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O Conselho de Bioética de Nuffield, o principal órgão na área da bioética

no Reino Unido, publicou um relatório em que se afirma que a


modificação do DNA de um embrião humano poderia ser permitida se
servisse o melhor interesse da criança.

Os autores do relatório pedem mais pesquisas sobre a segurança e a eficácia da


modificação genética em humanos. A Sputnik International discutiu o tema com David
King, diretor do grupo Human Genetics Alert (Alerta Genética Humana, em português).

MUOTRI LAB / UC SAN DIEGO/DIVULGAÇÃO


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Segundo David King, o relatório produzido pelo Conselho de Nuffield é uma


vergonha. A comunidade internacional afirma que não devemos fazer isso, a
proibição de modificar geneticamente embriões humanos existe na legislação
de muitos países. Tais regras têm a ver com um movimento chamado eugenia,
que ficou famoso no período nazista e que basicamente tratava de eliminar da
sociedade as pessoas que eram consideradas geneticamente inferiores, o que
resultou no holocausto.
O doutor David King contesta as técnicas de modificação genética e esclarece que já
existem excelentes tecnologias que ajudam a evitar o nascimento de crianças doentes.

"O que não podemos fazer é criar o que chamamos de bebês


aperfeiçoados, 'bebês sob medida', o que seria uma forma de
eugenia tecnicamente muito mais sofisticada do que a que era
praticada na primeira metade do século XX", acrescenta.

King alerta que pode surgir um mercado livre destas tecnologias e que os pais, movidos
pelo desejo natural de criar condições para que seus filhos tenham o melhor começo de
vida possível, podem recorrer a este mercado para que seus descendentes usufruam de
uma vantagem competitiva. Isso favoreceria as crianças de pais ricos, enquanto
as nascidas em famílias mais pobres ficariam em desvantagem.

© AFP 2018 / TIM SLOAN


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Em relação ao método já existente para evitar doenças graves, King explica


que "se conhecermos o gene, saberemos qual é a mutação no gene e já
podemos observar todos os genes […], ver qual deles tem a mutação e
simplesmente não implantar na mulher o embrião que tem a mutação.
Quando questionado sobre testes fetais que indicam anormalidades e condições
específicas que às vezes levam à interrupção da gravidez, David King diz que a questão
do aborto é complexa porque envolve ética e religião. Ao mesmo tempo, ele relata que,
sendo ele próprio uma pessoa com deficiência, tem falado com ativistas dos direitos
destas pessoas no Reino Unido e muitos temem que as práticas de evitar que nasçam
pessoas deficientes não sejam mais que a continuação da eugenia.

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