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ABERTURA POLÍTICA
ANTECENDENTES:
• Nas direitas: fazendo oposição, estão a UDN, grande parte do PSD, setores do capital externo, setores
conservadores e liberais da burguesia nacional, parte significativa da elite agrária, parte das forças
armadas, parte da Igreja, sua ala conservadora, número crescente da pequena burguesia e das classes
médias, mídias conservadoras.
• Nas esquerdas: a relutância de Goulart sobre as reformas, a crise política desencadeada com os militares e
com Carlos Lacerda, (pedido de estado de sítio negado , diante das acusações de Carlos Lacerda ao
presidente e à honra das FFAAs), levaram setores da esquerda (FMP, CGT, UNE e outras organizações) a
acusarem Goulart de fazer “política de conciliação”, “fazendo um governo exclusivo do interesse das classes
conservadoras”.
• Radicalização tanto das esquerdas quanto das direitas sobre pontos da reforma agrária.
• Estopim: Anistia à insurreição de marinheiros, leva parte das FFAAs a cederem aos argumentos do naco
civil da sociedade.
1. Por que derrubaram um presidente eleito pelo voto, escolhido democraticamente pela vontade da maioria popular;
2. Por que forças sociais conservadoras da sociedade de fato conspiraram e articularam para a derrubada do presidente;
3. Por que o deputado Auro de Moura Andrade declarou vaga a cadeira presidencial, quando Goulart tinha apenas ido ao
sul do país encontrar-se com suas forças aliadas, para fazer frente ao golpe que já se desenrolava;
4. Por que constatou-se a presença da marinha norte americana em águas brasileiras, preparada para oferecer retaguarda
aos golpistas, caso Jango escolhesse resistir;
5. Por que parte das Forças Armadas se insubordinaram ao seu próprio comandante em chefe, o presidente da República.
QUEM SÃO AQUELES QUE TOMARAM O PODER?
• O golpe contou com uma ampla base social de elite: a nova coalizão incluiu do
rural ao urbano, do arcaico ao moderno, do nacional ao estrangeiro, do produtivo
ao parasitário.
No campo militar, representado amplas frações conservadoras da sociedade:
1. Sorbonistas: grupo remonta à revolução de 1932, na resistência contra Vargas, à aliança com os EUA,
ligados a um modelo de desenvolvimento dependente-associado ao capital internacional, cuja
contrapartida civil era representada pela cúpula da UDN.
2. Linha dura: militares mais chegados aos métodos de terrorismo, intimidação e tortura, afeitos aos
discursos apopléticos, cheios de ódio anticomunista e conspirações paranóicas.
REFORMAS:
d) Administrativa: tentativa de destruir as fontes de clientelismo que bloqueavam a alternância de poder,
favorecendo os dirigentes de partidos como o PSD, PTB e o PSP.
e) Agrária: inspirada na ideia do imposto territorial progressivo, visando modernizar as unidades agrárias,
criando pequenas e médias unidades territoriais autônomas e competitivas, a coexistir com as grandes
unidades territoriais.
f) Nos sindicatos: retirar o poder de patronage resultante da inserção dos sindicatos nos aparelhos
estatais. Tratava-se, portanto, da retirada da influência dos trabalhadores sobre os órgãos públicos,
principalmente o Ministério do Trabalho e a Previdência Social.
A RESISTÊNCIA DE CASTELLO BRANCO À LINHA DURA E AOS NACIONALISTAS DE DIREITA
Os focos de pressão pré-64 não foram extintos, mas estavam sob controle.
• Vitória da oposição em 5 dos 11 estados, inclusive entre os mais importantes: Minas Gerais e
Guanabara.
• A Direita fortaleceu-se editando o AI-2: retorno do poder de cassar mandatos, suspender direitos
políticos, limitação da livre manifestação do pensamento, extinção de partidos, poder para decretar
intervenção nos estados e declarar recesso do Congresso.
A CHEGADA DA LINHA DURA: O GOVERNO COSTA E SILVA
• O oposição imaginava que a intervenção militar estava carente de base popular e acossada por
dissenções internas.
• Agente civil do golpe, Carlos Lacerda, agarrava-se à ilusão de chegar à presidência, sua crítica ao regime
logo reverteu-se em perseguição política. Houve mais expurgos políticos e perseguições....
Na sucessão para Costa e Silva: duros e nacionalistas de direita ganham posição na administração.
“[...] o poder se verá forçado a transformar a situação política em uma situação militar. Isso descontentará as
massas que, a partir de então, se revoltarão contra a polícia e o exército [...]os lares serão violados,
inocentes serão presos, as vias de comunicação serão fechadas. O terror policial se instalará e [...] dessa
forma, os guerrilheiros obterão o apoio das massas e destituirão a ditadura”.
As condições socio-econômicas do Milagre, nos anos 1970, geraram uma euforia coletiva e uma escalada do
PIB nacional: 8,8% em 1970; 13,3% em 1971; 11,7% em 1972; 14% em 1973.
As esquerdas no momento:
• o MDB, a “esquerda consentida” pelo regime, duvidava de sua capacidade de sobrevivência política,
ante as consecutivas farsas eleitorais anteriores (1970/72)
• A oposição armada estava desbaratada no campo e na cidade.
• O PCB sofreu perdas e estava sob controle, não representava riscos ao regime.
RETROCESSO:
O PACOTE DE ABRIL
O PACOTE DE ABRIL, A LEI FALCÃO E O DESPERTAR DA SOCIEDADE CIVIL
Nota do Diário Comércio e Indústria, 30/10/1978, transmitida pelos ministros da fazenda e do planejamento:
“EMPRESÁRIOS DEVEM SE PREPARAR – uma nova realidade pode levar o fim da tutela do Governo nas
relações com os empregados. Busca-se nova política salarial que inclua as negociações diretas”
As reformas do regime:
• Embora determinasse o fim do AI-5, preservava-se a Lei de Segurança Nacional;
• Não revogaram nem a Lei Falcão, nem o Pacote de abril;
• Criaram a figura do “Estado de Emergência”: faculta ao presidente suspender todas as garantias
individuais, suspender as liberdades públicas, intervir em sindicatos, suspender imunidades
parlamentares, atribuir às FFAAs o poder de polícia.
Seria necessário esperar todo o mandato de Figueiredo, para a escolha, por colégio eleitoral, de Tancredo
Neves, para a cadeira presidencial. A Lei Falcão só foi revogada em 1984, já as medidas do pacote de
abril começaram a cair a partir de 1980, com a volta das eleições diretas para governador.
O ACIONAMENTO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA POR FIGUEIREDO
A votação da Emenda Dante de Oliveira (reinstaurar eleições diretas para presidente), fez Figueiredo acionar o Estado de
Emergência.
O general Newton Cruz, nomeado por Figueiredo para aplicar as medidas, fecha as estradas de acesso a Brasília.
• O Congresso foi cercado por militares durante a seção de votação;
• Na manhã seguinte, uma multidão de estudantes manifestam-se no gramado em frente ao Congresso.
A emenda precisava de 320 votos (dois terços dos deputados) para ser aprovada. Alcançou 298.
No site do Memorial da Democracia, lê-se: “Mesmo derrotada, a campanha das Diretas determinou o completo
isolamento político e social da ditadura militar que completara 20 anos naquele mês de abril de 1984. As oposições e
os movimentos populares mostraram sua força. O partido oficial estava dividido. O regime se aproximava do fim, mas
ainda apostava numa negociação política da transição”.
A COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE E O OFÍCIO DO HISTORIADOR
• Um processo de análise comparativa de investigação forense:
Trechos do laudo:
“A referida cinta, conforme mostra a foto nº 2, anexa, estava atada na
grade metálica, com um nó simples, a uma altura de 1,63 metros”.
“Ao analisar o laudo de exames de local verificou-se que procedimentos básicos comumente utilizados em
laudos periciais de local não foram observados”:
“b) em relação ao corpo (exame Perinecroscópico): podemos verificar a citação de apenas um sulco no
pescoço de Vladimir Herzog [...] quando são visíveis pelo menos dois sulcos, um horizontal [...] e o outro
oblíquo ascendente no lado esquerdo do pescoço [...]”.
“A observação desses dois sulcos (ambos com reações vitais) - um deles típico de estrangulamento (l) e o
outro característico daqueles observados em locais de enforcamento [...] é incompatível com a versão
oficial apresentada de que Vladimir Herzog teria se auto-eliminado.”
“Porém, não mencionaram os médicos-legistas que muitos achados internos observados em casos de
enforcamento suicida são totalmente compatíveis com o que se espera encontrar em casos de
estrangulamento”
“Acreditam os peritos criminais que a(s) pessoa(s) que simulou(aram) o suicídio não contou(aram) com a
formação de reação vital no sulco produzido pelo estrangulamento.”