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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ERIC OLIVEIRA RIBEIRO GOMES


IGHOR SOUZA DOS SANTOS
HERBI JÚNIOR PEREIRA MOREIRA
MARCELO DOS SANTOS BARROSO FILHO

AUTOMATIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE CALIBRAÇÃO ATRAVÉS


DA INTERFACE IEEE-488

VOLTA REDONDA
2016
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AUTOMATIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE CALIBRAÇÃO ATRAVÉS


DA INTERFACE IEEE-488

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Elétrica do UniFOA como
requisito à obtenção do título de bacharel em
Engenharia Elétrica.

Alunos:
Eric Oliveira Ribeiro Gomes
Ighor Souza dos Santos
Herbi Júnior Pereira Moreira
Marcelo dos Santos Barroso Filho

Orientador:
Prof. M.Sc. Cláudio Márcio de Freitas da Silva

VOLTA REDONDA
2016
FOLHA DE APROVAÇÃO

Alunos:
Eric Oliveira Ribeiro Gomes
Ighor Souza dos Santos
Herbi Júnior Pereira Moreira
Marcelo dos Santos Barroso Filho

Título da monografia:
Automatização de um Sistema de Calibração Através da Interface IEEE-488

Orientador:
Prof. MSC. Cláudio Márcio de Freitas da Silva

Banca Examinadora:

________________________________________
Prof. M.Sc. Cláudio Márcio de Freitas da Silva

________________________________________
Prof. M.Sc. Edson de Paula Carvalho

________________________________________
Prof. D.Sc Paulo André Dias Jácome
Dedicamos esta monografia
primeiramente aos nossos pais, por terem
nos proporcionado todos os meios para
que, com muito orgulho, chegássemos até
aqui.
AGRADECIMENTOS

A todos que de forma, direta ou


indireta, fizeram parte da nossa formação.
A toda equipe do laboratório de
calibração do CEPEL, e em especial ao
Osmar José Fontes, responsável pelo
laboratório CA1, que como grande
pessoa, tanto no pessoal quanto no
profissional, nos motivou do inicio ao fim.
RESUMO

A importância do estudo gira em torno da calibração de multímetros de


precisão, onde há necessidade de se obter a maior confiabilidade possível das
medidas efetuadas, visto que estes instrumentos são usados como referência para
verificação de geradores de tensão e corrente. Este trabalho tem como princípio a
elaboração de uma aplicação para computador via software LabVIEW, responsável
pela automação das rotinas de calibração do multímetro de precisão Fluke 8508A,
nas escalas alternadas e contínuas de tensão e corrente. O propósito foi reduzir a
demanda de tempo para a execução da calibração, sem perda da qualidade das
medições, e, devido a automatização, reduzir a suscetibilidade a erros. O
desenvolvimento do projeto se deu sob observância da Norma NBR IEC
17025:2005. O estudo de caso baseou-se na comparação entre a calibração manual
e o sistema automatizado proposto. A validação do sistema se deu pela análise dos
resultados encontrados com os de calibrações efetuadas manualmente. Para isso
foram efetuadas comparações diretas e o cálculo do erro normalizado conforme
recomendação do documento orientativo DOQ-CGCRE-008 (INMMETRO, 2010).
Após análise, concluiu-se que o sistema manteve o desempenho qualitativo das
medidas, proporcionou uma redução de aproximadamente 78% do tempo de
execução do serviço e obteve um erro normalizado máximo de 0,7.

Palavra chave: Calibração, Multímetro, Validação, Automação, LabVIEW.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
2 MOTIVO ................................................................................................................. 17
3 HISTÓRIA DA METROLOGIA ............................................................................... 18
3.1 A história da Metrologia no Brasil ........................................................................ 18
3.2 Metrologia............................................................................................................ 19
3.2.1 Metrologia Cientifica ......................................................................................... 20
3.2.2 Metrologia Industrial ......................................................................................... 20
3.2.3 Metrologia Leal ................................................................................................. 20
4 LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO CA1 .............................................................. 21
4.1 Acreditação ......................................................................................................... 22
4.2 Norma NBR IEC 17025:2005 .............................................................................. 23
4.2.1 Definição .......................................................................................................... 23
4.2.2 Observância da norma ..................................................................................... 24
5 PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO DE MEDIDORES E GERADORES DE
TENSÃO E CORRENTE ........................................................................................... 26
5.1 Registros de Medições........................................................................................ 26
5.2 Condições Ambientais ........................................................................................ 27
5.3 Tempo de Estabilização ...................................................................................... 29
5.4 Realização das Medidas ..................................................................................... 29
5.4.1 Autocalibração e Medição ................................................................................ 29
5.4.2 Calibrações Realizadas .................................................................................... 30
5.4.3 Calibrações Realizadas .................................................................................... 30
5.4.4 Padrões de Trabalho ........................................................................................ 30
5.4.5 Circuito de Medição e Método de Medição ...................................................... 31
5.4.6 Circuito de Medição e Método de Medição ...................................................... 32
5.4.7 Método de Medição .......................................................................................... 33
6 METODOLOGIA PARA A ESTIMATIVA DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO EM
PROCESSOS DE CALIBRAÇÃO ............................................................................. 33
6.1 Definições ........................................................................................................... 33
6.1.1 Qualidade de medição...................................................................................... 34
6.1.2 O erro de medição ............................................................................................ 37
6.1.3 Os erros aleatórios ........................................................................................... 37
6.1.4 Os erros sistemáticos ....................................................................................... 38
6.2 Incerteza de medição .......................................................................................... 39
6.2.1 Avaliação da incerteza padronizada ................................................................. 39
6.2.1.1 Modelando a medição ................................................................................... 39
6.2.1.2 Métodos de avaliação das incertezas de medição ........................................ 40
6.2.1.3 Avaliação da incerteza do Tipo A .................................................................. 41
6.2.1.4 Avaliação da incerteza do Tipo B .................................................................. 42
6.2.2 Apresentação gráfica da avaliação da incerteza padrão .................................. 45
6.2.3 Fontes de incerteza .......................................................................................... 46
6.2.4 Incerteza combinada ........................................................................................ 48
6.2.4.1 Grandezas de entrada não correlacionadas.................................................. 48
6.2.5 Incerteza expandida ......................................................................................... 51
6.2.6 Determinando o fator de abrangência .............................................................. 52
6.2.7 Relatando a incerteza padrão .......................................................................... 54
7 COMPONENTES DO SISTEMA DE CALIBRAÇÃO AUTOMATIZADO ............... 58
7.1 Hardware ............................................................................................................ 58
7.1.1 Calibrador Fluke Modelo 5720A ....................................................................... 58
7.1.2 Amplificador Fluke Modelo 5725A .................................................................... 59
7.1.3 Multímetro Fluke Modelo 8508A ....................................................................... 60
7.1.4 Cabo AMP 553577-3 ........................................................................................ 61
7.1.5 Controlador NI GPIB-USB-HS .......................................................................... 62
7.1.6 Termo Higrometro Testo modelo 177-H1 ......................................................... 63
7.1.7 Cronômetro Vollo VL-510 ................................................................................. 63
7.2 Software .............................................................................................................. 64
7.2.1 LabVIEW .......................................................................................................... 64
8 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 65
8.1 Calibração manual da escala de 20 VDC ........................................................... 65
8.2 Modelo automatizado .......................................................................................... 70
8.2.1 Diagrama geral do sistema............................................................................... 70
8.2.2 Calibração automatizada da escala de 20 VDC ............................................... 71
8.2.3 Particularidades do programa .......................................................................... 78
8.2.4 Estruturas de programação .............................................................................. 79
8.2.4.1 GPIB Write Function ...................................................................................... 79
8.2.4.2 GPIB Read Function...................................................................................... 80
8.2.4.3 Sub VI............................................................................................................ 80
8.2.4.4 Pick Line Function e For Loop ....................................................................... 81
8.2.4.5 Fract/Exp String To Number Function ........................................................... 82
8.2.4.6 Append Table to Report VI ............................................................................ 82
8.2.4.7 Flat Sequence Structure e Wait (ms) Function .............................................. 83
8.2.4.8 Diagrama de Bloco do VI Principal ................................................................ 83
8.3 Avaliação dos resultados .................................................................................... 85
8.3.1 Cálculo para uma incerteza menor que a CMC ................................................ 86
8.3.2 Cálculo para uma incerteza maior que a CMC ................................................. 92
8.3.3 Análise da estabilidade como influência para a incerteza ................................ 94
8.4 Avaliação do tempo de calibração .................................................................... 100
8.5 Análise da calibração automatizada.................................................................. 103
8.5.1 Comparação direta ......................................................................................... 107
9 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 109
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 110
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Laboratório de calibração CA1 ........................................................ 22


Figura 2: Metrologia, Normalização e Qualidade. ........................................... 23
Figura 3 - Instrumento de Medição com Certificado de Calibração. ............... 28
Figura 4 - Certificado de Calibração do Termo Higrômetro. ........................... 28
Figura 5 - Ligação dos Instrumentos a Serem Calibrados. ............................. 31
Figura 6 - Circuito de Medição para Calibração de Medidores. ...................... 32
Figura 7: Estrutura Hierárquica de Rastreabilidade ........................................ 36
Figura 8: Apresentação dos Erros .................................................................. 38
Figura 9: Resultado do valor da medição ....................................................... 39
Figura 10: Distribuição normal da avaliação da incerteza de uma grandeza. . 45
Figura 11: Curva característica da avaliação da incerteza padrão de uma
grandeza de entrada a partir de distribuição pressuposta. ............................. 46
Figura 12: Variação do mensurando y em função das grandezas “x” e “a”. ... 48
Figura 13: Fluxograma da estimativa da incerteza de medição. ..................... 55
Figura 14: Diagrama da estimativa da incerteza de medição. ........................ 56
Figura 15: Macro de cálculo de incerteza de medição. ................................... 57
Figura 16: Calibrador Fluke 5720A ................................................................. 59
Figura 17: Amplificador Fluke 5725A .............................................................. 60
Figura 18: Multímetro Fluke 8508A ................................................................. 61
Figura 19: Cabo GPIB – AMP 553566-2 ......................................................... 61
Figura 20: Controlador GPIB-USB-HS ............................................................ 62
Figura 21: Termo Higrometro Testo 177-H1 ................................................... 63
Figura 22: Cronometro Vollo VL-510 .............................................................. 64
Figura 23: Logotipo LabVIEW ......................................................................... 65
Figura 24: Estado inicial do calibrador. ........................................................... 66
Figura 25: Estado inicial do multímetro. .......................................................... 66
Figura 26: Ligação elétrica entre os instrumentos. ......................................... 67
Figura 27: Ajuste da escala de 20 VDC no multímetro. .................................. 67
Figura 28: Ajuste da resolução do multímetro. ............................................... 68
Figura 29: Ajuste de tensão do calibrador. ..................................................... 68
Figura 30: Medição da tensão no multímetro. ................................................. 69
Figura 31: Registro da medição na planilha. ................................................... 69
Figura 32: Registro completo das medições na planilha. ............................... 70
Figura 33: Diagrama geral do sistema. ........................................................... 70
Figura 34: Conexões dos cabos GPIB entre os instrumentos. ....................... 71
Figura 35: Configuração do endereço no calibrador. ...................................... 72
Figura 36: Configuração do endereço no multímetro. ..................................... 72
Figura 37: Painel frontal da aplicação. ............................................................ 72
Figura 38: Status dos instrumentos. ............................................................... 73
Figura 39: Seleção das grandezas ................................................................. 74
Figura 40: Aviso para verificação das conexões. ............................................ 74
Figura 41: Painel secundário – Escala VDC. .................................................. 75
Figura 42: Seleção da planilha. ...................................................................... 76
Figura 43: Início da calibração. ....................................................................... 76
Figura 44: Calibração finalizada. .................................................................... 77
Figura 45: Resultados da calibração automatizada. ....................................... 77
Figura 46: Aba de seleção de frequências...................................................... 78
Figura 47: Aviso de ligação ao amplificador. .................................................. 79
Figura 48: GPIB Write Function. ..................................................................... 80
Figura 49: GPIB Read Function. ..................................................................... 80
Figura 50: SubVI. ............................................................................................ 81
Figura 51: SubVI para ajuste do multímetro. .................................................. 81
Figura 52: Pick Line Function e For Loop. ...................................................... 82
Figura 53: Fract/Exp String To Number Function. .......................................... 82
Figura 54: Fract/Exp String To Number Function. .......................................... 83
Figura 55: Flat Sequence Structure e Wait (ms) Function. ............................. 83
Figura 56: Diagrama do bloco do VI principal. ................................................ 84
Figura 57: Cálculo do ponto de 1,5 V pela planilha (10 KHz). ........................ 87
Figura 58: Especificações da estabilidade do calibrador 5720A. .................... 88
Figura 59: Cálculo do ponto de 1,5 V pela planilha, sem o CMC (10 KHz)..... 91
Figura 60: Cálculo dos pontos de 0,5 A e 3 A pela planilha (1 KHz). ............. 92
Figura 61: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 0,5 A. ........ 94
Figura 62: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 3 A. ........... 95
Figura 63: Estabilidade durante 2 anos, referente ao ponto de 0,5 A. ............ 98
Figura 64: Incerteza durante 2 anos, referente ao ponto de 0,5 A. ................. 98
Figura 65: Estabilidade durante 2 anos, referente ao ponto de 3 A. ............... 99
Figura 66: Incerteza durante 2 anos, referente ao ponto de 3 A. .................... 99
Figura 67: Tempo médio de calibração total. ................................................ 100
Figura 68: Tempo médio de calibração das escalas de tensão. ................... 101
Figura 69: Tempo médio de calibração das escalas de corrente. ................. 101
Figura 70: Distribuição student ..................................................................... 113
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de Exemplo de Calibração. ................................................ 30


Tabela 2 - Padrões Utilizados ......................................................................... 31
Tabela 3 – Apresentação das possíveis fontes de incerteza. ......................... 47
Tabela 4: Esquema de um arranjo para a análise da incerteza de medição. . 50
Tabela 5: Tabela de análise da incerteza de medição. ................................... 51
Tabela 6: Nível de confiança para cada valor do fator de abrangência. ......... 53
Tabela 7: Fatores de abrangência para cada grau de liberdade. ................... 54
Tabela 8: Especificações básicas do calibrador Fluke 5720A. ....................... 58
Tabela 9: Especificações básicas do amplificador Fluke 5725A. .................... 59
Tabela 10: Especificações básicas do multímetro Fluke 8508A . .................. 60
Tabela 11: Escopo de acreditação do laboratório CA1. .................................. 85
Tabela 12: Certificado de calibração do padrão utilizado. .............................. 87
Tabela 13: Cálculo de incerteza para o ponto de 1,5 V. ................................. 90
Tabela 14: Cálculo de incerteza para o ponto de 0,5 A. ................................. 93
Tabela 15: Cálculo de incerteza para o ponto de 3 A. .................................... 93
Tabela 16: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 0,5 A. ....... 94
Tabela 17: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 3 A. .......... 95
Tabela 18: Cálculo de incerteza para o ponto de 0,5 A, referente a 90 dias. . 96
Tabela 19: Cálculo de incerteza para o ponto de 3 A, referente a 90 dias. .... 96
Tabela 20: Cálculo de incerteza para o ponto de 0,5 A, referente a 1 ano. .... 97
Tabela 21: Cálculo de incerteza para o ponto de 3 A, referente a 1 ano. ....... 97
Tabela 22: Tempo médio de serviço de calibração. ..................................... 102
Tabela 23: Calibração das escalas de tensão contínua................................ 103
Tabela 24: Calibração das escalas de tensão alternada, frequência 60 Hz. 104
Tabela 25: Calibração das escalas de tensão alternada, frequência 1 kHz.. 104
Tabela 26: Calibração das escalas de tensão alternada, frequência 10 kHz.
.......................................................................................................................105
Tabela 27: Calibração das escalas de corrente contínua. ............................ 105
Tabela 28: Calibração das escalas de corrente alternada, frequência 60 Hz.
.......................................................................................................................106
Tabela 29: Calibração das escalas de corrente alternada, frequência 1 kHz.
.......................................................................................................................106
Tabela 30: Cálculo do erro normalizado. ...................................................... 108
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ACI – Corrente Alternada
ACV – Tensão Alternada
BIPM - Bureau International Poidset Mesures
CMC – Capacidade de Medição e Calibração
CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CA1 – Laboratório de Calibração
CGCRE – Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro
DIMCI - Diretoria de Metrologia Científica e Industrial
DLA – Departamento de Laboratórios de Adrianópolis
GPIB – General Purpose Interface Bus
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
INPM – Instituto Nacional de Pesos e Medidas
IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers
IEC - International Electrotechnical Commission
ISO - Organização Internacional para Padronização
OMC - Organização Mundial do Comércio
ppm – Parte por milhão
RBC – Rede Brasileira de Calibração
SI – Sistema Internacional de Unidades
SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
USB - Universal Serial Bus
VAC – Tensão Alternada
VDC – Tensão Contínua
VIM – Vocabulário Internacional de Metrologia
VCC - Valor Verdadeiro Convencional
VI – Instrumentos Virtuais
LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 ...................................................................................................... 113


ANEXO 2 ...................................................................................................... 114
16

1 INTRODUÇÃO

Nos vários ramos da Engenharia, durante as análises de processos e


fenômenos físicos, trabalha-se constantemente com variáveis, representadas pelos
valores de medições e observações: o peso de um bloco, a altura de uma viga, a
corrente em um circuito elétrico, entre outros. É extremamente importante que essas
variáveis tenham seus valores expressos de maneira mais exata possível, pois, de
outro modo, haverá propagação de erro.

Neste âmbito, é corroborada a importância não somente do uso de


instrumentos de medição, como também de sua qualidade ao medir. Visando
garantir a qualidade da medição, esses instrumentos devem passar periodicamente
por procedimentos de calibração. Basicamente, a calibração é feita através da
análise dos valores indicados pelo instrumento verificador em comparação com o
padrão correspondente (INMETRO, 2012); dessa maneira, os diferentes
instrumentos validados em relação a um mesmo padrão, apresentarão medidas
coerentes entre si.

Ainda assim, é preciso garantir que os procedimentos de calibração sigam


também uma série de regras, para que se mantenha a uniformidade e a qualidade. A
norma NBR ISO/IEC 17025:2005 tem essa finalidade: padronizar e gerir a eficácia
dos processos, bem como garantir a competência técnica dos serviços.

Seguir toda a normatização vigente requer pessoal capacitado, laboratórios


equipados, além de tempo. Em uma sociedade cada vez mais globalizada, a
velocidade nos processos é priorizada, desde que não haja prejuízo do produto final.
Nesse sentido, a automação vem ganhando cada vez mais campo, por atender
essas duas principais necessidades: tempo e qualidade (MAGALHÃES; NORONHA,
2006).

Com o foco na Engenharia Elétrica, a proposta é promover a automatização


de um sistema de calibração de multímetros de precisão. Utilizando comunicação via
GPIB (General Purpose Interace Bus), pretende-se controlar integralmente a rotina
de calibração das escalas de corrente e tensão do multímetro Fluke 8508A.
17

2 MOTIVO

A possibilidade de exercício prático dos conhecimentos obtidos ao longo do


curso de Engenharia Elétrica, o acompanhamento de calibrações em multímetros de
precisão durante estágio no laboratório de metrologia do CEPEL Adrianópolis e a
carência de sistemas automatizados de calibração compuseram a motivação de
elaboração desta monografia.
18

3 HISTÓRIA DA METROLOGIA

Tudo começou na antiguidade, quando se percebeu a importância em criar


um sistema de unidades de medidas que permitissem as relações comerciais. À
medida que a ciência da medição progrediu, percebeu-se que era necessário haver
igualdade entre a medição executada por diferentes povos, foi então que se tornou
necessário a adoção de padrões que reproduzissem as unidades de medidas.
O processo de padronização foi então ganhando força, ao passo que as
relações comerciais passaram de pequena, para grande escala (OLIVEIRA; LABAKI,
2006)

3.1 A história da Metrologia no Brasil

A primeira citação referente à metrologia no Brasil, data do ano de 1532. Ela


foi feita por um Almotacé que fiscalizava os mercados locais, pesos e medidas
praticados pela colônia. As unidades adotadas no Brasil no período colonial eram
idênticas as praticadas em Portugal. Por exemplo: a vara, a canada e o almude.
De fato, a história da metrologia no Brasil inicia-se no período imperial. Em
1832, através da publicação do regulamento oficial, feito por D. Pedro I, em função
da necessidade de uniformizar todo sistema. Trinta anos mais tarde, D. Pedro II, um
incentivador para mudança do sistema métrico, adotou o modelo francês como
padrão.
A medida adotada pelo imperador gerou grande insatisfação entre a
população, já que a grande maioria desconhecia a nova unidade métrica decimal e
tinham medo de ser ludibriada e acabar por pagar por novos impostos que foram
criados. A revolta foi energicamente combatida pelo império, garantindo assim a
manutenção do sistema métrico francês adotado (OLIVEIRA; LABAKI, 2006).
Contudo, a formalização de mecanismos de proteção de produtores e
consumidores, é de fato recente, com a criação do instituto nacional de pesos e
medidas (INPM) em 1961. Foi criada a rede Nacional de Metrologia Leal,
19

responsável por instituir o Sistema Internacional de Unidades (SI). Em 1973, a Lei


5.966, cria o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(SINMETRO). Sua finalidade foi de formular e executar a política nacional de
metrologia para certificação de qualidade de produtos industriais. Por fim, outros
dois órgãos foram criados, um no âmbito normativo: o Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO). E outro na parte
executiva: o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, o
INMETRO (INMETRO, 2003).

3.2 Metrologia

A metrologia é a ciência que abrange todos os aspectos teóricos e práticos


relacionados a medições, constituindo-se em um importante instrumento para o
desenvolvimento das atividades econômicas, científicas e tecnológicas (VINGE,
2004).
A metrologia:
 Comporta aspectos teóricos e práticos que garantem a exatidão
solicitada num processo produtivo;
 Procura garantir a qualidade de produtos e serviços por meio da
calibração de instrumentos e da realização de ensaios.
A metrologia é uma ferramenta imprescindível para:
 Avaliar a conformidade de produtos e processos;
 Garantia nas relações comerciais (relações de troca justas);
 Base fundamental para a competitividade, inovação e qualidade das
empresas;
 Assegura reconhecimento nacional e internacional.
Em suma os objetivos da metrologia são:
 Traduzir a confiabilidade nos sistemas de medição;
 Garantir o cumprimento de especificações técnicas, regulamentos e
normas existentes;
20

 Proporcionar as mesmas condições para um mesmo produto,


independente de onde seja produzido;
 Melhoria no nível de vida da população (produtos com maior segurança
e qualidades, por exemplo).
A metrologia divide-se em três grandes áreas que serão detalhadas nos
subitens seguintes, que são: Metrologia Cientifica, Metrologia Industrial e Metrologia
Leal.

3.2.1 Metrologia Cientifica

A metrologia cientifica se utiliza de instrumentos laboratoriais, das pesquisas


e metodologias científicas que, por sua vez, baseiam-se em padrões de medição
nacionais e internacionais para obtenção de altos níveis de qualidade metrológica.

3.2.2 Metrologia Industrial

A metrologia industrial se baseia na medição geral dos processos produtivos


industriais e promovem uma maior confiabilidade e também qualidade nos produtos
finais.

3.2.3 Metrologia Leal

Por fim, a metrologia leal está relacionada a sistemas de medição usados nas
áreas de segurança, saúde e meio ambiente.
21

4 LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO CA1

O Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), localizado em


Adrianópolis, bairro de Nova Iguaçu no estado do Rio de Janeiro, foi fundado em
1974 pela Eletrobras com a missão de conceber e fornecer soluções tecnológicas
voltadas à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Desde então,
desenvolve projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação e presta serviços
tecnológicos e laboratoriais para as empresas Eletrobras e todo o setor elétrico.
O laboratório de calibração (CA1), inaugurado em 1980 pelo CEPEL e
acreditado pelo INMETRO em 1983, integra a Rede Brasileira de Calibração. Foi um
dos primeiros laboratórios acreditados desde que o INMETRO iniciou este quesito.
O laboratório possui áreas de testes, onde estão dispostos todos os
equipamentos elétricos e eletrônicos que são utilizados nas diversas salas de
controle e áreas de ensaios dos demais laboratórios do CEPEL. O Laboratório de
calibração é utilizado para calibração de instrumentos e sistema de medição de
tensão até 10000 Volts.
O grupo de técnicos do laboratório executa serviços de calibração de
instrumentos e sistemas de medição para alta tensão em instalações próprias assim
como nos laboratórios de ensaios de alta tensão do CEPEL. Dentre estes serviços,
estão a calibração de: fonte de alta tensão alternada até 10 kV, fonte de referência
em tensão alternada até 1000 V, equipamento de ensaios em tensão alternada até
600 V, medidores de impulsos atmosféricos de tensão, cortado e manobra até 1600
V e calibradores de impulsos também até 1600 V, divisores de tensão, voltímetros,
multímetros, sistema de aquisição de dados, medidores de potência (corrente
máxima 80A, tensão máxima 440 V, fator de potência 0,9 ind.), transformadores e
sistema de medição de corrente.
Todos os circuitos de calibração e ligações elétricas são realizados pelos
próprios profissionais do laboratório, visto que estes estão aptos para intervir em
eventuais constatações e descobertas de falhas ou defeitos decorrentes.
Os profissionais do laboratório de calibração também executam trabalho
utilizando fonte para elevação de tensão alternada e monitoramento para calibração
de reatores de tensão até 440 V, manuseiam instrumentos para obter valores de
tensão, resistência, capacitância, tempo, frequência e potência, conforme Figura 1.
22

Figura 1: Laboratório de calibração CA1


Fonte: CEPEL (2015)

São utilizados procedimentos que foram analisados em auditorias realizadas


pelo órgão de acreditação. O laboratório é acreditado pelo INMETRO e tem um
sistema de gestão de qualidade implantado baseado na norma ABNT NBR ISO/IEC
17025, atendendo os requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaios
e calibração (CEPEL, 2015).

4.1 Acreditação

Dentro do CA1 existem calibrações acreditadas pela RBC, que são


calibrações recomendadas para equipamentos que são utilizados em ensaios ou
serviços acreditados ou para os quais se deseja a acreditação. É necessário definir
as características do equipamento que abrangem o escopo do laboratório no qual se
deseja realizar a calibração antes de ser efetuado o pedido.
Além de calibrar, um laboratório de calibração deve estar consciente de vários
segmentos das indústrias como a metrologia, normalização e qualidade mantendo
uma forte interdependência entre elas. A Figura 2 ilustra esta relação.
Um laboratório de metrologia eficaz é uma fatia importante para qualquer
indústria que tenha o objetivo de produzir com qualidade adequada. (COUTO;
MONTEIRO, 2000)
23

Figura 2: Metrologia, Normalização e Qualidade.


Fonte: INMETRO (2000)

4.2 Norma NBR IEC 17025:2005

4.2.1 Definição

A NBR IEC 17025:2005, “Requisitos Gerais para a Competência de


Laboratórios de Ensaio e Calibração” combina as determinações das normas ISO
9001, 9002, no que diz respeito ao gerenciamento e garantia de qualidade, e do
ISO/IEC Guia 25, no que se referia às exigências técnicas em laboratórios (DINIZ;
MÜLLER, 2007).
Seguir somente as exigências da ISO 9001 não assegura a viabilidade prática
dos procedimentos do laboratório. Assim, esta norma foi criada para garantir que os
laboratórios, atendendo aos requisitos nela descritos, operem em conformidade com
os procedimentos de gestão de qualidade, além de assegurar que o laboratório
detém as competências técnicas necessárias para a validação dos resultados de
procedimentos de ensaio e calibração. A norma 17025 englobou as exigências das
normas 9001 e 9002, e substituiu a ISO Guia 25 (DINIZ; MÜLLER, 2007).
24

4.2.2 Observância da norma

A utilização do sistema automatizado não impactou em nenhuma das


disposições relativas à gestão da qualidade, pois se mantiveram todos os
procedimentos referentes. O sistema proposto tem relação direta quanto aos
critérios técnicos (DINIZ; MÜLLER, 2007), sendo estes:

Fatores Humanos: A direção do laboratório deve garantir a competência de


todos os que atuem nos procedimentos de calibração. Os envolvidos devem ser
capacitados às suas funções, possuir domínio técnico sobre os equipamentos e
procedimentos utilizados e conhecimento da legislação e das normas observadas.
Embora o sistema proposto seja automatizado, é imprescindível que sua operação
seja feita somente por pessoal capacitado.

Instalações e condições ambientais: Observada a influência que fatores como


temperatura, umidade relativa, tensão de alimentação, entre outros, possuem no
tocante ao funcionamento e a estabilidade dos instrumentos utilizados, as
instalações e as condições ambientais devem ser projetadas de forma a garantir o
perfeito desempenho dos equipamentos; o ambiente de trabalho não pode afetar os
resultados ou interferir na qualidade das medições. Como o sistema proposto foi
projetado para operar dentro do laboratório CA1, não se alteram essas condições, e
assim se permanece atendendo à norma.

Equipamentos: O laboratório deve dispor de equipamentos que atendam


todos os procedimentos de calibração, observando os quesitos de exatidão,
precisão, resolução, entre outros. Os equipamentos devem ser verificados
periodicamente e estar em perfeitas condições de uso, devendo ser retirados de
serviço caso encontrem-se fora destas circunstâncias. Os equipamentos utilizados
no sistema automatizado são os mesmos utilizados no CA1, não se alterando o
cumprimento da norma.

Rastreabilidade: Os equipamentos utilizados para medições, diretas ou


auxiliares aos procedimentos de calibração, devem ser calibrados periodicamente
por um organismo de acreditação. Esta calibração deste estar registrada em um
25

certificado, contendo o logotipo do organismo, e sempre que possível indicada no


equipamento por meio de etiqueta ou outro tipo de identificação. Dessa forma, se
garante que as medições e os laudos emitidos através da utilização desses
equipamentos sejam rastreáveis ao Sistema Internacional de Unidades. Atende-se a
este critério da norma, visto que o sistema automatizado é composto pelos
equipamentos utilizados no CA1, que já possuem a rastreabilidade necessária.

Apresentação dos resultados: Os resultados devem estar registrados de


formar a expressar com clareza informações como: a identificação do laboratório;
identificação do cliente; data da execução; condições ambientais; o instrumento
calibrado, bem como suas características; o padrão utilizado, suas características e
a validade de sua calibração; descrição dos métodos utilizados; valores
encontrados; incerteza de medição; entre outros. O certificado de calibração emitido
pelo sistema automatizado é o mesmo já padronizado pelo CEPEL, estando em
conformidade com a norma.

Métodos de calibração validados: Os métodos seguidos pelo laboratório


devem estar em conformidade com as exigências do cliente, devendo também ser
apropriado para a calibração realizada. Caso não haja especificação do método,
cabe ao laboratório escolher o método que melhor atenda aos requisitos, dando
preferência aos aceitos em abrangência internacional ou nacional, divulgados no
meio científico ou indicados pelo fabricante do equipamento.
Para métodos desenvolvidos pelo laboratório, cabe à gerência do próprio
proceder à validação, por meio da utilização de padrões calibrados, análise dos
resultados em comparação com outros métodos, comparações interlaboratoriais,
entre outros. Estes métodos devem ser submetidos a auditorias, e após análise
sistemática do desempenho, deve-se registrar em uma declaração a validade do
método, e a natureza específica de sua aplicação. Para validação do sistema
automatizado, procederam-se comparações entre seus resultados e resultados de
calibrações manuais.
O laboratório deve ainda estimar a incerteza das calibrações realizadas,
incerteza essa associada às medidas, especificações dos equipamentos, condições
ambientais, entre outros. A incerteza reflete de maneira direta a qualidade da
medição do instrumento verificado. Optou-se por manter a metodologia de cálculo já
26

validada e utilizada no CA1 nos procedimentos manuais para o procedimento


automatizado proposto, atendendo a exigência da norma. Apresenta-se uma
explicação detalhada da estimativa da incerteza no capítulo 6.

5 PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO DE MEDIDORES E GERADORES DE


TENSÃO E CORRENTE

Este capítulo tem como objetivo descrever a metodologia adotada pelo


Laboratório de Calibração do CEPEL para os serviços de calibração de medidores e
geradores de tensão e de corrente.
As calibrações com os certificados emitidos com o símbolo de acreditação
impresso só podem ser realizadas se estiverem dentro do escopo de acreditação, no
qual estão as informações atualizadas quanto às grandezas, instrumentos, faixas e
frequências para as quais o laboratório de calibração encontra-se acreditado pela
Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (CGCRE).
A classe de exatidão do padrão utilizado, ou instrumento de referência, no
processo deve ser melhor que a classe de exatidão do instrumento sob calibração,
em toda calibração, visto que o instrumento de referência precisa ser mais preciso
para existir uma garantia nas medições das calibrações. A classe de exatidão de
cada instrumento é encontrada do seu respectivo manual. Além disso, nenhum
instrumento padrão pode ser utilizado quando o seu certificado de calibração estiver
vencido, fora do prazo de validade.

5.1 Registros de Medições

O processo de calibração deve ter suas informações registradas, tais como:


identificação e características dos instrumentos envolvidos, número do procedimento
com revisão ou resumo do procedimento adotado na calibração, temperatura
ambiente inicial e final, umidade relativa, responsáveis, resultados e demais
informações pertinentes. As medidas devem ser anotadas no registro de medição ou
inseridas diretamente na planilha de cálculo de incerteza, sendo o método da
obtenção das medidas e a inserção na planilha feita manualmente por digitação.
27

5.2 Condições Ambientais

Para o inicio da calibração deve-se verificar a temperatura e a umidade


relativa do ar do laboratório; a medição é feita através de um termo higrômetro.
Se estiverem, respectivamente, dentro de (22 ± 5)°C e (55 ± 20) %, devem
ser anotadas nos campos adequados do registro de medições. Se estiverem fora do
desses limites, não pode ser feita a calibração e providências devem ser tomadas
para que sejam adequadas às especificações dos instrumentos.
No final da calibração ou de uma etapa significativa do processo de
calibração, a temperatura e umidade devem ser medidas novamente e a
temperatura deve ser anotada no respectivo campo do registro de medições. A
calibração não é válida se ocorrerem variações que levem essas condições fora dos
limites especificados nos manuais técnicos dos instrumentos envolvidos na
calibração.
As condições ambientais do laboratório são medidas considerando os fatores
de correção definidos na calibração periódica dos instrumentos utilizados. Quando
houver fatores de correção a serem aplicados, estes devem ser informados,
acompanhados do número do certificado de calibração do instrumento, no qual
esses valores são indicados, em uma etiqueta, fixados de forma visível no corpo do
instrumento. O número do certificado de calibração do instrumento, como se mostra
na Figura 3, deve ser o mesmo número indicado na etiqueta de calibração nele
fixada.
28

Figura 3 - Instrumento de Medição com Certificado de Calibração.


Fonte: Autores (2016)

Na Figura 4 apresenta-se o certificado de calibração do termo higrômetro


onde é feito a tendência em relação à medida visualizada, usando os fatores de
correção.

Figura 4 - Certificado de Calibração do Termo Higrômetro.


Fonte: Autores (2016)
29

5.3 Tempo de Estabilização

O tempo de estabilização térmica dos padrões de trabalho e dos instrumentos


sob calibração deve ser considerado e respeitado. Também chamado de warm-up
que significa aquecimento. Essa informação é obtida nos manuais técnicos dos
instrumentos e, quando ocorrer de não possuir tais manuais, os padrões e os
instrumentos sob calibração devem permanecer ligados no interior do laboratório
por, no mínimo, trinta minutos antes do início da calibração.

5.4 Realização das Medidas

A seguir apresenta-se a metodologia utilizada no laboratório de calibração


para a realização das medidas

5.4.1 Autocalibração e Medição

Para a utilização do calibrador Fluke modelo 5720A e o Multímetro Fluke


modelo 8508A, é necessário a realização dos seus procedimentos de
autocalibração. Para serem eliminadas as fontes de incerteza relacionadas às
tensões residuais e às variações de temperatura superiores a 5°C, que poderão ter
influencias significantes no calculo da incerteza de medição. Estes procedimentos
devem ser realizados de acordo com a seguinte periodicidade e comandos:

 Calibrador Fluke 5720A - Periodicidade: Mensal. Comandos SETUP


MENUS > CAL > ZERO;
 Multímetro Fluke 8508A - Periodicidade: Mensal. Comandos: CAL >
AUTO.
30

5.4.2 Calibrações Realizadas

Serão feitas as calibrações de medidores de tensão e corrente, tanto como


alternada ou continua.
Nas calibrações de medidores de tensão e corrente os valores de referência
são os valores obtidos nos certificados de calibração dos padrões de trabalho e os
valores medidos são os valores lidos nos indicadores dos instrumentos sob
calibração.

5.4.3 Calibrações Realizadas

Para cada faixa sob calibração, elaborar uma tabela, no registro de


medições, contendo os seguintes campos, conforme Tabela 1 ou inserir as
medições diretamente na planilha de cálculo de incerteza.

Tabela 1 - Tabela de Exemplo de Calibração.


Valor de Valor Fator de
Valor Médio Desvio Incerteza
Referência Medido Abrangência

Fonte: CEPEL (2016)

Deve-se prever que, pelo menos, três valores de referência serão


considerados dentro de cada faixa a ser calibrada. Estes três valores devem ser
selecionados de tal forma que fiquem espaçados na faixa útil, por exemplo: em 30%,
50% e 90% da faixa ou de acordo com a solicitação do cliente. Observa-se também
que pelo menos três medições serão realizadas para cada valor de referência
considerado para a calibração.

5.4.4 Padrões de Trabalho

Na calibração de geradores e medidores podem ser utilizados os padrões de


trabalho indicados na Tabela 2, observando seu certificado de calibração quanto aos
31

níveis de tensão e corrente e faixas de frequência rastreados ao INMETRO e


atendimento ao escopo de acreditação.

Tabela 2 - Padrões Utilizados


Instrumento – Padrão de trabalho Modelo No de série
Calibrador Fluke 5720A 1146203
Multímetro Fluke 8508A 924053294
Fonte: CEPEL (2016)

5.4.5 Circuito de Medição e Método de Medição

Na Figura 5 mostra-se a ligação feita para a medição e calibração dos


instrumentos.

Figura 5 - Ligação dos Instrumentos a Serem Calibrados.


Fonte: Autores (2016)
32

5.4.6 Circuito de Medição e Método de Medição

Conectar o medidor a ser calibrado ao padrão de trabalho conforme indicado


na Figura 6.

Figura 6 - Circuito de Medição para Calibração de Medidores.


Fonte: CEPEL (2016)

Selecionar a saída do calibrador de acordo com o valor de referência


desejado para a tensão e anotar esse valor no campo valor de referência da tabela
preparada no registro de medições ou inserir diretamente na planilha de cálculo de
incerteza. Fazer a leitura correspondente no medidor sob calibração e anotar o valor
medido da tensão no campo adequado.
As medições devem ser realizadas para três pontos dentro de cada faixa do
medidor sob calibração e, pelo menos, três medições independentes devem ser
realizadas em cada ponto. Cada medição deve ser realizada a partir de um novo
estímulo, para garantir a independência dos resultados obtidos.
Após isso fazer análise dos resultados e proceder ao cálculo de incerteza.
33

5.4.7 Método de Medição

Selecionar condutores com seções transversais adequadas as correntes a


serem aplicadas no medidor. Condutores inadequados podem sofrer aquecimento e
causar instabilidade nas medidas.
Para melhorar as medições quanto à variabilidade das medidas, deve-se
conectar o borne de aterramento do padrão de trabalho ao aterramento do
instrumento a ser calibrado, ou, caso necessário, seguir as recomendações
previstas no manual do fabricante do item sob calibração.

6 METODOLOGIA PARA A ESTIMATIVA DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO EM


PROCESSOS DE CALIBRAÇÃO

6.1 Definições

Com o fato de existirem diferentes filosofias e descrições de medições, cria-se


uma dificuldade no desenvolvimento de definições que sejam compatíveis com as
diferentes definições.

Como a metrologia possui um vocabulário próprio, se faz necessário definir


alguns termos importantes que são frequentemente utilizados. Para isso, utilizou-se
a versão brasileira da 3ª edição do “International Vocabulary of Metrology - Basic
and general concepts and associated terms” (VIM).

Metrologia: ciência da medição e suas aplicações.(VIM, 2003). A metrologia


abrange os vários métodos teóricos e práticos de medição, não importando a
incerteza de medição ou área de aplicação.

Medição: conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de


uma grandeza (VIM, 2003). Esse conjunto de operações pode ser realizado
manualmente ou automaticamente.
34

Método de medição: sequência lógica de operações, descritas


genericamente, utilizadas na execução de medições (VIM, 2003). Alguns exemplos
são métodos: diretos ou indiretos, por comparação, de substituição ou de zero.

Mensurando: grandeza particular submetida à medição (VIM, 2003). A


especificação de um mensurando requer o conhecimento do tipo de grandeza. Por
exemplo: A diferença de potencial entre os polos de uma bateria.

Instrumento de medição: Dispositivo utilizado para realizar medições,


individualmente ou associado a um ou mais dispositivos suplementares (VIM, 2003).
O instrumento de medição pode ser considerado um instrumento de medição
indicador, que fornece uma visualização ou sinal de saída referente à grandeza
medida, ou uma medida que reproduz de maneira fixa na sua utilização grandezas
de um valor determinado. Por exemplo: resistores padrões.

Sistema de medição: Conjunto de um ou mais instrumentos de medição e


frequentemente outros dispositivos, compreendendo, se necessário, reagentes e
insumos, montado e adaptado para fornecer informações destinadas à obtenção dos
valores medidos, dentro de intervalos especificados para grandezas de tipos
especificados (VIM, 2003). Se houver um instrumento que sua utilização possa ser
individual então ele pode ser considerado um sistema de medição.

6.1.1 Qualidade de medição

O ato de medir é uma operação que tem como objetivo determinar o valor de
uma grandeza. Então o recurso é utilizar um instrumento de modo a se obter o valor
do mensurando. Porém, a resolução do instrumento não é compatível com o valor
verdadeiro, ou real, da grandeza, representando assim uma indicação de um valor
que contém uma incerteza. Com isso, o valor verdadeiro de uma grandeza é, de
modo geral, uma abstração da situação real, então é considerado o “valor verdadeiro
convencional” que é considerado como referência no laboratório de calibração. Para
entendimento desses termos deve-se recorrer a algumas definições do VIM.
Valor verdadeiro: Valor de uma grandeza compatível com a definição da
grandeza (VIM, 2003).
35

Valor verdadeiro convencional: Valor atribuído a uma grandeza por um


acordo, para um dado propósito (VIM, 2003). O valor convencional pode ser na
maioria dos casos, considerado como uma estimativa de um valor verdadeiro.
Geralmente adota-se que um valor convencional verdadeiro está associado a uma
incerteza de medição consideravelmente baixa, podendo ser quase nula.

Resultado de medição: Conjunto de valores atribuídos a um mensurando,


completado por todas as outras informações pertinentes disponíveis (VIM, 2003).
Um resultado de medição é geralmente expresso por um único valor medido e uma
incerteza de medição.

Exatidão de medição: Grau de concordância entre um valor medido e um


valor verdadeiro de um mensurando (VIM, 2003). A “exatidão de medição” não é
uma grandeza e não lhe é atribuído um valor numérico. Uma medição é dita mais
exata quando é caracterizada por um erro de medição menor.

Repetitividade de medição: Precisão de medição sob um conjunto de


condições de repetitividade (VIM, 2003). Podendo ser expressa em quantidade em
característica da dispersão dos resultados. Por exemplo, utilizam-se dois métodos, A
e B, para medir uma tensão de valor real de 2,50 V. Os resultados obtidos são:

Método A: 2,49 V; 2,50 V; 2,51 V.

Método B: 2,46 V; 2,57 V; 2,53 V.

O método A é mais exato que o método B, visto que os valores se encontram


mais perto do valor verdadeiro. Também é o método que apresenta a melhor
repetitividade, já que os valores estão próximos de si. Vale lembrar que nem sempre
o método que apresentar a melhor repetitividade será também o mais preciso.

Reprodutibilidade de medição: Precisão de medição sob um conjunto de


condições de reprodutibilidade (VIM, 2003). Refere-se às variações das condições
de medição que incluem o método de medição, o observador, o instrumento, o
padrão de referência, o local e as condições de utilização.

Rastreabilidade metrológica: Propriedade de um resultado de medição pela


qual tal resultado pode ser relacionado a uma referência através de uma cadeia
ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma contribuindo para a incerteza
de medição (VIM, 2003). Ou seja, cada equipamento dentro de um sistema de
36

medição possui uma influencia que contribui para a incerteza de medição e cada um
deles devem estar calibrados para a realização, e qualidade, deste processo.

Todo equipamento utilizado em ensaio e/ou calibração, incluindo equipamento


para medições auxiliares, que tenham efeito significativo sobre a exatidão ou
validade do resultado do ensaio, calibração ou amostragem, deve ser calibrado
antes de entrar em serviço (item 5.6 da Norma NBR ISO/IEC 17025).

A rastreabilidade metrológica requer uma hierarquia de calibração


estabelecida, conforme Figura 7.

Figura 7: Estrutura Hierárquica de Rastreabilidade


Fonte: Inmetro (2012)

O BIPM (Bureau International Poidset Mesures) foi criado pelo artigo 1º da


Convenção do Metro, no dia 20 de maio de 1875, com a responsabilidade de
padronizar um sistema de medições, com abrangência mundial. O sistema métrico
decimal, que teve origem na época da Revolução Francesa, tinha por base o metro
e o quilograma.

Os acordos de reconhecimento mútuo entre organismos de acreditação são


uma das maneiras mais eficazes para eliminar da necessidade de reensaio de
37

materiais e produtos nos países importadores, fato apontado pela Organização


Mundial do Comércio (OMC) como um dos maiores bloqueios técnicos ao comércio.

Com a globalização dos mercados, torna-se necessário que os organismo de


acreditação de cada país tenham reconhecimento perante fóruns internacionais
competentes. De outro modo, as empresas que anseiem o mercado externo vão
encontrar dificuldades, pois irão se deparar com exigências distintas em mercados
diferentes.

Erro de medição: Diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor


de referência (VIM, 2003).

6.1.2 O erro de medição

Em respeito do erro de medição, não é possível calcular o erro de medição


porque o verdadeiro valor da grandeza a medir é desconhecido. Contudo, podemos
obter estimativas do valor da incerteza da medição.

Os erros de medição são definidos em dois grupos principais: os erros


aleatórios e os erros sistemáticos.

6.1.3 Os erros aleatórios

Erro aleatório: Componente do erro de medição que, em medições repetidas,


varia de maneira imprevisível (VIM, 2003).

O erro aleatório é igual ao erro de medição menos o erro sistemático e sendo


exigido um numero infinito de medições, apenas é possível obter uma estimativa do
erro aleatório.
38

6.1.4 Os erros sistemáticos

Erro sistemático: Componente do erro de medição que, em medições


repetidas, permanece constante ou varia de maneira previsível (VIM, 2003).

O erro sistemático é igual ao erro de medição menos o erro aleatório. Os


erros sistemáticos afetam de uma forma consistente a medida, polarizando o
resultado da medição numa mesma direção. É um erro que pode ser de diversas
naturezas, podem ser erros instrumentais e erros devidos a condições ambientais.

Os erros sistemáticos instrumentais são atribuíveis ao próprio instrumento de


medição. A alteração da medida por efeito da carga é uma das componentes de um
erro sistemático. A deficiência de calibração do instrumento de medição, provocando
leituras erradas em toda a escala, ou a deficiência do ajuste de zero, geram também
erros sistemáticos. A Figura 8 ilustra os erros mencionados.

Figura 8: Apresentação dos Erros


Fonte: COUTO (2006)
39

Para ficar clara esta definição, pode-se imaginar em um sentido figurado que,
quando se faz a medição existe o alvo a ser atingido, o valor de referência ou o VCC
(Valor Verdadeiro Convencional). E então os pontos, ou disparos, são as medidas
realizadas (COUTO, 2006).

6.2 Incerteza de medição

Definição de incerteza de medição: Parâmetro, associado ao resultado de


uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser
fundamentalmente atribuídos a um mesurando (VIM, 2003). A Figura 9 exemplifica o
conceito de incerteza de medição.

Figura 9: Resultado do valor da medição


Fonte: Autores (2016)

6.2.1 Avaliação da incerteza padronizada

Definindo primeiramente que mensurando (y) é a grandeza que se pretende


medir (VIM, 2003), podemos dar continuidade o que se refere à avaliação da
incerteza padronizada.

6.2.1.1 Modelando a medição

Em muitos casos o mensurando Y não é medido diretamente, ele é obtido a


partir de N outras grandezas através de uma relação funcional f (GUM; ISO, 2003).

(6.2.1.1.1)
40

As grandezas de entrada , das quais a grandeza de saída


depende, podem elas mesmas ser consideradas como mensurando e ser
dependente de outras grandezas, como também correções e fatores de correção
para efeitos sistemáticos.
Esta relação funcional não pode ser escrita de modo explícito, porém
poderá ser determinada experimentalmente, além de ser interpretada em um
conceito mais abrangente, em suma sendo apresentada como a função que contém
todas as grandezas, incluindo todas as correções que possam contribuir sendo um
item significativo da incerteza para o resultado da medição.
Essas grandezas de entrada , podem ser caracterizadas como
quantidades de valores e incertezas que são determinados diretamente da medição,
que podem ser obtidos através de uma observação, várias observações ou
julgamentos baseados na experiência (GUM; ISSO, 2003).

6.2.1.2 Métodos de avaliação das incertezas de medição

Segundo Kronenberg (2007), a incerteza de medição associada às


estimativas de entrada é avaliada conforme os métodos de avaliação Tipo A e Tipo
B.
A avaliação Tipo A é o método de avaliação da incerteza pela análise
estatística de uma série de observações (GUM; ISO, 2003). No caso a incerteza
padrão é o desvio padrão experimental da média de uma série de medidas.
A avaliação Tipo B é o método de avaliação da incerteza por outros meios
que não a análise estatística de uma série de observações (GUM; ISO, 2003). No
caso, a avaliação da incerteza padrão é baseada em algum outro conhecimento
cientifico.

São alguns exemplos:


 Especificações do fabricante;
 Dados provenientes de certificados de calibração;
 Outros dados relevantes (condições ambientais, vibrações, ruído, etc.).
41

6.2.1.3 Avaliação da incerteza do Tipo A

A avaliação do Tipo A da incerteza padrão é indicada quando tenham sido


feitas várias observações independentes para uma das grandezas de entrada sob as
mesmas condições iniciais de medição (KRONENBERG, 2007).
Considere , onde são os diversos valores observados das
medidas. E o numero de medições observadas estatisticamente independentes
considerando ( .

(6.2.1.3.1)

A incerteza de medição associada com a estimativa é avaliada do seguinte


modo:
Uma estimativa da variância da distribuição de probabilidade fundamental é a
variância experimental dos valores de que é expressa por:

(6.2.1.3.2)

O valor positivo da raiz quadrada de é chamado de desvio padrão


experimental. E uma estimativa melhor da variância da média aritmética é a
variância experimental da média expressa por:

(6.2.1.3.3)

O valor positivo da raiz quadrada de é chamado desvio padrão


experimental da média.
42

A incerteza padrão associada à estimativa de entrada é o desvio


padrão experimental da média.

(6.2.1.3.4)

Logo, a incerteza padrão do Tipo A é dada por:

(6.2.1.3.5)

6.2.1.4 Avaliação da incerteza do Tipo B

A avaliação da incerteza padrão do Tipo B é associada com uma estimativa


de uma grandeza de entrada obtida por outras formas que não sejam a análise
estatística de uma série de observações.
A incerteza padrão é avaliada por um julgamento científico com base em
todas as informações disponíveis sobre a possível variabilidade de . Essas
informações podem ser vindas a partir de:

 Dados de medições predeterminadas;


 Experiência ou conhecimento geral do comportamento e propriedades
dos materiais relevantes e instrumentos utilizados;
 Especificações do fabricante;
 Dados obtidos de certificados de calibração anteriores;
 Incertezas atribuídas a dados de referência obtidos de anuais.

O uso adequado dessas informações disponíveis para a avaliação da


incerteza padrão do Tipo B necessita o discernimento baseado no conhecimento e
experiência geral, o que é uma habilidade que pode ser aprendida com a prática.
Tendo uma avaliação do Tipo B com uma boa garantia de qualidade, ela pode ser
43

tão confiável quanto uma avaliação do Tipo A, principalmente se uma medição em


que a avaliação do Tipo A for baseada em um numero comparativo de poucas
observações estatisticamente independentes.
Se a estimativa for proveniente de especificações do fabricante, do
certificado de calibração, do manual técnico de utilização ou de outra fonte, e sua
incerteza apresentada for um múltiplo de um desvio padrão, a incerteza padrão
é unicamente o valor mencionado dividido pelo multiplicador, e a variância estimada
é o quadrado do quociente (GUM; ISO, 2003).
A incerteza padrão Tipo B é realizada quando os valores de têm certa
distribuição assumida e um intervalo de dispersão. As distribuições mais populares
são a retangular, a triangular e a normal (COUTO, 2006).
Adotando-se que a variação possua distribuição retangular em um intervalo
simétrico , onde é a estimativa.
A estimativa da incerteza padrão neste caso é definida por:

(6.2.1.4.1)

Porém, para uma mesma distribuição retangular, no caso da fonte de


incerteza for um instrumento com resolução digital, que são instrumentos mais
utilizados em laboratórios de calibração, isso muda. Por exemplo, mesmo se todas
as medidas mostradas pelo display do instrumento forem iguais, a incerteza de
medição considerando à repetitividade não seria zero, pois há uma faixa de sinais de
entrada do instrumento, fazendo uma varredura de um intervalo conhecido, mas que
dariam o mesmo resultado. Se a resolução do instrumento for , o valor do estimulo
que produz certo valor no display pode estar situado com uma probabilidade igual
em qualquer lugar do intervalo a . O estimulo é, então, descrito
por uma distribuição retangular de probabilidade, de amplitude , com variância
, resultando em uma incerteza padrão igual a:
44

(6.2.1.4.2)

Para qualquer indicação, e então padronizando esta formula para quaisquer


instrumentos que possuam resolução digital (GUM; ISO, 2003).

Adotando-se agora que tenha uma distribuição triangular em um intervalo


. A estimativa da incerteza padrão é definida por:

(6.2.1.4.3)

Quando a incerteza de uma fonte de entrada for proveniente de um


certificado de calibração com as informações da probabilidade e do fator de
abrangência , a estimativa de incerteza é definida por:

(6.2.1.4.4)

Onde,
é a incerteza expandida declarada pelo certificado e;
é o fator de abrangência.

Apresentam-se as definições de incerteza expandida e fator de abrangência


nas seções seguintes.
45

6.2.2 Apresentação gráfica da avaliação da incerteza padrão

A Figura 10 representa a estimativa do valor de uma grandeza de entrada ,


representada por e que sua distribuição desconhecida seja uma distribuição
normal, com esperança e o desvio padrão .

Figura 10: Distribuição normal da avaliação da incerteza de uma grandeza.


Fonte: Adaptado de ISO; GUM (2003), por Autores (2016)

É mais bem enquadrada na distribuição normal a avaliação do Tipo A, já que


é proveniente de uma base estatística com varias observações repetidas.
Considerando que no eixo das ordenadas esta representando a probabilidade
e o eixo das abscissas o valor nominal da grandeza (GUM; ISO, 2003).

Sua função densidade de probabilidade é então:

(6.2.2.1)
46

Onde,
É o desvio padrão;
É o valor nominal do mensurando;
É o valor médio do mensurando obtido através de uma série de medidas.

A Figura 11 representa a estimativa do valor de uma grandeza de entrada


e a sua avaliação da incerteza dessa estimativa sendo pressuposta dos valores
possíveis de , a distribuição da probabilidade de , com base em todas as
informações disponíveis, e a grandeza de entrada suposta sendo .

Figura 11: Curva característica da avaliação da incerteza padrão de uma


grandeza de entrada a partir de distribuição pressuposta.
Fonte: Adaptado de ISO; GUM (2003), por Autores (2016)

6.2.3 Fontes de incerteza

Fontes de incerteza podem ser consideradas como contribuições sistêmicas


ou aleatórias para a estimativa da incerteza de medição.
Na Tabela 3 apresentam-se as possíveis fontes de incerteza relacionadas aos
serviços de calibração/ensaios que foram realizados pelo laboratório neste projeto.
47

Tabela 3 – Apresentação das possíveis fontes de incerteza.


GRANDEZA INSTRUMENTO FONTES DE INCERTEZA
- Incerteza do voltímetro;
- Resolução do voltímetro;
- Estabilidade do voltímetro;
- Coeficiente térmico do voltímetro;
FONTES
- Dispersão das medidas;
- Coeficiente térmico da fonte;
- Incerteza do instrumento de medição da
temperatura.
TENSÃO
CC/CA
- Incerteza do calibrador/fonte;
- Estabilidade do calibrador/fonte;
- Dispersão das medidas;

MEDIDORES - Resolução do medidor;


- Coeficiente térmico do calibrador/fonte;
- Coeficiente térmico do medidor;
- Incerteza do instrumento de medição da temperatura.

- Incerteza do amperímetro;
- Estabilidade do amperímetro;
FONTES
(Processo direto) - Resolução do amperímetro;
- Dispersão das medidas.

- Incerteza do calibrador/fonte;
- Estabilidade do calibrador/fonte;
CORRENTE
CC/CA - Incerteza do amplificador de corrente;
- Estabilidade do amplificador de corrente;
- Resolução do medidor;
MEDIDORES - Dispersão das medidas;
- Coeficiente térmico do calibrador/fonte;
- Coeficiente térmico do amplificador de corrente;
- Incerteza do instrumento de medição da temperatura.

Fonte: CEPEL (2016)


48

6.2.4 Incerteza combinada

Incerteza padrão combinada é a incerteza padrão do resultado de uma


medição, quando este é determinado por meios dos valores de várias outras
grandezas (GUM; ISO, 2003).

6.2.4.1 Grandezas de entrada não correlacionadas

Considerando uma avaliação da incerteza de medição de um mensurando


que é apresentado na Figura 12:

Figura 12: Variação do mensurando y em função das grandezas “x” e “a”.


Fonte: COUTO (2006)

Pode-se chegar à conclusão que existe uma função que mostra como o
mensurando varia em relação a cada fonte de entrada. Na avaliação de incerteza
neste caso pode-se enxergar a ação da incerteza de cada fonte de incerteza do
mensurando, já que pode ser definida calculando a taxa de variação da incerteza do
mensurando em relação a cada fonte de entrada. Essa taxa de variação do
mensurando em relação em cada fonte de entrada é chamada de coeficiente de
sensibilidade e é determinada por uma derivada. A avaliação da incerteza de
medição de um instrumento é feita ponto a ponto em toda a sua faixa de escala. O
coeficiente de sensibilidade permite a conversão da unidade da fonte de entrada
para a do mensurando (COUTO, 2006).
49

A incerteza padrão combinada, para o caso de entradas não correlacionadas


(EA, 1999), as grandezas de entrada associadas com a estimativa de saída é:

(6.2.4.1.1)

A grandeza é a influência da incerteza padrão


relacionada à estimativa de saída , que é resultado da incerteza padrão relacionada
à estimativa de entrada (EA, 1999):

(6.2.4.1.2)

Onde é o coeficiente de sensibilidade relacionado com a estimativa de


entrada , ou seja, é a derivada parcial da função de modelagem com relação à
variável , avaliada para as estimativas de entrada (EA, 1999).

(6.2.4.1.3)

Considerando que é sempre positiva, a influência conforme a


equação anterior pode ser positiva ou negativa, podendo ter essa variação de
acordo com o sinal do coeficiente de sensibilidade . O sinal de só deve ser
considerado de importância em casos de grandezas de entrada correlacionadas
(EA, 1999).
Se duas grandezas, diferentes, de entrada e forem de certa forma
correlacionadas, ou seja, forem dependentes uma da outra, sua covariância deve
ser considerada como influência à incerteza. Para se levar em conta o que as
correlações podem afetar deve-se ter grande conhecimento do processo de medição
50

e da análise das dependências das grandezas de entrada. É de suma importância


observar que não considerar as correlações entre as grandezas de entrada pode
ocasionar uma avaliação incorreta da incerteza padrão do mensurando (EA, 1999).
A avaliação de incertezas para uma medição, que é feita pela planilha de
cálculo de incerteza deve possuir uma relação de todas as fontes de incerteza
juntamente com as incertezas padrão e o método para avaliá-las. O número de
medidas deve ser declarado também, como observações. Para ser de melhor
visualização e clareza se torna recomendado a apresentação dos dados em forma
de tabela. Na tabela as grandezas deverão ser representadas por um símbolo .
Com isso, para cada grandeza deve-se ser apresentada pelo menos a estimativa de
entrada , a incerteza padrão de medição relacionada , o coeficiente de
sensibilidade e as várias influencias de incerteza (EA, 1999).
Na Tabela 4 apresenta-se um exemplo desse arranjo, considerando uma
situação de grandezas de entrada não correlacionadas. A incerteza padronizada
relacionada com o resultado da medição , apresentada no canto inferior direito é
a raiz quadrada da soma quadrática de todas as influencias de incertezas
padronizadas apresentadas (EA, 1999).

Tabela 4: Esquema de um arranjo para a análise da incerteza de medição.

Fonte: INMETRO (2013)

E a seguir, mostra-se a Tabela 5 que é utilizada no laboratório de calibração


do CEPEL.
51

Tabela 5: Tabela de análise da incerteza de medição.

Fonte: CEPEL (2016)

6.2.5 Incerteza expandida

Embora a incerteza combinada possa ser usada para expressar a


incerteza de uma medição, tendo em vista certas aplicações como industriais,
comerciais e regulamentadoras, e também quando a segurança e a saúde são
importantes, se torna necessário apresentar uma medida de incerteza que seja
abrangente em torno do resultado da medição no qual se deseja ter um intervalo da
distribuição de valores que poderiam ser relacionadas ao mensurando.
Esta medida de incerteza que satisfaz a condição de um intervalo que foi
mencionado anteriormente é denominada incerteza expandida e é representada por
. A incerteza expandida é determinada multiplicando-se a incerteza combinada
por um fator de abrangência (ISO, GUM, 2003).

(6.2.5.1)

Então, o resultado da medição é expresso por que significa que a


melhor estimativa atribuível ao mensurando é , e o intervalo de a éo
que se espera estar contida uma extensa fatia da distribuição que podem ser
52

atribuídos a . Este intervalo pode ser expresso também por


(ISO, GUM, 2003).
Em situações em que a distribuição normal, gaussiana, possa ser concedida a
um mensurando e a incerteza padrão relacionada à estimativa de saída tenha
considerada confiabilidade, deve-se usar o fator de abrangência padronizado .
Assim a incerteza expandida é capaz de garantir uma probabilidade de abrangência
de aproximadamente 95%, que satisfaz o serviço da maioria dos laboratórios de
calibração (EA, 1999).

6.2.6 Determinando o fator de abrangência

Em casos práticos de medição, o cálculo de intervalos possuindo níveis de


confiança pré-estabelecidos equivale a melhor aproximação. Torna-se meramente
difícil conseguir intervalos de confiança de 99 por cento, ou maiores, e que sejam
justificados, mesmo que não falte nenhum efeito sistemático. Por que nas regiões
extremas, ou caudas, das distribuições de probabilidade das grandezas de entrada
são encontradas poucas informações (ISO, GUM, 2003).
A partir de uma análise detalhada da distribuição de probabilidade da medição
e sua incerteza combinada, é possível determinar o fator de abrangência , que
abrange um intervalo que garante um nível de confiança . Na Tabela 6 serão
citados alguns exemplos.
53

Tabela 6: Nível de confiança para cada valor do fator de abrangência.

Fonte: ISO, GUM (2003)

Para se estimar o fator de abrangência precisa-se de uma medida certa da


confiabilidade da incerteza padrão relacionada a uma estimativa de saída, que é o
grau de liberdade efetivo . Este grau de liberdade é determinado
aproximadamente por uma combinação dos graus de liberdade efetivos das diversas
influências da incerteza .
Na equação a seguir apresenta-se o cálculo do grau de liberdade efetivo
que é obtido através da equação de Welch-Satterhwaite. O resultado serve como
argumento da distribuição t-Student para se definir o fator de abrangência para o
nível de confiança com o qual se deseja declarar a incerteza de medição.

(6.2.6.1)

Onde é a incerteza combinada;


são as contribuições da incerteza padrão das fontes do
mensurando, ou incerteza padronizada;
E sendo o grau de liberdade associado à incerteza padronizada.
54

No caso da incerteza padrão estiver sido estimada por uma avaliação do Tipo
A, os graus de liberdade irão ser representados por . Porém é de maior
problemática relacionar graus de liberdade se a incerteza padrão for estimada por
uma avaliação do Tipo B. Por exemplo, ao considerar um intervalo pré-
estabelecido, a probabilidade da grandeza em questão se situar fora dos limites é
extremamente pequena. Considerando isso, os graus de liberdade da incerteza
padrão pela avaliação Tipo B podem ser considerados por .
A Tabela 7 demonstra a obtenção do fator através do grau de liberdade
, esta tabela é montada com base na distribuição t-Student para um grau de
confiabilidade de 95,45%. Se não for um número inteiro, o que geralmente
acontece, se torna necessário truncar para o menor valor inteiro (EA, 1999).

Tabela 7: Fatores de abrangência para cada grau de liberdade.

1 2 3 4 5 6 7 8 10 20 50

13,97 4,53 3,31 2,87 2,65 2,52 2,43 2,37 2,28 2,13 2,05 2,00

Fonte: Autores (2016)

6.2.7 Relatando a incerteza padrão

A seguir mostra-se uma representação em contexto geral da estimativa do


cálculo de incerteza de medição para um melhor entendimento e uma visão geral.
O fluxograma da
Figura 13 abaixo mostra passo a passo o método resumidamente.
55

Passo 1: Definir modelo


matemático da medição

Passo 2: Definir as
componentes de incerteza

Todas as componentes de Não


incerteza estão
representadas no modelo
matemático da medição

Sim
Passo 3: Estimar as
incertezas padrão

Passo 4: Calcular os
coeficientes de sensibilidade

Passo 5: Avaliar possíveis


correlações

Existem correlações entre as Sim


componentes de incerteza?

Passo 4: Avaliar possíveis


Não
correlações
Passo 6: Obter a incerteza
combinada

Passo 7: Obter a incerteza


expandida

Passo 8: Arredondar a incerteza


e resultado da medição

Figura 13: Fluxograma da estimativa da incerteza de medição.


Fonte: Autores (2016)
56

O diagrama da Figura 14 representa as memórias de cálculo de acordo com


os passos do fluxograma.

Figura 14: Diagrama da estimativa da incerteza de medição.


Fonte: PIZZOLATO (2016)

Assim, realizadas todas as operações da memória de cálculo, se chega à


incerteza final, que é o resultado gerado pela planilha de cálculo de incerteza do
CEPEL, qual se mostra na Figura 15, e que é relatada nos certificados de
calibração.
57

Figura 15: Macro de cálculo de incerteza de medição.


Fonte: Autores (2016)
58

7 COMPONENTES DO SISTEMA DE CALIBRAÇÃO AUTOMATIZADO

7.1 Hardware

Os componentes físicos utilizados para o sistema automatizado são:

 Calibrador Fluke Modelo 5720A


 Amplificador Fluke Modelo 5725A
 Multímetro Fluke Modelo 8508A
 Cabo AMP 553577-3
 Controlador NI GPIB-USB-HS
 Termo Higrômetro Testo Modelo 177-H1
 Cronômetro

7.1.1 Calibrador Fluke Modelo 5720A

É o equipamento que fornece os valores de referência para as grandezas


avaliadas. Para a aplicação do presente trabalho, o calibrador será usado para
geração de tensão (alternada e contínua) e corrente (alternada e contínua).
Na
Tabela 8, apresentam-se as especificações básicas do calibrador. Para
valores de corrente acima de 2,2 A, é necessária a utilização do Amplificador Fluke
5725A (FLUKE, 1996).

Tabela 8: Especificações básicas do calibrador Fluke 5720A.


Grandeza Faixa Melhor especificação
de um ano
Tensão Contínua 0 a 1100 V ±3,5 PPM de definição
Tensão Alternada 220 mV a 1100 V ±45 PPM de definição
10 Hz a 1 MHz
Corrente Contínua 0 a 2,2 A (11 A com 5725A) ±35 PPM de definição
Corrente Alternada 9 mA a 2,2 A (11A com 5725A) ± 120 PPM de definição
10 Hz a 10 kHz
Operação de tensão CA 300 mV a 3,5 V ±4000 PPM de definição
para Banda Larga 10 Hz a 30 MHz
Fonte: Fluke (1996)
59

Na Figura 16, o calibrador presente no laboratório de calibração CA1.

Figura 16: Calibrador Fluke 5720A


Fonte: Autores (2016)

7.1.2 Amplificador Fluke Modelo 5725A

Operando sob o controle do calibrador 5720A, o amplificador 5725A garante o


funcionamento do sistema em valores plenos. Em sua principal aplicação, nas
escalas de corrente, sua faixa de operação é a partir de 2,2 A.
Na Tabela 9, apresentam-se os valores característicos do amplificador
(FLUKE, 1989), em operação conjunta com o calibrador 5720A, aumentando a
capacidade de trabalho deste.

Tabela 9: Especificações básicas do amplificador Fluke 5725A.


Grandeza Faixa
220 V a 1100 V para até 70 mA (40 Hz a 30 kHz)
Tensão Alternada
220 V a 750 V para até 70 mA (30 kHz a 100 kHz)
Corrente Contínua 0 a 11 A
Corrente Alternada 1 A a 11 A (40 Hz a 10kHz)
Fonte: Fluke (1989)
60

Na Figura 17, o amplificador presente no laboratório de calibração CA1.

Figura 17: Amplificador Fluke 5725A


Fonte: Autores (2016)

7.1.3 Multímetro Fluke Modelo 8508A

O multímetro 8508A é um instrumento de referência, desenvolvido


particularmente para atender laboratórios de metrologia. Possui alta precisão ao
longo de sua ampla faixa de trabalho, atendendo aos parâmetros de análise de
incerteza estabelecidos na norma ISO 17025:2005. Na Tabela 10, as características
básicas do multímetro (FLUKE, 2002).

Tabela 10: Especificações básicas do multímetro Fluke 8508A .


Melhor especificação
Grandeza Faixa
absoluta de um ano
Tensão Contínua 0 V a ±1050 V ±3 PPM de leitura
2 mV a 1050V
Tensão Alternada ±65 PPM de leitura
1 Hz a 1 MHz
Corrente Contínua 0 V a ±20 A ±12 PPM de leitura
2 µA a 20 A
Corrente Alternada ±250 PPM de leitura
1 Hz a 100 KHz
Fonte: Fluke (2002)
61

Na Figura 18, o multímetro presente no laboratório de calibração CA1.

Figura 18: Multímetro Fluke 8508A


Fonte: Autores (2016)

7.1.4 Cabo AMP 553577-3

Cabo GPIB utilizado para a comunicação de dados via padrão IEE-488 entre
o multímetro e o calibrador. Possui 2 metros de extensão. Na Figura 19, o cabo
utilizado.

Figura 19: Cabo GPIB – AMP 553566-2


Fonte: Autores (2016)
62

7.1.5 Controlador NI GPIB-USB-HS

O controlador NI GPIB-USB-HS é a interface responsável pela comunicação


entre os padrões USB (Universal Serial Bus), presente no computador, e o GPIB,
presente no calibrador e no multímetro. Pode controlar até 14 instrumentos via
padrão IEEE-488. É compatível com diversos sistemas operacionais (NI, 2014).

Na Figura 20, o controlador que é utilizado para a comunicação.

Figura 20: Controlador GPIB-USB-HS


Fonte: Autores (2016)
63

7.1.6 Termo Higrometro Testo modelo 177-H1

O sensor de umidade e temperatura escolhido foi o mesmo utilizado nos


procedimentos de calibrações manuais, o termo higrômetro Testo, modelo 177-H1.
Apresenta alta velocidade de resposta e estabilidade de medida, e é capaz de
armazenar até 48.000 valores de medição. Através de um data logger, é possível
exportar as medidas efetuadas para um computador (Testo, 2010).
O termo higrômetro utilizado no laboratório de calibração apresenta-se na
Figura 21.

Figura 21: Termo Higrometro Testo 177-H1


Fonte: Autores (2016)

7.1.7 Cronômetro Vollo VL-510

Este cronômetro, da Figura 22 foi utilizado para estimar o tempo das


calibrações manual e automatizada.
64

Figura 22: Cronometro Vollo VL-510


Fonte: Autores (2016)

7.2 Software

7.2.1 LabVIEW

Desenvolvido pela National Instruments, LabVIEW é um software de


programação gráfica para desenvolvimento de sistemas e aplicações via modelo de
fluxo de dados. Suas principais utilizações são em sistemas de controle, automação
e medição, dada sua avançada integração com as mais variadas tecnologias
existentes. Os Instrumentos Virtuais (VI), programas desenvolvidos em LabVIEW,
constituem-se em duas partes: a interface (painel frontal) e o diagrama de blocos.
Cada instrumento virtual pode ainda ter outros instrumentos inseridos, funcionando
como subprogramas (SubVI), também dotados de interface e diagrama de blocos
(NI, 2016).
65

A escolha do LabVIEW se deu, entre outros motivos, devido a


compatibilidade com o padrão IEEE-488 e sua estrutura intuitiva e de fácil
entendimento. Na Figura 23, o logotipo do LabVIEW.

Figura 23: Logotipo LabVIEW


Fonte: National Instruments (2016)

8 ESTUDO DE CASO

Este capítulo ilustra a calibração manual, tomando como exemplo a escala de


20 VDC e apresenta o modelo automatizado, seu diagrama, ligações elétricas,
particularidades, estruturas de programação, avaliações dos resultados e do
desempenho, e compara as performances de ambos procedimentos.
Os procedimentos descritos foram realizados no laboratório CA1 do CEPEL,
utilizando os materiais já descritos no capítulo 7.

8.1 Calibração manual da escala de 20 VDC

Inicialmente, o técnico faz a conexão entre os terras dos equipamentos. Em


seguida, liga o calibrador e o multímetro, conforme se exibe nas Figura 24 e Figura
25, e aguarda 30 minutos, o chamado tempo de warm-up. É observada também a
validade da última autocalibração dos instrumentos, sendo executada se necessário.
Além disso, são registradas a temperatura e a umidade relativa do laboratório.
66

Figura 24: Estado inicial do calibrador.


Fonte: Autores (2016)

Figura 25: Estado inicial do multímetro.


Fonte: Autores (2016)

O técnico efetua a ligação elétrica entre os terminais do multímetro e do


calibrador, conforme se apresenta na Figura 26.
67

Figura 26: Ligação elétrica entre os instrumentos.


Fonte: Autores (2016)

O multímetro é ajustado na escala de 20 VDC, com resolução de 8½ dígitos,


como se exibe nas Figura 27 e Figura 28.

Figura 27: Ajuste da escala de 20 VDC no multímetro.


Fonte: Autores (2016)
68

Figura 28: Ajuste da resolução do multímetro.


Fonte: Autores (2016)

A tensão de 5 VDC é ajustada no calibrador, conforme Figura 29, que é então


colocado em modo de operação. Para a faixa de 20 VDC, as tensões verificadas
serão 5, 10 e 15 VDC.

Figura 29: Ajuste de tensão do calibrador.


Fonte: Autores (2016)
69

Após aguardar o tempo de estabilização, 10 s para a escala especificada, o


valor exibido no multímetro é registrado na planilha de cálculo de incerteza. Então,
será ajustado o valor de 10 VDC, e após aguardar o mesmo tempo de estabilização,
a nova medida é registrada. O mesmo será feito para o valor de 15 VDC. Exibe-se
na Figura 30 o valor lido pelo multímetro, e na Figura 31, o valor inserido na planilha.

Figura 30: Medição da tensão no multímetro.


Fonte: Autores (2016)

Figura 31: Registro da medição na planilha.


Fonte: Autores (2016)

Os ajustes de tensão e procedimentos de medidas serão repetidos mais duas


vezes, totalizando 3 medidas efetuadas para cada um dos 3 valores ajustados,
executadas de maneira alternada, como se mostra na Figura 32.
70

Figura 32: Registro completo das medições na planilha.


Fonte: Autores (2016)

8.2 Modelo automatizado

Nessa seção será apresentado o modelo automatizado.

8.2.1 Diagrama geral do sistema

O calibrador e o multímetro estão ligados eletricamente, via cabos de


medição, e também conectados via GPIB, para transmissão de dados. O controlador
GPIB-USB-HS faz a comunicação entre as portas GPIB dos instrumentos com o
USB do computador do laboratório. No computador do laboratório está salva a
planilha de cálculo de incerteza e a aplicação desenvolvida neste trabalho via
LabVIEW. Apresenta-se o diagrama na Figura 33.

Figura 33: Diagrama geral do sistema.


Fonte: Adaptado de Laica (2011), por Autores (2016)
71

8.2.2 Calibração automatizada da escala de 20 VDC

Inicialmente, o técnico faz a conexão entre os terras dos equipamentos. Em


seguida, faz a conexão dos cabos GPIB entre os aparelhos, e do controlador GPIB-
USB-HS entre os aparelhos e o computador, como se exibe na Figura 34. Além
disso, é registrada a umidade relativa do laboratório.

Figura 34: Conexões dos cabos GPIB entre os instrumentos.


Fonte: Autores (2016)

O calibrador e o multímetro são energizados. Assim como na calibração


manual, deve-se aguardar o tempo de warm-up e verificar a validade da última
autocalibração dos instrumentos.
O calibrador é então configurado para o endereço GPIB 1, e o multímetro,
para o endereço GPIB 2, conforme as Figura 35 e Figura 36.
72

Figura 35: Configuração do endereço no calibrador.


Fonte: Autores (2016)

Figura 36: Configuração do endereço no multímetro.


Fonte: Autores (2016)

Então, a aplicação é executada no computador do laboratório. Será exibido o


painel frontal, conforme Figura 37.

Figura 37: Painel frontal da aplicação.


Fonte: Autores (2016)
73

No painel frontal, existem três abas. Na parte superior da aba “Dados”, exibe-
se a descrição dos instrumentos conectados. Nos demais campos, deve-se fazer a
inserção dos dados, que serão exportados para as planilhas. Na aba “Status”, o
programa exibe os instrumentos que estão ligados ao sistema, conforme Figura 38.

Figura 38: Status dos instrumentos.


Fonte: Autores (2016)

Na aba “Seleção”, exibe-se as grandezas a serem verificadas, conforme


Figura 39.
74

Figura 39: Seleção das grandezas


Fonte: Autores (2016)

A escala VDC é selecionada. Uma caixa de texto informa a escala escolhida,


e atenta às ligações, conforme Figura 40. Após confirmação do aviso, o painel
secundário é exibido, como se exibe na Figura 41.

Figura 40: Aviso para verificação das conexões.


Fonte: Autores (2016)
75

Figura 41: Painel secundário – Escala VDC.


Fonte: Autores (2016)

No campo central, o arquivo da planilha de cálculo de incerteza é


selecionado, como se mostra na
Figura 42; em seguida, a faixa de 20 V é selecionada, e a calibração tem
início, conforme aviso indicado na Figura 43.
76

Figura 42: Seleção da planilha.


Fonte: Autores (2016)

Figura 43: Início da calibração.


Fonte: Autores (2016)
77

Os valores são ajustados, medidos e registrados automaticamente ao longo


da execução do programa. Ao término das medições, uma caixa de texto exibe o
aviso de “Calibração finalizada!”, como se apresenta na Figura 44.

Figura 44: Calibração finalizada.


Fonte: Autores (2016)

Os valores verificados na calibração estarão registrados na planilha


selecionada anteriormente, como se mostra na Figura 45.

Figura 45: Resultados da calibração automatizada.


Fonte: Autores (2016)
78

8.2.3 Particularidades do programa

De uma maneira geral, o programa opera conforme descrito na seção


anterior. Porém, existem funcionalidades próprias de algumas escalas.
Nas escalas de grandezas alternadas, deve-se selecionar a frequência do
sinal aplicado. Para isso, o programa apresenta uma aba, na qual é feita a seleção.
Exibe-se na Figura 46 um exemplo da aba de seleção de frequências, para a escala
de tensão.

Figura 46: Aba de seleção de frequências.


Fonte: Autores (2016)

Nas escalas de corrente (alternada e contínua), para valores superiores a


2 A, é necessário que o multímetro esteja conectado aos terminais do amplificador,
visto que o calibrador não é capaz de fornecer o sinal. Nesses casos, o programa
exibe uma caixa de texto alertando sobre as ligações, conforme Figura 47.
79

Figura 47: Aviso de ligação ao amplificador.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4 Estruturas de programação

Neste capítulo, serão apresentadas as principais estruturas de programação,


e também suas funções no programa.

8.2.4.1 GPIB Write Function

Este bloco é responsável por enviar instruções ao dispositivo GPIB


endereçado. No exemplo da Figura 48, o calibrador, com endereço GPIB 1, recebe
instruções para: zerar registros de status e solicitações de serviço; reset para estado
padrão; entrar em modo Stand By; ajustar saída em 0 V; entrar em modo de
operação.
80

Figura 48: GPIB Write Function.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.2 GPIB Read Function

Este bloco é responsável por ler informações do dispositivo GPIB


endereçado. No exemplo da Figura 49, o programa lê do multímetro, com endereço
GPIB 2, um pacote de até 100 bytes de informações.

Figura 49: GPIB Read Function.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.3 Sub VI

Este recurso é semelhante a uma sub-rotina; consiste em um programa


secundário, que está inserido em outro, principal. No exemplo da Figura 50, o Sub VI
é responsável por executar um bloco de escrita, que se exibe na Figura 51. Este faz
seleção da faixa de 20 VDC e resolução de 8½ dígitos no multímetro.
81

Figura 50: SubVI.


Fonte: Autores (2016)

Figura 51: SubVI para ajuste do multímetro.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.4 Pick Line Function e For Loop

Esta estrutura é responsável por enviar uma das instruções inseridas no bloco
Pick Line para um bloco de escrita. Na Figura 52, funcionando em conjunto com a
estrutura For Loop: na primeira execução, o valor de “N” é 1, então o bloco irá enviar
a primeira instrução, saída ajustada em 5 V e dispositivo em modo de operação; no
retorno do loop, o valor de “N” é 2, então será enviada a segunda instrução, saída
ajustada em 10 V, e assim sucessivamente. Ao término da última execução de loop,
o programa segue em sua execução.
82

Figura 52: Pick Line Function e For Loop.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.5 Fract/Exp String To Number Function

Este bloco, que se mostra na Figura 53, é responsável por interpretar


caracteres e convertê-los em números. Na programação, sua função é transformar
em números as informações lidas no multímetro no momento da medição.

Figura 53: Fract/Exp String To Number Function.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.6 Append Table to Report VI

Este bloco é responsável pela inserção de dados em um arquivo. No


programa, sua função é inserir na planilha de cálculo de incerteza os valores lidos do
multímetro, formatados em notação científica. Expõe-se na Figura 54 este bloco.
83

Figura 54: Fract/Exp String To Number Function.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.7 Flat Sequence Structure e Wait (ms) Function

Esta estrutura é responsável por executar sequencialmente uma função, ou


seja, o programa tem seguimento após a realização do programado no interior da
estrutura. No exemplo da Figura 55, o programa espera 10 segundos (10000 ms)
para executar suas funções após a estrutura.

Figura 55: Flat Sequence Structure e Wait (ms) Function.


Fonte: Autores (2016)

8.2.4.8 Diagrama de Bloco do VI Principal

Na Figura 56 é apresentado o diagrama do bloco do VI principal.


84

Figura 56: Diagrama do bloco do VI principal.


Fonte: Autores (2016)
85

8.3 Avaliação dos resultados

A partir dos resultados obtidos nos certificados de calibração CA1-160/2016 e


CA1-161/2016, presentes no Anexo 2, percebe-se que a maioria dos resultados das
incertezas se fixa na CMC (Capacidade de Medição e Calibração), que segundo o
VIM (2003) é a menor incerteza de medição que o laboratório é capaz de obter
operando dentro do seu escopo de acreditação. No caso do laboratório de
calibração CA1, a probabilidade de abrangência ou nível de confiança é de
aproximadamente 95%, conforme anexo 1.

Na Tabela 11 se apresenta cada valor da CMC para cada faixa e grandeza de


medição que foram utilizadas na calibração do multímetro. Referente ao
Departamento de Laboratórios de Adrianópolis – DLA, pela RBC, tem número de
acreditação/identificação 0008.

Tabela 11: Escopo de acreditação do laboratório CA1.

Fonte: Adaptada de INMETRO (2016), por Autores (2016)


86

Assim, a maiorias das incertezas fixam seu valor na CMC devido ao resultado
real ser uma incerteza menor; a planilha de cálculo de incerteza arredonda a
incerteza final para a CMC. Isso decorre do fato de ser um serviço acreditado, e o
laboratório não estar habilitado para apresentar uma incerteza menor que sua CMC.
Vale ressaltar que hoje o laboratório apresenta novos equipamentos e conseguiu
melhorar sua incerteza, tendo em vista que o cálculo da CMC foi feito no ano de
2000, por isso a maioria das incertezas apresentadas nesta calibração são melhores
que a CMC.

8.3.1 Cálculo para uma incerteza menor que a CMC

No exemplo da Figura 57, apresenta-se o cálculo de incerteza de medição


feito pela planilha, para o ponto de 1,5 V, na frequência de 10 KHz.
87

Figura 57: Cálculo do ponto de 1,5 V pela planilha (10 KHz).


Fonte: Autores (2016)

Percebe-se que o valor da incerteza, pela planilha, é o valor da CMC. Porém,


neste caso a planilha está arredondando para a CMC. A seguir se apresenta o
cálculo real que é feito pela planilha.

Para isto, se faz necessário calcular as fontes de incerteza. Vale ressaltar que
a incerteza do padrão é um dado que se encontra no seu próprio certificado de
calibração.

Na Tabela 12 se apresenta o ponto de 1,5 V na frequência de 10 kHz do


certificado de calibração de número DIMCI 2366/2014, do padrão utilizado.

Tabela 12: Certificado de calibração do padrão utilizado.


Faixa (V) Freq. (V) (V) U (mV) k
2,2 10 kHz 1,500000 1,500002 0,012 2,00
Fonte: Adaptada de INMETRO (2016), por Autores (2016)

A incerteza do padrão em percentual, para fins de demonstração na planilha:

(8.3.1)

(8.3.2)

A estabilidade do padrão é calculada tendo como referência o manual do


calibrador 5720A, conforme Figura 58. Nela exibem-se as estabilidades em relação
ao tempo. Conta-se este tempo a partir da data da última calibração realizada.
88

Figura 58: Especificações da estabilidade do calibrador 5720A.


Fonte: Adaptada de Fluke (2007), por Autores (2016)

No exemplo apresentado, realizou-se a calibração do multímetro no dia


19/10/2016, e a calibração do padrão datava de 20/10/2014. Neste caso, se
considera o valor de estabilidade referente há dois anos.

Calcula-se uma tendência, considerando a estabilidade de 45 ppm de saída


após 1 ano. Tem-se 45 + 3 ppm após 90 dias, 45 + 3 + 2 ppm após 180 dias e 45 +
3 + 2 + 3 ppm após 1 ano. Com isso, no total de 2 anos, encontra-se uma
estabilidade de 53 ppm de saída + 8 µV.

Ao converter ppm para porcentagem do valor de referência e obter a


estabilidade final do padrão, tem-se:

(8.3.3)

(8.3.4)

(8.3.5)
89

A dispersão das medidas é o desvio padrão das três medidas, que é


calculado por:

(8.3.6)

(8.3.7)

Onde,

(8.3.8)

Por fim, a resolução das medidas representa a medida do menor incremento


mensurável.

Para uma média, considerando-se o valor de 1,499374 V, o menor incremento


da medida referente à escala selecionada no multímetro é de 0,000001 V ou
V.

Na Tabela 13, mostra-se o cálculo real, a partir das fontes de incerteza, que é
feito pela planilha.
90

Tabela 13: Cálculo de incerteza para o ponto de 1,5 V.

Fonte: Autores (2016)

Calcula-se a incerteza padronizada por:

(8.3.8)

A incerteza combinada representa a soma quadrática das incertezas


padronizadas. Em seguida, considera-se incerteza expandida como a multiplicação
da incerteza combinada pelo fator K, que é encontrado na tabela da distribuição
student que se encontra no anexo 1.

Encontra-se o fator K a partir do grau de liberdade , obtido por:

(8.3.9)
91

O valor encontrado é um número muito grande. Neste caso, adota-se o fator


K considerando o grau de liberdade tendendo ao infinito, já que ele é limitado em
duas casas decimais.

Ao analisar o resultado do cálculo de incerteza, percebe-se que o valor de


0,0068% é muito menor que o valor de 0,07% da CMC, arredondado pela planilha. A
incerteza de medição neste caso foi cerca de 10 vezes melhor do que o laboratório
de calibração está apto a declarar para fins de acreditação. A macro calcularia a
incerteza de 0,0068% se não considerasse a CMC, conforme se apresenta na
Figura 59.

Figura 59: Cálculo do ponto de 1,5 V pela planilha, sem o CMC (10 KHz).
Fonte: Autores (2016)
92

8.3.2 Cálculo para uma incerteza maior que a CMC

A seguir, analisaram-se os resultados das incertezas em dois pontos das


duas escalas nos quais o valor de incerteza estimado maior que a CMC, sendo
estes o ponto de 500 mA, na escala de 2 A, e o ponto de 3 A, na escala de 20 A, a
uma frequência de 1 kHz.

Na Figura 60, apresenta-se as incertezas desses dois pontos calculadas pela


planilha.

Figura 60: Cálculo dos pontos de 0,5 A e 3 A pela planilha (1 KHz).


Fonte: Autores (2016)
93

Apresentam-se os cálculos na Tabela 14 e Tabela 15:

Tabela 14: Cálculo de incerteza para o ponto de 0,5 A.

Fonte: Autores (2016)


Tabela 15: Cálculo de incerteza para o ponto de 3 A.

Fonte: Autores (2016)


94

8.3.3 Análise da estabilidade como influência para a incerteza

Para a análise do valor da incerteza, observou-se a contribuição de cada


fonte de incerteza relacionada à incerteza final. Para o ponto de 0,5 A, conforme a
Figura 61 e a Tabela 16.

Figura 61: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 0,5 A.


Fonte: Autores (2016)

Tabela 16: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 0,5 A.


Coeficiente
Resolução Incerteza do Estabilidade Dispersão
Térmico do
das medidas padrão do Padrão das Medidas
Padrão
0,1 % 4,0 % 91,7 % 4,2 % 0,0 %
Fonte: Autores (2016)
95

Para o ponto de 3 A, conforme a Figura 62 e a Tabela 17.

Figura 62: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 3 A.


Fonte: Autores (2016)

Tabela 17: Contribuição das fontes de incerteza para o ponto de 3 A.


Coeficiente
Resolução Incerteza do Estabilidade Dispersão
Térmico do
das medidas padrão do Padrão das Medidas
Padrão
0,1 % 6,2 % 91,0 % 2,6 % 0,0 %
Fonte: Autores (2016)

Notou-se que a maior contribuição para a incerteza foi a estabilidade do


padrão, pois possuiu o valor mais significativo em relação às outras. Desse modo,
procedeu-se a avaliação específica da estabilidade do padrão, visto que esta se
altera em relação ao tempo.

A seguir, demonstra-se o cálculo da incerteza de medição para os pontos de


0,5 A e 3 A em estudo, variando a estabilidade do padrão referente a 90 dias e 1 ano
da data de calibração do padrão.
96

Para 90 dias após a calibração, temos os resultados das incertezas na Tabela


18 para 0,5 A e na Tabela 19 para 3 A.

Tabela 18: Cálculo de incerteza para o ponto de 0,5 A, referente a 90 dias.

Fonte: Autores (2016)

Tabela 19: Cálculo de incerteza para o ponto de 3 A, referente a 90 dias.

Fonte: Autores (2016)

Para 1 ano após a calibração, tem-se os resultados das incertezas na Tabela


20 para 0,5 A e na Tabela 21 para 3 A.
97

Tabela 20: Cálculo de incerteza para o ponto de 0,5 A, referente a 1 ano.

Fonte: Autores (2016)

Tabela 21: Cálculo de incerteza para o ponto de 3 A, referente a 1 ano.

Fonte: Autores (2016)

Com isso, percebe-se a variação da estabilidade em relação ao tempo


decorrido da calibração do padrão, bem como sua contribuição para grandes
alterações na incerteza. Esta variação encontra-se especificada no manual do
calibrador Fluke 5720A.
98

Para o ponto de 0,5 A, apresenta-se na Figura 63 a variação da estabilidade e


na Figura 64, a variação da incerteza.

Figura 63: Estabilidade durante 2 anos, referente ao ponto de 0,5 A.


Fonte: Autores (2016)

Figura 64: Incerteza durante 2 anos, referente ao ponto de 0,5 A.


Fonte: Autores (2016)
99

Para o ponto de 3 A, apresenta-se na Figura 65 a variação da estabilidade e


na Figura 66, a variação da incerteza.

Figura 65: Estabilidade durante 2 anos, referente ao ponto de 3 A.


Fonte: Autores (2016)

Figura 66: Incerteza durante 2 anos, referente ao ponto de 3 A.


Fonte: Autores (2016)
100

8.4 Avaliação do tempo de calibração

O gráfico da Figura 67 compara os tempos médios das calibrações manuais e


automáticas

Tempo de calibração (Horas)


04:19:12
03:50:24
03:21:36
02:52:48
02:24:00
Manual
01:55:12
Automática
01:26:24
00:57:36
00:28:48
00:00:00
Total

Figura 67: Tempo médio de calibração total.


Fonte: Autores (2016)

Observou-se uma redução de aproximadamente 78% no tempo de calibração


total. Em média, o tempo de realização das medições passou de 3 h 55 min para 52
min 17 s.

Nas escalas de tensão, alternada e contínua, obteve-se valores de redução


variando entre 70% a 83%. Exibe-se o gráfico total dessas escalas na Figura 68.
101

Tempo da calibração (Horas)


01:26:24

01:12:00

00:57:36

00:43:12 Manual
Automática
00:28:48

00:14:24

00:00:00
DCV ACV

Figura 68: Tempo médio de calibração das escalas de tensão.


Fonte: Autores (2016)

A maior redução foi encontrada nas escalas de corrente, em especial a


corrente DC, onde se obteve uma redução de aproximadamente 88%. O tempo
médio de calibração para esta grandeza reduziu de 39 min 18 s para 4 min 50 s. Nas
escalas de corrente AC também se obteve bons desempenhos com reduções entre
80% a 85%. Na Figura 69 exibe-se o gráfico das escalas de corrente.

Tempo de calibração (Horas)


01:26:24

01:12:00

00:57:36

00:43:12 Manual
Automática
00:28:48

00:14:24

00:00:00
DCI ACI

Figura 69: Tempo médio de calibração das escalas de corrente.


Fonte: Autores (2016)
102

Apresenta-se na Tabela 22 os tempos médios levantados durante as


calibrações.

Tabela 22: Tempo médio de serviço de calibração.


Procedimento Tempo de Calibração Manual Tempo de Calibração Automática Redução (%)

Escalas VDC 39 min 30 s 11 min 40 s 70,46


Escalas VAC - 60 Hz 32 min 45 s 8 min 48 s 73,13
Escalas VAC - 1 kHz 26 min 12 s 4 min 34 s 82,57
Escalas VAC - 100 kHz 19 min 39 s 3 min 11 s 83,8
Escalas IDC 39 min 18 s 4 min 50 s 87,7
Escalas IAC - 60 Hz 39 min 18 s 7 min 38 s 80,58
Escalas IAC – 1 kHz 39 min 18 s 6 min 2 s 84,65
Preencher cabeçalho - 5 min 34 s -

Total 3 h 55 min 52 min 17 s 77,85


Fontes: Autores (2016)

Encontrou-se maior redução de tempo na parte específica da medição,


englobando o ajuste do valor, a estabilização da leitura e o registro na planilha. Além
disso, observou-se grande demanda de tempo da calibração manual no
preenchimento do cabeçalho da planilha, procedimento que se realiza a cada escala
verificada, ao passo que, na calibração automática, o preenchimento se dá somente
uma vez, no início da calibração.
103

8.5 Análise da calibração automatizada

Para análise dos valores encontrados, tomou-se como referência uma


calibração executada manualmente por um técnico metrologista do CA1, capacitado
à realização do serviço. Em seguida procedeu-se a execução dos seguintes
métodos: comparação direta dos valores e cálculo do erro normalizado.

Nas tabelas abaixo, apresentam-se os valores encontrados na calibração


manual, sendo: Tabela 23 Tensão DC; Tabela 24, Tabela 25 e Tabela 26 Tensão
AC; Tabela 27 Corrente DC; Tabela 28 e Tabela 29 Corrente AC.

Tabela 23: Calibração das escalas de tensão contínua.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(V) (V) (V) (%) (%) k
49,99995 m 49,999 m -0,002 0,0030 2,00
200 m 99,99989 m 99,999 m -0,0009 0,0030 2,00
150,00002 m 149,999 m -0,0007 0,0030 2,00
500,0000 m 500,00 m 0,00 0,0030 2,00
2 999,9998 m 1,00000 0,00002 0,0030 2,00
1,4999998 1,50000 0,00001 0,0030 2,00
4,999997 5,0000 0,00006 0,0030 2,00
20 9,999996 10,0000 0,00004 0,0030 2,00
14,999994 15,0001 0,0007 0,0030 2,00
49,99995 50,000 0,0001 0,0030 2,00
200 99,99992 100,000 0,00008 0,0030 2,00
149,99982 150,000 0,0001 0,0030 2,00
250,00048 250,001 0,0002 0,0030 2,00
1000 500,0008 500,00 -0,0002 0,0030 2,05
800,0014 800,00 -0,0002 0,0030 2,00
Fontes: Autores (2016)
104

Tabela 24: Calibração das escalas de tensão alternada, frequência 60 Hz.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(V) (V) (V) (%) (%) k
49,9994 m 49,98 m -0,04 0,070 2,00
2
99,9997 m 99,96 m -0,04 0,070 2,00
00 m
149,9997 m 149,9 m -0,07 0,070 2,00
499,9958 m 499,8 m -0,04 0,070 2,00
2 999,9987 m 999,7 m -0,03 0,070 2,00
1,500000 1,499 -0,07 0,070 2,00
4,999988 5,000 0,0002 0,070 2,09
20 10,00003 9,999 -0,01 0,070 2,00
15,00001 15,00 -0,00007 0,070 2,00
49,99916 49,99 -0,02 0,070 2,00
200 99,9991 99,98 -0,02 0,070 2,65
149,9989 150,0 0,0007 0,070 2,03
250,0017 249,9 -0,04 0,070 2,00
1000 399,9999 399,9 -0,02 0,070 2,00
499,9993 499,9 -0,02 0,070 2,00
Fontes: Autores (2016)

Tabela 25: Calibração das escalas de tensão alternada, frequência 1 kHz.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(V) (V) (V) (%) (%) k
49,9993 m 49,98 m -0,04 0,070 2,00
200 m 99,9995 m 99,96 m -0,04 0,070 2,00
149,9992 m 149,9 m -0,07 0,070 2,00
499,9967 m 499,9 m -0,02 0,070 2,00
2 999,9990 m 999,7 m -0,03 0,070 2,00
1,499996 1,500 0,0003 0,070 2,00
24,99972 25,00 0,001 0,070 2,00
49,99926 49,99 -0,02 0,070 2,00
200
99,9990 99,98 -0,02 0,070 2,00
149,9988 150,0 0,0008 0,070 2,00
250,0071 249,9 -0,04 0,070 2,00
1000 400,0088 399,9 -0,03 0,070 2,00
500,0108 499,8 -0,04 0,070 2,00
Fontes: Autores (2016)
105

Tabela 26: Calibração das escalas de tensão alternada, frequência 10 kHz.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(V) (V) (V) (%) (%) k
49,9996 m 49,98 m -0,04 0,070 2,00
200 m 99,9998 m 99,95 m -0,05 0,070 2,00
150,0002 m 149,9 m -0,07 0,070 2,00
499,9970 m 499,8 m -0,04 0,070 2,00
2 999,9996 m 999,6 m -0,04 0,070 2,00
1,500002 1,499 -0,07 0,070 2,00
24,99972 25,00 0,0008 0,070 2,00
49,99926 49,99 -0,02 0,070 2,00
200
99,9990 99,98 -0,02 0,070 2,00
149,9988 150,0 0,0005 0,070 2,00
Fontes: Autores (2016)

Tabela 27: Calibração das escalas de corrente contínua.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(A) (A) (A) (%) (%) k
50,00034 μ 50,00 μ -0,0007 0,080 2,00
200 µ 100,00028 μ 100,00 μ -0,0003 0,080 2,00
150,0007 μ 150,0 μ -0,0005 0,080 2,00
499,9966 μ 500,0 μ 0,0007 0,080 2,00
2m 999,9940 μ 1,0000 m 0,0006 0,080 2,00
1,499994 m 1,500 m 0,0004 0,080 2,00
4,999993 m 5,000 m 0,0001 0,080 2,00
20 m 9,999962 m 10,000 m 0,0004 0,080 2,00
14,99999 m 15,00 m 0,00007 0,080 2,00
50,00021 m 50,00 m -0,0004 0,080 2,00
200 m 100,00046 m 100,01 m 0,01 0,080 2,00
150,0009 m 150,0 m -0,0006 0,080 2,00
499,9948 m 500,0 m 0,001 0,080 2,00
2 999,9865 m 999,9 m -0,009 0,080 2,00
1,499974 1,4999 -0,005 0,060 2,00
3,000163 3,001 0,03 0,060 2,00
20 5,000255 5,002 0,03 0,060 2,00
7,00032 7,003 0,04 0,060 2,00
Fontes: Autores (2016)
106

Tabela 28: Calibração das escalas de corrente alternada, frequência 60 Hz.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(A) (A) (A) (%) (%) k
49,9999 μ 49,99 μ -0,02 0,060 2,00
200 µ 100,0003 μ 99,97 μ -0,03 0,060 2,01
150,0006 μ 149,97 μ -0,02 0,060 2,00
499,995 μ 499,8 μ -0,04 0,060 2,09
2m 999,996 μ 999,6 μ -0,04 0,060 2,00
1,499996 m 1,4995 m -0,03 0,060 2,00
4,99996 m 4,998 m -0,04 0,060 2,00
20 m 9,99997 m 9,996 m -0,04 0,060 2,00
14,99998 m 14,995 m -0,03 0,060 2,00
50,0002 m 49,98 m -0,04 0,060 2,00
200 m 100,0011 m 99,97 m -0,03 0,060 2,00
150,0013 m 149,95 m -0,03 0,060 2,00
499,998 m 499,8 m -0,04 0,060 2,00
2 999,999 m 999,5 m -0,05 0,060 2,00
1,499996 1,50 0,002 0,80 2,00
3,00007 3,00 -0,005 0,80 2,00
20 5,00019 5,00 -0,005 0,80 2,00
7,00020 7,00 -0,005 0,80 2,00
Fontes: Autores (2016)

Tabela 29: Calibração das escalas de corrente alternada, frequência 1 kHz.

Valor de Valor Fator de


Escala Referência Medido Desvio Incerteza Abrangência
(A) (A) (A) (%) (%) k
49,9989 μ 49,98 μ -0,04 0,060 2,00
200 µ 99,9972 μ 99,97 μ -0,03 0,060 2,00
149,9958 μ 149,96 μ -0,03 0,060 2,00
499,995 μ 499,9 μ -0,02 0,060 2,00
2m 999,987 μ 999,7 μ -0,03 0,060 2,00
1,499986 m 1,4995 m -0,03 0,060 2,00
4,99997 m 4,999 m -0,02 0,060 2,00
20 m 9,99990 m 9,997 m -0,03 0,060 2,00
14,99993 m 14,995 m -0,03 0,060 2,00
49,9998 m 49,99 m -0,02 0,060 2,00
200 m 100,0001 m 99,98 m -0,02 0,060 2,00
150,0000 m 149,96 m -0,03 0,060 2,00
499,999 m 499,9 m -0,02 0,082 2,00
2 1,000010 999,7 m -0,03 0,073 2,00
1,499969 1,500 0,002 0,11 2,00
3,00033 2,999 -0,04 0,14 2,00
20 5,00068 4,999 -0,03 0,14 2,00
7,00077 6,998 -0,04 0,13 2,00
Fontes: Autores (2016)
107

8.5.1 Comparação direta dos valores

Para este método observou-se os resultados da calibração manual em


comparação com os obtidos de forma automática presente nos certificados contidos
no anexo 2.

Notou-se que os valores encontrados para a incerteza foram idênticos para


todos os pontos verificados. Manteve-se o grau de confiabilidade de
aproximadamente 95% mesmo com a variação do fator de abrangência k em alguns
dos pontos calibrados.

Observou-se pequena variação em alguns pontos nos valores medidos, e por


consequência nos desvios percentuais, porém esta variação se encontra dentro do
intervalo da incerteza de medição. Para demonstrar a consistência das medições,
analisou-se o ponto de 1,5 VAC, 60 Hz, onde houve maior divergência entre a
medição manual e automática.

O valor medido manualmente foi de 1,499 V com incerteza percentual de


0,070 e fator de abrangência k igual a 2,00. Dessa forma, espera-se que os valores
encontrados em aproximadamente 95% das medições estejam entre 1,498 V e
1,500 V. O valor encontrado da calibração automática foi de 1,500 V sendo
compatível com os valores esperados.

8.5.2 Cálculo do erro normalizado

Para a análise mais profunda acerca da consistência dos resultados optou-se


pelo calculo do erro normalizado. Este parâmetro indica a compatibilidade entre os
valores comparados, quando seu módulo for 1. Nesse caso, assegura-se que os
valores de referência, obtidos na calibração manual, encontram-se no intervalo dos
valores da calibração automática, considerando a incerteza de ambos (INMETRO,
2008).
108

O erro normalizado é expresso por:

(8.5.2.1)

Onde,
= Erro normalizado;
= Resultado obtido na calibração automática;
= Resultado obtido na calibração manual;
= Incerteza da medição do resultado obtido na calibração automática;
= Incerteza da medição do resultado obtido na calibração manual.

Na Tabela 30 apresentam-se os erros normalizados encontrados nos pontos


de maior divergência entre as calibrações.

Tabela 30: Cálculo do erro normalizado.


Ponto
1,5 V 60 Hz 50 µA 60 Hz 150 µA 60 Hz 3 A 1 kHz
verificado
Valor
medido 1,499 V 49,99 µA 149,97 µA 2,999 A
(Manual)
Incerteza
0,0010 V 0,030 µA 0,090 µA 0,0042 A
(Manual)
Valor
medido 1,500 V 49,98 µA 149,95 µA 3,000 A
(Automática)
Incerteza
0,0010 V 0,030 µA 0,090 µA 0,0042 A
(Automática)
0,7 0,2 0,1 0,2
Fontes: Autores (2016)
109

Observou-se um valor máximo do erro normalizado de 0,7, garantindo assim


a compatibilidade entre os resultados.

9 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

O presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento e validação de um


sistema automatizado de calibração para o multímetro de precisão Fluke 8508A,
abrangendo as escalas de Tensão Contínua, Tensão Alternada, Corrente Contínua e
Corrente Alternada. O projeto atingiu os objetivos em relação à confiabilidade e
redução do tempo de serviço, estando o sistema avaliado conforme os requisitos da
Norma NBR ISO/IEC 17025:2005.
Através das calibrações manuais e automatizadas executadas, foi possível
verificar a confiabilidade do sistema ao longo das escalas. Ao se adotar a calibração
manual como referência, foi possível calcular o erro normalizado, que indica a
compatibilidade de medidas de calibrações distintas quando seu modulo é menor ou
igual a 1. O valor máximo encontrado para o erro normalizado foi de 0,7, o que
garante a consistência dos resultados. Também se observou a redução real do
tempo de serviço. Em linhas gerais, a redução foi de 77,85% do tempo total
demandado, chegando a 84,65% na escala de corrente alternada a 1kHz.
Observou-se a redução da suscetibilidade a erros de digitação, visto que os
dados são inseridos na planilha diretamente pelo software.
A metodologia para a estimativa da incerteza foi mantida, garantindo o grau
de confiabilidade das medições de aproximadamente 95%.

Como proposta para trabalhos futuros recomenda-se:

 Criar interface para ajuste dos valores a serem calibrados e número de


medições por ponto, buscando maior flexibilidade de utilização;
 Possibilitar o a execução do programa via acesso remoto;
 Estender a automatização a outros instrumentos de medição.
110

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COUTO, Paulo Roberto Guimarães; MONTEIRO, Luiz Carlos. A função de


um laboratório de metrologia de acordo com o contexto de globalização. 2000.

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específica da gasolina pelo ISO GUM 95 e Método de Monte Carlo e seu
impacto na transferência de custódia. Escola de Química/UFRJ, 2006.

GUM, ISO. "Guia para a Expressão da Incerteza de Medição, 3a edição


brasileira." Rio de Janeiro: ABNT e INMETRO (2003).

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE


INDUSTRIAL (INMETRO). Expressão da Incerteza de Medição na Calibração.
Versão Brasileira do Documento de Referência EA-4/02. Rio de Janeiro, 1999.

INMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade


Industrial. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/metlegal>. Acesso em 19 de
agosto, 2016.

INMETRO, VIM: Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e


Gerais de Metrologia. Portaria nº 29 de 10/03/1995, 3ª edição, tradução da
publicação original da ISO, 2003.

INMETRO. Orientação sobre Validação de métodos analíticos. DOQ-CGCRE-


008, revisão 3, 2010.

KRONENBERG, José Luiz Machado. Contribuiçoes para o fortalecimento


do laboratório nacional brasileiro de metrologia de tempo e freqüência. 2007.
Tese de Doutorado. PUC-Rio.
111

MAGALHÃES, João Gabriel de; NORONHA, José Leonardo. Sistema de


gestão da qualidade para laboratório de metrologia de acordo com a NBR
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MANUAL DE OPERAÇÃO FLUKE. 5700 Series II Multi-Function Calibrator.


USA, 1996.

MANUAL DE OPERAÇÃO FLUKE. 8508A Reference Multimeter, Rev. 6.


USA, 2002.

MULLER, Gabriela; DINIZ, ACGC. Entendendo a Norma ABNT ISO/IEC


17025: 2005. In: Anais do XIV Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia
Mecânica CREEM 2007. 2007.

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sistemas LabVIEW. Disponível em <http://www.ni.com/labview/pt> Acesso em 23 de
julho, 2016.

OLIVEIRA, Mariela CA; LABAKI, Lucila C. A importância do instituto


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tensões residuais através do método do furo cego. 2013.

PIZZOLATO, Morgana. Mapeamento da estrutura global que fornece


confiança às medições: análise da inserção brasileira. 2006.

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VINGE, Jose J. O Perfil do Profissional de Nível Superior de Metrologia,


face aos Novos Desafios Cientificos e Tecnologicos: Estudo de Caso
Inmetro/Dimci. Dissertação (Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão) –
Centro Tecnológico, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2004.
113

ANEXO 1

A Figura 70 mostra a tabela da distribuição Student ou distribuição-t para v


graus de liberdade que define um intervalo de confiança para abranger a fração p da
distribuição.

Figura 70: Distribuição student


Fonte: INMETRO, 2012
114

ANEXO 2

Certificados de Calibração CA1-260/2016 e CA1-261/2016

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