Você está na página 1de 2

A Joia dos Desejos

Estudo 1i
A vida é paciente para ver as soluções orgulhosas retornarem, uma a uma, à
realidade comum a todos. Quando buscarem apoio novamente em vocês, o
que dirão? Que ajuda verdadeira poderão dar?

Nesse primeiro ponto do texto o Lama acabou de apresentar o samsara, a


visão das energias e imagens condicionadas que nos prendem por acharmos
que o mundo se apresenta de maneira externa sobre nós. Perceber o samsara
é perceber o jogo das justificativas externas que carregamos, a impossibilidade
que temos de simplesmente *criar o nosso tempo, criar a nós
mesmos/as* porque, de alguma forma, achamos que *estamos
prontos/as*. Achar que estar pronto é uma das formas que o samsara nos
pega porque nosso orgulho sutil nos carrega aos mundos já conhecidos onde
somos mestres/mestras do jogo (seja qual seja a nossa posição: mestres/as da
carência, mestres/as da culpa, mestres/as da comparação). Ver o samsara é
uma benção porque geralmente estamos dentro dele. Perceber os jogos e o
cansaço é uma benção porque podemos descobrir que esse peso é
nosso. *Mas o grande diferencial é quando começamos a desconfiar que
todas as pessoas queridas estão seguindo essa cartilha e o resultado,
seja qual for o prazo, não vai ser interessante.* Nossas pessoas queridas,
"vão defrontar-se com essa situação", sem querer elas vão se encontrar
diretamente com os limites da percepção do mundo delas. "Vão alegrar-se com
o que é irreal, buscar apoio onde não há sabedoria". Essa parte é muito difícil
de ser contemplada, como é possível que em uma socidade tão complexa
tecnologicamente, nós estejamos cada vez mais experts em mergulhar fundo
na ilusão de que o mundo externo irá aplacar a nossa insatisfação. Tudo – por
mais sofisticado ou familiar que seja - será envolvido pela repetição do karma e
pelo tempo. Aqui, o Lama aponta diretamente para deixar essa compreensão
nos atravessar, nos expormos a ela através de perguntas: “quando buscarem
apoio novamente em vocês, o que dirão?” Perceber a nossa limitação é
mesmo “como ver alguém se afogando e não poder ajudar. É como ver a casa
queimando e não poder retirar os filhos dentro”. Aqui, o Lama inicia essa
jornada nos convidando a nos comprometermos com o mundo e, por isso, com
nós mesmos/as porque não há essa separação ao final. *Treinar a exposição
ao conhecimento das próprias limitações e das limitações dos outros é
um exercício importante e nos previne de muitas dificuldades como
acharmos que somos especiais ou que os outros são, de algum modo,
piores que nós*. Essa é a ideia de bodhicita, o coração desperto, essa zona
sensível e aberta que passamos a aprender a habitar.

Exercício para a sua agenda: Pare um pouco, respire e treine essa condição
aberta durante essa semana. Conecte-se com as pessoas próximas e, embora
reconheça a limitação da busca delas, deseje que sejam realmente plenas e
felizes. Faça isso uma ou duas vezes por dia, sempre que puder, retorne o
coração para essa condição.Sinta, repentinamente, aquele ser completamente
feliz e pleno, sorrindo para você, finalmente relaxado/a.

i
Estudo correspondente a página 13 do livro Joia dos Desejos, do Lama Padma Samten (2001)

Você também pode gostar