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ECONOMIA DA ENGENHARIA

Apostila do curso

SUMÁRIO:

1 – FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA ................................................ 1


1.1 – Capital ......................................................................................................................... 1
1.2 – Juros ............................................................................................................................ 1
1.3 – Taxa de juros .............................................................................................................. 2
1.4 – Montante ..................................................................................................................... 2
1.5 – Diagrama de fluxo de caixa ....................................................................................... 2
1.6 – Regimes de capitalização ........................................................................................... 3
2 – JUROS SIMPLES .............................................................................................................. 5
3 – JUROS COMPOSTOS....................................................................................................... 7
3.1 – Equivalência de taxas compostas ............................................................................. 8
3.2 – Taxa nominal e efetiva............................................................................................... 9
4 – DESCONTO SIMPLES ................................................................................................... 11
4.1 – Desconto simples comercial .................................................................................... 11
4.2 – Desconto simples racional ....................................................................................... 14
4.3 – Equivalência de capitais para desconto simples ................................................... 15
5 – DESCONTO COMPOSTO ............................................................................................. 16
5.1 – Desconto composto comercial ................................................................................. 16
5.2 – Desconto composto racional.................................................................................... 18
5.3 – Equivalência de capitais para desconto composto ................................................ 20
6 – SÉRIES UNIFORMES .................................................................................................... 21
6.1 – Séries uniformes de Capitalização ......................................................................... 21
6.1.1 – Montante para Série de capitalização postecipada ............................................ 22
6.1.2 – Montante para Série de capitalização antecipada ............................................. 24
6.2 – Séries uniformes de Amortização ........................................................................... 26
6.2.1 – Valor atual para Série de amortização postecipada .......................................... 26
6.2.2 – Valor atual para Série de amortização antecipada ........................................... 29
7 – SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO ................................................................................. 32
7.1 – Sistema Francês de Amortização (SFA) ................................................................ 32
7.2 – Sistema de Amortização Constante (SAC) ............................................................ 34
7.3 – Sistema de Amortização Misto (SAM) ................................................................... 36
7.4 – Sistema de Amortização Americano (SAA)........................................................... 38
8 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ................................................................................. 40
8.1 – Taxa Mínima de Atratividade [im] ......................................................................... 41
8.2 – Valor Presente Líquido [VPL] ................................................................................ 43
8.3 – Taxa de Rentabilidade [TR] ................................................................................... 47
8.4 – Índice Benefício/Custo [IBC] .................................................................................. 48
8.5 – Taxa Interna de Retorno [TIR] .............................................................................. 50
8.6 – Tempo de Retorno do Investimento [Payback]..................................................... 52

Material elaborado pelo Prof. Paulo Zanellato


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1 – FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

Nas transações financeiras e comerciais, a movimentação de dinheiro (pagamentos e


recebimentos) ocorre em instantes diferentes de tempo. Dessa forma, aplicações ou
empréstimos realizados hoje terão um valor maior no futuro. Por outro lado, quantias
disponíveis no futuro, se avaliadas hoje, terão seus valores reduzidos. Estas situações levam
ao conceito de valor do dinheiro no tempo, ou seja, de que o dinheiro terá valores diferentes
em cada instante de tempo.

Para melhor compreensão do conceito de valor do dinheiro no tempo, suponha que se


pergunte a uma pessoa se ela prefere receber R$ 100,00 hoje, ou os mesmos R$ 100,00 no
final de um ano. A resposta certamente seria R$ 100,00 hoje. No entanto, se a pergunta fosse
receber R$ 100,00 hoje ou R$ 148,00 no fim de um ano, a resposta poderia ser: “- Depende”.
Para responder a pergunta, a pessoa analisaria se vale a pena deixar de usar os R$ 100,00 para
atender a uma necessidade ou desejo (trocar de carro, fazer uma viagem), ou se seria mais
vantajoso privar-se desse desejo ou necessidade atual para receber R$ 148,00 no fim de um
ano. Caso esta pessoa concorde com a proposta, na prática ela estará fixando valores para seu
dinheiro no tempo, ou seja, R$ 100,00 para ela hoje valem R$ 148,00 ao fim de um ano,
evidenciando que uma mesma quantia tem valores diferentes em diferentes instantes de
tempo.

Pode-se imaginar, também, uma situação na qual uma pessoa pretenda vender um terreno por
R$ 50.000,00 à vista. Após a publicação do anúncio, recebe várias propostas de compra, mas
todas elas incluindo uma parte à vista e o saldo financiado em diversas parcelas, sendo que
cada proposta apresenta diferentes planos de financiamento. Como escolher a proposta mais
interessante? A Matemática Financeira justamente estuda e propõe soluções para questões
como estas, pois é uma disciplina que tem por objetivo estudar as diversas formas de evolução
do valor do dinheiro no tempo, bem como as formas de análise e comparação de alternativas
para a aplicação e obtenção de recursos financeiros.

1.1 – Capital

Do ponto de vista da Matemática Financeira, Capital é qualquer valor expresso em moeda


(dinheiro ou bens comercializáveis) disponíveis em determinada época. Referida quantidade
de dinheiro também é denominada de capital inicial ou principal.

1.2 – Juros

Ao emprestarmos certa quantia por determinado período de tempo, costumamos cobrar uma
dada importância de tal modo que, ao fim do prazo estipulado, disponhamos não só da quantia
emprestada, como também de um acréscimo que compense a não-utilização do capital, por
nossa parte, durante o período em que foi emprestado. Desse modo, podemos definir Juro
como sendo o aluguel que deve ser pago ou recebido pela utilização de um valor em dinheiro
durante um determinado tempo. Juros é o rendimento, em dinheiro, proporcionado pela
utilização de uma quantia monetária, por um determinado período de tempo.
2

1.3 – Taxa de juros

O valor em dinheiro a ser pago ou recebido pela utilização do capital, denominado de juros, é
determinado pela taxa de juros à qual o dinheiro foi aplicado ou emprestado.

Taxa de juros é um coeficiente que corresponde à razão entre os juros pagos ou recebidos no
fim de um determinado período de tempo e o capital inicialmente empatado.

Exemplificando, qual a taxa de juros obtida por uma pessoa que investiu R$100,00 e recebeu
R$150,00 após 1 ano?

Temos:
Capital Inicial = R$ 100,00
Juros = R$ 150,00 - R$ 100,00 = R$ 50,00
Taxa de Juros = R$ 50,00 / R$ 100,00 = 0,5 ou 50% a.a.

A taxa de juros sempre se refere a uma unidade de tempo (dia, mês, ano, etc.) e pode ser
apresentada na forma unitária ou percentual (centesimal), sendo esta última a mais comum.

No exemplo, a taxa de juros (unitária) de 0,5 a.a. significa que cada R$ 1,00 de capital
aplicado rendeu R$ 0,50 de juro a cada ano de aplicação. Da mesma forma, pode-se dizer que
a taxa de juros percentual foi de 50% , ou seja, que cada R$ 100,00 rendeu R$ 50,00 de juro a
cada ano de aplicação. Trata-se apenas de formas de apresentação, sendo a percentual bem
mais comum na linguagem comercial, nos contratos e no dia-a-dia dos negócios.

1.4 – Montante

Denomina-se de Montante (ou capital final) de um financiamento ou aplicação financeira a


soma do capital inicialmente emprestado (ou aplicado) com os juros pagos ou recebidos.
Tomando-se o exemplo apresentado no item anterior, temos:

Capital Inicial = R$ 100,00


+ Juros = R$ 50,00
Montante = R$ 150,00

1.5 – Diagrama de fluxo de caixa

O fluxo de caixa representa a movimentação de recursos financeiros (entradas e saídas de


caixa) ao longo de um período de tempo. O diagrama de fluxo de caixa é uma representação
gráfica das transações financeiras ao longo do tempo. O tempo é representado por uma linha
horizontal dividida pelo número de períodos relevantes para análise. As entradas ou
recebimentos são representados por setas verticais apontadas para cima. As saídas ou
pagamentos são representados por setas verticais apontadas para baixo.
Entrada (+)
t1 t2
tempo (n)
t0
Saída (-) Saída (-)
3

Exemplo:

Uma pessoa faz um empréstimo de R$ 1.000,00 em um banco para quitá-lo em 3 parcelas


fixas de R$ 400,00. Represente o fluxo de caixa desta operação.

 Do ponto de vista do tomador (pessoa):

R$ 1.000,00
t1 t2 t3
tempo (n)
t0

R$ 400,00 R$ 400,00 R$ 400,00

 Do ponto de vista do emprestador (banco):

R$ 400,00 R$ 400,00 R$ 400,00


t0
tempo (n)
t1 t2 t3

R$ 1.000,00

1.6 – Regimes de capitalização

Quando um capital é emprestado ou investido a uma certa taxa de juros, por diversos
períodos, o montante pode ser calculado de acordo com dois regimes básicos de capitalização:
simples e composta.

I – Regime de capitalização simples:

No regime de capitalização simples, somente o capital inicial rende juros, ou seja, os juros
são devidos ou calculados exclusivamente sobre o principal ao longo dos períodos de
capitalização a que se refere a taxa de juros. Neste regime, o montante de um capital inicial de
R$ 100,00 aplicado durante 4 anos, a uma taxa de 10% a.a., apresentará a seguinte evolução:

1º ano: 10% a.a. significa que cada R$ 100,00 de capital produz R$ 10,00 de juros ao ano.
No 1º ano os juros serão de R$ 10,00 e o montante atingirá R$ 110,00.
2º ano: Como os juros incidem somente sobre o capital inicial, os juros produzidos serão
iguais aos produzidos no 1º ano (R$ 10,00). O montante, ao final do 2º ano,
corresponderá ao montante do final do 1º ano (R$ 110,00), acrescido dos juros
gerados (R$ 10,00) no 2º ano, totalizando R$ 120,00.
3º ano: Os juros serão de R$ 10,00 e o montante passará para R$ 130,00.
4º ano: Os juros serão de R$ 10,00 e o montante passará para R$ 140,00.
Ao término dos 4 anos, os juros serão R$ 40,00 e o montante totalizará R$ 140,00.
4

O fluxo de caixa do aplicador será:

M = R$ 140,00
R$ 110,00 R$ 120,00 R$ 130,00
t0

t1 t2 t3 t4
C = R$ 100,00

II – Regime de capitalização composta:

O regime de capitalização composta considera que os juros produzidos ao final de cada


período são somados ao montante do início do período seguinte e essa soma passa a render
juros no período seguinte e assim sucessivamente.

Tomando-se o mesmo exemplo do item anterior, tem-se:

1º ano: O capital está aplicado a 10% a.a, significando que cada R$ 100,00 de capital
produz R$ 10,00 de juros e o montante será de R$ 110,00 no final do 1º ano.
2º ano: Agora, o capital que passa a produzir rendimento no 2º ano é de R$ 110,00. Como
cada R$ 100,00 de capital produz R$ 10,00 de juros, R$ 110,00 de capital irá
produzir R$ 11,00 de juros e o montante vai para R$ 121,00.
3º ano: O capital inicial será de R$ 121,00 e os juros de 10% a.a., ou seja, no final do 3º
ano os juros produzidos serão de R$ 12,10 e o montante será de R$ 133,10.
4º ano Os juros são calculados sobre R$ 133,10 à taxa de 10% a.a., resultando R$ 13,31
de juros no 4º ano. O montante, por sua vez, atingirá R$ 146,41.

O fluxo de caixa do aplicador será:

M = R$ 146,41
R$ 110,00 R$ 121,00 R$ 133,10
t0

t1 t2 t3 t4
C = R$ 100,00

Tomando-se os dados dos exemplos dos dois itens anteriores, pode-se compor o seguinte
quadro comparativo:

REGIME DE CAPITALIZAÇÃO
Período Simples Composta
Juros Montante Juros Montante
1º ano 10,00 110,00 10,00 110,00
2º ano 10,00 120,00 11,00 121,00
3º ano 10,00 130,00 12,10 133,10
4º ano 10,00 140,00 13,31 146,41
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2 – JUROS SIMPLES

Juros simples é aquele pago unicamente sobre o capital inicial ou principal.

No regime de capitalização simples, o juro é calculado sempre sobre o capital inicial e seu
valor é igual em todos os períodos considerados. Assim, supondo um capital de R$ 100,00
aplicado a juro simples de 5% a.m., durante 4 meses, os juros podem ser calculados como
segue:

No final de cada mês, o capital R$ 100,00 renderá R$ 5,00 de juros, ou R$ 100,00 x 0,05.

Note-se que os juros são todos iguais, pois são sempre calculados sobre o mesmo capital
inicial. Os juros podem ser retirados no fim de cada mês ou no final de 4 meses que o total
será sempre o mesmo, ou seja, R$ 20,00.

Na prática, como os juros serão iguais todos os meses e a taxa de juros é aplicada somente
sobre o capital inicial, o total de juros pode ser calculado pela multiplicação do juro mensal
produzido R$ 5,00 (5% de R$ 100,00 ou R$ 100,00 x 0,05) pelo nº de meses (4) que é o
tempo em que o capital fica aplicado, totalizando R$ 20,00.

 Cálculo dos juros simples (J):

J=Cin

Onde:
J  juro
C  capital inicial ou principal
i  taxa unitária
n  número de períodos consecutivos

 Cálculo do montante (M):

M=C+J
M=C+Cin
M=C(1+in)

Exemplo:
Calcular os juros simples e o montante de um capital de R$ 1.000,00 aplicado à taxa de 2%
a.m., durante 6 meses.

J=Cin
J = 1.000 ∙ 0,02 ∙ 6
J = 120,00

M=C+J
M = 1.000 + 120
M = 1.120,00
6

 Cálculo de taxas proporcionais:

Em regime de capitalização simples, duas taxas são proporcionais se seus valores formarem
uma proporção com seus respectivos períodos de tempo, reduzidos numa mesma unidade.

i1 i
 2
n1 n 2

Exemplo:
a) Qual a taxa mensal proporcional a taxa de 24% a.a.?

i1 i i 24 24
 2  1   12 i 1  24  i 1   i 1  2% a.m.
n1 n 2 1 12 12

b) Qual a taxa anual proporcional a 1,5% a.m.?

i1 i i 1,5
 2  1   i 1  12 1,5  i 1  18% a.a.
n1 n 2 12 1

Nota: Para juros simples, taxas proporcionais também são consideradas equivalentes.

Exercícios:

1. Calcular os juros simples produzidos por um capital de R$ 2.000,00 aplicado à taxa de 1%


a.m. durante 1 ano e 2 meses.

2. Um capital de R$ 4.000,00 rendeu em um mês a importância de R$ 1.000,00 de juros.


Calcule a taxa de juros simples.

3. Calcular o montante de um capital de R$ 1.200,00 empregado à taxa de juros simples de


0,5% a.m. durante 2 anos e 6 meses.

4. Calcular o capital que deve ser empregado para gerar um montante de R$ 6.500,00
aplicado à taxa de juros simples de 5% a.m. durante 6 meses.

5. Um capital de R$ 8.000,00 gerou um montante de R$ 9.440,00 durante 1 ano e 6 meses


sob regime de capitalização simples. Qual a taxa de juros anual praticada?

6. Qual a taxa anual proporcional a 4% a.t.?

7. Qual a taxa semestral proporcional a 3,0% a.a.?


7

3 – JUROS COMPOSTOS

Os juros compostos ou derivados de capitalização composta são aqueles que sucessivamente


incidem sobre o valor atualizado do montante de cada período de capitalização.

Enquanto que os juros simples possuem progressão aritmética, os juros compostos possuem
progressão geométrica.

 Cálculo do montante (M):

M = C ( 1 + i )n

Onde:
M  montante
C  capital inicial ou principal
i  taxa unitária
n  número de períodos consecutivos

 Cálculo dos juros compostos (J):

J=M–C
J = C ( 1 + i )n – C
J = C [( 1 + i )n – 1]

Exemplo: Um capital de R$ 10.000,00 foi aplicado em regime de capitalização composta


durante o período de 3 meses a uma taxa de 1,5% mensais. Calcule o montante e os juros da
operação.

M = C ( 1 + i )n = 10.000 ( 1 + 0,015 )3 = 10.000 ( 1,015 )3 = 10.000 ∙ 1,0456784


M = 10.456,78

J = M – C = 10.456,78 – 10.000
J = 456,78

Exercícios:

8. Calcule o montante produzido de um capital de R$ 2.000,00 aplicado a uma taxa de juros


compostos de 2% a.m. durante 8 meses.

9. Durante quanto tempo se deve aplicar um capital de R$ 3.000,00 a uma taxa de 3% a.m.
para produzir um montante R$ 6.000,00 ?

10. Calcular os juros compostos de um capital de R$ 6.000,00 aplicado à taxa de 0,5% a.m.
durante 5 meses.

11. Um capital de R$ 2.000,00 é aplicado a juros compostos durante 3 meses, obtendo-se um


rendimento de R$ 185,45. Calcule a taxa mensal da aplicação.
8

12. Considerando o fluxo de caixa apresentado abaixo com as movimentações de uma


caderneta de poupança e que o rendimento composto foi de 0,5% ao mês, calcule o saldo
ao fim de 1 ano:

5.000 5.000 10.000 3.000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

3.000 5.000 7.000

3.1 – Equivalência de taxas compostas

Duas ou mais taxas são equivalentes quando, aplicadas a um mesmo capital, em um mesmo
período de tempo, produzem montantes iguais.

Exemplo:
Calcular o montante produzido por um capital de R$ 1.000,00 durante 1 ano, nas seguintes
condições:
a) 2,00 % a.m.
b) 4,04 % a.b.

Solução:
a) Ma = C ( 1 + i )n = 1.000 ( 1 + 0,0200 )12 = 1.000 ( 1,0200 )12 = 1.268,24
b) Mb = C ( 1 + i )n = 1.000 ( 1 + 0,0404 )6 = 1.000 ( 1,0404 )6 = 1.268,24

Logo, as duas taxas são equivalentes, pois produzem o mesmo montante ao final do
período de aplicação

Para verificar a equivalência de taxas, vale a seguinte relação:

( 1 + ia ) = ( 1 + is )2 = ( 1 + it )4 = ( 1 + ib )6 = ( 1 + im )12 = ( 1 + id )360

Onde:
ia  taxa anual de juros compostos is  taxa semestral de juros compostos
it  taxa trimestral de juros compostos ib  taxa bimestral de juros compostos
im  taxa mensal de juros compostos id  taxa diária de juros compostos

Exemplo:
Calcular a taxa semestral composta equivalente a 6% a.a.

( 1 + is )2 = ( 1 + ia )
( 1 + is )2 = ( 1 + 0,06 )
( 1 + is )2 = ( 1,06 )
1 + is = ( 1,06 )1/2
1 + is = 1,0296
is = 1,0296 – 1
is = 0,0296
is = 2,96 % a.s.
9

Exercícios:

13. Calcule a taxa anual equivalente a 4% a.m.

14. Calcule a taxa semestral equivalente a 40% a.a.

15. Calcule a taxa trimestral equivalente a 2% a.m.

16. Calcule a taxa mensal equivalente a 25% a.s.

17. Calcule a taxa mensal equivalente a 0,5% a.d.

3.2 – Taxa nominal e efetiva

 Taxa Nominal é aquela em que a unidade de seu período de referência é diferente da


unidade do período da capitalização.

Exemplos:
 12% ao ano com capitalização mensal;
 5% ao mês com capitalização diária.

 Taxa Efetiva é aquela em que a unidade de seu período de referência corresponde com a
unidade do período da capitalização.

Exemplos:
 12% ao ano com capitalização anual;
 5% ao mês com capitalização mensal.

Para se transformar uma taxa nominal em taxa efetiva, deve-se dividir a taxa nominal pelo
número corresponde de períodos da capitalização.

Exemplos:

a) Calcular a taxa efetiva ‘i’ relativa à taxa nominal de 6% a.a. capitalizada mensalmente:

i = 6% ÷ 12 = 0,5% a.m.

b) Calcular a taxa efetiva anual, relativa à taxa de 12% a.a., com capitalização mensal:

i = 12% ÷ 12 = 1% a.m.

( 1 + im )12 = ( 1 + ia )
( 1 + 0,01 )12 = 1 + ia
( 1,01 )12 = 1 + ia
1,1268 = 1 + ia
ia = 1,1268 – 1
ia = 0,1268
ia = 12,68% a.a.
10

Exercícios:

18. Calcule a taxa efetiva mensal de uma taxa de 12% anual, com capitalização semestral.

19. Calcule a taxa efetiva anual equivalente a 2% ao mês, com capitalização mensal.

20. Certo capital foi aplicado a juros compostos de 12% a.a. com capitalização semestral
durante 2 anos. Sabendo que rendeu R$ 2.600,00 de juros, qual o montante obtido?

21. Calcule os juros obtidos de um capital de R$ 1.000,00 aplicado a uma taxa de juros
composta de 8% a.a. com capitalização trimestral durante o período de 1 ano e meio.

22. Uma pessoa precisa de R$ 6.000,00 por 2 anos. Oferecem-lhe o dinheiro com as seguintes
taxas de juros:
 2% a.m. capitalizados trimestralmente;
 2% a.m. capitalizados bimestralmente;
 2% a.m. a juros simples.
Qual a melhor opção?

23. O fluxo de caixa abaixo representa aplicações mensais que um investidor faz em uma
aplicação financeira que aufere um rendimento composto de 24% ao ano com
capitalização trimestral. Considerando todas as aplicações realizadas, determine o
montante total ao fim de um ano.

1.000,00 1.100,00 1.200,00 1.300,00 1.400,00


[mês]
t0 t1 t2 t3 t4

24. Uma empresa fez 3 empréstimos em um banco para pagamentos de matéria-prima:


 O 1º com taxa de juros de 2% ao mês capitalizados mensalmente;
 O 2º com taxa de juros de 2% ao mês capitalizados bimestralmente;
 O 3º com taxa de juros de 2% ao mês capitalizados trimestralmente.
Sabendo que todos os empréstimos foram do mesmo valor e tomados na mesma data,
determine os seus valores sendo que foram quitados conjuntamente por R$ 125.000,00 ao
fim de 1 ano.
11

4 – DESCONTO SIMPLES

Em operações financeiras, é muito comum compras a prazo ou empréstimos junto à


instituições financeiras. Nestas operações, o credor (quem cede a venda a prazo ou
empréstimo) emite um título de crédito, que é o comprovante da dívida.

Todo título de crédito tem uma data de vencimento que corresponde à data em que a dívida ou
parcela da dívida deverá ser quitada. Pode ocorrer que o devedor resolva quitar uma dívida
antes do vencimento, tendo direito a um abatimento denominado desconto (d).

Os títulos possuem um valor, chamado valor nominal (N), que corresponde ao seu valor no
dia do seu vencimento. Antes do vencimento, o título pode ser resgatado por um valor menor
que o nominal, denominado de valor atual (A).

Desta forma, o desconto é representado pela equação: d = N – A

Os títulos de crédito mais utilizados em operações financeiras são:

Nota promissória: É um título que comprova uma dívida financeira com vencimento pré-
determinado. Utilizado entre pessoas físicas ou entre pessoas físicas e instituições financeiras.

Duplicata: É um título emitido por uma pessoa jurídica contra seu cliente (pessoa física ou
jurídica) que comprova uma dívida assumida a ser paga no futuro.

4.1 – Desconto simples comercial

O desconto comercial (dc), também conhecido por desconto bancário ou “por fora”, refere-se
ao desconto calculado sobre o valor nominal de um título. Equivale aos juros simples onde o
capital inicial corresponde ao valor nominal do título de crédito.

O valor atual (Ac) de um título é aquele efetivamente pago (recebido) por este título na data
do resgate, ou seja, o valor atual de um título é igual ao valor nominal menos o desconto.

(Ac) i (N)
Operação Resgate Vcto
n

 Cálculo do desconto simples comercial (dc):

dc = N i n

Onde: Observação:
dc  desconto comercial O desconto simples comercial só deve ser
N  valor nominal do título aplicado para períodos curtos, pois para
i  taxa de desconto prazos longos o valor do desconto pode
n  número de períodos consecutivos até ultrapassar o valor nominal do título.
12

Exemplo:
Calcular o desconto simples comercial de um título de crédito no valor de R$ 5.000,00 à taxa
de 3% ao mês a ser resgatado 2 meses antes do vencimento.

dc = N i n = 5.000 ∙ 0,03 ∙ 2
dc = 300,00

 Cálculo do valor atual (Ac):

Ac = N – dc
Ac = N – ( N i n )
Ac = N ( 1 – i n )

Exemplo:
Uma promissória de valor nominal de R$ 400,00 foi resgatada 3 meses antes de seu
vencimento, à taxa de 9% ao ano. Qual o valor atual comercial ?

N = 400
i = 9% a.a. = 0,09 a.a.
n = 3 meses = 0,25 ano

Ac = N ( 1 – i n ) = 400 ( 1 – 0,09 ∙ 0,25 ) = 400 ∙ 0,9775


Ac = 391,00

Exercícios:

25. Calcular o desconto simples comercial de um título de crédito no valor de R$ 2.000,00 à


taxa de 6% ao mês a ser resgatado 2 meses antes do vencimento.

26. Uma duplicata de R$ 6.000,00 ao ser resgatada 120 dias antes do seu vencimento sofreu
R$ 300,00 de desconto simples por fora. Qual a taxa anual usada na operação?

27. Calcular o valor atual de um título de crédito de valor nominal de R$ 1.000,00 que sofreu
um desconto simples comercial, a uma taxa de 3% ao mês, 90 dias antes do vencimento.

28. Uma duplicata de R$ 6.900,00 foi resgatada antes de seu vencimento por R$ 6.072,00.
Calcule o tempo de antecipação, sabendo que a taxa de desconto simples comercial foi de
4% ao mês.

29. Os descontos simples comerciais de 2 títulos de crédito vencíveis em 90 dias, colocados à


taxa de 3% ao ano, somam R$ 200,00 e o desconto do primeiro excede do segundo no
valor de R$ 50,00. Calcular os valores nominais destes títulos.
13

 Cálculo da taxa de juro efetiva (if):

A taxa de juro efetiva (if) é aquela que realmente está sendo cobrada em uma operação de
desconto comercial, pois para um período n, torna o valor atual comercial (Ac) igual ao seu
valor nominal (N).

(Ac) i (N)
Operação Resgate Vcto
n

(C) if (M)

Dedução da fórmula de taxa de juro efetiva (if):


Partindo do montante simples: M=C(1+in)
Considerando: Tem-se:
M=N N  Ac
N  A ( 1  i n )  i 
C = Ac Ac  n
c f f

i = if
Sendo: dc
dc = N – Ac if 
Ac  n

Exemplos:

a) Um título de R$ 2.000,00 foi resgatado à taxa simples de 2% ao mês faltando 1 mês para
seu vencimento. Para o resgate, foi descontado R$ 41,60 por fora. Calcule a taxa de juro
efetiva nesta operação.
dc 41,60
A c  N  d c  2.000,00  41,60  1.958,40  if    2,12%
A c  n 1.958,40  1
b) Uma promissória foi descontada 20 dias antes de seu vencimento onerando um desconto
de R$ 330,00 por fora. Após a operação, verificou-se que a taxa simples efetiva foi de 9%
ao mês. Qual foi o valor recebido nesta operação?

n = 20 dias dc 330
dc = 330,00 if   0,003   A c  5.500,00
Ac  n A c  20
if = 9% a.m. = 0,3% a.d.

Exercícios:

30. Um título de R$ 5.000,00 foi resgatado 12 dias antes de seu vencimento por R$ 4.700,00.
Determine a taxa de desconto simples bancário e sua respectiva taxa de juro efetiva.

31. Um empresário resgatou um título de R$ 10.000,00 faltando 80 dias para seu vencimento.
Quanto foi o valor do resgate se a taxa simples efetiva cobrada foi de 4,5% ao mês?
14

4.2 – Desconto simples racional

O desconto racional ou “por dentro” corresponde aos juros simples calculados sobre o valor
atual do título, chamado nesta operação de valor atual racional (Ar). No desconto comercial, o
desconto correspondia aos juros simples calculados sobre o valor nominal (N) do título.

(Ar) i (N)
Operação Resgate Vcto
n

 Cálculo do desconto simples racional (dr):

dr = Ar i n

Onde:
dr  desconto racional
Ar  valor atual racional do título
i  taxa de desconto
n  número de períodos consecutivos

Observação: No desconto racional, a taxa de desconto equivale à taxa de juros da operação.

 Cálculo do desconto racional (dr) em função do valor nominal (N):

Como Ar = N – dr , o desconto racional pode ser assim representado:

Nin
dr = ( N – dr ) i n  d r 
1 i n

 Cálculo do valor atual racional (Ar):

O valor atual racional corresponde à diferença entre o valor nominal e o desconto racional:

Nin N
Ar  N  dr  N   Ar 
1 i n 1in

Exercícios:

32. Uma dívida de R$ 12.000,00 será saldada 4 meses antes de seu vencimento. Que desconto
simples racional será obtido se a taxa de juros contratada for de 27% a.a.?

33. Um título de crédito de valor nominal de R$ 1.600,00 sofre um desconto simples racional
à taxa de 1,5% ao mês, 75 dias antes de seu vencimento. Calcule o seu valor atual.
15

4.3 – Equivalência de capitais para desconto simples

No mercado financeiro, são muito comuns negociações que envolvem substituições de títulos
diferidos (vencimentos diferentes) por outro(s) título(s) ou, ainda, saber se duas formas de
pagamentos são equivalentes. Esses problemas são relacionados à equivalência de capitais
diferidos. Dois ou mais capitais diferidos são equivalentes, em certa época, quando seus
valores atuais, nessa época, são iguais.

Exemplo:

Um título de crédito de valor nominal de R$ 800,00 com vencimento para 45 dias é


substituído por outro para 60 dias. Calcule o valor nominal do novo título sabendo que a taxa
de desconto simples comercial é de 3% ao mês.

N1 = R$ 800,00 Como  A  N (1  in)


n1 = 45 dias = 1,5 mês Então :
i = 3% a.m.
N=? N (1  in)  N1 (1  in 1 )
n = 60 dias = 2 meses N (1  0,03  2)  800 (1  0,03 1,5)
0,94 N  764
Condição: A = A1
764
N  N  812,77
0,94

Exercícios:

34. Um título de crédito com vencimento para 75 dias e de valor nominal de R$ 10.000,00 é
substituído por outro para 4 meses, ambos à taxa de desconto simples comercial de 5% ao
mês. Calcule o valor nominal do novo título.

35. Uma empresa deve três títulos a um banco e deseja substituí-los por um único título com
vencimento para 1 ano. O primeiro título é de R$ 5.500,00 a vencer em 40 dias, o segundo
é de R$ 8.000,00 a vencer em 80 dias e o último é de R$ 12.000,00 a vencer em 3 meses.
Sabendo que a taxa de desconto simples comercial praticada pelo banco é de 6% a.m.,
qual é o valor do único título?

36. Uma pessoa parcela uma dívida em dois pagamentos iguais de R$ 2.500,00 a vencerem
em 30 e 60 dias. Considerando que, para pagamento antecipado, foi acordada uma taxa de
desconto simples por dentro de 6% ao mês, calcule por quanto a pessoa quita a dívida à
vista.

37. Um título no valor de R$ 10.000,00 para 4 meses substituiu dois outros títulos de crédito:
R$ 2.000,00 para 3 meses e R$ 6.000,00 para 2 meses. Qual foi a taxa de desconto
simples por fora praticada na operação?
16

5 – DESCONTO COMPOSTO

O conceito de desconto composto é similar ao de desconto simples, pois corresponde ao


abatimento que uma pessoa física ou jurídica obtém ao quitar um título de crédito antes de seu
vencimento.

O desconto composto é normalmente aplicado em operações de longo prazo, onde a aplicação


de desconto simples tornaria os resultados incoerentes.

Da mesma forma que no desconto simples, em desconto composto há dois tipos: o comercial
e o racional.

No mercado financeiro, o desconto composto comercial raramente é aplicado, pois pode


acarretar danos financeiros a uma das partes na operação. Por isso, o desconto composto
racional é mais usual, pois reflete a realidade imparcial de uma operação de desconto
composto.

5.1 – Desconto composto comercial

Similar ao desconto simples comercial, o desconto composto comercial (dc) é também


conhecido por desconto bancário ou “por fora” e refere-se ao desconto calculado sobre o valor
nominal de um título. Equivale aos juros compostos onde o capital inicial corresponde ao
valor nominal do título de crédito.

O valor atual (Ac) de um título é aquele efetivamente pago (recebido) por este título na data
do resgate, ou seja, o valor atual de um título é igual ao valor nominal menos o desconto.

(Ac) i (N)
Operação Resgate Vcto

 Cálculo do valor atual (Ac):

Em desconto simples comercial, o cálculo do valor atual é dado por  Ac = N ( 1 – i n )

Já em desconto composto comercial, o número de períodos (n) passa a ser o expoente da


expressão que envolve a taxa de desconto (i), formando a seguinte fórmula:

Ac = N ( 1 – i )n

Onde:
Ac  valor atual comercial
N  valor nominal do título
i  taxa de desconto
n  número de períodos consecutivos
17

 Cálculo do desconto composto comercial (dc):

Partindo do conceito de desconto:


dc = N – Ac
dc = N – N ( 1 – i )n
dc = N [ 1 – ( 1 – i )n ]

Exemplos:

a) Um título de R$ 10.000,00 a vencer em um ano é descontado no regime de juros


compostos, com uma taxa de desconto comercial de 1,2% ao mês. Determinar o valor
atual do título e seu respectivo desconto na operação.

N = 10.000
n = 1 ano = 12 meses
i = 1,2% a.m. = 0,012 a.m.

Ac = N ( 1 – i )n = 10.000 ( 1 – 0,012 )12 = 10.000 ∙ 0,8651


Ac = 8.651,00

dc = N – Ac = 10.000 – 8.651
dc = 1.349,00

b) Qual o desconto composto por fora que recebe um título de R$ 8.000,00 descontado com
antecipação de 10 meses do seu vencimento à taxa de 2% ao mês.

N = 8.000
n = 10 meses
i = 2% a.m. = 0,02 a.m.

dc = N [ 1 – ( 1 – i )n ]
dc = 8.000 [ 1 – ( 1 – 0,02 )10 ]
dc = 8.000 ∙ 0,1829
dc = 1.463,20

Exercícios:

38. Um título foi resgatado 8 meses antes de seu vencimento à taxa de desconto composto de
3% ao ano. Sabendo que seu valor de face é de R$ 8.000,00 e que o desconto foi
comercial, determine o valor pago na quitação do título.

39. Um título, ao ser quitado com 6 meses de antecipação, recebe um desconto de R$ 668,11 à
taxa de 3% ao mês. Considerando que o desconto composto foi realizado por fora, qual o
valor nominal do título?
18

5.2 – Desconto composto racional

Similar ao desconto simples racional, o desconto composto racional ou “por dentro”


corresponde aos juros compostos calculados sobre o valor atual do título, chamado nesta
operação de valor atual racional (Ar).

(Ar) i (N)
Operação Resgate Vcto
n

 Cálculo do valor atual (Ar):

N
Em desconto simples racional, o cálculo do valor atual é dado por  A r 
1 i n
Já em desconto composto racional, o número de períodos (n) passa a ser o expoente da
expressão que envolve a taxa de desconto (i), formando a seguinte fórmula:

N
Ar 
( 1  i )n

Onde:
Ar  valor atual racional
N  valor nominal do título
i  taxa de desconto
n  número de períodos consecutivos

 Cálculo do desconto composto racional (dr):

Partindo do conceito de desconto:


dr  N  Ar
N N [(1  i)n  1]  1 
dr  N    N 1  n
( 1  i )n ( 1  i )n  (1  i) 
dr = N [ 1 – ( 1 + i )-n]

Exemplos:

a) Calcular o valor atual racional de um título de R$ 10.000,00 a vencer em 8 meses à taxa


de desconto composto de 3% ao mês.

N 10.000 10.000
Ar     7.893,91
(1 i ) n
1  0,03 1,2668
8
19

b) Qual o desconto composto por dentro que recebe um título de valor nominal R$ 8.000,00
descontado com antecipação de 10 meses do seu vencimento à taxa de 2% ao mês.

N = 8.000
n = 10 meses
i = 2% a.m. = 0,02 a.m.

dr = N [ 1 – ( 1 + i )-n ]
dr = 8.000 [ 1 – ( 1 + 0,02 )-10 ]
dr = 8.000 ∙ 0,1797
dr = 1.437,21

Exercícios:

40. Calcule o valor atual de um título de crédito de R$ 1.200,00 quitado 2 meses antes de seu
vencimento à taxa de desconto composto por dentro de 1,5% ao mês.

41. Determinar o desconto racional composto de um título de R$ 6.000,00 vencível num prazo
de 2 anos, à taxa de 2% ao mês.

42. O desconto racional composto de um título de crédito no valor nominal de R$ 1.200,00 foi
de R$ 196,34. Sabendo que a taxa de desconto foi de 1,5% a.m., qual o prazo de
antecipação do pagamento?

43. Calcule o valor atual racional de um título de valor nominal de R$ 1.120,00 com
vencimento para 2 anos e 6 meses, à taxa de desconto composto de 36% ao ano,
capitalizados semestralmente.

44. Um título de valor nominal de R$ 1.500,00 foi resgatado 3 meses antes de seu
vencimento, tendo sido contratado à taxa de 30% ao ano, capitalizados mensalmente.
Sendo desconto composto racional, determine qual o desconto concedido na operação.

45. Em uma operação de desconto composto, o portador de um título recebeu R$ 36.954,00


como valor de resgate. Sabendo que a antecipação foi de 4 meses e que o desconto foi de
R$ 3.046,00 por dentro, qual foi a taxa de desconto mensal praticada na operação?
20

5.3 – Equivalência de capitais para desconto composto

Conforme descrito no estudo de equivalência de capitais para desconto simples, também em


desconto composto, dois ou mais capitais diferidos são equivalentes, em certa época, quando
seus valores atuais, nessa época, são iguais.

Calcular a equivalência de capitais consiste em estabelecer uma data de comparação para os


valores atuais dos títulos avaliados. Se resultar uma igualdade, pode-se concluir que esses
capitais diferidos são equivalentes. Ao contrário de desconto simples, em desconto composto
a data de comparação pode ser qualquer uma, porque os juros compostos são equivalentes
aos descontos compostos.

Exemplo:

Um título de crédito de valor nominal de R$ 800,00 com vencimento para 45 dias é


substituído por outro para 60 dias. Calcule o valor nominal do novo título sabendo que a taxa
de desconto composto comercial é de 3% ao mês.

N1 = R$ 800,00 Como  A  N (1  i) n
n1 = 45 dias = 1,5 mês
Então :
i = 3% a.m.
N=? N (1  i) n  N1 (1  i) n1
n = 60 dias = 2 meses N (1  0,03) 2  800 (1  0,03)1,5
Condição: A = A1 0,9409 N  764,27
764,27
N
0,9409
N  812,28

Exercícios:

46. Um título de crédito no valor de R$ 800,00 com vencimento para 4 meses é substituído
por outro com vencimento para 2 meses à taxa de desconto composto racional de 2% ao
mês. Qual é o valor nominal do novo título?

47. Duas promissórias, uma de R$ 4.000,00 vencível em 120 dias e outra de R$ 9.000,00
vencível em 180 dias serão resgatadas por um só pagamento dentro de 90 dias. Qual o
valor do resgate, no regime de juros compostos racional, à taxa de 3% ao mês?

48. Uma empresa fez os seguintes empréstimos em um banco:


 R$ 250.000,00 a vencer em 6 meses;
 R$ 350.000,00 a vencer em 9 meses;
 R$ 450.000,00 a vencer em 1 ano.
Em função de um investimento que a empresa terá que fazer para expandir seus negócios
e que, portanto, impedirá o pagamento dessas dívidas nos prazos acordados, foi solicitada
ao banco uma prorrogação dos vencimentos, de forma que todo o montante dos
empréstimos seja quitado num prazo de 2 anos. Para tanto, foi acordado com o banco
uma taxa de desconto composto por dentro de 1% ao mês. Nessas condições, determine
qual será o valor do montante devido pela empresa.
21

6 – SÉRIES UNIFORMES

Séries são eventos correlacionados que ocorrem segundo uma determinada temporalidade.

Em matemática financeira, as séries de recebimentos ou pagamentos constantes de


importâncias financeiras que ocorrem em intervalos iguais de tempo são chamadas Séries
Uniformes.

As séries uniformes referentes a recebimentos são chamadas de Capitalização, pois visam o


acúmulo crescente e contínuo de importâncias financeiras.

As séries uniformes referentes a pagamentos são chamadas de Amortização, pois visam à


redução gradual e contínua de um financiamento até sua quitação.

As Séries Uniformes de Capitalização e de Amortização são chamadas de Operações de


Renda Certa.

6.1 – Séries uniformes de Capitalização

As séries uniformes de capitalização são classificadas em postecipadas e antecipadas.

Uma série de capitalização é postecipada ou imediata quando os recebimentos ocorrem no


final de cada período de capitalização.

O fluxo de caixa para uma série de capitalização postecipada é o seguinte:

P1 P2 P3 ... Pn

tempo (n)
t0 t1 t2 t3 ... tn

P representa as parcelas de recebimentos.

Obs.: Quando, em um problema ou exercício, nada for informado quanto à classificação de


uma série, subentende-se que é postecipada.

Uma série de capitalização é antecipada quando os recebimentos ocorrem no início de cada


período de capitalização.

O fluxo de caixa para uma série de capitalização antecipada é o seguinte:

P1 P2 P3 P4 ... Pn

tempo (n)
t0 t1 t2 t3 ... tn
22

6.1.1 – Montante para Série de capitalização postecipada

O montante refere-se ao resultado do acúmulo de capital durante certo período de tempo.

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

A quantia de R$ 200,00 é depositada em um banco, no fim de cada mês, durante o período


de 5 meses. Sabendo que o banco remunera o capital em 1% ao mês, qual será o montante
capitalizado ao fim do período?

Neste caso, a representação do fluxo de caixa é a seguinte:


M

200 200 200 200 200

t0 t1 t2 t3 t4 t5

Calculando o montante, tem-se:

Mp = 200 + 200 (1+0,01)1 + 200 (1+0,01)2 + 200 (1+0,01)3 + 200 (1+0,01)4


Mp = 200 + 202 + 204,02 + 206,06 + 208,12
Mp = 1.020,20

Como é observado nesta situação, o montante postecipado pode ser representado pela seguinte
expressão:

Mp = P + P (1 + i)1 + P (1 + i)2 + P (1 + i)3 + P (1 + i)4

De forma geral, esta expressão pode ser:

Mp = P + P (1 + i)1 + P (1 + i)2 + P (1 + i)3 + ... + P (1 + i)n

Colocando-se P em evidência, tem-se:

Mp = P [ 1 + (1 + i)1 + (1 + i)2 + (1 + i)3 + ... + (1 + i)n ]

A soma entre colchetes equivale à soma dos termos de uma PG finita:

a 1 ( q n  1)
S
q 1
Adotando-se (a1 = 1) e (q = 1 + i ), tem-se:

a 1 ( q n  1) 1 [(1  i) n  1]
S 
q 1 1 i 1
(1  i) n  1
S
i
23

Desta forma, a fórmula do montante postecipado para uma série de capitalização será:

Mp  P  S

 (1  i)n  1 
Mp  P  
 i 

Obs.: S em capitalização é conhecido como Fator de acumulação de capital.

Voltando à situação do início desta seção, pode-se aplicar diretamente esta fórmula para se
obter o resultado do montante postecipado:

 (1  i) n  1
Mp  P  
 i 
 (1  0,01) 5  1
M p  200  
 0,01 
M p  200  5,1010
M p  1.020,20

Exercícios:

49. Uma pessoa deposita R$ 600,00 mensalmente em uma aplicação pré-fixada à uma taxa de
1% ao mês. Quanto possuirá ao fim de um ano e meio?

50. Qual a importância que uma pessoa deve depositar em um banco, no final de cada
semestre, a taxa de 5% a.s., capitalizados semestralmente, de tal modo que ao fazer o
sexto depósito forme o capital de R$ 2.000,00 ?

51. Quantas prestações mensais imediatas (ao fim do período) de R$ 150,00 devem ser
remuneradas à taxa de 1% a.m. a fim formar um montante de R$ 922,80 ?

52. Uma pessoa deposita trimestralmente R$ 120,00 em uma conta remunerada que paga juros
de 24,72% ao ano, capitalizados semestralmente. Em quanto tempo acumulará um capital
de R$ 1.187,70 ?

53. Uma caderneta de poupança que paga juros efetivos de 1% ao mês foi aberta com um
depósito de R$ 6.500,00. Efetuando depósitos mensais de R$ 442,37 , sendo o primeiro
após 30 dias da abertura da poupança, em quantos meses acumula-se R$ 80.000,00 ?

54. Um fundo de renda fixa paga juros de 60% a.a. capitalizados mensalmente. Um investidor
fez um depósito inicial de R$ 8.000,00 mais 22 depósitos mensais iguais e consecutivos,
sendo o primeiro após um mês da abertura da conta. Considerando que no fim do período
o fundo acusa um saldo de R$ 90.000,00 , qual o valor das aplicações mensais?
24

6.1.2 – Montante para Série de capitalização antecipada

Para fins de demonstração, considere a situação abaixo:

A quantia de R$ 200,00 é depositada em um banco, no início de cada mês, durante o


período de 5 meses. Sabendo que o banco remunera o capital em 1% ao mês, qual será o
montante capitalizado ao fim do período?

Neste caso, a representação do fluxo de caixa é a seguinte:

200 200 200 200 200 M

t0 t1 t2 t3 t4 t5

Calculando o montante, tem-se:

Ma = 200 (1+0,01)1 + 200 (1+0,01)2 + 200 (1+0,01)3 + 200 (1+0,01)4 + 200 (1+0,01)5
Ma = 202 + 204,02 + 206,06 + 208,12 + 210,20
Ma = 1.030,40

Como é observado na situação, o montante antecipado pode ser representado pela expressão:

Ma = P (1 + i)1 + P (1 + i)2 + P (1 + i)3 + P (1 + i)4 + P (1 + i)5

Contudo, para se aplicar a fórmula da soma da PG para se chegar à fórmula do montante


antecipado, é necessário inserir P em cada termo da expressão:

Ma + P = P + P (1 + i)1 + P (1 + i)2 + P (1 + i)3 + P (1 + i)4 + P (1 + i)5

De forma geral, esta expressão pode ser:

Ma + P = P + P (1 + i)1 + P (1 + i)2 + P (1 + i)3 + ... + P (1 + i)n

Colocando-se P em evidência, tem-se:

Ma + P = P [ 1 + (1 + i)1 + (1 + i)2 + (1 + i)3 + ... + (1 + i)n ]

A soma entre colchetes equivale à soma dos termos de uma PG finita:

a 1 ( q n  1)
S
q 1
Adotando-se (a1 = 1) , (q = 1 + i ) e adicionando 1 à n, tem-se:

a 1 ( q n  1) 1 [(1  i) n 1  1]
S 
q 1 1 i 1
(1  i) n 1  1
S
i
25

Desta forma, a fórmula do montante antecipado para uma série de capitalização será:

Ma  P  P  S
Ma  P  S  P
M a  P [S  ]
 (1  i)n 1  1 
Ma  P   1
 i 

Voltando à situação do início desta seção, pode-se aplicar diretamente esta fórmula para se
obter o resultado do montante antecipado:

 (1  i) n 1  1 
Ma  P   
 i 
 (1  0,01) 51  1 
M a  200   
 0,01 
M a  200  5,1520
M a  1.030,40

Exercícios:

55. Determinar o montante produzido por 8 parcelas de R$ 500,00 depositadas mensalmente a


juros de 1,5% a.m., sendo a primeira parcela antecipada.

56. Uma pessoa deseja fazer depósitos no início de cada bimestre, em um banco que paga
12% a.a. para construir o montante de R$ 1.500,00 no fim de um ano, sendo os juros
capitalizados bimestralmente. Qual o valor dos depósitos?

57. Quantos depósitos mensais antecipados de R$ 350,00 são necessários para constituir um
montante de R$ 3.909,05 à taxa de 2% a.m. capitalizados mensalmente?

58. Dez aplicações bimestrais antecipadas de R$ 1.000,00 são realizadas à taxa de 48% ao ano
com capitalização mensal. Qual o montante gerado pelas aplicações?
26

6.2 – Séries uniformes de Amortização

As séries uniformes de amortização são classificadas em postecipadas e antecipadas.

Uma série de amortização é postecipada quando os pagamentos ocorrem no final de cada


período de capitalização. O fluxo de caixa para uma série de amortização postecipada é o
seguinte:

t0 t1 t2 t3 ... tn
tempo (n)

P1 P2 P3 ... Pn

P representa as parcelas de pagamentos.

Uma série de amortização é antecipada quando os pagamentos ocorrem no início de cada


período de amortização. O fluxo de caixa para uma série de amortização antecipada é o
seguinte:

t0 t1 t2 t3 ... tn
tempo (n)

P1 P2 P3 P4 ... Pn

6.2.1 – Valor atual para Série de amortização postecipada

O valor atual refere-se ao resultante das parcelas de pagamento atualizado no ato da operação.

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Uma dívida é parcelada em 4 prestações, sem entrada, de R$ 200,00 à taxa de juros de 1%


ao mês. Qual o valor da dívida?

Neste caso, a representação do fluxo de caixa é a seguinte:

t0 t1 t2 t3 t4
tempo (n)

A 200 200 200 200

Para se calcular o valor da dívida, deve-se calcular o valor atual das parcelas no momento
da operação (t0). A fórmula de valor atual efetivo ou racional é a seguinte:

N
A
(1  i )n
27

Partindo da fórmula de valor atual, pode-se calcular o valor atual da situação descrita:

A p  A1  A 2  A 3  A 4
N N N N
Ap    
(1  i ) 1
(1  i ) 2
(1  i ) 3
(1  i )4
200 200 200 200
Ap    
( 1  0,01 ) 1
( 1  0,01 ) 2
( 1  0,01 ) 3
( 1  0,01 ) 4
200 200 200 200
Ap   2
 3

1,01 ( 1,01 ) ( 1,01 ) ( 1,01 ) 4
200 200 200 200
Ap    
1,01 1,0201 1, 0303 1,0406
Ap  198,02  196,06  194,12  192,20
A p  780,40

Como é observado nesta situação, o valor atual postecipado pode ser representado pela
seguinte expressão:

A p  A 1  A 2  ...  A n
N N N
Ap    ... 
(1  i ) 1
(1  i ) 2
(1  i )n
 1 1 1 
A p  N   ...  
(1  i ) (1  i ) (1  i )n 
1 2

A soma entre colchetes equivale à soma dos termos de uma PG finita:

a 1 ( q n  1)
S
q 1
 1   1 
Adotando - se  a 1   , q   e fazendo as devidas transformações, tem - se :
 1 i   1 i 
(1  i) n  1 1  (1  i) n
S 
i (1  i) n i

Desta forma, chamando N de P, a fórmula do valor atual postecipado para uma série de
amortização será:

Ap  P  S

1  (1  i)  n 
Ap  P  
 i 

Obs.: S em amortização é conhecido como Fator de amortização de capital.


28

Voltando à situação do início desta seção, pode-se aplicar diretamente esta fórmula para se
obter o resultado do valor atual postecipado:

1  (1  i)  n 
Ap  P  
 i 
1  (1  0,01) 4 
A p  200  
 0,01 
A p  200  3,9020
A p  780,40

Exercícios:

59. Calcule o valor de uma dívida a ser amortizada em 6 prestações mensais de R$ 120,00
cada, ao fim de cada mês, sendo 1% a.m. a taxa de juros.

60. Qual o valor da prestação para amortizar um empréstimo de R$ 3.000,00 em 6 prestações


mensais à taxa de 2% a.m.?

61. A juros de 36% a.a. capitalizados mensalmente, determinar o tempo necessário para
liquidar um financiamento de R$ 842,36 por meio de prestações mensais postecipadas de
R$ 120,00.

62. Um bem cujo preço à vista é de R$ 4.000,00 será pago em 8 prestações mensais iguais
pagas ao fim de cada mês à taxa de 5% ao mês. Considerando que no ato da compra foi
paga uma entrada de 20% sobre o valor à vista, calcular o valor das prestações.

63. Um bem cujo preço à vista é de R$ 4.000,00 será pago em 8 prestações mensais iguais
pagas ao fim de cada mês à taxa de 5% ao mês. Considerando que no ato da compra foi
paga uma entrada de 20% juntamente com a 1ª prestação antecipada, calcular o valor das
prestações.

64. Uma pessoa pode abater R$ 7.500,00 se entregar seu carro usado na compra de um
veículo mais novo, cujo valor à vista é de R$ 18.500,00. O saldo será pago por meio de
uma determinada entrada, mais 18 prestações mensais postecipadas de R$ 350,00.
Considerando que foram aplicados juros de 72% a.a. capitalizados mensalmente, calcular
o valor da entrada.

65. Calcular o valor das prestações mensais postecipadas iguais e consecutivas que liquidam
um débito de R$ 200.000,00 no prazo de 6 meses, sendo a taxa de juros efetiva de 18% ao
mês para os 3 primeiros meses e 20% para os demais.

66. Um financiamento de R$ 20.000,00 será pago em 8 prestações mensais postecipadas.


Considerando que a taxa de juros efetiva cobrada pela financeira é de 8% ao mês, calcular
o valor de uma comissão de abertura de crédito, cobrada do cliente, que permita à
financeira auferir uma rentabilidade de 10% a.m. na operação.
29

6.2.2 – Valor atual para Série de amortização antecipada

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Deseja-se amortizar uma dívida com 4 prestações mensais antecipadas de R$ 150,00 à


taxa de juros de 1% ao mês. Qual o valor da dívida?

Neste caso, a representação do fluxo de caixa é a seguinte:

t0 t1 t2 t3
tempo (n)

150 150 150 150

Para se calcular o valor atual da dívida, deve-se calcular o valor atual das parcelas no
momento da operação (t0):

A a  A1  A 2  A 3  A 4
N N N N
Aa    
(1 i ) 0
(1 i ) (1 i )
1 2
( 1  i )3
150 150 150 150
Aa    
( 1  0,01 ) 0
( 1  0,01 ) ( 1  0,01 )
1 2
( 1  0,01 ) 3
150 150 150 150
Aa  0
 1
 2

(1,01) ( 1,01 ) ( 1,01 ) ( 1,01 ) 3
150 150 150 150
Aa    
1 1,01 1, 0201 1,0303
Aa  150  148,51  147,04  145,59
A a  591,14

Como é observado na situação anterior, o valor atual antecipado pode ser representado pela
seguinte expressão:

A a  A1  A 2  A 3 ...  A n
N N N N
Aa     ... 
(1 i ) 0
(1 i ) (1 i )
1 2
( 1 i )n
N N N
Aa  N    ... 
(1 i ) (1 i )
1 2
( 1 i )n
30

Contudo, para se aplicar a fórmula da soma da PG para se chegar à fórmula do valor atual
antecipado, é necessário subtrair N em cada termo da expressão:

N N N
Aa  N  N    ...  N
(1 i ) (1 i )
1 2
( 1 i )n
N N N
Aa  N    ... 
(1 i ) (1 i )
1 2
( 1 i )n
 1 1 1 
Aa  N  N   ... 
(1 i ) (1 i )
1 2
( 1  i ) n 

A soma entre colchetes equivale à soma dos termos de uma PG finita:

a 1 ( q n  1)
S
q 1
 1   1 
Adotando - se  a 1   , q   , subtraindo 1 à n e fazendo as devidas transformações, tem - se :
 1 i   1 i 
(1  i) n -1  1 1  (1  i)1n
S 
i (1  i) n -1 i

Inserindo-se S na equação anterior, tem-se:

Aa  N  N S
Aa  N S  N
A a  NS  1

Desta forma, chamando N de P, a fórmula do valor atual antecipado para uma série de
amortização será:

A a  P S  1

1  (1  i)1 n 
Aa  P   1
 i 

Voltando à situação do início desta seção, pode-se aplicar diretamente esta fórmula para se
obter o resultado do valor atual antecipado:

1  (1  i)1 n  1  (1  0,01)1 4 
Aa  P   1  150   1
 i   0,01 
A a  150  3,9409
A a  591,14
31

Exercícios:

67. Determinar o valor atual antecipado de 8 prestações mensais de R$ 150,00 cada à taxa de
2% ao mês.

68. Uma pessoa fez um financiamento em 6 prestações mensais antecipadas de R$ 13.000,00


cada. Calcule o valor efetivo do financiamento se a taxa de juros cobrada é de 30% ao
semestre.

69. Uma dívida de R$ 20.000,00 a vencer em 2 meses foi atualizada à taxa de 26,82% ao ano
para ser renegociada, à mesma taxa, em prestações mensais antecipadas de R$ 3.364,56.
Em quantas prestações fixas e antecipadas foi renegociada a dívida?

70. Uma pessoa deseja amortizar uma dívida de R$ 3.000,00 em 5 prestações mensais
imediatas. Qual o valor dessas prestações, sendo a taxa de juros igual a 1% ao mês e a
carência de 2 meses.

71. Uma dívida de R$ 40.000,00 é amortizada em 10 prestações iguais antecipadas à taxa de


2% ao mês. Considerando uma carência de 1 mês, calcule o valor das prestações.

72. Determinar o valor atual de um financiamento que será pago em 24 parcelas mensais
postecipadas de R$ 480,00 à taxa de 1,5% ao mês sob um período de carência de 4 meses.

73. Um financiamento de R$ 40.000,00 será pago em 8 prestações mensais de R$ 6.413,44. O


início do pagamento das prestações será no ato do término de um determinado período de
carência. Considerando juros efetivos de 3% ao mês, determinar o período de carência.

74. Um bem cujo valor à vista é de R$ 10.000,00 será pago por meio de uma entrada de 20%
mais 13 prestações antecipadas mensais de R$ 800,00 cada e mais um pagamento final
junto com a última prestação. Considerando que são aplicados juros efetivos de 4% a.m. e
que há um período de carência de 3 meses, calcular o valor do pagamento final de modo
que a dívida seja liquidada.

75. Um empréstimo de R$ 100.000,00 foi contratado à taxa de juros de 4% ao mês mediante


uma carência de 6 meses seguida de 12 prestações mensais e iguais e mais um valor
residual de R$ 10.000,00 junto com a última prestação. Para estimular o tomador do
empréstimo a pagar todas as prestações nas datas acordadas, seu credor concederá uma
redução de 25% na taxa de juros somente para as 6 últimas prestações. Considerando que
os prazos acordados foram cumpridos, determine o valor fixo das 12 prestações mensais.

76. O fluxo mensal abaixo representa a amortização de uma divida de uma empresa:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

|---------------10.000-------------| |-------------------20.000----------------|

Por meio de série uniforme, determine o valor contratado da dívida sabendo que a taxa
aplicada foi de 48% ao ano com capitalização mensal.
32

7 – SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

A amortização compreende o pagamento progressivo de uma dívida ou obrigação por meio de


prestações fixas ou variáveis, de modo que, ao término do prazo estipulado entre as partes, o
débito seja quitado.

As prestações são compostas de duas partes:

 A amortização ou devolução do principal emprestado.


 Os juros correspondentes aos saldos do empréstimo.

Essa separação faz diferença nas análises contábeis, onde os juros possuem um efeito fiscal,
sendo passíveis de tributação legal.

Os sistemas de amortização são as modalidades de parcelamento do pagamento de uma dívida


contraída.

Os mais comuns e mais utilizados sistemas de amortização são:

 Sistema Francês de Amortização (SFA) ou Sistema Price

Sistema de origem francesa e o mais comum de todos, aplicado em pequenos, médios


e grandes financiamentos. As prestações são constantes, periódicas e imediatas.

 Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Hamburguês

Sistema de origem alemã e mais usado em médios e grandes financiamentos. As


prestações são decrescentes, periódicas e imediatas.

 Sistema de Amortização Misto (SAM) ou Sistema de Amortização Crescente (SACRE)

Sistema de origem brasileira, onde as prestações correspondem à média aritmética dos


sistemas SFA e SAC.

 Sistema de Amortização Americano (SAA)

Sistema de origem norte-americana, onde a prestação pode ser única (paga no fim do
financiamento) ou com pagamento periódico dos juros.

7.1 – Sistema Francês de Amortização (SFA)

Esse sistema caracteriza-se por pagamentos do principal em prestações iguais e periódicas.


Como os juros incidem sobre o saldo devedor que, por sua vez, decresce à medida que as
prestações são pagas, eles são decrescentes e, consequentemente, as amortizações do principal
são crescentes. Na prática, como as prestações são constantes, à medida que são pagas, a
dívida diminui e os juros tornam-se menores, enquanto as quotas de amortização tornam-se
automaticamente maiores. É um sistema muito utilizado por instituições financeiras e pelo
comércio em geral.
33

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Um empréstimo de R$ 200.000,00 foi financiado pelo sistema SFA em quatro prestações


mensais imediatas. A juros efetivos de 10% ao mês, construir a planilha de amortização.

Para construir a planilha, calcula-se inicialmente as prestações:

1  (1  i)  n 
Ap  P  
 i 
1  (1  0,1)  4 
200.000  P  
 0,1 
200.000  P  3,1699
200.000
P  P  63.094,16
3,1699

Em seguida, monta-se a planilha:

Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor


(n) (P) ( J = Sda ∙ i ) ( Am = P – J ) ( Sd = Sda – Am )
0 - - - 200.000,00
1 63.094,16 20.000,00 43.094,16 156.905,84
2 63.094,16 15.690,58 47.403,58 109.502,26
3 63.094,16 10.950,23 52.143,93 57.358,33
4 63.094,16 5.735,83 57.358,33 0
Total 252.376,64 52.376,64 200.000,00 -
Sda  Saldo devedor anterior

Cálculo das variáveis SFA:

No sistema SFA, pode-se calcular o valor das variáveis para qualquer período do
financiamento, sem a necessidade de elaborar a planilha completa. Para cada variável que
compõe o sistema, deve ser utilizada uma fórmula, conforme descritas abaixo:

 Para o cálculo dos Juros:

 (1  i) n  (1  i) t 1 
J t  Ap  i 
 (1  i) n  1 

Por exemplo, para a planilha SFA montada anteriormente, os juros do 2º mês serão:

 (1  0,1) 4  (1  0,1) 21   0,3641


J 2  200.000  0,1   20.000   15.690,58
 (1  0,1) 4
 1   0,4641 
34

 Para o cálculo da Amortização:

 i (1  i) t -1 
A mt  Ap  
 (1  i)  1
n

Por exemplo, para a planilha SFA montada anteriormente, a amortização do 2º mês será:

 0,1 (1  0,1) 2-1   0,1100 


A m2  200.000    200.000   47.403,58
 (1  0,1) 4
 1   0,4641 

 Para o cálculo do Saldo devedor:

 (1  i) n  (1  i) t 
Sdt  A p  
 (1  i)  1 
n

Por exemplo, para a planilha SFA montada anteriormente, o saldo devedor do 2º mês será:

 (1  0,1) 4  (1  0,1) 2   0,2541


Sd2  200.000    200.000   109.502,26
 (1  0,1)  1
4
  0,4641

Exercícios:

77. Um empréstimo de R$ 100.000,00 será pago em 6 prestações mensais pelo sistema price.
Considerando uma taxa de juros de 36% a.a. capitalizados mensalmente, construir a
planilha de amortização.

78. Construir uma planilha de amortização pelo SFA, seguindo as seguintes características:
- Valor do empréstimo: R$ 1.000.000,00.
- Pagamento em 5 prestações mensais com carência de 3 meses.
- Juros de 24% a.a. capitalizados mensalmente.

79. Um financiamento de R$ 50.000,00 foi contratado para ser pago em 48 prestações


mensais pelo sistema price, a juros de 12% a.a. capitalizados mensalmente. Determine,
respectivamente, os juros pagos no 25º mês, a amortização referente ao 30º mês e o saldo
devedor no 40º mês.

7.2 – Sistema de Amortização Constante (SAC)

Nesse sistema, o valor financiado é parcelado em quotas iguais de amortização. Diferente do


SFA, em que as prestações são iguais, no SAC as prestações são decrescentes, já que os juros
diminuem a cada prestação. A amortização é calculada dividindo-se o valor financiado pelo
número de períodos do pagamento. É um sistema comumente empregado pelo Sistema
Financeiro de Habitação (SFH), pelos bancos comerciais em seus financiamentos imobiliários
e, também, empréstimos à empresas privadas através de entidades governamentais.
35

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Um empréstimo de R$ 200.000,00 foi financiado pelo sistema SAC em quatro prestações


mensais imediatas. A juros efetivos de 10% ao mês, construir a planilha de amortização.

Para construir a planilha, calcula-se inicialmente a amortização:

Ap 200.000
Am   Am   50.000,00
n 4

Em seguida, monta-se a planilha:

Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor


(n) (P) ( J = Sda ∙ i ) ( Am = P – J ) ( Sd = Sda – Am )
0 - - - 200.000,00
1 70.000,00 20.000,00 50.000,00 150.000,00
2 65.000,00 15.000,00 50.000,00 100.000,00
3 60.000,00 10.000,00 50.000,00 50.000,00
4 55.000,00 5.000,00 50.000,00 0
Total 250.000,00 50.000,00 200.000,00 -
Sda  Saldo devedor anterior

Cálculo das variáveis SAC:

No sistema SAC, tal qual no SFA, pode-se calcular o valor das variáveis para qualquer
período do financiamento, sem a necessidade de elaborar a planilha completa.

 Para o cálculo dos Juros:

 t 1 
J t  A p  i 1  
 n 

Por exemplo, para a planilha SAC montada anteriormente, os juros do 2º mês serão:

 2 1   1
J 2  200.000  0,1 1    20.0001    20.000  0,75  15.000,00
 4   4

 Para o cálculo da Amortização:

A amortização, conforme descrito anteriormente, é constante para todos os períodos e


calculada pela expressão:

Ap
Am 
n

Logo, por exemplo, para a planilha SAC montada anteriormente, a amortização para
qualquer período será:
36

200.000
Am   50.000,00
4

 Para o cálculo do Saldo devedor:

 t
Sdt  A p 1  
 n

Por exemplo, para a planilha SAC montada anteriormente, o saldo devedor do 2º mês será:

 2
Sd2  200.000 1    200.000  0,5  100.000,00
 4

Exercícios:

80. Um empréstimo de R$ 100.000,00 será pago em 5 prestações mensais pelo sistema SAC.
Considerando uma taxa de juros de 36% a.a. capitalizados mensalmente, construir a
planilha de amortização.

81. Construir uma planilha de amortização pelo SAC, seguindo as seguintes características:
- Valor do empréstimo: R$ 1.000.000,00.
- Pagamento em 5 prestações mensais com carência de 3 meses.
- Juros de 24% a.a. capitalizados mensalmente.

82. Um financiamento de R$ 60.000,00 foi contratado para ser pago em 24 prestações


mensais pelo sistema hamburguês, a juros de 18% a.a. capitalizados mensalmente.
Determine, respectivamente, os juros pagos no 10º mês, a amortização referente ao 15º
mês e o saldo devedor no 20º mês.

7.3 – Sistema de Amortização Misto (SAM)

Nesse sistema, todas as variáveis da planilha correspondem à média aritmética dos sistemas
SFA e SAC. É comumente empregado pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) por que
concilia vantagens e desvantagens do SFA e SAC. Aproximadamente até a metade do período
de financiamento, as amortizações são maiores que as do Sistema SFA. Como decorrência
disso, a queda do saldo devedor é mais acentuada.

Uma desvantagem do SAM é que suas prestações iniciais são mais altas que as do SFA.
Contudo, após a metade do período, o mutuário sentirá uma queda substancial no
comprometimento de sua renda com o pagamento das prestações.

Para construir a planilha SAM, pode-se construir as planilhas referentes ao SFA e SAC e, em
seguida, calcular a média aritmética de todas as variáveis, uma a uma, compondo assim a
planilha SAM. Contudo, esse método é demasiadamente trabalhoso e demorado.
37

Para se construir diretamente a planilha SAM, deve-se seguir os três passos adiante:

a) Calcular o valor da 1ª prestação:


0,5 A p 1 
P1   0,5 A p   i 
1  (1  i) n  n 
 
 i 

b) Calcular o decréscimo das prestações:


Ap  i
dp 
2n

c) A partir da 1ª prestação e de seus decréscimos, montar a planilha.

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Um empréstimo de R$ 200.000,00 foi financiado pelo sistema SAM em quatro prestações


mensais imediatas. A juros efetivos de 10% ao mês, construir a planilha de amortização.

Cálculo da 1ª prestação:

0,5 A p 1 
P1   0,5 A p   i 
1 - (1  i) 
-n
n 
 
 i 
0,5  200.000 1 
P1   0,5  200.000   0,1
1 - (1  0,1)  -4
4 
 
 0,1 
P1  31.547,08  35.000,00
P1  66.547,08
Cálculo do decréscimo das prestações:

Ap  i 200.000  0,1 20.000


dp   
2n 24 8
d p  2.500,00

Em seguida, monta-se a planilha:

Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor


(n) (P) ( J = Sda ∙ i ) ( Am = P – J ) ( Sd = Sda – Am )
0 - - - 200.000,00
1 66.547,08 20.000,00 46.547,08 153.452,92
2 64.047,08 15.345,29 48.701,79 104.751,13
3 61.547,08 10.475,11 51.071,97 53.679,16
4 59.047,08 5.367,92 53.679,16 0
Total 251.188,32 51.188,32 200.000,00 -
38

Obs.: Para o cálculo das variáveis (juros, amortização e saldo devedor) em qualquer
período pelo sistema SAM, deve-se calcular inicialmente as variáveis com base nos
sistemas SAC e SFA e, em seguida, calcular a média aritmética dos dois resultados
obtidos.

Exercícios:

83. Um empréstimo de R$ 100.000,00 será pago em 5 prestações mensais pelo sistema


SAM. Considerando uma taxa de juros de 36% a.a. capitalizados mensalmente, construir
a planilha de amortização.

84. Construir uma planilha de amortização pelo SAM, seguindo as seguintes características:
- Valor do empréstimo: R$ 1.000.000,00.
- Pagamento em 5 prestações mensais com carência de 3 meses.
- Juros de 24% a.a. capitalizados mensalmente.
- Os juros serão incorporados ao principal durante o período de carência.

85. Um financiamento de R$ 72.000,00 foi contratado para ser pago em 12 prestações


mensais pelo sistema misto, a juros de 18% a.a. capitalizados mensalmente. Determine,
respectivamente, os juros pagos no 5º mês, a amortização referente ao 8º mês e o saldo
devedor no 10º mês.

7.4 – Sistema de Amortização Americano (SAA)

Há duas modalidades para a montagem da planilha do Sistema Americano:

a) Sistema Americano com prestação única  Consiste na devolução do principal, acrescido


de juros, em um único pagamento ao final do período. É normalmente utilizado em papéis
de renda fixa, tais como Letras de câmbio e Certificados de depósito bancário (CDB).

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Um empréstimo de R$ 200.000,00 para vencimento em 4 meses foi financiado pelo


sistema americano com prestação única. A juros efetivos de 10% ao mês, construir a
planilha de amortização.

Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor


(n) (P) ( J = Sda ∙ i ) ( Am = P – J ) ( Sd = Sda – Am )
0 - - - 200.000,00
1 0 20.000,00 - 20.000,00 220.000,00
2 0 22.000,00 - 22.000,00 242.000,00
3 0 24.200,00 - 24.200,00 266.200,00
4 292.820,00 26.620,00 266.200,00 0
Total 292.820,00 92.820,00 200.000,00 -
39

b) Sistema Americano com pagamentos periódicos dos juros  Consiste no pagamento


periódico dos juros do principal, sendo que a quitação deste se dá ao final do período. É
normalmente utilizado em penhor de jóias (CEF), dívida externa brasileira, letras de
câmbio de renda mensal e em planos de renda perpétua (aposentadoria).

Para fins de demonstração, considere a seguinte situação:

Um empréstimo de R$ 200.000,00 para vencimento em 4 meses foi financiado pelo


sistema americano com pagamentos periódicos dos juros. A juros efetivos de 10% ao mês,
construir a planilha de amortização.

Período Prestação Juros Amortização Saldo devedor


(n) (P) ( J = Sda ∙ i ) ( Am = P – J ) ( Sd = Sda – Am )
0 - - - 200.000,00
1 20.000,00 20.000,00 0 200.000,00
2 20.000,00 20.000,00 0 200.000,00
3 20.000,00 20.000,00 0 200.000,00
4 220.000,00 20.000,00 200.000,00 0
Total 280.000,00 80.000,00 200.000,00 -

Exercício:

86. Um empréstimo de R$ 100.000,00 será pago em 5 prestações mensais pelo sistema


americano. Considerando uma taxa de juros de 48% a.a. capitalizados mensalmente,
construir a planilha de amortização para as duas modalidades do SAA.
40

8 – ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

A Análise de Investimentos é um conjunto de técnicas de engenharia econômica que visam


avaliar a viabilidade de projetos de investimentos.

Dependendo do prisma que se faz uma análise de investimentos, há as seguintes modalidades1


de avaliação:

a) Avaliação Financeira  Analisa o fluxo de caixa do projeto em termos quantitativos


(entradas e saídas de caixa) ao longo de toda vida útil do investimento, a fim de
fornecer subsídios aos investidores/empresários (fornecedores de capital próprio),
visando a tomada de decisão no que diz respeito à rentabilidade do projeto, tempo de
recuperação de capital investido ou payback, relação custo/benefício, taxa de retorno,
ponto de equilíbrio, dentre outras técnicas.

b) Avaliação Econômica  Analisa, de forma predominantemente qualitativa, a


viabilidade de um projeto em relação ao mercado, à escala de produção, à localização
do empreendimento e aos estudos técnicos contidos na elaboração do produto ou
serviço resultante do projeto. Apesar de independente da avaliação financeira, é
normalmente realizada a posteriori a essa avaliação, na medida em que numa
avaliação econômica a importância da análise qualitativa dos dados, dos eventos e dos
cenários é complementada por uma análise quantitativa que lhe fornece maior
credibilidade e clareza nos objetivos e conclusões a que se deseja chegar.

c) Avaliação Social  Analisa o impacto que o projeto de investimento causará aos


vários setores sociais das comunidades local, regional e/ou nacional, avaliando sua
repercussão quanto à distribuição de renda, criação de emprego, desenvolvimento
social e incentivo à atração de novos empreendimentos que propiciem o
desenvolvimento social e econômico.

d) Avaliação Ambiental  Analisa o impacto do projeto ao meio ambiente e sua


preservação.

No tocante à Engenharia Econômica, a Análise de Investimentos refere-se à Avaliação


Financeira e, esta por sua vez, responsável por fornecer subsídios e/ou informações
complementares às demais modalidades descritas (econômica, social e ambiental).

Desta forma, todas as técnicas e métodos a serem discutidos adiante destinam-se à Avaliação
Financeira de Projetos de Investimentos. Assim, a Análise de Investimentos corresponde ao
conjunto de técnicas financeiras destinadas a avaliar opções de investimentos de capital ou de
aquisição de bens e/ou serviços. Nesse caso, todas as alternativas tecnicamente viáveis para
implantação de um projeto devem ser analisadas com o objetivo de se apurar aquela que
apresenta maior receita ou o menor custo, observado o aspecto global do investimento. Por
isso, a Análise de Investimentos pode ser compreendida como uma aplicação das técnicas de
matemática financeira, principalmente o princípio da equivalência de capitais, que sob o
ponto de vista matemático é uma equação que soluciona os principais métodos de análise.

1
FERREIRA, Roberto G. Engenharia econômica e avaliação de projetos de investimentos. São Paulo: Atlas, 2009.
41

As principais etapas do processo de Avaliação Financeira de um projeto de investimento são:

I. Estimativa dos fluxos de caixa incrementais (entradas e saídas de caixa para um período
de tempo compatível com o projeto);
II. Avaliação do risco do projeto e respectiva taxa mínima de atratividade do fluxo de caixa
futuro esperado.
III. Aplicação dos métodos de seleção de alternativas de investimentos e respectiva obtenção
de indicadores financeiros que subsidiarão a análise de viabilidade do projeto;
IV. Tomada de decisões.

A seguir, serão apresentados e discutidos os elementos necessários para a execução das etapas
descritas. Estes elementos são:

 Taxa Mínima de Atratividade [im]


 Valor Presente Líquido [VPL]
 Taxa de Rentabilidade [TR]
 Índice Benefício/Custo [IBC]
 Taxa Interna de Retorno [TIR]
 Tempo de Retorno do Investimento [Payback descontado]

8.1 – Taxa Mínima de Atratividade [im]

A Taxa Mínima de Atratividade [im] é a taxa mínima que compensa ao investidor optar por
determinado investimento.

Na literatura técnica de Análise de Investimentos, a im é também conhecida como:


 Taxa mínima de mercado;
 Taxa de atratividade;
 Taxa de mercado;
 Taxa de oportunidade;
 Taxa de corte;
 Custo de oportunidade;
 Custo de capital.

Em outras palavras, im é aquela taxa que apresenta liquidez, ou seja, que o investidor encontra
no mercado a qualquer momento, durante o prazo e da forma que quiser, para investir quanto
quiser, sujeito sempre a um determinado risco. Dessa forma, ao se analisar determinada
alternativa de investimento, esta deve ter rentabilidade superior à taxa mínima de atratividade.
Comumente, ela serve de balizamento ou ponto de referência ou de comparação na análise das
diversas opções de investimentos.

Quando um fator de produção2 apresenta usos alternativos, o retorno proporcionado pelo uso
alternativo de maior rentabilidade, ajustado ao risco3, é a im.

2
Fator de produção diz respeito aos recursos básicos utilizados na produção de bens e serviços. Tradicionalmente, esses
fatores são: terra, trabalho e capital.
3
Risco é a probabilidade de obter resultados insatisfatórios mediante uma decisão.
42

Quanto maior for o nível de risco de determinado investimento, maios lucratividade ele
deverá oferecer. Ou seja, quanto maior o risco envolvido, maior será a lucratividade esperada.
A figura4 abaixo ilustra esse relacionamento entre risco e retorno de investimentos:

A curva ascendente indica que quanto maior for o risco do investimento, maior deverá ser a
lucratividade esperada. A base (ponto de início da curva que corta a abscissa) é a taxa de juros
pura, ou seja, livre de risco.

O 1º nível (A) é representado por:


 Títulos do Governo Federal (Notas do Tesouro Nacional, Bônus do BC e Títulos da
Dívida Agrária) que são garantidos pelo tesouro nacional, têm rendimento certo, risco
nulo e, por isso, rendem a menor taxa de retorno (taxa de juros “pura”).
 Títulos não garantidos pelo Governo Federal (títulos particulares de renda fixa, como
letras de câmbio, Certificados de Depósito Bancário, Recibos de Depósitos Bancários
e Debêntures). Estes títulos têm um nível de risco maior, devendo, portanto, oferecer
retornos superiores.
 A caderneta de poupança, que apesar de não ser um título, se enquadra neste nível.

O 2º nível (B) é representado por:


 Títulos de renda variável (ações e debêntures conversíveis em ações). Apresentam
altas taxas de lucratividade associadas a investimentos bem mais arriscados. Nestes
casos não há garantia real ou prazo de vencimento e, no caso de falência do emitente,
os acionistas ordinários terão acesso somente ao resíduo patrimonial remanescente
após o pagamento das obrigações da empresa e a devolução dos investimentos
originais aos acionistas preferenciais. Em função disso, a taxa de retorno prevista
desse tipo de investimento deverá ser superior às alternativas anteriores.

O 3º nível (C) é representado por:


 Mercado de opções, onde se negociam direitos de compra ou venda de lotes de ações
com preços e prazos preestabelecidos. O comprometimento em uma operação a ser
realizada no futuro, de um ativo esgotável (que perde o valor no vencimento), torna o
risco evidente, pois o investidor pode perder todo o capital aplicado. Logo, a
expectativa de rentabilidade é elevadíssima por ser um investimento super arriscado.

4
Figura extraída de: LACRUZ, Adonai J. Plano de Negócios Passo a Passo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008.
43

Contudo, está avaliação de risco x retorno é apenas uma base de comparação para que o
investidor tome sua decisão quanto à sua expectativa de im.

Outras bases muito comuns que podem ser utilizadas para estipulação da im são:

 Índice Brasil ou IBrX  índice de preços que mede o retorno de uma carteira teórica
composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na Bovespa, tanto em
termos de número de negócios quanto de volume financeiro. Este índice tem variação
diária e oscila em função do desempenho da bolsa. Sua vantagem é a representação
fiel dos investimentos de mercado, tendo em vista que é atualizado diariamente. Sua
desvantagem é sua oscilação e dificuldades de se mensurar uma tendência.

 Taxa SELIC  índice pelo qual as taxas de juros cobradas pelo mercado se balizam
no Brasil. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária do
Governo Federal. A SELIC [Sistema Especial de Liquidação e de Custódia] é
divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) que se reune a cada 45 dias
para atualiza-la. A vantagem da SELIC é sua menor oscilação, contudo está entre os
índices de menor rentabilidade do Brasil, pois é uma taxa aparente porque imbute a
inflação projetada, rendendo muitas vezes uma taxa real inferior à poupança.

De qualquer forma, a im é sempre uma decisão pessoal do investidor que sinaliza qual a sua
expectativa quanto à remuneração de seu capital financeiro caso não fosse investido em um
projeto.

8.2 – Valor Presente Líquido [VPL]

O VPL consiste em calcular os valores atuais de todas as receitas e confrontar sua somatória à
soma dos valores atuais dos custos em determinada alternativa de investimentos, à taxa
mínima de atratividade.

Na literatura técnica de Análise de Investimentos, o VPL é também conhecido como VAL


(Valor Atual Líquido).

Ao aplicar o VPL está se calculando o valor atual para os futuros fluxos reais que serão
gerados para o projeto descontando-os à uma taxa mínima de atratividade estipulada pelo
investidor e deduzindo o investimento inicial de todo o fluxo de caixa atualizado.

n
R n  Cn
VPL    I0
t 1 (1  i m ) n

Onde:
Rn  receitas ou entradas líquidas de caixa
Cn  custos ou saídas líquidas de caixa
im  taxa mínima de atratividade
I0  investimento inicial
n  número de períodos de tempo
44

Com o resultado do cálculo do VPL, parte para a análise do investimento:

 VPL positivo  o projeto é viável e deve ser empreendido, pois o valor presente do
fluxo de caixa é maior que o investimento inicial;
 VPL nulo  o retorno do projeto é nulo e, portanto, torna-se um empreendimento
indiferente;
 VPL negativo  o projeto é inviável e não deve ser empreendido, pois o valor
presente do fluxo de caixa é menor que o investimento inicial.

Exemplo:
A empresa Alfa tem que decidir sobre duas alternativas de investimento. Na primeira deverá
desembolsar inicialmente R$ 50.000,00, para receber R$ 3.800,00 nos próximos 24 meses. Na
segunda, deverá desembolsar R$ 47.000,00 hoje para receber R$ 3.750,00 nos próximos 24
meses. Qual a melhor alternativa se a taxa mínima de atratividade é de 4% a.m. ?

Solução para 1ª alternativa:


R$ 3.800,00
t0
n (mês)
1 ..... 24

R$ 50.000,00

n
R n  Cn   (  i m )  n 
VPL    I  A  I   P    I
t  (1  i m )
n 0 p
 im 
  (  ,)  
VPL  .    .
 , 
VPL  .,

Solução para 2ª alternativa:


R$ 3.750,00
t0
n (mês)
1 ..... 24

R$ 47.000,00

  (  ,)  
VPL  .    .
 , 
VPL  .,

Conclusão:

Conforme demonstram os cálculos acima, as duas opções são atrativas, por apresentarem
valores positivos nas diferenças entre os valores atuais das receitas e dos custos. Porém, a
melhor alternativa é a 2ª por apresentar valor atual maior que a 1ª.
45

Exercícios:

87. A empresa Delta avalia a aquisição de um equipamento por R$ 80.000,00, que lhe trará
uma receita de R$ 4.000,00 nos próximos 24 meses, quando se encerrará sua vida útil e
será vendido pelo valor residual de R$ 16.000,00. Surgiu-lhe a oportunidade de adquirir
um equipamento similar por R$50.000,00, que lhe renderá R$ 3.700,00 nos próximos
24 meses, quando será vendido pelo valor residual de R$ 15.000,00. Qual é a melhor
alternativa, sabendo-se que a taxa mínima de atratividade é de 2% a.m. ?

88. Certa empresa está estudando a aquisição de um novo equipamento com a finalidade de
aumentar sua produção. Sabe-se que a taxa mínima da atratividade é de 2% a.m. e que
lhes foram apresentados as seguintes propostas:

EQUIPAMENTO EQUIPAMENTO
ITEM
“X” “Y”
Investimento inicial R$ 250.000,00 R$ 300.000,00
Vida útil estimada 5 anos 5 anos
Valor residual R$ 20.000,00 R$ 60.000,00
Despesas mensais R$ 6.000,00 R$ 5.000,00

Considerando o método de valor atual, por qual das propostas optaria ?

89. A empresa “Brinquedos Satélite” pretende ampliar sua gama de produtos com vista a
atender a demanda do mercado. Para tanto necessita investir, à vista, R$ 300.000,00 na
instalação de uma nova unidade para obter uma receita mensal adicional de R$ 8.600,00
nos próximos 5 anos, quando termina sua vida útil e poderá ser vendida por R$
30.000,00. Considerando im de 2% a.m., esse investimento é conveniente à empresa ?

90. Considere a implantação de um projeto, no setor de energia elétrica, quando está orçado
um custo inicial de investimento de R$ 80 milhões. Para os custos operacionais, é
estimado um custo fixo de R$ 1,25 milhão/mês e custos variáveis com mão de obra e
matéria-prima de R$ 300,00/unidade/mês. A atividade econômica cogitada é a geração
de motores elétricos, numa escala de produção de 10.000 unidades/mês, quando espera-
se praticar um preço unitário mensal de R$ 525,00. O projeto está previsto para análise
dentro de um horizonte de planejamento ou de vida útil de 20 anos, ao final do qual
apresentará um valor residual (sucata) de R$ 8 milhões. Elaborar os fluxos de caixa
mensal para o projeto e, considerando um custo de oportunidade de 8% ao ano, verificar
se o valor atual compensa os investimentos.

91. Dado o fluxo de caixa abaixo, verificar se o valor atual compensa o projeto baseando-se
numa taxa mínima de atratividade de 6% ao ano.

20 20 20 40 40 40 60

anos
0 1 2 3 4 5 6 7 8

170 10

Valores em R$ milhões.
46

92. Analisar, pelo método do valor atual, qual dos dois projetos abaixo é mais viável
adotando uma taxa mínima de atratividade de 12% ao ano:

Discriminação Projeto “X” Projeto “Y”


Custo inicial R$ 10.000,00 R$ 15.000,00
Lucro anual R$ 5.000,00 R$ 4.700,00
Vida útil 4 anos 8 anos

93. Adotando-se uma taxa mínima de atratividade de 2% ao mês, verificar qual dos projetos abaixo
apresenta um valor atual mais rentável:

Discriminação Projeto A Projeto B


Investimento inicial R$ 120.000,00 R$ 160.000,00
Receita mensal R$ 10.000,00 R$ 12.000,00
Despesa mensal R$ 2.000,00 R$ 1.500,00
Valor residual R$ 20.000,00 R$ 30.000,00
Vida útil 2 anos 3 anos

94. Uma pessoa decidiu vender um apartamento, adquirido por R$ 20.000,00 há 24 meses.
Foram pagos impostos anuais e antecipados de R$ 200,00. Gastou com reformas e
pinturas o valor de R$ 1.500,00 há 12 meses e R$ 2.000,00 há 2 meses. O imóvel
rendeu um aluguel mensal de R$ 300,00 durante os 24 meses. Considerando uma taxa
de atratividade mínima de 3% ao mês, qual o menor valor que poderá vender o
apartamento para não ter prejuízo?

95. O proprietário de uma antiga casa em um bairro nobre da cidade está estudando a
proposta de compra feita por uma construtora. O valor estimado do imóvel é de R$
2.000.000,00 e a proposta é a seguinte: quatro trimestrais de R$ 400.000,00 e daqui a 12
meses, quando o prédio a ser construído estiver pronto, a entrega de 2 apartamentos de
R$ 800.000,00 cada um. Se o custo de oportunidade é de 3% ao mês, ele deve ou não
vender o imóvel?

96. Uma indústria estuda a possibilidade de reformar uma máquina. A reforma está orçada
em R$ 280.000,00 e dará uma sobrevida de cinco anos ao equipamento, proporcionando
uma diminuição nos custos operacionais da indústria da ordem de R$ 75.000,00 ao ano.
Considerando um custo de capital de 15% ao ano e adotando o método do valor atual,
analise a viabilidade de reformar a máquina.

97. Uma indústria deseja aumentar a produção de uma linha fabril que depende de uma
certa máquina e, para tanto, tem duas alternativas:
- Reformar a máquina ao custo de R$120.000,00 acarretando um aumento de receita de
R$20.000,00 mensais;
- Vender a máquina por R$200.000,00 (preço de mercado) e adquirir uma mais moderna
por R$400.000,00 acarretando um aumento de receita de R$30.000,00 mensais.
Estimando-se que a reforma da máquina dará uma sobrevida de 2 anos, ao fim dos quais
deverá ser vendida por 25% de seu valor atual (preço de mercado) e baseando-se numa
taxa mínima de atratividade de 2,0% ao mês, determinar o que a indústria deve fazer.
47

98. Durante seu processo de produção a Companhia Rohnyl gera um resíduo industrial
poluente. Esse resíduo contém uma pequena parcela de matéria-prima de 4,5% de sua
massa e que vale cerca de R$ 1.018,00 a tonelada. A Rohnyl obtém cerca de 1.200
toneladas mensais desse resíduo e estuda as seguintes alternativas para dele dispor:
a) Contratar um aterro industrial, ao custo de R$ 35,00 por tonelada de resíduo aterrado;
b) Construir seu próprio aterro ao custo de montagem de R$ 750.000,00. A manutenção
do aterro implica um custo de cerca de R$ 23,85 por tonelada. A vida útil estimada
para o aterro é de 7 anos, até a ocupação de toda sua capacidade;
c) Recuperar a matéria-prima do resíduo, a um custo de R$ 620,00 por tonelada,
gerando mais 44,5% de material a ser depositado para cada tonelada produzida;
Considerando um custo de oportunidade de 8% ao ano, qual alternativa é mais viável?

8.3 – Taxa de Rentabilidade [TR]

A TR é uma medida relativa (expressa em percentual) que auxilia o processo de tomada de


decisão. Consiste em estabelecer a razão entre o VPL e o investimento inicial do projeto. É
utilizada para comparar a viabilidade financeira de dois ou mais projetos de investimentos que
tenham valores iniciais distintos. É também chamada de ROI (return on investment). Na
análise deste critério, considera-se que o investimento será rentável sempre que a TR for
superior a zero, isto é, quando o VPL do projeto for superior ao seu investimento inicial.

 VPL 
TR    
 I 

Exemplo:
Considerando as duas alternativas abaixo de investimentos:
Alternativa Valor inicial investido VPL
A R$ 40.000,00 R$ 15.000,00
B R$ 70.000,00 R$ 15.500,00

 .   . 
TR A     ,% TR B     ,%
 .   . 

Mesmo que os dois projetos sejam viáveis, em função dos VPL’s positivos, a alternativa A se
torna relativamente mais rentável, embora a alternativa B tenha maior VPL. Acrescenta-se
que o nível de risco associado ao investimento da alternativa B é maior do que a de A, dada à
sua magnitude (75% superior). Portanto, além de avaliar o VPL, deve-se relacioná-lo ao valor
investido, por meio da TR, e ao seu nível de risco.

Exercício:

99. Dadas as empresas descritas abaixo, verifique qual é mais relativamente rentável:

Empresa Valor inicial investido [I0] VPL


X R$ 100.000,00 R$ 15.000,00
Y R$ 95.000,00 R$ 16.000,00
Z R$ 75.000,00 R$ 13.000,00
48

8.4 – Índice Benefício/Custo [IBC]

O IBC é um indicador resultante da relação entre o valor presente das entradas do fluxo de
caixa e o valor presente das saídas do fluxo de caixa. O benefício é representado pelas
entradas de caixa e o custo é representado pelas saídas de caixa.

Ao aplicar o IBC busca-se averiguar se as entradas atualizadas de caixa cobrem os custos


atualizados de caixa. Entretanto, é um indicador que não deve ser utilizado isoladamente para
comparação de projetos, pois pode induzir a uma seleção inadequada.

VPE
IBC 
VPS

Onde:
VPE  Valor presente das entradas de caixa
VPS  Valor presente das saídas de caixa

Com o resultado do IBC, parte para a análise do investimento:

 IBC > 1  o projeto é viável, pois o VPE é maior que o VPS.


 IBC nulo  o projeto é nulo e, portanto, torna-se um empreendimento indiferente,
pois o VPE é igual ao VPS;
 IBC < 1  o projeto é deficitário e não deve ser empreendido, pois o VPE é menor
que o VPS.

Exemplo:
Considerando uma taxa de atratividade de 15% ao ano, analisar os fluxos de caixa abaixo com
base no VPL, TR e IBC:
Anos Projeto A Projeto B Projeto C Projeto D
0 - 1.000,00 - 1.200,00 - 1.700,00 - 1.800,00
1 250,00 200,00 400,00 250,00
2 300,00 350,00 500,00 500,00
3 300,00 400,00 600,00 500,00
4 350,00 500,00 700,00 800,00
5 400,00 1.000,00 800,00 1.500,00

Calculando-se o VPL, a TR e o IBC, tem-se:


Indicador Projeto A Projeto B Projeto C Projeto D
VPL R$ 40,47 R$ 284,62 R$ 218,38 R$ 327,39
TR 4,05% 23,72% 12,85% 18,19%
IBC 1,04 1,24 1,13 1,18

Análises:
- O projeto D apresenta maior VPL e, por isso, é o mais indicado num caso de escolha dentre
os demais projetos;
49

- A TR do Projeto B não justifica sua escolha, apesar de maior do Projeto D, pois sua
diferença percentual (5,53%) ainda é menor que a diferença relativa de VPL entre D e B, que
é de 15,03%;
- O IBC indica que todos os projetos são viáveis, contudo não pode ser utilizado para a
escolha de qual projeto investir.

Exercícios:

100. Considerando um custo de oportunidade de 10% ao ano, verifique a viabilidade do


projeto abaixo adotando o IBC:

Ano 0 Ano 1 Ano 2


Custos - 100,00 -1.100,00 -12.100,00
Benefícios 50,00 1.650,00 14.520,00
Fluxo de caixa
- 50,00 550,00 2.420,00
líquido

101. Considerando uma taxa mínima de atratividade de 15% ao ano, verifique qual projeto
abaixo deve ser empreendido com base no IBC:

DISCRIMINAÇÃO PROJETO X PROJETO Y


Período: 0 Em R$ mil Em R$ mil
Terrenos 450 -
Equipamentos nacionais 250 100
Equipamentos importados - 300
Mão de obra não qualificada 200 25
Pagamentos em US$ - 130
Outras despesas - 50
Custos totais de implantação 900 605

Período: 1 a 10 B C B C
Faturamento bruto 1.800 - 2.900 -
Matéria-prima nacional - 200 - 350
Matéria-prima importada - - - 1.250
Mão de obra qualificada - - - 600
Mão de obra não qualificada - 900 - 300
Tributos e encargos - 600 - 200
Total anual 1.800 1.700 2.900 2.700
50

8.5 – Taxa Interna de Retorno [TIR]

A TIR é um dos critérios mais conhecidos e usados em análise de investimentos devido à sua
facilidade de entendimento por parte dos investidores. Representa a taxa de rentabilidade
interna de um fluxo de caixa e é determinada algebricamente quando se anula o VPL de um
investimento.

n
R n  Cn
VPL     (1  i)
t 
n
 I0  

Onde:
i  TIR
Rn  receitas ou entradas líquidas de caixa
Cn  custos ou saídas líquidas de caixa
I0  investimento inicial
n  número de períodos de tempo

Em sua análise, deve-se comparar a TIR com o custo de oportunidade:


 TIR > Im  o projeto é viável.
 TIR = Im  o projeto é nulo e, portanto, torna-se um empreendimento indiferente.
 TIR < Im  o projeto é deficitário e não deve ser empreendido.

Exemplo:
Uma empresa pretende investir em um projeto de construção civil que requer um investimento
inicial de R$ 2.500.000,00 e que trará retornos líquidos mensais de R$ 150.000,00 durante 2
anos. Considerando um custo de oportunidade de 5% ao mês, avalie pela TIR se o projeto é
viável.

  (  i)  n 
P   I  
 i 
  (  i)  
.    ..  
 i 
  (  i)   ..
 
 i  .
  (  i)  
   ,
 i 

Simulando o custo de oportunidade:


  (  ,)  
   ,
 , 

Desta simulação, verifica-se que o projeto não é viável, pois a relação I0/P não foi coberta
pelo custo de oportunidade. Para calcular o valor estimado da TIR, deve-se fazer tentativas
sucessivas de taxas, para então interpolar duas que envolvam (uma menor e outra maior) a
relação I0/P referente ao custo de oportunidade, como demonstrado a seguir:
51

Para i = 4%  15,2470
Para i = 3%  16,9355

Como o valor da relação I0/P está entre os dois valores simulados, basta interpolar:

3% --------------- 16,9355
TIR -------------- 16,6667
4% --------------- 15,2470

Interpolando, acha-se uma TIR estimada de 3,1592% que, por não ser superior ao custo de
oportunidade, inviabiliza o investimento.

Exercícios:

102. Resolver o exercício 96 adotando o método TIR para verificar a viabilidade do


investimento.

103. Um projeto está sendo oferecido nas seguintes condições: Um investimento inicial de
R$ 1.000,00 com entradas de caixa mensais de R$ 300,00 , R$ 500,00 e R$ 400,00
consecutivas, sabendo-se que um custo de oportunidade aceitável é 10% ao mês.
Considerando a TIR, o projeto deve ser aceito?

104. Utilizando uma taxa mínima de atratividade de 100% ao ano, determinar por meio de
análise comparativa de TIR e VPL qual dos projetos abaixo é mais viável:

R$ 400.000,00
X:
anos
0 1

R$ 100.000,00

R$ 700.000,00
Y:
anos
0 1

R$ 200.000,00

105. Dados os projetos abaixo, para im de 6% ao ano e vida útil de 10 anos, determinar pela
análise de TIR e VPL qual é mais rentável:

Discriminação Projeto X [R$] Projeto Y [R$]


Custo inicial 100.000 15.000
Lucro anual 20.000 5.000
Valor residual 10.000 10.000

106. O projeto A requer R$ 10.000,00 de investimento para ter R$ 12.000,00 de retorno


anual. O Projeto B requer R$ 15.000,00 de investimento para ter R$ 17.700,00 de
retorno anual. Para o prazo de 1 ano e um custo de capital de 12% ao ano, analisar pelo
VPL e pela TIR qual projeto é mais viável financeiramente.
52

8.6 – Tempo de Retorno do Investimento [Payback]

O Payback descontado corresponde à mensuração do tempo necessário para recuperação de


um capital investido em um determinado projeto. Normalmente, o payback considera a
variação do dinheiro no tempo, o que torna necessário a atualização das entradas de fluxo de
caixa em seu cálculo. Essa operação é também conhecida como payback descontado.

A expressão para seu cálculo é obtida quando se anula o VPL de um investimento:

n
R n  Cn
VPL     (1  i)
t 
n
 I0  

Onde:
i  taxa mínima de atratividade
Rn  receitas ou entradas líquidas de caixa
Cn  custos ou saídas líquidas de caixa
I0  investimento inicial
n  Payback descontado

Em sua análise, deve-se compará-lo com o payback aceitável, ou seja, aquele que o investidor
está disposto a aceitar para a recuperação do investimento realizado:
 Payback descontado < Payback aceitável  o projeto deve ser aceito.
 Payback descontado = Payback aceitável  sua aceitação é indiferente.
 Payback descontado > Payback aceitável  o projeto não deve ser aceito.

Exemplo:
Determinar o tempo de retorno de um investimento de R$ 130.000,00 que gera lucros
operacionais anuais de R$ 25.000,00 durante 10 anos sujeito à im de 6% ao ano.

  (  i m )  n 
P   I  
 im 
  (  ,) n 
.    .  
 , 
  (,) n  .
 
 ,  .
(,) n  ,
(,) n  ,
log ,
n
log ,
n  , anos

Avaliação: o projeto é aceitável por apresentar payback descontado inferior ao payback


aceitável do investimento.
53

Exercícios:

107. Um empresário pretende investir R$ 150.000,00 em um maquinário que tem vida útil
estimada de 2 anos e que lhe trará uma economia de processo de R$ 10.000,00 mensais.
Este maquinário, ao fim de sua vida útil vira sucata, não tendo mais valor de mercado e,
portanto, depreciação total. Considerando uma taxa mínima de atratividade de 5% ao
mês, determinar se o payback descontado compensa o investimento.

108. Um ônibus adquirido por R$ 200.000,00 gerará, após abatimento de todos os custos,
inclusive depreciação e impostos, uma receita líquida mensal de R$9.000,00 nos
próximos 60 meses, quando será excluído da frota. Estima-se um valor residual de
R$50.000,00. Pelo método do payback descontado, verifique se o negócio é viável e
quanto tempo levará o retorno, sabendo-se que o custo de oportunidade é de 1% ao mês.

109. Dado o fluxo de caixa abaixo (R$ milhões), verificar se o projeto deve ser aceito com
base no payback descontado à taxa mínima de atratividade de 12% ao ano para o prazo
de 10 anos.

5 15 20 20 40 40 40 40 40 40

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 anos
100

110. Verifique a viabilidade do fluxo de caixa abaixo (R$ mil) pelo payback descontado à
taxa mínima de atratividade de 4% ao mês.

30 30 30 30 30 30

0 1 2 3 4 5 6 7 8 mês
150 10 10

111. O fluxo de caixa apresentado abaixo (R$ milhões) diz respeito a um investimento de
uma indústria na modernização de uma área fabril.

20 20 20 20 20 30 30 30 30 30

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 anos
100 50
Determine e avalie o payback para as seguintes taxas de corte:
a) 1% ao mês
b) 2% ao mês
54

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS


1. R$ 280,00 2. 25% a.m. 3. R$ 1.380,00
4. R$ 5.000,00 5. 12% a.a. 6. 16% a.a.
7. 1,5% a.s. 8. R$ 2.343,32 9. 23,5 meses
10. R$ 151,50 11. 3% a.m. 12. R$ 8.765,12
13. 60,10% a.a. 14. 18,32% a.s. 15. 6,12% a.t.
16. 3,79% a.m. 17. 16,14% a.m. 18. 0,97% a.m.
19. 26,82% a.a. 20. R$ 12.504,76 21. R$ 126,20
22. 2% a.m. JS 23. R$ 7.264,51 24. R$ 32.929,07
25. R$ 240,00 26. 15% a.a. 27. R$ 910,00
R$ 16.666,67 15% a.m.
28. 3 meses 29. 30.
R$ 10.000,00 15,96% a.m
31. R$ 8.928,57 32. R$ 990,83 33. R$ 1.542,17
34. R$ 10.937,50 35. R$ 77.214,29 36. R$ 4.590,63
37. 9,09% a.m. 38. R$ 7.839,19 39. R$ 4.000,00
40. R$ 1.164,82 41. R$ 2.269,36 42. 1 ano
43. R$ 489,56 44. R$ 107,10 45. 2% a.m.
46. R$ 768,96 47. R$ 12.119,18 48. R$ 1.212.447,27
49. R$ 11.768,85 50. R$ 294,03 51. 6 meses
52. 8 trimestres 53. 90 meses 54. R$ 1.729,58
55. R$ 4.279,65 56. R$ 233,13 57. 10
58. R$ 15.788,22 59. R$ 695,46 60. R$ 535,58
61. 8 meses 62. R$ 495,11 63. R$ 471,53
64. R$ 7.210,34 65. R$ 57.864,73 66. R$ 1.432,88
67. R$ 1.120,80 68. R$ 57.117,84 69. 6
70. R$ 624,30 71. R$ 4.452,60 72. R$ 9.194,41
73. 5 meses 74. R$ 1.106,00 75. R$ 12.119,55
R$ 279,71 R$ 562,50
76. R$ 100.565,29 79. R$ 1.089,88 82. R$ 2.500,00
R$ 10.074,90 R$ 10.000,00
R$ 730,61
85. R$ 6.063,70 87. 2ª (R$ 29.307,34) 88. X (R$ 452.469,67)
R$ 12.455,35
89. R$ 8.087,09 90. R$ 44,18 milhões 91. - R$ 6,66 milhões
92. X (R$ 8.483,02) 93. B (R$ 182.313,21) 94. R$ 35.280,09
95. Sim (R$ 410.452,88) 96. Não (- R$ 28.588,37) 97. Vender
98. Alternativa C 99. Empresa Z 100. Viável (IBC=1,22)
101. Y (IBC=1,03) 102. TIR=10,61% (inviável) 103. TIR=9,27% (inviável)
104. Y 105. X 106. B
107. 28,41 meses (inviável) 108. 23,45 meses (viável) 109. 5,41 anos (viável)
a) 9,72 anos (viável)
110. 9,40 meses (inviável) 111.
b) Nulo
55

QUADRO DE FÓRMULAS

J Ci n MC J M C(1 i n )

i1 i 2
 M  C ( 1  i )n J  C [( 1  i ) n  1]
n1 n 2

1  i a  (1  i s ) 2  (1  i t ) 4  (1  i b ) 6  (1  i m )12  (1  i d ) 360

dc
dc  N i n Ac  N ( 1 - i n ) if 
Ac  n
Nin N
dr  Ar i n dr  Ar 
1in 1in
dc
dr  A c  N ( 1 - i )n d c  N [1 - ( 1 - i ) n ]
1in
N  (1  i)n  1 
Ar  d r  N [1 - ( 1  i ) -n ] Mp  P  
(1 i ) n
 i 

 (1  i)n 1  1   1  (1  i) n   1  (1  i)1n 
Ma  P   1 Ap  P   Aa  P   1
 i   i   i 

SFA: SAC:

 (1  i)n  (1  i)t 1  Ap
J t  Ap  i   Am 
 (1  i)n  1  n
 i (1  i)t-1   t 1
A mt  A p   J t  Ap  i 1  
 (1  i)  1   n 
n

 (1  i)n  (1  i)t   t
S dt  A p   S dt  A p  1  
 (1  i)  1   n
n

SAM:

0,5 A p 1 
P1   0,5 A p   i  Ap  i
 1  (1  i)n  n  dp 
  2n
 i 
n
R n  Cn  VPL 
 (1  i
VPE
VPL  n
 I0 TR     100 IBC 
t 1 m)  I0  VPS

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