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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

Instituto de Química e Biotecnologia


Curso: Química Tecnológica e Industrial

QUIT37 -Operações Unitárias


Profªs. Martha S. R. Santos Rocha e Lívia M. O. Ribeiro

Maceió-AL, 29 de Janeiro de 2018.


PROPRIEDADES DOS
SÓLIDOS PARTICULADOS
SÓLIDOS
PARTICULADOS
 Indústria química: presença das
partículas sólidas é uma constante, seja
ao nível de matérias-primas ou dos
produtos.

 Exemplos:
 Produção de polímeros
(PVC,polietileno, poliestireno,etc.);
 Produção de cimento;
 Produção de materiais cerâmicos;
 Produção de fertilizantes;
 Indústria alimentícia;
2
 Indústria farmacêutica;
 Indústria de cosméticos.
O QUE É UM SÓLIDO
PARTICULADO?
U m m a t eria l c o m p o s t o d e p a r t íc ulas s ó lid a s
d e t a m a n h o reduzido.

O tamanho pequeno
das partículas pode
ser:

U ma característica D e c o r re n te d e u m
n a tu ral do material. p r o c esso p r é v io d e
3
f r a g me n ta ç ã o .
IMPORTÂNCIA Redução de
tamanho

F lu id iza ç ã o

O conhecimento das p r o p r i e d a d e s Tr a n s por te


dos só lido s particulados é Pneumático
fundamental par a o estudo de
muitas o p era çõ es u n i t á r i a s . C e n t r ifu gação

Decantação
S e d i m e n ta ç ã o

Filtração 4
D e u m modo geral, as propriedades dos sólidos
particulados se dividem e m duas categorias:

1)As que c a r a c t e ri za m as p a r t í c u l as
i ndivi dualme nt e : forma, dureza, densidade, calor
específico, condutividade.

2)As que c a r a c t e ri za m o leito poroso form ado pelo


sólido granular: porosidade, densidade aparente,
permeabilidade, ângulo de repouso natural.

A propried ade passa a ser u m a característica


do conjunto de partículas e não mais do 5

sólido e m si.
TAMANHO DE PARTÍCULAS
Granulometria é o termo usado para caracterizar o
tamanho das partículas de um material.

Pós 1 μ m a t é 0,5 m m

Sól i dos
D is t in g u e m -se Gran u la re s 0,5 a 10 m m
pelo tamanho.
E x i s t e c i n c o ti pos Bl oc os 1 a 5 cm
d e sól i dos Pequenos
particulados: Bl oc os M é di os 5 a 15 c m
6
Bl oc os > 15 c m
Gran d e s
COMO PODEMOS OBTER
ESSES TAMANHOS?
Métodos diretos
 Microscópico
 Peneiramento

Métodos indiretos Métodos que se baseiam na


 Decantação medida da velocidade de
 Elutriação queda livre das partículas
 Centrifugação num fluido.

A força gravitacional é substituída 7

por uma força centrífuga!


COMO PODEMOS OBTER
ESSES TAMANHOS?
Métodos diretos
Microscópico
Usa-se o método de Rosiwal – consiste em
ir virando a partícula sobre u ma lâmina
microscópica e quadriculada. Tira-se a
média de 100 partículas e depois
compara com a média de 200 para
verificar o resultado.

Peneiramento

Consiste em fazer passar as partículas através de malhas


progressivamente menores, até que ela fique retida. O tamanho
da partícula estará compreendido entre a medida da malha que8 a
reteve e a da imediatamente anterior.
COMO PODEMOS OBTER
ESSES TAMANHOS?
Métodos indiretos
 Decantação
O material é posto em suspensão que se deixa em repouso
durante um certo tempo, daí mede-se a distância que os
sólidos decantados desceram. A velocidade é obtida
dividindo-se a distância pelo tempo, e a partir do valor
achado, calcula-se o tamanho da partícula pela Lei de Stokes
(regime viscoso e partículas esféricas).
 Centrifugação

Segue o mesmo princípio que o anterior porém, a força


gravitacional é substituída pela força centrífuga, que é muito
maior. É útil principalmente quando as partículas são muito
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pequenas e, por consequência, têm uma decantação natural
muito lenta.
COMO PODEMOS OBTER
ESSES TAMANHOS?
 Elutriação
É uma “decantação ao contrário”. A suspensão é mantida em
escoamento ascendente através de um tubo. Variando-se a
velocidade do escoamento descobrirá a velocidade de
decantação do material.

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MATERIAIS COM PARTÍCULAS
UNIFORMES

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MATERIAIS COM PARTÍCULAS DE
TAMANHO UNIFORMES
 O tamanho da partícula de um material uniforme deve
ser definido pela dimensão linear de maior importância.
Partículas esféricas = d i â m e t r o
Partículas cúbicas = com pri mento d a a r e s t a
 Partículas de outras formas geométricas ou irregulares:
uma dimensão deverá ser arbitrariamente escolhida.

Geralmente a
di m ensão abai xo d a
m ai o r
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CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
o Seja D o tamanho característico da partícula, obtido
por qualquer dos métodos citados. Esta dimensão será
o diâmetro, mesmo que a partícula não seja esférica.
 Estabelecida essa dimensão linear, importantes
características do m a t e r i a l podem ser determinadas
em função de D:
Superfície externa da partícula (s): s = aD 2

O valor do parâmetro a depende da forma da partícula:


Para a esfera: (D = diâmetro) s = πD 2 , portanto a = π ;
Para o cubo: (D = aresta) s = 6D 2 , portanto a =6. 13
CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Volume da Partícula (V): V = bD 3

O parâmetro b também depende da forma da partícula:


Para a esfera: V = π D3 /6, portanto b = π /6;
Para o cubo: V = D 3 , portanto b = 1.

Fator de forma da partícula (λ): λ = a/b


Para cubos e esferas: λ = 6

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CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Esfericidade (Φ)
A forma de uma partícula pode ser expressa pela
esfericidade (Φ), que mede o afastamento da forma
esférica.
Por definição:
área da sup erfície da esfera de igual volume da partícula

área da sup erfície da partícula real

Substituindo e 15

arrumando temos:
CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Esfericidade (Φ): 0   1
Logo:
= 1 para uma partícula esférica;
< 1 para qualquer outra forma.
Esfericidades Típicas

- Pó de vidro moído: 0,65


- Carvão natural (até 10mm): 0,65
- Cortiça: 0,69
- Carvão pulverizado: 0,73
- Fuligem: 0,89 16
- Areia média: 0,75
CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Número de partículas da amostra (N)
𝑽𝒂𝒎𝒐𝒔𝒕𝒓𝒂 𝒎/ 𝝆 𝒎 𝒎
𝑵= 𝑵=
= = 𝒃𝑫𝟑𝝆
𝑽𝒑𝒂𝒓𝒕í𝒄𝒖𝒍𝒂 𝒃𝑫𝟑 𝒃𝑫𝟑𝝆

Superfície externa total (S)


𝒎 𝝀𝒎
𝑺= 𝒔𝑵= 𝒂𝑫𝟐 =
𝒃𝑫𝟑𝝆 𝑫𝝆

Superfície específica (S/M)


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𝑺 𝝀
=
𝑴 𝑫𝝆
CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Porosidade (ε)
É definida como a relação entre o volume 𝑽𝑽
de vazios (ou poros) e o volume total ε =
𝑽𝑻
(partículas e vazios) da amostra:
o Forma das partículas e granulometria: variáveis mais
importantes na determinação da porosidade;

o Quanto mais a partícula se afasta da form a esférica,


mais poroso será o leito;

o Valores aproximados de porosidade podem ser obtidos


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pelas relações entre porosidade e esfericidades:
CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Porosidade (ε)

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Quanto MAIOR a esfericidade MENOR a porosidade.


CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Densidade aparente (ρ A )

o É a densidade do leito poroso, ou seja, a massa por


unidade de volume do sólido particulado.

o Pode-se calcular por meio de um balanço de massa a


partir das densidades do sólido e do fluido, que
muitas vezes é o ar.

Onde:
𝝆𝑨 = 𝟏− 𝜺𝝆𝑺+ 𝜺𝝆 ρS = massa específica do sólido;
ρ = massa específica do fluido. 20
CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Dureza
Esta propriedade costuma ter dois significados.
o Nos plásticos e metais corresponde a resistência ao
corte;
o Nos minerais é a resistência que eles oferecem ao
serem riscados por outros sólidos.

A escala de dureza que se emprega neste último caso é a


de Mohs, que vai de 1 a 10 e cujos minerais
representativos são os seguintes:

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CARACTERÍSTICAS DAS
PARTÍCULAS
Ângulo de repouso
É o ân gulo formado pela
superfície da pilha de
material com a horizontal.
Fragilidade

Mede-se pela facilidade à fratura por torção ou


impacto. Muitas vezes não tem relação com a
dureza. Os plásticos são moles, mas não são
frágeis.
Aspereza
2
Determina a maior ou menor dificuldade de
escorregamento das partículas.
MATERIAIS HETEROGÊNEOS

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MATERIAIS HETEROGÊNEOS
 O material terá que ser separado em frações com partículas
uniformes por qualquer u m dos métodos citados;

 U ma das técnicas mais simples e diretas p ara a determinação da


distribuição de tamanho de u m a amostra de partículas é a a n á l is e
d e p e n eira s ;

 Operação conhecida como a n á l i s e g r a n u l o m é t r i c a : passar o


material através de peneiras padronizadas quanto à abertura das
malhas (mesh) e à espessura dos fios de que são feitas, formando
u m a série com abertura de malhas cada vez mais finas;

 M a l h a de u m a peneira: número de aberturas por unidade


linear de comprimento;
4
 Análise granulométrica: aplicável a partículas de diâmetros entre
7 c m e 40 μ m .
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
 Há diversas séries de peneiras, a mais
comumente utilizada no Brasil é a
Série d e Tyler.

 A série Tyler p a d r ã o consta de


quatorze peneiras e tem como base
uma peneira de 200 malhas por
polegada linear (200 mesh), feitas com
fios de 0,053 mm de espessura, o que
dá uma abertura livre de 0,074 mm.

 As demais peneiras da série,


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apresentam 150, 100, 65, 48, 35, 28,
20, 14, 10, 8, 6, 4 e 3 mesh.
26
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
 Essas peneiras formam uma malha quadrada com
aberturas que crescem na proporção 𝟐.
Exemplificando: quando se passa de uma peneira de
200 mesh para a de 150 mesh, a área da abertura é
multiplicada por dois e, portanto, o lado da malha é
multiplicado por 2.

 Na série Tyler com pl eta existem suficientes peneiras


para que a razão seja 4 2
Em geral, não é aconselhável
determ inar a distribuição
granulométrica com intervalos tão 27

estreitos.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
COMO É FEITA A ANÁLISE GRANULOMÉTRICA?
 As peneiras selecionadas são
empilhadas na ordem decrescente da
abertura das malhas, e colocadas sobre
um agitador;

 A amostra é colocada na peneira


(superior) mais grossa utilizada no
ensaio;
 Abaixo da última peneira há uma panela
que recolhe a fração contendo as
partículas mais finas do material e que 28
conseguem passar através de todas as
peneiras da série.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
 Após certo tempo, previamente determinado, retira-se e
pesa-se o material retido em cada uma das peneiras do
sistema, calculando as frações em peso, usando a
expressão:

Esta fração poderá ser caracterizada de duas


maneiras:

1) Como a fração que passou pela peneira i-1 e ficou


retida na peneira i. Se estas forem as peneiras 14 e
20, respectivamente, será a fração 14/20 ou –14+20;
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
2) Como a fração
representada pelas
partículas de diâmetro
igual a média aritmética
das aberturas das
malhas das peneiras i e
i-1. No caso que estamos
exemplificando, será a
fração com partículas de
tamanho:

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ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

Registrados numa Tabela e representados graficamente


na forma diferencial ou na forma acumulativa dos
incrementos, retidos (grossos), ou que passam (finos).

Análise Granulométrica Diferencial (AGD): Indica o


intervalo de variação dos diâmetros e as dimensões
predominantes na amostra;

o A fração retida do sólido (Δφ) é relacionada com o


diâmetro médio das partículas (Di);
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
Análise Granulométrica Diferencial (AGD)

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ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
Análise Granulométrica Acumulada (AGA)

 Análise granulométrica acumulada de grossos ou


retidos (AGAR)
o A fração acumulada retida em cada peneira i, se
calcula somando a fração retida na peneira i às
frações retidas em todas as peneiras anteriores.

 Análise granulométrica acumulada de finos


(AGAF)
o Representa a fração da massa total da amostra
ensaiada que consegue passar pela peneira i, ou
seja, a fração da massa total que é formada por
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partículas mais finas que Di.


ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
Análise Granulométrica Acumulada
(AGA)
CÁLCULOS BASEADOS NAS ANÁLISES
GRANULOMÉTRICAS DIFERENCIAIS
Número de partículas das amostras

Superfície externa das partículas

λ - fator de forma da partícula

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CÁLCULOS BASEADOS NAS ANÁLISES
GRANULOMÉTRICAS DIFERENCIAIS
Os principais diâmetros médios, utilizados para
descrever um a amostra são:

Diâmetro médio aritmético ( ): É o diâmetro da


partícula de tamanho médio. Multiplicando o diâmetro
desta partícula pelo nº total de partículas, obteremos a
soma de todos os diâmetros da amostra.

É importante no estudo da
filtração de partículas
sólidas através de malhas ou
tecidos.
CÁLCULOS BASEADOS NAS ANÁLISES
GRANULOMÉTRICAS DIFERENCIAIS
Diâmetro médio superficial ( )
É o diâmetro da partícula de superfície externa média, que
é a partícula cuja superfície externa, ao ser multiplicada
pelo número de partículas da amostra, fornece a superfície
externa total.

É importante pa ra caracterizar materiais cuja atividade depende da


superfície externa como catalisadores sólidos; é apropriado pa ra o estudo do
escoamento de fluidos através de leitos porosos; energia de moagem.
CÁLCULOS BASEADOS NAS ANÁLISES
GRANULOMÉTRICAS DIFERENCIAIS
Diâmetro médio volumétrico ( )

É o diâmetro da partícula de volume médio. Multiplicando


o volume desta partícula pelo número de partículas da
amostra, obtém-se o volume total do sólido.

É importante no estudo da distribuição de gotículas em nebulizadores e em


leitos fluidizados.
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