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Monografia Jenifer Satie Vaz Ogasawara PDF
Monografia Jenifer Satie Vaz Ogasawara PDF
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
Salvador
2009
1
Salvador
2009
2
Contém referências.
CDD: 370.157
3
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AGRADECIMENTOS
À Deus, por ser “a força estranha que me leva a cantar”. Acreditar em ti faz tudo ter
sentido na minha vida.
Aos meus pais, Teruake e Mauricélia, por tudo que fazem e sempre fizeram por mim.
Obrigada por me conduzirem a cada conquista e por me incentivarem a ter sempre
novos sonhos e me estruturarem a persisti-lo até o alcance.
Aos meus irmãos, pessoas com as quais compartilho cotidianamente a minha vida.
Agradeço por acreditarem em mim e vibrarem com as minhas conquistas.
Aos meus amigos, por serem o outro alicerce forte da minha vida. Todos os
momentos vividos com vocês sempre valem a pena.
À Newton, por todo o amor e admiração. Agradeço também pela paciência de estar
ao meu lado pacientemente em muitos momentos de escrita. Olhar para você e vê-lo
fazer palavras cruzadas enquanto eu “monografava” deixava cada vez mais claro o
seu companheirismo.
À Rita, apesar de ter desmarcado algumas páginas, por ter tido o cuidado de
arrumar o meu espaço de estudo sem perder nenhum dos meus papéis, seja de
textos ou de anotações.
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 8
2 APRENDIZAGEM SEGUNDO SKINNER 11
2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS 11
2.2 APRENDIZAGEM 16
2.3 O PAPEL DO PROFESSOR 17
3 APRENDIZAGEM SEGUNDO VYGOTSKY 21
3.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS 21
3.2 APRENDIZAGEM 23
3.3 O PAPEL DO PROFESSOR 27
4 METODOLOGIA 30
4.1 DELINEAMENTO DE ESTUDO 30
4.2 COLETA DE DADOS 30
4.3 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 31
5 DIALOGANDO COM AS TEORIAS DE SKINNER E
VYGOTSKY 32
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFERÊNCIAS 43
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1 INTRODUÇÃO
Reafirmando essa idéia, Cunha (1998) expõe que “o que se observa no dia-a-dia
das salas de aula é que os professores possuem uma capacidade insuperável para
transformar os pressupostos de qualquer ciência da educação e adequá-los às suas
características e possibilidades pessoais”.
Skinner morreu em 1990, aos 86 anos, possuindo assim uma carreira científica de
60 anos. Escreveu inúmeros artigos e livros sobre as pesquisas realizadas durante
toda a sua vida acadêmica, deixando um grande legado para a Psicologia
Contemporânea.
Pavlov doutorou-se no ano de 1883 em Medicina, tendo como tema dos seus
estudos iniciais a farmacologia, mas abandonou rapidamente passando a
desenvolver estudos fisiológicos começando pelas influências do sistema nervoso
sobre o coração e depois sobre a digestão. Ao estudar o processo digestivo dos
animais, inventou um aparelho que media a saliva dos cães ao receberem o
alimento. Com essa máquina, acabou descobrindo que a saliva dos animais era
produzida antes do recebimento da alimentação. Buscando investigar essa
descoberta, Pavlo v montou um experimento específico para o estudo da reação
salivar do animal. Tal experimento consistia em apresentar um som segundos antes
da entrega de um alimento (carne em pó), que ao entrar em contato com a boca
produzia saliva. Após inúmeras repetições desse procedimento, foi percebido que o
cão salivava apenas com a apresentação do som, o alimento não era mais
apresentado e, ainda assim, ocorria a salivação do animal. Pavlov denominou essa
reação produzida de reflexo condicionado e o processo que o originou de
condicionamento respondente, hoje conhecido também como condicionamento
clássico. (MILHOLLAN; FORISHA, 1978).
Com o intuito de aprofundar ainda mais seus estudos, Pavlov fez mais
procedimentos com o cão previamente condicionado. Assim, descobriu que,
diferentemente do que ocorre com um comportamento reflexo, o reflexo
condicionado pode ser extinto, uma vez que seja apresentado inúmeras vezes sem
o aparecimento do estímulo incondicionado, representado no experimento pelo som.
Outra descoberta feita por Pavlov foi o que ele chamou de recuperação espontânea,
ou seja, um cão mesmo depois de passar por um procedimento de extinção pode
14
Watson surge em 1913 com o objetivo de propor uma mudança na análise do objeto
de estudo da psicologia, escrevendo Psychology as the Behaviorist Views it,
publicado no ano mencionado. Nesse manifesto, Watson propunha que o objeto de
estudo dessa ciência fosse o comportamento humano, rejeitando todas as
“entidades” mentalistas (SKINNER, 2006). Essa mudança proposta por Watson
ocorreu pelo fato de que, no contexto da época, o foco de análise da Psicologia era
a mente ou as estruturas mentais. Ao tentar trazer modificações para um campo
científico, este autor acabou por criar muita polêmica na sociedade cientifica da
época, recebendo muitas críticas e também incentivos. Estes últimos vinham do
grupo científico que apontava a necessidade da Psicologia de enquadrar-se nas
ciências naturais. Segundo Carrara (2005), o contexto cultural norte -americano da
época clamava por uma objetivação da Psicologia. Alguns autores tentaram
estruturar essa mudança, mas foi Watson quem acabou por elucidar da melhor
forma tais mudanças.
Devido à atenção dada à definição de uma metodologia científica, essa primeira fase
do behaviorismo encabeçado por Watson é hoje conhecida como behaviorismo
metodológico.
Visto isso, pode-se perceber que o behaviorismo radical adota uma postura
diferenciada em relação ao que deve ser observado por uma posição behaviorista.
Outro ponto de diferença exposto por Skinner é a aceitação da auto-observação –
este apenas questiona a fidedignidade dessa informação. Skinner (2006) afirma que
uma pessoa pode observar o funcionamento do seu corpo, o que não garante que
esteja fazendo uma descrição da fisiologia do mesmo e tampouco que explique a
causa do seu comportamento. Ainda fez parte da obra desse autor a corroboração
da importância da busca pela causalidade dos comportamentos e valorizou, ainda
mais, o estudo do ambiente.
todos os seus exercícios. A criança, então, passa a realizar suas tarefas. Nesta
situação houve reforçamento, já que a criança passou a fazer o dever de casa, mas
este reforço foi negativo, uma vez que se retira algo do ambiente para que ocorra o
aumento da freqüência do comportamento desejado.
2.2 APRENDIZAGEM
De acordo com as idéias de Skinner (2005), pode-se dizer que aprendizagem é uma
mudança na probabilidade da resposta, devendo especificar as condições sob as
quais ela acontece. É importante salientar que o mesmo autor garante ainda que a
execução de um comportamento é essencial mas não é isso que afirma a existência
de uma aprendizagem. Assim, é necessário que se saiba a natureza do
comportamento , bem como, entenda-se o seu processo de aquisição.
Percebe-se, com isso, que, para este autor, o grande foco dos estudiosos da
aprendizagem não devem ser as ações que os indivíduos emitem em si, mas sim as
contingências do qual o comportamento é função. Tentando elucidar sua idéia,
Skinner (1972, p.4) expõe que “Três são as variáveis que compõem as chamadas
contingências de reforço, sob as quais há aprendizagem: (1) a ocasião em que o
comportamento ocorre, (2) o próprio comportamento e (3) as conseqüências do
comportamento”.
Skinner aponta que um dos grandes problemas do ensino atualmente está em criar
condições favoráveis para as conseqüências do comportamento. Para que o
18
Para Skinner, o uso das máquinas cessa com o problema da contigüidade do reforço
e permite que cada aluno tenha o seu tempo respeitado, podendo cada criança ter
um trabalho mais individualizado possível. Este autor expõe também os benefícios
que o uso das máquinas trariam ao professor e a forma como deve comportar-se
com este novo instrumento em sala de aula. Esta relação do uso de tal instrumento
com o professores será descrita no tópico seguinte .
rapidamente do que quem não é” (SKINNER, 1972, p. 4). Fica claro, nesta
afirmação, o valor dado por Skinner aos professores e à função indispensável que
esta profissão exerce no desempenho de uma boa aprendizagem.
Um importante ponto, citado por esse autor, se refere à consideração das condições
dos indivíduos no desenvolvimento da aprendizagem, seja ela física, psíquica ou
social, pois toda arrumação de contingências é ineficaz se o sujeito está limitado, em
seu desenvolvimento , a responder da forma pretendida.
Para auxiliar na execução dos exercícios, Skinner (1972) aponta para o uso das
máquinas de ensinar. Como foi explicado no tópico anterior, para este autor as
máquinas serviriam para trabalhar com os alunos assuntos específicos previamente
planejados. Cabe ao professor programar as seqüências de exercício numa ordem
que vá do mais simples ao mais complexo, como também supervisionar as crianças
quando da execução das máquinas para poder criar estratégias mais
individualizadas para cada aluno.
20
Skinner (1972) aposta na idéia do uso das máquinas, até mesmo para a valorização
dos professores. Para ele, o uso das máquinas garante o aprendizado mecanicista,
que os currículos pressupõem, deixando o professor com mais tempo e
preocupação para questões interpessoais.
Neste parágrafo fica explicado a forma como o autor vê o uso das máquinas em sala
de aula, bem como, mostra a importância que ele agrega aos professores para o
desenvolvimento de uma aprendizagem que vai além do conteúdo científico. A
educação escolar não se restringe apenas a ensinar números e letras, mais do que
isso, deve se preocupar em fornecer subsídios para que os alunos consigam se
adaptar na vida cotidiana junto ao seu meio social.
Com base nisso é que inúmeros ensinamentos trabalhados em sala de aula não
serão utilizados exatamente da mesma forma. Muito do que se aprende no contexto
escolar serve apenas para desenvolver um tipo de raciocínio para situações que
serão enfrentadas no cotidiano do aluno.
Baseado nessa realidade, Skinner (1972) declara que cabe ao professor arranjar as
contingências que tenham uma maior semelhança com as contingências sob as
quais o comportamento será propício e útil. Mais uma vez, fica explícita a
necessidade dos professores pensarem a sua prática, pois, caso seu planejamento
de ensino não seja associado às situações reais, todo o processo de aprendizagem
será inútil.
Após serem discutidos os estudos elaborados por Skinner, é possível perceber que
muito do que é colocado como sendo a teoria defendida por este autor não passa de
21
equívocos sobre sua teoria. Acredita-se que tais problemas ocorrem devido à leitura
de autores que deturpam a idéia dos escritos em vez de buscar trabalhos escritos
pelo próprio autor.
22
Alguns desses autores foram mais importantes para a elaboração dos trabalhos
desenvolvidos por Vygotsky, elucidando os estudos mais importantes que o
influenciaram. Assim, Vygotsky apropriou-se da noção desenvolvida por Blonsky de
que um “comportamento só pode ser entendido como história de comportamento”
(BLONSKY, 1911 apud COLE; SCRIBNER, 2001, p. 28). Thurnwald e Levy- Bruhl
estudavam os processos mentais através das evidências antropológicas das
atividades intelectuais dos povos primitivos, são eles os que influenciaram ainda
mais a importância dada por Vygotsky às questões sócio-históricas. Da teoria
marxista, que para Vygotsky era uma fonte cientifica riquíssima, o principal legado
se refere ao pressuposto do materialismo dialético de que todos os fenômenos
sejam estudados considerando os seus movimentos e mudanças. Outra
fundamental influência do pensamento de Marx é a de que as mudanças históricas e
na vida material produzem mudanças na natureza humana, deixando evidente a
importância social na formação dos sujeitos. Por fim, o principal legado de Engels
diz respeito à apropriação que os homens fazem da natureza externa; para ele,
diferentemente dos outros animais, o homem utiliza e transforma a natureza para
que atenda aos seus propósitos. Vygotsky utilizou-se desta idéia para descrever a
utilização dos signos na linguagem desenvolvida pelo seres humanos (COLE;
SCRIBNER, 2001).
Faz-se necessário também entender o contexto social vivido por Vygotsky durante a
sua elaboração intelectual. É importante salientar que a psicologia na Rússia, assim
como em todo o mundo, passava por uma confrontação de correntes contrárias às
explicações dos fenômenos psicológicos. A primeira, derivada dos pensamentos de
Wundt, descrevia o conteúdo da consciência humana e sua relação com o ambiente
externo, acabou sendo modificada pelos primeiro behavioristas, que substituíram o
estudo da consciência pelo do comportamento, mas ainda buscando identificar a
unidade básica e suas relações na formação de fenômenos mais complexos. A
segunda era a psicologia da Gestalt, que se colocava como antagônica à primeira,
24
não acreditando ser possível a explicação dos processos psicológicos por suas
unidades básicas. (COLE; SCRIBNER, 2001).
3.2 APRENDIZAGEM
sujeito possui para aprender, isso está inato às capacidades humanas, conseguindo
assim, aprender com qualquer situação vivida (VYGOTSKY, 2001).
Por a aprendizagem ser algo tão implícito à capacidade humana, acredita-se que
exista uma associação desta com o processo de desenvolvimento dessa espécie.
Como se sabe, o desenvolvimento ocorre desde a geração do feto, perpassando por
toda a vida do homem, sendo finalizado na sua morte. Acredita-se que a
aprendizagem também seja um dos processos pelo quais se está sujeito em todos
os momentos da vida.
Oliveira (1993) afirma que para Vygotsky os sujeitos possuem quatro entradas de
desenvolvimento que juntas caracterizam o funcionamento psicológico do seres
humanos. A primeira, a filogênese, se refere à história da espécie humana; a
segunda, à ontogênese ligada à história do individuo da espécie; a sociogênese, à
história do meio cultural e a microgênese, à história de cada processo psicológico.
Outra importância atribuída pelo autor à aprendizagem é que esta permite que se
desenvolva na criança características não-naturais, formadas historicamente, como
a linguagem e o pensamento. “Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e
universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente
organizadas e especificamente humanas” (VYGOTSKY, 2007, p.102).
Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele baseia as suas intervenções pensando
no que o sujeito está em fase de maturação, isto é, o que está na zona de
desenvolvimento proximal. “O aprendizado deve ser orientado para o futuro, e não
para o passado.” (VYGOSTKY, 1998, p. 130).
Vygotsky também coloca como um fator crucial para um bom trabalho do professor
que este entenda, de forma clara, a formação dos conceitos pelas crianças. Assim,
divide conceito em duas categorias: a primeira, os conceitos espontâneos, que são
aqueles construídos aleatoriamente ao longo da vida, e os conceitos científicos, os
que necessitam de um processo especial para a sua assimilação.
Buscando tornar mais clara a diferença dos dois tipos de conceitos, Vygotsky os
diferencia pela sua forma de assimilação. Para ele:
Por esta razão, os estudos deste autor partem da perspectiva de que o professor
auxilia na formação dos conceitos científicos. Assim, para a internalização deste,
deve-se promover o aprendizado de uma forma que permita uma maior
29
Assim, percebe-se que o mero treino de habilidades não traz para a criança grandes
avanços em seu processo de aprendizagem. É necessário um trabalho que se
preocupe com as condições reais de desenvolvimento da criança, focando naquilo
que ainda não foi internalizado pelo sujeito.
Fazendo uma crítica ao ensino tradicional, Vygotsky diz que o ensino que tenha
como foco uma transmissão direta de conceitos é ineficiente. Para ele, o professor
que baseie seu trabalho nessa passagem direta não conseguirá obter bons
resultados, o máximo que irá conseguir são alunos que repetem o que foi aprendido
sem que haja uma internalização do conceito utilizado, o que acaba por ser um
aprendizado totalmente vazio e sem significado para a vida do sujeito (VYGOTSKY,
1998).
Outra preocupação bastante presente nos escritos de Vygotsky está na valorização
dos anos escolares. Isso se deve ao fato de considerar este período da vida como
ideal para formação de conceitos, promovendo uma maior facilidade para apreender
as operações que exigem consciência e controle deliberado. Essas operações são
responsáveis pela facilitação do desenvolvimento das funções psicológicas
superiores. Uma justificativa dada para essa facilidade se deve ao fato da criança,
em idade escolar, já estar apropriada da linguagem, possuindo uma introspecção
verbalizada que permite uma percepção mais adequada dos seus próprios
processos psíquicos (VYGOTSKY, 1991).
30
Vale ressaltar que a criança invade o universo escolar com formação de vários
conceitos espontâneos e são estes os principais alicerces para os conceitos
científicos, pois
Nos conceitos científicos que a criança adquire na escola, a relação
com o objeto é mediada, desde o início, por algum outro conceito.
Assim, a própria noção de conceito científico implica uma certa
posição em relação a outros conceitos, isto é, um lugar dentro de um
sistema de conceitos (VYGOTSKY, 1998, p. 116).
O auxílio do adulto é algo que, nos vários estudos de Vygostky, evidencia a sua
importância para a formação de conceitos. Para ele, a intervenção de um sujeito
mais experiente conduz os aprendizes a um lugar mais privilegiado de
aprendizagem, pois a interação com este permite o contato antecipado com a
resolução de problemas. Também, é só através da interação do adulto que se pode
identificar a zona de desenvolvimento proximal de um sujeito.
4 METODOLOGIA
Contudo, sabe-se que são inúmeras e densas as obras desses autores e este
trabalho, enquanto um trabalho de conclusão de curso, não daria conta de apontar,
esclarecer e aprofundar todas as relações existentes na obra de Skinner e Vygotsky.
Isto acaba por enquadrar, ainda mais, este trabalho a uma pesquisa exploratória. De
acordo com Oliveira (2007), as pesquisas deste tipo têm um caráter iniciador. Assim,
dão explicações gerais sobre um problema, só sendo mais bem esclarecido em uma
pesquisa mais profunda sobre o tema.
autores que versavam sobre o tema da aprendizagem. Foram feitos fichamentos das
obras lidas a fim de facilitar a escrita e o encontro de pontos de relação das teorias.
A coleta do material foi feita no início da pesquisa, em maio de 2009.
Percebe-se que este trabalho seguiu as quatro etapas propostas por Medeiros
(1996) para a pesquisa bibliográfica. A primeira é a identificação, na qual, é feito um
levantamento da bibliografia sobre o assunto. Em seguida, a etapa de localização,
que consiste em localizar o material a ser utilizado. A compilação é terceira etapa, é
a fase de obtenção e reunião do material desejado. Por fim, o fichamento , que é a
transcrição dos dados essenciais obtidos no material bibliográfico em fichas, essa
etapa facilitará a consulta para a escrita da pesquisa.
Com Skinner, a situação foi diferenciada, uma vez que o behaviorismo já tinha sido
iniciado no campo acadêmico mas ainda era inconsistente e com inúmeras falhas de
conceito. Skinner então apresenta novos pressupostos para o comportamentalismo,
reformulando essa abordagem com o objetivo de trazer uma nova perspectiva de
análise para a Psicologia. Surge, então, o que ele denominou de uma ciência do
comportamento.
Lampreia (1992) expõe que Vygotsky e Skinner, apesar de terem objetivos similares
em relação ao campo da psicologia, possuem, cada um, objetivos particulares com
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sua obra. Assim, o objetivo de Vygotsky seria criar uma abordagem científica que
explicasse aquilo que é especifico do ser humano, e o de Skinner, a previsão e o
controle do comportamento.
Ao estudar as teorias, os autores utilizaram como pri ncipal fonte de suas conclusões
as observações feitas em ambiente experimental. Tudo que foi teorizado por ambos
passou por um ambiente laboratorial para que se buscasse validade científica, que
era o objetivo da época. Contudo, vale ressaltar que alguns experimentos feitos por
Vygotsky não teve um descrição detalhada dos métodos de pesquisa, deixando
margem a dúvidas e críticas.
No estudo das duas teorias foi possível identificar, também, a preocupação dos
autores no que se refere ao processo de desenvolvimento. Vygotsky em seu estudo
sempre relacionou aprendizagem e desenvolvimento evidenciando a relação de
interdependência existente entre os dois processos. Já Skinner não faz grandes
considerações em sua obra sobre esse processo, mas menciona, sempre que
necessário, a necessidade de uma maturação do desenvolvimento para a aquisição
de novos comportamentos. Para os autores pouco adianta o ensino de uma nova
habilidade ou comporta mento se o sujeito não está bio-psico-socialmente capaz de
assimilar tal conteúdo.
Skinner acredita que a aprendizagem promove uma maior adaptação dos indivíduos
em seu ambiente.
Acredita-se que essa semelhança pode chocar as pessoas que afirmavam que, para
Skinner, o indivíduo é apenas uma máquina que funciona pela simples manipulação
das suas variáveis, respondendo passivamente a tudo aquilo que recebe enquanto
estimulação. Skinner, assim como Vygotsky, percebe o ambiente como um formador
e principal fonte de aprendizado, mas isso não significa que aprender é estar
passivo ao meio que o cerca.
próximo e de dirigir a criança para aquilo que ela ainda não era
capaz de fazer. O aprendizado voltava-se para as deficiências da
criança, ao invés de se voltar para os seus pontos fortes,
encorajando-a assim, a permanecer no estágio pré-escolar do
desenvolvimento (VYGOTSKY, 1998, p. 130).
Ao analisar o que é principal para o ensino, é possível perceber que cada autor foca
em conceitos por eles construídos em busca de respostas para suas inquietações.
Isto prova o caráter revolucionário que as duas teorias acabaram por fornecer ao
meio acadêmico. Vale ressaltar que mesmo construindo conceitos próprios, os
autores colocam a responsabilidade de manejá -los (zona de desenvolvimento
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O foco de estudo da psicologia utilizado pelos autores também é algo que tomou
direções diferentes. Lampreia (1992) mostra que Vygotsky defendia que se deveria
juntar os pilares da psicologia determinista científica com o conceito de mediação
simbólica das funções superiores, enquanto Skinner destacava a necessidade de
uma análise da relação ambiente-comportamento .
Outro importante ponto a ser citado se refere à definição das leis que regem o
comportamento. Skinner defendeu a posição de que os seres humanos são regidos
por leis naturais, mas ressalta que estas são influenciadas por contingências sociais,
o que torna cada indivíduo único. “Uma pessoa não é um agente que origine; é um
lugar, um ponto em que múltiplas condições genéticas e ambientais se reúnem num
efeito conjunto. Como tal, ela permanece indiscutivelmente única” (SKINER, 2006, p.
145).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a análise da relação das teorias, foi percebido que os autores convergem no
que se refere à necessidade de um desenvolvimento prévio para a programação de
atividades que promovam a aprendizagem; à importância dada ao meio social na
aquisição de novos conceitos; à aprendizagem e ao papel do professor no processo
de ensino-aprendizagem
Outro ponto que merece destaque é a necessidade de leituras mais fidedignas sobre
o estudo de um autor. Percebe-se que a leitura do autor em seus próprios escritos é
sempre mais profunda do que a análise feita por outros autores. Apesar disso, nos
cursos de graduação, os alunos costumam apenas trabalhar com os teóricos a partir
de seus comentadores.
REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas,
2002.
OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes,
2007.
______. Sobre o behaviorismo. (M. P. Villalobos, Trad.). São Paulo: Cultrix, 2006.
(Trabalho original publicado em 1974).