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Jin Takahashi

Sobre o artísta

     Aos 46 anos de idade, Eu,


Jin Takahashi e 27 deles
residindo no Japão, país a que
vim em busca de um sonho
como tantos outros
brasileiros, na era DEKASEGI,
quando ainda tinha apenas 19
anos de idade e a mente cheia
de sonhos e propósitos.
Passou-se muitos anos, e com
isso adquiri uma experiência
de vida que jamais imaginaria
tê-la e, se me permitirem,
gostaria de compartilhar com
vocês um pouco da minha
trajetória.

     Descendo de japoneses, meu pai, japonês, da província de Miyagi, em Sendai, cidade


pela qual foi tragada pelo TSUNAMI no ano de 2011 e minha mãe, típica brasileira
descendente de portugueses. Com isso, torno-me um mestiço de segunda geração, o
que me abriu as portas para vir trabalhar na Terra Do Sol Nascente. Ao chegar nesse
país que desperta tantos encantos com sua cultura e sabedoria milenar, sem falar
absolutamente nada do idioma, cheio de sonhos para o futuro, jamais poderia imaginar
o que o destino havia reservado para mim. A princípio, como a grande maioria das
pessoas que naquela época vinham trabalhar aqui, o objetivo era de ficar apenas 2 anos
e regressar ao Brasil, mas os anos se passaram e a possibilidade de regressar tornou-se
cada vez mais distante. A necessidade pela sobrevivência, fez aprender o idioma
japonês, e quando dei por mim, já era fluente e sem nunca ter frequentado uma escola
para o aprendizado da língua.

   
     Como todos, o trabalho que me restava por ser um estrangeiro era apenas o braçal
em indústrias manufatureiras:  posso dizer que realizei trabalhos bem diferentes da
grande maioria dos brasileiros que aqui estão, mas isso não vêm ao caso, o fato é que
nunca aceitei minha condição de operário, foi então que com o incentivo de amigos
resolvi abrir meu primeiro negócio. Nessa época, vivia na província de GUNMA,
conhecida pela grande concentração de brasileiros e foi ali que iniciei o que chamamos
aqui de BENTOYA, algo como um estabelecimento especializado em fazer marmitas.
Durante 3 anos forneci comida para 180 trabalhadores brasileiros nas fábricas, todos os
dias, e nos fins de semana fazia bolos de aniversário, uma vez que também havia tirado a
licença no Ministério da Saúde para trabalhar com confeitaria, trabalho este que
sempre realizei sozinho. A aptidão pela culinária sempre foi algo natural em minha vida,
assim como a arte.

     Após 3 anos de trabalho duro, sem quase nenhum descanso, resolvi fechar meu
estabelecimento e viajar para a Índia e Nepal em uma aventura como mochileiro, por 3
meses, que mudaria minha vida para sempre e, nesta ocasião, já estava com 30 anos de
idade. Costumo dizer que esta viagem foi um divisor de águas na minha vida, tudo que vi
e vivi nessa experiência despertaria em mim, além de uma forma peculiar de enxergar a
vida, o imenso interesse pelo idioma inglês, pois enfrentei esta jornada sem falar o
inglês, mas quando regressei para o Japão já estava me comunicando no idioma. Sendo
assim, decidi dedicar-me ao aprendizado de inglês, o que também me abriria portas que
jamais pensei atravessar em minha tenra idade.

     A esta altura, já dominava a língua japonesa e o espanhol, idioma que aprendi com a
comunidade peruana, que conheci quando cheguei no Japão e morava na cidade de
Yokohama. Aprender o inglês possibilitou-me a viajar por muitos países como:
Indonésia, Tailândia, Camboja, Vietnã, Filipinas, Malásia, Coreia, Austrália, Áustria,
Praga, Veneza na Itália, Espanha e Portugal. Alguns desses países mencionados tive a
oportunidade de visita-los mais de uma vez.

     Essas viagens renderam-me experiências pessoais incríveis, que refletem


diretamente no meu trabalho atual. Atualmente, sou professor de idiomas , ministro
aulas para alunos particulares, entre eles, brasileiros e japoneses e em empresas
japonesas, tais como:  Photonix (Empresa de Tecnologia), onde dou aula de inglês para
os engenheiros da empresa , Yamaha ( uma das maiores montadoras de motos da região
onde moro), onde ministro aulas de português para os engenheiros que vão trabalhar no
Brasil, nas indústrias de Manaus e São Paulo, também ministro aulas na escola técnica
de informação, onde aplico aula de português para alunos do curso técnico de
atendimento hospitalar, e por fim, o que mais me encanta, trabalho como intérprete e
tradutor em 3 escolas de crianças especiais. O meu trabalho é traduzir tudo que for
necessário para prover a comunicação entre a escola e os pais das crianças que cursam 
o ensino fundamental e o  ensino médio nas escolas em japonês, espanhol e inglês. Sim,
isso mesmo, aqui no Japão, as crianças especiais têm os mesmos direitos de frequentar
a escola e serem preparadas para a inclusão social ao completarem o ensino médio, e
tenho muito orgulho do que faço.
                                Então, você se pergunta! E a arte? Onde ela entra nisso tudo?
                                                                           Aqui está a resposta:
A arte na minha vida.
    Desde muito jovem, sempre gostei muito de tudo que se relacionava com artes, e
claro, na escola, não preciso dizer que a matéria que eu mais gostava, sem dúvida,
educação artística.

    Tenho de mencionar que minha mãe foi uma grande incentivadora nesse quesito, uma
vez que sempre me pedia para pintar algo para ela, fazer algum trabalho de decoração
em casa, e assim por diante, na adolescência, tive alguns grupos de teatro, com o
sonho de me tornar um artista de televisão e como podem ver o universo me reservava
outro destino.

     Foi nesta época que tive a oportunidade de participar de alguns cursos de teatro que
eram ministrados na UNICAMP, em Campinas e foi também nestes cursos que tive meu
primeiro contato com as máscaras, na ocasião aprendi a tirar moldes de rostos e faze-
los com gesso e, também as técnicas de Papietagem. Na época tudo era voltado para o
teatro e eu tinha apenas 14 anos de idade, muito jovem para compreender que teria
sido esse o momento em que o destino já estava tramando seus caminhos para me
trazer até aqui, desde então, fui aprendendo outras técnicas como, maquiagem teatral,
pintura em vitral, envelhecimento de artesanatos em gesso, técnica de Craquelê entre
outros, como que devam imaginar, nessa época, ainda não existia a Internet e tudo era
aprendido com artesãos em suas casas ou em cursos presenciais, o que nos dava a
oportunidade única de respirar o Ateliê dos Artesãos e poder absorver um
conhecimento adquirido através dos tempos. Muitos deles já de cabelos brancos,
ensinavam os jovens aprendizes, como eu, com muito carinho e maestria. Uma dessas
artesãs que um dia tive a honra de absorver um pouco de seus conhecimentos, hoje é
uma admiradora de minha arte, sinto-me lisonjeado por isso, e deixo aqui meu eterno
agradecimento para todos os artistas que um dia dedicaram o seu tempo para me
passar seus conhecimentos, e em memória de tantos talentos, sinto-me no dever de
passar estes conhecimentos para todos que buscam o conhecer nesse Universo
fascinante no mundo das artes.
Índice
Como as máscaras de Veneza entraram na minha vida .........5
Como a marca DREMEL surgiu no meu trabalho .....................6
Minha viagem a Veneza ..........................................................7
História das máscaras de Veneza ..........................................10
Características das máscaras de Veneza...............................13
Por que decidi ensinar as técnicas que aprendi e as que
desenvolvi na confecção de máscaras...................................20
Como tirar molde de rostos ...................................................23
Como fazer o molde positivo .................................................25
Como fazer o molde negativo ................................................27
Técnica de papietagem ........................................................29
Técnica de Craquelê ..............................................................31
Técnica de envelhecimento ..................................................33
Técnica de aplicação de folha de ouro ou de prata ..............34
Técnica de alto relevo ...........................................................37
Como aplicar rendas e swarovisk nas máscaras ...................39
Como aplicar fitas de rendas, barbantes e outros
materiais de acabamento ....................................................40
Materiais necessários para iniciar na produção de
máscaras de Veneza .............................................................41
Ferramentas .........................................................................42
Agradecimento .....................................................................43
Como as máscaras de Veneza entraram
na minha vida

     Há aproximadamente 10 anos, em meados do ano de 2007, meu companheiro que


divide a vida comigo, até então, Eduardo Kotani, recebeu um convite para um baile de
máscara, na cidade onde moramos no Japão e, como as máscaras de Veneza não são
uma tradição no país, obviamente não as encontramos para comprar com facilidade,
salvo as que estão disponíveis em sites de compra pela internet, mas as quais não o
agradava muito e foi então que resolvi utilizar de meus conhecimentos para fazer uma
máscara para que ele pudesse ir ao tal baile. O que eu não esperava é que este fato iria
despertar em mim a paixão pela arte que por desvios do destino, estava
adormecida há tanto tempo. Decidimos alugar uma casa maior para que eu pudesse
montar um ateliê e assim ter um espaço para minhas criações, desde então não parei
mais de criar e de interessar-me cada vez mais pelas tão cobiçadas Máscaras de Veneza.

     Foi quando resolvi fazer uma exposição das minhas máscaras em um Café Galery,
muito tradicional na região, onde tudo começou a tomar uma proporção muito maior e,
daí surgiram convites para dar entrevistas em jornais, revistas e até mesmo na televisão
em um canal de Telejornal do horário nobre japonês e da Globo Internacional e,
encomendas para produção de máscaras para artistas de musicais e comerciais de
televisão.

     Mas isso para mim, pode parecer estranho, é algo irrelevante, uma vez que meu
enorme prazer é de ensinar e não de vender minhas máscaras, e não vou negar que é
extremamente prazeroso ver meu trabalho reconhecido, mesmo assim, o que me
encanta é saber que posso ensinar uma arte tão incrível para as pessoas e desta forma,
quiçá deixar um pequeno legado neste plano.
    

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Como a marca DREMEL surgiu
no meu trabalho
     Certo dia, recebi um telefonema de alguém que dizia ser representante de Marketing
Internacional dos aparelhos da marca DREMEL produzidos pela BOSH, que vivia em
Shangai na China e que gostaria de oferecer-me uma proposta de patrocínio com meu
trabalho de máscaras, até pensei que era uma brincadeira de mal gosto, mas logo
percebi que ele estava falando sério, e que de fato estava interessado em vincular a
marca DREMEL com o meu trabalho. Era um brasileiro que por ventura ou pelas tramas
do destino assistiu uma reportagem do meu trabalho na Globo Internacional e resolveu
entrar em contato quando viu que eu utilizava um aparelho rotatório para lixar minhas
máscaras e que a DREMEL fabricava.

     Na semana seguinte, batia à minha porta uma representante enviada por ele, da
China, juntamente com um representante da BOSH JAPAN, já com um contrato para
ser assinado. Tudo aconteceu muito rápido e mal tive tempo de raciocinar direito,
quando dei por mim, já estava recebendo uma caixa com os maquinários da marca e
fazendo as gravações para ser um dos artistas que representaria a Ásia para a
divulgação da DREMEL Internacional, uma de minhas máscaras foi levada para a
Convenção Internacional da BOSH, na Alemanha, para apresentarem meu trabalho.
Ainda hoje os vídeos produzidos para a divulgação da marca podem ser vistos no site da
DREMEL e no Youtube.

     Quando realizei minha exposição, o representante de marketing que me contatou de


Shangai veio até o Japão para conhecer meu trabalho de perto e prestigia-la.

     Sou eternamente grato por este brasileiro incrível, que hoje vive nos EUA, ainda
como Diretor de Marketing Internacional da marca DREMEL, e o tenho como um
grande e estimado amigo.
    

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Minha viagem a Veneza

     Durante minha trajetória na criação de máscaras de Veneza, tive que me adaptar com
materiais o qual tinha acesso, e assim fui desenvolvendo uma forma particular de
produzir as máscaras, uma vez que nunca tinha ido a Veneza, fiz valer do conhecimento
que adquiri durante toda minha vida para reproduzir as máscaras. Quem está lendo este
texto neste momento deve saber tanto quanto eu que as técnicas das máscaras de
Veneza não se encontram disponíveis na Internet ou em qualquer outro lugar, salvo as
poucas informações fragmentadas sem muito contexto, e é como se isso fosse um
patrimônio guardado com muito cuidado, compreendo que por ser uma marca de
Veneza, os Artesãos não têm muito interesse em passar informações de seus segredos,
por assim dizer, sem levar em consideração o egoísmo humano ao não compartilhar
conhecimentos, o que não me retrata definitivamente, ou não seria um professor
atuante. O fato é que em determinado momento, as pessoas começaram a me perguntar
se eu já havia ido a Veneza, como se isso fosse um requisito obrigatório para fazer as
máscaras, foi então que decidi ir vê-las com meus próprios olhos que tanto me
fascinavam, o que eu não esperava era a resistência dos venezianos em passar
conhecimento e, meu espanto maior foi descobrir que se você quer aprender algo por lá,
será quase que uma missão impossível. Existem alguns lugares que prometem que você
aprenderá a fazer sua própria máscara , mas que na verdade elas já estão prontas, tudo
que o turista faz é desenhar e pintar a seu gosto e sair com a máscara pronta, e te
cobram um absurdo por isso.

     Meu objetivo era procurar um artesão que pudesse me ensinar as técnicas de


confecção de máscaras, queria saber como fazem as máscaras, confesso que já estava 
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perdendo as esperanças tanto pelo valor que cobravam quanto com a falta de interesse
em ensinar e foi quando entrei em uma loja simpática para admirar o lindo trabalho do
artesão e encontrei ali um senhor muito atencioso que parou para me ouvir, diga-se de
passagem, algo raro em Veneza. Acredito que neste momento meu semblante já
transparecia minha angústia por não ter encontrado a hospitalidade que esperava, uma
vez que os venezianos não gostam muito dos turistas e nos tratam com hostilidade e
uma frieza dolorosa.

    Enfim, mais uma vez devo agradecer ao Universo por ter me feito entrar naquela loja,
aquele senhor simpático, com toda sua experiência de vida soube ler em meus olhos
minha paixão pela arte e me disse que não tinha muito tempo devido ao carnaval de
Veneza que se aproximava e estava com muito trabalho, mas que se eu pudesse naquele
momento ele poderia me mostrar seu ateliê que ficava no fundo da loja e me ensinar
alguma coisa. Prontamente despi meu sobretudo e arregacei as mangas antes que ele
desistisse da proposta.

     Foi o dia mais incrível que poderia ter tido em Veneza, pude aprender coisas incríveis
com aquele homem e no dia seguinte retornei para ajuda-lo nos seus afazeres e
absorver mais um pouco de seus conhecimentos que ele por sua vez sentia um enorme
prazer em dividir comigo, e o fato de eu trabalhar em escolas de crianças especiais o
comoveu, uma vez que ele produz a base da máscara (papietagem) para uma escola de
crianças especiais, onde elas pintam as máscaras para serem vendidas. Mais uma vez, o
universo havia me colocado onde eu deveria estar. Pude ver como o trabalho pode ser
realizado em grande escala, e trazer de lá além do conhecimento para agregar no meu
trabalho, vários materiais que me ajudariam na confecção de minhas máscaras. Há
alguns lugares para comprar materiais específicos para confecção de máscaras, mas
confesso que só tive acesso a essa informação por que obtive do artesão, e se você
pretende ir até lá para aquisição de material, entenderá através de minhas dicas que não
há a necessidade, e que tudo está mais próximo de você do que imagina. 

   

   

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Gostaria de notificar aqui, que o nome do artesão não
foi mencionado para preservar sua identidade, uma
vez que não tenho esta autorização.

Para que vocês possam ter uma ideia, essa pessoa em questão não tem internet, apenas
um telefone celular antigo para se comunicar com sua esposa que o ajuda com a
produção das máscaras, um ser humano incrível que possui seu atelier a mais de 40
anos, dedicando-se a arte das máscaras de Veneza, e que me disse que se eu
desejasse entrar em contato com ele teria que ser por carta. Deixo aqui estas
informações para que possam entender que estou dividindo com vocês parte de um
conhecimento adquirido de um artesão que viveu a vida em função das máscaras de
Veneza, e que poucos teriam acesso a essa informação, uma vez que a grande maioria
dos artesãos não têm muita aptidão com a internet e tecnologia, assim como eu, e é
exatamente por este motivo que as informações disponíveis na internet são tão
escassas.

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História das máscaras de Veneza

     As máscaras são tão antigas quanto a raça humana. Tem-se conhecimento que a
primeira máscara remonta por volta de 30.000 A.C.

Elas podem ser místicas, de cultos, crenças, raças e


rituais. A máscara tem o misticismo de dar vazão a
alegria, tristeza, revelar ou ocultar sentimentos.

    No antigo Egito, eram colocadas nos rostos dos


mortos para ajuda-los na arriscada passagem para
a vida eterna, uma das máscaras mais famosa do
Egito, foi encontrada na tumba de Tutankamon,
onde o corpo mumificado do mais novo faraó se
encontrava em um sarcófago coberto por uma
máscara mortuária de ouro.

     Gregos e romanos exibiam máscaras em


cerimônias religiosas e na China eram
usadas para afastar maus espíritos. No
Japão, elas representam um papel
importante na cultura do país, onde
simbolizam personagens folclóricos no
teatro TAKIGINOU 薪能 (Habilidade
Musical) também conhecido como NOU
BUTAI (Tablado de Habilidades), onde
músicos tocam instrumentos folclóricos
japoneses e entoam cantos enquanto uma
personagem com roupas típicas usando
máscaras folclóricas talhadas em madeira e
pintadas com Laca (Tinta simbolicamente 

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religiosa, usada na pintura de templos), em uma técnica milenar, dançam as danças não
menos enigmáticas. Além das que também são encontradas em templos com
características marcantes (de demônios) que prometem afastar os maus espíritos, ou
outras para atrair a prosperidade.

     Os indígenas, por sua vez, usavam para incorporar entidades que curam, em
cerimônias de casamento e danças de guerra. Na Itália ganham conotações na Comédia
Dell`Arte, da qual as personagens deram origem ao Carnaval de Veneza.

     Em Veneza, por volta do século XV, acontecia o primeiro Ball Masquê, que devido a
divergências políticas, o uso das máscaras era necessário para a sociedade, que na
época estavam em constantes conflitos políticos. Dos grandes bailes, teatros e o
Carnaval de Rua, as máscaras em Veneza passaram a ser também peças decorativas
sendo uma das principais atividades econômicas e o souvenir característico da região.

     O carnaval de Veneza surge a partir do século XVI, onde a nobreza se disfarçava para
sair às ruas e se misturar com o povo para poder participarem das festividades sem
revelar sua real identidade. Desde então, as máscaras são os elementos mais
importantes deste carnaval que têm duração de 10 dias. Durante as noites, realizam-se
bailes em salões e na Praça São Marcos acontecem os concursos de máscaras, os trajes
são inspirados de forma geral nos trajes típicos do século XVIII.

     O Carnaval veneziano vem da tradição Saturnália, festividade romana em honra ao


deus Saturno, o Renascimento da vida e das forças da natureza era celebrado após o
rigoroso inverno. O Carnaval veneziano medieval correspondia à época na qual os
venezianos podiam se permitir divertimentos proibidos em outras épocas do ano. As
máscaras permitiam seu disfarce, assim como a possibilidade de ser um outro alguém
durante algumas horas. Pobres e ricos, nobreza e povo se misturavam em uma alegria
ébria e colorida. Até mesmo os religiosos, disfarçados e protegidos em suas belas
máscaras, podiam sair livremente nas ruas, expressando-se de maneira que não
poderiam faze-lo em outras ocasiões. Foram também utilizadas no meio político para
preservar a sua identidade ao expressarem suas opiniões, muito conveniente diga-se de
passagem. Não se sabe ao certo como tudo começou, porém, de forma geral, há
registros de que os venezianos eram permitidos a utilizarem as máscaras para esconder
sua identidade no dia a dia durante uma grande parte do ano no século XVII, o que lhes
permitia viverem suas libertinagens sem que fossem reconhecidos. Já nos dias atuais
isso se restringe apenas aos dias que acontecem o Carnaval de Veneza.

     Coincidentemente o Carnaval de Veneza acontece antes da quaresma, o que nos faz


acreditar que se trata de uma festa pagã como o Carnaval do Brasil que acontece na
mesma época. 11
     Uma informação curiosa é que o seu uso foi sempre proibido às prostitutas, prova da
grande discriminação a essas mulheres, uma vez que não lhes era permitido
esconderem suas verdadeiras identidades nas festividades.

     Com a popularização, dessa forma de disfarce, surgem vários modelos de máscaras,


além das dos personagens da comédia Dell`Arte, representando ideias ou personagens
variados onde a sua fabricação era assegurada pelos artesãos chamados de maschereri.
Já no século XVI, época correspondente ao início da história do carnaval, existem
registros de uma escola de artesãos especializados em fabricá-las. Os ateliers dos
maschereri foram se multiplicando e a arte das máscaras se tornou famosa em toda a
Europa.

     Quanto à fabricação, as tradicionais máscaras de Veneza são feitas de papel machê,


ou papietagem. Primeiramente se constrói com argila o rosto ou outra escultura da qual
se deseja fazer um molde. Em seguida tira-se um molde de gesso para obter a forma que
se utilizará para a aplicação da papietagem na produção das máscaras, sobrepondo
camadas de papel e cola. Depois de seca, a máscara de papietagem é retirada do molde,
pintada e decorada de acordo com o que o artesão desejar como resultado final de sua
obra.

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Características das máscaras de Veneza

     Devo ser honesto em dizer que não sou um historiador, mas decidi deixar aqui
registrado um pouco do que sei sobre as principais máscaras de Veneza.

Colombina
     Que significa Pombinha em italiano, se trata
de uma personagem da comédia Dell`Arte,
conta a história que a atriz que faria o papel de
uma empregada (cerva) no teatro, se recusou a
cobrir seu lindo rosto com uma máscara, então
foi criada essa máscara onde pudesse mostrar
parte de seu rosto no palco. O fato é que hoje,
esse é o estilo de máscara mais vendido em
Veneza, tanto para homens e mulheres, com
característica masculinas e femininas, elas 
encantam pelo mistério e pelo fato de que permite a quem a utilize a falar, comer e
beber livremente durante as festividades por deixar a parte inferior do rosto a mostra e
também pelo fato de que anatomicamente é uma máscara mais fácil de se encaixar em
rostos com variadas anatomias.

Capitan Scaramouche
     Um jovem aventureiro e navegador, um
oficial fanfarrão que contava histórias de suas
batalhas, muitas vezes espanhol, que vestia
uma capa, chapéu de penas, botas de cano alto
e munido de uma espada na cintura estava
sempre pronto para uma batalha. Um contador
de histórias, que adorava contar suas façanhas
nas batalhas onde derrotava seus inimigos. 

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Pantalone
     Uma personagem da comédia Dell`Arte que
representava um comerciante avarento e
libidinoso, geralmente vindo de Viena, que
gostava de dinheiro, bebida e mulheres, falante
como todo bom comerciante, alvo de piadas
indecentes. De forma geral, usava um tapa sexo
grande para fazer propaganda de sua virilidade,
apesar de todos saberem que não era bem
assim. 

Pulcinella
    Personagem clássico que se originou na
comédia Dell`Arte do século XVII, um corcunda
que perseguia as mulheres. Pulcinella se tornou
um personagem em marionetes napolitanas.
Sua principal característica, a partir do qual
adquiriu seu nome, é o nariz extremamente
grande que se assemelha a um bico de pássaro,
relacionado a um pulcino italiano ou pinto. Seu
temperamento marcante é de ser mau, cruel e
astuto. Sua tática de defesa era fingir-se  
desmaiado para observar o que acontecia ao seu redor. Este personagem tinha uma
característica de maltratar as pessoas.

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Zanni
    Zanni, era um típico personagem cômico da
comédia Dell`Arte. Seu nome vem de Giovanni,
nome comum dos que emigraram para Veneza
em busca de trabalho, o que calhava bem para
um nome de um cervo no teatro. Suas
principais características são as sobrancelhas
caídas que representam sua burrice por assim
dizer, e seu nariz comprido, que quanto mais
comprido mais burro seria a personagem. O
papel de Zanni dentro da comédia Dell`Arte 
era muito variável: bobo, simplório e vulgar. Uma vez dentro da cidade, Zanni se torna
esperto, astuto, intrometido e muitas vezes atrevido. Personagem pobre e que se
encontra sempre com fome. 

Bauta
    Esta máscara por sua vez, se tornou famosa
pelo Carnaval de Veneza, mas foi usada em
muitas ocasiões na história de Veneza, era a
máscara utilizada por reis e príncipes, nobres
que se infiltravam nas festividades protegidos
por esta máscara que lhe cobriam o rosto por
completo  garantindo total anonimato ao
utilizador os permitindo comer e beber sem ter
que tirá-las devido a saliência em sua parte
inferior, também era obrigatoriamente 
utilizada por cidadãos enquanto tomavam decisões políticas no século XVII, uma
máscara tipicamente masculina, que para ser completa, acompanha uma capa preta,
chapéu de três pontas e um bastão ( espécie de bengala).

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Larva (Fantasma), Molto (Face) ou
Volto (Meia cara)
    Tal como a máscara de Bauta, esta máscara
que chamarei de Volto, apesar dos vários
nomes que são atribuídas a ela, cobre todo o
rosto e de forma geral era toda branca, daí o
nome de Larva (Fantasma), mas, no entanto, ao
contrário da Balta, não permite seu utilizador
falar, comer ou beber. Era uma das máscaras
mais utilizadas pelos cidadãos comuns nas
festividades. É sem dúvida o design mais
conhecido e ainda hoje continua atualmente a  
ser utilizado por homens e mulheres. Com o passar dos tempos, os artesãos passaram a
confeccioná-las com aplicações de penas, pedrarias e outros artefatos que lhes deram
uma característica glamorosa. Apesar do desconforto por não poder falar, esta é
exatamente a característica que faz dela uma máscara misteriosa, ideal para quem
quer permanecer no anonimato total e causar um impacto para quem quer fazer uma
entrada teatral.  

Dottore della Peste


    Talvez seja uma das máscaras mais
conhecidas, e talvez possa te surpreender que
esta máscara marcante, de certa forma
assombrosa, eu diria, nunca pretendeu ser uma
máscara de Carnaval. A máscara do Doutor da
Peste foi criada na França, no século XVII pelo
médico Charles de Lome para tratar vítimas da
praga. Os olhos eram protegidos por vidro,
alguns acreditam que eram óculos de grau
utilizado pelo médico. O nariz com um bico   
enorme por sua vez fazia o papel de armazenar as ervas, flores secas, especiarias e
outros artigos aromáticos que serviam como uma espécie de máscara de gás primitiva.
O traje também servia como proteção, numa tentativa de evitar a disseminação e
contágio da doença (praga). O vestuário de proteção preto e o chapéu preto,
completavam o visual das pessoas que lidavam com as vítimas da praga, numa tentativa
de evitar o contato direto. Hoje, essa máscara pode ser encontrada em quase todas as
lojas de Veneza com diversas decorações que as tornam únicas.
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Gnaga ou Gatto
   Esta não menos enigmática meia máscara
com formato de gato, deve o seu nome ao som
emitido pelos gatos no dialeto veneziano,
surgiu em uma época em que os gatos foram
muito escassos em Veneza. Tradicionalmente é
utilizado por homens que desejam se vestir de
mulher que resulta de uma importante brecha
na lei veneziana. Ninguém que utilize uma
máscara poderia ser preso, pois considerava-se
que a pessoa estava apenas a desempenhar    
uma personagem. Assim, aqueles que utilizavam a máscara de Gnaga poderiam lançar
cantadas e fazer comentários obscenos aos transeuntes e permaneciam protegidos
pela lei.

     Curiosidade: Conta a história que em determinada época, uma pessoa utilizando uma
máscara poderia até mesmo matar que não seria punida, uma vez que tinha o direito de
não revelar sua identidade, isso me parece insano nos dias de hoje, mas estamos
falando de uma época medieval, onde ainda existiam bárbaros entre nós, então vamos
nos ater à história.

Moretta ou Servetta Muta


   Esta máscara que significa O escuro ou O
servente mudo, era uma máscara
respectivamente destinada à aristocracia ou a
nobres e assume uma abordagem totalmente
diferente das conhecidas máscaras de Veneza.
A pequena máscara preta não tinha
características faciais como nariz e boca. A
máscara tradicional não é fixada por fitas ou
bastão, e sim apertando um botão entre os
dentes de quem a utilizava, obrigando a pessoa 
a permanecer muda. Por sua vez, garantia assim o ar de mistério as mulheres que a
utilizavam. Tornando-se intrigantes pois a única forma de responder a uma conversa
era revelando sua identidade. Alguns críticos dizem que deixava as mulheres mais
atraentes, uma vez que permaneciam mudas. Esta máscara foi utilizada por mulheres
de Veneza o ano todo e normalmente eram utilizadas por mulheres que visitavam
conventos. Foi inventada na França e rapidamente se tornou popular em Veneza. 
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Dama
   Esta máscara apresenta muitas variações
elegantes, com rendas e pedrarias que as
deixam com um ar luxuoso, elas correspondem
às senhoras do Cinquecento (o período de
Ticiano), essas damas costumavam se cobrir de
joias, roupas caras e penteados elaborados, daí
o seu formato com o topo da cabeça elevado e
trabalhado em rendas e pedrarias. Talvez esta
seja uma das máscaras que mais demostram
riqueza e exuberância nos Carnavais de Veneza.

Jester ou Jolly Joker


   Apesar desta máscara não prover da comédia
Dell`Arte como muitas máscaras de Veneza,
quando pensamos em máscaras de Veneza se
faz inevitável pensar nesta personagem. Jester
é uma variante do sexo feminino, um tipo
específico de palhaço na sua maioria associado à
idade média. A partir da Itália, este palhaço,
digamos assim, se difundiu por toda a Europa,
influenciando o teatro na Espanha, Holanda,
Alemanha, Áustria, Inglaterra, e especialmente, 
na França.

     Dizem que as origens de Jester deve ter sido pré-histórico na sociedade ocidental
tribal. Plínio, menciona um bobo da corte real (Regius planus) ao narrar uma visita de
Apeles ao palácio do rei Helenístico de Ptolomeu I. Porém, este personagem da
história é principalmente lembrado em associações com a Idade Média europeia.
Todos os bobos e tolos naquela época eram considerados como casos especiais a
quem Deus havia dado a loucura como presente a uma criança, ou quem sabe uma
maldição por assim dizer. Isso nos faz pensar que de forma geral os bobos da corte
eram pessoas com algum tipo de deficiência mental, que no mundo cruel da Europa
medieval encontraram uma forma de sobreviver, saltando e se comportando de forma
divertida para alegrar as pessoas e suas festas, de outra forma não conseguiriam
sobreviver.
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      Jester, normalmente usava roupas brilhantes e coloridas caracterizando um palhaço.
Seus chapéus eram feitos de tecido e apresentavam geralmente três pontas com um
guizo nas pontas. Estas três pontas representavam as orelhas de um burro e sua calda
usadas pelos bobos em épocas anteriores. Uma característica marcante do Jester era
seu riso incessante e estridente.

Pierrot
   Esta é uma máscara que se origina de uma
personagem da comédia Dell`Arte, que
normalmente é retratado por sua beleza, por
ser charmoso, gentil e amável, por sua vez é
facilmente enganado por acreditar e confiar nas
pessoas. Sua característica mais marcante é
sem dúvida a inocência, que muitas vezes o faz
ser visto como tolo, sempre sendo enganado e
mesmo assim continua brincando. Pierrot é
também chamado de lunático, por estar fora da 
realidade, e parecer estar sempre alienado aos acontecimentos a sua volta. Esta
personagem de forma geral usa roupas brancas e largas, um chapéu alto e pontudo.
Ocasionalmente é representado com uma lágrima em seu rosto, na verdade as
máscaras de Pierro existem para representar um personagem da comédia Dell`Arte
que teoricamente não usa máscara, e sim uma maquiagem branca, que permite que o
ator tenha uma grande variedade de expressões faciais para interpretar seu
personagem, esta tradição tem sido usada desde o início de 1.600. 

19
Por que decidi ensinar as técnicas que aprendi e as
que desenvolvi na confecção de máscaras.

     Sim, talvez você esteja se perguntando o que me levou a ensinar meus conhecimentos,
então pensando em você deixo aqui minha sincera resposta.

     Ao longo de minha trajetória, como ser humano, a vida me deu algumas
oportunidades das quais não hesitei em agarrar com todas as minhas forças, nunca temi
os desafios impostos no meu caminho de desenvolvimento humano e profissional. Como
já mencionei antes, a arte sempre esteve comigo, fez parte de minha infância e
juventude, e que por motivos também já mencionados me trouxeram para o Japão, me vi
distante daquilo que alimentava minha alma por um tempo, mas nunca deixei de ter
curiosidades a respeito de tudo que via quando se tratava de arte. Como disse, já viajei
por muitos lugares, e posso garantir que vi muita coisa incrível pelo caminho que trilhei.

     Fui adquirindo experiência e acumulando conhecimentos que a uma certa altura de


minha vida, me deparei com muitas pessoas que sempre me diziam que não é todo
mundo que consegue fazer o que faço, e eu sempre achei que não era nada demais o que
eu fazia, sempre acreditei que qualquer pessoa é capaz de realizar qualquer coisa que
queira, basta saber como.

     Então fui percebendo que o meu erro de pensamento estava exatamente aí, que eu
conseguia preparar um jantar incrível, ou elaborar um prato digno de restaurantes finos,
ou criar minhas próprias receitas, ou confeccionar máscaras idênticas as de Veneza, ou
fazer outras obras de arte, ou até mesmo falar fluentemente 4 idiomas, por que além da
vida ter me dado oportunidades diferentes, eu nunca me contentava em não saber algo,
sempre acreditei que eu era capaz de fazer tudo que desejasse fazer, e com essa
convicção fiz as minhas escolhas em busca do saber, foi aí que percebi a diferença e
comecei a entender que eu havia trilhado um caminho único em minha trajetória devido
as minhas escolhas e que nem todos tiveram acesso às informações que eu tive, por falta
de oportunidade ou por não acreditar que eram capazes.
Não estou dizendo que as coisas foram fáceis para mim, muito pelo contrário, a vida foi
muito dura comigo, e talvez seja exatamente por este motivo que pude trilhar caminhos
únicos em minha trajetória, sem medo de tentar, de arriscar e sempre aberto para
aprender coisas novas, pois sempre tive a consciência de que somos eternos aprendizes,
e estamos em um constante processo de evolução como ser humano.

     Então, fui a Veneza, na Itália, e foi nesse momento que compreendi por que nunca 
20
consegui encontrar informações palpáveis que pudessem me ajudar na confecção de
máscaras. O fato é que em Veneza você encontrará muitas lojas que vendem máscaras,
e como já disse, alguns lugares que na verdade se trata de uma conexão, se não me
engano de 3 lugares onde você pode fazer sua máscara de Veneza, mas que na verdade,
de forma geral, você só encontrará máscaras já prontas para você pintar a seu gosto e
pagar um preço razoável por isso. Um desses lugares que estão interligados até te
oferecem aulas para aprender algumas técnicas, mas alegam que têm que contratar um
artesão para te ensinar e que essa aula tem que ser VIP, sendo assim, o valor a ser pago
por essa aula é bem alto, pelo menos foi o que me disseram quando estive lá. Caso você
queira verificar, o lugar se chama CA`MACANA, fica próximo ao Grande Canal em uma
região chamada Gallerie dell`Accademia, fiquem vontade para pesquisar ou quem sabe
ir até lá.

     Você encontrará também vários artesãos que possuem seu atelier no mesmo local
onde abrem as portas de suas não menos charmosas lojas para vender suas máscaras,
mas que não estão interessados em te ensinar suas tão preciosas e bem guardadas
técnicas, muitos deles não permitem que se fotografe suas máscaras, e não é raro
encontrar logo na entrada de suas lojas uma placa proibindo fotografar, salvo alguns
anciões que talvez já pela idade, aprendeu a dividir seus conhecimentos, como é o caso
do artesão que tive a honra de conhecer. Estes artesãos, por sua vez, são pessoas que de
certa forma quase que pararam no tempo, e que a tecnologia está ainda muito longe de
ser uma realidade em suas vidas e continuam fazendo sua arte como a tempos antigos e
esperando que os turistas comprem algumas de suas magníficas obras, o que me
pareceu um trabalho árduo, uma vez que devem brigar com o comércio de máscaras de
plástico chinesas que estão por todo lugar a um preço muito mais acessível.

     Enfim, percebi que detinha um conhecimento incrível, e que assim como eu, deveriam
haver outras pessoas em busca de informações que fossem plausíveis para a confecção
de máscaras, e que por N motivos deveriam estar encontrando dificuldade de encontrar,
devido a própria escassez de informação disponível, ou quem sabe, devido ao egoísmo
humano em não querer dividir informações tão preciosas. Confesso que compreendo
que alguns não queiram passar esta informação por ser praticamente um patrimônio de
Veneza, mas minha alma de artista me diz que não poderia levar tudo que sei quando
partir deste plano, seria muito egoísmo e injusto para os que procuram o conhecimento
sobre esta tão magnífica arte.

     Então resolvi abrir as portas de meu atelier para ensinar a quem quer que procure
pelos meus conhecimentos, assim como muitos artesãos que passaram pela minha vida
o fizeram para dividir comigo seus conhecimentos, na esperança de que meus
ensinamentos possam encontrar mais pessoas que se sintam capazes de realizar tudo 
21
que desejam e acreditem que através do conhecimento podemos alcançar tudo aquilo
que merecemos enquanto pessoas.

     Desejo imensamente que este meu pequeno legado possa contribuir para que esta
arte incrível das máscaras, sejam elas de Veneza ou não jamais se percam no tempo e
com a tecnologia, e que através dos meus conhecimentos, novos artesãos interessados
na confecção de máscaras possam surgir nos quatro cantos do mundo e assim perpetuar
sua história através dos tempos, assim como tem sido a centenas de anos, como um
legado deixado por civilizações que fizeram a história da raça humana ser possível.

     E como já dizia uma canção de Milton Nascimento, ´´Todo artista tem que ir aonde o
povo está!!!! `, e já que nesta nova era o povo está na internet, então decidi que era
exatamente aqui que deveria mostrar e compartilhar o meu trabalho, quebrando todas
as barreiras que poderiam existir no meu caminho, no intuito de dar o melhor de mim, e
oferecer todas as informações necessárias sem omitir nenhum detalhe, como eu
gostaria que tivessem feito comigo.

     Sem mais delongas, vamos as técnicas propriamente ditas.

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Como tirar molde de rostos

     Para tirar o molde de rosto de uma pessoa (modelo) você necessitará basicamente
de faixa de gesso (usada na ortopedia para engessar fraturas ósseas), e vaselina.

     A posição ideal para retirar um molde de rosto, é sentado, uma vez que a pessoa
nesta posição, permanecerá com o semblante de quando usará a máscara fabricada
através do molde tirado (de forma geral, em pé).

     Primeiramente, deve-se passar a vaselina em todo o rosto, com a pessoa de olhos


fechados, principalmente nos pelos, como cílios e sobrancelhas para evitar que esses
sejam retirados junto com o molde na hora de desmoldar, costumo passar nos cabelos
em torno do rosto também, o que fará com que o modelo necessite lavar com água e
sabão para retirar a vaselina (se possível, aconselho que retire no banho).

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     Na hora de aplicar a faixa de gesso, é melhor cortar tiras de vários tamanhos para
facilitar a aplicação. Inicio a aplicação da faixa de gesso das extremidades do rosto para
o centro, para permitir que o modelo vá se acostumando com o contato do gesso, uma
vez que deverá permanecer por algum tempo imóvel e respirando apenas pelo nariz
durante todo o processo (Isso pode ser um pouco claustrofóbico para algumas pessoas,
então sugiro que todo o processo seja informado para a pessoa, antes de iniciar a aplicação da
faixa de gesso para a fabricação do molde, para que possa se sentir mais tranquila).

     É muito importante que uma tira fina seja


aplicada no espaço entre as narinas até a altura do
nariz, pois é exatamente este detalhe que dará o
formato exato da anatomia do nariz, deixando
apenas o orifício das narinas abertos para que o
modelo possa respirar.

     Após aplicar uma camada sobre toda a superfície


do rosto, repita o processo por pelo menos 3 vezes,
para obter uma espessura adequada para a
fabricação de seu molde  positivo. Após a aplicação
das 3 camadas, espere um pouco até que seque o 
 suficiente para a retirada do molde do rosto (o tempo de secagem está na descrição do
produto) existem vários tempos de secagem das faixas de gesso, eu particularmente
prefiro a que tenha de 5 a 8 minutos, uma vez que esse processo deve ser bem rápido,
para evitar o desconforto da pessoa que está sendo seu modelo.

     Para retirar, basta pedir que o modelo movimente levemente o rosto, assim
permitindo a entrada de ar que facilitará a retirada. Logo que retirar o molde, deve-se
tampar o orifício das narinas que permaneceram abertos (esse processo deve ser feito
com aplicação de faixa de gesso pelo lado externo do molde para não danificar o
formato interno) uma vez que este servirá para a produção de seu molde positivo.

     Obs.: caso for fazer uma máscara sob medida para um cliente em especifico, este
molde pode ser utilizado para a fabricação da máscara no processo de papietagem, e ser
descartado ou guardado em estoque, se o cliente pretender encomendar outras
máscaras posteriormente, neste caso, aconselho fazer um molde com mais espessura,
em torno de 4 a 5 camadas de faixa de gesso para dar mais sustentabilidade ao seu
molde.

     Caso for necessitar deste molde para a produção de várias máscaras a longo prazo,
sugiro que faça um molde positivo e um molde negativo, como explico a seguir.
24
Como fazer o molde positivo

     Com o molde que foi retirado do rosto de um modelo com a faixa de gesso já seco,
você irá fazer o seu molde positivo.

       Para isso, deve-se passar vaselina em todo o interior do molde de faixa de gesso
para evitar a aderência do gesso que irá ser usado para retirar o molde positivo.

     De forma geral, uso em torno de 1kg e meio de gesso em pó para fazer um molde
positivo, dependendo do tamanho e da anatomia do rosto.

     Basta dissolver o gesso em pó em água de acordo com as instruções do produto


(basicamente 1litro de água para 1kg de gesso em pó).

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    Após dissolvido, preencher a cavidade do molde de faixa de gesso e deixar que seque
o suficiente para ser retirado. Eu costumo introduzir uma haste, ou algum material no
centro do gesso ainda úmido, para facilitar na hora de desmoldar.

     Com o molde positivo, você poderá produzir seu molde negativo, é este molde que
será utilizado para a aplicação de papietagem para a produção de máscaras de forma
geral.

     Você pode impermeabilizar seu molde positivo com goma laca ou não, depois de
seco, isso é opcional, pois de forma geral não irá interferir no processo de fabricação do
molde negativo.

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Como fazer o molde negativo

     Uma vez que você já tenha seu molde positivo, este deve ser colocado sobre uma
superfície plana encapada com material plástico, para facilitar na produção de seu
molde negativo, uma vez que o gesso não adere ao plástico e facilita na hora de
desmoldar.

     Basta passar a vaselina sobre toda a superfície de seu molde e cobri-lo de gesso
(gesso em pó dissolvido em água – mesmo processo que foi mencionado no processo
de fabricação do molde positivo).

     De forma geral, você necessitará de 2kg a 3kg de gesso, dependendo do tamanho do
rosto do modelo. É muito importante que este molde negativo tenha uma boa
espessura para ter resistência e não correr o risco de se partir com facilidade, assegure-
se de que a parte superior, onde se encontra o nariz e o queixo tenha também uma boa
espessura para evitar que rache ou que quebre nessa região.

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Após a secagem do gesso, basta puxar pela haste que foi introduzida no molde positivo
para sua retirada. Deixe secar muito bem, (O tempo de secagem varia de acordo com a
temperatura a que o molde for exposto para a secagem). Como no Brasil a temperatura
costuma ser alta quase todo o ano, acredito que em média de 3 dias exposto ao sol,
você terá um molde suficientemente seco.

     Quando estiver bem seco seu molde negativo, este deve ser impermeabilizado com
goma laca, para que você possa utilizá-lo no processo de papietagem, uma vez que para
a papietagem será aplicado papel umedecido e como o gesso se trata de um material
poroso, ele pode absorver a umidade e vir a mofar com o tempo, a goma laca irá
impedir que isso aconteça e garantirá o uso de seu molde por um longo tempo.

     Com o molde negativo pronto, você já pode iniciar a fabricação de máscaras.


28
Técnica de papietagem

A técnica de papietagem ``Carta pesta´´,


em italiano, vem sendo utilizada a muito
tempo em artesanatos diversos, como na
criação de vasos, bonecos de fantoche, na
fabricação de carros alegóricos no
carnaval do Brasil, e claro, na produção de
máscaras de forma geral, é ela também, a
técnica utilizada na produção de máscaras
de Veneza.

     Esta técnica consiste em sobrepor camadas de papel, intercaladas por uma camada
de cola, que pode ser cola de papel ou cola de madeira. Para ajudar na aplicação, eu
utilizo também a cola de papel de parede, ou a cola de farinha caseira.
Pode-se utilizar vários tipos de papel para fazer a papietagem, porém é importante
lembrar que o papel a ser utilizado deve apresentar tramas (fibras da celulose do
papel) ao ser rasgado com as mãos. São essas tramas que proporcionarão a conexão
entre um pedaço de papel com outro aos sobrepô-los.
29
     Na Itália se utiliza um papel a base de papelão, grosso e flexível, mas também pode-se
obter um bom resultado com papel craft (saquinho de pão), o mais comum que seria o
jornal (de fácil acesso) e que gosto muito pela flexibilidade e as tramas são perfeitas
para este trabalho, além de poder ser encontrado em qualquer lugar sem nenhum custo,
e também utilizo o WASHI ( papel japonês ), que também tem uma flexibilidade muito
boa e suas tramas são ótimas no processo de papietagem. O que mais difere no uso dos
papéis é a quantidade de camadas de papietagem que serão necessárias para conseguir
uma espessura de aproximadamente 3mm para dar uma boa resistência a sua máscara.

    Se puder fazer com o papel a base de papelão, uma vez que é mais grosso, 3 camadas
serão o suficiente, caso opte por fazer com papel craft ou jornal, necessitará de mais
camadas uma vez que estes papéis são mais finos, aconselho utilizarem o jornal , que
neste caso necessitará de aproximadamente  de 6 a 8 camadas de papietagem,
dependendo da qualidade do papel, o papel craft por sua vez, tende a ser mais fino, o
que pode ser usado por exemplo, na primeira camada da papietagem que ficará do lado
externo da máscara, e as outras camadas poderão ser de jornal.

    Se tiver acesso ao papel WASHI (papel japonês), pode usá-lo para fazer o acabamento
interno da máscara, como última camada no processo, o efeito fica muito bonito, e ajuda
a dar um acabamento muito satisfatório.

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Técnica de Craquelê

     Assim como a técnica de papietagem, a


técnica de craquelê também vem sendo
utilizada ao longo dos anos na produção de
diversos artesanatos, e também se faz
presente na criação de máscaras de Veneza.

     Para esse efeito incrível, você necessitará de 2 vernizes, um verniz base e o verniz
craquelê.

     Após pintar a máscara com a cor desejada, aplicar o verniz base para fixar a tinta
acrílica que foi passada, esperar secar por aproximadamente 15 minutos (o tempo de
secagem dependerá da temperatura a que a máscara for exposta neste processo), e em
seguida aplicar o verniz craquelê, ao secar, ele criará o efeito craquelado na peça, onde
passo uma cera de envelhecimento para definir os sulcos criados pelo verniz craquelê.

     Obs: Gosto de aplicar a cera de envelhecimento com uma escova de dentes, pois as
cerdas da escova ajudam a preencher os sulcos (rachaduras) do craquelado.
31
    
      De forma geral, este verniz pode ser aplicado em uma base pintada de tintas acrílicas,
ou tinta de parede, que são as que utilizo na criação de minhas máscaras, em outros
artesanatos, você pode também aplicar uma tinta sobre o verniz craquelê, que este por
sua vez, dará o efeito craquelado na tinta que foi aplicada sobre ele ( como se o verniz
craquelê fosse o recheio de um sanduíche entre a tinta de fundo e a que deseja que
fique com o efeito craquelado).

     Obs: O efeito craquelado, se dará de diversas formas, em tamanhos maiores ou


menores, dependendo da temperatura ambiente e da umidade do ar em que for exposta
a peça no processo de craquelagem. Caso a peça for exposta a uma temperatura quente
e ar seco, como é o caso da maioria dos dias no Brasil, provavelmente você irá obter um
efeito de craquelados grandes, caso a temperatura estiver quente, porém com umidade
do ar elevada, provavelmente o efeito da craquelagem será de rachaduras pequenas.

     De forma geral, quanto mais úmido estiver o ar, menor será as rachaduras do
craquelamento.
     O efeito craquelado também pode mudar de acordo com a forma que o verniz
craquelê for passado na peça, com pinceladas retas, em enformas de cruz ou em zigue-
zague por exemplo, cada uma dará um efeito diferente nas rachaduras ao secar.

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Técnica de envelhecimento

     Na criação de minhas máscaras, utilizo basicamente cera de envelhecimento para


madeira ou o betume nesse processo de envelhecimento de minhas peças.

     A cera ou o betume são aplicados com um tecido macio de algodão ou pincel sobre a
peça já pintada e envernizada com verniz em spray transparente ou com goma laca.
Dependendo da cor que desejo obter como resultado final, utilizo um dos produtos
mencionados.

     Após envelhecer com a cera ou com o betume, passo uma camada de verniz em spray
para fixação.

    Ao envelhecer uma máscara com esta técnica, você consegue valorizar os detalhes da
máscara, como suas cavidades (partes côncavas), marcas de expressão e os detalhes em
relevo que fazem com que suas máscaras criem vida. Além de dar ao seu trabalho um
aspecto de arte do século XVI e XVII onde a arte barroca era muito valorizada.
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Técnica de aplicação de folha de ouro ou
de prata

     Para a aplicação de folha de ouro ou de prata nas máscaras de Veneza, você


necessitará de um verniz específico, chamado `` Verniz mordente´´, este verniz dará o
que chamamos de ``ponto de mordência´´ necessário para a aplicação da folha de ouro
ou de prata.

    O verniz deve ser aplicado nos locais onde deseja aplicar as folhas de ouro ou prata,
esperar que obtenha o ponto de mordência, que pode ser de 15 a 30 minutos
(dependendo da temperatura a que for exposto para a secagem), após obter o ponto de
mordência, o verniz não perde esta textura, possibilitando  passa-lo até mesmo 1 dia
antes da aplicação da folha de ouro ou prata, o que permite passa-lo em várias peças de
uma só vez, e aplicar as folhas de ouro ou prata também em todas as peças de uma só
vez caso faça vários trabalhos ao mesmo tempo.

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     Para aplicar a folha de ouro ou prata, eu utilizo um pincel macio para fixação (que
pode ser um pincel de aplicação de blush para maquiagem por exemplo) e uma luva de
tecido para impedir que a folha grude na minha mão, uma vez que ela é muito delicada e
adere a superfícies úmidas, como a mão por exemplo. Caso não tenha uma luva de
tecido, pode-se também passar talco nas mãos para evitar que as folhas grudem nas
suas mãos.

     Com o verniz já no ponto de mordência, aplico as folhas sobre ele e pressiono com o
pincel para a fixação, também utilizo as mãos com a luva de tecido para pressionar e
ajudar na fixação sem exercer muita pressão. Após a aplicação das folhas em toda a
superfície desejada, tiro o excesso das folhas de ouro (ou prata) com o pincel que utilizei
para a aplicação.

     Para finalizar a aplicação, passo uma camada de verniz em spray, ou pode-se utilizar a
goma laca também nesse processo de finalização

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     Obs.: Eu particularmente prefiro o verniz em spray transparente, tanto pela
facilidade de aplicação quanto pelo fato de que às vezes a goma laca pode deixar
marcas do pincel que foi utilizado para aplica-la, se optar por goma laca, aconselho
utilizar um pincel de cerdas bem macias.

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Técnica de alto relevo

     Em Veneza, os detalhes em alto relevo nas máscaras são feitos basicamente de cola
quente, o que eu não aconselho para quem não tem ainda muita habilidade no manuseio
da cola quente, pois exige muita destreza para sua aplicação nesse processo, uma vez
que estou falando da criação dos detalhes em alto relevo que irão enriquecer a sua
máscara. Para ser bem sincero, esta era uma das partes do processo de criação de
máscaras que me despertava muitas dúvidas, pois só fui saber que utilizam cola quente
quando estive em Veneza.

No processo de criação e desenvolvimento


de minhas próprias técnicas para reproduzir
as máscaras de Veneza, testei vários
produtos na busca pela perfeição, e deixo
aqui para vocês como faço os detalhes em
alto relevo em minhas máscaras. Acredito
que desta forma estarei ajudando a excluir
qualquer risco de pôr tudo a perder no seu
trabalho, pois a cola quente, uma vez aderida
na superfície de sua máscara, caso erre
algum traço, com certeza irá estragar tudo
na remoção da cola.

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 Utilizo basicamente massa corrida e cola de madeira, nas seguintes proporções:

     1/3 de cola de madeira em relação à quantidade de massa corrida.

     Basta misturar bem os dois itens e colocar em uma bisnaga para a aplicação. A cola de
madeira dará uma elasticidade perfeita para a aplicação além de proporcionar uma
aderência muito boa do produto, na superfície onde for aplicada. Com esta mistura,
poderá aplicar sobre seu trabalho, sem medo de errar, pois caso isso aconteça, basta
retirar com o dedo mesmo ou com um tecido úmido e refazer seu trabalho em alto
relevo quantas vezes for necessário.

     Esta técnica é perfeita para quem está iniciando na produção de máscaras.

38
Como aplicar rendas e swarovisk
nas máscaras
     Para aplicar as rendas nas máscaras eu experimentei vários tipos de colas, muitas
delas não me davam um resultado eficaz, ou a cola ficava aparecendo depois de secar ou
não me dava a aderência necessária. A cola mais ideal para esse processo é a cola em gel
para artesanato em geral, esta cola pode ser utilizada para aplicação de rendas e
também de pedras de swarovisk. Ao secar, além de ficar totalmente transparente, a
aderência é perfeita para as rendas e swarovisk.

39
Como aplicar fitas de rendas, barbantes e
outros materiais de acabamento

     Para aplicar as fitas de renda, barbantes, etc.... no processo de acabamento, o ideal é a


cola quente, pois sua secagem é praticamente instantânea e sua aderência é muito
satisfatória para este fim. O importante é prestar atenção na quantidade de cola a ser
aplicada, pois dependendo da quantidade de cola ela pode aparecer, ficando em
evidência e o produto final não terá uma aparência muito elegante e bem feito, uma vez
que estamos fazendo o acabamento da arte final, se faz imprescindível que os detalhes
sejam cuidadosamente aplicados para que seu produto final tenha uma característica de
fina arte.

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Materiais necessários para iniciar na
produção de máscaras de Veneza

-  Atadura de gesso.
- Gesso em pó (material de construção).
- Massa corrida (material de construção).
- Bacia plástica.
- Espátula de silicone.
- Massinha de modelar.
- Cola de madeira.
- Cola de papel de parede (ou cola de farinha caseira).
- Vaselina.
- Jornal.
- Papel colorido para a finalização interna (pode ser papel crepom ou outro que tenha
flexibilidade ao ser umedecido).
- Tinta acrílica em spray de várias cores.
- Verniz em spray.
- Goma laca.
- Betume.
- Cera para envelhecimento de madeira.
- Verniz mordente (caso queira fazer aplicação de folha de ouro ou prata).
- Folha de ouro e prata (opcional).
- Luva de tecido (para a aplicação de folha de ouro e prata).
- Pincéis de cerdas macias.
- Lixa de papel (finas).
- Tecido de feltro.
- Fita de cetim.
- Arame galvanizado ou plastificado (de 1.2 mm).
- Rendas, pedrarias, penas, etc., para decoração (opcional).

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Ferramentas :

- Tesoura.
- Pinça.
- Espátulas (variadas) - para misturar produtos, ou para ajudar na aplicação de detalhes
nas máscaras.
- Estilete.
- Batedor (de bolo) – (para misturar o gesso na fabricação de moldes).
- Arame (galvanizado ou plastificado).
- Alicate.
- Pistola de cola quente (incluindo os bastões de cola quente).

     Obs.: Deixei aqui uma lista de materiais indispensáveis para iniciar na produção de
máscaras de Veneza, lembrando que os materiais e ferramentas necessárias
dependerão do que você deseja produzir e do que deseja agregar em suas criações.
Tipos de cola para aplicação de rendas e materiais de decoração não estão inclusos
nesta lista, uma vez que são inúmeras as possibilidades de criação de um artista.

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Agradecimento

     Antes de mais nada, deixo aqui meus sinceros agradecimentos a quem se aventurou
ao baixar o meu e-book.

     Na esperança de que este e-book possa ajudá-los dizer-te-ei que fi-lo o mais
detalhado possível as técnicas para a produção de máscara de Veneza.

     Tenho a esperança de que com isso ajudar-te-ei na fabricação de suas máscaras e na


realização, como um convite, a viajarem nesse universo místico e fascinante da Arte das
Máscaras e com isso estaremos contribuindo para que essa arte perpetue por mais
algumas décadas na história da raça humana com suas inúmeras maneiras de enxergar a
vida  e a arte com criatividade.

     Não menos importante, menciono que pretendo com este material, deixá-lo a quem
quer que se interesse, tais como, informações  que obtive durante a minha trajetória de
vida na arte, além de técnicas que desenvolvi por mais de 30 anos. De uma forma
simples e com imagens para ilustrar as técnicas que eu utilizo, facilitando a
compreensão de uma forma  que nunca encontrei disponibilizada em minhas buscas por
informações plausíveis que me ajudassem no processo de fabricação das mesmas. Eis
aqui, um material rico em informações teóricas e visuais que o fiz com um prazer
incomensurável.

     Todo o meu esforço e de pessoas envolvidas nesse projeto, dar-se-a válido com a
leitura destas singelas palavras.

     Desejo toda a sorte em suas trajetórias como “MASCHERERI”!!!

Jin Takahashi

www.jintakahashi.com.br 43

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