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I SRST – SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL


ISSN 2358-1913
SETEMBRO DE 2014

MPLS-TP, GMPLS e suas interações em redes


ASON
Giovani Stefanini1, Carlos Roberto dos Santos2

roteamento de camada 3 e ainda suportar múltiplas tecnologias


Abstract—This article describes the main technical de camada 2.
characteristics of MPLS, aiming the functionalities and No entanto, há uma nova geração de tecnologias de rede
advantages of its use, and for its transport version, MPLS-TP. baseadas em pacote emergindo, contemplando novos cenários
It’s also described the extension and generalized update of MPLS que combinam a eficiência e a flexibilidade das redes de
protocol stack, GMPLS, which is the control plane purposed by
pacote com as funcionalidades de controle e gerenciamento
the IETF with switching capabilities in packet, time, wavelength
and fibers domains. At last, is presented to reader how the
efetivos das redes baseadas em circuito. Essas novas redes
GMPLS interacts with new network technologies such as ASON estão sendo chamadas de PTNs (Packet Transport Networks).
networks, purposed by the ITU-T. Uma das abordagens padronizadas pelo ITU-T (International
Index Terms— MPLS, MPLS-TP, GMPLS, ASON networks. Telecommunications Union – Telecommunication
Resumo—Este artigo descreve as principais características Standardization Sector) e IETF (Internet Engineering Task
técnicas do protocolo MPLS, apontando suas funcionalidades e Force) consiste em evoluir as pilhas de protocolos IP/MPLS
vantagens, e de sua versão de transporte, o MPLS-TP. É descrita integrando funções de OAM (Operations, Administration and
também a extensão e generalização da pilha de protocolos MPLS, Management) para redes de transporte de classe de operadora.
o GMPLS, que é o plano de controle proposto pelo IETF para fins Essa PTN, conhecida como MPLS-TP (MPLS – Transport
de comutação nos domínios de pacotes, tempo, comprimento de
Profile) inclui funcionalidades tradicionalmente associadas
onda e fibras. Por último, é apresentado ao leitor como o GMPLS
interage com novas tecnologias de rede como as redes ASON, com redes de transporte, como comutação de proteção e
propostas pelo ITU-T. funções de operação e manutenção, visando prover um
Palavras chave — MPLS, MPLS-TP, GMPLS, redes ASON. paradigma de operação, controle e gerenciamento comum a
outras tecnologias de transporte (ex.: SDH – Synchronous
I. INTRODUÇÃO Digital Hierarchy, OTN – Optical Transport Network, WDM
– Wavelength Division Multiplexing) [1][2].
O rápido crescimento dos serviços IP (Internet Protocol)
Os sistemas de transporte óptico emergentes aumentaram
tem sido o principal fator motivador para a constante evolução
dramaticamente a capacidade bruta das redes ópticas e
de diversas tecnologias nas áreas de redes e telecomunicações.
permitiram uma nova gama de sofisticadas aplicações. Por
Devido, principalmente, a algumas características intrínsecas
exemplo, redes de armazenamento (SAN – Storage Area
do protocolo IP como serviço não orientado a conexão,
Network), leasing de banda, espelhamento de dados e sistemas
comunicação do tipo melhor esforço, complexidade para
de comutação multi-serviços são alguns dos sistemas
roteamento em larga escala; e também de alguns novos fatores
responsáveis pelo aumento no tráfego de dados.
que surgiram recentemente como a necessidade de integração
A diversidade e complexidade no gerenciamento destas
de tecnologias de camadas 2 e 3, um maior controle sobre os
redes tem sido o principal fator para a evolução e melhoria do
recursos da rede e disponibilidade de novos serviços sobre o
MPLS. O GMPLS (Generalized MPLS) estendeu o conceito
IP, houve a necessidade da criação de novas técnicas para se
do MPLS para outras classes de interface e de comutação,
manipular as redes. O MPLS (Multi Protocol Label Switching)
como por exemplo, TDM (Time Division Multiplexing) e
nasceu com a necessidade do transporte IP sobre redes ATM
comutação óptica (lambda e fibra). No GMPLS, os LSP´s
(Asynchronous Transfer Mode) e FR (Frame Relay), no intuito
(Label Switched Paths) para o encaminhamento de informação
de se resolver problemas de complexibilidade no controle,
são também baseados em time slots, comprimento de ondas ou
gerenciamento e escalabilidade, e teve como objetivo inicial
portas físicas oferecendo capacidade de sobrevivência à rede
fornecer a velocidade de comutação da camada 2 ao
através de sistemas compostos por roteadores IP, comutadores
MPLS-TP, ADMs (Add-Drop Multiplexer), OXCs (Optical
Cross-Connects) e dispositivos WDM [7][8].
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado
de Pós-Graduação em Especialização em Engenharia de Redes e Sistemas de
Telecomunicações. Orientador: Prof. Carlos Roberto dos Santos. Trabalho
aprovado em 08/2014.
II. MPLS E SEU PERFIL DE TRANSPORTE: MPLS-TP B. MPLS-TP
A tecnologia MPLS oferece aos clientes uma solução
A. MPLS
versátil que ajuda significantemente a resolver os problemas
Com o desenvolvimento de diferentes técnicas de que existem nas redes atuais como velocidade, escalabilidade,
comutação e roteamento de pacotes por vários fabricantes, gerenciamento de Classe de Serviço (CoS) e Qualidade de
começou a vir à tona a falta de interoperabilidade entre Serviço (QoS), engenharia de tráfego e convergência de voz,
diferentes dispositivos. O MPLS, desenvolvido pelo IETF, vídeo e dados. Entretanto, ela não possui as funções de OAM
surgiu como um padrão que unificou estas tecnologias, necessárias para gerenciar serviços de nível de operadora e,
viabilizando meios de interligar redes, equipamentos e com o mercado direcionado para as redes de transporte
tecnologias dos mais diversos fabricantes abordando baseadas em pacote, o ITU-T interessou-se em refinar o MPLS
problemas relacionados à escalabilidade e roteamento, e ao nível de “classe de operadora”. O resultado foi o T-MPLS
podendo ser executado sobre redes ATM e Frame Relay (Transport – MPLS), uma tecnologia de rede de transporte de
existentes. pacotes orientada à conexão e baseada no MPLS que oferece
Por ser uma tecnologia flexível, o MPLS permite o seu conexões ponto-a-ponto gerenciadas para redes de diferentes
mapeamento em diversas tecnologias de redes. O MPLS é camadas (como por exemplo, Ethernet).
essencialmente um sistema de rotulamento projetado para O T-MPLS, como uma nova formulação do MPLS, foi
acomodar múltiplos protocolos em que LSPs são utilizados projetado especificamente para ser aplicado em redes de
para definir as rotas dos pacotes na rede através de LSRs transporte. Ele é formado por padrões bem conhecidos e pela
(Label Switching Router), que são os roteadores de núcleo e amplamente implementada tecnologia IP/MPLS, mas oferece
realizam funções de comutação, e LERs (Label Edge Router), uma implementação mais simples, onde funcionalidades que
que são os roteadores de borda e realizam funções de não eram relevantes para aplicações orientadas à conexão
roteamento e classificação dos fluxos de dados. Com isso um foram removidas e brechas críticas de funcionalidades de
modo orientado à conexão é introduzido em uma rede não transporte foram sanadas.
orientada à conexão [5]. O T-MPLS foi especificamente desenvolvido com os
O MPLS tornou-se uma solução para resolver problemas de mesmos princípios arquiteturais que as redes em camada
desempenho de roteadores de núcleo em redes IP. Através do aplicadas em tecnologias como SDH e OTN de modo que já
uso de rótulos MPLS, os roteadores evitam a alta carga de foram desenvolvidos pelos provedores de serviço processos de
processamento para verificação de cada pacote e execução de gerenciamento de fluxos de trabalho baseados nestes
funções complexas de busca de rotas em tabelas com base em princípios. Assim, o T-MPLS se apresenta como uma
endereços IP. O MPLS surgiu também como uma solução tecnologia baseada em pacotes confiável sendo familiar e ao
inteligente para alcançar os requisitos de largura de banda e de mesmo tempo alinhada com as redes de transporte baseadas
gerenciamento de serviços das redes de backbone de próxima em circuito, ou seja, ele suporta os processos de
geração baseadas em IP, procurando atender os seguintes gerenciamento e os procedimentos de trabalho em larga escala
objetivos: já existentes [1].
• Melhoria nos custos e no desempenho do Além do mais, diferente do MPLS, o T-MPLS é
roteamento; estritamente orientado à conexão e visa ser menos abrangente
• Melhoria na escalabilidade do roteamento em escopo, menos complexo em operação, e facilmente
relativamente ao modelo overlay; gerenciado. As funcionalidades de camada 3 foram eliminadas
• Maior flexibilidade na introdução de novos serviços. e o plano de controle utiliza um mínimo de mecanismos IP,
O último objetivo é de grande interesse para os provedores levando a implementações em equipamentos que condizem
de serviços de rede que já percebem a necessidade de oferecer com as necessidades dos provedores de serviços de
novos serviços como forma de atrair mais usuários e de transmissão de pacotes com ótima relação custo beneficio em
aumentar suas receitas [3]. suas arquiteturas de próxima geração. O T-MPLS foi
Uma das funcionalidades apresentadas por uma rede MPLS formulado em conjunto com as redes de transporte atuais
é a Classe de Serviço (CoS – Class of Service). A CoS permite baseadas em circuito, seguindo os mesmos modelos
a definição opcional de exigências de largura de banda e de arquiteturais, gerenciais e operacionais. Partindo disso ele visa
priorização de tráfego por aplicação. Com a rede conhecendo oferecer um caminho ideal de evolução para muitos
as aplicações que por ela trafegam pode ser realizado o provedores de serviços em suas redes de acesso e metro, em
gerenciamento de tráfego, de acordo com a aplicação nele direção a um modelo futuro completamente baseado em
contida, da melhor maneira possível. Com isso, técnicas de pacotes [1].
qualidade de serviço (QoS – Quality of Service) como serviços Entretanto, por ser estritamente orientado à conexão, o T-
integrados (IntServ) e serviços diferenciados (DiffServ) podem MPLS teve algumas funcionalidades removidas de modo que o
ser melhor dimensionadas e implementadas na rede. Já a IETF identificou que a tecnologia T-MPLS tornar-se-ia
função FRR (Fast ReRoute) permite a rede implementar incompatível com o MPLS, resultando na necessidade de troca
comutação de proteção em menos de 50ms [2][4][5]. de equipamentos, acarretando em impactos no CAPEX
(Capital Expenditure) das empresas e inviabilizando solução
do ponto de vista comercial. Além disso, para alcançar um atributos oferecidos pelas tecnologias de transporte legadas.
alinhamento mútuo dos requisitos e dos protocolos, desde Por exemplo, o OAM é desenhado para trafegar exatamente na
2008 o ITU-T uniu-se ao IETF para a criação de um grupo de mesma rota que os dados. Em outras palavras, o OAM MPLS-
trabalho conjunto (JWT – Joint Working Team) e com base na TP monitora os PWs e LSPs, como ilustrado na Figura 1:
atividade deste grupo, foi acordado que o trabalho de
padronização, no IETF, irá focar em definir o perfil de
transporte do MPLS (MPLS-TP) utilizando os mesmos
requisitos funcionais que motivaram o desenvolvimento do T-
MPLS. Com as RFCs (Request For Comments) do MPLS-TP
alcançando um nível de maturidade técnica comparável com as
recomendações do T-MPLS já existentes, o ITU-T alinhou
este último com as realizações do IETF [5].
O MPLS-TP nasceu como uma versão simplificada do
MPLS para redes de transporte e tem por objetivo oferecer
Figura 1. Pseudowires e LSP`s.[3]
transporte orientado à conexão para serviços de TDM e de
Dois importantes componentes dos mecanismos de OAM
pacote através de redes ópticas, aproveitando a tecnologia
MPLS amplamente implantada. A chave para esta realização é são o G-ACh e o GAL (Generic Alert Label). Como seus
a definição e implementação de funcionalidades OAM e de nomes indicam, eles permitem ao controlador da rede
resiliência para garantir os recursos necessários a redes de transmitir qualquer tipo de tráfego de controle nos PWs ou
transporte de alta confiabilidade: operações escaláveis; alta LSPs. O G-ACh é utilizado tanto nos PWs como nos LSPs. O
disponibilidade, monitoramento de desempenho e suporte GAL é utilizado comumente nos LSPs para sinalizar o G-
multi-domínio. As especificações do MPLS-TP estão contidas ACh.
em uma variedade de RFCs do IETF, entretanto, as mais
importantes são RFC 5654 e RFC 5921, que foram
desenvolvidas pelo IETF em conjunto com o ITU-T [3][6].
O MPLS-TP não requer as capacidades de plano de controle
do MPLS e permite ao plano de gerenciamento a configuração
de LSPs manualmente. Seu OAM pode operar sem nenhuma
funcionalidade da camada IP em casos especificados pelo
operador.
As principais características do MPLS-TP definidas pelo
IETF e ITU-T são:
• Plano de encaminhamento MPLS com restrições
• Arquitetura PWE3 (Pseudo Wire Emulation Edge-
to-Edge)
• Plano de controle: GMPLS estático ou dinâmico
• Funcionalidades de OAM melhoradas
Figura 2. Generic Associated Channel e Generic Alert Label.[3]
• OAM monitora e comanda a proteção comutada O G-ACh é bastante similar ao canal associado definido
• Uso do G-ACh (Generic Associated Channel) para pela RFC4385. O G-ACh é como um container ou canal que
suporte a funções de falha, configuração, contabilidade, trafega pelo PW e carrega mensagens OAM. Por exemplo, o
desempenho e segurança (FCAPS – Fault, Configuration,
VCCV (Virtual Circuit Connectivity Verification) pode ser
Accounting, Performance and Security).
enviado através de um canal associado para monitorar se o PW
O PW (PseudoWire) consiste em um mecanismo para
está disponível. O canal associado é uma função genérica,
emulação de diversos serviços de redes e telecomunicações
tanto que pode trafegar sobre LSPs. Essa função genérica é
através de redes comutadas por pacotes que utilizam Ethernet,
capaz de carregar tráfego de usuários, tráfego OAM, e tráfego
IP ou MPLS. Os serviços emulados podem incluir circuitos
de gerenciamento tanto sobre PW como LSP. Também pode
dedicados de E1, Frame Relay, Ethernet, ATM, TDM ou
carregar informação APS (Automatic Protection Switching),
SDH. O pseudowire é estabelecido de uma conexão entre dois
DCC (Data Communications Channel), SCC (Signaling
dispositivos PE (Provider Edge) que conectam dois ACs
Communication Channel), e tráfego de gerenciamento MCC
(Attachment Circuits), como VPIs/VCIs de ATM ou circuitos
(Management Communication Channel) [3]. Esses
E1.
mecanismos estão ilustrados na Figura 2.
A arquitetura PWE3 provê apenas a funcionalidade mínima
É importante notar que essa construção genérica definida
necessária para emular o circuito com o desejado grau de
pelo MPLS-TP será reutilizada pelo IP/MPLS. Isso servirá
confiabilidade para um determinado serviço definido,
como um extenso conjunto de ferramentas de OAM, e suporte
conforme consta na RFC 3985.
as funções FCAPS para um gerenciamento fim-a-fim.
Um dos objetivos do OAM MPLS-TP é prover ferramentas
Comparada com as redes baseadas em IP/MPLS, a PTN
necessárias para monitorar e gerenciar a rede com os mesmos
baseada em MPLS-TP oferece as seguintes vantagens:
camada de transporte óptico na camada 1. A arquitetura
TABELA I
COMPARAÇÃO DAS QUALIDADES DE TRANSPORTE
GMPLS pode ser descrita basicamente como um framework
DO MPLS E MPLS-TP. [4] necessário para a implementação de mecanismos de

O MPLS-TP é uma abordagem mais simples que o IP/MPLS, engenharia de tráfego e garantia de QoS nestas redes [11][12].
pois atua no domínio de transporte, ao invés de tentar também A Figura 3 ilustra o conceito de camada de plano de controle
cobrir aplicações de roteamento. Devido a isso pode-se evitar GMPLS.
um impacto em larga escala em capacitação de pessoal, e em No contexto do MPLS-TP, o plano de controle é o
complexidade de rede. mecanismo utilizado para configurar LSPs automaticamente
• O custo total de propriedade (TCO – Total Cost of através de um domínio de rede comutada por pacotes. O uso
Ownership) se torna menor que na abordagem IP/MPLS, visto do plano de controle é opcional no MPLS-TP. Alguns
que o MPLS-TP omite o roteamento orientado a IP e a operadores podem optar por configurar LSPs e PWs utilizando
complexidade desse processo. um sistema de gerenciamento de rede (NMS). Neste caso, não
• O MPLS-TP suporta OAM e proteção/redundância são utilizados protocolos de roteamento e nem IP.
em cada camada. Por outro lado, é possível utilizar-se de plano de controle
• Abordagem orientada à conexão com esquemas de dinâmico com o MPLS-TP de modo que os LSPs e PWs sejam
proteção tradicionais e ferramentas de OAM centralizadas em configurados pela rede utilizando-se o GMPLS e o T-LDP
transporte que estão alinhadas com as arquiteturas (Targeted Label Distribution Protocol) respectivamente [7].
estabelecidas. O T-LDP é parte da arquitetura PW sendo amplamente
• Desempenho de transporte garantido e QoS para utilizado atualmente para sinalizar PWs e seus status.
todo tipo de serviço de cliente suportado. O MPLS-TP pode utilizar o plano de controle distribuído
As diferenças chave entre o MPLS e o MPLS-TP para uso para habilitar um provisionamento de serviços rápido,
em redes metro de acesso/agregação estão sumarizadas na dinâmico e confiável em ambientes multi-fabricantes e multi-
Tabela 1. domínios utilizando protocolos padronizados que garantem
interoperabilidade [3].
III. PLANO DE CONTROLE GMPLS
Um dos mais importantes avanços da tecnologia MPLS é a
extensão e generalização de seu plano de controle de tráfego,
servindo como controle para outros tipos de redes, incluindo
redes TDM e ópticas. Essa evolução é chamada de GMPLS. O
GMPLS provê à rede um plano de controle (sinalização e
roteamento) para os dispositivos que realizam comutação em
qualquer um destes domínios: pacotes, tempo, comprimento de
onda e fibras. Esse plano de controle comum prevê a
simplificação da operação e gerenciamento de rede.
O GMPLS é um conjunto de protocolos desenvolvido pelo
IETF, que permite elementos de interconexão. Baseia-se em
engenharia de tráfego MPLS, MPLS-TE (MPLS – Traffic
Engeneering), sinalização e encaminhamento de protocolos.
Ele também pode ser utilizado para configurar as funções de
OAM e definir mecanismos de recuperação.
Figura 3. Camada de plano de controle GMPLS. [11]
O objetivo de desenvolver esse tipo de protocolo é apoiar O plano de controle do MPLS-TP é baseado em uma
mudanças técnicas em multi-camadas de rede, além de desejar combinação do plano de controle MPLS para pseudowires e
que ele atinja o grau de QoS que o MPLS já proporciona. O do plano de controle GMPLS para LSPs MPLS-TP,
GMPLS fornece um único plano unificado de controle que respectivamente. O plano de controle distribuído do MPLS-TP
pode gerenciar multi-camadas de redes IP na camada 3 para a oferece as funções básicas de sinalização, roteamento,
engenharia de tráfego e cálculo de rotas com base em controle e a verificação da conectividade física entre os links
restrições. Essas funcionalidades garantem sua própria de transmissão.
sobrevivência e permitem a si mesmo recuperar-se de falhas e Para que o plano de controle seja eficaz em diferentes tipos
degradações. Além disso, o plano de controle do MPLS-TP é de redes, as seguintes características devem ser levadas em
separado do plano de dados, de modo que falhas no plano de consideração:
controle não impactem o plano de dados e vice-versa [8]. A. Diversidade de comutação
TABELA II • Rótulo generalizado e sua distribuição:
ESTRUTURA DE DOMÍNIOS DO GMPLS [5][8] Para estar habilitado a suportar dispositivos que comutam

Um importante impacto econômico do GMPLS é a em diferentes domínios, o GMPLS introduz adições nos
habilidade de prover o gerenciamento automático de recursos formatos dos rótulos. O novo formato de rótulo é referenciado
da rede e o provisionamento de serviços em rotas fim-a-fim como “rótulo generalizado” e contém informações que
com suporte à engenharia de tráfego. O provisionamento de permitem ao dispositivo receptor programar sua comutação e
serviços tem sido um processo manual, vagaroso e custoso. encaminhamento de dados independentemente de sua função
Para provisionar uma conexão de alta velocidade inicial (pacotes, TDM, lambda, etc.). Um rótulo generalizado
manualmente, um operador deve determinar por quais anéis pode representar um comprimento de onda, uma fibra, ou um
SDH, por exemplo, a conexão irá trafegar e selecionar a banda único time slot. Rótulos MPLS tradicionais também estão
desejada em cada anel manualmente. Caso qualquer anel esteja inclusos. A informação contida em um rótulo generalizado
em sua capacidade máxima, deve-se determinar uma nova rota inclui:
ou realizar a ampliação daquele anel e propagar esta • Tipo de codificação do LSP que indica qual tipo de
informação a todos os sites manualmente. A implantação de rótulo está sendo carregado (ex., pacote, lambda, SDH, etc.),
nós baseados em GMPLS permite aos operadores automatizar • Tipo de comutação que indica se o nó é capaz de
o provisionamento e gerenciamento da rede reduzindo custos realizar comutação de pacotes, time slots, comprimento de
operacionais e tempo dedicado a estas funções [3]. A Tabela 2 onda, ou fibra,
apresenta o sumário da estrutura do GMPLS. • Um identificador geral do campo de dados para
A evolução do MPLS em GMPLS estendeu os protocolos indicar qual carga está sendo transportada pelo LSP (ex.,
de sinalização RSVP-TE (ReSource reserVation Protocol – Virtual Tributary [VT], ATM, Ethernet, etc.).
Traffic Engineering), CR-LDP (Constraint-based Routing Similar ao MPLS, a distribuição de rótulos se inicia pelo
Label Distribution Protocol) e de roteamento OSPF-TE (Open LSR de upstream requisitando um rótulo do LSR de
Shortest Path First – Traffic Engineering), IS-IS-TE downstream. O GMPLS expande esse conceito permitindo ao
(Intermediate System to Intermediate System – Traffic LSR de upstream sugerir um rótulo para o LSP que pode ser
Engineering) acomodando as características de redes ópticas substituído pelo LSR de downstream [8].
TDM/SDH. Um novo protocolo, LMP (Link Management B. Criação de LSP em redes baseadas em GMPLS
Protocol), foi introduzido para gerenciar e manter a saúde dos
O estabelecimento de um LSP em uma rede GMPLS é
planos de controle e dados entre dois nós vizinhos. Deste
similar a aquele feito em redes MPLS. A Figura 4 mostra uma
modo, os 3 protocolos constituintes do GMPLS são [11]:
rede de pacotes (PSC) conectada via STM-4 a um DCS1 na
• OSPF-TE: protocolo de roteamento com suporte a rede TDM. Ambas as redes TDM mostradas utilizam uma
engenharia de tráfego utilizado para troca de informações de
arquitetura STM-16 em anel. As duas redes TDM estão
alcançabilidade e de topologia da rede entre os nós GMPLS.
conectadas via dois OXCs capazes de entregar múltiplos
Suporta diversos atributos em links TE.
lambdas STM-64. O objetivo é estabelecer um LSP (LSP pc)
• RSVP-TE: protocolo de sinalização com suporte a
entre o LSR1 e o LSR4.
engenharia de tráfego usado para troca de informações entre os
nós vizinhos principalmente com relação ao estabelecimento Para estabelecer um LSP entre o LSR1 e o LSR4, outros
ou liberação de rotas através da rede ou entre sub-redes. LSPs em outras redes devem ser estabelecidos para realizar o
• LMP: protocolo utilizado para o gerenciamento de links tunelamento do LSP em baixa hierarquia. Por exemplo, na
TE, auto-descoberta e gerenciamento de recursos da rede. Figura 4, LSP1T1 irá carregar o LSP1, LSP2 e LSP3 se a
Realiza também a supervisão da conectividade dos canais de soma das requisições de engenharia de tráfego do LSP de
pacotes permitir acomoda-los.
Figura. 4. Estabelecimento de um LSP através de redes heterogêneas com
GMPLS.[8]
Isto é feito através do envio de mensagens PATH/Label como uma conexão Ethernet, ou outros tipos de circuitos
Request downstream para o destino que irá carregar o LSP de físicos. O GMPLS não especifica como a informação de
menor hierarquia. Por exemplo, o DCSi manda esta mensagem controle deve ser transportada entre dois nós, ficando a critério
para o OXC1, destinado ao DSCe. Assim que recebida pelo do operador da rede.
OXC1, este então irá criar um LSP entre ele e o OXC2. A escolha do meio para trafegar a informação de controle
Apenas quando este LSP (LSP1) for estabelecido, será entre dois nós GMPLS pode impactar no orçamento do
estabelecido um LSP entre o DSCi e o DSCe (LSP tdi). operador de rede. Claramente, não deve ser utilizada uma
A mensagem PATH/Label Request contém um campo única fibra para transportar esta informação entre dois
chamado Generalized Label Request com o tipo do LSP e de dispositivos geograficamente separados [11].
seu campo de payload. Parâmetros específicos – como tipo de
D. Configuração
sinal, proteção local, LSP bidirecional, e rótulos sugeridos –
estão todos especificados nessa mensagem. O nó de Quando um LSP está sendo estabelecido a partir de uma
downstream responderá com uma mensagem RESV/Label rede de acesso, será requisitado o estabelecimento de diversos
Mapping incluindo um rótulo generalizado que pode conter outros LSPs ao longo do circuito fim-a-fim. Esses LSPs
diversos rótulos generalizados [8][9]. intermediários podem ser estabelecidos em dispositivos
Quando um rótulo generalizado é recebido pelo LSR inicial, baseados em TDM e/ou LSC. Esses dispositivos possuem
ele pode então estabelecer um LSP com seu par via mensagens diferentes características internas, e, portanto, o GMPLS deve
RSVP/PATH por domínio de rede. Na Figura 4, a seguinte acomodar essas diferenças de um jeito que acelere o
sequencia é seguida: estabelecimento de LSPs fim-a-fim. Dois importantes novos
• Um LSP é estabelecido entre OXC1 e OXC2 (LSP1) conceitos que foram introduzidos pelo GMPLS para endereçar
capaz de entregar STM-64 em comprimento de onda para essas diferenças se apresentam a seguir:
realizar o tunelamento em LSPs TDM • Rótulo Sugerido:
• Um LSP é estabelecido entre o DSCi e o DSCe (LSP Como mencionado anteriormente, um nó de upstream pode
tdi) opcionalmente sugerir um rótulo para seu nó de downstream.
• Um LSP é estabelecido entre o DS-1 e o DS-2 (LSPs O nó de downstream pode escolher negar a sugestão e escolher
internos às duas redes TDM são estabelecidos prioritariamente seu próprio rótulo. Todavia, esta operação é crucial para
ao estabelecimento deste LSP) sistemas que requerem processos onerosos de configuração.
• Um LSP é estabelecido entre LSR2 e LSR3 (LSP pi) Um rótulo neste caso é utilizado para encontrar rapidamente o
• O LSP pc é estabelecido entre o LSR1 e LSR4. caminho interno entre as interfaces de entrada e saída. O rótulo
C. Diversidade de encaminhamento sugerido permite aos dispositivos se auto-configurarem com o
Dispositivos MPLS são capazes de discernir o conteúdo da rótulo proposto, ao invés de aguardarem receber o rótulo do nó
informação que está sendo transmitida entre eles, por exemplo, de downstream, para então configurarem seu hardware.
um pacote ou célula com informação de cabeçalho. Eles Rótulos sugeridos também são importantes para acelerar a
devem examinar o rótulo para determinar a porta e o rótulo de configuração de LSPs de back-up em caso de falha de LSP.
saída de um pacote entrante. A troca de rótulos separa No entanto, se o dispositivo de downstream rejeitar o rótulo
logicamente os planos de controle e de dados. sugerido e oferecer seu próprio, o dispositivo de upstream
O GMPLS estende esse conceito para aqueles dispositivos deve reconfigurar-se utilizando com o novo rótulo [8].
desenvolvidos para procurar qualquer cabeçalho quando • LSP Bidirecional:
recebem os dados do usuário. Neste caso, o GMPLS permite A proteção de redes ópticas, por exemplo, contra
que os planos de dados e de controle sejam fisicamente, ou rompimentos de fibras, é provida pelo uso de fibras de back-
logicamente, distintos. Por exemplo, o canal de controle entre up. De maneira similar, os LSPs em uma rede óptica precisam
dois dispositivos poderia trafegar em um circuito externo ser protegidos. Isto é alcançado através do estabelecimento de
dois LSPs unidirecionais, um LSP protege o outro. LSPs estabelecida quando um grupo de PSC-LSPs são agrupados em
bidirecionais devem ter os mesmos requerimentos de TDM-LSPs que são então agrupados em um LSC que faz parte
engenharia de tráfego e restauração. de um grupo de LSCs dentro de um FSC. O parâmetro de
O GMPLS suporta a configuração de LSPs bidirecionais capacidade de multiplexação de circuitos introduzido pelo
através de um conjunto de mensagens de protocolo de GMPLS especifica essa ordem no momento de
sinalização (ex., RSVP/PATH e RESV). Isso ajuda a evitar as estabelecimento de um LSP. Claramente, a banda
numerosas trocas de mensagens de controle, condições de remanescente dentro de cada LSP pode e deve ser utilizada
competição, buscas adicionais de rotas, e a demora na para o aceite e inclusão de LSPs adicionais de baixa ordem
configuração de caminhos internos de entradas e saídas em um [11]. A Figura 6 ilustra essa hierarquia.
switch óptico [9].
E. Escalabilidade
• FA-LSP – Forwarding Adjacency LSP:
O FA-LSP é um LSP baseado em GMPLS utilizado para
transportar outro LSP. Um FA-LSP estabelecido entre dois nós
GMPLS pode ser visto como um circuito virtual com seus
próprios parâmetros de engenharia de tráfego e pode ser
anunciado pelo OSPF/IS-IS como um circuito comum como
qualquer outro enlace físico. Um FA-LSP pode ser
incorporado ao banco de dados do protocolo de estado de
enlace e ser usado no cálculo de caminhos roteáveis para
transportar outro LSP. Isso reduz o tamanho da base de dados,
e, consequentemente, o tempo que é gasto durante a operação
de busca nas tabelas.
A Figura 5 mostra como um LSP TDM (LSP tdm) pode ser Figura 6. Hierarquia de LSPs. [11]
visto como um circuito que conecta duas redes baseadas em
G. Link Bundling
pacotes. Este LSP pode ser visto como um único circuito nos
LSRs baseados em pacote de duas redes PSC, em vez de todos Espera-se que em uma rede óptica seja implementado
os circuitos de uma rede TDM [8]. dezenas a centenas de fibras paralelas, cada uma transportando
centenas a milhares de lambdas entre os nós. Para evitar uma
ampla base de dados dos circuitos e prover melhor
escalabilidade à rede, o GMPLS introduziu o conceito de
concatenação de circuitos (Link Bundling).
O Link Bundling permite o mapeamento de diversos
circuitos em um, e anuncia este para o protocolo de
roteamento, ex.: OSPF, IS-IS. Apesar disso, com o alto grau
de abstração, certa informação é perdida, mas este método
reduz drasticamente o tamanho da base de dados do protocolo
de estado de enlace e o número de circuitos que precisam ser
anunciados. Um circuito concatenado precisa de apenas um
canal de controle, que no futuro irá ajudar a reduzir o número
de mensagens trocadas pelos protocolos de sinalização e
Figura 5. Forwarding Adjacency. [8] roteamento.
O GMPLS permite, de maneira flexível, a concatenação de
F. LSP Hierárquica
ambos os circuitos ponto-a-ponto (P2P) e LSPs que foram
A hierarquia de rede (acesso, metro e longa distância) anunciadas como circuitos para o OSPF (forwarding
provê uma crescente capacidade de banda por área. Quando adjacency) [12].
um serviço fim-a-fim é estabelecido para uma aplicação Entretanto, há certas restrições para o Link Bundling como
corporativa particular, aquele serviço irá atravessar redes que segue:
utilizam dispositivos que não foram dimensionados para
• Todos os circuitos que compõe o circuito concatenado
configurar conexões com níveis de banda flexível. Deste devem começar e terminar no mesmo par de LSRs.
modo, um simples circuito de alta capacidade entre dois • Todos os circuitos que compõe o circuito concatenado
switches ópticos não deve ser utilizado para trafegar circuitos devem ser do mesmo tipo (ex.: P2P, multicast).
de baixa ordem, pois seria altamente ineficiente, além de um • Todos os circuitos que compõe o circuito concatenado
desperdício de recurso. É melhor agregar diversos circuitos de devem ter as mesmas métricas de tráfego (ex.: tipo de proteção
baixa velocidade em outros de maiores velocidades. Essa visão ou banda).
trás a noção de LSP hierárquico. A hierarquia natural é
• Todos os circuitos que compõe o circuito concatenado A restauração de um caminho com falha refere-se ao
devem possuir a mesma capacidade de comutação (ex.: PSC, estabelecimento dinâmico de um caminho de back-up. Esse
TDMC, LSC, ou FSC). processo requer a alocação dinâmica de recursos e cálculo de
Circuitos concatenados resultam na perda de granularidade rota. Dois diferentes métodos de restauração são apresentados:
para os recursos da rede. Apesar disso, o ganho na redução de linha e caminho. A restauração de linha encontra uma rota
entradas da base de dados do protocolo de enlace e o ganho de alternativa em um nó intermediário. A restauração de caminho
velocidade nas procuras de tabelas podem compensar em é iniciada no nó de origem contornando ao redor de um
muito a perda de informação em alguns casos [12]. caminho com falha para qualquer parte até o LSP específico.
H. Confiabilidade No geral, esquemas de restauração levam mais tempo para
comutar para o caminho de back-up, mas são mais eficientes
Um atributo chave do conjunto de protocolos GMPLS é a
no uso de banda, já que não pré alocam recursos para a LSP
habilidade para habilitar o gerenciamento automático de falhas
[11][12].
na operação da rede. Uma falha em determinado tipo de rede
deve ser isolada e tratada separadamente das outras redes. Essa I. Uso eficiente de recursos
é uma característica muito importante para as LSPs fim a fim A inclusão e gerenciamento de recursos em dispositivos
que estão encapsuladas em outras LSPs que requerem alto TDM e ópticos, via plano de controle baseado em IP, requer
grau de confiabilidade. Um plano de controle que abrange novos níveis de otimização. O link bundling foi discutido
redes diferentes deve estar apto a endereçar os vários graus de anteriormente como um método para reduzir o tamanho das
confiabilidade em cada rede [8]. bases de dados do protocolo de estado de enlace por rede
Os passos necessários para lidar com gerenciamento de TDM e óptica. Outro grande problema em redes TDM e
falhas são mostrados na Figura 7. ópticas são seus potenciais para o uso de endereços IP.
• Circuitos não numerados
Ao invés de atribuir um endereço IP diferente para cada
circuito TDM ou óptico, o conceito de “circuito não
numerado” é usado para acompanhar esses tipos de circuitos.
Isso é necessário pelo seguinte:
• O número de canais TDM, lambdas e fibras pode
facilmente atingir um ponto onde o gerenciamento, por
endereços IP, tornar-se-ia muito oneroso.
• Endereços IP são considerados recursos escassos.
Um circuito não numerado é um circuito que não possui
endereço IP, ao invés disso, uma combinação de IDs únicos de
roteadores e números de circuitos é utilizada para representá-
los. Esses circuitos trafegam informação de engenharia de
tráfego e podem ser especificados no plano de sinalização
Figura 7. Processo de gerenciamento de falhas no GMPLS. [8] como circuitos comuns com endereços IP.
O GMPLS provê proteção para falhas em canais (ou Os protocolos RSVP-TE e CR-LDP foram ambos
enlaces) entre dois nós adjacentes (span protection) e proteção estendidos para carregar este tipo de informação no plano de
fim a fim (path protection). As extensões OSPF e IS-IS para sinalização. O mesmo foi feito nos protocolos de roteamento
GMPLS advertem o parâmetro tipo de proteção de enlace para (OSPF-TE e IS-IS-TE).
incluir span protection enquanto a rota está sendo calculada.
Após o cálculo da rota, a sinalização para o estabelecimento IV. TENDÊNCIAS DE DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE
do caminho de back-up é tratada via RSVP-TE ou CR-LDP. CONTROLE GMPLS
Para span protection, os esquemas de proteção 1+1 ou M:N
A. Entregando diferentes níveis de granularidade
são providos estabelecendo-se rotas secundárias através da
rede e pelo uso de mensagens de sinalização para comutar do As redes ASON (Automatically Switched Optical Networks)
caminho primário com falha para o caminho secundário baseadas em OTN estão sendo continuadamente aderidas pelas
íntegro [9]. operadoras e implementadas em suas redes. Elas cumprem o
Para proteções fim a fim, os caminhos primário e secundário papel de plano de controle ASON/GMPLS utilizando
são calculados e sinalizados para indicar que ambos os comprimentos de onda, interfaces GE/Any, e ODUk (k=1,2,3
caminhos compartilham recurso. SRLG (Shared Risk Link ou 4) para sua granularidade de entrega de serviços. Estes
Group) é um mecanismo otimizado que permite o níveis são vastamente mais amplos que os VC-4 das redes
estabelecimento de LSPs de back-up que não possuem nenhum ASON baseadas em SDH responsáveis pela aplicação inicial
circuito em comum com o LSP primário. Isto é alcançado em escala global em meados de 2007.
através das extensões de roteamento OSPF/IS-IS [11]. A ampla aplicação das redes ópticas ASON não apenas
melhora a confiabilidade da rede de transporte, como também
reduz OPEX (Operational Expenditure) para os operadores, fibras ópticas/comprimentos de onda, o roteamento dinâmico
deste modo, ela obteve amplo reconhecimento comercial. de lambdas, e alertas de problemas no roteamento em redes
O rápido crescimento dos serviços IP aliado com o aumento WDM.
na implantação de novos serviços como o 3G/4G, NGN (Next Quando carregadas com o plano de controle
Generation Network), Multi-Play, VPN (Virtual Private ASON/GMPLS, as redes OTN, SDH, e PTN proveem
Network), e SAN resultou na alta necessidade de entregas de serviços com diferentes níveis de proteção,
requerimentos para as redes de transporte como banda, recuperação, e granularidade para diferentes taxas. No entanto,
desempenho, e granularidade. Guiados pelo desenvolvimento isto é dependente do desenvolvimento das tecnologias MRN e
de novos serviços e tecnologias, os operadores devem almejar MLN, pesquisa a qual abrange principalmente MLS (Multi-
redes OTN de alta flexibilidade, eficiência, segurança, Layer Survivability) e MTE (Multi-layer Traffic Engeneering).
estabilidade e inteligência [10]. A tecnologia MLS cumpre um conjunto de características
Redes de transporte estão sendo desenvolvidas com foco no para coordenar e realizar, por exemplo, proteção e recuperação
serviço IP que vem estimulando a crescente aplicação da inter-camadas e o uso efetivo dos recursos de recuperação
tecnologia de redes de transporte de pacotes (PTN). Embora inter-camadas.
sejam orientadas para transmissão de pacotes, as PTNs O ITU definiu a padronização MLN em 2006 na
herdaram as funções básicas das redes de transporte. Em recomendação ITU-T G.8080. Os requerimentos MRN/MLN
adição à comutação de nós baseadas em pacotes, as PTNs em GMPLS providos pelo IETF CCAMP (Common Control
também detém controle de QoS flexível, broadcast/multicast, And Measurement Plane) foram definidos na RFC 5339 e
gerenciamento de canais fim a fim, e gerenciamento, atualizados na RFC 6001, o que levou a uma otimização do
manutenção, proteção, restauração, sincronização, e padrão de sinalização e roteamento multi-camadas.
temporização ao estilo SDH. O PCE constitui uma tecnologia chave que ajuda a resolver
o problema de roteamento multi-camada do MRN/MLN. Em
uma rede multi-camada, o PCE é o responsável pela
computação de rotas. Ele identifica a melhor rota baseado em
restrições e estruturas topológicas conhecidas da rede multi-
camada e realiza ampla otimização de rotas e engenharia de
tráfego trans-domínios e inter-camadas. O PCE agrega alto
valor em termos de aumento da qualidade da rede e eficiência
operacional. O grupo de trabalho IETF PCE realizou
considerável progresso no campo do MRN/MLN, as
requisições relevantes foram bem definidas, e diversas RFC
foram lançadas.
Como conclusão, o rápido desenvolvimento de padrões
relacionados ao WSON, MRN/MLN e PCE irá proporcionar
entrega de serviços fim a fim e controle unificado em vários
níveis de granularidade (λ/sub-λ/TDM/pacotes). Atualmente,
Figura 8. Aprofundamento de mercado das redes ASON/GMPLS [12]. as redes de transporte estão evoluindo o plano de controle
OTN, SDH e PTN podem ser todos carregados pelo plano comum em direção ao ASON/GMPLS ajudando os operadores
de controle ASON/GMPLS para realizar entrega de serviços a implementar redes inteligentes [13].
com diferentes níveis de granularidade (λ/sub-
C. Interação inter-camadas e interoperabilidade intra-
λ/TDM/pacotes), e então alcançar os diversificados
camadas
requerimentos de transporte de diferentes camadas de redes.
A Figura 8 ilustra a evolução na implementação das redes IP sobre óptica provê soluções de serviço altamente
ASON com o plano de controle GMPLS unificado [13]. confiáveis e de baixo custo aos operadores. Entretanto, a
interação entre o IP e as camadas ópticas (transporte), e a
B. Plano de Controle comum a várias redes de transporte interoperabilidade entre os planos de controle de múltiplos
Nas redes de última geração os planos de controle de redes fornecedores deve ser otimizada através do esforço
OTN, SDH, e PTN foram unificados, e essa característica está cooperativo de operadores, fornecedores de equipamentos, e
prevista para ser reforçada por padrões gradualmente organizações de padronização.
otimizados. O campo do plano de controle das redes constitui Como o protocolo GMPLS foi herdado do MPLS, a
uma área chave de pesquisa para organizações de interação inter-camadas entre IP e a camada óptica pode
padronização, que se estende por WSON (Wavelength envolver a adoção de diferentes padrões. Fornecedores de
Switched Optical Networks), MRN/MLN (Multi-Region roteadores tendem a optar pelo padrão IETF GMPLS UNI
Networks/Multi-Layer Networks), e PCE (Path Calculating (User Network Interface), enquanto que os fornecedores de
Elements). redes de transporte estão mais inclinados a escolher o padrão
O WSON é um padrão referente às redes WDM OIF (Optical Internetworking Forum) UNI 2.0.
inteligentes. Proposto pelo IETF, ele tem por objetivo Em termos de interoperabilidade intra-camada entre os
principal resolver problemas de descobrimento automático de planos de controle da rede de transporte, visto que há dois
padrões coexistindo, denominados IETF PCE e OIF E-NNI características sem ter que saber detalhes sobre recursos da
(External – Network-Network Interface), dá aos fornecedores outra camada [12].
de redes de transporte diversas opções de escolha.
A interoperabilidade é essencial visto que é quase que
impossível para um operador utilizar equipamentos ASON de
apenas um fornecedor. O IETF definiu os critérios necessários
para interoperabilidade na proposta GMPLS UNI. Entretanto,
a interoperabilidade não inclui apenas a interface funcional.
Também é necessário considerar a evolução das tecnologias, o
gerenciamento fim a fim, confiabilidade e conveniência. Esses
fatos interligados podem levar os fornecedores a propor
diferentes soluções.
O plano de evolução relacionado à interoperabilidade
deve refletir os requerimentos atuais da rede e as tendências de
desenvolvimento de plano de controle comum. Um plano de
evolução desta magnitude precisa ser estabelecido e também
especificado através da cooperação de operadores,
fornecedores de equipamentos, e organizações de
padronização. Padrões devem ser definidos para facilitar Figura 9. Relações entre MPLS, MPLS-TP, GMPLS e ASON em 3
dimensões: modelo de conexão, tipo de comutação e função. [11]
implementações e ir de encontro aos requerimentos da
evolução da rede. Os padrões devem incluir: SLA (Service D. Modo OAM: controlável, gerenciável e conveniente
Level Agreement) de ENNI trans-domínio, funções de Com o início das implementações das redes ASON, o
operação, administração e manutenção (OAM), especificação grande desafio surgiu da mudança da filosofia de OAM. Os
de sinalização UNI inband, e o sistema de gerenciamento de peradores estavam preocupados em perder o controle da rede
rede unificado (NMS – Network Management System). Eles onde o ASON fosse implantado, e então demandaram um
irão auxiliar a comercialização das soluções de
plano de controle “controlável, gerenciável e conveniente”.
interoperabilidade do plano de controle para alcançar a entrega
A questão chave é realizar inovações no modo OAM
de serviços fim a fim trans-domínios e a administração e
tradicional. Primeiramente, desenvolvimentos na tecnologia de
manutenção destas redes.
Até que os detalhes de interoperabilidade estejam monitoramento de desempenho e alarmes para o plano de
completamente definidos, a conexão estática de planos de controle são necessários. Inovações nos alarmes de degradação
controle ASON/GMPLS de múltiplos fornecedores se mostra de SLA, interrupção no circuito de controle, e monitoramento
como uma solução prática e viável. Neste caso, a do tempo de reroteamento permitirão à equipe de OAM
interoperabilidade do plano de transporte é seguida pelo plano manter o plano de controle da mesma maneira que o plano de
de controle através de interfaces UNI e ENNI [13]. transporte. Em adição à conveniência que isto oferece, gastos
As relações de interoperabilidade entre as tecnologias extras com treinamentos podem ser evitados [13].
MPLS, MPLS-TP, GMPLS e ASON são apresentadas na Em segundo lugar, inovações em tecnologias de
Figura 9. gerenciamento de recursos são necessárias. Por exemplo,
MPLS e MPLS-TP: Serviços de camada 2, como Ethernet, tecnologias reversivas podem ser empregadas para permitir
ATM, TDM, Frame Relay, são emulados através de uma rede que um serviço, automaticamente ou manualmente, retorne a
MPLS-TP usando-se pseudowires, que se originam e terminam sua rota original depois de uma correção de falha. Tecnologias
nos extremos da rede MPLS-TP. Serviços MPLS e IP também de restauração com compartilhamento de recursos em malha
podem ser transportados por MPLS-TP, mas nestes casos um podem pré definir rotas de restauração, garantir 100% da taxa
LSP é utilizado ao invés de um pseudowire. de serviços após falhas, e aprimorar a utilização de recursos.
MPLS-TP e GMPLS: Extensões GMPLS foram Tecnologias de reroteamento podem otimizar rotas e agendar
desenvolvidas e propostas como mecanismo de plano de recursos de maneira rápida e confiável.
controle para MPLS-TP. O plano de controle é uma
As devidas inovações mitigam as preocupações dos
funcionalidade opcional do MPLS-TP, porém as capacidades
operadores quanto ao OAM em ambientes ASON. O plano de
do GMPLS e seu modelo orientado a conexão o fazem o
controle ASON/GMPLS eleva a inteligência e confiabilidade
candidato ideal para uso no plano de controle.
MPLS e GMPLS: Os planos de controle do MPLS e da rede, atua como um catalisador para maior controle,
GMPLS podem interagir através de GMPLS UNI, OIF UNI ou gerenciamento e conveniência da rede [11].
alguma interface usuário-rede proprietária. Como o GMPLS
evoluiu do MPLS, há significantes sobreposições em suas V. REFERÊNCIAS
características e protocolos. As UNIs funcionam como [1] de ALMEIDA, Yuri Leonardo. Evolução das Redes de
gateway ou interface de interconexão sendo que cada camada Transporte: Packet Transport Networks e MPLS-TP (on-line).
(MPLS ou GMPLS) preserva suas funcionalidades e http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialredetransp/.
[2] ROCHA, Adriano Santos. Estudo Básico do MPLS Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da
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(Multi Protocol Label Switching) – I e II. Disponível on-line.
É professor do Inatel desde 1985, onde atua na área de Circuitos Elétricos e
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialmplseb1/. Redes de Telecomunicações. Tem interesse nas áreas de Análise de
[3] Understanding MPLS-TP and Its Benefits. Disponível on- Desempenho de Redes e Internet de Coisas.
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http://www.cisco.com/en/US/technologies/tk436/tk428/white_
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[4] MPLS-TP and IP/MPLS. Disponível on-line.
http://www.ecitele.com/CampaignDocuments/MPLS-TP-IP-
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[5] dos SANTOS, C. Roberto. TP116 – MPLS e GMPLS.
Notas de aula. Material disciplinar INATEL. Acessado em
2014.
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networking. Routing and constraint-based path computation in
optical network segments. Dissertação de mestrado. Royal
Institute of Technology (KTH). Estocolmo, Suécia. 2007.
[10] Architecture for the automatically switched optical
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[11] GMPLS — The Unified Control Plane For Multi-layer
Optical Transport Networks. Alcatel-Lucent. Material de
congresso. Março, 2014.
[12] OTN-G.709 Birth and Evolution. Applied Technology to
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congresso. Março, 2014.
[13] MING, Hu. Development trends of GMPLS control
plane. Disponível on-line e para download. Julho, 2008.
http://www.huawei.com/en/about-huawei/publications
/communicate/hw-081173.htm.

Giovani Stefanini nasceu em Botucatu, SP, em abril de 1988. Graduou-se


em Tecnologia em Telecomunicações pela Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP em 2010.
Trabalha no setor de telecomunicações desde 2010. Hoje atua na área de
engenharia de transmissão da GVT. Tem interesse nas áreas de Redes
Inteligentes e SDN.

Carlos Roberto dos Santos nasceu em Três Marias, MG, em fevereiro de


1958. Recebeu o título de Engenheiro Eletricista com ênfase em Eletrônica e
Telecomunicações pelo Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL
em 1984, e Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de
Itajubá – UNIFEI em 1997. Em 2006 recebeu o título de Doutor em

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