípios
de interpretação, os quais, grosso modo, facilitam a “operacionalização” do
trabalho do exegeta (aquele encarregado da extração e contextualização do
sentido mais real e “puro” pretendido pela norma).
É por meio de tais princípios que a praxis (prática) jurídica articula a
aplicação do Direito Constitucional no mundo real.
Canotilho os estrutura como será descrito a seguir. Somamos, ainda, os
cada vez mais recorrentes no âmbito doutrinário, princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade (frequentemente tratados como
sinônimos).

4.2- Princípios de interpretação constitucional

Os princípios de interpretação são comandos gerais de otimização nesta


tarefa. Tais comandos tem como norte:

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A Constituição deve ser interpretada como um


todo harmônico. Os conflitos entre normas (vide
UNIDADE DA
choque de princípios e choque de regras) são
CONSTITUIÇÃO
apenas aparentes e devem ser sanados de modo a
evitar a existência persistente de contradições.

Princípio complementar ao supracitado. Implica em


EFEITO interpretar a Constituição adotando os critérios e
INTEGRADOR resoluções que contribuam para maior
integração e coesão política e social.

É um princípio que visa a atribuir às normas


constitucionais a maior eficácia possível,
MÁXIMA
extraindo o máximo de seus efeitos potenciais.
EFETIVIDADE
Especialmente aplicável quando da interpretação dos
direitos e garantias fundamentais.

É um princípio que visa a evitar que o intérprete


constitucional fragilize e subverta a estrutura
JUSTEZA/
organizativa estabelecida pelo poder
CONFORMIDADE
constituinte. Especialmente aplicável nos momentos
FUNCIONAL de crise institucional e conflito aparente de
competências.

Havendo conflito aparente de normas


(especialmente princípios), a solução deve ser
CONCORDÂNCIA buscada de modo a evitar o sacrifício total de um
PRÁTICA / deles. Especialmente aplicável em relação aos
HARMONIZAÇÃO direitos fundamentais, por exemplo, quando a
liberdade de ação/expressão de um indivíduo entra
em choque com a de outro ou da coletividade.

Princípio idealizado por Konrad Hesse, estatui que o


ânimo da Constituição deve ser o de materializar e
cristalizar no mundo real a razão normativa que
FORÇA
lhe é própria, de tal modo que a consciência sócio-
NORMATIVA
política e jurídica da sociedade seja moldada (e,
reciprocamente, molde) a Constituição enquanto
sistema de referência.

Princípio que condiciona o plano jurídico-


positivo, conduzindo ideais como equidade,
ponderação, justiça, moderação. Pode ser
destrinchado em três elementos:
PROPORCIONALIDADE
/ RAZOABILIDADE Adequação (eficácia do meio)
Necessidade (escolha do melhor meio)
Proporcionalidade estrita (equilíbrio entre
meios e fins)

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(ESAF / Auditor Fiscal do Trabalho / 2010) Praticamente


toda a doutrina constitucionalista cita os princípios e regras de interpretações
enumeradas por Canotilho. Entre os princípios e as regras de interpretação
abaixo, assinale aquele(a) que não foi elencado por Canotilho.
a) Unidade da constituição.
b) Da máxima efetividade ou da eficiência.
c) Da supremacia eficaz.
d) Do efeito integrador.
e) Da concordância prática ou da harmonização.
Resolução: Alternativa C. Simples memorização da classificação doutrinária
mais adotada.

4.3- Princípio da interpretação das leis em conformidade com a


Constituição

Aplicado nos casos em que a interpretação de uma mesma norma


pode produzir significados diversos (normas polissêmicas). O intuito é
conduzir a interpretação desta ao sentido mais compatível com o texto
constitucional, afastando-a dos vieses inconstitucionais e conservando-a
no sistema normativo.
Pode ser com redução de texto ou sem redução de texto.
Atente-se para o fato de que tal princípio apresenta alguns limites:
(i) o intérprete não pode ignorar ou corromper o texto literal e o
significado mais plausível da norma;
(ii) o intérprete não pode estender a interpretação para além dos
limites do conteúdo legal, atuando como legislador.

(ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil /


2009 / Adaptada) Julgue a assertiva a seguir.
A técnica denominada interpretação conforme não é utilizável quando a norma
impugnada admite sentido unívoco.
Resolução: Correta. Tal técnica é utilizável no trato das normas que admitem
mais de um sentido (polissêmicas).

(FCC / Analista de Controle do TCE - PR / Área Jurídica


/ 2011) Em matéria de colisão de direitos fundamentais, a aplicação do
princípio da proporcionalidade pressupõe, entre outros elementos, que a
restrição ao exercício de um direito fundamental somente ocorra se não

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houver outro meio menos gravoso e igualmente eficiente para a solução da
colisão. O elemento do princípio da proporcionalidade ao qual o texto se refere
é o da:
a) necessidade.
b) adequação.
c) eficácia.
d) proporcionalidade em sentido estrito.
e) vedação do retrocesso.
Resolução: Item A. É sempre um pouco irritante (e desgastante) quando a
banca saca questões muito pormenorizadas ou com conceitos fáceis de serem
confundidos.
A dúvida maior seria entre as alternativas “A” e “B”, uma vez que a
proporcionalidade estrita é auto explicativa. Podemos pensar da seguinte
maneira (e isso vale para tópicos afins): vamos somente gravar que
necessidade tem a ver com a seleção do melhor meio. O resto resolvemos por
exclusão.

(FCC / Auditor do TCE – SP / 2008) Por força da Emenda


Constitucional n 52, de 8 de março de 2006, foi dada nova redação ao § 1o do
o

artigo 17 da Constituição da República, estabelecendo-se inexistir


obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas dos partidos políticos em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Referido dispositivo foi objeto
de impugnação por meio de ação direta de inconstitucionalidade, ao final
julgada procedente, pelo Supremo Tribunal Federal, para o fim de declarar que
a alteração promovida pela referida emenda constitucional somente fosse
aplicada após decorrido um ano da data de sua vigência (ADI 3685-DF, Rel.
Min. Ellen Gracie, publ. DJU de 10 ago. 2006).
Na hipótese relatada, o Supremo Tribunal Federal procedeu à:
a) interpretação, conforme a Constituição, sem redução de texto normativo.
b) declaração parcial de inconstitucionalidade, com redução de texto
normativo.
c) declaração total de inconstitucionalidade, com redução de texto normativo.
d) interpretação, conforme a Constituição, com redução de texto normativo.
e) declaração de situação de norma ainda constitucional.
Resolução: Alternativa A.
Mesmo que o candidato desconhecesse a ADI, com os dados do
enunciado é possível observar que a decisão do STF se limitou a apontar a
qualidade temporal da produção de efeitos da norma: ela seria aplicável ou

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não às eleições em curso naquele ano? Descartamos assim as alternativas “B”,
“C” e “D”.
As ações da Suprema Corte se deram basicamente no sentido de afastar
um dos possíveis sentidos da EC 52/2006. Note-se que a interpretação
conforme é princípio aplicável às denominadas normas polissêmicas (que
admitem diversos sentidos interpretativos).
Fixem: normas polissêmicas  interpretação conforme.

(FGV / Juiz Estadual – AM / 2013) A respeito


dos métodos de aplicação e interpretação da Constituição, assinale a
afirmativa incorreta.
a) A ponderação consiste na técnica jurídica de solução de conflitos
normativos que envolvem valores ou opções políticas em tensão, insuperáveis
pelas formas hermenêuticas tradicionais.
b) A interpretação conforme a Constituição é uma técnica aplicável quando,
entre interpretações plausíveis e alternativas de certo enunciado normativo,
exista alguma que permita compatibilizá‐la com a Constituição.
c) O princípio da concordância prática consiste numa recomendação para que
o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de
concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que
otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a
negação de nenhum.
d) A aplicação do princípio da proporcionalidade esgota‐se em duas etapas: a
primeira, denominada “necessidade ou exigibilidade”, que impõe a verificação
da inexistência do meio menos gravoso para o atingimento dos fins visados
pela norma jurídica, e a segunda, chamada “proporcionalidade em sentido
estrito”, que é a ponderação entre o ônus imposto e o benefício trazido, para
constatar se é justificável a interferência na esfera dos direitos dos cidadãos.
e) O princípio da eficácia integradora orienta o intérprete a dar preferência
aos critérios e pontos de vista que favoreçam a integração social e a unidade
política, ao fundamento de que toda Constituição necessita produzir e manter
a coesão sociopolítico, pré‐requisito de viabilidade de qualquer sistema
jurídico.
Resolução: Alternativa D. O correto seria “que impõe a verificação da
Existência do meio menos gravoso” e não “que impõe a verificação da
INExistência do meio menos gravoso”. Chamamos a atenção para o fato de
que questões mais extensas costumeiramente se valem desse tipo de artifício
para ludibriar o candidato.
No mais, a questão ignora a adequação (eficácia do meio) como etapa.

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5- Poder constituinte: emenda, reforma e revisão constitucional

O poder constituinte originário é uma força pré-jurídica, social e


política, um poder de fato, de 1º grau, que, conforme expõem Mendes e
Branco (2010), é consciente de si e disciplina as bases da convivência na
comunidade política.
Dele deriva o poder constituinte derivado (revisor, decorrente ou
reformador), verdadeira força pós-jurídica (uma vez que nasce do Direito já
estruturalmente constituído, e não antes dele), de 2º grau.
Ao lado desses dois poderes, traremos à análise mais um “poder”, qual
seja, o poder constituinte difuso. Por razões didáticas, assumiremos tal
nomenclatura. Contudo, ressaltem-se plenamente corretas as assertivas que o
classificam primariamente como fenômeno interpretativo.

Poder Constituinte

Originário Derivado Difuso (mutação)

Revisor (esgotado)

Decorrente (CE dos Estados e LO do DF)

Reformador (Emendas à Constituição)

5.1- Poder constituinte ORIGINÁRIO

Inicial  precede a ordem jurídica. O Direito do Estado


começa a partir dele e não antes.

Ilimitado  O Direito porventura anterior (conjunto


normativo do Estado anterior) não lhe serve de molde.
É livre para criar e inovar o ordenamento.
O poder OBS.: por outro lado, valores suprapositivos (religiosos
constituinte e éticos, por exemplo) que inspiram a nação,
originário certamente lhe servem como parâmetro1.
(de 1º grau) é:
Incondicionado  é um poder político, uma força
social pré-jurídica.

Permanente  não se esgota após editada e outorgada


ou promulgada a Constituição. Pelo contrário, é latente
ao longo da existência do Estado.

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(FCC / Especialista em Políticas Públicas – SP / 2009)


O Poder Constituinte denominado originário:
a) consubstancia manifestação do poder soberano do Estado, não sofrendo
limitações de natureza jurídica no plano interno.
b) tem como características a precariedade e a informalidade, servindo
apenas para a estruturação do Poder Constituinte derivado.
c) não existe em Estados federativos, porquanto as Constituições dos Estados-
membros estão adstritas às limitações estabelecidas na Constituição federal.
d) somente se manifesta por meio de Assembleia Constituinte, eleita de
acordo com os princípios democráticos.
e) pode se manifestar por meio de emendas pontuais ou mediante ampla
revisão da Constituição preexistente.
Resolução: Item A.
Os itens “B” e “E” são do tipo “totalmente errados”. O primeiro descreve
o oposto do que é o poder originário. O segundo descreve o poder derivado. O
item “C” peca ao delimitar a existência do poder originário à forma de Estado.
Na verdade, o poder de 1º grau será a base do Estado, regulando sua forma,
a forma e o regime de governo e outros aspectos orgânicos.
Já o “D” erra já que o poder originário também pode se manifestar em
situações não tão democráticas, sem promulgação de Constituição mas, por
exemplo, com outorga.

ATENÇÃO: Algumas bancas, como a ESAF, às vezes adotam o entendimento


que a característica de ilimitado do poder originário deve ser vista de forma
relativizada. Ou seja, que este poder seria, em último caso, contido por
restrições de ordem social (como, por exemplo, a cultura e a religião).

(ESAF / Procurador do DF / 2007) Acerca do poder


constituinte, da reforma da constituição, das cláusulas pétreas, do ato jurídico
perfeito e do direito adquirido, julgue a assertiva a seguir.
Não há limites para a ação do poder constituinte originário.
Resolução: Errada.
Portanto, considerem sempre o contexto em que as questões da banca
estão inseridas!

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Questões de ordem prática
ATENÇÃO: abrimos um breve parênteses para expor rapidamente os dois
tópicos a seguir, correlatos ao nosso tema central. Destacamos, no entanto,
que para as provas da FCC (banca que mais nos interessa) na área fiscal, a
possibilidade de incidência é bastante reduzida.

a) Recepção
A pergunta inevitável é: o advento de uma Constituição implica na
nulidade de todas as normas infraconstitucionais (hierarquicamente, abaixo da
Constituição, como as leis ordinárias e complementares, decretos e leis
delegadas) da ordem anterior?
Não necessariamente.
Nessa situação, podemos ter dois casos:

Norma infraconstitucional

Compatível com a Incompatível com a


nova Constituição? nova Constituição?

Será recepcionada (explícita ou Será revogada por ausência


tacitamente, total ou de recepção
parcialmente)

A norma recepcionada pode, inclusive, adquirir novo status. Exemplo


clássico é o CTN (Lei nº 5.172/1966). Editado com quórum de lei ordinária, o
Código foi recepcionado pela ordem inaugurada com a CF/88 com status de lei
complementar, versando sobre tema que a Constituição atual reserva a esta
espécie legal.
“Art. 146. Cabe à lei complementar: [...]
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
[...]”

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Ou seja, o Código apresenta compatibilidade material (de conteúdo),
porém não formal (de observância estrita ao processo legislativo).
O CTN é elucidativo por dois aspectos.
 Primeiro, nem todos os seus artigos foram recepcionados, o que reitera
que a recepção pode ser parcial. Exemplo é seu art. 15, III:
(CTN) “Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais,
pode instituir empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender
com os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.”
Ora, o Sistema Tributário Nacional expresso na CF/88 não admite mais
tal situação como ensejadora de instituição de empréstimos compulsórios!
 Em segundo lugar, vale fazer uma importante distinção:
RECEPÇÃO DE NORMA COM STATUS INFRACONSTITUCIONAL  Pode
ser tácita
RECEPÇÃO DE NORMA COM STATUS CONSTITUCIONAL  Deve ser
expressa
No que concerne ao CTN, é o que dispõe o ADCT:
“Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do
primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição,
mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada
pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores. [...]
§ 5º - Vigente o novo sistema tributário nacional, fica assegurada a
aplicação da legislação anterior, no que não seja incompatível com ele
[...].”

necessidade de que ela seja constitucional no


ordenamento anterior

apresentar compatibilidade formal e material


com a Constituição em que fora editada
Requisitos para
recepção da norma:
necessidade de que ela esteja em vigor quando da
superveniência da nova Constituição

apresentar compatibilidade material com a


Constituição em que é recepcionada

OBSERVAÇÃO 1: a posição esposada pelo STF é que, não havendo


compatibilidade material da norma anterior com a nova Constituição, teremos

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um caso de revogação e não de inconstitucionalidade superveniente
(ADI 02/DF).
OBSERVAÇÃO 2: espécie normativa “extinta” pode ser recepcionada pela
nova Carta Magna. Exemplo clássico são os “decretos-lei”. Não é mais possível
a criação de tais decretos. No entanto, vários continuam em plena vigência.

(ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil /


Área de Auditoria / 2000) Sabe-se que a Constituição em vigor não prevê a
figura do Decreto-Lei. Sobre um Decreto-Lei, editado antes da Constituição em
vigor, cujo conteúdo é compatível com esta, é possível afirmar:
a) Continua a produzir efeitos na vigência da nova Carta, por força do
mecanismo da recepção.
b) Deve ser considerado formalmente inconstitucional e, por isso, insuscetível
de produzir efeitos, pelo menos a partir da Constituição de 1988.
c) Deve ser considerado revogado com o advento da nova Constituição.
d) Deve ser considerado repristinado, podendo produzir efeitos parciais.
e) Passa a valer como decreto autônomo, perdendo a sua eficácia com relação
às matérias submetidas ao princípio da legalidade.
Resolução: Alternativa A. Simples, não?

b) Repristinação (e efeito repristinatório)


Imagine-se o seguinte esquema:

Constituição C
Constituição B
Constituição A (Norma X é
(revoga efetivamente
Norma X compatível e poderia
toda a Constituição A)
ser recepcionada)

Pois bem. O Brasil adotou como regra a impossibilidade da


repristinação, que seria a restauração de norma revogada pelo fato da
norma revogadora ter perdido a vigência, exceto se a nova Carta assim
dispuser (o poder constituinte originário é ilimitado, estabelece o que quiser).
Assim dispõe a Lei de Introdução ao Código Civil:
“Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue. [...]
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura
por ter a lei revogadora perdido a vigência.”

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Por outro lado, o efeito repristinatório é um fenômeno observado no


controle de constitucionalidade (temática a ser estudada na próxima aula).
Ilustremos:

Norma B Norma B é declarada


inconstitucional e a
Norma A (revoga aparentemente Norma A "recupera"
a Norma A) sua vigência

Observe-se que a revogação é somente aparente. A norma B sendo


declarada inconstitucional será considerada nula desde a origem (salvo
modulação dos efeitos da decisão) e seus efeitos, inexistentes.

5.2- Poder constituinte DERIVADO

Constituído  criado pelo poder constituinte


originário.
O poder
constituinte Limitado  deve observância aos critérios materiais,
derivado formais, temporais elencados pelo poder de 1º grau.
(de 2º grau) é:

Condicionado  sua manifestação é limitada aos ritos


processuais delineados pelo poder originário.

5.2.1 - Poder constituinte derivado revisor


Quando da promulgação da Carta de 1988, assim dispôs o ADCT:
“Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos,
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral”.
Observe-se que a revisão constitucional fora bem mais flexível que o
rito para aprovação de emendas constitucionais (discussão e aprovação em
ambas Casas do Congresso Nacional, com quórum de três quintos dos votos
dos parlamentares).
De todo modo, como resultado, tivemos a aprovação de 6 emendas de
revisão. A eficácia de tal poder encontra-se exaurida.

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5.2.2 - Poder constituinte derivado reformador
É o poder que se manifesta por meio das emendas à Constituição.
O rito processual encontra-se disposto no art. 60 da CF/88. Adiantamos
que os elementos serão devidamente trabalhados mais adiante no momento
oportuno:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados
OU do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa
[simples] de seus membros.
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio
[LIMITAÇÃO CIRCUNSTANCIAL].
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número
de ordem.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
ABOLIR [LIMITAÇÕES MATERIAIS]: CLÁUSULAS
PÉTREAS
I - a forma federativa de Estado;
(explícitas)
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
OBS.: Podem ser
III - a separação dos Poderes; modificadas em
sentido expansivo de
IV - os direitos e garantias individuais.
direitos e garantias.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
SESSÃO legislativa [PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE
ABSOLUTA].

5.2.3 - Poder constituinte derivado decorrente


É o poder que se manifesta na elaboração das Constituições
Estaduais e da Lei Orgânica do Distrito Federal.
ATENÇÃO: as Leis Orgânicas dos Municípios não são fruto do poder
constituinte derivado decorrente. Seu fundamento imediato de validade são as
Constituições Estaduais.

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(ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil /


2009 / Adaptada) Julgue a afirmativa a seguir.
O Poder Constituinte Derivado decorrente consiste na possibilidade de alterar-
se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista
na própria Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos
com caráter representativo.
Resolução: Errada. O poder constituinte derivado se traduz na possibilidade
de os Estados-membros se auto organizarem por meio da elaboração de suas
constituições estaduais.

5.3- Poder constituinte DIFUSO

É o poder que se manifesta no fenômeno das mutações constitucionais.


Diferentemente dos poderes revisor e reformador (mutação formal),
aqui observamos uma mutação informal. Não há mudança na literalidade do
texto, mas sim no seu sentido interpretativo.

(FCC / Analista de Controle do TCE – PR / Área Jurídica


/ 2011) Quando a interpretação de uma Constituição escrita se altera em
decorrência da mudança dos valores e do modo de compreensão de uma
sociedade, mesmo sem qualquer alteração formalmente realizada, no texto
constitucional, pelo Poder Constituinte Derivado Reformador, está-se diante de
uma
a) interpretação histórica.
b) integração normativa.
c) desconstitucionalização.
d) mutação constitucional.
e) hermenêutica geracional.
Resolução: Alternativa D. Questão simples apenas para fixar o conteúdo. O
fenômeno descrito no enunciado é de mudança informal de elementos
implícitos às normas constitucionais, sem que se aperceba transformação no
seu texto.

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6- Questões Comentadas

01. (ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil / Área de


Aduana / 2002 / Adaptada) Assinale a opção correta.
a) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo normas
programáticas.
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da Constituição
não pode ser considerada inconstitucional.
c) Uma norma constitucional programática, por representar um programa de
ação política, não possui eficácia jurídica.
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas em seu
texto.
e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria natureza,
será uma Constituição histórica.
Resolução: Alternativa A. A Constituição é justamente dita dirigente, pois
contêm normas veiculadoras de programas e diretrizes de atuação do Estado.
A eficácia, diga-se de passagem, opera tanto no plano jurídico quanto no
político (por exemplo, na condução das políticas públicas), o que torna errada
as alternativas “C” e “D”.
Embora ainda não tenhamos estudado o controle de constitucionalidade,
a alternativa “B” pode ser respondida intuitivamente, já que qualquer lei ou
ato normativo que afronte uma norma constitucional pode ser considerada
inconstitucional.
Por fim, a alternativa “E” erra uma vez que inexiste tal correlação
lógica. Historicamente temos casos de constituições escritas dotadas de
caráter semi rígido (por exemplo, a Constituição do Império do Brasil de
1824).

02. (FCC / Analista do MPU / Área Administrativa / 2007) Conforme a


doutrina dominante, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
é classificada como:
a) formal, escrita, outorgada e rígida.
b) formal, escrita, promulgada e rígida.
c) material, escrita, promulgada e imutável.
d) formal, escrita, promulgada e flexível.
e) material, escrita, outorgada e semi-rígida.
Resolução: Alternativa B. Vide o resumo da ópera na página 09.

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03. (ESAF / Analista de Comércio Exterior / Grupo 1 / 2012) Sabe-se
que a doutrina constitucionalista classifica as constituições. Quanto às
classificações existentes, é correto afirmar que:
I. quanto ao modo de elaboração, pode ser escrita e não escrita.
II. quanto à forma, pode ser dogmática e histórica.
III. quanto à origem, pode ser promulgada e outorgada.
IV. quanto ao conteúdo, pode ser analítica e sintética.
Assinale a opção verdadeira.
a) II, III e IV estão corretas.
b) I, II e IV estão incorretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) II e III estão incorretas.
Resolução: Alternativa B.
O item I se refere à tipologia quanto à forma e não quanto ao modo de
elaboração.
Já o item II se refere à tipologia quanto ao modo de elaboração e não
quanto à forma.
Por fim, o item IV erra, pois, os tipos apresentados se referem à
extensão e não ao conteúdo.

04. (ESAF / Auditor Federal de Controle Externo / 2006) Sobre poder


constituinte, interpretação constitucional e emendas constitucionais, assinale a
assertiva correta.
a) Para o positivismo jurídico, o poder constituinte originário tem natureza
jurídica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o gérmen da
ordem jurídica.
b) Segundo a doutrina majoritária, no caso brasileiro, não há vedação à
alteração do processo legislativo das emendas constitucionais, pelo poder
constituinte derivado, uma vez que a matéria não se enquadra entre as
hipóteses que constituem as cláusulas pétreas estabelecidas pelo constituinte
originário.
c) Na aplicação do princípio da interpretação das leis em conformidade com a
Constituição, o intérprete deve considerar, no ato de interpretação, o princípio
da prevalência da constituição e o princípio da conservação das normas.
d) Quando o intérprete, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais,
dá primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social e o

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reforço da unidade política, pode-se afirmar que, no trabalho hermenêutico,
ele fez uso do princípio da conformidade funcional.
e) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada só
poderá ser objeto de uma nova proposta, na mesma legislatura, se tiver o
apoiamento de três quintos dos membros de qualquer das Casas.
Resolução: Alternativa C.
Erro do item “A”: O poder constituinte originário é um poder de fato,
pré-jurídico.
A alternativa “B” erra ao desconsiderar que o poder constituinte
derivado é condicionado pelo originário. O processo legislativo das emendas
constitucionais é um limite formal imposto por este àquele.
Agora imagine-se a seguinte questão: é possível que uma emenda
constitucional afaste o limite de reforma sobre uma norma pétrea e,
posteriormente, outra emenda a desfigure ou mesmo a exclua do
ordenamento jurídico? A resposta é um sonoro não. É o que a doutrina chama
de teoria da dupla revisão. Tal “macete” é vedado, sendo considerado uma
limitação implícita posta pelo poder constituinte originário.
O item “D” descreve o princípio do efeito integrador e não o da
conformidade funcional.
Finalmente, o item “E” erra duplamente. Em primeiro lugar, o texto
constitucional fala em sessão legislativa (de 2 de fevereiro a 17 de julho e de
1º de agosto a 22 de dezembro) e não em legislatura (interstício de 4 anos).
Em segundo, para as emendas constitucionais rejeitadas, o princípio da
irrepetibilidade é absoluto para uma mesma sessão legislativa.

05. (FGV / Analista Judiciário do TRE – PA / Área Judiciária / 2011) As


constituições imutáveis são aquelas que não comportam modificação de
nenhuma espécie, enquanto as rígidas exigem um processo de alteração mais
rigoroso do que aquele previsto para a legislação infraconstitucional. A
Constituição de 1988 é considerada super-rígida, isto é, ela possui uma parte
imutável e uma parte rígida.
Para que se altere a CRFB de 1988 na sua parte rígida, é necessário que
a) haja proposta de emenda por, no mínimo, metade dos membros da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
b) a proposta de emenda seja discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos.
c) a proposta de emenda seja aprovada se obtiver, em pelo menos uma das
casas, três quintos dos votos.
d) a emenda seja promulgada pelo Senado Federal, que detém competência
privativa para tanto.

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e) a proposta de emenda tenha iniciativa do Presidente da República ou dos
Governadores dos Estados ou do Distrito Federal.
Resolução: Alternativa B.
Basta seguir a literalidade da CF/88, art. 60, §2º: “A proposta será
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros”.
Como reforçamos no início do curso, é de absoluta importância que o
candidato memorize a literalidade do texto constitucional, em particular, do
recorte que se inicia no preâmbulo e vai até o art. 192.

06. (ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil / 2012) O


Estudo da Teoria Geral da Constituição revela que a Constituição dos Estados
Unidos se ocupa da definição da estrutura do Estado, funcionamento e relação
entre os Poderes, entre outros dispositivos. Por sua vez, a Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 é detalhista e minuciosa. Ambas,
entretanto, se submetem a processo mais dificultoso de emenda
constitucional. Considerando a classificação das constituições e tomando-se
como verdadeiras essas observações, sobre uma e outra Constituição, é
possível afirmar que:
a) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, analítica
e rígida, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e negativa.
b) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é do tipo
histórica, rígida, outorgada e a dos Estados Unidos rígida, sintética.
c) a Constituição dos Estados Unidos é do tipo consuetudinária, flexível e a da
República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, rígida e detalhista.
d) a Constituição dos Estados Unidos é analítica, rígida e a da República
Federativa do Brasil de 1988 é histórica e consuetudinária.
e) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é democrática,
promulgada e flexível, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e democrática.
Resolução: Alternativa A. Questão boa para treinarmos os conceitos até aqui
aprendidos. Perceba-se que, as características da Constituição dos Estados
Unidos necessárias para respondermos à questão se encontram explícitas ou
implícitas no enunciado.
b) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é do tipo histórica
dogmática, rígida, outorgada promulgada e a dos Estados Unidos rígida,
sintética.
c) a Constituição dos Estados Unidos é do tipo consuetudinária escrita, flexível
rígida e a da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, rígida e
detalhista.

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d) a Constituição dos Estados Unidos é analítica sintética, rígida e a da
República Federativa do Brasil de 1988 é histórica dogmática e
consuetudinária escrita.
e) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é democrática,
promulgada e flexível rígida, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e
democrática.

07. (CESPE / Juiz Federal do TRF da 1ª Região / 2011) Acerca do poder


constituinte, da CF e do ADCT, assinale a opção correta.
a) As normas que versam sobre a intervenção federal nos estados e no DF,
bem como dos estados nos municípios, incluem-se entre os chamados
elementos de estabilização constitucional.
b) O poder constituinte originário dá início a nova ordem jurídica, e, nesse
sentido, todos os diplomas infraconstitucionais perdem vigor com o advento da
nova constituição.
c) Consideram-se elementos socioideológicos da CF as normas que disciplinam
a organização dos poderes da República e o sistema de governo.
d) O ADCT não tem natureza de norma constitucional, na medida em que
dispõe sobre situações excepcionais e temporárias.
e) Segundo disposição literal da CF, os estados e municípios dispõem do
chamado poder constituinte derivado decorrente, que deve ser exercido de
acordo com os princípios e regras dessa Carta.
Resolução: Alternativa A.
O item “B” desconsidera o fenômeno da recepção das normas
constitucionais e infraconstitucionais, caso apresentem compatibilidade
material com a nova Constituição.
Quanto ao item “C”, tais elementos são orgânicos e não
socioideológicos.
Em relação ao item “D”, muito embora os candidatos não costumem
gostar do estudo do ADCT, este tem sim natureza de norma constitucional,
dispondo sobre importantes aspectos à consolidação da ordem jurídica
inaugurada pela CF/88.
Por último, o poder constituinte derivado decorrente não alcança os
Municípios. Estes teriam um poder de 3º grau, uma vez que seu fundamento
de validade é a Constituição dos Estados e não a Carta Maior.

08. (CESPE / Analista do Executivo – ES / Área de Direito / 2013) No


que se refere ao conceito de Constituição e às normas constitucionais, assinale

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a opção correta. Nesse sentido, considere que a sigla CF, sempre que
empregada, refere-se a Constituição Federal de 1988.
a) Atualmente, a doutrina constitucional defende que as normas
constitucionais operam apenas na qualidade de regras jurídicas.
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), como o
preâmbulo da CF possui força jurídica, sua reprodução é obrigatória nas
constituições dos estados.
c) Os direitos fundamentais previstos no art. 5º da CF classificam-se como
normas materialmente constitucionais.
d) O caráter supralegal da CF relaciona-se à noção de constituição material.
e) Nas Constituições flexíveis, o procedimento de reforma do texto
constitucional é distinto do processo legislativo ordinário e, também, mais
difícil de ser realizado.
Resolução: Alternativa C.
Reiteradamente afirmamos que as normas são “gênero”, cujas
“espécies” são as regras e princípios (as principais diferenças entre ambas
foram descritas no capítulo 00). Errada, portanto, a alternativa “A”.
Em relação ao item “B”, destacamos ementa do acórdão proferido pelo
STF quando do julgamento da ADI 2.076/AC:
CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS.
Constituição do Acre.
I. - Normas centrais da Constituição Federal: essas normas são de
reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo
porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local.
Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404).
II. - Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central.
Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de
reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força
normativa.
III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

No item “D”, o caráter supralegal da CF relaciona-se à noção de


constituição formal. Lembrando que o Brasil adota o critério formal na
definição de o que é ou não constitucional.
Já a “E” é a famosa alternativa “dada para o candidato”. Podemos
reescrevê-la: nas Constituições flexíveis, o procedimento de reforma do texto
constitucional não é distinto do processo legislativo ordinário e, também, mais
difícil de ser realizado.

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09. (CESPE / Técnico do MPU / Área de Administração / 2013) No que
se refere à CF, julgue o item a seguir.
Todas as normas presentes na CF, independentemente de seu conteúdo,
possuem supremacia em relação à lei ordinária, por serem formalmente
constitucionais.
Resolução: Correta. Sejam elas fruto do poder constituinte originário ou
derivado, estando insertas no texto constitucional, serão dotadas de
supremacia perante todas as leis infraconstitucionais.

10. (CESPE / Juiz Federal do TRF da 1ª Região / 2009) Julgue os itens


subsequentes, relativos aos poderes constituintes originário e derivado.
I. O poder constituinte originário não se esgota quando se edita uma
constituição, razão pela qual é considerado um poder permanente.
II. Respeitados os princípios estruturantes, é possível a ocorrência de
mudanças na constituição, sem alteração em seu texto, pela atuação do
denominado poder constituinte difuso.
III. O STF admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente de ato
normativo editado antes da nova constituição e perante o novo paradigma
estabelecido.
IV. Pelo critério jurídico-formal, a manifestação do poder constituinte derivado
decorrente mantém-se adstrita à atuação dos estados-membros para a
elaboração de suas respectivas constituições, não se estendendo ao DF e aos
municípios, que se organizam mediante lei orgânica.
V. O poder constituinte originário pode autorizar a incidência do fenômeno da
desconstitucionalização, segundo o qual as normas da constituição anterior,
desde que compatíveis com a nova ordem constitucional, permanecem em
vigor com status de norma infraconstitucional.
Estão certos apenas os itens:
a) I e V.
b) II e III.
c) I, III e IV.
d) I, II, IV e V.
e) II, III, IV e V.

Resolução: Alternativa D.
Item “I”. Correto. O poder constituinte originário é permanente.
Item “II”. Correto. Trata-se da descrição do fenômeno das mutações
constitucionais.

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Item “III”. Errado. A posição majoritária na Corte Suprema é que ou se
fala em recepção da antiga norma ou em ausência de recepção, e ela será tida
como revogada.
Item “IV”. Correto. ATENÇÃO: embora raramente isso seja objeto de
controvérsia em concursos públicos, destacamos que a doutrina majoritária
entende que a Lei Orgânica do Distrito Federal (não é regido por Constituição
Estadual) é sim manifestação do poder constituinte derivado decorrente, uma
vez que extrai seu fundamento de validade diretamente da Constituição
Federal. A assertiva neste item se baseou em entendimento minoritário. Na
dúvida, o candidato poderia acertar a questão respondendo por exclusão.
Item “V”. Desconstitucionalização seria um fenômeno pelo qual as
normas da Constituição anterior, compatíveis materialmente com a nova
Carta, permaneceriam em vigor, porém com status de lei infraconstitucional.
Sendo ilimitado e incondicionado, o poder constituinte originário pode
perfeitamente assim requerer.

11. (CESPE / Analista do Executivo – ES / Área de Direito / 2013)


Acerca do poder constituinte, assinale a opção correta.
a) A lei orgânica municipal, por ser fruto do poder constituinte derivado
decorrente, pode ser parâmetro para o controle de constitucionalidade
municipal.
b) Um dos limites ao poder constituinte derivado reformador de revisão
previstos pela CF é o quórum qualificado de aprovação, de três quintos.
c) Para a maioria da doutrina constitucional, a CF foi produto do poder
constituinte originário, pois implicou a ruptura com o regime político anterior e
o estabelecimento de novos valores constitucionais.
d) A CF proibiu a elaboração de emendas constitucionais durante o período
eleitoral, sendo este um limite circunstancial ao poder constituinte derivado
reformador.
e) A proposta de emenda constitucional que pretenda abolir o direito à
educação não viola a CF, pois os direitos sociais não são limites materiais ao
poder constituinte derivado reformador.
Resolução: Alternativa C.
Lembrando: o poder constituinte derivado decorrente só se manifesta
no nível das Constituições Estaduais e Lei Orgânica do DF. Errada, pois, a letra
“A”.
Já o erro da letra “B” é abordar o poder de revisão (esgotado)
descrevendo uma limitação formal que na verdade se aplica ao poder de
reforma. Os limites ao poder de reforma se encontram no ADCT:

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Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos,
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral.
A alternativa “D” tenta confundir o candidato sugerindo uma limitação
circunstancial que inexiste no texto da Constituição. Por essas e outras a
importância de ler e revisar o texto literal da CF/88:
Art. 60. [...] § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência
de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. [...]

Por último, mas não menos importante, vamos revisar as cláusulas


pétreas expressas no parágrafo quarto:
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais. [...]
Fácil identificar o erro da alternativa “E”, não? A educação é um direito
social (art. 6º) e, portanto, direito fundamental. Ademais, reforçamos que o
rol expresso na CF não é exaustivo. Vejamos parte do ementário 1730-10
do STF:
"Tivemos, Senhor Presidente, o estabelecimento de direitos e garantias
de uma forma geral. Refiro-me àqueles previstos no rol, que não é
exaustivo, do art. 5º da Carta, os que estão contidos, sob a
nomenclatura direitos sociais", no art. 7º e, também, em outros
dispositivos da Lei Básica Federal, isto sem considerar a regra do §2º,
do art. 5º, segundo o qual "os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados...”

12. (FCC / Gestor Público – PI / 2013) Na interpretação da Constituição


Federal, prevalece:
a) a norma constitucional específica frente à norma constitucional geral,
ambas originárias, ainda que a primeira abra exceção à segunda.
b) a vontade do constituinte frente à literalidade da norma constitucional.
c) a vontade do magistrado frente à literalidade da norma constitucional.
d) o sentido da lei regulamentadora frente ao inequívoco sentido da norma
constitucional.

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e) a orientação normativa do Presidente da República frente à Súmula
Vinculante do Supremo Tribunal Federal.
Resolução: Alternativa A.
Neste ponto podemos relembrar a dinâmica da colisão entre normas:

HAVERÁ
CHOQUE DE
Ponderação de PREVALÊNCIA E
DOIS OU MAIS NÃO NEGAÇÃO
interesses
PRINCÍPIOS DE UM DOS
PRINCÍPIOS.

Situação especial: uma das regras


será derrotada
CHOQUE DE Situação mais comum: uma das
DUAS OU MAIS regras será afastada
REGRAS Critérios: Hierarquia  Especialidade
 Cronologia
Situação especial: uma das regras
será invalidada (total ou
parcialmente)

Já o item “B” esbarra numa armadilha. Se os parâmetros de


interpretação fossem fechados à vontade do legislador originário, não haveria
espaço para mutações constitucionais, por exemplo, ampliando direitos e
garantias fundamentais.
Já o item “C”, recai no sentido oposto. Muito embora o trabalho de
interpretação dos magistrados possibilite a ampliação do alcance da norma, há
um limite, de modo que aquele não pode atuar como legislador positivo.
No item “D” temos o seguinte panorama. A lei regulamentadora é, como
sugere seu nome, uma derivação de cunho prático-operacionalizador de uma
lei mais ampla e abstrata, não raro de normas gerais. Um dos atributos que
diferem o poder regulamentar do poder legal-normativo é o da novidade.
Assim, não pode lei regulamentar inovar em ponto já totalmente aclarado e
delimitado pela norma constitucional mais ampla.
Por fim (e, novamente, adiantando pontos que serão detalhados mais
adiante), a solução do item “E” se encontra na própria CF:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em

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relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

Apenas o Poder Legislativo não é vinculado por tais súmulas, como será
visto em tópico futuro.

13. (ESAF / Procurador da Fazenda Nacional / 2007) Levando-se em


conta temas relacionados a "Poder Constituinte", "Reforma Constitucional",
"Cláusulas Pétreas" e "Processo Legislativo" assinale a única das opções
abaixo que contém formulações, disposições, proposições ou afirmações
totalmente corretas.
a) (1) A emenda à Constituição, uma vez aprovada, é promulgada pela Mesa
do Congresso Nacional; (2) "poder constituinte derivado" não significa o
mesmo que "poder constituinte decorrente"; (3) o art. 60, §4º, da C. F. é o
dispositivo constitucional que contém a chamada "cláusula
pétrea"; (4) quando se trata do poder de reforma de qualquer texto
constitucional tem-se em consideração uma constituição rígida; (5) está-se
diante do poder constituinte originário quando as normas constitucionais que
este elabora e aprova não precisam retirar seu fundamento de validade de um
poder ou estatuto jurídico que lhe seja anterior e superior, como ocorre no
processo de produção e de aprovação de normas infraconstitucionais.
b) (1) As limitações materiais ao poder de reforma são aquelas que estão,
exclusiva e exaustivamente, elencadas no art. 60, §4º, da C. F., que é o
dispositivo que contém a "cláusula pétrea" ou de imutabilidade; (2) A
Constituição poderá ser emendada mediante proposta: de um terço, no
mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do
Presidente da República; e de mais da metade das Assembléias Legislativas
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros; (3) A Constituição de 1988 pode ser classificada
como, parcialmente, rígida e, parcialmente, flexível; (4) direitos previstos em
tratados internacionais, desde que aprovados em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos de votação, por três quintos dos votos dos
respectivos membros são equivalentes a emendas constitucionais; (5) o
direito adquirido é oponível à Constituição.
c) (1)"Poder constituinte derivado" não significa o mesmo que "poder
constituinte decorrente"; (2) "cláusula pétrea" significa um limite que a
Constituição estabelece ao poder constituinte de reforma; (3) uma proposta
de emenda à Constituição que objetive extinguir o direito de voto dos
analfabetos não será objeto de deliberação, porque tenderá a abolir a cláusula
pétrea que protege o direito ao voto direto, secreto, universal e
periódico; (4) a proposta (de emenda à Constituição) será discutida e votada
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se

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aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros; (5) não há direito adquirido contra a Constituição.
d) (1) Em princípio, o poder constituinte de reforma não pode criar "cláusulas
pétreas"; somente o poder constituinte originário pode fazê-lo; (2) é
inadmissível deliberação de proposta de emenda à Constituição tendente a
abolir a forma federativa do Estado brasileiro; (3) os direitos e garantias
individuais são imunes ao processo de mutabilidade constitucional; (4) é
admissível haver direito adquirido contra a Constituição; (5) a matéria
constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada ou havida por
prejudicada pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
e) (1) Chama-se "poder constituinte derivado" ou "poder constituinte
decorrente" a prerrogativa de membros do Congresso Nacional de alterar a
Constituição Federal, mediante a modalidade do processo legislativo brasileiro
denominada emenda à Constituição; (2) a Constituição Federal brasileira se
enquadra, totalmente, no tipo de classificação dito "constituição
rígida"; (3) os princípios que o constituinte originário denominou de
fundamentais, previstos no Título I da C. F., podem ser considerados
"cláusulas pétreas implícitas";(4) não há direito adquirido oponível à
Constituição; (5) além das emendas à Constituição, as leis complementares,
as leis ordinárias, as leis delegadas e as medidas provisórias são as
modalidades normativas que integram, exclusivamente, o elenco previsto no
processo legislativo brasileiro, conforme o disposto no art. 59 da C. F.
Resolução: Item C. Questão interessante na mesma medida que extensa.
Vamos analisar as alternativas erradas.
Letra “A”: (1) A emenda à Constituição, uma vez aprovada, é promulgada
pela Mesa do Congresso Nacional Mesa da Câmara dos Deputados e do
Senado; (2) "poder constituinte derivado" não significa o mesmo que "poder
constituinte decorrente"; (3) o art. 60, §4º, da C. F. é o dispositivo
constitucional que contém a chamada "cláusula pétrea"; (4) quando se trata
do poder de reforma de qualquer texto constitucional tem-se em consideração
uma constituição rígida quanto à estabilidade, as Constituições podem ser
classificadas em diversos tipos; (5) está-se diante do poder constituinte
originário quando as normas constitucionais que este elabora e aprova não
precisam retirar seu fundamento de validade de um poder ou estatuto jurídico
que lhe seja anterior e superior, como ocorre no processo de produção e de
aprovação de normas infraconstitucionais.
Letra “B”: (1) As limitações materiais ao poder de reforma são aquelas que
estão, exclusiva e exaustivamente, elencadas no art. 60, §4º, da C. F., que é
o dispositivo que contém a "cláusula pétrea" ou de imutabilidade existem
cláusulas pétreas implícitas no texto constitucional; (2) A Constituição poderá
ser emendada mediante proposta: de um terço, no mínimo, dos membros da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República; e
de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,

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manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros; (3) A Constituição de 1988 pode ser classificada como,
parcialmente, rígida e, parcialmente, flexível é rígida ou mesmo super
rígida; (4) direitos previstos em tratados internacionais humanos (tópico a ser
estudado), desde que aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos de votação, por três quintos dos votos dos respectivos membros
são equivalentes a emendas constitucionais; (5) o direito adquirido é não é
oponível à Constituição (o poder constituinte originário é ilimitado).
Letra “D”: (1) Em princípio, o poder constituinte de reforma não pode criar
"cláusulas pétreas"; somente o poder constituinte originário pode fazê-
lo; (2) é inadmissível deliberação de proposta de emenda à Constituição
tendente a abolir a forma federativa do Estado brasileiro; (3) os direitos e
garantias individuais são imunes não são imunes ao processo de mutabilidade
constitucional; (4) é não é admissível haver direito adquirido contra a
Constituição; (5) a matéria constante de proposta de emenda à Constituição
rejeitada ou havida por prejudicada pode não pode ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa.
Letra “E”: (1) Chama-se "poder constituinte derivado" ou "poder constituinte
decorrente" poder constituinte reformador a prerrogativa de membros do
Congresso Nacional de alterar a Constituição Federal, mediante a modalidade
do processo legislativo brasileiro denominada emenda à Constituição; (2) a
Constituição Federal brasileira se enquadra, totalmente, no tipo de
classificação dito "constituição rígida"; (3) os princípios que o constituinte
originário denominou de fundamentais, previstos no Título I da C. F., podem
ser considerados "cláusulas pétreas implícitas";(4) não há direito adquirido
oponível à Constituição; (5) além das emendas à Constituição, as leis
complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas e as medidas provisórias
são as modalidades normativas que integram, exclusivamente, o elenco
previsto no processo legislativo brasileiro, conforme o disposto no art. 59 da
C. F (constam ainda os decretos legislativos e resoluções – tópico a ser
estudado).

14. (ESAF / Analista de Comércio Exterior / 2012) O Poder Constituinte


é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e
juridicamente organizado. A respeito do Poder Constituinte, é correto afirmar
que:
a) no Poder Constituinte Derivado Reformador, não há observação a
regulamentações especiais estabelecidas na própria Constituição, vez que com
essas limitações não seria possível atingir o objetivo de reformar.
b) o Poder Constituinte Originário é condicionado à forma prefixada para
manifestar sua vontade, tendo que seguir procedimento determinado para
realizar sua constitucionalização.

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c) no Poder Constituinte Derivado Decorrente, há a possibilidade de alteração
do texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na
própria Constituição. No Brasil é exercitado pelo Congresso Nacional.
d) as formas básicas de expressão do Poder Constituinte são outorga e
convenção.
e) o Poder Constituinte Originário não é totalmente autônomo, tendo em vista
ser necessária a observância do procedimento imposto pelo ordenamento
então vigente para sua implantação.
Resolução: Alternativa D. Observe-se que convenção é sinônimo de
Assembleia (como uma Assembleia Constituinte).
Os erros das demais são bastante simples.
a) no Poder Constituinte Derivado Reformador, não há observação a
regulamentações especiais estabelecidas na própria Constituição, vez que com
essas limitações não seria ainda assim sendo possível atingir o objetivo de
reformar.
b) o Poder Constituinte Originário derivado é condicionado à forma prefixada
para manifestar sua vontade, tendo que seguir procedimento determinado
para realizar sua constitucionalização.
c) no Poder Constituinte Derivado Decorrente reformador, há a possibilidade
de alteração do texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial
prevista na própria Constituição. No Brasil é exercitado pelo Congresso
Nacional.
e) o Poder Constituinte Originário não é totalmente autônomo, tendo em vista
ser necessária desnecessária a observância do procedimento imposto pelo
ordenamento então vigente para sua implantação.

7- Lista de Exercícios

01. (ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil / Área de


Aduana / 2002 / Adaptada) Assinale a opção correta.
a) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo normas
programáticas.
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da Constituição
não pode ser considerada inconstitucional.
c) Uma norma constitucional programática, por representar um programa de
ação política, não possui eficácia jurídica.
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas em seu
texto.

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e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria natureza,
será uma Constituição histórica.

02. (FCC / Analista do MPU / Área Administrativa / 2007) Conforme a


doutrina dominante, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
é classificada como:
a) formal, escrita, outorgada e rígida.
b) formal, escrita, promulgada e rígida.
c) material, escrita, promulgada e imutável.
d) formal, escrita, promulgada e flexível.
e) material, escrita, outorgada e semi-rígida.

03. (ESAF / Analista de Comércio Exterior / Grupo 1 / 2012) Sabe-se


que a doutrina constitucionalista classifica as constituições. Quanto às
classificações existentes, é correto afirmar que:
I. quanto ao modo de elaboração, pode ser escrita e não escrita.
II. quanto à forma, pode ser dogmática e histórica.
III. quanto à origem, pode ser promulgada e outorgada.
IV. quanto ao conteúdo, pode ser analítica e sintética.
Assinale a opção verdadeira.
a) II, III e IV estão corretas.
b) I, II e IV estão incorretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) II e III estão incorretas.

04. (ESAF / Auditor Federal de Controle Externo / 2006) Sobre poder


constituinte, interpretação constitucional e emendas constitucionais, assinale a
assertiva correta.
a) Para o positivismo jurídico, o poder constituinte originário tem natureza
jurídica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o gérmen da
ordem jurídica.
b) Segundo a doutrina majoritária, no caso brasileiro, não há vedação à
alteração do processo legislativo das emendas constitucionais, pelo poder
constituinte derivado, uma vez que a matéria não se enquadra entre as

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hipóteses que constituem as cláusulas pétreas estabelecidas pelo constituinte
originário.
c) Na aplicação do princípio da interpretação das leis em conformidade com a
Constituição, o intérprete deve considerar, no ato de interpretação, o princípio
da prevalência da constituição e o princípio da conservação das normas.
d) Quando o intérprete, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais,
dá primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social e o
reforço da unidade política, pode-se afirmar que, no trabalho hermenêutico,
ele fez uso do princípio da conformidade funcional.
e) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada só
poderá ser objeto de uma nova proposta, na mesma legislatura, se tiver o
apoiamento de três quintos dos membros de qualquer das Casas.

05. (FGV / Analista Judiciário do TRE – PA / Área Judiciária / 2011) As


constituições imutáveis são aquelas que não comportam modificação de
nenhuma espécie, enquanto as rígidas exigem um processo de alteração mais
rigoroso do que aquele previsto para a legislação infraconstitucional. A
Constituição de 1988 é considerada super-rígida, isto é, ela possui uma parte
imutável e uma parte rígida.
Para que se altere a CRFB de 1988 na sua parte rígida, é necessário que
a) haja proposta de emenda por, no mínimo, metade dos membros da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
b) a proposta de emenda seja discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos.
c) a proposta de emenda seja aprovada se obtiver, em pelo menos uma das
casas, três quintos dos votos.
d) a emenda seja promulgada pelo Senado Federal, que detém competência
privativa para tanto.
e) a proposta de emenda tenha iniciativa do Presidente da República ou dos
Governadores dos Estados ou do Distrito Federal.

06. (ESAF / Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil / 2012) O


Estudo da Teoria Geral da Constituição revela que a Constituição dos Estados
Unidos se ocupa da definição da estrutura do Estado, funcionamento e relação
entre os Poderes, entre outros dispositivos. Por sua vez, a Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 é detalhista e minuciosa. Ambas,
entretanto, se submetem a processo mais dificultoso de emenda
constitucional. Considerando a classificação das constituições e tomando-se
como verdadeiras essas observações, sobre uma e outra Constituição, é
possível afirmar que:

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a) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, analítica
e rígida, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e negativa.
b) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é do tipo
histórica, rígida, outorgada e a dos Estados Unidos rígida, sintética.
c) a Constituição dos Estados Unidos é do tipo consuetudinária, flexível e a da
República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, rígida e detalhista.
d) a Constituição dos Estados Unidos é analítica, rígida e a da República
Federativa do Brasil de 1988 é histórica e consuetudinária.
e) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é democrática,
promulgada e flexível, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e democrática.

07. (CESPE / Juiz Federal do TRF da 1ª Região / 2011) Acerca do poder


constituinte, da CF e do ADCT, assinale a opção correta.
a) As normas que versam sobre a intervenção federal nos estados e no DF,
bem como dos estados nos municípios, incluem-se entre os chamados
elementos de estabilização constitucional.
b) O poder constituinte originário dá início a nova ordem jurídica, e, nesse
sentido, todos os diplomas infraconstitucionais perdem vigor com o advento da
nova constituição.
c) Consideram-se elementos socioideológicos da CF as normas que disciplinam
a organização dos poderes da República e o sistema de governo.
d) O ADCT não tem natureza de norma constitucional, na medida em que
dispõe sobre situações excepcionais e temporárias.
e) Segundo disposição literal da CF, os estados e municípios dispõem do
chamado poder constituinte derivado decorrente, que deve ser exercido de
acordo com os princípios e regras dessa Carta.

08. (CESPE / Analista do Executivo – ES / Área de Direito / 2013) No


que se refere ao conceito de Constituição e às normas constitucionais, assinale
a opção correta. Nesse sentido, considere que a sigla CF, sempre que
empregada, refere-se a Constituição Federal de 1988.
a) Atualmente, a doutrina constitucional defende que as normas
constitucionais operam apenas na qualidade de regras jurídicas.
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), como o
preâmbulo da CF possui força jurídica, sua reprodução é obrigatória nas
constituições dos estados.
c) Os direitos fundamentais previstos no art. 5º da CF classificam-se como
normas materialmente constitucionais.
d) O caráter supralegal da CF relaciona-se à noção de constituição material.

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e) Nas Constituições flexíveis, o procedimento de reforma do texto
constitucional é distinto do processo legislativo ordinário e, também, mais
difícil de ser realizado.

09. (CESPE / Técnico do MPU / Área de Administração / 2013) No que


se refere à CF, julgue o item a seguir.
Todas as normas presentes na CF, independentemente de seu conteúdo,
possuem supremacia em relação à lei ordinária, por serem formalmente
constitucionais.

10. (CESPE / Juiz Federal do TRF da 1ª Região / 2009) Julgue os itens


subsequentes, relativos aos poderes constituintes originário e derivado.
I. O poder constituinte originário não se esgota quando se edita uma
constituição, razão pela qual é considerado um poder permanente.
II. Respeitados os princípios estruturantes, é possível a ocorrência de
mudanças na constituição, sem alteração em seu texto, pela atuação do
denominado poder constituinte difuso.
III. O STF admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente de ato
normativo editado antes da nova constituição e perante o novo paradigma
estabelecido.
IV. Pelo critério jurídico-formal, a manifestação do poder constituinte derivado
decorrente mantém-se adstrita à atuação dos estados-membros para a
elaboração de suas respectivas constituições, não se estendendo ao DF e aos
municípios, que se organizam mediante lei orgânica.
V. O poder constituinte originário pode autorizar a incidência do fenômeno da
desconstitucionalização, segundo o qual as normas da constituição anterior,
desde que compatíveis com a nova ordem constitucional, permanecem em
vigor com status de norma infraconstitucional.
Estão certos apenas os itens:
a) I e V.
b) II e III.
c) I, III e IV.
d) I, II, IV e V.
e) II, III, IV e V.

11. (CESPE / Analista do Executivo – ES / Área de Direito / 2013)


Acerca do poder constituinte, assinale a opção correta.

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a) A lei orgânica municipal, por ser fruto do poder constituinte derivado
decorrente, pode ser parâmetro para o controle de constitucionalidade
municipal.
b) Um dos limites ao poder constituinte derivado reformador de revisão
previstos pela CF é o quórum qualificado de aprovação, de três quintos.
c) Para a maioria da doutrina constitucional, a CF foi produto do poder
constituinte originário, pois implicou a ruptura com o regime político anterior e
o estabelecimento de novos valores constitucionais.
d) A CF proibiu a elaboração de emendas constitucionais durante o período
eleitoral, sendo este um limite circunstancial ao poder constituinte derivado
reformador.
e) A proposta de emenda constitucional que pretenda abolir o direito à
educação não viola a CF, pois os direitos sociais não são limites materiais ao
poder constituinte derivado reformador.

12. (FCC / Gestor Público – PI / 2013) Na interpretação da Constituição


Federal, prevalece:
a) a norma constitucional específica frente à norma constitucional geral,
ambas originárias, ainda que a primeira abra exceção à segunda.
b) a vontade do constituinte frente à literalidade da norma constitucional.
c) a vontade do magistrado frente à literalidade da norma constitucional.
d) o sentido da lei regulamentadora frente ao inequívoco sentido da norma
constitucional.
e) a orientação normativa do Presidente da República frente à Súmula
Vinculante do Supremo Tribunal Federal.

13. (ESAF / Procurador da Fazenda Nacional / 2007) Levando-se em


conta temas relacionados a "Poder Constituinte", "Reforma Constitucional",
"Cláusulas Pétreas" e "Processo Legislativo" assinale a única das opções
abaixo que contém formulações, disposições, proposições ou afirmações
totalmente corretas.
a) (1) A emenda à Constituição, uma vez aprovada, é promulgada pela Mesa
do Congresso Nacional; (2) "poder constituinte derivado" não significa o
mesmo que "poder constituinte decorrente"; (3) o art. 60, §4º, da C. F. é o
dispositivo constitucional que contém a chamada "cláusula
pétrea"; (4) quando se trata do poder de reforma de qualquer texto
constitucional tem-se em consideração uma constituição rígida; (5) está-se
diante do poder constituinte originário quando as normas constitucionais que
este elabora e aprova não precisam retirar seu fundamento de validade de um

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poder ou estatuto jurídico que lhe seja anterior e superior, como ocorre no
processo de produção e de aprovação de normas infraconstitucionais.
b) (1) As limitações materiais ao poder de reforma são aquelas que estão,
exclusiva e exaustivamente, elencadas no art. 60, §4º, da C. F., que é o
dispositivo que contém a "cláusula pétrea" ou de imutabilidade; (2) A
Constituição poderá ser emendada mediante proposta: de um terço, no
mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do
Presidente da República; e de mais da metade das Assembléias Legislativas
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros; (3) A Constituição de 1988 pode ser classificada
como, parcialmente, rígida e, parcialmente, flexível; (4) direitos previstos em
tratados internacionais, desde que aprovados em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos de votação, por três quintos dos votos dos
respectivos membros são equivalentes a emendas constitucionais; (5) o
direito adquirido é oponível à Constituição.
c) (1)"Poder constituinte derivado" não significa o mesmo que "poder
constituinte decorrente"; (2) "cláusula pétrea" significa um limite que a
Constituição estabelece ao poder constituinte de reforma; (3) uma proposta
de emenda à Constituição que objetive extinguir o direito de voto dos
analfabetos não será objeto de deliberação, porque tenderá a abolir a cláusula
pétrea que protege o direito ao voto direto, secreto, universal e
periódico; (4) a proposta (de emenda à Constituição) será discutida e votada
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros; (5) não há direito adquirido contra a Constituição.
d) (1) Em princípio, o poder constituinte de reforma não pode criar "cláusulas
pétreas"; somente o poder constituinte originário pode fazê-lo; (2) é
inadmissível deliberação de proposta de emenda à Constituição tendente a
abolir a forma federativa do Estado brasileiro; (3) os direitos e garantias
individuais são imunes ao processo de mutabilidade constitucional; (4) é
admissível haver direito adquirido contra a Constituição; (5) a matéria
constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada ou havida por
prejudicada pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
e) (1) Chama-se "poder constituinte derivado" ou "poder constituinte
decorrente" a prerrogativa de membros do Congresso Nacional de alterar a
Constituição Federal, mediante a modalidade do processo legislativo brasileiro
denominada emenda à Constituição; (2) a Constituição Federal brasileira se
enquadra, totalmente, no tipo de classificação dito "constituição
rígida"; (3) os princípios que o constituinte originário denominou de
fundamentais, previstos no Título I da C. F., podem ser considerados
"cláusulas pétreas implícitas";(4) não há direito adquirido oponível à
Constituição; (5) além das emendas à Constituição, as leis complementares,
as leis ordinárias, as leis delegadas e as medidas provisórias são as

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modalidades normativas que integram, exclusivamente, o elenco previsto no
processo legislativo brasileiro, conforme o disposto no art. 59 da C. F.

14. (ESAF / Analista de Comércio Exterior / 2012) O Poder Constituinte


é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e
juridicamente organizado. A respeito do Poder Constituinte, é correto afirmar
que:
a) no Poder Constituinte Derivado Reformador, não há observação a
regulamentações especiais estabelecidas na própria Constituição, vez que com
essas limitações não seria possível atingir o objetivo de reformar.
b) o Poder Constituinte Originário é condicionado à forma prefixada para
manifestar sua vontade, tendo que seguir procedimento determinado para
realizar sua constitucionalização.
c) no Poder Constituinte Derivado Decorrente, há a possibilidade de alteração
do texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na
própria Constituição. No Brasil é exercitado pelo Congresso Nacional.
d) as formas básicas de expressão do Poder Constituinte são outorga e
convenção.
e) o Poder Constituinte Originário não é totalmente autônomo, tendo em vista
ser necessária a observância do procedimento imposto pelo ordenamento
então vigente para sua implantação.

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8- Gabarito

1 A
2 B
3 B
4 C
5 B
6 A
7 A
8 C
9 Correta
10 D
11 C
12 A
13 C
14 D

9- Referencial Bibliográfico

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da


Constituição. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
Constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

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