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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL

MÓDULO – 6

Editoração e Revisão: Editora Prominas e Organizadores

Coordenação Pedagógica
INSTITUTO PROMINAS

APOSTILA RECONHECIDA E AUTORIZADA NA FORMA DO CONVÊNIO


FIRMADO ENTRE UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
E O INSTITUTO PROMINAS.

Impressão
e
Editoração
2

SUMÁRIO

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ........................................................................... 03


UNIDADE 2 - JOSÉ SARNEY (1985-1990) ..................................................... 09
UNIDADE 3 - COLLOR DE MELLO (1990-1992) ............................................ 12
UNIDADE 4 - ITAMAR FRANCO (1992-1994) ................................................ 17
UNIDADE 5 - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002) ................... 22
UNIDADE 6 - LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010) ............................. 43
UNIDADE 7 - DILMA ROUSSEFF (2011 - )..................................................... 49
UNIDADE 8 - A HISTÓRIA NO CONTEXTO PÓS-MODERNO....................... 52
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 59

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UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO

Para discorrermos sobre o último período da história da Brasil ao qual


chamamos de redemocratização1, requer uma breve explicação do ocorrido em fins
do período militar.

Na história do Brasil, dois processos ocorridos em períodos distintos


recebem essa designação de redemocratização: o primeiro, culminado em 1945,
com a deposição de Getúlio Vargas, dando fim a uma ditadura iniciada com o golpe
de 1937; no segundo, após o período ditatorial iniciado com o Golpe de 1964, o
processo de redemocratização teve início no governo do general João Baptista
Figueiredo, com a anistia aos acusados ou condenados por crimes políticos,
processo perturbado pela chamada linha dura.

No período da ditadura, o Brasil teve um grande crescimento econômico e


sua renda per capita ficou bem maior, essa é uma verdade, mas a distribuição foi
totalmente desigual, o que é outra verdade.

Segundo o IBGE, em 1980, aos 5% mais ricos cabiam 37,9% do total da


renda do país, e aos 50% mais pobres sobravam 12,6%. Portanto, o montante a ser
partilhado pelos 5% mais ricos era três vezes maior que o montante para o resto da
população.

Devido a altas inflações, o governo Figueiredo decretou várias leis que


deveriam proibir aumentos salariais para compensar a inflação. Mas os tempos já
eram outros e o Congresso Nacional barrou as medidas.

A dívida externa alcançou cifras absurdas: quase 100 bilhões de dólares, o


que levou o país a pagar anualmente, bilhões de dólares referentes a juros. Enfim,
era um período complicado para a nação brasileira.

A partir de 1982, o país começou a negociar com o FMI (Fundo Monetário


Internacional) para ajudar no pagamento da dívida externa. O FMI, como sempre,

1 Redemocratização é o processo de restauração da democracia e do estado de direito em países ou regiões que


passaram por um período de autoritarismo ou ditadura. A redemocratização pode acontecer de maneira gradual,
pela qual o poder restaura os direitos civis lentamente, ou abrupta, como é, em geral, o caso quando isso
acontece através de revoluções.

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fez exigências que diríamos, foram cruéis: o Brasil deveria reduzir os salários, cortar
os gastos públicos (menos dinheiro para as escolas e universidades, para os
hospitais, para investir na economia), aceitar que a economia parasse de crescer.
Tudo isso em nome da estabilização econômica. Para a oposição, recorrer ao FMI
era colocar a economia do Brasil nas mãos do capitalismo internacional.

Na verdade, o crescimento dos tempos do regime militar, conhecido como


“milagre econômico” era ilusório: um país não pode crescer por muito tempo
mantendo tanta injustiça social. Então, em 1981, aconteceu, pela primeira vez desde
os anos da crise de 1929, o crescimento negativo da economia do país. O Brasil
tinha ficado mais pobre ainda. Era a terrível estagflação, mistura de estagnação
econômica (tudo parando) com inflação.

Enfim, no governo de Figueiredo a abertura política foi lenta e gradual.


Realmente, Figueiredo era tolerante com as manifestações democráticas, não foi à
toa que os generais mais extremistas não concordavam. Mas não se deve esquecer
o lado repressor que permeou todos os governos militares: reprimir greves; prender
militantes do PCB e do PC do B; expulsar padres estrangeiros que colaboravam com
a luta camponesa pela reforma agrária; imposição de novidades nas regras
eleitorais, para favorecer o governo.

Pelo lado da extrema direita vimos um atentado terrorista à secretaria da


Ordem dos Advogados do Brasil, em 1980. No ano seguinte, durante um show de
Música Popular Brasileira (MPB) comemorando o dia 1º de maio, várias bombas
foram instaladas no Riocentro (Rio de Janeiro). Se tivessem explodido, poderíamos
imaginar quantos morreriam. Só uma delas estourou no colo de um sargento do
Exército que estava num carro estacionado por lá. O inquérito policial-militar concluiu
que ambos foram “vítimas”.

A anistia aos exilados políticos e, por tabela, aos torturadores, veio em 1979,
o que poderíamos chamar com certo sarcasmo de “ampla, geral e irrestrita”. De
qualquer modo, ela permitiu o retorno dos exilados e a libertação dos presos
políticos. Os reencontros no aeroporto e na saída da cadeia emocionaram uma
geração que havia sacrificado sua juventude por seu patriotismo. Conforme Cardoso
(1998, p. 32),

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A lei não é ampla, nem geral, nem irrestrita. Árdua batalha perdida pela
oposição que tentou ampliá-la (…) Por antecipação, temendo alguma
revanche, são anistiados também os autores de crimes ‘conexos’ aos
políticos: os torturadores e os assassinos.

Nova política partidária

O governo falava em abertura, mas criava artifícios para manter o controle


da situação. A ditadura militar tinha a participação ativa de muitos civis, incluindo
empresários, administradores e os políticos da Arena. Para dividir as oposições,
Figueiredo baixou a Nova Lei Orgânica dos Partidos (1979) que acabava com a
divisão Arena e MDB. Foi assim que nasceram cinco novos partidos políticos:

O PDS (Partido Democrático Social) era o novo nome da Arena.


Representava os políticos que apoiaram a ditadura. Portanto, tinha bem pouco de
democrático e quase nada de social. O líder era o senador José Sarney, do
Maranhão.

O PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) herdava o antigo


MDB. Continuou sendo o grande partido da oposição, reunindo diversas correntes
políticas, incluindo conservadores moderados, liberais e até os comunistas (os PCs
ainda estavam proibidos de funcionar). O líder era o deputado Ulisses Guimarães,
figura importante na luta contra o regime militar.

O PDT (Partido Democrático Trabalhista) era chefiado por Leonel Brizola,


que tinha voltado do exílio. Naquela época, Brizola gozava de enorme prestígio
como o homem contrário a tudo de ruim do regime militar. Ele quis refundar o antigo
PTB, mas foi impossibilitado. Propunha ser herdeiro do trabalhismo de Vargas e
Jango, misturado à socialdemocracia, que ele tinha aprendido a admirar na França,
na Alemanha e na Suécia (uma espécie de capitalismo reformado com medidas
inspiradas no socialismo).

O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) não tinha nada a ver com o antigo
PTB. Pelo contrário, chegou a abrigar antigos udenistas e até algumas figuras da
antiga Arena. Ficou nas mãos da deputada Ivete Vargas e foi visto como uma
criação ardilosa do regime, uma espécie de filial camuflada do PDS.

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O PT (Partido dos Trabalhadores) aparecia como o grande partido de


esquerda do Brasil. Na sua origem, o movimento operário organizado no ABC
paulista, liderado por Lula, e também por dirigentes sindicais de outras categorias
operárias e até de setores como o bancário, o de professores e de funcionários
públicos. O PT também recebeu apoio de setores da Igreja Católica (ligados à
Teologia da Libertação), estudantes universitários e intelectuais, reunindo desde
marxistas a socialdemocratas.

Ainda houve um partido de existência efêmera, o PP (Partido Popular), que


tinha pouco de popular, já que sua liderança estava nas mãos de grandes
banqueiros e políticos tradicionais como Tancredo Neves. Mas, como a lei eleitoral
de 1982 obrigava a votação de todos os candidatos (de vereador a governador) do
mesmo partido, o PP acabou se fundindo ao PMDB.

Em 1982, com as eleições diretas para governador restabelecidas, a


oposição obteve vitórias espetaculares: Franco Monturo (PMDB-SP), Leonel Brizola
(PDT-RJ) e Tancredo Neves (PMDB-MG), embora tenha perdido no Rio Grande do
Sul.

As “Diretas-Já!”

O acontecimento final do governo do general Figueiredo foi a campanha


pelas Diretas Já, em 1984. Um evento de tal proporção na qual praticamente o país
inteiro tomou parte, lutando pelo direito de votar para presidente. Nos últimos
comícios, no Rio de Janeiro e em São Paulo, reuniram-se milhões de pessoas.
Foram as maiores manifestações de massa da história do Brasil (MANSANO, 2009).

No dia em que a Emenda Dante de Oliveira, restabelecendo as diretas, foi


votada pela Câmara dos Deputados, Brasília ficou em estado de emergência. O pior
aconteceu: apesar de os “sim” ganharem de 298 a 65, inclusive com alguns votos do
PDS, faltaram 22 votos para a vitória.

Na verdade, uma batalha tinha sido perdida, mas não a guerra. Ainda dava
para colocar o povo de novo na rua para protestar e exigir uma nova votação. Mas a
cúpula do PMDB já estava armando um acordo com políticos descontentes do PDS.
Praticamente só o PT, ainda pequeno, protestou contra a armação. Pelas regras

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antigas que foram mantidas, o presidente seria eleito indiretamente pelo Colégio
Eleitoral.

Thomas Skidmore (1988, p. 472) ressalta sobre os resultados desse


movimento:

O presidente, o Planalto, a liderança do PDS e os militares foram todos


apanhados com a guarda baixa. Não podiam interromper nem ignorar a
robusta campanha que empolgava o país. (…) Era o ressurgimento do
espírito cívico com uma dimensão sem precedentes, acrescendo que
nenhum candidato estava pedindo voto para si mesmo. Ao contrário, o
objetivo era restraurar o direito de voto. Era uma dramática mensagem da
sociedade civil que firmemente reconquistava a sua voz.

O Colégio Eleitoral, formado pelo Congresso e por deputados estaduais


(seis por cada Assembleia Estadual, do partido majoritário no respectivo estado), era
uma armação que sempre dava vitória ao governo. Acontece que o candidato oficial
do PDS, Paulo Maluf, devido às suas ligações com o regime militar criava
descontentamento na população. Se ele fosse presidente seria uma decepção muito
grande para o Brasil.

Muitos políticos do PDS perceberam a situação e liderados pelo senador


José Sarney, formaram a Frente Liberal que, no Colégio Eleitoral, elegeu Tancredo
Neves presidente do Brasil (o vice era Sarney). Pouco depois, esse pessoal, que
saiu do PDS, mas que mantinha as velhas ideias conservadoras, fundou o PFL
(Partido da Frente Liberal).

Tancredo Neves fez carreira no PSD junto das oligarquias mineiras. Foi
ministro da Justiça de Getúlio e esteve no MDB. Moderado, nunca tivera atritos
graves com o regime militar. Um político hábil, mas que nunca se ligou a nenhuma
luta popular, seria o mais indicado, entretanto, seu falecimento levou José Sarney,
vice de Tancredo a colocar o fim ao regime militar (SKIDMORE, 1988; REZENDE,
1996).

A “Nova” República

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“O Brasil está mudando”, esta frase foi muito ouvida na chamada “Nova
República”. De certo modo, expressava o que muitos brasileiros gostariam que
acontecesse.

Tancredo Neves, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando


Henrique Cardoso e Lula. Um novo Brasil com velhas coisas. Inflação, miséria,
violência, corrupção, desigualdade social, práticas de favor, políticos venais, sem
desmerecer os méritos de cada um, entre outros.

Aos mais conservadores, o modo como foi exposto, o olhar dessa introdução
parece uma ferrenha crítica ao regime militar e mesmo aos novos governantes da
“Nova República”, mas deixamos bem claro que a história contada, principalmente
nos livros didáticos geralmente é “bonita”, maquiada e pouco crítica. Contam os
fatos e não as entrelinhas.

Os desdobramentos deste último período que antecede a redemocratização


do Brasil têm de ser analisados com clareza para podermos entender o rumo da
política brasileira nos dias de hoje.

Acreditamos que, mais que os fatos em si, o que se passa pelas entrelinhas
nos leva a refletir e a analisar o presente buscando perspectivas melhores.

Salientamos que este trabalho é uma compilação de estudos de vários


autores e material do que entendemos ser o mais importante em termos de Brasil
pós-período da Ditadura. Dúvidas podem surgir e pedimos desculpas por eventuais
lacunas, mas tanto por isso, ao final da apostila estão diversas referências utilizadas
e consultadas através das quais poderão aprofundar algum conhecimento que
chame a atenção ou tenha despertado dúvida.

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UNIDADE 2 - JOSÉ SARNEY (1985-1990)

Após a lenta transição do Regime Militar para o Democrático, contrariando o


desejo do povo, que queria eleições diretas para a presidência da república, foi
eleito indiretamente Tancredo Neves.

Mesmo antes de assumir o cargo de Presidente, Tancredo teve de ser


internado às pressas e acabou morrendo em 21 de abriu de 1985. Em seu lugar
assumiu o maranhense José Sarney que começou governando de acordo com os
intentos de Tancredo Neves.

Como sempre o país sofria com a alta inflação, que beirava a casa dos
230%, e também havia o problema da dívida externa do país que ultrapassava 100
bilhões de dólares. Foi então criado, com a ajuda do então ministro da fazenda
Dílson Funaro, o “Plano Cruzado”, para resolver os problemas do Brasil.

Os principais pontos deste plano eram:

• Adoção do cruzado no lugar do cruzeiro;

• Fim da correção monetária;

• Congelamento e tabelamento dos preços;

• Reajuste salarial quando a inflação passasse dos 20%.

No começo o plano foi bem aceito pelo povo e até parecia ser eficiente,
porém após alguns meses, o congelamento de preços perdeu sua eficácia e o
governo não conseguia controlar seus gastos. Assim o Plano Cruzado ruiu.

Até o final do mandato de Sarney – junto com sua equipe – não foi possível
acabar com a grave crise econômica vivida pelo país desde sua chegada ao poder,
envolvendo três grandes problemas:

1. Inflação elevada;

2. Dívida externa;

3. Dívida Interna.

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Em janeiro de 1987, o governo chegou a decretar uma moratória2 – o país


devia então 107 bilhões de dólares aos credores internacionais (COTRIM, 2008).

Dentre tantos problemas, o maior feito do governo Sarney foi a Constituição


de 1988, a qual começou a ser criada dois anos antes, por uma Assembleia
Constituinte. Em 1988, Ulysses Guimarães, presidente do Congresso, a declarou
promulgada.

Suas principais características foram:

• Estabelecimento de um Estado de direito e democrático.

• Voto facultativo para analfabetos e menores acima dos 16 anos.

• Direito a greve.

• Direitos trabalhistas aos funcionários domésticos.

• Criação da licença paternidade.

• Definição da jornada semanal de trabalho em 44 horas.

• Incriminação do racismo e terrorismo.

A constituição Federal de 1988 confere amplos direitos aos cidadãos. E


somente quando os direitos são exercidos é que existe, efetivamente, cidadania.

Isso quer dizer que a cidadania não deve ser vista como doação do Estado à
Sociedade. Cidadania é uma realidade em construção, que resulta de um processo
constante de lutas e conquistas dos sujeitos e grupos sociais.

Vejamos, então, alguns pontos da atual Constituição federal que se referem


a esses direitos fundamentais do cidadão:

• Igualdade jurídica – todos sã iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza. Aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país está garantida
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade. Homens e mulheres são iguais em direitos e deveres.

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Dispositivo legal por meio do qual as autoridades de um Estado declaram a suspensão do
pagamento dos serviços da sua dívida externa.

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• Subordinação de todos à lei – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de


fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Significa que a liberdade de cada
pessoa só tem como limite os mandamentos contidos nas normas jurídicas, e
não o arbítrio de outra pessoa, por mais influente que seja.

• Liberdade de pensamento, de crença religiosa, de expressão intelectual,


de locomoção, de associação – é livre a manifestação do pensamento
(sendo assegurado o direito de resposta); é livre o exercício dos cultos
religiosos; é livre a expressão intelectual (artística, científica e de
comunicação), independentemente de censura ou licença; é livre a
locomoção pelo território nacional em tempo de paz (direito de ir e vir); é livre
o direito de reunião e de associação para fins lícitos. É lícito o ato que não
contraria o direito.

• Relação dos direitos sociais – são direitos sociais os direitos à educação, à


saúde, ao trabalho, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à
maternidade e à infância, à assistência aos desamparados (COTRIM, 1999).

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UNIDADE 3 - COLLOR DE MELLO (1990-1992)

Fernando Collor de Mello nasceu em 1949, no Rio de Janeiro. Proveniente


de uma tradicional família de políticos, passou a adolescência em Brasília e se
graduou em Economia pela Universidade de Brasília. No ano de 1973, ele foi para
Alagoas e assumiu o jornal Gazeta de Alagoas, pertencente à sua família.

Em 1979, foi nomeado prefeito de Alagoas pelo Governo Militar. Passados


três anos, Collor foi eleito deputado federal pelo PDS (Partido Democrático Social).
No ano de 1986, concorreu e venceu as eleições para governador de Alagoas. Em
seu mandato ganhou notoriedade por combater os “marajás”, funcionários públicos
acusados de receberem salários astronômicos.

Após quase 30 anos sem eleições diretas para presidente da República, os


eleitores brasileiros voltaram a exercer esse direito nos dias 15 de novembro e 17 de
dezembro de 1989 (primeiro e segundo turnos). Ao final de uma agitada campanha
eleitoral, o candidato vitorioso foi o ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de
Mello, tendo como vice Itamar Franco. Eles concorreram por uma pequena
agremiação política, o Partido da Renovação Nacional (PRN), onde Collor criou uma
chapa para concorrer ao cargo de presidente. Contrariando os prognósticos daquela
disputa eleitoral, Fernando Collor venceu as eleições e se sagrou como o primeiro
Presidente da República eleito pelo voto direto após o fim da ditadura militar.

No segundo turno, Collor recebeu o apoio do PFL, PDS e PTB, além do


apoio de diversas legendas menores.

Derrotou por pequena diferença de votos o ex-líder sindicalista Luiz Inácio


Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), que concorria pela primeira vez à
presidência da República e recebera apoio de lideranças do PMDB, PSDB e PDT.

Durante a campanha eleitoral, Collor apresentou uma imagem de político


renovador e um discurso centrado na moralização do serviço público e no combate
aos marajás. Outra proposta de seu programa de governo era modernizar a
administração do Estado e a economia do país conforme a cartilha neoliberal, isto é,
privatizar (vender para a iniciativa privada) empresas estatais, combater os

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monopólios, abrir o país à concorrência internacional e desburocratizar as


regulamentações econômicas, entre outras propostas (COTRIM, 2008).

No ano anterior ao início de seu governo, a inflação oficial medida pelo


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) alcançou a inacreditável cifra de
1.764% e em razão desse flagelo, o presidente Collor elegeu como sua prioridade a
luta contra a espiral inflacionária através do chamado Plano Brasil Novo,
popularmente denominado de Plano Collor.

Ousado em sua concepção, o referido plano era a quarta tentativa


empreendida pelo governo federal visando o combate à hiperinflação, três das quais
empreendidas ao longo do governo Sarney. A situação econômica do país era de tal
modo complicada, que a discussão não girava em torno da adoção de medidas na
seara econômica e sim quando (e como) tais medidas seriam implementadas e nisso
veio a primeira surpresa: na véspera de sua posse, Fernando Collor fez uma
solicitação ao governo Sarney para que fosse decretado feriado bancário, o que só
aumentou as especulações a respeito das medidas que seriam anunciadas.

Empossado numa quinta-feira, o governo Collor anunciou seu plano


econômico no dia seguinte à posse: anunciou o retorno do cruzeiro como unidade
monetária em substituição ao cruzado novo, vigente desde 15 de janeiro de 1989,
quando houve o último choque econômico patrocinado por seu antecessor.

O cruzeiro voltaria a circular em 19 de março de 1990 em sua terceira, e


última, incursão como moeda corrente nacional, visto que seria substituída pelo
cruzeiro real em 1993. Além disso, as medidas de Collor para a economia incluíram
ainda ações de impacto como: o confisco dos depósitos bancários superiores a Cr$
50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros), por um prazo de dezoito meses visando reduzir
a quantidade de moeda em circulação, alteração no cálculo da correção monetária e
também na sistemática das aplicações financeiras, redução da máquina
administrativa com a extinção ou fusão de ministérios e órgãos públicos, demissão
de funcionários públicos e o congelamento de preços e salários (embora tenha sido
em seu governo que os aposentados rurais tenham conquistado o direito a um
salário mínimo como benefício básico ao invés do meio salário até então vigente).
Mesmo sendo o confisco bancário um flagrante desrespeito ao direito constitucional

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de propriedade, o plano econômico conduzido pela Ministra da Economia Zélia


Cardoso de Mello foi aprovado pelo Congresso Nacional em questão de poucos
dias.

Bem avaliado em seus dois primeiros meses, o Plano Collor (que seria
complementado por uma série de outras medidas em janeiro de 1991) acabou por
aprofundar a recessão econômica, corroborada pela extinção, em 1990, de mais de
920 mil postos de trabalho e uma inflação na casa dos 1200% ao ano.

O descontentamento da elite político-empresarial do país com o arrocho viria


a ser aplainado por medidas inspiradas no modelo econômico neoliberal adotado
pelo governo, tais como:

• A abertura da economia brasileira ao mercado externo (o que facilitou as


importações e o ingresso do capital estrangeiro no país);

• O início do Programa Nacional de Desestatização (cujo marco inicial foi a


venda de empresas siderúrgicas); e,

• A modernização de nosso parque industrial.

Todavia, como faltou a devida regulamentação, tais medidas logo perderiam


o impacto ante o recrudescimento da crise econômica. Entretanto, a
desregulamentação econômica iniciada em seu governo serviu como paradigma
para muitas das medidas adotadas nos anos seguintes, em especial na gestão de
Fernando Henrique Cardoso entre o final do século XX e o início do século XXI.

Segundo um artigo do acadêmico Carlos Eduardo Carvalho (2006),


Professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo e coordenador do Programa de Governo da candidatura do PT à Presidência
da República em 1989, a medida política executada pelo Governo Collor, que ficou
conhecida como confisco, não fazia parte, originalmente, do Plano Collor e foi
gestada quase às vésperas de sua implementação.

O confisco já era um tema em debate entre os candidatos à eleição


presidencial: A gênese do Plano Collor, ou seja, como e quando foi formatado o
programa propriamente dito, desenvolveu-se na assessoria de Collor a partir do final
de dezembro de 1989, depois da vitória no segundo turno. O desenho final foi

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provavelmente muito influenciado por um documento [de Luiz G. Belluzzo e Júlio S.


Almeida] discutido na assessoria do candidato do PMDB, Ulysses Guimarães, e
depois na assessoria do candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva, entre o primeiro
turno e o segundo.

Apesar das diferenças nas estratégias econômicas gerais, as candidaturas


que se enfrentavam em meio à forte aceleração da alta dos preços, submetidas aos
riscos de hiperinflação aberta no segundo semestre de 1989, não tinham políticas de
estabilização próprias. A proposta de bloqueio teve origem no debate acadêmico e
se impôs às principais candidaturas presidenciais. Quando ficou claro o
esvaziamento da campanha de Ulysses, a proposta foi levada para a candidatura de
Luís Inácio Lula da Silva, do PT, obteve grande apoio por parte de sua assessoria
econômica e chegou à equipe de Zélia depois do segundo turno, realizado em 17 de
dezembro.

Denúncias de corrupção

Depois de dois anos de mandato de Fernando Collor, começaram a surgir na


imprensa do país inúmeras denúncias de corrupção envolvendo a cúpula
governamental e a própria família Collor.

CPI do PC

A gravidade das denúncias, aliada à grande repercussão alcançada na


mídia, levou a Câmara dos Deputados a instituir uma comissão parlamentar de
inquérito (CPI), em maio de 1992, destinada a apurar as eventuais irregularidades.

Aos poucos, foi desmontada e exposta ao público a rede de corrupção,


sonegação fiscal e contas “fantasmas” do chamado “esquema PC”: uma série de
negócios obscuros dirigidos por Paulo César Farias (o PC), amigo e ex-tesoureiro da
campanha presidencial de Collor.

Ao final dos trabalhos, a CPI apresentou um relatório que incriminava o


presidente Collor. Estava aberto o caminho legal para o impeachment, que foi
aprovado pela Câmara Federal em 29 de setembro de 1992. Assim, Fernando Collor

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foi impedido de exercer a função de presidente da República para ser julgado pelo
Senado Federal (COTRIM, 2008).

No dia 2 de outubro de 1992, o vice-presidente Itamar Franco assumiu a


presidência da República, governando interinamente até 29 de dezembro, quando,
durante julgamento no Senado Federal, Collor entregou sua carta-renúncia. Mesmo
após a apresentação da renúncia, o Senado prosseguiu o julgamento de Collor,
cassando seus direitos políticos por oito anos.

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UNIDADE 4 - ITAMAR FRANCO (1992-1994)

Eleito Vice-presidente da República, o mineiro Itamar Franco assumiu a


presidência interinamente entre outubro e dezembro de 1992, e em caráter definitivo
em 29 de dezembro de 1992, após o Impeachment de Fernando Collor de Mello. Ele
cumpre o restante do mandato cuja duração vai até 31 de dezembro 1994. Itamar
recebe um país traumatizado pelo processo que levou à destituição do Presidente e
procura administrá-lo com equilíbrio. Ao deixar o governo, seu índice de
popularidade está entre os mais altos da República.

Governo de coalizão

Segundo Cotrim (2008), com estilo diferente de seu antecessor, e sob o


impacto do processo de impeachment e suas repercussões, o novo presidente
procurou compor um governo com apoio de todos os partidos.

Itamar Franco recebeu o governo com uma pesada herança de graves


problemas socioeconômicos:

• A persistência da inflação;

• A altíssima concentração de renda;

• A recessão econômica e o desemprego;

• O agravamento dos problemas da fome e da indigência, que atingiam milhões


de brasileiros.

A fim de enfrentar esse desafio, Itamar convidou para compor seu ministério
figuras das mais variadas tendências ideológicas, vindas de diversos partidos
políticos. Formou, assim, o que alguns analistas chamaram de governo de coalizão.

Plebiscito

Dentre os fatos que marcaram o governo de Itamar Franco, temos o


plebiscito.

Em Abril de 1993, cumprindo com o previsto na Constituição, o governo


realiza um plebiscito para a escolha da forma e do sistema de governo no Brasil.
Quase 30% dos votantes não compareceram ao plebiscito ou anularam o voto. Dos
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que comparecem às urnas, 66% votaram a favor da república, contra 10%


favoráveis à monarquia. O presidencialismo recebeu cerca de 55% dos votos, ao
passo que o parlamentarismo obteve 25% dos votos. Em função dos resultados, foi
mantido o regime republicano e presidencialista.

Plano Real

No campo econômico, o governo enfrentou sérias dificuldades. A falta de


resultados na política de combate à inflação agravou o desequilíbrio do governo e
abalou o prestígio do próprio Presidente da República. Os ministros da Economia
sucederam-se (três foram substituídos seguidamente), até que o chanceler (titular da
pasta de Relações Exteriores), Fernando Henrique Cardoso, é nomeado para o
cargo. No final de 1993, ele anunciou seu plano de estabilização econômica, o Plano
Real, desenvolvido por uma equipe de economistas (Persio Arida, André Lara
Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho, Winston
Fritsch, entre outros) que o assessoravam, a ser implantado ao longo de 1994.

O objetivo básico do plano era controlar a hiperinflação brasileira,


considerada crônica. De acordo com esse plano, desenvolvido em etapas, em 1º de
julho de 1994 entrou em vigor no país uma nova moeda: o real. Por isso, o plano
ficou conhecido como Plano Real.

O governo Itamar Franco sofreu as consequências das investigações da


Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional, entre 1993 e
1994, em função de denúncias de irregularidades na elaboração do Orçamento da
União.

A CPI do Orçamento provou o envolvimento de ministros, de parlamentares


e de altos funcionários num amplo esquema de manipulação do Orçamento.
Confirmou-se o tráfico de influências, o desvio sistemático de verbas para
empreiteiras, entidades filantrópicas fantasmas, apadrinhados políticos, entre outros.
Dos dezoito deputados acusados, apenas seis tiveram seus mandatos cassados,
perdendo os direitos políticos até 2001. Outros quatro renunciaram e oito foram
absolvidos (COTRIM, 2008).

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A autoridade do Presidente, contudo, não foi abalada pelos resultados das


investigações. No final de seu mandato, Itamar Franco apoia a candidatura do
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, à Presidência da República.

Itamar foi o único presidente da República desde Artur Bernardes a eleger


seu sucessor. Com a vitória de seu candidato, Itamar foi nomeado embaixador
brasileiro em Portugal, e posteriormente embaixador brasileiro junto a Organização
dos Estados Americanos (OEA) em Washington, Estados Unidos.

No entanto, Itamar tornou-se um crítico feroz do governo de Fernando


Henrique Cardoso, discordando do programa de privatização das empresas estatais.

Além disso, Itamar pretendia se candidatar à Presidência novamente nas


eleições de 1998, porém viu seus planos serem desfeitos quando o então presidente
Fernando Henrique resolveu mudar a Constituição, para se reeleger para um outro
mandato consecutivo. Mesmo com essa nova mudança nas normas eleitorais,
Itamar tenta se candidatar a presidência, mas não consegue obter a indicação do
PMDB, numa ação creditada à enorme pressão exercida pelo então presidente
Fernando Henrique que não gostaria de ter Itamar como adversário. Esse foi um dos
motivos apontados para o rompimento de Itamar com Fernando Henrique.

Sem a indicação para a presidência, Itamar se candidata então ao governo


de Minas Gerais, fazendo forte oposição ao governo do presidente Fernando
Henrique, ganhando a eleição contra o então governador Eduardo Azeredo do
PSDB, apoiado por Fernando Henrique.

Itamar Franco foi eleito governador de Minas Gerais em 1998 pelo PMDB,
obtendo ampla vitória sobre o então governador Eduardo Azeredo.

Governou Minas Gerais de 1999 a 2003, e não conseguiu a indicação do


PMDB para se candidatar à presidência da república em 2002. Naquela
oportunidade, a convenção nacional do PMDB optou pela coligação com o PSDB,
lançando a então deputada Rita Camata (do Espírito Santo) a vice-presidente na
chapa encabeçada por José Serra (SP).

Assim que tomou posse, Itamar Franco decretou a moratória do Estado de


Minas Gerais. Entre outros aspectos, o governador alegava a necessidade de se

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empreender uma auditoria na dívida estadual que, entre outros pontos, era atrelada
a uma taxa de juros de 7,5% ao ano, enquanto estados como São Paulo negociaram
suas dívidas a uma taxa de 6%. Tentou, com um conjunto de ações na área
financeira, reverter uma situação herdada do governo anterior, na qual, conforme
Rocha; Noronha (1998), “as despesas apresentavam crescimento mais acelerado
que as receitas tributárias e encontravam-se concentradas em funções de baixa
capacidade distributiva, comprometendo a promoção de um processo de
desenvolvimento socialmente justo”.

Esta atitude polêmica levou Itamar a ser acusado pelo Presidente do Banco
Central Armínio Fraga de agir contra a estabilidade de regras necessária à atração
de investimentos estrangeiros.

Em que pese essa ação inicial, foi em seu governo que a dívida mineira foi
equacionada e começou a ser quitada, conforme esclarece Fabrício Augusto de
Oliveira.

Contrário à política de privatizações, retomou judicialmente o controle


acionário da estatal geradora de energia elétrica de Minas Gerais (CEMIG),
parcialmente vendida por seu antecessor, o então governador Eduardo Azeredo,
que somente conseguiu fechar as contas estaduais em seus dois últimos anos de
governo desfazendo-se de parte do patrimônio público mineiro, que foi privatizado,
em um processo de reorganização das estatais mineiras que estaria na gênese do
chamado “esquema Marcos Valério” (REVISTA CARTA CAPITAL, 2010) cuja
“origem dos recursos” seriam “as empresas públicas de Minas Gerais” (AZENHA,
2010).

Itamar também insurgiu-se contra a privatização da empresa energética


Furnas, mobilizando a Polícia Militar de Minas Gerais para “intervir em caso de
necessidade” (REVISTA VEJA, 1999)

A recomposição do setor público em bases burocráticas, passando


essencialmente pela valorização do servidor público, pelo reaparelhamento das
principais agências de ação estatal e pelo ajuste fiscal, marcou a gestão Itamar
Franco, conforme analisam Wladimir Rodrigues Dias e Roberto Sorbilli Filho,
segundo os quais não houve grandes inovações em seu governo, mas uma

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importante organização da administração pública, desmantelada por seu antecessor


(DIAS; SORBILLI FILHO, 2010).

Itamar se opôs a atividades típicas da política tradicional, como as


vinculadas ao clientelismo político. Extinguiu as subvenções sociais distribuídas por
deputados e não negociou emendas parlamentares, deixando de exercer a habitual
dominação que o Executivo exerce sobre o Legislativo. Em décadas, foi o
governador com maior número de projetos rejeitados na Assembleia mineira,
retaliado pelo rompimento com o pacto clientelista (DIAS, 2010).

Terminando seu mandato no governo de Minas Gerais, no final de 2002,


Itamar resolve não se candidatar a reeleição e apoia a candidatura de Aécio Neves
para o governo do Estado e de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da
República, contra o candidato José Serra, apoiado pelo presidente Fernando
Henrique.

Em Minas, Itamar faz seu sucessor, e com a vitória de Lula no plano


nacional, Itamar é nomeado embaixador brasileiro na Itália, cargo que decidiu deixar
voluntariamente em 2005.

Embora na memória da maioria permaneça um governador mais atento aos


problemas nacionais e a uma eventual candidatura à presidência da república, foi
em seu governo que se reorganizaram as finanças e a administração estadual,
possibilitando ao governador seguinte, Aécio Neves, eleito com seu apoio, implantar
o chamado “choque de gestão”.

Nas eleições de 3 de outubro de 2010, foi eleito senador pelo estado de


Minas Gerais, derrotando Fernando Pimentel do PT.

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UNIDADE 5 - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002)

Formando uma coligação entre o PSDB e o PFL, Fernando Henrique


Cardoso - também conhecido como FHC - venceu, no primeiro turno, as eleições de
3 de outubro de 1994, com quase 55% dos votos válidos. Assumiu a presidência da
República em 1º de janeiro de 1995 para cumprir um mandato que terminaria em 1º
de janeiro de 1999.

Em 1997, porém, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, uma emenda


constitucional permitindo a reeleição do presidente da República, de governadores
de estado e de prefeitos. Novamente apoiado pelo PFL e por seu partido, Fernando
Henrique concorreu à reeleição e saiu outra vez vitorioso em primeiro turno. Tornou-
se, assim, o primeiro presidente brasileiro a exercer dois mandatos consecutivos.

O segundo mandato de Fernando Henrique iniciou-se em 1º de janeiro de


1999 e encerrou-se em 1º de janeiro de 2003. Nas duas eleições, seu principal
adversário foi Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, dando início a um período em que PT
e PSDB passaram a dominar e a polarizar progressivamente o cenário político
brasileiro.

Quem é FHC?

Fernando Henrique Cardoso nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 18 de


junho de 1931. Sociólogo e cientista político brasileiro.

Professor Emérito3 da Universidade de São Paulo, lecionou também no


exterior, notadamente na Universidade de Paris. Foi funcionário da CEPAL4,
membro pesquisador e diretor do CEBRAP5, Senador da República (1983 a 1992),
Ministro das Relações Exteriores (1992), Ministro da Fazenda (1993 e 1994).

3
O título de professor emérito é conferido a professores que se distinguiram no exercício da atividade
acadêmica nos seus relevantes serviços à ciência e à instituição.
4
Comissão Econômica para América Latina e Caribe.
5
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

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Graduado em Sociologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da


USP, desenvolveu considerável carreira acadêmica, tendo produzido diversos
estudos sociais em nível regional, nacional e global, e recebido diversos prêmios e
menções honrosas pelos trabalhos. Foi eleito o 11º pensador global mais importante,
pela revista Foreign Policy, em 2009, pelo pensamento e contribuição para o debate
sobre a política antidrogas. É co-fundador, filiado e presidente de honra do Partido
da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Foi o intérprete das palestras do filósofo francês Jean-Paul Sartre no Brasil,


em 1960.

Durante o regime militar, esteve exilado no Chile e na França. Em 1968,


voltou ao Brasil e assumiu por concurso público a cátedra de Ciência Política da
USP, mas foi afastado pelo Decreto-lei 477, o “AI-5 das universidades”. Lecionou no
Chile, na França, Inglaterra e nos Estados Unidos. Na França, acompanhou de perto
o movimento de Maio, de 1968, iniciado justamente na Universidade que Fernando
Henrique lecionava: Universidade de Paris X - Nanterre, em 22 de março de 1968.

Radicou-se em São Paulo, tendo casado com a antropóloga Ruth Cardoso,


com quem teve três filhos. Atualmente, preside o Instituto Fernando Henrique
Cardoso (iFHC, São Paulo) e participa de diversos conselhos consultivos em
diferentes órgãos no exterior, como o Clinton Global Initiative, Brown University e
United Nations Foundation.

Como sociólogo, FHC escreveu obras importantes para a teoria do


desenvolvimento econômico e das relações internacionais.

Algumas das obras escritas por FHC sobre política e governo:

• Relembrando o que escrevi: da reconquista da democracia aos dias atuais.


Editora Civilização Brasileira, 2010.
• A arte da política — A história que vivi. Editora Civilização Brasileira, 2006.
• Cartas a um jovem político — Para construir um Brasil melhor. Editora Alegro,
2006.
• O mundo em português. Editora Paz e Terra,1998.
• O presidente segundo o sociólogo. Editora Companhia das Letras, 1998.

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• Mãos à Obra. Brasil, 1994.


• Perspectivas. Editora Paz e Terra, 1983.
• Dependência e Desenvolvimento na América Latina. Editora México, 1969.

Dedicou-se ao aprofundamento de suas teorias durante o período em que


viveu no exílio durante o regime militar, ou golpe militar de 1964.

Foi um dos ideólogos da corrente dependentista ou desenvolvimentista.


Participando dos grupos de estudos que resultaram na elaboração da Teoria da
Dependência, diferenciando-se, porém, da vertente marxista, liderada por Theotonio
dos Santos e Ruy Mauro Marini. Sua teoria sugere que os países subdesenvolvidos
devam se associar entre si, buscando um caminho capitalista alternativo para o
desenvolvimento, livrando-se da dependência das grandes potências. FHC era
contrário à tese de que os países do terceiro mundo se desenvolveriam só se
tivessem uma revolução socialista.

Em julho de 1995, Fernando Henrique Cardoso foi homenageado com os


graus de doutor honoris causa da Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra e da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Questões pontuais da gestão FHC

Reformas na gestão econômica

No plano econômico, o governo FHC teve como um dos principais marcos, o


combate à hiperinflação do país, dando prosseguimento ao Plano Real.

Adotando, entre outras medidas, uma política de juros altos, o resultado


desse combate pode ser percebido pelos seguintes indicadores:

• De 1988 a 1993, a taxa média da inflação brasileira havia sido de 1280,9%


ao ano.

• Com a implantação do Plano Real, de julho de 1994 até maio de 2000, a


taxa média de inflação caiu para 11,4% ao ano (com base no índice de Preços ao

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Consumidor Amplo – IPCA, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE).

Outro aspecto marcante da gestão de Fernando Henrique foi a retomada da


reforma do Estado e da economia, projeto que tinha certos antecedentes no
Governo Collor. A ideia defendida pela equipe do governo era romper com o modelo
de Estado interventor, instalado desde a Era Vargas.

Programa de privatizações

Assim, adotando uma política econômica considerada neoliberal por uns, ou


liberal-reformista por outros, o governo FHC procurou reduzir o papel do Estado
como produtor de bens e serviços diretos, promovendo uma série de privatizações
de empresas públicas. Foram privatizadas, por exemplo, empresas de
telecomunicações (Sistema Telebrás), de geração e distribuição de energia elétrica
(Eletrobrás), de mineração (Companhia Vale do Rio Doce), de siderurgia (Usiminas,
Cosipa, Companhia Siderúrgica Nacional) e do setor químico (Copene, Copesul).

Para supervisionar as áreas privatizadas, o governo criou diversas agências


reguladoras – entidades públicas independentes dos governos, idealizadas com o
propósito de não ser suscetíveis a pressões políticas. São exemplos a Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre outras.

As autoridades responsáveis pelo programa de privatização defenderam


esse processo argumentando, principalmente, que:

• era preciso fortalecer o Estado regulador em detrimento do Estado


empresário. Desse modo, retirando-se do setor empresarial, o Estado poderia
cumprir melhor seu papel de provedor e executor de políticas sociais nas áreas da
segurança, saúde, educação, entre outras;

• as privatizações atrairiam capital estrangeiro, modernizariam os diversos


setores econômicos, expandiriam a cobertura dos serviços e dinamizariam a
economia;

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• o dinheiro arrecadado pelo governo com a venda das estatais seria usado
para pagar parte da dívida do país (interna e externa).

O programa de privatizações empreendido pelo governo teve de enfrentar a


dura oposição de grupos corporativos em defesa de seus interesses. Também se
defrontou com a reprovação daqueles que, por princípio ideológico, eram (e são)
contrários à desestatização.

Mas as privatizações também foram criticadas por outros motivos:

• segundo diversos analistas, a liquidação do patrimônio público teria sido


feita por preços muito baixos;

• essa privatização não teve como contrapartida a necessária melhoria da


qualidade dos serviços públicos sociais;

• o pagamento das dívidas interna e externa do país com os recursos


arrecadados com as privatizações não alcançou o efeito esperado; ao contrário,
durante o mandato de Fernando Henrique, as dívidas interna e externa do país
aumentaram muito.

Lei de Responsabilidade Fiscal

Uma iniciativa do governo FHC considerada importante para o


aprimoramento da gestão das finanças públicas foi a aprovação da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), em 4 de maio de 2000. A LRF estabeleceu regras
precisas para todo administrador público – seja no âmbito municipal, estadual ou
federal – com o propósito de alcançar um equilíbrio entre receitas e despesas na
gestão das contas públicas.

O princípio fundamental da LRF consiste em proibir a criação de uma nova


despesa (por mais de dois anos) nos orçamentos públicos sem a indicação de
receita correspondente ou de redução equivalente de gastos já previstos para cobri-
Ia. Ou seja, não se pode gastar mais do que o arrecadado. O desrespeito do
administrador público às determinações da LRF pode gerar graves punições, como
perda dos direitos políticos, pagamento de pesadas multas e prisão dos infratores.

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Avanços sociais

Durante o governo FHC, as injustiças sociais históricas do país não foram


eliminadas. No entanto, houve avanços positivos em setores como, por exemplo, a
educação e a saúde.

Redução do analfabetismo

Na educação, durante o governo FHC, o Brasil praticamente alcançou a


universalização do ensino fundamental, garantindo o acesso à escola para 97% das
crianças do país com idade entre 7 e 14 anos (dados de 2002).

Além disso, houve significativa queda na taxa de analfabetismo entre a


população com mais de 10 anos de idade. Em 1990, havia no país cerca de 18,3%
de analfabetos; em 2002, esse percentual caiu para 12,8%. A redução mais notável
ocorreu entre os jovens de 15 a 19 anos, faixa etária em que a taxa de
analfabetismo baixou de 12% para 6%.

Essa redução entre os jovens indica que o analfabetismo, no Brasil atual,


tende a se confinar entre as gerações mais velhas, não alcançadas pelas recentes
políticas de alfabetização. No entanto, quando comparadas a muitos outros países,
a taxa de analfabetismo brasileira ainda é bastante elevada. Observe a tabela.

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Apesar desses progressos na educação brasileira em termos quantitativos,


resta ainda um imenso trabalho a ser desenvolvido quanto à qualidade dos ensinos
público e privado no país (pensando até o governo FHC).

Queda da mortalidade infantil

Na área da saúde, o governo FHC expandiu o atendimento médico-


hospitalar e as campanhas públicas de vacinação. Esses esforços refletiram-se, por
exemplo, na queda da taxa de mortalidade infantil: em 1994, essa taxa era de 36,5
mortes por mil nascidos vivos; em 2002, caiu para 27,8 mortes.

Expressando também uma melhoria nas condições gerais de saúde, houve


uma ampliação da esperança de vida no país. Em 1980, o brasileiro vivia, em média,
60 anos; em 2002, a esperança média de vida subiu para 71 anos.

Apesar dos progressos apontados, ainda são muitos os problemas que


afetam as condições da saúde pública no Brasil. Na tabela seguinte podemos
comparar as taxas de mortalidade infantil e esperança de vida do Brasil com as de
alguns países selecionados.

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Final da Era FHC

No último ano do segundo mandato de Fernando Henrique, cresceram o


descontentamento popular e as críticas de parte da imprensa em relação ao
desempenho de seu governo. Vários fatores contribuíram para isso:

• crise de fornecimento de energia elétrica no país, gerando risco de um


apagão: na época atribuiu-se o problema à falta de investimentos do governo em
infraestrutura e às privatizações no setor energético;

• crescimento intenso da dívida externa e da dívida interna do setor público,


gerando desconfiança na capacidade do governo de honrar seus compromissos e
pondo em dúvida a efetividade do processo de privatizações;

• retorno da pressão inflacionária, levando a certa desilusão com o Plano


Real;

• elevadas taxas de desemprego, causando insatisfação popular.

A insatisfação social desse período converteu-se em anseio por mudanças


políticas que, em grande medida, foram direcionadas para o candidato da oposição,
Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições à presidência da República em 2002.

Denúncias de corrupção

Como nos governos anteriores, desde a redemocratização do país, durante


o mandato de Fernando Henrique, houve diversas denúncias de corrupção e
irregularidades envolvendo parlamentares, assessores, altos funcionários públicos e
empresários ligados ao governo.

Algumas dessas denúncias converteram-se em investigações


parlamentares, como a CPI do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) e a CPI
dos Bancos. Grande parte dessas investigações não foi avante no Congresso,
vencida pela maioria política ligada ao governo. Entre elas podem ser destacadas
duas: a suposta compra de votos de parlamentares para a aprovação da emenda
constitucional da re-eleição – indicada por gravações telefônicas que levaram à
expulsão de alguns deputados do PFL – e diversas denúncias reunidas num dossiê,
que sustentariam uma CPI da Corrupção.

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A favor do governo e do presidente ficou o fato de que não houve


comprovação jurídica para muitas dessas denúncias, atribuídas ao jogo político dos
oposicionistas. Porém restou a suspeita levantada pela oposição, dado o empenho
dos governistas em impedir que as investigações fossem levadas adiante.

Primeiro governo FHC mediante análises de Cláudio Couto e Fernando Abrúcio

O primeiro governo Fernando Henrique Cardoso foi marcado por duas


agendas principais: a estabilização monetária e as reformas constitucionais.
Outras ações importantes levadas a cabo pelo Executivo articularam-se e
entrelaçaram-se a essas duas agendas. É o caso das privatizações, da reforma do
sistema financeiro e do acordo da dívida dos estados (COUTO; ABRÚCIO, 2003).

A estabilização monetária, promovida pelo Plano Real, veio debelar uma


inflação crônica, que acometia o país desde o início dos anos de 1980. Seu
encaminhamento encaixava-se, antes de tudo, numa agenda emergencial, já que
sem um mínimo de estabilidade, pouca coisa poderia ser encaminhada na
reestruturação de um modelo econômico que dava sérios sinais de fadiga.

A deflagração do Plano Real deu-se ainda no governo Itamar Franco,


quando Fernando Henrique, guindado ao Ministério da Fazenda, logrou montar uma
coesa e prestigiosa equipe de economistas que, lançando mão de mecanismos anti-
inerciais, teve grande sucesso na contenção de uma inflação que já havia superado
os cinquenta pontos percentuais. O sucesso na política anti-inflacionária fez-se
sentir ainda no segundo semestre de 1994, assegurando uma vitória relativamente
fácil de FHC já no primeiro turno das eleições presidenciais.

O sucesso de público do Plano Real foi tal monta que diversos postulantes
aos governos estaduais e mesmo candidatos à presidência de partidos adversários
buscavam mostrar-se como seus defensores – o então postulante pelo PPB,
Esperidião Amin, por exemplo, afirmava no horário eleitoral gratuito que seria ele e
não FHC o homem mais capacitado para defender o Plano Real. Apenas o PT e
seus aliados mais próximos insistiam que se tratava de mais um plano eleitoreiro, de
curto prazo, visando apenas a garantir a vitória dos candidatos situacionistas
(COUTO; ABRÚCIO, 2003).
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31

A “era do Real” teve o significado de uma “conjuntura crítica”, isto é, de uma


grande mudança na posição relativa dos atores políticos e sociais em relação aos
instrumentos de poder e às preferências (PIERSON, 2000).

A essa mudança na situação dos agentes somou-se a capacidade do


presidente Fernando Henrique de montar e manter por um bom tempo uma coalizão
capaz de fazer alterações na antiga estrutura, segundo os objetivos determinados
por FHC. Nesse sentido, trata-se, também, de um “momento maquiaveliano”, no qual
a mudança da “Fortuna” (condições objetivas, no sentido marxista) realiza seu
potencial na virtude do condutor da mudança, que cria uma nova ordem institucional
(SOLA et al., 2002).

Uma bem-sucedida política anti-inflacionária tornava-se um importante


recurso de poder para seus patrocinadores, facilitando a vitória eleitoral num
primeiro momento e a construção de coalizões num segundo. A partir da posse, em
1º de janeiro de 1995, a preservação dos sucessos iniciais do Real e seu
prosseguimento eram apresentados como prioridade máxima, não do governo, mas
do país.

Sendo assim, passou-se a defender como sinal de responsabilidade política


a adesão e o apoio à agenda do Plano Real, que implicava sustentar também
reformas estruturais apontadas como vinculadas à estabilidade de longo prazo. Isso,
por um lado, reduzia o campo de manobra da oposição, por outro, amortizava
substancialmente os custos da adesão ao governo e, consequentemente, da entrada
na coalizão governamental (COUTO; ABRÚCIO, 2003).

O segundo governo FHC

Se, por um lado, a reeleição de Fernando Henrique Cardoso – e ainda no


primeiro turno – representou um sucesso político inegável por si só, por outro, seu
segundo governo não realizou o projeto alentado pelo presidente e pelas principais
lideranças do seu partido: de mudar a bandeira política que legitimava o governo,
transitando da agenda estabilizadora para a retomada do crescimento sustentado.

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O projeto de mudança de rumos contido na reeleição foi abalado pela crise


cambial e pela maneira como ela ocorreu. A despeito de uma política de
desvalorizações gradativas e controladas acima do índice de inflação, o ritmo não
era suficiente para sinalizar aos agentes de mercado que o Real aproximava-se de
uma cotação adequada em relação ao dólar.

Com isso, as reiteradas crises externas e a consequente drenagem de


divisas que acarretavam foram mais fortes do que qualquer escolha que fizessem as
autoridades monetárias. Embora o país estivesse em situação de default desde
outubro de 1998, o presidente Fernando Henrique acreditava que os recursos
obtidos junto ao FMI – a gigantesca quantia de U$40 bilhões – seriam suficientes
para conter a especulação financeira contra o Real e, aos poucos, alterar o modelo
da âncora cambial. Ledo engano: o Banco Central não conseguiu segurar o valor da
moeda seguindo os cânones da política da dupla Gustavo Franco/Pedro Malan, o
que levou à queda do presidente do BC e, depois de alguma relutância, a uma
mudança substancial de política econômica, com a adoção do câmbio flutuante.
Aqui, o mercado venceu a queda de braço com o governo.

Esta alteração brusca dos rumos traçados resultou num crescimento


econômico próximo de zero, logo no primeiro ano do segundo mandato, que estava
programado para ser o “ano da virada”. Isso fez com que rapidamente se
desintegrasse a imagem positiva do governo do presidente Fernando Henrique –
percebido à época da fácil reeleição como o único capaz de conduzir o país a um
porto seguro. Os índices de impopularidade elevaram-se significativamente e o
quadro não foi revertido até o fim do segundo mandato. A Tabela 3 traz os dados de
pesquisa realizada pelo Ibope no final de 2000.

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Tabela 3

Mais do que o resultado econômico imediato, o efeito da crise cambial,


somada ao episódio das “fitas do BNDES”, foi inviabilizar a mudança no modelo
econômico. A inflação mantinha-se sob certo controle, mas o país não crescia nem
gerava empregos, fatos que reduziam o encanto do Plano Real.

A gestão de Armínio Fraga no Banco Central foi bem-sucedida no combate


às consequências da desvalorização, porém suas medidas supunham uma saída da
crise que decerto estava distante do “desenvolvimentismo” presente no ideário de
muitos da cúpula tucana. A manutenção dessa política garantia que, no máximo, o
segundo governo seria capaz de completar a agenda econômica do primeiro, como
no caso da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O desempenho inicial de Fraga no comando do Banco Central – com cortes


sucessivos nas taxas de juros e boa condução da questão da dívida pública –, a
tramitação tranquila e bem-sucedida da Lei de Responsabilidade Fiscal (aprovada

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em maio de 2000)6 e a volta de um ótimo crescimento econômico de 4,36% em 2000


(o maior de todo o período Fernando Henrique) chegaram a ser apontados como
fatores capazes não só de completar o que faltara no primeiro mandato de FHC,
como também conseguiriam recuperar a popularidade do presidente e a força do
governo.

Esse sucesso conjuntural, no entanto, não favorecia a mudança do modelo


econômico em prol do desenvolvimentismo, pois as vitórias da ocasião, embora
razoavelmente diferentes do receituário de Gustavo Franco, ainda estavam distantes
de qualquer alteração substancial no sentido da política econômica adotada por
Pedro Malan. Mesmo assim, o êxito econômico poderia permitir a Fernando
Henrique que controlasse sua sucessão, talvez até lançando um candidato de perfil
mais próximo às origens do PSDB. Esse êxito, contudo, não ocorreu, como mostra a
Tabela 4.

Tabela 4

Três fatores prejudicaram os planos do presidente Fernando Henrique de


obter melhor desempenho econômico e controlar o processo sucessório.

6
É importante notar que a tramitação da LRF foi uma das mais rápidas do período no campo da legislação
complementar, além de ter obtido um elevado índice de votos favoráveis na Câmara Federal: 385 votos a favor,
86 contra e quatro abstenções, quando eram necessários apenas 257, resultando numa margem de segurança de
128 votos (ASAZU, 2003, p. 80).

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O primeiro foi a crise energética ocorrida em 2001, que obrigou o Executivo


federal a propor medidas de racionamento, as quais reduziram consideravelmente o
nível de atividade econômica.

Além disso, o chamado “apagão” atingiu uma das facetas mais prezadas do
período FHC, qual seja, a da eficiência técnica, o que minou seu prestígio e,
consequentemente, a confiança da população na capacidade de o governo resolver
os problemas do país.

A capacidade administrativa da gestão tucana, ao final, demonstrou-se mais


eficaz no plano da agenda negativa, do fiscalismo e da estabilização, do que na
construção de um projeto positivo de desenvolvimento.

O episódio do “apagão”, na verdade, resultou de dois aspectos que tinham


suas raízes no primeiro mandato. Um deles deriva dos erros no modelo de
regulação. A privatização e a criação de marcos regulatórios percorreram caminhos
distintos nas diversas áreas, tendo um relativo sucesso no âmbito das
Telecomunicações e um retumbante fracasso no setor elétrico.

Neste, a soma de equívocos foi fatal: a regulação foi instituída depois de


várias empresas já terem sido vendidas para o setor privado, a Agência Reguladora
nasceu fraca politicamente e sem uma elite técnica que a orientasse, afora o
Ministério das Minas e Energia ter sido entregue a membros do PFL baiano
incapazes de superar o puro clientelismo. Não por acaso, o problema energético
precisou de uma saída à Juscelino (administração paralela), que foi a criação de
uma Câmara de Gestão da Crise composta por funcionários escolhidos por sua
competência técnica – o próprio nome dessa instância decisória revela o momento
negativo do segundo governo (COUTO; ABRÚCIO, 2003).

É claro que um problema de tal envergadura não poderia ter passado


despercebido pelo núcleo central do governo. Porém, com exceção da questão
fiscal, a coordenação das políticas intersetoriais foi bastante débil ao longo do
segundo mandato – está aí a segunda razão do “apagão”. E isso se deu pela
dificuldade de o presidente Fernando Henrique escolher alguém que articulasse o
governo a partir da Casa Civil ou órgão correlato, fato que fora agravado pelos
conflitos que o ministro Clóvis Carvalho arranjara com os partidos da base aliada

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durante o primeiro período governamental e pela morte do ministro Sérgio Motta,


que tinha uma visão integradora das ações governamentais.

O segundo fator que prejudicou o desempenho do presidente reeleito foi a


incapacidade de reformar o modelo econômico com vistas a reduzir a
vulnerabilidade externa e gerar maior crescimento. O predomínio da visão fiscalista,
que se expandiu no segundo governo para o Banco Nacional do Desenvolvimento –
BNDES – na gestão de Francisco Gros, que transformou esse banco numa mera
instituição financeira –, tornou-se um obstáculo para todas as tentativas mais
agressivas de política industrial e de auxílio à exportação. Mesmo que no final do
período FHC tenha havido certa reversão dos déficits externos, isto se deu mais pela
desvalorização não programada do Real do que pela adoção de uma série de
medidas nesse sentido.

A vitória do fiscalismo, por outro lado, consolidou e aprofundou as reformas


fiscais, tal qual se percebe com a busca dos superávits primários, ausentes do
primeiro período de Fernando Henrique. Esse ganho, ressalte-se, foi realizado à
revelia do desenvolvimentismo, o que não era inexorável, mas se tornou uma opção
em razão da agenda e das preferências dos atores dominantes, bem como do poder
e das escolhas institucionais que fizeram.

O gráfico 1 mostra o resultado primário dos governos FHC desde janeiro de


1997. Note-se que à exceção de uns poucos meses, o saldo é sempre positivo e
bastante significativo, rendendo resultados anualizados bastante satisfatórios desse
ponto de vista (COUTO; ABRÚCIO, 2003).

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Oposição versus Governo

No Congresso Nacional, as oposições, que taxavam as políticas


governamentais de “neoliberais”, não tiveram forças para se opor, mas seguiram
acusando o governo de defender os interesses do capital estrangeiro, de transferir
para a iniciativa privada o patrimônio público, de eliminar direitos trabalhistas e de
prosseguir com uma política econômica que prejudicava as camadas mais pobres.

O governo Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas, demonstrando


que foram implementadas uma série de políticas sociais de transferência de renda
para as populações mais pobres, através de programas como o bolsa-escola, o vale-
gás e o bolsa-alimentação.

Avanços significativos foram alcançados nas áreas da educação, saúde


(com a distribuição gratuita de medicamentos contra a AIDS e a criação dos
remédios genéricos, vendidos a preços baixíssimos) e principalmente na questão
agrária (com a implementação de um sólido programa de reforma agrária).

Apesar disso, durante toda a gestão Fernando Henrique Cardoso, o


Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveu por todo o país

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numerosas manifestações e invasões de propriedades agrárias, produtivas e


improdutivas.

Estabilidade política e governabilidade

Apesar das críticas dos partidos de oposição às alianças políticas do


governo, foi a forte base parlamentar de apoio a Fernando Henrique Cardoso que
contribuiu decisivamente para a estabilidade política, um dos traços importantes da
gestão FHC, pois, além de assegurar a governabilidade, consolidou a jovem e frágil
democracia brasileira.

Reorganização das oposições

No primeiro mandato governamental, Fernando Henrique Cardoso


conseguiu conter a oposição e aprovar com facilidade projetos políticos e reformas
constitucionais. Porém, no segundo mandato, o presidente teve maior dificuldade de
governar devido à reorganização das oposições.

No Congresso Nacional, o Partido dos Trabalhadores (PT) liderava a


oposição. O PT articulou os movimentos sociais e sindicais e as esquerdas de modo
geral, formando uma ampla frente de oposição parlamentar.

O MST continuou a pressionar o governo, invadindo propriedades agrárias e


ocupando sedes de órgãos governamentais. Em muitas ocasiões, as invasões
desencadearam conflitos armados no campo. As centrais sindicais, também
influenciadas pelo PT, promoveram diversas marchas e manifestações em defesa de
reajustes e aumentos salariais.

Vitória da oposição

Ao se aproximar o pleito que escolheria o sucessor de Fernando Henrique


Cardoso, o governo apoiou a candidatura do ministro da saúde, José Serra, do
PSDB, em aliança com o PMDB.

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Os outros candidatos que disputaram o pleito foram: Luiz Inácio Lula da


Silva (PT / PC do B / PL / PMN / PCB), Anthony Garotinho (PSB / PGT / PTC), Ciro
Gomes (PPS / PDT / PTB), José Maria de Almeida (PSTU) e Rui Costa (PCO).

Nenhum obteve índice de votação suficiente para se eleger no primeiro


turno. Os dois candidatos mais votados foram Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra.
No segundo turno das eleições, Lula obteve 61,3 % dos votos; e José Serra, 38,7 %.

Eleito o novo presidente, Fernando Henrique Cardoso organizou a transição


de modo a facilitar o acesso antecipado da nova administração às informações
relevantes ao exercício do governo, fato até então inédito na história do país.

FHC e o Neoliberalismo

O neoliberalismo chegou lentamente ao Brasil. Sallum Jr. (1994) identifica na


crise que assola o final do regime militar brasileiro o surgimento de alternativas
amparadas por esse ideário. Representada então pela candidatura de Paulo Maluf,
tal alternativa imaginava que a solução da crise brasileira e a estabilização da
economia viriam da quebra da intervenção estatal, com o fim dos subsídios e
transferências para as empresas estatais e pelo aprofundamento dos mecanismos
de mercado. Ela propunha ainda que o Brasil se abrisse à divisão internacional do
trabalho, voltando-se a agricultura e a produção industrial cuja tecnologia já fosse
assimilada e permitindo a entrada de produtos estrangeiros de tecnologia avançada.

Mas Maluf foi derrotado e Tancredo Neves elegeu-se presidente pelo


Colégio Eleitoral – depois da derrota do movimento pelas diretas, mas morreu sem
tomar posse. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente eleito José Sarney que, com
pouca legitimidade, manteve a composição do ministério desenhada por Tancredo.
Esse ministério procurava conciliar duas perspectivas distintas de política
econômica: de um lado, no Planejamento, Tancredo tinha colocado João Sayad,
peemedebista identificado com setores heterodoxos, com vínculos estruturalistas e
próximo à socialdemocracia. A ele caberiam os projetos de longo prazo. Para o curto
prazo, no entanto, o conservador Tancredo tinha reservado o ministério da Fazenda
para seu sobrinho Francisco Dornelles, economista ortodoxo, identificado com o

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receituário recessivo do Fundo Monetário Internacional e com o neoliberalismo


(NEGRÃO, 2008).

Sarney mantém essa dualidade e Planejamento e Fazenda seguem não


falando a mesma língua até que Dornelles é demitido e em seu lugar assume Dílson
Funaro, que viria a ser o executor do Plano Cruzado (MARTINS, 1995). Com isso, os
neoliberais perdem espaço no governo.

Após o insucesso do Cruzado, sucedem-se outros planos econômicos


igualmente incapazes de deter a inflação, e o governo Sarney chega ao final se
arrastando.

Se no Brasil o neoliberalismo vinha aos poucos ganhando espaço como


alternativa política à crise, é no período Collor que efetivamente ele se torna a
ideologia dominante entre os setores do capital, dos partidos políticos conservadores
e do centro do espectro político, da grande imprensa brasileira e mesmo de setores
significativos do pequeno e médio empresariado e, especialmente, daquela parcela
do movimento organizado dos trabalhadores identificada com a Força Sindical. Teve
início o processo de privatização das estatais, o Brasil abriu sua economia para o
capital estrangeiro e o mercado passou a ser o grande agente organizador da
Nação, enquanto os trabalhadores, como classe, começaram a sofrer um
bombardeio incessante em seus direitos (NEGRÃO, 2008).

E se Collor, por conta da corrupção desabrida sofreu o impeachment e não


deu certo como condutor do projeto neoliberal, nada permite supor que o
neoliberalismo no Brasil afundou junto com ele ou sofreu abalos significativos na sua
pretensão de hegemonia. Pelo contrário, o ideário neoliberal se reapresenta na
disputa eleitoral sucessória a Itamar Franco –– que como vice-presidente assumiu a
Presidência com o impeachment de Collor. Naquele momento, dois projetos se
apresentaram ao eleitorado.

Um, o de Lula, tinha por meta a ampliação do mercado interno, buscando


agregar ao consumo a enorme massa de excluídos do país; a ampliação da
democracia do campo da política para os campos social, econômico e cultural e a
presença do Estado (democraticamente controlado) nos setores fundamentais e
estratégicos. O outro, o de FHC, era o continuador do projeto neoliberal – e, por

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isso, contou com uma gama impressionante de apoios entre os partidos e setores
conservadores da sociedade.

Mas o grande eleitor de FHC foi o Plano Real, que conseguiu baixar e
manter a inflação em níveis aceitáveis, estabilizando a economia. E se isso, sem
dúvida, é muito importante, parece claro que não é suficiente: mesmo que tenha
havido uma pequena melhora na renda da população mais pobre, por conta do fim
do imposto inflacionário, o desemprego aberto e o emprego na economia informal
crescem a olhos vistos. A última pesquisa Dieese/Seade aponta para o índice de
16% de desemprego da PEA da Grande São Paulo, algo próximo a 1,5 milhão de
pessoas.

Só isso, porém – embora trágico – não é suficiente para caracterizar o


governo FHC como neoliberal. Mas há outras atitudes e medidas que permitem
enquadrá-Io nessa caracterização, tomando por base o conceito mais operacional
desenvolvido por Luis Fernandes (1995). Vejamos:

I) Há estudos no Ministério do Trabalho para permitir a precarização legal da


contratação de trabalhadores.

2) As reformas propostas por FHC, como as da Previdência, Administrativa e


da área econômica intentam abrir espaço para o mercado, diminuindo o papel do
Estado.

3) Sofremos de “executivismo”: nunca antes o Executivo legislou tanto, seja


por meio das medidas provisórias ou de projetos enviados ao Congresso. Ao mesmo
tempo, se procura evitar que a oposição modifique determinadas medidas, através
do fim dos chamados destaques de votação em separado.

4) O programa de privatizações continua em marcha, ainda aceitando as


moedas podres.

5) A taxa de juros, mantida excessivamente alta, ao lado da abertura ao


capital financeiro internacional, é uma forma de atrair para cá o chamado capital
volátil, em boa parte especulativo.

6) A falta de medidas protecionistas leva de roldão setores inteiros da


economia brasileira, como calçados, têxteis e autopeças. E com eles, vão-se os

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empregos, enquanto os “consumidores” podem comprar tênis americanos da Nike


fabricados na China, na Coréia, na Indonésia, na Tailândia, onde adolescentes e
mulheres trabalham 15, 16 horas por dia em troca de um salário diário de US$ 1,80
e o Wal-Mart, recém-instalado no Brasil, vende camisas, pastas, mochilas e – o mais
incrível – bolas de futebol fabricadas no Paquistão, onde o salário também beira os
30 dólares mensais. Essas, entre outras, permitem caracterizar o governo FHC
como sendo de cunho neoliberal. Somadas, essas medidas mostram a tendência
deste governo: retirar os eventuais obstáculos a acumulação ampliada do capital,
mesmo que isso, a longo – ou mesmo médio – prazo signifique mais concentração
de riqueza e exclusão (NEGRÃO, 2008).

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UNIDADE 6 - LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010)

Depois de três tentativas fracassadas para alcançar a presidência da


República, Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, finalmente conseguiu vencer
as eleições em 2002. Para isso, precisou mudar sua estratégia anterior de alianças,
formando a chapa com José de Alencar, do Partido Liberal (PL), além de manter
aliados tradicionais, como PC do B, PCB e PMN (Partido da Mobilização Nacional).
Sua vitória deu-se no segundo turno, tendo alcançado 61,3 % dos votos válidos. Seu
adversário foi José Serra, do PSDB.

Pela primeira vez na história republicana brasileira, um líder político de


origem autenticamente popular (ex-torneiro mecânico, ex-Iíder sindical e um dos
fundadores de um partido que abrigava uma ideologia de esquerda, o PT) assumia a
presidência da República.

Em 2006, ao final de seu mandato, Lula disputou nova eleição e foi re-eleito
para a presidência, no segundo turno, com pouco mais de 60% dos votos válidos.
Seu adversário foi Geraldo Alckmin, também do PSDB.

Agora em 2010, apoiou Dilma Rousseff, sua ministra da Casa Civil, a qual
ganhou em 2º turno do então candidato José Serra.

Quem é Lula?

Pernambucano da cidade de Caetés, nasceu em 27 de outubro de 1945. Um


político e ex-sindicalista brasileiro. Ele é o trigésimo quinto presidente da República
Federativa do Brasil, cargo que exerceu desde o dia 1º de janeiro de 2003 ao dia 31
de dezembro de 2010.

Lula, forma hipocorística de “Luís”, é sua alcunha desde os tempos em que


era representante sindical. Posteriormente, este apelido foi oficialmente adicionado
ao seu nome legal para poder representá-lo eleitoralmente. É cofundador e
presidente de honra do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1990, foi um dos
fundadores e organizadores, junto com Fidel Castro, do Foro de São Paulo, que

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congrega parte dos movimentos políticos de esquerda da América Latina e do


Caribe.

Lula é o brasileiro que mais vezes se candidatou à presidência da República


do Brasil, sendo candidato por cinco vezes. Em 2006 ultrapassou Rui Barbosa, que
se candidatou quatro vezes.

Com carreira política feita no estado de São Paulo, Lula é o único presidente
do Brasil nascido em Pernambuco.

Segundo a revista norte-americana Newsweek, Lula se encontrava no fim de


2008 no 18° lugar das pessoas mais poderosas do mundo, ocupando a liderança do
ranking na América Latina. Em lista divulgada pela revista Forbes, em novembro de
2009, Lula foi considerado a 33ª pessoa mais poderosa do mundo. Em ambas as
listas, primeira colocação mundial é ocupada pelo presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama.

Em 2009, foi considerado o homem do ano pelos jornais Le Monde e El


País. De acordo com o jornal britânico Financial Times foi uma das 50 pessoas que
moldaram a década pelo seu “charme e habilidade política” e também por ser “o
líder mais popular da história do país”.

Para o Instituto Datafolha, Lula era a personalidade mais confiável dentre


uma lista de 27, em pesquisa publicada no primeiro dia do ano de 2010.

No Fórum Econômico Mundial de 2010 realizado em Davos na Suíça,


recebeu a premiação inédita de Estadista Global, pela sua atuação no meio
ambiente, erradicação da pobreza, redistribuição de renda e ações em outros
setores com a finalidade de melhorar a condição mundial. Lula não foi pessoalmente
receber o prêmio, pois estava com pressão alta. No seu lugar foi escalado o
chanceler Celso Amorim que leu o discurso de Lula, quebrando o protocolo de
Davos, que diz que uma terceira pessoa não pode ler o discurso de outra.

Primeiro mandato (2003-2006)

Lula assumiu a presidência em 1º de janeiro de 2003. Seu programa de


governo propunha-se a resgatar as dívidas sociais fundamentais que o país tem com

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a maioria do povo brasileiro. Ele também prometia preservar os fundamentos da


ordem econômica, respeitar os contratos e reconhecer seus compromissos com os
credores da dívida externa do país.

Continuidade da política econômica, o compromisso de campanha foi


cumprido durante o primeiro mandato. O governo Lula procurou desde o início,
tranquilizar os mercados, ganhar a confiança dos grandes empresários (banqueiros,
industriais, comerciantes, entre outros), preservar a estabilidade da moeda e conter
a pressão inflacionária (COTRIM, 2008).

Para isso, a equipe econômica do governo adotou uma conduta em grande


parte assemelhada à da gestão anterior, o que gerou muitas críticas daqueles que
esperavam mais ousadia. Mas essa estratégia deu alguns bons resultados, como:

• a inflação foi mantida sob controle;

• as exportações brasileiras cresceram;

• os índices de desemprego tiveram ligeira queda.

Mesmo assim, o desempenho geral da economia foi considerado tímido.


Entre 2003 e 2006, o PIB (a soma de todos os bens e serviços produzidos no país)
cresceu num ritmo médio de 3,40% ao ano, taxa superior a do governo anterior.
Observe os dados da tabela a seguir:

Denúncias de corrupção

O governo Lula também sofreu denúncias de corrupção em seu primeiro


mandato. Algumas delas foram investigadas pelos parlamentares, como a CPI dos
Bingos e a CPI do Correio. A denúncia mais grave, porém, foi outra.

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Desde 2003, o governo procurou reunir, no Congresso Nacional, o apoio de


um número de parlamentares que garantisse a aprovação das propostas legislativas
de interesse do Executivo. Para isso, promoveu alianças e acordos com membros
de diversos partidos, como PL, PP, PTB, PMDB, entre outros.

A partir de 2005, o mecanismo de sustentação dessas alianças causou


suspeita: denúncias apontaram para a existência de um esquema, coordenado por
líderes do PT, pelo qual um grupo de parlamentares da base governista recebia
pagamentos em dinheiro em troca de seu apoio. Era o escândalo do chamado
“mensalão” (em referência a um suposto pagamento mensal aos parlamentares).

O presidente Lula afirmou desconhecer a existência do esquema


denunciado e conclamou todos os órgãos policiais e judiciais competentes a apurar
as denúncias. Investigadas por mais de uma CPI e pele Polícia Federal, essas
denúncias e seus desdobramentos receberam destaque na grande imprensa, dando
repercussão às acusações feitas a membros do PT.

Após 120 dias de investigação, a CPI do Mensalão não conseguiu provas


conclusivas a respeito das principais acusações ao governo. No entanto, vários
deputados denunciados renunciaram, e três foram cassados. E, por iniciativa da
Procuradoria Geral da República, muitas dessas denúncias foram encaminhadas ao
Supremo Tribunal Federal, que decidiu abrir processo contra vários dos indiciados
(COTRIM, 2008).

Segundo mandato (2006-2010)

Apesar do bombardeio de denúncias promovido pela oposição e pela grande


imprensa, Lula conseguiu reeleger-se em 2006. Alguns analistas entenderam essa
vitória como uma demonstração de que a maior parte do eleitorado ainda
considerava Lula um político comprometido com as causas populares.

Outros atribuíram a reeleição ao Programa Bolsa-Família, um programa de


distribuição de renda que beneficiou cerca de 11 milhões de famílias pobres do país
durante o primeiro mandato. Posteriormente, o programa foi ampliado, alcançando
cerca de 25% da população do país, em meados de 2007.

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Desigualdade: o grande desafio

Um dos principais desafios do governo Lula consiste em promover o


crescimento econômico do país aliado a uma boa administração na área social
(educação, saúde, condições de trabalho, entre outras) capaz de reduzir as
desigualdades sociais brasileiras. Essa situação de desigualdade social é tanto
perversa quanto persistente, mantendo-se quase inalterada nas últimas décadas,
conforme mostra a tabela abaixo.

Exclusão social e subcidadania

Neste início do século XXI, o Brasil ainda é um dos campeões mundiais de


desigualdade social.

Democrática na aparência, a sociedade brasileira ainda é essencialmente


autoritária. Nosso conceito de democracia é restrito principalmente ao plano jurídico,
expressando-se em frases pomposas como: “Todos são iguais perante a lei” ou
“Todo cidadão tem direito ao voto”.

No fundo, a democracia não chegou plenamente à vida cotidiana da


população. Não democratizamos de fato o acesso ao saber, à saúde pública e à
segurança social.

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Vivemos, na prática, um grande apartheid social. De um lado, uma elite


ostentando um padrão de vida de primeiro mundo; do outro, uma enorme massa de
subcidadãos (CONTRIM, 2008).

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UNIDADE 7 - DILMA ROUSSEFF (2011 - )

Em 31 de outubro de 2010, a candidata governista à presidência, Dilma


Rousseff, foi eleita à presidência sem nunca antes ter disputado uma eleição, fato
que foi explicado por grande parte dos analistas pela transferência de votos de Lula,
que teve, segundo o Datafolha, seu governo aprovado por 97% dos brasileiros à
época da eleição, 83% com nota boa ou excelente e 14% com nota regular. Assim,
Lula tornou-se o primeiro presidente desde Getúlio Vargas a fazer o seu sucessor
nas urnas e fez com que o PT se tornasse o primeiro partido desde a
democratização a ficar no governo federal por três mandatos consecutivos
(FOLHAUOL; ESTADÃO, 2010).

Na sua página na internet, (http://www.dilma.com.br/paginas/propostas/)


encontramos as seguintes propostas de governo.

Programas Sociais

 Manter e aprofundar a principal marca do governo Lula - seu olhar social,


ampliando programas como o Bolsa Família e implantando novos programas
com o propósito de erradicar a miséria na década que se inicia.

Educação de Qualidade

 Priorizar a qualidade da educação, contemplando medidas como o


treinamento e a remuneração de professores; bolsas de estudo e apoio para
que os alunos não sejam obrigados a abandonar a escola; e salas de aula
informatizadas e com acesso à banda larga.

 Proteger as crianças e os mais jovens da violência, do assédio das drogas e


da imposição do trabalho em detrimento da formação escolar e acadêmica. E,
simultaneamente, oferecer aos jovens a oportunidade de começar a vida com
segurança, liberdade, trabalho e a perspectiva de realização pessoal.

 Ampliar e disseminar pelo Brasil a rede de creches, pré-escolas e escolas


infantis.

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Saúde Para Todos

 Aprimorar a eficácia do sistema de saúde, garantindo mais recursos para o


SUS, reforçando as redes de atenção à saúde e unificando as ações entre os
diferentes níveis de governo; dedicando uma atenção ainda maior aos
hospitais públicos e conveniados, as novas Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs), ao SAMU e a programas como o Saúde da Família, o Brasil
Sorridente e a Farmácia Popular.

Reforma Urbana

 Colocar todo o empenho do Governo Federal, junto com estados e


municípios, para promover uma profunda reforma urbana, que beneficie
prioritariamente as camadas mais desprotegidas da população.

 Melhorar a habitação e universalizar o saneamento.

 Implantar transporte seguro, barato e eficiente. E reforçar os programas de


segurança pública.

Meio Ambiente

 Fortalecer a proteção ao meio ambiente, reduzindo o desmatamento e


impulsionando a matriz energética mais limpa do mundo; mantendo a
vanguarda nacional na produção de biocombustíveis e desenvolvendo nosso
potencial hidrelétrico; e cumprindo as metas voluntárias assumidas na
Conferência do Clima, haja ou não acordo internacional.

Indústria, Agricultura e Inovação

 Aprofundar os avanços da política industrial e agrícola, enfatizando a


inovação, o aperfeiçoamento dos mecanismos de crédito e o aumento da
produtividade.

 Agregar valor a nossas riquezas naturais e produzir tudo o que pode ser
produzido no Brasil.

 Continuar mostrando ao mundo que é possível compatibilizar o


desenvolvimento da agricultura familiar e do agronegócio. Assegurar crédito,
assistência técnica e mercado aos pequenos produtores e, ao mesmo tempo,

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apoiar os grandes produtores, que contribuem decisivamente para o superávit


comercial brasileiro.

Transparência

 Manter a transparência dos gastos públicos e aperfeiçoar seus mecanismos


de controle. Combater a corrupção, utilizando todos os mecanismos
institucionais.

 Concretizar, junto com o Congresso, as reformas institucionais que não


puderam ser completadas ou foram apenas parcialmente implantadas, como
a reforma política e a tributária.

 Aprofundar a postura soberana do Brasil no mundo, defendendo


intransigentemente a paz mundial e uma ordem econômica e política mais
justa.

 Manter o equilíbrio fiscal, o controle da inflação e a política de câmbio


flutuante.

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UNIDADE 8 - A HISTÓRIA NO CONTEXTO DA PÓS-


MODERNIDADE

Segundo Pucca (2007), não há um consenso teórico sobre a significação do


fenômeno contemporâneo que se convencionou chamar de pós-modernismo. Um
dos fatores, talvez, relaciona-se à questão de o fenômeno abranger diversas áreas
da sociedade, tais como arte, ciência, tecnologia, política, filosofia e cultura; sendo
assim, debruçam-se sobre o conceito pensadores de diferentes áreas.

Vale a pena ressaltar que, no Brasil, o conceito de pós-modernismo foi


utilizado pela primeira vez em 1946 por Alceu Amoroso Lima, que já apontava para
uma análise do fenômeno em expansão dentro da realidade própria do país. Hoje,
Eduardo Coutinho (2003), em um segundo momento mais amadurecido e
completamente distinto do vivido por Lima, destaca a necessidade de se pensar o
fenômeno fora das academias “primeiro-mundistas”, como algo importado por nós.
Para o autor, fazíamos “pós-modernismos” antes mesmo que este conceito
adquirisse tal nome, e por vezes, a crítica chega depois do movimento.

Sendo assim, não há como definir quem começou ou como se expandiu o


evento, o que importa é a plurifocalidade do mesmo, pois, para Coutinho, não
existem modelos universais de aplicação.

Contudo, o que nos interessa mais especificamente é a relação do pós-


modernismo com a produção historiográfica. Como já foi dito, o pós-modernismo
exige uma nova forma de compreender as relações sociais, econômicas e culturais
da contemporaneidade que inevitavelmente fundam-se sob o jugo da tecnologia e,
por consequência, da velocidade (PUCCA, 2007).

Nesse sentido, rever o passado torna-se absolutamente necessário à quebra


de paradigmas estabelecidos no decorrer do tempo; paradigmas estes que
determinaram a ordem “dominantes e dominados” em uma escala evolucionista
(selvagens se tornariam civilizados conforme o modelo vigente).

Em um sentido geral, segundo Marbela (2006, p. 13), o pós-modernismo


sustenta a proposição de que a sociedade ocidental, nas décadas mais recentes,
passou por mudanças de Era Moderna para “Pós-moderna”, que se caracteriza pelo

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repúdio final da herança da Ilustração, particularmente da crença na “Razão” e no


“Progresso”, e por uma insistente incredulidade nas grandes metanarrativas, que
imporiam direção e sentido à história, em particular à noção de que a história é um
processo de emancipação universal. No lugar de grandes metanarrativas do gênero,
afirma-se, vieram uma multiplicidade de discursos e jogos de linguagem, o
questionamento da natureza do conhecimento com uma dissolução da ideia de
verdade.

Em outras palavras, as certezas do passado calcadas nas grandes


metanarrativas, como o materialismo histórico ou a psicologia freudiana, tornaram-se
questionáveis, pois essas formas de conhecimento estão definidas em leis
totalizantes sobre as quais acredita-se fundar as relações dos indivíduos com a
sociedade.

Ora, o pós-modernismo vem negar justamente isso, a crença na existência


de leis ou essência sobre a qual fundam-se todas as coisas, visto que o próprio
transcurso da História já nos mostrou que a universalização tende à exclusão, pois
esconde as contradições e exceções capazes de desconstruir a lógica em que a lei
encontra-se estruturada. Precisamos, pois, ver além das barreiras dicotômicas, é
necessário o olhar excêntrico, para Hutcheon (1995, p. 96), “Ser excêntrico, ficar na
fronteira ou na margem, ficar dentro e, apesar disso, fora é ter uma perspectiva
diferente [...] uma perspectiva que está sempre alterando seu foco porque não
possui força centralizadora”

Ou seja, as consideradas obras pós-modernas meta-historiográficas são


capazes de fazer emergir das profundezas as contradições presentes nos textos da
historiografia tradicional, tal como prematuramente nos aconselhou Benjamin (1987)
ao propor um projeto mais abrangente para a escrita da historiografia que não
abarcasse apenas a versão oficial do poder. Nas palavras de Nascimento (2006, p.
44):

trata-se de um enfoque novo porque não reflete o ponto de vista da


oficialidade e altera sutilmente o ponto de vista dos ocupantes fronteiriços
do centro, onde os conflitos foram travados. Estamos diante do que ficou
ecoando nas ondas periféricas distantes; um outro comportamento, uma
outra versão dos fatos.

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Resta-nos lembrar que os efeitos da mudança processaram-se a partir da


chamada Escola dos Annales (mesmo que este movimento já tenha sido
influenciado pelos questionamentos de filósofos anti-metafísicos como Nietzsche,
Heidegger e Benjamin), um projeto de fôlego, impossível de ser descartado, que
irremediavelmente propôs uma nova forma de ler e escrever sobre o passado
(PUCCA, 2007).

Entretanto, hoje já observamos algumas críticas frente a certas posturas


defendidas pela Nova História, dentre elas destaca-se a força narrativa da
historiografia negada pelos Annales em nome das análises estruturais. Para autores
como Peter Burke (1992) e Frank R. Ankersmit (2006), a escrita do passado não
deve ser realizada levando em consideração apenas a análise das estruturas
sociais, pois o texto historiográfico tem um forte apelo narrativo, e tal fato não pode
ser desconsiderado. Pelo contrário, pode se tornar uma importante ferramenta na
difícil tarefa de rever as injustiças da História tradicional à medida que oferece as
mais variadas formas e perspectivas para se contar a mesma história:

Do ponto de vista do especialista em historiografia, o texto precisa ser visto


como “objeto” - ou “artefato literário”, como o chama White – e não como a
mimese textual do passado. Extremamente importante para a sobrevivência
da historiografia na pós-modernidade é, desse modo, a disposição de
confrontar-se com o texto histórico como se fosse uma obra literária;
qualquer concessão à crença na transparência do texto significaria colocar
novamente em ação mecanismos que implicariam uma dissolução da
historiografia em escrita da história. O uso de, e o recurso a, instrumentos
da crítica literária não são por essa razão, característica acidental da
historiografia pós-moderna, sendo tão natural a ela quanto a aplicação da
matemática à física teórica (ANKERSMIT 2006, p. 104)

Concluindo, não estamos abandonando a História, apenas estamos


dispostos a encará-la como narrativa de acontecimentos que podem conter mais de
um ponto de vista.

Nesse sentido, a historiografia (os textos escritos da História) perde seu


caráter progressista linear (reducionista e determinista), para ganhar o estatuto de
discurso concebido por enunciadores não isentos de imparcialidade. Em suma, hoje
já se pode afirmar que não há mais a História, e sim histórias, narrativas sobre o

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passado, uma plurifocalidade de enunciadores que responde às tendências e aos


questionamentos da atualidade:

Tal expediente permitiria uma interpretação do conflito [histórico] em termos


de um conflito de interpretações. Para permitir que as “vozes variadas e
opostas” da morte sejam novamente ouvidas, o historiador necessita, como
o romancista, praticar a heteroglossia (BURKE 1992, p. 336).

O que pretendemos mostrar é, portanto, que, assim como o que tem


ocorrido com a literatura, as antigas formas de composição do discurso histórico são
inadequadas já que privilegiam determinados pontos de vista. Tal como o
expediente ficcional do “narrador nada confiável em primeira pessoa”, a
historiografia precisa assumir sua postura de não imparcialidade, propondo-se a ser
um conjunto de textos que abrigam muitas vozes entre outras tantas. Assim, fechos
alternativos tornam a obra “aberta” encorajando os leitores a chegarem a suas
próprias conclusões. Nesses tempos de pós-modernidade, torna-se imprescindível
que literatura e história caminhem de mãos dadas (PUCCA, 2007).

Enfim, é a mais pura verdade e consenso entre os historiadores de hoje que


a história deve ser constantemente reescrita, pois, o objeto de estudo da História
são os homens e as diferentes sociedades humanas no tempo. Além disso, a
história deve ser reescrita, seus temas sempre revisitados, seus intérpretes sempre
questionados, pois o próprio conhecimento histórico muda na sucessão temporal. A
cada época, novos métodos, novos objetos, novos olhares, novas questões, novos
campos, novas tipologias de fontes, novas experiências.

A história atualiza a relação entre futuro/passado. Seria exatamente no


entendimento desta complexa relação que se encontra a concepção de tempo
histórico. Portanto, temas que podem não tomar muito sentido em outras épocas,
abordagens que foram desconsideradas por outros historiadores, fontes que não
eram visitadas anteriormente podem ser foco privilegiado da história hoje, o que faz
parte da pós-modernidade.

O nacionalismo é uma destas temáticas que tem ocupado um bom número


de páginas das revistas, teses e dissertações especializadas em história tanto no
Brasil quanto em outras partes do mundo. Para Hobsbawm, “a partir da década de
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1980 o debate acadêmico a respeito da natureza e da história das nações e do


nacionalismo tem sido contínuo”. Quais seriam os motivos para esta preponderância
dos estudos sobre o nacional? Para este autor esta presença marcante é fruto de
uma era de instabilidade internacional iniciada em 1989 que segundo suas
convicções não se pode prever o fim. O fato é que esta era de instabilidade nos
mostra que vivemos uma crise das identidades nacionais. Ainda de acordo com o
Hobsbawm, a Guerra Fria era uma força estabilizadora do nacionalismo.

As grandes potências que não são mais detentoras do monopólio bélico


mundial deixaram de ser o centro, provocando um processo de globalização da
violência armada a partir de uma nova articulação entre local e global que rearmou
pequenos grupos militares pelo mundo e provocou ainda mais a instabilidade pelos
quatro cantos do planeta. Governos centrais testemunharam o esfacelamento de
seus territórios em dois, três ou mais Estados, como é o caso da Iugoslávia. A
Europa que “inventou” o nacionalismo no século XIX, pátria original das nações
modernas, assiste à desconstrução da sua maior invenção: a nação. Esta
desintegração do poder central em alguns países do globo é um termômetro da
relação entre nacionalismo e identidade cultural no mundo pós-moderno.

Arcanjo (2010) citando Jenkins e outros teóricos como Lyotard e Jameson,


ressalta que o pós-moderno é algo difícil de se definir, pois os apologistas do pós-
modernismo defendem a ideia de que nada é sólido ou fixo neste mundo. Na
definição de Lyotard, o contexto pós-moderno pode ser caracterizado pela “morte
dos centros”, “incredulidade ante as metanarrativas”, “anglocentrismos”,
“eurocentrismos”, “etnocentrismos”, “logocentrismos”, “sexismos” que já não são
considerados legítimos, naturais, reais, mas sim, construções temporais, ficcionais
que são úteis para formular interesses que não são universais.

A crise da ideia de um projeto iluminista, de emancipação do homem


expressas por meio do humanismo, do marxismo e do liberalismo é resultado da
descrença nas metanarrativas que estabeleceram um sentido para a humanidade,
fundado na noção de progresso e de civilização. Segundo Jenkins, “o final do século
XIX e o início do século XX assistiram a um solapamento da razão e da ciência”.

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Retomando o tema que é contextualizar a história no pós-modernismo, ou


seja, a necessidade de reescrita da história, revisitar o nacionalismo como tema
frente a este contexto dito pós-moderno é uma exigência. De acordo com José
Carlos Reis (2003), a questão da nacionalidade pode ser encarada a partir de dois
polos destacados por Stuart Hall: essencialismo e não-essencialismo.

Hoje, a visão essencialista do nacionalismo cede lugar às análises


construcionistas frutos deste presente descrente na existência de um “ser nacional”.
Descrença esta que está conectada ao que se convencionou chamar de pós-
modernidade e ao cenário descrito por Hobsbawm. A utopia de “uma” identidade
nacional foi colocada à prova por um contexto globalizado que trouxe outra
problemática levantada por Canclini (2007): globalizar-se ou defender a identidade?
Sobre a pós-modernidade, Jenkins não oferece opções aos historiadores e pondera:
o que a história deve fazer para não negar, mas trabalhar e conviver com o pós-
moderno? Quais os impactos para a natureza da história e para o trabalho do
historiador?

A historiografia brasileira sofre diretamente o impacto deste cenário pós-


nacionalista que se redesenha a todo instante, a predominância do regionalismo nos
temas das pesquisas é um exemplo disso. Da mesma forma, diversos estudos se
concentram em temas que espelham o aparecimento de identidades fragmentadas
pelo processo descrito acima. Ecologistas, militantes homossexuais, minorias
étnicas, artísticas, religiosas, sociais constroem estratégias de resistência ao
processo de globalização, mas são ao mesmo tempo fruto desta (ARCANJO, 2010).

Esta fragmentação identitária redesenhou de forma marcante o mapa da


produção historiográfica brasileira e do mundo, tornou os temas mais pontuais e fez
desaparecer as grandes interpretações do Brasil. A nação não é mais vista como
uma unidade totalizante. Nasce nos textos de História um Brasil diversificado. Na
verdade, nascem a cada dissertação e a cada tese, novos brasis atualizados com o
presente também fragmentado pelo encurtamento das distâncias e,
fundamentalmente, pelas reações a ela.

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No caso dos estudos sobre o nacionalismo, este presente pós-moderno, no


qual a nação se apresenta como uma verdade caindo pelas tabelas, os diferentes
projetos identitários para a cultura brasileira são objetos constantemente revisitados.

Por fim, podemos inferir que é na distância temporal que se percebe a


historicidade das diferentes concepções do conceito de nação defendidos no Brasil.
Debate que se mostrou e ainda se mostra tão caro a nossos pensadores, no campo
da historiografia.

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REFERÊNCIAS

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ARCANJO, Loque. A historiografia entre o nacionalismo e a pós-modernidade.


Disponível em:
http://historiografiaeteoriadahistoria.blogspot.com/2010/04/historiografia-entre-o-
nacionalismo-e.html Acesso em: 21 out.2010.

ASAZU, Claudia Yukari. Os caminhos da lei de responsabilidade fiscal (LRF):


instituições, ideias e incrementalismo. Dissertação de mestrado, São Paulo, Escola
de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, 2003.

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura, história e


cultura. 3 ed. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BURKE, P (Org). A escrita da História: novas perspectivas. Tradução de Magda


Lopes. São Paulo: Editora Unesp, 1992.

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dos Senhores: a UDR e a elite rural – 1985/1988. Londrina: EDUEL, 1998.

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