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INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA

 
 

 
 
 

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INSTRUMENTAÇÃO BÁSICA

ÍNDICE 

2  METROLOGIA E NOMENCLATURA ......................................................................................................... 3 
2.1  SISTEMA INTERNACIONAL ......................................................................................................................... 3 
2.2  NOMENCLATURA ...................................................................................................................................... 5 
2.2.1  FAIXA DE MEDIDA [RANGE] ............................................................................................................. 6 
2.2.2  ALCANCE [SPAN] .............................................................................................................................. 7 
2.2.3  ERRO [ERROR] .................................................................................................................................. 7 
2.2.4  PRECISÃO [ACCURACY] .................................................................................................................... 8 
2.2.5  ZONA MORTA [DEAD ZONE OU DEAD BAND] .................................................................................. 8 
2.2.6  SENSIBILIDADE [SENSITIVITY]. ......................................................................................................... 9 
2.2.7  REPETIBILIDADE [ REPEATABILITY] .................................................................................................. 9 
2.2.8  HISTERESE ...................................................................................................................................... 10 
2.2.9  RANGEBILIDADE [RANGEABILITY] .................................................................................................. 11 
2.2.10  LINEARIDADE [LINEARITY] ......................................................................................................... 11 
2.2.11  DERIVA OU DESVIO [DRIFT] ...................................................................................................... 11 
2.2.12  RUÍDO [NOISE] .......................................................................................................................... 11 
2.2.13  ESTABILIDADE [ STABILITY] ....................................................................................................... 11 
2.2.14  TEMPERATURA DE SERVIÇO ...................................................................................................... 11 
2.2.15  VIDA ÚTIL DE SERVIÇO. ............................................................................................................. 12 
2.2.16  ELEVAÇÃO DE ZERO [ZERO ELEVATION] ................................................................................... 12 
2.2.17  SUPRESSÃO DE ZERO [ZERO SUPRESSION]................................................................................ 12 
2.3  ALGUNS TERMOS FUNDAMENTAIS DA INSTRUMENTAÇÃO .................................................................... 14 
2.3.1  INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO ......................................................................................................... 14 
2.3.2  AJUSTE (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO) ............................................................................. 15 
2.3.3  REGULAGEM (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO) .................................................................... 15 
2.3.4  FAIXA NOMINAL............................................................................................................................. 15 
2.3.5  AMPLITUDE DA FAIXA NOMINAL ................................................................................................... 15 
2.3.6  EXATIDÃO DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO ........................................................................... 15 
2.3.7  ERRO (DE INDICAÇÃO) DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO ........................................................ 15 
2.3.8  REPETITIVIDADE (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO) ............................................................... 15 
2.3.9  ERRO FIDUCIAL (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO) ................................................................. 16 
2.3.10  CALIBRAÇÃO .............................................................................................................................. 16 
2.3.11  A INCERTEZA DA MEDIÇÃO ....................................................................................................... 16 
2.3.12  INCERTEZA TIPO A ..................................................................................................................... 17 
2.3.13  CALIBRAÇÃO .............................................................................................................................. 19 

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2 METROLOGIA E NOMENCLATURA
Muito longo e tortuoso foi o processo de padronização de um sistema internacional
de medidas, que, ainda hoje, convive com outros sistemas de medidas regionais.
As tabelas a seguir apresentam as unidades e critérios do SI.
2.1 SISTEMA INTERNACIONAL
Principais Unidades do SI
Grandeza Nome Símbolo
comprimento metro m
área metro quadrado m²
volume metro cúbico m³
ângulo plano radiano rad
tempo segundo s
freqüência hertz Hz
velocidade metro por segundo m/s
aceleração metro por segundo por segundo m/s²
massa quilograma kg
massa específica quilograma por metro cúbico kg/m³
vazão metro cúbico por segundo m³/s
quantidade de matéria mol mol
força newton N
pressão pascal Pa
trabalho, energia joule J
quantidade de calor
potência, fluxo de energia watt W
corrente elétrica ampère A
carga elétrica coulomb C
tensão elétrica volt V
resistência elétrica ohm Ω
condutância siemens S
capacitância farad F
temperatura Celsius grau Celsius ºC
temp. termodinâmica kelvin K
intensidade luminosa candela cd
fluxo luminoso lúmen lm
iluminamento lux lx

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Algumas Unidades em uso com o SI, sem restrição de prazo


Grandeza Nome Símbolo Equivalência
volume litro l ou L 0,001 m³
ângulo plano grau º π/180 rad
ângulo plano minuto ´ π/10 800 rad
ângulo plano segundo ´´ π/648 000 rad
massa tonelada t 1 000 kg
tempo minuto min 60 s
tempo hora h 3 600 s
velocidade angular rotação por minuto rpm π/30 rad/s

Unidades fora do SI, admitidas temporariamente


Grandeza Nome Símbolo Equivalência
pressão atmosfera atm 101 325 Pa
pressão bar bar 106 Pa
pressão milímetro de mercúrio mmHg 133,322 Pa
quantidade de calor caloria cal 4,186 8 J
área hectare ha 104 m²
força quilograma-força kgf 9,806 65 N
comprimento milha marítima 1 852 m
velocidade nó 1,852 km/h

Prefixos das Unidades SI


Nome Símbolo Fator de multiplicação da unidade
24
yotta Y 10 = 1 000 000 000 000 000 000 000 000
zetta Z 1021 = 1 000 000 000 000 000 000 000
exa E 1018 = 1 000 000 000 000 000 000
peta P 1015 = 1 000 000 000 000 000
tera T 1012 = 1 000 000 000 000
giga G 109 = 1 000 000 000
mega M 106 = 1 000 000
quilo k 10³ = 1 000

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hecto h 10² = 100


deca da 10
deci d 10-1 = 0,1
centi c 10-2 = 0,01
mili m 10-3 = 0,001
micro µ 10-6 = 0,000 001
nano n 10-9 = 0,000 000 001
pico p 10-12 = 0,000 000 000 001
femto f 10-15 = 0,000 000 000 000 001
atto a 10-18 = 0,000 000 000 000 000 001
zepto z 10-21 = 0,000 000 000 000 000 000 001
yocto y 10-24 = 0,000 000 000 000 000 000 000 001

2.2 NOMENCLATURA

Figura – 2-1 - Nomenclatura

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2.2.1 FAIXA DE MEDIDA [RANGE]


Conjunto de valores que está compreendido dentro dos limites inferior e superior da
capacidade de medida, ou de indicação do instrumento. É expressa estabelecendo-
se os dois valores extremos.
RANGE = Vi a Vs

onde:

Vi => Valor inferior da faixa.

Vs => Valor superior da faixa.

Por exemplo: a faixa, ou Range de medida do instrumento de temperatura da figura


02 é de:
RANGE = 100 A 300 C

Figura – 2-2 - Range

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2.2.2 ALCANCE [SPAN]


E a diferença algébrica entre os valores, superior e inferior, da faixa de medida, ou
de indicação, ou de transmissão do instrumento.
SPAN = Vs - vi

onde:

Vi => Valor inferior da faixa.

Vs => Valor superior da faixa.

No instrumento de temperatura anterior, o Span é de:

SPAN = 300 ºC – 100 ºC = 200 ºC

2.2.3 ERRO [ERROR]


É a diferença algébrica entre o valor medido, ou indicado ou transmitido e o valor
real que deveria ser medido, ou indicado, ou transmitido pelo instrumento.
Normalmente é calculado em porcentagem do Span.
ERRO (em % do Span) = (V-Vr)/Span*100%

onde:

V => Valor medido, ou indicado, ou transmitido.

Vr => Valor real.

ERRO ESTÁTICO.

Ocorre em regime permanente

ERRO DINÂMICO

Diferença entre o valor instantâneo da variável e o valor indicado ou transmitido pelo


instrumento. Seu valor depende do tipo do fluído do processo, de viscosidade, do
elemento primário (termopar, termoresitência), dos meios de proteção do
instrumento, etc.

ERRO MÉDIO

É a média aritmética dos erros em cada ponto, determinados para todos os valores
da variável medida.

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2.2.4 PRECISÃO [ACCURACY]


A precisão é a tolerância de medida ou indicação do instrumento, e define os limites
dos erros cometidos quando o instrumento é empregado em condições normais de
serviço. Existem várias formas para expressar a precisão. A mais comum é em
porcentagem do Span de calibração.
Exemplo: no instrumento de temperatura da figura- 02 com o Span de 200ºC e
precisão de 0,5%, o erro é de:
200x0,5
e= = 1º C
100

para uma indicação de 150ºC e uma precisão de ±0,5% do Span, o valor real da
temperatura estará compreendido entre 149 e 151ºC ;

Figura – 2-3 Relação entre precisão re exatidão

2.2.5 ZONA MORTA [DEAD ZONE OU DEAD BAND]


É a máxima variação que a variável possa ter, sem que provoque variação na
indicação ou sinal de salda de um instrumento ou em valores absolutos do range do
mesmo.
Ex.:

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Figura – 2-4 Zona Morta

2.2.6 SENSIBILIDADE [SENSITIVITY].


É a razão entre a variação do valor indicado ou transmitido por um instrumento e a
variação da variável que o acionou, após ter alcançado o estado de repouso. Pode
ser dada em porcentagem do alcance de medida.

Figura – 2-5 - Sensibilidade

2.2.7 REPETIBILIDADE [ REPEATABILITY]


A repetibilidade é a capacidade da reprodução da indicação ou do sinal de
transmissão de um instrumento ao se medir repetidamente valores idênticos da
variável, nas mesmas condições de serviço e no mesmo sentido de variação.
Considera-se em geral a diferença máxima encontrada e expressa-se em
porcentagem da faixa.

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Figura – 2-6 – Repetibilidade

2.2.8 HISTERESE
É o erro máximo apresentado por um instrumento, para um mesmo valor, em
qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala nos
sentidos ascendente e descendente. Se expressa em porcentagem do SPAN, no
instrumento.

Figura – 2-7 Histerese

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Ex.: Num instrumento com range de - 50°C a 100°C e histerese de ± 0,3% o erro
será de 0,3% de 150°C = ± 0,45°C. Devemos destacar que o termo “zona morta”
está incluído na histerese.

2.2.9 RANGEBILIDADE [RANGEABILITY]


É a capacidade que um dado instrumento apresenta de possibilitar a alteração
continua de sua calibração para diferentes faixas. A rangebilidade é definida através
de uma relação (razão máxima) que diz o quanto se pode aumentar o Span de
calibração do instrumento. Por exemplo: para transmissores eletrônicos analógicos
a rangebilidade é por volta de 6:1 e para transmissores eletrônicos digitais de última
geração a mesma é de aproximadamente 20:1. Vejamos em valores de variável de
processo: para certo transmissor eletrônico analógico de pressão com rangebilidade
de 6:1, a menor faixa (Range) de calibração é de 0 a 10" de Hg e a máxima, para a
dada rangebilidade, 0 a 60" de Hg. Agora, para o transmissor eletrônico digital, a
menor faixa (Range) é também de 0 a 10" de Hg, mas a maior faixa de calibração
possível neste caso é de 0 a 200" de Hg.

2.2.10 LINEARIDADE [LINEARITY]


É a capacidade de um instrumento ter a sua curva de resposta aproximada à uma
curva de calibração ideal.

2.2.11 DERIVA OU DESVIO [DRIFT]


É a variação no sinal de saída detectada em um período determinado de tempo,
mesmo que se mantenham constantes a variável medida e todas as condições
ambientais.
Existem dois tipos de deriva: deriva de zero (variação no sinal de saída para o valor
zero da medida, atribuível a qualquer causa interna) e a deriva térmica de zero
(variação no sinal de saída devido aos efeitos da temperatura). A deriva é
representada usualmente em porcentagem do sinal de saída da escala total, à
temperatura ambiente, por unidade ou por intervalo de variação da temperatura. Por
exemplo: a deriva térmica de zero de um instrumento em condições de temperatura
ambiente durante 1 mês, foi de 0,2% da faixa de medição.

2.2.12 RUÍDO [NOISE]


Qualquer perturbação elétrica ou sinal acidental não desejado que modifica a
transmissão, indicação, ou registro dos dados desejados.

2.2.13 ESTABILIDADE [ STABILITY]


Capacidade de um instrumento manter seu comportamento o mais próximo do ideal
durante sua vida útil e de armazenamento especificados.

2.2.14 TEMPERATURA DE SERVIÇO


Faixa de temperatura na qual se espera que o instrumento trabalhe dentro dos
limites de erro especificado.

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2.2.15 VIDA ÚTIL DE SERVIÇO.


Tempo mínimo especificado durante o qual se aplicam as características de serviço
contínuo e intermitente do instrumento, sem que se observem mudanças em seu
comportamento além das tolerâncias especificadas.

2.2.16 ELEVAÇÃO DE ZERO [ZERO ELEVATION]


É a quantidade que o valor inferior da faixa de calibração de um instrumento é
menor que o valor zero da variável medida. Pode-se representar em unidades da
variável medida ou em porcentagem do Span de calibração. (figura – 08 e 09)

2.2.17 SUPRESSÃO DE ZERO [ZERO SUPRESSION].


É a quantidade que o valor inferior da faixa de calibração de um instrumento é maior
que o valor zero da variável medida. Pode-se representar em unidades da variável
medida ou em porcentagem do Span de calibração. (figura – 2.10)

Figura – 2-8 - Calibração sem suspenção ou supreção do zero

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Figura – 2-9 - Calibraçãocom 300% de suspenção do zero

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Figura – 2-10 - Calibração com 200% de supreção do zero

Há ainda o Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de


Metrologia - VIM (Portaria Inmetro 029 de 1995).
Nesse documento é definida a nomenclatura oficial e nos ajuda a padronizar a
linguagem no contexto metrológico.
Algumas definições selecionadas estão representadas na tabela adiante.

2.3 ALGUNS TERMOS FUNDAMENTAIS DA INSTRUMENTAÇÃO


2.3.1 INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO
Dispositivo utilizado para uma medição, sozinho ou em conjunto com dispositivo(s)
complementar (es).

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2.3.2 AJUSTE (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO)


Operação destinada a fazer com que um instrumento de medição tenha
desempenho compatível com o seu uso.

2.3.3 REGULAGEM (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO)


Ajuste, empregando somente os recursos disponíveis no instrumento para o usuário.

2.3.4 FAIXA NOMINAL


Faixa de indicação que se pode obter em uma posição específica dos controles de
um instrumento de medição.
Observações: Faixa nominal é normalmente definida em termos de seus limites
inferiores e superiores, por exemplo: “100oC a 200oC”. Quando o limite inferior é
zero, a faixa nominal é definida unicamente em termos do limite superior, por
exemplo: a faixa nominal de 0V a 100V é expressa como “100V”.

2.3.5 AMPLITUDE DA FAIXA NOMINAL


Diferença, em módulo, entre os dois limites de uma faixa nominal. Exemplo: Para
uma faixa nominal de -10V a +10V a amplitude da faixa nominal é 20V.
Observação: Em algumas áreas, a diferença entre o maior e o menor valor é
denominada faixa.

2.3.6 EXATIDÃO DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO


Aptidão de um instrumento de medição para dar respostas próximas a um valor
verdadeiro. Observação:Exatidão é um conceito qualitativo.

2.3.7 ERRO (DE INDICAÇÃO) DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO


Indicação de um instrumento de medição menos um valor verdadeiro da grandeza
de entrada correspondente.
Observações: Uma vez que um valor verdadeiro não pode ser determinado, na
prática é utilizado um verdadeiro convencional. Este conceito aplica-se
principalmente quando o instrumento é comparado a um padrão de referência.

2.3.8 REPETITIVIDADE (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO)


Aptidão de um instrumento de medição em fornecer indicações muito próximas, em
repetidas aplicações do mesmo mensurando, sob as mesmas condições de
medição.
Observações:
1) Estas condições incluem:
- redução ao mínimo das variações devidas ao observador;
- mesmo procedimento de medição;
- mesmo observador;
- mesmo equipamento de medição, utilizado nas mesmas condições;
- mesmo local;
- repetições em um curto período de tempo.

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2) Repetitividade pode ser expressa quantitativamente em termos das características


da dispersão das indicações.

2.3.9 ERRO FIDUCIAL (DE UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO)


Erro de um instrumento de medição dividido por um valor especificado para o
instrumento.
Observação: O valor especificado é geralmente denominado de valor fiducial, e pode
ser, por exemplo, a amplitude da faixa nominal ou o limite superior da faixa nominal
do instrumento de medição.

2.3.10 CALIBRAÇÃO
Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação
entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição
ou valores representados por uma medida materializada ou um material de
referência, e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.
Observações:
1) O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do
mensurando para as indicações como a determinação das correções a serem
aplicadas.
2) Uma calibração pode, também, determinar outras propriedades metrológicas
como o efeito das grandezas de influência.
3) O resultado de uma calibração pode ser registrado em um documento, algumas
vezes denominado certificado de calibração ou relatório de calibração.

2.3.11 A INCERTEZA DA MEDIÇÃO


Em todos os procedimentos científicos, em todo o mundo, é necessário que seja
evidenciada, de forma homogênea e padronizada, a incerteza que afeta os
resultados de um procedimento ou medição. Ela significa o nível de dúvida existente
num resultado, é consequência da honestidade intelectual das pessoas, garante a
confiabilidade e reconhece a falibilidade da ciência. Imagine como seriam mais
confiáveis se todos os anúncios comerciais e discursos de políticos fossem
seguidos, em anexo, de uma declaração (honesta) da incerteza dessas
informações...
Por definição, é um "Parâmetro, associado ao resultado de uma medição, que
caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentadamente atribuídos a
um mensurando".

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O parâmetro deve ser um desvio padrão (ou um múltiplo dele). A incerteza de


medição contém, em geral, muitos componentes. Alguns destes componentes são
estimados com base exclusivamente em distribuição estatísticas, e são chamados
Incertezas tipo "A". Outros componentes, que também devem ser caracterizados ou
convertidos em desvios padrão, são avaliados por meio de outros meios que não os
estatísticos e se denominam incertezas tipo B. A incerteza combinada é a
combinação de todas as incertezas avaliadas, e a incerteza expandida é resultante
da sua multiplicação por um fator de confiança, em geral igual a 2, que depende do
número de graus de liberdade.
O documento que normaliza a expressão da incerteza é o “Guia para Expressão de
Incerteza de Medição”. O texto a seguir é bastante simplificado com exemplos
numéricos, ao invés de conceitos. Quem desejar se aprofundar deve consultar o
GUN (Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement).
Atenção: É mais importante que os procedimentos de calibração, métodos de cálculo
e expressão da incerteza da medição estejam descritos detalhada e
consistentemente (nos documento da qualidade, normas internas, ou equivalente, da
instituição) do que sua adequação precisa às normas oficiais. Isso por que as
normas não determinam detalhes de como fazer, e sim conceitos e como expressar!

2.3.12 INCERTEZA TIPO A


Chamamos de incerteza tipo A aquela que só podem ser conhecida por meios
estatísticos. São os erros aleatórios do sistema de medição.
A avaliação da incerteza tipo A deve ser feita pelo cálculo do desvio padrão de uma
série de medidas feitas nas mesmas condições (condições de repetitividade). Por
exemplo, na calibração de um manômetro de 0 a 10 Kgf/cm2, obtiveram-se os
seguintes dados:

Exemplo de dados em condições de repetitividade


Indicação
do
Valor x−x (x − x)
2

Verdadeiro
Manômetro
7,0 7,03 0,016 0,000256
7,0 7,03 0,016 0,000256
7,0 6,98 -0,034 0,001156
7,0 7,02 0,006 0,000036
7,0 7,01 -0,004 0,000016
Total:
Média=7,014
0,001720

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A média é a melhor estimativa para o valor verdadeiro. Interessante é que a


dispersão dos resultados pode eventualmente ser atribuída ao instrumento sob teste
e não ao “mensurando” conforme definição. O desvio padrão será calculado como:

∑ (x )
n
2
i −x
0,001720
s= i =1
= = 0,021 Kgf/cm2.
n −1 4
Como segunda alternativa, vamos analisar um exemplo, com objetivo de
aproximarmos de um possível procedimento normalizado para instrumentos de
processo industrial. Suponhamos um transmissor de temperatura na faixa de 0 a
500oC e saída de 4-20 mA. Os resultados hipotéticos estão na tabela abaixo. Para
padronização do método referente a transmissores de qualquer grandeza, vamos
adotar os valores em percentuais da faixa e calcular os erros em percentual da
amplitude da faixa (erro fiducial):
Incerteza em Erro Fiducial
Valor
verdadeiro
Instrumento
Valor
Verdadeiro
Instrumento
(%)
erro (%) (x − x )
2

(mA) x
(oC) (%)
0 4,00 0 0,0000 0,0000 0,008264
50 5,61 10 10,0625 0,0625 0,000807
100 7,21 20 20,0625 0,0625 0,000807
150 8,82 30 30,1250 0,1250 0,001162
200 10,42 40 40,1250 0,1250 0,001162
250 12,02 50 50,1250 0,1250 0,001162
300 13,63 60 60,1875 0,1875 0,009330
350 15,22 70 70,1250 0,1250 0,001162
400 16,82 80 80,1250 0,1250 0,001162
450 18,41 90 90,0625 0,0625 0,000807
500 20,00 100 100,0000 0,0000 0,008264
x = 0,0909 Σ=0,034091

0,034091
s= = 0,058%FS
10

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Podemos utilizar na planilha, ou no cálculo, um número tão grande quanto


quisermos de casas decimais, porém o resultado deve ser apresentado com dois
algarismos significativos, ou apenas um: s=0,058% ou s=0,06% são apresentações
corretas. Como regra geral podemos adotar a incerteza com, no máximo, dois
algarismos significativos.

2.3.13 CALIBRAÇÃO
A definição de Calibração, como vimos anteriormente, deixa claro que a calibração
não inclui ajuste do instrumento, e sim, apenas sua comparação com um padrão
(valor verdadeiro convencional), de acordo com as normas locais aplicáveis. Essas
normas devem fazer parte do sistema de qualidade da organização: deve haver
normas e procedimentos escritos para calibração de nossos instrumentos e para
utilização, manutenção, rastreabilidade, calibração e guarda dos padrões de
referência e de trabalho. Esses documentos (normas, procedimentos, documentos
auxiliares, programas, etc.) devem ser sempre ricos em informações e conceitos
pois pertencerão a um valioso acervo de conhecimento da empresa.
Garantir a rastreabilidade é poder identificar de forma documentada a cadeia
metrológica que precede a calibração dos nossos instrumentos. Os instrumentos de
medição críticos dentro do processo produtivo, devem possuir uma periodicidade e
procedimentos definidos para verificação de acordo com as suas características
técnicas, recomendações do fabricante e condições de trabalho. Para selecionar
quais são os instrumentos críticos dentro do processo são utilizados diversos
critérios, tais como:
• garantem a qualidade do produto,
• garantem a segurança da operação e
• garantem a proteção do meio ambiente;
Os padrões de trabalho devem ser submetidos a comparações periódicas contra os
padrões de referência. Por sua vez, os padrões de referência devem passar por
calibrações periódicas junto a laboratórios credenciados regionais, que por sua vez,
são comparados a padrões nacionais (ex: INMETRO, IPT, etc).

Figura – 2-11 - Bomba de calibração

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Estas instituições, também enviam periodicamente seus padrões para ser calibrados
junto a padrões internacionais.
Finalmente, estes órgãos internacionais mantêm programas de comparação inter-
laboratorial para garantir a rastreabilidade metrológica de seus padrões, conhecendo
em todo momento a incerteza das medições de cada instrumento e em cada ponto
de sua faixa de medição.

Figura – 2-12 - Cadeia Metrológica

A avaliação da incerteza da medição necessita de um estudo detalhado de todas as


condições que atuam para afetar o resultado da medição, para poder expressá-la
matematicamente e se propagar adequadamente ao longo da cadeia metrológica.
Ao ser constatado, por exemplo, um defeito ou não conformidade de um padrão,
deve ser possível rastrear ou conhecer todos os trabalhos de calibração executados
com ele, bem como a época ou data desses trabalhos, de forma a correlacionar e
avaliar os prejuízos eventuais. Isso deve ser evidente para todos inclusive (e
principalmente) para os auditores.

Enzo Manella – IM Instrumentação e Controle Pagina - 20 de


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