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GERENCIAMENTO
DE ALERGÊNICOS
NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
ÍNDICE
Alergênicos e a lei de rotulagem 03
Desafios do gerenciamento correto 08
A indústria brasileira e os alergênicos 13
Referências 18
Confira mais materiais 19
Sobre a feira 20
Em contato 21
ALERGÊNICOS E A
LEI DE ROTULAGEM
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ALERGÊNICOS E A LEI DE ROTULAGEM
A entrada em vigor da RDC 26/2015 trouxe uma nova preocupação à indústria do Brasil. A resolução traz a definição
dos alimentos alergênicos e estabelece os princípios e a obrigação de sua rotulagem no País. Além de estabelecer
normas, a medida abriu uma crucial discussão sobre o gerenciamento dos agentes capazes de produzir alergia.
Para a indústria alimentícia nacional, trata-se da oportunidade de quebrar o paradigma de que implementar um
sistema de gerenciamento de alergênicos é complicado, opina a mestre em Nutrição e Dietética, Keli Cristina de Lima
Neves, da BR Quality Consultoria. “Para isso, precisamos entender a importância do tema, compreender que o foco
deve estar nas necessidades de consumidores que pertencem a um grupo de risco e nos envolver responsavelmente
com esta preocupação.”
Isso porque, do ponto de vista médico, a presença de proteína é a principal causa das alergias alimentares com
sintomas mais comuns de coceira e eczemas, podendo evoluir para quadros mais graves como inchaço e fechamento
da glote, levando até a morte.
Para estabelecer a norma das rotulagens, é possível diretrizes como a que inclui informações sobre produtos com
rastros de alergênicos. A embalagem precisa conter os seguintes alertas:
Já nos casos em que não for possível garantir a ausência de contaminação cruzada dos alimentos, que é a presença
de qualquer alérgeno alimentar não adicionado intencionalmente, como no caso de produção ou manipulação, o
rótulo deve constar a declaração:
• Alérgicos: Pode conter (nomes comuns dos alimentos que causam alergias).
Essa avaliação é compartilhada por Juliane Dias, sócia da Flavor Food Consulting e fundadora da Associação Food
Safety Brazil. “O Brasil encontrava-se muito defasado em relação a outros países, inclusive na América Latina. O Codex
Alimentarius definiu a relação dos 8 alimentos alergênicos mais importantes em 1999 e os Estados Unidos
internalizaram como obrigatoriedade legal a rotulagem em 2004, o Chile, em 2011. A melhor parte é que, ao fazer uma
gestão de alergênicos, outras melhorias nas boas práticas de fabricação acabam sendo implementadas naturalmente.”
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Os avanços proporcionados pela nova legislação, mesmo que aos poucos, já podem ser vislumbrados. Seu objetivo
principal, como aponta Keli Lima, foi a definição das medidas de controle para minimizar as crises alérgicas
desencadeadas pelo consumo de alimentos com falta ou com erro de informação. E, apesar de parte da indústria ainda
estar distante de atender certas normas, algumas empresas já começaram a implementá-las corretamente.
“As indústrias precisam, agora, pensar em aumentar as oportunidades de escolha de alimentos pelos consumidores
alérgicos por meio da implementação de medidas preventivas para contaminação cruzada, gestão interna dos
alergênicos e controles de entrada de matérias-primas”, complementa a especialista da BR Quality.
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DESAFIOS DO GERENCIAMENTO CORRETO
Embora a indústria alimentícia brasileira tenha dado os primeiros passos rumo ao gerenciamento moderno dos
alergênicos, os desafios desse segmento ainda são inúmeros e precisam ser encarados com extrema seriedade pelos
agentes envolvidos. “A realidade da indústria brasileira é a heterogeneidade”, resume Juliane Dias, da Associação Food
Safety Brazil.
Há, ainda, vinculado ao látex, um segundo problema: para empresas que o utilizam, já havia uma lei. “Mas existe uma
dúvida sobre o correto atendimento a essa lei e nem sempre a indústria pode ter segurança de que, onde não está
informado a sua utilização, realmente não há a sua presença”, acrescenta Lima.
Outros itens têm provocado confusão. Há produtos que são classificados fora do Brasil como não alergênicos, mas que
devem ser rotulados aqui como é o caso do óleo de soja totalmente refinado. “A Anvisa precisa receber e reconhecer
como suficientes evidências científicas para justificar dispensa da rotulagem destes e outros alimentos ou aditivos, já
que não considera automaticamente o posicionamento de outros órgãos regulatórios.”
Esse problema aponta diretamente para outro desafio: como a atuação entre diferentes elos ainda é desconhecida
quando se trata de alergênicos, a indústria ainda não tem critérios para determinar algumas diretrizes. “Não há estudos
suficientes para entender, por exemplo, se uma abobrinha orgânica tratada com leite cru para evitar pragas no campo,
de alguma maneira, poderá conter resíduos significativos na hora da comercialização”, ilustra a fundadora da Food
Safety Brazil.
Um estudo norte-americano de 2014 sobre as causas de recalls por alergênicos traz importantes pistas sobre os
desafios da indústria., sendo 3 desses erros:
• 35% - troca de embalagem, ou seja, o envase de um produto alergênico como não alergênico.
• 25% - falhas na terminologia, o que é preocupante, pois no Brasil “já vi produtos com alerta contém gema ao
invés de contém ovos”, lembra a especialista.
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A INDÚSTRIA BRASILEIRA E OS ALERGÊNICOS
Mesmo com as inúmeras dificuldades, os especialistas concordam que é possível, sim, fazer uma boa gestão de
alergênicos na indústria. Isso requer, no entanto, o comprometimento de toda a cadeia: fabricantes de ingredientes,
fabricantes de materiais que entram em contato com os alimentos, distribuidores e processadores, entre outros. “Uma
boa gestão consiste em identificar todos os alergênicos presentes na indústria e saber onde estão, em quais linhas e
produtos eles podem ser encontrados, como é realizada a higienização da linha após o uso de alergênicos, se há áreas
separadas para processar alergênicos, utensílios dedicados para seu uso”, enumera a sócia-proprietária da Alimentarius.
A consultora da BR Quality acrescenta que uma rastreabilidade adequada deve ser realizada para identificar os
possíveis alergênicos não conhecidos no processo. “Assim como identificar a real existência de contaminação cruzada,
além de definir medidas que reduzam estas contaminações.”
• Trabalhar com pessoal devidamente capacitado é questão de investimento para a empresa, que terá condição
de realmente fazer um sistema de gestão de alergênicos e não apenas de colocar informações nos rótulos, de
forma muitas vezes inadequada e que não ajudarão os consumidores.
• Ter pessoas capacitadas significa ter pessoas que entendam o mínimo necessário sobre alergias e intolerâncias
alimentares, conheçam o processo de fabricação, tenham acesso às informações e respaldo nas tomadas de
decisões, além de serem pessoas com capacidade de disseminar os controles na cultura da empresa.
• Buscar informação é importante e necessário. Talvez a grande falha da nova legislação seja a falta de diretrizes
sobre como implementar o gerenciamento. O que percebemos é que a indústria ficou confusa com as
informações e a falta de conhecimento. Parece-nos, algumas vezes, que se torna mais fácil “avisar que pode
conter” do que “gerenciar para não conter”. Assim, a informação pode inverter essa lógica.
Organizações de consumidores já aspiram, inclusive, ter informações sobre qual seria a concentração remanescente
de um alergênico num produto industrializado, para então tomar a decisão de consumo. Como os níveis de
sensibilidade são individuais, seriam ampliadas as possibilidades de acesso para certos alérgicos. “Não podemos
esquecer que a causa principal de recolhimento de alimentos no mundo são por alergênicos não declarados na
embalagem. O desafio é para todos”, afirma Dias.
http://www.brqualityconsultoria.com.br
http://foodsafetybrazil.org
http://alimentarius.com.br
http://portal.anvisa.gov.br/noticias?p_p_id=101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_groupId=
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Check list: saiba se sua empresa atende a nova resolução de recall de alimentos
http://fispaltecnologia.com.br/blog/checklist-saiba-se-sua-empresa-atende-a-nova-resolucao-de-recall-de-alimentos/
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