Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
cIDADANIA E SOCIEDADE
Objetivos de aprendizagem
PLANO DE ESTUDOS
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA
T
Ó
Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será que todos P
nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira? I
C
Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos? O
S
Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual da democracia
E
se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de S
eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de P
escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual E
C
e federal, no qual a população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu I
representante para legislar em nome desta mesma população. A
I
S
4 TÓPICO 1 UNIDADE 1
FORMAS DE DEMOCRACIA
Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se
Democracia
aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua
direta
localidade, Estado ou país.
Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo
D e m o c r a c i a seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas
indireta diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome
do povo que o elegeu.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)
Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método
de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. É um
Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”.
Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também
falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de
direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988,
T já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da
Ó
P República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado
I Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa
C do Brasil.
O
S
Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático
E possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e
S
normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de
P
E cada localidade”.
C
I
Resumidamente, a Figura 1, a seguir, apresenta o primeiro entendimento da definição
A
I e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito:
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 5
FONTE: Os autores
Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de representação
e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:
instaurado neste país. Ao preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha
fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao
sistema vigente de democracia daquele determinado Estado.
Maciel (2012, p. 73, grifos do autor) complementa expondo que a democracia “tornou-
se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos
individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à
participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”.
Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta
da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos
comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 73, grifos nossos) complementa
expondo que:
o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma
reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a polí-
ticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade
popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento.
No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo,
os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito
de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento.
No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos
assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade
com os demais.
Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva
do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para
que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes
ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda.
Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação,
pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento com
relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou
T
Ó apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário,
P todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório,
I
pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo.
C
O
S Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa,
demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva.
E
S
P Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar
E
um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no Quadro 2, disposto
C
I a seguir.
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 7
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
8 TÓPICO 1 UNIDADE 1
FONTE: Os autores
IMPO
RTAN
TE!
Caro aluno, para colaborar com seus estudos, veja que a junção
T
das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é
Ó democracia.
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 9
3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia
constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente
compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o
seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que
vivemos?
Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas
da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros
termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios
éticos e morais, e esta própria sociedade é que forma esta consciência moral do certo e do
errado, do bem e do mal.
Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que
“a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente
relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento,
ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que estes
valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração.
Paulo Netto expõe que Agnes Heller cita que “VALOR é tudo aquilo que contribui para
explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como ser genérico um
conjunto de atributos que constituiriam a essência humana”. (PAULO NETTO apud BONETTI
et al., 2010, p. 22-23, grifos do autor).
Deste modo, vejamos no Quadro 3 quais são estes atributos na perspectiva de Heller: T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
10 TÓPICO 1 UNIDADE 1
- universal;
UNIVERSALIDADE - o todo;
- fazer parte de um determinado grupo.
LIBERDADE - livre-arbítrio.
E FONTE: Os autores
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 11
Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram
e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui
uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.” (PIERITZ, 2012, p. 57)
Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um
consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas
de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras
e normas de nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 4)
São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em
sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que
todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois,
independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e
princípios de forma diferente ao longo de nossa existência.
Então, como desvelar esta situação? Ou seja, como saber se estamos no caminho
certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o
mal a alguém? São muitas indagações! T
Ó
P
I
Neste sentido, podemos observar que: C
O
S
os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica,
enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que
há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade E
das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências S
universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral P
faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente for- E
muladas ou pode estar fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta C
forma, pautar o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90) I
A
I
Então, podemos expor que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que
S
12 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do autor) complementam expondo que “a
palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de
um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”.
T
Ó Porém, o que é a moral?
P Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos das autoras), “a MORAL vem do
I
latim mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de
C
O moralis, morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim sendo, a moral é
S compreendida como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas
épocas ou por um grupo de pessoas. Ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto
E
S do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes
P determinam o seu comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num
E
espaço de tempo”. (PIERITZ, 2013, p. 35)
C
I
A Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38),
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 13
T
Ó
P
FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90) I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
14 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos,
no entanto ainda devemos compreender as diferenças apontadas na figura a seguir:
Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que
imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”.
T Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a
Ó ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção
P
I de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas
C de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que
O assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo.
S
4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL
DA CIDADANIA
Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna
brasileira é a cidadania. Mas você sabe o seu significado?
Neste sentido,
DIMENSÕES DA CIDADANIA
Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo
de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos
‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Ou
seja, cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do
T
Ó seu município, Estado ou Federação.
P
I Neste sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania,
C
ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende à simples lógica da garantia de
O
S direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto
de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo”.
E
(MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, fazer parte do processo
S
P democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está
E excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não significa apenas uma conquista
C
legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada
I
A a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”.
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 17
Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos
das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de
nossa vida em sociedade e na vida pública.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
18 TÓPICO 1 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 1
• Vimos que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser
direta ou indireta.
• Estudamos sobre o Estado Democrático de direito, que é aquele Estado que se organiza e
opera democraticamente.
• Falamos que a democracia também está atrelada ao conceito do “jogo de poderes”, princi-
palmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não.
T • Verificamos que a ética é uma das áreas da filosofia que investiga o agir humano na convi-
Ó
P vência com os outros.
I
C • Vimos que a ética está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em so-
O ciedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com
S
os outros integrantes da sociedade.
E
S • Estudamos que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por
P nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do
E
C que é certo e errado, do que é o bem e o mal.
I
A • Vimos que a consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja,
I o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem.
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 19
• Estudamos que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a
moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e
legitimado pelo seu povo.
• A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou
grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal.
• O valor de ética está naquilo que ela explica, o fato real daquilo que foi ou é, e não no fato
de recomendar uma ação ou uma atitude moral.
• Estudamos que a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determi-
nando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade.
• Vimos que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e
convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange o respeito a
si, ao próximo e ao patrimônio público e privado.
• Vimos que cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços demo-
cráticos do seu município, Estado ou Federação.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
20 TÓPICO 1 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
1 (ENADE 2010, Formação Geral, Questão 09) As seguintes acepções dos termos
democracia e ética foram extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 21
Estão corretas:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e V.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) III e IV.
e) ( ) III e V.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
22 TÓPICO 1 UNIDADE 1
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1
TÓPICO 2
SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
1 INTRODUÇÃO
dentre outras formas de relações consideradas por uma boa parte da sociedade como algo
fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitável.
3 DIVERSIDADE CULTURAL E
DESIGUALDADE SOCIAL
A pobreza: é uma condição que faz parte de um determinado grupo de pessoas que
vivem à margem da sociedade, que são carentes dos recursos existentes, como moradia,
alimentação, situação financeira etc. O que, na visão de alguns autores, é a condição que
T
mais degrada o ser humano e a que mais se aproxima e se identifica como um fator ou um
Ó
P elemento causal do desequilíbrio econômico e da desigualdade social.
I
C
Raça: trata-se da discriminação social, o que é muito presente nos dias de hoje por
O
S alguns grupos inescrupulosos que agridem com palavras ou pela violência física pessoas que
não são da mesma etnia, não têm a mesma cor da pele, ou são de diferentes religiões ou, até
E
mesmo, por causa de seu comportamento sexual.
S
P
E Esses indivíduos, apesar de viverem no século XXI, onde existe um processo de
C
evolução tecnológica e humana, mesmo assim são discriminados e violentados por sua maneira
I
A de ser, principalmente por grupos radicais. Podemos citar como exemplo o que aconteceu com
I os judeus, conhecido como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão
S
mundial, também conhecido como segregação racial (Apartheid), o que significa separação
entre negros e os brancos das classes dominantes.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 25
S!
DICA
Mulher: infelizmente, as estatísticas comprovam que apesar das várias leis existentes,
no caso específico da Lei Maria da Penha, instituída para a proteção da integridade da mulher
brasileira contra casos de violências domésticas, ainda existem casos absurdos de desrespeito
à dignidade humana, não discriminando raça, religião ou posição social.
De acordo com Silva (2007, p. 133), “[...] os diferentes grupos sociais, situados em
posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais
ampla”.
No entanto, a diversidade e a diferença dizem respeito não somente aos sinais que
podem ser vistos a olho nu, mas também aquelas que são construídas socialmente ao longo
de um processo histórico, tendo as mesmas os seus pontos divergentes e convergentes, que
são construídos através das relações sociais e, principalmente, nas relações de poder e de
T submissão, e para algumas pessoas, nem sempre esse posicionamento é entendido dessa
Ó forma.
P
I
C Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por diversas
O vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo inimigo”.
S
Nesta perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos. Por isso
devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo solidariamente uns
com os outros”. (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao mundo não somente para
compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para ser útil, participativo, democrático,
ético, moral e solidário para com os seus semelhantes.
Essas são as diversas opções existentes, que além de motivadoras, também servem
como estímulo na adaptação do ser humano, bem como no seu processo de desenvolvimento
pessoal frente às diversidades existentes no universo, que poderíamos denominá-las de um
conjunto de atos e fatos diferentes entre si que formam a sociedade como um todo. Para Saji
(2005, p. 13), “o tema diversidade é bastante amplo. Sua abordagem vai desde definições
restritas às questões de raça, etnia e gênero, até as mais abrangentes, que consideram como
diversidade qualquer diferença individual entre as pessoas”.
IDADE T
ATIV
AUTO Ó
P
Chegou sua vez! I
Escreva o seu conceito para Diversidade. C
____________________________________________________ O
____________________________________________________ S
____________________________________________________
____________________________________________________
E
____________________________________________________
___________________________________________________ S
___________________________________________________ P
___________________________________________________ E
___________________________________________________ C
___________________________________________________ I
___________________________________________________ A
___________________________________________________ I
S
28 TÓPICO 2 UNIDADE 1
Assim, a diversidade faz parte da natureza das coisas existenciais, sendo elas a
diversidade relacionada com a situação socioeconômica, com a diversidade cultural, onde as
mesmas foram se transformando em essência no decorrer dos tempos, principalmente em
se tratando das diferenças relacionadas às diferentes raças e suas manifestações culturais,
incluindo-se aí a sua descendência, que, por consequência, deixam de fazer parte da cultura
original e passam a fazer parte de outra cultura produzida para atender a uma demanda
econômica.
Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos,
sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne
daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa
que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer
de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos.
Descendentes de escravos e de senhores de escravos, seremos sempre servos da malignidade
destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para
doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças
convertidas em pasto de nossa fúria (RIBEIRO, 1995, p. 120).
Então, caro acadêmico! Existe uma diversidade de coisas diferentes e uma diversidade
de pessoas diferentes em todos os seus aspectos. A esse tipo de diversidade denominamos
de diversidade cultural, o que significa na prática o relacionamento comunitário, ou melhor,
o relacionamento em diferentes comunidades, podendo este relacionamento contribuir
significativamente no sentido cooperativo ou na geração de conflitos, que são chamados de
conflitos sociais.
T
Ó Portanto, são essas diferenças que geram o princípio da desigualdade social, que vão
P além das características humanas, ultrapassando o bom senso, descaracterizando o princípio
I
C da igualdade e do amor ao próximo, modificando ou alterando outros princípios considerados de
O grande importância para as questões relacionadas com o respeito, a dignidade, a reciprocidade
S e as boas práticas das relações humanas no contexto social.
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 2 29
IDADE
ATIV
AUTO
Aquino et al. (2002, p. 44) trazem mais exemplos: “é o caso de determinadas expressões
preconceituosas, como: os negros que têm ‘almas brancas’, os homossexuais que parecem
‘pessoas normais’, os idosos que parecem ‘jovens’, os obesos que são ‘engraçados’, as pessoas
pobres que são ‘limpas’. E assim por diante”.
Como sabemos, o descaso e as práticas discriminatórias em relação a essas pessoas,
que fazem parte, assim como todos nós, de um mesmo espaço planetário, não deveriam
existir, mesmo porque a diferença existente entre os seres de todas as espécies faz parte
de um processo natural, ou melhor, da natureza das coisas existentes. E os seres humanos
vão além das diferenças, pois nós somos dotados de raciocínio e discernimento para avaliar
e distinguir o certo do errado, comportamento esse que deveria ser institucionalizado pelas
tradições, pelos valores éticos e morais, sem a necessidade de uma imposição legal, como é
T o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Ó
P No entanto, parece que pouco têm efeito as leis que reprimem essas práticas
I
C discriminatórias, preconceituosas e racistas, visto que, infelizmente, parece existir uma
O autorrejeição por parte de algumas pessoas ou grupos que ainda mantêm certos padrões de
S comportamento que não mais condizem com a realidade dos padrões atuais e universais, dos
E direitos constituídos e com o processo democrático, com as leis de proteção às crianças, aos
S idosos, aos negros, às mulheres, aos indígenas, aos deficientes físicos, entre outros. São seres
P humanos que sofrem discriminação e negação de direitos que estão incluídos na Declaração
E
C Universal dos Direitos Humanos, conforme citado no parágrafo acima.
I
A Nesta perspectiva, não se desconsidera que as diferenças existam e estejam
I colocadas socialmente, porém, elas não significam, necessariamente, exclusão
S social. Por exemplo, a condição de raça, gênero, religião, entre outras, não
UNIDADE 1 TÓPICO 2 31
Sem diversidade, não há estímulos para pensar diferente, não há estímulos para pensar
no princípio da igualdade. Portanto, pensar diferente é o caminho para viver e compreender
o sentimento solidário que devemos ter. Apesar de que, no dia a dia, relacionar-se com as
inúmeras diferenças humanas e sociais do mundo atual nem sempre traz harmonia.
Afinal de contas, em que nos diferenciamos uns dos outros? A resposta é obvia: em
praticamente tudo. A começar pela nossa história de vida, passando pelas características
biológicas (raça, cor, sexo), até as de cunho social (escolaridade, condição econômica, opções
políticas etc.). Mas, mesmo sendo únicos, continuamos a pertencer à mesma espécie, a raça
humana. Por essa razão, não há seres humanos “superiores” ou “inferiores”. Cada um é especial
a seu modo. Só teremos um convívio democrático e pacífico se tratarmos o outro da mesma T
forma que gostaríamos de ser tratados. Ó
P
I
C
FONTE: Aquino et al. (2002) O
S
E
Todos esses conceitos fazem parte de uma cultura geral, ou seja, da construção e da
S
desconstrução do processo de desenvolvimento humano, e da sua própria sobrevivência. P
A cultura é, pois “o conteúdo da construção histórica da humanidade dos seres humanos, E
humanizando-os ou desumanizando-os” (SOUZA, 2002, p.53). Mas o principal objetivo do C
I
nosso estudo é justamente conscientizar os nossos acadêmicos rumo a uma reflexão mais A
humanista a respeito das nossas ações e na superação definitiva da desigualdade social, o I
S
32 TÓPICO 2 UNIDADE 1
que diz respeito ao cidadão e à sua relação com o meio em que ele vive, onde o respeito pelas
diferenças forma o espírito da academia e a humanização social.
Com base no que foi dito e analisado até aqui, nos parece que o ponto de partida
para a solução, pelo menos de parte dos problemas raciais, das diferenças, da exclusão e
da inclusão social, pode estar na educação de base, ou seja, se o aluno tiver uma educação
inicial que possa motivá-lo a ultrapassar essas barreiras. A partir daí, ele poderia formar uma
base sólida para que pudesse ingressar na faculdade melhor preparado, o que sem dúvida é
parte integrante para o seu desenvolvimento profissional e pessoal.
S!
DICA
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 2 33
Acadêmico! A inclusão escolar tem sido mal interpretada tanto por parte da escola,
seja ela comum ou especial, quanto dos profissionais da educação. “O certo, porém, é que
os alunos jamais deverão ser desvalorizados e inferiorizados pelas suas diferenças, seja nas
escolas comuns, seja nas especiais” (MANTOAN, 2006, p. 190). T
Ó
P
Ainda com base neste raciocínio, “[...] a educação escolar não pode ser pensada nem I
realizada senão a partir da ideia de uma formação integral do aluno – segundo suas capacidades C
e seus talentos – e de um ensino participativo, solidário, acolhedor”. (MANTOAN, 2006a, p. 9). O
S
Mas, reverter o que historicamente foi construído é difícil, implica em construir alternativas que
possibilitem a emancipação social dos diferentes sujeitos, fazendo uma clara opção política E
por um compromisso contra as discriminações, as desigualdades e o respeito à diversidade S
P
cultural. O que, de acordo com Mantoan (2006a, p. 9, grifo da autora), trata-se de um trabalho E
de ‘ressignificação’ do papel da escola com professores, pais e comunidades interessadas, C
bem como de adoção de formas mais solidárias e plurais de convivência. Para terem direito à I
A
escola, não são os alunos que devem mudar, mas a própria escola!”. E a autora continua: “O I
S
34 TÓPICO 2 UNIDADE 1
direito à educação é natural e indisponível. Por isso, não faço acordos quando me proponho a
lutar por uma escola para todos, sem discriminações, sem ensino à parte para os mais e para
os menos privilegiados”. (MANTOAN, 2006a, p. 9)
De acordo com texto publicado no livro “Ética e cidadania: construindo valores na escola
e na sociedade”, desenvolvido pelo Ministério da Educação, a escola pode e deve ser um ponto
de partida na formação de cidadão e cidadã comprometidos com a construção dos valores
éticos e morais, tanto no contexto escolar, como no âmbito das relações sociais.
Aprender a ser cidadão e cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com
respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência; aprender a
usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que
acontece na vida da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes
precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem
e devem ser ensinados na escola.
Para que o(a)s estudantes possam assumir os princípios éticos, são neces-
sários pelo menos dois fatores:
- que os princípios se expressem em situações reais, nas quais o(a)s estudantes
possam ter experiências e conviver com a sua prática;
- que haja um desenvolvimento da sua capacidade de autonomia moral, isto
é, da capacidade de analisar e eleger valores para si, consciente e livremente.
Outro aspecto importante desse processo é o papel ativo dos sujeitos da
aprendizagem, estudantes e docentes, que interpretam e conferem sentido aos
conteúdos com que convivem na escola, a partir de seus valores previamente
construídos e de seus sentimentos e emoções (LODI; ARAÚJO, 2006, p. 69)
Com relação aos agentes citados nos parágrafos anteriores, também concordamos
que a partir da inclusão escolar, principalmente no tocante à educação básica, ela deveria ser
um espaço voltado para a harmonização da convivência social e não simplesmente uma mera
reprodução de saberes. Onde, na maioria das vezes, esses saberes são direcionados apenas
para produzir agentes econômicos, dando pouca ou quase nenhuma ênfase às questões
relacionadas com a ética e as características comportamentais do ser humano, como uma
forma de equilíbrio no convívio das relações sociais, o que já é um processo discriminatório e de T
exclusão, ou, no mínimo, uma forma de omissão do próprio sistema de ensino, principalmente Ó
com relação aos índios e negros. P
I
C
A luta travada em torno da educação do campo, indígena, do negro, das co- O
munidades remanescentes de quilombos, das pessoas com deficiência, tem
S
desencadeado mudanças na legislação e na política educacional, revisão de
propostas curriculares e dos processos de formação de professores. Também
tem indagado a relação entre conhecimento escolar e o conhecimento produ- E
zido pelos movimentos sociais. (GOMES, 2007, p. 32) S
P
E
E na continuação o autor chega às seguintes conclusões: C
I
A diversidade é muito mais do que o conjunto das diferenças. Ao entrarmos A
nesse campo, estamos lidando com a construção histórica, social e cultural I
S
36 TÓPICO 2 UNIDADE 1
das diferenças a qual está ligada às relações de poder, aos processos de co-
lonização e dominação. Portanto, ao falarmos sobre a diversidade (biológica e
cultural) não podemos desconsiderar a construção das identidades, o contexto
das desigualdades e das lutas sociais.
A diversidade indaga o currículo, a escola, as suas lógicas, a sua organização
espacial e temporal. No entanto, é importante destacar que as indagações
aqui apresentadas e discutidas não são produtos de uma discussão interna à
escola. São frutos da inter-relação entre escola, sociedade e cultura e, mais
precisamente, da relação entre escola e movimentos sociais. Assumir a diver-
sidade é posicionar-se contra as diversas formas de dominação, exclusão e
discriminação. É entender a educação como um direito social e o respeito à
diversidade no interior de um campo político. (GOMES, 2007, p. 41)
Assim, é através dos movimentos sociais que podemos melhorar o sistema educacional
e corrigir as distorções sociais, que são frutos de um processo longo que vem se arrastando
através dos tempos, onde pouco ou quase nada tem sido feito como forma de reparar ou pelo
menos minimizar os seus efeitos negativos e na reparação dos erros cometidos. Portanto, é
de extrema necessidade a inserção e a interação de todos os seres humanos, independente
de suas características ou condições sociais.
IDADE
ATIV
AUTO
solidariedade deve trazer benefícios tanto para o indivíduo quando analisado separadamente,
quanto na sua convivência em sociedade, ou seja, a relação do indivíduo com ele mesmo ou
no convívio social. E na sequência os autores analisam com muita propriedade o resultado
ocasionado por esse processo de interação:
E para finalizar, os autores fazem um breve resumo a respeito das relações de convivência
e de reciprocidade humana, principalmente para aqueles que possam ter algumas dificuldades
para entender a complexidade a respeito da inclusão social e escolar da diversidade humana.
escolas da rede pública e privada, oferecendo escolas e ensino de qualidade, com professores
qualificados e comprometidos com o processo educacional. Isto evitaria, pelo menos em parte, a
desagregação, a degradação e o êxodo escolar, onde o abandono ou o afastamento de alunos
das salas de aulas podem ter diversos motivos, muitos deles justificados pelas condições
precárias de algumas escolas, bem como a falta de compromisso e atitude das autoridades,
a improbidade administrativa, o desvio de verbas, dentre outras formas de descaso da coisa
pública.
Observe, acadêmico, que ainda existe uma série de problemas a serem resolvidos
nas instituições escolares. De acordo com Prieto (2006, p. 33), “as instituições escolares,
ao reproduzirem constantemente o modelo tradicional, não têm demonstrado condições de
responder aos desafios da inclusão social e do acolhimento às diferenças, nem de promover
aprendizagens necessárias à vida em sociedade [...]”.
Acadêmicos, percebemos que os que mais sofrem com essa situação de penúria são
os menos afortunados, os que não possuem as mínimas condições de frequentar uma escola
particular, ou os deficientes físicos, que, muitas vezes, além das condições financeiras, também
lhes faltam as condições principais ao acesso e permanência no âmbito escolar.
6 CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO
SABER APRENDIDO
Assim, de acordo com o que foi aprendido até agora, podemos afirmar que a diversidade,
as diferenças, a identidade, a exclusão e a inclusão, quando reparadas na sua desarmonia
social, representam partes integrantes da vida em comunidade, onde são introduzidas as
mudanças necessárias ao desenvolvimento social e, ao mesmo tempo, produzidas outras
formas de relacionamentos, outras formas de diversidade, ou até mesmo outras maneiras e
T
meios de abordagens no processo de interação do eu com o outro. Isso faz parte integrante
Ó
da natureza humana, ou seja, um estado em movimento, de renovação e de mudanças. P
I
C
Dessa maneira, a sociedade continuará a produzir saberes e realidades relativas,
O
seja em relação à diversidade existente, seja em relação ao comportamento humano na S
convivência social, ou na interação da pessoa com ela mesma, com os outros, bem como, as
E
abordagens relacionadas aos contrastes da vida cotidiana, caracterizadas pelas desigualdades
S
sociais. Portanto, estas verdades continuarão a ser questionadas, até que outras verdades as P
sobreponham. E
C
I
Assim, a exclusão e a inclusão social das diferenças são formas de construção e A
desconstrução de uma variedade de elementos históricos e atuais, distintos e circunstanciais I
S
40 TÓPICO 2 UNIDADE 1
Caros acadêmicos, de acordo com o que vimos, percebemos que uma das verdades
absolutas é que: sempre haverá o eu e o outro, e esse outro será sempre diferente do eu, e
essa diferença continuará sendo o fio condutor responsável pela diversidade cultural e pelos
diversos tipos de conflitos sociais, seja no sentido negativo ou no sentido positivo.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 2 41
RESUMO DO TÓPICO 2
• A diversidade, no contexto cultural, significa uma grande quantidade de coisas, ações, pen-
samentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos sociais ou dentro de
uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão, apelos, protestos, discór-
dia e geralmente acabam em conflitos, chegando até às desigualdades sociais.
• A desigualdade significa não só a diferença existente entre pessoas ou coisas que com-
põem o universo, mas significa também a diferença no tratamento e no respeito para com o
outro. Nesse caso, estamos nos referindo à desigualdade humana, que na maioria das vezes
está caracterizada pelo preconceito e pelos diversos tipos de violência e pelas suas relações
conflitantes dentro do contexto social.
• Falar sobre inclusão escolar e/ou social é falar sobre a conscientização humana na demo-
cratização das relações entre os povos e os demais indivíduos que fazem parte do contexto T
Ó
social como um todo, independentemente de credo, raça, poder aquisitivo ou posição social,
P
visto que fazemos parte de uma mesma sociedade e as diferenças fazem parte integrante do I
equilíbrio social e da própria espécie humana. C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
42 TÓPICO 2 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
F para as falsas:
( ) Na Educação Inclusiva, os alunos com deficiência têm a chance de se prepararem
para a vida em sociedade, os professores de melhorarem suas habilidades profissionais
e a sociedade passa a valorizar a igualdade para todos.
( ) Na Educação Inclusiva, o aluno com deficiência tem a facilidade de construir
conhecimento como os demais e de demonstrar a sua capacidade cognitiva,
principalmente nas escolas que mantêm um modelo conservador de atuação e uma
gestão autoritária e centralizadora.
( ) Na Educação Inclusiva, a escola se baseia na lógica do concreto e na repetição
alienante e descontextualizada das atividades.
( ) A Educação Inclusiva requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas
as suas atitudes e expectativas em relação aos alunos com deficiência, mas que se
organizem para construir uma real escola para todos, onde o currículo leve em conta a
diversidade e seja concebido com o objetivo de reduzir barreiras atitudinais e conceituais
e se pautar por uma ressignificação do processo de aprendizagem na sua relação com
o desenvolvimento humano.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
44 TÓPICO 2 UNIDADE 1
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1
TÓPICO 3
MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA,
TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA
E RELAÇÕES DE GÊNERO
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO
Como a própria etimologia da palavra nos sugere, o termo “multi” significa vários, o
termo “culturalismo” refere-se à cultura e o sufixo “ismo” está associado às posições assumidas
ou ideias aceitas sobre a possibilidade do conhecimento, ou seja, no caso do multiculturalismo
significa uma posição assumida sobre as diferentes relações entre as várias culturas. T
Ó
O ‘multiculturalismo’ é um termo polissêmico e existem, pelo menos, dois P
sentidos diferentes em que este pode ser utilizado. Um primeiro sentido é I
descritivo e reporta a um fato da vida humana e social, que é a diversidade C
cultural étnica, religiosa que se pode observar no tecido social, ou seja, um O
certo cosmopolitismo que atualmente é fácil de ver em qualquer grande ci- S
dade da Europa e da América do Norte. Um segundo sentido é prescritivo e
está associado às chamadas políticas de reconhecimento da identidade e/ou
da diferença que os poderes públicos prosseguem, ou deveriam prosseguir,
E
segundo os seus defensores, em nome dos grupos minoritários e/ou ‘subal- S
ternos’. (FERNANDES, 2011, p. 2, grifos do autor) P
E
C
Dito de outra forma, multiculturalismo significa a existência de grupos de diversas I
culturas, assim como o embate político, econômico e social travado pelos diferentes grupos A
I
sociais na luta pelo respeito à diversidade. Por isso, além de estudos teóricos e empíricos, o
S
46 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Nesse sentido, entendemos que igualdade e diferença não são termos opostos. Na
verdade, a igualdade opõe-se à desigualdade, enquanto diferença opõe-se à padronização, à
homogeneização, à produção em série. O que o multiculturalismo quer é lutar pela igualdade
e pelo reconhecimento das diferenças.
Por este motivo, um dos temas centrais para o multiculturalismo tem sido o Direito à
Diferença e à Diminuição das Desigualdades, bandeira de luta de vários movimentos sociais
UNIDADE 1 TÓPICO 3 47
3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO
NOT
A!
Países anglo-saxônicos: são países cujos descendentes são
provenientes de povos germânicos (anglos, saxões e jutos). Esta
denominação é resultado da fusão desses povos que se fixaram
ao sul e leste da Grã-Bretanha, no século V.
Tomando como base o caso dos Estados Unidos, o multiculturalismo surge como
movimento organizado na década de 60, a partir dos primeiros movimentos sociais, como:
o negro, feminista, hippie, ambientalista, entre outros. No entanto, para entender o motivo
pelo qual estes movimentos surgiram, devemos resgatar o aspecto da constituição histórica
dos Estados Unidos, marcada por um longo processo de colonização, que teve como base a
eliminação e a opressão das diversas tribos indígenas que ali estavam. Além disso, prezado
acadêmico, devemos levar em conta o processo de escravidão que ocorreu no país, no qual
os negros serviram como base para o desenvolvimento da nação.
O que queremos destacar neste momento é que, a exemplo do caso dos EUA, o
movimento multiculturalista surgiu em grande escala nas sociedades nas quais o direito à
diversidade cultural foi historicamente negado.
48 TÓPICO 3 UNIDADE 1
NOT
A!
GENEALOGIA: estudo da origem das famílias.
EPISTEMOLOGIA: estudo do grau de certeza do conhecimento
científico em seus diversos ramos.
UNIDADE 1 TÓPICO 3 49
NOT
A!
Abordagem Interdisciplinar: refere-se ao trabalho e estudo de
profissionais de diversas áreas do conhecimento ou especialidades
sobre um determinado tema ou área de atuação, implicando
necessariamente na integração dos mesmos para uma compreensão
mais ampla do assunto.
5 ESTUDOS DE GÊNERO
5.1 FEMINISMO
O feminismo é um conceito múltiplo. Ele possui uma dimensão política, que se refere
aos movimentos de luta por direitos, e uma dimensão acadêmica, que se refere aos estudos da
condição feminina. A dimensão acadêmica, ou seja, o campo de pesquisa e de conhecimento
50 TÓPICO 3 UNIDADE 1
sobre as mulheres, pode ser considerada multidisciplinar, porque ocorre em diferentes campos
disciplinares, como: Antropologia, História, Educação, Sociologia, Direito e vários outros.
O principal objetivo do movimento feminista não foi alcançar a igualdade entre homens e
mulheres, mas sim a equidade entre eles. Para assegurar a igualdade não deve ser necessário
que as mulheres assumam posturas “masculinas”. Elas devem preservar suas identidades.
Por isso a ideia de “equidade” e não igualdade.
Ainda assim, muitas feministas já faziam campanhas pelos direitos sexuais, reprodutivos
e econômicos das mulheres.
As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos
de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia
e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo
o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e
garotas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas,
incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação.
Uma das autoras mais importantes da segunda onda é Betty Friedan e seu famoso livro
A Mística Feminina (The Feminine Mystique, 1963).
No Brasil, a partir dos anos 70/80 começam a se desenvolver estudos sobre a condição
feminina, onde basicamente se discutia a opressão das mulheres em uma sociedade patriarcal.
Já a partir dos anos 80 surgem os estudos sobre as mulheres, pois: “[...] se percebe que não
é possível falar de uma única condição feminina no Brasil, uma vez que existem inúmeras
diferenças, não apenas de classe, mas também regionais, de classes etárias, de ethos, entre
as mulheres brasileiras”. (GROSSI, s/d, p. 3-4)
Nesse período, várias teses são desenvolvidas, porém, segundo esta autora, a referência
utilizada para o reconhecimento das mulheres enquanto grupo está ainda associada a uma
“unidade biológica (vagina, útero, seios)” (GROSSI, s/d, p. 4).
6 CONCEITUANDO GÊNERO
Com relação à identidade de gênero, ela se forma, segundo Grossi (s/d), a partir da
socialização de valores e comportamentos que são internalizados logo nas primeiras fases da
infância. Esses valores e comportamentos que são repassados são diferentes para cada sexo
e também variam de uma cultura para outra.
Um dos estudos de uma autora clássica da Antropologia (MEAD, 1979) poderá ilustrar
o que procuramos dizer até aqui. Essa autora procura nos fazer refletir como, nas diferentes
sociedades, são construídos padrões de conduta, comportamento, culturas, atribuindo-se
valores a algumas coisas e a outras não, como idade e sexo, ritmo de nascimento, maturação
e velhice, a estrutura do parentesco consanguíneo.
Em seu livro “Sexo e Temperamento”, essa antropóloga aborda três grupos diferentes
em uma ilha da Nova Guiné: os montanheses Arapesh, os canibais Mundugumor e os caçadores
de cabeças de Tchambuli. A autora faz o estudo com estes três grupos porque as diferenças
de sexo fazem parte da organização sociocultural dos mesmos, ainda que estas diferenças
sejam percebidas e dramatizadas de formas diferentes.
A partir dessa observação, a autora constata: ainda que, de uma forma geral, as
sociedades se organizem levando em conta as diferenças entre os sexos, não significa dizer
que essa organização esteja baseada em sistemas de oposição ou dominação.
7 ESTUDOS DE GÊNERO
questões relativas ao universo das relações sociais. Observar a realidade a partir da análise
de gênero possibilitou novas interpretações sobre o comportamento humano e a reprodução
das desigualdades de gênero. Vejamos a seguir alguns estudos de gênero e suas principais
contribuições.
Famílias: Muitos estudos reconhecem que há uma visão tradicional de família que não
reconhece a existência de núcleos familiares chefiados somente por mulheres ou a constituição
de famílias compostas por "agrupamento". De igual forma, são abordadas aqui as questões
relativas aos papéis tradicionais desempenhados por homens e mulheres dentro das estruturas
familiares.
A imagem das mulheres nos meios de comunicação: os estudos demonstram que
os meios de comunicação parecem dar às mulheres "visibilidade" e "espaço para discussão",
mas que reforçam constantemente o seu papel de "objeto de consumo", de "utilidade pública"
UNIDADE 1 TÓPICO 3 55
e "sexual".
A produção foi sempre mais valorizada do que a reprodução, por este motivo é que as
atividades ditas reprodutivas, como as funções domésticas, são desvalorizadas. De acordo
com Faria (1997), referindo-se ao trabalho das mulheres rurais no Brasil:
Carpir no sertão nordestino era uma tarefa dos homens e era considerado
um trabalho pesado. Carpir no brejo paraibano era tarefa das mulheres e era
considerado trabalho leve. Como se vê, no cultivo da cana o que caracteriza-
va um trabalho como leve ou pesado não era a força física necessária para
realizá-lo, mas o valor social de quem o fazia. (FARIA, 1997, p. 14)
Nesse sentido, a desigualdade sexual não é refletida como um problema de gênero, ela
é naturalizada. Essa postura é que mantém o padrão de desvalorização do trabalho feminino,
e é o que explica porque muitas mulheres ainda ganham menos que os homens, mesmo
ocupando cargos iguais.
Por outro lado, após a expansão do capitalismo, quando as mulheres entram no mercado
de trabalho permanecem ainda com as atividades domésticas, o cuidado com a casa e com
os filhos. De acordo com o IBGE (2005):
RESUMO DO TÓPICO 3
• Que o termo “multiculturalismo” é recente, e sua utilização ocorreu pela primeira vez na
Inglaterra, entre as décadas de 1960 e 1970.
• O direito à diferença e a diminuição das desigualdades são temas centrais para o multicul-
turalismo, bandeira de luta de vários movimentos sociais contemporâneos espalhados pelo
mundo inteiro.
• Que o conceito de cultura corresponde ao conjunto das regras sociais aceitas como nor-
mas pela sociedade ou grupo que as compõe.
• Que etnocentrismo é a maneira de ver os “outros” com base nos nossos padrões culturais,
com os nossos valores sociais, morais e éticos, e não os valores do outro.
• Que relativismo cultural significa uma perspectiva mais ampla sobre o outro, uma perspec-
tiva que vê e compreende o outro a partir dos parâmetros e regras sociais do outro.
• O feminismo como conceito múltiplo. Ele possui uma dimensão política, que se refere aos
movimentos de luta por direitos, e uma dimensão acadêmica, que se refere aos estudos da
condição feminina.
• O Movimento Feminista surgiu no século XVIII, na Europa, e foi dividido em três grandes
momentos, sendo a 1ª, a 2ª e a 3ª onda feminista.
• A segunda onda feminista tem como cenário de surgimento os Estados Unidos já no século
58 TÓPICO 3 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
nos Estados Unidos. Esse momento do feminismo começa na década de 1960 e dura
até o fim da década de 1980.
( ) A Terceira Onda Feminista inicia na década de 1990, com o objetivo de compreender
os problemas femininos de um ponto de vista mais amplo, e não apenas do ponto
de vista das "mulheres brancas de classe média-alta", como fez a segunda onda.
TÓPICO 4
RESPONSABILIDADE SOCIAL:
SETOR PÚBLICO, SETOR
PRIVADO E TERCEIRO SETOR
1 INTRODUÇÃO
Nosso tempo apresenta enormes desafios éticos que decorrem da diversidade cultural
das sociedades contemporâneas, do consumismo, do individualismo, do hedonismo, do
desprezo ao próximo e à natureza, gerando um quadro de crise que tem sérias implicações
sobre a ética, sobre os valores e sobre a responsabilidade social.
E
S
P
E
C
I
A
I
S
64 TÓPICO 4 UNIDADE 1
2 SETOR PRIVADO
O setor privado, por mais óbvio que seja, não deveria ter participação do setor público.
Este setor também é conhecido como ‘iniciativa privada’ e tem papel preponderante na economia
e desenvolvimento de um país.
3 TERCEIRO SETOR
Assim sendo, pode-se afirmar que o terceiro setor não é público nem privado. Ele se
situa num entremeio, preenchendo lacunas do Estado através de uma atuação na esfera
privada. Assim, as organizações visam prestar serviços com fins de atender demandas sociais
em áreas como saúde, educação, cultura etc. Seu formato típico não é da Organização Não
Governamental (ONG), e sim do setor estatal e do setor privado, que visam suprir as falhas
do Estado e do setor privado no atendimento às necessidades da população, numa relação
conjunta. Entretanto, algumas organizações estão evitando tal denominação, motivos explicados
por Fischer e Falcone (1998, p. 4):
De fato, a imagem das Organizações Sociais colou nas ONGs, mas elas são, na
verdade, múltiplas e assumem vários formatos. Uma das críticas a essas organizações seria
sobre uma atuação que serviria apenas a fins privados, não abrangendo a dimensão social da
questão. Outro ponto seria sobre o enriquecimento de algumas organizações, que obtinham T
Ó
lucro irregularmente. Entretanto, as organizações sociais se apresentam como uma alternativa P
que, quando considerados todos os seus preceitos, funcionam efetivamente junto à população. I
C
O
S
E
S
3.1 HISTÓRICO
P
E
O surgimento das Organizações Sociais acontece no contexto de crise do último quarto C
I
do século XX, a partir da proposta de Estado mínimo nos anos 80 pelo neoliberalismo, que
A
significa a maior redução possível do Estado na economia, o que significou um corte nos I
S
66 TÓPICO 4 UNIDADE 1
essa troca de atores, da saída do Estado para a ocupação das Organizações Sociais, que foi
impulsionada pela regularização da sua atuação promovida na última década.
T
FONTE: Disponível em: <http://inventta.net/wp-content/uploads/2014/05/objetivos_milenio.jpg>. Ó
Acesso em: 20 maio 2015 P
I
Essas Organizações Sociais realizam a gestão do espaço público e querem melhorar C
a vida das pessoas, e, por consequência, a sociedade como um todo. O
S
O espaço continua sendo público, ou seja, do Estado, mas quem administra os recursos,
E
os negócios e as pessoas? (BRASIL, 1997). Isso significa dizer que a associação de um museu S
faz desde a gestão dos funcionários que ali trabalham até o controle da bilheteria, programação P
E
cultural, peças e curadoria das peças.
C
I
O Estado de São Paulo foi pioneiro na implantação do sistema na área de saúde. A
I
A seleção envolve uma convocatória pública exigindo a experiência mínima na área de
S
68 TÓPICO 4 UNIDADE 1
gerenciamento. Esse método visa garantir que entidades sólidas assumam a frente das
instituições e o sucesso do modelo.
Segundo avaliação da experiência de São Paulo pelo Banco Mundial em 2006 (apud
CAMARGO et al., 2013), a solução gerou uma experiência de modernização positiva em
relação ao modelo anterior, mais produtiva e barata. Entretanto, há muitas críticas na proposta,
a primeira seria o desvio de função, com alta probabilidade de as organizações passarem a
atuar para fins privados; segundo, que há pouca transparência na sua atuação em relação
à disponibilidade de informações (CAMARGO et al., 2013). Isso não apenas por parte das
organizações, como também a postura do próprio Estado.
O objetivo material imediato (a terra) ‘não basta’, como dizem, deve vir acom-
panhado de lutas pelos direitos sociais (a cidadania plena) e em direção
à construção de uma sociedade mais justa (a socialista). Para atingir este
objetivo é que a educação, considerada como um direito essencial, deve se
desenvolver como um processo que inclui educação formal (ensino funda-
mental) e informal (participação no movimento, nas mobilizações, em ações
de solidariedade etc.), incluindo neste processo todas as gerações e gêneros.
(SCHERER-WARREN, 2000, p. 48)
E
S Entretanto, qual seria de fato o espaço ocupado pelas ONGs em relação à sociedade
P civil na atualidade? Elas atuam politicamente?
E
C
[...] no Brasil, temas como direitos humanos, meio ambiente e fome têm tido
I
como porta-voz, em grande parte, um conjunto de ONGs, que toma a iniciativa
A diante do Estado, propondo políticas diretamente ao Poder Executivo ou pres-
I sionando o Congresso Nacional para aprovações de leis. (PINTO, 2006, p. 654)
S
UNIDADE 1 TÓPICO 4 69
NOT
A!
É interessante pensar que quem começa com as discussões
ambientais são as ONGs. Na Amazônia, não se sabe ao certo o
número de ONGs que atuam. As informações variam de 1.000 a
100.000. Abaixo, seguem os símbolos de algumas delas.
Outros temas relativos a grupos minoritários no país, como sobre as mulheres, direitos
homoafetivos, indígenas, moradores de rua, são sistematicamente trabalhados e elaborados
pelas ONGs. É bom esclarecer que as vozes desses grupos não são substituídas pelas
ONGs, mas elas servem como intermediadoras na realização de projetos e sistematização
das demandas, já que possuem uma preocupação maior em termos de organização que os
movimentos sociais (PINTO, 2006). Dentro das ONGs também atuam indivíduos pertencentes
a essas minorias, não existe uma fronteira, mas uma integração.
pode ser perigoso, quando as populações apoiadas por essas ONGs passam a depender de
sua atuação. Ou seja, as ONGs podem desenvolver territórios de domínio, não estimulando a
prática da cidadania e a busca dos direitos por si mesmo, mas uma dependência de sua atuação.
S!
DICA
O que se espera de uma sociedade que se vê desafiada pelos seus indivíduos é que
ela seja capaz de:
• orientar as pessoas e os recursos materiais e financeiros para a promoção huma-
na;
• manter uma atitude crítica frente às propostas políticas vigentes;
• vivenciar o espírito de partilha e ajuda mútua na comunidade educativa;
• realizar campanhas comunitárias diante das situações emergentes.
A participação ativa e efetiva das pessoas na vida política e social é um grande desafio,
como forma de externar a cidadania que todos almejam. O que ainda vemos é que conceitos
T
como cidadania, os direitos e deveres do cidadão, algo que deveria estar entranhado em nossas
Ó
P vidas, sabemos, não são tão conhecidos, muito menos praticados em nossa sociedade. São
I só conceitos.
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 4 71
RESUMO DO TÓPICO 4
• A participação ativa e efetiva das pessoas na vida política e social é um grande desafio,
como forma de externar a cidadania que todos almejam.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
72 TÓPICO 4 UNIDADE 1
ID ADE
ATIV
AUTO
T
Ó
P
I
FONTE: Disponível em: <http://historianovest.
C blogspot.com/2010/07/charges-
O declaracao-dos-direitos-humanos.html>.
S Acesso em: 3 fev. 2014
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
74 TÓPICO 4 UNIDADE 1
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1
TÓPICO 5
CULTURA E ARTE
1 INTRODUÇÃO
A cultura e a arte são áreas que interagem entre si e com as demais áreas de
conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações
artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A
cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura
e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa.
E, por último, a cultura popular, que está relacionada ao que pertence à maioria do povo E
e que não é ensinada necessariamente em espaços formais de educação. É a definição de S
P
várias áreas de conhecimento, como: folclore, dança, música, festa, literatura, arte, artesanato
E
etc. O conhecimento da cultura popular é passado de geração a geração. C
I
A
Desta forma, caro acadêmico, convidamos você para primeiramente compreender a
I
cultura e a arte e como essas áreas de conhecimento interagem com o meio social. S
76 TÓPICO 5 UNIDADE 1
2 CULTURA
Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo
social. Ou seja, a cultura não é algo natural, não é decorrência de leis físicas e biológicas.
Ao contrário, a cultura é produto coletivo da vida humana. Isso se aplica não apenas à per-
cepção da cultura, mas também à sua relevância, à importância que passa a ter. Aplica-se
ao conteúdo de cada cultura particular, produto da história de cada sociedade. Cultura é um
território bem atual das lutas sociais por um destino melhor. É uma realidade e uma concep-
ção que precisam ser apropriadas em favor do progresso social e da liberdade, em favor da
luta contra a exploração de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da
opressão e da desigualdade.
São os valores culturais que identificam um povo, uma comunidade e cada pessoa.
É através da cultura que se pode observar e caracterizar a história de vida, os costumes, as
crenças e os hábitos de um determinado grupo social.
Nesse sentido, Eduardo David de Oliveira (2006, p. 155) se manifesta dizendo que “o
homem é um ser cultural. A cultura é construída, forjada de acordo com os acontecimentos
da história e criada a partir das contingências, sempre muito singulares, das comunidades
humanas”.
A partir de então, o termo cultura passa a ter uma abrangência que não possuía
antes, sendo agora entendida como produção e criação da linguagem, da reli-
gião, da sexualidade, dos instrumentos e das formas do trabalho, das formas
da habitação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer, da música,
da dança, dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de
parentesco ou a estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da
paz, da noção de vida e morte. A cultura passa a ser compreendida como o
campo no qual os sujeitos humanos elaboram símbolos e signos, instituem
as práticas e os valores, definem para si próprios o possível e o impossível,
o sentido da linha do tempo (passado, presente e futuro), as diferenças no
interior do espaço (o sentido do próximo e do distante, do grande e do peque-
no, do visível e do invisível), os valores como o verdadeiro e o falso, o belo e
o feio, o justo e o injusto, instauram a ideia de lei, e, portanto, do permitido e
do proibido, determinam o sentido da vida e da morte e das relações entre o
sagrado e o profano.
Quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver
com a leitura de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na
realidade, o trabalho do antropólogo, estudioso da cultura humana, começa
pela investigação de culturas, ou seja, pelo modo de vida, padrões de com-
portamento, sistema de crenças, que são características de cada sociedade.
Noutras palavras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja T
ele atrasado ou desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma Ó
idêntica aos demais. Poderá haver, isto sim, algumas semelhanças. P
I
C
A cultura pode ser entendida como importante agente para debater o estar e ser no O
mundo, que é entendido como um movimento que está intimamente ligado a tudo e a todos S
os aspectos sociais, culturais, históricos e filosóficos. Segundo José Luiz dos Santos (1996,
E
p. 8), “cada realidade cultural tem sua lógica interna, que devemos conhecer para que façam S
sentido suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais passam”. P
E
C
I
A
I
S
78 TÓPICO 5 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
Cada povo, cada região tem suas especificidades culturais que compreendem a sua
forma de pensar e de agir evidenciando a diversidade cultural existente. A partir da diversidade
cultural compreende-se a identidade cultural de cada povo. Para Oliveira (2006, p. 84): “a
identidade se constrói com relação à alteridade. Com aquilo que não sou eu. É diante da
diferença do outro que a minha diferença aparece”. Diferentes nações, etnias, identidades
regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam e dão sentido à sua
existência.
O Brasil, por exemplo, apresenta uma diversidade cultural ampla, pois é resultado de
uma miscigenação étnica e cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e europeus.
Esta miscigenação se dá devido ao processo histórico que ocorreu no Brasil.
T
Ó
P Assim, a educação no Brasil estabeleceu, nas diretrizes e bases da educação nacional,
I a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar
C
da educação básica. A lei tem como propósito o conhecimento desses dois grupos étnicos, tais
O
S como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade
E
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes
S
P à história do Brasil.
E
C
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em seu documento, também descrevem
I
A sobre Pluralidade Cultural, explicando que o estudo das diferentes culturas deve contribuir
I para a formação de uma nova mentalidade, onde toda forma de discriminação e exclusão seja
S
UNIDADE 1 TÓPICO 5 79
superada, proporcionando ao povo brasileiro “uma vivência plena de sua cidadania” (BRASIL,
1997, p. 13).
3 ARTE
“A ciência descreve as coisas como são: a arte, como são sentidas, como se sente
T
que são”. Fernando Pessoa (1986) Ó
P
Desde a pré-história o ser humano está cercado de fenômenos artísticos, como desenho, I
C
gravura, pintura, dança, escultura, música, literatura, entre outros. Atualmente percebe-se uma O
grande variedade de práticas artísticas que permeiam o universo cultural, que circundam entre S
as várias linguagens artísticas, como: artes visuais, artes cênicas, dança e música. Ao refletir
E
sobre a arte, alguns questionamentos surgem: O que é arte? Que tipo de arte conhecemos? S
A arte tem alguma função? P
E
C
O homem primitivo, por exemplo, precisou criar objetos que correspondessem a suas I
necessidades de sobrevivência, representando por meio de desenhos nas cavernas os seus A
anseios para suas caçadas. A partir da concepção de arte primitiva, Marilena Chauí (2008, p. I
S
80 TÓPICO 5 UNIDADE 1
403) questiona sobre o “que dizem os desenhos nas paredes da caverna”. A autora afirma que “o
mundo é visível, e para ser visto é que o artista dá a ver o mundo”. Com isso, a arte inicialmente
teve aspecto de utilidade. Mas com o passar do tempo, os utensílios e as representações
começaram a ser criados pelo prazer em si, desvinculando da ideia unicamente de utilidade.
Assim, a arte surge com novas compreensões, como cita Marilena Chauí (2003, p.
406-407):
O belo para a arte passa a ser concebido pela experiência artística. A partir da abordagem
do belo ou juízo do gosto, a arte também é estudada por uma disciplina filosófica que é conhecida
como estética. A palavra estética é a tradução da palavra grega aesthesis, que significa
conhecimento sensorial, experiência e sensibilidade. A estética estuda as sensações que a
arte provoca no ser humano, desde sensações boas até sensações que causam desconforto,
inquietude, aflição etc.
definição da arte estava ligada ao propósito de fazer ou produzir. A segunda definição de arte
é compreendida como conhecimento, visão ou contemplação, isto significa que a obra pode
retratar aspectos históricos, sociais e educativos. Já a terceira definição está ligada à arte como
expressão, que é uma experiência com o sensível.
A partir destas abordagens, percebe-se que é difícil um conceito definitivo para responder
o que é arte. Pois a arte se transforma, se modifica de acordo com o contexto cultural no qual
está inserida.
A obra Mona Lisa, criada pelo artista do Renascimento Leonardo da Vinci, é tida como
um exemplo de obra de arte que é conhecida por grande parte da população mundial. Seu
misterioso sorriso é pesquisado e admirado por muitos.
T
Ó
P
Óleo sobre madeira de álamo, color. 77 cm x I
53,5 cm. Museu do Louvre, Paris. C
O
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia. S
org/wiki/Mona_Lisa#/media/
File:Mona_Lisa,_by_Leonardo_da_ E
Vinci,_from_C2RMF_retouched. S
jpg>. Acesso em: 20 maio 2015 P
E
C
I
A
I
S
82 TÓPICO 5 UNIDADE 1
Nesta abordagem a arte parte para a construção de um sentido novo (a obra) e o institui
como parte da cultura. Segundo Chauí (2008), “o artista é um ser social que busca exprimir seu
modo de estar no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade,
volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”.
A obra Guernica, pintada pelo artista do Cubismo, Pablo Picasso, propaga o sentido da
arte enquanto expressão, pois revela na obra o sentido da dor, do belo, do terrível, do sublime,
ou seja, mostra por meio da arte o sentido da cultura e da história na vida em sociedade. Esta
obra retratou o bombardeio que a cidade espanhola Guernica sofreu por aviões alemães.
T
Ó
Pintura a óleo. 349 cm x 776 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. P
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_%28quadro%29#/media/File:Mural_ I
del_Gernika.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015 C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
84 TÓPICO 5 UNIDADE 1
Nota-se que a arte é uma ciência do conhecimento que representa um elo entre o
passado, presente e o futuro, pois demonstra o pensar, o agir e todos os aspectos culturais
existentes desde o homem primitivo até o homem contemporâneo.
Nos dias atuais a arte contemporânea está associada à indústria cultural, apropriando-se
da tecnologia e das interferências da mídia, fazendo parte da cultura de massa. Os meios de
comunicação, como a televisão, fotografia, cinema, internet, rádio e redes sociais fazem com
que o conhecimento artístico seja divulgado com maior facilidade e rapidez, de forma acessível
a grande parte da população.
T
Ó DE
P ATIVIDA
AUTO
I
C A questão 1 de conhecimentos gerais da prova Enade 2014 con-
O templa conceitos artísticos:
S
A partir do texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I- O processo de evolução tecnológica da atualidade democratiza a produção e a divul-
gação de obras artísticas, reduzindo a importância que os centros de exposição tinham
nos anos 1970.
II- As novas tecnologias possibilitam que artistas sejam independentes, montem seus
próprios ambientes de produção e disponibilizem seus trabalhos, de forma simples, para
um grande número de pessoas.
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 5 87
RESUMO DO TÓPICO 4
• A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e espaço, e são
duas áreas de conhecimento de difícil definição, porém elas interagem entre si e com as de-
mais áreas de conhecimento.
• A arte tem sua definição a partir de três concepções: do fazer, do conhecimento e da expe-
riência com o sensível. A arte pode ser representada por meio das artes visuais, artes cênicas,
música e dança.
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
88 TÓPICO 5 UNIDADE 1
ID ADE
ATIV
AUTO
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 5 89
D E
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S
90 TÓPICO 5 UNIDADE 1
IAÇÃO
AVAL
T
Ó
P
I
C
O
S
E
S
P
E
C
I
A
I
S