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Veljanovski - A Economia Do Direito e Da Lei
Veljanovski - A Economia Do Direito e Da Lei
Veljanovski - A Economia Do Direito e Da Lei
A ECONOMIA DO
DIREITO E DA LEI
i u i i m n u iiim n m iiim m m iiim iT m u .m iin i iim n m n iu n i M ig
U M A I N T R O D U Ç Ã O
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■mrTnmwiWimTmmi^nrnin
CENTO VELJANOVSK!
A ECONOMIA
DO DIREITO E DA LEI
UMA INTRODUÇÃO
Tradução
FRANCISCO J. BERALLI
iNsrrrirro
l i b s r a l
Pj O OS JANBROJJG54
Titulo do original em inglês:
THE ECONOM1CS 0 F L A W - AN INTROOUCTORY TEXT
ISBN 35-85054-35-2 * ■
(Edição original ISBN 0-255 36227-7)
Revisão de originais
RENATO BARRACA
Editoração oieirônica
SANDRA GUAST1 DE A. CASTRO
Revisão tipográfica
REGINA ISABEL VASCONCELLOS SILVA
Projeto gráfico
EDUARDO MUNIZ DE CARVALHO
ISBN 85-85054-35-2
O A UTO R 13
AG RADECIM ENTOS 15
I. INTRODUÇÃO 17
"U m a daninha separação de disciplinas" 18
Box 1: “ Uma combinação letal": direito ssm economia 19
“A economia do direito" 21
A legislação como “gigantesca máquina de preços" 22
VI. REGULAMENTAÇÃO 95
M cdeícs de regulamentação 96
Falhas regulatórias 97
Salário-mínimo -té c n ic a inadequada 100
Os regulamentos de segurança como barreira
à competição 101
A economia das normas legais '(02
Su'o e superinclusão 103
Os afeitos da superinciüsâc 105
As técnicas de intervenção 107
Conclusões 108
10
individuais. Cento Veljanovski adverte os leitores com relação ao pro
blema da indenização por acidentes, esclarecendo que a falta de fami
liaridade dos juizes relativamente a conceitos econômicos pode levá-
los a prejudicar as víiímss. Veljanovski coloca o litígio legal em seus ter
mos apropriados; Irai.a-se de um instrumento eficaz para proteger os di
reitos individuais. Desse ponto de vista, o direito como praticado na
Grã-Bretanha pode estar subestimando o alcance da iei pslos tribunais,
especialmente no que se refere à ajuda que pode receber da economia.
Esta monograFia surge num momento apropriado. Nas economias
européias que nasceram após o colapso do comunismo, o campo de
economia-e-dirsito estè surgindo espontaneamente como inspiração
para a reestruturação econômica e política de novas sociedades cons
cientes de que sua liberdade e sua prosperidade dependem da prote
ção eficaz dos direitos de seus cidadãos. Como de costume, esta mo
nografia da série Hobart Paper e suas sugestões refletem a posição de
seu autor, e não dos membros do IEA. Creio que esta contribuição de
Cento Veljanovski será importante para o desenvolvimento do campo
da economia do direito na Grã-Brelanha.
Graham M aiher
NOTA
Uma versão inicial deste Hobart Paper foi escrita para uma confe
rê n cia sobre “ Direito e Economia", realizada em 17 de maio de 1989,
no Centro Queen Elizabsih !l. Ao reescrever o documento original para
o (EA, agradeço os comentários de Bill Bishop, John B u rto n , Ralph Har-
ris, Graham Maíher, Anthony Ogus e AríhurSeldon.
c.V.
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INTRODUÇÃO
18
BOX 1
"UMA C O im iN A Ç Ã O L E T A L '
DIREITO SEM ECONOMIA
"Um advogado que não estudou economia (...) pode bsm tomar-se
um inimigo público".
Juiz Brnndeis (1916)
19
poucos têm mais do que uma vaga idéia da vasta literatura ju
rídica sobre a natureza do processo judicial. A maioria se or
gulha de ser pragmática, é não teórica”.5
22
m a te ria l ou a considerações financeiras. Essa visão errônea tem leva
do a uma desnecessária confusão e à criação de uma barreira artificial
que dificulta a aceitação da economia pelos advogados e mesmo como
base para uma reforma legal. A principal diferença enire advogados e
economistas está no fato de que estes vêem as leis como uma “gigan-
iesca máquina de preços" - as leis atuam como preços e impostos que
geram incentivos, É este o ângulo de visão que marca a contribuição
dos economistas à análise da legislação. O Capítulo IV deste trabalho
analisa com mais detalhes a maneira como o economista aborda o sis
tema legal, enquanto as de números V e VI dão exemplos das diferen
tes aplicações de análise econômica ès normas do direito consuetudi-
nário dos delitos de responsabilidade civil extracontratuai, do direito pe
nal, das doutrinas legais e da regulamentação.
NOTAS
23
UMA HISTÓRIA CURTA
27
ções à possibilidade de a educação jurídica expiorar o contexto mais
amplo do direito, e tem gerado hostüidade contra as tentativas de alar
gamento das bases do curso de direito. O segundo fator emana da me-
todotagisde ensino, especialmente o método baseado em casos, que
requer do estudante uma familiaridade com centenas de ações ju d i
ciais; ta! maneira de ensinar não conduz à fácii aceitação da abonda-
gem das ciências sociais que procura identificar generalidades em lu
gar das peculiaridades situacionais que fascinam a mente dos juristas.
RESSURREIÇÃO DA ECONOMIA LE G A L
:w
H Encontram-se nos anos 60 os estágios iniciais da economia do di-
H reito. A importância crescente da intervenção governamental na econo-
mia norte-americana estimulou slguns economistas a dedicarem aten-
J| ção aos modelos e à mensuração dos eferíos da regulamentação sobre
ip ! as atividades econômicas. Os artigos clássicos de Averch e Johnson,16
Caves,17 Stigler e Friediand13 marcam o começo das tentativas rigoro-
s as dos economistas de estudara assim chamada regulamentação dos
■
‘fjf serviços de utiiidade pública. Outra contribuição marcante foi o livro
:!§ The Economics o f Regulation, de Alfred Kahn, publicado em dois volu-
í| mes, em 1970 e 1971.19 De uma maneira diferente, George Stigler,2?
S| economista de Chicago, elaborou os rudimentos de uma teoria posiiiva
II da regulamentação, indicando que os governos não tinham interesse
Ü : na eficiência ou em algum conceito geral de interesse público. A hipóíe-
I! se centra! de Stigler é a de que a regulamentação é conseguida por
p grupos eficientes de interesse, invariavelmente produtores ou setores
H da atividade econômica regulamentada, e não por consumidores. “Em
H gerai", argumenta Stigler, "a regulamentação é conseguida peto setor
ff econômico interessado e é destinada e executada primeiramente em
H seu benefício", por meio de uma redistribuição de renda que fhe é van-
.f| tajosa, ensejada por políticos que, em troca, recebem apoio eleitoral.
H Tal visão da regulamentação tem sido amplamente aceita tanto pela
“esquerda” como pela “direita", e endossa as tentativas do governo da
f| Sra. Thatcher de retirar o fardo da burocracia governamental das cos-
H tas do setor produtivo. Muitas normas reguladoras são vistas como bar-
jf reiras à competição econômica, comprometendo assim o processo
§ criador de riqueza. O crescimento da regulamentação durante os anos
f 60 e 70 é visío como a ação de setores interessados:
|Ü,
31
Em outras áreas do estudo econômico, há trabalhos em desen
volvim ento que vão gradualmente se combinando, de modo a colocar
os aspectos institucionais num lugar de importância nas agendas dos
economistas.
33
Qualquer observador pode facilmente constatar que os advogados
e os economistas pensam e argumentam de maneiras radicalmente di
ferentes, O raciocínio lega! se processa na base de exempios, argu
mentos e interpretação e significado das palavras. Os advogados são
treinados para distinguir e interpretar opiniões iegais, identificar os fatos
relevantes e aplicar as normas àqueles fatos. Postos contra a parede,
advogados, juizes e muitos dos responsáveis por medidas de política
pública dirão que o conhecimento da economia não é útil. Leva à confu
são, dizem eles, porque os economistas não concordam entre si, não
cliegam a conclusões claras, a economia é uma confusão e, de qual
quer maneira, o direito busca objetivos que, em sua maioria, não são
essencialmente econômicos. Neste e no próximo capítulo analisare
mos a natureza e os instrumentos do raciocínio econômico, bem como
aquilo que os diferencia do raciocínio legal.
39
Primeiro, estabeieceu uma norma: não comam as maçãs;
Segundo, deu a Adão e Eva a capacidade de escolha.
Todos sabemos o que ambos fizeram, infringiram a norma, conde
nando a raça humana à expiação eterna, núm mundo onde os recursos
são escassos e as pessoas são egoístas. DEUS deu ao homem uma es
colha - uma opção íegal - e o homem criou um problema econômico. No
lugarde um paraíso que dispensava o esforço, ele passou a serobrigado
a trabalhar muito para determinar seu próprio destino. Dessa maneira,
os nossos sistemas lega! e econômico tiveram início com o mesmo aío
de desrespeito à iei.
Essa parábola bíblica nos oferece várias verdades. Primeira, que o
direito e a economia tratam essencialmente dos mesmos problemas:
escassez e seus conflitos de interesses, e como canalizar o egoísmo
no sentido de obter resultados socialmente desejáveis. Segunda, que
os economistas foram sábios ao erigir sua discipfina com base na supo
sição de que o homem age principalmente em seu próprio interesse. De
maneira geral, as pessoas não são santas. Um sistema econômico ou
jurídico baseado na altruísmo rapidamente entrará em colapso, mesmo
que prometa o paraíso às pessoas. Deus não conseguiu fazê-lo, e ne
nhum homem ou sociedade conseguiu até hoje provar a ineficiência de
Deus. Finalmente, a parábola nos diz que, a despeito de contar com a
orientação divina, é um erro acreditar na correspondência de um-por-
um enire o que a iei diz e o que as pessoas fazem. Os seres hurrianos
respeitarão a leiapenas se fo r de seu interesse fazê-lo, e, de qualquer
forma, eles tentarão minimizar as desvaniagens que a norma legal ihes
impõe’.
Os. economistas e advogados podem não ser membros da mais
antiga das profissões, embora freqüentemente sejam acusados de agir
como se pertencessem a ela, mas eles tratam de solucionar o mais ve
lho dos problemas, isto é, como conciliar as liberdades individuais
quando os interesses individuais estão em conflito. O mercado é uma
solução; o direito é outra. E ambas interagem.
A economia, então, diz respeito às escolhas que os “Adãos” e as
“Evas" deste mundo fazem. É o estudo sistemático dos fatores que afe
tam a opção: as vantagens e desvantagens, bem como elas se equili
bram e a maneira como os indivíduos desenvolvem instituições para
enfrentar a escassez e controlar o interesse privado.
A ECONOMIA COMO O ESTUDO DA OPÇÃO
A natureza da teoria
.in
pede de desenvolver seu próprio referencia! ieórico. É, nas palavras do
juiz Bork, "um navio com um bocado de velas, mas com pouca quilha"1
O díreíío, de acordo com o professorLon FuÜer,
Modelo econômico
A hípõisse da racionalidade
46
um agudo sentido de identidade iníerior, e de falo não tivesse
identidade interior, mesmo quando ocasionalmente levado por
considerações cuidadosamente caicuiadas de benevolência
ou malevolência. O ataque à economia é um ataque á capaci
dade de calcular, e o fato mesmo de pensarmos em caículãr
de forma tão fria sugere quão expostos estamos à crítica ro
mântica e heróica".6
“Se você deseja conhecer a lei e nada mais, dsve então vê-!a
como um homem mau a vê, aiguém que apenas se interessa
pelas conseqüências materiais que aqueie conhecimento pos
sa dar às suas previsões, e não como a boa pessoa que tem
nas sanções da sua consciência a referência para sua condu
ta, independentemente do que esteja na lei” .7
47
Holmes, a meu juízo, não está dizendo que Iodos os homens são
maus ou que eles respeitam a lei porque íemem as possíveis conse
qüências, e sim porque se trata dé um modelo mais prudente de ser hu
mano para o objetivo de fazer leis. Dessa maneira, pode-se coerente
mente defender o ponto de vista de que o homem é, por sua natureza,
respeitador da lei, mas que o melhor modelo de homem para a elabora
ção de ieis é aquele que aconselha a conter o “homem mau” . Essa
idéia já existia antes mesmo do filósofo político do século XVIi, Thomas
Hobbes, que disse o seguinte no seu livro The Leviathan (1681):
Jargão profissional
como medida do vaior desse alimento a ser pago ao padeiro como in
centivo para produzi-io, mas que penalize o consumidor, que compra o
pão, peio fato de te r usado parte dos recursos escassos da sociedade,
privando outras pessoas de comerem o correspondente àquele pão,
seja porque não dão igua! valor ao produto, seja por não poderem corn-
prá-lo. Apenas pelo fato de algo ser chamado de preço, penalidade ou
sanção civil ou criminal não deveria levar-nos a pensar que os diferen
tes rótulos necessariamente implicam diferenças analíticas ou compor-
tameníais.
Segundo comentário: os economistas não deveriam ser interpreta
dos de forma literal. Como ocorre nas outras profissões, eles também
são vítimas de seu jargão e seu acrônimo. A linguagem da análise de
m ercado é freqüentemente usada para organizar o processo analítico,
como uma taquigrafia para distinguir os principais fatores relevantes no
exame econômico de determinado problema. Mas os economistas não
pretendem, com isso, dizer que exisíe ou deveria existir um "mercado”
para o crime; apenas dizem que há uma “oferta” de ofensas criminais e
um desejo, de parte das vítimas potenciais e da sociedade, de prevenir
esses crimes.
NOTAS
50
ÂS LEIS COMO SISTEMAS DE INCENTIVOS
51
f
CUSTOS E BENEFÍCIOS
A disposição de pagar
Para podermos avaliar uma atividade que produz uma gama varia
da de benefícios, temos que te r uma referência comum de medida.
Para tal fim, os economistas usam o dinheiro. Mas é preciso não con
55
fundir a mensuração de benefícios com os aspectos meramente finan
ceiros do problema. Os benefícios econômicos são medidos peia "dis
posição de pagar” dos indivíduos, fsio é, a noção que os economistas
têm de benefícios é análoga à noção utilitária de felicidade, mas de
uma felicidade aiímentada pela disposição de pagar. O mero desejo ou
“ necessidade" é irrelevante. A medida da disposição de pagar procura
chegar a uma indicação quantitativa de uma intensidade individual de
preferências.
Vejamos dois exemplos da diversidade da mensuração de benefí
cios econômicos e financeiros:
A economia da segurança
59
K ) '- Ü 3
Custos de oportunidade
62
iodos os indivíduos. Para o advogado, esse processo significa o ajusta
mento dos interesses das partes, do queixoso e do acusado. Mas a
despeito de serem diferentes, essas visões do problema reconhecem
que ao ser favorecida uma parte por uma decisão, a outra parte é preju
dicada. O problema é esse: em que nos baseamos para tom ar uma de
cisão que favorece uma das partes? A sugestão do economista é um
algoritmo técnico: avaliemos iodas as vantagens e desvantagens em
dinheiro para as duas partes e minimizemos os custos conjuntos ou,
então, o que redunda no mesmo, maximizemos a soma dos benefícios
líquidos.
A N Á LIS E QUANTITATIVA
NOTAS
65
6- Uma das melhores anàiises de custos foi feita por ALCHIAN, A.A. Economic
Forces at Work. Indianapolis: Liberty Fund, 1977. Chap.2.
7- Sobre métodos de avaiiarintangíveis, ver PEARCE, D.W., MARKANDYA, A.
Environm antal Poíicy Benefits: Monetary Valuation. Paris: OECD, 1989.;
PEARCE, D. W ., MARKANDYA. A., BARBER, E.B., Blueprínt for a Green
Economy. London: Earthscan Pubiications, 1989.
8- VELJANOVSKI, C.G. Reguiating industrial Accidents: An Economic Analysis
o f Market and Legal Responses. New York: D. Phil, 1982.; VELJANOVSKI,
C.G. The Valuation o f Injury in Economics and Law. London: Department of
Transpori, 19S9.(mimeo).
9- EQWARDS. J., et ai.- The Economic Analysis o f A ccourting Profitability.
Oxford: Oxford University Press, 1987.
10-(1879), 4, C.P.D. 172.
1 1 -COASE. The Problem o f Saciai Costs. op.cit., p.7.
12- WILLJAMSON, O. The Economic ínstitutions o f Capitalism. New York: Free
Press, 1985.
13-CO O TER, R.D. Law and the Imperialism of Economics; An Introduction ta
the Economic Analysis o f Law and a Review of the M ajor Books. UCLA Law
Review, v. 29, p.1.260, 1982.
14- FISHER, F.M. Multiple Regression in Legal Proceedings. Çolumbia Law
Review, v. 80, p.702-36. 1980.; RUBINFELD, D.L. Econorrietrics in the
Courtroom. Coiumbia Law Review, v. 85, p. 1040-92. 1985.
15- BRADDOCK, B. Product Liability: Economic lmpacts.[s.í.J: Australian Law
Reform Commission, 1989. (Product Liability Research Paper, 2)
16- VELJANOVSKI, C.G. Introduction. In: SELDON, A. (ed.). Financial
Regulation: Or Over-Regulation?. London: IEA, 1988. (IEA Readings, 27)
........................ n i ...............
ALGUMAS APLICAÇÕES LEGAIS
OS PAPÉIS DO ECONOMISTA
(a) Técnico
(b) Superlécnico
7n
tribunai a atender aquele objetivo da “compensação total". A despeito
disso, surpreendentemente o jüdiciário inglês tem desestimuladoa pe
rícia técnica nos casos de danos pessoais e morte, preferindo recorrer
a um cálculo aritmético relativamente simples, que tem subcompensa-
do muitíssimo as vítimas de acidentes.
Isso ocorre principalmente nas avaliações de perdas futuras.M ui-
tas vítimas de acidentes sofrem perdas continuadas, que limitam sua
possibilidade de trabaifiar em tempo integrai ou, então, que as impe
dem de se rtã o produtivas quanto eram antes do acidente. Nesses ca
sos, o juiz tem que avaliara perda futura de renda da vítima e descontá-
la a alguma taxa de juro, a fim de chegar a uma soma global presente
que representará a "compensação total" a ser paga. Em lugar de usar a
evidência econômica ou atuarial, os tribunais preferem o método multi
plicador/multiplicando, que consiste em duas partes. Primeiramente o
juiz deve estabelecer a perda anual decorrente do acidente, o que
constitui uma questão de fato.3 Em seguida, esse valor anual é conver
tido no valor presente da perda anual prospectiva. Para tanto, o ju iz es
tabelece um multiplicador e o aplica àquele valor anuaLO multiplicador
leva em conta dois fatores: o desconto e uma ajuda financeira para
aquilo que é freqüentemente conhecido como "vicissitudes da vida”. O
desconto para capitalizar o fluxo futuro de renda é necessário para que
a vítima, de posse antecipada da indenização que ihe é devida, possa
ínvesti-ía de maneira a assegurar o recebimento de uma anuidade du
rante o resto de sua vida. Os tribunais também ajustam as futuras per
das para baixo, com o propósito de levar em conta as contingências
que possam reduzira perda atribuível ao acidente, tais como um novo
casamento, a possibilidade de desemprego e a de doenças que encur
tem a expectativa de vida. Esses fatores não são tratados de forma ex
plícita na base de quaisquer bons princípios aritméticos. Ao contrário, o
juiz (os júris foram abolidos nos julgamentos civis, exceto os concer
nentes à calúnia, na Inglaterra e no País de Gales) acaba chegando a
um vslo rq u e no seu entender constitua uma compensação adequada.
O m ultiplicador usado peios tribunais varia dentro de uma faixa entre 5
e 18, embora 15 constitua o limite máximo típico.
Os multiplicadores usados pelos tribunais são baixos e, portanto,
resuitarn em indenizações baixas para as vitimas de acidentes. De fato,
a maior parte dos advogados e juizes ignorava a taxa de desconto im
plícita nos multiplicadores, até que Lord Diplock revelasse que ela gira
va ao redor de 4 a 5%.4 Kemp e outros têm argumentado a favor de um
Ti
aumento do uso da evidência aluaria! e de uma taxa de desconto ao re
dor de 1,5 a 2,3% ao ano.5
Um exemplo do baixo grau de compensação nos é dado pelos fatos
do caso judicial "Mitcheil versus Mulholland’1,6 no qual o ju iz Lord Ed-
m undPavies estabeleceu que uma evidência levantada por perícias téc
nicas de economistas era inadmissível. Usando o método do "multiplica
dor”, a Corte de Apelações multiplicou por 14 a perda iíquida pré-julga-
m entoda renda anual do queixoso, chegando à quantia de 20.833 iibras.
Se um economista tivesse ferio a avaliação desse caso, o resulta
do teria sido muito melhor para o queixoso.7 Com base nos ganhos
anuais líquidos da vítima na data do acidente (1.255 libras) e supondo
que ela trabalhasse aié os 65 anos, que a produtividade tivesse aumen
tado 1% por ano e usando uma taxa de desconto de 2%, as perdas ava
liadas da vítima na data do ac/dente seriam de 36.438 libras. Se acres
centarmos os juros a essa quantia, ela chega a 48.262 libras na data do
julgamento, em 1969, e 54.243 libras em 1971, quando a Coríe de Ape
lação deu sua decisão. Esse valor, calculado na base de hipóteses ra
zoáveis, é mais do que duas vezes e meia superiora soma concedida à
vitima pelo tribunal.
Acabamos de ver uma situação na quai uma utilização simples da
economia pode não apenas meihorar a coerência da deGisão judicial,
como também o bem-estar dos acidentados. O fato de os ju iz e s se ne
garem ião peremptoriamente a empregar técnicas financeiras-padrão,
como juros compostos e razoáveis taxas de desconto, e persistirem
numa abordagem tão cheia de erros, constituí um daqueles "mistérios
do direito” .
Repressão
O custo da punição
74
nho branco" e nas infrações de regulamentos, que muitas vezes
acontecem em atividades produtivas. As muitas podem ser inefe-
tivas nessas situações ou porque não evitam as ações indesejá
veis (quando os transgressores são insolventes) ou correm o ris
co de punir a inocência ou, ainda, desestimulam uma atividade
desejável. Além disso, multas uniformemente altas podem gerar
incentivos indesejáveis. Se as multas (ou quaisquer sanções)
são draconianas, os criminosos potenciais não serão impedidos
de cometer mais crimes hediondos. Se há uma mesma muita
para quem rouba um pedaço de pão e para quem assalta a mão
armada, a lei fará muito pouco para evitar o crime pior. O sistema
de penalidades criminais deve, portanto, adoiar multas diferen
ciadas. Por outro lado, penalidades severas tendem 3 ser anula
das por juizes e jurados. Um argumento contra a pena de morte
é a possibilidade de um juri considerar inocente o acusado, para
não correr o risco de condenar um inocente à morte.
Medindo a repressão
75
riável relacionada à aplicação da iei sobre o índice de crimes contra a
propriedade.
FIGURA 1:
EFEITO SOBRE A TAXA DE CRIMES CONTRA A PRO PRIEDADE
DECORRENTE DE UM AUM ENTO OE 10% EM CINCO VARIÁVEIS:
NÚMERO DE POLICIAIS, TAXA DE ENCARCERAMENTO,
DURAÇÃO DA PENA DE PRISÃO, GANHOS ILEGAIS B
TAXA DE DESEMPREGO
Notas:
a) A taxa de encarceramento se refere á proporção de condenados cuja senlença Implica
prisão imediata.
b) O aumento dos ganhos ilegais, ou lucros dos crimes, é medido peto valor rateado per
cap/fa.
Fonte: D J. Pyle. "The Economics of Crime in Brita in", Economic Arfaírs, v. 9, n. 2, dezem
bro 1988i5aneiro 19S9, p. 6-9.
Negociação do pleito
QUADRO 1
ESTIM ATIVA DOS CUSTOS DE REDUZIR OS CRIMES
CONTRA A PROPRIEDADE EM 1%
Notas:
a) O custo de empregar um policial adicional é eslimado era 16.000 libras por ano.
b) O custo de manter alguém preso é esiimado em 15.000 libras anuais.
Fonte: D.J. Pyie, The Economics of Crime in Briíain, Economic Aífairs, v.9, n. 2, dezembro
1988tfaneiro 1939, p.6-9.
OH
Negligência
O íssts de Hand
83
precaução forem baixos, os riscos de dano forem altos e a gravidade
dos danos decorrentes de um acidente for alta. É a interação desses
três fatores que {em importância para a decisão sobre a quebra ou nãp
daquela obrigação de se ter cautela. Conforme veremos, os três fatores
são knpoíiantes na prática do direito.
A probabilidade de dano (L) é fator relevante para saber se o risco
criado peio acusado é ou não razoável Na causa de "Fardon versus Har-
court-Rivingion’',23 o juiz Lord Dunedin disse, no seu pronunciamento,
que “ as pessoas devem resguardar-se de probabilidades razoáveis, mas
não são obrigadas a se resguardarem de probabilidades fantásticas” . ■
BOX 2
CONTINUAÇÃO
l: onte. fJ.A. Posner, TortLàw-C ases and Economic Analysis, Boston: tittle-
Grov/n, 19S2, p.1.
(A razão pela quaí isso não foi feito pela empresa de eletricidade
foi o aíraso com que a cerca foi entregue).
O padrão de cautela esperado de parie do acusado se torna mais
exigente em função da magnitude do dano. No caso “ Paris versus
Stepney Borough C oundl",26 um homem qus dispunha apenas de um
olho ficou totalmente cego quando um fragmento de meta! atingiu seu
único olho bom. O queixoso alegou que seu empregador fora negiigen-
87
te, pois deixar^ de equípá-Jo corn ócuios especiais, embora rtão fossem
eles usualmente oferecidos aos empregados. O tribunal decidiu que,
embora não houvesse negligência no caso de empregados de visão
normal, nesse caso ela existiu porque as conseqüências foram mais
sérias. No voto de Lord Morton, ele sustentou que "quanto mais sérios
são os danos decorrentes de um acidente, maiores devem s e r as pre
cauções a serem tomadas pelos empregadores". Ele tornou claro que a
componente do lado direito do Tesíe de Hand ( P x L ) é relevante:
■ ■■ÂíJ? •
■ r:^ ■
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-í *i |
r ;: '[ |ír:
:í; tj'ij!'
FIGURA 2
A J A N E IR A COMO O ECONOMISTA VÊ A NEGLIGÊNCIA
f í fM
*? j-
i\ Perdas Marginais L jm ía r tfe C u sto s M arg in ais
rr ü
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•V , *
w '! i|
> ’P f
S* .j]:'k
f l
d ;Í | Consideremos o seguinte exemplo: suponhamos que minha casa
H !P '
esteja situada numa curva muito fechada da estrada, de modo que os
í líl
í i" ‘ visitantes devem fazer um ângulo agudo para alcançar a entrada da
t 'i .l casa. Suponhamos, ainda, que o risco de dano é de.1 em 10, e que o
m
? I 1;- prejuízo para.os veículos é em média de 100 libras. Se eu mudar de lu
■ :iíí: gar um dos mourões da cerca, posso reduzir a possibilidade do risco de
minhas visitas danificarem seus carros de 1 em 10 para 1 em 20. isso
Vi me custaria apenas 2 libras, o custo da remoção do mourão. Deveria eu
mudá-!o? E. não fazendo, deveria eu ser tido como negligente? A fes-
posta s “sim". Custa-me a quantia de 2 libras para mudar o mourão,
'-V i -• mas isso pouparia às minhas visitas 5% de 100 libras = 5 libras. Dessa
■M’: í :{
maneira, para saber se o queixoso foi negiigente é necessário compa
rar os custos das ações que poderiam íer sido tomadas com a redução
dos riscos que eias ensejariam, isto é, a comparação é entre o custo
m argina! do maior cuidado com a redução margina! das perdas previs
tas. Se os custos da segurança forem menores do que as perdas mar
' I*'A ginais esperadas, o cuidado maior se apresenta como economicamen
te eficiente, e o acusado deveria ser responsabilizado (na Figura 2, a
precaução é menor do que C*). Se a próxima unidade da precaução
custar 2 libras, mas poupar apenas 1 libra de perdas, então precauções
excessivas foram tomadas e não se justifica a indenização das perdas.
Ma prática, os tribunais decidem os casos de negligência dessa
maneira, se bem que menos formal e rigorosamente. Embora os juizes
façam escolhas binárias (culpado/inocente), os fundamentos das deci
sões judiciais são incrementais. O estilo dialético do julgamento, no di
reito consuetudinário, força advogado e juiz a pensarem não em termos
de absolutos, mas de variações incrementais. O juiz decide se o acusa
do agiu ou não de forma irrazoável. Mas isso mascara a maneira como
os tribunais determinam a fraude e como os advogados apresentam os
casos de seus clientes. Para identificar a fraude, o queixoso deve per
suadir o ju iz de que, na avaliação de probabilidade, o acusado não agiu
com razoável cautela. O queixoso relacionará as ações que, se tives-
sem sido tomadas pelo acusado, teriam evitado o acidente. O acusado,
por sua vez, procurará contrapor as razões pelas quais as medidas de
precaução sugeridas pelo queixoso não diminuiriam o risco eu, então,,
seriam impraticáveis, caras demais ou inrazoáveis. A base da decisão
do juiz e a maneira como ele chega à sua decisão são muito parecidas
com o modo pelo quaf um economista resolveria o problemas, As cor
tes, de fato, envolvem numa análise de “ custo-benefício". Conforme
Posner recentemente enfatizou, a análise de custo-benefício “pelo me
nos descreve o processo de julgamento" dos tribunais nos casos de
responsabilidade civil extracontratua}.30
Uma boa apiícação da análise de custo marginai pode ser encon
trada no caso “Latimer versus AEC Ltd." A fábrica do acusado tinha
sido inundada durante um forte e incomum temporal, e boa quantidade
de água e óieo se acumulou no chão da fábrica. Foi espalhada serra
gem no chão, mas em quantidade insuficiente, em face da grande
quantidade de água. O tribunal decidiu que havia serragem suficiente
para enfrentar qualquer situação previsível. O queixoso, que trabalhava
no tum c da noite, machucou-se ao escorregar numa poça de água e
óieo, quando tentava levar um barril para uma carreta, de cujo acidente
resultou uma fratura de perna. Esse exempio mostra bem que o tribunal
íeva em conta os custos adicionais da precaução, comparando-os com
a redução incrementai dos riscos. O problema do tribunal consistia em
saber se "um empregador razoavelmente prudente teria fechado a fá
brica, em lugar de permitir que seus empregados corressem o risco de
coniinuartrabalhando". O juiz Tucker decidiu que o perigo não era sufi
ciente para o fechamento da fábrica. Erri termos econômicos, o juiz es
lava comparando os custos adicionais do fechamento com a redução
incrementai do risco de os empregados sofrerem acidentes. Em termos
da Figura 2, o tribuna! achou que o empregado estava no ponto C * (o
nível economicamente eficiente de cuidado). Exigir o fechamento da fá-,
brica (nível de precaução C1) significaria impor um custo ao emprega
dor que não seria totalmente compensado pelo ganho a ser auferido
peios trabalhadores (o excesso de cusío é represeníado pela área es
curecida da Figura 2).
NOTAS
“No início dos anos 70, a grande maioria dos economistas ha
via chegado a um consenso sobre dois pontos. Primeiro, a re
gulamentação econômica não teve êxito na proteção dos con
sumidores contra os monopólios e, na realidade, freqüente
mente serviu para criá-los no seio de setores empresariais po
tencialmente competitivos ou, então, para proteger monopó
lios contra a entrada de novas empresas que poderiam ser
uma ameaça para eles. Segundo, nas situações em que as fa
lhas eram de importância duradoura (por exemplo, proteção
ambiental), a tradicionai regulamentação que estabelece pa
drões reveiou-se geralmente um remédio muito menos eficaz
do que o próprio mercado e os incentivos (como são os impos
tos sobre a emissão de poluentes ou as licenças para nego
ciar emissões poíuidoras)."5
FALHAS REGULATÓR1AS
98
gularidades reguiatórias tomou-se agora de conhecimento púbiico.
im
mas, em geraí, impõem padrões técnicos e Jegalísticos aos empregado
res e dão ênfase m aior ao aumenío dos ingredientes da segurança do
que ao objetivo da prevenção de acidentes. Por exemplo, elas exigem
que o empregador faça gastos em capital na compra de máquinas com
proteção, etc. Isso eleva o custo do capital, deixando o trabalho relativa
mente isento de normas, a despeito do fato de haver estudos mostrando
que a maior parte dos acidentes resulta da faita de cuidados porparte do
empregado ou do empregador ou, ainda, da omissão conjunta de am
bos. Como conseqüência, o fator trabalho acaba beneficiado, pois as
normas legais de segurança incidem sobre o capital, deixando a mão-
de-obra relativamente isenta de regulamentação.
Mas a legislação sobre a segurança no trabalho tem outras con
seqüências indiretas. Se ela é rigorosa e é implantada com eficácia,
ela eleva os custos da empresa e torna a entrada no seior mais difícil
para as fsrmas m enores. Se as empresas têm custos diferentes pára
. adotar as imposições legais, seja em decorrência do seu tamanho,
seja por causa de sua localização, então a regulamentação terá um
impacto mais forte sobre algumas empresas do que sobre ouíras. Al
guns trabalhos empíricos confirmam essa idéia. O esiudo feito por
Bartel e ThomaSj13 sobre a regulamentação da segurança ambiental e
no trabalho, nos EUA, concluiu que essas normas tiveram o efeito de
aumentar os lucros nos setores que tinham elevada proporção de
^ seus trabalhadores em firmas grandes e o de diminuí-los nos setores
'co m um grande número dé empresas pequenas: Isso vai ao encontro
das previsões fsitas anteriormente a propósito das propostas da Co
missão Européia a favor de um “salário decente". Acaba-se conce
dendo uma vs-ntagem competitiva a algumas empresas, quando se
impõe um custo mais alio a outras. Em resumo, a regulamentação au
menta os obstáculos à entrada no mercado e reduz a competição.
Sub e superinclusão
im
Um exemplo pode ilustrar essa idéia. No Reino Unido, o limite de
velocidade na área urbana é de 30 milhas por hora. Em geral, essa nor
ma é uma medida expedita para assegurar adequada segurança nas
rodovias. Mas pode não ser em algumas situações. O pai de família
que está levando sua esposa, prestes a ser mãe, a uma maternidade
pode exagerar a velocidade do carro. Um policial que detecte o exces
so de velocidade poderá obrigar o motorista a parar. O bom senso nos
diz que o cumprimento rigoroso da lei, nesse caso, fará mais dano do
que bem; nesse caso a lei seria superinclusiva. Considere-se outro
exemplo: os sindicatos podem ameaçar as empresas empregadoras
com as chamadas “operação-padrão", as quais levam os empregados
a exagerarem no cumprimento das normas e procedimentos vigentes,
isso é visto como uma ameaça capaz de paralisar asatividades de uma
empresa.
Deixando de lado por um momento o argumento levantado acima,
de que as regras podem não ter a intenção de atingira eficiência, algum
grau de superinclusão inevitavelmente decorrerá dos fatores de custo e
informação, tornando impossível conceber-se o tipo de intervenção'
m ais efetivo. Para um regulamento ser efetivo quanto a seu custo, a
instituição que estabelece os padrões (seja o Parlamento ou um órgão
- governamental) deve contar com considerável quantidade de informa
ções á respeito das condições tecnológicas e econômicas sobre a dimi
nuição e o grau das perdas ímputáveis aos riscos. Os custos de obter e
\ processar essas informações tenderão a adequar os padrões a serem
estabelecidos ao método do menor custo. Tais custos das informações
e da implementação tenderão a crescer em função da complexidade,
diversidade e/ou extensão da atividade que será objeto da regulamen
tação. Além disso, os encarregados da regulamentação consultarão as
partes interessadas, como sindicatos, o que gera outro grupo de custos
(da negociação e das entrevistas) e provoca atrasos na decretação do
regulamento.
A combinsção desses fatores teva a uma estrutura regulamentar
que, muitas vezes, não está à altura dos padrões de custos que se es
peram das medidas que pretendam atingir ;os seus fins. Muitas infra
ções legais serão de caráter técnico, pouco tendo a ver com o estímulo
ao comportamento desejável ou, então, conseguirão seus objetivos
apenas a custos desproporcionais. Surge assim o problema da superin
clusão, que tenderá a agravar-se no tempo, especialmente quando as
mudanças tecnológicas e econômicas são rápidas. Conforme declarou
o Relatório Robens, “a obsolescência é uma doença crõn/ca dos regu
lamentos sobre segurança” .15 ' -
Os efeitos da superíndusSo
AS TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO
107
çâo de direitos de propriedade aos indivíduos. Consideremos o caso do
elefante africano. A política de regulamentação tem sido no sentido de
se. criar parques nacionais administrados pelo governo e fiscalizados
por uma milícia, que atira nos caçadores de marfim ou é atacada por
eles. O governo pode reagir ao aumento dos caçadores (que é o resul
tado da procura mundial de marfim) tornando draconianas as penalida
des sobre os predadores e queimando o marfim confiscado. Mas o re
sultado acaba sendo o aumento do preço do marfim e, em conseqüên
cia, a elevação dos ganhos dos caçadores. Uma política alternativa
consiste na privatização dos elefantes. Se fazendas de criação de ele
fantes forem autorizadas, as forças econômicas naturais tenderão a
evitar que essa espécie animal seja condenada à extinção.
CONCLUSÕES
1 2 - A lgum as estim ativas desses efeitos são mencionadas por MINFORD, P.,
ASHTGK', P. The Effects in the UK o f EEC Wage Proposals in the Social
C h arter; a Not. Liverpool Quarteiiy Economic Bulletin, v. 10, n. 4, Dec. 1989,
13- BARTEL, A P .. THOMAS, L C . Predation through Regulation: The Wage
ano’ P rofit Effects o f the Occupational Safety and Health Administraíion and the
Environm ental Protection Agency. Journal of Law and Economics, v. 30,
p.239-65. 19S7.
111
......................... # .........................
SUMÁRIO £ CONCLUSÕES
SUMÁRIO .
'C - í * ’ *
1- HOLMES, O.W. The Path of the Law. Harvard Law Review, v. 10, 1897. £.'•?/-
2- Ibid., p.478. : v‘ífe-V-
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
TEXTOS
NOTAS
6- Uma das melhores análises de custos foi feita por ALCHIAN, A A Economic
Forces at Work. Indianapolis: Liberty Fund, 1977. Chap.2.
7- Súbre métodos de avaíiar intangíveis, ver PEARCE, D.W., MARKANDYA, A.
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PEARCE, D. W., MARKANDYA, A., BARBER, E.B., Blueprint for a Grsen
Economy, London: Earthscan Publications, 1989.
8- VELJANOVSKI, C.G. Regulating industrial Accidents: An Economic Analysis
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C.G. The Valuation o f Injuryin Economics and Law. London: Department of
Transport, 1989.{mimeo).
9- EDWARDS, J., et aí: The Economic Analysis o f Accounting Proütability.
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