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Capacidade Tampão ou Nível Crítico

 27 de janeiro de 2017
 Análise química de solo
A análise de solo estima com boa segurança os teores de cátions. A real função da análise é de se medir
a CTC (Capacidade de troca de Cátions) que para tanto os métodos disponíveis de análises são bastante
coerentes e seguros. Portanto o “status” de cátions (cálcio, magnésio, potássio e sódio) no solo, e sua
possível disponibilidade para as plantas, podem ser indicados pela Capacidade de Troca de Cátions
(CTC) do solo, determinado na análise química.
Por outro lado, a disponibilidade dos ânions, em especial o fosfato e o sulfato, depende das formas em
que ocorrem no solo, não havendo, portanto, uma determinação ideal que avalie diretamente essa
disponibilidade. Pode-se verificar este fato dado ao grande número de diferentes extratores para se
tentar estimar o fósforo, por exemplo.
Entretanto, a disponibilidade dos ânions principalmente o fósforo que ocorre nos solos na forma de
orto-fosfato (H2PO4-) pode ser estimada através da capacidade tampão.
A Capacidade Tampão de fosfato é a medida da variação do (P-lábil em relação ao P-solução) que
representa a capacidade que o solo tem para manter certo teor de fósforo na solução do solo (P-
disponível).

A capacidade tampão de fosfatos e a capacidade máxima de absorção de fósforo pelo solo apresentam
estreita correlação com o fósforo-remanescente (P-rem).

A determinação do Fósforo remanescente (P-Rem) se baseia na quantidade de P-adicionado ao solo que


fica na solução de equilíbrio após definido um tempo de contato com o solo. Após a adição do fósforo,
e da agitação do sistema, mede-se o fósforo que ficou remanescente na solução, ou seja, o que não foi
adsorvido pelo solo.

Esta determinação presta-se muito bem para estimar o nível crítico do P-disponível e a declividade do
P-disponível como função do P adicionado ao solo.

Assim, se o valor do P-rem é baixo, significa que o solo tem alta capacidade de adsorção de fósforo e
consequentemente alta capacidade tampão, ou seja, a capacidade de devolver o fósforo para a solução
e manter o teor do fósforo em solução.

Ao contrário, se o valor do P-rem for alto, significa baixa capacidade de absorção e, portanto baixa
capacidade tampão para manter o fósforo em solução. Ressalta-se que para o fósforo ficar disponível
para as plantas, este deve estar na solução do solo.

Posto isto, se conhecendo a quantidade de P-disponível é possível se calcular o Nível Crítico de Fósforo
(NiCriP).

O nível crítico se refere à concentração de fósforo que deve estar disponível para manter uma planta
em produção.

Assim, para uma boa recomendação de fertilizantes, deve-se conhecer o teor das formas
disponíveis do nutriente, seu nível crítico e a declividade do nutriente disponível em função do
nutriente adicionado ao solo.
Ao se considerar que tanto o nível crítico como a declividade depende da capacidade tampão, e que esta
é uma propriedade do solo, sua estimativa por meio de um método simples e rápido (P-REM), foi uma
maneira inteligente de se estimar um nutriente de difícil interpretação pelos métodos de análise
disponíveis.
Como os níveis críticos de P (NiCriP) variam de forma contínua de acordo com a capacidade tampão de
fosfatos, ressaltando-se que estas características são intrínsecas do solo, estes Níveis críticos de P,
podem ser apresentados em função do P-rem:

Daí se aplica a seguinte formula para se determinar o Nível Crítico de Fósforo (NiCriP)

NiCri P = 4,62 + 0,324731•(P-Rem) + 0,00160568•(P-Rem)2


Verifica-se que o valor do P-Rem é a principal variável e este valor pode ser determinado.

Pode-se então definir as classes de interpretação da disponibilidade do fósforo, dentro de cada classe
do P-Rem, bastando se calcular o Valor relativo de Fósforo (P-Relativo) que é a expressão do valor do
fósforo disponível em porcentagem. O Valor do P-relativo (PR) é o teor de fósforo em relação ao seu
nível crítico, ou seja:
PR = 100 * P / NiCri P.
Ressalta-se que o valor de P é o valor do teor de P extraído pelo método Mehlich 1
Para tal, são utilizadas as seguintes classes:
Por exemplo, a análise de uma amostra de solo indica os seguintes resultados:

P-rem = 8 mg/l e
P-Mehlich = 5mg/dm3.
Substituindo-se na fórmula acima o valor de 8 mg/l na equação do NiCri P, permite estimar que o nível
crítico para esse solo é (7,32 mg/dm3 de P).
NiCri P = 4,62 + 0,324731•(8 mg/l) + 0,00160568•(8 mg/l )2
Portanto,

NiCriP = 7,32 mg/dm3 de P


Consequentemente, para se calcular o P-relativo usa-se a fórmula:

PR = 100 * P / NiCri P.
Substituindo-se os valores de P e NicriP tem-se:
PR = 100 * 5mg/dm3 / 7,32 mg/dm3
Portanto PR = 68,3%
O valor do PR (P relativo) para o solo em questão é igual a 68,3%, valor que está entre 50,1 e 72,5%,
portanto, pertence à classe de baixa disponibilidade de P.
Assim, neste caso há possibilidade de resposta a fósforo e deve-se fazer adubação fosfatada.

Quando o valor relativo de P for maior que 150%, estatisticamente não há probabilidade de resposta a
fósforo, podendo-se avaliar a necessidade ou não de sua aplicação dependendo dos fatores intrínsecos
de cada caso.

No Laudo existem os Níveis de Suficiência disponíveis e interpretados em Alto, Médio e Baixo com
cores correspondentes, além dos respectivos Níveis Críticos de P, S e Zn.

INTERPRETAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE ENXOFRE PELO P-REM


Da mesma forma que para o fósforo, há correlação entre os teores de enxofre e zinco no solo em função
do P-Rem.

Assim, e possível se estimar o nível crítico de enxofre ( NiCriS) e zinco (NiCriZn) aplicando-se o valor
do P-rem nas formulas abaixo :
NiCri S = 2,78 + 0,193146 • (P-Rem) + 0,00098234 • (P-Rem)2

INTERPRETAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE ZINCO PELO P_REM


NiCri Zn = 0,84 + 0,044895 • (P-Rem) + 0,0201273 • (P-Rem)2

Referencia

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