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Adriana de Oxalá - 1

A
Umbanda
no seu
dia-a-dia
2 - A Umbanda no seu dia-a-dia
Adriana de Oxalá - 3

A
Umbanda
no seu
dia-a-dia
Proteção para todos os momentos
4 - A Umbanda no seu dia-a-dia

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(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oxalá, Adriana
A Umbanda no seu dia-a-dia/Adriana de
Oxalá - Imbituba-SC

1. Orações . 2. Simpatias
I. Titulo

ISBN 978-85-61365-12-7

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Adriana de Oxalá - 5

A Umbanda é simples, sua prática é simples,


mas não basta deixar que os guias trabalhem. Antes
é preciso que os sacerdotes tenham, além de preparo
espiritual, um grande conhecimento que não deve
ser apenas místico, mas filosófico e esotérico. E neste
contexto o conhecimento astrológico é fundamental.
Enganam-se aqueles que tentam ignorar os
conhecimentos dos astros. Pois é inegável, a ligação
dos orixás com cada planeta e signo do Zodíaco.
Também se percebe que na ritualística, tanto esotérica,
quanto umbandista os princípios astrais estão contidos
profundamente em todas as praticas essências.
Apenas uma coisa é certa: “teoria sem obras é
estéril”. Portanto, estudem e não deixem de trabalhar;
estudem, mas não usem este estudo para complicar o
que já funciona de forma simples ou para questionar
quem não teve a mesma oportunidade de estudar,
mas tem a garra e a coragem para ajudar o próximo
por meio dos espíritos militantes na Umbanda

O Editor
6 - A Umbanda no seu dia-a-dia
Adriana de Oxalá - 7

Índice

Normas de Terreiros NA Umbanda.......................................09


Cumprimentos e PosturaS.........................................................17
AS FALANGES DE TRABALHO NA UMBANDA................................25
CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS de santo de cada ORIXÁ
.......................................................................................................................35
AS CORES E ELEMENTOS DE CADA ORIXÁ NA UMBANDA
.......................................................................................................................49
OS SACRAMENTOS DA UMBANDA...................................................54
OS ORIXÁS.................................................................................................56
Um pouco de História SOBRE ORIXÁS....................................59
Orixás - Elementos Primordiais E Suas
Ramificações.......................................................................................66
OS TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA UMBANDA......................69
O USO DAS VELAS...................................................................................70
DEFUMAÇÕES...........................................................................................75
O QUE FAZER COM UM “DESPACHO” EM SUA PORTA?
.......................................................................................................................77
DATAS COMEMORADAS NA UMBANDA.........................................78
PRINCIPAIS SÍMBOLOS DOS ORIXÁS.................................................79
OS PATUÁS.................................................................................................82
FUNDADOR DO PRIMEIRO TERREIRO DE UMBANDA.................89
GRANDES NOMES DO MUNDO ESPIRITUAL..................................91
8 - A Umbanda no seu dia-a-dia
Adriana de Oxalá - 9

Normas de Terreiros
NA Umbanda

Conforme o tempo vai passando, algumas


coisas tendem a se perder por nossa memória; porém,
existem determinadas significações que jamais devem
ser esquecidas, já que consistem em ações básicas de
nosso quotidiano, e o ao se perderem poderiam até
mesmo fazer com que você não compreendesse o
verdadeiro sentido de alguns fatos que fazem parte
do nosso dia a dia.

O esquecimento ao qual nos referimos acontece


por causa do que costumamos chamar de “rotina”, pois
quando passamos a fazer algo com muita constância,
este passa a crescer dentro de nós, evoluindo os
seus ensinamentos, e nos levando ao conseqüente
encobrimento daqueles que foram os ensinamentos
básicos, as raízes que nos sustentaram até então.

Por isso agora, relembremos algo que vem


lá do inicio da Umbanda que conhecemos, os
significados dos principais rituais que nela se realizam
contidas numa única Gira, e que por acontecerem tão
freqüentemente, são facilmente desapercebidas.
10 - A Umbanda no seu dia-a-dia

O Templo

Local, local onde Zelador de Santo (Pai


espiritual), filhos, irmãos e simpatizantes, entra em
comunhão com Deus Criador, com os Orixás e com
os mentores espirituais. É Nesse solo sagrado que
recebemos; doamos e principalmente aprendemos
a Amar, Perdoar, resgatar, ajudar ao próximo, sem
distinção de cor, condições sócias.

Que todos respeitem esse solo, zelando pela


limpeza, não só no aspecto material, mas também
no aspecto moral, pois só assim conseguiremos estar
mais próximo de Oxalá.

Zelador de Santo (Pai Espiritual / Babalaô)


Babalaô ou Pai Espiritual é o responsável
pelos filhos, o templo, cuidar dos Orixás, fazendo as
firmezas do terreiro e cuidar da coroa de cada um que
foi entregue a ele por confiança.

É ele que cuida da coordenação de todo o


trabalho para que os mesmos não tenham problemas
observando tudo ao seu redor, e que muitas vezes
falto o tempo para dar atenção a todos os filhos,
ficando a cargo dos Pais Pequenos o desenvolvimento
Mediúnico ajuda e auxilio aos Médiuns quanto da
incorporação e desincorporação, não esqueçamos que
o Babalaô é Pai, amigo, conselheiro, aquele a quem
confiamos a espiritualidade, que dispõe do seu tempo,
às vezes da família para que cada filho cresça, não
esqueçamos irmãos que na figura do Babalaô e Pais
pequenos existe seres humanos que também tem seus
Adriana de Oxalá - 11

problemas e suas vidas, estão irmãos vamos respeitar


essas pessoas que se doam para o nosso bem estar é o
mínimo que devemos fazer.

A Preparação para a Gira

Quando sabemos que em determinado dia


ocorrerá uma Gira, nós os filhos-de-santo devemos
tomar algumas providências que com toda a certeza
nos ajudarão a se preparar para ela.

Em primeiro lugar, a abstinência alcoólica é


obrigatória. Nunca devemos ir a uma Gira dedicada a
Deus e aos Orixás com sequer uma dose de qualquer
bebida que seja, isso porque tal ato poderá acarretar
problemas sérios ao médium, que terá alguns dos
seus sentidos alterados e não poderá entregar-se por
completo ao Pai, além de ser um desrespeito à ele
próprio.

A carne vermelha deve ser evitada, pois lhe


são contidas certas energias que podem interferir no
organismo do médium, seja ele de incorporação ou
não, dificultando assim o fluxo de energia positiva
da corrente e o reabastecimento de suas “baterias
divinas”.

Quanto à abstinência sexual, ela deve ser


efetuada, não pelo sexo ser impuro como todos pensam,
mas sim porque o ato ocorrido consome grande parte
da energia corporal, debilitando o corpo do Médium
que não poderá ser utilizado na sua plenitude devido
ao cansaço existente.
12 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Por ultimo lugar citamos o banho de defesa


ou descarrego como se costuma chamar, e que pode
ser feito com cinco, sete ou nove Ervas Sagradas, ou o
próprio sal grosso.

Este banho tem o poder de limpar e defender o


corpo de qualquer negatividade que possa nele existir,
dando-lhe melhores condições para desempenhar o
seu papel nas Giras. Porém vale o lembrete de que o
banho de defesa só é tomado após o banho comum,
sendo lavada somente à parte de abaixo do pescoço
(pois a cabeça pertence ao Santo de cada um), e deverá
ser levemente enxuto deixando com que o restante se
seque no próprio corpo.

Para complementar essa preparação, deve


também acender uma luz ao nosso anjo-de-guarda,
pedindo a sua proteção para que tenhamos condições
de nos entregar totalmente à Caridade.

A chegada ao Templo

Os dias que intermediam as Giras realmente


demoram a passar, e ao se rever às pessoas que tanto
gostamos surge àquela vontade de colocar todos os
assuntos em dia. Isso de modo algum é proibido desde
que seja feita antes do ato de bater-cabeça e acontecer
fora das dependências internas do templo, pois dentro
deste deve-se guardar o silêncio em respeito a Oxalá,
e aos Guias e Orixás que ali aguardando o inicio da
Gira.
Adriana de Oxalá - 13

Hora de se Entregar a Oxalá

Depois de colocar a roupa branca, chega a


hora de entregar-se ao Pai e realizar todos os rituais
necessários a nossa segura permanência dentro da
Gira.
Dentre esses rituais, o primeiro é o de bater-
cabeça, onde nos entregamos a Oxalá com o verdadeiro
intuito de se realizar a caridade com muita seriedade
e consciência do ato que se praticará, e o qual nunca
devemos nos esquecer.

Abertura dos trabalhos

Ao iniciar os trabalhos, já devemos estar


totalmente imbuídos no sentido de entrega plena aos
entes espirituais, de modo que à vontade de Oxalá
seja feita e possamos mais uma vez cumprir nossa
obrigação.

Para que fortificamos este sentimento, se


faz necessário que a prece de abertura seja sentida
verdadeiramente, e não somente recitada. Temos
realmente que nos fazer ouvir por Oxalá para que
este esteja presente durante toda a Gira, nos ajudando
a recarregar a energia gasta durante toda uma
semana. O mesmo é dito ao se bater-cabeça. Muitos
não conhecem o significado deste ato, que além de
transparecer o nosso respeito a nossa humildade
aos Orixás, também é a demonstração da união e
coletividade que são fatores essenciais a qualquer
templo que trabalhe em prol da Caridade.
14 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Defumação

A firmeza de cada integrante da corrente de


faz extremamente necessária nessa hora, pois é ai que
toda a negatividade que possa haver se imiscuído
dentre a corrente será varrida para fora do Templo,
de modo que não possa interferir no perfeito fluxo
da Gira. Porem, se os Médiuns não se mantiverem
mentalmente firmes no propósito de bani-las, essas
forças negativas poderão oferecer maior resistência e
até permanecer entre a corrente, podendo atrapalhar
assim aos rituais que se procederão.

Chamando os Guias

Esse é o momento que compõe a essência básica


de todos os rituais que o antecederam. É o momento
em que os médiuns devem se dispor realmente à
Caridade, em amor aos seus Guias e entregando-se a
eles de forma que possam vir trabalhar e ajudar a si e
aos que deles necessitam.

Mas são muitas às vezes em que somos


perturbados por algumas dores ou determinados
problemas, e já achamos que não temos condições de
deixá-los vir. Bem, esse julgamento é um julgamento
que cabe somente a Oxalá, que foi a quem você se
entregou quando bateu-cabeça, e aos seus próprios
Guias que sabem de suas condições, e não viriam se
estas lhe faltassem.

Portanto, não ligamos o nosso Piloto Automáti-


Adriana de Oxalá - 15

co, e deixemos que os desígnios divinos cuidem de


nós, pois DEUS sabe o que faz, e cabe-nos somente à
parte de nos entregarmos de coração, e nos desligar
de tudo o que acontece fora dali.

E quanto aos Médiuns que ainda não


incorporam, que não incorporaram naquela Gira ou
fizeram sua opção pela não incorporação, não pensem
que foram esquecidos, pois cada um, dentro da sua
função, seja de cambono, curimba, cantador, são de
essencial importância, pois sem vocês os Guias não
teriam condições de trabalhar. Portanto, estes devem
manter em silencio e se dispor em ajudar naquilo que
for preciso, e assim também estarão contribuindo para
a pratica da Caridade.

Irmão de fé – Amar a “Deus” sobre todas


as coisas e ao teu irmão como a ti mesmo

Seres humanos imperfeitos que somos


costumamos sempre ver e perguntar o porquê de
nossos problemas, a falta do perdão e do amor ao
próximo é as principais causas deles, aquele que não
consegue perdoar amarra-se ao outro por um cordão
que não se quebra nunca, ficando ligados um ao outro
por toda uma vida, aumentando nossas limitações.
Antes de julgarmos aos outros devemos também nos
questionar quanto a nossa conduta, para também não
sermos julgados, antes de darmos nossos julgamentos,
vamos irmãos nos colocar na vez daquela pessoa para
sabermos se gostaríamos de saber que estão falando
de nós, vamos nos vigiar irmãos para não cometermos
com os outros aquilo que não gostaríamos para nós.
16 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Só quando alcançamos o perdão verdadeiro,


aquele que vem do coração é que crescemos tanto
espiritualmente quanto materialmente, deixemos de
ser mentirosos, hipócritas ou vaidoso, vamos estender
nossos braços aqueles a quem precisam e deixarmos o
egoísmo de lado. A vaidade pode acabar com a própria
espiritualidade do médium e quando ela aparece nunca
vem sozinha, vem sempre acompanhada da inveja e
desilusão, lembremos sempre irmãos, nós somos os
únicos donos da nossa derrota, para combatermos
esses maus que nos acompanham, devemos sempre
praticar a caridade sem sair pelo mundo daquilo que
fez e adotarmos Oxalá em nossos corações.

Nós irmãos de fé, devemos nos respeitar sempre


como seres humanos, maridos, esposas, filhos para
que a amizade perpetua sempre dentro do terreiro. A
intriga, inveja desavença e a preguiça não faz parte
da nossa querida Umbanda, esta religião que não faz
restrição a nenhum ser encarnado ou desencarnado.
Adriana de Oxalá - 17

Cumprimentos e Posturas

Cumprimentos:

Bater Cabeça

O médium deita-se de barriga pra baixo e toca


com a testa no chão em frente ao Gongá, atabaques
e Coluna Energética. N nosso caso, batemos cabeça
para Iansã (dona da casa) e para o Caboclo Pena Verde
(guia chefe da casa).

Bate-se a cabeça no chão em sinal de respeito e


obediência aos Orixás, pois simboliza que nossa cabeça,
que nos comanda e nos rege, está se subordinando ao
poder dos Orixás aos quais estamos reverenciando
ao tocá-la no chão, sejam os Orixás do Zelador ou do
Gongá.

Em diversas culturas, sejam ocidentais ou


orientais, baixar a cabeça perante alguém ou alguma
coisa significa que estamos submissos e obedientes a
esta pessoa ou coisa.

No candomblé:

Dobalé = cumprimento feito por filho de santo


cujo orixá (principal) dono da cabeça é masculino.
Deita-se de bruços no chão (ao comprido) e toca-se o
solo com a parte da frente da cabeça (testa).
18 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Iká = cumprimento feito por filho de santo cujo


orixá principal é feminino. Deita-se de bruços no chão,
toca-se o solo com a cabeça e, simultaneamente com o
lado direito e depois com o esquerdo do quadril no
chão (na nação Keto, as mulheres não tocam o chão
com o ventre).

Paó (3 palmas lentas)

O Paó (pronuncia = paô) é um gesto que serve


como sinal de que se é preciso comunicar alguma
coisa, mas não se pode falar. Isso ocorre muito no
candomblé quando as iniciandas estão no roncó e
não podem falar, daí batem com as palmas das mãos
tentando dizer algo, se comunicar por algum motivo.
É usado também como saudação para orixá, e, é
diferente de orixá para orixá.

É uma palavra em yorubá que significa: “pa” =


juntar uma coisa com outra; “o” = para cumprimentar...
Essa palavra é uma contração de ìpatewó que significa
aplauso.

É um preceito do candomblé e normalmente


não se usa na Umbanda.

O paó bate-se 3 vezes assim...


3 + 7 vezes
Intervalo
3 + 7 vezes
Intervalo
3 + 7 vezes
Adriana de Oxalá - 19

E depois a saudação, por exemplo:


palmas paó
“Laroye Exu ...”

Utilizado para pedir permissão para entrar,


saudar e pedir licença.

Bater com as pontas dos dedos, no chão

Da mão esquerda, e depois cruzando os


dedos com as palmas das mãos voltadas para o solo;
Saudando Exu;

Da mão direita, fazendo uma cruz e depois


fazendo a cruz no peito; Saudando os Pretos Velhos.

Da mão direita, depois tocando a fronte (Eledá),


o lado direito da cabeça (Otum – 2º Orixá) e a Nuca (os
Ancestrais); Saudando os orixás e guias;

Da mão direita 3 vezes e depois tocando a


fronte, o lado direito da cabeça e a nuca, para saudar
Obaluaiê.

Cumprimento Ombro-a-Ombro

Quando um Guia cumprimenta um consulente


ou um assistente com o bater de ombro, isto é sinal de
igualdade, de fraternidade e grande amizade.
20 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Posturas

Se observarmos e analisarmos os rituais das


inúmeras religiões existentes, encontraremos neles
um sentido comum; o de invocar as Divindades, as
Potências Celestes, ou melhor, as Forças Espirituais. O
objetivo é sempre o mesmo, a preparação de atração
destas forças à corrente religiosa que a pratica.

Em qualquer ritual, do mais básico ao mais


espiritualizado, é certo que encontraremos atos e
práticas que predispõe a criatura a harmonizar-se
com o objetivo invocado, isto é, procura-se pô-lo em
relação direta, mental com, os deuses, divindades,
forças, santos, entidades, etc., e em todos eles, os
fenômenos espiritualistas acontecem.

Assim para preparar ou elevar o psiquismo


de um aparelho e obter-se o equilíbrio da sua mente
com os corpos Astral e físico, indispensável se torna
que ensinemos à esses ditos aparelhos, determinadas
posições necessárias, com o fito de que eles possam
harmonizar sua faculdade mediúnica individual, com
as vibrações superiores das Entidades que militam na
Lei de Umbanda.
Adriana de Oxalá - 21

Repouso vibratório ou isolamento

Nesta posição, o corpo


de médiuns ou um médium
isolada-mente, permanece com
as mãos cruzadas à frente. Serve
para anular (isolar) os fluídos
negativos, as vibrações oriundas
de elementares e pertur-bações
mentais, que procuram se aderir
ao ambiente.

Nós a utilizamos durante a


defumação, mantendo-nos todos
isolados até que todos os médiuns
da corrente tenham se defumado.

Vênia

Esta posição consiste, na posição genuflectora


da perna direita, antebraços formando dois ângulos
retos, paralelos, mãos com as
palmas voltadas para cima e
a cabeça semi inclinada para
baixo. É a posição da humildade,
que acende o fervor religioso e
também, a veneração ao Chefe
Espiritual dos trabalhos ou
Entidade incorporada, para os
quais se usa como saudação.
Utilizamos ao saudar Oxalá
22 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Corrente Vibratória

Esta posição é altamente eficaz para precipitar


fluídos mediúnicos no Corpo Astral, ao mesmo
tempo em que vitaliza, suprindo as deficiências
momentâneas de um e de outro, além de servir de
descarga. Consiste em todos os médiuns darem as
mãos (formando um círculo ou semicírculo), sendo
que a mão direita fica espalmada para baixo, sobre
a mão esquerda do seu companheiro, espalmada
para cima, isto é: a mão direita dando e a esquerda
recebendo.

Esta posição gera uma precipitação de fluí-


dos, que constitua
o ambiente propício
ao objetivo da cari-
dade, corrigindo
qualquer deficiên-
cia, quer mediúnica
quer orgânica. É de
grande eficiência e
utilidade nas ses-
sões de caridade e
nas de desenvolvi-
mento. Convém
lembrar que, por
muitos chamada de Corrente Vibratória, sempre foi
usada pelos séculos afora nas diversas escolas e rit-
uais, inclusive pelo Mestre Jesus, que assim procedia
quando se punha em harmonia com as potências div-
inas, e sintonizava sua Mente Espiritual com o PAI.
Adriana de Oxalá - 23

De Joelhos Sim !!!

Dentro das várias ritualísticas que se


desenvolvem nos terreiros de Umbanda, é comum
vermos principalmente no início e término dos
trabalhos espirituais o corpo mediúnico com os joelhos
no chão. Alguns vêem esta postura como arcaica e
sem sentido, porém nunca se deram ao trabalho de
analisarem detidamente tal comportamento.

É de conhecimento geral que as primeiras


religiões do globo terrestre já inseriam a genuflexão
em seus rituais, exteriorização de respeito junto ao
Criador e também manifestação de humildade que
todos devem ter, seja para com o Divino, seja para
com o próximo. Da mesma forma, o ato de postar-
se de joelhos fazia e faz ver aos fiéis que assistiam
ou assistem uma manifestação de religiosidade, a
seriedade, o respeito e a simplicidade do sacerdote e
dos médiuns, frente ao plano espiritual superior.

A implantação do ajoelhar-se tem como


finalidades mostrar a Deus todo o nosso carinho,
obediência, respeito e amor e o quanto somos
pequeninos diante do universo criado por Ele; e para
passar a assistência que aquele espaço de caridade
tem a exata noção do papel que desempenha como
instrumentos de trabalho dos bons espíritos.

Infelizmente, é do conhecimento de todos


que, ao lado de criaturas humildes, simples, meigas
e caridosas que estão sempre dispostas a dar seu
suor à Umbanda, existem outras tantas orgulhosas,
24 - A Umbanda no seu dia-a-dia

vaidosas, “auto-suficientes”, que procuram a todo


custo imporem-se aos demais, maximizando suas
“qualidades” e minimizando as virtudes alheias.

Ostentam falsas conquistas, querendo submeter


todos a seus caprichos. Contudo, nada mais doloroso
e incômodo para estas pessoas do que ficar em posição
de subserviência, de aparente inferioridade.

Tal postura lhes sangra a alma e lhes oprime o


pétreo coração.

Suas visões ofuscadas não conseguem enxergar


que tal rito e para seu próprio bem, para sua própria
libertação dos sentimentos mesquinhos e posterior
elevação espiritual, pois auxilia na quebra da vaidade
e da soberba.

Alguns até podem dizer que ao postar-se de


joelhos, o médium pode ter em mente pensamentos
diametralmente opostos àquela posição. Mas aí meus
irmãos é que termina a tarefa dos encarnados e inicia-
se o processo de assepsia e lapidação dos arrogantes e
vaidosos, levados a efeito pelos amigos de Aruanda,
e assim, dando luz a estas pessoas e reconduzindo-as
ao rebanho Divino.
Adriana de Oxalá - 25

AS FALANGES DE TRABALHO
NA UMBANDA

Na Umbanda nós não incorporamos Orixás


e sim os falangeiros dos Orixás que são entidades
evoluídas espiritualmente que vêem trabalhar nas
giras de Umbanda.

Falanges: são agrupamentos de espíritos afins


que possuem a mesma vibração. São elas: pretos
velhos, caboclos, exus, crianças, boiadeiros, ciganos,
orientais e mestres que trabalham na cura.

OS CABOCLOS:

São entidades, espíritos de índios brasileiros


e Sul Americanos, que trabalham na caridade como
verdadeiros conselheiros, nos ensinando a amar ao
próximo e a natureza, são entidades que tem como
missão principal o ensinamento da espiritualidade e
o encorajamento da fé, pois é através da fé que tudo
se consegue.

Usam em seus trabalhos ervas que são passadas


para banhos de limpeza e chás para a parte física,
ajudam na vida material com trabalhos de magia
positiva, que limpam a nossa áura e proporcionam
uma energia de força que irá nos auxiliar para que
consigamos o objetivo que desejamos, não existe
trabalhos de magia que possam lhe dar empregos
e favores, isso não é verdade, o trabalho que eles
desenvolvem é o de encorajar o nosso espírito e
prepara-lo para que nós consigamos o nosso objetivo.
26 - A Umbanda no seu dia-a-dia

A magia praticada pêlos espíritos de caboclos


e pretos velhos é sempre positiva, não existe na
Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário,
a Umbanda trabalha para desfazer a magia negativa.
Eu sei que infelizmente, existem vários terreiros que
praticam esta magia inferior, mas estes são os magos
negros, que para disfarçar o seu verdadeiro propósito,
se escondem em terreiros ditos de Umbanda para que
possam atrair as pessoas e desenvolver as suas práticas
negativas, com promessas falsas que sabemos nunca
são atendidas.

Mais graças a Oxalá, esses terreiros estão


acabando, pois, o povo esta tendo um maior
conhecimento e buscando a verdade e é através desse
caminho, de busca da verdade, que esse templo de
Umbanda pretende ensinar a todos, o verdadeiro
caminho da fé.

Os caboclos de Umbanda são entidades simples


e através da sua simplicidade passam credibilidade
e confiança a todos que os procuram, seus pontos
riscados, grafia sagrada dos Orixás, traduzem a
mais forte magia que existe atualmente, é através
desses pontos que são feitas limpezas e evocações de
elementais e Orixás para diversos fins, mais a frente
falaremos um pouco mais sobre os pontos riscados de
Umbanda.

Nos seus trabalhos de magia costumam usar


pembas, ( giz de várias cores imantados na energia
de cada Orixá), velas, geralmente de cêra, essências,
flores, ervas, frutas, charutos e incenso. Todo esse
Adriana de Oxalá - 27

material será disposto encima de uma mandala ou


ponto riscado, para que esse direcione o trabalho.

Quando fazemos um trabalho para uma


entidade de Umbanda e colocamos algum prato de
comida, como pôr exemplo espigas de milho cozidas
com mel, esta comida não é para o Caboclo comer,
espíritos não precisam de comida, o alimento que esta
ali depositado, serve como alimento espiritual, isto é,
a energia que emana daquela comida e transmutada
e utilizada para o trabalho de magia a favor do
consulente, da mesma forma o charuto que a entidade
esta fumando é usado para limpeza, do consulente
através da fumaça e das orações que estas entidades
fazem no momento da limpeza, são os chamados
passes de Umbanda.

Muitas vezes a Umbanda é criticada e


chamada de baixo espiritismo, pois seus guias fumam
e bebem, mais estas críticas se devem a uma falta de
conhecimento da magia ritual que a Umbanda pratica,
desde o início, com tanta maestria e poder, e sempre o
fará para o bem de todos.

OS PRETOS VELHOS:

São espíritos de velhos africanos que foram


trazidos para o Brasil como escravos e que trabalham
na Umbanda como símbolos da fé e da humildade.
Seus trabalhos são de ajuda aqueles que estão em
dificuldade material ou emocional, sendo que, o seu
trabalho se desenvolve mas para o lado emocional e
28 - A Umbanda no seu dia-a-dia

físico, das pessoas que os procuram, sendo chamados,


carinhosamente de psicólogos dos aflitos.

Sua paciência em escutar os problemas e


aflições dos consulentes, fazem deles as entidades
mais procuradas na Umbanda, são chamados de
Vovôs e Vovós da Umbanda.

Também usam ervas em seus trabalhos de


magia e principalmente para rezar pessoas doentes
e crianças que estão com mal olhado, suas rezas são
conhecidas como poderosas, usam também de patuás,
saquinhos que são depositados elementos de magia e
que os consulentes usam no corpo para proteção.

Da mesma forma que os Caboclos, os Pretos


Velhos usam cachimbos para limpeza espiritual,
jogando sua fumaça sobre a pessoa que esta recebendo
o passe e limpando a aura de larvas astrais e energias
negativas.

OS BOIADEIROS:

São espíritos de pessoas, que em vida


trabalharam com o gado, em fazendas pôr todo o
Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma
que os Caboclos nas giras, sessões de encorporação na
Umbanda.

Usam de canções antigas, que expressam o


trabalho com o gado e a vida simples das fazendas,
nos ensinando a força que o trabalho tem e passando,
Adriana de Oxalá - 29

como ensinamento, que o principal elemento da sua


magia é a força e a vontade de conquistar, fazendo
assim que consigamos uma vida melhor e farta.

Nos seus trabalhos usam de velas, pontos


riscados e rezas fortes para todos os fins.

AS CRIANÇAS:

Estas entidades são a verdadeira expressão


da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da
aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem
atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em
qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados
para os casos de família e gravidez.

OS EXUS:

são entidades em evolução, seu trabalho é


dirigido, principalmente a defesa dos seus médiuns
e a defesa do terreiro, porém, são muito procurados
para resolver os problemas da vida sentimental e
material.

Costumam trabalhar com velas, charutos,


cigarros, bebidas fortes, punhais em seus pontos
riscados, pembas brancas, pretas e vermelhas . Devido
ao seu temperamento forte e alegre costumam atrair
bastante os consulentes , principalmente pôr que
quando falam que vão ajudar certamente o farão.
30 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Os Exús nas sete


linhas de Umbanda

Linha de Ogum: Exu Tranca Ruas das Almas,


Exu tranca Ruas de Embaré, Exu Tranca Ruas das Sete
Encruzilhadas, Exu Veludo, Exu Sete Encruzilhadas,
Exu sete Facas, Exu da Mangueira e outros.

Linha de Oxossi: Exu Marabô, Exu Tronqueira,


Exu Mangueira e outros.

Linha de Xangô : Exu Marabô Toquinho, Exu


Labareda, Exu do Lodo, Exu Pedra Negra e outros.

Linha de Yorimá : Exu Caveira, Exu Tata


Caveira, Exu 7 covas, Exu Bananeira, Exu Mulambo,
Exu 7 porteira e outros.

Linha de Oxalá : Exu Tiriri, Exu Veludinho,


Exu Gira Mundo, Exu Sete Encruzilhadas e outros.

Linha de Yemanja : Todas as Pombagiras.

Linha de Yori : Todos os Exus mirins.


Adriana de Oxalá - 31

Para um melhor entendimento passarei agora


as sete linhas de trabalho da Umbanda:

Linha de Oxalá: Esta linha é regida pôr Jesus


Cristo e representa o princípio da criação, a luz divi-
na que coordena todas as outras. Os guias principais
desta linha são : Caboclo Urubatão de Guia, Caboclo
Ubirajara, Caboclo Aymoré, Caboclo Guaracy, Cabo-
clo Guarany e Caboclo Tupy. Estes guias são os chefes
de falanges, mais existem os demais guias que per-
tencem a esta linha e trabalham na caridade, são eles:
Caboclo Pena Branca, Caboclo Águia Branca, Cabo-
clo Tupã, Caboclo Rompe Nuvem, Caboclo Tamoio,
Caboclo Gira Sol e outros. O astro que rege esta linha
é o Sol e tem como guardião o anjo Gabriel.

Linha de Yemanja: Esta linha é regida pôr Nossa


Senhora da Glória como principal mais tem também
Nossa Senhora da Conceição, que é sincretizada com
Oxúm, representa a Divina Mãe, a energia feminina
e da natureza da água, a gestação e a fecundação. Os
guias principais desta linha são : Cabocla Yara, Ca-
bocla indayá, Cabocla Estrela do mar, Cabocla Nanã,
Cabocla Sereia do Mar, Cabocla Oxúm, Cabocla Iansã.
Outros guias que trabalham nesta linha são: Cabocla
Jandira, Cabocla Iracema, Cabocla Jupira, Cabocla
Jacira, Cabocla da Praia, Cabocla Juçanã, Cabocla Sete
Ondas, Cabocla Estrela Dalva e outras.

O astro que rege esta linha é a Lua e tem como


guardião o anjo Rafael.
32 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Linha de Xangô: Esta linha é regida pôr São


Jerônimo como principal, mais, São João Batista,
São Pedro e São Paulo, também regem esta linha
como sincretismo de Xangô Kaô e Agodô ou Aganjú.
Representa a Justiça Divina, a lei Kármica, é o dirigente
das almas, o senhor da balança Universal que afere
o nosso estado espiritual. Os guias principais desta
linha são : Xangô Kaô, Caboclo Sete Montanhas,
Caboclo Sete Pedreiras, Xangô da Pedra Preta, Xangô
da Pedra Branca, Caboclo Sete Cachoeiras e Xangô
Agodô. Outros guias que trabalham nesta linha são:
Caboclo Cachoeira, Caboclo Junco Verde, Caboclo
Gira Mundo, Caboclo Cachoeirinha, Caboclo Sumaré,
Caboclo Rompe Montanha, Caboclo Ventania, Caboclo
Rompe Serra e outros. O astro que rege esta linha é
Júpiter e tem como guardião o anjo Miguel.

Linha de Ogum: Esta linha é regida pôr São


Jorge representa o fogo da Salvação, a linha das
demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas.
Os guias principais desta linha são : Ogum de Lei,
Ogum Yara, Ogum Megê, Ogum Rompe Mato, Ogum
de malê, Ogum Beira Mar, Ogum Matinada. Outras
entidades conhecidas que trabalham nesta linha
são: Ogum Sete Espadas, Ogum Sete Lanças, Ogum
Sete Escudos, Caboclo Timbiri, Caboclo Tira Teima,
Caboclo Humaitá, Caboclo Rompe Mato, Caboclo
Araguarí e outros.

O astro que rege esta linha é Marte e tem


como guardião o anjo Samuel. Nesta linha também
trabalham os Exus de Umbanda.
Adriana de Oxalá - 33

Linha de Oxosse: Esta linha é regida pôr São


Sebastião, representa o Caçador das Almas, o mestre
que ensina a doutrina e pratica a catequese dos filhos
que o procuram. Os guias principais desta linha são
: Caboclo Arranca Toco, Cabocla Jurema, Caboclo
Araribóia, Caboclo Guiné, Caboclo Arruda, Caboclo
Pena Branca e Caboclo Cobra Coral. Outras entidades
que trabalham nesta linha são : Caboclo Pena Azul,
Caboclo Pena Verde, Caboclo Pena Dourada, Caboclo
Tupinanbá, Caboclo Tabajara, Caboclo Sete Flechas,
Caboclo Tupiára, Caboclo Tupiaçú, Caboclo Mata
Virgem, Caboclo Rei da Mata, Caboclo Pery, Caboclo
Rompe Folha, Caboclo Paraguassu, Caboclo Arerê,
Caboclo Coqueiro, Caboclo Sete Palmeiras, Caboclo
Juremá, Caboclo Folha Verde e outros. O astro que
corresponde a esta linha é Vênus e o guardião é o anjo
Ismael.

Linha de Yori: Esta linha é regida pôr São


Cosme e São Damião, é a linha da Ibejada que são as
crianças, representa a alegria, a luz da espiritualidade,
a ingenuidade e lealdade infantil. Os guias principais
desta linha são: Tupanzinho, Ori, Yariri, Doum,
Yari, Damião e Cosme. Outros guias que trabalham
neta linha são : Crispim, Crispiniano, Mariazinha,
Zequinha, Chiquinho, Luizinho, Joãozinho, Paulinho,
Luizinha, Ana Maria, Joaninha e outros. O astro que
corresponde a esta linha é Mercúrio, e o guardião é o
anjo Yoriel.
34 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Linha de Yorimá: Esta linha é regida por São


Lázaro e São Roque respectivamente sincretizados
com Obaluaê e Omolú, é a linha dos pretos velho ou
linha das almas, representa a palavra da lei, a linha das
magias. É composta pêlos espíritos que tem a missão
de combater o mal e todas as suas manifestações. São
os Senhores da Magia. Os guias principais desta linha
são : Pai Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Pai Congo de
Aruanda, Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim.
Outras entidades que trabalham nesta linha são :
Pai João, Pai Jacob, Vovó Ana, Vovó Cambinda, Pai
Cipriano, Pai Simplício, Tia Chica, Pai Chico, Pai
Miguel, Vovó Catarina, Pai Congo do Mar, Pai Mané,
Pai Antônio, Pai Congo, Pai Moçambique, Pai Zé, Pai
Fabrício, Pai Jovino, Pai Tomás, Vovó Luiza e outros.
O astro que corresponde a esta linha é Saturno e o
guardião é o anjo Iramael.

Estas são as Sete Linhas de Umbanda e seus


guias principais, existem outros guias que não foram
citados, mais não dá para falar todos os nomes das
entidades que trabalham nas giras da nossa querida
Umbanda.
Adriana de Oxalá - 35

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS


de santo de cada ORIXÁ

Filhos de Oxalá: Mercê da própria presença


soberana do Orixá Maior da Umbanda, os filhos de
Oxalá também marcam naturalmente suas próprias
presenças. Destacam-se com facilidade em qualquer
ambiente, são cuidadosos, generosos e, dada sua
exigência no sentido de conseguir sempre a perfeição,
são também detalhistas ao extremo. Curiosos,
procuram saber detalhes, às vezes, chegando mesmo
a tornarem-se aborrecidos por isso.

Pais excelentes. Mães amorosas. Dedicam-se


com um carinho excepcional às crianças, com quem
relacionam-se muito naturalmente e de quem não
gostam de afastar-se.

Relacionam-se com facilidade com filhos


dos outros Orixás, todavia, tem sempre uma certa
prevenção com relação às pessoas que não conhecem
muito bem. São um tanto inconstantes e se amuam ou
zangam, com grande facilidade. Impõe sua opinião
até os extremos e não raramente, por causa dessa
característica, se desentendem com filhos de Ogum,
Inhaçã e Xangô, principalmente.

São também pessoas de grande capacidade de


mando, tornando-se, não raras vezes, lideres em suas
comunidades.

Por outro lado, são também ensimesmados,


tendo alguma dificuldade em expor problemas e/ou
36 - A Umbanda no seu dia-a-dia

desabafar com estranhos e, às vezes, até mesmo com


pessoa intimas. A velhice tende a tornar os filhos de
Oxalá irritados e rabugentos.

Por paradoxal que pareça, a vaidade masculina


encontra se mais alto ponto nos filhos de Oxalá,
sempre preocupados em ostentar boa aparência e em
serem agradáveis.

As filhas de Oxalá são boas mães e esposas,


embora, às vezes, se mostrem um pouco dominadoras
e ciumentas. Também gostam de apresentar-se bem,
embora discretamente.

Filhos de Inhaçã: Nascido da Luz da Manhã,


o filho de Inhaçã são a própria majestade do Orixá.
Sua principal característica exterior é ser sempre uma
entidade dominante. Ocupa naturalmente posição
de destaque, e nunca passa desapercebido. Gosta de
vestir-se sempre na moda e de estar sempre atualizado,
embora haja sempre uma certa pitada de exagero em
quase tudo o que faz.

Tem personalidade marcante e dificilmente


é esquecido. Brilha em quase tudo o que faz. É
temperamental Poe excelência, muda de opinião com
facilidade, amando ou desprezando objetos, pessoas
ou coisas, absolutamente sem motivos aparentes.
É inconstante e sentimental, arrependendo-se
com facilidade por atos praticados, mas também
esquecendo-os e, não raras as vezes, repetindo-os.
Adriana de Oxalá - 37

Os filhos de Inhaçã, herdam de orixá suas


características guerreiras, empenham-se em discussões
estéreis, às vezes, só pelo prazer de contestar, não
se preocupando absolutamente com os resultados
finais. Todavia, quase em tudo que tocam conseguem
levar a bom termo. São também muito dedicados e
prestimosos e, alem de tudo, alegres.

As filhas de Inhaçã, são sempre extremadas,


ou amam apaixonadamente, ou simplesmente
esquecem. Incapazes de odiar, não exitam em se
reaproximar de alguém que lhes tenha magoado,
sentindo, não raras vezes, uma real piedade e amor
por essa mesma pessoa, se, por qualquer razão, esta
estiver em posição de dor ou de inferioridade. Não
rara vezes, também assumem as causas alheias trazem
parentes enfermos para dentro de suas próprias casas,
depois, brigam com maridos e filhos por causa dessa
pessoa, posteriormente, invertem toda essa situação,
mandando embora quem havia trazido e buscando a
paz familiar, como se nada houvesse acontecido.

Fazendo tudo em escala maior, amam com


intensidade, dão-se com facilidade, produzem ou
promovem e depois, pura e simplesmente, esquecem.

Quer seja homem ou mulher, o filho de Inhaçã


será sempre alguém que dificilmente consegue passar
desapercebido. Sera sempre um temporal num copo
d”agua, passando da tranqüilidade de um lago sereno,
à incerteza de um mar tempestuoso. Sua principal
característica positiva, reside na sua capacidade de
não apenas perdoar quem eventualmente lhe haja
38 - A Umbanda no seu dia-a-dia

ofendido, como principalmente, esquecer a ofensa.


Talvez nenhum outro consiga realmente esquecer
como o filho de inhaçã.

Quando líderes em alguma atividade,


quase sempre marcam de maneira indelével suas
administrações, mesmo que isto lhe custe sacrifícios.

As filhas de Inhaçã são extremadas, como


as chamadas super mães, lutam pela felicidade e
progresso de seus filhos e não admitem erros ou
faltas, embora quase nunca tenham coragem de punir
as crianças.

Como esposas, são exageradamente ciumentas,


às vezes, chegam a infernizar a vida de seus
companheiros com ciúmes.

Filhos de Cosme e Damião: Alegria, sem som-


bra de dúvidas, é a principal característica dos filhos
de Cosme e Damião. Mesmo em circunstâncias difí-
ceis, os filhos de Cosme e Damião parecem sempre
irradiar alegrias. São simples, generosos, altruístas,
embora um tanto inconstantes, sinceros e justos. Têm
grandes sacrifícios para beneficiar a outros. Gostam
de participar e dividir tudo o que tem, e contentam-se
com pouco. Não admitem não ser considerados e ma-
goam-se quando acham que não foram tratados com
a devida consideração, embora não guardem rancor.
Custam um pouco para esquecer uma ofensa recebi-
da. Exigem um pouco de mimo, de atenção, em quase
tudo o que fazem. Adoram ver seu trabalho reconhe-
cido e admirado.
Adriana de Oxalá - 39

Os filhos de Cosme e Damião são bons pais


e bons maridos. Amantes do lar, são ainda calmos
e tranqüilos. As filhas de Cosme e Damião, são
excelentes esposas e mães, embora geralmente muito
dependentes. Costumam estabelecer laços familiares
muito fortes. Não raramente, mesmo com idade
avançada, não tomam quase nenhuma atitude sem
consultar seus pais ou outros parentes ascendentes.

Filho de Iemanjá : Iemanjá e Oxum se confun-


dem com o Espírito Criador, e muitas de suas caracter-
ísticas se confundem. Representam a própria institu-
ição da família, seus laços, suas dependências. O Filho
de Iemanjá é empreendedor, ativo, um pouco sovina,
sonha grandes progressos, embora, às vezes, de forma
ingênua, não tem idéia de proporção, exagerando as
vezes, em suas aspirações. Raramente toma atitudes
agressivas, executando-se, naturalmente, o plano fa-
miliar. De temperamento dócil, sereno, pode também
agitar-se por qualquer motivo. Dificilmente consegue
esquecer uma ofensa recebida, e custa muito a voltar a
depositar confiança em que haja ferido ou magoado.

A mulher que é filha de Iemanjá, tem no marido


e nos filhos, seu principal objetivo. Costuma ser muito
exigente com os filhos, mas perdoa todas as suas faltas,
não raramente escondendo-as, para que as crianças
não sejam punidas por mestres ou pais. Como uma
fera, briga com quem quer que se interponha entre os
filhos e o lar. Também costuma ser desconfiada e não
raro, inferniza a vida do companheiro com ciúmes
doentios.
40 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Se necessário, alia-se ao marido para fazer frente


às dificuldades da vida, dando tudo de si. Nunca deixa
de fazer o que lhe pedem, embora tenha uma grande
tendência de reclamar por tudo. É empreendedora e
ativa, vaidosa e coquete, gosta de adornos discretos
e caros. Exige muitas atenções e geralmente, embora
realize com perfeição os deveres domésticos, parece
não sentir grandes atrações para com a cozinha, a não
ser no que diz respeito aos filhos.

O filho de Iemanjá parece estar sempre lutando


por galgar um lugar de destaque, qualquer que seja o
empreendimento que se dedique. É, por sua própria
natureza, um lutador. Profundamente emotivos, são
também chamados de chorões.

Filhos de Oxum: Quase tudo que foi dito sobre


Iemanjá também poderia ser entendido à Oxum,
cujo relacionamento com seus filhos se equivale, por
representarem ambas, o Principio Criador. Também
é aplicado aos filhos de Oxum, ainda mais emotivos
que os de iemanjá, a denominação de chorões. A
sensibilidade dos filhos de Oxum é ainda maior e, não
rara vezes, chamamos, principalmente as mulheres,
de dengosas e de flores de estufa, que fenecem ao
menor motivo.

Um fato a ser considerado, é o de que os Filhos de


Oxum tendem a guardar mais tempo alguma coisa que
lhes tenha atingido, e olham com muita desconfiança
quem os traiu uma vez; por outro lado, menos
vaidosos que os Filhos de Iemanjá ou Inhaçã, embora
Adriana de Oxalá - 41

aparentem, mesmo em roupas discretas, uma certa


realeza. Ternos e muito carinhosos, são conseqüentes
e seguros, e buscam sempre a companhia de pessoas
de caráter. Preferem não impor a sua opinião, mas
detestam ser contrariados.

Custam muito a se irritar, mas quando o


fazem, também custam serenar. Oxum, parece ocupar
no coração das pessoas, o espaço destinado a figura
da mãe, e esta característica faz com que seus filhos
sejam naturalmente bem quistos, e não raras vezes,
invejados. O homem e a mulher filhos de Oxum, são
a exemplo de Iemanjá, muito ligados ao lar e a família
em geral.

Filhos de Oxosse: Oxosse representa a pureza


das matas. Os filhos de Oxosse são honestos,
desinteressados, altruístas, espontâneos.

A principal característica dos filhos de Oxosse


é a honestidsade, nunca espera recompensa daquilo
que faz espontaneamente. Os Filhos de Oxosse
tem um grande inconveniente, são inconstantes,
não persistentes seja qual for o motivo. Com muita
freqüência, após lutar por um ideal, às vezes, às
vésperas de consegui-lo, desistem e partem para uma
nova idéia.

Geralmente, os filhos de Oxosse reúnem


qualidades que são muito importantes. Se alguém
esta doente, ele é aquele que vai varias vezes visitar a
pessoa, ver como esta passando, se interessa pelo bem-
42 - A Umbanda no seu dia-a-dia

estar dos outros. Não se aborrece com as reclamações


e ouve as lamurias dos outros, sempre com muita
atenção.
Dá-se muito bem com qualquer faixa de
idade. Sentem-se mais à vontade em ambientes mais
descontraídos, não gostam de andar muito presos
em roupas sociais, não se sentem bem em cerimônias
muito formais.

É dado a ter vida muito singela, não é dado


a luxo e tem verdadeira ojeriza a tudo o que chama
atenção. Adoram andar, gostam do ar livre, não
gostam de ficar em ambientes fechados ou escuros. É
muito complacente com a aquisição de bens materiais,
sendo muito desligados a tudo aquilo que se refira ao
luxo.
O filho de Oxosse costuma mudar de atividade
com relativa facilidade, mas há possibilidade de lançar
raízes em algum campo de negócio...

São tão profundos e seguros, que jamais


mudam. O chefe de família, Filho de Oxosse, é um
tanto desligado do lar, não que ele não se interesse
pelos problemas familiares, é que ele prefere ser
servido do que servir. A mulher Filha de Oxosse
tende a não ser muito boa dona de casa. Gosta das
coisa bem feitas mas não de fazer, gosta das coisas em
ordem, mas prefere mandar que outros façam.

Filhos de Ogum: Os filhos de Ogum são tidos


como brigões, mas é errôneo este pensamento. Os
filhos de Ogum são mais intransigentes e obstinados,
do que propriamente brigões.
Adriana de Oxalá - 43

Ogum representa o Espírito da Lei e seus Filhos,


tem esta característica bem predominante. Raramente
o filho de Ogum pondera as coisas, o regulamento é
este, então tem que ser seguido a qualquer custo.

Toda lei tem que ser estudada, para obter-se o


verdadeiro sentido daquela lei, para saber-se o espírito
da lei. Porem, para o filho de Ogum, esta mesma Lei é
usada sem parcimônia. O filho de Ogum segue a Lei
sem ligar se ela serve para este ou para aquele caso. É
lei, tem que cumprir, implacavelmente.

O pai de família que é Filho de Ogum não da


muitas chances de diálogo para seus filhos, é inflexível
e radical. Usa uma lei para si e outra para os outros.

É vaidoso, não gosta de ser contrariado em


suas opiniões. Raramente “arreda pé” da sua posição,
mesmo quando não está certo.

Quer sempre fazer prevalecer o seu ponto de


vista, não recua nenhuma vez em suas decisões. Tem
sempre tendência para resolver as coisas para seu
lado, de qualquer forma.

A mulher filha de Ogum, é mais querelante


do que briguenta. É mais belicosa e de atitudes mais
extremadas. É excelente mãe de família, porém,
coitado do filho que não andar direito, ela é do tipo
que bate primeiro para depois perguntar onde foi o
erro.
44 - A Umbanda no seu dia-a-dia

O filho de Ogum é dado a fazer conquistas, tem


facilidade com o relacionamento com o sexo oposto
de qualquer filiação de Orixá.

Filho de Xangô: O filho de Xangô é, por


excelência, calmo e muito ponderado. Costuma pesar
os fatos com muito cuidado, procurando sempre pó
panos quentes em qualquer disputa. Só toma decisões
depois de pesar e analisar todos os ângulos dos
problemas apresentados, procurando ser o mais justo
possível.

Dedica-se de corpo e alma a tudo que se propõe


a fazer mas se desilude com muita facilidade também.
É sonhador por excelência, acha sempre que tudo dará
certo, deixando-se levar com muita freqüência pela
ilusão e pelo sonho. Sempre procurando apresentar
seus propósitos e planos, da maneira mais bonita,
mais bonita, mais enfeitada, o mais claro possível,
sem observar o que há de viável neles. Nunca procura
a fundo ver se há realismo no que se propõe a fazer.

Os filhos de Xangô geralmente são capazes de


grandes sacrifícios, mas aborrecem-se profundamente
se algo que programou não dá certo. Não admitem
mudanças de programação, não só quando não
dependem deles a realização do plano programado.
Costumam ficar roendo muito o que lhes acontece, ou
o que não se realizou como eles queriam.

Separam, com muita freqüência, a realidade de


si, levando seus pensamentos para altas esferas. Por
Adriana de Oxalá - 45

ser muito honesto, magoa-se com muita facilidade pela


ingratidão das pessoas, achando que todo mundo tem
obrigação de ser honesto e preciso em suas decisões.

A filha de Xangô, geralmente é muito crédula,


acredita em tudo o que lhe dizem. Magoa-se
profundamente por coisas que não tenham feito, ou
que tenham dito que elas fizeram. Guardam mágoas
profundas, mas não conseguem guardar raiva.

Em relação ao lar, não gostam de sair de casa,


preferem o aconchego do lar e são excelentes mães
de família mantendo o lar em perfeita harmonia, não
permitindo desavenças entre os familiares, dando
possibilidades a todos de se defenderem sempre que
for necessário.

Filhos de Nanã: Nanã é uma orixá velha. A mais


velha das orixás femininas, talvez por isso seja a orixá
mais amorosa, também, a mais egoísta.

Os filhos de Nanã são muito possessivos e


tendem a cercar seus amigos. Sãos exclusivistas e
não admitem dividir suas idéias. Dedicam-se sem
reservas, a seus amigos e parentes, porém, procuram
sempre criar barreiras para que os mesmos encontrem
novas amizades e novos caminhos.

São rabugentos e costumam guardar no seu


intimo, tudo aquilo que lhe fazem. O filho de Nanã
jamais esquece o que lhe fazem, mesmo que depois
lhe peçam desculpas. Ele sempre comenta e toca no
46 - A Umbanda no seu dia-a-dia

assunto quando houver oportunidade.

Gostam de estar rodeados de amigos, porém,


não abrem mão de sua presença, fazendo questão de
que seja notada e comentada.

Vestem-se muito bem e possuem um pouco de


intransigência (de Ogum). São resmungões e acham
dificuldade em tudo que precisam fazer, esperam
sempre que os outros façam ou resolvam seus
problemas. São muito ladinos, sempre acham uma
maneira para que os outros façam suas coisas.

Por serem demasiadamente possessivos, não


admitem que seus filhos e familiares mais próximos,
tomem decisões sozinhos, ou que seus companheiros
saiam sós.

Filhos de Abaluaiê: Os filhos de Abaluaiê são


muito controvertidos, seu caráter, às vezes, é taciturno,
calado, fechado em si próprio. Às vezes, tem piques
de alegria, descontração e satisfação, indo, de um pólo
para outro com facilidade e com muita freqüência.

Os filhos de Abaluaiê gostam de ocultismo, tem


certa tendência para tudo o que é misterioso. Gostam,
e freqüentemente estudam a vida dos astros. Gostam
das artes e das pesquisas, dedicando-se muito por
isso.
Convivem melhor com pessoas idosas, do que
com as mais jovens.
Adriana de Oxalá - 47

Não tem paciência necessária para suportar


arroubos da mocidade, mesmo seus filhos )de
Abaluaiê), de menos idade, sempre procuram pessoas
de mais idade para conviver.

Não gostam de aglomerados, preferem o


isolamento, utilizando seu tempo em coisas que ele
considera de maior utilidade.

Raramente se abrem a respeito de seus


problemas, preferem “curtir” a mágoa ou a dor sem
participar a ninguém. Muito sentimentais, e muito
freqüentemente são profundamente negativistas.

NOTA EXPLICATIVA

Os filhos de fé não recebem influencia de


apenas um ou dois orixás, da mesma forma que nós
não ficamos presos à educação e orientação de um
pai ou mãe espiritual, nós não ficamos também sob a
tutela do nosso orixá de Frente ou Junto.

Freqüentemente nós recebemos influencias


de outros orixás (como se fossem professores, avos,
tios, amigos mais chegados na nossa vida material).
O fato de recebermos estas influencias não quer dizer
que somos filhos ou afilhados desses orixás, trata-se
apenas de uma afinidade espiritual.
48 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Uma pessoa ,as vezes, não se dá melhor com


uma tia do que com uma mãe?

Assim também é com os orixás, podemos ser


filhos de Oxosse ou Inhaçã e receber mais influencia
de Ogum ou Oxum.

Posso ser filho de Abaluaiê e não gostar de


trabalhar com entidades que mais lhe dizem respeito,
preferindo trabalhar com entidades de cachoeiras, o
que, de forma alguma, me faz ser adotado por estes
outros orixás.

O importante é que nos momentos mais


decisivos de nossas vidas, suas influencias benéficas se
fazem presentes. Quase sempre um soma de valores e
não apenas, e individualmente, a característica de um
único orixá.
Adriana de Oxalá - 49

AS CORES E ELEMENTOS
DE CADA ORIXÁ NA UMBANDA

OGUM - A cor é vermelho e branco, pre-


dominando o vermelho, sua erva é folha de arueira,
mangueira, espada de são jorge, seu símbolo é a espa-
da, sua saudação é ogunhê patacurí ogum, sua guia
é de cristal em contas vermelhas e brancas com firma
vermelha, sua pedra é a ágata de fogo, rubí, sárdio e
garnet, sua essência é violeta, seu metal é o ferro, seu
número é o três, sua comida preferida é inhame acará
assado com palitos de dendezeiro, ele come também
feijão preto cozido com camarão seco dendê e cebola,
feijoada, inhame cozido com mel, sua bebida é o vinho
de palma ou vinho tinto ou cerveja branca, sua fruta
é manga espada, seu dia é terça-feira, é sincretizado
com São Jorge.

OXOSSI - A cor é verde, vermelha e branca


predominando o verde, sua erva é folha de guiné,
peregum, mangueira, seu símbolo é o arco e a flecha,
sua saudação é okearô oxossi coquê maió, sua guia é
de cristal verde, vermelha e branca com firma branca,
sua pedra é jasper verde, quartzo verde, esmeralda,
sua essência é eucalipto, sândalo, seu metal é o latão
branco, seu número é o cinco, sua comida é o axoxô,
milho de galinha cozido com coco e mel, sua bebida
é o vinho rosado ou tinto, sua fruta é cajá, maracujá,
mamão, seu dia é quinta-feira, é sincretizado com São
Sebastião.
50 - A Umbanda no seu dia-a-dia

XANGÔ - Sua cor é o marrom, sua erva é


elevante, abre caminho, manjericão, seu símbolo
é a machada e o raio que ele divide com iansã, sua
saudação é kaô kabecilê, sua guia é de contas de cristal
marrom, sua pedra é topázio e citrino, sua essência é de
morango, seu metal é o bronze e o cobre, seu número
é o seis, sua comida é o amalá, quiabos cortados
em rodelas pequenas refogado com dendê, cebola e
camarão seco com 7 ou 9 quiabos inteiros formando
a sua coroa ou quiabos contados em cruz amassados
com mel, o ajebó, sua bebida é cerveja preta, sua fruta
é caquí, manga rosa, mamão, cajá manga, seu dia é
quarta-feira, é sincretizado com são Jerônimo e são
João Batista.

OXALÁ - Sua cor é o branco, sua erva é boldo,


manjericão, seu símbolo é o opachorô, cetro de metal
branco com os símbolos da criação, sua saudação é
acheuepa babá, sua guia é de contas brancas de louça
com firma branca, sua pedra é o cristal branco, sua
essência é de alfazema e mirra, seu metal é o ouro
amarelo e branco e o estanho, seu número é o 16 e o
10, sua comida é a canjica de milho branco cozida com
mel e o acaçá no leite de coco, sua bebida e o aluá de
oxalá ou vinho de palma, sua fruta é pêra, uva verde,
maçã verde, seu dia é sexta-feira, é sincretizado com
Jesus Cristo.

EXÚ - Sua cor é o vermelho e preto, sua erva


é folha da fortuna, seu símbolo é o tridente, sua
saudação é laroiê cobaralô exú mojubá ê, sua guia é
Adriana de Oxalá - 51

vermelha e preta de louça ou cristal, sua pedra é a


ágata de fogo ou ágata vermelha, sua essência é cedro
ou verbena, seu metal é o ferro que ele divide com
ogum e o mercúrio, seu número é o sete, sua comida
é o padê de exú, farinha de mesa ou fubá misturados
com dendê ou cachaça em um alguidar, sua bebida é a
cachaça ou bebidas fortes, sua fruta é cajá e amêndoa,
seu dia é segunda-feira, têm como guardião Santo
Antônio.

OBALUAÊ - Sua cor é o preto e branco, sua


erva é canela de velho, guiné, seu símbolo é o brajá
de búzios, xaxará, instrumento de obaluaê como
um chocalho, sua saudação é atotô ajoberu, sua guia
é de contas pretas e brancas de louça, sua pedra é
a turmalina negra e ônix, sua essência é de cravo e
canela, seu metal é o bronze, seu número é o 21 e o 9,
sua comida é o doburu milho de pipoca estourados na
areia da praia, sua bebida é o vinho de palma e o aluá
de obaluaê ou vinho moscatel, sua fruta é fruta do
conde, abacaxi, seu dia é segunda-feira, é sincretizado
com São Lázaro ou São Roque.

OXUMAÊ - Sua cor são as cores do arco-íris,


sua erva é o pente de oxumarê e a folha de tangerina,
seu símbolo é o arco-íris e a cobra, sua saudação é
arroboboi, sua guia é de contas amarelas e verde
de louça com firma verde, sua pedra é a turmalina
colorida ou melancia como é conhecida, sua essência
é de bergamota ou de rosas, seu metal é o ouro
amarelo e o latão branco ou amarelo, seu número é
52 - A Umbanda no seu dia-a-dia

o 13, sua comida é batata doce cozida amassada com


mel e dendê colocadas em forma de cobra, sua bebida
é o aluá de oxumarê e vinho branco, sua fruta é uva
rosada, melancia, seu dia é sábado, é sincretizado com
São Bartolomeu. O arco-íris é o elemento da natureza
que representa Oxumarê.

OXÚM - Sua cor é o azul e branco, sua erva é


folha de colônia, oriri e lírios, seu símbolo é o espelho e
o coração, sua saudação é oraieieô, sua guia é de contas
azuis e brancas de cristal com firma azul, sua pedra é
a sodalita e a pirita, sua essência é angélica, seu metal
é o ouro amarelo, seu número é o 6 e o 8, sua comida
é o omolocum, feijão fradinho cozido refogado com
dendê camarão seco e cebola, sua bebida é o aluá de
oxum, sua fruta é melão, uva verde, seu dia é sábado,
é sincretizado com Nossa Senhora da Conceição.

IANSÃ - Sua cor é o amarelo ou coral, sua erva é


espada de iansã ou para raio, seu símbolo é o raio, sua
saudação é eparei oyá, sua guia é de contas amarelas
de louça ou cristal, sua pedra é o quartzo rosa, sua
essência é benjoim, seu metal é o bronze e o cobre,
seu número é o 7 e o 9, sua comida é acarajé feito com
feijão fradinho descascado e moído misturado com
cebola e camarão seco e fritos no dendê, mel ou azeite
doce, sua bebida é o aluá de iansã, sua fruta é a manga
rosa, seu dia é quarta-feira, é sincretizada com Santa
Bárbara.
Adriana de Oxalá - 53

YEMANJÁ - Sua cor é o branco cristal, sua


erva é santa luzia , rama de leite e colônia, seu símbolo
é o peixe e a estrela de cinco pontas, sua saudação é
odoiá eruiá yemonjá, sua guia é de cristal, sua pedra
é a pérola e a turquesa, sua essência é de jasmim, seu
metal é a prata e o ouro branco, seu número é o 10, o
7 e o 12, sua comida é o peixe assado ou cozido com
azeite doce camarão seco e cebola ou a canjica cozida
com mel e maçã em rodelas, sua bebida é o aluá de
yemanjá, sua fruta é a maçã, pêra e uvas verdes, seu
dia é sábado, é sincretizada com Nossa Senhora da
Glória.

NANÃ - Sua cor é o violeta ou roxo, sua erva é o


manjericão da folha roxa, folha de limão, seu símbolo
é o ibiri que ela traz na mão para afastar a morte, sua
saudação é saluba nanã boruquê, sua guia é de contas
de cristal roxa, sua pedra é a ametista, sua essência é
de limão, seu metal é o estanho e o bronze, seu número
é o 7 e o 21, sua comida é feijão preto cozido com
folha de taioba cebola e camarão seco, repolho roxo
cozido com arroz cebola e camarão seco, sua bebida é
o aluá de nanã, sua fruta é o limão e a laranja, seu dia
é sábado, é sincretizada com Santana.
54 - A Umbanda no seu dia-a-dia

OS SACRAMENTOS
DA UMBANDA

A Umbanda trabalha com alguns sacramentos


que são parecidos com os da Igreja Católica, que são:
casamento, funeral e batismo.

O casamento é realizado pelo guia chefe da


casa ou pelo sacerdote responsável pêlo Terreiro, e
não pertence só aos médiuns da casa, qualquer um
que deseje casar-se na Umbanda pode pedir este
sacramento.

O funeral é realizado pelo sacerdote do terreiro


e sofre alterações de acordo com a condição do morto,
se é iniciádo na Umbanda ou não.

O batismo é realizado sempre pêlo guia chefe do


terreiro e pode ser para crianças ou adultos e também
não se restringe apenas aos médiuns da casa.

Os outros sacramentos da Umbanda são


referentes aos graus de iniciação dos médiuns da casa,
são eles:

• Amaci: ritual de lavagem da cabeça do médium,


já desenvolvido, com ervas e outros elementos rituais,
que consiste na preparação da vibração deste médium
para encorporar o seu guia protetor de umbanda, que
se manifestará no ritual e dirá qual o trabalho que
aquele médium irá desenvolver na umbanda.

•Confirmação: ritual para médiuns que


Adriana de Oxalá - 55

completam 21 anos de idade carnal, e já pertencem a


umbanda e possuem o amaci.

•Deitadas: ritual em que o médium da casa é


recolhido com oferendas para o seu orixá e exús para
fortalecer a sua mediunidade.

•Feitura: ritual de iniciação na umbanda


que consiste em vários rituais de limpeza e em um
recolhimento, que pode variar de 3 a 7 dias, de acordo
com o orixá da pessoa, e saída do orixá principal e do
guia protetor do médium.

•Coroação: para médiuns já com feitura e


que possuem a missão de se tornarem zeladores de
umbanda.

Todos estes rituais são realizados pelo zelador


do terreiro acompanhado pelo pai pequeno da casa.
56 - A Umbanda no seu dia-a-dia

OS ORIXÁS

Orixás são elementos da natureza, cada orixá


representa uma força da natureza.Quando cultuamos
nossos orixás, cultuamos também as forças elementares
oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc.

Essa forças em equilíbrio produzem uma


enorme energia (axé), que nos auxilia em nosso dia
a dia, ajudando para que nosso destino se torne
cada vez mais favorável.Sendo assim, quando
dizemos que adoramos deuses, nós nos referimos
a estarmos adorando as forças da natureza, forças
essas pertencentes a criação do grande pai. Pai esse
conhecido por nós como “ólorum” (deus supremo).
No brasil, erroneamente diz-se que oxalá é o pai
maior. Na verdade oxalá é o mais velho* e respeitado
entre os orixás.A grande maioria das nações africanas
anterior a era cristã, conheciam a existência de ólorum
como grande criador, ser fundamental.Acreditamos
que nosso deus “é o todo”. E o todo é a natureza e seus
integrantes, (animais, vegetais,homens,planetas,etc.).

Nota: olorum está acima da vaidade pessoal e


de religiões que buscam sempre monopolizar o seu
poder.Nosso deus jamais pune seus filhos tão pouco
condena-os a fogueira eterna, também nunca os
entregou ao seu maior inimigo (satanás) após cometer
erros divinos chamado de pecados eternos, nosso deus
não destrói países e não aniquila civilizações de filhos
amados por ciúmes quando não adorado, amado ou
seguido...
Adriana de Oxalá - 57

Como pai, jamais deixaria de perdoar meus


filhos, tão pouco condenaria-os ao extermínio por
erros que cometem ou possam cometer.O verdadeiro
pai perdoa, ensina, ama e protege seus filhos.

Portanto nosso deus é um pai mais perfeito que


qualquer outro pai...

Como já havíamos comentado, nosso panteão


nada mais é que a junção das energias de todo os
elementos da natureza, cada elemento da natureza é
por nós representado por um orixá...

Aprendemos a sentir e manipular essas


energias individualmente através de cada orixá, os
filhos (iawos) nascidos sobre a influência do orixá
detém mais energia do seu influente que os filhos de
outros orixás.Exemplo: os filhos de ossain possuem
mais energia voltada para as curas e plantas do que os
filhos de oxum que possuem por sua vez mais energia
voltada a sentimentos, a magia etc.

Em resumo, quase todos os orixás tiveram uma


curta passagem pelo nosso mundo, após fatos heróicos
ou divinos, encantaram-se e retornaram ao orum
(céu), deixando para nós, segredos e ensinamentos,
encurtando a ligação do material ao espiritual. Ligação
essa, que nós preservamos e usamos não só para nós,
mas também para as pessoas que nos procuram,
mesmo sem ter ligações diretas com a religião.Em
nossa religião, é fundamental a integração com a
natureza, pois quanto maior o contato com a natureza,
maior seráseu desenvolvimento, sua energia, seu axé
58 - A Umbanda no seu dia-a-dia

e, portanto, maior será o cordão (elo) de ligação com


seu orixá aproximando mais de olorum(deus criador/
construtor de todo o universo.

Finalizando: energia = natureza; natureza =


orixá; orixá = poder.
Adriana de Oxalá - 59

Um pouco de História
SOBRE ORIXÁS

Na aurora de sua civilização, o povo africano


mais tarde conhecido pelo nome de iorubá, chamado
de nagô no Brasil e lucumi em Cuba, acreditava
que forças sobrenaturais impessoais, espíritos, ou
entidades estavam presentes ou corporificados em
objetos e forças da natureza. Tementes dos perigos
da natureza que punham em risco constante a vida
humana, perigos que eles não podiam controlar, esses
antigos africanos ofereciam sacrifícios para aplacar a
fúria dessas forças, doando sua própria comida como
tributo que selava um pacto de submissão e proteção e
que sedimenta as relações de lealdade e filiação entre
os homens e os espíritos da natureza.

Muitos desses espíritos da natureza passaram a


ser cultuados como divindades, mais tarde designadas
orixás, detentoras do poder de governar aspectos do
mundo natural, como o trovão, o raio e a fertilidade
da terra, enquanto outros foram cultuados como
guardiões de montanhas, cursos d’água, árvores e
florestas. Cada rio, assim, tinha seu espírito próprio,
com o qual se confundia, construindo-se em suas
margens os locais de adoração, nada mais que o
sítio onde eram deixadas as oferendas. Um rio pode
correr calmamente pelas planícies ou precipita-se
em quedas e corredeiras, oferecer calma travessia
a vau, mas também mostra-se pleno de traiçoeiras
armadilhas, ser uma benfazeja fonte de alimentação
piscosa, mas igualmente afogar em suas águas os que
nelas se banham. Esses atributos do rio, que o torna
60 - A Umbanda no seu dia-a-dia

ao mesmo tempo provedor e destruidor, passaram a


ser também o de sua divindade guardiã. Como cada
rio é diferente, seu espírito, sua alma, também tem
características específicas. Muitos dos espíritos dos
rios são homenageados até hoje, tanto na África, em
território iorubá, como nas Américas, para onde o
culto foi trazido pelos negros durante a escravidão e
num curto período após a abolição, embora tenham,
com o passar do tempo, se tornado independentes de
sua base original na natureza.

O contato entre os povos africanos, tanto em


razão de intercâmbio comercial como por causa das
guerras e domínio de uns sobre outros, propiciou a
incorporação pelos iorubás de divindades de povos
vizinhos, como os voduns dos povos fons, chamados
jejes no Brasil, entre os quais se destaca Nanã, antiga
divindade da terra, e Oxumarê, divindade do arco-
íris. O deus da peste, que recebe os nomes de Omulu,
Olu Odo, Obaluaê, Ainon, Sakpatá e Xamponã ou
Xapanã, resultou da fusão da devoção a inúmeros
deuses cultuados em territórios iorubá, fon e nupe. As
transformações sofridas pelo deus da varíola, até sua
incorporação ao panteão contemporâneo dos orixás,
mostra a importância das migrações e das guerras
de dominação na vida desses povos africanos e seu
papel na constituição de cultos e conformação de
divindades.

Dentro da cultura do Candomblé, o Orixá é


considerado a existência de uma “vida passada na
Terra”, na qual os Orixás teriam entrado em contato
direto com os seres humanos, aos quais passaram
Adriana de Oxalá - 61

ensinamentos diretos e se mostraram em forma


humana. Essa teria sido uma época muito distante
na qual o ser humano necessitava da presença física
dos Orixás, pois o ser humano ainda se encontrava
em um estágio muito primitivo, tanto materialmente
como espiritualmente.

Após passarem seus ensinamento voltaram


à Aruanda, mas deixaram na Terra sua essência e
representatividade nas forças da natureza.

O que é Orixá?

O planeta em que vivemos e todos os mundos


dos planos materiais se mantêm vivos através do
equilíbrio entre as energias da natureza. A harmonia
planetária só é possível devido a um intrincado e
imenso jogo energético entre os elementos químicos
que constituem estes mundos e entre cada um dos
seres vivos que habitam estes planetas.

Um dado característico do exercício da religião


de Umbanda é o uso, como fonte de trabalho, destas
energias. Vivendo no planeta Terra, o homem convive
com Leis desde sua origem e evolução, Leis que
mantêm a vitalidade, a criação e a transformação,
dados essenciais à vida como a vemos desenvolver-
se a cada segundo. Sem essa harmonia energética o
planeta entraria no caos.

O fogo, o ar, a terra e a água são os elementos


primordiais que, combinados, dão origem a tudo que
nossos corpos físicos sentem, assim como também são
62 - A Umbanda no seu dia-a-dia

constituintes destes corpos.

Acreditamos que esses elementos e suas


ramificações são comandados e trabalhados por
Entidades Espirituais que vão desde os Elementais
(espíritos em transição atuantes no grande laboratório
planetário), até aos Espíritos Superiores que
inspecionam, comandam e fornecem o fluido vital
para o trabalho constante de CRIAR, MANTER e
TRANSFORMAR a dinâmica evolutiva da vida no
Planeta Terra.

A esses espíritos de alta força vibratória


chamamos ORIXÁS, usando um vocábulo de
origem Yorubana. Na Umbanda são tidos como os
maiores responsáveis pelo equilíbrio da natureza.
São conhecidos em outras partes do mundo como
“Ministros” ou “Devas”, espíritos de alta vibração
evolutiva que cooperam diretamente com Deus,
fazendo com que Suas Leis sejam cumpridas
constantemente.

O uso de uma palavra que significa “dono da


cabeça” (ORI-XÁ) mostra a relação existente entre o
mundo e o indivíduo, entre o ambiente e os seres que
nele habitam. Nossos corpos têm, em sua constituição,
todos os elementos naturais em diferentes proporções.
Além dos espíritos amigos que se empenham em
nossa vigilância e auxílio morais, contamos com um
espírito da natureza, um Orixá pessoal que cuida do
equilíbrio energético, físico e emocional de nossos
corpos físicos.
Adriana de Oxalá - 63

Nós, seres espirituais manifestando-se em


corpos físicos, somos influenciados pela ação dessas
energias desde o momento do nascimento. Quando
nossa personalidade (a personagem desta existência)
começa a ser definida, uma das energias elementais
predomina – e é a que vai definir, de alguma forma,
nosso “arquétipo”.

Ao Regente dessa energia predominante,


definida no nosso nascimento, denominamos de
nosso Orixá pessoal, “Chefe de Cabeça”, “Pai ou Mãe
de Cabeça”, ou o nome esotérico “ELEDÁ”. A forma
como nosso corpo reage às diversas situações durante
esta encarnação, tanto física quanto emocionalmente,
está ligada ao “arquétipo”, ou à personalidade e
características emocionais que conhecemos através
das lendas africanas sobre os Orixás. Junto a essa
energia predominante, duas outras se colocam como
secundárias, que na Umbanda denominamos de
“Juntós”, corruptela de “Adjuntó”, palavra latina
que significa auxiliar, ou ainda, chamamos de
“OSSI” e “OTUM”, respectivamente na sua ordem de
influência.

Quando um espírito vai encarnar, são


consultados os futuros pais, durante o sono, quanto
à concordância em gerar um filho, obedecendo-se à
lei do livre arbítrio. Tendo os mesmos concordado,
começa o trabalho de plasmar a forma que esse
espírito usará no veículo físico. Esta tarefa é entregue
aos poderosos Espíritos da Natureza, sendo que
um deles assume a responsabilidade dessa tarefa,
fornecendo a essa forma as energias necessárias para
64 - A Umbanda no seu dia-a-dia

que o feto se desenvolva, para que haja vida. A partir


desse processo, o novo ser encarnado estará ligado
diretamente àquela vibração original. Assim surge
o ELEDÁ desse novo ser encarnado, que é a força
energética primária e atuante do nascimento.

Nesse período, os Elementais trabalham


incessantemente, cada um na sua respectiva área,
partindo do embrião até formar todas as camadas
materiais do corpo humano, que são moldadas até
nascer o novo ser com o seu duplo etérico e corpo
denso.

Após o nascimento, essa força energética vai


promovendo o domínio gradativo da consciência da
alma e da força do espírito sobre a forma material até
que seja adquirida sua personalidade por meio da
Lei do livre Arbítrio. A partir daí essa energia passa a
atuar de forma mais discreta, obedecendo a esta Lei,
sustentando-lhe, contudo, a forma e energia material
pela contínua manutenção e transformação, no sentido
de manter-lhe a existência.

A cada reencarnação, de acordo com nossas


necessidades evolutivas e carmas a serem cumpridos,
somos responsáveis por diferentes corpos, e para
cada um destes nossos corpos, podemos contar
com o auxílio de um Espírito da Natureza, um
Orixá protetor. É normalmente quem se aproxima
do médium quando estes invocam seu Eledá. Em
todos os rituais de Umbanda, de modo especial nas
Iniciações, a invocação dessa força é feita para todos
os médiuns quando efetuam seus Assentamentos,
Adriana de Oxalá - 65

meio de atração, para perto de si, da energia pura do


seu ELEDÁ energético e das energias auxiliares, ou
“OSSI” e “OTUM.

Eledá, Ossi e Otum formam a Tríade do


Coronário do médium na Umbanda.
66 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Orixás - Elementos Primordiais


E Suas Ramificações

Orixás Elemento Ramificação Cor Saudação


Oxalá Ar Ar Branco Epa babá
Iemanjá Água Salgada Branco/ Odô Yá
Azul
Nanã Água Chuva Roxo Saluba
Nanã
Oxum Água Doce Azul Ora Yeyê-
ô
Oxumarê Água Evaporação Verde/ Arrobobô
Amarelo
Ogum Fogo Ígneo Vermelho Ogum Yê
Ibeji Fogo Purificador Rosa / Oni
Azul Ibejada
Xangô Fogo Elétrico Marrom Kaô
Cabecile
Iansã Fogo Emoções Amarelo Eparrei
Oyá
Oxossi Terra Fauna Verde Okê Arô
Ossãe Terra Flora Verde/ Euê-a
Branco
Obaluaiê Terra Transfor- Branco/ Atotô
mação Preto

Os Elementais:

Entre esses espíritos de atuação dentro do


campo vibratório dos Orixás de comando, encontramos
aqueles que trabalham mais perto de nossa realidade,
relacionando-se de forma estreita com os elementos:
Adriana de Oxalá - 67

são os ELEMENTAIS. São os grandes artífices e


alquimistas que nos oferecem as pedras, as folhas,
as flores, a água, as forças da natureza. Eles estão,
muito perto de nós, atuando também nos trabalhos
dos Guias e da própria Umbanda como um todo.

Os Elementais se apresentam com forma


semelhante à humana. De acordo com a variação de
consciência e emoção produzem mudanças em sua
coloração e até mesmo em sua forma. Usam seu
corpo astral e quando necessário, até materializam
seu veículo etéreo. A forma astral, de acordo com
revelação e depoimento de videntes, consiste numa
aura esférica multicolorida energética. O veículo
etérico dessas entidades é que lhes permite um senso
de individualidade. Nas épocas de crescimento,
germinação e desenvolvimento dos vegetais, a
vitalidade e atividade desses seres aumenta pelo
contato maior com o mundo físico, tornando-os
mais visíveis aos médiuns videntes, quando não se
materializam temporariamente, dançando e brincando
como seres humanos.

No elemento Terra:

•Nas florestas, por exemplo temos as Dríades,


ligadas ao campo vibratório de Oxossi, possuem
cabelos compridos e luminosos, são de rara beleza e
trabalham diretamente nas árvores.

•Os Gnomos das árvores trabalham dentro do


duplo etérico das mesmas.
68 - A Umbanda no seu dia-a-dia

•As Fadas manipulam a clorofila das plantas,


estabelecendo a multiplicidade dos matizes e
fragrância das flores, formando as pétalas e brotos.
Estão associadas à vida das células da relva e outras
plantas.

•Os Duendes que cuidam da sua fecundidade,


das pedras e metais preciosos e semi-preciosos.

No elemento Água:

•Encontramos as Sereias que ficam perto dos


Oceanos, rios e lagos, de forma graciosa e energética.

•Nas cachoeiras estão as Ondinas, que muito


ajudam nos trabalhos de purificação realizados pela
Umbanda nas cachoeiras.

No Elemento Ar:

•Os Silfos que estão sob a regência de


Oxalá. Como as Fadas, se apresentam com asas,
movimentando-se com extrema rapidez.

No Elemento Fogo:

•As Salamandras são elementais do FOGO. Se


apresentam como correntes de energia ígnea, que se
precipitam, sem se afigurarem como seres humanos.
Atuam nas energias ígneas solar e do fogo em geral.
Adriana de Oxalá - 69

OS TRABALHOS DESENVOLVIDOS
NA UMBANDA

A Umbanda trabalha com sessões públicas,


onde os espíritos guias incorporam em médiuns pre-
parados e através da palavra de amor ajudam a todos
que os procuram.

Trabalha também com a magia para desfazer


encantos maléficos e para limpar a aura dos que pre-
cisam.

Todos os trabalhos desenvolvidos na


UMBANDA são executados pôr entidades guias
como caboclos, pretos velhos, crianças, boiadeiros e
exus, que são espíritos em evolução mais próximos a
nós do plano terrestre e guias orientais que trabalham
na cura de males físicos e espirituais.
70 - A Umbanda no seu dia-a-dia

O USO DAS VELAS

As velas tem sido, desde os tempos mais antigos,


fonte de luz e símbolo de conforto para o homem. Em
função de sua importância, as velas acabaram cercadas
de mitos e lendas, fato que ilustra a grande estima em
que foram tidas.

O homem pré-histórico começou a utilizar


a gordura dos animais que ele utilizava para a sua
alimentação, para iluminar a sua caverna.

Mais tarde, ele percebeu que no inverno, essa


gordura endurecia e era possível então, utilizá-la com
o uso de um pavio. Nasceu, deste modo, o que hoje
conhecemos como velas.

A caça à baleia, produzia uma quantidade


enorme de gorduras que passou a ser utilizada com
exclusividade na confecção de velas, chamadas
velas de espermacete. Com o crescimento da
industria petrolífera, passou-se a utilizar um de seus
subprodutos, a parafina, misturada com estearina,
para a confecção das velas.

A introdução das velas nos rituais religiosos,


deu-se quando o homem tentou afastar as trevas de
suas cavernas e tendo esta iluminada, podia ocupar-
se de render graças ao criador por uma boa caçada ou
uma colheita farta, e até mesmo pedir auxilio, bênção
ou perdão. A chama brilhando no escuro da caverna,
significava a própria presença de Deus, que nunca
deixaria de existir no coração dos homens.
Adriana de Oxalá - 71

Simbolicamente, a luz sempre representou


o poder do bem para a humanidade. Nos antigos
mistérios da antiguidade clássica, simbolizava a
sabedoria e iluminação.
A chama da vela era associada a alma imortal brilhando
nas trevas do mundo.

Das crenças sublimes como estas surgiu a


pratica de acender velas como arte mágica.
O uso das velas é um ritual simples e acessível a qual
religioso. O único pré-requisito para o ritual com uma
vela é a crença num Criador Supremo.
As velas funcionam como agentes focalizadores da
mente e auxiliam na concentração ou mentalização
(lembre-se: quando você sopra as velinhas do bolo de
aniversário e faz um pedido).

O uso das velas comuns, geralmente brancas,


na Umbanda, chegou até nós através da Igreja Católica
Tradicional, já que os altares católicos sempre foram
iluminados por velas, destacando-se a chamada
VELA DE QUARTA, que é confeccionada à mão, e
que além de conter outros produtos, contém também
a cera virgem de abelha, clarificada. Este tipo de vela
é ideal para qualquer trabalho e muito utilizada em
obrigações.

Com a divulgação das Sete Linhas de Umbanda


e as cores aplicadas a cada orixá, houve a procura de
velas nas cores dos respectivos orixás. Este fato surge
como uma deturpação do ritual original da Umbanda
já que no Candomblé usam-se velas exclusivamente
brancas e na Tenda Nossa Senhora da Piedade, até os
72 - A Umbanda no seu dia-a-dia

dias de hoje, usam-se apenas velas brancas.

Quando acendermos uma vela para determi-


nado orixá ou entidade, é necessário fazê-lo com bas-
tante firmeza, orando e se concentrando mentalmente
no pedido que irá fazer.

Para apagar uma vela não devemos soprá-la e


sim, usar dois dedos ou um abafador de velas.

As velas representam a LUZ DIVINA


UNIVERSAL. A energia nelas concentrada serve a
um determinado fim, ou seja, a compreensão de certas
leis. Quando um ritual ou cerimônia se completa,
não extinguimos a luz no sentido de destruirmos ou
eliminarmos a existência da chama da vela.

Quando apagamos uma vela com um abafador


ou com os dedos úmidos, simplesmente alteramos
sua manifestação concentrada. Fazemos com que os
pontos de luz das velas se fundam na energia total
da luz que existe em todas as partes. Quando a vela é
soprada, fica subtendida a intenção de desintegrá-la,
de fazer com que a luz não mais exista, mesmo em sua
forma invisível e vibratória.
Adriana de Oxalá - 73

Velas para as Almas:

As velas para as almas perturbadas devem ser


acesas numa igreja, capela, terreiro ou cruzeiro das
almas e nunca casa.

Velas para Orixás:

Oxalá: Vela branca

Inhaçã: Vela amarela, fazer pedidos para


negócios e problemas financeiros.

Cosme e Dmião: Vela cor de rosa fazer pedidos


para saúde, proteção de crianças e harmonização.

Iemanjá: Vela azul, fazer pedidos para gravidez,


harmonia no lar e proteção dos filhos e

Oxum: Velas azuis e Brancas

Oxosse: Vela verde, fazer pedidos para saúde e


abrir caminhos.

Ogum: Vela vermelha, fazer pedido para lutas


difíceis, demandas, proteção pessoal contra inimigos.

Xangô: Vela marrom, fazer pedidos para


justiça, negócios onde haja desonestidade, apaziguar
o mau gênio das pessoas, tolerância, paciência etc..

Nanã: Vela roxa, fazer pedidos para abrir


74 - A Umbanda no seu dia-a-dia

caminhos, paciência, persistência.

Abaluaiê: Vela preta e branca, fazer pedidos


para saúde.

Pretos-Velhos: Vela preta e branca, fazer


pedidos de ordem geral desde que não prejudiquem
ninguém.

Baianos: Vela amarela, fazer pedidos para abrir


caminhos, desentendimentos em geral

Caboclos: Velas Amarelas

Kaô do Oriente: (São João Batista): Vela cor


de rosa, fazer pedidos para doenças da cabeça
(inteligência, desequilíbrio mental ). Esta vela deve
ser acesa dentro de um triangulo riscado na terra ou
riscado no chão, com pemba.

Anjo da Guarda: Vela branca.


Adriana de Oxalá - 75

DEFUMAÇÕES

As defumações são rituais usados nos terreiros


e nas obrigações para eliminar maus fluidos. Pode-
se também usar este ritual para limpeza dos maus
fluídos de uma casa.

Pode-se utilizar os defumadores em cubo ou


defumadores que queimam em brazeiro ou ainda
aqueles que queimam sem brasas como o “Mãe
Maria”, para a operação de defumação utiliza-se um
turíbulo ou um incensador de barro.

Defumação em Geral

Fazer uma mistura de incenso, mirra, benjoim,


arruda, guiné, alfazema (bastante) e pó de sândalo
e adicionar num turíbulo ou incensador de barro,
contendo brasas.

Começar do fundo da casa para a frente,


passando em todos os cantos de cada cômodo, fazendo
uma oração ou cantando um ponto.

Para Harmonia e fartura

Usar café, açúcar, louro, arruda, alfazema,


mangericão e alecrim.
76 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Defumação com Tabletes

Usar 3, 5 ou 7 tabletes e passar pela casa.


Terminar de queimar na entrada.

Todas as sobras das defumações devem ser


descarregadas em água corrente.
Adriana de Oxalá - 77

O QUE FAZER COM UM


“DESPACHO” EM SUA PORTA?

Muitas vezes as pessoas tem nos questionado


a respeito dos “despachos” que aparecem em suas
portas. Daremos, a seguir, algumas orientações sobre
como proceder nestes casos.

Em hipótese alguma, tocar, diretamente, com


as mãos no despacho. Isto evita a absorção direta das
vibrações negativas.

Não jogar ruína, nem sal grosso, em cima do


despacho, pois esta atitude irá fixar ainda mais o
trabalho, já que o sal é um “elemento terra”.

No caso da pessoa em questão ser um médium


preparado, pede licença à sua entidade negativa e
pega diretamente com as mãos.

Se a pessoa for leiga, deve chamar um médium


preparado. Não sendo possível, deve envolver o
material num pano preto ou um saco de lixo preto e,
em ultimo caso, pode envolver o material em jornais.

Ou ainda use dois pedaços de madeira ou


envolva as mãos com pano preto.

Feito isso, levar tudo a um rio de corredeiras, o


mais rápido possível. Depois, lavar o local onde estava
o trabalho, com bastante água e, se possível, com um
pouco de amaci. Para finalizar, fazer uma banho de
defesa.
78 - A Umbanda no seu dia-a-dia

DATAS COMEMORADAS
NA UMBANDA

20-01 – São Sebastião – Oxose.

23-04 – São Jorge – Ogum.

13-05 – Pretos-Velhos.

24-06 – São João Batista –


Falange do Oriente.

26-07 – Sant’Ana – Nanã Buruquê.

15-08 – Nossa Senhora


da Glória – Iemanjá.

27-09 – São Cosme e


São Damião – Ibeijis.

30-09 – São Gerônimo – Xangô.

02-11 – Dia dos Mortos – Abaluaiê.

15-11 – Dia da Umbanda.

04-12 – Santa Bárbara – Inhaçã.

08-12 – Imaculada Conceição – Oxum.

25-12 – Natal de Oxalá.


Adriana de Oxalá - 79

PRINCIPAIS SÍMBOLOS
DOS ORIXÁS

OXALA:

INHAÇÃ:

ibeiji:
80 - A Umbanda no seu dia-a-dia

IEMANJA:

OXUM:

OXOSSE

OGUM
Adriana de Oxalá - 81

XANGÔ:

NANÃ:

abaluaiÊ:
82 - A Umbanda no seu dia-a-dia

OS PATUÁS

“QUEM NÃO PODE COM MANDIGA, NÃO


CARREGA PATUÁ”, diz uma antiga expressão,
hoje muito usada como sinônimo de outra que diz:
“QUEM NÃO TEM COMPETÊNCIA, NÃO SE
ESTABELECE”.

Na verdade, a busca do PATUÁ ou TALISMÃ,


é feita, principalmente, por quem se sente inseguro,
conseqüentemente, necessitado de maior proteção.

Comete engano quem acredita que a expressão


esteja se referindo á MANDINGA, como FEITIÇO,
EBO, “COISA FEITA” etc.

MANDINGA, é um grupo (ou nação) africana


do norte, que por sua proximidade com os árabes,
acabou por se tornar muçulmano, e sendo esta uma
religião fanatizante, seus adeptos tem verdadeiro ódio
aos que não aceitam ALÁ como DEUS, ou MAOMÉ
como seu profeta.

Com o desenvolvimento do tráfego de escravos,


muitos negros MANDINGAS vieram parar nas
Américas, vitimas que foram da ambição dos brancos.
Por serem os negros MANDINGAS muçulmanos,
muitos desses escravos sabiam ler e escrever em árabe,
além de conhecerem a matemática melhor do que os
brancos, seus senhores.

Este estado superior de cultura de um deter-
minado grupo negro, fez com que esses fossem tidos
Adriana de Oxalá - 83

como feiticeiros, passando a expressão “mandinga”, a


sinônimo de FEITIÇO.

Por outro lado, os negros que praticavam


o culto aos Orixás, eram vistos como infiéis pelos
negros muçulmanos. O branco, aproveitando-se dessa
rivalidade e, confiando aos MANDINGAS funções
superiores que os demais, fazia a animosidade entre
eles crescer. Os MANDINGAS não eram obrigados
pelos brancos, a ingerir restos de carne de porco, e
até mesmo permitiam que estes trouxessem trechos
do alcorão encerrados em pequenos invólucros de
pele pendurados ao pescoço. Geralmente eram os
MANDINGAS que acabavam ocupando o lugar de
CAÇADORES DE ESCRAVOS FUJÕES, os chamados,
“CAPITÃES DO MATO”.

Por isso, quando um negro pretendia fugir,


além de se preparar para lutar sem armas, através
da capoeira e do makulelê, ele deixava o cabelo
carapinha, de forma a parecer um MANDINGA, e
pendurava no pescoço um “PATUÁ”, de forma que
pensassem tratar-se de um MANDINGA, para não ser
perseguido. Todavia, se um verdadeiro MANDINGA
falasse com ele e o mesmo não soubesse responder em
árabe, o verdadeiro MANDINGA descarregaria todo
seu furor nesse infeliz negro fujão.

Daí nasceu a expressão: “QUEM NÃO PODE


COM MANDINGA, NÃO CARREGA PATUÁ”.

A vingança de quem se atravesse a portar um


falso objeto considerado sagrado pelo muçulmano,
84 - A Umbanda no seu dia-a-dia

era qualquer coisa de terrível. Mais tarde, porém,


o habito de utilizar PATUÁS entre os negros, foi se
generalizando, pis estes acreditavam que o poder
dos MANDINGAS era devido; em grande parte,
aos poderes do PATUÁ. Por outro lado, os padres
também utilizavam, e ainda hoje utilizam, crucifixos
e medalhas, agnus dei etc, que depois de benzidos
a maioria das pessoas acreditam que possam trazer
proteção aos devotos nelas representados.

Na verdade, o uso do TALISMÃ se perde na


origem do tempo e confunde-se com a própria historia
do homem.

Nos primeiros Terreiros de Candomblé que se


organizavam, era comum o pedido de PATUÁ por
parte dos simpatizantes, e até mesmo por aqueles
que temiam o culto afro, pois dizia-se que o PATUÁ
poderia até mesmo neutralizar trabalhos de MAGIA
NEGRA.

Mas afinal o que é Patuá

O PATUÁ é um objeto consagrado que traz em


si o ACHÉ, a FORÇA MÁGICA do ORIXÁ, do Santo
católico ou Guia de Luz, à quem ele é consagrado.

Entre os católicos, já era hábito usar um


fragmento de qualquer objeto que houvesse pertencido
a um Santo, ou um Papa, até mesmo fragmento de
ossos de um mártir, ou lascas de uma suposta cruz
que teria sido a de Cristo. Até mesmo terra era trazida
pelos cruzados que voltavam da Terra Santa, e que
Adriana de Oxalá - 85

utilizavam nesses relicários, considerados poderosos


amuletos, que deveriam atrair bons fluidos e proteger
dos azares. Estes eram chamados de RELICÁRIOS.

Nome de RELICÁRIO, é originário do latim:


RELICARE-RELIGAR, que acabou formando a
palavra RELÍQUIA.

Logo, o Clero percebeu que não poderia impedir


o uso dos PATUÁS pelos negros que o tiravam antes
de entrar na igreja, mas voltavam a usá-los ao afastar-
se delas. Decidiram então, substituir o PATUÁ
africano, (o autêntico) que trazia trechos do alcorão,
por outro que trazia orações católicas, medalhas
sagradas, agnus de (uma espécie de medalha com o
formato de coração, que abre-se ao meio e encontram-
se as figuras de Jesus e Maria, ou ainda, símbolos da
igreja tradicional).

Com a formação dos primeiros templos de


Umbanda, a possibilidade de um contacto mais
estreito com diversas entidades espirituais, as pessoas
que buscavam proteção, começaram a encontrar nesse
objetos sagrados, um apoio (era algo material que
continha a força mágica vibratória da entidade que a
trabalhara, e que o crente poderia ter sempre consigo).
A partir daí, as Entidades de Luz passaram a orientar
sua elaboração, indicando quais os objetos que seriam
incluídos na confecção do PATUÁ, e como se deveria
proceder com elas, para que recebessem o seu ACHÉ,
isto é, a FORÇA MÁGICA.

Os ingredientes geralmente mais utilizados


86 - A Umbanda no seu dia-a-dia

para a confecção dos PATUÁS, são os seguintes:

- Figas de Guiné, Cavalos Marinhos, Olho de


Lobo (raros e caros), Estrela de Salomão (signo de
salomão), Estrela da Guia, Cruz de Caravaca, Couro de
lobo, Pelo de Lobo, Santo Antônio de Guiné, Imagens
de Exu e Pomba Gira de Guiné, Pontos Diversos,
Orações, Semente variadas, Imãs etc...

Não nos esqueçamos que essas coisas singelas


não tem nenhum valor se não forem preparadas pelas
entidades incorporantes, somente estas podem dar o
ache do PATUÁ.

Modo de Preparar:

A pessoa reúne os ingredientes solicitados pela


entidade e os leva ao Templo. Quando forem cantados
os pontos para as entidades e os da defumação, deve
descobri-los, defumando-os.

Quando a entidade estiver incorporada, a


pessoa apresenta-lhe os objetos para que ela lhe dê
a benção. Anexo, a pessoa deve levar o nome, por
extenso, a data do nascimento, e outras informações
que digam respeito á pessoa que vai usá-lo, se
possível, o nome do Orixá que rege o destino deste
Filho de Fé etc. a entidade manifestada fará então,
mais comumente chamado de “CRUZAMENTO DOS
OBJETOS”, seguindo a ordem em que os pediu.

Após o cruzamento (ou benção) da entidade,


Adriana de Oxalá - 87

os objetos são encerrados em um pequeno saquinho


preparado para recebê-los, e entregue ao Filho da
Fé, que deverá pegá-lo pela primeira vez, com a mão
direita e levá-lo à altura do coração por algum tempo.
Se for possível, deve transportá-lo de preferência junto
ao coração.

Patuás de Exu:

Pessoas que se acreditam muito expostas às


influencias negativas, costumam pedir proteção
às entidades negativas, objetos similares, mas que
tenham sido consagradas por Exus e Pombas Giras.

O mesmo se aplica por aquelas que


pretendem favores dessas mesmas entidades, favores
freqüentemente escusos.

É costume procurar-se a ajuda de Exus e Pomba


Giras em negócios amorosos e comerciais, quando
esses não são legais.
88 - A Umbanda no seu dia-a-dia
Adriana de Oxalá - 89

FUNDADOR DO PRIMEIRO
TERREIRO DE UMBANDA

Zélio Fernandino de Moraes

Não é o esforço de uma ou outra pessoa e


sim o de tantos que deram suas vidas pela caridade
que realmente mostra resultados na missão de unir
os irmãos umbandistas. Podemos começar citando o
próprio Zélio de Moraes, fundador da Umbanda com
o Caboclo das Sete Encruzilhadas. A história começa
com ele mesmo, pois foi com a orientação do Caboclo
das Sete Encruzilhadas que em 1939 foi fundada a
primeira “Federação Espírita de Umbanda” do Brasil.
90 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Com este ideal de união se realizou em 1941 o Primeiro


Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda,
também por orientação desse mesmo mentor e da lá
pra cá vem crescendo muito, tanto o numero de fieis,
quanto os conhecimentos adquiridos.

Por ocasião desse evento foi publicado um livro,


em 1942, que leva como título o nome do congresso,
contendo tudo o que foi registrado antes, durante e
depois do encontro

Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos


de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao plano
espiritual em 03 de outubro de 1975, com a certeza de
missão cumprida.

Embora não seguindo a carreira militar para a


qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o
permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da
religião sua profissão. Trabalhava para o sustento
de sua família e diversas vezes contribuiu financei-
ramente para manter os templos que o Caboclo das
Sete Encruzilhadas fundou, além das pessoas que se
hospedavam em sua casa para os tratamentos espiri-
tuais, que segundo o que dizem parecia um albergue.

Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém
era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vez-
es isto ser oferecido a ele.”
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Allan Kardec

Codificador do Espiritismo

“A felicidade depende das qualidades próprias


do indivíduo e não do estado material do meio em
que se acha.”
92 - A Umbanda no seu dia-a-dia


Adriana de Oxalá - 93

CHICO XAVIER

Frases e Pensamentos de Chico Xavier

Deus nos concede, a cada dia, uma página de


vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos
nela, corre por nossa conta.

O sentimento de ódio é um processo de auto-


obsessão.
94 - A Umbanda no seu dia-a-dia

Deixe algum sinal de alegria, onde passes.

A criança desprotegida que encontramos na


rua não é motivo para revolta ou exasperação, e sim
um apelo para que trabalhemos com mais amor pela
edificação de um mundo melhor.

A desilusão de agora será benção depois.

A desilusão é a visita da verdade.

A repercussão da prática do bem é


inimaginável... Para servir a Deus, ninguém necessita
sair do seu próprio lugar ou reivindicar condições
diferentes daquelas que possui.

A verdade que fere é pior do que a mentira que


consola.

A vida, como a fizeres, estará, contigo em


qualquer parte.

A árvore nascente aguarda-te a bondade e a


tolerância para que te possa ofertar os próprios frutos
em tempo certo.

Agradeço todas as dificuldades que enfrentei;


não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As
facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as
críticas nos auxiliam muito

Ah... Mas quem sou eu senão uma formiguinha,


das menores, que anda pela Terra cumprindo sua
Adriana de Oxalá - 95

obrigação!

Ambiente limpo não é o que mais se limpa e


sim o que menos se suja.

Em qualquer dificuldade, não nos esqueçamos


da oração... Elevamos o pensamento a Deus,
procurando sintonia com os Espíritos bons.

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um


novo começo, Qualquer Um pode Começar agora e
fazer um Novo Fim.

Estou convencido de que todos os políticos,


sejam eles quais forem, merecem o nosso respeito e a
nossa cooperação para serem para nós aquilo que nós
esperamos deles.
96 - A Umbanda no seu dia-a-dia

O Editor indica e sugere a leitura dos livros


abaixo, onde se encontram diversos temas e assuntos
relacionados a esta obra:

Antigo livro de São Cipriano


o Gigante e verdadeiro Capa de Aço

Livro de São Marcos e São Manso

Cruz de Caravaca, Orações poderozas

São Cipriano - Capa Preta

O Poderoso livro de Preces e Orações

Feitiços para prender seu Amor

Magias para atrair Riquezas

Saravá Seu Tiriri

Como desmanchar trabalhos e feitiços

Os segrdos da Salamandra

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