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Algebra Comutativa PDF
Algebra Comutativa PDF
ar
Notas de Aula
in
Maria Eugenia Martin
im
el
Pr
ão
rs
Ve
1 anéis e ideais 2
1.1 Teorema Chinês dos Restos 12
1.2 Exercícios 14
ar
2 variedades 18
2.1 Espectro 18
2.2 Introdução à Geometria Algébrica 26
in
2.3 Exercícios 33
3 módulos 36
im
3.1 Módulos Finitamente Gerados 38
3.2 Sequências Exatas 41
3.3 Produto Tensorial de Módulos 43
3.4 Exercícios 51
el
4 localização 54
4.1 Propriedades Locais 60
4.2 Localização e Ideais Primos 61
Pr
4.3 Exercícios 65
5 condições de cadeia 67
5.1 Anéis Noetherianos 73
5.2 Anéis Artinianos 76
5.3 Exercícios 78
ão
6 decomposição primária 80
6.1 Decomposição Primária em Anéis Noetherianos 86
6.2 Aplicações da Decomposição Primária em Anéis Artinia-
rs
nos 88
6.3 Exercícios 93
Ve
7 extensões integrais 96
7.1 Exercícios 111
i
a identidades binomiais 125
ar
in
im
el
Pr
ão
rs
Ve
ii
INTRODUÇÃO
ar
IME-USP.
O autor ficaria muito grato se lhe fossem enviadas sugestões de melhorias
ou que lhe fossem apontados erros porventura encontrados.
in
im
el
Pr
ão
rs
Ve
1
ANÉIS E IDEAIS
1
Aula 1
aula 1: 11/08/2014
ar
Vamos começar revendo rapidamente as definições e propriedades elemen-
tares de anéis, ideais primos e maximais e várias operações elementares que
podem ser realizadas em ideais.
in
Definição 1. Um anel A é um conjunto com duas operações binárias: soma
e multiplicação, denotadas por (+, ·) respetivamente e tais que:
im
a. A é um grupo abeliano em relação a operação de soma “+” (logo A
tem um elemento nulo, 0, e todo a ∈ A tem um inverso aditivo, − a.)
c. a · b = b · a para todos a, b ∈ A
Pr
b. f ( a · b) = f ( a) · f (b),
c. f (1 A ) = 1B .
2
Em outras palavras, f respeita adição, multiplicação e o elemento identi-
dade.
Um homomorfismo injetor e sobrejetor é chamado de isomorfismo.
Um subconjunto S de um anel A é um subanel de A se S é fechado sob
adição e multiplicação e contém o elemento identidade de A. A aplicação
identidade de S em A é então um homomorfismo de anéis injetivo que
chamaremos de “inclusão”.
Se f : A → B, g : B → C são homomorfismos de anéis então sua
ar
composição g ◦ f : A → C é também um homomorfismo de anéis.
in
que a · b ∈ I. Um ideal I é dito próprio se I 6= A ou equivalentemente se
1 6∈ I. Os múltiplos x · a de um elemento a ∈ A formam um ideal principal,
denotado por ( a). De modo mais geral, podemos definir o ideal de A
im
gerado pelo subconjunto S ⊆ A, denotado por hSi, como sendo o conjunto
gerado por todas as combinações A-lineares finitas:
3
Como consequência o kernel de f , Ker( f ) = f −1 (0), é um ideal de A mas
só podemos afirmar que a imagem de f , Im( f ) = f ( A), é um subanel de B.
O homomorfismo f induz um isomorfismo de anéis A/ Ker( f ) ' Im( f ).
Definição 6.
ar
de integridade (ou seja, num domínio de integridade se a · b = 0 então
ou a = 0 ou b = 0).
in
b. Uma unidade em A é um elemento a ∈ A o qual “divide 1”, i.e., para
o qual existe b ∈ A tal que a · b = 1. O elemento b é determinado de
maneira única por a e é denotado por a−1 . As unidades em A formam
um grupo abeliano (multiplicativo), A× . Um corpo é um anel k no
im
qual 1 6= 0 e todo elemento não nulo é uma unidade.
a. A é um corpo;
Demonstração. Exercício 4.
rs
Proposição 10.
1 Note que por definição ideais primos e maximais são ideais próprios.
4
Demonstração.
a. Exercício 5.
ar
Suponha agora que A/m é um corpo2 . Seja J um ideal de A tal que
m ⊆ J ⊆ A, logo J = J/m é um ideal de A/m que é um corpo. Da
Proposição 8 segue que ou J = 0 ou J = A/m, logo J = m ou J = A o
in
que implica que m é um ideal maximal de A.
im
Como consequências temos: o ideal zero (0) = 0 é primo se e somente se
A é um domínio de integridade; o ideal zero (0) é maximal se e somente
se A é um corpo; e se m é um ideal maximal⇒ A/m é um corpo⇒ A/m é
um domínio de integridade⇒m é um ideal primo, ressaltamos porém que a
recíproca não é verdadeira.
el
Proposição 11. Se f : A → B é um homomorfismo de anéis e q é um ideal primo
em B, então f −1 (q) é um ideal primo em A.
Pr
um ideal primo de A.
5
em abundância. A prova de dito teorema é uma aplicação padrão do famoso
Lema de Zorn. Para isso lembraremos rapidamente os conceitos necessários.
Um conjunto não vazio Ω é dito parcialmente ordenado se for dada uma
relação ≤ em Ω a qual é reflexiva, transitiva e tal que se x ≤ y e y ≤ x então
x = y. Um subconjunto S ⊆ Ω é uma cadeia se para todo par de elementos
x, y ∈ S temos x ≤ y ou y ≤ x. O Lema de Zorn pode ser enunciado como
segue:
ar
então Ω possui pelo menos um elemento maximal.
in
Teorema 14. Todo anel não nulo A 6= 0 possui pelo menos um ideal maximal.
m
almente ordenados por inclusão (⊆). Como A 6= 0, Ω é não vazio pois
(0) ∈ Ω. Devemos mostrar que Ω possui um elemento maximal e faremos
isso aplicando o Lema de Zorn. Para isso, devemos mostrar que toda cadeia
eli
S ⊆ Ω tem uma cota superior em Ω. Seja S = ( Iα ) uma cadeia de ideais em
Ω, então para cada par de índices α, β temos uma das possibilidades: ou
Iα ⊆ Iβ ou Iβ ⊆ Iα . Denotemos por m = α Iα , este será o nosso candidato a
S
cota superior de S em Ω.
Pr
Vejamos primeiramente que m ∈ Ω, i.e., que m é um ideal próprio de A.
Sejam x, y ∈ m então existem índices α, β tal que x ∈ Iα e y ∈ Iβ , sem perda
de generalidade podemos supor que Iα ⊆ Iβ logo x + y ∈ Iβ ⊆ m. Por outro
lado, seja a ∈ A então a · x ∈ Iα ⊆ m. Isto mostra que m é um ideal de A.
Para ver que ele é próprio só basta observar que 1 6∈ m pois 1 6∈ Iα para todo
ão
α.
Por último, só resta observar que Iα ⊆ m para todo α, logo m é uma cota
superior de S.
Aula 2
rs
aula 2: 13/08/2014
Ve
6
Teorema. Todo anel não nulo A 6= 0 possui pelo menos um ideal maximal.
Corolário 15. Todo ideal próprio I de A está contido num ideal maximal.
ar
Corolário 16. Todo elemento de A que não é uma unidade está contido num ideal
maximal.
in
Dados dois ideais I e J de um anel A, definimos os seguintes ideais:
im
a. A soma de I e J é o conjunto de todos os elementos x + y onde x ∈ I
e y ∈ J. É o menor ideal que contém I e J, em outras palavras é o
ideal gerado pela união I ∪ J. Analogamente, podemos definir a soma
∑α∈Λ Iα de qualquer família de ideais Iα de A cujos elementos são
todas as somas ∑ xα onde xα ∈ Iα para todo α ∈ Λ e quase todos os xα
el
(i.e., todos exceto um conjunto finito) são zero. É o menor ideal que
contém todos os ideais Iα .
Pr
b. A interseção de qualquer família de ( Iα )α∈Λ ideais é um ideal.
Observação.
7
e. Sempre temos a inclusão I · J ⊆ I ∩ J, a igualdade acontece se I + J =
A.
ar
ideia levou à seguinte definição.
in
de A.
Proposição 19.
im
a. Seja A um anel e m um ideal próprio de A tal que todo a ∈ A − m é uma
unidade de A. Então A é um anel local e m seu ideal maximal.
primo. Todos os ideais ( p), onde p é um número primo, são maximais pois
Z/( p) = Z p é o corpo com p elementos.
8
b · c ∈ ( a). Suponha que ( a) ( (b) então b 6∈ ( a) mas ( a) é primo então deve
ser c ∈ ( a) assim c = d · a. Então a = b · c = b · d · a. Isto implica que
0 = b · d · a − a = (b · d − 1) · a,
ar
Proposição 22. Seja A um DIP e I 6= 0 um ideal não nulo de A. Então I é primo
se e somente se I é maximal.
in
O conjunto N de todos os elementos nilpotentes de um anel A é um ideal
(Exercício 8. dica: use o Binômio de Newton) chamado de nilradical de A.
Seja a um elemento nilpotente do anel quociente A/N, então existe n > 0
im
tal que 0 = an = an ou seja an ∈ N. Logo existe k > 0 tal que ( an )k = 0,
i.e., ank = 0 e portanto a ∈ N ou seja a = 0. Assim provamos que o anel
quociente A/N não tem elementos nilpotentes não nulos.
A seguinte proposição da uma definição alternativa de nilradical:
el
Proposição 24. O nilradical de A é a interseção de todos os ideais primos de A.
Seja Ω o conjunto dos ideais I com a seguinte propriedade “Se n > 0 então
an 6∈ I”. Observe que Ω 6= ∅ pois (0) ∈ Ω. Queremos aplicar o Lema de
Zorn ao conjunto não vazio Ω parcialmente ordenado por inclusão, seguindo
o raciocínio da prova do Teorema 14. Então seja S = ( Iα ) uma cadeia de
rs
3 Observe que em geral união de ideais não é ideal mas aqui os ideais pertencem a uma
cadeia e é este fato que faz a união ser um ideal.
9
podemos escrever am = p0 + x 0 e an = p00 + y0 , onde p0 , p00 ∈ p, x 0 ∈ ( x ) e
y0 ∈ (y). Assim
ar
que a 6∈ p logo a 6∈ N0 . Com isto provamos que N0 ⊆ N.
in
A seguinte proposição caracteriza o radical de Jacobson.
im
b ∈ A.
aula 3: 22/08/2014
ão
√
Definição 27. Definimos o radical do ideal I de A como sendo I = { a ∈
A | an ∈ I para algum n > 0}.
√
Ve
Se π : A → A/I é o homomorfismo
√ projeção, então I = π −1 (N A/I )
(provar Exercício 9.) e logo I é um ideal (pelo Exercício 2: pré-imagem de
ideal é ideal).
10
˙ temos
Demonstração. Aplicando a Proposição 24 a A/I
\
N A/I = p,
p ideal primo de A/I
logo
√
I = π −1 (N A/I )
ar
π −1 (p )
\
=
p ideal primo de A/I
\
= p,
in
p ideal primo de A que contém I
Proposição 29.
im
a. Sejam p1 , . . . , pn ideais primos e seja I um ideal contido em
I ⊆ pi para algum i.
Sn
i = 1 pi . Então
el
Tn
b. Sejam I1 , . . . , In ideais e seja p um ideal primo contendo i =1 Ii . Então p ⊇ Ii
para algum i. Se p = in=1 Ii então p = Ii para algum i.
T
Pr
i =1
n
i0 · · · an = b − ∑ a1 · a2 · · · ai0 · · · abi · · · an ∈ pi0 ,
a1 a2 · · · ac
i =1
i 6 = i0
como pi0 é primo então pelo menos um dos ai com i 6= i0 deve pertencer
a pi0 o que é uma contradição. Logo b 6∈ pi para todo 1 ≤ i ≤ n, portanto
I * in=1 pi .
S
11
Para provar o segundo item suponha que p + Ii para todo i. Então para
cada i existe ai ∈ Ii tal que ai 6∈ p, mas p é primo logo a1 a2 . . . an 6∈ p. Por
outro lado a1 · a2 · · · an ∈ ∏in=1 Ii ⊆ in=1 Ii ⊆ p o que é uma contradição.
T
ar
Em particular (0 : J ) é chamado de aniquilador de J e é frequentemente
denotado por Ann( J ), consiste dos elementos a ∈ A tais que a · J = 0.
Se J é um ideal principal ( a) escreveremos ( I : a) ao invés de ( I : ( a)).
in
1.1 teorema chinês dos restos
m
Definimos o produto direto dos anéis A1 , . . . , An
n
A= ∏ Ai
eli
i =1
x ≡ a1 (mod m1 )
rs
x ≡ a2 (mod m2 )
..
.
Ve
x ≡ ar (mod mr )
Z Z Z ∼
= Z
× ×···× −→
( m1 ) ( m2 ) ( mr ) ( m1 · m2 . . . mr )
( x mod m1 , x mod m2 , . . . , x mod mr ) 7−→ x mod(m1 · m2 . . . mr ).
12
O isomorfismo ainda existe quando consideramos um anel qualquer e ideais
coprimos.
a. I1 ∩ · · · ∩ In = I1 . . . In
A A A A
b. ' × ×···×
ar
I1 · I2 · . . . · In I1 I2 In
Demonstração.
in
In . Para mostrar a inclusão oposta, procedemos por indução em n
sendo o caso n = 1 trivial. Para n = 2, como I1 e I2 são coprimos
existem ai ∈ Ii tais que 1 = a1 + a2 . Assim, seja c ∈ I1 ∩ I2 então
im
c = c · a1 + c · a2 ∈ I1 · I2 como desejado. Vamos supor que é verdade
para n − 1, queremos provar que vale para n. Para isso basta mostrar
que os ideais I1 . . . In−1 e In são coprimos pois com isso e a hipótese
de indução teremos
el
HI n =2
( I1 ∩ · · · ∩ In−1 ) ∩ In = ( I1 . . . In−1 ) ∩ In = ( I1 . . . In−1 ) · In .
1 = ( a1 + b1 ) . . . ( an−1 + bn−1 )
= a1 · a2 . . . an−1 + ∑ b j (]) ∈ I1 . . . In−1 + In
ão
13
isto, seja (b1 , . . . , bn ) ∈ IA1 × IA2 × · · · × IAn onde bi = bi + Ii com bi ∈ A
para todo i. Então existe a ∈ A dado por a = b1 e1 + · · · + bn en tal que
ϕ( a) = ( a + I1 , a + I2 , . . . , a + In )
= ((b1 e1 + · · · + bn en ) + I1 , . . . , (b1 e1 + · · · + bn en ) + In )
= (b1 e1 + I1 , . . . , bi ei + Ii , . . . , bn en + In )
= (b1 , . . . , bn )
ar
Logo ϕ é sobre. Segue da observação que o homomorfismo induzido
ϕ : A/ Ker( ϕ) → Im( ϕ) é um isomorfismo, logo
in
A/ Ker( ϕ) ' Im( ϕ),
ou seja
im
A A A A
' × ×···×
I1 . . . In I1 I2 In
Exemplo 32. Considere o anel dos polinômios com coeficientes no corpo dos
el
C[ x ] C[ x ]
números complexos C[ x ] e mostre que h x2 −3i ' √ × C[√ x]
. Observe
h x + 3i h x − 3i
que se a, b ∈ A então h a · bi = h ai · hbi (Exercício 11.). Como x2 − 3 =
√ √ √ E D √ E
Pr
D
( x + 3)( x − 3) ∈ C[ x ] logo temos x − 3 = x + 3 · x − 3 .
2
D √ E D √ E
o que implica que os ideais x + 3 e x − 3 são coprimos. Logo pelo
TCR
C[ x ] C[ x ] C[ x ] C[ x ]
rs
2
=D √ E D √ E ' D √ E×D √ E.
h x − 3i x+ 3 · x− 3 x+ 3 x− 3
Ve
1.2 exercícios
14
Ex. 2 — Se f : A → B é um homomorfismo de anéis e J um ideal de B,
então a pré-imagem f −1 ( J ) é um ideal de A.
ar
Ex. 5 — Prove que todo ideal próprio I de A está contido num ideal maxi-
mal.
in
Ex. 6 — Seja A um anel não nulo. Mostre que as seguintes afirmações são
equivalentes:
a. A é um corpo;
im
b. os únicos ideais de A são 0 e A;
c. todo homomorfismo de A num anel não nulo B é injetivo.
A[ x1 ,...,xn ]
Ex. 9 — Seja A um anel, mostre que h x1 − a1 ,...,xn − an i
' A.
ão
f ( x ) = a · p 1 ( x ) e1 · · · p r ( x ) er ,
rs
k[ x ] k[ x ] k[ x ]
' × · · · × .
h f ( x )i h p 1 ( x ) e1 i h p r ( x ) er i
Fq [ x ]
2. Conclua que hxq −xi
' Fq × · · · × Fq
| {z }
q vezes
15
Ex. 11 — Sejam I, J e K ideais de A. Mostre que:
1. I + J é o menor ideal de A contendo I e J.
2. I ∩ J é ideal de A
3. I · J ⊆ I ∩ J
4. Se I + J = A, então I · J = I ∩ J
5. I · ( J + K ) = I · J + I · K
6. Se J ⊆ I ou K ⊆ I então I ∩ ( J + K ) = I ∩ J + I ∩ K (Lei Modular).
ar
Ex. 12 — Seja A um anel e f = a0 + a1 x + . . . an x n ∈ A[ x ], mostre que:
1. f é unidade em A[ x ] se e somente se a0 é unidade em A e a1 , . . . , an
in
forem nilpotentes.
2. f é nilpotente em A[ x ] se e somente se a0 , a1 , . . . , an forem nilpotentes.
3. f é um divisor de zero em A[ x ] se e somente se existe a 6= 0 em A tal
im
que a f = 0.
A = { f : [0, 1] → R| f é contínua}.
Pr
Ix = { f ∈ A | f ( x ) = 0 }
ão
para algum x ∈ [0, 1]. Conclua que existe uma bijeção entre pontos x ∈ [0, 1]
e ideais maximais de A.
N( A) := { a ∈ A, ∃n ∈ N > 0 : an = 0}
é um ideal de A.
Ve
16
√ √ √ √
4. Mostre que I·J=
I ∩ J. I∩J=
√
5. Mostre que se I é primo então I n = I para todo n ∈ N.
√
Ex. 17 — Um ideal I de um anel A é dito radical se I = I. Mostre que
1. Todo ideal primo é radical.
2. (0) é ideal radical de Z/nZ se, e somente se, n é livre de quadrados.4
Deduza que hni é ideal radical de Z se, e somente se, n é livre de
ar
quadrados.
in
a. A possui apenas um ideal primo;
b. Todo elemento de A ou é uma unidade ou nilpotente;
c. A/N é um corpo.
im
Ex. 19 — Sejam I, J e K ideais de A. Mostre que:
√
el
p p p
I+J·K = I+J∩K = I+J∩ I+K
4. ( I : ∑i Ji ) =
T
i(I : Ji )
rs
Ve
4 Um número natural é dito livre de quadrados se não for divisível pelo quadrado de
nenhum número inteiro diferente de 1.
17
VA R I E D A D E S
2
2.1 espectro
ar
Definição 33. Definimos o espectro de um anel A, Spec( A), como sendo o
conjunto de todos os ideais primos de A.
in
Spec(φ) : Spec( B) → Spec( A)
q 7 → φ −1 (q )
im
o morfismo entre espectros induzido por φ. Note que Spec(φ) está bem
definido pois da Proposição 11, φ−1 (q) é um ideal primo de A.
V ( I ) := {p ∈ Spec( A) | p ⊇ I }
a. V ((0)) = Spec( A) e V ( A) = ∅;
b. V ( I ) ∪ V ( J ) = V ( I · J );
= V (∑i∈Λ Ii ).
T
c. i ∈Λ V ( Ii )
18
Demonstração. O primeiro item é trivial. Para ver (b. ) Seja p ∈ V ( I ) ∪ V ( J )
logo ou p ∈ V ( I ) ou p ∈ V ( J ), ou seja, ou I ⊆ p ou J ⊆ p. Logo I · J ⊆ p
o que implica p ∈ V ( I · J ). Reciprocamente, seja p ∈ V ( I · J ) isto significa
que I · J ⊆ p. Suponha que I * p logo existe a ∈ I tal que a 6∈ p. Seja
b ∈ J um elemento qualquer então a · b ∈ I · J ⊆ p, como p é primo e
a 6∈ p então necessariamente b ∈ p e logo J ⊆ p, logo p ∈ V ( J ) e portanto
p ∈ V ( I ) ∪ V ( J ). Para ver (c. ) lembre que, por definição, ∑i∈Λ Ii é o menor
ideal que contém todos os Ii , logo
ar
p ∈ V ( ∑ Ii ) ⇔ ∑ Ii ⊆ p ⇔ Ii ⊆ p para todo i ∈ Λ
i ∈Λ i ∈Λ
\
⇔ p ∈ V ( Ii ) para todo i ∈ Λ ⇔ p ∈ V ( Ii ).
in
i ∈Λ
Aula 4
aula 4: 27/08/2014
im
Lembrando a última aula. Definimos o espectro de um anel A, Spec( A),
el
como sendo o conjunto de todos os ideais primos de A.
Se φ : A → B é um homomorfismo de anéis, denotamos por
q 7 → φ −1 (q )
a. V ((0)) = Spec( A) e V ( A) = ∅;
rs
b. V ( I ) ∪ V ( J ) = V ( I · J );
= V (∑i∈Λ Ii ).
Ve
T
c. i ∈Λ V ( Ii )
p ∈ V ( ∑ Ii ) ⇔ ∑ Ii ⊆ p ⇔ Ii ⊆ p para todo i ∈ Λ
i ∈Λ i ∈Λ
\
⇔ p ∈ V ( Ii ) para todo i ∈ Λ ⇔ p ∈ V ( Ii ).
i ∈Λ
19
Queremos ver agora algumas propriedades da Topologia de Zariski, para
isso dado um elemento a ∈ A definimos o conjunto
D ( a) := {p ∈ Spec( A) | a 6∈ p} .
ar
a. A família de subconjuntos { D ( a)} a∈ A de Spec( A) é uma base de abertos da
topologia de Zariski.
b. D ( a · b) = D ( a) ∩ D (b).
in
c. Se f : A → B é um homomorfismo de anéis, então Spec( f ) : Spec( B) →
Spec( A) é contínuo.
im
a) m ∈ Spec( A) é um ponto fechado se, e somente se, m é um ideal
maximal;
b) se A é um domínio de integridade, (0) é um ponto denso.
el
e. Spec( A) é compacto.
Demonstração.
Pr
a. Veja que os conjuntos D ( a) são abertos (Exercício 1.). Uma família de
subconjuntos é uma base de abertos para uma topologia se todo aberto
pode ser escrito como união de alguns subconjuntos da família. Todo
aberto da topologia de Zariski de Spec( A) é da forma Spec( A) \ V ( I )
para algum ideal I de A, ou seja é o conjunto dos ideais primos
ão
b. Exercício 2.
Ve
20
Logo (Spec( f ))−1 ( D ( a)) = D ( f ( a)) é aberto e portanto Spec( f ) é
contínuo.
(c. )
V ( I ) = V ( ∑ I ),
\ \
{p} = V(I) =
p∈V ( I ) I ⊆p I ⊆p
ar
agora veja que p ⊆ ∑ I ⊆p I e também p contém todos os I’s, mas ∑ I ⊆p I
é o menor ideal com essa propriedade, logo ∑ I ⊆p I ⊆ p o que implica
p = ∑ I ⊆p I e portanto {p} = V (p).
in
a) Seja m ∈ Spec( A) um ideal maximal então V (m) = {p ∈ Spec( A) | p ⊇ m} =
{m} = {m}, logo m é um ponto fechado. Reciprocamente, se
m ∈ Spec( A) é um ideal próprio, logo está contido em algum
im
ideal maximal m0 (Corolário 15 e Exercício 5 da Lista 1) logo
m0 ∈ V (m) = {m} = {m}, por tanto m é maximal.
b) Se A é um domínio de integridade então (0) é um ideal primo,
logo {(0)} = V ((0)) = Spec( A).
el
e. Pelo item (a. ), é suficiente provar que toda cobertura de Spec( A) por
uma família de abertos básicos { D ( aα ), α ∈ Λ}, admite subcobertura
finita. Assim, se p ∈ Spec( A) então existe α ∈ Λ tal que p ∈ D ( aα ), ou
Pr
que implica que A = h aαi , 1 ≤ i ≤ ni. Mas então cada aα = ∑in=1 ci · aαi ,
logo se aα 6∈ p então existe 1 ≤ i ≤ n tal que ci · aαi 6∈ p o que
implica que p ∈ D (ci · aαi ) = D (ci ) ∩ D ( aαi ). Em conclusão, para cada
p ∈ Spec( A) existe 1 ≤ i ≤ n tal que p ∈ D ( aαi ), logo Spec( A) =
rs
Sn
i =1 D ( a α i ).
Ve
Exemplo 37.
21
c. Seja A um DIP. Então um ideal ( a) não nulo é primo se, e somente se,
a é irredutível (Exercício 3.) (i.e., Se A for um domínio um elemento
a 6= 0 e a 6∈ A× é dito irredutível se sempre que a = b · c então b ∈ A×
ou c ∈ A× ). Logo Spec( A) = {(0)} ∪ {( a) | a é irredutível}.
ar
m = n e existe uma permutação σ : {1, 2, . . . , m} → {1, 2, . . . , m}
tal que bi = ucσ(i) para algum u ∈ A× para todo i = 1, 2, . . . , m )
então também todo ideal principal ( a) não nulo é primo se, e somente
se, a é irredutível. Entretanto um DFU em geral possui diversos
in
ideais primos que não são principais: se A = k for um corpo, então
( x1 ), ( x1 , x2 ), . . . , ( x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Spec(k[ x1 , . . . , xn ]) já que os anéis
k[ x ,x2 ,...,xn ]
quociente ( x1 ,...,x )
são domínios, pois:
im
1 i
k [ x1 , x2 , . . . , x n ] k [ x1 , . . . , x i ]
' [ x , . . . , x n ] ' k [ x i +1 , . . . , x n ] .
( x1 , . . . , x i ) ( x 1 , . . . , x i ) i +1
22
Spec(k[t]) e uniões de um número finito de pontos (pontos=ideais
primos) .
ar
Mas se c0 = 0 então h ∈ (t) logo I ⊆ (t) o que implica que (t) é
maximal e portanto primo. Seja agora I um outro ideal primo com
h ∈ I então c0 = 0 pois I é próprio. Logo existe r ≥ 1 tal que
h = tr · (br + br+1 t + · · · ) com br 6= 0. Se br + br+1 t + · · · ∈ I como
in
esse elemento é uma unidade I = k[[t]] o que é uma contradição,
logo como I é primo necessariamente tr ∈ I do que segue que t ∈ I e
portanto (t) ⊆ I, mas como (t) é maximal temos I = (t) e por tanto (t)
im
é o único ideal primo. Assim Spec(k[[t]]) = {(0)} ∪ {(t)} . Por outro
lado, temos que (t) é um ponto fechado (pois é maximal) enquanto que
(0) é um ponto denso (pois k[[t]] é um domínio). Assim os fechados
de Spec(k[[t]]) são: ∅, Spec(k[[t]]) e {(t)}
Aula 5
el
aula 5: 29/08/2014
Pr
No Exemplo 5 da aula passada, (Exercício 4.) Mostre que:
“em que identificamos p × (0) com p e (0) × q com q” trocar por “em que
identificamos p × B com p e A × q com q”.
Ve
23
é um domínio se e somente se (A = 0 e B é um domínio) ou (B = 0 e A é
×B
um domínio). Assim I × J um ideal primo A × B ⇔ AI × J é um domínio⇔
A
I × BJ é um domínio ⇔ ( AI = 0 e BJ é um domínio) ou ( BJ = 0 e A
I é um
domínio) ⇔ (A = I e J é primo) ou (B = J e I é primo).
ar
Para isso seja B = C[ x ], então existe um homomorfismo ϕ : B → A, dado
por x 7→ x. Note que ϕ é injetor pois nenhum polinômio na variável x pode
ser múltiplo de y2 − x3 + x. Utilizando a relação y2 = x3 − x, temos um
in
C[ x,y]
conjunto de representantes de classe (y2 − x3 + x) = C[ x ] + C[ x ] · y formado
pelos polinômios p( x ) + q( x )y de grau no máximo 1 em y. Observe que
y2 − x3 + x é um polinômio irredutível no DFU C[ x, y] e assim (y2 − x3 +
im
x ) ⊆ C[ x, y] é um ideal primo e logo A = C[ x, y]/(y2 − x3 + x) é um
domínio. Por tanto (0) ∈ Spec( A).
Seja Spec( ϕ) : Spec( A) → Spec( B) o morfismo entre espectros induzido
por ϕ e seja q ∈ Spec( A). Como B é um DIP, segue do Exemplo (c. ) que
el
Spec( B) = {(0)} ∪ {( x − a)}, já que os elementos irredutíveis de B são da
forma x − a, para a ∈ C. Logo temos dois casos a analisar:
a. Spec( ϕ)(q) = (0), ou seja ϕ−1 (q) = (0) o que implica que q ∩ C[ x ] =
Pr
q 3 ( a ( x ) + b ( x ) y ) · ( a ( x ) − b ( x ) y ) = a ( x )2 − b ( x )2 y2
= a ( x )2 − b ( x )2 ( x 3 − x ) ∈ C[ x ],
ão
24
Temos alguns sub-casos de acordo com a fatoração de y2 − b2 . Primeiro,
se b 6= 0, pelo Teorema Chinês dos Restos (Teorema 31) temos
C[ y ] C[ y ] C[ y ]
= × ' C×C
( y2 −b ) 2 (y − b) (y + b)
que possui somente dois ideais primos: (0) × C e C × (0) que identifi-
C[ y ] C[ y ]
camos (Exemplo f. ) com os ideais primos (0) de (y+b) e (0) de (y−b) .
ar
Mas esses ideais correspondem aos ideais primos (y + b) e (y − b) de
A
( x − a)
que a sua vez correspondem aos ideais primos hy − b, x − ai e
hy + b, x − ai de A. Logo neste caso q é da forma hy − b, x − ai com
b2 = a3 − a 6= 0.
in
Segundo se b = 0 (i.e., a3 − a = 0 ⇔ a = 0 ou a = ±1) então
A C[ y ]
im
= 2
( x − a) (y )
A
logo os ideais primos de ( x − a)
correspondem aos ideais primos de
C[y] que contém ( y2 )
neste caso só há um primo (y) que corresponde
el
ao ideal primo (y, x − a) de A.
A[ x ,...,x ]
Do Exercício 9 da Lista 1 existe um isomorfismo α : h x −a 1,...,xnn−an i → A,
1 1
dado por xi 7→ ai . Seja I um ideal de A[ x1 , . . . , xn ], dados a1 , . . . , an ∈ A va-
mos mostrar que I ⊆ h x1 − a1 , . . . , xn − an i se e somente se f ( a1 , . . . , an ) = 0
para todo f ( x1 , . . . , xn ) ∈ I de modo que h x1 − a1 , . . . , xn − an i ⊆ A[ x1 , . . . , xn ]
é um ideal de A[ x1 , . . . , xn ]/I se, e somente se, ( a1 , . . . , an ) ∈ An é um ponto
do conjunto de zeros Z ( I ) de I, definido por
Z ( I ) := {( a1 , . . . , an ) ∈ An | f ( a1 , . . . , an ) = 0 para todo f ( x1 , . . . , xn ) ∈ I } .
25
De fato, temos I ⊆ h x1 − a1 , . . . , xn − an i⇔para cada f ( x1 , . . . , xn ) ∈ I,
A[ x1 ,...,xn ]
f ( x1 , . . . , xn ) = 0 em ⇔para cada f ( x1 , . . . , xn ) ∈ I, α f ( x1 , . . . , xn ) =
h x1 − a1 ,...,xn − an i
0 em A ⇔para cada f ( x1 , . . . , xn ) ∈ I, f ( a1 , . . . , an ) = 0⇔( a1 , . . . , an ) ∈
Z ( I ).
Em particular se A = k for um corpo, h x1 − a1 , . . . , xn − an i ∈ Specm(k[ x1 , . . . , xn ])
para quaisquer n elementos ai de k. E logo pelo TCI temos que para todo
ponto ( a1 , . . . , an ) ∈ Z ( I ), h x1 − a1 , . . . , xn − an i ∈ Specm(k[ x1 , . . . , xn ]/I ).
Mais tarde, veremos que se k for algebricamente fechado, a recíproca
em ambos casos também é verdadeira (Nullstellensatz Hilberts). Ou seja,
ar
todo ideal maximal de k[ x1 , . . . , xn ] é da forma h x1 − a1 , . . . , xn − an i para
a1 , . . . , an ∈ k. E, todo ideal maximal de k[ x1 , . . . , xn ]/I é da forma h x1 − a1 , . . . , xn − an i
para ( a1 , . . . , an ) ∈ Z ( I ), por tanto temos uma bijeção entre Specm(k[ x1 , . . . , xn ]/I )
in
e o conjunto dos zeros Z ( I ) de I. Mas para isso precisaremos de alguns
conceitos da Geometria Algébrica...
m
2.2 introdução à geometria algébrica
26
a. Z ((0)) = Ank e Z (k[ x1 , . . . , xn ]) = ∅
b. Z ( I ) ∪ Z ( J ) = Z ( I · J )
Z ( Ii ) = Z (∑i∈Λ Ii ).
T
c. i ∈Λ
ar
Aula 6
aula 6: 10/09/2014
in
Lembrando a última aula. Introdução à Geometria Algébrica.
k denotará um corpo algebricamente fechado. Definimos o espaço afim
Ank de dimensão n sobre o corpo k como sendo o conjunto Ank := kn =
im
| × ·{z
k · · × k}. Definimos um conjunto algébrico afim como sendo o conjunto
n vezes
dos zeros comuns de um ideal I ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]
O espaço afim Ank para n ≥ 1 é uma variedade. Para ver isso precisamos
de seguinte fato: (Exercício 6.) Se k é um corpo infinito e f ∈ k[ x1 , . . . , xn ]
é tal que f ( a1 , . . . , an ) = 0 para todo ( a1 , . . . , an ) ∈ Ank então f = 0. Observe
que como k é algebricamente fechado ele é infinito, pois suponha que ele
rs
f ( a1 , . . . , am ) = ( p1 ( a1 , . . . , am ), . . . , pn ( a1 , . . . , am )) ∈ Y
27
para todo ( a1 , . . . , am ) ∈ X.
Observamos que composição de morfismos de conjuntos algébricos é
também um morfismo de conjuntos algébricos.
Os polinômios pi não são unicamente determinados por f : se X = Z ( I ) ,
então somando a cada pi um elemento de I ainda obtemos a mesma função
f . Em outras palavras, os polinômios pi só estão determinados “módulo
polinômios que se anulam sobre todo o X”. Isto nos leva a introduzir a
seguinte definição:
ar
Definição 43. Seja X ⊆ Ank um conjunto algébrico. O anel (com a soma e o
produto de funções induzidos pelas respetivas operações em k)
n o
in
k[ X ] := f : X → Ak = k | f é um morfismo de conjuntos algébricos
1
m
Existe um morfismo sobrejetor k[ x1 , . . . , xn ] → k[ X ] que leva um polinô-
mio no morfismo correspondente. O kernel I ( X ) deste morfismo, i.e.,
eli
I ( X ) := { f ∈ k[ x1 , . . . , xn ] | f ( a1 , . . . , an ) = 0 para todo ( a1 , . . . , an ) ∈ X }
c. X = Z ( I ( X ))
Demonstração. Os itens a. e b. são triviais. A inclusão ⊆ em c. é clara,
enquanto que b. implica que Z ( I ( Z ( J ))) ⊆ Z ( J ), logo se X é conjunto
rs
algébrico então Z ( I ( X )) ⊆ X.
Em geral a inclusão em b. é estrita: considere por exemplo o ideal
Ve
28
b. k[ X ] é um domínio;
c. I ( X ) é um ideal primo.
X = ( X ∩ Z ( I )) ∪ ( X ∩ Z ( J )) = X ∩ ( Z ( I ) ∪ Z ( J ))
ar
⇔ X ⊆ Z( I ) ∪ Z( J ) = Z( I · J )
in
(i.e., X ∩ Z ( I ) ( X então X * Z ( I ), idem com J), existem polinômios f ∈ I
e g ∈ J que não se anulam sobre todo X, logo f , g 6∈ I ( X ). Por outro
lado, como f · g ∈ I · J, então f · g se anula identicamente sobre X (i.e.,
k[ x ,...,x ]
f · g ∈ I ( X )). Assim, as imagens f , g ∈ k[ X ] = I1(X ) n de f e g são tais
im
que f · g = 0 mas f 6= 0 e g 6= 0, mostrando que k[ X ] não é domínio.
Reciprocamente, suponha que k[ X ] não seja domínio e sejam f , g ∈ k[ X ]
tais que f · g = 0 com f 6= 0 e g 6= 0. Se f , g ∈ k[ x1 , . . . , xn ] são dois
levantamentos de f , g então f · g ∈ I ( X ) ou seja f · g se anula sobre todo X
el
mas o mesmo não ocorre nem com f nem com g. Assim,
X ⊆ Z ( f · g) = Z ( f ) ∪ Z ( g) ⇔ X = ( X ∩ Z ( f )) ∪ ( X ∩ Z ( g))
Pr
m P : = I ( P ) = { f ∈ k [ x1 , . . . , x n ] | f ( P ) = f ( a1 , . . . , a n ) = 0} .
k [ x1 , . . . , x n ]
'k
h x1 − a1 , . . . , x n − a n i
Ve
29
k[ x1 ,...,xn ]
implica que mP corresponde a um ideal maximal de k[ X ] ' I (X)
que
denotaremos por mP . Temos então uma bijeção natural
' k [ x1 , . . . , x n ]
X −→ Specm(k[ X ]) = Specm( )
I (X)
I ( P)
P = ( a1 , . . . , an ) 7−→ mP = = h x 1 − a1 , . . . , x n − a n i
I (X)
ar
Esta associação é claramente injetora pois se dois pontos P 6= Q diferem nas
i-ésimas coordenadas ai 6= bi então xi − ai ∈ mP \mQ . Para ver que é sobre,
k[ x1 ,...,xn ]
ou seja que Specm( I (X)
) = {h x1 − a1 , . . . , x n − an i | ( a1 , . . . , an ) ∈ X },
in
basta mostrar que
Specm(k[ x1 , . . . , xn ]) = {h x1 − a1 , . . . , xn − an i | ai ∈ k}
im
pois como observamos na aula passada: “h x1 − a1 , . . . , xn − an i ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]
corresponde a um ideal de k[ x1 , . . . , xn ]/I ( X ) se, e somente se, ( a1 , . . . , an ) ∈
Z ( I ( X )) = X”. Mas esse resultado é conhecido como Nullstellensatz2 Hil-
berts ou Teorema dos Zeros de Hilbert.
el
Teorema 46. (Nullstellensatz Hilberts) Seja k um corpo algebricamente fechado.
J não é o anel todo k[ x1 , . . . , xn ] então ele tem zeros em Ank . Note também
que b. é completamente falso se k não é algebricamente fechado, pois se
f ∈ k[ x ] é um polinômio não-constante então ele pode não gerar o anel todo
k[ x ] como um ideal, mas Z ( f ) = ∅ é perfeitamente possível.
rs
30
a. Seja m ⊆ k[ x1 , . . . , xn ] um ideal maximal, como k[ x1 , . . . , xn ] é um anel
f.g. sobre k então K = k[ x1 , . . . , xn ]/m é um corpo (pois m é maximal)
f.g. sobre k (pois é gerado pelos xi ’s). Logo segue do “Fato” que K é
uma extensão algébrica de k, mas k é algebricamente fechado, logo
k = K. Assim, existem ai ∈ k tais que xi ≡ ai mod(m) logo xi − ai ∈ m
para todo i = 1, . . . , n. Ou seja, h x1 − a1 , . . . , xn − an i ⊆ m, mas como
já vimos h x1 − a1 , . . . , xn − an i é um ideal maximal (Exercício 9 da Lista
1 para A = k), logo h x1 − a1 , . . . , xn − an i = m.
ar
b. Se J ( k[ x1 , . . . , xn ] é um ideal próprio então existe um ideal maximal
m de k[ x1 , . . . , xn ] tal que J ⊆ m. Pelo item a. m é da forma m =
h x1 − a1 , . . . , xn − an i para certos ai ’s ∈ k. Logo J ⊆ m implica que
in
f ( a1 , . . . , an ) = 0 para todo f ∈ J. Logo ( a1 , . . . , an ) ∈ Z ( J ).
√
c. É claro que J ⊆ I ( Z ( J )): se f n ∈ J ⊆ I ( Z ( J )) (pela Proposição 44 b.
n k[ x ,...,x ]
im
) então f = 0 em k[ X ] = I (1Z( J ))n onde X = Z ( J ). Logo para todo
( a1 , . . . , an ) ∈ X, ( f ( a1 , . . . , an ))n = 0 ∈ k = A1k o que implica que
f ( a1 , . . . , an ) = 0 (pois k é um corpo e o único elemento nilpotente é o
0). Assim f = 0 em k[ X ] (como morfismo que leva todos os elementos
do domínio em 0), ou seja f ∈ I ( X ).
el
√
Para ver I ( Z ( J )) ⊆ J tome f ∈ I ( Z ( J )). Introduza uma outra
variável y e considere o novo ideal J1 = h J, f · y − 1i ⊆ k[ x1 , . . . , xn , y]
gerado por J e f · y − 1. Um ponto Q ∈ Z ( J1 ) ⊆ Akn+1 é uma (n + 1)-
Pr
1= ∑ g i f i + g0 ( f · y − 1 ) ∈ k [ x 1 , . . . , x n , y ]
rs
31
onde Gi é f N gi escrito como um polinômio em x1 , . . . , xn e ( f · y), da
seguinte forma:
Gi ( x1 , . . . , xn , f · y) = f N gi ( x1 , . . . , xn , y)
= fN ∑ piα1 ...αn j x1α1 · · · xnαn · y j
(α1 ,...,αn ,j)
ar
Podemos reduzir esta igualdade de polinômios em k[ x1 , . . . , xn , y] mó-
dulo h f · y − 1i, logo f · y = 1 assim Gi ( x1 , . . . , xn , f · y) = hi ( x1 , . . . , xn )
in
e obtemos
N
f = ∑ h i ( x1 , . . . , x n ) f i ∈ k [ x1 , . . . , x n , y ] / h f · y − 1i ;
im
ambos os lados da igualdade são imagens de elementos de k[ x1 , . . . , xn ].
Como o homomorfismo canônico k[ x1 , . . . , xn ] ,→ k[ x1 , . . . , xn , y]/ h f · y − 1i
é injetivo segue que
fN = ∑ h i ( x1 , . . . , x n ) f i ∈ k [ x1 , . . . , x n ]
el
√
ou seja f N ∈ J pois f i ∈ J, logo f ∈ J.
Pr
Aula 7
aula 7: 12/09/2014
Z
{ideais J ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]} −→ {subconjuntos X ⊆ Ank }
rs
J 7→ Z ( J )
I
{ideais J ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]} ←− {subconjuntos X ⊆ Ank }
Ve
I ( X ) ←[ X
Z,I
{ideais radicais J ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]} ←→ {conjuntos algébricos X ⊆ Ank }
∪ ∪
Z,I
{ideais primos J ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]} ←→ {variedades X ⊆ Ank }
32
A primeira bijeção segue dos fatos Z ( I ( X )) = X para qualquer conjunto
algébrico X (Proposição 44 c. ) e I ( Z ( J )) = J para qualquer ideal radical J
√
(i.e., qualquer ideal J tal que J = J) (Teorema 46 c. ). A segunda segue do
fato de variedades serem conjuntos algébricos e ideais primos serem radicais
(Exercício 17 Lista 1) e da Proposição 45: X é variedade se, e somente se,
I ( X ) é um ideal primo.
A próxima proposição mostra que a topologia de Zariski do espaço
afim Ank é na verdade a topologia induzida do subespaço Specm(k[ X ]) de
ar
Spec(k[ X ]) via identificação X = Specm(k[ X ]) de um conjunto algébrico
com o espectro maximal de seu anel de funções regulares.
in
junto algébrico e seja k[ X ] = k[ x1 , . . . , xn ]/I ( X ) seu anel de funções regulares. Se
J ⊆ k[ X ] é um ideal qualquer de k[ X ] com ideal correspondente J ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]
no anel de polinômios, temos
im
Z ( J ) ∩ X = V ( J ) ∩ Specm(k[ X ])
mP ∈ V ( J ) ⇔mP ⊇ J em k[ X ] = k[ x1 , . . . , xn ]/I ( X )
⇔ h x1 − a1 , . . . , xn − an i ⊇ J em k[ x1 , . . . , xn ]
⇔ P = ( a1 , . . . , a n ) ∈ Z ( J )
ão
2.3 exercícios
rs
Ex. 21 — Mostre que todo anel A possui um ideal primo minimal, ou seja,
um ideal primo p tal que se q ∈ Spec( A) e q ⊆ p =⇒ q = p. Quais são os
Ve
C[ x, y]
primos minimais de 2 ?
( x − y2 )
V (S) := { p ∈ Spec( A) | p ⊇ S}
33
como o conjunto de √todos os ideais primos de A que contêm S. Prove que
V (S) = V ( I ) = V ( I ), onde I representa o ideal gerado por S em A.
ar
2. D ( a) = ∅ ⇐⇒ a é nilpotente.
3. D ( a) = Spec( A) ⇐⇒ a é unidade.
p p
4. D ( a) = D (b) ⇐⇒ h ai = hbi.
in
Ex. 24 — Seja A um anel e I ⊆ A um ideal qualquer. Prove que o morfismo
entre espectros
im
Spec(π ) : Spec( A/I ) → V ( I ) ⊆ Spec( A)
34
2. Z ( I ) ∪ Z ( J ) = Z ( I · J )
Z ( Ii ) = Z (∑i∈Λ Ii ).
T
3. i ∈Λ
ar
que o conjunto algébrico Z ( f ) ⊆ Ank é uma variedade se, e somente se,
existe um polinômio irredutível g ∈ k[ x1 , . . . , xn ] tal que f = gn para algum
n > 0.
in
Ex. 31 — Para cada um dois anéis A a seguir determine o grupo das unida-
des de A, Spec( A), ideais maximais e os abertos e fechados do Spec( A).
1. Z
im
2. Z/3Z
3. Z/6Z
4. C[ x ]
5. C[ x ]/ x13
el
6. R[ x ]/ x2 + 1
7. C[[ x ]]/ x2 + 1
Pr
8. Z[ x ]/ x2 + 1
9. C[ x, y]/ x2 + y2 + 1
10. R[ x, y]/ x2 + y2 + 1
ão
rs
Ve
35
MÓDULOS
3
Definição 49. Seja A um anel. Um A-módulo é um par ( M, µ) onde M é
um grupo abeliano e µ : A × M → M é uma aplicação que leva ( a, m) 7→ am
ar
e satisfaz:
a(m + n) = am + an
in
( a + b)m = am + bm
( ab)m = a(bm)
1m = m
im
para todo a, b ∈ A e m, n ∈ M.
Ou, equivalentemente, M é um grupo abeliano juntamente com um homo-
morfismo de anéis A → End( M ) onde End( M) é o anel dos endomorfismos
do grupo abeliano M.
el
Exemplo 50.
a. Um ideal I de A é um A-módulo. Em particular, A é um A-módulo.
Pr
b. Se A = k é um corpo, então um A-módulo é um k-espaço vetorial.
c. Se A = Z então um A-módulo é um grupo abeliano, onde definimos
| + ·{z
nm = m · · + m}.
n vezes
ão
f ( m1 + m2 ) = f ( m1 ) + f ( m2 )
f ( am1 ) = a f (m1 )
Ve
36
para todo m ∈ M. Denotamos este A-módulo por Hom A ( M, N ).
Sejam u : M0 → M e v : N → N 00 dois homomorfismos de A-módulos,
então eles induzem aplicações
ar
maneira única por f (1) ∈ M.
Definição 51. Um submódulo M0 de M é um subgrupo de M que é fechado
in
em relação à multiplicação por elementos de A.
O grupo abeliano M/M0 herda uma estrutura de A-módulo de M, defi-
nida por a(m + M0 ) = am + M0 . Logo M/M0 é o A-módulo quociente de
M por M0 .
m
O TCI é um caso particular do seguinte fato: a projeção canônica M →
M/M0 é um homomorfismo de A-módulos que induz uma correspondência
um-a-um (que preserva ordem) entre submódulos de M que contém M0 e
eli
submódulos de M/M0 .
Se f : M → N é um homomorfismo de A-módulos, então o Ker( f ) é um
submódulo de M e a Im( f ) é um submódulo de N. Denotamos o cokernel
Pr
de f como sendo Coker( f ) = N/ Im( f ).
Se M0 ⊆ M é um submódulo de M tal que M0 ⊆ Ker( f ) então f induz
um homomorfismo f : M/M0 → N definido como segue: se m ∈ M/M0
é imagem de m ∈ M então f (m) = f (m). O Ker( f ) = Ker( f )/M0 , em
particular tomando M0 = Ker( f ) temos um isomorfismo de A-módulos
ão
M
' Im( f ).
Ker( f )
rs
37
Proposição 53.
( M1 + M2 ) M2
' .
M1 ( M1 ∩ M2 )
ar
Demonstração. Exercício 1.
in
particular, (0 : M ) é o conjunto de todos os a ∈ A tais que aM = 0, este ideal
é chamado aniquilador de M e é denotado por Ann( M ). Se I ⊆ Ann( M)
podemos considerar M como um ( A/I )-módulo: se a ∈ A/I é representado
im
por a ∈ A, defina am como sendo am, m ∈ M. Observe que esta definição é
independente da escolha do representante a de a pois I M = 0.
b. O produto direto ∏i∈ I Mi como sendo o conjunto das famílias (mi )i∈ I
tais que mi ∈ Mi para cada i ∈ I (aqui descartamos a restrição dos mi ’s
serem quase todos zero).
Ve
38
Proposição 57. M é um A-módulo f.g. se, e somente se, M é isomorfo a um
quociente de An para algum inteiro n > 0.
ar
π : An → An /N a projeção canônica. Se ei = (0, . . . , 0, 1, 0, . . . , 0) (com 1 na i-
ésima posição) então ei (1 ≤ i ≤ n) geram An , ou seja An = Ae1 + · · · + Aen .
Como f é sobre então f ( An ) = M = A f (e1 ) + · · · + A f (en ) e logo f (ei )
in
geram M.
im
Proposição 58. Seja M um A-módulo f.g., I um ideal de A e f um endomorfismo
do A-módulo M tal que f ( M) ⊆ I M. Então f satisfaz uma equação da forma
f n + a1 f n−1 + · · · + an id = 0 onde ai ∈ I.
n
∑ (δij f − aij id)m j = 0
Pr
(2)
j =1
onde δij é o delta de Kronecker. Seja B a matriz (δij f − aij id)ij então
f − a11 id − a12 id · · · − a1n id
ão
Multiplicando
o lado esquerdo de (2) pela adjunta de B segue que B ·
m1
Adj( B) ... = 0, mas B · Adj( B) = det( B) · · · In isto implica que det( B)
Ve
mn
anula cada mi , logo é o endomorfismo nulo de M. Expandindo o determi-
nante, obtemos uma equação da forma requerida.
39
Demonstração. Considere f = id, então id( M ) ⊆ I M por hipótese. Pela
proposição anterior existem a1 , . . . , an ∈ I tais que id + a1 id + · · · + an id = 0.
Seja a = 1 + a1 + · · · + an ∈ A, claramente a ≡ 1 mod I e se m ∈ M temos
am = (1 + a1 + · · · + an )m = m + a1 m + · · · + an m = (id + a1 id + · · · + an id)m = 0
Aula 8
ar
aula 8: 17/09/2014
in
Nakayama, para isso precisaremos dos seguintes resultados da última aula:
a. Proposição. Seja M um A-módulo f.g., I um ideal de A e f um
endomorfismo do A-módulo M tal que f ( M) ⊆ I M. Então f satisfaz
im
uma equação da forma f n + a1 f n−1 + · · · + an id = 0 onde ai ∈ I.
b. Corolário. Seja M um A-módulo f.g. e seja I um ideal de A tal que
I M = M. Então existe a ≡ 1 mod I, a ∈ A, tal que aM = 0.
E de alguns resultados das primeiras aulas como a definição do radical de
el
Jacobson R de um anel A: que é a interseção de todos os ideais maximais
de A. E da Proposição 26 que o caracteriza:
Proposição. r ∈ R se e somente se 1 − r · a é uma unidade de A para todo a ∈ A.
Pr
40
Seja A um anel local (i.e., um anel com um único ideal maximal), m seu
ideal maximal e k = A/m seu corpo de resíduos. Seja M um A-módulo
f.g., então M/mM é aniquilado por m, logo é um A/m-módulo, ou seja um
k-espaço vetorial e como tal tem dimensão finita.
ar
M
M → mM o homomorfismo de A-módulos dado por n 7→ n. Vejamos
M M
que f é sobrejetor: seja m ∈ mM , como mM é um k-espaço vetorial com
base {m1 , . . . , mn } temos que existem k1 , . . . , k n ∈ k tais que m = k1 m1 +
in
· · · + k n mn . Sejam agora ai ∈ A representantes das classes k i ∈ A/m para
i = 1, . . . , n então m = a1 m1 + · · · + an mn . Pela definição da ação de A/m
M M
em mM temos que ai mi = ai mi e pela ação de A em mM temos ai mi =
ai mi logo m = a1 m1 + · · · + an mn , assim existe a1 m1 + · · · + an mn ∈ N tal
im
que f ( a1 m1 + · · · + an mn ) = m. Por outro lado, n ∈ Ker( f )⇔n ∈ N e
n = 0⇔n ∈ N e n ∈ mM logo Ker( f ) = N ∩ mM. Segue do Teorema de
Isomorfismos que N ∩NmM ' mM M
e da Proposição 53 temos que N ∩NmM '
mM+ N
mM , agora como M ⊇ mM + N ⊇ mM segue também da Proposição 53
el
que
M
mM M
' ,
Pr
mM+ N mM + N
mM
M +N M
mas mM ' mMmM logo mM+ N = 0 e mM + N = M. Aplicando o Corolário
anterior a M e N com I = m (o único ideal maximal de A) então I ⊆ R
(interseção de todos os ideais maximais de A) logo M = N.
ão
fi f i +1
· · · −→ Mi−1 −→ Mi −→ Mi+1 −→ · · · (3)
Ve
Em particular:
f
a. 0 → M0 → M é exata ⇔ f é injetiva;
g
b. M → M00 → 0 é exata ⇔ g é sobrejetiva;
41
f g
c. 0 → M0 → M → M00 → 0 é exata ⇔ f é injetiva, g é sobrejetiva e
Im( f ) = Ker( g).
ar
Proposição 64.
u v
a. Seja M0 → M → M00 → 0 uma sequência de A-módulos e A-homomorfismos.
Então essa sequência é exata se, e somente se, para todo A-módulo N a sequên-
in
v u
cia 0 → Hom A ( M00 , N ) → Hom A ( M, N ) → Hom A ( M0 , N ) é exata.
u v
b. Seja 0 → N 0 → N → N 00 uma sequência de A-módulos e A-homomorfismos.
im
Então essa sequência é exata se, e somente se, para todo A-módulo M a
u v
sequência 0 → Hom A ( M, N 0 ) → Hom A ( M, N ) → Hom A ( M, N 00 ) é
exata.
Demonstração.
el
u v
a. (⇒) Suponha que M0 → M → M00 → 0 é uma sequência exata,
queremos provar que v é injetiva e Im(v) = Ker(u).
Pr
f ∈ Ker(u).
c) Im(v) ⊇ Ker(u): Seja g ∈ Ker(u), então u( g) = g ◦ u = 0. Que-
remos provar que existe f : M00 → N tal que g = v( f ) = f ◦ v.
rs
Dado m00 ∈ M00 como v é sobre existe m ∈ M tal que m00 = v(m),
defina então f (m00 ) := g(m). Vejamos que f está bem defi-
nida. Suponha que existam m1 , m2 ∈ M tais que m00 = v(m1 ) =
v(m2 ), logo m1 − m2 ∈ Ker(v) = Im(u) então existe m0 ∈ M0
Ve
42
Por outro lado, se a ∈ A então am100 = av(m1 ) = v( am1 ) logo
v u
(⇐)Suponha que 0 → Hom A ( M00 , N ) → Hom A ( M, N ) → Hom A ( M0 , N )
é uma sequência exata para todo A-módulo N. Queremos provar que
v é sobre e Im(u) = Ker(v).
ar
a) v é sobre: ( f : X → Y é sobre ⇔ g1 ◦ f = g2 ◦ f para aplicações
g1 , g2 : Y → Z implica g1 = g2 ). Suponha que existem homomor-
fismos g1 , g2 : M00 → N tais que g1 ◦ v = g2 ◦ v, i.e., v( g1 ) = v( g2 )
como v é injetiva então g1 = g2 e v é sobre.
in
b) Im(u) ⊆ Ker(v): Temos que u ◦ v = 0, i.e., f ◦ v ◦ u = 0 para todo
f : M00 → N. Tomando N = M00 e f = id segue que v ◦ u = 0 e
logo Im(u) ⊆ Ker(v).
im
c) Im(u) ⊇ Ker(v): Seja N = ImM(u) e π : M → N a projeção canônica.
Então u(π )(m0 ) = π ◦ u(m0 ) = u(m0 ) + Im(u) = 0 para todo m0 ∈
M0 então π ∈ Ker(u) = Im(v), logo existe f : M00 → N tal que
π = v( f ) = f ◦ v. Consequentemente, Ker(v) ⊆ Ker(π ) = Im(u).
el
b. Exercício 2.
Pr
a. f (m + m0 , n) = f (m, n) + f (m0 , n)
para todo m, m0 ∈ M, n, n0 ∈ N e a ∈ A.
Ve
43
g
M×N / T
f
{ ∃! f 0
P
ar
g
M×N / T
in
g0
{ ∃!j
T0
im
tal que g = j0 ◦ g0 .
g0
M×N / T0
el
g
{ ∃!j0
T
Pr
(m + m0 , n) − (m, n) − (m0 , n)
rs
Seja T = C/D. Para cada elemento base (m, n) de C, denote por m ⊗ n sua
imagem em T. Então T é gerado pelos elementos da forma m ⊗ n. Estes
elementos satisfazem
(m + m0 ) ⊗ n = m ⊗ n + m0 ⊗ n m ⊗ (n + n0 ) = m ⊗ n + m ⊗ n0
( am) ⊗ n = m ⊗ ( an) = a(m ⊗ n).
44
Equivalentemente, a aplicação g : M × N → T definida por g(m, n) = m ⊗ n
é A-bilinear.
Queremos ver que ( T, g) satisfazem as condições da proposição. Observe
que qualquer aplicação f de M × N em um A-módulo P estende-se por
linearidade a um homomorfismo de A-módulos f : C → P. Suponha em
particular que f é A-bilinear então, segue das definições, que f anula-se em
todos os geradores de D e, logo, em todo D ou seja D ⊆ Ker( f ). Portanto,
f induz um A-homomorfismo bem definido f 0 : T = C/D → P tal que
ar
f 0 (m ⊗ n) = f (m, n) = f (m, n). A aplicação f 0 é definida de maneira única
por esta condição, e logo o par ( T, g) satisfaz as condições da proposição.
in
tensorial de M e N, e será denotado por M ⊗ A N. Ele é gerado pelos
elementos m ⊗ n com m ∈ M e n ∈ N, chamaremos um elemento deste
tipo de tensor elementar. Se (mi )i∈ I e (n j ) j∈ J são famílias de geradores de
im
M e N, respetivamente, então os elementos mi ⊗ n j geram M ⊗ A N. Em
particular, se M e N são f.g. então também o é M ⊗ A N. Aula 9
aula 9: 19/09/2014
el
Observação 66. Podemos generalizar a noção de produto tensorial a qualquer
número finito de módulos, definindo aplicações multilineares f : M1 × · · · ×
Mr → P como sendo aplicações lineares em cada variável e seguindo a
Pr
módulos, então:
a. Comutatividade: M ⊗ A N ' N ⊗ A M;
45
Para ver d. defina a aplicação A-bilinear ϕ : A × M → M dada por
( a, m) 7→ am. Pela Proposição 65 existe um A-homomorfismo ϕ0 : A ⊗ A
M → M dado por ϕ0 ( a ⊗ m) = am. Seja agora o A-homomorfismo ψ :
M → A ⊗ A M dado por m 7→ 1 ⊗ m, então ϕ0 ◦ ψ : M → M satisfaz
ϕ0 ◦ ψ(m) = ϕ0 (1 ⊗ m) = 1m = m para todo m ∈ M logo ϕ0 ◦ ψ = id M . Por
outro lado ψ ◦ ϕ0 : A ⊗ A M → A ⊗ A M satisfaz ψ ◦ ϕ0 ( a ⊗ m) = ψ( am) =
1 ⊗ am = a ⊗ m para todo tensor elementar a ⊗ m com a ∈ A e m ∈ M,
como estes tensores elementares geram A ⊗ A M temos que ψ ◦ ϕ0 = id A⊗ A M .
ar
Portanto A ⊗ A M ' M.
Para provar e. defina a aplicação A-bilinear ϕ : M × A/I → M/I M
dada por (m, a) 7→ am. Observe que esta aplicação está bem definida, i.e.,
in
o elemento am não depende da escolha do representante de classe de a:
Suponha que a = b então a − b ∈ I logo ( a − b)m ∈ I M ou seja am −
bm ∈ I M logo am = bm. Pela Proposição 65 existe um A-homomorfismo
ϕ0 : M ⊗ A A/I → M/I M dado por ϕ0 (m ⊗ a) = am. Seja agora o A-
im
homomorfismo ψ : M → M ⊗ A A/I dado por m 7→ m ⊗ 1, vejamos que
I M ⊆ Ker(ψ). Seja m ∈ I M, então m = Σai mi com ai ∈ I e mi ∈ M logo
temos
ψ ( m ) = ψ ( ∑ ai mi ) = ( ∑ ai mi ) ⊗ 1 = ∑ a i ( m i ⊗ 1)
el
i i i
= ∑ ( m i ⊗ a i 1) = ∑ ( m i ⊗ a i ) = 0
i i
Pr
a ⊗ b = 1( a ⊗ b) = (mx + ny)( a ⊗ b)
= ((mx + ny) a) ⊗ b = ((mx ) a + (ny) a) ⊗ b
= (ny) a ⊗ b = a ⊗ (ny)b = a ⊗ 0 = 0.
46
então definimos an como sendo f ( a)n. Neste caso dizemos que o A-módulo
N é obtido de N por restrição de escalares. Em particular, f define desta
maneira uma estrutura de A-módulo em B.
ar
os geradores de N como A-módulo: N 3 n = ∑ri=1 xi ni onde xi ∈ B, logo
xi = ∑kj=1 aij b j com aij ∈ A assim n = ∑ri=1 ∑kj=1 aij (b j ni ).
in
como observamos antes, B tem estrutura de A-módulo. De fato MB carrega
também uma estrutura de B-módulo dada por b(b0 ⊗ m) = bb0 ⊗ m para
todo b, b0 ∈ B e m ∈ M. Dizemos que o B-módulo MB é obtido de M por
im
extensão de escalares.
47
Em particular, fixado um A-módulo N temos um funtor TN = _ ⊗ A N
da categoria dos A-módulos e A-homomorfismos nela mesma, que associa
a cada A-módulo M o A-módulo M ⊗ A N e leva o A-homomorfismo f :
M → M0 no A-homomorfismo f ⊗ id : M ⊗ A N → M0 ⊗ A N. Uma das
propriedades mais importantes deste funtor é que ele é exato à direita:
ar
f g
M0 → M → M00 → 0 (4)
in
f ⊗id N g⊗id N
M0 ⊗ A N −→ M ⊗ A N −→ M00 ⊗ A N → 0 (5)
im
é exata.
f ⊗id g⊗id
então M0 ⊗ A N → M ⊗ A N → M00 ⊗ A N é exata, pois produtos tensoriais
podem, por exemplo, destruir injetividade, vejamos:
f
Exemplo 73. Considere o anel A = Z e a sequência exata 0 → Z → Z
ão
( f ⊗ id)( x ⊗ y) = 2x ⊗ y = x ⊗ 2y = x ⊗ 0 = 0,
Exemplo 75.
48
L
a. Módulos livres são sempre planos: se M = i∈ I A, para qualquer
morfismo de A-módulos f : N → N 0 temos a aplicação
! !
f ⊗id
−→ N 0 ⊗ A
M M
N ⊗A A A , (6)
i∈ I i∈ I
ar
A) ' i∈ I N, assim o seguinte diagrama comuta
L
f ⊗id
N ⊗ A (⊕i∈ I A) / N 0 ⊗ A (⊕i∈ I A)
in
' '
⊕i ∈ I f
⊕i ∈ I N / ⊕i ∈ I N 0
im
Logo se f é injetor então ⊕ f também é injetor o que implica que f ⊗ id
é injetor, mostrando que M é um A-módulo plano.
de anéis f : A → B.
49
aula 10: 24/09/2014
ar
Claramente esta aplicação é A-multilinear e logo induz um homomorfismo
de A-módulos B ⊗ A C ⊗ A B ⊗ A C → D, pela Proposição 67 b. podemos
associar, então temos um homomorfismo de A-módulos D ⊗ A D → D
in
que corresponde a uma aplicação A-bilinear µ : D × D → D tal que
µ(b ⊗ c, b0 ⊗ c0 ) = bb0 ⊗ cc0 . Com esta multiplicação e a soma definida
por µ+ (b ⊗ c, b0 ⊗ c0 ) = (b + b0 ) ⊗ (c + c0 ), o produto tensorial D = B ⊗ A C
é um anel comutativo com elemento identidade 1 ⊗ 1. Mais ainda, D é uma
im
A-álgebra: a aplicação a 7→ f ( a) ⊗ g( a) é um homomorfismo de anéis de A
em D.
( j⊗id)⊗id
( N ⊗ A BO ) ⊗ B C / ( N 0 ⊗ A B) ⊗ B C
Ve
' '
j⊗id
N ⊗A C / N0 ⊗A C
50
que j ⊗ idC : N ⊗ A C ,→ N 0 ⊗ A C é um homomorfismo de B-módulos
injetivo. Como B é uma A-álgebra todo B-módulo é um A-módulo (obtido
de por restrição de escalares) com ação de A dada por an = f ( a)n. Assim
j ⊗ idC : N ⊗ A C ,→ N 0 ⊗ A C é um homomorfismo de A-módulos injetivo.
Logo C é um A-módulo plano.
Proposição 79. (Mudança de Base) Seja f : A → B uma A-álgebra plana, M
um A-módulo plano então B ⊗ A M é um B-módulo plano.
ar
Demonstração. Seja j : N ,→ N 0 um homomorfismo de B-módulos injetivo.
Como B é uma A-álgebra todo B-módulo é um A-módulo, assim j : N ,→ N 0
é um homomorfismo de A-módulos injetivo. Como M é um A-módulo plano
então j ⊗ id M : N ⊗ A M ,→ N 0 ⊗ A M é um homomorfismo de A-módulos
in
injetivo. Mas N ⊗ A M também tem estrutura de B-módulo com ação de B
dada por b(n ⊗ m) = bn ⊗ m, assim j ⊗ id M : N ⊗ A M ,→ N 0 ⊗ A M é um
homomorfismo de B-módulos injetivo. Analogamente à proposição anterior
im
temos que o seguinte diagrama
j⊗id
N ⊗B ( B ⊗ A M) / N 0 ⊗B ( B ⊗ A M)
O
' '
el
j⊗id
/
N ⊗A M N0 ⊗A M
3.4 exercícios
ão
( M1 + M2 ) M2
' .
M1 ( M1 ∩ M2 )
Ve
u v
Ex. 33 — Seja 0 → N 0 → N → N 00 uma sequência de A-módulos e A-
homomorfismos. Mostre que essa sequência é exata se, e somente se, para
todo A-módulo M a sequência
u v
0 → Hom A ( M, N 0 ) → Hom A ( M, N ) → Hom A ( M, N 00 )
é exata.
51
Ex. 34 — Seja 0 → M0 → M → M00 uma sequência exata de A-módulos.
Mostre que se M0 e M00 são f.g. então M é f.g.
ar
Ex. 37 — (Propriedades do Produto Tensorial) Sejam M, N e P A-módulos,
mostre que:
1. M ⊗ A N ' N ⊗ A M;
in
2. ( M ⊗ A N ) ⊗ A P ' M ⊗ A ( N ⊗ A P);
3. ( M ⊕ N ) ⊗ A P ' ( M ⊗ A P) ⊕ ( N ⊗ A P);
im
Ex. 38 — (Lema de Nakayama II) Sejam A um anel local, k seu corpo de
resíduos, M e N A-módulos f.g. Prove que:
1. Se M ⊗ A k = 0 então M = 0.
2. Se M ⊗ A N = 0 então M = 0 ou N = 0.
el
3. Seja φ : N → M um morfismo de A-álgebras. Então φ é sobrejetor
se, e somente se, a aplicação k-linear φ ⊗ id : N ⊗ A k → M ⊗ A k é
sobrejetora.
Pr
( M ⊗ A B) ⊗ B N ' M ⊗ A N.
comutativo
g h j
M1 / M2 / M3 / M4
m n p q
s / t / u /
M10 M20 M30 M40
52
são exatas e que m e p são A-homomorfismos sobrejetivos e q é um A-
homomorfismo injetivo, mostre que n é um A-homomorfismo sobrejetivo.
ar
in
im
el
Pr
ão
rs
Ve
53
LOCALIZAÇÃO
4
Como uma generalização da forma em que construímos o corpo de frações
de um domínio, podemos construir a localização de um subconjunto multi-
plicativo de um anel como sendo o anel obtido invertendo formalmente os
ar
elementos deste subconjunto.
Definição 80. Seja A um anel. Um conjunto multiplicativo S ⊆ A é um
subconjunto que é fechado por produto, ou seja se s, t ∈ S então st ∈ S, e tal
in
que 1 ∈ S.
Defina uma relação ≡ em A × S como segue:
m
( a, s) ≡ ( a0 , s0 ) ⇔ ( as0 − a0 s)u = 0 para algum u ∈ S.
a1 a2 a s + a2 s1 a1 a2 a a
+ = 1 2 e · = 1 2.
ão
s1 s2 s1 s2 s1 s2 s1 s2
S.
Associado a S−1 A temos um homomorfismo de anéis ρ : A → S−1 A dado
por a 7→ 1a chamado de mapa de localização.
Ve
54
homomorfismo de anéis h : S−1 A → B tal que g = h ◦ ρ (onde ρ é o mapa de
localização).
Demonstração. Unicidade. Se h satisfaz a condição, então h( 1a ) = hρ( a) = g( a)
para todo a ∈ A, logo se s ∈ S
1 s s
h( ) = h(( )−1 ) = h( )−1 = g(s)−1
s 1 1
ar
e logo h( as ) = h( 1a )h( 1s ) = g( a) g(s)−1 , logo h é univocamente determinado
por g.
Existência. Seja h( as ) = g( a) g(s)−1 . Então h será claramente um homomor-
0
fismo de anéis desde que esteja bem definido. Suponha então que as = as0
in
então existe t ∈ S tal que ( as0 − a0 s)t = 0, logo aplicando g temos
im
agora g(t), g(s) e g(s0 ) são unidades em B, então g( a) g(s)−1 = g( a0 ) g(s0 )−1 ,
0
logo h( as ) = h( as0 ).
O anel S−1 A e o mapa de localização ρ : A → S−1 A têm as seguintes
el
propriedades:
a. Se s ∈ S então ρ(s) é uma unidade em S−1 A;
Pr
b. Se ρ( a) = 0 então as = 0 para algum s ∈ S;
55
Lema 84. Seja A um anel e seja S ⊆ A um conjunto multiplicativo. Então
S−1 A = 0 se e somente se 0 ∈ S.
ar
caso denotaremos por Ap ao anel S−1 A = { ba | a ∈ A, b 6∈ p}. Os elementos
a b
s com a ∈ p formam um ideal m em Ap . Se t 6 ∈ m então b 6 ∈ p, logo b ∈ S
e logo bt é uma unidade em Ap . Segue da Proposição 19 a. (Proposição
in
da Aula 2 que diz: Seja A um anel e m um ideal próprio de A tal que todo
a ∈ A − m é uma unidade de A. Então A é um anel local e m seu ideal
maximal) que Ap é um anel local e m é seu único ideal maximal.
im
Podemos também localizar módulos (em particular, ideais) e álgebras:
dado um A-módulo (ou A-álgebra) M, a localização S−1 M de M com
relação a um subconjunto multiplicativo S de A é o S−1 A-módulo (ou
S−1 A-álgebra) cujos elementos são as frações ms com m ∈ M e s ∈ S com
identificação:
el
m1 m
= 2 em S−1 M ⇔ ∃t ∈ S tal que t(s2 m1 − s1 m2 ) = 0 em M
s1 s2
Pr
m1 m2 s m + s1 m2 a m am
+ = 2 1 · = ,
s1 s2 s1 s2 t s ts
ão
para todo a ∈ A, s, t ∈ S e m1 , m2 ∈ M2 .
Dado um morfismo de A-módulos f : M → N temos um morfismo de
f (m)
S 1 A-módulos induzido S−1 f : S−1 M → S−1 N dado por ms 7→ s para
−
56
g(m)
Ker(S−1 g), então s = 0 em S−1 M00 , logo existe t ∈ S tal que tg(m) = 0
em M00 . Mas tg(m) = g(tm) pois g é um homomorfismo de A-módulos,
logo tm ∈ Ker( g) = Im( f ) e logo tm = f (m0 ) para algum m0 ∈ M0 . Então
f (m0 ) 0
em S−1 M temos ms = st = (S−1 f )( mst ) ∈ Im(S−1 f ). Logo Ker(S−1 g) ⊆
Im(S−1 f ).
Aula 11
ar
Como consequências da exatidão de S−1 temos:
in
A-homomorfismo. Temos:
im
tivamente sobrejetor, bijetor).
M S −1 ( M )
S −1 ( ) ' −1 .
N S (N)
Demonstração. Exercício 1.
Demonstração. Exercício 2.
57
Demonstração. O anel S−1 A junto com o homomorfismo de anéis “mapa
de localização” ρ : A → S−1 A é uma A-álgebra e logo todo S−1 A-módulo
é um A-módulo, em particular S−1 M é um A-módulo. A aplicação f :
S−1 A × M → S−1 M definida por ( as , m) 7→ am s é A-bilinear e logo, pela
propriedade universal do produto tensorial (Proposição 65), induz um A-
homomorfismo f 0 : S−1 A ⊗ A M → S−1 M satisfazendo f 0 ( as ⊗ m) = am
s para
− 1 − 1
todo a ∈ A, m ∈ M e s ∈ S. Por outro lado, S A ⊗ A M é o S A-módulo
obtido de M por extensão de escalares. Logo f 0 é um homomorfismo de
S−1 A-módulos. Claramente, f 0 é sobrejetiva.
ar
Seja, agora, Σi ( as i ⊗ mi ) um elemento de S−1 A ⊗ A M. Se denotamos
i
s = Πi si ∈ S e ti = Πj6=i s j então temos
a ai ti 1 1
in
∑ sii ⊗ mi = ∑ s
⊗ mi = ∑ s ⊗ ai ti mi = s ∑
⊗ ai ti mi ,
i i i i
m
m) = 0, então ms = 0 logo tm = 0 para algum t ∈ S e portanto
1 t 1 1
⊗ m = ⊗ m = ⊗ tm = ⊗ 0 = 0.
eli
s st st st
S −1 j
S−1O N / S −1 N 0
' '
rs
j⊗id
N ⊗ A S −1 A / N 0 ⊗ A S −1 A
58
Proposição 92. Seja M um A-módulo f.g., S um subconjunto multiplicativo de A.
Então S−1 (Ann( M )) = Ann(S−1 M).
b. ( N : P) = Ann(( N + P)/N ).
ar
Vejamos primeiramente que se o resultado vale para dois submódulos M1
e M2 de M então vale para a soma M1 + M2 :
in
fato
S−1 (Ann( M1 + M2 )) = S−1 (Ann( M1 ) ∩ Ann( M2 ))
Cor 88 −1
= S (Ann( M1 )) ∩ S−1 (Ann( M2 ))
im
hip
= Ann(S−1 ( M1 )) ∩ Ann(S−1 ( M2 ))
fato
= Ann(S−1 M1 + S−1 M2 )
Cor 88
= Ann(S−1 ( M1 + M2 )).
el
Logo é suficiente provar o resultado para um A-módulo M gerado por
somente um elemento m. Seja f : A → M = (m) o homomorfismo de
Pr
A-módulos dado por a 7→ am então claramente f é sobre e Ker( f ) = { a ∈
A | am = 0} = Ann( M), logo M ' A/ Ann( M) como A-módulos. Então
S−1 M ' S−1 A/S−1 (Ann( M )) pelo Corolário 87 c. , assim Ann(S−1 M) =
S−1 (Ann( M )).
ão
= Ann(S−1 ( N + P)/S−1 N )
= Ann((S−1 N + S−1 P)/S−1 N )
= ( S −1 N : S −1 P ).
59
4.1 propriedades locais
a. M = 0;
ar
b. Mp = 0 para todo p ∈ Spec( A);
in
Demonstração. Claramente (a. )⇒(b. )⇒(c. ). Suponha que acontece (c. ) e
que M 6= 0. Seja m um elemento não nulo de M e seja I = Ann(m) (i.e., o
m
conjunto de todos os a ∈ A tais que am = 0), então I é um ideal próprio
de A e logo está contido em um ideal maximal m (Corolário 15). Considere
o elemento m1 ∈ Mm , como Mm = 0 temos que m1 = 0 e logo tm = 0 para
algum t ∈ S = A − m, mas então t aniquila m e logo t ∈ I ⊆ m o que é um
eli
contradição.
60
Proposição 96. Seja f : M → N um A-homomorfismo, então são equivalentes:
Demonstração. Exercício 4.
ar
A propriedade de um A-módulo ser plano é local:
in
a. M é um A-módulo plano;
im
c. Mm é um Am -módulo plano para todo m ∈ Specm( A);
Demonstração. Exercício 5.
el
4.2 localização e ideais primos
DS := {p ∈ Spec( A) | p ∩ S = ∅}
Ve
Demonstração.
61
a. Como localização é um funtor exato, preserva injetividade, assim se
I ⊆ A é um ideal de A então S−1 I ⊆ S−1 A é um ideal de S−1 A.
Reciprocamente, dado um ideal J ⊆ S−1 A, temos que I = ρ−1 ( J ) é um
ideal de A. Vejamos que S−1 I = J:
a) (⊆) se as ∈ S−1 I com a ∈ A e s ∈ S então existe i ∈ I e s0 ∈ S
tal que as = si0 . Então existe t ∈ S tal que tas0 = tsi ∈ I, logo
0
ρ( ats0 ) ∈ J ⊆ S−1 A i.e., ats 0
1 ∈ J. Mas ts ∈ S é unidade em
ar
0
S−1 A então posso multiplicar pelo inverso ts10 ats1 ∈ J (e ainda
pertence a J por ser ideal) assim 1a = ρ( a) ∈ J. Logo segue que
a 1
s = s · ρ ( a ) ∈ J.
in
b) (⊇) se bs ∈ J com b ∈ A e s ∈ S então ρ(b) = s
1 · b
s ∈ J, ou seja,
b ∈ I e portanto bs ∈ S−1 I.
im
Aula 12
DS := {p ∈ Spec( A) | p ∩ S = ∅}
rs
Demonstração.
62
A implicação (⇐) é obvia. Por outro lado, se as ∈ S−1 p então existem
p
p ∈ p e t ∈ S tais que as = t em S−1 A, logo existe r ∈ S tal que
r ( at − ps) = 0 logo rta = rsp ∈ p. Como p é primo ou r ∈ p ou
t ∈ p ou a ∈ p, mas p ∈ DS logo p ∩ S = ∅ assim r, t 6∈ p então
necessariamente a ∈ p o que prova (⇒).
ar
• Se p ∈ DS então S−1 p ∈ Spec(S−1 A): note que S−1 p é um ideal próprio
de S−1 A pois caso contrário 11 ∈ S−1 p e isto implica pela observação
inicial (7) que 1 ∈ p, um absurdo. Agora, dados a, a0 ∈ A e s, s0 ∈ S
in
temos
a a0 aa0
· 0 ∈ S −1 p ⇔ 0 ∈ S −1 p
s s ss
m
(7) 0
⇔ aa ∈ p
⇔ a ∈ p ou a0 ∈ p
eli
a a0
⇔ ∈ S−1 p ou 0 ∈ S−1 p
s s
DS → Spec(S−1 A) → DS
S −1 p 7→ Spec(ρ)(S−1 p)
ão
p 7→
é a identidade em DS , já que
rs
n o
Spec(ρ)(S−1 p) = ρ−1 (S−1 p) = a ∈ A | ρ( a) ∈ S−1 p
n a o (7)
= a ∈ A | ∈ S −1 p = p
Ve
1
pela observação inicial. Da mesma forma, a composição
Spec(S−1 A) → → Spec(S−1 A)
DS
q 7→ ρ−1 q 7→ S−1 (ρ−1 (q))
63
Corolário 99. Seja A um anel. Se p ∈ Spec( A), temos uma bijeção
'
{q ∈ Spec( A) | q ⊆ p} −→ Spec( Ap )
q 7→ qAp .
ar
excepto aqueles contidos em p. Por outro lado, a passagem de A a A/p
elimina todos os ideais primos excepto aqueles que contêm p. Logo se p
e q são ideais primos tais que q ⊆ p, então localizando em relação a p e
tomando o quociente Mod q (ou ao contrário, pois essas operações comutam),
in
restringimos nossa atenção a aqueles ideais primos que se encontram entre
p e q. Em particular, se p = q chegaremos ao corpo de resíduos do anel local
Ap o qual também pode ser obtido como o corpo de frações do domínio
im
A/p.
Spec(ρ) Spec(π )
Spec(Frac( A/p)) ,→ Spec( A/p) ,→ Spec( A)
(onde Spec(ρ) é injetor pelo teorema anterior e Spec(π ) é injetor pelo Lema
34) e como Frac( A/p) é um corpo, seu único ideal primo é (0), assim
ão
Para finalizar esta seção veja que podemos dar uma prova alternativa à
Proposição 24 (que caracteriza o nilradical de um anel A, Aula 2.) utilizando
localização. Lembremos os conceitos:
Ve
64
primo p de A que não contem a. O conjunto S = ( an )n≥0 é um conjunto
multiplicativo que não contém o elemento nulo 0. Segue do Lema 84 que o
anel S−1 A é não nulo e logo (Teorema 14) tem um ideal maximal m. Segue o
Teorema 98 que m corresponde a um ideal primo p de A que não intercepta
S, logo a 6∈ p.
4.3 exercícios
ar
Ex. 43 — Seja A um anel, S um conjunto multiplicativo e f : M → N um
A-homomorfismo. Mostre que:
in
1. Se f é injetor (respetivamente sobrejetor, bijetor) então S−1 f é injetor
(respetivamente sobrejetor, bijetor).
2. Localização comuta com kernels, cokernels e imagens, i.e., temos
im
isomorfismos:
a) Ker(S−1 f ) ' S−1 (Ker( f ))
b) Coker(S−1 f ) ' S−1 (Coker( f ))
c) Im(S−1 f ) ' S−1 (Im( f ))
el
3. Localização comuta com quocientes: Se N é um submódulo de M
S −1 ( M )
−1 M
então S ' −1 .
N S (N)
Pr
tes:
1. f é injetiva (sobrejetiva, bijetiva)
2. f p : Mp → Np é injetiva (sobrejetiva, bijetiva) para todo p ∈ Spec( A);
Ve
65
3. Mm é um Am -módulo plano para todo m ∈ Specm( A);
√ √
Ex. 48 — Seja I um ideal de A, mostre que S−1 I = S−1 I. Em particular,
se N A é o nilradical de A então NS−1 A = S−1 N A .
Ex. 49 — Seja A um anel. Suponha que, para cada p ∈ Spec( A), o anel
local Ap não tenha elementos nilpotentes não nulos. Mostre que A não tem
ar
elementos nilpotentes não nulos. Se cada Ap for um domínio de integridade,
então necessariamente A é um domínio de integridade?
in
para todo m ∈ Specm( A) tal que m ⊇ I. Prove que M = I M.
im
el
Pr
ão
rs
Ve
66
CONDIÇÕES DE CADEIA
5
Seja Ω um conjunto parcialmente ordenado por uma relação ≤. As seguintes
condições em Ω são equivalentes:
a. Toda sequência crescente x1 ≤ x2 ≤ · · · em Ω é estacionária, i.e., existe
ar
n tal que xn = xn+1 = · · · .
in
Demonstração. (a. )⇒(b. ) Seja T um subconjunto não vazio de Ω e seja
x1 ∈ T. Se x1 é maximal em T acabou. Caso contrário existe x2 ∈ T tal que
x1 x2 . Se x2 é maximal em T acabou, caso contrário repita o processo.
m
Eventualmente, este processo termina, já que caso contrário obteríamos uma
cadeia ascendente x1 x2 x3 · · · estrita, o que contradiz a hipótese.
Por tanto T tem um elemento maximal.
eli
(a. )⇐(b. ) Seja x1 ≤ x2 ≤ · · · uma sequência crescente em Ω, então
o conjunto ( xm )m≥1 tem um elemento maximal xn e logo a sequência é
estacionária.
Se Ω é o conjunto de submódulos de um módulo M, ordenado pela relação
Pr
de M é f.g.
Demonstração. (⇒): Seja N um submódulo de M, e seja Ω o conjunto de
todos os submódulos f.g. de N. Então Ω é um conjunto não vazio, pois
Ve
67
É esta última proposição que torna os módulos Noetherianos mais úteis
que os módulos Artinianos. Porém, muitas propriedades formais elementa-
res aplicam-se igualmente a módulos Artinianos e Noetherianos.
f g
Proposição 102. Seja 0 → M0 → M → M00 → 0 uma sequência exata de
A-módulos. Então
ar
Demonstração. Faremos a prova para módulos Noetherianos, o caso Artini-
ano é similar (Exercício 1).
(⇒): Sejam M10 ⊆ M20 ⊆ · · · e M100 ⊆ M200 ⊆ · · · cadeias ascendentes
in
de submódulos de M0 e M00 respetivamente. Logo f ( M10 ) ⊆ f ( M20 ) ⊆ · · ·
e g−1 ( M100 ) ⊆ g−1 ( M200 ) ⊆ · · · são cadeias ascendentes de submódulos de
M. Como M é Noetheriano estas cadeias são estacionárias logo f ( Mk0 ) =
m
f ( Mk0 +1 ) = · · · para algum k e g−1 ( Mn00 ) = g−1 ( Mn00+1 ) = · · · para algum
n. Agora segue do fato de f ser injetiva que f −1 f ( Mi0 ) = Mi0 para todo i e
logo Mk0 = Mk0 +1 = · · · o que implica que M0 é Noetheriano. Analogamente,
eli
como g é sobrejetiva temos g( g−1 ( Mi00 )) = Mi00 para todo i, assim Mn00 =
Mn00+1 = · · · o que implica que M00 é Noetheriano.
(⇐): Suponha que M0 e M00 são Noetherianos. Seja M1 ⊆ M2 ⊆ · · ·
uma cadeia ascendente de submódulos de M; então ( f −1 ( Mi )) é uma
Pr
por tanto x − y ∈ Ker( g) = Im( f ). Isto implica que existe z ∈ M0 tal que
f (z) = x − y ∈ Mn+1 , logo z ∈ f −1 ( Mn+1 ) = f −1 ( Mn ) e logo f (z) ∈ Mn ,
i.e. x − y ∈ Mn mas como y ∈ Mn segue que x ∈ Mn . Logo Mn+1 ⊆ Mn e a
rs
68
Corolário 103. Se Mi para 1 ≤ i ≤ n são A-módulos Noetherianos (resp. Artinia-
nos) então in=1 Mi é um A-módulo Noetheriano (resp. Artiniano).
L
k +1 k
f M g M
0 → Mk + 1 → Mi → Mi → 0,
ar
i =1 i =1
in
g ◦ f (mk+1 ) = g(0, · · · , 0, mk+1 ) = (0, · · · , 0) logo Im( f ) ⊆ Ker( g). Seja
(m1 , · · · , mk+1 ) ∈ Ker( g) então mi = 0 para i = 1, . . . , k logo (m1 , · · · , mk+1 ) =
(0, · · · , 0, mk+1 ) = f (mk+1 ) ∈ Im( f ). Portanto a sequência é exata. Como
m
Mk+1 e ik=1 Mi são Noetherianos (resp. Artinianos), segue da Proposição
L
69
Proposição 107. Seja A um anel Noetheriano (resp. Artiniano), I um ideal de A.
Então A/I é um anel Noetheriano (resp. Artiniano).
ar
de submódulo, Definição 51), que os A-submódulos de A/I correspondem
aos A-submódulos de A (i.e., ideias de A) que contém I, que correspondem
aos ideais de A/I.
in
Uma cadeia de submódulos de um módulo M é uma sequência ( Mi )in=0
de submódulos de M tais que
im
O comprimento da cadeia é n. Uma série de composição de M é uma
cadeia maximal, ou seja uma cadeia na qual não podem ser insertados
submódulos extras, isto é equivalente a dizer que cada quociente Mi+1 /Mi
com 0 ≤ i ≤ n é simples (i.e., não tem outros submódulos além de 0 e ele
el
mesmo).
Definimos o comprimento de M sobre A, denotado por ` A ( M), como
sendo o mínimo entre todos os comprimentos das séries de composição de
Pr
V = Vn ) Vn−1 ) · · · ) V1 ) V0 = 0
Lema 109. Um A-módulo M é simples se, e somente se, M ' A/m (como A-
Ve
70
M = Am = (m). Logo a aplicação f : A → M dada por a 7→ am é sobreje-
tiva é induz um isomorfismo de A-módulos M ' A/ Ker( f ) e novamente
pelo TCS, os A-submódulos de M (0 e M) correspondem aos A-submódulos
de A (ideais) que contém Ker( f ), logo os únicos ideais de A que contém
Ker( f ) são Ker( f ) e A, logo Ker( f ) deve ser maximal.
ar
Demonstração. Dividiremos a prova em quatro partes:
in
de composição de M de comprimento minimal, e considere os sub-
módulos Ni = N ∩ Mi de N. Como Ni+1 /Ni ⊆ Mi+1 /Mi e o último é
um módulo simples, temos duas possibilidades Ni+1 /Ni = Mi+1 /Mi
ou Ni+1 = Ni . Logo removendo os termos repetidos temos uma série
m
de composição de N e logo ` A ( N ) ≤ ` A ( M). Se ` A ( N ) = ` A ( M) = n,
então Ni+1 /Ni = Mi+1 /Mi para cada i = 0, . . . , n − 1. Isto implica que
M1 = N1 e logo M2 = N2 ,· · · , e finalmente M = N.
eli
b. Toda cadeia em M tem comprimento ≤ ` A ( M). Seja M = Mk )
Mk−1 ) · · · ) M0 = 0 uma cadeia de comprimento k. Então pelo item
(a. ) temos ` A ( M) > ` A ( Mk−1 ) > ` A ( Mk−2 ) > · · · > ` A ( M0 ) = 0,
Pr
logo ` A ( M) ≥ k.
comprimento.
então posso insertar pelo menos um submódulo, logo essa cadeia tem
comprimento maior que uma série de composição que é uma cadeia
maximal, Contradição!). Se se comprimento é < ` A ( M ) não é uma
Ve
Aula 14
71
aula 14: 08/10/2014 prova 1
Aula 15
aula 15: 10/10/2014
Proposição 111. M tem uma série de composição se, e somente se, M satisfaz
ambas condições de cadeia.
ar
ambas condições cca e ccd são satisfeitas.
(⇐)Construiremos uma série de composição para M. Temos que M
satisfaz a condição maximal: “todo subconjunto não vazio de Ω tem um
elemento maximal”. Em particular Ω, o conjunto de todos os submódulos
in
de M, tem um elemento maximal. Logo M tem um submódulo maximal N,
N ⊂ M. Similarmente, se considerarmos o conjunto de todos os submódulos
de N, então N tem um submódulo maximal P, P ⊂ N ⊂ M e assim por
im
diante. Observe que segue do fato dos submódulos serem maximais que não
podem ser insertados submódulos extras, logo os quocientes de módulos
consecutivos são simples. Dando continuidade a esse processo obtemos uma
cadeia estritamente descendente M ⊃ N ⊃ P ⊃ · · · que se interrompe pela
ccd em Q = 0. Então essa cadeia é uma série de composição.
el
Observe que a proposição anterior é equivalente a dizer que ` A ( M) < ∞
se, e somente se, M é Artiniano e Noetheriano.
Pr
Demonstração. Exercício 2.
f g
Proposição 114. Seja 0 → M0 → M → M00 → 0 uma sequência exata de A-
Ve
72
de M0 e M00 respetivamente. Tome a imagem por f da primeira, ( f ( Mi0 ))in=0 ,
e a imagem inversa por g da segunda, ( g−1 ( Mi00 ))ik=0 . Basta combiná-las em
uma cadeia de M de tamanho n + k:
M = g−1 ( M00 ) = g−1 ( Mk00 ) ) g−1 ( Mk00−1 ) ) · · · ) g−1 ( M000 ) = g−1 (0) = Ker( g)
= Im( f ) = f ( M0 ) = f ( Mn0 ) ) f ( Mn0 −1 ) ) · · · ) f ( M00 ) = f (0) = 0.
ar
a. Vejamos que não tem nenhum termo repetido, ou seja que as inclusões
são mesmo estritas: como Mi00 ( Mi00+1 existe mi00+1 ∈ Mi00+1 tal que
mi00+1 6∈ Mi00 . Como g é sobre existe m ∈ M tal que g(m) = mi00+1 , logo
in
m ∈ g−1 ( Mi00+1 ). Suponha que m ∈ g−1 ( Mi00 ) então mi00+1 = g(m) ∈ Mi00
o que é uma contradição, logo g−1 ( Mi00 ) ( g−1 ( Mi00+1 ), para cada
i = 0, . . . , n − 1. Por outro lado, temos que Mi0 ( Mi0+1 e logo existe
mi0+1 ∈ Mi0+1 tal que mi0+1 6∈ Mi0 . Logo f (mi0+1 ) ∈ f ( Mi0+1 ) e suponha
im
que também f (mi0+1 ) ∈ f ( Mi0 ), isto implica que existe mi0 ∈ Mi0 tal que
f (mi0+1 ) = f (mi0 ). Como f é injetiva segue que mi0+1 = mi0 ∈ Mi0 o que
é uma contradição. Logo f ( Mi0 ) ( f ( Mi0+1 ), para cada i = 0, . . . , n − 1.
b. Vejamos que a cadeia é maximal, ou seja que os quocientes de termos
el
consecutivos são simples. Defina a aplicação sobrejetora gi como sendo
g π
a composição das aplicações g−1 ( Mi00+1 ) Mi00+1 Mi00+1 /Mi00 (onde a
Pr
primeira aplicação é a restrição de g a g−1 ( Mi00+1 ) e é sobre pois satisfaz
g( g−1 ( Mi00+1 )) = Mi00+1 pois g é sobre). Agora m ∈ Ker( gi )⇔ g(m) ∈
g−1 ( Mi00+1 )
Mi00 ⇔m ∈ g−1 ( Mi00 ), logo pelo teorema de isomorfismos g−1 ( Mi00 )
'
Mi00+1 − 1 00
g ( Mi + 1 )
Mi00
como este último é simples temos que os quocientes g−1 ( Mi00 )
são
ão
simples.
Por outro lado, defina a aplicação sobrejetora f i como sendo a com-
f π
posição das aplicações Mi0+1 f ( Mi0+1 ) f ( Mi0+1 )/ f ( Mi0 ) (onde a
primeira aplicação é a restrição de f a Mi0+1 e é claramente sobre).
rs
0
f ( Mi + 1 )
último é simples temos que os quocientes f ( Mi0 )
são simples.
73
a. Todo conjunto não vazio de ideais de A tem um elemento maximal
(condição maximal).
ar
a. Se M um A-módulo f.g., então M é Noetheriano.
in
Provaremos que a propriedade de ser “Noetheriano” é preservada por
várias outras operações.
m
de anéis sobrejetor, então B é Noetheriano.
Demonstração. Como B ' A/ Ker(φ) segue da Proposição 107 (item b.) que
eli
B é um anel Noetheriano.
anel.
S−1 I também é f.g. por a11 , . . . , a1n . Assim A Noetheriano implica S−1 A
Noetheriano.
74
comuns de todos os polinômios em S e provamos que se I ⊆ k[ x1 , . . . , xn ]
é o ideal gerado por S, então Z (S) = Z ( I ). Assim podemos definir um
conjunto algébrico como o conjunto de zeros de um ideal. Provaremos agora
que todo ideal de k[ x1 , . . . , xn ] é finitamente gerado e assim todo conjunto
algébrico é o conjunto de zeros de um número finito de polinômios. Mais
geralmente, provaremos que:
ar
de polinômios A[ x ] é Noetheriano.
in
a. Se a, b ∈ J0 então a, b ∈ I e a, b ∈ A logo a + b ∈ I ∩ A = J0 ;
b. Se a ∈ J0 e r ∈ A então a ∈ I, a ∈ A e r ∈ A ⊂ A[ x ] logo ra ∈ I ∩ A =
im
J0 .
a. ou I0 = I e logo I é f.g.;
a) ou I1 = I e logo I é f.g.;
b) ou I1 6= I e repetimos o processo obtendo, assim, uma cadeia
ascendente J0 ( J1 ( J2 ( · · · de ideais de A e logo, como A é
Ve
75
Corolário 120. Se A é Noetheriano então A[ x1 , . . . , xn ] é Noetheriano.
Note que também é verdade que se A é Noetheriano então o anel das séries
de potências formais em x com coeficientes em A, A[[ x ]], é Noetheriano. A
prova é análoga, excepto que deve ser considerado o coeficiente do termo
de menor grau. (Exercício 3.)
ar
Corolário 121. Seja B uma A-álgebra f.g. Se A é Noetheriano, então também o é
B. Em particular, todo anel e toda álgebra f.g. sobre um corpo são Noetherianos.
in
Demonstração. Lembramos a definição de A-álgebra f.g. (Aula 9, logo após a
Definição 76): f : A → B é uma A-álgebra f.g. se existe um conjunto finito de
elementos b1 , . . . , bn ∈ B tal que todo elemento de B pode ser escrito como
um polinômio em b1 , . . . , bn com coeficientes em f ( A), ou equivalentemente,
m
se existe um homomorfismo de A-álgebras sobrejetor do anel dos polinômios
A[ x1 , . . . , xn ] em B. Esse homomorfismo A[ x1 , . . . , xn ] B é dado por
xi 7→ bi . Como o anel de polinômios A[ x1 , . . . , xn ] que é Noetheriano pelo
eli
Teorema da Base de Hilbert (Teorema 119), segue da Proposição 115 que B é
um anel Noetheriano.
Pr
aula 16: 15/10/2014
Aula 16
5.2 anéis artinianos
condições equivalentes:
76
Corolário 123. Em um anel Artiniano o nilradical N é igual ao radical de Jacobson
R.
ar
Proposição 124. Um anel Artiniano A 6= 0 tem somente um número finito de
ideais maximais.
in
interseções finitas m1 ∩ m2 ∩ · · · ∩ mr de ideais maximais. Como A é Artini-
ano e este conjunto é não vazio (pois A tem pelo menos um ideal maximal)
ele tem um elemento minimal: I = m1 ∩ m2 ∩ · · · ∩ mn . Logo para qualquer
im
ideal maximal m temos que m ∩ I é uma interseção finita de ideais maximais
que está contida em I, logo m ∩ I = I pela minimalidade de I, o que implica
que m ⊇ I. Pela Proposição 29 temos que m ⊇ mi para algum i, e logo
m = mi pois mi é maximal.
el
Proposição 125. Em um anel Artiniano o nilradical N (e logo também o radical
de Jacobson R) é nilpotente.
ideais, pela ccd, temos que existe um k > 0 tal que Nk = Nk+1 = · · · = I.
Suponha que I 6= 0 e seja Ω o conjunto de todos os ideais J de A tais que
I J 6= 0. Então Ω é não vazio pois I ∈ Ω (I 2 = N2k = I 6= 0). Seja K o
elemento minimal de Ω, então existe x ∈ K tal que xI 6= 0 mas ( x ) ⊆ K logo
( x ) = K pela minimalidade de K. Mas ( xI ) I = xI 2 = xI 6= 0 e xI ⊆ ( x ),
ão
77
Corolário 127. Seja A um anel Artiniano então dim A = 0.
5.3 exercícios
ar
f g
Ex. 52 — Seja 0 → M0 → M → M00 → 0 uma sequência exata de A-
módulos. Mostre que M é Artiniano se, e somente se, M0 e M00 são Artinia-
in
nos.
im
tre que existe uma permutação σ dos índices 1, . . . , n tal que Mi+1 /Mi '
Mσ0 (i)+1 /Mσ0 (i) para todo i = 1, . . . , n.
Ex. 56 — Prove que Z[i ], o anel dos inteiros Gaussianos, é um anel Noethe-
riano.
ão
78
Ex. 60 — Seja A um anel Noetheriano. Mostre que:
1. Todo ideal I ⊆ A contém um produto finito de ideais primos.
2. A possui apenas um número finito de ideais primos minimais.
ar
Ex. 62 — Seja M um A-módulo Artiniano e f : M → M um homomorfismo
de A-módulos injetor. Mostre que f é um isomorfismo.
in
1. o anel local Am é Noetheriano para todo m ∈ Specm( A) e
2. para cada a 6= 0 em A, o conjunto de ideais maximais de A que
contém a é finito.
im
Mostre que A é Noetheriano.
Ex. 64 — Prove que se todos os elementos de Spec( A) são f.g. então o anel
A é Noetheriano.
el
Ex. 65 — Prove que um domínio Noetheriano A é um DIP se, e somente se,
todos seus ideais primos são principais.
Pr
ão
rs
Ve
79
DECOMPOSIÇÃO PRIMÁRIA
6
A decomposição primária de um ideal é nada mais que a generalização da
fatoração de um inteiro como produto de potências de números primos.
ar
Um ideal primo de um anel A é, em algum sentido, a generalização de um
número primo. A correspondente generalização de uma potência de um
número primo é um ideal “primário”:
in
Definição 128. Um ideal q em um anel A é primário se q 6= A e se ab ∈ q
então ou a ∈ q ou bn ∈ q para algum n > 0.
im
de zero em A/q é nilpotente.
Segue que todo ideal primo (e maximal) é primário.
√
Proposição 129. Seja q um ideal primário em um anel A. Então q é o menor
ideal primo de A contendo q.
el
√
Demonstração. Como q é a interseção de todos os ideais primos de A que
√
contêm q (Proposição 28, Aula 3), é suficiente provar que q é primo. Sejam
√
Pr
ab ∈ q, então existe m > 0 tal que ( ab)m ∈ q. Como q é primário ou am ∈ q
√ √
ou bmn ∈ q para algum n > 0, i.e. ou a ∈ q ou b ∈ q.
√
Se q é primário e p = q então dizemos que q é p-primário.
Exemplo 130.
ão
√
Proposição 131. Se I é maximal, então I é primário. Em particular, as potências
de um ideal maximal m são m-primárias.
√
Demonstração. Seja m = I. Se π : A → A/I é√o homomorfismo projeção,
então segue do Exercício 16.2 da Lista 1 que I = π −1 (N A/I ) , ou seja a
imagem de m em A/I é o nilradical de A/I e logo N A/I é maximal. Assim
dado um ideal primo p de A/I segue que N A/I ⊆ p o que implica N A/I = p
e logo o anel A/I tem somente um ideal primo. Então todo elemento de
80
A/I ou é uma unidade ou é nilpotente (Exercício 18 Lista 1), e logo todo
divisor de zero de A/I é nilpotente. Isto√implica que I é primário. Por outro
lado se m é maximal (logo primo) m = mn para todo n > 0 (Exercício 16.5
Lista 1), logo mn é m-primário para todo n > 0.
ar
Estudaremos a seguir presentações de um ideal como uma interseção de
ideais primários. Mas antes, enunciaremos um par de lemas técnicos:
in
√ p n Ex16.4 L1 n √
Demonstração. q = ∩ i = 1 qi = ∩i=1 qi = p. Seja xy ∈ q e su-
ponha que y 6∈ q, então para algum i temos que xy ∈ qi e y ∈ / qi , logo
√ √
im
x ∈ p = qi = q (pois qi é p-primário) e logo q é p-primário.
a. Se a ∈ q então (q : a) = A.
el
b. Se a ∈
/ q então (q : a) é p-primário.
c. Se a ∈
/ p então (q : a) = q.
Pr
Demonstração. Como (q : a) := {b ∈ A | ab ∈ q}, o primeiro item segue
da definição. Para o segundo, se b ∈ (q : a) então ab ∈ q e logo, como
√
a∈/ q, temos que b ∈ p. Logo q ⊆ (q : a) ⊆ p, tomando radicais ( preserva
p√ √ p
inclusões e I = I Ex. 16 Lista 1) temos (q : a) = p. Seja agora
bc ∈ (q : a) e suponha que b ∈ / p, então abc ∈ q logo ac ∈ q o que implica
ão
Note que em geral, uma tal decomposição primária não precisa existir.
Diremos que um ideal I é decomponível se I admite uma decomposição
Ve
primária.
Se um ideal I for decomponível e ainda:
√
a. todos os qi são distintos, e
81
a decomposição primária é dita minimal. Em vista do Lema 132, podemos
interceptar todos os ideais p-primários e obter um novo ideal p-primário
tendo assim a condição (a. ) satisfeita sem mudar a decomposição de I, feito
isso podemos omitir qualquer termo supérfluo para obter a condição (b. )
da seguinte forma: suponha que ∩ j6=i q j ⊆ qi então ∩ j6=i q j = ∩ j q j = I, então
podemos tirar qi . Logo toda decomposição primária pode ser reduzida a
uma minimal.
ar
aula 17: 17/10/2014
Aula 17
Lembrando a última aula. Provamos que:
in
Lema.
a. Se qi com 1 ≤ i ≤ n são p-primários então q = ∩in=1 qi é p-primário.
im
b. Seja q um ideal p-primário e a ∈ A. Então:
a) Se a ∈ q então (q : a) = A.
b) Se a ∈
/ q então (q : a) é p-primário.
c) Se a ∈
/ p então (q : a) = q.
el
Definimos uma decomposição primária de um ideal I como sendo uma ex-
pressão I = ∩in=1 qi , onde os qi são primários. Diremos que I é decomponível
Pr
se I admite uma decomposição primária. Neste se caso, se
√
a. todos os qi são distintos, e
1 ≤ i ≤ n.
p Então os pi ’s são precisamente os ideais primos que ocorrem no conjunto
de ideais ( I : a) com a ∈ A, e portanto não dependem da decomposição particular
de I.
Ve
82
Note que não é verdade que todas as componentes primárias são in-
dependentes da decomposição. Por exemplo, ( x2 , xy) = ( x ) ∩ ( x2 , y) =
( x ) ∩ ( x, y)2 são duas decomposições primárias minimais distintas.
Da prova anterior, temos que para cada i existe ai ∈ A tal que ai ∈ / qi e
n
ai ∈ ∩ j6=i q j assim ( I, ai ) = ∩ j=1 (q j : ai ) = (qi : ai ) pois pelo lema anterior
(q j : ai ) = A para todo j 6= i e logo (também pelo lema anterior) ( I, ai ) é
pi -primário.
Dizemos que os ideais primos pi do 1º Teorema de Unicidade (Teorema
ar
135) são associados a I, e os denotaremos por Assoc( I ) = {p1 , . . . , pn }.
Segue que um ideal I é primário se, e somente se, ele tem um único ideal
primo associado.
in
Os elementos minimais do conjunto Assoc( I ) são chamados de ideais
primos isolados de I, i.e., um ideal primo p ∈ Assoc( I ) é isolado se sempre
que exista p0 ∈ Assoc( I ) tal que p0 ⊆ p então p0 = p. Ideais primos de
Assoc( I ) que não são isolados são chamados de embutidos. Ou seja, um
im
ideal primo p ∈ Assoc( I ) é embutido se existe um ideal primo p0 ∈ Assoc( I )
tal que p0 ( p. Segue do fato de Assoc( I ) ser finito que todo ideal embutido
contém um ideal isolado.
83
( x, y)2 = ( x, y) pois ( x, y) é um ideal maximal de C[ x, y] (Nulls-
p
b.
tellensatz Hilbert, Teorema 46) e toda potência de um maximal m é
m-primário (Proposição 131).
ar
√
primária minimal com qi = pi . Então ∪in=1 pi = { a ∈ A | ( I : a) 6= I }.
in
Logo, no caso em que o ideal zero é decomponível temos que o conjunto
dos divisores de zero D = ∪ todos os ideais primos associados a (0) e o
nilradical N = ∩ todos os primos isolados associados a (0). (Exercício 2. )
im
A seguinte proposição resume o comportamento de ideais primários sob
localização.
84
Ex2.2 L4 n −1
Demonstração. Temos que S−1 I = S−1 (∩in=1 qi ) = ∩i=1 S qi , agora
pela proposição anterior S qi = S A para i = m + 1, . . . , n. Logo S−1 I =
− 1 − 1
ar
existe t ∈ S tal que ts0 a = tsb ∈ p j , como p j é primo e a ∈ / p j então
devemos ter ts ∈ p j mas S ∩ p j = ∅, contradição. Logo os S−1 pi ’s com
0
in
b. Suponha que existe 1 ≤ i ≤ m tal que ∩ j6=i S−1 q j ⊆ S−1 qi , i.e., S−1 ( Ii ) ⊆
S−1 qi onde Ii = ∩ j6=i q j . Como Ii * qi temos que existe a ∈ Ii tal que
a ∈ / qi , logo para s ∈ S, as ∈ S−1 Ii ⊆ S−1 qi . Seguindo o raciocínio
im
anterior temos que existe t ∈ S tal que ta ∈ qi , como qi é primário e
a ∈/ qi então devemos ter t ∈ pi mas S ∩ pi = ∅, contradição. Logo
∩ j6=i S−1 q j * S−1 qi para cada i = 1, . . . , m.
el
aula 18: 22/10/2014
Aula 18
Pr
• Aviso: Lista 5 disponível no site.
i.
Seja, então Σ um conjunto isolado de ideais primos associados a I e seja
S = A − ∪p∈Σ p. Então S é um conjunto multiplicativo e, para qualquer ideal
rs
85
a. Vejamos que se J é um ideal de A então ρ−1 (S−1 J ) = ∪s∈S ( J : s). De
fato a ∈ ρ−1 (S−1 J )⇔ρ( a) = 1a ∈ S−1 J ⇔ 1a = xs para algum x ∈ J e
s ∈ S⇔( as − x )t = 0 para algum t ∈ S⇔ ast ∈ J ⇔ a ∈ ∪s∈S ( J : s).
ar
c. Suponha nas hipóteses do teorema que os qi ’s são numerados de tal
forma que S intercepta pm+1 , . . . , pn mas não intercepta p1 , . . . , pm . En-
tão provaremos que ρ−1 (S−1 I ) = ∩im=1 qi , de fato segue da Proposição
in
140 que ρ−1 (S−1 I ) = ρ−1 (∩im=1 S−1 qi ) = ∩im=1 ρ−1 (S−1 qi ) e, do item
anterior, ρ−1 (S−1 qi ) = qi para todo i = 1, . . . , m.
im
teorema que S intercepta os p ∈ Assoc( I ) − Σ e não intercepta os p ∈ Σ.
Logo, segue do item c., que ρ−1 (S−1 I ) = ∩m
j=1 qi j e logo a interseção dos
qi j depende somente de I pois pelo 1ºTU os pi ’s dependem somente
do ideal I e não da decomposição primária específica de I.
el
Corolário 142. As componentes primárias isoladas (i.e., as componentes primárias
Pr
qi correspondentes aos ideais primos isolados pi ) são univocamente determinadas
por I.
Lema 144. Em um anel Noetheriano A todo ideal é uma interseção finita de ideais
irredutíveis.
86
Demonstração. Suponha que não, então o conjunto de ideais de A para os
quais o lema é falso é não vazio, logo tem um elemento maximal I. Como I
é redutível, temos que I = J ∩ K onde J ⊃ I e K ⊃ I. Da maximalidade de I
segue que J e K são interseções finitas de ideais irredutíveis e portanto o é I,
contradição.
Lema 145. Em um anel Noetheriano todo ideal irredutível é primário.
Demonstração. Passando ao anel quociente, é suficiente mostrar que se o
ar
ideal nulo é irredutível então ele é primário. Seja então xy ∈ (0) com y 6= 0, e
considere a cadeia de ideais Ann( x ) ⊆ Ann( x2 ) ⊆ · · · . Pela cca, esta cadeia
é estacionária, i.e., existe n > 0 tal que Ann( x n ) = Ann( x n+1 ) = · · · . Segue
in
que ( x n ) ∩ (y) = (0) pois se a ∈ (y) então ax = a0 yx = 0 e se a ∈ ( x n ) então
a = bx n logo ax = bx n+1 = 0 o que implica que b ∈ Ann( x n+1 ) = Ann( x n )
assim bx n = 0, i.e., a = 0. Como (0) é irredutível e (y) 6= 0 então devemos
ter x n = 0, e isto mostra que (0) é primário.
im
Segue diretamente destes dois lemas que
Teorema 146. Em um anel Noetheriano A todo ideal admite uma decomposição
primária.
el
Proposição 147. Seja A um anel Noetheriano.
a. Todo ideal I contém uma potência de seu radical.
Pr
b. O nilradical de A é nilpotente.
Demonstração. Exercício 3.
Proposição 148. Seja I um ideal próprio de um anel Noetheriano. Então os ideais
ão
ideais
p ( I : a) com a ∈ A. Logo se ( I : a) é um ideal primo p de A então
( I : a) = ( I : a) = p e portanto ( I : a) é um ideal primo associado a I.
Reciprocamente, seja I = ∩in=1 qi uma decomposição primária minimal de
√
Ve
87
6.2 aplicações da decomposição primária em anéis artinianos
ar
f g
a seguinte proposição usaremos a Proposição 102 (Seja 0 → M0 → M →
M00 → 0 uma sequência exata de A-módulos. Então: M é Noetheriano
(Artiniano) ⇔ M0 e M00 são Noetherianos (Artinianos))
in
Proposição 150. Seja A um anel no qual o ideal zero é um produto m1 · · · mn
de ideais maximais (não necessariamente distintos). Então A é Noetheriano se, e
somente se, A é Artiniano.
im
Demonstração. Considere a cadeia de ideais (A-módulos): A ) m1 ⊇ m1 m2 ⊇
· · · ⊇ m1 · · · mn = 0. Denote por Mi = m1 · · · mi , para i = 1, . . . , n. Cada
módulo quociente Mi−1 /Mi é um A/mi -módulo pois é um A-módulo ani-
quilado por mi . Logo Mi−1 /Mi é um espaço vetorial sobre o corpo A/mi .
el
Portanto, Mi−1 /Mi é um A/mi -módulo Artiniano se, e somente se, é um
A/mi -módulo Noetheriano (pela Observação anterior). Como seus A/mi -
submódulos são exatamente os mesmos que seus A-submódulos, Mi−1 /Mi
Pr
é um A-módulo Artiniano se, e somente se, é um A-módulo Noetheriano.
Considere as sequências exatas curtas:
i π
0 → M1 ,→ A A/M1 → 0
i π
ão
0 → M2 ,→ M1 M1 /M2 → 0
..
.
i π
0 → Mi ,→ Mi−1 Mi−1 /Mi → 0
rs
..
.
i π
0 → Mn−1 ,→ Mn−2 Mn−2 /Mn−1 → 0
Ve
i π
0 → Mn ,→ Mn−1 Mn−1 /Mn → 0
88
Mn−1 é A-módulo Artiniano e Mn−2 /Mn−1 é A-módulo Artiniano, o que
implica que Mn−2 é A-módulo Artiniano. Continuando com esse raciocínio
temos que A é A-módulo Artiniano. Analogamente se trocarmos os termos
“Artiniano” e “Noetheriano”.
ar
Proposição. Seja A um anel no qual o ideal zero é um produto finito m1 · · · mn
de ideais maximais (não necessariamente distintos). Então A é Noetheriano se, e
somente se, A é Artiniano.
in
Mostraremos a seguir que todo anel Artiniano é Noetheriano. Mas para
que um anel Noetheriano seja Artiniano precisamos adicionar mais alguma
condição:
m
Teorema 151. A é um anel Artiniano se, e somente se, A é Noetheriano e dim A =
0.
eli
Demonstração. (⇒): Como A é Artiniano segue do Corolário 127 que dim A =
0 e da Proposição 124 que A tem um número finito de ideais maximais:
m1 , . . . , mn . Como o radical de Jacobson R de A é nilpotente (Corolário 123
e Proposição 125) existe k > 0 tal que Rk = 0. Então Πin=1 mik ⊆ (∩in=1 mi )k =
Pr
Rk = 0, podemos escrever o zero como produto de ideais maximais (não ne-
cessariamente distintos), segue da proposição anterior que A é Noetheriano.
(⇐): Suponha que p seja um ideal primo de A e seja I um ideal próprio
de A tal que p ⊆ I, então existe um ideal maximal m tal que p ⊆ I ⊆ m.
Segue do fato da dim A = 0 que p = m = I, ou seja os ideais primos
ão
Proposição 147 que N é nilpotente, logo existe k > 0 tal que Πin=1 mik ⊆
(∩in=1 mi )k = Nk = 0, ou seja, podemos escrever o zero como produto de
ideais maximais, segue da proposição anterior que A é Artiniano.
89
Demonstração. Segue dos Teoremas 151 e 146.
ar
Exemplo 154. Seja G o subgrupo de Q/Z que consiste de todos os elementos
de ordem potência de p, onde p é um número primo fixo. Então G tem
exatamente um subgrupo Gn de ordem pn para cada n ≥ 0 e G0 ⊂ G1 ⊂
in
· · · ⊂ Gn ⊂ · · · (inclusões estritas) então G não satisfaz a cca, logo não é
Noetheriano como Z-módulo. Por outro lado, os únicos subgrupos próprios
de G são os Gn , logo G satisfaz a ccd e logo é Artiniano como Z-módulo.
im
Proposição 155. Seja A um anel Noetheriano local e m seu ideal maximal. Então
exatamente uma das seguintes condições é verdadeira:
90
Seja I = mi + m j para i 6= j logo mi ( I, segue da maximalidade de mi
que I = A. Por outro lado
√
rq
b.
q q
k k mik + mkj = mi + m j = A = A,
p
mi + m j =
isto implica por a. que mik + mkj = A e logo são coprimos. Segue do Teorema
Chinês dos Restos (Teorema 31) que:
ar
a. ∩in=1 mik = Πin=1 mik = 0 e é uma decomposição primária minimal do 0:
q
potências de maximais são primários, os mik = mi são todos distin-
tos por hipótese e ainda se ∩ j6=i mkj ⊆ mik tomando radicais teríamos
in
∩ j6=i m j ⊆ mi (Interseção finita de ideais contida em um primo) logo
m j ⊆ mi para algum j, como m j é maximal e mi 6= A então m j = mi ,
contradição. Logo ∩ j6=i mkj * mik para todo i = 1, . . . , n.
im
A A A A
b. A = ' × k ×···× k.
m1k · m2k · . . . · mkn k
m1 m2 mn
| {z }
=0
el
Cada quociente A/mik é um anel Artiniano (quociente de Artiniano por
um ideal). Para ver que cada quociente é local, seja m um ideal maximal
de A/mik , então m corresponde a um ideal maximal de A que contém mik ,
Pr
suponha que mik ⊆ m j tomando radicais temos mi ⊆ m j segue que j = i e
logo existe somente um ideal maximal de A que contém mik o que implica
que A/mik é local com ideal maximal mi . Logo A é um produto direto finito
de anéis Artinianos locais.
Para a unicidade, suponha que A ' Πim=1 Ai , onde Ai são anéis Artinianos
ão
91
a = ( a1 , . . . , 1i , . . . , 0 j , . . . , am ) ∈ A tal que πi ( a) = 1i e π j ( a) = 0 j , logo
1 A − a ∈ Ii e a ∈ Ij assim 1 A = (1 A − a) + a ∈ Ii + Ij . Logo os Ii ’s são
q√ p b. p
coprimos. Isto implica que para i 6= j, pi + p j =
p
Ii + Ij = Ii + Ij =
√ a.
A = A segue de a. que pi + p j = A e logo os pi ’s são coprimos dois-a-dois.
Como consequência eles são todos distintos pois se dois deles forem iguais
pi = p j então A = pi + p j = pi , contradição. Por outro lado, ∩ j6=i Ij * Ii
para cada i = 1, . . . , m pois se, para algum i, ∩ j6=i Ij ⊆ Ii tomando radicais
ar
temos ∩ j6=i p j ⊆ pi e logo existiria j tal que p j ⊆ pi , como p j é maximal isto
implicaria p j = pi , contradição. Logo a decomposição primária ∩im=1 Ii = 0 é
minimal.
in
Assim temos que Assoc(0) = {p1 , . . . , pm } = {m1 , . . . , mn }, logo segue do
1ºTU que m = n. Além disso, como consequência da maximalidade dos
primos associados a (0) temos que todos eles são isolados e logo todas as
componentes primárias são isoladas e, consequentemente, determinadas de
im
maneira única por A pelo 2ºTU (Teorema 141). Logo existe uma permutação
σ dos índices 1, . . . , n tal que Ii ' mkσ(i) para todo i = 1, . . . , n.
Assim os anéis Artinianos locais Ai ' A/Ii ' A/mkσ(i) são determinados
de maneira única por A, para todo i = 1, . . . , n.
el
Se A é um anel local, m seu ideal maximal, k = A/m seu corpo de
resíduos e M um A-módulo então o A-módulo M/mM é aniquilado por
m e portanto tem estrutura de k-espaço vetorial. Se, alem disso M é f.g.
Pr
c. dimk (m/m2 ) ≤ 1.
92
ideal principal pela Proposição 62, logo m = ( a). Seja I 6= (0) um ideal
local Arti
próprio de A, então I ⊆ m. Temos ainda que m = R = N e logo m é
nilpotente (Proposição 125), portanto existe um inteiro r > 0 tal que I ⊆ mr e
I * mr+1 (suponha que não, que para todo r > 0, I ⊆ mr então I = (0) pela
nilpotência de m, contradição). Logo existe b ∈ I e b ∈ / ( ar+1 ) = mr+1 com
b = xar , consequentemente x ∈ / ( a) = m, i.e., x não é nilpotente logo (pela
observação previa à ao Teorema de Estrutura de Anéis Artinianos) x é uma
unidade de A. Logo ar ∈ I, portanto mr = ( ar ) ⊆ I e logo I = mr = ( ar ).
ar
Segue que I é principal.
6.3 exercícios
in
Ex. 66 — Seja A um anel, D o conjunto dos divisores de zero de A e N o
im
nilradical de A. Mostre que:
p
1. D = ∪ a6=0 (0 : a)
p
2. N = (0)
3. Use o item anterior para mostrar que, se o ideal zero (0) é decompo-
el
nível, então:
a) D é a união de todos os ideais primos associados a (0);
b) N é a interseção de todos os ideais primos isolados associados a
Pr
(0).
4. Se I é um ideal de A decomponível então ∪in=1 pi = { a ∈ A | ( I : a) 6= I },
onde os pi ’s são os ideais primos associados a I.
2. q = m;
3. mn ⊆ q ⊆ m para algum n > 0.
93
√
Ex. 70 — Mostre que se I é um ideal radical (i.e., I = I) então I é decom-
ponível e não tem ideais primos embutidos.
ar
mária, mostre que toda localização de A por um conjunto multiplicativo S,
S−1 A, tem a mesma propriedade.
in
Ex. 73 — Sejam p1 = ( x, y), p2 = ( x, z) e p3 = ( x, y, z) ideais do anel de
polinômios k[ x, y, z], onde k é um corpo. Seja I = p1 p2 :
1. Mostre que I = p1 ∩ p2 ∩ p23 é uma decomposição primária minimal
de I.
im
2. Encontre os ideais primos minimais do anel k[ x, y, z]/( x, y) · ( x, z).
xy).
são equivalentes:
1. A é Artiniano;
2. Spec( A) é finito e discreto;
3. Spec( A) é discreto.
rs
94
tem comprimento finito e que todas as cadeias maximais tem o mesmo
comprimento.
ar
in
im
el
Pr
ão
rs
Ve
95
EXTENSÕES INTEGRAIS
7
aula 20: 29/10/2014
Aula 20
Extensões finitas e integrais de anéis generalizam os conceitos de extensões
ar
finitas e algébricas de corpos.
in
A se b é uma raiz de um polinômio mônico com coeficientes em A, i.e., b
satisfaz uma equação da forma
m
b n + a 1 b n −1 + · · · + a n = 0 (8)
Exemplo 160. Uma extensão integral de corpos é o mesmo que uma extensão
ão
Lema 161.
Ve
96
Demonstração. Exercício 1.
Proposição 162. Seja A ⊆ B uma extensão de anéis e seja b ∈ B. As seguintes
afirmações são equivalentes:
a. b é integral sobre A;
b. A[b] ⊇ A é uma extensão finita.
c. A[b] ⊆ C tal que C ⊆ B é um subanel de B que é f.g. como A-módulo.
ar
Demonstração. (a. )⇒(b. ) Como b é integral sobre A, multiplicando (8)
por br , temos bn+r = −( a1 bn+r−1 + · · · + an br ) para todo r ≥ 0. Logo, por
indução, todas as potencias positivas de b pertencem ao A-módulo gerado
in
por 1, b, . . . , bn−1 . Logo A[b] é gerado como A-módulo por 1, b, . . . , bn−1 , i.e.,
A[b] ⊇ A é uma extensão finita.
(b. )⇒(c. ) Basta tomar C = A[b].
(c. )⇒(a. ) Sejam c1 , . . . , cn ∈ C os geradores de C como A-módulo.
im
Como b · ci ∈ C para todo i (pois b ∈ A[b] ⊆ C por hipótese), temos que
b · ci = ∑nj=1 aij c j assim temos o seguinte “sistema linear” nas “variáveis” ci
e “coeficientes” aij ∈ A:
el
b · c1 = a11 c1 + · · · + a1n cn
..
.
b · cn = an1 c1 + · · · + ann cn
Pr
então é integral sobre An−1 , assim pelo caso n = 1, An = An−1 [bn ] ⊇ An−1
é uma extensão finita. Segue da transitividade do Lema 161 que An ⊇ A é
uma extensão finita.
Ve
97
A seguinte definição é uma generalização da noção de fecho algébrico
para extensões de corpos.
ar
C( A, B), é um subanel de B que contém A.
in
C( A, B). Dados a, b ∈ C( A, B) devemos mostrar que a ± b e ab também
pertencem a C( A, B), ou seja, são integrais sobre A. Como a ± b, ab ∈ A[ a, b],
então A[ a ± b] ⊆ A[ a, b] e A[ ab] ⊆ A[ a, b]. Por outro lado, como a, b são
integrais sobre A, segue do Corolário 163 que A[ a, b] ⊇ A é uma extensão
m
finita. Logo, da Proposição 162 (c. ) segue que a ± b e ab são integrais sobre
A.
eli
Proposição 167. Sejam A ⊆ B ⊆ C extensões de anéis. Se B é integral sobre A e
C é integral sobre B então C é integral sobre A.
98
Mostraremos a seguir que extensões integrais são preservadas por quoci-
entes e localização:
Proposição 169. Seja B ⊇ A uma extensão integral de anéis.
a. Se I é um ideal de B então B/I é integral sobre A/A ∩ I.
ar
Demonstração.
a. Seja b ∈ B/I, então b = b + I com b ∈ B logo existe uma expressão
bn + a1 bn−1 + · · · + an = 0 com ai ∈ A. Reduzindo esta equação
in
n n −1
módulo I temos b + a1 b + · · · + an = 0 com ai ∈ A/A ∩ I. Logo b
é integral sobre A/A ∩ I.
im
a1 bn−1 + · · · + an = 0 em B, com ai ∈ A. Agora como s ∈ S então sn ∈
n
S e logo s1 é uma unidade em S−1 B, logo s1n (bn + a1 bn−1 + · · · + an ) =
n n −1
0 em S−1 B. Assim temos a expressão bs + as1 bs + · · · + asnn = 0
ai
onde os coeficientes ∈ S−1 A. Logo b
é integral sobre S−1 A.
el
si s
que 1 = b(− a− 1 n −1
n b − a1 a − 1 n −2
n b − · · · − a n −1 a − 1
n ), logo b é uma unidade
| {z }
∈B
de B o que implica que B é um corpo.
Ve
logo A é um corpo.
99
aula 21: 31/10/2014
Aula 21
Lembrando a última aula. Provamos:
Proposição. Seja B ⊇ A uma extensão integral de anéis.
a. Se I é um ideal de B então B/I é integral sobre A/A ∩ I.
b. Se S é um subconjunto multiplicativo de A, então S−1 B é integral sobre
S−1 A.
ar
c. Se B é um domínio, então B é um corpo se, e somente se, A é um corpo.
Corolário 171. Seja B ⊇ A uma extensão integral. Seja q um ideal primo de B e
seja p = q ∩ A. Então q é maximal se, e somente se, p é maximal.
in
Demonstração. Primeiramente, observe que p é um ideal primo de A pois se
i : A ,→ B é o homomorfismo inclusão então p = q ∩ A = i−1 (q). Logo os
anéis B/q e A/p são domínios de integridade e da Proposição 169 segue
im
que B/q é integral sobre A/p. Logo, da proposição anterior temos que B/q
é um corpo se, e somente se, A/p é um corpo. Portanto q é maximal se, e
somente se, p é maximal.
Teorema 172. (Incomparabilidade) Seja A ⊆ B uma extensão integral. Se
el
q ⊆ q0 são ideais primos de B tais que q ∩ A = q0 ∩ A então q = q0 .
Demonstração. Seja p = q ∩ A, então pela prova do Corolário anterior p é
um ideal primo de A e seja S = A − p. Temos que a localização Ap = S−1 A
Pr
é um anel local (veja Exemplo 85 Aula 10) com único ideal maximal S−1 p:
Como o único ideal maximal de Ap é primo, ele é S−1 p0 onde p0 é um ideal
primo de A que não intercepta S, logo p0 ⊆ p. Como localização preserva
inclusões temos que S−1 p0 ⊆ S−1 p, segue da maximalidade de S−1 p0 que
S−1 p0 = S−1 p.
ão
Por outro lado, segue da Proposição 169 que S−1 A ⊆ S−1 B é uma extensão
integral. Mais ainda, S−1 q ⊆ S−1 q0 são ambos ideais primos de S−1 B já
que S ∩ q = S ∩ q0 = ∅ (suponha que existe x ∈ S ∩ q então x ∈ S e x ∈ q
logo x ∈ A e x ∈ q e x ∈ / p ou seja x ∈ p e x ∈ / p, contradição) e S−1 p =
rs
B ⊃ ∃q-primo | q ∩ A = p
∪ integral ↑
A ⊃ p-primo
100
Demonstração. Como p é um ideal primo de A então a localização de A por
S = A − p, Ap = S−1 A é um anel local com único ideal maximal S−1 p (veja
a prova do Teorema de Incomparabilidade).
Por outro lado, o seguinte diagrama
A
i / B
ρA ρB
iS /
S −1 A
ar
S −1 B
in
− 1
A − p e logo S B 6= 0 e logo tem um ideal maximal) então segue do
Corolário anterior que m = n ∩ S−1 A = iS−1 (n) é um ideal maximal de S−1 A.
Como S−1 A é local segue que m = S−1 p. Seja q = ρ− 1
B (n), então q é ideal
im
primo de B e temos que q ∩ A = i−1 (q) = i−1 (ρ− 1 −1
B (n)) = ( ρ B ◦ i ) (n) =
( i S ◦ ρ A ) −1 (n ) = ρ − 1 −1 −1 −1 −1
A (iS (n)) = ρ A (m) = ρ A ( S p) = p onde a última
igualdade segue da prova do Teorema 98 (Teorema de Localização e Ideais
primos) pois p é um ideal primo de A tal que S ∩ p = ∅.
el
Teorema 174. (Going-Up) Seja B ⊇ A uma extensão integral. Seja p1 ( · · · (
pn uma cadeia de ideais primos de A e q1 ( · · · ( qm , com m < n, uma cadeia
de ideais primos de B tais que qi ∩ A = pi para todo i = 1, . . . , m. Então a cadeia
Pr
q1 ( · · · ( qm pode ser estendida a uma cadeia q1 ( · · · ( qn tal que qi ∩ A = pi
para todo i = 1, . . . , n.
B ⊃ ∃qn ) ··· ) qm ) ··· ) q1 primos
∪ int ↑ q j ∩ A = p j 1≤ j ≤ n ↑ qi ∩ A = pi 1 ≤ i ≤ m ↑
A ⊃ pn ) ··· ) pm ) ··· ) p1 primos
ão
101
p1 (p2 p1 = A∩q1 p2 ⊆ A LM
p2 = p2 + p1 = p2 + ( A ∩ q1 ) = ( A ∩ p2 ) + ( A ∩ q1 ) = A ∩
(∗)
(p2 + q1 ) = A ∩ q2 ∩ ( A + q1 ) = A ∩ q2 pois A ∩ q2 ⊆ A ⊆ A + q1 .
Por último, resta ver que a inclusão q1 ⊆ q2 é estrita. Suponha que q1 = q2
então p1 = q1 ∩ A = q2 ∩ A = p2 , contradição.
Corolário 175. Seja A ⊆ B uma extensão integral de anéis. Então dim A =
dim B (veja Definição 126).
ar
Demonstração. Dada uma cadeia de ideais primos em A: p0 ( p1 ( · · · ( pn
então pelo Teorema Going-Up existe uma cadeia de ideais primos em
B: q0 ( q1 ( · · · ( qn com qi ∩ A = pi para i = 0, . . . , n e por tanto
in
dim B ≥ dim A.
Reciprocamente, dada uma cadeia de ideais primos em B: q0 ( q1 (
· · · ( qn segue da prova do Corolário 171 que os ideais pi = A ∩ qi são
ideais primos de A para todo i = 0, . . . , n e claramente p0 ⊆ p1 ⊆ · · · ⊆ pn .
im
Segue do Teorema de Incomparabilidade (Teorema 172) que os pi ’s são todos
distintos e logo definem uma cadeia p0 ( p1 ( · · · ( pn de ideais primos de
A o que mostra que dim A ≥ dim B.
Proposição 176. Sejam A ⊆ B anéis e C( A, B) o fecho integral de A em B. Seja
el
S um subconjunto multiplicativo de A. Então S−1 C( A, B) é o fecho integral de
S−1 A em S−1 B.
Pr
Demonstração. Queremos provar que S−1 C( A, B) = C(S−1 A, S−1 B). Segue
da definição de fecho integral que A ⊆ C( A, B) é uma extensão integral,
logo da Proposição 169 temos que S−1 A ⊆ S−1 C( A, B) é também uma
extensão integral. Logo dado um elemento x ∈ S−1 C( A, B) ⊆ S−1 B então
x é integral sobre S−1 A logo x ∈ C(S−1 A, S−1 B) e temos S−1 C( A, B) ⊆
C(S−1 A, S−1 B). Reciprocamente, se bs ∈ S−1 B é integral sobre S−1 A então
ão
n n −1
a1 b
b
existe uma equação da forma s + s1 s + · · · + asnn = 0 onde ai ∈ A
e si ∈ S para todo i = 1, . . . , n. Então multiplicando a equação por sn
n −1 n
temos bn + sa1 n−1
s1 b + · · · + s sn−an1−1 b + s snan = 0. Seja t = s1 · · · · · sn então
rs
o portanto bs = bt −1 −1 −1 −1
st ∈ S C( A, B ), assim C( S A, S B ) ⊆ S C( A, B ).
102
aula 22: 05/11/2014
Aula 22
Na última aula provamos que:
e definimos:
ar
Definição. Um domínio de integridade A é dito integralmente fechado
(sem qualificação) ou normal se ele é integralmente fechado sobre seu corpo
de frações, i.e., se C( A, Frac( A)) = A.
in
Provaremos a seguir que a propriedade de um domínio ser “integralmente
fechado” é local.
im
são equivalentes:
a. A é integralmente fechado;
s ∈ S com 1s ∈ ρ(S).
Vejamos que S−1 Frac( A) = Frac(S−1 A) . Chamaremos de S0 = A − 0
então Frac( A) = S0−1 A e analogamente S00 = S−1 A − 10 , logo Frac(S−1 A) =
Ve
0
(S0 )−1 (S−1 A). Observe que as = 10 em S−1 A⇔existe t ∈ S (t 6= 0) tal que
ta = 0 em A (domínio)⇔ a = 0. Isto implica que S00 = { as com a ∈ S0 , s ∈ S}.
0
Seja agora, as ∈ S−1 Frac( A) logo s ∈ S e a ∈ Frac( A), ou seja a = sa0 com
a0 a0
a0
a0 ∈ (S00 )−1 (S−1 A) = Frac(S−1 A).
a s0
∈ A e s0 ∈ S0 . Logo s = s = s0 s = s
s0
1 1
a0
Por outro lado se, a
s00
∈ Frac(S−1 A) então a ∈ S−1 A e s00 ∈ S00 . Logo a = s
103
a0
s0 a0 s0
com a0 ∈Aes∈Se s00 = s0 com s0 ∈ S0 e s0 ∈ S, assim a
s00
= s
s0 = ss0 =
s0
a0 s0
s0
s ∈ S−1 Frac( A).
1
Segue que se A é um domínio e S = A − p onde p é um ideal primo de A
então 0 ∈/ S e logo S−1 A = Ap é um domínio, primeira condição para ser
integralmente fechado.
Seja i : A ,→ C( A, Frac( A)) a inclusão de A em C( A, Frac( A)). Se-
gue da Proposição 176 e a observação anterior que S−1 C( A, Frac( A)) =
C(S−1 A, S−1 Frac( A)) = C(S−1 A, Frac(S−1 A)) logo S−1 i : S−1 A ,→ C(S−1 A, Frac(S−1 A)).
ar
Então A é integralmente fechado se, e somente se, i ( A) = A = C( A, Frac( A))
se, e somente se, i é sobrejetiva. Segue da propriedade local dos homo-
morfismo sobrejetivos (Proposição 96) que i é sobrejetiva se, e somente se,
in
S−1 i é sobrejetiva para todo ideal primo p de A, mas isto acontece se, e
somente se, S−1 A = Ap é integralmente fechado para todo ideal primo p de
A. Analogamente se considerarmos todos os ideais maximais m de A.
m
Definição 180. Sejam A ⊆ B anéis e seja I um ideal de A. Um elemento de
B é dito integral sobre I se satisfaz uma equação de dependência integral
sobre A na qual todos os coeficientes (não “mônicos”) pertencem a I. O
eli
fecho integral ou normalização C( I, B) do ideal I em B é o conjunto dos
elementos de B que são integrais sobre I.
104
Proposição 182. Sejam A ⊆ B domínios de integridade, A integralmente fechado
e seja b ∈ B um elemento integral sobre um ideal I de A. Então b é um elemento
algébrico sobre o corpo de frações k = Frac( A) de A e se seu polinômio
√ minimal1
sobre k é p( x ) = x n + a1 x n−1 + · · · + an então a1 , . . . , an ∈ I.
ar
Seja f ( x ) uma equação da dependência integral de b sobre I, então f é um
polinômio em k[ x ] que tem b como raiz, logo p( x ) | f ( x ) em k[ x ]. Como
p(bi ) = 0 então f (bi ) = 0, logo bi é integral sobre I para todo i = 1, . . . , n.
Agora p( x ) = ∏in=1 ( x − bi ) = x n + a1 x n−1 + · · · + an , então os coeficientes
in
ai ’s são polinomiais nos bi ’s e pelo Lema 181 o conjunto dos elementos
de B integrais sobre I é fechado sob adição e multiplicação, logo os ai ∈
k = Frac( A) são integrais sobre I e portanto integrais sobre A, assim ai ∈
im
C( A, Frac( A)). Mas A é integralmente fechado, logo C( A, Frac( A)) = A e
ai ∈ A para todo i = 1, . . . , n. Finalmente,
p aplicando√ novamente
√ o Lema 181
com B = A temos: ai ∈ C( I, A) = I C( A, A) = I A = I.
A nossa intenção agora é provar o “Teorema Going-down”, mas para isso
el
precisaremos provar antes alguns lemas técnicos.
Vimos na Aula 1 que se f : A → B é um homomorfismo de anéis e J é um
ideal de B, então a pré-imagem f −1 ( J ) é sempre um ideal de A. Mas se I é
Pr
um ideal de A, o conjunto f ( I ) não necessariamente é um ideal de B. Por
isso consideraremos nos lemas seguintes o ideal B f ( I ) que é o ideal de B
gerado por f ( I ).
a. I ⊆ f −1 ( B f ( I ));
b. B f ( f −1 ( J )) ⊆ J;
rs
c. f −1 ( J ) = f −1 ( B f ( f −1 ( J )));
d. B f ( I ) = B f ( f −1 ( B f ( I )));
Ve
105
( a.) temos f ( I ) ⊆ f ( f −1 ( B f ( I ))) e logo B f ( I ) ⊆ B f ( f −1 ( B f ( I ))) e fazendo
J = B f ( I ) em (b.) segue que B f ( f −1 ( B f ( I ))) ⊆ B f ( I ), assim temos (d.).
Lema 184. Seja f : A → B um homomorfismo de anéis e seja p um ideal primo de A.
Então p = f −1 (q) para algum ideal primo q de B se, e somente se, f −1 ( B f (p)) = p.
Demonstração. Se p = f −1 (q) para algum ideal primo q de B então segue
do Lema 183 (c.) que f −1 ( B f ( f −1 (q))) = f −1 (q), ou seja f −1 ( B f (p)) = p.
Reciprocamente, se J denota o ideal B f (p) de B, então p = f −1 ( J ), mas J
não é necessariamente primo. Seja S = f ( A − p), então S é um subconjunto
multiplicativo de B: sejam s1 , s2 ∈ S então existem a1 , a2 ∈ A − p tal que
ar
si = f ( ai ) para i = 1, 2 logo s1 s2 = f ( a1 ) f ( a2 ) = f ( a1 a2 ), como A − p é
um conjunto multiplicativo então a1 a2 ∈ A − p logo s1 s2 ∈ S. Por outro
lado, S−1 J é um ideal próprio de S−1 B: suponha que S−1 J = S−1 B então
in
1 −1 J logo existe s ∈ S e b ∈ J tal que 1 = b logo existe t ∈ S tal que
1 ∈ S 1 s
S 3 ts = tb ∈ J o que implica que S ∩ J 6= ∅. Mas se s ∈ S ∩ J então existe
a ∈ A − p tal que s = f ( a) e por outro lado a ∈ f −1 (s) ∈ f −1 ( J ) = p, que
m
é uma contradição. Logo S−1 J é um ideal próprio de S−1 B e S ∩ J = ∅.
Isto implica que S−1 J está contido num ideal maximal m de S−1 B. Seja q o
ideal primo de B que não intercepta S e que satisfaz m = S−1 q, queremos
eli
provar que p = f −1 (q). Vejamos que J ⊆ q: suponha que não, então existe
j j j
j ∈ J tal que j ∈ / q logo 1 ∈ S−1 J mas 1 ∈ / S−1 q (pois se 1 ∈ S−1 q então
j q
1 = s para certos q ∈ q e s ∈ S, logo existe t ∈ S tal que tjs = tq ∈ q
e como j ∈ / q e q é primo então necessariamente ts ∈ q o que contradiz
Pr
Aula 23
Na última aula provamos:
Lema 1. Seja I um ideal de A com A ⊆ B anéis. Então o fecho integral
de I em B, C( I, B), p é o radical de I C( A, B) (e logo é fechado sob adição e
Ve
106
Teorema 185. (Going-down) Sejam A ⊆ B domínios de integridade, A integral-
mente fechado, B integral sobre A. Seja p1 ) · · · ) pn uma cadeia de ideais primos
de A e seja q1 ) · · · ) qm com m < n uma cadeia de ideais primos de B tais que
qi ∩ A = pi para i = 1, . . . , m. Então a cadeia q1 ) · · · ) qm pode ser estendida a
uma cadeia q1 ) · · · ) qn tal que qi ∩ A = pi para todo i = 1, . . . , n.
domB ⊃ q1 ) ··· ) qm ) ··· ) ∃qn primos
int ∪ ↑ qi ∩ A = pi 1 ≤ i ≤ m ↑ qi ∩ A = pi 1 ≤ i ≤ n ↑
i.f. A ⊃ p1 ) ··· ) pm ) ··· ) pn primos
ar
Demonstração. Como na prova do Teorema Going-Up reduzimos imediata-
mente ao caso m = 1 e n = 2. Então temos que mostrar que se p1 ⊇ p2
são ideais primos de A e q1 um ideal primo de B tal que q1 ∩ A = p1 ,
in
então existe um ideal primo q2 de B tal que q1 ⊇ q2 e q2 ∩ A = p2 .
Agora, como observamos na prova da Proposição 179, B é um domínio
logo o mapa de localização ρ : B → Bq1 é injetivo e podemos identificar
B ' ρ( B) ⊆ Bq1 . Defina, então f : A ,→ Bq1 como sendo a composição
im
i ρ
dos homomorfismos injetivos A ,→ B ,→ Bq1 . Aplicando o Lema 184 a
f temos que p2 = f −1 ( J2 ) = ρ−1 ( J2 ) ∩ A para algum ideal primo J2 de
Bq1 se, e somente se, f −1 ( Bq1 f (p2 )) = p2 . Agora, um ideal primo J2 de
Bq1 corresponde a um ideal primo q2 de B contido em q1 (Corolário 99),
el
logo J2 = S−1 q2 onde S = B − q1 . Reescrevendo o anterior temos que
p2 = ρ−1 (S−1 q2 ) ∩ A = q2 ∩ A para algum ideal primo q2 de B contido
em q1 se, e somente se, f −1 ( Bq1 f (p2 )) = p2 . Sem perda de generalidade
Pr
podemos supor que f é a inclusão de A em Bq1 , assim só basta provar que
p2 = f −1 ( Bq1 f (p2 )) = Bq1 p2 ∩ A.
Como p2 ⊆ A e p2 ⊆ Bq1 p2 (que é o ideal de Bq1 gerado por p2 ) então
claramente p2 ⊆ Bq1 p2 ∩ A. Seja x ∈ Bq1 p2 ∩ A, então x = ∑ik=1 bs i pi onde
i
bi ∈ B, si ∈ S = B − q1 e pi ∈ p2 . Logo tomando denominador comum
ão
k
∑k b0 p
x = ∑i=1 1s1 ···isn n i i = si1=···
s ···sb ···s b p k 0
sn onde s = s1 · · · sn ∈ S e y = ∑i =1 bi pi ∈ Bp2 .
1 i i
107
de s. Agora s ∈ B logo é integral sobre A, assim aplicando √ novamente
a Proposição 182 com I = A temos que ui x ∈ − i A = A para todo
i = 1, . . . , r.
Suponha agora que x ∈ / p2 . Então xi ∈
/ p2 , pois p2 é primo de A, logo
−i i
p2 3 ui = (ui x )|{z} x isto implica que ui x −i ∈ p2 (aqui usamos o que
| {z }
∈A ∈A
acabamos de provar, que os ui x −i ∈ A pois como p2 é primo de A precisamos
que ambos fatores pertençam a A para poder concluir que um deles tem que
ar
estar em p2 ) e segue de f (s) = 0 que sr = −u1 x −1 sr−1 − · · · − ur x −r ∈ Bp2 ⊆
Bp1 = B(q1 ∩ A) ⊆ Bq1 = q1 o que implica (por q1 ser primo) que s ∈ q1 ,
contradição. Logo x ∈ p2 e por tanto p2 = Bq1 p2 ∩ A como requerido.
in
Por último, resta ver que a inclusão q2 ⊆ q1 é estrita. Suponha que q2 = q1
então p2 = q2 ∩ A = q1 ∩ A = p1 , contradição.
Provaremos a seguir o Teorema de Normalização de Noether o qual
im
descreve a estrutura básica de uma álgebra f.g. sobre um corpo, para isso
precisaremos do seguinte lema.
0 6 = g ( λ 1 , . . . , λ n −1 ) = f ( λ 1 , . . . , λ n −1 , 1 ).
2 Um polinômio homogêneo é um polinômio cujos termos não nulos tem todos o mesmo
grau.
3 Por exemplo f ( x, y, z) = xyz + z2 x + xy2 então f ( x, y, 1) = xy + x + xy2 não é homogêneo.
4 Note que de fato para f ( x, y, z) = xyz − xyz2 não nulo e não homogêneo temos g( x, y) =
f ( x, y, 1) = xy − xy = 0.
108
Definição 187. Dizemos que os elementos a1 , . . . , ak de uma álgebra sobre
um corpo k são algebricamente independentes sobre k se p( a1 , . . . , ak ) 6= 0
para qualquer polinômio não nulo p ∈ k[ x1 , . . . , xk ]. No caso k = 1 dizemos
que a1 é transcendente sobre k.
ar
tão podemos renumerar os bi ’s tal que b1 , . . . , br são algebricamente indepen-
dentes sobre k mas b1 , . . . , br , bi (para todo r + 1 ≤ i ≤ n) não o são, ou seja
existe um polinômio pi ∈ k[ x1 , . . . , xr , xr+1 ] tal que pi (b1 , b2 , . . . , br , bi ) = 0
in
(para todo r + 1 ≤ i ≤ n), logo br+1 , . . . , bn são algébricos sobre k[b1 , . . . , br ].
Agora procedendo por indução sobre n, temos: Se n = r não tem nada a
fazer. Suponha então que n > r e o resultado é verdadeiro para n − 1 gerado-
m
res. O gerador bn é algébrico sobre k[b1 , . . . , bn−1 ] logo existe um polinômio
f 6= 0 com coeficientes em k em n variáveis tal que f (b1 , . . . , bn−1 , bn ) = 0.
Seja F a parte homogênea de maior grau d de f , como k é infinito, segue do
lema anterior que existem λ1 , . . . , λn−1 ∈ k tal que F (λ1 , . . . , λn−1 , 1) 6= 0.
eli
Sejam agora bi0 = bi − λi bn para i = 1, . . . , n − 1. Defina G ( x1 , . . . , xn−1 , xn ) =
f ( x1 + λ1 xn , . . . , xn−1 + λn−1 xn , xn ). Então G tem a forma
G ( x1 , . . . , xn−1 , xn ) = F (λ1 , . . . , λn−1 , 1) xnd + p1 ( x1 , . . . , xn−1 ) xnd−1 + · · · +
Pr
pd ( x1 , . . . , xn−1 ) para certos p1 , . . . , pd ∈ k[ x1 , . . . , xn−1 ]. Como F (λ1 , . . . , λn−1 , 1) 6=
0 então podemos supor G mônico pois podemos multiplicar por seu inverso.
Logo G (b10 , . . . , bn0 −1 , bn ) = f (b10 + λ1 bn , . . . , bn0 −1 + λn−1 bn , bn ) = 0 é uma
| {z } | {z }
b1 bn − 1
equação para a dependência integral de bn sobre A0 = k[b10 , . . . , bn0 −1 ], logo
ão
109
Teorema 189. (Teorema de Normalização de Noether, versão II) Seja k um
corpo e seja A 6= 0 uma k-álgebra f.g. Então existem elementos a1 , . . . , ak ∈ A
que são algebricamente independentes sobre k e tal que k[ a1 , . . . , ak ] ⊆ A é uma
extensão finita.
Demonstração. Exercício 2.
ar
Aula 24
Lembramos a última aula: provamos o Teorema de Normalização de No-
ether e enunciamos uma versão mais geral:
in
Teorema. (Teorema de Normalização de Noether, versão II) Seja k um corpo
e seja A 6= 0 uma k-álgebra f.g. Então existem elementos a1 , . . . , ak ∈ A que são
algebricamente independentes sobre k e tal que k[ a1 , . . . , ak ] ⊆ A é uma extensão
im
finita.
110
elemento nilpotente de um corpo). Logo se f ( x1 , . . . , xk ) ∈ k[ x1 , . . . , xk ]
então f ( x1 , . . . , xk ) ∈ k, o que implica que k[ x1 , . . . , xk ] = k e logo A é finito
sobre o próprio k e por tanto k ⊆ A é uma extensão algébrica.
7.1 exercícios
ar
Ex. 79 — Mostre que:
1. Se I um ideal de A, então o quociente A/I é uma A-álgebra finita.
2. Se f : A → B e g : B → C são álgebras finitas, então g ◦ f : A → C é
in
finita.
3. Se f : A → B é uma álgebra finita e g : A → C é uma álgebra qualquer
então a álgebra obtida por mudança de base f ⊗ id : A ⊗ A C ' C →
B ⊗ A C dada por c 7→ 1 ⊗ c é finita. Em particular, se S ⊆ A é um
im
conjunto multiplicativo, a localização S−1 f : S−1 A → S−1 B é uma
álgebra finita.
111
2. Prove que C( A, B)[ x ] é o fecho integral de A[ x ] em B[ x ].
ar
Ex. 89 — Mostre que todas as cadeias maximais de primos de k[ x1 , . . . , xn ]
tem o mesmo comprimento. Conclua que dim k[ x1 , . . . , xn ] = n.
in
im
el
Pr
ão
rs
Ve
112
TEORIA DA DIMENSÃO
8
Vamos lembrar a definição de dimensão de um anel dada no Capítulo 5.
Definimos uma cadeia de ideais primos de um anel A como sendo uma
ar
sequência estritamente crescente e finita p0 ( p1 ( · · · ( pn onde cada
pi é um ideal primo de A. O comprimento da cadeia é n. Definimos a
dimensão ou dimensão de Krull de um anel A 6= 0 como sendo o supremo
dos comprimentos de todas as cadeias de ideais primos de A.
in
Se existem cadeias arbitrariamente longas de ideais primos de A, então
dizemos que dim A = ∞.
Assim, por exemplo um corpo tem dimensão 0, um DIP tem dimensão 1 e
im
anéis Artinianos tem também dimensão 0. Segue do Exercício 11 da Lista 7
que dim k[ x1 , . . . , xn ] = n e ainda que toda cadeia maximal de ideais primos
de k[ x1 , . . . , xn ] tem comprimento n.
Definição 191. Seja p um ideal primo de A, então a altura de p é o compri-
el
mento da maior cadeia de ideais primos de A contidos em p: p0 ( p1 (
· · · ( pn = p, ou seja ht(p) = n.
Segue diretamente da definição anterior que ht(p) = dim Ap e que ht(p) =
Pr
113
O objetivo deste capítulo é provar o Teorema de Krull (veja Teorema
213) que afirma que a dim A, para ( A, m, k) um anel Noetheriano local
qualquer, é sempre finita e coincide com outras duas medidas: a cardi-
nalidade mínima p δ de um sistema de parâmetros a1 , . . . , aδ ∈ A (elemen-
tos tais que ( a1 , . . . , aδ ) = m) e o grau do polinômio de Hilbert-Samuel
h A (n) = ` A ( A/mn ) (para n 0 natural). Para isso precisamos das seguin-
tes definições e resultados:
ar
8.1 anéis graduados
in
( An )n≥0 de subgrupos do grupo aditivo A, tal que A = ∞ n =0 A n e A m A n ⊆
L
im
Exemplo 194. A = k[ x1 , . . . , xn ] é um anel graduado A = ∞
L
d=0 Ad onde
cada Ad é o conjunto de todos os polinômios homogêneos de grau d, é
um
espaço vetorial
sobre k (pois é A0 -módulo com A0 = k) e dimk Ad =
n+d−1
el
.
n−1
114
Demonstração. (⇐) Como A é uma A0 -álgebra f.g. e A0 é Noetheriano segue
de um Corolário do Teorema da Base de Hilbert (Corolário 121) que A é
Noetheriano.
(⇒) Como A0 = A/A+ com A Noetheriano e A+ ideal de A, segue da
Proposição 107 que A0 é Noetheriano. Segue também que A+ é f.g. como
ideal de A por a1 , . . . as ∈ A+ os quais podem ser escolhidos como sendo
elementos homogêneos de A (suponha que ai não é homogêneo então ai
é soma de homogêneos, pegue as componentes homogêneas de ai ,que são
finitas, como geradores), de graus k1 , . . . , k s > 0. Seja A0 o subanel de A
ar
gerado por a1 , . . . , as sobre A0 , i.e. A0 = A0 [ a1 , . . . , as ]. Mostraremos que
An ⊆ A0 para todo n ≥ 0, por indução em n. Para n = 0 então claramente
A0 ⊆ A0 . Seja n > 0 e suponha que Ak ⊆ A0 para todo k < n. Seja
in
a ∈ An , então a é homogêneo de grau n. Como a ∈ A+ (pois n > 0),
a é uma combinação linear dos ai ’s: a = ∑is=1 bi ai , com bi ∈ A. Agora
grau( a) = n = grau(bi ai ), pois se os somandos não tivessem grau n então
a não seria homogêneo. Logo, se bi ai 6= 0 como ai ∈ Aki e bi ai ∈ An então
m
necessariamente bi ∈ An−ki (por convenção Am = 0 se m < 0). Como cada
k i > 0 então n − k i < n e a hipótese indutiva mostra que An−ki ⊆ A0 , logo
bi ∈ A0 , i.e., bi é um polinômio nos a j ’s com coeficientes em A0 . Logo o
eli
mesmo acontece com a o que implica a ∈ A0 . Logo An ⊆ A0 (e isto acontece
para todo n ≥ 0) e portanto A = A0 e A é f.g. como A0 -álgebra.
Pr
8.2 função de hilbert
temos λ( M0 ) − λ( M) + λ( M00 ) = 0.
115
f1 f2 fn
Proposição 200. Seja 0 → M0 −→ M1 −→ . . . −→ Mn → 0 uma sequência
exata de A-módulos na qual todos os módulos Mi e os kernels de todos os homomor-
fismos pertencem a uma certa classe de A-módulos C. Então para qualquer função
aditiva λ em C temos ∑in=0 (−1)i λ( Mi ) = 0.
Demonstração. Como vimos na Aula 8, toda sequência exata pode ser divi-
dida em sequências exatas curtas: se Ni = Im( f i ) = Ker( f i+1 ) temos que
incl f i +1
0 → Ni ,→ Mi Ni+1 → 0 é exata para cada 0 ≤ i ≤ n, onde N0 = Nn+1 =
ar
0. Por hipótese, todos os Mi e os Ni pertencem a mesma classe de módu-
los C, então temos que λ( Mi ) = λ( Ni ) + λ( Ni+1 ), logo ∑in=0 (−1)i λ( Mi ) =
∑in=0 (−1)i λ( Ni ) + ∑in=+11 (−1)i−1 λ( Ni ) = λ( N0 ) + (−1)n λ( Nn+1 ) = λ(0) +
in
(−1)n λ(0) = 0.
im
Aula 25
116
Exemplo 202. Seja A = k[ x1 , . . . , xn ], segue do Exemplo 194 que A =
L∞
d=0 Ad é um anel graduado e Noetheriano onde cada termo Ad é o con-
junto de todos os polinômios homogêneos de graud e é um A0= k-módulo,
n+d−1
i.e., um espaço vetorial sobre k e dimk Ad = < ∞, logo
n−1
os Ad são A0 -módulos f.g. Considere M = A, claramente M é f.g so-
1). Seja então λ( Ad ) = dimk Ad temos P( A, t) =
bre A (com gerador
n+i−1
∑i∞=0 ti = (1−1t)n .
ar
n−1
Teorema 203. Sob as hipóteses anteriores, P( M, t) é uma função racional em t
f (t)
da forma P( M, t) = s k i onde f ( t ) ∈ Z[ t ] e k i = grau( ai ) onde ai são os
in
∏ i =1 (1 − t )
geradores de A como A0 =álgebra, para i = 1, . . . , s.
Demonstração. Procederemos por indução em s, o número de geradores de
A sobre A0 . Caso s = 0, isto significa que A = A0 , logo An = 0 para todo
im
n > 0. Agora M é um A0 -módulo f.g., ou seja tem um número finito de
geradores homogêneos sobre A0 , M = A0 m1 + · · · + A0 mk , o que implica
que Mn = 0 para todo n > N onde N = max{r1 , . . . , rk }. Logo λ( Mn ) = 0
para todo n > N, desta forma P( M, t) = ∑∞ n N n
n = 0 λ ( Mn ) t = ∑ n = 0 λ ( Mn ) t é
el
um polinômio de grau N.
Suponha s > 0 e que o teorema vale para s − 1. Considere o homo-
morfismo de A-módulos ϕn : Mn → Mn+ks dado por m 7→ as m (ϕn é a
Pr
multiplicação pelo gerador as de A) então temos a seguinte sequência exata
incl ϕn π M
0 → Kn = ker ϕn ,→ Mn −→ Mn+ks Ln+ks = Coker( ϕn ) = ϕ (nM +k s
→ 0.
L∞ L∞ n n)
Sejam K = n =0 K n e L = Ln , ambos são A-módulos f.g. pois
n =0 L
∞ Mn L∞ Mn
K é um submódulo de M e L = n =0 ϕ (M )
= n =0 a s M =
n−k s n−k s n−k s
L∞ Mn L∞ Mn + a s M M
= = é um módulo quociente de M.
ão
n = 0 ( Mn ∩ a s M ) n =0 as M as M
Aplicando λ à sequência exata temos λ(Kn ) − λ( Mn ) + λ( Mn+ks ) − λ( Ln+ks ) =
0 (pela Proposição 200) e multiplicando por tn+ks temos: λ(Kn )tn+ks −
λ( Mn )tn+ks + λ( Mn+ks )tn+ks − λ( Ln+ks )tn+ks = 0 para todo n ≥ 0. Logo,
somando sobre n:
rs
∞ ∞ ∞ ∞
∑ λ ( Kn ) tn+k s − ∑ λ ( Mn ) t n + k s + ∑ λ ( Mn + k s ) t n + k s − ∑ λ( Ln+ks )tn+ks = 0,
Ve
n =0 n =0 n =0 n =0
117
aniquilados por as pois como eles são A-módulos f.g. cada elemento se
αi αi
escreve como uma soma finita ∑i∈ I a0i a1 1 · · · as s xi onde a0i ∈ A0 e xi ∈ K (resp.
xi ∈ L), mas as xi = 0 logo o elemento se escreve na verdade como uma soma
j j
j α α
finita ∑ j∈ J a0 a1 1 · · · as−
s −1
1 x j . Logo ambos módulos devem ser A0 [ a1 , . . . , as−1 ]-
módulos f.g. Vejamos que, de fato as K = as L = 0: seja x ∈ K então x = ∑ xn
com xn ∈ ker ϕn , logo ϕn ( xn ) = as xn = 0 portanto as x = ∑ as xn = 0.
Seja x ∈ L, então x = ∑ x n com x n ∈ Ln = ϕ M n
(M )
tal que x n = xn +
ar
n−k s n−k s
Mn + k s
ϕn−ks ( Mn−ks ) com xn ∈ Mn . Agora as xn + as ϕn−ks ( Mn−ks ) ∈ ϕ n ( Mn )
= Ln+k s
| {z }
⊆ Mn
pois as Mn = ϕn ( Mn ), logo as x n ∈ Ln+ks . Mas as xn = ϕn ( xn ) ∈ ϕn ( Mn ),
in
logo as x n = 0 ∈ Ln+ks , para todo n ≥ 0. Logo as x = 0, como queríamos
provar.
f (t)
Aplicando então a hipótese de indução temos P( M, t)(1 − tks ) = s−1 ki +
∏ i =1 (1 − t )
im
g0 (t)
z }| {
ks
g(t)tks −1
f (t)− g0 (t)+h(t)(∏is= ki
1 (1− t ))
∑ λ( Mn )tn − ∏is=−11 (1−tki ) . Mas isto é P( M, t)[1 − tks ] = −1
∏is= ki
1 (1− t )
=
n =0
| {z }
=h(t)
el
F (t) F (t)
−1 ki , logo P( M, t) = .
∏is= 1 (1− t ) ∏is=1 (1−tki )
d = d ( M ).
Lembrando que uma função racional R(t) tem um polo de ordem n em
f (t)
t = a se podemos escrever R(t) = (t−1a)n T (t) (para t 6= a), onde T (t) = g(t)
é uma função racional tal que f ( a) é um valor finito não nulo e t − a - g(t).
ão
f (t) k i =1
Demonstração. Segue do teorema anterior que P( M, t) = =
∏is=1 (1−tki )
f (t) f (t)
∏is=1 (1−t)
= Cancelando potências de (1 − t) assumimos que s =
(1− t ) s
.
1 ∞ d+k−1
d = d( M ) e f (1) 6= 0. Agora (1−t)d = ∑k=0 tk e suponha que
d−1
1 aqui adotamos
a nulo é −1 e também que o coeficiente
convenção que o grau dopolinômio
n −1
binomial = 0 para todo n ≥ 0 e = 1.
−1 −1
118
∞ d+k−1
f (t) = ∑kN=0 bk tk com bk ∈ Z, logo temos que P( M, t) = (∑ N j
j=0 b j t )( ∑k=0 tk ) =
d−1
∞ N d+k−1
∑ k =0 ( ∑ j =0 b j )t j tk . Pela definição de série de Poincaré λ( Mn )
d−1
é o coeficiente
de tn emP( M, t), logo (para k = n − j) temos que λ( Mn ) =
d+n−j−1
∑Nj =0 b j para todo n ≥ N e a soma do lado direito é um
d−1
f (1) d −1
polinômio ϕ em n com coeficientes racionais tal que ϕ( x ) = x +
ar
( d −1) !
(termos de menor grau).
Observação 207. Para um polinômio f ( x ) tal que f (n) é um inteiro para todo
inteiro n, não é necessário que todos os coeficientes de f sejam inteiros, por
in
exemplo: 12 x ( x + 1).
O polinômio do Corolário 206 é chamado de função ou polinômio de
Hilbert do módulo graduado M em relação a λ.
im
Proposição 208. Seja x ∈ A um elemento homogêneo de grau positivo. Se x não
é um divisor de zero de M (i.e., se xm = 0 então m = 0) então d( M/xM) =
d( M ) − 1.
el
Demonstração. Considere o homomorfismo de A-módulos ϕn : Mn → Mn+k
(onde k = grau( x )) dado por m 7→ xm então temos a seguinte sequência
incl ϕn π Mn + k
exata 0 → Kn = ker ϕn ,→ Mn −→ Mn+k Ln+k = → 0. Seguindo
Pr
ϕ n ( Mn )
a prova do Teorema 203 temos P( M, t)(1 − tk ) = P( L, t) − P(K, t)tk + g(t),
mas como x não é divisor de zero Kn = ker ϕn = 0 para todo n, logo
λ(Kn ) = 0 para todo n o que implica P(K, t) = 0. Por outro lado 1 − tk =
(1 − t)(1 + t + t2 + · · · + tk−1 ) = (1 − t) f (t) onde f (1) = k 6= 0, assim
P( M, t) f (t)(1 − t) − g(t) = P( L, t). Por tanto d( L) = d( M) − 1 (resultado
ão
M
de funções complexas), mas L = xM (segue da prova do Teorema 203) logo
M
d( xM ) = d( M ) − 1.
rs
119
In
xn ∈ I n , seja x n a imagem de xn em I n +1
, defina x m x n = xm xn , i.e., a imagem
I n+m
de xm xn em I n+m+1 (verifique que o produto está bem definido, ou seja não
depende da escolha dos representantes das classes).
Segue da Proposição 196 que se A é noetheriano, então G ( A) é No-
etheriano pois G0 ( A) = A/I é Noetheriano por ser quociente de um anel
Noetheriano por um ideal (Proposição 107). Por outro lado, um elemento
de Gn ( A) = I n /I n+1 pode ser escrito como uma combinação linear de pro-
dutos de n elementos de G1 ( A) = I/I 2 , logo G ( A) é gerado sobre G0 ( A)
ar
por elementos de G1 ( A). Como A é Noetheriano I é f.g. por a1 , . . . , as
então se a1 , . . . , as são as imagens de ai em II2 = G1 ( A) então G ( A) é ge-
rado como uma G0 ( A)-álgebra por a1 , . . . , as e cada ai tem grau 1. Logo
in
G ( A) = ( A/I )[ a1 , . . . , as ] é Noetheriano pelo Corolário 121 do Teorema da
Base de Hilbert. Segue desta última observação que podemos considerar
G ( A) como uma G0 ( A)-álgebra f.g. por elementos que podem ser escolhidos
como sendo homogêneos e de grau 1.
im
Agora se ( A, m, k) é um anel Noetheriano local então, fazendo I = m no
n
anel graduado associado a A temos que cada Gn ( A) = mmn+1 é um k-espaço
vetorial de dimensão finita (como A Noetheriano então mn é f.g. como
A-módulo (ideal) então mn /mn+1 também é f.g. como A-módulo e como
el
mn /mn+1 é aniquilado por m, tem estrutura de k-espaço vetorial e como tal
tem dimensão finita), logo dimk Gn ( A) < ∞.
Proposição 210. Seja ( A, m, k) um anel local Noetheriano.
Pr
n
Demonstração. a. Segue da sequência exata 0 → mmn+1 ,→ mnA+1 → mAn → 0
que ` A (mn /mn+1 ) = ` A ( A/mn+1 ) − ` A ( A/mn ) = h A (n + 1) − h A (n).
Agora observe que ` A (mn /mn+1 ) = dimk (mn /mn+1 ) já que mn /mn+1
é aniquilado por m, e pode ser visto como um módulo sobre k = A/m,
rs
120
Segue da proposição anterior que podemos escrever a função de Hilbert-
Samuel como h A (n) = ∑in=−01 [h A (i + 1) − h A (i )] + h A (0) = ∑in=−01 dimk (mi /mi+1 ),
já que h A (0) = ` A ( A/m0 ) = ` A ( A/A) = ` A (0) = 0.
Definição 211. Seja ( A, m, k) um anel local Noetheriano.
p Dizemos que
a1 , a2 , . . . , an ∈ A é um sistema de parâmetros se ( a1 , . . . , an ) = m. De-
notaremos por δA o tamanho mínimo de um sistema de parâmetros de
A.
ar
Note que qualquer conjunto de geradores de m é um sistema de parâme-
tros de A. Assim segue da Proposição 62 (Sejam mi (1 ≤ i ≤ k) os elementos
de M cujas imagens em M/mM formam uma base deste espaço vetorial.
n
Então mi geram M), com M = mn que δA ≤ dimk ( mmn+1 ).
in
8.3 teorema de dimensão de krull
im
Lema 212. (Lema principal) Sejam ( A, m, k) um anel local Noetheriano, a ∈ m
e B = A/aA. Então:
a. d( G ( B)) ≥ d( G ( A)) − 1.
el
b. Se a ∈ A não é divisor de zero, então d( G ( B)) = d( G ( A)) − 1.
Demonstração. Denote por m a imagem de m em B. O anel B é um anel
local (TCI leva maximal em maximal) Noetheriano com ideal maximal m
Pr
A/aA
e corpo de resíduos B/m = m/aA = A/m = k. Temos os isomorfismos
B A/aA A aA+mn
mn = mn + aA/aA = aA+mn (**) e mn = aAaA ∩mn e portanto uma sequência
aA A B
exata 0 → aA∩mn → mn → mn → 0 (onde a primeira aplicação é a inclusão
n
de aAm+nm ⊆ mAn e a segunda é dada por x + mn 7→ x + ( aA + mn )) de modo
que ` A ( A/mn ) = ` A ( B/mn ) + ` A ( aAaA aA
∩mn ) i.e. h A ( n ) = h B ( n ) + ` A ( aA∩mn )
ão
inc
ax + ( aA ∩ mn ). Completando a uma sequência exata temos: 0 → ker ϕ ,→
ϕ
A
mn −1
aAaA aA A
∩mn → 0 então para todo n ≥ 1, temos ` A ( aA∩mn ) ≤ ` A ( mn−1 ) =
Ve
121
Demonstração. Vamos mostrar uma sequência de desigualdades dim A ≤
d( G ( A)) ≤ δA ≤ dim A. Observe que a primeira desigualdade mostra que
dim A é finita.
ar
um anel Noetheriano local e m seu ideal maximal. Então exatamente
uma das seguintes condições é verdadeira: (i) mn 6= mn+1 para todo n;
ou (ii) mn = 0 para algum n, neste caso A é um anel Artiniano local”)
que mn = 0 para n 0 e A é Artiniano logo dim A = 0 = d( G ( A)).
in
Suponha agora que d( G ( A)) > 0, e seja p0 ( p1 ( · · · ( pr uma
cadeia de ideais primos de A de comprimento r (todos os pi ⊆ m,
pois são ideais próprios e logo estão contidos em um maximal). Seja
im
A0 = A/p0 então A0 é um domínio Noetheriano local (com maximal
m = pm0 ) que contém uma cadeia de ideais primos de comprimento
r: 0 ( p1 ( · · · ( pr e ainda h A0 (n) ≤ h A (n) para todo n, pois:
0 (∗∗)
h A0 (n) = ` A0 ( mAn ) = ` A0 ( p0 +Amn ) = ` A ( p0 +Amn ) (pois p0 +Amn é um A-
el
módulo que é aniquilado por p0 logo é um A0 -módulo), agora mn ⊆
p0 + mn logo se I é um ideal de p0 +Amn então corresponde a um ideal
de A que contém p0 + mn e logo contém mn e logo corresponde a
Pr
um ideal de mAn , assim h A0 (n) = ` A ( p0 +Amn ) ≤ ` A ( mAn ) = h A (n). Logo
d( G ( A0 )) ≤ d( G ( A)). Seja 0 6= a ∈ p1 ⊆ m (p1 6= 0 pois se não p1 = p0 )
e B = A0 /aA0 , como A0 é um domínio a não é divisor de zero e logo,
segue do Lema Principal (Lema 212) que d( G ( B)) = d( G ( A0 )) − 1 ≤
d( G ( A)) − 1 < d( G ( A)). Aplicando a hipótese de indução temos
ão
122
c. Queremos provar que δA ≤ dim A, faremos isto por indução em dim A
(que já sabemos que é finita). Se dim A = 0, então Spec√ ( A) = {m} (A
local e todo primo p está contido em m), logo N = 0 = m, existe um
sistema de parâmetros vazio pois 0 = (∅) e portanto δA = 0. Agora
suponha que dim A > 0. Como A é Noetheriano, A possui apenas
um número finito de ideais primos minimais p0 , . . . , pk (Exercício 9.2
Lista 5). Logo como p ⊆ m para todo p primo então ∪ik=0 pi ⊆ m,
suponha que ∪ik=0 pi = m, segue da Proposição 29 que m ⊆ pi para
ar
algum 0 ≤ i ≤ k, logo m = pi é um primo minimal. Ou seja m contém
todos os primos e é minimal, logo m = p para todo p primo. Logo
A tem um único primo o que implica dim A = 0, contradição. Logo
∪ik=0 pi ( m, assim podemos escolher a ∈ m que não pertence a nenhum
in
primo minimal. Logo se B = A/aA, temos dim B ≤ dim A − 1 (pois
dada uma cadeia maximal de primos de A: p0 ( p10 ( · · · ( pr0 =
m ela começa em um primo minimal e acaba em m e alem disso
im
a ∈ me a ∈ / p0 logo aA ( p0 e portanto p0 não corresponde a um
primo de B, assim dim B ≤ dim A − 1). Aplicando a hipótese de
indução δB ≤ dim B. Note ainda que se a1 , . . . , as ∈ A são elementos
cujas imagens em B formam um sistema de parâmetros de B, então
a, a1 , . . . , as formam um sistema de parâmetros de A, logo δA ≤ δB + 1.
el
Assim, δA − 1 ≤ δB ≤ dim B ≤ dim A − 1 , logo δA ≤ dim A.
Pr
123
8.4 exercícios
ar
n − 1.
in
ideal primo de A. Mostre que dim( A/p0 ) = dim( A) − ht(p0 ).
im
dimensão de Krull:
1. k um corpo
2. Z( p)
3. C[ x, y]( x,y)
el
4. Am , onde A = C[ x, y]/(y2 − x2 ( x + 1)) e m = ( x + 1, y).
5. Am , onde A = C[ x, y]/(y2 − x2 ( x + 1)) e m = ( x, y).
Pr
124
IDENTIDADES BINOMIAIS
A
Seja f : Z → Z uma função. Definimos a derivada discreta de f , ∆ f :
Z → Z, pela regra∆ f ( x ) := f ( x + 1) − f ( x ). Chamamos um polinômio
ar
p( x ) ∈ Q[ x ] de numérico se p(m) ∈ Z para todo m 0 (isto significa
que existe um l ∈ Z tal que p(m) ∈ Z para todo m > l). Definimos
também um polinômio binomial como sendo um polinômio da forma
(nx ) := x(x−1)···( x − n +1)
∈ Q[ x ], para algum n ∈ Z (por convenção (0x) = 1 e
in
n!
(nx ) = 0 para n < 0).
im
Demonstração. Temos que
( x + 1) x ( x − 1) · · · ( x − n + 2) x ( x − 1) · · · ( x − n + 1)
x
∆ = −
n n! n!
el
x ( x − 1) · · · ( x − n + 2) ( x + 1) − ( x − n + 1)
x
= · = .
( n − 1) ! n n−1
Sabemos que (m m
n ) ∈ Z para todo m ≥ n pois ( n ) =nº de subconjuntos
Pr
podemos escrever
x x x x
p( x ) = an + a n −1 + · · · + a1 + a0 , com ai ∈ Q.
Ve
n n−1 1 0
125
an , . . . , a1 ∈ Z. Mas então a0 = p( x ) − an (nx ) − an−1 (n−
x x
1) − · · · − a1 ( 1 ) é
um polinômio constante que assume valores inteiros nos inteiros, logo
a0 ∈ Z.
ar
da proposição anterior h( x ) = an (nx ) + an−1 (n− x
1) + · · · + a0 onde ai ∈ Z. Seja
x x x
q( x ) := an (n+1) + an−1 (n) + · · · + a0 ( 1 ), então grau(q) = n + 1 = grau(h) +
1, q : Z → Z e ∆q( x ) = h( x ). Temos que ∆( f − q)(m) = 0 para todo m 0.
in
Em outras palavras, f (m) − q(m) é constante e inteiro para m 0, digamos
c = f (m) − q(m), assim f (m) = q(m) + c para m 0, logo p( x ) = q( x ) + c
e o resultado segue.
im
el
Pr
ão
rs
Ve
126
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
B
[1] W. W. Adams e P. Loustaunau, An introduction to gröbner bases, volume
3 of graduate studies in mathematics, American Mathematical Society,
ar
Providence, RI, 24 (1994), p. 47.
in
[3] R. B. Ash, A course in commutative algebra, Department of Mathematics,
University of Illiois at Urbana-Champaign, 2003.
im
vol. 2, Addison-Wesley Reading, 1969.
[11] T.-Y. Lam, Lectures on modules and rings, no. 189, Springer, 1999.
rs
127
[17] J. J. Rotman e J. J. Rotman, An introduction to homological algebra, vol. 2,
Springer, 2009.
ar
[20] C. A. Weibel, An introduction to homological algebra, no. 38, Cambridge
university press, 1995.
in
of is cohen. corrected reprinting of the 1958 edition, Graduate Texts in
Mathematics, 28 (1975).
im
Springer, 1960. el
Pr
ão
rs
Ve
128
ÍNDICE REMISSIVO
A D
álgebra, 49 decomposição primária, 81
ar
plana, 50 minimal, 82
altura, 113 dimensão
anéis de um anel, 77, 113
extensão, 96 divisor de zero, 4
in
anel, 2 domínio
Artiniano, 69, 76 de ideais principais, 8
de funções regulares, 28 de integridade, 4
im
dimensão, 77, 113 integralmente fechado, 102
de Krull, 113 normal, 102
graduado, 114
associado, 119 E
homomorfismo, 2 elemento
el
local, 8 homogêneo, 114
Noetheriano, 69, 73 grau, 114
quociente, 3 nilpotente, 9
Pr
aniquilador, 38 trascendente, 109
elementos
C algebricamente independentes, 109
cadeia, 70 espaço afim, 26
comprimento, 70 espectro, 18
ão
de cadeia fiel, 38
ascendente, 67 finita
descendente, 67 álgebra, 96
Ve
maximal, 67 extensão, 96
minimal, 67 função
conjunto algébrico afim, 26 aditiva, 115
conjunto de zeros, 25 de Hilbert, 119
conjunto multiplicativo, 54 de Hilbert-Samuel, 119
coprimos, 8
G
corpo, 4
graduado
corpo de resíduos, 8
129
anel, 114 integralmente fechado, 98
módulo, 114 intersecção
de ideais, 7
H
de módulos, 37
Hilbert
irredutível, 27
função, 119
isomorfismo, 3
polinômio, 119
Hilbert-Samuel K
ar
função, 119 Krull
polinômio, 120 dimensão, 113
homogêneo Hauptidealsatz, 123
elemento, 114 Teorema, 121
in
polinômio, 108
homomorfismo, 2 L
de álgebras, 49 Lema
de Nakayama, 40
im
de módulos, 36
Principal, 121
I local
ideais propriedade, 60
intersecção, 7 localização, 54
el
primos Exatidão, 56
associados, 83 Propriedade Universal, 54
embutidos, 83
M
Pr
isolados, 83
produto, 7 mapa
soma, 7 de localização, 54
ideal, 3 módulo, 36
decomponível, 81 Artiniano, 67
comprimento, 70
ão
do conjunto algébrico, 28
gerado, 3 de comprimento finito, 72
irredutível, 86 fiel, 38
p-primário, 80 finitamente gerado, 38
maximal, 4 graduado, 114
rs
primário, 80 livre, 38
primo, 4 Noetheriano, 67
altura, 113 plano, 48
Ve
principal, 3 quociente, 37
quociente, 12 simples, 70
integral módulos
álgebra, 96 intersecção, 37
elemento, 96 produto, 37
sobre um ideal, 104 soma, 37
extensão, 96 morfismo
fechho, 98 de conjuntos algébricos, 27
130
N de Correspondência entre Ideais, 3
nilradical, 9 de Estrutura de Anéis Artinianos,
normalização, 98, 104 90
de Jordan-Hölder, 72
P de Krull, 121
polinômio do Ideal Principal, 123
de Hilbert, 119 de Normalização de Noether, 109
de Hilbert-Samuel, 120 versão II, 110
ar
homogêneo, 108 de Unicidade (Primeiro), 82
polo, 118 de Unicidade (Segundo), 85
primo, 4 Going-Down, 107
produto
in
Going-Up, 101
de módulos, 37 Incomparabilidade, 100
tensorial, 45 Lying-Over, 100
produto direto de anéis, 12 Nullstellensatz, 30
im
projeção canônica, 3 Topologia de Zariski, 20
Q Weak Nullstellensatz, 110
quociente, 3 Topologia de Zariski, 18, 20
de módulo, 37 U
el
R unidade, 4
radical
V
de Jacobson, 10
Pr
variedade algébrica, 27
restrição de escalares, 47
S
sequência exata, 41
série de composição, 70
ão
de módulos, 37
subanel, 3
subconjunto isolado, 85
submódulo, 37
Ve
T
tensor
elementar, 45
Teorema
chinês dos restos, 13
da Base de Hilbert, 75
da Mudança de Bases, 51
131