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FASCÍCULO

ITO
GRATULICAÇÃO
UB
ESTA P R
ODE SE .
NÃO P ADA
CIALIZ
COMER

Cidadania
e Ética
NATáliA CASTilHo
Copyright © 2017 by Fundação Demócrito Rocha
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)

Presidência
João Dummar Neto

Direção Geral
Marcos Tardin

UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (Uane)

Coordenação Geral
Ana Paula Costa Salmin

Cidadania ParticipATIVA: controle social ao alcance de todos


Sumário
Coordenação Geral e Editorial
Raymundo Netto 1. Introdução 03
Coordenação de Conteúdo
Maria Thais Pinheiro Holanda
2. O que é ser um cidadão? 04
Coordenação Pedagógica
Ana Paula Costa Salmin
3. Solidariedade, ética e cidadania 10
Edição de Design
Amaurício Cortez
4. Considerações finais. 15
Projeto Gráfico
Alessandro Muratore

Editoração Eletrônica
Cristiane Frota

Ilustrações
Rafael Limaverde
Objetivos do Fascículo
Catalogação na Fonte • Identificar como surge a noção de direitos e
Cássia Barroso Alves
deveres, da sociedade e do Estado, e o que é
ser cidadão;
Este fascículo é parte integrante da coleção Cidadania ParticipATIVA: controle social ao
• Diferenciar ética e moral e entender a
alcance de todos, em decorrência do contrato celebrado entre a Controladoria e Ouvidoria importância para o exercício da nossa cidadania;
Geral do Estado do Ceará e a Fundação Demócrito Rocha, sob o nº 01/2017.
• Relacionar cidadania e bem comum, a partir do
C565
Cidadania Participativa: controle social ao alcance de todos/ Raymundo Netto sentimento de solidariedade e responsabilidade
(coordenador Geral); Maria Thais Pinheiro Holanda (coordenadora de conteúdo). individual e coletiva.
– Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/Uane, 2017.

96 p.: il. color; (6 fascículos guias)

Parte integrante da coleção “Cidadania Participativa: controle social ao
alcance de todos” da Fundação Demócrito Rocha/Uane.

ISBN 978-85-7529-797-1 (Coleção) Todos os direitos desta edição reservados à:
ISBN 978-85-7529-798-8 (Volume 1)

Fundação Demócrito Rocha


1. Controle Social. I. Raymundo Netto II. Holanda, Maria Thais Pinheiro. Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
III. Título CEP 60.055-402 - Fortaleza- Ceará
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 | Fax (85) 3255.6271
fdr.org.br
CDD 303.3
fundacao@fdr.org.br

2 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


introdução
O curso Cidadania ParticipATIVA, da
Fundação Demócrito Rocha em parceria com a
Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará
(CGE), visa a promover um entendimento para que
você, caro(a) aluno(a), possa desenvolver-se e se
apropriar de conhecimentos, de informações e de
ferramentas para o exercício do controle social.
Para tanto, abordaremos temas como: ética,
cidadania, participação para o controle social, ou-
vidoria, acesso à informação, mídia como ferra-
menta para o controle social e responsabilidade
pelo controle da aplicação dos recursos públicos.
Afinal...
• O que é necessário para o exercício da
cidadania em um país como o Brasil?
• E em um estado como o Ceará?
• Como isso pode nos ajudar a construir
melhores instituições, nas quais a
população realmente confie?
• Como nós podemos contribuir ativamente
para a construção de uma sociedade mais
justa, mais igualitária e solidária?

Com esses questionamentos e outros mais,


no decorrer deste fascículo, tentaremos desper-
tar você para a importância de, por meio de uma
postura ética, exigir os seus direitos, e, como
não poderia deixar de ser, de exercer os seus
deveres, seja na escola, em casa, no trabalho, na
reunião de moradores do bairro ou do condomí-
nio, com os amigos, enfim, em todas as situações
da vida em sociedade.
Nosso desafio é também entender como as
novas formas de comunicação (pela internet, por
exemplo), as inovações da medicina e da biolo-
gia e as transformações econômicas e culturais
exigem de nós, cidadãos/cidadãs, novas respon-
sabilidades, novos compromissos com nossos
semelhantes e com o mundo ao nosso redor.

CIDADANIA PARTICIPATIVA: CONTROlE SOCIAl AO AlCANCE DE TODOS 3


o que é ser um cidadão?
Cidadania, na realidade, é um conceito acima de tudo, gera para todos um dever de portância da política como atividade huma-
bem antigo. Ser cidadão implica ter consci- envolvimento e de participação. na. Platão e Aristóteles são os mais conhe-
ência da importância da participação, sua e cidos. Para eles, o homem (cidadão) estava
de todos, no exercício dos direitos e deve- Lutas por direitos e a conectado totalmente com o mundo à sua
res civis, políticos e sociais estabelecidos na ideia de cidadania volta, ou seja, com a natureza. Então, a vida
Constituição de um país. A expressão “cidadão” surgiu na Gré- em comunidade deveria ser harmoniosa e
Nenhum dos direitos que hoje nos sãos cia Antiga, no século VI antes de Cristo. Nas capaz de proporcionar aos homens a felicida-
assegurados, como vemos na nossa Consti- cidades-estados gregas, em especial em de. Mas, nessas cidades, eram considerados
tuição Federal de 1988 e nos tratados inter- Atenas, os homens responsáveis por de- cidadãos apenas os homens que detinham
nacionais de direitos humanos, “caiu do céu”. terminar os rumos da pólis possuíam iguais posses e que não precisavam trabalhar “no
Sim, todos eles foram conquistados. direitos e deveres: de participar e de decidir pesado” para sobreviver, pois eram possui-
Ainda hoje, cabe-nos e nos caberá, du- sobre os rumos do governo. dores de escravos
rante muito tempo, a tarefa de vermos es- Os pensadores gregos foram os grandes Na Idade Média, ou período medieval,
ses direitos sendo exercidos na prática. Isso, responsáveis por criarem teorias sobre a im- a ordem era exatamente não haver ordem:

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Durante os séculos XV e XVI, algumas
mudanças sociais e econômicas acontece-
ram. As grandes navegações, a expansão
do comércio e das cidades fizeram com que

Saiba+ Saiba+
novos sujeitos passassem a reclamar as
cobranças exageradas de impostos e o po-
Platão (428/427 a.C Atenas – 348/347 der autoritário e arbitrário dos reis. Esses Nicolau Maquiavel (1469-
a.C Atenas), filósofo e matemático do novos sujeitos passaram a ser chamados 1527) escreveu o livro chamado
período clássico da Grécia Antiga, é de burgueses, palavra que originalmente O príncipe. Defendeu que o
autor de diversos diálogos filosóficos quer dizer “aqueles que moram nos burgos”. Estado – representado pelo rei
e fundador da Academia em Atenas, Vejamos agora três pensadores na his- – deveria exercer o monopólio
a primeira instituição de educação tória, os contratualistas, que deram contri- do Exército, ou seja, do poder
superior do mundo ocidental. buições importantes para a noção de direitos de exercer a violência.
Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – e deveres que temos hoje: Thomas Hobbes, Acesse o livro O príncipe em sua
Atenas, 322 a.C.), filósofo grego, aluno John Locke e Jean-Jacques Rousseau. Biblioteca Virtual, no AVA.
de Platão. Seus escritos abrangem
assuntos, como a física, a metafísica,
as leis da poesia e do drama, a
música, a lógica, a retórica, o governo,
a ética, a biologia e a zoologia.

Pólis: é a comunidade política,


de acordo com os filósofos da
ninguém falava uma única língua em uma Grécia Antiga.

Você Sabia?
cidade. Existiam diferentes normas e as
pessoas podiam se comunicar em vários Pluralidade: diversidade,
dialetos. Ou seja, havia uma verdadeira Que a ideia de cidadania moderna multiplicidade.
pluralidade jurídica e cultural. começa a partir do momento em
Nicolau Maquiavel foi um pensador que o homem passa a entender Burgos: locais próximos aos castelos,
daquela época que começou a se preocupar que tem poder de escolha sobre nos quais se verificava a prática de
com o poder dos reis, já que essa divisão suas ideias e decisões? comércio.
de poder entre os nobres acabava gerando
muitos conflitos e guerras. Monopólio: é a posse exclusiva de algo.

Cidadania Participativa: Controle Social ao Alcance de Todos 5


E quem foram essas pessoas?
Hobbes, locke e Rousseau são os três
principais autores da Teoria do Contrato
Social (e por isso são chamados de “con-
tratualistas”), de acordo com os estudio-
sos de Ciência Política.
Thomas Hobbes (1588 – 1679) nas-
ceu na Inglaterra e muitos dos seus escri-
tos foram motivados pelos horrores que
vivenciou sendo testemunha de inúmeras
guerras travadas pelo país naquele período.
Escreveu o leviatã, obra que, para grande
parte dos estudiosos da política e do direito,
pode ser considerada como a que primeiro
conceitua o Estado) moderno.
John Locke (1632 – 1704), médico e fi-
lósofo inglês, foi considerado o pai de uma
corrente de pensamento chamada empi-
rismo,, que afirma que o homem conhece a
partir dos objetos e dos sentidos, e não da
sua razão, das suas ideias.
Rousseau (1712 – 1778) foi escritor e fi-
lósofo político, nascido na Suíça. A partir de
sua mudança para Paris, começou a convi-
ver com teóricos do Iluminismo, e assim es-
creveu aquela que seria uma das principais
obras para entender o ideário da Revolução
Francesa: O Contrato Social (1762).

Você Sabia?
Que a palavra Estado,, grafada com
inicial maiúscula, é uma forma
organizacional cujo significado é
de natureza política? O Estado é
uma entidade com poder soberano
para governar um povo dentro de
uma área territorial delimitada.

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Esses autores realizaram grandes e
profundos estudos sobre como o Estado de-
veria se organizar, ou seja, qual deveria ser a
melhor maneira de exercer o poder político.
Para Refletir A ideia de contrato social nos diz, entre
outras, duas coisas importantes:
Você Sabia?
De onde os reis e os nobres retiravam A primeira é que o poder do Estado é Que a igualdade de todos
recursos para sustentar seus castelos, limitado (e pode ser controlado por nós!). perante a lei (direitos iguais para
seu modo luxuoso de vida e os seus Ou seja, os políticos não podem aprovar todos) foi a primeira grande
exércitos, durante as guerras de leis que prejudiquem a população, afinal o reivindicação do povo?
conquista por novos territórios? Estado existe para servir à população.
Se respondeu, “de tributos A segunda: o poder do Estado é for-
cobrados do povo”, você acertou! mado por decisões coletivas, que também
dependem das nossas opções individuais.
Você sabia disso?
Daí, você já deve ter chegado a uma Dê uma olhadinha nos primeiros arti-
conclusão muito importante: já que o Es- gos da Declaração dos Direitos de Virgínia,
tado é algo criado pela sociedade e para a de 1776:
sociedade, ele precisa, necessariamente, Artigo 1°. Todos os homens nascem
garantir que essas pessoas que compõem igualmente livres e independentes, têm
essa sociedade tenham liberdade. direitos certos, essenciais e naturais dos
quais não podem pôr nenhum contrato...
E essa liberdade, será que ela Artigo 2°. Toda a autoridade perten-
poderia ser limitada por alguma ce ao povo...
Artigo 3°. O governo é ou deve ser
coisa ou por alguém? Existe
instituído para o bem comum, para a pro-
alguma situação em que isso teção e segurança do povo, da nação ou
é possível? Ou essas pessoas da comunidade...
poderiam fazer tudo que Artigo 4°. Nenhum homem e nenhum
quisessem, inclusive causando colégio ou associação de homens podem
sofrimento ao seu semelhante? ter outros títulos para obter vantagens ou
prestígios, particulares, exclusivos e distin-
Enquanto pensamos nisso, vamos, tos dos da comunidade...
com a imaginação, voltar no tempo e pas- Outro evento histórico é importante
sar por dois eventos, dos quais você já deve para que possamos entender a origem da
ter ouvido falar, que marcaram a luta pela cidadania: a Revolução Francesa.
derrubada de privilégios: a Independência Em 1789, os reis já estavam totalmen-
das Colônias Americanas da Inglaterra, em te desgastados em seu governo e os ideais
1776, e a Revolução Francesa, em 1789. de “liberdade, igualdade e fraternidade” –
Esses dois processos deram origem a lema pelo qual a Revolução ficou conheci-
duas Declarações, que representam, para da – movimentaram a burguesia e o povo
diversos autores, a base do que hoje cha- mais explorado na busca por uma socieda-
mamos de direitos fundamentais. de mais justa. Esses ideais são expressos

CIDADANIA PARTICIPATIVA: CONTROlE SOCIAl AO AlCANCE DE TODOS 7


na Declaração de Direitos do Homem e do Art. 2º. A finalidade de toda associa- Para o sociólogo inglês T. S. Marshall
Cidadão, documento que serve para enten- ção política é a conservação dos direitos (1893-1981), em seu livro Cidadania, classe
der a origem da nossa noção de cidadania. naturais e imprescritíveis do homem. Esses social e status (1950), a cidadania teve seu
Vejamos os quatro primeiros artigos direitos são a liberdade, a propriedade, a se- início a partir dessa época.
da Declaração: gurança e a resistência à opressão. Com essas declarações, observamos
Art.1º. Os homens nascem e são li- Art. 3º. O princípio de toda a sobera- que começou a se criar o conceito de di-
vres e iguais em direitos. As distinções nia reside, essencialmente, na nação. Ne- reitos civis.
sociais só podem fundamentar-se na uti- nhuma operação, nenhum indivíduo pode Os direitos civis seriam exatamente
lidade comum. exercer autoridade que dela não emane essas leis que garantem o que estamos
expressamente. analisando agora: (1) a propriedade, (2) a
Art. 4º. A liberdade consiste em poder liberdade contratual, religiosa e de pensa-
fazer tudo que não prejudique o próximo. mento e (3) o direito de ir e vir.
Assim, o exercício dos direitos naturais de Marshall afirmava que a cidadania só
cada homem não tem por limites senão poderia existir se a pessoa, em seu dia a dia,
aqueles que assegurem aos outros mem- tivesse acesso a todos esses direitos juntos:
Para Refletir bros da sociedade o gozo dos mesmos di-
reitos. Estes limites apenas podem ser de-
os civis, políticos, sociais e econômicos. Mas
será que isso é uma realidade para todas as
Você percebe alguma semelhança terminados pela lei. sociedades, em toda e qualquer época? Esse
entre os dois documentos citados modelo de cidadania é o mesmo no Brasil?
até aqui: Declaração dos Direitos Vamos pensar sobre isso? lembre-se:
de Virgínia e a Declaração de Tenho direito a ter direitos: isso gera
Direitos do Homem e do Cidadão? Aces responsabilidade!
Decla se a
ração
Hom dos D
em e ireito
do Cid s do
Biblio adão
teca e m
Virtu sua
al, no
AVA.

Saiba+
O filósofo boliviano Luis Tapia Mealla
(1960) afirma que essa concepção
de cidadania desenvolvida a partir
de tipos e gerações de direitos
também rechaça o processo histórico
vivenciado por cada país. Na América
latina, em alguns casos, os direitos
sociais vieram primeiro, os direitos
políticos, depois. Isso ocorreu no
caso brasileiro, e em alguns outros,
como o boliviano, porque o direito ao
voto universal foi acompanhado por
uma série de direitos sociais e pela
montagem de instituições de oferta
de serviços públicos coletivos.

8 FUNDAçãO DEMóCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


Já sabemos como nasceu essa ideia Referendo é a votação pelo eleitor
de ser cidadão. Mas, com o tempo, mais e para aprovação ou rejeição de medidas
mais pessoas lutaram para serem incluí- propostas ou aprovadas por um órgão le-
das na cidadania. gislativo. Exemplo: o referendo sobre a
Então, ser cidadão passou a ser dever proibição da comercialização de armas de
e direito de todos de participar da vida po- fogo e munições, ocorrido no Brasil em 23
lítica: votar e ser votado, escolher as me- de outubro de 2005.
lhores propostas para o governo, cobrar dos Como podemos ver, tanto o plebiscito
seus representantes eleitos etc. como o referendo são formas de consulta
Para pensadores como Antônio Gramsci popular que ocorrem através de votação
e Rosa Luxemburgo, ser representado por secreta e direta. Em ambos os tipos, não há
alguém não era suficiente: o povo tinha que impedimento para incluir quantas pergun-
exercer o seu poder diretamente. tas forem necessárias em um questionário
a ser respondido pela população. A principal
O voto é a manifestação oficial que diferença entre o plebiscito e o referendo é
declara a preferência do eleitor em que o plebiscito é convocado antes de ser
criado o ato legislativo ou administrativo Claro, a nossa expressão e comunica-
processo eleitoral em um Estado
que trata do assunto em pauta, e o referen- ção não é ilimitada, e é aí que entra a ética,
democrático de direito. do é convocado depois da criação, cabendo para orientar nossa conduta a uma forma
A história do voto no Brasil é ao povo aprovar ou rejeitar a proposta. Sim- de expressão que não ofenda a imagem
registrada a partir de 23 de janeiro ples, não é? das pessoas ou propague a violência, a
de 1532, quando moradores da Vamos, agora, falar um pouco sobre discriminação etc.
primeira vila fundada na colônia como surgiu o conceito de Direitos Humanos. Nós falaremos mais sobre essa ques-
portuguesa, São Vicente, em São O fato de eu e você, hoje, podermos es- tão daqui a pouco...
crever nas redes sociais palavras de ordem Bem, com essa ideia de direitos huma-
Paulo, foram às urnas para eleger o contra um governo ou outro é um exemplo nos, a noção de cidadania fica mais ampla, e
Conselho Municipal. de exercício de direito humano à liberdade passamos a reconhecer que a cidadania não
de expressão e de comunicação. é apenas uma lista de direitos e deveres ci-
A Constituição Brasileira de 1988 pre- vis, políticos e sociais, não é verdade?
vê, em seu Art.14, o exercício da soberania A cidadania é nossa vida. Nossas con-
popular por meio do voto direto e secreto, dições de vida estão sempre e constante-
principal forma de exercer a democracia, mente em mudança. Sendo assim, a cidada-
e, nos termos da lei, assegurar também nia é, na verdade, essa possibilidade de exigir
outras maneiras pelas quais o povo pode e de reivindicar direitos, pois a conquista de
exercitar a democracia direta: direitos está ligada ao exercício dos nossos
1. Plebiscito;
2. Referendo e
Saiba+ deveres: de participação na vida política, de
fiscalização dos poderes públicos, de respei-
3. Iniciativa popular. Acesse “Sobre os Direitos Humanos, a to e promoção das diferenças, entre outros.
cidadania e as práticas democráticas Assim, concluimos que cidadania é o
Você sabe para que servem esses ins- no contexto dos movimentos direito a ter direitos, como dizia a filósofa
trumentos? Então, vejamos: contra-hegemônicos”, artigo de alemã, Hannah Arendt (1906 - 1975).
Plebiscito é uma Consulta sobre João Ricardo W. Dornelles, em
questão específica, feita diretamente ao sua Biblioteca Virtual, no AVA. Iniciativa popular: é um instrumento
povo, por meio de votação do tipo “SIM” da democracia que torna possível, à
ou “NãO”. população, apresentar projetos de lei.

CIDADANIA PARTICIPATIVA: CONTROlE SOCIAl AO AlCANCE DE TODOS 9


Solidariedade,
ética e cidadania
E o que ética tem a ver com cidadania? Ética: o certo e o errado
Ser ético é saber o que é bom e ruim; certo na ideia de cidadania
ou errado? Mas o que parece ser certo para Essa situação do quadrinho lhe diz

Você Sabia?
você pode ser o errado para mim, não é? alguma coisa? Quantas vezes exigimos
Como podemos sair dessa aparente con- um governo ou uma sociedade mais ética,
tradição? Por isso, essa parte do estudo é muitas vezes sem observar as nossas pró-
muito importante. Que em 2009, foi instituído o prias atitudes cotidianas? Será que nós, em
Vamos analisar qual a relevância da Sistema de Ética e Transparência nossa rotina e escolhas pessoais, cobramos
ética para a vida em sociedade e, conse- do Poder Executivo Estadual, com também a ética?
quentemente, para o exercício da cidada- a finalidade de promover atividades É interessante saber que as nossas
nia, lembrando que a ética nos ajudará a que dispõem sobre a conduta ética escolhas individuais (furar ou não uma fila,
perceber sobre em que baseamos as nos- no âmbito do Executivo Estadual? O enganar ou não um colega de trabalho, co-
sas escolhas. Decreto nº 29.887/09 e o Decreto lar ou não em uma prova, sonegar ou não o
nº 198/2013 podem ser acessados imposto, atravessar ou não o sinal verme-
na Biblioteca Virtual do AVA. lho, devolver ou não aquele troco errado,
jogar lixo no chão em vez de na lixeira, entre
outras coisas) também refletem aquilo que

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não queremos nem gostamos de ver em nossa religião, pelos hábitos e costumes do
nossa sociedade. No discurso, todos nós povo etc. Embora existam diversos tipos de
queremos uma sociedade mais ética, não valores, faremos uma análise do que são os
é assim? E a falta de ética, o que acarreta? valores éticos, e como eles influenciam a

Saiba+
A corrupção é uma das coisas que vêm nossa ideia de cidadania.
no “pacote” da falta de ética. Uma atitude
nociva à sociedade e ao governo. Suborno, O Código de Ética e Conduta da
extorsão, lavagem de dinheiro são exemplos Administração Pública Estadual,
de desvio de dinheiro público, de corrupção, veio para regulamentar as regras
de falta de ética. Acredite: de conduta dos agentes públicos

Todos perdem coletivamente com a


civis no âmbito da administração
pública estadual. Para conhecê-lo, Você Sabia?
corrupção! Por causa dela, o governo acesse a Biblioteca Virtual do AVA. Que existe formalmente no Governo do
deixa de prestar serviços e construir Para conhecer as perguntas mais Estado do Ceará a Comissão Setorial
frequentes sobre o Código de Ética, de Ética Pública (CSEP), que atua na
bens para toda a sociedade,
acesse: www.cge.ce.gov.br/index. Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado
principalmente para aqueles que php/comissao-setorial-de-etica- (CGE) e que tem a finalidade de promover
mais necessitam. publica/perguntas-frequentes atividades que dispõem sobre a conduta
ética, bem como a de apreciar e decidir
Ser ético é ter um conjunto de valo- sobre fatos ou condutas que contrariem
res morais e respeitar os princípios so- princípio ou norma ético-profissional?
ciais, com atitudes de honestidade, justi- Conheça. Acesse: www.cge.
ça e solidariedade. ce.gov.br/index.php/etica-
Aliás, é bom lembrarmos que as pes- publica/comissoes-setoriais
soas verdadeiramente éticas, assim o são, O Regimento Interno da CSEP pode ser
mesmo quando os outros não estão vendo acessado na Biblioteca Virtual do AVA.
e não precisam que seus atos éticos sejam
publicitados para que aconteçam.
Você, como agente cidadão/cidadã,
deve participar por meio das ferramentas
de controle social fazendo valer e respei-
tar as normas, valores estabelecidos na Ética: segmento da filosofia que se dedica
sociedade e na legislação vigente, como a à análise das razões que ocasionam,
Constituição Brasileira de 1988, que trouxe alteram ou orientam a maneira de agir do
uma visão de democracia mais ampla, pos- ser humano, geralmente, tendo em conta
sibilitando que toda a sociedade pudesse, seus valores morais.
de fato, interferir na política, exercendo a
sua cidadania. Moral: refere-se às regras de conduta;
São muitos os fatores que moldam relativo ao âmbito do espírito humano. Que
o que consideramos certo ou errado, bom significa um comportamento delimitado
ou ruim, e muitas vezes esses fatores nos por regras fixadas por um grupo social
são definidos pela nossa educação familiar, específico. Relativo ao espírito intelectual
pela cultura em que estamos inseridos, pela em oposição ao físico, ao material.

CIDADANIA PARTICIPATIVA: CONTROlE SOCIAl AO AlCANCE DE TODOS 11


Bem, para começar, é preciso dizer que Artigo 2°. Todos os seres humanos po-
muito do que entendemos por ética está li- dem invocar os direitos e as liberdades procla-
gado a comportamentos ou valores morais. mados na presente Declaração, sem distinção
O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) alguma, nomeadamente de raça, de cor, de
descreve acerca do que é ser ético.. Segundo sexo, de língua, de religião, de opinião políti-
ele, as leis morais definem o que é o bem e o ca ou outra, de origem nacional ou social, de
mal.. Seria a nossa capacidade de pensar por fortuna, de nascimento ou de qualquer outra
nós mesmos, de determinar a nossa própria situação. Além disso, não será feita nenhuma
vontade, que guiaria nossas ações práticas, distinção fundada no estatuto político, jurídi-
ou seja, as ações morais.. E esses princípios co ou internacional do país ou do território da
morais deveriam poder ser seguidos não só naturalidade da pessoa, seja esse país ou ter-
por uma pessoa, mas por todos. Assim, você ritório independente, sob tutela, autônomo
só pode fazer uma escolha se ela puder ser ou sujeito a alguma limitação de soberania.
adotada por todas as pessoas. exceção, precisamos escolher algum tipo Artigo 3°. Todo indivíduo tem direito à
Ficou complicado? Vamos a um exemplo: de conduta? Como a ética pode servir para vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Digamos que você decida que é ético orientar essa conduta? Artigo 4°. Ninguém será mantido em
colar na prova de um concurso para enfer- Nesse sentido, em 1945, a Organização escravatura ou em servidão; a escravatura
meiro de um hospital público, porque você das Nações Unidas (ONU) foi criada e, logo e o trato dos escravos, sob todas as formas,
precisa daquele emprego para pagar o tra- em seguida, os países pensaram em uma são proibidos.
tamento da sua mãe, que tem câncer. declaração que contivesse o rol de direitos Mesmo após o surgimento da Decla-
Para você, parece existir um motivo básicos que estariam garantidos a todos os ração Universal dos Direitos Humanos e de
mais do que justo para enganar e tirar pro- seres humanos. Então surgiu, em 1948, a tantos outros tratados que reforçam a ne-
veito na prova: a doença da sua mãe. Declaração Universal dos Direitos Humanos, cessidade de uma ética que valorize a hu-
Essa escolha, a de colar na prova, pode texto que reflete a ideia de que os homens manidade como um todo, algumas ques-
ser adotada por todas as pessoas? Como não têm seus direitos respeitados somente tões ainda ficam no ar.
será formada a equipe de enfermeiros des- dentro de seu país e pelo governo de seu Após estabelecermos essa relação
se hospital? Será que haverá algum prejuí- país, mas, sim, em todo o mundo: na condi- entre ética e cidadania, vamos analisar, no
zo para a prestação do serviço para a po- ção de pessoa humana, é dever de todas as próximo tópico, quais são os dilemas, novos
pulação a ser atendida por enfermeiros não nações respeitar a sua dignidade. e antigos, que ainda permanecem nessa
devidamente habilitados e/ou qualificados Vejamos os quatro primeiros artigos discussão.
para estar naquele cargo? Se a sua filha es- dessa Declaração.
tivesse com uma doença grave e precisasse Artigo 1°. Todos os seres humanos Ética e Responsabilidade Social: participar
de um apoio do enfermeiro ou enfermeira nascem livres e iguais em dignidade e em para promover o bem comum
daquele hospital, você gostaria que esse direitos. Dotados de razão e de consciência,
profissional tivesse sido selecionado para devem agir uns para com os outros em espí-
aquela função por meio de uma fraude? rito de fraternidade. Responsabilidade Social é quando os
Então, nesse momento, uma pergun- órgãos, empresas, pessoas decidem
ta se faz importante: para que “o direito a contribuir para uma sociedade mais
ter direitos” seja aplicável para todos, sem justa e para um ambiente mais limpo.

12 FUNDAçãO DEMóCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


O desenvolvimento capitalista e suas
implicações positivas e negativas trouxe
novas questões para o debate sobre ética
e cidadania.
Uma pergunta de difícil resposta, que
muitos de nós nos fazemos nos dias de
hoje, é: como será o mundo em que nossos
filhos, netos ou tataranetos irão viver?
A preocupação com as novas gerações
e com os padrões éticos que essas gerações
deverão seguir têm uma relação imediata
com o que entendemos hoje por cidadania.
Por exemplo: um candidato ao gover-
no pode se utilizar de nossos perfis nas
redes sociais, para captar nossas prefe-
rências (individuais e políticas) e, assim,
construir suas propostas?
Sabemos que esse exemplo, possível
somente a partir da expansão da internet,
já é uma realidade. O exercício da cidadania,
sendo assim, está diretamente ligado à ne-
cessidade de adotarmos uma conduta ética!
Cada vez mais essas novas situações
geradas a partir do progresso científico e tec-
nológico nos levam a pensar em uma condu-
ta ética capaz de garantir o exercício da cida- éticas nos novos meios de comunicação e reitos e os de outras pessoas. A propagação
dania para todos. Um exemplo disso são os de relacionamento que existem hoje com de uma cultura de cidadania, portanto, tem
casos do envio de fotos e vídeos, conhecidos o aumento do acesso à internet. Seria éti- a ver com os seres humanos e com as nos-
popularmente como nudes, via internet. co repassar imagens de uma pessoa sendo sas relações políticas e sociais.
Você já parou para pensar por que as assassinada, ao vivo? Ou essa conduta vio- Essa questão começou a ser trazida
mulheres ainda são os principais “alvos” laria algum direito da pessoa ou mesmo da a partir do momento em que, especial-
desse tipo de prática1? Esse problema en- família dela? Quando alguém é agredido e mente no mundo ocidental, a ideia de
volve discussões atuais, de como podemos as imagens dessa situação são filmadas e cidadania passou a se expandir. Assim,
pensar em manter e propagar posturas repassadas por alguém, via aplicativos de passamos a perceber que, na verdade,
smartphones, estamos respeitando os di- também dependemos do meio ambiente
1. Um estudo feito pela Organização Não Governamental – ONG reitos do outro? Sabemos que, atualmente, para sermos cidadãos! Um meio ambien-
– Safernet Brasil, mostra que o número de vítimas de comparti- isso é prática comum, mas será que ela não te equilibrado e sadio é direito de todos
lhamento de fotos íntimas (conhecidos por “nudes” e “sexting”)
em sites e aplicativos de smartphones, como o Whatsapp, mais expõe a imagem das pessoas de forma ne- nós e mesmo dos que ainda aqui não che-
que dobrou nos últimos dois anos no Brasil. No perfil das vítimas,
77, 14% são do sexo feminino, enquanto 22,86%, masculino. Mais
gativa, invadindo a sua privacidade? garam, ou seja, das futuras gerações, de
informações podem ser acessadas na seguinte notícia: TOMAZ, K. A ética nos ajuda a pensar no tipo de pessoas que habitarão o planeta, se nós
“Vítimas de ‘nude selfie’ e ‘sexting’ na internet dobram no Brasil, diz
ONG”. Do G1. São Paulo. Publicado em 14 abr 2014. Disponível em < tratamento e de conduta que deveríamos deixarmos que nasçam e permitirmos
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/04/vitimas-de-nu-
de-selfie-e-sexting-na-internet-dobram-no-brasil-diz-ong.html >
observar para cultivar uma postura cidadã que, na Terra do futuro, existam condi-
Acesso em 09 abr 2017. de respeito e de promoção dos nossos di- ções para a sua sobrevivência.

CIDADANIA PARTICIPATIVA: CONTROlE SOCIAl AO AlCANCE DE TODOS 13


A questão ambiental e o direito ao Nesse sentido, a bioética emerge como discutir coletivamente com todas as pes-
meio ambiente ecologicamente equilibra- um importante campo que pretende discutir soas à nossa volta, possibilidades de solu-
do cabem direitinho nessa discussão. quais são as implicações sociais e éticas des- ções para os problemas do nosso cotidiano.
Conhecida como ética ambiental, esse ses avanços técnológicos. Essas novas preo- A democracia exige participação, exige
ramo da ética propõe que a acumulação cupações exigem que o governo estimule também que o Estado promova esse diálo-
econômica não pode ser o centro nem o cada vez mais a participação das pessoas. go com todos os envolvidos: comunidades,
fundamental de tudo. Exigem, também, que as pessoas se envol- governos, cientistas, universidades etc.
O desenvolvimento humano precisa vam nessas discussões. Afinal, para partici-
ser sustentável, ou seja, deve se orientar par, precisamos conhecer. E para conhecer, Bioética: estudo dos problemas e
pela atenção ao meio ambiente em que vi- precisamos estar informados do mundo implicações morais despertados pelas
vemos, não o conceber apenas como um ao nosso redor, saber dessas novidades e pesquisas científicas em biologia e
“recurso natural”, já que a nossa vida de- de como elas podem impactar não apenas a medicina. Abrange questões como a
pende diretamente do ar que respiramos, nossa vida, mas a de todos. utilização de seres vivos em experimentos,
da água que bebemos, do tipo de alimento A ética cidadã faz parte de uma pos- a legitimidade moral do aborto ou da
que ingerimos etc. tura ativa, responsável e consciente. Acre- eutanásia, as implicações profundas
Na área da medicina e da biologia, en- dite: nossa ação no mundo do AGORA terá da pesquisa e da prática no campo da
frentamos outros tantos dilemas éticos consequências para as próximas gerações genética etc.
que se encontram diretamente ligados à (o mundo FUTURO). Por isso, é nosso dever
possibilidade de exercer certos direitos, ou conhecer, buscar informações, participar e
seja, de sermos plenamente cidadãos.
O aborto, a utilização de células-tronco
para tratamento de doenças, a clonagem, a
inseminação artificial e a possibilidade de
escolha prévia do sexo, o mapeamento ge-
nético e o registro do genoma de pessoas
encarceradas para criação de um banco de
material genético (que se possa consultar
sempre que um crime acontece) são apenas
alguns exemplos de questões complexas.

Será que é ético permitir que o Estado


mantenha, mesmo contra a vontade
da pessoa, sua informação genética?
O fato de você ter sido preso uma vez
significa necessariamente que você
terá mais chances de cometer um
novo crime no futuro?
Seria justo pré-julgar uma pessoa
dessa maneira?
E a igualdade de todos perante a lei,
como fica?

14 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


Assim, mais do que nunca, precisamos Estado, nossos governos, pois as decisões Flávio Beno Siebeneichler. Tempo Brasileiro:
compreender que o exercício da cidadania deles, como também já vimos, nos diz res- Rio de Janeiro, 2003.
faz-se quando escolhemos adotar condu- peito diretamente. 5. HOLANDA, A. B. de. Dicionário Aurélio da
tas moralmente corretas na nossa casa, Viver na sociedade atual já implica ser Língua Portuguesa. Positivo: São Paulo, 2010.
no condomínio, em nossa escola/faculda- e estar atingido por todas essas mudanças. 6. Instituto de Pesquisa com Células Tronco,
de, em nosso trabalho, à nossa volta. Se faz Por isso, enquanto cidadãos, nossa tarefa IPTC. Disponível em < http://celulastroncors.org.
quando escolhemos, individualmente, “fazer de buscar condições cada vez melhores de br/celulas-tronco-2/ > Acesso em 9 abr 2017.
a coisa certa”, como jogar o lixo na lixeira, res- vida para todos exige o esforço de partici- 7. LEAL, M. C. H. Absolutismo. In: Dicionário de
peitar o direito do outro (independentemen- pação e de solidariedade. Filosofia Política. BARRETTO, V; CULLETON, A,
te de ele estar vendo, sabendo ou não), não Lembre-se que temos o compromisso (org.). Editora Unisinos: São Leopoldo-RS, 2010.
agredir os nossos semelhantes e tratar os de construir hoje, mesmo que não tenha- 8. LOCKE, John. Tratado sobre o Governo:
outros como gostaríamos de ser tratados. mos consciência disso, o futuro das próxi- ensaio relativo à verdadeira origem, extensão e
Mesmo que você não goste, pagar mas gerações. Pensar assim, também faz objetivo do Governo Civil. Editora Martin Claret:
adequadamente os tributos exigidos por de você um cidadão. São Paulo, 2009.
lei também faz parte desse exercício cida- 9. MACHADO, I. J. de R.; AMORIM, H.; BARROS, C. R
dão. Mas não apenas pagá-los. É preciso fis- de. Sociologia Hoje. Ática, 1ª ed: São Paulo, 2013.
calizar os governantes e os seus atos, pois Considerações finais 10. MORRISON, Wayne. Filosofia do Direito: dos
se esses recursos públicos não estiverem Assim, finalizamos este primeiro fascículo gregos ao pós-modernismo. Martins Fontes 2ª
sendo bem empregados, você, enquanto do curso Cidadania ParticipATIVA. ed: São Paulo, 2012.
cidadão, pode e tem que cobrar mudança Você agora tem informações sufi- 11. MENDES, A. A. P.; BORGES, A. de P. et al.
de atitude deles, solicitar esclarecimentos, cientes sobre a Cidadania e a Ética, que, Filosofia. Curitiba: CEED-PR. 2006. Disponível
questionar, além de sugerir melhores usos. esperamos, possam contribuir para a sua em < http://www.educadores.diaadia.pr.gov.
reflexão e exercício enquanto agente fo- br/arquivos/File/livro_didatico/filosofia.pdf >
Escolhas e decisões mentador do controle social. Acesso em 09 abr 2017.
As nossas escolhas individuais re- Seguimos com o segundo fascículo, 12. OLIVEIRA, Luciano. Seminário Modernidade
presentam apenas a metade do caminho. uma nova jornada em busca do conhecimen- e Direitos Humanos. UNICAMP: Programa de
E por isso, mais do que nunca, nosso de- to, onde você, caro(a) aluno(a) aprofundará Pós-Graduação em Direito. 2017.
ver de exercer a cidadania é necessário. seus conhecimentos e reflexões acerca de 13. ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e
Somente com a participação ética pode- como um cidadão ou uma cidadã deve exer- fundamento da desigualdade entre os homens.
remos resgatar esse sentimento de espe- cer a participação, praticando o controle so- Disponível em < http://www.dominiopublico.gov.
rança na construção de um mundo melhor, cial e garantindo os seus direitos humanos. br/download/texto/cv000053.pdf > Acesso em
com mais igualdade, mais justiça e solida- Bons estudos! 09 abr 2017.
riedade, que é o que desejamos. 14. SILVA, A. et al. Sociologia em movimento.
A resposta aos dilemas impostos à nos- Moderna, 1ª ed: São Paulo, 2013.
sa condição de cidadãos, hoje, está na políti- Referências 15. SILVA FILHO, J. C. M. de. Totalitarismo. In:
ca. E a política não se limita nem é a mesma 1. ARANHA, M. l. de A.; MARTINS, M.H.P. Dicionário de Filosofia Política. Barreto, V;
coisa que partido político ou eleições! Filosofando: introdução à filosofia. 5ª ed. CULLETON, A, (org.). Editora Unisinos: São
Política é discutir, estar informado, Moderna: São Paulo, 2013. Leopoldo-RS, 2010.
ter consciência de quais são nossos direi- 2. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. 16. MEALLA, Luis Tappia. La invención
tos e exigi-los, seja cobrando dos nossos Dicionário de Política. Editora UnB, 11ª ed: del núcleo común: ciudadanía y gobierno
representantes, seja exercendo nossos Brasília, 1998. multisocietal. La Paz: CIDES - UMSA, 2006.
direitos de manifestação e livre expressão. 3. FLORES, J. H. Teoria crítica dos direitos Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.
A política é o que move a nossa ci- humanos: os direitos humanos como produtos org.ar/ar/libros/bolivia/cides/tapia.pdf>
dadania. É a capacidade que temos de culturais. Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2009. Acesso em: 15 abr. 2012.
dialogar com os nossos semelhantes, de 4. HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia:
nos envolver nos assuntos que regem o entre facticidade e validade. v. I. 2ª. ed.Trad.

Cidadania Participativa: Controle Social ao Alcance de Todos 15


CURSO

SobrE A AuTorA

Natália Castilho

Coordenadora do Escritório de Direitos Humanos (EDH) do Centro Universitário Christus (Unichristus).


Professora do curso de Direito, nas disciplinas de direito da criança, do adolescente e do idoso e direitos
humanos e fundamentais. Doutoranda (2017) em direito pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
Mestre em direito (2013) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Integrante do Instituto de
Pesquisa Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS). Tem experiência na área de Direitos Humanos, Direito da
Criança e do Adolescente, atuando principalmente nos seguintes temas: teoria crítica do direito, direito e
movimentos sociais, estudos pós e descoloniais, direito e políticas públicas para infância e juventude.

Apoio

Realização

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