SANCHES, Carmen Silvia. Gestão Ambiental Proativa. RAE - Revista de
Administração de Empresas. São Paulo, Jan./Mar. 2000. V. 40, n.1, p 76-87.
O autor
Carmen Silvia Sanches é economista pela Unicamp, mestre e
doutoranda em Administração de Empresas pela EAESP/FGV.
Resumo da Obra
O artigo proposto possui 12 páginas, dividas em 3 tópicos principais:
Auto-regulação, A postura Proativa e Instrumentos Gerenciais De Promoção da proteção e Responsabilidade ambientais, além de resumo, introdução e conclusão. O texto tem como objetivo apresentar as mudanças nas indústrias em torno das questões ambientais e quais os mecanismos usados pelas mesmas para se adequarem ao novo cenário e se manterem competitivas. Em destaque está a importância de uma postura proativa, partindo da criação de uma gestão ambiental efetiva para incorporar a dimensão ambiental nos processos organizacionais e garantir uma renovação contínua. No contexto da década de 90, a autora aponta a mudança nas ideologias da sociedade - com novos valores relacionados à igualdade, segurança do trabalhador e proteção ao meio ambiente - aliadas à globalização da produção e do consumo como provocadores deste novo ambiente de negócios. Como um dos mecanismos de adequação está a auto-regulação, que representa iniciativas entre entidades públicas, empresariais e sociais, sob forma de acordos voluntários, códigos de conduta e parcerias entre empresas. Mas é possível ir além. Adotando uma postura proativa, a empresa pode agir por conta própria e tornar o meio ambiente um aliado para geração de lucros. Nesta nova postura, há responsabilidades para além da preservação da natureza, como preocupação com o bem-estar da sociedade. Embasada pelas obras e declarações usadas de referência, a autora aponta a abordagem proativa como uma tendência na administração de um modo geral, que consiste na visão de longo prazo e antecipação a mudanças, garantindo vantagens competitivas. Para tanto, são necessárias alterações na estrutura e na filosofia da empresa, que envolvem tecnologias. Na abordagem das tecnologias ambientais e de sua gestão, há destaque para a os benefícios da implantação da tecnologia de processos e produtos, uma vez que esta otimiza utilização de recursos e geração de resíduos e possibilita a criação de novos produtos. Isto posto, é tratado então da indispensabilidade de uma gestão ambiental para garantir implementação de todos os fatores mencionados anteriormente. A importância é tanta que as empresas industriais criaram um departamento específico e especializado, mas a gestão só funciona de fato quando os altos cargos e os agentes reguladores também atuam. Contudo, mesmo se mostrando benéfica e inevitável pelo contexto das mudanças, a gestão proativa é uma prática pouco difundida e há relutância expressa em adotá-la, principalmente quando são analisados apenas os custos de implementação. Com intuito de mudar esta visão e reforçar a necessidade desta iniciativa, Carmen aponta casos bem-sucedidos pelo mundo, em que as indústrias foram desafiadas a encontrar novas formas de lidar com os problemas enfrentados. Por fim, são descritos os instrumentos gerenciais para promoção das mudanças de cunho ambiental nas empresas. A Declaração De Princípios Ambientais é usada para divulgação das decisões e metas estabelecidas à própria organização e a seus grupos de interesse. O Plano Estratégico Ambiental contém, além dessas informações, as medidas de controle dos resultados. Para a implantação destas ferramentas, porém, a empresa deve primeiro conhecer seu atual estado em relação às questões ambientais.
Conclusões da autoria
A autora conclui que o desafio de se adequar às exigências, colocado às
empresas industriais, é de grande importância pois evidencia o potencial competitivo do cuidado ao meio ambiente e como consequência surgem soluções para os problemas ambientais atuais e futuros. A gestão ambiental proativa abre a mente das organizações e da sociedade para lidar com o conflito atual de avanço aliado à qualidade de vida e o meio ambiente torna-se importante fator para se estabelecer os rumos do futuro.
Referencial teórico
Sanches segue como referencial teórico vários artigos no campo de
gestão estratégica, postura proativa e gestão ambiental, publicados na década de 90, destacando-se entre eles a obra de Roome, de 1994.
Apreciação crítica
A autora traz um texto bastante completo, com uma boa introdução
sobre o assunto e exemplificações. A concluir a leitura pude compreender a dimensão e seriedade da questão ambiental nas organizações e na sociedade de modo geral. Apesar de haver relutância quanto à implantação das práticas de gestão ambiental, o cuidado ao meio ambiente tornou-se um fator definitivo dentro do processo organizacional. Portanto, a melhor escolha a ser feita pelas empresas industriais é a moldagem de seus processos e sua filosofia a esta realidade, de forma a conciliar preservação e lucro. Em contrapartida, a sociedade é responsável por atuar junto, expondo suas expectativas e exigências para que o ciclo das melhorias não se estagne. É notável que, apesar de o artigo ter sido publicado em 2000, o assunto tratado está em pauta ainda hoje, confirmando a passagem destacada pela própria autora de que as questões ambientais colocam permanentemente novos desafios à indústria. Esta característica de continuidade é o que promove a inovação em tecnologia, na estrutura e organização das empresas e nos hábitos e valores da sociedade de forma geral.