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REGENERAÇÃO – PIAUÍ
2018
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REGENERAÇÃO – PIAUÍ
2018
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_________________________________________________________________
Profa. Esp. Rejane Maria de Moura Fé
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Prof. MSc. Sérgio de Sousa Ribeiro
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Profa. Esp. Wilma Carvalho Lopes
REGENERAÇÃO – PIAUÍ
2018
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AGRADECIMENTOS
“Não é razoável condenar as mulheres ou rir delas, se elas querem mais do que
os costumes definiram como sendo o necessário para seu sexo”.
CHARLOTE BRÖNTE
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RESUMO
ABSTRACT
The role of women in English society has been highlighted historically through short
stories, films and literary genres. The transformation of the woman is the scene of great
highlights and trajectories before retrograde discourses on the behavior that the same
should obtain by the simple fact of the condition that was imposed to him patriarchal.
Female supremacy is one of the characteristics of evolution within and of the literary
universe as shown in the fictional work Jane Eyre de Charllote Brontë, relating biography
and historical context that will serve as an objective of the work to analyze the
representation of women in the nineteenth century in English society and as this reflects
today. The research was carried out based on a methodological contribution of a
bibliographical nature, in the conceptions of theorists such as Cevasco & Siqueira (1985)
e Funck (2011) among others. After the research it was possible to infer that the personage
of the work is a woman who follows the rules of society, but who exposes her opinions
in order to defend what she believes, aiming for her freedom, respecting the differences
and fighting against the precepts of the time in pursuit of happiness. Charlotte Brontë's
novels, therefore, present great potential for historical analysis, especially to the studies
of gender and writing of female authorship of the nineteenth century.
SUMÁRIO
INGLESA ......................................................................................................................15
.........................................................................................................................................24
REFERÊNCIAS ........................................................................................,...................41
ANEXOS .......................................................................................................................43
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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Estudar e discutir a obra Jane Eyre de Charlotte Brontë sob a perspectiva feminista
não é algo novo. Muito se tem escrito sobre esta obra como uma representante ímpar de
ficção que sugere debates importantes sobre a mulher e seu papel na sociedade.
A obra Jane Eyre (1847) de Charlotte Brontë faz um relato da opressão feminina
na primeira metade do século XIX na Inglaterra. A protagonista, que dá nome ao livro,
narra seus sonhos, ilusões, dúvidas e sua luta para consolidar-se como pessoa atuante em
uma sociedade que impunha à mulher o destino de se submeter ao papel de esposa e de
mãe. A autora destaca as únicas profissões que eram possíveis de serem seguidas naquela
época e sociedade: a de ser professora e governanta.
Nessa perspectiva, o questionamento que se fez presente durante o estudo é como
a literatura inglesa influenciou na representação da mulher na assimetria em relação ao
homem em uma época moralista e disciplinada e que posição social a mulher passou a
assumir com a literatura na sociedade através das obras de escritoras especificamente na
obra Jane Eyre?
A resposta a essa pergunta pode estar ligada a diferentes temas, mas espera-se
encontrar que mediante os conceitos do masculino e do feminino construídos
historicamente, fruto das relações sociais que está ligado aos valores que foram sendo
transmitidos ao longo das gerações.
A maioria das sociedades apregoa a existência de papéis diferentes para homens
e mulheres, onde cada um representa um papel social, desempenhado em interação com
o outro. Pode-se ter a ideia de que homens e mulheres vivem em universos distintos,
entretanto, as relações entre ambos são interligadas, tanta na esfera pública quanto
privada. Segundo Pacheco e Sousa (2011, p. 13) “a escritora inglesa constrói heroínas
independentes que são conscientes do poder de fazer rir. (...), as heroínas riem quando
querem em reação à percepção da sociedade sobre o lugar que a mulher da época ocupa.”.
O objetivo geral da pesquisa é analisar os efeitos da situação da mulher na
sociedade inglesa e tendo como específicos abordar a importância da literatura inglesa
para o protagonismo da mulher, refletir que contribuições as mulheres trouxeram para a
literatura como também para a história da sociedade contemporânea e examinar o
romance Jane Eyre sobre os aspectos urbanos e emocionais que envolvem a natureza da
mulher.
A pesquisa também foca a era Vitoriana que na literatura é marcada por aproximar
o leitor do cotidiano no período em se passava a história, traz uma moralidade, o
idealismo, e o enredo é baseado na resolução de um conflito. A literatura em si é vista
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como uma mera representação da tradição por serem estabelecidas no final do século XIX
pela instituição literária que era predominantemente masculina onde as mulheres eram
tratadas com desigualdade ocupando uma posição inferior no corpo social em que viviam.
A relevância do trabalho pode ser considerada de irrefutável indispensabilidade,
pois; entender como a mulher adquiriu seu espaço ao longo dos tempos e que tipos de
situações e guerras emocionais que as mesmas enfrentaram para se estabelecerem em uma
sociedade machista e preconceituosa baseada em valores retóricos e arcaicos. O
empoderamento da mulher atual descreve como sendo um fato primordial para se
entender o contexto social ao qual estamos inseridos.
Iniciando o percurso até a análise da obra Jane Eyre, o primeiro capítulo abordara
sobre os aspectos metodológicos sendo considerada como um estudo teórico, ou seja,
bibliográfico e descritivo.
Para uma maior reflexão em torno do papel da mulher na sociedade inglesa e o
seu crescimento na literatura, o segundo capítulo apresenta questões que envolvem
historicamente aspectos da Era Vitoriana marcada pelo reinado da rainha Vitória, o
âmbito social envolvendo o puritanismo impondo o comportamento e o pensamento
patriarcal de um povo enraizados desde os primórdios.
No terceiro capítulo será abordado sobre a escritora Charlotte Brontë trazendo
características do período histórico em que viveu, a representação da sua figura feminina
ressaltando a sua contribuição para os estudos literários.
E por fim foi realizada uma análise e discussões dos resultados sobre a obra
emblemática Jane Eyre que terá como fundamentação a opinião de autores que
explicitarão o diálogo com o objeto pesquisado.
O feminismo enquanto movimento possibilitou às mulheres de todo o mundo
muitas reflexões sobre liberdade, a independência e a igualdade diante dos homens e
promoveu mudanças nas ficções das mulheres e sobre mulheres. Se não possibilitou a
liberdade na vida de mulheres no mundo inteiro, por exemplo, ao menos abriu espaço no
meio literário e talvez educacional para iniciar uma rejeição a formas do patriarcalismo.
Assim, a marginalidade da escrita feminina, pode fazer com que a mulher ousasse sair da
sombra dos pseudônimos masculinos para assumir a sua verdadeira identidade.
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O objeto pesquisado será a obra Jane Eyre de Charlotte Brontë que foi publicada
em 1847.
Do ponto de vista da natureza a pesquisa será básica, pois irá gerar conhecimentos
científicos sem aplicabilidade imediata. Conforme a abordagem do problema a pesquisa
será qualitativa, que implica “uma ênfase nas qualidades das entidades e nos processos e
significados que não são examinados ou medidos experimentalmente quanto à
quantidade, volume, intensidade ou frequência” (DENZIM; LINCOL, 2006, p. 23).
A literatura permite que haja uma interação com o tempo vivenciado pois “esta
epopeia do coração e da família, é, felizmente infinitamente mais rica. Ela fala do
cotidiano e dos estados da mulher, inclusive pelas que nela se intrometeram” (PERROT,
2005, p.13).
Segundo Perrot (2005) as produções literárias poderiam apenas se tratar de
romances baseados em uma história de amor mais a literatura aborda interações nas
relações sociais, as estruturas do gênero, tipos de discurso e compartilha do tempo e
espaço em que os fatos ocorreram em diferentes épocas.
apareceram romancistas que misturavam o drama elisabetano e uma arte popular como
fica exposto na citação a seguir:
Charles Dickens !1812-1870), o maior entre os vitorianos, ilustra esse
duplo aspecto do escritor da época. Elogiado pela crítica
contemporânea, principalmente pela diversidade de sua obra, pelo
humor e pela vida que soube incutir em seus personagens, foi também
um escritor extremamente popular, que sempre soube manter uma
estreita relação com seu público. Publicados em fascículos em revistas
mensais, seus romances conquistaram corações e mentes, nos dois lados
do Atlântico. (CEVASCO & SIQUEIRA, 1985, p. 55).
Conta-se, por exemplo, que o navio que levava para os Estados Unidos
um dos capítulos de The Old Curiosity Shop era esperado por uma
multidão, que perguntava ansiosa ao capitão se a pequena Nell,
personagem do romance, morrera. A publicação em fascículos mensais
deu as obras de Dickens uma estrutura episódica, onde cada capítulo
tinha, via de regra, um final cheio de suspense, de forma que o leitor se
sentisse motivado a comprar o próximo número.
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Período de paz sentido desde o fim das Guerras Napoleónicas que teve como consequência uma maior
expansão do Império Britânico.
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Não se sabe onde Emily foi buscar a inspiração e a mestria para escrever
uma obra desse calibre. Filhas de um pároco de Yorkshire, órfãs de mãe,
ela e suas irmãs foram criadas quase como reclusas. Entre suas
brincadeiras prediletas estavam escrever e dramatizar histórias. Até aí,
uma infância quase normal, que não explica a energia criadora que fez,
pelo menos de Charlotte e Emily, grandes romancistas.
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Designa uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes
radicais depois da Reforma.
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razão masculina, pois, a mulher aparece obtendo acesso à arte, à ciência e a literatura. O
período conhecido como o de caça às bruxas no fim do século XIV até meados do século
XVIII generalizou-se em toda a Europa e os Estados Unidos durando mais de quatro
séculos que tinha como principal objetivo uma campanha comandada pela igreja e pela
classe dominante contra as mulheres da população rural ((EHRENREICH & ENGLISH,
1984). Sabe-se que como resultado dessa campanha várias pessoas foram julgadas e
mortas sendo que 80% eram mulheres, sendo crianças e moças que haviam herdados este
mal.
Vale ainda ressaltar que as bruxas eram as parteiras, as enfermeiras e as assistentes
que conheciam como curar os males da época através das plantas medicinais e que
passavam seus conhecimentos para suas futuras gerações. Os estereótipos das bruxas
eram caracterizados por mulheres de aparência desagradável, velhas e com mentes
perturbadas, mas também havia aquelas de beleza estonteante que haviam se recusado a
manter algum tipo de envolvimento com os homens poderosos, padres e homens casados.
As bruxas representavam para o movimento feminista não somente a resistência, força,
coragem mas a rebeldia por novas conquistas.
No século XVIII surge uma nova faceta feminina, a dona de casa, mulher santa e
mãe dedicada. Eram educadas de forma frigidas e não podiam demonstrar prazer algum,
pois era vergonhoso e coisa do Diabo. Nesse período também as instruções educacionais
aconteciam de maneira clandestina ou apenas em casa onde as mães ensinavam suas filhas
afazeres do lar. Dentre as principais características de uma moça estavam a inocência,
responsabilidade, a virtude e a fidelidade ao seu cônjuge.
A revolução industrial também contribuiu para alguns direitos das mulheres em
várias profissões, pois a mesma passa a ter direito a educação como aparece em vários
contextos históricos em particular nos romances das irmãs Brontë.
Antes do início do século IX a mulher já surgia na literatura inglesa exercendo
grande poder intelectual e cultural. Entre os anos de 1775 – 1817 surge na literatura as
obras de Jane Austen, em seus escritos traz uma profundidade marcante em seus
personagens e um heroísmo destacável no sexo feminino. Para Cevasco e Siqueira (1985,
p. 52) a obra de Austen revela que “seu mundo é o doméstico, é o das casas dos nobres e
abastados da província, cuja vida rotineira segue indiferente as convulsões sociais que
agitam a Inglaterra. No entanto, com sua narrativa sutil e seus diálogos espontâneos, Jane
Austen foi capaz de criar personagens reais, com vícios e virtudes”.
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O livro da Elaine Showalter (1977) trouxe novas literaturas e tem como objetivo
resgatar a história de mulheres escritoras que haviam sido negligenciadas e esquecidas
pois o cunho literário predominante era do sexo masculino.
Na citação a seguir que estão presentes no seu livro lhe dá mais seguridade sobre
a sua opinião segundo Di Eddy Louis (1852) que a fraqueza da literatura feminina no
século XIX era imitar ou buscar imitar uma literatura masculina. A literatura feminina
deveria ser escrita por mulheres como mulheres, sobre as experiências pelas quais elas
passavam e sobre uma perspectiva feminina. (SHAWALTER, 1977)
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John Stuart Mill (1869) ele disse que a dificuldade que as mulheres tinham ao
escrever era superar a influência da tradição literária masculina e também uma dificuldade
de criar uma arte que fosse independente e original “somente se as mulheres vivessem em
um pais ou em um universo só delas, elas conseguiriam escrever uma literatura toda
delas”. (SHAWALTER, 1977)
A literatura feminina do século XIX era vista em contrapartida, comparada e
sempre vista como inferior a literatura masculina, sendo considerada dominada e
opositora. Diante de tais afirmações a obra literária era vista como um grupo a parte de
segundo plano e por causa disso muitos críticos deixaram de analisar inteiramente o
conteúdo e negligenciaram as peculiaridades de cada escritora, levando em conta apenas
o que essas mulheres tinham em comum que era o fato de serem mulheres.
Ainda de acordo com a autora (1977) falar de literatura feminina de língua inglesa
automaticamente alguns nomes são remetidos como as escritoras citadas anteriormente,
mas além dessas existiam grandes outras que ficaram esquecidas e que no livro são
relembradas.
Segundo Elaine Showalter (1977) a escrita feminina passou por diversas fases e
subordinação, protesto e autonomia. E essas fases trazem motivos em comum, temas em
comum, metáforas, imagens, dramas recorrentes enfim toda a busca através do estudo da
escrita, da produção literária feminina a partir de 1832. A partir de 1840 de acordo com
autora se faz uma análise sobre a profissionalização da mulher como escritora, a mulher
escrevia apenas como um passatempo e não como profissão.
Por causa desses tipos de comentários a autora faz a seguinte indagação Por que
que a literatura escrita por mulheres foi por tanto tempo vista e analisada de uma maneira
fragmentada e parcial? Sobre isso apresenta duas hipóteses a primeira está relacionada a
crítica feminina se baseou na grande tradição que eram trabalhos sobre grandes nomes da
literatura feminina como Jane Austen e Virginia Woolf esquecendo em outros trabalhos
que eram cânones literários universais. A segunda suposição é baseada nos estereótipos
do papel da mulher, sobre o que é uma mulher, o que significa ser uma mulher, como uma
mulher deve se comportar e quais são os temas ideais para serem expostos por uma mulher
escritora. Para isso Showalter (1977) analisou diferentes subculturas femininas, entre elas
judias, negras, indo-americanas, canadenses entre outras, e o resultado da sua pesquisa
foi que a maioria passa por subculturas em três fases distintas.
Para a autora as esferas culturais é:
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Para apresentar a obra Jane Eyre as autoras Cevasco e Siqueira (1985, p. 58)
descrevem da seguinte maneira:
Essa afirmação remete que Charlotte Brontë faz uma mesclagem entre os
diferentes sentimentos explorando o sentimentalismo das paixões e questões polêmicas
pois durante o enredo deixa transparecer nitidamente a força da mulher, a ousadia em se
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jogar em questões que a autora acredita e inversamente troca os papeis pois demonstra o
lado masculino como frágil, sentimental e totalmente dependente do sexo feminino, pois
ao se apaixonar torna-se submisso dos desejos da mulher. Nas palavras de ROCHA (2008,
p. 15):
No que se refere a questões sociais Santarrita (1983) define Jane Eyre como uma
narrativa sem muito rebuscamento e comum aonde a personagem luta para ser conhecida
pelo aquilo que acredita onde na Inglaterra a posição social é imposta descensionalmente
ou em movimento ascendente.
A história é contada pela protagonista Jane Eyre e se passa em espaços
diferenciados de acordo com o desenrolar da trama. No início ela vive em Gateshead Hall
onde vive com seus parentes e os quais lhe criaram desde que seu tio que possuía sua
guarda falecera. Nessa passagem a personagem sofre assédios físicos e morais por não se
comportar como as demais crianças.
Outro espaço é na escola Lowood que prepara as meninas para viverem em
sociedade patriarcal, respeitando as regras e normas da época. Nesse mesmo cenário ela
tem apoio e ajuda da sua única amiga Helen Burns e a sua preceptora Miss Temple quem
a protegia dos castigos. Miss Temple, apesar de ser uma mulher de princípios feministas,
mostra a Jane que as regras da sociedade sempre vencem:
Eu tinha aprendido alguma coisa do seu gênio e muito dos seus hábitos.
Pensava mais harmoniosamente. Parecia-me que ideias mais sensatas
povoavam o meu cérebro. Imolava-me ao dever à ordem. Vivia
tranquila e acho que contente: aos olhos dos outros, mais do que aos
meus próprios, era um caráter domado e contido. (BRONTË, 2008, p.
55)
Thornfield Hall é o espaço aonde ocorre o ápice da trama que conforme Gordon
(1997) a tradução de Thornfield é “campo de espinhos”. Da mesma forma que o nome da
casa transmite o sentimento de sofrimento, Jane também sofrerá muito ao vivenciar
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diversas situações de provações. É possível notar que nesse espaço Jane sofre muito pela
dúvida do amor correspondido e depois por descobrir o impedimento de matrimônio com
Rochester.
Rochester é o seu par romântico na trama por quem Jane se apaixona loucamente
mas não aceita se tornar sua amante por acreditar que o mesmo lhe esconde algo, como
mostra a fala,
Eu velo por mim. Quanto mais abandonada, quanto mais sem amigos,
quanto mais desamparada estiver, mais devo me respeitar. Sustentarei
a lei deixada por Deus e sancionada pelo Homem. Sustentarei os
princípios que aprendi quando era sã, e não doida como agora. Leis e
princípios não foram feitos para as horas isentas de tentação: foram
criados para momentos como este, em que o corpo e a alma se insurgem
contra o seu rigor. São severos, devem ser invioláveis. Se pela minha
conveniência pessoal eu os pudesse derrogar, que seria da sua
dignidade? Sim, porque leis e princípios têm uma dignidade — como
sempre acreditei. E se agora hesito em cumpri-los é porque estou
alucinada — quase louca, as veias em fogo e o coração batendo tanto
que não lhe posso contar as pulsações. Os preconceitos, os ditames
antigos, são tudo o que eu tenho para me amparar neste instante. Neles
me apoiarei. (BRONTË, 2008, p. 197)
Jane Eyre é o segundo romance escrito por Charlotte Brontë, que foi publicado
em1846. O enredo conta a história de Jane Eyre, uma criança órfã que vive com a família
de seu tio que ao morrer deixou-a sob os cuidados de sua mulher. Jane é odiada por sua
tia e pelos primos. Quando Jane ainda era pequena, sua tia a manda para uma escola (uma
espécie de orfanato), onde a criança sofre muito, mas que durante os oitos anos que esteve
lá aprende o suficiente para se tornar uma professora e governanta. Com os
conhecimentos adquiridos, Jane consegue um emprego em Thornfield Hall – residência
de Mr. Rochester, por quem ela se apaixona.
Há algo de estranho na casa de Mr. Rochester que deixa Jane intrigada com alguns
acontecimentos. Porém, Jane se deixa levar pela novidade do sentimento do amor que
nunca experimentou na vida, acabando assim conquistando de vez Mr. Rochester, que até
então estava desiludido com um amor do passado. Quando Jane aceita se casar com
Rochester, no dia do casamento, ela descobre que ele já era casado e que sua mulher vivia
trancada na casa, por apresentar perturbações mentais. A história segue outro rumo
quando Jane foge de Rochester. Um tio a acolhe e logo em seguida deixa uma herança,
tornando Jane uma mulher rica. Em seguida, após um ano sem saber de Rochester, ela
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decide ir atrás dele e descobre que ele está cego, pois a casa onde ele morava pegou fogo,
sendo assim atingido. Jane aceita-o e, por fim, se casa com ele.
Charlotte Brontë aparece juntamente com suas irmãs numa época em que a
literatura, era um campo minado para as mulheres. Com efeito, esse período era dominado
pelos homens, o que deixava à escrita e o conhecimento das mulheres à margem da
literatura, sendo obrigadas a usarem pseudônimos masculinos para poder publicar suas
obras.
Na obra Jane Eyre, Charlotte cria um personagem feminino que foge à regra do
estereótipo submisso, sem valor e mudo. O que ela vai impor nessa personagem são
características que o movimento feminista propõe, ou seja, a Jane é uma mulher forte,
com necessidades de ser independente, não querendo para si a vida de uma mulher que
se submete a tudo e a todos. Charlotte Brontë diz:
fama apenas aumentou. Ela passou a administrar o espólio3 cultural de suas irmãs já
falecidas, cuidando pessoalmente da segunda edição dos livros das irmãs.
Em 1852 recebeu um pedido de casamentos, inesperado por parte de o pároco
auxiliar de seu pai, Sr. Arthur Bell Nicholls. No início relutou em aceitar, mas devido à
insistência dele acabou por concordar. Contraíram núpcias em 29 de Janeiro de 1854. O
casamento foi muito feliz, m as curto porque Charlotte faleceu no ano seguinte também
de tuberculose quando estava nos primeiros meses de gravidez.
Seu romance The Professor foi publicado postumamente em 1857 depois da
aprovação de seu marido que editou e reviu a obra.
Entrando em contato com a s obras das irmãs Brontë foi impossível não notar o
quanto a vida delas influenciou na criação de suas obras. Os fatos mais marcantes ficaram
imortalizados na sua literatura.
Charlotte não poupou suas experiências como preceptora quando escreveu Jane
Eyre, assim como sua irmã Anne quando escreveu Agnes Grey. O romance de Anne é
praticamente autobiográfico e linear, descreve a vida solitária e as humilhações sofridas
por uma preceptora, deixando em segundo plano a trama amorosa.
Já a trama de Charlotte é mais rica, além de abordar os aspectos da vida de uma
preceptora, a autora se preocupou muito com a trama amorosa envolvendo a personagem
principal e as reviravoltas que a vida dela teve no decorrer da história. Algo que chama
muita atenção é a descrição que ela faz da escola de Lowood onde a protagonista foi
mandada na infância, a inspiração de Charlotte foi a escola onde ela e suas irmãs foram
estudar, Clergy Daughters School em Cowan Bridge. O rigor do tratamento dado às
alunas, com castigos físicos inclusive, aconteciam na escola.
O outro romance de Anne, The Tenant of Wildfell Hall, chocou a sociedade
puritana inglesa porque contava a história de uma mulher que fugia do marido por não
mais suportar os maus tratos e se u vício em álcool. A personagem do marido foi inspirada
em seu irmão e sua vida desregrada que causava muito sofrimento e dor para ela e suas
irmãs, Branwell era viciado em álcool e ópio e acabou morrendo em decorrência disso.
Quando Charlotte se dedicava ao manuscrito de Shirley perdeu seus três irmãos e
por isso a história sofreu modificações em decorrência dessas tragédias. O romance reflete
bem esse período tem o foco mal direcionado, é mais angustiante, cheio de dúvidas.
Acredita-se que as personagens principais foram inspiradas em suas irmãs, Caroline
3
Conjunto de coisas que são tomadas ao inimigo numa guerra; despojo.
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Não havia muitas mulheres que chegavam a publicar livros, a pesar de que nessa
época Jane Austen já havia publicado todos seus romances. As autoras não compunham
o cânone literário ocidental.
Os escritos de mulheres sofriam preconceito, os assuntos eram considerados
domésticos demais. Os críticos d a época baseavam seu julgamento no acesso limitado
que as mulheres tinham. Os assuntos abordados pelas autoras tinham ligação ao seu
universo, sobre as limitações de seu espaço. Tratava-se de um protesto contra as
imposições culturais que sofriam.
As irmãs abordam a figura feminina livre de qualquer estereótipo pré-estabelecido
pela tradição literária. São mulheres muito distintas e com forte personalidade que lutaram
para manter suas convicções. Cada irmã aborda a figura feminina de uma forma e
31
.
32
A literatura para a mulher do século XIX permitia o acesso sobre várias questões,
ambientes e assuntos da sociedade permitindo expor aquilo que lhes afligiam ou
inquietavam, era uma maneira de se libertar das amarras e proibições da época. A voz
feminina começa a aparecer mesmo que seja através de pseudônimos masculinos, pois
uma mulher só poderia escrever com a permissão do marido.
A literatura predominante na Inglaterra no século XIX foi o romance, que teve
como principais escritoras Jane Austen e Hardy e as Irmãs Brontë que trazias. As ações
executadas das personagens numa narrativa de sentido e emoção mas não apresentava um
mundo ilusório de mocinha mas sim um romance plenamente realista. Sobre isso Kamita
(2006, p. 283) afirma “alterar o tom dos velhos discursos é um dos objetivos da crítica
literária feminista, no sentido de garantir a incursão das mulheres na literatura, incursão
de fato e de direito”. Esse pensamento marcante está também expressa no livro
Vindication of the Rights of Woman escrito por Mary Wollstonecraft (1972) que faz
entendermos como é importante resistir, para ela se não há avanço pelo menos que haja a
resistência.
Ainda sobre as dificuldades encontradas em relação ao espaço feminino no mundo
das letras Kamita (2006, p. 286) diz:
Ele atirou-se contra mim, senti que agarrava meu cabelo e meu ombro:
estava desesperado. Via nele um tirano, um assassino, de verdade. Senti
que algumas gotas de sangue da minha cabeça desciam pelo pescoço e
me dei conta do agudo sofrimento que enfrentava. Tais sensações foram
mais fortes do que o medo e eu o enfrentei de modo desvairado. Não
sei exatamente o que fiz com as mãos, mas ele gritava “rata! rata!” em
altos brados. (JANE EYRE, 2010, P. 14)
Neste trecho Jane com apenas com 10 anos sofre abusos do primo por ter pego
um livro na estante da família, sendo chamada por John seu primo de 14 anos como uma
“dependente” por apreciar a prática da leitura. Mesmo sem cometer nenhuma
arbitrariedade Jane Eyre era acusada por qualquer coisa que pudesse vir acontecer como
descreve nessa narrativa.
(JANE EYRE, 2010, p. 55). A autora Charlotte Brontë ao abordar a fala da personagem
Hellen remete a opinião da sociedade na época. A de que a mulher deveria suportar
qualquer condição que fosse submetida sem direito a alegar qualquer que fosse a situação.
Como comenta Perrot (2005, p. 171) que o destino da mulher estava moldado ao século
XIX “o destino da mulher é a família e a costura [...]. Ao homem, a madeira e os metais,
à mulher a família e os tecidos”.
Outra passagem que expressa a doutrina e mostra que eram ensinadas a tornar-se
inferior ao homem é o que mostra esse trecho:
Observem que ela ainda é uma criança. Vejam que possui a forma de
uma criança normal. Deus graciosamente lhe deu a mesma forma que
deu a todos nós. Nenhum sinal denuncia que é um caráter marcado.
Quem poderia dizer que o próprio demônio achou nela uma seguidora
e agente? Todavia, lamento dizer, essa é a verdade. (JANE EYRE,
2010, p. 64).
“Jovem dama acostumada a lecionar (eu não havia sido professora por
dois anos?) deseja encontrar colocação em casa de família com crianças
abaixo de quatorze anos (pensei que, como mal tinha feito dezoito anos,
não seria possível educar crianças quase da minha idade). Está
qualificada a ensinar as matérias usuais da boa educação inglesa, além
de francês, pintura e música (naquela época, leitor, essa relação de
habilidades que agora parece pouca, era considerada bastante
abrangente). Respostas para J.E., Posta Restante – Lowton, Condado
de... (JANE EYRE, 2010, p. 82).
Logo após Jane é aceita em Thoerfield para ser preceptora de uma menina francesa
que deveria ter aulas de inglês para se comunicar com as pessoas da Inglaterra. Mesmo
sentindo-se bem e acolhida em sua nova morada Jane apresentava uma inquietação e
achava que a vida ainda poderia ser melhor que aquilo.
Isso fica evidente na fala da personagem:
Supõe-se que as mulheres devem ser bem calmas, geralmente, mas elas
sentem o mesmo que os homens. Precisam de exercício para suas
faculdades mentais, e campo para os seus esforços, tanto quanto seus
irmãos. Sofrem com restrições muito rígidas, com a estagnação
absoluta, exatamente como os homens devem sofrer na mesma situação.
E é uma estreiteza de mente de seus companheiros mais privilegiados
dizer que elas devem ficar limitadas a fazer pudins, tricotar meias, tocar
piano e bordar bolsas. É insensatez condená-las, ou rir delas, se
procurarem fazer mais ou aprender mais do que o costume determinou
que é necessário ao seu sexo.
Percebe-se na fala da Jane a sua posição quanto a não deixar que a última palavra
seja do seu patrão ao qual tem pretensão de achar que a sua funcionária é propriedade
dele por oferece-la emprego, moradia e pagar seu salário. Esse fator também aparece logo
após eles se conhecerem, na ocasião Rochester é obrigada a tocar piano para mostrar as
usas habilidades para o senhor ficando ofendida com a sua dureza mas permanecendo
obediente apesar de responde-lo sempre educadamente.
Rochester ao falar com Jane diz que ela deveria aceitar as suas ordens pois o
mesmo pagava-lhe o salário e Jane respondeu-lhe “com respeito”. Esse fragmento mostra
a posição da personagem em retribuir os seus pedidos desde que o mesmo não faltasse
com a devida deferência ao qual ela não estava acostumada a receber mas que sempre
lutou para conquistar.
A partir daí Rochester começa a se afeiçoar pela sua futura amada. Em seus
pensamentos Jane é uma espécie estranha e isso fico exposto ao declarar esse sentimento
a ela que recebe essas palavras como um elogio.
Durante a história Rochester esconde um segredo. Além de estar noivo de outra
mulher. Quando ao passar uma temporada na mesma casa que Jane trabalhava a noiva de
Rochester passou a sorrir e criticar Jane por ser uma preceptora e solteira desprezando
totalmente a posição que a empregada se encontrava e não estava nos padrões
acostumados pelas mulheres do seu tempo. Por isso Jane se julga por ter entregue seu
coração a uma pessoa alheia a sua posição. “Você pensa porque sou pobre, não tenho
coração?”
Quando Jane ganha o coração de Rochester ele a leva para comprar tecidos e quer
enfrenta-la para demonstrar sua beleza. Nesse momento ela recusa “não sou uma beleza,
sou Jane Eyre” (JANE EYRE, 2010, P.231). É notório o leitor perceber a intenção da
autora ao abordar esse assunto na trama reafirmando a sua posição de mulher e que queria
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ser reconhecida pelas suas qualidades e não apenas como um objeto de decoração ou
suscita admiração para ele ou para a sociedade.
Durante todo o desenrolar da trama acontece o romance amoroso entre Jane e
Rochester e acontecimentos que despertam o interesse do leitor pois rompe com os
valores clássicos e confronta a corrente literária inglesa reforçando uma impressionante
mudança no comportamento e pensamento abrindo espaço para o surgimento de um estilo
diferentes de escritoras.
O livro Jane Eyre traz uma personagem forte que chama particularmente a atenção
pois a verdade sobre seus sentimentos é respondida veementemente de acordo com os
seus anseios e criticidade. O enredo apesar de ser um história longa esta correlacionado
mesmo ao título pois mostra o cotidiano da vida de Jane Eyre revelando seus sentimentos
e emoções trazendo uma realidade para a história. Percebe-se como a autora dialoga com
o leitor “Um novo capítulo num romance é como um novo ato numa peça teatral. E desta
vez, quando eu levantar a cortina, leitor, deve imaginar que está num quarto da
Hospedaria George, em Millcote” (Jane Eyre, 2010, p. 88).
Para a autora “o potencial literário ocorrido na narrativa foi que Brontë havia
desperdiçado ao deixar visível a sua indignação e raiva, por sua condição do feminismo
o que acabou abandonando a história que merecia toda sua concentração”. (WOOLF,
2004, p.82). Na perspectiva de Woolf, Charlotte Brontë demonstrou tanto a luta pelo
direito da mulher ao mostrar um lado feminino forte, inteligente e moderna, ou seja, uma
mulher à frente do seu tempo que acabou perdendo o foco que seria a contação da própria
história deixando a desejar na sua obra literária.
Em Jane Eyre, Charlotte Brontë fala através da sua personagem sobre as mudanças
ocorridas na sociedade expressando os valores, anseios e dificuldades encontradas na
Inglaterra e que gera possibilidades de leitura e escrita através desse gênero para alavancar
a voz de um determinado grupo que ganhou espaço e exercendo fascínio para seus
ledores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Jane Eyre se destacou como uma obra que revelava a mulher, enquanto ser
oprimido, que vivenciou a luta por dias melhores para o seu gênero. A mulher que travou
e que ainda hoje trava batalha por seu espaço no âmbito social, político e cultural.
As discussões de feministas sobre a obra de Brontë mostram como as mulheres
tiveram que percorrer uma longa trajetória para poder realizar atitudes como: votar,
trabalhar e principalmente mostrar-se nos mesmos direitos em relação ao homem.
Procuramos indicar fatores que coibiram a mulher de se manifestar como indivíduo
participante e atuante nas sociedades, buscando sempre obter a igualdade junto ao seu
sexo oposto. O que muitos identificam como feminismo, outros se arriscam chamar de
auto afirmação da mulher e, dentro dos estudos apresentados tanto nas teorias literárias
quanto na obra Jane Eyre, a questão da emancipação da mulher está vinculada a uma
busca pela igualdade de direitos e escolhas.
A pesquisa possibilitou um estudo avançado nesse tema e proporcionou entender
como funcionava o universo feminino no século XIX no contexto da Era Vitoriana na
Inglaterra. Entretanto a Inglaterra se desenvolveu social, cientifica e economicamente
nesse período mais do que em qualquer outro.
Na história a personagem feminina mostrou uma personalidade forte que falava o
que pensava e que por isso passou por várias situações que faz com que a narrativa não
seja classificada apenas como um romance mas que traz elementos de drama, critica a
sociedade e mistério, com aspectos góticos e sobrenaturais. O livro também abordou
assuntos que não estavam presentes nos diálogos da sociedade vigente entre elas a loucura
e a bigamia.
Charlotte Brontë trouxe nos seus escritos um pouco da sua própria realidade
ocasionando uma intertextualidade entre a personagem Jane Eyre e a si mesmo. Durante
o seu discurso fica notório a questão feminista, o fato de que ela não tem o casamento
como prioridade e que seu oposto a respeite como ela é sem ter que mudar para satisfazer
o sexo masculino.
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REFERÊNCIAS
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de graduação e pós-graduação. 2ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
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TELLES, Norma. Escritoras, escritas, escrituras, in: PRIORE, Mary del. História das
mulheres no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1997.
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ANEXOS
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