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Secretaria da Educação do

Estado da Bahia - SEC/BA


Professor Substituto - HISTÓRIA

Língua Portuguesa
Leitura e interpretação de textos verbais e não-verbais extraídos de livros e periódicos contemporâneos. .....1
A semântica e o sentido das palavras: relação entre significantes (sinais, símbolos, palavras e frases) e
significados. ..........................................................................................................................................................................5

Conhecimentos Contextuais
Concepção de educação, ensino e aprendizagem. ..........................................................................................................1
Construção do conhecimento científico, tecnológico e cultural como um processo sócio-histórico. ...................3
O ensino médio no contexto da educação básica. ...........................................................................................................4
Os sujeitos e o currículo dos ensinos fundamental e médio para a formação humana integral. ...........................8
Projeto Político Pedagógico da Escola. .......................................................................................................................... 17
O trabalho como princípio educativo e a pesquisa como princípio metodológico. ............................................... 20
Tecnologia da informação e comunicação como ferramenta do processo de ensino e de aprendizagem. ....... 21
A reflexão sobre a prática pedagógica. .......................................................................................................................... 23
Inclusão e exclusão no contexto das práticas educativas nos sistemas formais de educação. ............................ 26
Avaliação da aprendizagem e avaliação externa. ........................................................................................................ 29
Questões.............................................................................................................................................................................. 40

Conhecimentos Específicos da Organização dos Sistemas de


Ensino
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96: Título IV e Título V – Capítulos I, Capítulo II –
Secções I, IV, IV-A, (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008, que trata da integração do ensino médio com ensino
profissional) e Secção V.......................................................................................................................................................1
Lei nº 11.769/2008 – Ensino de Música nas escolas: implicações, consensos e dissensos. ...................................5
Decreto nº 7.083/2010 – Educação Integral no Brasil: o legado de Anísio Teixeira na atualidade: novas
perspectivas. .........................................................................................................................................................................7
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e para o Ensino Fundamental e Médio. .................. 19
O Plano Nacional de Educação. ....................................................................................................................................... 39
A Portaria/SEC nº 1.128/2010, de 27 de janeiro 2010, publicada no Diário Oficial do Estado em 28 de janeiro
de 2010................................................................................................................................................................................ 52
A Portaria/SEC nº 1882/2013, publicada no Diário Oficial do Estado, em de 03 de abril de 2013. .................. 56
Questões. ............................................................................................................................................................................. 57

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Conteúdos básicos que dão sustentação teórica à Educação
Básica no Campo
Princípios e Fundamentos da Educação do Campo. .......................................................................................................1
Concepções e conceitos da Educação do Campo: Campo, Educação do Campo, Desenvolvimento Sustentável,
Trabalho e Educação. ...........................................................................................................................................................5
Marco legal da Educação do Campo (Resolução CNE nº 1/2002 – Diretrizes Operacionais para Educação Básica
das Escolas do Campo e Resolução n° 2/2008, - Diretrizes Complementares, normas e princípios para o
desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica; Decreto 7.342 de 04 de novembro
de 2010 – PRONERA - Resolução CEE nº 103/2015 que dispõe sobre a oferta de educação do Campo no
Sistema Estadual de Ensino da Bahia, dentre outros). ............................................................................................... 10
Políticas de Educação do Campo (Diretrizes e programas em execução. ............................................................... 17
Questões. ............................................................................................................................................................................. 24

Conhecimentos Específicos
A compreensão do processo histórico de transformação da sociedade: as primeiras civilizações, a passagem
do mundo feudal para o moderno e do moderno para o contemporâneo. ................................................................1
Os conflitos mundiais e os processos de democratização e redemocratização. .................................................... 12
A prática pedagógica voltada para a garantia do direito de aprender o conhecimento histórico e sua
importância na percepção das relações sociais; a ética docente no contexto das relações de aprendizagem. 18

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para-melhorar-a-
interpretacao-de-textos-em-provas/

Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar


inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo
moderno cobra de nós inúmeras competências, uma delas é a
Leitura e interpretação de proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma boa
textos verbais e não-verbais comunicação verbal, mas também à capacidade de entender
aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional está
extraídos de livros e periódicos relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas do
contemporâneos. código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura
interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de
Interpretação de Texto textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar suas
dúvidas.
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao Uma interpretação de texto competente depende de
conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar
apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade, alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes,
é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo, texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente, o que
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso, não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre
para uma boa leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar releia, pois uma segunda leitura pode apresentar aspectos
ideias, de investigar as palavras… Para isso, devemos entender, surpreendentes que não foram observados anteriormente.
primeiro, algumas definições importantes: Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também
retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo,
Texto isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo
organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar
modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo
símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
televisão também são formas textuais. ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram
Interlocutor explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
É a pessoa a quem o texto se dirige. conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor,
Texto-modelo isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você, do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do
uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com cuidado
Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando. certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado com funcional e ler com atenção é um exercício que deve ser
outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê? (…) praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado, leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas
das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos!
da sua vida.” Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa-
(Revista Capricho) interpretacao-texto.html
Modelo de Perguntas
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem Questões
é o seu interlocutor preferencial?
Um leitor jovem. O uso da bicicleta no Brasil
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil
a você identificar o interlocutor preferencial do texto? ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta
preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez
acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista Capricho mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa
tem como público-alvo preferencial: meninas adolescentes. comparação entre todos os meios de transporte, um dos que
A linguagem informal típica dos adolescentes. oferecem mais vantagens.
A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas
09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
assunto; considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a prioridade sobre os automotores.
leitura; Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes
menos duas vezes; não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo
04) Inferir; e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha;
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; a diminuição dos congestionamentos por excesso de veículos
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do motorizados, que atingem principalmente as grandes cidades; o
autor; favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e,
compreensão; claro, nos impostos.
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada No Brasil, está sendo implantado o sistema de
questão; compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo,
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las; o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitura, em

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO
parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em 04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão Televisão
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes,
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br.
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de Adaptado)
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para É correto concluir que, de acordo com o cartum,
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com pela TV são equivalentes.
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos (B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. mais ativa.
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
que não sabe se distrair.
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir
locomoção nas metrópoles brasileiras a um programa de televisão.
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra (E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
devido à falta de regulamentação. idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido
incentivado em várias cidades. Leia o texto para responder às questões:
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
maioria dos moradores. Propensão à ira de trânsito
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
demais meios de transporte. Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
arriscada e pouco salutar. do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
objetivos centrais do texto é não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do também se engajam num comportamento de risco – algumas até
ciclista. agem especificamente para irritar o outro motorista ou impedir
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é que este chegue onde precisa.
mais seguro do que dirigir um carro. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
no Brasil. motorista a tomar decisões irracionais.
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
locomoção se consolidou no Brasil. Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
dar prioridade ao pedestre. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
03. Considere o cartum de Evandro Alves. estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
Afogado no Trânsito momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos concentrarmos
em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de
dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o
Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsito não
são os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
aprendem que as regras normais em relação ao comportamento
e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa

Língua Portuguesa 2
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ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros meios
alta velocidade, sempre com pressa para chegar ao destino. comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores, ou
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos seja, dos signos visuais.
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era descarregar
a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a descarga de Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma
frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado,
de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um um bilhete? Linguagem verbal!
incidente em uma violenta briga.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol,
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não
predisposta a apresentar um comportamento irracional quando fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e
dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior parte das “masculino” através de figuras na porta do banheiro, as placas de
pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que trânsito? Linguagem não verbal!
deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo
emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo quando estiver tempo, como nos casos das charges, cartoons e anúncios
tentado a agir só com a emoção. publicitários.
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/
furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) Observe alguns exemplos:

05. Tomando por base as informações contidas no texto, é


correto afirmar que
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes.
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas
pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto
comunitário do ato de dirigir.
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é
o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção
agressiva.
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de
experiências e atividades não só individuais como também
sociais. Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das
emoções positivas por parte dos motoristas.

Respostas
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D)

Linguagem

O que é linguagem? É o uso da língua como forma de


expressão e comunicação entre as pessoas. Agora, a linguagem
não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas,
mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comunicamos
apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
No cotidiano, sem percebermos usamos frequentemente a
linguagem verbal, quando por algum motivo em especial não a
utilizamos, então poderemos usar a linguagem não verbal. Charge do autor Tacho – exemplo de linguagem verbal
(óxente, polo norte 2100) e não verbal (imagem: sol, cactus,
Linguagem verbal é uso da escrita ou da fala como meio de pinguim).
comunicação.
Linguagem não-verbal é o uso de imagens, figuras,
desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura,
música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação.
A linguagem não-verbal pode ser até percebida nos animais,
quando um cachorro balança a cauda quer dizer que está feliz
ou coloca a cauda entre as pernas medo, tristeza.
Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma
de comunicação não-verbal. Exemplos: sinalização de trânsito,
semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a
atenção ou exprimir uma mensagem.
É muito interessante observar que para manter uma Placas de trânsito – à frente “proibido andar de bicicleta”,
comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar uma atrás “quebra-molas”.
linguagem, seja, verbal ou não-verbal.
Linguagem mista é o uso simultâneo da linguagem verbal e
da linguagem não-verbal, usando palavras escritas e figuras ao
mesmo tempo.
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia
ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar o verbo? Se
não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e
coerente! Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras
quando se fala ou quando se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário
não se utiliza do vocábulo, das palavras para se comunicar. O masculino”.
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer

Língua Portuguesa 3
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dispensando assim o uso da palavra. Cartum de Caulos, disponível em
www.caulos.com

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em


oposição às outras e representa a
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
Imagem indicativa de “silêncio”. e) reação ao controle do pensamento coletivo.

03.

Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.

Fontes: http://brasilescola.uol.com.br/redacao/linguagem.htm
http://www.infoescola.com/comunicacao/linguagem-verbal-e-
nao-verbal/
Questões
01.

Através da linguagem não verbal, o artista gráfico polonês Pawla


Kuczynskiego aborda a triste realidade do trabalho infantil

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em


1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa Ao aliar linguagem verbal e não verbal, o cartunista constrói um
obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte interessante texto com elementos da intertextualidade
para
a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. Sobre o cartum de Caulos, assinale a proposição correta:
b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. I. A linguagem verbal é desnecessária para o entendimento
c) provocar a reflexão sobre essa realidade. do texto;
d) propor alternativas para solucionar esse problema. II. Linguagem verbal e não verbal são necessárias para a
e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do construção dos sentidos pretendidos pelo cartunista;
mundo. III. O cartunista estabelece uma relação de intertextualidade
com o poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de
02. Andrade;
IV. O cartum é uma crítica ao poema de Carlos Drummond
de Andrade, já que o cartunista considera o poeta pouco prático.
a) Apenas I está correta.
b) II e III estão corretas.
c) I e IV estão corretas.
d) II e IV estão corretas.

04. Sobre as linguagens verbal e não verbal, estão corretas,


exceto:
a) a linguagem não verbal é composta por signos sonoros ou
visuais, como placas, imagens, vídeos etc.
b) a linguagem verbal diz respeito aos signos que são
formados por palavras. Eles podem ser sinais visuais e sonoros.
c) a linguagem verbal, por dispor de elementos linguísticos
concretos, pode ser considerada superior à linguagem não
verbal.
d) linguagem verbal e não verbal são importantes, e o sucesso
A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes, na comunicação depende delas, ou seja, quando um interlocutor
recebe e compreende uma mensagem adequadamente.

Língua Portuguesa 4
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APOSTILAS OPÇÃO
Respostas - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
01. (C)\02. (E)\03. (B)\04. (C) - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
per+o).
A semântica e o sentido
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e
das palavras: relação entre diferentes na escrita.
significantes (sinais, símbolos, - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
palavras e frases) e significados. - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
consertar).
Significação das palavras - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola, que - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
com a ideia associada a este conjunto. - Paço (palácio) e passo (andar).
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
Exemplo: anular).
- Alfabeto, abecedário. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
- Brado, grito, clamor. (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
matizes de significação e certas propriedades que o escritor não - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios - Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem
à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na
(orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo). pronúncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente,
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e
em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: séptico, prescrever e proscrever, descrição e discrição, infligir
- Adversário e antagonista. (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, sede (vontade
- Translúcido e diáfano. de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimento,
- Semicírculo e hemiciclo. deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
- Contraveneno e antídoto. divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto,
- Moral e ética. corrigir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
- Colóquio e diálogo. vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
- Transformação e metamorfose.
- Oposição e antítese. Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia, A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
palavra que também designa o emprego de sinônimos. - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as
plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos: gado.
- Ordem e anarquia. - Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
- Soberba e humildade. - Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu
- Louvar e censurar. do palato.
- Mal e bem. Podemos citar ainda, como exemplos de palavras
polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido têm dezenas de acepções.
oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/
antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/ Sentido Próprio e Figurado das Palavras
implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/ Pela própria definição acima destacada podemos perceber
anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial. que a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada
a sua forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às outra relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos: ela traz (denominada significado).
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se
- Aço (substantivo) e asso (verbo). assim:
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. - Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido comum
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é que costumamos dar a uma palavra.
considerada uma deficiência dos idiomas. - Sentido Figurado -  é o sentido  “simbólico”,  “figurado”, que
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto podemos dar a uma palavra.
fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: Vamos analisar a palavra  cobra utilizada em diferentes
contextos:
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes 1. A cobra picou o menino. (cobra = tipo de réptil peçonhento)
no timbre ou na intensidade das vogais. 2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável, que
- Rego (substantivo) e rego (verbo). adota condutas pouco apreciáveis)
- Colher (verbo) e colher (substantivo). 3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece muito
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo). sobre alguma coisa, “expert”)
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum
- Para (verbo parar) e para (preposição). (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). figurado.

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Podemos então concluir que um mesmo significante (parte se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
concreta) pode ter vários significados (conceitos). naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
Fonte: das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica-tjm- gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-palavras.html bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
Denotação e Conotação em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele
seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário; triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de
exemplo: milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
Cortaram as asas da ave para que não voasse mais. do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido molambos...
próprio, comum, usual, literal. Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
- DICA - Procure associar Denotação com Dicionário: trata- uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu sentido mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais,
dicionarístico. moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico); desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
expressiva. Veja este exemplo: crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
seja tarde mais. mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada,
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
disciplina, limitação de conduta e comportamento. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)

Questões Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?


a) Armistício – destruição
01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das b) Claudicante – manco
mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia, c) Reveses – infortúnios
implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um d) Fealdade – feiura
envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá e) Opilados – desnutridos
a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que
quiser das informações que conseguir. A aclamada transparência 03. Atento ao emprego dos Homônimos, analise as palavras
da coisa pública carrega consigo o risco de fim da privacidade sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA: 
e a superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas a) Ainda vivemos no Brasil a  descriminação  racial. Isso é
morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos crime! 
participar. b) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente.
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas c) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos agora expiar seus crimes. 
usuários de distinguir essas variações como relevantes no d) Em todos os momentos, para agir corretamente, é preciso
conjunto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para o bom censo. 
achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuários e) Prefiro macarronada com molho, mas sem  estrato de
precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâmetros, tomate. 
aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito
de observações e reconhecer a organização geral da rede de que 04. Assinale a alternativa em que as palavras podem servir
participam. de exemplos de parônimos:
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes a) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem gentil).
sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos b) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo).
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens c) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se senta).
a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem d) Nenhuma das alternativas.
conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
sentimento de pânico experimentados por um número crescente 05. Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas,
de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou seja no modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por
quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação, exemplo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada
como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da uma apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias
sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno diferentes, denomina-se homônimo homófono. Assinale a
para o espírito. alternativa em que todas as palavras se encontram nesse caso.
(Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes. a) taxa, cesta, assento
Revista USP, no 92. Adaptado) b) conserto, pleito, ótico
c) cheque, descrição, manga
As expressões destacadas nos trechos –  meter o bedelho d) serrar, ratificar, emergir
/ estimar  parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
adequados respectivamente em: 06. A fuga dos rinocerontes
a) procurar / gostar de / ilustrar Espécie ameaçada de extinção escapa dos caçadores da
b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer maneira mais radical possível – pelo céu.
c) interferir / propor / embrutecer
d) intrometer-se / prezar / esclarecer Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados
e) contrapor-se / consolidar / iluminar da África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo turismo de
caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espécimes que ainda
02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os restam na natureza, duas ONG ambientais apelaram para uma
combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam- solução extrema: transportar os rinocerontes de helicóptero. A

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ação utilizou helicópteros militares para remover 19 espécimes – percebendo que era melhor ter ficado na primeira, e quando
com 1,4 toneladas cada um – de seu habitat original, na província chega a casa já está na hora de ir para o trabalho.
de Cabo Oriental, no sudeste da África do Sul, e transferi-los para Ela sempre pertenceu ao segundo tipo de pessoa. Sempre teve
a província de Lampopo, no norte do país, a 1.500 quilômetros tempo de sobra, por isso sempre leu romances longos, e passou
de distância, onde viverão longe dos caçadores. Como o trajeto tardes longas vendo pela milésima vez a segunda temporada de
tem áreas inacessíveis de carro, os rinocerontes tiveram de “Grey’s Anatomy” mas, por ter tempo demais, acabava sobrando
voar por 24 quilômetros. Sedados e de olhos vendados (para tempo demais para se preocupar com uma hérnia imaginária,
evitar sustos caso acordassem), os rinocerontes foram içados ou para tentar fazer as pazes com pessoas que nem sabiam que
pelos tornozelos e voaram entre 10 e 20 minutos. Parece meio estavam brigadas com ela, ou escrever cartas longas dentro da
brutal? Os responsáveis pela operação dizem que, além de mais cabeça para o ex-namorado, os pais, o país, ou culpar o sol ou
eficiente para levar os paquidermes a locais de difícil acesso, o a chuva, ou comentar “e esse calor dos infernos?”, achando que
procedimento é mais gentil. a culpa é do mau tempo quando na verdade a culpa é da sobra
(BADÔ, F. A fuga dos rinocerontes de tempo, porque se ela não tivesse tanto tempo não teria nem
Superinteressante, nº 229, 2011.) tempo para falar do tempo.
Quando se conheceram, ele percebeu que não adiantava
A palavra radical pode ser empregada com várias acepções, correr atrás do tempo porque o tempo sempre vai correr mais
por isso denomina-se polissêmica. Assinale o sentido rápido, e ela percebeu que às vezes é bom correr para pensar
dicionarizado que é mais adequado no contexto acima. menos, e pensar menos é uma maneira de ser feliz, e ambos
a) Que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa. perceberam que a felicidade é uma questão de tempo. Questão
b) Brusco; violento; difícil. de ter tempo o suficiente para ser feliz, mas não o bastante para
c) Que não é tradicional, comum ou usual. perceber que essa felicidade não faz o menor sentido.
d) Que exige destreza, perícia ou coragem. (Gregório Duvivier. Folha de S.
Paulo, 30.11.2015. Adaptado)
07. O gavião
É correto afirmar que o título do texto tem sentido
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco a) próprio, indicando os obstáculos que cada personagem
voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a lua. encontra quando depara com o tempo.
Olhamos todos para o céu em busca de algo mais sensacional e b) próprio, fazendo referência às reações das pessoas às
comovente – o gavião malvado, que mata pombas. atitudes das personagens.
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à c) figurado, indicando que o tempo é intangível, pouco
contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das importando as consequências de subestimá-lo.
pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros d) figurado, indicando o contraste na maneira como as
(qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar personagens se relacionam com o tempo.
o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na e) figurado, se associado a “ele”, mas próprio, se associado a
verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com que “ela”, pois se trata do tempo real.
a pomba come seu grão de milho.
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pombas 09. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
e também o lance magnífico em que o gavião se despenca sobre combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-
uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo tiro naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
pode também ser a verdade do caçador. mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, pode gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem. bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os
                     rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos
 (Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado) em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória
tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de
homem. –, é empregado com sentido milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
a) próprio, equivalendo a inspiração. do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
b) próprio, equivalendo a conquistador. passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
c) figurado, equivalendo a ave de rapina. molambos...
d) figurado, equivalendo a alimento. Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
e) figurado, equivalendo a predador. uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais,
08. CONTRATEMPOS moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma
fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris
Ele nunca entendeu o tédio, essa impressão de que existem desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos
mais horas do que coisas para se fazer com elas. Sempre faltou aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
tempo para tanta coisa: faltou minuto para tanta música, faltou crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de
dia para tanto sol, faltou domingo para tanta praia, faltou noite velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e
para tanto filme, faltou ano para tanta vida. mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
Existem dois tipos de pessoa. As pessoas com mais coisa que
tempo e as pessoas com mais tempo que coisas para fazer com (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
o tempo. Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
As pessoas com menos tempo que coisa são as que buzinam
assim que o sinal fica verde, e ficam em pé no avião esperando Em qual dos trechos foi empregada palavra ou expressão em
a porta se abrir, e empurram e atropelam as outras para entrar sentido conotativo?
primeiro no vagão do trem, e leem livros que enumeram os a) “A entrada dos prisioneiros foi comovedora”
“livros que você tem que ler antes de morrer” ao invés de ler b) “Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender
diretamente os livros que você tem de ler antes de morrer. uma arma, nem um peito resfolegante...”
Esse é o caso dele, que chega ao trabalho perguntando onde c) “Era, com efeito, contraproducente compensação a tão
é a festa, e chega à festa querendo saber onde é a próxima, e luxuosos gastos de combates...”
chega à próxima festa pedindo táxi para a outra, e chega à outra d) “...os arcabouços esmirrados e sujos...”

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APOSTILAS OPÇÃO
e) “faces túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, andar
cambaleante”

10. O termo (ou expressão) em destaque, que está empregado


em seu sentido próprio, denotativo, ocorre em:
a) Estou morta de cansada.
b) Aquela mulher fala mal de todos na vizinhança! É
uma cobra.
c) Todo cuidado é pouco. As paredes têm ouvidos.
d) Reclusa desde que seu cachorrinho  morreu, Filomena
finalmente saiu de casa ontem.
e) Minha amiga é tão agitada! A bateria dela nunca acaba!

Respostas
01. B\02. A\03. C\04. A\05. A\06. C\07. E\08. D\09.
E\10. D

Anotações

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CONHECIMENTOS CONTEXTUAIS

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e pela produção de textos escritos ou não”. Esta escola em foca


princípios de cidadania, possibilitando um aprendizado
criativo e questionador.
No sexto aspecto Gadotti afirma que uma escola cidadã “É
uma escola disciplinar”. Neste aspecto mostra a necessidade
da disciplina para que haja andamento progressivo no
contexto escolar.
No sétimo aspecto “A escola não é mais um espaço fechado.
Sua ligação com o mundo se dá com trabalho”. Neste aspecto a
visão da escola cidadã está envolvida com a classe
Concepção de educação, trabalhadora, possibilitando ao educando adquirir
ensino e aprendizagem. experiências com o mundo exterior.
No oitavo aspecto “A transformação da escola não se dá
sem conflitos”. O termo conflito é usado por Gadotti para
Educação e Escola demonstrar que a transformação da escola se dá com ato
político e democrático.
Segundo Gadotti1, a escola não é um simples lugar pelo No nono aspecto “Não há duas escolas iguais”. Isto quer
qual o indivíduo é convidado, mas a mesma faz parte da vida dizer que cada instituição tem as identidade e pluralidade de
do homem e por mais que o tempo passe não será esquecida, saberes, ou seja, as escolas são diferentes.
pelo contrário verá o quanto foi importante estar nela. Como No décimo aspecto Gadotti destaca que “Cada escola
afirma Gadotti: deveria ser suficientemente autônoma para poder organizar o
Mas é na escola que passamos os melhores anos de nossas seu trabalho de forma que quisesse, inclusive controlando e
vidas, quando crianças e jovens. A escola é um lugar bonito, um exonerando a critério do conselho da escola”. Nesse aspecto
lugar cheio de vida, seja ela uma escola com todas as condições demonstra que a escola tem que ter autonomia e democracia,
de trabalho, seja ela uma escola onde falta tudo. Mesmo a fim de buscar a origem do problema para conduzir a solução
faltando tudo nela existe o essencial: gente, professores e capaz de manter a organização do âmbito escolar.
alunos, funcionários, diretores. Todos tentando fazer o que Para Gadotti a escola do século 21 precisa proporcionar
lhes parece melhor. Nem sempre eles têm êxito, mas estão aos educandos, professores não só preparados, mas motivados
sempre tentando. Por isso, precisamos falar mais e melhor das com formação continuada devendo ser concebida pelos
nossas escolas, de nossa educação. (GADOTTI, 2008) mesmos como: reflexão, pesquisa, ação, descoberta,
Sendo que cada escola tem sua própria história, uma não é organização, fundamentação, revisão e construção teórica e
igual à outra, devido à comunidade a qual está inserida e a não como mera aprendizagem de novas técnicas, atualização
cultura que cada uma vivencia. em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas
A interação não está somente dentro da escola, está ligada inovações tecnológicas recursos necessários para realização
também a relação que mantém com outras escolas, sociedade dos trabalhos e uma boa remuneração. A instituição deve
e família, sendo essa o primeiro grupo social no qual a criança também dar subsídios para que os educadores possam refletir
faz parte. sobre sua metodologia de ensino, seus projetos de vida, e
Tendo cada particularidade diferente em relação aos sobre tudo desenvolver os projetos políticos pedagógicos,
projetos e agentes conduzindo na produção da identidade sendo essencial no processo ensino-aprendizagem.
individual e social dos educandos, para se tornarem críticos e
criativos prontos a exercerem a cidadania consciente de seus Para que ocorra uma boa aprendizagem, o professor
direitos e deveres. Desta forma a escola forma o sujeito precisa ensinar com alegria, sem esquecer o que ele é, ainda
cidadão para viver na comunidade de maneira democrática e que seu trabalho não seja reconhecido como deveria, precisa
política, sendo uma escola cidadã. No livro Pedagogia da se empenhar, estar sempre pesquisando, buscando melhoras
práxis Gadotti (2001) esclarece o seu conceito sobre “Decálogo para auxiliar seus educandos em prol do conhecimento. Como
da Escola Cidadã” no qual apresenta dez aspectos declara Gadotti:
indispensáveis para o desenho dessa escola. Espera-se do professor do século XXI que tenha paixão de
O primeiro aspecto apresentado por Gadotti a escola acima ensinar, que esteja aberto para sempre aprender, aberto ao
de tudo tem que ser democrática, ou seja, a democracia novo, que tenha domínio técnico-pedagógico, que saiba contar
permite que o estudante tenha acesso e permanência no estórias, isto é, que construa narrativas sedutoras para seus
contexto escolar. Desta forma oportuniza a elaboração de alunos. Espera-se que saiba pesquisar, que saiba gerenciar
cultura no processo educativo. uma sala de aula, significar a aprendizagem dele e de seus
O segundo aspecto a escola tem que ser autônoma. “Para alunos. Espera-se que saiba trabalhar em equipe, que seja
ser autônoma, não pode ser dependente de órgãos solidário. (GADOTTI, 2008)
intermediários que elaboram políticos dos quais ela é mera Outro fator importante é a conscientização pela busca de
executora”. métodos tecnológicos para se tornar uma instituição de
O terceiro aspecto “A escola cidadã deve valorizar o qualidade na sociedade atual, fazendo uso da TIC (Tecnologia
contrato de dedicação exclusivo do professor”. Segundo de Informação e Comunicação).
Gadotti a escola deve oferecer condições de trabalho de forma No entanto para que o ensino se torne de qualidade é
adequada para o docente e não permitir que o mesmo leve preciso à interação e maior participação de pais ou
para casa atividades extraclasse, se isso ocorrer deve-se responsável no processo ensino-aprendizagem, favorecendo
considerar com carga horária de trabalho. assim ambas as partes envolvidas nesse processo. Caso não
O quarto aspecto é chamado de “Ação direta”, pois visa à haja essa interação e, sobretudo a participação dos alunos
valorização dos projetos escolares e propostas dos poderá ocorrer o fracasso educacional.
responsáveis que compõem o contexto escolar. Segundo Gadotti (2000) “O educador é um medidor do
Gadotti afirma no quinto aspecto “A escola autônoma conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria
cultiva a curiosidade, a paixão pelo estudo, o gosto pela leitura formação”. Ele precisa construir conhecimento de sua

1http://pesquisaepraticapedagogicas.blogspot.com.br/2012/06/moacir-

gadotti.html

Conhecimentos Contextuais 1
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experiência para isso, também precisa ser curioso, buscar A escola do século 21 só vai sobreviver se conseguir unir o
sentido para o que faz e apontar novos sentido para o que fazer ensino adaptado a sociedade em rede que se encontra em
dos alunos. movimento constante.
O ensino e a pesquisa são fatos indissociáveis, um não “A beleza existe em todo lugar. Dependendo do nosso
acontece sem o outro o aluno aprende quando o professor olhar, da nossa sensibilidade; depende da nossa consciência,
aprende, no entanto tal ensino o acompanhará não só na sua do nosso trabalho e do nosso cuidado. A beleza existe porque
formação como cidadão, mas também profissionalmente. o ser humano é capaz de sonhar.”
Na trajetória escolar o aluno se depara com diferentes
conteúdos sem entender o porquê e pra que, sobre isso a O Processo Ensino e Aprendizagem
escola precisa conscientizar os alunos de sua fundamental
importância que será utilizada na construção do seu projeto de Para Fernández2, as reflexões sobre o estado atual do
vida, tanto individual quanto coletiva para viver bem numa processo ensino e aprendizagem nos permite identificar um
sociedade. movimento de ideias de diferentes correntes teóricas sobre a
Sendo uma escola de maior autonomia ela será também, de profundidade do binômio ensino e aprendizagem.
maior capacidade para chegar a um padrão nacional de Entre os fatores que estão provocando esse movimento
qualidade de ensino. podemos apontar as contribuições da Psicologia atual em
Normalmente o professor tem que saber de muitas coisas relação à aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática
para ensinar, mas isso não é o mais importante, sobretudo é educativa, buscando uma conceptualização do processo
preciso ter sua própria identidade, não esquecendo que um dia ensino e aprendizagem.
foram crianças, e que por isso devem se colocar no lugar dos As contribuições da teoria construtivista de Piaget, sobre a
seus alunos, compreendendo-os, pesquisando e valorizando construção do conhecimento e os mecanismos de influência
seus sonhos para que tenham um projeto de vida. educativa têm chamado a atenção para os processos
Educar é sempre impregnar de sentidos, ou seja, através individuais, que têm lugar em um contexto interpessoal e que
das experiências vivenciadas no âmbito escolar como na vida procuram analisar como os alunos aprendem, estabelecendo
cotidiana o indivíduo passa a entender e transformar o mundo uma estreita relação com os processos de ensino em que estão
e a si mesmo. Educar é não se omitir e mostrar a realidade, é conectados.
conduzir o educando a tomar decisões, a lutar, duvidar, Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no
desequilibrar enfim educar é buscar melhorias para auxiliar processo de ensino e aprendizagem, como um processo onde
seus alunos em prol do conhecimento. Como declara Gadotti: não se centra atenção em um dos aspectos que o
“Para que ocorra um bom desenvolvimento no processo de compreendem, mas em todos os envolvidos.
ensino aprendizagem requer que o educador se empenhe e Se analisarmos a situação atual da prática educativa em
esteja sempre pesquisando, buscando melhorias e ideias nossas escolas identificaremos problemas como: a grande
inovadoras.” ênfase dada a memorização, pouca preocupação com o
Quanto à aprendizagem o professor tem uma desenvolvimento de habilidades para reflexão crítica e auto
responsabilidade muito grande, pois no âmbito escolar ele é crítica dos conhecimento que aprende; as ações ainda são
um aprendiz permanente, construindo sentidos, cooperando e centradas nos professores que determinam o quê e como deve
tornando-se um organizador da aprendizagem que usará de ser aprendido e a separação entre educação e instrução.
estratégias para que o aluno adquira o conhecimento, sem A solução para tais problemas está no aprofundamento de
esquecer que tanto um como outro serão sempre aprendizes. como os educandos aprendem e como o processo de ensinar
A todo o momento o ser humano está aprendendo algo, e pode conduzir à aprendizagem.
melhor ainda quando entende-se o porquê e para que
aprender, como é o caso dos conteúdos que são ensinados na O processo de ensino e aprendizagem tem sido
escola. Aprender não é acumular conhecimento. Aprendemos historicamente caracterizado de formas diferentes, que vão
história não para acumular conhecimento, datas, informações, desde a ênfase no papel do professor como transmissor de
mas para saber como os seres humanos fizeram a história para conhecimento, até as concepções atuais que concebem o
fazermos história. O importante é aprender a pensar (a processo de ensino e aprendizagem com um todo integrado
realidade, não pensamentos), aprender a aprender. (GADOTTI, que destaca o papel do educando.
2008) Nesse último enfoque, considera-se a integração do
O projeto social e político é um forte aliado neste aspecto cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do educativo como
através dele podemos construir ideias favoráveis para um requisitos psicológicos e pedagógicos essenciais.
aprendizado que transforme o ambiente escolar num local que A concepção defendida aqui é que o processo de ensino e
envolva gestão escolar, o corpo docente, e a comunidade a aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o
comprometerem-se como agentes participativos nesse educativo que tem como propósito essencial contribuir para a
processo. formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é
Dessa forma, a educação se depara com grandes desafios um processo de formar homens capazes e inteligentes.
com isso vivemos numa sociedade de múltiplas oportunidades Entendendo por homem inteligente quando, diante de uma
que envolvem aprendizagem chamada de “sociedade situação problema ele seja capaz de enfrentar e resolver os
aprendente”, aprender a desenvolver autonomia, ser bom problemas, de buscar soluções para resolver as situações. Ele
pesquisador, compartilhar e desenvolver o raciocínio lógico, tem que desenvolver sua inteligência e isso só será possível se
ser disciplinado, organizado, saber articular o conhecimento ele for formado mediante a utilização de atividades lógicas. O
com a prática e com uso de saberes, conhecer as fontes de educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que
informação, com outros e através da socialização construir identificam o homem como ser social, compreendendo o
saberes se posicionando como aprendiz permanente. desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos
da esfera volitiva e afetiva que junto com a cognitiva permitem
Impregnados de informações o professor deve ser curioso, falar de um processo de ensino e aprendizagem que tem por
buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o fim a formação multilateral da personalidade do homem.
que fazer dos seus alunos dando-lhes condições de construir e A eficácia do processo de ensino e aprendizagem está na
reconstruir seus conhecimentos a partir do que faz. resposta em que este dá à apropriação do conhecimentos, ao

2 Texto adaptado de FERNÁNDEZ. F. A., 1998.

Conhecimentos Contextuais 2
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desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação A integração de todos os componentes forma o sistema,
de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os neste caso o processo de ensino e aprendizagem. As reflexões
objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de sobre o caráter sistêmico dos componentes do processo de
ensino de diferentes instituições, conduzindo a uma posição ensino e aprendizagem e suas relações são importantes em
transformadora, que promova as ações coletivas, a função do caráter bilateral da comunicação entre professor-
solidariedade e o viver em comunidade. aluno; aluno-aluno, grupo-professor, professor-professor.

A concepção de que o processo de ensino e aprendizagem


é uma unidade dialética entre a instrução e a educação está Construção do
associada à ideia de que igual característica existe entre
ensinar e aprender. Esta relação nos remete a uma concepção
conhecimento científico,
de que o processo de ensino e aprendizagem tem uma tecnológico e cultural como
estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, está composto um processo sócio-histórico.
por elementos estreitamente interrelacionados.
Todo ato educativo obedece determinados fins e
propósitos de desenvolvimento social e econômico e em
Construção do conhecimento científico, tecnológico e
consequência responde a determinados interesses sociais,
cultural como um processo sócio-histórico3
sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a
concepções epistemológicas específicas, leva em conta os
O Ensino médio deve ser planejado em consonância com as
interesses institucionais e, depende, em grande parte, das
características sociais, culturais e cognitivas do sujeito
características, interesses e possibilidades dos sujeitos
humano referencial desta última etapa da Educação Básica:
participantes, alunos, professores, comunidades escolares e
adolescentes, jovens e adultos. Cada um desses tempos de vida
demais fatores do processo. A visão tradicional do processo
tem sua singularidade, como síntese do desenvolvimento
ensino e aprendizagem é que ele é um processo neutro,
biológico e da experiência social condicionada historicamente.
transparente, afastado da conjuntura de poder, história e
Por outro lado, se a construção do conhecimento científico,
contexto social. O processo ensino e aprendizagem deve ser
tecnológico e cultural é também um processo sócio-histórico,
compreendido como uma política cultural, isto é, como um
o ensino médio pode configurar-se como um momento em que
empreendimento pedagógico que considera com seriedade as
necessidades, interesses, curiosidades e saberes diversos
relações de raça, classe, gênero e poder na produção e
confrontam-se com saberes sistematizados, produzindo
legitimação do significado e experiência. Tradicionalmente
aprendizagens socialmente e subjetivamente significativas.
este processo tem reproduzido as relações capitalistas de
Em um processo educativo centrado no sujeito, o ensino médio
produção e ideologias legitimadoras dominantes ao ignorarem
deve abranger, portanto, todas as dimensões da vida,
importantes questões referentes às relações entre
possibilitando o desenvolvimento pleno das potencialidades
conhecimento x poder e cultura x política. O produto do
do educando.
processo ensino e aprendizagem é o conhecimento. Partindo
No atual estágio de construção do conhecimento pela
desse princípio, concebe-se que o conhecimento é uma
humanidade, a dicotomia entre conhecimento geral e
construção social, assim torna-se necessário examinar a
específico, entre ciência e técnica, ou mesmo a visão de
constelação de interesses econômicos, políticos e sociais que
tecnologia como mera aplicação da ciência deve ser superada,
as diferentes formas de conhecer podem refletir. Para que o
de tal forma que a escola incorpore a cultura técnica e a cultura
processo ensino e aprendizagem possa gerar possibilidades de
geral na formação plena dos sujeitos e na produção contínua
emancipação é necessário que os professores compreendam a
de conhecimentos.
razão de ser dos problemas que enfrentam e assuma um papel
As relações nas unidades escolares, por sua vez, expressam
de sujeito na organização desse processo. As influências sócio-
a contradição entre o que a sociedade conserva e revoluciona.
político econômicas, exercem sua ação inclusive nos pequenos
Essas relações não podem ser ignoradas, mas devem ser
atos que ocorrem na sala de aula, ainda que não sejam
permanentemente recriadas, a partir de novas relações e de
conscientes. Ao selecionar algum destes componentes para
novas construções coletivas, no âmbito do movimento
aprofundar deve-se levar em conta a unidade, os vínculos e os
sócioeconômico e político da sociedade.
nexos com os outros componentes.
O componente é uma propriedade ou atributo de um
Com este referencial, propomos discutir as
sistema que o caracteriza; não é uma parte do sistema e sim
possibilidades de se repensar o Ensino Médio na
uma propriedade do mesmo, uma propriedade do processo
perspectiva interdisciplinar. Consideramos importante que
docente-educativo como um todo. Identificamos como
cada escola faça um retrato de si mesma, dos sujeitos que a
componente do processo de ensino e aprendizagem:
fazem viva e do meio social em que se insere, no sentido de
compreender sua própria cultura, identificando dimensões
- Aluno - devem responder a pergunta: "quem?"
da realidade motivadoras de uma proposta curricular
- Problema – elemento que é determinado a partir da
coerente com os interesses e as necessidades de seus
necessidade do aprendiz.
alunos. Afinal, a escola faz parte do conjunto social em que
- Objetivo – deve responder a pergunta: "Para que ensinar?"
está inserida e deve se comprometer, também, com seus
- Conteúdo - deve responder a pergunta: "O que aprender?"
projetos. Sem nunca esgotar em si mesma, a dimensão local
- Métodos - deve responder a pergunta: "Como desenvolver o
pode ser uma dimensão importante do planejamento
processo?"
educacional, integrado a um projeto social comprometido
- Recursos- deve responder a pergunta: "Com o quê?"
com a melhoria da qualidade de vida de toda a população.
- Avaliação é o elemento regulador, sua realização oferece
informação sobre a qualidade do processo de ensino
O projeto curricular interdisciplinar
aprendizagem, sobre a efetitividade dos outros componentes e
das necessidades de ajuste, modificações que o sistema deve
Assentado sobre as bases ética e política do projeto
usufruir.
escolar e sobre o princípio da interdisciplinaridade,
acreditamos que o currículo, como dimensão cultural,

3 Texto adaptado RAMOS, M. N. Diretora de ensino Médio.

Conhecimentos Contextuais 3
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epistemológica e metodológica deste projeto, pode mobilizar Na década de 90, sob o argumento de que o Brasil investia
intensamente os alunos, assim como os diversos recursos muito na educação, porém gastava mal, prevaleceram
didáticos disponíveis e/ou construídos coletivamente. preocupações com a eficácia e a eficiência das escolas, e a
Pressupomos, com isso, a possibilidade de se dinamizar o atenção voltou-se, predominantemente, para os resultados
processo de ensinoaprendizagem numa perspectiva dialética, por elas obtidos quanto ao rendimento dos estudantes.
em que o conhecimento é compreendido e apreendido como A qualidade priorizada somente nesses termos pode,
construções histórico-sociais. contudo, deixar em segundo plano a superação das
Tomando os objetivos das áreas de conhecimento desigualdades educacionais.
organizadoras da educação básica, vemos que os estudos na Outro conceito de qualidade passa, entretanto, a ser
área de códigos e linguagens visam à compreensão do gestado por movimentos de renovação pedagógica,
significado das letras e das artes; dar destaque à língua movimentos sociais, de profissionais e por grupos políticos: o
portuguesa como instrumento de comunicação; acesso ao da qualidade social da educação. Ela está associada às
conhecimento e exercício da cidadania. O eixo curricular dessa mobilizações pelo direito à educação, à exigência de
área pode ter como referência a construção do sujeito nas participação e de democratização e comprometida com a
relações intersubjetivas e coletivas mediadas pelas linguagens. superação das desigualdades e injustiças.
Os estudos das ciências da natureza e da matemática A Organização das Nações Unidas para a Educação, a
devem destacar a educação tecnológica básica e a Ciência e a Cultura (UNESCO), ao entender que a qualidade da
compreensão do significado da ciência. Um eixo de educação é também uma questão de direitos humanos,
organização dos conteúdos pode ser a complexidade e o defende conceito semelhante (2008). Para além da eficácia e
equilíbrio dinâmico da vida no processo de desenvolvimento da eficiência, advoga que a educação de qualidade, como um
dos indivíduos e da sociedade. direito fundamental, deve ser antes de tudo relevante,
pertinente e equitativa. A relevância reporta-se à promoção de
A área de ciências humanas e sociais assenta-se sobre a aprendizagens significativas do ponto de vista das exigências
compreensão do processo histórico de transformação da sociais e de desenvolvimento pessoal. A pertinência refere-se
sociedade e da cultura, podendo se organizar em torno do eixo à possibilidade de atender às necessidades e às características
da cidadania e dos processos de socialização, na perspectiva dos estudantes de diversos contextos sociais e culturais e com
sócio-histórica. diferentes capacidades e interesses.
Algumas abordagens metodológicas podem conferir ao A educação escolar, comprometida com a igualdade de
currículo uma perspectiva de totalidade, respeitando-se as acesso ao conhecimento a todos e especialmente empenhada
especificidades epistemológicas das áreas de conhecimento e em garantir esse acesso aos grupos da população em
das disciplinas. Propomos a organização dos planos de estudo desvantagem na sociedade, é uma educação com qualidade
de forma interdisciplinar, sugerindo que o processo social e contribui para dirimir as desigualdades
pedagógico tenha como base: o trabalho sistematizado com historicamente produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a
leituras de publicações diversas; a produção própria e coletiva permanência e o sucesso de todos na escola, com a
dos textos; a utilização intensa da biblioteca; o uso de diversos consequente redução da evasão, da retenção e das distorções
recursos pedagógicos disponíveis na escola; a exploração de de idade-ano/ série (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
recursos externos à escola (os cinemas, os teatros, os museus, CNE/CEB n° 4/2010, que definem as Diretrizes Curriculares
as exposições etc); a investigação de problemas de ordem Nacionais Gerais para a Educação Básica).
socioeconômica, do ponto de vista histórico, geográfico, Exige-se, pois, problematizar o desenho organizacional da
sociológico, filosófico e político; a realização de atividades instituição escolar que não tem conseguido responder às
práticas (laboratórios e visitas de campo); o uso de acervos e singularidades dos sujeitos que a compõem. Torna-se
patrimônios histórico-culturais da região. inadiável trazer para o debate os princípios e as práticas de um
Assim, a possibilidade de se abordar pedagogicamente as processo de inclusão social que garanta o acesso e considere a
atividades cotidianas está em considerá-las referências que diversidade humana, social, cultural e econômica dos grupos
auxiliem os professores entre si e em sua interação com os historicamente excluídos.
alunos, em seus diálogos interdisciplinares, para a definição de Para que se conquiste a inclusão social, a educação escolar
objetivos e projetos comuns e articulados, no processo deve fundamentar-se na ética e nos valores da liberdade,
ensinoaprendizagem. justiça social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade,
cuja finalidade é o pleno desenvolvimento de seus sujeitos, nas
dimensões individual e social de cidadãos conscientes de seus
O ensino médio no contexto direitos e deveres, compromissados com a transformação
social. Diante dessa concepção de educação, a escola é uma
da educação básica. organização temporal, que deve ser menos rígida, segmentada
e uniforme, a fim de que os estudantes, indistintamente,
possam adequar seus tempos de aprendizagens de modo
Educação com qualidade social menos homogêneo e idealizado.
A escola, face às exigências da Educação Básica, precisa ser
O conceito de qualidade da educação é uma construção reinventada, ou seja, priorizar processos capazes de gerar
histórica que assume diferentes significados em tempos e sujeitos inventivos, participativos, cooperativos, preparados
espaços diversos e tem relação com os lugares de onde falam para diversificadas inserções sociais, políticas, culturais,
os sujeitos, os grupos sociais a que pertencem, os interesses e laborais e, ao mesmo tempo, capazes de intervir e
os valores envolvidos, os projetos de sociedade em jogo problematizar as formas de produção e de vida. A escola tem,
(Parecer CNE/CEB nº 7/2010). diante de si, o desafio de sua própria recriação, pois tudo que
Conforme argumenta Campos (2008), para os movimentos a ela se refere constitui-se como invenção: os rituais escolares
sociais que reivindicavam a qualidade da educação entre os são invenções de um determinado contexto sociocultural em
anos 70 e 80, ela estava muito presa às condições básicas de movimento.
funcionamento das escolas, porque seus participantes, pouco A qualidade na escola exige o compromisso de todos os
escolarizados, tinham dificuldade de perceber as nuanças dos sujeitos do processo educativo para:
projetos educativos que as instituições de ensino I – a ampliação da visão política expressa por meio de
desenvolviam. habilidades inovadoras, fundamentadas na capacidade para

Conhecimentos Contextuais 4
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aplicar técnicas e tecnologias orientadas pela ética e pela sistema escolar, não apenas pela redução da evasão, da
estética; repetência e da distorção idade ano/série, mas também pelo
II – a responsabilidade social, princípio educacional que aprendizado efetivo.
norteia o conjunto de sujeitos comprometidos com o projeto
que definem e assumem como expressão e busca da qualidade O Ensino Médio no Brasil
da escola, fruto do empenho de todos.
Construir a qualidade social pressupõe conhecimento dos Em uma perspectiva histórica (UNESCO, 2009), verifica-se
interesses sociais da comunidade escolar para que seja que foi a reforma educacional conhecida pelo nome do
possível educar e cuidar mediante interação efetivada entre Ministro Francisco Campos, que regulamentou e organizou o
princípios e finalidades educacionais, objetivos, ensino secundário, além do ensino profissional e comercial
conhecimentos e concepções curriculares. Isso abarca mais (Decreto n° 18.890/31) que estabeleceu a modernização do
que o exercício político-pedagógico que se viabiliza mediante ensino secundário nacional.
atuação de todos os sujeitos da comunidade educativa. Ou seja, Apesar de modernizadora, essa reforma não rompeu com
efetiva-se não apenas mediante participação de todos os a tradição de uma educação voltada para as elites e setores
sujeitos da escola – estudante, professor, técnico, funcionário, emergentes da classe média, pois foi concebida para conduzir
coordenador – mas também, mediante aquisição e utilização seus estudantes para o ingresso nos cursos superiores.
adequada dos objetos e espaços (laboratórios, equipamentos, Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, foi
mobiliário, salas-ambiente, biblioteca, videoteca, ateliê, instituído o conjunto das Leis Orgânicas da Educação Nacional,
oficina, área para práticas esportivas e culturais, entre outros) que configuraram a denominada Reforma Capanema: a) Lei
requeridos para responder ao projeto político-pedagógico orgânica do ensino secundário, de 1942; b) Lei orgânica do
pactuado, vinculados às condições/disponibilidades mínimas ensino comercial, de 1943; c) Leis orgânicas do ensino
para se instaurar a primazia da aquisição e do primário, de 1946. Nas leis orgânicas firmou-se o objetivo do
desenvolvimento de hábitos investigatórios para construção ensino secundário de formar as elites condutoras do país, a par
do conhecimento. do ensino profissional, este mais voltado para as necessidades
A escola de qualidade social adota como centralidade o emergentes da economia industrial e da sociedade urbana.
diálogo, a colaboração, os sujeitos e as aprendizagens, o que Nessa reforma, o ensino secundário mantinha dois ciclos:
pressupõe, sem dúvida, atendimento a requisitos tais como: o primeiro correspondia ao curso ginasial, com duração de 4
I – revisão das referências conceituais quanto aos anos, destinado a fundamentos; o segundo correspondia aos
diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços cursos clássico e científico, com duração de 3 anos, com o
sociais na escola e fora dela; objetivo de consolidar a educação ministrada no ginasial. O
II – consideração sobre a inclusão, a valorização das ensino secundário, de um lado, e o ensino profissional, de
diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade outro, não se comunicavam nem propiciavam circulação de
cultural, resgatando e respeitando os direitos humanos, estudos, o que veio a ocorrer na década seguinte.
individuais e coletivos e as várias manifestações de cada Em 1950, a equivalência entre os estudos acadêmicos e os
comunidade; profissionais foi uma mudança decisiva, comunicando os dois
III – foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela tipos de ensino. A Lei Federal nº 1.076/50 permitiu que
aprendizagem, e na avaliação das aprendizagens como concluintes de cursos profissionais ingressassem em cursos
instrumento de contínua progressão dos estudantes; superiores, desde que comprovassem nível de conhecimento
IV – inter-relação entre organização do currículo, do indispensável à realização dos aludidos estudos. Na década
trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor, seguinte, sobreveio a plena equivalência entre os cursos, com
tendo como foco a aprendizagem do estudante; a equiparação, para todos os efeitos, do ensino profissional ao
V – compatibilidade entre a proposta curricular e a ensino propedêutico, efetivada pela primeira Lei de Diretrizes
infraestrutura, entendida como espaço formativo dotado de e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024/61).
efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e Novo momento decisivo ocorreu dez anos depois, com a
acessibilidade; promulgação da Lei n° 5.692/71, que reformou a Lei nº
VI – integração dos profissionais da educação, dos 4.024/61, no que se refere ao, então, ensino de 1º e de 2º graus.
estudantes, das famílias e dos agentes da comunidade Note-se que ocorreu aqui uma transposição do antigo ginasial,
interessados na educação; até então considerado como fase inicial do ensino secundário,
VII – valorização dos profissionais da educação, com para constituir-se na fase final do 1º grau de oito anos.
programa de formação continuada, critérios de acesso, Para o 2º grau (correspondente ao atual Ensino Médio), a
permanência, remuneração compatível com a jornada de profissionalização torna-se obrigatória, supostamente para
trabalho definida no projeto político-pedagógico; eliminar o dualismo entre uma formação clássica e científica,
VIII – realização de parceria com órgãos, tais como os de preparadora para os estudos superiores e, outra, profissional
assistência social, desenvolvimento e direitos humanos, (industrial, comercial e agrícola), além do Curso Normal,
cidadania, trabalho, ciência e tecnologia, lazer, esporte, destinado à formação de professores para a primeira fase do
turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente; 1º grau. A implantação generalizada da habilitação
IX – preparação dos profissionais da educação, gestores, profissional trouxe, entre seus efeitos, sobretudo para o ensino
professores, especialistas, técnicos, monitores e outros. público, a perda de identidade que o 2º grau passara a ter, seja
A qualidade social da educação brasileira é uma conquista a propedêutica para o ensino superior, seja a de terminalidade
a ser construída coletivamente de forma negociada, pois profissional. Passada uma década, foi editada a Lei nº
significa algo que se concretiza a partir da qualidade da relação 7.044/82, tornando facultativa essa profissionalização no 2º
entre todos os sujeitos que nela atuam direta e indiretamente. grau.
Significa compreender que a educação é um processo de O mais novo momento decisivo veio com a atual lei de
produção e socialização da cultura da vida, no qual se Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei Federal
constroem, se mantêm e se transformam conhecimentos e nº 9.394/96, que ainda vem recebendo sucessivas alterações e
valores. Produzir e socializar a cultura inclui garantir a acréscimos. A LDB define o Ensino Médio como uma etapa do
presença dos sujeitos das aprendizagens na escola. Assim, a nível denominado Educação Básica, constituído pela Educação
qualidade social da educação escolar supõe encontrar Infantil, pelo Ensino Fundamental e pelo Ensino Médio, sendo
alternativas políticas, administrativas e pedagógicas que este sua etapa final.
garantam o acesso, a permanência e o sucesso do indivíduo no

Conhecimentos Contextuais 5
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Das alterações ocorridas na LDB, destacam-se, aqui, as Estas Diretrizes orientam-se no sentido do oferecimento
trazidas pela Lei nº 11.741/2008, a qual redimensionou, de uma formação humana integral, evitando a orientação
institucionalizou e integrou as ações da Educação Profissional limitada da preparação para o vestibular e patrocinando um
Técnica de Nível Médio, da Educação de Jovens e Adultos e da sonho de futuro para todos os estudantes do Ensino Médio.
Educação Profissional e Tecnológica. Foram alterados os Esta orientação visa à construção de um Ensino Médio que
artigos 37, 39, 41 e 42, e acrescido o Capítulo II do Título V com apresente uma unidade e que possa atender a diversidade
a Seção IV-A, denominada “Da Educação Profissional Técnica mediante o oferecimento de diferentes formas de organização
de Nível Médio”, e com os artigos 36-A, 36-B, 36-C e 36-D. Esta curricular, o fortalecimento do projeto político pedagógico e a
lei incorporou o essencial do Decreto nº 5.154/2004, criação das condições para a necessária discussão sobre a
sobretudo, revalorizando a possibilidade do Ensino Médio organização do trabalho pedagógico.
integrado com a Educação Profissional Técnica,
contrariamente ao que o Decreto nº 2.208/97 anteriormente Desafios do Ensino Médio
havia disposto.
É preciso reconhecer que a escola se constitui no principal
A LDB define como finalidades do Ensino Médio a espaço de acesso ao conhecimento sistematizado, tal como ele
preparação para a continuidade dos estudos, a preparação foi produzido pela humanidade ao longo dos anos. Assegurar
básica para o trabalho e o exercício da cidadania. Determina, essa possibilidade, garantindo a oferta de educação de
ainda, uma base nacional comum e uma parte diversificada qualidade para toda a população, é crucial para que a
para a organização do currículo escolar. possibilidade da transformação social seja concretizada. Neste
Na sequência, foram formuladas as Diretrizes Curriculares sentido, a educação escolar, embora não tenha autonomia
Nacionais para o Ensino Médio, em 1998, que destacam que as para, por si mesma, mudar a sociedade, é importante
ações administrativas e pedagógicas dos sistemas de ensino e estratégia de transformação, uma vez que a inclusão na
das escolas devem ser coerentes com princípios estéticos, sociedade contemporânea não se dá sem o domínio de
políticos e éticos, abrangendo a estética da sensibilidade, a determinados conhecimentos que devem ser assegurados a
política da igualdade e a ética da identidade. Afirmam que as todos.
propostas pedagógicas devem ser orientadas por Com a perspectiva de um imenso contingente de
competências básicas, conteúdos e formas de tratamento dos adolescentes, jovens e adultos que se diferenciam por
conteúdos previstos pelas finalidades do Ensino Médio. Os condições de existência e perspectivas de futuro desiguais, é
princípios pedagógicos da identidade, diversidade e que o Ensino Médio deve trabalhar. Está em jogo a recriação
autonomia, da interdisciplinaridade e da contextualização são da escola que, embora não possa por si só resolver as
adotados como estruturadores dos currículos. A base nacional desigualdades sociais, pode ampliar as condições de inclusão
comum organiza-se, a partir de então, em três áreas de social, ao possibilitar o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura
conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; e ao trabalho.
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; e O desenvolvimento científico e tecnológico acelerado
Ciências Humanas e suas Tecnologias. impõe à escola um novo posicionamento de vivência e
Mesmo considerando o tratamento dado ao trabalho convivência com os conhecimentos capaz de acompanhar sua
didático-pedagógico, com as possibilidades de organização do produção acelerada. A apropriação de conhecimentos
Ensino Médio, tem-se a percepção que tal discussão não científicos se efetiva por práticas experimentais, com
chegou às escolas, mantendo-se atenção extrema no contextualização que relacione os conhecimentos com a vida,
tratamento de conteúdos sem a articulação com o contexto do em oposição a metodologias pouco ou nada ativas e sem
estudante e com os demais componentes das áreas de significado para os estudantes. Estas metodologias
conhecimento e sem aproximar-se das finalidades propostas estabelecem relação expositiva e transmissivista que não
para a etapa de ensino, constantes na LDB. Foi observado em coloca os estudantes em situação de vida real, de fazer, de
estudo promovido pela UNESCO, que incluiu estudos de caso elaborar. Por outro lado, tecnologias da informação e
em dois Estados, que os ditames legais e normativos e as comunicação modificaram e continuam modificando o
concepções teóricas, mesmo quando assumidas pelos órgãos comportamento das pessoas e essas mudanças devem ser
centrais de uma Secretaria Estadual de Educação, têm fraca incorporadas e processadas pela escola para evitar uma nova
ressonância nas escolas e, até, pouca ou nenhuma, na atuação forma de exclusão, a digital.
dos professores (UNESCO, 2009).O Parecer CNE/CEB nº De acordo com Silva, privilegiar a dimensão cognitiva não
7/2010 e a Resolução CNE/CEB nº 4/2010, que definem as pode secundarizar outras dimensões da formação, como, por
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação exemplo, as dimensões física, social e afetiva. Desse modo,
Básica, especificamente quanto ao Ensino Médio, reiteram que pensar uma educação escolar capaz de realizar a educação em
é etapa final do processo formativo da Educação Básica e sua plenitude, implica em refletir sobre as práticas
indicam que deve ter uma base unitária sobre a qual podem se pedagógicas já consolidadas e problematizá-las no sentido de
assentar possibilidades diversas. produzir a incorporação das múltiplas dimensões de
A definição e a gestão do currículo inscrevem-se em uma realização do humano como uma das grandes finalidades da
lógica que se dirige, predominantemente, aos jovens, escolarização básica.
considerando suas singularidades, que se situam em um Como fundamento dessa necessidade podemos recorrer,
tempo determinado. por exemplo, a um dos grandes pensadores dos processos
Os sistemas educativos devem prever currículos flexíveis, cognitivos, Henry Wallon, e apreender, a partir dele, essa
com diferentes alternativas, para que os jovens tenham a natureza multidimensional implicada nas relações de ensinar
oportunidade de escolher o percurso formativo que atenda e aprender. Segundo Wallon, para que a aprendizagem ocorra,
seus interesses, necessidades e aspirações, para que se um conjunto de condições necessita estar satisfeito: a emoção,
assegure a permanência dos jovens na escola, com proveito, a imitação, a motricidade e o socius, isto é, a condição da
até a conclusão da Educação Básica. interação social. Esses quatro elementos, marcados por uma
Pesquisas realizadas com estudantes mostram a estreita interdependência, geram a possibilidade de que cada
necessidade de essa etapa educacional adotar procedimentos um de nós possa se apropriar dos elementos culturais, objeto
que guardem maior relação com o projeto de vida dos de nossa formação. Na ausência de qualquer um deles, esse
estudantes como forma de ampliação da permanência e do processo ocorre de forma limitada.
sucesso dos mesmos na escola.

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Do mesmo modo, assim como a dimensão emocional- Médio por volta dos dezessete anos, é uma educação de caráter
afetiva foi, historicamente, tratada de modo periférico, a desinteressado que, além do conhecimento da natureza e da
dimensão físico-corpórea também não tem merecido a cultura envolve as formas estéticas, a apreciação das coisas e
atenção necessária. Aceita, geralmente, como atributo de um das pessoas pelo que elas são em si mesmas, sem outro
terreno específico – o da Educação Física Escolar – raramente objetivo senão o de relacionar-se com elas.
se têm disseminadas compreensões mais abrangentes que nos Ainda, segundo Cury, do ponto de vista legal, o Ensino
permitam entender que o crescimento intelectual e afetivo não Médio não é nem porta para a Educação Superior e nem chave
se realizam sem um corpo, e que, enquanto uma das dimensões para o mercado de trabalho, embora seja requisito tanto para
do humano, tem sua concepção demarcada histórico a graduação superior quanto para a profissionalização técnica.
culturalmente. Desse modo, ao educador é imprescindível No contexto desta temática, consideram-se, na LDB, os
tomar o educando nas suas múltiplas dimensões – intelectual, artigos 2º e 35. Um explicita os deveres, os princípios e os fins
social, física e emocional – e situá-las no âmbito do contexto da educação brasileira; o outro trata das finalidades do Ensino
sociocultural em que educador e educando estão inseridos. Médio.
Tomar o educando em suas múltiplas dimensões tem como Diz o art. 2º:
finalidade realizar uma educação que o conduza à autonomia, A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
intelectual e moral. princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
Para o Ensino Médio, reconhecidos seu caráter de tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
integrante da Educação Básica e seu necessário preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.
asseguramento de oferta para todos, a própria LDB aponta Este artigo possibilita-nos afirmar que a finalidade da
para a possibilidade de ofertar distintas modalidades de educação é de tríplice natureza:
organização, inclusive a formação técnica, com o intuito de I – o pleno desenvolvimento do educando deve ser voltado
tratar diferentemente os desiguais, conforme seus interesses e para uma concepção teórico educacional que leve em conta as
necessidades, para que possam ser iguais do ponto de vista dos dimensões: intelectual, afetiva, física, ética, estética, política,
direitos. social e profissional;
Desse modo, dentre os grandes desafios do Ensino Médio, II – o preparo para o exercício da cidadania centrado na
está o de organizar formas de enfrentar a diferença de condição básica de ser sujeito histórico, social e cultural;
qualidade reinante nos diversos sistemas educacionais, sujeito de direitos e deveres;
garantindo uma escola de qualidade para todos. Além disso, III – a qualificação para o trabalho fundamentada na
também é desafio indicar alternativas de organização perspectiva de educação como um processo articulado entre
curricular que, com flexibilidade, deem conta do atendimento ciência, tecnologia, cultura e trabalho.
das diversidades dos sujeitos. O Ensino Médio corporifica a concepção de trabalho e
cidadania como base para a formação, configurando-se
Função do Ensino Médio no marco legal enquanto Educação Básica. A formação geral do estudante em
torno dos fundamentos científico-tecnológicos, assim como
A Lei nº 9.394/96 (LDB), define que a educação escolar sua qualificação para o trabalho, sustentam-se nos princípios
brasileira está constituída em dois níveis: estéticos, éticos e políticos que inspiram a Constituição
Educação Básica (formada pela Educação Infantil, o Ensino Federal e a LDB. Nesse sentido, não é possível compreender a
Fundamental e o Ensino Médio) e Educação Superior. A tríplice intencionalidade expressa na legislação de forma
Educação Básica tem por finalidade desenvolver o educando, fragmentada e estanque. São finalidades que se entrecruzam
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o umas nas outras, fornecendo para a escola o horizonte da ação
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no pedagógica, quando se vislumbram, também, as finalidades do
trabalho e em estudos posteriores. Ensino Médio explicitadas no art. 35, da LDB:
Cury considera o conceito de Educação Básica definido na Art. 35 O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica,
LDB um conceito novo e esclarece: com duração mínima de três anos, terá como finalidade:
A Educação Básica é um conceito mais do que inovador I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
para um país que por séculos, negou, de modo elitista e adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o
seletivo, a seus cidadãos o direito ao conhecimento pela ação prosseguimento de estudos;
sistemática da organização escolar. II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
Resulta daí que a Educação Infantil é a base da Educação educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
Básica, o Ensino Fundamental é o seu tronco e o Ensino Médio se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
é seu acabamento, e é de uma visão do todo como base que se aperfeiçoamento posteriores;
pode ter uma visão consequente das partes. III – o aprimoramento do educando como pessoa humana
A Educação Básica torna-se, dentro do art. 4º da LDB, um incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
direito do cidadão à educação e um dever do Estado em intelectual e do pensamento crítico;
atendê-lo mediante oferta qualificada. E tal o é por ser IV – a compreensão dos fundamentos científico-
indispensável, como direito social, a participação ativa e crítica tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
do sujeito, dos grupos a que ele pertença, na definição de uma com a prática, no ensino de cada disciplina.
sociedade justa e democrática. A LDB estabelece, portanto, que Estas finalidades legais do Ensino Médio definem a
o Ensino Médio é etapa que completa a Educação Básica (art. identidade da escola no âmbito de quatro indissociáveis
35), definindo-a como a conclusão de um período de funções, a saber:
escolarização de caráter geral. I – consolidação dos conhecimentos anteriormente
Trata-se de reconhecê-lo como parte de um nível de adquiridos;
escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do II – preparação do cidadão para o trabalho;
indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável III – implementação da autonomia intelectual e da
para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para formação ética; e
progredir no trabalho e em estudos posteriores (art. 22). IV – compreensão da relação teoria e prática.
Segundo Saviani, a educação integral do homem, a qual deve A escola de Ensino Médio, com essa identidade legalmente
cobrir todo o período da Educação Básica que vai do delineada, deve levantar questões, dúvidas e críticas com
nascimento, com as creches, passa pela Educação Infantil, o relação ao que a instituição persegue, com maior ou menor
Ensino Fundamental e se completa com a conclusão do Ensino ênfase.

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As finalidades educativas constituem um marco de dos sujeitos e as perspectivas da realidade da escola e do seu
referência para fixar prioridades, refletir e desenvolver ações meio.
em torno delas. Elas contribuem para a configuração da
identidade da escola no lugar da homogeneização, da
uniformização. Kuenzer chama a atenção para as finalidades e Os sujeitos e o currículo dos
os objetivos do Ensino Médio, que se resumem (…) no
compromisso de educar o jovem para participar política e
ensinos fundamental e
produtivamente do mundo das relações sociais concretas com médio para a formação
comportamento ético e compromisso político, através do humana integral.
desenvolvimento da autonomia intelectual e da autonomia
moral.
A escola persegue finalidades. É importante ressaltar que
O direito à educação como fundamento maior destas
os profissionais da educação precisam ter clareza das
Diretrizes
finalidades propostas pela legislação. Para tanto, há
necessidade de refletir sobre a ação educativa que a escola
O Ensino Fundamental, de frequência compulsória, é uma
desenvolve com base nas finalidades e os objetivos que ela
conquista resultante da luta pelo direito à educação travada
define. Uma das principais tarefas da escola ao longo do
nos países do ocidente ao longo dos dois últimos séculos por
processo de elaboração do seu projeto político-pedagógico é o
diferentes grupos sociais, entre os quais avultam os setores
trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educativa.
populares. Esse direito está fortemente associado ao exercício
O projeto político-pedagógico exige essa reflexão, assim
da cidadania, uma vez que a educação como processo de
como a explicitação de seu papel social, e a definição dos
desenvolvimento do potencial humano garante o exercício dos
caminhos a serem percorridos e das ações a serem
direitos civis, políticos e sociais. De acordo com Cury (2002),
desencadeadas por todos os envolvidos com o processo
seja por razões políticas, seja por razões ligadas ao indivíduo,
escolar.
a educação foi tida historicamente como um canal de acesso
aos bens sociais e à luta política e, como tal, também um
Identidade e diversificação no Ensino Médio
caminho de emancipação do indivíduo. Pelo leque de campos
atingidos pela educação, ela tem sido considerada, segundo o
Um dos principais desafios da educação consiste no
ponto de vista dos diferentes grupos sociais, ora como síntese
estabelecimento do significado do Ensino Médio, que, em sua
dos direitos civis, políticos e sociais, ora como fazendo parte
representação social e realidade, ainda não respondeu aos
de cada um desses direitos.
objetivos que possam superar a visão dualista de que é mera
Resumidamente, pode-se dizer que os direitos civis dizem
passagem para a Educação Superior ou para a inserção na vida
respeito aos direitos do indivíduo garantidos pela legislação
econômico-produtiva. Esta superação significa uma formação
de cada país, como por exemplo, o direito à privacidade, à
integral que cumpra as múltiplas finalidades da Educação
liberdade de opinião e de crenças e o direito à defesa diante de
Básica e, em especial, do Ensino Médio, completando a
qualquer acusação. A luta pelos direitos civis baseou-se,
escolaridade comum necessária a todos os cidadãos. Busca-se
historicamente, na luta pela igualdade, perante a Lei, de todas
uma escola que não se limite ao interesse imediato, pragmático
as camadas da população, independente de origem social,
e utilitário, mas, sim, uma formação com base unitária,
credo religioso, cor, etnia, gênero e orientação sexual.
viabilizando a apropriação do conhecimento e
Assim, a educação é um direito civil por ser garantida pela
desenvolvimento de métodos que permitam a organização do
legislação brasileira como direito do indivíduo, independente
pensamento e das formas de compreensão das relações sociais
de sua situação econômica, social e cultural. O direito político,
e produtivas, que articule trabalho, ciência, tecnologia e
indo muito além do direito de votar e ser votado, está
cultura na perspectiva da emancipação humana.
relacionado com a inserção plena do conjunto de indivíduos
Frente a esse quadro, é necessário dar visibilidade ao
nos processos decisórios que ocorrem nas diferentes esferas
Ensino Médio no sentido da superação daquela dupla
da vida pública. Implica, ainda, o reconhecimento de que os
representação histórica persistente na educação brasileira.
cidadãos, mais do que portadores de direitos, são criadores de
Nessa perspectiva, a última etapa da Educação Básica precisa
novos direitos e de novos espaços para expressá-los. A
assumir, dentro de seus objetivos, o compromisso de atender,
educação é, portanto, também um direito político porque a
verdadeiramente, a todos e com qualidade, a diversidade
real participação na vida pública exige que os indivíduos,
nacional com sua heterogeneidade cultural, de considerar os
dentre outras coisas, estejam informados, saibam analisar
anseios das diversas juventudes formadas por adolescentes e
posições divergentes, saibam elaborar críticas e se posicionar,
jovens que acorrem à escola e que são sujeitos concretos com
tenham condições de fazer valer suas reivindicações por meio
suas múltiplas necessidades.
do diálogo e de assumir responsabilidades e obrigações,
Isso implica compreender a necessidade de adotar
habilidades que cabe também à escola desenvolver.
diferentes formas de organização desta etapa de ensino e,
Outrossim, importância é dada também à educação por razões
sobretudo, estabelecer princípios para a formação do
políticas associadas à necessidade de preservar o regime
adolescente, do jovem e, também, da expressiva fração de
democrático.
população adulta com escolaridade básica incompleta.
Já os direitos sociais se referem aos direitos que dependem
A definição da identidade do Ensino Médio como etapa
da ação do Estado para serem concretizados e estão
conclusiva da Educação Básica precisa ser iniciada mediante
associados, fundamentalmente, à melhoria das condições de
um projeto que, conquanto seja unitário em seus princípios e
vida do conjunto da população, relacionando-se com a questão
objetivos, desenvolva possibilidades formativas com
da igualdade social. São exemplos de direito social, o próprio
itinerários diversificados que contemplem as múltiplas
direito à educação, à moradia, à saúde, ao trabalho etc.
necessidades socioculturais e econômicas dos estudantes,
Nas últimas décadas, tem se firmado, ainda, como
reconhecendo-os como sujeitos de direitos no momento em
resultado de movimentos sociais, o direito à diferença, como
que cursam esse ensino.
também tem sido chamado o direito de grupos específicos
As instituições escolares devem avaliar as várias
verem atendidas suas demandas, não apenas de natureza
possibilidades de organização do Ensino Médio, garantindo a
social, mas também individual. Ele tem como fundamento a
simultaneidade das dimensões trabalho, ciência, tecnologia e
ideia de que devem ser consideradas e respeitadas as
cultura e contemplando as necessidades, anseios e aspirações
diferenças que fazem parte do tecido social e assegurado lugar

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à sua expressão. O direito à diferença, assegurado no espaço A população escolar


público, significa não apenas a tolerância ao outro, aquele que
é diferente de nós, mas implica a revisão do conjunto dos Como toda a população na faixa do ensino obrigatório deve
padrões sociais de relações da sociedade, exigindo uma frequentar o Ensino Fundamental, nele também estão
mudança que afeta a todos, o que significa que a questão da representadas a grande diversidade sociocultural da
identidade e da diferença tem caráter político. O direito à população brasileira e as grandes disparidades
diferença se manifesta por meio da afirmação dos direitos das socioeconômicas que contribuem para determinar
crianças, das mulheres, dos jovens, dos homossexuais, dos oportunidades muito diferenciadas de acesso dos alunos aos
negros, dos indígenas, das pessoas com deficiência, entre bens culturais. Numerosos estudos têm mostrado que as
outros, que para de fato se efetivarem, necessitam ser maiores desigualdades em relação às possibilidades de
socialmente reconhecidos. progressão escolar e de realização de aprendizagens
Trata-se, portanto, de compreender como as identidades e significativas na escola, embora estejam fortemente
as diferenças são construídas e que mecanismos e instituições associadas a fatores sociais e econômicos, mostram-se
estão implicados na construção das identidades, também profundamente entrelaçadas com as características
determinando a valorização de uns e o desprestígio de outros. culturais da população. As maiores desigualdades
É nesse contexto que emerge a defesa de uma educação educacionais são encontradas entre ricos e pobres, mas elas
multicultural. também são grandes entre brancos, negros e outros grupos
Os direitos civis, políticos e sociais focalizam, pois, direta raciais e estão, por sua vez, particularmente relacionadas à
ou indiretamente, o tratamento igualitário, e estão em oferta educativa mais precária que restringe as oportunidades
consonância com a temática da igualdade social. Já o direito à de aprendizagem das populações mestiças e negras,
diferença busca garantir que, em nome da igualdade, não se ribeirinhas, indígenas, dos moradores das áreas rurais, das
desconsiderem as diferenças culturais, de cor/ raça/etnia, crianças e jovens que vivem nas periferias urbanas, daqueles
gênero, idade, orientação sexual, entre outras. Em decorrência, em situações de risco, das pessoas com deficiência, e dos
espera-se que a escola esteja atenta a essas diferenças, a fim de adolescentes, jovens e adultos que não puderam estudar
que em torno delas não se construam mecanismos de exclusão quando crianças.
que impossibilitem a concretização do direito à educação, que Essa diversidade econômica, social e cultural exige da
é um direito de todos. escola o conhecimento da realidade em que vivem os alunos,
Todos esses direitos estão englobados nos direitos pois a compreensão do seu universo cultural é imprescindível
humanos, cuja característica é a de serem universais e sem para que a ação pedagógica seja pertinente. Inserida em
distinção de espécie alguma, uma vez que decorrem da contextos diferentes, a proposta políticopedagógica das
dignidade intrínseca a todo o ser humano. Na Declaração escolas deve estar articulada à realidade do seu alunado para
Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela que a comunidade escolar venha a conhecer melhor e valorizar
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, a educação a cultura local. Trata-se de uma condição importante para que
tem por objetivo o pleno desenvolvimento da pessoa humana os alunos possam se reconhecer como parte dessa cultura e
e o fortalecimento do respeito aos direitos humanos e às construir identidades afirmativas o que, também, pode levá-
liberdades fundamentais, aos quais, posteriormente, se agrega los a atuar sobre a sua realidade e transformá-la com base na
a necessidade de capacitar a todos para participarem maior compreensão que adquirem sobre ela. Ao mesmo
efetivamente de uma sociedade livre. Na Convenção sobre os tempo, a escola deverá propiciar aos alunos condições para
Direitos da Criança, celebrada pelo Fundo das Nações Unidas transitarem em outras culturas, para que transcendam seu
para a Infância (UNICEF), em 1989, acrescenta-se, ainda, a universo local e se tornem aptos a participar de diferentes
finalidade de incutir no educando o respeito ao meio ambiente esferas da vida social, econômica e política.
natural, à sua identidade cultural e aos valores nacionais e de
outras civilizações. O currículo
A Constituição Federal de 1988, ao reconhecer esses
direitos, traduz a adesão da Nação a princípios e valores Cabe primordialmente à instituição escolar a socialização
amplamente compartilhados no concerto internacional. O do conhecimento e a recriação da cultura. De acordo com as
inciso I do art. nº 208 da Carta Magna, Seção da Educação, Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
declara que o dever do Estado se efetiva com a garantia do Básica (Parecer CNE/CEB nº7/2010 e Resolução CNE/CEB nº
“Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, 4/2010), uma das maneiras de se conceber o currículo é
inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não entendê-lo como constituído pelas experiências escolares que
tiveram acesso na idade própria”. Por sua vez, o § 1º desse se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas
mesmo artigo afirma que “o acesso ao ensino obrigatório e relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos
gratuito é direito público subjetivo”. alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e
Por ser direito público subjetivo, o Ensino Fundamental contribuindo para construir as identidades dos estudantes. O
exige que o Estado determine a sua obrigatoriedade, que só foco nas experiências escolares significa que as orientações e
pode ser garantida por meio da gratuidade de ensino, o que irá propostas curriculares que provêm das diversas instâncias só
permitir o usufruto desse direito por parte daqueles que se terão concretude por meio das ações educativas que envolvem
virem privados dele. os alunos.
Se essa etapa de ensino, sendo um direito fundamental, é Os conhecimentos escolares podem ser compreendidos
direito do cidadão, uma vez que constitui uma garantia mínima como o conjunto de conhecimentos que a escola seleciona e
de formação para a vida pessoal, social e política. É dever do transforma, no sentido de torná-los passíveis de serem
Estado, dos sistemas de ensino e das escolas assegurarem que ensinados, ao mesmo tempo em que servem de elementos para
todos a ela tenham acesso e que a cursem integralmente, a formação ética, estética e política do aluno.
chegando até à conclusão do processo de escolarização que lhe As instâncias que mantêm, organizam, orientam e
corresponde. oferecem recursos à escola, como o próprio Ministério da
Além disso, todos têm o direito de obter o domínio dos Educação, as Secretarias de Educação, os Conselhos de
conhecimentos escolares previstos para essa etapa e de Educação, assim como os autores de materiais e livros
adquirir os valores, atitudes e habilidades derivados desses didáticos, transformam o conhecimento acadêmico,
conteúdos e das interações que ocorrem no processo segmentando- de acordo com os anos de escolaridade,
educativo. ordenando-o em unidades e tópicos e buscam ainda ilustrá-lo

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e formulá-lo em questões para muitas das quais já se têm oportunidades, mais incentivos e renovadas oportunidades de
respostas. Esse processo em que o conhecimento de diferentes se familiarizarem com o modo de entender a realidade que é
áreas sofre mudanças, transformando-se em conhecimento valorizado pela cultura escolar.
escolar, tem sido chamado de transposição didática. Acolher significa, também, garantir as aprendizagens
Também se diz que os conhecimentos produzidos nos propostas no currículo para que o aluno desenvolva interesses
diversos componentes curriculares, para adentrarem a escola e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais
são reco textualizados de acordo com a lógica que preside as disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em
instituições escolares. Uma vez que as escolas são instituições geral, e que lhe possibilitem, ainda, sentir-se como produtor
destinadas à formação das crianças, jovens e adultos, os valorizado desses bens. Ao lado disso, a escola é, por
conhecimentos escolares dos diferentes componentes, além excelência, o lugar em que é possível ensinar e cultivar as
do processo de didatização que sofrem, passam a trazer regras do espaço público que conduzem ao convívio
embutido um sentido moral e político. Assim, a história da democrático com as diferenças, orientado pelo respeito mútuo
escola está indissoluvelmente ligada ao exercício da cidadania; e pelo diálogo. É nesse espaço que os alunos têm condições de
a ciência que a escola ensina está impregnada de valores que exercitar a crítica e de aprender a assumir responsabilidades
buscam promover determinadas condutas, atitudes e em relação ao que é de todos.
determinados interesses, como por exemplo, a valorização e
preservação do meio ambiente, os cuidados com a saúde, entre ENSINO MÉDIO
outros. Esse mesmo processo ocorre com os demais
componentes curriculares e áreas de conhecimento, porque Os sujeitos/estudantes do Ensino Médio
devem se submeter às abordagens próprias aos estágios de
desenvolvimento dos alunos, ao período de duração dos As juventudes
cursos, aos horários e condições em que se desenvolve o
trabalho escolar e, sobretudo, aos propósitos mais gerais de Os estudantes do Ensino Médio são predominantemente
formação dos educandos. O acesso ao conhecimento escolar adolescentes e jovens. Segundo o Conselho Nacional de
tem, portanto, dupla função: desenvolver habilidades Juventude (CONJUVE), são considerados jovens os sujeitos
intelectuais e criar atitudes e comportamentos necessários com idade compreendida entre os 15 e os 29 anos, ainda que a
para a vida em sociedade. noção de juventude não possa ser reduzida a um recorte etário
O aluno precisa aprender não apenas os conteúdos (Brasil, 2006). Em consonância com o CONJUVE, esta proposta
escolares, mas também saber se movimentar na instituição de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para o
pelo conhecimento que adquire de seus valores, rituais e Ensino Médio concebe a juventude como condição sócio-
normas, ou seja, pela familiaridade com a cultura da escola. Ele histórico-cultural de uma categoria de sujeitos que necessita
costuma ir bem na escola quando compreende não somente o ser considerada em suas múltiplas dimensões, com
que fica explícito, como o que está implícito no cotidiano especificidades próprias que não estão restritas às dimensões
escolar, ou seja, tudo aquilo que não é dito mas que é biológica e etária, mas que se encontram articuladas com uma
valorizado ou desvalorizado pela escola em termos de multiplicidade de atravessamentos sociais e culturais,
comportamento, atitudes e valores que fazem parte de seu produzindo múltiplas culturas juvenis ou muitas juventudes.
currículo oculto. Entender o jovem do Ensino Médio dessa forma significa
É preciso, pois, que a escola expresse com clareza o que superar uma noção homogeneizante e naturalizada desse
espera dos alunos, buscando coerência entre o que proclama e estudante, passando a percebê-lo como sujeito com valores,
o que realiza, ou seja, o que realmente ensina em termos de comportamentos, visões de mundo, interesses e necessidades
conhecimento. singulares. Além disso, deve-se também aceitar a existência de
Os alunos provenientes de grupos sociais cuja cultura é pontos em comum que permitam tratá-lo como uma categoria
muito diferente daquela da escola, encontram na diferença social.
entre o que é cobrado e o que é ensinado por ela um obstáculo Destacam-se sua ansiedade em relação ao futuro, sua
para o seu aproveitamento. Eles precisam fazer um esforço necessidade de se fazer ouvir e sua valorização da
muito maior do que os outros para entender a linguagem da sociabilidade. Além das vivências próprias da juventude, o
escola, seus códigos ocultos, uma vez que a instituição jovem está inserido em processos que questionam e
pressupõe que certos conhecimentos que ela não ensina são promovem sua preparação para assumir o papel de adulto,
do domínio de todos, quando na verdade não são. tanto no plano profissional quanto no social e no familiar.
A escola constitui a principal e, muitas vezes, a única forma Pesquisas sugerem que, muito frequentemente, a
de acesso ao conhecimento sistematizado para a grande juventude é entendida como uma condição de transitoriedade,
maioria da população. Esse dado aumenta a responsabilidade uma fase de transição para a vida adulta (Dayrell, 2003). Com
do Ensino Fundamental na sua função de assegurar a todos a isso, nega-se a importância das ações de seu presente,
aprendizagem dos conteúdos curriculares capazes de fornecer produzindo-se um entendimento de que sua educação deva
os instrumentos básicos para a plena inserção na vida social, ser pensada com base nesse “vir a ser”. Reduzem-se, assim, as
econômica e cultural do país. Michael Young (2007) denomina possibilidades de se fazer da escola um espaço de formação
“poderoso” o conhecimento que, entre as crianças, para a vida hoje vivida, o que pode acabar relegando-a a uma
adolescentes, jovens e adultos não pode ser adquirido apenas obrigação enfadonha.
em casa e na comunidade, ou ainda nos locais de trabalho. Nas Muitos jovens, principalmente os oriundos de famílias
sociedades contemporâneas esse conhecimento é o que pobres, vivenciam uma relação paradoxal com a escola. Ao
permite estabelecer relações mais abrangentes entre os mesmo tempo em que reconhecem seu papel fundamental no
fenômenos, e é principalmente na escola que ele tem condições que se refere à empregabilidade, não conseguem atribuir-lhe
de ser adquirido. um sentido imediato (Sposito, 2005).
Para isso, a escola, no desempenho das suas funções de Vivem ansiosos por uma escola que lhes proporcione
educar e cuidar, deve acolher os alunos dos diferentes grupos chances mínimas de trabalho e que se relacione com suas
sociais, buscando construir e utilizar métodos, estratégias e experiências presentes.
recursos de ensino que melhor atendam às suas características Além de uma etapa marcada pela transitoriedade, outra
cognitivas e culturais. Acolher significa, pois, propiciar aos forma recorrente de representar a juventude vê-la como um
alunos meios para conhecerem a gramática da escola, tempo de liberdade, de experimentação e irresponsabilidade
oferecendo àqueles com maiores dificuldades e menores (Dayrell, 2003). Essas duas maneiras de representar a

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juventude – como um “vir a ser” e como um tempo de liberdade frequentavam o Ensino Médio; no Nordeste apenas 19,9%; e a
– mostram-se distantes da realidade da maioria dos jovens média nacional era de 35,7%. O autor assinala, com base em
brasileiros. Para esses, o trabalho não se situa no futuro, já dados do IPEA (2008), que há uma frequência líquida no
fazendo parte de suas preocupações presentes. Sul/Sudeste de 58%, contra 33,3% no Norte/Nordeste. Em
Uma pesquisa realizada com jovens de várias regiões que pese essa presença ser expressivamente maior na Região
brasileiras, moradores de zonas urbanas de cidades pequenas Sul do país, observa-se um quadro reiterado de desistência da
e capitais, bem como da zona rural, constatou que 60% dos escola também nessa região. Esse quadro parece se
entrevistados frequentavam escolas. Contudo, 75% deles já intensificar no Ensino Médio, devido à existência de forte
estavam inseridos ou buscando inserção no mundo do tensão na relação dos jovens com a escola (Correia e Matos,
trabalho (Sposito, 2005). Ou seja, o mundo do trabalho parece 2001; Dayrell, 2007; Krawczyk, 2009 apud Dayrell, 2009).
estar mais presente na vida desses sujeitos do que a escola. Dentre os fatores relevantes a se considerar está a relação
Muitos jovens abandonam a escola ao conseguir emprego, entre juventude, escola e trabalho. Ainda que não se parta, a
alegando falta de tempo. Todavia, é possível que, se os jovens priori, de que haja uma linearidade entre permanência na
atribuíssem um sentido mais vivo e uma maior importância à escola e inserção no emprego, as relações entre escolarização,
sua escolarização, uma parcela maior continuasse formação profissional e geração de independência financeira
frequentando as aulas, mesmo depois de empregados. por meio do ingresso no mundo do trabalho vêm sendo
O desencaixe entre a escola e os jovens não deve ser visto tensionadas e reconfiguradas conforme sinalizam estudos
como decorrente, nem de uma suposta incompetência da acerca do emprego e do desemprego juvenil.
instituição, nem de um suposto desinteresse dos estudantes. O Brasil vive hoje um novo ciclo de desenvolvimento
As análises se tornam produtivas à medida que enfoquem a calcado na distribuição de renda que visa à inclusão de um
relação entre os sujeitos e a escola no âmbito de um quadro grande contingente de pessoas no mercado consumidor.
mais amplo, considerando as transformações sociais em curso. A sustentação desse ciclo e o estabelecimento de novos
Essas transformações estão produzindo sujeitos com estilos patamares de desenvolvimento requerem um aporte de
de vida, valores e práticas sociais que os tornam muito trabalhadores qualificados em todos os níveis, o que implica
distintos das gerações anteriores (Dayrell, 2007). Entender tal na reestruturação da escola com vistas à introdução de novos
processo de transformação é relevante para a compreensão conteúdos e de novas metodologias de ensino capazes de
das dificuldades hoje constatadas nas relações entre os jovens promover a oferta de uma formação integral.
e a escola. Os jovens, atentos aos destinos do País, percebem essas
Possivelmente, um dos aspectos indispensáveis a essas modificações e criam novas expectativas em relação às
análises é a compreensão da constituição da juventude. A possibilidades de inserção no mundo do trabalho e em relação
formação dos indivíduos é hoje atravessada por um número ao papel da escola nos seus projetos de vida.
crescente de elementos. Se antes ela se produzia, Diante do exposto, torna-se premente que as escolas, ao
dominantemente, no espaço circunscrito pela família, pela desenvolverem seus projetos políticopedagógicos, se
escola e pela igreja, em meio a uma razoável homogeneidade debrucem sobre questões que permitam ressignificar a
de valores, muitas outras instituições, hoje, participam desse instituição escolar diante de uma possível fragilização que essa
jogo, apresentando formas de ser e de viver heterogêneas. instituição venha sofrendo, quando se trata do público alvo do
A identidade juvenil é determinada para além de uma Ensino Médio, considerando, ainda, a necessidade de
idade biológica ou psicológica, mas situa-se em processo de acolhimento de um sujeito que possui, dentre outras, as
contínua transformação individual e coletiva, a partir do que características apontadas anteriormente. Assim, sugerem-se
se reconhece que o sujeito do Ensino Médio é constituído e questões como: Que características sócio-econômico-culturais
constituinte da ordem social, ao mesmo tempo em que, como possuem os jovens que frequentam as escolas de Ensino
demonstram os comportamentos juvenis, preservam Médio? Que representações a escola, seus professores e
autonomia relativa quanto a essa ordem. dirigentes fazem dos estudantes? A escola conhece seus
Segundo Dayrell, a juventude é “parte de um processo mais estudantes? Quais os pontos de proximidade e distanciamento
amplo de constituição de sujeitos, mas que tem especificidades entre os sujeitos das escolas (estudantes e professores
que marcam a vida de cada um. A juventude constitui um particularmente)? Quais sentidos e significados esses jovens
momento determinado, mas não se reduz a uma passagem; ela têm atribuído à experiência escolar? Que relações se podem
assume uma importância em si mesma. observar entre jovens, escola e sociabilidade? Quais
Todo esse processo é influenciado pelo meio social experiências os jovens constroem fora do espaço escolar?
concreto no qual se desenvolve e pela qualidade das trocas que Como os jovens interagem com a diversidade? Que
este proporciona”. (2003). representações fazem diante de situações que têm sido alvo de
Zibas, ao analisar as relações entre juventude e oferta preconceito? Em que medida a cultura escolar instituída
educacional observa que a ampliação do acesso ao Ensino compõe uma referência simbólica que se distancia/aproxima
Médio, nos últimos 15 anos, não veio acompanhada de das expectativas dos estudantes? Que elementos da cultura
políticas capazes de dar sustentação com qualidade a essa juvenil são derivados da experiência escolar e contribuem
ampliação. Entre 1995 e 2005, os sistemas de ensino estaduais para conferir identidade(s) ao jovem da contemporaneidade?
receberam mais de 4 milhões de jovens no Ensino Médio, Que articulações existem entre os interesses pessoais, projetos
totalizando uma população escolar de 9 milhões de indivíduos de vida e experiência escolar? Que relações se estabelecem
(2009). entre esses planos e as experiências vividas na escola? Em que
medida os sentidos atribuídos à experiência escolar motivam
É diante de um público juvenil extremamente diverso, que os jovens a elaborar projetos de futuro? Que expectativas são
traz para dentro da escola as contradições de uma sociedade explicitadas pelos jovens diante da relação escola e trabalho?
que avança na inclusão educacional sem transformar a Que aspectos precisariam mudar na escola tendo em vista
estrutura social desigual – mantendo acesso precário à saúde, oferecer condições de incentivo ao retorno e à permanência
ao transporte, à cultura e lazer, e ao trabalho – que o novo para os que a abandonaram? Viabilizar as condições para que
Ensino Médio se forja. As desigualdades sociais passam a tais questões pautem as formulações dos gestores e
tensionar a instituição escolar e a produzir novos conflitos professores na discussão do seu cotidiano pode permitir novas
(idem). formas de organizar a proposta de trabalho da escola na
Segundo Dayrell (2009), o censo de 2000 informa que definição de seu projeto político-pedagógico.
47,6% dos jovens da Região Sudeste de 15 a 17 anos

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Os estudantes do Ensino Médio noturno adequada para o estudante trabalhador, que já cumpriu longa
jornada laboral. Este problema é agravado em cidades
O Ensino Médio noturno tem estado ausente do conjunto maiores, nas quais as distâncias e os deslocamentos do local de
de medidas acenadas para a melhoria da Educação Básica. trabalho para a escola e desta para a morada impõe acréscimo
Estas Diretrizes definem que todas as escolas com Ensino de sacrifício, levando a atraso e perda de tempos escolares.
Médio, independentemente do horário de funcionamento, Essa sobrecarga de horas no período noturno torna-se, sem
sejam locais de incentivo, desafios, construção do dúvida, causa de desestímulo e aproveitamento precário que
conhecimento e transformação social. leva a uma deficiente formação e/ou à reprovação, além da
Para que esse objetivo seja alcançado, é necessário ter em retenção por faltas além do limite legal e, no limite, de
mente as especificidades dos estudantes que compõem a abandono dos estudos.
escola noturna, com suas características próprias. Nesse sentido, com base no preceito constitucional e da
Em primeiro lugar, cabe destacar que a maioria dos LDB, e respeitados os mínimos previstos de duração e carga
estudantes do ensino noturno são adolescentes e jovens. Uma horária total, o projeto pedagógico deve atender com
parte está dando continuidade aos estudos, sem interrupção, qualidade a singularidade destes sujeitos, especificando uma
mesmo que já tenha tido alguma reprovação. Outra parte, no organização curricular e metodológica diferenciada, podendo
entanto, está retornando aos estudos depois de haver incluir atividades não presenciais, até 20% da carga horária
interrompido em determinado momento. diária ou de cada tempo de organização escolar, desde que haja
Levantamentos específicos mostram que os estudantes do suporte tecnológico e seja garantido o atendimento por
ensino noturno diferenciam-se dos estudantes do ensino professores e monitores, ou ampliar a duração para mais de 3
diurno, pois estes últimos têm o estudo como principal anos, com redução da carga horária diária e da anual,
atividade/interesse, enquanto os do noturno são, na sua garantindo o mínimo total de 2.400 horas.
maioria, trabalhadores antes de serem estudantes. Do ponto
de vista das expectativas destes estudantes, uns objetivam Os estudantes de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
prosseguir os estudos ingressando no ensino superior,
enquanto outros pretendem manter ou retomar sua dedicação O inciso I do art. 208 da Constituição Federal determina
ao trabalho. que o dever do Estado para com a educação é efetivado
O fato de muitos terem retornado aos estudos depois de tê- mediante a garantia da Educação Básica obrigatória e gratuita
los abandonado, é um atestado de que acreditam no valor da dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada, inclusive, sua oferta
escolarização como uma forma de buscar melhores dias e um gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade
futuro melhor. Em geral são estudantes que, não tendo própria.
condição econômica favorável, não têm acesso aos bens A LDB, no inciso VII do art. 4º, determina a oferta de
culturais e, como tal, esperam que a escola cumpra o papel de educação escolar regular para jovens e adultos, com
supridora dessas condições. Não raras vezes, a escola noturna características e modalidades adequadas às suas necessidades
é vista por esses estudantes trabalhadores como um locus e disponibilidades, garantindo-se, aos que forem
privilegiado de socialização. trabalhadores, as condições de acesso e permanência na
Os que estudam e trabalham, em geral, enfrentam escola. O art. 37 traduz os fundamentos da EJA, ao atribuir ao
dificuldades para conciliar as duas tarefas. poder público a responsabilidade de estimular e viabilizar o
Todos têm consciência de que as escolas noturnas acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante
convivem com maiores dificuldades do que as do período ações integradas e complementares entre si e mediante oferta
diurno e isso é um fator de desestímulo. de cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, que não puderam
Segundo Arroyo (1986, in Togni e Carvalho, 2008), ao efetuar os estudos na idade regular, proporcionando-lhes
tratar do “aluno (estudante)-trabalhador”, estamos nos oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
referindo a um trabalhador que estuda, ou seja, jovens que, características do alunado, seus interesses, condições de vida
antes de serem estudantes, são trabalhadores e que “dessa e de trabalho, mediante cursos e exames. Esta
diferenciação, não deveria decorrer qualquer interpretação responsabilidade deve ser prevista pelos sistemas educativos
que indique uma valorização diferente, por parte dos e por eles deve ser assumida, no âmbito da atuação de cada
estudantes, da escolarização, mas sim, especificidades nas sistema, observado o regime de colaboração e da ação
relações estabelecidas na escola” (Oliveira e Sousa, 2008). redistributiva, definidos legalmente.
Desse modo, o enfrentamento das necessidades detectadas As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e
no ensino noturno passa, inicialmente, pelo reconhecimento Jovens e Adultos estão expressas na Resolução CNE/CEB nº
da diversidade que caracteriza a escola e o corpo discente do 1/2000, fundamentada no Parecer CNE/CEB nº 11/2000,
ensino noturno para, em seguida, adequar seus procedimentos sendo que o Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução
aos projetos definidos para a mesma. CNE/CEB nº 3/2010 instituem Diretrizes Operacionais para a
A própria Constituição Federal, no inciso VI do art. 208, Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos aspectos relativos à
determina, de forma especial, a garantia da oferta do ensino duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos
noturno regular adequado às condições do educando. A LDB, de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e
no inciso VI do art. 4º, reitera este mandamento como dever Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da
do Estado. Educação a Distância.
Ainda a LDB, no § 2º do art. 23, prescreve que o calendário Indicam, igualmente, que mantém os princípios, objetivos
escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive e diretrizes formulados no Parecer CNE/CEB nº 11/2000.
climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de Sendo os jovens e adultos que estudam na EJA, no geral
ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas trabalhadores, cabem as considerações anteriores sobre os
previsto. estudantes do Ensino Médio noturno, uma vez que esta
Considerando, portanto, a situação e as circunstâncias de modalidade é, majoritariamente, oferecida nesse período.
vida dos estudantes trabalhadores do Ensino Médio noturno, Assim, deve especificar uma organização curricular e
cabe indicar e possibilitar formas de oferta e organização que metodológica que pode incluir ampliação da duração do curso,
sejam adequadas às condições desses educandos, de modo a com redução da carga horária diária e da anual, garantindo o
permitir seu efetivo acesso, permanência e sucesso nos mínimo total de 1.200 horas, ou incluir atividades não
estudos desta etapa da Educação Básica. É óbice evidente a presenciais, até 20% da carga horária diária ou de cada tempo
carga horária diária, a qual, se igual à do curso diurno, não é

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de organização escolar, desde que haja suporte tecnológico e Esta modalidade da Educação Básica e, portanto, do Ensino
seja garantido o atendimento por professores e monitores. Médio, está prevista no art. 28 da LDB, definindo, para
A aproximação entre a EJA – Ensino Médio – e a Educação atendimento da população do campo, adaptações necessárias
Profissional, materializa-se, sobretudo, no Programa Nacional às peculiaridades da vida rural e de cada região, com
de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica orientações referentes a conteúdos curriculares e
na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses
instituído pelo Decreto nº 5.840/2006. A proposta pedagógica dos estudantes da zona rural; organização escolar própria,
do PROEJA alia direitos fundamentais de jovens e adultos, incluindo adequação do calendário escolar as fases do ciclo
educação e trabalho. É também fundamentada no conceito de agrícola e as condições climáticas; e adequação à natureza do
educação continuada, na valorização das experiências do trabalho na zona rural. As propostas pedagógicas das escolas
indivíduo e na formação de qualidade pressuposta nos marcos do campo com oferta de Ensino Médio devem, portanto, ter
da educação integral. flexibilidade para contemplar a diversidade do meio, em seus
múltiplos aspectos, observados os princípios constitucionais,
Os estudantes indígenas, do campo e quilombolas a base nacional comum e os princípios que orientam a
Educação Básica brasileira.
O Ensino Médio, assim como as demais etapas da Educação Especificidades próprias, similarmente, tem a educação
Básica, assumem diferentes modalidades quando destinadas a destinada aos quilombolas, desenvolvida em unidades
contingentes da população com características diversificadas, educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo
como é, principalmente, o caso dos povos indígenas, do campo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural
e quilombolas. de cada comunidade e formação específica de seu quadro
O art. 78 da LDB se detém na oferta da Educação Escolar docente. A Câmara de Educação Básica do CNE instituiu
Indígena. Da confluência dos princípios e direitos desta Comissão para a elaboração de Diretrizes Curriculares
educação, traduzidos no respeito à sociodiversidade; na específicas para esta modalidade (Portaria CNE/CEB nº
interculturalidade; no direito de uso de suas línguas maternas 5/2010).
e de processos próprios de aprendizagem, na articulação entre
os saberes indígenas e os conhecimentos técnico-científicos Os estudantes da Educação Especial
com os princípios da formação integral, visando à atuação
cidadã no mundo do trabalho, da sustentabilidade Como modalidade transversal a todos os níveis, etapas e
socioambiental e do respeito à diversidade dos sujeitos, surge modalidades de ensino a Educação Especial deve estar
a possibilidade de uma educação indígena que possa prevista no projeto político-pedagógico da instituição de
contribuir para a reflexão e construção de alternativas de ensino.
gerenciamento autônomo de seus territórios, de sustentação O Ensino Médio de pessoas com deficiência, transtornos
econômica, de segurança alimentar, de saúde, de atendimento globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
às necessidades cotidianas, entre outros. Esta modalidade tem superdotação segue, pois, os princípios e orientações
Diretrizes próprias instituídas pela Resolução CNE/CEB nº expressos nos atos normativos da Educação Especial, o que
3/99, que fixou Diretrizes Nacionais para o Funcionamento implica assegurar igualdade de condições para o acesso e
das Escolas Indígenas, com base no Parecer CNE/CEB nº permanência na escola e o atendimento educacional
14/99, A escola desta modalidade tem uma realidade singular, especializado na rede regular de ensino.
inscrita na territorialidade, em processos de afirmação de Conforme expresso no texto da Convenção sobre os
identidades étnicas, produção e (re)significação de crenças, Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo
línguas e tradições culturais. Em função de suas Facultativo, “a deficiência é um conceito em evolução”,
especificidades requer normas e ordenamentos jurídicos resultante “da interação entre pessoas com deficiência e as
próprios em respeito aos diferentes povos, como afirmado no barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a
Parecer CNE/CEB nº 14/99: “Na estruturação e no plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em
funcionamento das escolas indígenas é reconhecida sua igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.
condição de escolas com normas e ordenamento jurídico Considerando o “respeito pela dignidade inerente, a
próprios, com ensino intercultural e bilíngue, visando à autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as
valorização plena das culturas dos povos indígenas e a próprias escolhas” e o entendimento da diversidade dos
afirmação e manutenção de sua diversidade étnica”. educandos com necessidades educacionais especiais, as
A escola indígena, portanto, visando cumprir sua instituições de ensino não podem restringir o acesso ao Ensino
especificidade, alicerçada em princípios comunitários, Médio por motivo de deficiência. Tal discriminação “configura
bilíngues e/ou multilíngues e interculturais, requer formação violação da dignidade e do valor inerentes ao ser humano”.
específica de seu quadro docente, observados os princípios Cabe assim às instituições de ensino garantir a
constitucionais, a base nacional comum e os princípios que transversalidade das ações da Educação Especial no Ensino
orientam a Educação Básica brasileira (artigos 5º, 9º, 10, 11, e Médio, assim como promover a quebra de barreiras físicas, de
inciso VIII do art. 4º da LDB), como destacado no Parecer comunicação e de informação que possam restringir a
CNE/CEB nº 7/2010, de Diretrizes Curriculares Nacionais participação e a aprendizagem dos educandos.
Gerais para a Educação Básica. Nesse sentido, faz-se necessário organizar processos de
A educação ofertada à população rural no Brasil tem sido avaliação adequados às singularidades dos educandos,
objeto de estudos e de reivindicações de organizações sociais incluindo as possibilidades de dilatamento de prazo para
há muito tempo. O art. 28 da LDB estabelece o direito dos conclusão da formação e complementação do atendimento.
povos do campo a uma oferta de ensino adequada à sua Para o atendimento desses objetivos, devem as escolas
diversidade sociocultural. É, pois, a partir dos parâmetros definir formas inclusivas de atendimento de seus estudantes,
político-pedagógicos próprios que se busca refletir sobre a devendo os sistemas de ensino dar o necessário apoio para a
Educação do Campo. As Diretrizes Operacionais para a implantação de salas de recursos multifuncionais; a formação
Educação Básica nas Escolas do Campo estão orientadas pelo continuada de professores para o atendimento educacional
Parecer CNE/CEB nº 36/2001, pela Resolução CNE/CEB nº especializado e a formação de gestores, educadores e demais
1/2002, pelo Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e pela Resolução profissionais da escola para a educação inclusiva; a adequação
CNE/CEB nº 2/2008. arquitetônica de prédios escolares e a elaboração, produção e
distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade,

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bem como a estruturação de núcleos de acessibilidade com distintas visões de mundo dos diferentes atores do processo
vistas à implementação e à integração das diferentes ações educativo escolar. Desse modo, o trabalho pedagógico define-
institucionais de inclusão de forma a prover condições para o se em sua complexidade, e não se submete plenamente ao
desenvolvimento acadêmico dos educandos, propiciando sua controle. No entanto, isso não se constitui em limite ou
plena e efetiva participação e inclusão na sociedade. problema, mas indica que se está diante da riqueza do
processo de formação humana, e diante, também, dos desafios
Currículo e trabalho pedagógico que a constituição dessa formação, sempre histórica, impõe.
O currículo possui caráter polissêmico e orienta a
O currículo é entendido como a seleção dos conhecimentos organização do processo educativo escolar.
historicamente acumulados, considerados relevantes e Suas diferentes concepções, com maior ou menor ênfase,
pertinentes em um dado contexto histórico, e definidos tendo refletem a importância de componentes curriculares, tais
por base o projeto de sociedade e de formação humana que a como os saberes a serem ensinados e aprendidos; as situações
ele se articula; se expressa por meio de uma proposta pela qual e experiências de aprendizagem; os planos e projetos
se explicitam as intenções da formação, e se concretiza por pedagógicos; as finalidades e os objetivos a serem alcançados,
meio das práticas escolares realizadas com vistas a dar bem como os processos de avaliação a serem adotados. Em
materialidade a essa proposta. todas essas perspectivas é notável o propósito de se organizar
Os conhecimentos escolares são reconhecidos como e de se tornar a educação escolar mais eficiente, por meio de
aqueles produzidos pelos homens no processo histórico de ações pedagógicas coletivamente planejadas.
produção de sua existência material e imaterial, valorizados e O planejamento coletivo promove “a conquista da
selecionados pela sociedade e pelas escolas que os organizam cidadania plena, mediante a compreensão do significado social
a fim de que possam ser ensinados e aprendidos, tornando-se das relações de poder que se reproduzem no cotidiano da
elementos do desenvolvimento cognitivo do estudante, bem escola, nas relações entre os profissionais da educação, o
como de sua formação ética, estética e política. conhecimento, as famílias e os estudantes, bem assim, entre
Para compreender a dinâmica do trabalho pedagógico estes e o projeto político-pedagógico, na sua concepção
escolar a partir do currículo, é necessário que se tome como coletiva que dignifica as pessoas, por meio da utilização de um
referência a cultura escolar consolidada, isto é, as práticas método de trabalho centrado nos estudos, nas discussões, no
curriculares já vivenciadas, os códigos e modos de organização diálogo que não apenas problematiza, mas também propõe,
produzidos, sem perder de vista que esse trabalho se articula fortalecendo a ação conjunta que busca, nos movimentos
ao contexto sócio-histórico-cultural mais amplo e guarda com sociais, elementos para criar e recriar o trabalho da e na
ele estreitas relações. escola” (Parecer CNE/CEB nº 7/2010).
Falar em currículo implica em duas dimensões: Nesse sentido, ressalta-se a inter-relação entre projeto
I – uma dimensão prescritiva, na qual se explicitam as político-pedagógico, currículo, trabalho pedagógico e,
intenções e os conteúdos de formação, que constitui o concretamente, condição e jornada dos professores.
currículo prescritivo ou formal; e Reitera-se, com base na legislação concernente ao Ensino
II – uma dimensão não explícita, constituída por relações Médio, o quanto os princípios adotados e as finalidades
entre os sujeitos envolvidos na prática escolar, tanto nos perseguidas precisam nortear as decisões tomadas no âmbito
momentos formais, como informais das suas atividades e nos do currículo, compreendido esse como o conjunto de
quais trocam ideias e valores, constituindo o currículo oculto, experiências escolares que se desdobram a partir do
mesmo que não tenha sido pré-determinado ou intencional. conhecimento, em meio às relações sociais que se travam nos
Ambas as dimensões geram uma terceira, real, que espaços institucionais, e que afetam a construção das
concretiza o currículo vivo ou em ação, que adquire identidades dos estudantes.
materialidade a partir das práticas formais prescritas e das Currículo tem a ver com os esforços pedagógicos
informais espontâneas vivenciadas nas salas de aula e nos desdobrados na escola, visando a organizar e a tornar efetivo
demais ambientes da escola. o processo educativo que conforma a última etapa da
O conhecimento é a “matéria prima” do trabalho Educação Básica. Expressa, assim, o projeto político-
pedagógico escolar. Dada sua condição de ser produto pedagógico institucional, discutido e construído pelos
histórico-cultural, isto é, de ser produzido e elaborado pelos profissionais e pelos sujeitos diretamente envolvidos no
homens por meio da interação que travam entre si, no intuito planejamento e na materialização do percurso escolar.
de encontrar respostas aos mais diversificados desafios que se Pode-se afirmar a importância de se considerar, na
interpõem entre eles e a produção da sua existência material e construção do currículo do Ensino Médio, os sujeitos e seus
imaterial, o conhecimento articula-se com os mais variados saberes, necessariamente respeitados e acolhidos nesse
interesses. Na medida em que a produção, elaboração e currículo. O diálogo entre saberes precisa ser desenvolvido, de
disseminação do conhecimento não são neutras, planejar a modo a propiciar a todos os estudantes o acesso ao
ação educativa, melhor definindo, educar é uma ação política indispensável para a compreensão das diferentes realidades
que envolve posicionamentos e escolhas articulados com os no plano da natureza, da sociedade, da cultura e da vida.
modos de compreender e agir no mundo. Assume importância, nessa perspectiva, a promoção de um
O trabalho pedagógico ganha materialidade nas ações: no amplo debate sobre a natureza da produção do conhecimento.
planejamento da escola em geral e do currículo em particular, Ou seja, o que se está defendendo é como inserir no currículo,
no processo de ensinar e aprender e na avaliação do trabalho o diálogo entre os saberes.
realizado, seja com relação a cada estudante individualmente Mais do que o acúmulo de informações e conhecimentos,
ou ao conjunto da escola. No que se refere à avaliação, muito há que se incluir no currículo um conjunto de conceitos e
se tem questionado sobre seus princípios e métodos. Vale categorias básicas. Não se pretende, então, oferecer ao
ressaltar a necessidade de que a avaliação ultrapasse o sentido estudante um currículo enciclopédico, repleto de informações
de mera averiguação do que o estudante aprendeu, e torne-se e de conhecimentos, formado por disciplinas isoladas, com
elemento chave do processo de planejamento educacional. fronteiras demarcadas e preservadas, sem relações entre si. A
O planejamento educacional, assim como o currículo e a preferência, ao contrário, é que se estabeleça um conjunto
avaliação na escola, enquanto componentes da organização do necessário de saberes integrados e significativos para o
trabalho pedagógico, estão circunscritos fortemente a esse prosseguimento dos estudos, para o entendimento e ação
caráter de não neutralidade, de ação intencional condicionada crítica acerca do mundo.
pela subjetividade dos envolvidos, marcados, enfim, pelas

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Associado à integração de saberes significativos, há que se VII – formas diversas de exercício da cidadania;
evitar a prática, ainda frequente, de um número excessivo de VIII – movimentos sociais.
componentes em cada tempo de organização do curso, Nesses espaços são produzidos e selecionados
gerando não só fragmentação como o seu congestionamento. conhecimentos e saberes dos quais derivam os escolares.
Além de uma seleção criteriosa de saberes, em termos de Esses conhecimentos são escolhidos e preparados para
quantidade, pertinência e relevância, e de sua equilibrada compor o currículo formal e para configurar o que deve ser
distribuição ao longo dos tempos de organização escolar, vale ensinado e aprendido.
possibilitar ao estudante as condições para o desenvolvimento Compreender o que são os conhecimentos escolares faz-se
da capacidade de busca autônoma do conhecimento e formas relevante para os profissionais da educação, pois permite
de garantir sua apropriação. Isso significa ter acesso a diversas concluir que os ensinados nas escolas não constituem cópias
fontes, de condições para buscar e analisar novas referências dos saberes e conhecimentos socialmente produzidos. Por
e novos conhecimentos, de adquirir as habilidades mínimas esse motivo, não faz sentido pensar em inserir, nas salas de
necessárias à utilização adequada das novas tecnologias da aula, os saberes e as práticas tal como funcionam em seus
informação e da comunicação, assim como de dominar contextos de origem. Para se tornarem conhecimentos
procedimentos básicos de investigação e de produção de escolares, os conhecimentos e saberes de referência passam
conhecimentos científicos. É precisamente no aprender a por processos de descontextualização e recontextualização. A
aprender que deve se centrar o esforço da ação pedagógica, atividade escolar, por conseguinte, implica uma determinada
para que, mais que acumular conteúdos, o estudante ruptura com as atividades específicas dos campos de
desenvolva a capacidade de aprender, de pesquisar e de referência.
buscar e (re)construir conhecimentos. Explicitado como a concepção de conhecimento escolar
Por se desejar que as experiências de aprendizagem pode influir no processo curricular, cabe discutir,
venham a tocar os estudantes, afetando sua formação, mostra- resumidamente, em que consistem os mencionados processos
se indispensável a promoção de um ambiente democrático em de descontextualização e recontextualização do conhecimento
que as relações entre estudantes e docentes e entre os escolar. Tais processos incluem algumas estratégias, sendo
próprios estudantes se caracterizem pelo respeito aos outros pertinente observar que o professor capaz de melhor entender
e pela valorização da diversidade e da diferença. o processo de construção do conhecimento escolar pode, de
Faz-se imprescindível uma seleção de saberes e modo mais acurado, distinguir em que momento os
conhecimentos significativos, capazes de se conectarem aos mecanismos implicados nesse processo favorecem ou
que o estudante já tenha apreendido e que, além disso, tenham dificultam as atividades docentes. Ou seja, a compreensão de
sentido para ele, toquem-no intensamente, como propõe como se constitui os conhecimentos escolares e saberes é um
Larrosa, e, ainda, contribuam para formar identidades fator que facilita tanto o planejamento quanto o
pautadas por autonomia, solidariedade e participação na desdobramento do próprio processo pedagógico.
sociedade.
Nesse sentido, deve ser levado em conta o que os Organização curricular do Ensino Médio
estudantes já sabem, o que eles gostariam de aprender e o que
se considera que precisam aprender. Toda ação educativa é intencional. Daí decorre que todo
Nessa perspectiva, são também importantes metodologias processo educativo fundamenta-se em pressupostos e
de ensino inovadoras, distintas das que se encontram nas salas finalidades, não havendo neutralidade possível nesse
de aula mais tradicionais e que, ao contrário dessas, ofereçam processo. Ao determinar as finalidades da educação, quem o
ao estudante a oportunidade de uma atuação ativa, faz tem por base uma visão social de mundo, que orienta a
interessada e comprometida no processo de aprender, que reflexão bem como as decisões tomadas.
incluam não só conhecimentos, mas, também, sua O planejamento curricular passa a ser compreendido de
contextualização, experimentação, vivências e convivência em forma estreitamente vinculada às relações que se produzem
tempos e espaços escolares e extraescolares, mediante aulas e entre a escola e o contexto histórico-cultural em que a
situações diversas, inclusive nos campos da cultura, do esporte educação se realiza e se institui, como um elemento, portanto,
e do lazer. integrador entre a escola e a sociedade.
Do professor, espera-se um desempenho competente, As decisões sobre o currículo resultam de um processo
capaz de estimular o estudante a colaborar e a interagir com seletivo, fazendo-se necessário que a escola tenha claro quais
seus colegas, tendo-se em mente que a aprendizagem, para critérios orientam esse processo de escolha.
bem ocorrer, depende de um diálogo produtivo com o outro. O currículo não se limita ao caráter instrumental,
Cabe enfatizar, neste momento, que os conhecimentos e os assumindo condição de conferir materialidade às ações
saberes trabalhados por professores e estudantes, assumem politicamente definidas pelos sujeitos da escola. Para
contornos e características específicas, constituindo o que se concretizar o currículo, essa perspectiva toma, ainda, como
tem denominado de conhecimento escolar. principais orientações os seguintes pontos:
O conhecimento escolar apresenta diferenças em relação I – a ação de planejar implica na participação de todos os
aos conhecimentos que lhe serviram de referência, aos quais elementos envolvidos no processo;
se associa intimamente, mas dos quais se distingue com II – a necessidade de se priorizar a busca da unidade entre
bastante nitidez. teoria e prática;
Os conhecimentos escolares provêm de saberes histórica e III – o planejamento deve partir da realidade concreta e
socialmente formulados nos âmbitos de referência dos estar voltado para atingir as finalidades legais do Ensino
currículos. Segundo Terigi, tais âmbitos de referência podem Médio e definidas no projeto coletivo da escola;
ser considerados como correspondendo aos seguintes IV – o reconhecimento da dimensão social e histórica do
espaços: trabalho docente.
I – instituições produtoras de conhecimento científico Como proporcionar, por outro lado, compreensões globais,
(universidades e centros de pesquisa); totalizantes da realidade a partir da seleção de componentes e
II – mundo do trabalho; conteúdos curriculares? Como orientar a seleção de conteúdos
III – desenvolvimentos tecnológicos; no currículo?
IV – atividades desportivas e corporais; A resposta a tais perguntas implica buscar relacionar
V – produção artística; partes e totalidade. Segundo Kosik, cada fato ou conjunto de
VI – campo da saúde; fatos, na sua essência, reflete toda a realidade com maior ou

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menor riqueza ou completude. Por esta razão, é possível que que abranjam a complexidade das relações existentes entre os
um fato contribua mais que outro na explicitação do real. ramos da ciência no mundo real.
Assim, a possibilidade de se conhecer a totalidade a partir das Tais estratégias e metodologias são práticas desafiadoras
partes é dada pela possibilidade de se identificar os fatos ou na organização curricular, na medida em que exigem uma
conjunto de fatos que esclareçam sobre a essência do real. articulação e um diálogo entre os conhecimentos, rompendo
Outros aspectos a serem considerados estão relacionados com com a forma fragmentada como historicamente tem sido
a distinção entre o que é essencial e acessório, assim como o organizado o currículo do Ensino Médio.
sentido objetivo dos fatos. Nesta etapa de ensino, tais metodologias encontram
Além disso, o conhecimento contemporâneo guarda em si barreiras em função da necessidade do aprofundamento dos
a história da sua construção. O estudo de um fenômeno, de um conceitos inerentes às disciplinas escolares, já que cada uma
problema, ou de um processo de trabalho está articulado com se caracteriza por ter objeto próprio de estudo e método
a realidade em que se insere. A relação entre partes que específico de abordagem. Dessa maneira, tem se revelado
compõem a realidade possibilita ir além da parte para praticamente difícil desenvolver propostas globalizadoras que
compreender a realidade em seu conjunto. abranjam os conceitos e especificidades de todas as disciplinas
A partir dos referenciais construídos sobre as relações curriculares.
entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura e dos nexos Assim, as propostas voltadas para o Ensino Médio, em
estabelecidos entre o projeto político-pedagógico e a geral, estão baseadas em metodologias mistas, as quais são
organização curricular do Ensino Médio, são apresentadas, em desenvolvidas em, pelo menos, dois espaços e tempos.
seguida, algumas possibilidades deste. Um, destinado ao aprofundamento conceitual no interior
Estas possibilidades de organização devem considerar as das disciplinas, e outro, voltado para as denominadas
normas complementares dos respectivos sistemas de ensino e atividades integradoras. É a partir daí que se apresenta uma
apoiar-se na participação coletiva dos sujeitos envolvidos, possibilidade de organização curricular do Ensino Médio, com
bem como nas teorias educacionais que buscam as respectivas uma organização por disciplinas (recorte do real para
soluções. aprofundar conceitos) e com atividades integradoras (imersão
Ninguém mais do que os participantes da atividade escolar no real ou sua simulação para compreender a relação parte-
em seus diferentes segmentos, conhece a sua realidade e, totalidade por meio de atividades interdisciplinares). Há dois
portanto, está mais habilitado para tomar decisões a respeito pontos cruciais nessa proposta: a definição das disciplinas com
do currículo que vai levar à prática. a respectiva seleção de conteúdos; e a definição das atividades
Compreende-se que organizar o currículo implica romper integradoras, pois é necessário que ambas sejam efetivadas a
com falsas polarizações, oposições e fronteiras consolidadas partir das inter-relações existentes entre os eixos
ao longo do tempo. Isso representa, para os educadores que constituintes do Ensino Médio integrando as dimensões do
atuam no Ensino Médio, a possibilidade de avançar na trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura.
compreensão do sentido da educação que é proporcionada aos Cabem, aqui, observações referentes às atividades
estudantes. Esses professores são instigados a buscar relações integradoras interdisciplinares, como colocadas nas Diretrizes
entre a ciência com a qual trabalham e o seu sentido, enquanto Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer
força propulsora do desenvolvimento da sociedade em geral e CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010):
do cidadão de cuja formação está participando. A interdisciplinaridade pressupõe a transferência de
Após as análises e reflexões desenvolvidas, discute-se a métodos de uma disciplina para outra. Ultrapassa-as, mas sua
organização curricular propriamente dita, ou seja, como os finalidade inscreve-se no estudo disciplinar. Pela abordagem
componentes curriculares podem ser organizados de modo a interdisciplinar ocorre a transversalidade do conhecimento
contribuir para a formação humana integral, tendo como constitutivo de diferentes disciplinas, por meio da ação
dimensões o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. didáticopedagógica mediada pela pedagogia dos projetos
Em geral, quando se discute currículo no Ensino Médio, há temáticos.
uma tendência a se questionar, corretamente, o espaço dos A interdisciplinaridade é, assim, entendida como
saberes específicos, alegando-se que, ao longo da história, a abordagem teórico-metodológica com ênfase no trabalho de
concepção disciplinar do currículo isolou cada um deles em integração das diferentes áreas do conhecimento.
compartimentos estanques e incomunicáveis. Continua o citado Parecer, considerando que essa
Os conhecimentos de cada ramo da ciência, para chegarem orientação deve ser enriquecida, por meio de proposta
até a escola precisaram ser organizados didaticamente, temática trabalhada transversalmente:
transformando-se em conhecimentos escolares. Estes se A transversalidade é entendida como forma de organizar o
diferenciam dos conhecimentos científicos porque são trabalho didático-pedagógico em que temas, eixos temáticos
retirados/isolados da realidade social, cultural, econômica, são integrados às disciplinas, às áreas ditas convencionais de
política, ambiental etc. em que foram produzidos para serem forma a estarem presentes em todas elas. A
transpostos para a situação escolar. interdisciplinaridade é, portanto, uma abordagem que facilita
Nesse processo, evidentemente, perdem-se muitas das o exercício da transversalidade, constituindo-se em caminhos
conexões existentes entre determinada ciência e as demais. facilitadores da integração do processo formativo dos
Como forma de resolver ou, pelo menos, minimizar os estudantes, pois ainda permite a sua participação na escolha
prejuízos decorrentes da organização disciplinar escolar, têm dos temas prioritários. A interdisciplinaridade e a
surgido, ao longo da história, propostas que organizam o transversalidade complementam-se, ambas rejeitando a
currículo a partir de outras estratégias. É muito rica a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo
variedade de denominações. Mencionam-se algumas dessas estável, pronto e acabado.
metodologias e estratégias, apenas a título de exemplo, sendo Qualquer que seja a forma de organização adotada, esta
propostas que tratam da aprendizagem baseada em deve, como indica a LDB, ter seu foco no estudante e atender
problemas; centros de interesses; núcleos ou complexos sempre o interesse do processo de aprendizagem.
temáticos; elaboração de projetos, investigação do meio, aulas No que concerne à seleção dos conteúdos disciplinares,
de campo, construção de protótipos, visitas técnicas, importa também evitar as superposições e lacunas, sem fazer
atividades artístico-culturais e desportivas, entre outras. reduções do currículo, ratificando-se a necessidade de
Buscam romper com a centralidade das disciplinas nos proporcionar a formação continuada dos docentes no sentido
currículos e substituí-las por aspectos mais globalizadores e de que se apropriem da concepção e dos princípios de um
Ensino Médio que integre sua proposta pedagógica às

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características e desenvolvimento das áreas de conhecimento. Como isso se traduz na escola?


Igualmente importante é organizar os tempos e os espaços de Nunca o discurso da autonomia, cidadania e participação
atuação dos professores visando garantir o planejamento, no espaço Escolar ganhou tanta força. Estes têm sido temas
implementação e acompanhamento em conjunto das marcantes do debate educacional brasileiro de hoje. Essa
atividades curriculares. preocupação tem-se traduzido, sobretudo pela reivindicação
Com relação às atividades integradoras, não cabe de um projeto políticopedagógico próprio de cada escola.
especificar denominações, embora haja várias na literatura, Neste texto, gostaríamos de tratar deste assunto, sublinhando
cada uma com suas peculiaridades. Assume-se essa postura a sua importância, seu significado, bem como as dificuldades,
por compreender que tal definição é função de cada sistema de obstáculos e elementos facilitadores da elaboração do projeto
ensino e escola, a partir da realidade concreta vivenciada, o políticopedagógico.
que inclui suas especificidades e possibilidades, assim como as Começaremos esclarecendo o próprio título: “projeto
características sociais, econômicas, políticas, culturais, políticopedagógico”. Entendemos que todo projeto pedagógico
ambientais e laborais da sociedade, do entorno escolar e dos é necessariamente político. Poderíamos denominá-lo,
estudantes e professores. portanto, apenas “projeto pedagógico”. Mas, a fim de dar
Entretanto, de forma coerente com as dimensões que destaque ao político dentro do pedagógico, resolvemos
sustentam a concepção de Ensino Médio aqui discutido, é desdobrar o nome em “políticopedagógico”.
importante que as atividades integradoras sejam concebidas a
partir do trabalho como primeira mediação entre o homem e a Frequentemente se confunde projeto com plano.
natureza e de suas relações com a sociedade e com cada uma Certamente o plano diretor da escola — como conjunto de
das outras dimensões curriculares reiteradamente objetivos, metas e procedimentos — faz parte do seu projeto,
mencionadas. mas não é todo o seu projeto.
Desse modo, sugere-se que as atividades integradoras Isso não significa que objetivos metas e procedimentos não
sejam desenvolvidas a partir de várias estratégias/temáticas sejam Necessários. Mas eles são insuficientes, pois, em geral, o
que incluam a problemática do trabalho de forma relacional. plano fica no campo do instituído, ou melhor, no cumprimento
Assim sendo, a cada tempo de organização escolar as mais eficaz do instituído, como defende hoje todo o discurso
atividades integradoras podem ser planejadas a partir das oficial em torno da “qualidade” e, em particular, da “qualidade
relações entre situações reais existentes nas práticas sociais total”. Um projeto necessita sempre rever o instituído para, a
concretas (ou simulações) e os conteúdos das disciplinas, partir dele, instituir outra coisa. Tornar-se instituinte. Um
tendo como fio condutor as conexões entre o trabalho e as projeto político-pedagógico não nega o instituído da escola
demais dimensões. que é a sua história, que é o conjunto dos seus currículos, dos
É, portanto, na busca de desenvolver estratégias seus métodos, o conjunto dos seus atores internos e externos
pedagógicas que contribuam para compreender como o e o seu modo de vida. Um projeto Sempre confronta esse
trabalho, enquanto mediação primeira entre o ser humano e o instituído com o instituinte.
meio ambiente, produz social e historicamente ciência e Não se constrói um projeto sem uma direção política, um
tecnologia e é influenciado e influencia a cultura dos grupos norte, um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é
sociais. também político. O projeto pedagógico da escola é por isso
Este modo de organizar o currículo contribui, não apenas mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em
para incorporar ao processo formativo, o trabalho como direção a uma finalidade que permanece como horizonte da
princípio educativo, como também para fortalecer as demais escola.
dimensões estruturantes do Ensino Médio (ciência, tecnologia, - De quem é a responsabilidade da constituição do projeto
cultura e o próprio trabalho), sem correr o risco de realizar da escola?
abordagens demasiadamente gerais e, portanto, superficiais,
uma vez que as disciplinas, se bem planejadas, cumprem o O projeto da escola não é responsabilidade apenas de
papel do necessário aprofundamento. sua direção. Ao contrário, numa gestão democrática, a
direção é escolhida a partir do reconhecimento da
competência e da liderança de alguém capaz de executar
Projeto Político Pedagógico um projeto coletivo. A escola, nesse caso, escolhe primeiro
da Escola. um projeto e depois essa pessoa que pode executá-lo. Assim
realizada, a eleição de um diretor ou de uma diretora se dá
a partir da escolha de um projeto políticopedagógico para
Projeto Político Pedagógico. a escola. Portanto, ao se eleger um diretor de escola, o que
se está elegendo é um projeto para a escola.
Até muito recentemente a questão da escola limitava-se a
uma escolha entre ser tradicional e ser moderna, Essa Como vimos, o projeto pedagógico da escola está hoje
tipologia não desapareceu, mas não responde a todas as inserido num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é
questões atuais da escola. Muito menos à questão do seu resultado de um processo de desenvolvimento de suas
projeto4. próprias contradições. Não existem duas escolas iguais. Diante
A crise paradigmática também atinge a escola e ela se disso, desaparece aquela arrogante pretensão de saber de
pergunta sobre si mesma, sobre seu papel como instituição antemão quais serão os resultados do projeto para todas as
numa sociedade pós-moderna e pós-industrial, caracterizada escolas de um sistema educacional. A arrogância do dono da
pela globalização da economia, das comunicações, da educação verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de
e da cultura, pelo pluralismo político, pela emergência do projetos pedagógicos faz parte da história da educação da
poder local. Nessa sociedade cresce a reivindicação pela nossa época.
participação e autonomia contra toda forma de uniformização Por isso, não deve existir um padrão único que oriente a
e o desejo de afirmação da singularidade de cada região, de escolha do projeto de nossas escolas. Não se entende, portanto,
cada língua etc. A multiculturalidade é a marca mais uma escola sem autonomia, autonomia para estabelecer o seu
significativa do nosso tempo. projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-lo.

4 Texto extraído de GADOTTI, Moacir. “Projeto político pedagógico da escola:


fundamentos para sua realização”.

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A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte e) o tipo de liderança que tradicionalmente domina nossa
da própria natureza do ato pedagógico. A gestão democrática atividade política no campo educacional.
da escola é, portanto, uma exigência de seu projeto Enfim, um projeto políticopedagógico da escola apoia-se:
políticopedagógico. a) no desenvolvimento de uma consciência crítica;
Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de b) no envolvimento das pessoas: comunidade interna e
mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. externa à escola;
Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de c) na participação e na cooperação das várias esferas de
que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do governo;
Estado e não uma conquista da comunidade. A gestão d) na autonomia, responsabilidade e criatividade como
democrática da escola implica que a comunidade, os usuários processo e como produto do projeto.
da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os
seus fiscalizadores ou, menos ainda, os meros receptores dos O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia dos
serviços educacionais. Na gestão democrática pais, mães, seus agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como
alunas, alunos, professores e funcionários assumem sua parte tal, partindo da "cara" que tem, com o seu cotidiano e o seu
de responsabilidade pelo projeto da escola. tempo-espaço, isto é, o contexto histórico em que ela se insere.
Um projeto políticopedagógico constrói-se de forma
Há pelo menos duas razões que justificam a implantação interdisciplinar. Não basta trocar de teoria como se ela
de um processo de gestão democrática na escola pública: pudesse salvar a escola.
Pelo que foi dito até agora, o projeto pedagógico da escola
1) A escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela pode ser considerado como um momento importante de
deve dar o exemplo. A gestão democrática da escola é um passo renovação da escola. Projetar significa “lançar-se para frente”,
importante no aprendizado da democracia. A escola não tem um antever um futuro diferente do presente. Projeto pressupõe
fim em si mesma. Ela está a serviço da comunidade. Nisso, a uma ação intencionada com um sentido definido, explícito,
gestão democrática da escola está prestando um serviço sobre o que se quer inovar. Nesse processo podem-se
também à comunidade que a mantém. distinguir dois momentos:
2) A gestão democrática pode melhorar o que é específico da
escola, isto é, o seu ensino. A participação na gestão da escola a) o momento da concepção do projeto;
proporcionará um melhor conhecimento do funcionamento da b) o momento da institucionalização e implementação do
escola e de todos os seus atores; propiciará um contato projeto.
permanente entre professores e alunos, o que leva ao
conhecimento mútuo e, em consequência, aproximará também Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas
as necessidades dos alunos dos conteúdos ensinados pelos para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado
professores. confortável para arriscar-se, atravessar um período de
A autonomia e a participação — pressupostos do projeto instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da
político- pedagógico da escola — não se limitam à mera promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
declaração de princípios consignados em algum documento. Sua presente. Um projeto educativo pode ser tomado como
presença precisa ser sentida no Conselho de Escola ou Colegiado, promessa frente a determinadas rupturas. As promessas
mas também na escolha do livro didático, no planejamento do tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo
ensino, na organização de eventos culturais, de atividades seus atores e autores.
cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas assistir às
reuniões. A noção de projeto implica, sobretudo tempo:

A gestão democrática deve estar impregnada por certa a) Tempo político — define a oportunidade política de um
atmosfera que se respira na escola, na circulação das determinado projeto.
informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do b) Tempo institucional — Cada escola encontra-se num
calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo determinado tempo de sua história. O projeto que pode ser
de elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas inovador para uma escola pode não ser para outra.
disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na c) Tempo escolar — O calendário da escola, o período no
capacitação dos recursos humanos etc. A gestão qual o projeto é elaborado é também decisivo para o seu sucesso.
democrática é, portanto, atitude e método. A atitude d) Tempo para amadurecer as ideias — Só os projetos
democrática é necessária, mas não é suficiente. Precisamos burocráticos são impostos e, por isso, revelam-se ineficientes em
de métodos democráticos de efetivo exercício da médio prazo. Há um tempo para sedimentar ideias. Um projeto
democracia. Ela também é um aprendizado, demanda precisa ser discutido e isso leva tempo.
tempo, atenção e trabalho. Como elementos facilitadores de êxito de um projeto,
podemos destacar:
Existem, certamente, algumas limitações e obstáculos à
instauração de um processo democrático como parte do 1) Comunicação eficiente. Um projeto deve ser factível e seu
projeto políticopedagógico da escola. Entre eles, podemos enunciado facilmente compreendido.
citar: 2) Adesão voluntária e consciente ao projeto. Todos
precisam estar envolvidos. A corresponsabilidade é um fator
a) a nossa pouca experiência democrática; decisivo no êxito de um projeto;
b) a mentalidade que atribui aos técnicos e apenas a eles a 3) Suporte institucional e financeiro, que significa: vontade
capacidade de planejar e governar e que considera o povo política, pleno conhecimento de todos — principalmente dos
incapaz de exercer o governo ou de participar de um dirigentes — e recursos financeiros claramente definidos.
planejamento coletivo em todas as suas fases; 4) Controle, acompanhamento e avaliação do projeto. Um
c) a própria estrutura de nosso sistema educacional que é projeto que não pressupõe constante avaliação não consegue
vertical; saber se seus objetivos estão sendo atingidos.
d) o autoritarismo que impregnou nossa prática 5) Uma atmosfera, um ambiente favorável. Não se deve
educacional; desprezar certo componente mágico-simbólico para o êxito de

Conhecimentos Contextuais 18
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um projeto, certa mística que cimenta a todos os que se O movimento atual da chamada “escola cidadã” está
envolvem no design de um projeto. inserido nesse novo contexto histórico de busca de identidade
6) Credibilidade. As ideias podem ser boas, mas, se os que as nacional. A “escola cidadã” surge como resposta à
defendem não têm prestígio, comprovada competência e burocratização do sistema de ensino e à sua ineficiência.
legitimidade, o projeto pode ficar limitado. É nesse contexto histórico que vem se desenhando o
7) Referencial teórico que facilite encontrar os principais projeto e a realização prática da escola cidadã em diversas
conceitos estrutura ao projeto. partes do país, como uma alternativa nova e emergente. Ela
vem surgindo em numerosos municípios e já se mostra nas
A falta desses elementos obstaculiza a elaboração e a preocupações dos dirigentes educacionais em diversos
implantação de um projeto novo para a escola. A implantação Estados brasileiros.
de um novo projeto político pedagógico da escola enfrentará Movimentos semelhantes já ocorreram em outros países.
sempre a descrença generalizada dos que pensam que de nada Vejam-se as “Citizenship Schools” que surgiram nos Estados
adianta projetar uma boa escola enquanto não houver vontade Unidos nos anos 50, dentro das quais se originou o importante
política dos “de cima”. Contudo, o pensamento e a prática dos movimento pelos Direitos Civis naquele país, colocando
“de cima” não se modificarão enquanto não existir pressão dos dentro das escolas americanas a educação para a cidadania e o
“de baixo”. Um projeto políticopedagógico da escola deve respeito aos direitos sociais e humanos.
constituir-se num verdadeiro processo de conscientização e de
formação cívica; deve ser um processo de recuperação da Do movimento histórico-cultural a que nos referimos,
importância e da necessidade do planejamento na educação. estão surgindo alguns eixos norteadores da escola cidadã: a
Tudo isso exige certamente uma educação para a integração entre educação e cultura, escola e comunidade
cidadania. (educação multicultural e comunitária), a democratização das
- O que é "educar para a cidadania"? relações de poder dentro da escola, o enfrentamento da
questão da repetência e da avaliação, a visão interdisciplinar e
A resposta a essa pergunta depende da resposta à outra transdisciplinar e a formação permanente dos educadores. A
pergunta: — “O que é cidadania?”. interdisciplinaridade refere-se à estreita relação que as
Pode-se dizer que cidadania é essencialmente consciência disciplinas mantêm entre si e a Transdisciplinaridade, à
de direitos e deveres e exercício da democracia. Não há superação das fronteiras existentes entre as disciplinas, indo,
cidadania sem democracia. portanto, além da interação e reciprocidade existentes entre
A democracia fundamenta-se em três direitos: as ciências.
Da nossa experiência vivida nesses últimos anos, tentando
- direitos civis, como segurança e locomoção; entender esse movimento, algumas lições podemos tirar que
- direitos sociais, como trabalho, salário justo, saúde, nos levam a acreditar nessa concepção/realização da
educação, habitação etc. educação. Por isso, baseado nessa crença, apresentamos um
- direitos políticos, como liberdade de expressão, de voto, de “decálogo” no livro Escola cidadã, em 1992. Para nós, a escola
participação em partidos políticos e sindicatos etc. cidadã surge como uma realização concreta dos ideais da
escola pública popular, cujos princípios vimos defendendo, ao
O conceito de cidadania, contudo, é um conceito ambíguo. lado de Paulo Freire, nas últimas duas décadas.
Em 1789 a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão Concretamente, dessa experiência vivida, pudemos tirar
estabelecia as primeiras normas para assegurar a liberdade algumas lições. Para finalizar, gostaríamos de mencionar pelo
individual e a propriedade. Existem diversas concepções de menos quatro:
cidadania: a liberal, a neoliberal, a progressista ou socialista
democrática (o socialismo autoritário e burocrático não 1) A escola não é o único local de aquisição do saber
admite a democracia como valor universal e despreza a elaborado. Aprendemos também nos fins de semana, como
cidadania como valor progressista). costuma dizer Emília Ferreiro.
Existe hoje uma concepção consumista de cidadania (não 2) Não existe um único modelo capaz de tornar exitosa a
ser enganado na compra de um bem de consumo) e uma ação educativa da escola. Cada escola é fruto de suas próprias
concepção oposta que é uma concepção plena de cidadania, contradições. Existem muitos caminhos, inclusive para a
que consiste na mobilização da sociedade para a conquista dos aquisição do saber elaborado. E o caminho que pode ser válido
direitos acima mencionados e que devem ser garantidos pelo numa determinada conjuntura, num determinado local ou
Estado. A concepção liberal e neoliberal de cidadania — que contexto, pode não o ser em outra conjuntura ou contexto. Por
defende o “Estado mínimo”, a privatização da educação e que isso, é preciso incentivar a experimentação pedagógica e,
estimula a concentração de renda — entende que a cidadania sobretudo, ter uma mentalidade aberta ao novo e não atirar
é apenas um produto da solidariedade individual (da “gente de pedras no caminho daqueles que buscam melhorar a educação.
bem”) entre as pessoas e não uma conquista no interior do 3) Todos não terão acesso à educação enquanto todos —
próprio Estado. A cidadania implica em instituições e regras trabalhadores e não trabalhadores em educação, estado e
justas. O Estado, numa visão socialista democrática, precisa sociedade civil — não se interessarem por ela. A educação para
exercer uma ação — para evitar, por exemplo, os abusos todos supõe todos pela educação.
econômicos dos oligopólios — fazendo valer as regras 4) Houve uma época em que pensávamos que as pequenas
definidas socialmente. mudanças impediam a realização de uma grande" mudança.
Por isso, no nosso entender, elas deveriam ser evitadas e todo o
Cidadania e autonomia são hoje duas categorias investimento deveria ser feito numa transformação radical e
estratégicas de construção de uma sociedade melhor em ampla. Hoje, minha certeza é outra: a grande mudança exige
torno das quais há frequentemente consenso. Essas também o esforço contínuo, solidário e paciente das pequenas
categorias se constituem na base da nossa identidade ações. Estas, no dia-a-dia, construídas passo a passo, numa certa
nacional tão desejada e ainda tão longínqua, em função do direção, também são essenciais à grande mudança. E o mais
arraigado individualismo tanto das nossas elites, quanto importante: devem ser feitas hoje. Como dizia Paulo Freire, “a
das fortes corporações emergentes, ambas dependentes do melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã
Estado paternalista. alguma coisa que não é possível ser feita hoje, é fazer hoje aquilo
que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode

Conhecimentos Contextuais 19
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ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, todos trabalhem porque esse é um direito de todos os
dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer. cidadãos.

Isso, de forma alguma, significa renunciar ao sonho da Mas o trabalho é também uma obrigação coletiva, porque
construção de uma sociedade justa e humana, nem jogar no é a partir da produção de todos que se produz e se transforma
lixo da História nossa utopia revolucionária. Precisamos, a existência humana e, nesse sentido, não é justo que muitos
sobretudo da utopia neossocialista contra a ideologia trabalhem para que poucos enriqueçam cada vez mais,
neoliberal que prega o fim da utopia e da história. Estamos enquanto outros empobrecem e vivem à margem. Ou pior
convencidos, acima de tudo, que a educação, mais do que ainda, que muitos não tenham sequer direito ao trabalho e que
passar por uma melhoria da qualidade do ensino que está aí, isso seja funcional aos interesses econômicos hegemônicos.
como sustenta o Banco Mundial, ela precisa de uma
transformação radical, exigência premente e concreta de uma Nesse sentido, entende-se que uma prática pedagógica
mudança estrutural provocada pela inevitável globalização da significativa demanda análises do mundo do trabalho (sem
economia e das comunicações, pela revolução da informática a reduzi-lo apenas ao espaço onde ocorre o trabalho
ela associada e pelos novos valores que estão refundando assalariado), que incluam a sua cultura, os conflitos nele
instituições e convivência social na emergente sociedade pós- existentes e suas vinculações aos projetos societários em
moderna. Por isso, como afirmamos no início do texto, não se disputa, suas implicações sobre a natureza, os conhecimentos
constrói um projeto políticopedagógico sem uma direção construídos a partir do trabalho e das relações sociais que se
política, um norte, um rumo. estabelecem na sua produção.

A pesquisa como princípio metodológico


O trabalho como princípio
O trabalho de produção do conhecimento Intimamente
educativo e a pesquisa como relacionado ao trabalho como princípio educativo, esse
princípio metodológico. princípio contribui para a formação de sujeitos autônomos,
capazes de compreender-se no mundo e nele atuar por meio
do trabalho, transformando a natureza em função das
necessidades dos demais seres humanos e cuidando de sua
Trabalho como princípio educativo5
preservação para as gerações futuras. A construção da
autonomia intelectual necessária para assim atuar por meio do
Esse princípio permite uma compreensão do significado
trabalho pode e deve ser potencializada pela pesquisa, que
econômico, social, histórico, político e cultural das ciências e
deve ser intrínseca ao ensino e orientada para o estudo e a
das artes, o que implica considerar o trabalho em seus sentidos
busca de soluções de questões teóricas e práticas da vida
ontológico e histórico.
cotidiana dos sujeitos trabalhadores.
Na dimensão ontológica, considerar o trabalho como
princípio educativo é compreendê-lo como mediação primeira
É necessário que a pesquisa como princípio educativo
entre o homem e a natureza e, portanto, como elemento
esteja presente em toda a educação escolar dos que vivem e
central na produção da existência humana. Dessa forma, é na
viverão do próprio trabalho. Ela instiga a curiosidade em
busca da produção da própria existência que o homem gera
relação ao mundo, gera inquietude e evita que se
conhecimentos, que são histórica, social e culturalmente
incorporem pacotes fechados de visão de mundo, de
acumulados, ampliados e transformados.
informações e de saberes, quer do senso comum, quer
No ensino médio integrado, o trabalho também é princípio
escolares, quer científicos.
educativo em seu sentido histórico na medida em que se
consideram as diversas formas e significados que o trabalho
Quando despertada nas primeiras fases escolares, a
vem assumindo nas sociedades humanas. Isso permitirá
inquietação diante da realidade contribui para que, nas faixas
compreender que, no sistema capitalista, o trabalho “se
etárias e níveis educacionais mais avançados, o sujeito possa,
transforma em trabalho assalariado ou fator econômico, forma
individual e coletivamente, formular questões de investigação
específica de produção da existência humana sob o
e buscar respostas no âmbito acadêmico ou em outros
capitalismo; portanto, como categoria econômica e práxis
processos de trabalho, num movimento autônomo de
produtiva que, baseadas em conhecimentos existentes,
(re)construção de conhecimentos.
produzem novos conhecimentos.” Incorporar a dimensão
Além disso, a (re)produção de conhecimento deve ser
histórica do trabalho no ensino médio integrado significa,
orientada por um sentido ético: é imprescindível potencializar
portanto, considerar exigências específicas para o processo
uma concepção de pesquisa, aplicada ou não, assim como de
educativo, que visem à participação direta dos membros da
ciência e de desenvolvimento tecnológico comprometidos com
sociedade no trabalho socialmente produtivo.
a produção de conhecimentos, saberes, bens e serviços que
tenham como finalidade melhorar as condições da vida
Considerado em suas dimensões ontológica e histórica,
coletiva. Não se trata apenas de produzir bens de consumo
o trabalho integra a base unitária do ensino médio
para fortalecer o mercado e privilegiar o valor de troca em
integrado, bem como fundamenta e justifica a formação
detrimento do valor de uso, concentrando riqueza e
específica para o exercício profissional, instituindo-se
aumentando o fosso entre incluídos e excluídos.
também como contexto da formação. Não se restringe,
A edificação da autonomia intelectual dos sujeitos frente à
portanto, como princípio educativo, ao “aprender
(re)construção do conhecimento e de outras práticas sociais
trabalhando” ou ao “trabalhar aprendendo”: relaciona-se
inclui a conscientização e a autonomia em relação ao trabalho.
com a contribuição da ação educativa para que os
Potencializar a relação entre o ensino e a pesquisa contribui
indivíduos/coletivos compreendam, enquanto vivenciam e
para desenvolver, ao longo da vida, entre outros aspectos, as
constroem a própria formação, que é socialmente justo que
capacidades de interpretar, analisar, criticar, refletir, rejeitar
idéias fechadas, aprender, buscar soluções e propor

5Texto adaptado de MOURA, D. H. Algumas Possibilidades de Organização do


Ensino Médio a Partir de uma Base Unitária: Trabalho, Ciência, Tecnologia e
Cultura.

Conhecimentos Contextuais 20
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alternativas, potencializadas pela investigação e pela Temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional,
responsabilidade ética diante das questões políticas, sociais, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o
culturais e econômicas. aprendizado rápido. São poucos os modelos vivos de
aprendizagem integradora, que junta teoria e prática, que
aproxima o pensar do viver.
Tecnologia da informação e A ética permanece contraditória entre a teoria e a prática.
Os meios de comunicação mostram com frequência como
comunicação como alguns governantes, empresários, políticos e outros grupos de
ferramenta do processo de elite agem impunemente. Muitos adultos falam uma coisa –
ensino e de aprendizagem. respeitar as leis - e praticam outra, deixando confusos os
alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos.
O autoritarismo da maior parte das relações humanas
interpessoais, grupais e organizacionais espelha o estágio
Educação e Novas Tecnologias
atrasado em que nos encontramos individual e coletivamente
de desenvolvimento humano, de equilíbrio pessoal, de
Segundo MORAN, MASETTO e BEHRENS6, muitas formas
amadurecimento social. E somente podemos educar para a
de ensinar hoje não se justificam mais. Perdemos tempo
autonomia, para a liberdade com processos
demais, aprendemos muito pouco, nos desmotivamos
fundamentalmente participativos, interativos, libertadores,
continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara
que respeitem as diferenças, que incentivem, que apoiem,
sensação de que muitas aulas convencionais estão
orientados por pessoas e organizações livres.
ultrapassadas. Mas, para onde mudar? Como ensinar e
As mudanças na educação dependem, em primeiro lugar,
aprender em uma sociedade mais interconectada?
de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente,
Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas
pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar
previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o
e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em
cotidiano, com o inesperado, se transformarmos a sala de aula
contato, porque dele saímos enriquecidos.
em uma comunidade de investigação.
O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que
Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade
sabe e, ao mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo.
espaço temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e
Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a nossa
processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma
ignorância, as nossas dificuldades. Ensina, aprendendo a
das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a
relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório.
variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua
Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que
compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados.
dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses.
Temos informações demais e dificuldade em escolher quais
Os grandes educadores atraem não só pelas suas ideias,
são significativas para nós e conseguir integrá-las dentro da
mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a
nossa mente e da nossa vida.
atenção. Há sempre algo surpreendente, diferente no que
A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez
dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na
menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados,
forma de comunicar-se, de agir. São um poço inesgotável de
imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do
descobertas.
professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar
Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não
esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
nos surpreende; repete fórmulas, sínteses. São docentes
Aprender depende também do aluno, de que ele esteja
“papagaios”, que repetem o que leem e ouvem, que se deixam
pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa
levar pela última moda intelectual, sem questioná-la.
informação tem para ele, para incorporá-la vivencialmente,
É importante termos educadores/pais com um
emocionalmente. Enquanto a informação não fizer parte do
amadurecimento intelectual, emocional, comunicacional e
contexto pessoal - intelectual e emocional - não se tornará
ético, que facilite todo o processo de organizar a
verdadeiramente significativa, não será aprendida
aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que
verdadeiramente.
valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que
Avançaremos mais pela educação positiva do que pela
a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer
repressiva. É importante não começar pelos problemas, pelos
formas democráticas de pesquisa e de comunicação.
erros, não começar pelo negativo, pelos limites. E sim começar
As mudanças na educação dependem também de termos
pelo positivo, pelo incentivo, pela esperança, pelo apoio na
administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que
nossa capacidade de aprender e de mudar.
entendam todas as dimensões que estão envolvidas no
Ajudar o aluno a que acredite em si, que se sinta seguro,
processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro;
que se valorize como pessoa, que se aceite plenamente em
que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o
todas as dimensões da sua vida. Se o aluno acredita em si, será
gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano,
mais fácil trabalhar os limites, a disciplina, o equilíbrio entre
contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação,
direitos e deveres, a dimensão grupal e social.
intercâmbio e comunicação.
As mudanças na educação dependem também dos alunos.
As dificuldades para mudar na educação
Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o
processo, estimulam as melhores qualidades do professor,
As mudanças demorarão mais do que alguns pensam,
tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do
porque nos encontramos em processos desiguais de
professor-educador.
aprendizagem e evolução pessoal e social. Não temos muitas
Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais,
instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de
ajudam o professor a ajuda-los melhor. Alunos que provêm de
compreensão e integração, que possam servir como
famílias abertas, que apoiam as mudanças, que estimulam
referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a
afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes
separação entre a teoria e a prática.

6 Texto adaptado de MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas


tecnologias e mediação pedagógica

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culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem percebidas conscientemente. A força da linguagem audiovisual
mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas. está em que consegue dizer muito mais do que captamos,
chegar simultaneamente por muitos mais caminhos do que
Integrar os meios de comunicação na escola conscientemente percebemos e encontra dentro de nós uma
repercussão em imagens básicas, centrais, simbólicas,
Antes da criança chegar à escola, já passou por processos arquetípicas, com as quais nos identificamos ou que se
de educação importantes: pelo familiar e pela mídia eletrônica. relacionam conosco de alguma forma
No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e É uma comunicação poderosa, como nunca antes a tivemos
emocionalmente, a criança vai desenvolvendo as suas na história da humanidade e as novas tecnologias de
conexões cerebrais, os seus roteiros mentais, emocionais e multimídia e realidade virtual só estão tornando esse processo
suas linguagens. Os pais, principalmente a mãe, facilitam ou de simulação muito mais exacerbado, explorando-o até limites
complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais inimagináveis.
ou menos maduras, o processo de aprender a aprender dos A organização da narrativa televisiva, principalmente a
seus filhos. visual, não se baseia somente - e muitas vezes, não
A criança também é educada pela mídia, principalmente primordialmente- na lógica convencional, na coerência
pela televisão. Aprende a informar-se, a conhecer - os outros, interna, na relação causa-efeito, no princípio de não-
o mundo, a si mesmo - a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, contradição, mas numa lógica mais intuitiva, mais conectiva.
ouvindo, “tocando” as pessoas na tela, que lhe mostram como Imagens, palavras e música vão se agrupando segundo
viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relação com a mídia critérios menos rígidos, mais livres e subjetivos dos
eletrônica é prazerosa - ninguém obriga - é feita através da produtores que pressupõem um tipo de lógica da recepção
sedução, da emoção, da exploração sensorial, da narrativa - também menos racional, mais intuitiva.
aprendemos vendo as estórias dos outros e as estórias que os Um dos critérios principais é a contiguidade a justaposição
outros nos contam. Mesmo durante o período escolar a mídia por algum tipo de analogia, de associação por semelhança ou
mostra o mundo de outra forma - mais fácil, agradável, por oposição, por contraste. Ao colocar pedaços de imagens ou
compacta - sem precisar fazer esforço. Ela fala do cotidiano, cenas juntas, em sequência, criam-se novas relações, novos
dos sentimentos, das novidades. A mídia continua educando significados, que antes não existiam e que passam a ser
como contraponto à educação convencional, educa enquanto considerados aceitáveis, "naturais", "normais". Colocando, por
estamos entretidos. exemplo, várias matérias em sequência, num mesmo bloco e
Os Meios de Comunicação, principalmente a televisão, em dias sucessivos - como se fossem capítulos de uma novela
desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais de -, sobre o assassinato de uma atriz, o de várias crianças e
comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo outros crimes semelhantes, acontecidos no Brasil e em outros
linguagens e mensagens, que facilitam a interação, com o países, multiplica-se a reação de indignação da população, o
público. A TV fala primeiro do "sentimento" - o que você seu desejo de vingança. Isto favorece os defensores da pena de
sentiu", não o que você conheceu; as ideias estão embutidas na morte; o que não estava explícito em cada reportagem e nem
roupagem sensorial, intuitiva e afetiva. tal vez fosse a intenção dos produtores.
Os Meios de Comunicação operam imediatamente com o A televisão estabelece uma conexão aparentemente lógica
sensível, o concreto, principalmente, a imagem em movimento. entre mostrar e demonstrar. Mostrar é igual a demonstrar, a
Combinam a dimensão espacial com a cinestésica, onde o provar, a comprovar. A força da imagem é tão evidente que
ritmo torna-se cada vez mais alucinante (como nos torna-se difícil não fazer essa associação comprovatória ("se
videoclipes). Ao mesmo tempo utilizam a linguagem uma imagem me impressiona, é verdadeira"). Também é muito
conceitual, falada e escrita, mais formalizada e racional. comum a lógica de generalizar a partir de uma situação
Imagem, palavra e música se integram dentro de um contexto concreta. Do individual, tendemos ao geral. Uma situação
comunicacional afetivo, de forte impacto emocional, que isolada converte-se em situação paradigmática, padrão. A
facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as mensagens. televisão, principalmente, transita continuamente entre as
A eficácia de comunicação dos meios eletrônicos, em situações concretas e a generalização. Mostra dois ou três
particular da televisão, se deve também à capacidade de escândalos na família real inglesa e tira conclusões sobre o
articulação, de superposição e de combinação de linguagens valor e a ética da realeza como um todo.
totalmente diferentes - imagens, falas, música, escrita - com Ao mesmo tempo, o não mostrar equivale a não existir, a
uma narrativa fluida, uma lógica pouco delimitada, gêneros, não acontecer. O que não se vê, perde existência. Um fato
conteúdos e limites éticos pouco precisos, o que lhe permite mostrado com imagem e palavra tem mais força que se
alto grau de entropia, de interferências por parte de somente é mostrado com palavra. Muitas situações
concessionários, produtores e consumidores. importantes do cotidiano perdem força, por não ter sido
A televisão combina imagens estáticas e dinâmicas, valorizadas pela imagem-palavra televisiva.
imagens ao vivo e gravadas, imagens de captação imediata, A educação escolar precisa compreender e incorporar
imagens referenciais (registradas diretamente com a câmara) mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar
com imagens criadas por um artista no computador. Junta as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É
imagens sem ligação referencial (não relacionadas com o real) importante educar para usos democráticos, mais progressistas
com imagens "reais" do passado (arquivo, documentários) e as e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos
mistura com imagens "reais" do presente e imagens do indivíduos. O poder público pode propiciar o acesso de todos
passado não “reais”. os alunos às tecnologias de comunicação como uma forma
A imagem na televisão, cinema e vídeo é sensorial, paliativa, mas necessária de oferecer melhores oportunidades
sensacional e tem um grande componente subliminar, isto é, aos pobres, e também para contrabalançar o poder dos grupos
passa muitas informações que não captamos claramente. empresariais e neutralizar tentativas ou projetos autoritários.
O olho nunca consegue captar toda a informação. Então Se a educação fundamental é feita pelos pais e pela mídia,
escolhe um nível que dê conta do essencial, do suficiente para urgem ações de apoio aos pais para que incentivem a
dar um sentido ao caos, de organizar a multiplicidade de aprendizagem dos filhos desde o começo das vidas deles,
sensações e dados. Foca a atenção, em alguns aspectos através do estímulo, das interações, do afeto. Quando a criança
analógicos, nas figuras destacadas, nas que se movem e com chega à escola, os processos fundamentais de aprendizagem já
isso conseguimos acompanhar uma estória. Mas deixamos de estão desenvolvidos de forma significativa. Urge também a
lado, inúmeras informações visuais e sensoriais, que não são

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educação para as mídias, para compreendê-las, criticá-las e (dramatizações, simulações), pela multimídia, pela interação
utilizá-las da forma mais abrangente possível. on line e off line.
Partir de onde o aluno está. Ajuda-lo a ir do concreto ao
Preparar os professores para a utilização do computador e abstrato, do imediato para o contexto, do vivencial para o
da Internet intelectual. Os professores, diretores, administradores terão
que estar permanentemente processo de atualização através
- O primeiro passo é facilitar o acesso dos professores e dos de cursos virtuais, de grupos de discussão significativos,
alunos ao computador e à Internet. Procurar de todas as participando de projetos colaborativos dentro e fora das
formas possíveis que todos possam ter o acesso mais fácil, instituições em que trabalham.
frequente e personalizado possível às novas tecnologias. Ter Tanto nos cursos convencionais como nos à distância
salas de aula conectadas, salas ambiente para pesquisa, teremos que aprender a lidar com a informação e o
laboratórios bem equipados. Facilitar que os professores conhecimento de formas novas, pesquisando muito e
possam ter seus próprios computadores. Facilitar que cada comunicando-nos constantemente. Isso nos fará avançar mais
aluno possa ter um computador pessoal portátil. Sabemos que rapidamente na compreensão integral dos assuntos
esta situação no Brasil é atualmente uma utopia, mas hoje o específicos, integrando-os num contexto pessoal, emocional e
ensino de qualidade passa também necessariamente pelo intelectual mais rico e transformador. Assim poderemos
acesso rápido, contínuo e abrangente a todas as tecnologias, aprender a mudar nossas ideias, sentimentos e valores onde
principalmente às telemáticas. se fizer necessário.
Um dos projetos políticos mais importantes é que a Necessitamos de muitas pessoas livres nas escolas que
sociedade encontre formas de diminuir a distância que separa modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino –
no acesso à informação entre os que podem e os que não escolar e gerencial - Só pessoas livres, autônomas - ou em
podem pagar por ela. As escolas públicas, comunidades processo de libertação - podem educar para a liberdade,
carentes precisam ter esse acesso garantido para não ficarem podem educar para a autonomia, podem transformar a
condenadas à segregação definitiva, ao analfabetismo sociedade. Só pessoas livres merecem o diploma de educador.
tecnológico, ao ensino de quinta classe. Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que
- O segundo passo é ajudar na familiarização com o fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas
computador, com seus aplicativos e com a Internet. Aprender abertas, as utilizaremos para comunicar-nos mais, para
a utilizá-lo no nível básico, como ferramenta. No nível mais interagir melhor. Se somos pessoas fechadas, desconfiadas,
avançado: dominar as ferramentas da WEB, do e-mail. utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. Se
Aprender a pesquisar nos search, a participar de listas de somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para
discussão, a construir páginas. controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação
- O nível seguinte é auxiliar os professores na utilização não está fundamentalmente nas tecnologias mas nas nossas
pedagógica da Internet e dos programas multimídia. Ensiná- mentes.
los a fazer pesquisa. Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se
Começar pela pesquisa aberta, onde há liberdade de mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do
escolha do lugar (tema pesquisado livremente) e pesquisa ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso
dirigida, focada para um endereço específico ou um site contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem
determinado. Pesquisa nos sites de busca, nos bancos de mexer no essencial. A Internet é um novo meio de
dados, nas bibliotecas virtuais, nos centros de referência. comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a
Pesquisa dos temas mais gerais para os mais específicos, rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de
pesquisa grupal e pessoal. ensinar e de aprender.
- A internet pode ser utilizada em um projeto isolado de
uma classe, como algo complementar ou um projeto
voluntário, com alunos se inscrevendo. A Internet pode ser um A reflexão sobre a prática
projeto entre vários colégios ou grupos, na mesma cidade, de
várias cidades ou países. O projeto pode evoluir para a
pedagógica.
interdisciplinaridade, integrando várias áreas e professores. A
Internet pode fazer parte de um projeto institucional, que
envolve toda a escola de forma mais colaborativa. A PRÁTICA EDUCATIVA
A escola pode utilizar a Internet em uma sala especial ou
laboratório, onde os alunos se deslocam especialmente, em Pensando modificações expressivas da sociedade
períodos determinados, diferentes da sala de aula brasileira7
convencional. A internet também pode ser utilizada na sala de
aula conectada, só pelo professor, como uma tecnologia A sociedade brasileira viveu modificações expressivas no
complementar do professor ou pode ser utilizada também campo social e cultural, nos últimos anos do século XX. Dentre
pelos alunos conectados através de notebooks na mesma sala elas, destacam-se aquelas que são sócio-políticas como o
de aula, sem deslocamento. processo de democratização, oriundo de uma abertura política
lenta e intensificado por movimentos sociais de diversas
Alguns caminhos para integrar as tecnologias num ensino categorias de trabalhadores, bem como movimentos
inovador identitários. Salientam-se as modificações no campo cultural,
tais como a ampliação das inovações tecnológicas. A
Na sociedade da informação, todos estamos reaprendendo possibilidade da circulação da informação em tempo real é um
a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar; reaprendendo a avanço, ainda que a maioria da população brasileira não tenha
integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o acesso à internet. Os terminais bancários foram
grupal e o social. informatizados, fazendo emergir novas facetas educacionais.
É importante conectar sempre o ensino com a vida do Todas as pessoas estão codificadas, seja via carteira de
aluno. Chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis: pela identidade, seja via cartão de crédito, dentre inúmeras senhas
experiência, pela imagem, pelo som, pela representação que vão sendo acopladas aos processos de identificação social,

7 Texto adaptado de SOUZA, M. A.

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com fins mercadológicos e financeiros. Também, o interesses da ordem decadente em franca contradição com
fortalecimento das temáticas identitárias e aquelas a educação que se concebe como verdadeiro processo de
relacionadas ao direito à diferença conquistaram espaço na formação de novos homens no desenvolvimento histórico
sociedade, via articulação dos movimentos e organizações das forças produtivas.
sociais. A violência é outro tema presente no campo social e
cultural. Por um lado, há a divulgação da violência como uma Tendo a reflexão acima como indicativo das nossas
característica cotidiana e rotineira na sociedade brasileira. Por análises cabe lembrar que, no Brasil, Freire foi um dos
outro lado, as reflexões sobre as penalidades e as medidas que educadores que buscou defender a educação como
deveriam ser tomadas ganham os bancos escolares, os instrumento de superação da dominação e como mecanismo
movimentos sociais, evidenciando as mazelas de uma de transformação social. Ele demonstrou o quanto a educação
sociedade com concentração de renda expressiva e excessiva. pode ser um instrumento da classe dominante e o quanto ela
pode ser elemento de “autoprodução dos homens no decurso
O anúncio de algumas modificações evidentes na do seu trabalho produtivo histórico”, tal qual defendido por
sociedade brasileira contribui para a compreensão de Suchodolski.
aspectos que envolvem a prática pedagógica. Em primeiro Assim, lembrar as modificações em curso na sociedade
lugar, é importante considerar a prática pedagógica como brasileira suscita uma retomada dos elementos determinantes
parte de um processo social e de uma prática social maior. Ela no campo social e cultural, que por sua vez são os
envolve a dimensão educativa não apenas na esfera escolar, característicos do modo de produção capitalista. Questionar
mas na dinâmica das relações sociais que produzem como tais elementos interferem na sala de aula e na prática do
aprendizagens, que produzem o “educativo”. Assim, os professor é fundamental para compreender a prática
movimentos sociais de trabalhadores produzem uma prática pedagógica.
pedagógica, que é social, tendo como conteúdos centrais a A conquista da escola pública no Brasil foi efetivada ao
política, a estratégia de negociação, a organização, a definição longo do século XX e com ela persistem os desafios
de objetivos, a articulação com outras organizações sociais, relacionados à superação da exclusão e do analfabetismo.
desenvolvendo teias ou redes de informação e ação política. Outros desafios ocorrem no campo da política educacional,
Como diz Giroux: entre eles encontra-se a produção e apropriação da propostas
Essencial para a categoria de intelectual transformador é a curriculares e do próprio conteúdo da LDB 9394/96. Os novos
necessidade de tornar o pedagógico mais político e o político direitos sociais estão determinados tanto na Constituição
mais pedagógico. Tornar o pedagógico mais político significa Brasileira de 1988, quanto na LDB, a exemplo da Educação
inserir a escolarização diretamente na esfera da política, Especial. Com ela efetiva-se o debate sobre a temática exclusão
argumentando-se que as escolas representam tanto um e inclusão; com ela emergem os desafios aos professores que
esforço para definir-se o significado quanto uma luta em torno se defrontam com o novo e com o diferente na sala de aula.
das relações de poder [...] Tornar o político mais pedagógico A modificação central da sociedade brasileira do final do
significa utilizar formas de pedagogia que incorporem século encontra-se no processo de construção democrática e
interesses políticos que tenham natureza emancipadora [...]. na liberdade de expressão das ideias. Conforme relato de
professores, “na atualidade o professor precisa pedir para
Em segundo lugar, a prática pedagógica expressa as falar; os alunos falam o tempo todo”, ao contrário do focalizado
atividades rotineiras que são desenvolvidas no cenário nos anos 1960 e 1970, ao longo do período ditatorial no país.
escolar. Podem ser atividades planejadas com o intuito de Após a exposição de alguns elementos que configuram a
possibilitar a transformação ou podem ser atividades sociedade brasileira, passa-se à reflexão da prática pedagógica
bancárias, tendo a dimensão do depósito de conteúdo como e aspectos vividos na sala de aula.
característica central. Paulo Freire expressou inúmeras
críticas à educação que denomina bancária, assim como Prática Pedagógica: focalizando a sala de aula
elaborou uma proposta de educação libertadora, voltada para
a transformação social e, portanto, centralizada no sujeito No campo das múltiplas dimensões da prática pedagógica
histórico que produz, apropria e vive a educação, localizado (professor, aluno, metodologia, avaliação, relação professor e
numa determinada situação no mundo. alunos, concepção de educação e de escola), as características
O mundo escolar e nele as práticas pedagógicas está conjunturais e estruturais da sociedade são fundamentais para
imbuído das relações sociais que marcam a sociedade o entendimento da escola e da ação do professor. Na esfera do
brasileira, a exemplo da exclusão, desigualdade social e cotidiano escolar e das reflexões conjunturais, a gestão
relações de poder e de alienação. O cotidiano é organizado de democrática da escola e processos participativos são
forma fragmentada e homogênea, embora carregado de elementos fundantes para repensá-lo da prática pedagógica.
heterogeneidades. Heller destaca que “a vida cotidiana é, em Dependendo da porosidade existente nas relações direção,
grande medida, heterogênea; e isso sob vários aspectos, supervisão, professores, comunidade local e comunidade
sobretudo no que se refere ao conteúdo e à significação ou escolar, haverá uma gestão mais propícia (ou menos propícia)
importância de nossos tipos de atividade”. A autora salienta ao desenvolvimento de projetos de pesquisa e neles a reflexão
que “quanto maior for a alienação produzida pela estrutura sobre o projeto político pedagógico da escola. Com isso, é
econômica de uma sociedade dada, tanto mais a vida cotidiana importante afirmar que a pesquisa é elemento essencial para
irradiará sua própria alienação para as demais esferas”. uma prática pedagógica que possibilite a superação da
Ao lado das reflexões de Heller é possível lembrar de alienação e da relação de subalternidade cultural, política e
Suchodolski ao afirmar a importância da educação como social. A pesquisa como característica da formação e da prática
superação de processos de alienação e, portanto, como do professor e como elemento de motivação para a atitude
instrumento de transformação social. Segundo o autor: investigativa entre os educandos.
Como afirma Veiga a prática pedagógica é
A educação nas mãos da classe dominante é uma arma,
um dos meios mais importantes para conservar o seu “... uma prática social orientada por objetivos,
domínio e impedir o seu derrube, mantendo a psique finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da
humana livre de todas as influências que surgem pela prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da
transformação das forças produtivas. [...] a educação prática social ...”. É sabido que a prática social está imbuída
apresenta-se como influência destinada a defender os de contradições e de características socioculturais

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predominantes na sociedade. Neste contexto, desenvolver o o professor de “enxergar” além do seu trabalho pedagógico;
exercício da participação é um desafio para os próprios que o impede de realizar questionamentos de cunho científico,
professores e pesquisadores envolvidos no projeto. A uma vez que participam de um contexto cultural, no qual não
participação ocorre quando há disponibilidade individual foram (não somos) incentivados a participar, questionar,
para superar as deficiências e quando há liberdade e conhecer.
respeito entre os envolvidos. É um exercício de Cabe lembrar Novaski quando afirma que “... se o professor
aprendizagem constante, do saber falar, ouvir, propor, deve ver a sua aula também como um encontro de gente com
contrariar e complementar. Neste contexto, a informação e gente, de outro lado, entretanto, é preciso proteger essa ideia
o desenvolvimento de conhecimentos científicos são fatores de reducionismos”. O autor expressa uma questão pertinente
impulsionadores da participação nas atividades escolares à reflexão que vem sendo empreendida neste texto ao dizer
– no campo da prática pedagógica e da gestão da escola. que “Para que serve uma sala de aula se não for capaz de nos
transportar além da sala de aula?”
Ao analisar os múltiplos determinantes na prática É possível afirmar, que o que tem possibilitado o
pedagógica, nas escolas focalizadas nos nossos projetos de transporte para além da sala de aula é a diversidade cultural
pesquisa, tem-se como referência a contribuição de Marx, na dos educandos, manifesta na aula, quando a característica
“Introdução à Crítica da Economia Política”, quando dialógica predomina nas relações sociais; a valorização da
questionou o método da Economia Política. Marx afirma que trajetória de vida dos educandos; a existência de projetos
ao estudar a população, a mesma pode tornar-se uma escolares, com diferentes títulos – alguns sugeridos pelas
abstração, caso não sejam levados em conta elementos como secretarias de educação, outros elaborados no próprio
classes. Por sua vez, estas podem constituir abstração se não contexto escolar, conforme as necessidade locais e, por fim,
levar em conta o trabalho assalariado e o capital, por exemplo. cabe destacar a disposição dos professores para o
Estes, por sua vez, supõe a troca, divisão do trabalho, preços enfrentamento de novos processos educativos, nos quais a
etc. Assim, após analisar tais elementos concretos, poderia ser incerteza pode ter lugar especial, juntamente com a
feito o retorno e a compreensão do conceito de população valorização dos conteúdos e dos saberes que os alunos trazem
através da totalidade das determinações e relações diversas. da sua prática social. Delineia-se prática pedagógica que
Com isso, a intenção é afirmar que a prática pedagógica é evidencia “rotinas escolares”, mas que faz emergir as
influenciada pelos aspectos conjunturais e estruturais da intenções e possibilidades pedagógicas. Cultura escolar:
sociedade brasileira. A conjuntura pode ser visualizada nos inquietações e satisfações manifestas nas falas dos
aspectos da gestão educacional, do desenvolvimento das professores.
propostas curriculares, dos programas sociais – a exemplo do
Bolsa Escola -, políticas de cotas etc. A estrutura é marcada Cultura escolar: inquietações e satisfações dos
pelas relações sociais de classe, de desigualdades e de professores
concentração de renda, além das dimensões da dominação do
campo da política internacional e dos processos decisórios que A cultura escolar é permeada pelo ideário de sociedade,
geram impactos na esfera escolar. construído pelo Estado e difundido pelas instituições, a
Diante do exposto, nas pesquisas desenvolvidas foi exemplo da escola. Pérez Gomez ao analisar a natureza e a
possível perceber dois grandes grupos de práticas gênese do conhecimento profissional docente enfatiza três
pedagógicas, a saber: práticas eminentemente reprodutivas enfoques. O primeiro é o enfoque prático artesanal que como
em relação às propostas municipais de educação e práticas que afirma o autor “o profissional docente é um especialista no
geram inquietações, inovações e projetos escolares originais. conteúdo do ensino e um artesão nos modos de transmissão,
As práticas reprodutivas expressam a necessidade de de controle da vida da sala de aula e das formas de avaliação”.
controle dos alunos na sala de aula, uma vez que estes O segundo enfoque é o técnico-academicista, no qual “... o
apresentam resistências ao processo educativo, caracterizado autêntico conhecimento especializado não tem por que residir
como cansativo e sem sentido para a vida prática. As práticas no agente prático, docente, mas no sistema em seu conjunto
que inquietam geram angústias entre os professores que se (...) este enfoque é academicista no sentido de que a
perguntam a respeito de qual é o caminho mais adequado para aprendizagem acadêmica das técnicas pedagógicas é essencial
a educação. São professores que aprimoraram o sentido da para o desenvolvimento posterior de intervenções eficazes e
busca do objetivo educacional, que não é meramente a fiéis ao modelo científico técnico planejado”. O terceiro
reprodução de conteúdos, mas sim a provocação da indagação enfoque é o reflexivo do tipo investigação na ação, para o qual
entre os alunos, de forma que a apropriação dos “... o conhecimento pedagógico do professor é uma construção
conhecimentos ocorra via problematização e não subjetiva e idiossincrática, elaborada ao longo de sua história
simplesmente pela transmissão de conteúdos poucos pessoal, num processo dialético de acomodação e assimilação,
significativos socialmente. nos sucessivos intercâmbios com o meio”.
Numa das escolas, espaço de pesquisa, foi possível Diante das contribuições oferecidas pelo autor acima
constatar o interesse dos professores e funcionários da escola citado, entende-se que a realidade escolar está permeada pelas
pelo processo de investigação escolar, ou seja, a formação de características do enfoque prático artesanal e do enfoque
um coletivo que estudaria as relações que se passam no espaço técnico-academicista, no entanto, há indícios do
escolar, focalizam aquelas que são relevantes e aquelas que desenvolvimento das características do enfoque reflexivo,
precisam ser modificadas. Os mesmos destacaram temas que quando os professores apresentam-se dispostos a participar
poderiam ser pesquisados na instituição escolar, sendo que o da construção de um projeto de pesquisa, com o intuito de
mais focalizado foi a Violência. estudar as próprias práticas educacionais.

Em todas as escolas, os professores trabalham com Sacristán destaca que “ao falar de escola e de educação
projetos que abordam os temas Saúde, Meio Ambiente, escolarizada situamo-nos diante de fenômenos que
Sexualidade, Água, Corpo etc. Nas escolas do campo, percebe- ultrapassam o âmbito da transmissão da cultura como
se que os tema comunidade, trajetória de vida, luta pela terra, conjunto de significados ‘desinteressados’ que nutrem os
movimento social e reforma agrária têm destaque. Percebe-se currículos escolares”. Para o autor as características da
que os professores utilizam vários procedimentos sociedade e portanto o modo de produção, influenciam no tipo
metodológicos e têm interesse em aprofundar os assuntos. No de escola, ou seja, a escola é uma instituição que atende a um
entanto, há o predomínio de uma cultura escolar que impede

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determinado tipo de sociedade, modelo de vida e hierarquia de aulas. Mostram-se dispostos a superar e a criar uma educação
valores. diferenciada, participativa, humana. Mostram-se satisfeitos
Numa das escolas que tem sido espaço para uma pesquisa, quando percebem que houve aprendizagem na aula. É o
é possível visualizar uma rede social com pontos de encontro reconhecimento do próprio trabalho, visto na expressão de
que formam o todo, mas que guardam uma singularidade e felicidade do aluno. Inquietam-se com a democracia, ao
independência em relação ao objeto maior. O sentido da rede mesmo tempo em que há disposição para uma gestão
se dá na esfera da inter-relação ou processos de interação democrática, salientam que a democracia nunca esteve
estabelecidos entre professores e funcionários, entre estes e os presente, realmente.
alunos, entre os primeiros e a comunidade local que, Para finalizar, é importante retomar o princípio do texto, a
indiretamente, faz parte da escola. Também, a articulação totalidade das relações sociais e dos determinantes
entre atores sociais – coletivos – faz-se necessária, uma vez econômico-sociais interfere na prática pedagógica, tornando-
que associações de moradores; grupos religiosos; sindicatos; a rotineira, mnemônica ou possibilitando a superação da
associação de comerciários etc existentes no espaço local – ideologia dominante, construindo novos trajetos na sala de
onde está localizada a escola – possibilita o conhecimento dos aula e a possibilidade de que os professores e alunos sejam, de
interesses e necessidades da comunidade local, fato que fato, sujeitos do processo pedagógico.
poderá propiciar modificações tanto no projeto pedagógico da
escola quanto na concepção de educação e planejamento
educacional de cada disciplina, bem como do todo curricular Inclusão e exclusão no
da escola.
Emerge a Articulação no formato parceria, que segundo
contexto das práticas
Caccia Bava caracteriza-se por indicar “... a disposição de uma educativas nos sistemas
ação conjunta entre diferentes, mas não qualifica que ação é formais de educação.
esta, que relações se estabelecem e com que objetivos”.
Segundo o autor, existem dois desafios no estabelecimento de
parcerias entre distintas entidades, um deles refere-se à
Inclusão escolar8
construção de relações democrática e horizontais entre as
entidades em questão, o outro se refere à definição que estas
A inclusão escolar visa a reverter o percurso de exclusão
entidades possuem acerca do interesse público. O outro foco é
de qualquer natureza e a ampliar as possibilidades de inserção
a Articulação de projetos educacionais, no processo de
de crianças, jovens e adultos em escolas regulares. Estas
investigação científica, conforme os temas propostos pelos
escolas deveriam incluir crianças com deficiência ou altas
professores da escola (Violência, prática educacional,
habilidades, crianças de rua e que trabalham, crianças de
desigualdades, meio ambiente, currículo, avaliação,
origem remota ou de população nômade, crianças
investigação científica). Os professores, embora atuantes na
pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e
mesma escola, são seres singulares e com interesses nem
crianças de outros grupos vulneráveis ou marginalizados. O
sempre convergentes, portanto, neste caso, também, um dos
movimento mundial por uma educação para todos vem se
desafios relaciona-se com a construção de relações
fortalecendo, sobretudo, a partir das últimas décadas.
democráticas e criativas.
Uma decorrência desse movimento é a aprovação e
Ao destacar a ideia de “articulação” faz-se referência ao
ratificação de recomendações e princípios proclamados,
conceito de participação. Na sociedade brasileira, a
internacionalmente, em convenções, conferências e
experiência de participação social forma desencadeados por
documentos dos quais o Brasil é signatário. É o caso, por
lutas e movimentos sociais. É muito recente a cultura política
exemplo, da Declaração Mundial sobre Educação para Todos,
participativa, desenvolvida nos últimos anos no país,
em 1990, em Jomtien, Tailândia. Outro exemplo é a ratificação
principalmente quando se trata da gestão pública e nela a
das Normas Uniformes Sobre a Igualdade de Oportunidades
presença dos Conselhos Gestores. No entanto, neste texto, a
Para Pessoas com Deficiência, em 1993, pela Assembleia Geral
participação social está sendo entendida como presença e
da Organização das Nações Unidas – ONU. Neste contexto, na
proposição individual num espaço coletivo; entendida como
Espanha, 1994, realizou-se a Conferência Mundial de
proposição coletiva após debates e argumentações junto ao
Educação Especial que deu origem à Declaração de Salamanca,
grupo focalizado. Assim, tendo em vista a recente histórica da
que propõe a escola inclusiva, isto é, uma escola aberta às
cultura participativa no país, é sabido que as resistências e
diferenças, na qual crianças, jovens e adultos devem aprender
“medos” estarão presentes num processo e projeto que se
juntos, independentemente de suas características, origens,
pretende coletivo.
condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas ou
Um dos desafios presentes num projeto de pesquisa
emocionais, econômicas ou socioculturais. Segundo proclama
coletiva refere-se ao desenvolvimento da participação, no
a Declaração de Salamanca:
sentido de que todos estejam à vontade para falar; a ideia de
"Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às
liberdade e criatividade comporta relações democráticas, que
necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os
por sua vez forma a escola do sujeito. Inquietações expressam-
estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação
se nas falas sobre o pouco tempo para planejamento e para o
de qualidade a todos através de um currículo apropriado,
ato de pensar a prática pedagógica. Um professor afirma que
arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de
“fazem muita coisa na escola, mas pouco param para pensar”.
recursos e parceria com as comunidades. (...) O desafio que
Inquietam-se com as ausências dos alunos que mais
confronta a escola inclusiva é no que diz respeito ao
apresentam dificuldades de aprendizagem. Mostram-se
desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e
satisfeitos com a união dos professores na escola, com a
capaz de bem sucedidamente educar todas as crianças,
existência de inúmeros projetos escolares e parcerias. No
incluindo aquelas que possuam desvantagem severa. O mérito
entanto, destacam que se envolvem em diversos projetos, mas
de tais escolas não reside somente no fato de que elas sejam
que os resultados têm sido pouco discutidos. Inquietam-se
capazes de prover uma educação de alta qualidade a todas as
com os conteúdos que devem desenvolver ao longo do ano e
crianças: o estabelecimento de tais escolas é um passo crucial
com a presença de características da educação tradicional nas
no sentido de modificar atitudes discriminatórias, de criar

8 http://crv.educacao.mg.gov.br/

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comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade escolar, que encerram modalidades distintas de inserção
inclusiva." desses alunos em escolas de ensino regular.
O modelo de integração – representado pelo sistema de
Um dos princípios norteadores da Lei de Diretrizes e Bases cascata (mainstreaming) – constitui um mecanismo paralelo
Nacionais da Educação – LDB 9.394/96 é o da igualdade de de avaliação no qual a inserção é parcial e condicionada às
condições para o acesso e a permanência na escola. A LDB possibilidades de o aluno adaptar-se à escola. Baseia-se no
reconhece a educação infantil como direito e prevê a garantia princípio de normalização, isto é, na preparação do aluno para
de condições adequadas à escolarização de jovens, adultos e acompanhar uma turma ou série em um ambiente o menos
trabalhadores, a qualidade de ensino em todos os níveis e restrito possível. Inversamente, o paradigma da inclusão
modalidades educacionais, além de outros direitos e escolar, representado pelo caleidoscópio, preconiza a inserção
obrigações (Título III, Artigo 5 I – IX). A reafirmação de incondicional do aluno desde o início de sua trajetória escolar,
identidades étnicas e o desenvolvimento de educação escolar sem a mediação do ensino especial. Visa transformar a escola
bilíngue e intelectual aos povos indígenas são apontados em e os ambientes educacionais, ao promover mudanças de
diversas proposições. A LDB rompe com o modelo assistencial atitudes e o convívio natural com as diferenças como
e terapêutico operante, até então, no que diz respeito ao experiência de formação pessoal e profissional. Em outras
tratamento dispensado a educandos com deficiência e palavras:
necessidades educacionais especiais. Tais proposições nos "O paradigma da inclusão escolar desloca a centralidade do
permitem inferir que os pilares fundamentais da LDB podem processo para a escola, tendo por princípio o direito
favorecer a concretização de projetos flexíveis e inovadores incondicional à escolarização de todos os alunos nos mesmos
referenciados no ideal de uma escola inclusiva. espaços educativos. Produz uma inversão de perspectiva no
sentido de transformar a escola para receber todos os
Integração ou Inclusão? educandos com suas diferenças e características individuais. A
concretização desta possibilidade não dispensa o adequado
As primeiras experiências de atendimento às pessoas com aparelhamento da escola e a capacidade docente. Reconstruir
deficiência física, sensorial e mental datam do século XVII, uma escola exige a revisão de posturas e concepções, o
quando as anormalidades despertavam comiseração, reordenamento do trabalho pedagógico e o investimento
altruísmo e o espírito humanitário de religiosos, filantropos e vultoso em estruturas includentes."
médicos abnegados. Durante a Idade Média, as práticas A concretização da escola inclusiva baseia-se na defesa
vigentes eram orientadas por crenças, superstições e pelo intransigente de princípios e valores éticos, nos ideais de
pensamento não-científico. A religiosidade impregnante cidadania, justiça e igualdade para todos, em contraposição
estimulou o exorcismo e o isolamento como meios de aos sistemas hierarquizados de desigualdade e inferioridade.
erradicação de supostos malefícios atribuídos ao convívio com
seres considerados endemoniados, por apresentarem Uma política de igualdade genuína é a que permite a
deformidades físicas ou comportamentos bizarros. Essas articulação horizontal entre as identidades discrepantes e entre
iniciativas, no entanto, refletem uma certa mudança de as diferenças em que elas assentam. O novo imperativo
paradigma, considerando-se que, na antiguidade, crianças categórico que deve presidir a uma articulação pós-moderna e
nascidas defeituosas eram condenadas ao infanticídio. multicultural das políticas de igualdade e identidade é termos o
direito de ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza;
A partir do século XIX, a institucionalização/segregação termos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos
tornou-se prática recorrente, e instituições residenciais de descaracteriza"
cunho assistencial e terapêutico proliferaram da Europa para
os Estados. No Brasil, o atual Instituto Benjamim Constant e o Para que esse ideal se torne realidade, a escola precisa
Instituto Nacional de Educação de Surdos, criados na década adaptar-se às diferenças e responder às necessidades gerais e
de 50 do século XIX, no Rio de Janeiro, representam um marco específicas de todos os alunos. A transformação da escola
dessa tendência e podem ser considerados precursores da envolve o compromisso de educadores, pais, especialistas,
educação especial no país. O panorama brasileiro é retratado agentes do poder público e de outros atores sociais para
em um estudo, realizado por Mazzotta (1996), no qual o assumir desafios, formar novas competências e constituir uma
pesquisador reúne dados e exemplos de experiências rede de solidariedade. Trata-se, pois, de um amplo movimento
educacionais voltadas para as pessoas com deficiência, ao de transformação e de democratização da educação como
longo do tempo, e evidencia a omissão do poder público no direito de todos, tendo como horizonte a construção de uma
decorrer do último século. A partir desse panorama, sociedade inclusiva.
NANTOAN (1998) conclui que: Esse ideal pode ser alcançado por meio da conjunção de
"Essas iniciativas não estavam integradas às políticas esforços e da disposição individual e coletiva para rever
públicas de educação e foi preciso o passar de um século, práticas e posturas. Nesse sentido, destacamos alguns fatores
aproximadamente, para que a educação especial passasse a ser que favorecem a transformação da escola para que ela se torne
um dos componentes de nosso sistema educacional. De fato, no inclusiva:
início dos anos 60 é que essa modalidade de ensino foi
instituída oficialmente, com a denominação educação dos - Valorização das diferenças como objeto de conhecimento,
excepcionais". fenômeno educativo e manifestação da complexidade e
heterogeneidade da natureza humana;
A partir da década de 70 do século XX, o movimento passou - O projeto pedagógico da escola construído coletivamente;
a ser o de desinstituicionalização ou desagregação, com ênfase - O desenvolvimento de estratégias de ensino que respeitem
no integracionismo que deu origem à implantação de serviços diferentes sistemas expressivos, ritmos, estilos de aprendizagem
de apoio e a outras alternativas de atendimento educacional e e a manifestação de valores, talentos e habilidades;
de saúde. Em decorrência, observa-se a manutenção de - Uma concepção de currículo como sistema aberto, mutável,
estruturas de ensino segregado e a proliferação de classes capaz de refletir e ampliar as experiências vividas;
especiais, salas de recursos e serviços especializados para - Organização flexível dos tempos e dos espaços escolares,
onde são encaminhados alunos com deficiência e com arranjos organizacionais e estratégias de ensino condizentes
necessidades especiais. Presenciamos, hoje, a coexistência com as necessidades dos alunos;
conflitiva entre o paradigma de integração e o de inclusão

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- Atividades que possibilitem o diálogo, a interação grupal, o Outros obstáculos à consecução de um ensino
exercício de cooperação, solidariedade, espírito crítico e a especializado no aluno, implicam a adequação de novos
criatividade; conhecimentos oriundos das investigações atuais em
- Relação de parceria entre escola, família e comunidade; educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções
- O investimento na formação continuada em serviço e na tipicamente escolares, que têm uma vocação institucional
valorização do magistério específica de sistematizar os conhecimentos acadêmicos, as
- Articulação entre a escola e os movimentos sociais. disciplinas curriculares. De fato, nem sempre os estudos e as
comprovações científicas são diretamente aplicáveis à
Integração X Inclusão: Escola (De Qualidade) para realidade escolar e as implicações pedagógicas que podemos
todos9 retirar de um novo conhecimento também precisam de ser
testadas, para confirmar sua eficácia no domínio do ensino
Sabemos que a situação atual do atendimento às escolar. O paradigma vigente de atendimento especializado e
necessidades escolares da criança brasileira é responsável segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário das
pelos índices assustadores de repetência e evasão no ensino instituições e na prática dos profissionais que atuam no ensino
fundamental. Entretanto, no imaginário social, como na especial. A indiferenciação entre os significados específicos
cultura escolar, a incompetência de certos alunos - os pobres e dos processos de integração e inclusão escolar reforça ainda
os deficientes - para enfrentar as exigências da escolaridade mais a vigência do paradigma tradicional de serviços e muitos
regular é uma crença que aparece na simplicidade das continuam a mantê-lo, embora estejam defendendo a
afirmações do senso comum e até mesmo em certos integração!
argumentos e interpretações teóricas sobre o tema.
Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão -
escolar regular no desenvolvimento de pessoas com conquanto tenham significados semelhantes, estão sendo
deficiências (Mantoan,1988) e é mesmo um lugar comum empregados para expressar situações de inserção diferentes e
afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em sua têm por detrás posicionamentos divergentes para a
individualidade, para não se condenar uma parte deles ao consecução de suas metas. A noção de integração tem sido
fracasso e às categorias especiais de ensino. Ainda assim, é compreendida de diversas maneiras, quando aplicada à escola.
ousado para muitos, ou melhor, para a maioria das pessoas, a Os diversos significados que lhe são atribuídos devem-se ao
ideia de que nós, os humanos, somos seres únicos, singulares uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles
e que é injusto e inadequado sermos categorizados, a qualquer pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O emprego do
pretexto! Todavia, apesar desses e de outros contrassensos, vocábulo é encontrado até mesmo para designar alunos
sabemos que é normal a presença de déficits em nossos agrupados em escolas especiais para deficientes, ou mesmo
comportamentos e em áreas de nossa atuação, pessoal ou em classes especiais, grupos de lazer, residências para
grupal, assim como em um ou outro aspecto de nosso deficientes. Por tratar-se de um constructo histórico recente,
desenvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres que data dos anos 60, a integração sofreu a influência dos
perfectíveis, que constroem, pouco a pouco e, na medida do movimentos que caracterizaram e reconsideraram outras
possível, suas condições de adaptação ao meio. A diversidade ideias, como as de escola, sociedade, educação. O número
no meio social e, especialmente no ambiente escolar, é fator crescente de estudos referentes à integração escolar e o
determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios emprego generalizado do termo têm levado a muita confusão
intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os a respeito das ideias que cada caso encerra. Os movimentos em
sujeitos que neles interagem. favor da integração de crianças com deficiência surgiram nos
Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino países nórdicos (Nirje, 1969), quando se questionaram as
regular e a adição de princípios educacionais válidos para práticas sociais e escolares de segregação, assim como as
todos os alunos, resultarão naturalmente na inclusão escolar atitudes sociais em relação às pessoas com deficiência
dos deficientes. Em consequência, a educação especial intelectual. A noção de base em matéria de integração é o
adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á uma modalidade princípio de normalização, que não sendo específico da vida
de ensino destinada não apenas a um grupo exclusivo de escolar, atinge o conjunto de manifestações e atividades
alunos, o dos deficientes, mas especializada no aluno e humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas
dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novas maneiras afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou
de se ensinar, adequadas à heterogeneidade dos aprendizes e inadaptação. A normalização visa tornar accessível às pessoas
compatível com os ideais democráticos de uma educação para socialmente desvalorizadas condições e modelos de vida
todos. análogos aos que são disponíveis de um modo geral ao
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a
inúmeros e toda e qualquer investida no sentido de se adoção de um novo paradigma de entendimento das relações
ministrar um ensino especializado no aluno depende de se entre as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas que
ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino objetivam a eliminação de toda e qualquer forma de rotulação.
escolar para deficientes. Em outras palavras, depende da fusão
do ensino regular com o especial. Modalidades de inserção

Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma Uma das opções de integração escolar denomina-se
modalidade à outra. Fundir significa incorporar elementos mainstreaming, ou seja, "corrente principal" e seu sentido é
distintos para se criar uma nova estrutura, na qual análogo a um canal educativo geral, que em seu fluxo vai
desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou
originariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com
uma escola regular nada mais é do que uma justaposição de dificuldades de aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter
recursos, assim como o são outros, que se dispõem do mesmo acesso à educação, sua formação sendo adaptada às suas
modo. necessidades específicas. Existe um leque de possibilidades e
de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção nas

9Texto adaptado de MANTOAN, M. T. E. Pensando e Fazendo Educação de


Qualidade. São Paulo: Editora Moderna, 2011.

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classes regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo particularidades de todos os alunos para concretizar a sua
de integração se traduz por uma estrutura intitulada sistema metáfora - o caleidoscópio.
de cascata, que deve favorecer o "ambiente o menos restritivo
possível", dando oportunidade ao aluno, em todas as etapas da
integração, transitar no "sistema", da classe regular ao ensino Avaliação da aprendizagem
especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial,
porque a cascata prevê serviços segregados que não ensejam
e avaliação externa.
o alcance dos objetivos da normalização.
De fato, os alunos que se encontram em serviços
segregados muito raramente se deslocam para os menos Da Avaliação da Aprendizagem à Avaliação Institucional:
segregados e, raramente, às classes regulares. A crítica mais Aprendizagens Necessárias
forte ao sistema de cascata e às políticas de integração do tipo
mainstreaming afirma que a escola oculta seu fracasso, Abrindo a conversa
isolando os alunos e só integrando os que não constituem um
desafio à sua competência (Doré et alii.,1996). Nas situações SORDI e LUDKE10 relatam que muitas são as questões
de mainstreaming nem todos os alunos cabem e os elegíveis envolvendo a organização interna da escola sobre as quais os
para a integração são os que foram avaliados por instrumentos educadores divergem assim como são inúmeras e, quase
e profissionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na sempre, inconciliáveis as razões que apresentam para que o
individualização dos programas instrucionais, os quais devem consenso não seja alcançado.
se adaptar às necessidades de cada um dos alunos, com Curiosamente, estes atores convergem quando a questão
deficiência ou não. refere-se a complexidade do fenômeno da avaliação.
A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não Independente da profundidade de análise que fazem ou da
somente as políticas e a organização da educação especial e lógica que usam para justificar as razões desta complexidade,
regular, mas também o conceito de integração - há acordo que a avaliação é uma categoria particularmente
mainstreaming. A noção de inclusão não é incompatível com a especial e árida.
de integração, porém institui a inserção de uma forma mais As formas práticas de lidarem com a avaliação, inclusive,
radical, completa e sistemática. O conceito se refere à vida tornam a refletir os diferenciados posicionamentos ético-
social e educativa e todos os alunos devem ser incluídos nas epistemológicos que embasam as escolhas aparentemente
escolas regulares e não somente colocados na "corrente técnicas que fazem. Como se percebe, identificam-se nas
principal". O vocábulo integração é abandonado, uma vez que dificuldades e distanciam-se nas eventuais formas de
o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já superação destas. Isso deve significar alguma coisa.
foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão A organização do trabalho escolar como atividade que
é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde reúne diferentes atores é afetada por esta diversidade de
o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se concepções, interesses, valores. Disto deriva a necessidade de
constituir o sistema educacional que considera as construção de acordos mínimos para que se balizem as
necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função decisões que são tomadas, sem os quais pode-se comprometer
dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de a eficácia do trabalho planejado. A avaliação da aprendizagem
perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente como uma categoria constitutiva do trabalho pedagógico com
os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apoia a alta força indutora nas formas de agir dos atores escolares
todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que merece atenção especial visando entender/desvelar seu
obtenham sucesso na corrente educativa geral. O impacto modus operandi, dentro e fora da sala de aula, dentro e fora da
desta concepção é considerável, porque ela supõe a abolição escola.
completa dos serviços segregados (Doré et alii. 1996). A Não pairam dúvidas acerca da importância da avaliação
metáfora da inclusão é a do caleidoscópio. Esta imagem foi para promover avanços no desenvolvimento dos estudantes e
muito bem descrita no que segue: "O caleidoscópio precisa de nos processos de qualificação da escola, cabendo-lhe iluminar
todos os pedaços que o compõem. Quando se retira pedaços os caminhos decisórios.
dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As Não se desconhece que, sem a avaliação, fica-se desprovido
crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um de evidências que permitam monitorar e interferir
ambiente rico e variado" (Forest et Lusthaus, 1987). A inclusão precocemente nas condições que prejudicam ou potencializam
propiciou a criação de inúmeras outras maneiras de se realizar a obtenção dos objetivos educacionais pretendidos. Ainda
a educação de alunos com deficiência mental nos sistemas de assim, é usual que a avaliação seja referida como um “mal
ensino regular, como as "escolas heterogêneas" (Falvey et alii., necessário”. Como explicar este paradoxo? Reconhecendo-se o
1989), as "escolas acolhedoras" (Purkey et Novak, 1984), os potencial educativo da avaliação, o que justificaria a
"currículos centrados na comunidade" (Peterson et alii., construção de uma relação nada amistosa quando não de
1992). Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o evitamento ou fuga desta atividade?
sistema de cascata, é uma forma condicional de inserção em Avaliar os estudantes e o quanto aprenderam é atividade
que vai depender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade inerente ao trabalho docente constituindo parte da cultura
de adaptação às opções do sistema escolar, a sua integração, escolar já incorporada pelos alunos e famílias.
seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em
instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em Mesmo desenvolvendo uma relação pragmática com a
que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor. avaliação muito mais centrada na nota do que no quanto esta
Já a inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, possa ser expressão da apropriação do conhecimento; ainda
completa e sistemática, uma vez que o objetivo é incluir um quando a avaliação seja vivenciada como produto descolado
aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente do processo de ensino-aprendizagem, os estudantes se
excluídos. A meta da inclusão é, desde o início não deixar acostumaram a juízos de valor externos, dos quais ficam
ninguém fora do sistema escolar, que terá de se adaptar às dependentes não contestando a lógica interna que os

10

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s141440772009000200005&script=sci_
arttet

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expropria da participação em um processo no qual deveriam, pode afastar, se quisermos falar, com propriedade, de uma
no mínimo, desenvolver ações de corresponsabilidade. escola comprometida com a aprendizagem das crianças.
Esta forma de entender a avaliação e se acostumar com sua A dificuldade de lidar com a heteroavaliação precisa ser
feição classificatória e de vê-la como um ato de comunicação compreendida, no entanto, como memória de vivências que
com ares de neutralidade, no qual alguém assume a ajudaram a consolidar uma feição avaliativa que mais afasta do
prerrogativa de dizer o quanto vale o trabalho do outro, sem que aproxima; que mais pune do que ensina, que mais ameaça
que a este outro seja dada a oportunidade de se manifestar do que acolhe, que mais conclui do que contextualiza, que mais
sobre o processo vivido e suas eventuais idiossincrasias, acaba rotula do que explica.
por esvair desta prática o seu sentido formativo. Isso interfere Reagir a esta cultura é condição integrante de um bom
no imaginário social que associa a avaliação práticas repetidas projeto educativo e deve se constituir prioridade, sobretudo,
de exames externos que geram medidas, que viram notas que em cursos que formam professores.
se transformam em signos que se distribuem em mapas que Desta aprendizagem decorrem outros desdobramentos
permitem comparar, selecionar e, eventualmente, excluir que podem beneficiar a escola e os profissionais que nela
pessoas/instituições. atuam, especialmente em função das mudanças nas políticas
O discurso da avaliação perde potência quando os sujeitos públicas de educação fortemente regidas pela lógica
da relação e em relação desconhecem a natureza multifacetada economicista.
deste fenômeno e tendem a valorizar resultados obtidos em A avaliação vem ganhando centralidade na cena política e
circunstâncias pontuais, desconsiderando os processos em os espaços de sua interferência têm sido ampliados de modo
que se ancoraram. marcante, ultrapassando o âmbito da aprendizagem dos
Se nossa mais usual relação com a avaliação é a que se alunos. Por tratar-se de campo fortemente atravessado por
refere à aprendizagem dos alunos e ocorre no interior da sala interesses, diante dos quais posturas ingênuas não podem ser
de aula, observamos outro aspecto que traduz um pouco da aceitas, compete aos profissionais da educação desenvolverem
cultura avaliativa apreendida ao longo dos anos de alguma expertise para lidar com a avaliação.
escolarização, nos quais a repetição da lógica anteriormente
comentada parece ter sido constantemente reforçada. Ao deixarem de ser apenas avaliadores e começarem a ser
também objeto de avaliação, os profissionais das escolas são
Muito pouco se pode interferir no processo de ensino, a desafiados a desenvolver relações mais maduras com a
menos que autorizados pelo professor, cujo protagonismo no avaliação e com os avaliadores de seu trabalho, sob pena de
cenário da sala de aula é irrefutável. Mesmo a equipe gestora não acrescentarem qualidade política ao processo.
de uma escola tende a considerar este lugar (sala de aula) Por seu lado, a avaliação do trabalho docente exige
como de uso restrito. Esta mentalidade se incorpora de tal transparência por parte de quem se atribui a responsabilidade
forma que começa a se naturalizar a ideia de que o trabalho de estabelecer referentes indicativos da qualidade desejada e,
pedagógico pertence apenas ao professor, não cabendo sob este aspecto, é necessário assumir uma postura radical
nenhum tipo de controle social sobre como se desenrola, exigindo conhecer, na raiz, a concepção de qualidade que
mesmo quando este ocorre de forma disjuntiva com o projeto orienta o olhar avaliativo, sobretudo aquele contido nas
da escola. Isso interdita a proposição de ações restauradoras políticas públicas de avaliação de cunho nitidamente
quando este trabalho não revela eficácia social e subtrai das regulatório. Segundo Roldão.
crianças o direito de aprender. Segundo Roldão (2005), essa O controle sobre os professores, pode ater-se mais a
liberdade aparente constitui-se antes como um fator de anti verificação do cumprimento rigoroso de normativos, por cujo
profissionalidade, na medida em que justamente substitui a contributo para a eficácia do que se ensina e do que se aprende
legitimidade do saber que fundamenta a ação, e o controlo nunca ninguém pergunta, ou na falaciosa publicitação de bons
sustentado do grupo profissional, pelo arbítrio de cada agente e maus resultados em abstrato – os rankings cegos –,
individual, a quem não é exigido fundamento para o que faz, desencarnados das circunstâncias, dos contextos, e do rigor do
nem é assegurada qualquer garantia de legitimação pelos seus exercício do ensino pelos professores que, essas sim, devem ser
pares. Contudo, a ideia de liberdade de ação do professor é objectos de avaliação e controlo rigoroso. [...] Nunca ou muito
lida, pelos próprios, como muita investigação comprova, raramente se centrou na verificação/ fundamentação da
exatamente neste sentido, como sinónima do direito arbitrário qualidade da ação de ensino em si mesma, da adequação do agir
de agir como quiserem, e, sobretudo, sem interferências dos docentes face aos seus alunos, nem no conhecimento
externas, o que configura, por parte dos professores, a crença profissional por eles manifestado ou invocado como base dos
enraizada na não necessidade de legitimar ou justificar resultados da sua ação.
perante outros a sua ação. Esta crença, socialmente construída Entendemos que a aprendizagem da avaliação precisa ser
e persistentemente passada na cultura docente, é, à luz dos elevada à condição estratégica nos processos de formação
referentes desta análise, indicador de não profissionalidade. docente, sejam eles iniciais ou permanentes, e isso inclui o
Esta cultura da avaliação ajuda a entender (não a justificar) exercício da autoavaliação e a avaliação pelos pares. Um
as recusas frequentes de alguns professores de discutir suas professor familiarizado com estas práticas ganha condição de
práticas pedagógicas o que se confronta com o discurso de bem ensinar e bem realizar a avaliação de/com seus
trabalho coletivo presente na escola. A autonomia do docente estudantes. Assim como compreenderá, com algum prazer,
não pode ser confundida com autonomização. Não tem ele a que lhe cabe o direito/dever de participar de processos de
prerrogativa de decidir, por si só, algo que afeta o bem comum avaliação da escola em que trabalha, corresponsabilizando-se
e marca o projeto pedagógico da escola. Certamente esta pelo desenvolvimento do seu projeto pedagógico.
aprendizagem necessita ser incluída desde logo nos processos Nesta linha de raciocínio, construímos este ensaio que
de formação docente para promover mudanças na cultura pretende, inicialmente, estabelecer relações entre a
escolar sobretudo no tocante a avaliação. aprendizagem da avaliação incorporada pelos professores ao
longo de seu processo de formação e os eventuais reflexos
Esta aprendizagem de viver, colaborativamente, um desta, no futuro desenvolvimento profissional, quando
projeto implica entender e usar a avaliação como uma participam tanto nos processos de avaliação da aprendizagem
estratégia organizadora dos múltiplos olhares e ações sobre a como naqueles que não se circunscrevem à sala de aula. A
realidade, na perspectiva de produzir melhorias. Mostra-se seguir, discutiremos como a aprendizagem da avaliação
indispensável para o monitoramento dos avanços do projeto institucional, ao tomar a escola como referência de análise da
pedagógico e, por conseguinte, é fenômeno do qual não se qualidade de ensino oferecido, constitui-se mediação

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importante para abordagens macro e micro dos processos de legitimar determinados construtos de qualidade
ensino e por último, discutiremos a responsabilidade dos abstratamente explicitados.
cursos de formação na ampliação da visão de avaliação dos Há que se interrogar fortemente esta lógica que atravessa
professores, realçando os saberes que estes podem fazer as políticas públicas de educação que pretendem localizar as
circular nos processos de trabalho dos quais participam, escolas eficazes.
contribuindo para a qualificação das escolas e para a O que se entende por uma escola de qualidade, afinal? Cabe
ampliação das aprendizagens das crianças. desvendar o que isso pretende significar e o quanto
representam de avanço rumo à melhoria da escola. Esta é uma
As multileituras dos processos de avaliação questão compreensivelmente polêmica.

Sendo a escola um sistema social complexo, composto por Conforme Ângulo, as mudanças sustentam-se em visões
inúmeros sujeitos em relação, não necessariamente afinados morais de melhora, ou seja, em valores, formas de convivência
em suas concepções ético-políticas e/ou técnico-operacionais, e escolhas que realizam as coletividades (e inclusive, nas
o esperado é que o trabalho coletivo que executam seja omissões que realizam ativamente). Contrariar esse substrato
marcado socialmente pela heterogeneidade de suas histórias e é tentar ocultar a própria raiz da ação humana; mas assumi-lo
itinerários. Isso exige que sejam engendrados acordos para supõe aceitar o debate e a discussão sobre o que significa, ao
que o projeto pedagógico em que estão envolvidos caminhe e menos para a coletividade, para a comunidade e para a
possa frutificar. Estes acordos, igualmente, precisam ser sociedade onde está situada, uma educação de qualidade.
avaliados e isso acresce outros níveis de complexidade para a Dada a cultura de avaliação hegemônica e ao modo como
avaliação, pois incorpora outros protagonistas e olhares ao “eclipsia” a concepção de qualidade, de ensino que toma como
processo. referente, professores e gestores reagem aos processos de
As relações e interações do professor com os alunos e os avaliação de seu trabalho e tendem, curiosamente, a se
saberes da formação que acontecem em uma sala de aula, não assemelhar aos estudantes quando da emissão de suas notas,
podem ser tomados, inadvertidamente, como expressão do confirmando a força da cultura avaliativa, assimilada como
conjunto de eventos e projetos que marcam a qualidade da currículo oculto da escola. Se bem posicionados no quadro
escola e as relações desta com o entorno social. estatístico, a ordem é celebrar. Não há disposição ou razão
Há que se desenvolver os futuros professores para que particular que justifique cotejar os resultados obtidos com os
possam se interessar por aquilo que acontece para além da recursos existentes e acionados pelos profissionais da escola
sala de aula e subsidiá-los para outros níveis de análise do em prol da aprendizagem dos alunos. Dispensam-se maiores
fenômeno educativo a fim de poderem melhor captar a reflexões sobre se este patamar revela o melhor possível da
qualidade de uma instituição de ensino. Em suma, é preciso escola em relação à uma determinada fronteira de
rever como se ensina a avaliação no intuito de se estabelecer eficiência/eficácia. Quando a localização no ranking não os
relações mais fecundas com esta atividade de singular favorece, tratam de negar peremptoriamente as marcas
importância na vida das escolas e das pessoas. obtidas, quase sempre desqualificando-as. Ao declarar a
Por razões diametralmente opostas, as reformas incompletude do dado para retratar o que ocorre na realidade
educativas sinalizam na mesma direção e elegem a avaliação da escola, dão também por findo o processo sem que se
como sua bandeira em prol da qualidade do ensino. agregue a este qualquer esforço explicativo do fenômeno,
Rompem-se as fronteiras da sala de aula e o foco exclusivo incluindo o estudo dos determinantes sociais. Perde-se a
nos alunos e observa-se que a avaliação começa a ser praticada chance de se promover uma aproximação do coletivo da escola
em larga escala buscando reunir subsídios que orientem os para estabelecer uma leitura circunstanciada dos dados,
sistemas educativos que passam a assumir importante produtora de significados e subsidiadora de decisões internas
protagonismo, inclusive na indução das escolas a um que levem em conta os saberes dos atores locais e as
determinado padrão de qualidade. informações geradas fora da escola, que poderiam dialogar
sem qualquer traço de subserviência.
Decorrentes destas políticas neoliberais são gerados
inúmeros relatórios e estatísticas que informam sobre a Observa-se uma certa apatia dos envolvidos que parecem
eficácia das escolas. Um conjunto de medidas (quase sempre não reagir, de modo proativo, à situação. A tendência é que a
ligadas ao desempenho dos alunos) é produzido com a força dinamogênica da avaliação ceda lugar à aceitação e ou
pretensão de informar, de modo comparativo e classificatório, negação pura e simples da medida informada, mesmo quando
como se distribuem as escolas no cenário educacional e, a esta não leva em conta os fatores associados. Constrói-se uma
partir destes dados, o processo de definição de políticas cultura de indiferença aos dados de avaliação e, por outro lado,
públicas acontece e informa a sociedade e o mercado presencia-se uma certa idolatria das notas boas, que passam a
concentram as ilhas de excelência educacional. orientar a escola a buscá-las, mesmo que, discursivamente,
Começa a ter presença na vida das escolas – muito embora contestem seu valor, sua exatidão ou suas formas de obtenção.
não tenha logrado se fazer presença – um conjunto de Os meios acabam justificando os fins.
informações nem sempre capazes de produzir consequências Observamos que os resultados de avaliação externa têm
no desenvolvimento da dinâmica institucional. Falta quem os inspirado políticas públicas e definido prioridades no processo
consuma, atribuindo-lhes sentidos e produzindo sentidos de alocação de verbas, via ranqueamento das escolas,
novos a partir das evidências recolhidas. Disto resulta a professores, alunos, de forma descontextualizada. Tendem a
manutenção dos mesmos níveis de desempenho das crianças ser reforçadores da cultura da “avaliação-medida”, produto-
que continuam sem aprender, embora cada dia mais avaliadas centrada e sujeita a recompensas e punições. Isso reforça a
(melhor dizer “medidas”). postura defensiva frente à avaliação, pois os professores
Como as medidas são necessárias, porém insuficientes ressentem-se dos resultados que, direta ou indiretamente,
para se poder falar a sério sobre avaliação, observa-se que o apontam-nos como responsáveis pelo fraco desempenho dos
ciclo virtuoso da avaliação não se completa. Tende a ficar alunos nos exames de proficiência.
restrito a números esquecidos em relatórios que não são Ao desconsiderar o trabalho pedagógico desenvolvido e as
suficientemente explorados e/ou apropriados pelos condições intra e extraescolar que o afetam, estes resultados
professores/alunos/ famílias/gestores. Mas geram políticas avaliativos tendem a penalizar também as escolas, em especial
que incidem sobre as escolas e sobre a educação, de um modo aquelas localizadas em áreas de maior vulnerabilidade social,
geral. E assim se apequena a função social da avaliação ao provocando um certo mal-estar docente. Os professores

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tendem a explicar/justificar o mau resultado dos estudantes e, Incorporar novos atores no processo de avaliação da
quase sempre, de forma isolada, buscam formular saídas. escola e novos ângulos para análise dos fenômenos educativos
Os docentes afirmam não poder bem fazer o seu trabalho: implica mudança substantiva na forma de conceber a avaliação
os alunos resistem ao trabalho de estimulação do professor, os e, mais ainda, na forma de praticá-la, sobretudo quando se
colegas são pouco cooperativos, a administração impede-os de toma a escola e seus atores locais como espaço e interlocutores
bem trabalhar... O risco de a pessoa se empenhar demais preferenciais para gerar consequências aos dados obtidos. A
coexiste com o do descomprometimento. O primeiro impede a aprendizagem da participação passa a ser realçada como
clivagem protetora entre as esferas doméstica e profissional expressão do reconhecimento dos múltiplos saberes dos
provocando o desgaste ou a exaustão profissional. Para além atores envolvidos com o projeto pedagógico, devidamente
de que se torna irrisório devido ao desfasamento entre o sobre trabalhados para que não se reproduzam as hierarquias entre
empenho e os resultados decepcionantes dos alunos. O eles. Isso potencializaria ações no sentido de celebrar um
segundo aumenta as dificuldades de uma atividade em contrato que tem uma dimensão social, pois consiste na
desinvestimento. introdução de práticas de participação e negociação de
interesses, no interior das organizações, tendo em vista a
Segundo Lima, o estudo da escola é processo complexo, construção de acordos e compromisso para a realização de
mas muito estimulante, pois transita entre olhares macro projetos comuns. No caso da educação pública, a
analíticos que desprezaram as dimensões organizacionais dos contratualização interna tem como referência o projeto
fenômenos educativos e pedagógicos e olhares micro educativo e corresponde à construção social do ‘bem comum’
analíticos, exclusivamente centrados no estudo da sala de aula que fundamenta a prestação do serviço educativo.
e das práticas pedagógico-didáticas. Ambos os olhares A aprendizagem da AIP implica, assim, revisitar e
carecem de um elo que permita compreendê-los em relação. interrogar como os profissionais da educação têm sido
A abordagem que toma a escola como referência vem sensibilizados para a questão da avaliação e o quanto se
ganhando adeptos e aí reside nossa defesa de processos de disponibilizam a compartilhá-la com os demais atores sociais.
avaliação institucional. O nível de análise por ela valorizado é Neste sentido, refletir sobre os processos de formação inicial
o da mesma abordagem que toma a escola como eixo dos professores é questão imperativa. Sobre isso
integrador dos aspectos micro e macro já referidos, ajudando discorreremos a seguir.
a melhor situá-los de modo a extrair significados mais densos
e circunstanciados das evidências postas em destaque. Formação dos professores e a aprendizagem da avaliação
O protagonismo nesta abordagem está nas mãos dos
atores da escola. A estes competem produzir as explicações Supostamente reféns de uma visão reducionista de
sobre os dados e formular pactos de qualidade negociada, avaliação, restrita a um dos seus componentes, o da
visando o avanço da escola, de forma integrada, sistemática e aprendizagem, podem os futuros profissionais da educação ser
organizada, a partir das próprias referências que elege, numa levados a crer que a sala de aula pode ser entendida de forma
leitura sempre atualizada do seu projeto pedagógico. dissociada da escola e esta, de forma independente do entorno
Sirotnick enfatiza que a escola é um lugar idôneo onde os social. Podem incorporar que esta atividade lhes pertence de
educadores podem trabalhar juntos para enfrentar situações modo exclusivo, não cabendo compartilhamento de nenhuma
difíceis e consolidar boas ideias no ensino. A escola é o lugar espécie que ponha em xeque seu olhar profissional sobre o
onde a reflexão crítica não é uma dialética passiva, e sim um problema.
paradigma de conhecimento e “reconhecimento” dentro de um Não há como negar que esta visão repercute muito nas
contexto de ação. A escola é mais do que um lugar onde se formas usuais de como os profissionais entendem suas
ensina a pensar criticamente: também é o lugar para pensar possibilidades de ação e retroação no cenário escolar. Esta
criticamente sobre a educação. visão contribui para o estreitamento da análise do fenômeno
Entendemos que a escola não pode ser vista de forma avaliatório e faz crescer a resistência a este processo. Quando
insular, desgarrada da realidade social que a envolve. Disto se veem surpreendidos por políticas públicas que usam a
decorre que a avaliação da qualidade de seu processo é avaliação como recurso de gestão, reagem aos dados de
influenciada por um conjunto de fatores tanto intra como diferentes formas. Muitas vezes expressam sua dificuldade de
extraescolares. Estes não podem ser esquecidos ou silenciados aceitar esta avaliação que incide sobre seu trabalho, por meio
pelas políticas que incidem sobre a escola e seus atores. da recusa de participação ativa no processo. Outras vezes,
A negação (ocultação) destes fatores gera muito optam pela participação não vinculante, interessados mais na
desconforto no conjunto de atores e tende a ampliar suas terceirização de responsabilidades do que na construção de
resistências. Assim, quando mais a escola se vê pressionada a possibilidade de superação.
cumprir metas fixadas de modo vertical e extra Que saberes docentes precisam ser acionados para dar a
territorialmente, mais os atores tendem a uma certa conhecer, aos estudantes dos cursos de formação de
“infidelidade normativa” no dizer de Lima. Aliás, esclarece o professores, os interesses que tensionam a escola e sua forma
autor, esta seria mais corretamente compreendida se de organização interna? Como têm sido trabalhadas (se é que
considerada como fidelidade dos atores aos seus objetivos, o são) as formas de superação desta trama, nada inocente que
interesses e estratégias que parece serem secundarizados ocorre nas escolas e que vem se naturalizando historicamente?
pelos processos externos de avaliação. Como são sensibilizados para a importância da participação
dos diferentes atores sociais na vida da escola?
Isso posto, cremos e defendemos que projetos de avaliação A defesa que fazemos é que a formação inicial dos
institucional participativos (AIP) potencializam a adesão dos profissionais da educação pode fazer diferença na futura
atores da escola a projetos de qualificação do ensino, inserção destes na escola ampliando as chances do uso
inserindo-os, inclusive, na formulação das metas, regras e ou edificante do conhecimento para construir uma outra
estratégias que orientam e impulsionam o agir da escola rumo realidade escolar.
à superação de seus limites. Logo, instituir processos de Mas, se a escola lhes for apresentada como uma realidade
avaliação mais abrangentes no território escolar pode ser pronta e acabada, submetida a um conjunto de imposições
compreendido como decisão, no mínimo, poupadora de político-normativas ao qual apenas cabe a reprodução,
energia dos atores, recanalizando os esforços da comunidade evidentemente contribui-se para a inércia institucional, para a
na perspectiva de gerar alguma eficácia social. manutenção de relações verticais no cenário escolar, para a
apatia dos sujeitos frente ao processo de trabalho que devem

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executar, mas no qual não identificam espaço algum que O ensino da avaliação aos futuros professores não pode se
comporte sua marca de autoria. resolver apenas na descrição teórica, politicamente correta,
A subestimação desta complexidade implica a proposição sobre como deveria ser e/ou sobre as razões porque não
de uma base normativa e jurídica que defina, a priori, como consegue ser diferentemente desenvolvida. Reclama por ação
deve funcionar o estabelecimento escolar. Como se fosse intencional dos educadores de fazer experimentar aos futuros
possível controlar as pessoas que este estabelecimento abriga, professores outros usos da avaliação, levando-a a assistir a
fazendo-as esquecer suas crenças e interesses particulares, aprendizagem dos estudantes. Cuidados pedagógicos na forma
suas visões de mundo, suas utopias. de ensinar a planejar e desenvolver a organização do trabalho
Uma escola é um pouco a expressão dos atores sociais que escolar são importantes e devem crescer mais ainda quando a
nela atuam. Estes, ora obedecem o disposto pelo sistema, ora categoria avaliação emerge, dada a centralidade que ela detém
reinterpretam estas regras e as atualizam de modo a que lhes na realidade escolar e social, e que precisa ser contestada e
faça sentido. Podemos até nos arriscar a dizer que cada escola problematizada, no mínimo, pelos profissionais da educação.
tem uma personalidade própria, fruto de sua cultura e da Da prática pedagógica vivida e discutida dentro de limites
forma como organiza seus processos internacionais. históricos que a constrangem, uma outra relação com a
Lima destaca que as escolas não são apenas fruto de avaliação pode nascer nos cursos de formação de professores,
heteroorganização mas carregam dentro de si o germe da ampliando as possibilidades de que estes se disponham a
auto-organização. Os atores locais têm margem de autonomia continuar lutando por um uso mais consequente e ético da
e aprendem a usar suas capacidades estratégicas em prol de avaliação nas escolas em que vierem a atuar. Esta
um projeto com o qual se identifiquem. aprendizagem amplia a condição ético epistemológica destes
Cremos que, se este fosse um saber considerado atores para agirem e reagirem tanto no âmbito da sala de aula
socialmente pertinente nos processos de formação de como quando a instituição escola estiver sendo formalmente
professores, estes se disporiam mais ao desafio de avaliada.
transformação da escola que temos, na escola que as crianças
precisam ter. Do processo de desenvolvimento profissional dos
professores, a aprendizagem da avaliação constitui-se saber
Parece-nos que a insistência na apresentação da escola essencial para armá-lo dos argumentos necessários para uma
como cenário estável e com uma única feição e função social interlocução em alto nível com os dados da realidade escolar
tem servido para a reprodução de sua lógica excludente, além informados pela avaliação e que não podem ficar esquecidos
de contribuir para um certo socialconformismo, induzindo os nos relatórios simplesmente. Qualifica-os, igualmente, para
professores à desistência precoce de seu protagonismo na dialogar de modo rigorosamente competente com o sistema
escola. educativo, em prol de um melhor entendimento dos
Ressaltamos a importância de se investir em uma nova significados dos dados que ancoram as demandas que se
forma de discutir a avaliação com professores, inserindo-a seguem ao processo de avaliação e que são sempre biunívocas.
como uma das categorias do trabalho pedagógico, A insistência na importância desta aprendizagem embasa-
concretamente desenvolvido na escola e submetido à se nos prejuízos decorrentes da ausência deste repertório
determinada forma de organização. quando processos externos de avaliação invadem a escola e
Ao ser ensinada como um dos componentes do trabalho encontram professores e equipes gestoras desarmados para o
escolar, a avaliação teria sua centralidade na cena pedagógica trabalho de tradução de seus significados. Sem discurso para
e política contestada sem que se perdesse a noção do quão problematizar a avaliação de sua escola, tendem a receber
relevantes são os subsídios que ela faz circular. Como passivamente os dados, ao que se segue uma postura de
expressão de um processo de trabalho compartilhado e não indiferença frente aos mesmos, lesiva ao projeto pedagógico.
mais como produto pontual e artificializado, a avaliação Reagir aos dados dos processos de avaliação externa não
ganharia mais significado político e técnico (exatamente nesta pode ser entendido como negação apenas daquilo que estes
ordem), mostrando-se coerente com a função formativa dela informam. A reação que advogamos, necessária e
esperada. politicamente consequente, implica saber buscar as evidências
Ao orientar a reflexão do grupo sobre alguns indicadores que sustentam as informações do relatório e assumir a
escolares, a avaliação ajuda a recuperar os referenciais de titularidade de discuti-las à luz da realidade local, de forma
qualidade que estão subjacentes ao processo de significação contextual e histórica.
dos dados, fazendo emergir contradições, hipóteses, vazios, Movimentos sumários de contestação da comunidade
avanços, indispensáveis ao processo de tomada de decisão interna da escola frente aos dados de avaliação externa
rumo ao desenvolvimento qualitativo do projeto pedagógico. tendem a ser rotulados pelos formuladores das políticas como
Nesta perspectiva, outra aprendizagem é requerida respostas ideológicas oriundas de ghetos de resistência a
também em relação à postura docente na avaliação dos alunos. processos de qualificação das escolas. Isso também merece
Discutir resultados da aprendizagem dos alunos é mais do que reflexão.
examinar as notas que estes obtiveram sem que se acione de
imediato a discussão sobre a natureza da mediação pedagógica Mais uma razão para que os saberes que circulam nos
realizada e os fatores contextuais intra e extraescolares que, processos de desenvolvimento profissional preocupem-se em
em alguma medida, agem sobre o processo. potencializar a capacidade argumentativa dos professores
frente à realidade da escola, a qual devem conhecer de forma
Este raciocínio avaliativo, realizado sistematicamente e de vertical. Desta relação intensiva com a escola, os professores
forma compartilhada (estudante e professor), a ambos ensina acumulam e qualificam um outro componente dos saberes
a aprender a extrair da avaliação sua riqueza intrínseca, quase docentes, os saberes da experiência, que se constroem no
sempre obscurecida quando esta é tomada ou praticada como embate diário com a realidade dos alunos, famílias e no
apenas um número, estanque e finalístico, elevado à condição encontro com os pares, no enfrentamento dos dilemas
de verdade absoluta e usado para distribuição de recompensas cotidianos da escola. Fortalecidos em seus saberes, os
ou punições (nem sempre explícitas). Não há como negar que professores ganham voz e vez nos processos de qualificação da
esta forma de trabalho com a avaliação contribui para que esta escola, aprendendo a construir uma rede explicativa para os
permaneça sendo vista como controle e usada com viés problemas com que se deparam e a formular também
burocrático sobremaneira. estratégias de superação que lhes façam sentido ou a contestar

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aquilo que se mostre inconsistente, embora formalmente invés de um acatamento cego às normas e regras existentes a
instituído. que se obtém adesão sem comprometimento, como resposta
Sempre que se verifique uma inconsistência entre as de conveniência às “estratégias do controle” institucional.
exigências formais estabelecidas e os recursos existentes,
sobretudo daqueles cuja afetação está dependente da Pode a aprendizagem da AIP contribuir para a
administração central (formais, materiais, de pessoal etc), a aprendizagem das crianças?
ordem normativa estabelecida sairá enfraquecida e tornar-se-
á, eventualmente, ilegítima, aos olhos dos subordinados. Sendo a avaliação institucional participativa um exercício
Como se apreende, a avaliação esconde campo de de releitura da realidade escolar a partir de seus atores locais,
interesses fortemente antagônicos que buscam legitimar uma apoiado em distintas evidências, parece-nos que a parada
determinada concepção de qualidade, nem sempre aquela obrigatória e sistemática inerente ao processo de avaliação
detentora de pertinência social. Mais uma razão para que a possibilita que estes atores voltem a se reconhecer como
aprendizagem da avaliação ultrapasse a fronteira da sala de coletivo e como coletivo se interroguem sobre o projeto que
aula e amplie a visão dos professores para além da pretendem construir e como coletivo se desafiem e se
aprendizagem dos seus alunos. amparem para o trabalho árduo que os aguarda, se de fato se
colocarem a serviço da aprendizagem das crianças.
Entendemos estratégico envolver os profissionais da Avaliar a escola e construir juízo de valor sobre a função
escola na reflexão sobre um outro referencial de avaliação, social que possui implica um zelo bastante acentuado, dadas
capaz de abarcar níveis diferenciados de abordagem, as mudanças que assolam nossa sociedade. Cabe atualizar esta
contribuindo para uma visão de totalidade do fenômeno. Esta função de modo que acompanhe os novos desafios impostos
vivência permitirá, também, uma contestação das formas de pela realidade, porém sem perder o compromisso com as
aprender e ensinar avaliação usualmente presentes nos cursos crianças e jovens, em especial aqueles menos favorecidos, para
de formação inicial e continuada dos professores. quem a permanência na escola pode e precisa fazer diferença.
Parece claro que a produção da qualidade na escola não Tenti Fanfani alerta que o conhecimento é uma riqueza
pode ser algo decretado sem a participação da comunidade. estratégica, cuja distribuição não é igualitária. A escola é
Obtido seu engajamento no processo, os avanços são necessária para garantir, ao menos, as primeiras
sobejamente ampliados. O descuido com o envolvimento da aprendizagens consideradas estratégicas para que possam os
comunidade intra e extraescolar acaba deslegitimando o alunos continuar aprendendo ao longo de suas vidas.
processo de produção de qualidade nas escolas e Desta forma, o direito à educação não pode ser confundido
desperdiçando as evidências obtidas via avaliação. com o direito ao acesso à escola, traduzido pelo aumento das
Entre a concepção e a produção normativa e a execução no estatísticas dos alunos matriculados apenas. Este acesso
contexto escolar, há um complexo processo de comunicação precisa vir acompanhado do compromisso com a
entre as pessoas que encarnam o projeto. Avaliar este projeto aprendizagem dos estudantes e com seu direito de acesso ao
é necessário. Como fazê-lo, implica questões axiológicas. E a conhecimento acumulado.
proposição de processos de AIP não deixa de ser uma escolha Isso traz novas responsabilidades aos professores frente
carregada de intenções ético-políticas. ao perfil dos estudantes hoje “autorizados” a estarem na
A aprendizagem da avaliação institucional implica escola. Ao fenômeno de democratização/ universalização do
aprender a participar, aprender a se vincular com um projeto acesso seguiu-se uma crescente dificuldade de a escola lidar
coletivo e aceitar as “dramáticas do uso de si” para ampliar as com segmentos sociais bastante vulneráveis e que não se
chances de êxito de um projeto que não se curva ao instituído ajustam, linearmente, às formas convencionais de organização
simplesmente. Mas, conforme destaca Lantheaume o do trabalho pedagógico da escola.
empenho de si para manter a situação, o “si próprio “como Dado que, a curto prazo, este traço do segmento estudantil
recurso não pode substituir os recursos do coletivo, os não sofrerá alterações (ainda que nos cause indignação e
recursos de um oficio seguro das suas regras e dos princípios perplexidade, pois revela a iniquidade social dos nossos
que unem os profissionais. tempos), a única possibilidade de se enfrentar a situação
A aprendizagem da avaliação institucional inclui o saber depende da pro atividade dos profissionais da educação na
posicionar-se diante dos dados oferecidos pela avaliação formulação de um projeto pedagógico capaz de enfrentar esta
externa, usando-os para esclarecer a realidade escolar, quer situação, nos limites da governabilidade que compete às
pela aceitação das evidências ou pela refutação das mesmas. escolas.
Aprender avaliação institucional significa assumir o
monitoramento ativo do cotidiano escolar, sem que se resvale Dussell lembra-nos que: El proyecto puede organizar la
para o controle, assegurado pela excessiva produção de regras actividad del año; sin embargo, cabria preguntarse si ayuda a
sobre a realidade e a comunidade. considerar el largo plazo de la educación, su inscripción en un
sistema, el lugar de los docentes como adultos transmisores de
Mafessoli adverte, ao questionarem-se as explosões la cultura, todas bases fundamentales de la estructuración de la
violentas, a queda brutal de impérios ou de dominações que acción docente.
pareciam indestrutíveis, é frequente invocar a anarquia, a O que queremos destacar é que a mera apologia do projeto
desordem ou o disfuncionamento crônico de que seriam pedagógico, discurso reinante nas escolas, não é capaz de
vítimas. Por vezes é esse o caso. Mas na maior parte do tempo, torná-las sensíveis às especificidades e necessidades oriundas
a implosão resulta do excesso de ordem. [...] O excesso de leis do perfil dos estudantes que destas instituições sociais mais
é o signo de uma sociedade doente. A perspectiva empírica dependem.
ensina-nos que um racionalismo exagerado assemelha-se ao Os alunos das escolas públicas, particularmente aquelas
excesso de vida do câncer: ele se desregula e desregula tudo situadas em zonas de vulnerabilidade social acentuada,
até eliminar a vida! apresentam reconhecidas carências de ordem estrutural e
A avaliação institucional contribui para que os saberes dos material, porém a este tipo de problema se agregam as
diferentes atores envolvidos na escola sejam incorporados e diferenças que possuem em termos de capital cultural, dos
reconhecidos como legítimos, intensificando a qualidade das recursos linguísticos que acionam e que tendem a não ser
trocas intersubjetivas que ocorrem na escola empoderando os considerados pelos professores nas microdecisões que tomam
atores locais para a ação. Ação que se orienta pelas “estratégias quando da organização do trabalho pedagógico.
de compromisso” com o direito das crianças aprenderem ao

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Este destaque que fazemos visa realçar a insuficiência do Podem, também, os professores optar por desconsiderar
discurso de compromisso das escolas com a construção de as condições concretas dos alunos que possuem e os
uma realidade social mais justa e fraterna, valor expresso no submeterem, sem nenhuma flexibilidade, a práticas
texto denominado projeto pedagógico. pedagógicas homogeneizadoras nas quais os processos de
avaliação são estandardizados. Produzem ativamente a
A avaliação ajuda a evitar que a escola, por meio das exclusão da escola de grande contingente de alunos que sequer
microdecisões que toma, se descole dos referenciais que protestam, pois assimilam como seu o fracasso. Os
anuncia perseguir e que necessitam de controle social sob professores, no entanto, experimentam algum mal estar
pena de serem apenas palavras. Sem que a estes pressupostos quando se põem a refletir sobre o sentido de seu trabalho.
teóricos correspondam ações concretas que reconfigurem as Talvez, isso justifique a fuga dos espaços coletivos da escola ou
relações e os processos desenvolvidos nos espaços educativos, a ausência da reflexão, mesmo quando são reunidos para este
muito pouco se avançará na transformação da lógica da escola fim.
que temos e que continua a ser excludente, mesmo quando a Uma vez mais destacamos que, entre os saberes
todos supostamente inclui. necessários para a formação dos professores, devam ser
A tradução deste compromisso da escola com a inclusão incluídas (não apenas como conteúdo a ser repetido, mas
do aluno envolve alguma polêmica e nem sempre os problematizado) as condições sociais que afetam a escola e,
professores estão confortáveis na gestão de suas turmas de por conseguinte, dizem respeito à profissionalidade docente.
alunos e a culminância ocorre nos processos de avaliação da Desprovidos desta aprendizagem, os docentes terão
aprendizagem. dificuldade para enfrentar os problemas atuais que afetam a
O risco da “condescendência pedagógica” pode impregnar escola e os alunos que a frequentam. Devidamente
as formas de mediação e avaliação da aprendizagem realizada instrumentalizados para a leitura das contradições do modelo,
pelos professores que tratam de ajustar seus objetivos ao poderiam assumir um posicionamento menos ingênuo diante
perfil do alunado que possuem. Em nome da inclusão, de eventos complexos que despertam a sensação de
inadvertidamente, pode-se roubar-lhes o direito de aprender. fragilidade e de falta de credibilidade em seu próprio trabalho.
Mas, então, como ensiná-los se não conseguem acompanhar os Dussel afirma que “las tradiciones heredadas con respecto a
demais colegas? “Lo mas probable será optar entre lisa e llana lo que debe ser el oficio docente hoy colisionan con la realidad
exclusión de la escuela y la no menos grave exclusión del de escuelas, familias y alumnos que plantean desafíos muy
conocimiento”. diferentes a los imaginados hace un siglo.”
Não há como deixar de considerar os conflitos que Ou aprende-se a ensinar admitindo a existência deste
envolvem os professores quando se defrontam com estas cenário, ou fica a visão nostálgica dos tempos passados, dos
marcantes diferenças entre os estudantes que contrastam com alunos idealizados, da escola que tinha apenas a função de
a “homogeneidade” relativa das práticas institucionalizadas. transmissão dos saberes oficiais.
Isto complexifica ainda mais o trabalho docente. Notadamente
nos processos de avaliação da aprendizagem que planejam e Processos de reflexão coletiva propiciados pela análise dos
que aprenderam a conceber como uma questão técnica e dados gerados pela AIP, contribuem para que os professores
neutra, naturalmente classificatória e resultante de esforços se organizem e produzam explicações mais plausíveis para os
individuais, o que justifica as premiações e as sanções que cada problemas que envolvem a escola. Evidentemente, a própria
aluno recebe, na forma de uma nota. definição dos problemas não se dá de forma desarticulada dos
referentes teóricos, das cosmovisões que estão em disputa.
Cabe indagar se estas temáticas têm sido exploradas nos Uma vez mais, respaldados em Tenti Fanfani, ressaltamos
processos de formação inicial e continuada dos professores, a avaliação institucional como possibilidade de examinar esta
com uma outra ênfase, capaz de ajudá-los a lidar situação com mais propriedade:
formativamente com a avaliação. Los alumnos no son objeto de educación, sino que, em
O desconhecimento ou leitura enviesada acerca dos parte, son protagonistas de sus próprias experiências, las
determinantes sociais e históricos que impregnam os cenários cuales pueden ser mas o menos exitosas o fracasadas y puden
educativos e os grupos que nele se fazem representar, pode recorrer camiños muy distintos entre si. Para ver esa realidad
levar os professores a um certo desapontamento com sua dinamica no es suficiente analizar las variables sistemicas
impotência para ensinar. Assoberbados com o conjunto de (acceso, eficiencia interna, rendimiento) que se expresan
expectativas sociais que devem atender em função das lacunas mediante indicadores especificos (cobertura, extra-edad,
de todas as ordens que os estudantes trazem, tendem a se repetición, deserción, logros de aprendizaje etc.) sino que es
frustrar diante de tarefa tão hercúlea que gostariam de necesario recurrir a estrategias analiticas cualitativas.
realizar mas na qual acabam por fracassar. A aprendizagem do manejo de processos de avaliação
Pela dificuldade de construir uma rede explicativa destes institucional ensina a desenvolver um outro nível de análise
fenômenos que afetam todas as organizações sociais, inclusive para interpretar números oferecidos pelo sistema para
a escola, acabam trabalhando muito e sem conseguir obter discutir a eficácia da escola. Auxilia a que se desvele e
bons resultados, posto que, atuam, de modo desordenado e problematize como um determinado conjunto de alunos, por
quase sempre individual. Se optarem pela condescendência meio de suas condições objetivas e subjetivas de vida, tem
pedagógica e aceitarem a promoção automática dos alunos, mais chance de êxito enquanto outros caminham na direção do
estarão eximindo-se de produzirem um trabalho pedagógico fracasso escolar/social.
rigoroso e eticamente comprometido com a inclusão cultural. Não apenas por isso, fica marcada a contribuição dos
Como profissionais, precisam demonstrar sua expertise na processos de avaliação institucional nos processos de
condução deste processo e não desistir de seus alunos. A aprendizagem dos alunos. Ao se trazer para o espaço coletivo
indiferença frente a estes alunos, revelada na emissão formal da escola as diferentes leituras dos problemas da escola e
de notas que sinalizam sucesso escolar ilegítimo, tem como estes afetam a aprendizagem das crianças no interior
consequências para ambos e para a escola também. das salas de aula, enriquece-se a discussão avaliativa e
potencializa-se o compromisso dos professores com o direito
Frente aos resultados dos alunos nos exames externos de das crianças aprenderem.
proficiência a que são submetidos, a dissonância entre os Para que serviria a intensificação e diversificação das
escores pode ficar evidente e isso deixa em xeque o trabalho atividades de avaliação da aprendizagem dos alunos, se não
docente realizado. para gerar melhores condições para que esta aprendizagem

Conhecimentos Contextuais 35
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possa ocorrer? Esta questão faz ressurgir o espírito do projeto considerados como de segunda ordem em relação aos saberes
pedagógico da escola e, ainda que contraditoriamente, pela produzidos nas universidades, repetindo relações que
experiência de escassez de coerência entre discurso e prática, dicotomizam quem formula e quem aplica. O que sabem os
não problematizada no plano individual, oportuniza a professores e o que ensinam aos formadores? Que uso fazem
correção de rota ao ser retomada no âmbito coletivo. dos saberes veiculados nos cursos de capacitação lato e stricto
sensu de que participam?. Como avaliam o trabalho que
A circularidade dos saberes dos atores envolvidos nos desenvolvem e ao desenvolvimento profissional que aspiram?
processos de avaliação institucional Como se relacionam com os seus pares, independente dos
cenários em que atuam? Perguntas para as quais indica-se a
Cada vez mais nos convencemos de que professores não necessidade de investigação e que podem ser disparadas
podem continuar a ser formados para que repitam práticas e também nas rodas de reflexão propiciadas pelos processos de
posturas que têm servido a fins não emancipatórios. avaliação da qualidade da escola.
A capacidade de reflexão sobre seu trabalho e a disposição
de investigar criticamente os cenários em que atuam e os Frente ao desafio de produzir ações comprometidas com a
atores com que se relacionam, assim como as forças sociais qualidade da educação básica, em especial nas escolas
que os afetam, exige uma outra base e lógica formativa. Desta públicas, por meio do fortalecimento dos atores locais, parece-
transformação depende um trabalho pedagógico detentor de nos inadmissível aceitarmos cisões entre atores internos e
qualidade social. No entanto, para esta construção é preciso externos; professores das universidades e professores da
recuperar a confiança dos professores em seus saberes de escola. O direito das crianças aprenderem, em tempos de
modo a que se sintam fortalecidos para o uso das palavras, dos políticas neoliberais, exige o concurso de todas as forças
argumentos que decidem trazer à tona para que outras sociais progressistas. A orquestração destas ações é
perguntas possam ser formuladas, interrogando a realidade da singularmente importante se considerarmos os prejuízos
escola e da vida e sua aparente neutralidade. impostos a uma geração de crianças toda vez que nos
Os profissionais da educação precisam se fortalecer, esquecemos de que estas devem ser a razão de ser de uma
teórica e eticamente, para discutir com lucidez as relações instituição educativa. E qualidade neste espaço não se trata de
macro e micro sociais que afetam a escola gerando regras de opção particular de um grupo. Trata-se de questão intangível
um jogo, nem sempre límpidas, mas nem por isso inexoráveis. sobre a qual não cabe tergiversar.
Assumir posição de não indiferença frente às crianças e seu A categoria “circularidade dos saberes”, quando
legítimo direito de aprender pode ser considerado sinal de um extrapolada para situações de AIP, mostra-se pertinente pois
bom trabalho docente em tempos nos quais nunca se este processo só se sustenta pela inserção dos múltiplos atores
demandou tanto pela qualidade da escola ainda que a sociais envolvidos com a escola e seu projeto. Ao cotejarem
contrapartida tenha sido precarizar as condições de seus olhares avaliativos sobre a qualidade da escola, estes
funcionamento deste estabelecimento e do trabalho docente. atores fazem circular não apenas impressões, expectativas,
mas também seus conhecimentos sobre esta realidade,
Assumir posição neste jogo exige aprender a jogar com as construindo, de modo complementar, uma melhor apreensão
regras existentes e tanto quanto possível ensinar as pessoas a da realidade da escola que não se explicará apenas a partir de
aprender a construir um sentido novo para estas regras, pressupostos científicos dos profissionais da educação, mas
atualizando-as sempre que se mostrarem inadequadas para a também incluirá a perspectiva dos atores não profissionais
saúde do projeto pedagógico da escola. com seus saberes experienciais e intuitivos.
Os profissionais da educação precisam aprender a
reconhecer e a disponibilizar seus saberes de modo a que estes A conversa precisa continuar...
produzam sentidos novos na avaliação da qualidade da escola.
Evidentemente não se trata do único ator institucional apto a Mesmo reconhecendo a impossibilidade de se chegar a
fazê-lo mas, com certeza, são atores estratégicos para a conclusões sobre temáticas tão amplas e instigantes, não há
mobilização dos demais. como ocultar um certo desapontamento, fruto de nossa cultura
Ludke empresta da obra de Martinand, um pesquisador de resultados, ao relermos este ensaio. Terminamos com a
francês, em entrevista dada a Bourguière, o conceito de certeza de que a conversa precisa continuar. Não há pontos
circularidade. Ela destaca que os autores, ao falarem da finais. Pelo contrário, crescem as reticências, as interrogações,
circularidade do saber, não se restringem ao aspecto de sua as exclamações. Deste movimento dialógico, sem certo ou
circulação, como é comum se ver, quando se trata da errado definidos a priori, resultará mais aprendizagem para
transmissão ou da transferência de conhecimento, em geral de todos aqueles interessados na qualificação da escola, no
cima para baixo, do centro para a periferia. Parece-lhe um desenvolvimento profissional dos professores, nos processos
conceito potente, pois a ideia de circularidade indica idas e de meta-avaliação, no desenvolvimento de nossos alunos e
vindas, a circulação entre duas (ou mais) fontes produtoras de professores.
saber, cada uma enriquecendo, a seu modo, a construção do
conhecimento a seu respeito. Os Sistemas de Avaliações Educacionais no Brasil 11
Ao reconhecermos a circularidade dos saberes como
importante contributo para a produção de conhecimento, No Brasil, o desenvolvimento de um sistema de avaliação
admitimos que esta é, sobretudo, derivada de processos da educação básica é bastante recente. Até o início dos anos
sociais, coletivos, dialógicos e plurais. Isso nos faz repensar a 1990, com a exceção do sistema de avaliação da pós-graduação
multiplicidade de saberes presentes e subestimados na escola sob a responsabilidade da Capes, as políticas educacionais
e que poderiam gerar forte sinergismo no enfrentamento dos eram formuladas e implementadas sem qualquer avaliação
problemas complexos que rondam a realidade escolar e seu sistemática.
entorno. Não era possível saber se as políticas implementadas
Igualmente, não podemos deixar de contestar a lógica que produziam os resultados desejados ou não. Simplesmente, até
hierarquiza os saberes bem como o lócus de sua produção. meados da década de 1990, não havia medidas de avaliação da
Esta tem levado a que os saberes produzidos nas escolas sejam aprendizagem que produzissem evidências sólidas sobre a

11CASTRO, M. H. G. de. Sistemas de Avaliação da Educação no Brasil avanços e


novos desafios. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 23, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2009.

Conhecimentos Contextuais 36
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qualidade dos sistemas de ensino no país. Costuma-se falar da A abordagem metodológica e os conteúdos da formação
velha escola pública do passado como exemplo de qualidade. partem da perspectiva de que as informações produzidas pelas
No entanto, a escola era outra, uma escola excludente e de avaliações externas contribuem para o diagnóstico de
qualidade para os poucos eleitos que a ela tinham acesso. O necessidades dos sistemas de ensino e escolas e podem induzir
problema hoje é mais complexo: construir e valorizar a boa à formulação de políticas com efeitos positivos na prática
escola pública, agora democrática e para todos. pedagógica e na aprendizagem. Nesta primeira edição, a
Em pouco mais de uma década foi construído, no país, um publicação
complexo e abrangente sistema de avaliação educacional, que Avaliação e Aprendizagem apresenta alguns dos enfoques,
cobre todos os níveis da educação e produz informações que conteúdos e aprendizados desse processo.
orientam as políticas educacionais em todos os níveis de
ensino. Com esse objetivo geral comum, apresenta distintas O que são sistemas de avaliação do desempenho escolar?
características e possibilidades de usos de seus resultados
para que as informações avaliativas sirvam também para o O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi
próprio processo de formulação, implementação e ajuste de criado pelo MEC em 1988. A partir de 1995 incorporou nova
políticas educacionais. O principal desafio é definir estratégias metodologia, baseada na Teoria de Resposta ao Item, que
de uso dos resultados para melhorar a sala de aula e a permite a comparabilidade dos dados ao longo do tempo, em
formação dos professores, de modo a atingir padrões de série histórica. Também realizou, em âmbito nacional, a
qualidade compatíveis com as novas exigências da sociedade primeira aplicação amostral de testes padronizados em leitura
do conhecimento. e resolução de problemas nas séries finais de cada ciclo do
Ensino Fundamental (4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano) e 3º
Avaliações externas12 ano do Ensino Médio, de todas as unidades da Federação e
redes de ensino público (municipal, estadual, federal) e
As avaliações do desempenho escolar, feitas em larga particular, o que passou a ser feito a cada dois anos.
escala na educação básica, estão presentes na política pública A partir de 2005, a atenção aos resultados das escolas
de educação brasileira há duas décadas. Entretanto, a partir de obtidos nas avaliações se intensificou. Primeiro com a
2005 com a Prova Brasil e de 2007 com o Índice de reestruturação do Saeb pela Portaria Ministerial nº 931 de 21
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), passaram a ter de março de 2005, que foi desmembrado em duas avaliações:
maior destaque na agenda político-educacional de municípios a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação
e estados. O caráter censitário desses indicadores e a projeção Nacional do Rendimento no Ensino Escolar (Anresc), esta
de metas bianuais do Ideb promoveram maior interesse, última mais conhecida como Prova Brasil, aplicada de modo
adesão e mobilização em torno dessas avaliações por parte de censitário em todas as escolas públicas. Em seguida, com a
gestores educacionais, escolas, professores e comunidades. criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
Mesmo ocupando espaço central no desenho das políticas (Ideb), que reúne, em um só indicador, os conceitos de fluxo,
educacionais de estados e municípios, estudos apontam que as expressos nas taxas de aprovação registradas no Censo leitura
informações produzidas por essas avaliações ainda não são e resolução de problemas. Calculado como a média das notas
suficientemente exploradas como subsídio para a gestão padronizadas, o Ideb varia de 0 a 10 e seus resultados
educacional e o trabalho pedagógico. Observam-se permitem traçar metas bianuais, o que possibilitou que se
dificuldades para a compreensão dos resultados e pouca tornasse ferramenta para o acompanhamento das metas de
influência destes nos planejamentos e intervenções qualidade para a educação básica do Plano de
educacionais, o que indica a necessidade de trabalho Desenvolvimento da Educação (PDE).
direcionado para atender às novas demandas de uso, tanto por Desde então, estados e municípios vêm adotando e
parte de escolas como de secretarias de educação. desenvolvendo sistemas próprios de avaliação. A maioria
Considerando este cenário, o Programa Avaliação e baseia-se na metodologia utilizada pelo Saeb, mas com a
Aprendizagem iniciou o seu percurso em 2011, tendo em vista inclusão de elementos próprios aos interesses de cada rede.
contribuir com os debates e ampliar o uso das avaliações
externas (de larga escala, ou padronizadas), como uma das Qual o objetivo dessas avaliações?
estratégias para a melhoria da qualidade na educação básica.
Com essa perspectiva, o Programa vem desenvolvendo: Realizar um diagnóstico dos sistemas educacionais
brasileiros a partir do desempenho dos estudantes em testes
- pesquisas e estudos sobre os usos das avaliações padronizados. As informações produzidas visam monitorar e
externas junto a secretarias municipais e estaduais de subsidiar a formulação ou reformulação das políticas públicas
educação; educacionais municipais, estaduais e federais.
- publicações para educadores e o público em geral;
- ações de formação em contextos diversos, diretamente - ANEB
com gestores escolares, professores, pais, e jornalistas, bem
como gestores e técnicos das redes estaduais e municipais Quando é realizada?
de educação. A cada dois anos, desde 1990.
As possibilidades de diálogo entre essas avaliações e as
práticas de ensino e de gestão, tanto no âmbito das escolas Quais escolas são avaliadas?
como das secretarias de educação. A avaliação é feita por amostragem.
Nos encontros de formação são analisadas as informações Participam alunos matriculados no 5º e 9º anos do Ensino
produzidas pelas avaliações (ou testes padronizados): Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio de escolas das redes
Prova Brasil e Ideb, que são comuns a todas as escolas públicas e privadas, localizadas em área rural e urbana.
brasileiras e, nos casos específicos de estados e municípios que
possuem sistemas próprios de avaliação, as informações O que é avaliado?
produzidas por estes. Língua Portuguesa: leitura
Matemática: resolução de problemas

12http://www.fundacaoitausocial.org.br/_arquivosestaticos/FIS/pdf/avaliacao

_e_aprendizagem.pdf

Conhecimentos Contextuais 37
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Como são apresentados os resultados? Como são apresentados os resultados?


São apresentadas as médias de desempenho para o Brasil,
Oferece resultados de desempenho apenas para o Brasil, regiões e unidades da Federação, para cada um dos municípios
regiões e unidades da Federação. e escolas participantes. O resultado é divulgado por escola.
Não são divulgados dados por aluno.
- PROVINHA BRASIL
- IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
O que é?
A Provinha Brasil é um instrumento pedagógico elaborado O que é?
pelo MEC / Inep (com a colaboração de vários centros de É um indicador, criado em 2007 e verificado a cada dois
alfabetização), para fornecer informações sobre o processo de anos, que procura medir a eficiência da escola pública
alfabetização dos estudantes matriculados no 2º ano do brasileira a partir de dois critérios: proficiência média dos
Ensino Fundamental, aos professores e gestores das redes de alunos e percentual de aprovação escolar. A idéia é assegurar
ensino. Seus objetivos são: avaliar o nível de alfabetização dos que os alunos aprendam o que precisam aprender
alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental; diagnosticar (proficiência), mas que não sejam vítimas da reprovação
possíveis insuficiências das habilidades de leitura e escrita e escolar que sempre foi um fator de seleção na escola pública
subsidiar intervenções pedagógicas e na gestão para melhorar brasileira.
a qualidade da alfabetização.
Como o indicador é calculado?
Quando é aplicada? O indicador combina em sua composição informações
sobre a média de desempenho dos estudantes na Prova Brasil
A cada ano, em duas etapas: ao início do 2º ano de (Português e Matemática) e taxa de aprovação (uma expressão
escolarização e ao final desse mesmo ano letivo. Sugere-se que do rendimento escolar) obtida a partir do Censo Escolar
o Teste 1 seja aplicado, preferencialmente, até o mês de abril, realizado anualmente pelo Inep.
e o Teste 2, até o final de novembro. Na fórmula para o cálculo, a proficiência média é
transformada numa nota de zero a dez. Essa nota é
O que é avaliado? multiplicada pela taxa de aprovação escolar que varia de 0,0 a
1,0 (sendo de 1,0 quando 100% dos alunos foram aprovados).
As habilidades a serem desenvolvidas durante o processo O Ideb utiliza uma escala de 0 a 10 e procura induzir
de alfabetização e letramento. escolas e sistemas a melhorarem seus resultados, uma vez que
vem associado a mecanismos de gestão, com o
Quem aplica a prova? E quem corrige? estabelecimento de metas a serem alcançadas.
O kit da Provinha Brasil é impresso e distribuído pela As metas do Ideb são calculadas por escola, mas o objetivo
Secretaria de Educação Básica do MEC, em parceria com o é que o Brasil consiga Ideb de 6,0 para todo o sistema público
FNDE, para todos os municípios do Brasil. A prova pode ser até 2022.
aplicada diretamente pela escola:
- pelo próprio professor da turma, com o objetivo de O que diferencia a Provinha Brasil da Prova Brasil?
monitorar e avaliar a aprendizagem de seus alunos; Provinha Brasil Prova Brasil
- por pessoas indicadas e preparadas pela secretaria de É aplicada pela escola, pelo
educação. É uma avaliação externa
próprio professor de cada
Os resultados poderão ser corrigidos pelo próprio elaborada, aplicada e
turma ou por aplicador
professor da turma ou pelo aplicador do teste. Assim, o corrigida por agentes
preparado pela secretaria de
professor, a escola e a secretaria de educação poderão saber o externos à escola.
educação.
nível de desempenho das turmas de modo imediato, o que Aplicada a alunos do 2º ano do
permitirá intervenções ao longo do ano. Ensino Fundamental, é uma
Aplicada ao término de
avaliação diagnóstica que
- PROVA BRASIL cada ciclo do Ensino
avalia habilidades a serem
Fundamental e do
desenvolvidas no processo de
Quando é realizada? Ensino Médio, avalia
alfabetização e letramento.
A cada dois anos, desde 2005. habilidades de leitura e
Permite intervenções
resolução de problemas.
imediatas no processo de
Quais escolas são avaliadas? alfabetização e letramento.
As escolas que participam da Prova Brasil são divididas em A prova passa por
dois grupos. No primeiro grupo (censitário) são avaliadas tratamento estatístico
todas as escolas e recebem a aplicação da prova todos os A pontuação é aferida pelo
que verifica níveis de
alunos de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental de escolas índice de acertos do aluno na
proficiência alcançados
públicas das redes municipais, estaduais e federais de área prova. Permite conhecer o
pelos alunos. Não são
rural e urbana. No segundo grupo, por amostragem, recebem desempenho individual dos
divulgados resultados
a aplicação da prova alunos do 5º e 9º anos do Ensino alunos.
individuais, mas por
Fundamental das escolas privadas, alunos do 5º e 9º anos do escola e rede de ensino.
Ensino Fundamental das escolas públicas com menos de 20 Seus resultados não são Seus resultados são
alunos e alunos do 3º ano do Ensino Médio das escolas utilizados na composição do utilizados na
públicas. Ideb. composição do Ideb.

O que é avaliado?
Língua Portuguesa: leitura
Matemática: resolução de problemas

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Exame Nacional do Ensino Médio – Enem13 aplicação, o exame contou com um número modesto de 157
mil inscritos e 115 mil participantes.
O Enem é um exame de caráter voluntário, implantado pelo Em sua 11ª edição, em 2008, o Enem já alcançava mais de
MEC em 1998, que avalia o desempenho individual do aluno 4 milhões de inscritos e 2,9 milhões de participantes.
ao término do ensino médio, visando aferir o desenvolvimento A grande expansão do número de candidatos ao Enem, teve
das competências e habilidades necessárias ao exercício pleno início em 2000, quando várias universidades, entre elas a USP
da cidadania. e a Unicamp, passaram a considerar a nota da prova como
A prova, interdisciplinar e contextualizada, é composta por critério de acesso ao ensino superior. A popularização
uma redação e uma parte objetiva. A parte objetiva da prova, definitiva do
que contém 63 questões de múltipla escolha, é avaliada numa Enem veio em 2004, quando o Ministério da Educação
escala de 0 a 100 pontos, gerando uma nota global que instituiu o Programa Universidade para Todos – ProUni e
corresponde à soma dos pontos referentes às questões vinculou a concessão de bolsas em instituições de ensino
acertadas. superior privadas à nota obtida no exame. Além de
Além disso, é atribuída uma pontuação, também na mesma representar uma possibilidade concreta de bolsa (integral ou
escala de valores, a cada uma das cinco competências parcial) do ProUni, o Enem passou a significar também a
avaliadas. possibilidade de uma vaga em várias instituições de ensino
Na redação também há uma nota global de 0 a 100 e uma superior do país, entre elas as universidades públicas. Cerca de
média para cada uma das cinco competências aferidas. A nota 500 instituições de ensino superior já utilizam os resultados
resulta da média aritmética das notas alcançadas em cada uma do exame em seus processos seletivos, seja de forma
das competências avaliadas, numa escala de 0 a 100 pontos. complementar ou substitutiva.
Cada participante do Enem recebe o Boletim Individual de Recentemente, o MEC divulgou o ranking nacional das
Resultados, contendo duas notas: uma para a parte objetiva da escolas públicas e privadas que participaram do Enem 2008.
prova e outra para a redação, além de uma interpretação dos Das 100 melhores escolas classificadas, apenas 11 são públicas
resultados obtidos para cada uma das cinco competências e seus resultados podem ser explicados pela seleção dos
avaliadas nas duas partes da prova. Os resultados individuais melhores alunos. São escolas técnicas federais ou vinculadas a
são sigilosos. universidades públicas, altamente seletivas, que representam
As escolas que tiveram mais de 90% de seus alunos da menos de 2% do total de matrículas de ensino médio público,
terceira série do ensino médio presentes ao exame podem sob a responsabilidade dos Estados que atendem a mais de 8
solicitar um boletim com a média do conjunto de seus milhões de alunos.
estudantes. Este boletim informa, ainda, a nota média do país,
possibilitando uma comparação dos resultados. Também A forma de divulgação dos resultados gerou amplo debate
estão entre os objetivos do Enem: em todos os meios de comunicação, por diferentes razões.
Primeiro, é no mínimo questionável a forma de divulgação dos
- conferir ao cidadão parâmetro para autoavaliação, com resultados, considerando as médias obtidas por escola, uma
vistas à continuidade de sua formação e inserção no mercado de vez que o Enem não tem a finalidade de avaliar escolas, mas
trabalho; sim o desempenho individual dos alunos. Em segundo lugar, a
- criar referência nacional para os egressos de qualquer das comparação das escolas públicas com as particulares, no caso
modalidades do ensino médio; do Enem, provoca enorme polêmica entre os especialistas em
- fornecer subsídios às diferentes modalidades de acesso à avaliação, pois trata-se de uma comparação frágil, do ponto de
educação superior; vista metodológico, que não considera os fatores
- constituir-se em modalidade de acesso a cursos socioeconômicos associados ao desempenho individual dos
profissionalizantes pós-médio. alunos. Por razões óbvias, as escolas particulares recebem os
alunos que podem pagar, em geral oriundos de famílias de
A prova do Enem tem como base a seguinte matriz de maior escolaridade e com acesso a bens culturais. Por fim, a
competências especialmente definida para o exame: exploração midiática dos péssimos resultados das escolas
públicas de ensino médio em relação ao setor privado gera
- demonstrar domínio básico da norma culta da língua enorme desconforto para professores, alunos e seus pais,
portuguesa e do uso das diferentes linguagens: matemática, desvalorizando a escola pública e desmotivando ainda mais a
artística, científica, entre outras; maioria dos jovens. Em suma, a divulgação dos resultados do
- construir e aplicar conceitos das várias áreas do Enem 2008, por escola, em vez de construir uma agenda
conhecimento para compreensão de fenômenos naturais, de positiva sobre ações alternativas de melhoria do ensino médio,
processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das reforçou um debate alarmista e desconstrutivo que em nada
manifestações artísticas; contribui para a melhoria da qualidade do ensino.
- selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e Por outro lado, está em curso um debate nacional sobre as
informações representados de diferentes formas, para enfrentar mudanças no Enem. A partir de 2010, o governo federal
situações-problema segundo uma visão crítica, com vistas à pretende transformar o Enem na forma de seleção de
tomada de decisões; estudantes de todas as universidades federais. As propostas do
- organizar informações e conhecimentos disponíveis em MEC envolvem mudanças estruturais na organização da prova,
situações concretas, para a construção de argumentações tais como utilização da Teoria da Resposta ao Item/TRI,
consistentes; aumento do número de itens nas provas e construção de um
- recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para escala nacional de desempenho que permita comparações
elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, temporais. Ainda não estão disponíveis documentos oficiais
considerando a diversidade sociocultural como inerente à sobre as mudanças futuras do Enem.
condição humana no tempo e no espaço.

O Enem é realizado anualmente, com aplicação


descentralizada das provas. Em 1998, seu primeiro ano de

13CASTRO, M. H. G. de. Sistemas de Avaliação da Educação no Brasil avanços e


novos desafios. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 23, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2009.

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Avaliações externas em articulação com o trabalho As escolas necessitam de parâmetros externos para
pedagógico e a gestão do ensino conduzir o seu trabalho

As avaliações externas podem fornecer pistas importantes Com a implementação da Prova Brasil no âmbito federal e
para que se reflita sobre o desenvolvimento do trabalho de outras avaliações de desempenho nas esferas estadual e
educativo no interior das escolas, especialmente quando esses municipal, as equipes escolares podem vislumbrar nos
resultados se referem a aspectos ou componentes que têm resultados dessas avaliações uma “fotografia” da situação de
peso para o conjunto das atividades escolares, como é o caso aprendizagem de seus alunos.
da leitura e da resolução de problemas. Os parâmetros externos permitem às escolas ter uma
A avaliação é um ponto de partida, de apoio, um elemento noção mais clara das qualidades ou fragilidades de seu ensino
a mais para repensar e planejar a ação pedagógica e a gestão e de seu projeto pedagógico; permitem que se comparem
educacional. Os pontos de chegada são o direito de aprender e consigo mesmas e acompanhem o próprio percurso.
o avanço da melhoria global do ensino. Por isso, faz-se As avaliações externas não substituem as avaliações da
necessário que os profissionais de escolas e de secretarias de aprendizagem elaboradas pelos professores no contexto de
educação compreendam os dados e informações produzidos sua ação pedagógica, e tampouco representam todo o processo
pelas avaliações, saibam o que significam. De tal modo que, pedagógico. Contudo, nem uma nem outra pode ser
além de utilizá-los para a elaboração e implementação de desmerecida. A análise comparada das informações fornecidas
ações, desmistifiquem a ideia de que a avaliação externa é por ambas pode produzir elementos para subsidiar o trabalho
apenas um instrumento de controle, ou ainda, que sua função desenvolvido no interior das escolas, seja para o
é comparar escolas ou determinar a promoção ou retenção de aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação elaborados
alunos. internamente, seja para oferecer elementos de contexto para
as provas externas. Além de ser um componente importante
Avaliações externas e avaliações em larga escala para o planejamento e a readequação dos programas de
ensino.
As avaliações externas são elaboradas, organizadas e Tanto em relação às avaliações internas quanto às
conduzidas por agentes externos à escola. Também são externas, coloca-se a necessidade da apreciação crítica e do
chamadas de avaliações em larga escala, por serem aplicadas, debate sobre os critérios envolvidos, com a ressalva de que nas
por exemplo, a uma rede de ensino inteira, municipal ou avaliações externas eles são mais explícitos e coletados, em
estadual; ou ainda a várias redes de ensino, como é o caso da princípio, com procedimentos mais rigorosos. Disso reforça-se
Prova Brasil. a idéia de que os profissionais da educação, ainda que possam
Essas avaliações informam sobre os resultados e devam levantar questionamentos sobre as avaliações
educacionais de escolas e redes de ensino a partir do externas, reconheçam sua relação com a realidade da escola:
desempenho dos alunos em testes ou provas padronizadas que
verificam se estes aprenderam o que deveriam ter aprendido, - Quais informações os gráficos e tabelas dos boletins estão
permitindo inferências sobre o trabalho educativo das escolas apresentando?
e redes de ensino. - Qual o significado dessas informações?
- Todos compreendem essas informações (professores, pais,
Diálogo entre diferentes dimensões avaliativas alunos)?
- O que elas podem nos dizer sobre o trabalho realizado pela
Embora fundamentais por abrir perspectivas para as escola?
diretrizes das políticas educacionais e para os debates sobre a - Nossos alunos estão de fato aprendendo e progredindo no
qualidade do ensino, as avaliações externas não dão conta da ritmo esperado?
amplitude e complexidade do trabalho escolar. A Prova Brasil, - Por que alguns se saíram bem e outros não?
por exemplo, mostra a média de desempenho dos alunos da - Quais elementos a avaliação da aprendizagem realizada
escola de modo geral, mas não traz detalhamentos ou pelos professores nos dá para entender melhor os resultados das
informações que permitam intervenções imediatas no avaliações externas?
processo pedagógico de um ano para outro. Isso significa que
ela não fornece todas as informações necessárias para
avançarmos na ampliação da oferta de oportunidades de
aprendizagem. Questões
Para prosseguir com essa busca é necessário considerar as
diferentes ferramentas avaliativas disponíveis no âmbito
interno das escolas, que são capazes de fornecer informações 01. (SEDUC-RO - Professor – História – FUNCAB/2013)
adicionais e qualificadas sobre as práticas escolares, além de Quanto ao Projeto Político-Pedagógico, é INCORRETO afirmar
complementar e dialogar com a avaliação externa: a avaliação que ele:
da aprendizagem (realizada no contexto da ação pedagógica (A) deve ser democrático.
do professor em sala de aula) e a avaliação institucional (B) precisa ser construído coletivamente.
(realizada pelo coletivo da escola no escopo de seu projeto (C) confere identidade à escola.
pedagógico), ou seja, as avaliações internas, realizadas (D) explicita a intencionalidade da escola.
sistematicamente pelas escolas. (E) mostra-se abrangente e imutável.
Para concretizar a possibilidade de diálogo entre essas três
formas de avaliação, parte-se do entendimento de que as três, 02. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência – Área de
quando relacionadas, clarificam a tomada de decisões Pedagogia CESPE/2010) Julgue os itens a seguir, relativos a
pertinentes a situações especificas. projeto político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser
Nesse diálogo está presente um movimento de integração, considerado processo de permanente reflexão e discussão a
que respeita o lugar de cada uma (com suas características e respeito dos problemas da organização, com o propósito de
especificidades) colocando-as em igual patamar de propor soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos
importância para o avanço da aprendizagem dos alunos. almejados.

Conhecimentos Contextuais 40
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Os pressupostos que norteiam o projeto político- 07. (SAP/SP – Analista Sociocultural – Pedagogia –
pedagógico estão desvinculados da proposta de gestão VUNESP/2014) A organização do sistema educacional pode
democrática. ser considerada em três grandes instâncias: o sistema de
( ) Certo ensino como tal, as escolas e as salas de aula. As escolas
( ) Errado situam-se entre as políticas educacionais, as diretrizes, as
formas organizativas do sistema e as ações pedagógico-
03. (Prefeitura de Palmas - TO - Professor - Língua didáticas na sala de aula. Nesse sentido, é correto afirmar que
Espanhola – FDC/2010) “O projeto político-pedagógico a autonomia da escola pública:
antecipa um futuro diferente do presente. Não é algo que é (A) é a possibilidade e a capacidade de a escola elaborar e
construído e arquivado como prova do cumprimento de implementar um projeto políticopedagógico que seja
tarefas burocráticas.” relevante à comunidade e à sociedade a que serve.
(Ilma Passos) (B) é o diretor ter a liberdade para organizar e conduzir a
escola da forma como achar conveniente.
Segundo a autora, o projeto político-pedagógico, (C) não existe, uma vez que ela sempre deve prestar contas
comprometido com uma educação democrática e de de suas ações a uma instância superior.
qualidade, caracteriza- se fundamentalmente como: (D) é definida pela ausência de uma relação de influência
(A) atividades articuladas, com temas selecionados mútua entre a sociedade, o sistema de ensino, a instituição
semestralmente escolar e os sujeitos.
(B) planejamento global, com conteúdos selecionados por
série 08. (ESFCEX – Aluno – Pedagogia - 2014) Para planejar
(C) ação intencional, com compromisso definido uma aula, o professor deverá organizar, numa sequência, os
coletivamente elementos estruturantes da mesma. Assinale a alternativa que
(D) plano anual, com objetivos definidos pelos professores evidencia este encadeamento.
(E) instrumento técnico, com definição metodológica (A) Avaliação dos conteúdos, estabelecimento da
metodologia, delimitação dos objetivos.
04. (IF/SP - Técnico Em Assuntos Educacionais - 2014) (B) Determinação dos conteúdos, estabelecimento da
Pura Lucia Oliver Martins, citando Ives de La Taille, afirma que metodologia e avaliação do processo.
as pesquisas de Vygostsky indicam a motivação, inclinações, (C) Delimitação de objetivos, estabelecimento da
necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção como metodologia, determinação dos conteúdos, avaliação.
alicerces da cognição. Assim, pode-se afirmar que assume uma (D) Delimitação de objetivos, determinação de conteúdos,
posição central na formação da pessoa e no seu estabelecimento da metodologia e avaliação.
desenvolvimento cognitivo a dimensão:
(A) didática. 09 (SEDUC/PI – Professor – NUCEPE/2013) A avaliação
(B) motora. da aprendizagem escolar é um elemento do processo de ensino
(C) tradicional. e de aprendizagem.
(D) afetiva. Dessa forma, a avaliação tanto serve para avaliar a
aprendizagem dos alunos quanto o ensino desenvolvido pelo
05. (TSE – Analista Judiciário – Pedagogia – professor. Numa perspectiva emancipatória, que parte dos
CONSULPLAN/2014) Numa relação professor-aluno cujo princípios da autoavaliação e da formação, podemos afirmar
contrato didático seja construído a partir de laços de que:
confiança, são atributos imprescindíveis: (A) os alunos também devem participar dos critérios que
I. contar com os conhecimentos e as contribuições dos servirão de base para a avaliação de sua aprendizagem.
alunos, tanto no início das atividades quanto durante sua (B) os professores devem utilizar a avaliação como um
realização. mecanismo de seleção para o processo de ensino.
II. ajudar os estudantes a encontrar sentido no que estão (C) alunos e professores devem compartilhar dos mesmos
pesquisando e estudando. critérios que possam classificar as aprendizagens corretas.
III. promover um clima, no qual a autoestima e o (D) os alunos também devem registrar o processo de
autoconceito fiquem minimizados. avaliação que servirá para disciplinar o espaço da sala de aula.
IV. potencializar progressivamente a autonomia e a
dependência dos estudantes na definição de objetivos para o 10. (TSE – Analista Judiciário – Pedagogia –
trabalho. CONSULPLAN/2012) Para Cipriano Carlos Luckesi (2000), a
avaliação é um ato amoroso e dialógico que envolve sujeitos e,
Assinale como tal, a primeira fase do processo de avaliação começa
(A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. com:
(B) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas. (A) o acolhimento do sujeito avaliado.
(C) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (B) a qualificação dos conhecimentos prévios.
(D) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. (C) o julgamento das aprendizagens avaliadas.
(D) o diagnóstico do perfil do sujeito.
06. (TSE – Analista Judiciário – Pedagogia –
CONSULPLAN/2014) “Trata-se de um método universal de Respostas
ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza, que seja
impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar 01. Resposta: E
rapidamente, ou seja, sem nenhum enfado ou aborrecimento O currículo formal é mais estático - por ser um conjunto de
para os alunos e para os professores, mas antes com sumo proposições educacionais legais a serem atingidas -, o PPP
prazer para uns e para outros.” O trecho refere-se: deve ser dinâmico, mutável, vivo e, portanto, contraditório."
(A) a métodos da Escola Ativa de Dewey.
(B) à Didática Magna de Comenius. 02. Resposta: E (Errado)
(C) aos princípios gerais da Escola de Summerhill. A construção do PPP é responsabilidade de toda a
(D) aos preceitos da Escola Anarquista no Brasil. comunidade escolar. Portanto, a afirmativa é errada.

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03. Resposta: C todas as pessoas - absolutamente todas - à educação é um


Gadotti (2001), relata que a palavra projeto vem do verbo princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. De fato,
projetar, lançar-se para frente, dando sempre a ideia de essas ideias se consagraram apenas no século 20, e assim
movimento, de mudança. A sua origem etimológica, como mesmo não em todos os lugares do mundo. Mas elas já eram
explica Veiga (2001), vem confirmar essa forma de entender o defendidas em pleno século 17 por Comênio (1592-1670), o
termo projeto que "vem do latim projectu, particípio passado pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome
do verbo projecere, que significa lançar a diante". Na definição da moderna história da educação.
de Alvaréz (1998) o projeto representa o laço entre presente e
futuro, sendo ele a marca da passagem do presente para o 07. Resposta: A
futuro. Para Fagundes (1999), o projeto é uma atividade A questão da autonomia na nova LDB. Com relação a esse
natural e intencional que o ser humano utiliza para procurar tema, a Lei 9.394/96 representa um extraordinário progresso,
solucionar problemas e construir conhecimentos. Alvaréz, por já que pela primeira vez autonomia escolar e projeto
sua vez, afirma que, no mundo contemporâneo, o projeto é a pedagógico aparecem vinculados num texto legal. O Artigo 12
mola do dinamismo, se tomando em instrumento (inciso I) estabelece como incumbência primordial da escola a
indispensável de ação e transformação. elaboração e execução de seu projeto pedagógico e os Artigos
Boutinet (2002), explica que o termo projeto teve seu 13 (inciso I) e 14 (incisos I e II) estabelecem que esse projeto
reconhecimento no final XVII e a primeira tentativa de é uma tarefa coletiva, na qual devem colaborar professores,
formalização de um projeto foi através da criação outros profissionais da educação e as comunidades escolar e
arquitetônica, com o sentido semelhante ao que nele se local. Além dessas referências explicitas sobre a necessidade
reconhece atualmente, apesar da marca do pensamento de que cada escola elabore e execute o seu próprio projeto
medieval "no qual o presente pretende ser a reatualização de pedagógico, a nova lei retomou no Art. 32 (inciso III), como
um passado considerado como jamais decorrido". princípio de toda educação nacional, a exigência de
Na tentativa de uma síntese, pode-se dizer que a palavra “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” que,
projeto faz referência a ideia de frentes de um projetar, lançar embora já figure na Constituição Federal (Art. 205, inciso III),
para, a ação intencional e sistemática, onde estejam presentes: nem sempre é lembrado e obedecido. A relevância desse
a utopia concreta/confiança, a ruptura/continuidade e o princípio está justamente no fato de que ele é a tradução no
instituinte/instituído. Segundo Gadotti, todo projeto supõe nível escolar do próprio fundamento da convivência
ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar democrática que é a aceitação das diferenças. Porque o simples
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar- fato de que cada escola, no exercício de sua autonomia, elabore
se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma e execute o seu próprio projeto escolar não elimina o risco de
estabilidade em função de promessa que cada projeto contém supressão das divergências e nem mesmo a possibilidade de
de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo que existam práticas escolares continuamente frustradoras de
pode ser tomado como promessa frente determinadas uma autêntica educação para a cidadania. Na verdade, a
rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação autonomia escolar desligada dos pressupostos éticos da tarefa
possível, comprometendo seus atores e autores. educativa poderá até favorecer a emergência e o reforço de
sentimentos e atitudes contrários à convivência democrática.
04. Resposta: D
A separação do intelecto e do afetivo, diz, Vygotsky, 08. Resposta: D
“enquanto objeto de estudo”, é uma das principais deficiências Os elementos estruturantes de um plano de curso são:
da Psicologia Tradicional, uma vez que esta apresenta o cabeçalho a parte do plano que identifica para quem se destina
processo de pensamento como fluxo autônomo de o planejamento, que deve constar: nome da instituição; nome
“pensamentos que pensam a si próprios”, dissociados da da disciplina, série em que o plano será aplicado; carga horária
plenitude da vida, das necessidades dos interesses pessoais, total; nome do docente ministrante da disciplina; números ou
das inclinações e dos impulsos daquele que pensa (KOHL, nome das turmas em que o plano será aplicado. Ementa da
1992). Assim, Vygotsky, defende a tese de que diferentes disciplina é a síntese do conteúdo total que serão
culturas produzem modos diversos de funcionamento desenvolvidos durante o semestre ou ano. A ementa é utilizada
psicológico, e busca romper com as teses que relativizam o pelas instituições em seus catálogos para facilitar a escolha dos
papel que a afetividade detém para a promoção do alunos em comporem seus currículos. Os objetivos são
desenvolvimento psicossocial do homem, colocando-a comportamentos observáveis no final do curso, esperados
independentemente de especificidades culturais. Para ele, pelo docente e demonstrados pelos alunos que aprenderam e
existe a necessidade do reconhecimento de que a afetividade construíram o conhecimento que lhe foi ensinado. Eles
possui um caráter de ação volitiva, que norteia toda atividade demonstram habilidades cognitivas, psicomotoras, sociais,
humana. atitudinais etc. Estão intimamente articulados com o processo
de avaliação da aprendizagem e da natureza do conhecimento
05. Resposta: A a ser aprendido. Podem ser gerais e específicos. Gerais são
A interação Professor-aluno é um aspecto fundamental da aqueles objetivos a serem alcançados em longo prazo, ao fim
organização da “situação didática”, tendo em vista alcançar os de um semestre ou ano. Os objetivos específicos, como o nome
objetivos do processo de ensino: a transmissão e a assimilação está dizendo, são aqueles objetivos específicos que dizem
dos conhecimentos e, hábitos e habilidades. Entretanto, esse respeito ao assunto que está sendo ministrado e alcançados de
não é o único fator determinante da organização do ensino, imediato após o ato de ensinar ao término de uma aula ou de
razão pela qual ele precisa ser estudado em conjunto com uma unidade e demonstram que o aluno aprendeu. Cada plano
outros fatores, principalmente a forma de aula (atividade terá seus objetivos específicos elaborados segundo a natureza
individual, a atividade coletiva, atividade em pequenos grupos, do conhecimento a ser construído. Os conteúdos de ensino são
atividade fora da classe, etc.) (LIBÂNEO, 1994). os conhecimentos a serem construídos durante o desenvolver
do curso e que deverão ser distribuídos em unidades didáticas
06. Resposta: B programáticas. Estas unidades correspondem aos grandes
Quando se fala de uma escola em que as crianças são polos temáticos do conteúdo geral que será ministrado. No
respeitadas como seres humanos dotados de inteligência, ministradas. Os procedimentos metodológicos dizem respeito
aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções ao comportamento ideológico, filosófico e metodológico do
modernas de ensino. Também acreditamos que o direito de professor. A postura do professor é traçada pelo PPP da

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instituição de ensino e pelo método de ensino que escolheu


como orientador de sua prática didática. O método
determinará como os conteúdos serão trabalhados e como
será o processo avaliativo do acompanhamento da Anotações
aprendizagem dos alunos. Os recursos de ensino são os
equipamentos que o professor irá precisar para ministrar e
trabalhar os conteúdos em suas aulas. Eles deverão ser
coerentes com a realidade escolar e, sobretudo criativo para
tornar as aulas motivadoras, interessantes e agradáveis. A
avaliação é o componente didático que reflete o êxito ou
fracasso do ensino. Só existe ensino se alguém aprende e é o
processo de avaliação que nos vai responder a essa questão e
dizer se os objetivos traçados foram alcançados, bem como
permitir ao planejamento rever suas ações e aperfeiçoar o
desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem
tornando-o mais eficiente e eficaz.

09. Resposta: A
Construir o projeto político-pedagógico da escola numa
perspectiva democrática/cidadã, com base, entre outros
princípios, na autonomia, é colocar a instituição e todos os seus
membros em permanente processo de autoavaliação,
exercitando a criticidade ética para, a partir do olhar crítico
sobre o significado das ações de cada membro da comunidade
escolar e as práticas pedagógicas institucionais, ressignifica-
las de solidariedade e justiça, consolidando uma cultura de
tomada de decisão coletiva: formativa e emancipadora. Saul,
na sua proposta sobre o paradigma da “avaliação
emancipatória”, ressalta a questão da autonomia como
fundante dessa abordagem, ao mesmo tempo que, numa
perspectiva dialética, a avaliação emancipatória constrói
caminhos para a autonomia na e da escola.

10. Resposta: A
Luckesi destaca que o papel da avaliação é diagnosticar a
situação da aprendizagem, tendo em vista subsidiar a tomada
de decisão para a melhoria da qualidade do desempenho do
educando. Nesse contexto, a avaliação, segundo o autor, é
processual e dinâmica. Na medida em que busca meios pelos
quais todos possam aprender o que é necessário para o
próprio desenvolvimento, é inclusiva. Sendo inclusiva é, antes
de tudo, um ato democrático. O autor é enfático ao afirmar que
o ato de avaliar, uma vez que está a serviço da obtenção do
melhor resultado possível, implica a disposição de acolher a
realidade como ela é, seja satisfatória ou insatisfatória,
agradável ou desagradável. A disposição para acolher é, pois, o
ponto de partida para qualquer prática de avaliação.
Nesse cenário, a avaliação da aprendizagem escolar é
compreendida como um ato amoroso, “O ato amoroso é aquele
que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)”, é um
estado psicológico oposto ao estado de exclusão.
Como afirma Hoffmann, “a avaliação é uma reflexão
permanente sobre a realidade, e acompanhamento, passo a
passo, do educando, na sua trajetória de construção de
conhecimento”. Dessa forma, o avaliador, por ser avaliador,
não se assusta com a realidade, mas a observa atentamente;
não a julga (aprova/reprova), mas se abre para observá-la,
buscando conhecer essa realidade como verdadeiramente é, e,
a partir dela, criar estratégias de superação dos limites e
ampliação das possibilidades, com vistas à garantia da
aprendizagem.

Conhecimentos Contextuais 43
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Conhecimentos Contextuais 44
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DA
ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE
ENSINO

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§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho


Nacional de Educação, com funções normativas e de
supervisão e atividade permanente, criado por lei.
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
União terá acesso a todos os dados e informações necessários
de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
mantenham instituições de educação superior.
Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional nº 9.394/96: Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
Título IV e Título V – Capítulos I, I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
Capítulo II – Secções I, IV, IV-A, oficiais dos seus sistemas de ensino;
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na
(Incluído pela Lei nº 11.741, de oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
2008, que trata da integração do distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
ensino médio com ensino com a população a ser atendida e os recursos financeiros
profissional) e Secção V. disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação,
integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
TÍTULO IV Municípios;
Da Organização da Educação Nacional IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os ensino;
respectivos sistemas de ensino. V - baixar normas complementares para o seu sistema de
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de ensino;
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem,
relação às demais instâncias educacionais. respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
nos termos desta Lei. estadual.
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
Art. 9º A União incumbir-se-á de competências referentes aos Estados e aos Municípios.
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas
instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
e planos educacionais da União e dos Estados;
Territórios;
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao III - baixar normas complementares para o seu sistema de
Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de ensino;
seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à IV - autorizar, credenciar e supervisionar os
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva estabelecimentos do seu sistema de ensino;
e supletiva; V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e,
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que plenamente as necessidades de sua área de competência e com
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela
assegurar formação básica comum; Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o ensino.
Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
para identificação, cadastramento e atendimento, na educação municipal.
básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por
ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a um sistema único de educação básica.
educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a incumbência de:
definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
pós-graduação; financeiros;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula
instituições de educação superior, com a cooperação dos estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
docente;
ensino;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
rendimento;
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de processos de integração da sociedade com a escola;
ensino.

Conhecimentos Específicos Sistemas de Ensino 1


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VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a nas seguintes categorias:
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que
execução da proposta pedagógica da escola; são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz jurídicas de direito privado que não apresentem as
competente da Comarca e ao respectivo representante do características dos incisos abaixo;
Ministério Público a relação dos alunos que apresentem II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do
por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
percentual permitido em lei.
jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do representantes da comunidade;
estabelecimento de ensino; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; específicas e ao disposto no inciso anterior;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos IV - filantrópicas, na forma da lei.
de menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, TÍTULO V
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; CAPÍTULO I
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola Da Composição dos Níveis Escolares
com as famílias e a comunidade.
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino
gestão democrática do ensino público na educação básica, de
fundamental e ensino médio;
acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
II - educação superior.
princípios:
I - participação dos profissionais da educação na
elaboração do projeto pedagógico da escola; Comentário: A educação básica vai dos 4 (quatro) aos 17
II - participação das comunidades escolar e local em (dezessete) anos e é dividida em três etapas a educação infantil
conselhos escolares ou equivalentes. (creche e pré-escola), a educação fundamental (até a oitava
série, 9° ano) e o ensino médio.
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades Outra etapa da educação é o ensino superior, em que o
escolares públicas de educação básica que os integram estudante opta pela “área” em que quer estudar e que só é
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa possível após a conclusão da educação básica.
e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
financeiro público. CAPÍTULO II
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: Seção I
I - as instituições de ensino mantidas pela União; Das Disposições Gerais
II - as instituições de educação superior criadas e mantidas
pela iniciativa privada; Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver
III - os órgãos federais de educação.
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
Federal compreendem: progredir no trabalho e em estudos posteriores.
I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
II - as instituições de educação superior mantidas pelo anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
Poder Público municipal; períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,
III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
e mantidas pela iniciativa privada; organização, sempre que o interesse do processo de
IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, aprendizagem assim o recomendar.
respectivamente. § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, situados no País e no exterior, tendo como base as normas
integram seu sistema de ensino. curriculares gerais.
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir
educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
o número de horas letivas previsto nesta Lei.
II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas
pela iniciativa privada;
III – os órgãos municipais de educação. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas,
classificam-se nas seguintes categorias administrativas: distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames
mantidas e administradas pelo Poder Público; finais, quando houver;
II - privadas, assim entendidas as mantidas e II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a
administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
privado.

Conhecimentos Específicos Sistemas de Ensino 2


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a) por promoção, para alunos que cursaram, com disposto no art. 31, no ensino fundamental, o disposto no art.
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; 32, e no ensino médio, o disposto no art. 36. (Redação dada
b) por transferência, para candidatos procedentes de pela Medida Provisória nº 746, de 2016)
outras escolas; § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
c) independentemente de escolarização anterior, mediante regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
avaliação feita pela escola, que defina o grau de educação infantil e do ensino fundamental, de forma a
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (Redação
inscrição na série ou etapa adequada, conforme dada pela Medida Provisória nº 746, de 2016)
regulamentação do respectivo sistema de ensino; § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular escola, é componente curricular obrigatório da educação
por série, o regimento escolar pode admitir formas de infantil e do ensino fundamental, sendo sua prática facultativa
progressão parcial, desde que preservada a sequência do ao aluno: (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de 2016)
ensino; I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos horas;
de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento II – maior de trinta anos de idade;
na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
outros componentes curriculares; situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
V - a verificação do rendimento escolar observará os IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro
seguintes critérios: de 1969;
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do V – (Vetado)
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os VI – que tenha prole.
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
eventuais provas finais; contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
atraso escolar; africana e europeia.
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries § 5º No currículo do ensino fundamental, será ofertada a
mediante verificação do aprendizado; língua inglesa a partir do sexto ano. (Redação dada pela
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; Medida Provisória nº 746, de 2016)
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo linguagens que constituirão o componente curricular de que
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de
de ensino em seus regimentos; 2016).
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, § 7º A Base Nacional Comum Curricular disporá sobre os
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do temas transversais que poderão ser incluídos nos currículos
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de de que trata o caput. (Redação dada pela Medida Provisória nº
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para 746, de 2016)
aprovação; § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos componente curricular complementar integrado à proposta
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no
certificados de conclusão de cursos, com as especificações mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei nº 13.006,
cabíveis. de 2014)
Parágrafo único. A carga horária mínima anual de que § 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
trata o inciso I do caput deverá ser progressivamente prevenção de todas as formas de violência contra a criança e
ampliada, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, ao adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos
observadas as normas do respectivo sistema de ensino e de currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
acordo com as diretrizes, os objetivos, as metas e as estratégias como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
de implementação estabelecidos no Plano Nacional de da Criança e do Adolescente), observada a produção e
Educação. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei
nº 13.010, de 2014)
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de
responsáveis alcançar relação adequada entre o número de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular
alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e
do estabelecimento. de homologação pelo Ministro de Estado da Educação, ouvidos
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à o Conselho Nacional de Secretários de Educação - Consed e a
vista das condições disponíveis e das características regionais União Nacional de Dirigentes de Educação - Undime. (Incluído
e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto pela Medida Provisória nº 746, de 2016)
neste artigo.
Art. 26.A- Nos estabelecimentos de ensino fundamental e
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
fundamental e do ensino médio devem ter base nacional estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, incluirá diversos aspectos da história e da cultura que
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da caracterizam a formação da população brasileira, a partir
cultura, da economia e dos educandos. desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
realidade social e política, especialmente da República contribuições nas áreas social, econômica e política,
Federativa do Brasil, observado, na educação infantil, o pertinentes à história do Brasil.

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§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro- I - linguagens; (Redação dada pela Medida Provisória nº
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados 746, de 2016)
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
educação artística e de literatura e história brasileiras. II - matemática; (Redação dada pela Medida Provisória nº
746, de 2016)
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica III - ciências da natureza; (Redação dada pela Medida
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: Provisória nº 746, de 2016)
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, IV - ciências humanas; e (Redação dada pela Medida
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem Provisória nº 746, de 2016)
comum e à ordem democrática; V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Medida
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos Provisória nº 746, de 2016)
em cada estabelecimento; § 1º Os sistemas de ensino poderão compor os seus
III - orientação para o trabalho; currículos com base em mais de uma área prevista nos incisos
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas I a V do caput. (Redação dada pela Medida Provisória nº 746,
desportivas não-formais. de 2016)
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população presidem a produção moderna;
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações II - conhecimento das formas contemporâneas de
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e linguagem;
de cada região, especialmente: III- (Revogado)
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às § 2º (Revogado)
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; § 3º A organização das áreas de que trata o caput e das
II - organização escolar própria, incluindo adequação do respectivas competências, habilidades e expectativas de
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições aprendizagem, definidas na Base Nacional Comum Curricular,
climáticas; será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. sistema de ensino. (Redação dada pela Medida Provisória nº
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, 746, de 2016)
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do § 4º (Revogado)
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que § 5º Os currículos do ensino médio deverão considerar a
considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a voltado para a construção de seu projeto de vida e para a sua
manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº formação nos aspectos cognitivos e socioemocionais,
12.960, de 2014) conforme diretrizes definidas pelo Ministério da Educação.
(Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016)
Comentário: Quando se fala em educação, mais § 6º A carga horária destinada ao cumprimento da Base
especificamente em educação básica deve-se considerar não Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e
apenas os conteúdos administrados em sala de aula, mas duzentas horas da carga horária total do ensino médio, de
também, o desenvolvimento integral do aluno de modo a acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela
possibilitar seu desenvolvimento enquanto cidadão inserido Medida Provisória nº 746, de 2016)
em um contexto social favorecendo seu desenvolvimento para § 7º A parte diversificada dos currículos de que trata o
o trabalho e também para seus estudos posteriores servindo, caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá
assim, como base para o seu desenvolvimento enquanto estar integrada à Base Nacional Comum Curricular e ser
sujeito e autor do seu futuro. articulada a partir do contexto histórico, econômico, social,
ambiental e cultural. (Incluído pela Medida Provisória nº 746,
Seção IV de 2016)
Do Ensino Médio § 8º Os currículos de ensino médio incluirão,
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
com duração mínima de três anos, terá como finalidades: preferencialmente o espanhol, de acordo com a
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o sistemas de ensino. (Incluído pela Medida Provisória nº 746,
prosseguimento de estudos; de 2016)
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do § 9º O ensino de língua portuguesa e matemática será
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de obrigatório nos três anos do ensino médio. (Incluído pela
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou Medida Provisória nº 746, de 2016)
aperfeiçoamento posteriores; § 10. Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia médio cursar, no ano letivo subsequente ao da conclusão,
intelectual e do pensamento crítico; outro itinerário formativo de que trata o caput. (Incluído pela
IV - a compreensão dos fundamentos científico- Medida Provisória nº 746, de 2016)
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria § 11. A critério dos sistemas de ensino, a oferta de
com a prática, no ensino de cada disciplina. formação a que se refere o inciso V do caput considerará:
(Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016)
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela I - a inclusão de experiência prática de trabalho no setor
Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo
específicos, a serem definidos pelos sistemas de ensino, com parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
profissional: (Redação dada pela Medida Provisória nº 746, de profissional; e (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de
2016) 2016)

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II - a possibilidade de concessão de certificados Art. 36.B- A educação profissional técnica de nível médio
intermediários de qualificação para o trabalho, quando a será desenvolvida nas seguintes formas:
formação for estruturada e organizada em etapas com I - articulada com o ensino médio;
terminalidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
2016) concluído o ensino médio.
§ 12. A oferta de formações experimentais em áreas que Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível
não constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos médio deverá observar:
dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes
respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo de três curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, de Educação;
no prazo de cinco anos, contados da data de oferta inicial da II - as normas complementares dos respectivos sistemas de
formação. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) ensino;
§ 13. Ao concluir o ensino médio, as instituições de ensino III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos
emitirão diploma com validade nacional que habilitará o de seu projeto pedagógico.
diplomado ao prosseguimento dos estudos em nível superior
e demais cursos ou formações para os quais a conclusão do Art. 36.C- A educação profissional técnica de nível médio
ensino médio seja obrigatória. (Incluído pela Medida articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
Provisória nº 746, de 2016) será desenvolvida de forma:
§ 14. A União, em colaboração com os Estados e o Distrito I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído
Federal, estabelecerá os padrões de desempenho esperados o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a
para o ensino médio, que serão referência nos processos conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
nacionais de avaliação, considerada a Base Nacional Comum médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se
Curricular. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016) matrícula única para cada aluno;
§ 15. Além das formas de organização previstas no art. 23, II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o médio ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas
sistema de créditos ou disciplinas com terminalidade distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
específica, observada a Base Nacional Comum Curricular, a fim a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
de estimular o prosseguimento dos estudos. (Incluído pela oportunidades educacionais disponíveis;
Medida Provisória nº 746, de 2016) b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
§ 16. Os conteúdos cursados durante o ensino médio oportunidades educacionais disponíveis;
poderão ser convalidados para aproveitamento de créditos no c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
ensino superior, após normatização do Conselho Nacional de de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
Educação e homologação pelo Ministro de Estado da Educação. desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
(Incluído pela Medida Provisória nº 746, de 2016)
§ 17. Para efeito de cumprimento de exigências Art. 36.D- Os diplomas de cursos de educação profissional
curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
reconhecer, mediante regulamentação própria, nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
conhecimentos, saberes, habilidades e competências, educação superior.
mediante diferentes formas de comprovação, como: (Incluído Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
pela Medida Provisória nº 746, de 2016) técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
I - demonstração prática; (Incluído pela Medida Provisória subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
nº 746, de 2016) com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
Medida Provisória nº 746, de 2016) qualificação para o trabalho.
III - atividades de educação técnica oferecidas em outras
instituições de ensino; (Incluído pela Medida Provisória nº Seção V
746, de 2016) Da Educação de Jovens e Adultos
IV - cursos oferecidos por centros ou programas
ocupacionais; (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
2016) àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no
V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais ensino fundamental e médio na idade própria.
ou estrangeiras; e (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
2016) jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
VI - educação a distância ou educação presencial mediada idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
por tecnologias. (Incluído pela Medida Provisória nº 746, de consideradas as características do alunado, seus interesses,
2016) condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
Seção IV-A permanência do trabalhador na escola, mediante ações
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio integradas e complementares entre si.
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
Art. 36.A- Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do regulamento.
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões
técnicas. Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio caráter regular.
ou em cooperação com instituições especializadas em § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
educação profissional.

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I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os Art. 41. O conhecimento adquirido na educação
maiores de quinze anos; profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para
de dezoito anos. prosseguimento ou conclusão de estudos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos Art. 42. As instituições de educação profissional e
mediante exames. tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à
Comentário: A educação infantil (até os 5 anos de idade) capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível
deve ser complementar à ação da família e da comunidade de escolaridade.
desde então possibilitando o desenvolvimento da criança
enquanto um ser bio-psico-social.
O ensino fundamental, por sua vez, com duração de 9 anos Lei nº 11.769/2008 –
e tento início aos 6 anos de idade visa a formação básica do
cidadão, ou seja, - o desenvolvimento da capacidade de Ensino de Música nas
aprender através do domínio da leitura, da escrita e do cálculo, escolas: implicações,
a compreensão do ambiente natural e social, do sistema consensos e dissensos.
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade, a aquisição de conhecimentos e
habilidades e a formação de atitudes e valores e o
fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de LEI Nº 11.769, DE 18 DE AGOSTO DE 2008.
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de
O ensino médio com duração mínima de 3 anos tem como Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
finalidade o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos obrigatoriedade do ensino da música na educação básica.
anteriormente, a preparação para o trabalho, o
aprofundamento do desenvolvimento enquanto ser humano e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
a integração da teoria à pratica profissional. Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, que tem
por princípios os mesmos pressupostos do ensino médio além Art. 1º O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
de preparar o educando para o exercício de profissões 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:
técnicas.
A Educação de Jovens e Adultos, diz respeito àqueles que “Art. 26. ..................................................................................
não deram continuidade no ensino fundamental e médio na
idade prevista e que têm o direito de prossegui-la na idade ................................................................................................
adulta.
§ 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não
CAPÍTULO III exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL artigo.” (NR)
Da Educação Profissional e Tecnológica
Art. 2º (VETADO)
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se Art. 3º Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos
aos diferentes níveis e modalidades de educação e às para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. 2o desta Lei.
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
possibilitando a construção de diferentes itinerários
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e Brasília, 18 de agosto de 2008; 187o da Independência e
nível de ensino. 120o da República.
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os
seguintes cursos: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
I – de formação inicial e continuada ou qualificação Fernando Haddad
profissional;
II – de educação profissional técnica de nível médio; PROCESSO QUE CULMINOU NA SANÇÃO DA LEI
III – de educação profissional tecnológica de graduação e 11.769/08
pós-graduação.
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de Na prática, a Lei nº 11.769/2008 é representada em
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne apenas uma linha, e sua função seria a de clarificar a
a objetivos, características e duração, de acordo com as ambiguidade do segundo parágrafo do artigo 26 da Lei nº
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho 9394/1996, no qual a denominação geral “Ensino da Arte”
Nacional de Educação. favorecia que as escolas priorizassem as modalidades de sua
preferência: “§ 2o O ensino da arte, especialmente em suas
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em expressões regionais, constituirá componente curricular
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias obrigatório nos diversos níveis da Educação Básica, de forma
de educação continuada, em instituições especializadas ou no a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL,
ambiente de trabalho. (Regulamento) 1996). É pertinente a afirmação de Sobreira (2012, p.5) em
defesa da importância da pesquisa desta temática:

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Embora possa parecer exagero fazer todo um trabalho de Sobreira (2012) ressalta que a questão da Educação
análise de política educacional em função de apenas um Musical foi incluída na pauta, mas não era o foco principal, o
pequeno acréscimo ao artigo nº 26 da atual LDB, afirmo o que só veio a ocorrer mais tarde. Ela postula ainda que os
contrário: tal inserção foi fruto da mobilização de um grupo debates estavam, de início, ligados a assuntos mercadológicos
advindo da sociedade, que com apoio fundamental de músicos da Música. No decorrer de sua trajetória, o foco mudou quando
e da atuação da ABEM3, tornou possível a modificação do o anseio de alguns políticos gerou a preferência pelo assunto
dispositivo legal. da Educação Musical, tendo sido esta causa acolhida dentro do
O processo que culminou na sanção da Lei 11.679/08 foi grupo que, inicialmente, priorizava outros aspectos. A
descrito detalhadamente por Pereira (2010), que apresenta o pesquisadora também afirma que os educadores musicais
relato histórico e documental de toda a trajetória desde a sua entraram na campanha com o propósito de mudar o aspecto
gênese até a sanção presidencial. Este pesquisador clarifica legal que ainda permitia aos Estados e Municípios realizarem
que as ideias a respeito desta Lei tiveram seu início em 2004, concursos visando um professor que trabalhasse com todas as
quando o Ministério da Cultura, por intermédio da FUNARTE, áreas artísticas, o chamado professor polivalente (SOBREIRA,
já vinha sinalizando, através da instalação das Câmaras 2012, p.118).
Setoriais para as Artes, sua disposição de interlocução junto à Foi nesta época em que foi elaborado o texto-base do
sociedade civil. Manifesto pela Implantação do Ensino de Música nas Escolas
Os músicos deveriam se reunir em fóruns estaduais e (ABEM, 2006), um documento que deu respaldo político às
nacionais “com o objetivo de acolher, nessas instâncias de reivindicações e defendia o ensino de Música como disciplina
representação da classe, as propostas de políticas públicas escolar, o qual foi divulgado em âmbito nacional, tendo adesão
para música que, uma vez acordadas com representantes de de diversas entidades brasileiras e do exterior que apoiam a
outros elos da cadeia produtiva da música, integrariam o música, depoimentos de artistas e com mais de 11 mil
futuro Plano Nacional de Cultura” (PEREIRA, 2010). assinaturas de estudantes, profissionais da área e diversos
Após algumas dissensões entre os membros do Fórum de indivíduos da sociedade brasileira (SEBBEN; SUBTIL, 2012).
Músicos do Rio de Janeiro, originou-se, em 2006, o NIM
(Núcleo Independente de Músicos), uma nova associação Em 22 de novembro de 2006 ocorreu a Audiência Pública
informal separada do movimento proposto pelas Câmaras, Conjunta para tratar exclusivamente da temática da Educação
constituída para estabelecer a interlocução política com o Musical. O GAP ficou incumbido, através de seu GT de
legislativo e para tratar das questões da música. Este grupo foi Educação Musical, da tarefa de propor a redação do texto
o criador do GAP (Grupo de Articulação Parlamentar alterando a legislação, o qual recebeu pequenas modificações
PróMúsica), que fez a solicitação de inclusão da Música na e seguiu para votação no Senado como PL 343/2006. Próximo
Subcomissão de Cinema, Teatro e Comunicação Social, de de ser votado, descobriu-se que um projeto de redação
forma a estabelecer um espaço de diálogo e uma pauta política idêntica, inclusive na justificativa, proposto pela Senadora
para a música no Senado. Roseana Sarney, o PL 330/2006, teria prioridade de votação
Aos 31 de maio de 2006 foi realizada uma Audiência por ter sido apresentado antes do projeto do Senador
Pública na Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Saturnino Braga. O estranho foi a Senadora nunca ter
Senado, a fim de discutir a temática. Esta foi precedida, no dia comparecido a nenhum dos encontros, Seminários ou
anterior, por um Seminário denominado Música Brasileira em Audiências Públicas que discutiram o assunto. Sendo assim, o
Debate, cuja finalidade era a de colocar a Música no centro do projeto que tramitou no Senado, sendo aprovado por
debate nacional, mostrando que ela precisaria ter um espaço unanimidade no dia 4 de dezembro de 2007, “não era, na
na agenda política do País. O evento “contou com a verdade, aquele redigido em conjunto com a comunidade,
participação de músicos, compositores, educadores musicais, apesar de trazer texto idêntico” (SEBBEN; SUBTIL, 2012,
deputados e senadores, além de diversas entidades ligadas à p.324). O próximo passo foi a tramitação na Câmara dos
música” (SEBBEN; SUBTIL, 2012), os quais participaram de Deputados, onde o projeto foi recebido na Comissão de
quatro mesas temáticas, enumeradas por Pereira (2010): Educação e Cultura da Câmara (CEC) como PL 2732/2008,
1) Identidade e Inclusão Social; sendo o Deputado Frank Aguiar (PTB-SP) designado relator. O
2) Educação Musical e Difusão; GT, acreditando que o processo de tramitação na Câmara
3) Música, economia e política internacional; apresentaria mais dificuldades que no Senado, “concluiu pela
4) O poder legislativo para a transformação do setor e o necessidade de um aumento exponencial da visibilidade da
poder do setor da música para a transformação do indivíduo e campanha, que pudesse pressionar os Congressistas na
do País. Câmara a votarem pela aprovação do Projeto de Lei”
Tendo sido inserida a Música na Subcomissão Permanente (PEREIRA, 2010, p.84), criando então o movimento Quero
de Cinema, Teatro, Música e Comunicação Social, a Educação Musical na Escola, com o objetivo final de tornar o
subsequente ação do GAP foi a de encaminhar à Subcomissão processo de tramitação da Lei conhecido e aceito pela
Permanente de Educação, Cultura e Esportes do Senado, “a população, gerando uma resposta positiva da imprensa capaz
convocação de uma Audiência Pública destinada a debater de premer os congressistas. O movimento teve também o
questões tributárias da indústria musical brasileira” apoio do Senador Cristóvam Buarque e do Ministro da
(PEREIRA, 2010), a qual foi realizada em 12 de julho de 2006. Educação, Fernando Haddad.
Foi então que o Senador Saturnino Braga “informou à Contudo, o processo seguia lento na Câmara porque o
audiência sobre a intenção da Subcomissão em discutir a volta Deputado Frank Aguiar “pretendia que o Projeto de Lei
da educação musical às escolas brasileiras” (PEREIRA, 2010). contemplasse todos os músicos práticos do país, para que
Pereira (2010) defende que a fala do Senador foi “a expressão estes tivessem a oportunidade de lecionar nas escolas [...] Esta
do compromisso público que a Comissão assumiu em relação alteração implicaria em um atraso incalculável na tramitação
à discussão da volta da Educação Musical às escolas”. A partir do PL, que por razões regimentais teria de retornar ao Senado,
daí ficou decidido que seria feita uma segunda Audiência para ser novamente relatado e colocado em nova votação”
discutir a questão da Educação Musical, e a ABEM foi (PEREIRA, 2010).
convidada para aderir ao movimento. Deste ponto em diante, Finalmente, em 21 de maio, o Deputado Federal Frank
o GAP criou um Grupo de Trabalho (GT) para estudar o tema e Aguiar apresentou o texto de relatoria do Projeto de Lei
este grupo passa a tratar apenas dos assuntos ligados à 2.732/2008, destacando que o mesmo teve iniciativa na
Educação Musical. sociedade civil. O texto foi aprovado na Câmara no dia 25 de
junho de 2008, sancionado com veto ao Artigo 2º. pelo

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Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, tornando-se


a Lei de nº 11.769/2008, que foi publicada no Diário Oficial da Decreto nº 7.083/2010 –
União aos 18 de agosto de 2008. (BRASIL, 2008a). Educação Integral no Brasil: o
O artigo 2º, que foi vetado, dispunha: “O ensino da Música legado de Anísio Teixeira na
será ministrado por professores com formação específica na
área”. A razão do veto, encaminhada ao Senado Federal pela atualidade: novas
Presidência da República é a seguinte: perspectivas.

[...] é necessário que se tenha muita clareza sobre o que


significa ‘formação específica na área’. Vale ressaltar que a DECRETO Nº 7.083, DE 27 DE JANEIRO DE 2010.
música é uma prática social e que no Brasil existem diversos
profissionais atuantes nessa área sem formação acadêmica ou Dispõe sobre o Programa Mais Educação.
oficial em música e que são reconhecidos nacionalmente. Esses
profissionais estariam impossibilitados de ministrar tal O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso de atribuição que
conteúdo na maneira em que este dispositivo está proposto. lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
Adicionalmente, esta exigência vai além da definição de uma o disposto no art. 34 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
diretriz curricular e estabelece, sem precedentes, uma formação 1996, na Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001, e na Lei no
específica para a transferência de um conteúdo. Note-se que não 11.947, de 16 de junho de 2009,
há qualquer exigência de formação específica para Matemática,
Física, Biologia etc. Nem mesmo quando a Lei de Diretrizes e DECRETA:
Bases da Educação Nacional define conteúdos mais específicos
como os relacionados a diferentes culturas e etnias (art. 26, § 4o) Art.1° O Programa Mais Educação tem por finalidade
e de língua estrangeira (art. 26, § 5o), ela estabelece qual seria contribuir para a melhoria da aprendizagem por meio da
a formação mínima daqueles que passariam a ministrar esses ampliação do tempo de permanência de crianças, adolescentes
conteúdos. Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram e jovens matriculados em escola pública, mediante oferta de
a vetar o dispositivo acima mencionado do projeto em causa, as educação básica em tempo integral.
quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros § 1° Para os fins deste Decreto, considera-se educação
do Congresso Nacional (BRASIL, 2008). básica em tempo integral a jornada escolar com duração igual
O artigo vetado impediu o principal objetivo dos ou superior a sete horas diárias, durante todo o período letivo,
educadores musicais: a obrigatoriedade do profissional compreendendo o tempo total em que o aluno permanece na
habilitado, ou seja, Licenciado em Música, para atuar no ensino escola ou em atividades escolares em outros espaços
de música. Sobreira (2012) sublinha que “fica clara a educacionais.
existência de uma disputa a respeito do tipo de profissional § 2° A jornada escolar diária será ampliada com o
que deve ser qualificado para trabalhar com o ensino de desenvolvimento das atividades de acompanhamento
Música nas escolas regulares” e também aponta que o veto pedagógico, experimentação e investigação científica, cultura
representava uma tentativa de se abrir uma brecha legal para e artes, esporte e lazer, cultura digital, educação econômica,
que as aulas de Música pudessem ser ministradas, nas escolas comunicação e uso de mídias, meio ambiente, direitos
da Educação Básica, por profissionais não habilitados em humanos, práticas de prevenção aos agravos à saúde,
cursos de Licenciatura, sob a argumentação de que a Música é promoção da saúde e da alimentação saudável, entre outras
uma prática social e que os diversos profissionais atuantes na atividades.
área não possuem formação acadêmica, embora tenham § 3° As atividades poderão ser desenvolvidas dentro do
competência reconhecida. Tal prática estaria em conflito com espaço escolar, de acordo com a disponibilidade da escola, ou
o Artigo 62 da LDB 96, que é claro no sentido de indicar que fora dele sob orientação pedagógica da escola, mediante o uso
formação docente para atuar na Educação Básica deverá ser dos equipamentos públicos e do estabelecimento de parcerias
feita em nível superior, nos cursos de Licenciatura, e reflete com órgãos ou instituições locais.
uma concepção equivocada de que “para ensinar, basta tocar
[que] é correntemente tomada como verdade dentro do Art.2° São princípios da educação integral, no âmbito do
modelo tradicional de ensino de música” (PENNA, 2007). Programa Mais Educação:
Contudo, Figueiredo (2010) argumenta: I - a articulação das disciplinas curriculares com diferentes
campos de conhecimento e práticas socioculturais citadas no §
A lei não defende a presença do educador musical, assim 2o do art. 1o;
como não defende qualquer outra especificidade com relação II - a constituição de territórios educativos para o
ao professor das demais áreas que compõem o currículo desenvolvimento de atividades de educação integral, por meio
escolar. Portanto, a lei deve ser entendida à luz da LDB de da integração dos espaços escolares com equipamentos
1996, que indica claramente a obrigatoriedade de curso de públicos como centros comunitários, bibliotecas públicas,
licenciatura para aqueles que desejam ser professores da praças, parques, museus e cinemas;
educação básica. III - a integração entre as políticas educacionais e sociais,
Pereira (2010) aponta outra hipótese para o veto: a em interlocução com as comunidades escolares;
“necessidade de flexibilizar as contratações de professores, IV - a valorização das experiências históricas das escolas
como uma medida excepcional para fazer frente à demanda de tempo integral como inspiradoras da educação integral na
criada subitamente pela sanção da Lei”. contemporaneidade;
V - o incentivo à criação de espaços educadores
Fonte: sustentáveis com a readequação dos prédios escolares,
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada11/artigos
/2/artigo_simposio_2_931_carlaasm@yahoo.com.pdf
incluindo a acessibilidade, e à gestão, à formação de
professores e à inserção das temáticas de sustentabilidade
ambiental nos currículos e no desenvolvimento de materiais
didáticos;
VI - a afirmação da cultura dos direitos humanos,
estruturada na diversidade, na promoção da equidade étnico-
racial, religiosa, cultural, territorial, geracional, de gênero, de

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orientação sexual, de opção política e de nacionalidade, por públicas de educação básica, mediante adesão, por meio do
meio da inserção da temática dos direitos humanos na Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE e do Programa
formação de professores, nos currículos e no desenvolvimento Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, instituído pela Lei no
de materiais didáticos; e 11.947, de 16 de junho de 2009.
VII - a articulação entre sistemas de ensino, universidades
e escolas para assegurar a produção de conhecimento, a Art. 8° Este Decreto entra em vigor na data de sua
sustentação teórico-metodológica e a formação inicial e publicação.
continuada dos profissionais no campo da educação integral.
Educação Integral no Contexto das Políticas Públicas
Art.3° São objetivos do Programa Mais Educação: Educacionais1
I - formular política nacional de educação básica em tempo
integral; Desde 2004, com a criação da Secretaria de Educação
II - promover diálogo entre os conteúdos escolares e os Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), o Ministério
saberes locais; da Educação acelerou o enfrentamento das enormes injustiças
III - favorecer a convivência entre professores, alunos e que persistem na educação pública brasileira. Tendo como
suas comunidades; base a perspectiva de universalizar o acesso, a permanência e
IV - disseminar as experiências das escolas que a aprendizagem na escola pública, a construção participativa
desenvolvem atividades de educação integral; e de uma proposta de Educação Integral – por meio da ação
V - convergir políticas e programas de saúde, cultura, articulada entre os entes federados e/ou também das
esporte, direitos humanos, educação ambiental, divulgação organizações da sociedade civil e dos atores dos processos
científica, enfrentamento da violência contra crianças e educativos – aponta para esse enfrentamento, sobretudo para
adolescentes, integração entre escola e comunidade, para o a superação das desigualdades e da afirmação do direito às
desenvolvimento do projeto político-pedagógico de educação diferenças.
integral.
Nesse contexto, propõe-se um desenho de Educação
Art.4° O Programa Mais Educação terá suas finalidades e Integral que intensifique os processos de territorialização das
objetivos desenvolvidos em regime de colaboração entre a políticas sociais, articuladas a partir dos espaços escolares, por
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, mediante meio do diálogo intragovernamental e com as comunidades
prestação de assistência técnica e financeira aos programas de locais, para a construção de uma prática pedagógica que
ampliação da jornada escolar diária nas escolas públicas de afirme a educação como direito de todos e de cada um.
educação básica. Desde o final de 2007, e ao longo do primeiro semestre de
§ 1° No âmbito federal, o Programa Mais Educação será 2008, um grupo de trabalho formado por gestores municipais
executado e gerido pelo Ministério da Educação, que editará as e estaduais, representantes da União Nacional dos Dirigentes
suas diretrizes gerais. Municipais de Educação (UNDIME), do Conselho Nacional de
§ 2° Para consecução dos objetivos do Programa Mais Secretários de Educação (CONSED), da Confederação Nacional
Educação, poderão ser realizadas parcerias com outros dos Trabalhadores em Educação (CNTE), da Associação
Ministérios, órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal Nacional pela Formação de Profissionais da Educação
para o estabelecimento de ações conjuntas, definindo-se as (ANFOPE), de Organizações não-governamentais
atribuições e os compromissos de cada partícipe em ato comprometidas com a educação pública e de professores
próprio. universitários passou a reunir-se, periodicamente, convocado
§ 3° No âmbito local, a execução e a gestão do Programa pelo MEC, sob a coordenação da SECAD, por intermédio da
Mais Educação serão coordenadas pelas Secretarias de Diretoria de Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania.
Educação, que conjugarão suas ações com os órgãos públicos O resultado desse trabalho é o texto referência sobre Educação
das áreas de esporte, cultura, ciência e tecnologia, meio Integral, ora apresentado, que tem como objetivo contribuir
ambiente e de juventude, sem prejuízo de outros órgãos e para o debate nacional, com vistas à formulação de uma
entidades do Poder Executivo estadual e municipal, do Poder política de Educação Integral, sustentada na intersetorialidade
Legislativo e da sociedade civil. da gestão pública, na possibilidade de articulação com a
sociedade civil e no diálogo entre saberes clássicos e
Art.5° O Ministério da Educação definirá a cada ano os contemporâneos.
critérios de priorização de atendimento do Programa Mais Este texto provoca o diálogo por meio da pergunta: por que
Educação, utilizando, entre outros, dados referentes à Educação Integral no contexto brasileiro contemporâneo?
realidade da escola, ao índice de desenvolvimento da educação Nessa perspectiva, aborda aspectos históricos, conceituais e
básica de que trata o Decreto no 6.094, de 24 de abril de 2007, legais da Educação Integral no Brasil e discute fatores
e às situações de vulnerabilidade social dos estudantes. relevantes desse campo em construção, como saberes,
currículo e aprendizagem; relação escola – comunidade;
Art.6° Correrão à conta das dotações orçamentárias tempos e espaços na Educação Integral; poder público;
consignadas ao Ministério da Educação as despesas para a formação de educadores; e papel das redes socioeducativas.
execução dos encargos no Programa Mais Educação. Considerando a amplitude teórico-conceitual, histórica e
Parágrafo único. Na hipótese do § 2o do art. 4o, as pedagógica do debate acerca da Educação Integral, este texto
despesas do Programa Mais Educação correrão à conta das procura auxiliar a reflexão para construir o debate nacional.
dotações orçamentárias consignadas a cada um dos
Ministérios, órgãos ou entidades parceiros na medida dos Por Que Educação Integral no Contexto Brasileiro
encargos assumidos, ou conforme pactuado no ato que Contemporâneo?
formalizar a parceria.
Uma análise das desigualdades sociais, que relacione tanto
Art.7° O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação os problemas de distribuição de renda quanto os contextos de
- FNDE prestará a assistência financeira para implantação dos privação de liberdades, é requerida para a construção da
programas de ampliação do tempo escolar das escolas proposta de Educação Integral. Essa construção, no Brasil, é

1 http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/cadfinal_educ_integral.pdf

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contemporânea aos esforços do Estado para ofertar políticas De acordo com o INEP, 16% dos alunos abandonaram a
redistributivas de combate à pobreza. Nessa perspectiva, faz- escola antes de completar oito anos de estudo. Nas regiões
se necessário um quadro conceitual mais amplo para que a mais pobres, como Norte e Nordeste, somente 40% das
pactuação de uma agenda pela qualidade da educação crianças concluíram o Ensino Fundamental. Segundo análise
considere o valor das diferenças, segundo o pertencimento do IPEA no relatório “Brasil: o estado de uma nação”, a
étnico, a consciência de gênero, a orientação sexual, as idades quantidade de concluintes do Ensino Médio, em 2003, não
e as origens geográficas. Vale destacar, nesse quadro, a passou de 30,4% da que ingressou na 1ª série do fundamental
influência dos processos de globalização, as mudanças no no mesmo ano. A simulação feita pelo IPEA com os números de
mundo do trabalho, as transformações técnico-científica e as 2003 indica que, do total de ingressantes na 1ª série do Ensino
mudanças socioambientais globais, dentre outras, que Fundamental, 38% não concluem a 4ª série e 54% não
impõem novos desafios às políticas públicas, em geral e, em concluem a 8ª série. Por isso, ao instituir o Índice de
particular, às políticas educacionais, principalmente em países Desenvolvimento da Educação Básica e fixar metas para o
emergentes como o Brasil. desempenho escolar, o Ministério da Educação induziu ações
Para a consolidação de políticas públicas efetivas de sobre territórios considerados prioritários, com
inclusão social, são necessários diagnósticos sociais bem predominância nas regiões Norte e Nordeste. O Índice de
construídos, implicados em sistema de monitoramento de Desenvolvimento da Educação Básica, medido em 2007,
indicadores gerais, conforme destaca Paes de Barros et al. nesses territórios, é encorajador quanto ao alcance e mesmo à
Hoje, nas áreas sociais, incluindo-se a educação, o Brasil dispõe superação da meta de seis pontos em uma escala de zero a dez,
de informações consistentes, coletadas e analisadas por para todas as escolas da Educação Pública Básica, em 2022.
órgãos reconhecidos, como o Instituto Nacional de Pesquisas Esse quadro permite a reafirmação do pressuposto
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o Instituto Brasileiro de segundo o qual o debate não se pauta somente pelo acesso à
Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa escola, mas pela permanência, com aprendizagem, de cada
Econômica Aplicada (IPEA), para citar alguns. Especificamente criança e de cada adolescente nesse espaço formal de ensino.
no campo da educação, contamos com indicadores e dados O direito à educação de qualidade é um elemento
expressos pelo Censo Escolar, pelo Sistema de Avaliação da fundamental para a ampliação e para a garantia dos demais
Educação Básica (SAEB) e pelo Índice de Desenvolvimento da direitos humanos e sociais, e condição para a própria
Educação Básica (IDEB). democracia, e a escola pública universal materializa esse
Em 2006, em uma escala de 0 a 10, o IDEB identificou direito. Considerando-se a complexidade e a urgência das
sistemas de ensino com índices que variavam de 1,8 a 6,0 e demandas sociais que dialogam com os processos escolares, o
escolas que variavam de 0,7 a 8,5. Essa discrepância revela desafio que está posto, na perspectiva da atenção integral e da
profundas desigualdades nas condições de acesso, Educação Integral, é o da articulação dos processos escolares
permanência e aprendizagem na educação escolar, refletindo com outras políticas sociais, outros profissionais e
a complexidade de um processo em que se entrelaçam equipamentos públicos, na perspectiva de garantir o sucesso
diversos fatores relativos tanto à estruturação social, política escolar.
e econômica da sociedade brasileira, quanto ao trabalho No contexto brasileiro, têm sido formuladas concepções e
pedagógico realizado no cotidiano por professores e demais práticas de Educação Integral alicerçadas na ampliação da
profissionais nas escolas públicas. jornada escolar, desde o início do século XX, visando à
É importante assumir que a situação de vulnerabilidade e necessidade de reestruturar a escola para responder aos
risco social, embora não seja determinante, pode contribuir desafios de seu tempo histórico.
para o baixo rendimento escolar, para a defasagem
idade/série e, em última instância, para a reprovação e a Educação Integral: Contexto Histórico e Presença na
evasão escolares. Há estudos que permitem identificar forte Educação Brasileira
correlação entre situação de pobreza, distorção idade/série e
dificuldades para a permanência na escola, violência e risco No Brasil, na primeira metade do século XX, encontramos
social, o que acaba contribuindo para a perpetuação de ciclos investidas significativas a favor da Educação Integral, tanto no
intergeracionais de pobreza. Não se trata aqui de criminalizar pensamento quanto nas ações de cunho educativo de católicos,
ou patologizar a pobreza, mas de construir soluções políticas e de anarquistas, de integralistas e de educadores como Anísio
pedagógicas criativas e consequentes para o combate às Teixeira, que tanto defendiam quanto procuravam implantar
desigualdades sociais e para a promoção da inclusão instituições escolares em que essa concepção fosse vivenciada.
educacional. No entanto, cabe ressaltar que eram propostas e experiências
Pode-se dizer que as desigualdades também têm suas advindas de matrizes ideológicas bastante diversas e, por
bases nas possibilidades de acesso e na qualidade da vezes, até contraditórias.
permanência das crianças e dos adolescentes nos sistemas Na década de 30, por exemplo, o Movimento Integralista
públicos de ensino. No país, a crescente expansão da oferta de defendia a Educação Integral, tanto a partir dos escritos de
vagas na escola pública não foi acompanhada das condições Plínio Salgado, seu chefe nacional, quanto daqueles
necessárias para garantir a qualidade da educação. Coexistem, desenvolvidos por militantes representativos do Integralismo.
até hoje, problemas como degradação do espaço físico, Para esses, as bases dessa Educação Integral eram a
aumento de turnos e de número de alunos por turma, espiritualidade, o nacionalismo cívico, a disciplina,
descontinuidade das políticas públicas e a disseminação de fundamentos que, no contexto de suas ações, podem ser
múltiplas tendências pedagógicas sem a preocupação com sua caracterizados como político-conservadores. Já para os
sustentabilidade teórico-metodológica vinculada à formação anarquistas, na mesma década, a ênfase recaia sobre a
inicial e continuada de professores. Destaca-se, desse modo, a igualdade, a autonomia e a liberdade humana, em uma clara
necessidade de horas destinadas à formação, integradas ao opção política emancipadora.
turno de trabalho dos profissionais da educação. Nesse Anísio Teixeira, um dos mentores intelectuais do
sentido, muito embora a ampliação do acesso à escola tenha Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, pensando na
sido uma conquista – atualmente 97,3% das crianças e implementação de um Sistema Público de Ensino para o país,
adolescentes de 7 a 14 anos estão matriculadas na escola propunha uma educação em que a escola “desse às crianças um
pública – a proporção de estudantes que concluem o Ensino programa completo de leitura, aritmética e escrita, ciências
Fundamental é muito baixa. físicas e sociais, e mais artes industriais, desenho, música,
dança e educação física, saúde e alimento à criança, visto não

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ser possível educá-la no grau de desnutrição e abandono em brasileiro, não se tem a pretensão de transplantar
que vivia”. experiências, mas a de tomar acontecimentos, desencadeados
Essa concepção, Anísio Teixeira colocou em prática no em tempos e espaços sóciohistóricos diferentes, como
Centro Educacional Carneiro Ribeiro, implantado em Salvador, inspiradores de novas construções. Dessa forma, cabe a
na Bahia, na década de 1950. Nesse Centro, encontramos as pergunta: que outras construções podem ser consideradas,
atividades, historicamente entendidas como escolares, sendo quando a sociedade contemporânea desafia a instituição
trabalhadas nas Escolas-Classe, bem como outra série de escolar, atribuindo-lhe múltiplas funções que, em outros
atividades acontecendo no contraturno escolar, no espaço que tempos e espaços, não eram de sua responsabilidade e a
o educador denominou de Escola-Parque. própria sociedade é desafiada quanto aos modelos de
Na década de 1960, a fundação da cidade de Brasília trouxe educação constituídos e adotados até então?
consigo vários centros educacionais, construídos nessa mesma Essa multiplicidade de funções que se atribui à escola hoje
perspectiva. Na década de 60, Anísio Teixeira, na presidência representa, de fato, um grande desafio – essa instituição se vê
do INEP, foi convocado pelo Presidente Juscelino Kubitschek como educadora, mas também como “protetora” e isso tem
de Oliveira para coordenar a comissão encarregada de criar o provocado debates acerca não só de sua especificidade, mas
“Plano Humano” de Brasília, juntamente com Darcy Ribeiro, também acerca dos novos atores sociais que buscam apoiá-la
Cyro dos Anjos e outros expoentes da educação brasileira. A no exercício dessas novas funções e dos movimentos e
comissão organizou o Sistema Educacional da capital que organizações que igualmente buscam a companhia dessa
pretendia, o então presidente da república, viesse a ser o instituição escolar para constituí-la e, talvez, ressignificá-la.
modelo educacional para todo o Brasil. O sistema educacional
elaborado criou a Universidade de Brasília e o Plano para a Nesse duplo desafio – educação/proteção – no contexto de
Educação Básica. Para o nível educacional elementar, foi uma “Educação Integral em Tempo Integral”, ampliam-se as
concebido um modelo de Educação Integral inspirado no possibilidades de atendimento, cabendo à escola assumir uma
modelo de Salvador, porém mais evoluído. abrangência que, para uns, a desfigura e, para outros, a
Em Brasília, as primeiras quatro superquadras, onde hoje consolida como um espaço realmente democrático. Nesse
está situado o centro histórico da cidade, receberam, cada sentido, a escola pública passa a incorporar um conjunto de
uma, uma “Escola-Classe” e Jardins de Infância. Na responsabilidades que não eram vistas como tipicamente
superquadra 308 Sul foi construída a “Escola-Parque” escolares, mas que, se não estiverem garantidas, podem
destinada a receber os alunos das “Escolas-Classe”, no turno inviabilizar o trabalho pedagógico.
complementar, para o desenvolvimento de atividades físicas, Diante disso, aos educadores, também vêm sendo
esportivas, artísticas e culturais. Todas as escolas citadas conferidas tarefas que não lhes competiam há algum tempo
foram projetadas por Niemeyer e tinham a capacidade de atrás, o que tensiona ainda mais a frágil relação que se
atender os cerca de 30.000 habitantes, residentes nas quatro estabelece entre esses profissionais e a escola como a
superquadras iniciais. Na década de 1980, a experiência dos encontramos hoje.
Centros Integrados de Educação Pública – os CIEPs – Esse conjunto de elementos desafia a uma nova postura
constituiu-se como uma das mais polêmicas implantações de profissional que deve ser construída por meio de processos
Educação Integral realizada no país. Concebidos por Darcy formativos permanentes. Na ampliação da abrangência, a
Ribeiro, a partir da experiência de Anísio Teixeira, e relação tempo, espaço e Educação Integral talvez seja uma das
arquitetados por Oscar Niemeyer, foram construídos mais polêmicas quando se discute essa concepção de
aproximadamente quinhentos prédios escolares durante os educação. Ao se caracterizar a relação como polêmica, têm-se
dois governos de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, cuja presente os diversos agentes sociais que podem interagir com
estrutura permitia abrigar o que se denominava como “Escola o espaço escolar, nas relações cotidianas de trabalho e nas
Integral em horário integral”. Vários estudos foram realizados representações que se produzem nessa relação.
sobre essa implantação, apresentando seus aspectos Falar sobre Educação Integral implica, então, considerar a
inovadores e também suas fragilidades. questão das variáveis tempo, com referência à ampliação da
jornada escolar, e espaço, com referência aos territórios em
A experiência dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), que cada escola está situada. Tratam-se de tempos e espaços
instituída por Decreto Municipal, vivida na cidade de São escolares reconhecidos, graças à vivência de novas
Paulo, se faz presente no debate, mesmo que não pretendesse oportunidades de aprendizagem, para a reapropriação
o tempo integral. Sua importância pode ser reconhecida com pedagógica de espaços de sociabilidade e de diálogo com a
base nos estudos de Santos, ao destacar a persecução de comunidade local, regional e global.
articular os atendimentos de creche, educação infantil e Alguns estudos que consideram a qualidade do ensino
fundamental, o desenvolvimento de atividades educacionais, estão alicerçados nessa relação de tempos e espaços
recreativas e culturais, em um mesmo espaço físico, com a educativos. Para alguns, a ampliação da jornada escolar pode
perspectiva de que os centros se constituíssem em alavancar essa qualidade; para outros, a extensão do horário
experiências de convivência comunitária. escolar, por si só, não garante o incremento qualitativo do
Essas experiências e concepções permitem afirmar que a ensino, mas carrega essa possibilidade em potencial, ou seja,
Educação Integral se caracteriza pela ideia de uma formação “se a essa extensão não aderir o conceito de intensidade, capaz
“mais completa possível” para o ser humano, embora não haja de se traduzir em uma conjunção qualitativa de trabalhos
consenso sobre o que se convenciona chamar de “formação educativos”, de nada adiantará esticar a corda do tempo: ela
completa” e, muito menos, sobre quais pressupostos e não redimensionará, obrigatoriamente, esse espaço. E é, nesse
metodologias a constituiriam. contexto, que a Educação Integral emerge como uma
Apesar dessa ausência de consenso, é possível afirmar que perspectiva capaz de ressignificar os tempos e os espaços
as concepções de Educação Integral, circulantes até o escolares.
momento, fundamentam-se em princípios político-ideológicos É possível citar ainda experiências de Educação Integral
diversos, porém, mantêm naturezas semelhantes, em termos em Tempo Integral, na escola pública brasileira, a partir de
de atividades educativas. duas propostas bastante conhecidas que se transformaram em
O debate desencadeado pelo Ministério da Educação realidade e às quais já nos referimos: a que criou o Centro
representa a oportunidade para explicitar a diversidade sobre Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, na década de 1950
a concepção, a atualidade e as possibilidades da Educação e a de implantação dos Centros Integrados de Educação
Integral. Mediante a complexidade do cenário educacional Pública (CIEPs), no Rio de Janeiro, nas décadas de 1980-1990.

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Nos últimos anos, presenciamos experiências diferenciadas de acompanhamento individualizado do desenvolvimento do


ampliação da jornada escolar que entremeiam turno e educando, é considerada em uma perspectiva de
contraturno, com metodologias diversas de trabalho; das interdisciplinaridade, voltada para os efetivos resultados de
quais podemos destacar a iniciativa do próprio Ministério da aprendizagem. Para que o programa educacional pudesse
Educação, com o financiamento de ações educativas atingir efetividade, foram firmados, de forma estratégica,
complementares no período de 2004 a 2006, bem como as quatro pactos fundamentais com a sociedade organizada:
experiências que são desenvolvidas em municípios brasileiros, Pacto pela Educação, Pacto pela Responsabilidade Social,
tais como Belo Horizonte/MG, Apucarana/PR, Nova Iguaçu/RJ, Pacto pela Vida e Pacto por uma Cidade Saudável. Por meio
dentre outras. desses pactos foram celebradas parcerias com a comunidade,
destacando-se a participação de empresas, instituições de
O Programa Escola Integrada, por exemplo, foi criado em ensino superior, clubes de serviço, associações, instituições
2006, pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, como um militares, ONGs, famílias, voluntários e outros.
programa intersetorial. Esse Programa concebe a educação A caminhada de Apucarana motivou municípios como
como um processo que abrange as múltiplas dimensões Porecatu, Realeza, Castro, Mauá da Serra, Paranaguá,
formativas do sujeito e tem, como objetivo, a formação integral Telêmaco Borba, Cornélio Procópio, Sertanópolis no Paraná, e
dos alunos de 6 a 14/15 anos do Ensino Fundamental, Penápolis no Estado de São Paulo, dentre outros, que já
ampliando sua jornada educativa diária para nove horas, por implantaram o Programa a partir do conhecimento da
meio da oferta de atividades diversificadas de forma articulada experiência in loco.
com a proposta político-pedagógica – PPP – de cada instituição A essas experiências, somam-se várias outras, fruto de
educativa. iniciativas de governos municipais e estaduais, bem como do
O programa Escola Integrada é coordenado pela Secretaria governo federal, por vezes com a participação de organizações
de Educação em articulação com os outros setores da da sociedade civil, provocadas por uma demanda pela
Prefeitura e conta com a parceria de várias Instituições de melhoria da qualidade da educação. Em algumas dessas
Ensino Superior, além de ONGs, de artistas, de comerciantes e experiências, mais do que em outras, na perspectiva de
de empresários locais, todos envolvidos na construção de uma ampliação dos territórios escolares, percebe-se a
grande rede responsável pela Educação Integral dessas potencialidade de extensão de atividades para além da
crianças e desses jovens. O Programa utiliza os espaços das instituição e fora do espaço escolar e, nesse caso, com a
próprias escolas, das comunidades, além de outros espaços preocupação de favorecer as aprendizagens escolares da
físicos e culturais. leitura, da escrita e produção de outros saberes. Contudo, a
Assim, tem como perspectiva a transformação de condição essencial para que essa perspectiva seja
diferentes espaços da cidade em Centros Educativos, no compreendida como Educação Integral é a atenção irrestrita e
sentido de criar uma nova cultura do educar que tem, na o diálogo com o projeto pedagógico da instituição escolar.
escola, seu ponto catalisador, mas que a transcende, para Reforçando essas demandas e possibilidades, é preciso levar
explorar e desenvolver os potenciais educativos da em conta o aspecto legal, cuja força vem se intensificando,
comunidade. principalmente após o Plano de Desenvolvimento da Educação
Já o Bairro-Escola é um projeto da Prefeitura Municipal de (PDE), como veremos a seguir.
Nova Iguaçu, iniciado em março de 2006 e sustenta-se em dois
conceitos básicos: “Cidade Educadora” – que parte da ideia de Amplitude do Debate: do Conceitual ao Legal
que a educação não ocorre apenas nos limites da escola, mas
em todos os espaços da comunidade – e “Educação Integral” – Especialmente nos últimos anos, a implementação da
uma educação que promove o desenvolvimento da criança e Educação Integral no Sistema Formal de Ensino Brasileiro
do adolescente em suas múltiplas dimensões, considerando o expressou-se por meio da promulgação de legislação
corpo, a mente e a vida social, no sentido da construção da específica. No entanto, ainda há um longo caminho a ser
cidadania, do sujeito autônomo, crítico e participativo. percorrido até se transformar o legal em real, ou, como diria o
Com o objetivo de estimular a integração da criança com o poeta, para se transformar a intenção em gesto.
lugar onde mora e contribuir para o seu melhor rendimento O contexto legal apresentado aponta, como desafio para a
escolar, o Bairro-Escola oferece atividades socioeducativas, o educação, a necessidade de promover articulações e
que inclui atividades culturais e esportivas, na modalidade convivências entre programas e serviços públicos, a fim de
extraclasse, em turnos alternativos aos das aulas, por meio do expandir sua ação educativa, o que demanda um compromisso
estabelecimento de parcerias locais com diversos espaços e ético com a inclusão social, por meio da gestão democrática e
diferentes instituições que se transformam em espaços de integrada.
aprendizado. Essas atividades, associadas às orientações dos Nessa linha de pensamento, a Educação Integral deve estar
Parâmetros Curriculares Nacionais e ao projeto político- inscrita no amplo campo das políticas sociais, mas não pode
pedagógico de cada escola, podem ser desenvolvidas por perder de vista sua especificidade em relação às políticas
monitores – oficineiros e voluntários – selecionados entre os educacionais dirigidas às crianças, aos jovens e aos adultos,
moradores e integrantes das entidades parceiras que atendendo a um complexo e estruturado conjunto de
participam de capacitações periódicas. disposições legais em vigor no país.
Em Apucarana, no Paraná, o Programa de Educação Partindo dessas reflexões e abarcando especificamente o
Integral está em funcionamento ininterrupto desde 2001, ordenamento constitucional-legal que envolve a Educação
tendo sido regulamentado pela Lei Municipal nº 90/01. O Integral e o tempo integral, evidencia-se que, muito embora a
Programa procura ultrapassar o senso comum de uma divisão Constituição Federal de 1988 não faça referência literal a essas
entre turno e contraturno, ou de tempo integral limitado à expressões, ao apresentar a educação:
ampliação das horas diárias de permanência do aluno na
escola. Para tanto, considera o educando sob uma dimensão de (1) como o primeiro dos dez direitos sociais (Art. 6°) e,
integralidade para atender os aspectos cognitivos, político- conjugado a esta ordenação,
sociais, ético-culturais e afetivos. A ênfase desse Programa (2) apresentá-la como direito capaz de conduzir ao pleno
recai sobre o desenvolvimento das capacidades de desenvolvimento da pessoa, fundante da cidadania, além de
compreensão, domínio e aplicação dos conteúdos estudados, possibilitar a preparação para o mundo do trabalho (Art. 205)
razão pela qual a oferta de atividades complementares – condições para a formação integral do homem.
artísticas, culturais, sociais ou esportivas e de

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De forma subliminar, a conjunção dos artigos, trabalham fora de casa”. Nesse sentido, o Plano valoriza a
anteriormente citados, permite que seja deduzido do educação em tempo integral especialmente nos seus aspectos
ordenamento constitucional a concepção do direito à pertinentes à assistência social. Na verdade, tais expressões
Educação Integral. limitam o direito à educação em tempo integral às famílias de
O Art. 205 ainda determina que “a educação, direito de menor renda, contrariando, em certa medida, a Carta de 1988,
todos e dever do Estado e da família, será promovida e cuja determinação é a de que “todos são iguais perante a lei,
incentivada com a colaboração da sociedade”. Embora sem distinção de qualquer natureza”.
evidencie a precedência do Estado no dever de garantir a Tendo em vista que foram vetados todos os itens voltados
educação, o referido artigo corresponsabiliza família e para o financiamento das ações do PNE e, partindo da
sociedade no dever de garantir o direito à educação. perspectiva de que o direito à educação, disposto no Art. 205
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – da Constituição Federal de 1988, só se realiza de fato quando
Lei nº 9.394/96 – reitera os princípios constitucionais da sua associação a uma sólida estrutura de recursos, o
anteriormente expostos (Art. 2°) e, ainda, prevê a ampliação Congresso Nacional, na última década, aprovou dois fundos
progressiva da jornada escolar do ensino fundamental para o direcionados ao financiamento da educação pública. Em 1996,
regime de tempo integral (Arts. 34 e 87), a critério dos foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
estabelecimentos de ensino. Além disso, prevê que “a educação Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF)
abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida e, em substituição a este, em 2007, o Fundo de Manutenção e
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações Profissionais da Educação (FUNDEB), este último instituído no
da sociedade civil e nas manifestações culturais” (Art. 1º), âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação.
ampliando os espaços e práticas educativas vigentes. No Lançado pelo MEC, em abril de 2007, o PDE imbrica ações
entanto, é importante ressaltar que, quando a LDB aborda a para os diferentes níveis, modalidades e etapas da educação
questão do tempo integral, ela o faz no Art. 34, que trata da nacional, visando constituir o que foi denominado de “visão
jornada escolar, considerada como o período em que a criança sistêmica da educação”. De forma breve, apresentaremos
e o adolescente estão sob a responsabilidade da escola, quer alguns aspectos relativos à Educação Integral e ao tempo
em atividades intraescolares, quer extraescolares. Dessa integral, presentes no PDE, e dispostos no Plano de Metas
forma, a LDB reconhece que as instituições escolares, em Compromisso Todos pela Educação, no Programa Mais
última instância, detêm a centralidade do processo educativo Educação e no FUNDEB.
pautado pela relação ensinoaprendizagem.
Além de prever a ampliação do Ensino Fundamental para O FUNDEB ampliou as possibilidades de oferta de
tempo integral, a Lei nº 9.394/96 admite e valoriza as Educação Integral ao diferenciar os coeficientes de
experiências extraescolares (Art. 3º, inciso X), as quais podem remuneração das matrículas, não apenas por modalidade e
ser desenvolvidas com instituições parceiras da escola. De etapa da educação básica, mas também pela ampliação da
acordo com Guará, essas indicações legais correspondem tanto jornada escolar. Além de considerar o tempo integral como
às expectativas de ampliação do tempo de estudo ou da possibilidade para toda a educação básica nacional, o FUNDEB
jornada escolar, dentro do Sistema Público de Ensino, quanto associa maiores percentuais de distribuição de recursos,
ao crescente movimento de participação de outras evidenciando uma tentativa de garantir o real direito à
organizações nascidas, em geral, por iniciativa da própria educação em tempo integral. Nesse sentido, o FUNDEB, ao
comunidade e que trabalham na interface educação proteção conceder um maior aporte de recursos à educação em tempo
social. Vale ressaltar, no entanto, que a participação dessas integral, busca, entre outros aspectos, responder aos objetivos
organizações exige que suas ações e intervenções constituam- gerais do Ministério da Educação de estabelecimento de
se como respostas a demandas diagnosticadas no âmbito da políticas públicas voltadas à universalização da educação com
própria escola e, como tal, precisam estar impressas no seu qualidade social.
projeto político-pedagógico. Caso contrário, o papel de tais Atenta à diversidade de entendimentos que perpassa a
organizações, quando muito, poderá restringir-se tão somente educação em tempo integral, a Lei nº 11.494/2007 que
ao caráter da proteção social. instituiu o FUNDEB determina que regulamento disporá sobre
a educação básica em tempo integral e sobre os anos iniciais e
Aliado à Constituição Federal e à LDB, o Estatuto da finais do ensino fundamental, indicando que legislação
Criança e do Adolescente (ECA) em seu Capítulo V, artigo 53, decorrente deverá normatizar essa modalidade de educação.
complementa a proposição de obrigatoriedade do acesso e da Nesse sentido, o Decreto nº 6.253/07, ao assumir o
permanência na escola, reconhecendo que o desenvolvimento estabelecido no Plano Nacional de Educação, definiu que se
integral da criança e do adolescente requer uma forma considera “educação básica em tempo integral a jornada
específica de proteção e, por isso, propõe um sistema escolar com duração igual ou superior a sete horas diárias,
articulado e integrado de atenção a esse público, do qual a durante todo o período letivo, compreendendo o tempo total
escola faz parte. que um mesmo aluno permanece na escola ou em atividades
Por sua vez, a Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que escolares” (Art. 4º). O ordenamento jurídico que trata da
instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE), a exemplo da educação em tempo integral carece de maior detalhamento,
Constituição Federal de 1988 e da LDB, retoma e valoriza a com vistas a coibir possíveis tentativas de uso da verba pública
Educação Integral, como possibilidade de formação integral da para financiar ações voltadas à ampliação do tempo escolar
pessoa. Ressalte-se, contudo, que o PNE avança para além do que se distancie dos objetivos de formação integral, aqui
texto da LDB, ao apresentar a educação em tempo integral debatidos.
como objetivo do Ensino Fundamental e, também, da Educação Por sua vez o Plano de Metas Compromisso Todos pela
Infantil. Além disso, o PNE apresenta, como meta, a ampliação Educação, alicerce básico do PDE, instituído pelo Decreto nº
progressiva da jornada escolar para um período de, pelo 6.094, de 24 de abril de 2007, tem como objetivo conjugar
menos, 7 horas diárias, além de promover a participação das esforços da União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
comunidades na gestão das escolas, incentivando a instituição famílias e comunidade, para assegurar a qualidade da
de Conselhos Escolares. Vale destacar que o PNE associa a educação básica. Nesse Plano, no seu Art. 2º, encontramos
progressiva ampliação do tempo escolar às “crianças das diretrizes voltadas para a ampliação do tempo escolar,
camadas sociais mais necessitadas”, às “crianças de idades enquanto possibilidade de combate a repetência pela adoção
menores, das famílias de renda mais baixa, quando os pais

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de práticas como aulas de reforço no contraturno, estudos de A Instituição Escolar: Saberes, Currículo e Aprendizagem
recuperação e progressão parcial (Art. 2º, inciso IV).
O debate acerca da Educação Integral requer o
O Compromisso Todos pela Educação reitera a alargamento da visão sobre a instituição escolar de tal modo
importância de que sejam aumentadas as possibilidades de que a abertura para o diálogo possa ser também expressão do
permanência do aluno sob a responsabilidade da escola (Art. reconhecimento de que “a escola compõe uma rede de espaços
2º, VII), buscando, com isso, tanto uma qualificação dos sociais (institucionais e não-institucionais) que constrói
processos de ensino característicos da escolarização quanto comportamentos, juízos de valor, saberes e formas de ser e
participação do aluno em projetos socioculturais e ações estar no mundo”. Esse alargamento possibilita a
educativas (Art. 2º, XXVII) que visem dar conta das múltiplas problematização consequente do projeto educativo frente ao
possibilidades e dimensões sociais do território e da cidade. sucesso escolar, por meio das relações entre saberes, currículo
Outro marco legal voltado para a implementação de ações e aprendizagem.
direcionadas para a educação em tempo integral e que compõe Os estudos de Franco Cambi apontam para a ideia de que a
as metas do PDE, constitui-se no Programa Mais Educação, escola é o espaço, por excelência, de institucionalização da
instituído pela Portaria Normativa Interministerial nº 17/07, aprendizagem, fornecendo as ferramentas concebidas para
que tem por objetivo fomentar a Educação Integral de auxiliar o uso público da razão, tanto aquelas associadas ao
crianças, adolescentes e jovens, por meio de atividades conhecimento científico quanto às associadas às convenções
socioeducativas, no contraturno escolar, articuladas ao sociais. A leitura, a escrita e a livre discussão possibilitam a
projeto de ensino desenvolvido pela escola. O Programa Mais construção e ressignificação dos espaços públicos e dos
Educação congrega ações conjuntas dos Ministérios da espaços sociais onde as pessoas reivindicam e exercem sua
Educação (MEC), Cultura (MinC), Desenvolvimento Social e cidadania e representam as bases para a construção da esfera
Combate à Fome (MDS), Esporte (ME), Ciência e Tecnologia pública.
(MCT), Meio Ambiente (MMA) e da Presidência da República
(PR). Importante ressaltar que esse Programa conta com a O processo de institucionalização da esfera pública foi
participação de ações promovidas pelos Estados, Distrito estabelecido por meio das relações da política constitucional e
Federal, Municípios e por outras instituições públicas e parlamentar, do estabelecimento dos direitos e do sistema
privadas, desde que as atividades sejam oferecidas judicial, até ao ponto em que a esfera pública tornou-se um
gratuitamente a crianças, adolescentes e jovens e que estejam princípio organizacional do ordenamento político
integradas ao projeto político-pedagógico das redes e escolas democrático. A institucionalização da aprendizagem, por meio
participantes. da escola, acompanhou esse mesmo processo e fornece, até
A articulação entre Educação, Assistência Social, Cultura e hoje, o legado das ideias que podem estimular uma concepção
Esporte, dentre outras políticas públicas, poderá se constituir de cidadania que tem como dimensão central a participação
como uma importante intervenção para a proteção social, decisória nas esferas dos poderes instituídos e desempenhar
prevenção a situações de violação de direitos da criança e do um papel social crítico por meio dos rituais de ensino e de
adolescente, e, também, para melhoria do desempenho escolar aprendizagem.
e da permanência na escola, principalmente em territórios Face às características e aos desafios da
mais vulneráveis. contemporaneidade, as funções, historicamente definidas
Focando especificamente a política educacional, a para cada uma das instituições socializadoras – entre elas a
Educação Integral, na perspectiva presente nesses marcos escola –, também se modificaram e exigem novas
legais, pode transformar a escola em contexto mais atrativo e configurações, o que implica agregar novos conceitos e
adequado à realidade e às demandas de crianças e de assumir novas posturas, mais dialógicas e articuladas,
adolescentes brasileiros e de suas famílias, pois permite, a essa determinando novos acordos entre essas instituições.
instituição, suplantar possíveis ideias de “hiperescolarização” Não se deve ter receio de assumir que a escola, neste
ou de instituição total e, aos governos, integrarem e ampliarem momento, tem ocupado esse lugar central no “cuidado” às
a cobertura de suas ações sociais. crianças e aos jovens, ainda que enfrentando inúmeros
A Educação Integral, nesta proposta em construção, não desafios e fazendo-o de modo solitário. Além disso, é preciso
replica o mesmo da prática escolar, mas amplia tempos, salientar o fato de que a instituição escolar, por vezes, não tem
espaços e conteúdos, buscando constituir uma educação sabido estabelecer um diálogo com a sociedade, o que pode
cidadã, com contribuições de outras áreas sociais e estar associado a convicções e crenças que impedem a leitura
organizações da sociedade civil. do momento histórico que exige novas formas de
Outra justificativa importante para a Educação Integral é a funcionamento das instituições, a partir do redirecionamento
de que, além das avaliações internacionais comprovarem a de sua função. Pode-se afirmar que o compartilhamento das
melhoria de desempenho escolar em virtude da ampliação de decisões e a ação coletiva tornaram-se imperativos na relação
atividades cidadãs, há um histórico descompasso entre entre escola e sociedade.
demandas sociais e recursos disponíveis, e por isso há hoje
uma maior exigência da qualidade dos gastos públicos na área O espaço ocupado pela escola na sociedade e o papel que
social e rompimento com a fragmentação, que vem ela pode assumir refletem a prática do Estado vigente e
caracterizando uma prática assistencialista das políticas vinculam-se a programas governamentais. Na formulação do
públicas brasileiras. programa “Uma escola do tamanho do Brasil” lançado em
2002, pelo então candidato a Presidente, Luís Inácio Lula da
É importante salientar que, embora a legislação não Silva, está estabelecido que:
contemple, além do FUNDEB, aspectos diretamente
relacionados às formas de financiamento das ações do PDE, a Se a escola tem, historicamente, produzido a exclusão por
publicação do MEC “Plano de Desenvolvimento da Educação: meio dos fenômenos da evasão e da repetência, possibilitar a
Razões, Princípios e Programas”, indo ao encontro do PNE, permanência de todos e a aprendizagem exige,
defende a elevação dos recursos destinados à educação de necessariamente, repensar a estrutura seriada da escola. Todos
3,9% para 6% a 7% do PIB, condição fundamental para o podem aprender; a escola é que deve mudar seus tempos e
alcance e a manutenção de patamares de qualidade na espaços, reorganizando-se para tanto.
perspectiva de ampliação da jornada escolar. A construção da proposta de Educação Integral, que ora se
apresenta, carrega, em sua dinâmica, as tensões candentes

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vividas para reorganizar espaços, tempos e saberes. Por isso, é aberto, em que cada pessoa tem direito à igualdade, sempre
preciso convergir, para o seio dessa proposta, o diálogo numa que a diferença inferioriza e tem direito à diferença toda vez
rede de coletivos de ação para reeducar a gestão política dos que a igualdade homogeneíza, para dar conta da complexidade
sistemas escolares e de seus quadros, criando, inclusive, um do mundo contemporâneo. Tal projeto deve estar
sistema de comunicação com estudantes, profissionais da área comprometido com a transformação da sociedade e com a
de educação, professores, gestores de áreas afins e outros formação de cidadãos e encontra, no diálogo, uma ferramenta
parceiros, para troca de informações, acompanhamento, eficaz. Na “disponibilidade para o diálogo”, no sentido usado
dentre outras demandas. por Freire, de “abertura respeitosa aos outros”, é possível
Isso tudo implica assumir uma disposição para o diálogo e potencializar todos os agentes educativos enquanto
para a construção de um projeto político e pedagógico que instituições formadoras. Dessa forma, a escola poderá ser
contemple princípios, ações compartilhadas e intersetoriais na afetada positivamente, pelas práticas comunitárias, pela
direção de uma Educação Integral. liberdade e autonomia presentes nos espaços de educação
informal, pela concretude e pelo movimento da vida cotidiana.
A destinação de um espaço específico para a temática do
currículo, neste debate em favor da formulação de uma política A reaproximação entre a escola e a vida representa um
de Educação Integral, representa o reconhecimento da desafio enfrentado por muitos educadores em diferentes
existência de um campo de estudos consolidado sobre a tempos e, pelo menos, desde o advento da institucionalização
política de currículo e, desse modo, favorece o encontro de da escola obrigatória, laica, gratuita, universal e controlada
pesquisadores para qualificar a interlocução em curso. Por pelo Estado, fortemente influenciado pelo desenvolvimento da
estar vinculada ao alcance de metas para o desempenho ciência moderna.
escolar, a política de Educação Integral, em questão, é debatida A perspectiva do deslocamento entre a escola e a vida se
em interface com a avaliação de desempenho nas habilidades expressa na forma de socialização destacada por Moll, em sua
expressas no domínio da Língua Portuguesa (com foco na leitura de Ariès, que aponta a escola como provocadora da
leitura) e no domínio da Matemática (com foco na resolução de ruptura do processo de sociabilidade e de aprendizagem no
problemas), por meio da Prova Brasil. Faz-se necessário o convívio com as comunidades, que acontecia até o final do
debate sobre os conteúdos escolares nos diferentes domínios século XVII:
do conhecimento e em sua imbricação com as diferentes bases
epistemológicas que orientam as pesquisas e a produção do A escola substituiu a aprendizagem como meio de educação.
conhecimento. Do mesmo modo, torna-se necessário o debate Isto quer dizer que a criança deixou de ser misturada aos adultos
sobre as consequências das pesquisas e da produção do e de aprender a vida diretamente com eles. A despeito de muitas
conhecimento sobre a organização didática e pedagógica, reticências e retardamentos, a criança foi separada dos adultos
justificadas nas epistemologias da aprendizagem. Por um lado, e mantida à distância numa espécie de quarentena, antes de ser
trata-se de reafirmar a condição da universidade como locus solta no mundo. Essa quarentena foi a escola, o colégio. Começou
da formação dos educadores e, por outro lado, de reafirmar a então um longo processo de enclausuramento das crianças
condição da escola como locus do trabalho empírico dessa (como dos loucos, dos pobres, das prostitutas) que se estenderia
formação. até nossos dias e ao qual se dá o nome de escolarização.

Relação Escola e Comunidade A tensão instituidora permanece: estar na escola até os


dias de hoje pode representar a possibilidade de imbricar-se
O presente debate está implicado no exame acerca do na estrutura societária e, ao mesmo tempo, na de
papel e da função social que a escola pode desempenhar na homogeneização. Por isso mesmo, o papel da escola na
vida, conforme os educadores brasileiros aprenderam a proposição do projeto de Educação Integral deve se constituir
reconhecer, revisitando a história de longo prazo da educação, a partir da luta por uma escola mais viva, de modo que se
de modo particular, na leitura do Manifesto dos Pioneiros. Os rompa, também, gradativamente, com a ideia de sacrifício,
signatários desse documento anteciparam que, ao longo dos atrelada ao
anos, tanto a escola quanto as demais instituições sociais, a seu Ensino Formal e, por outro lado, de prazer a tudo que é
modo, assumiriam papéis focais – e, hoje reconhecemos, às proposto como alternativo ou informal em relação a esse
vezes paralelos, nos processos educativos – sem a sistema escolar.
preocupação de desenvolver um projeto comum, onde cada Romper a dicotomia, entre as aulas acadêmicas e as
uma consiga dialogar, compartilhar responsabilidades, inter- atividades educacionais complementares, exige a elaboração
relacionar-se e transformar-se no encontro com o outro. Para de um projeto político-pedagógico aberto à participação e à
desenvolver esse projeto comum, a escola e demais gestão compartilhada de ações convergentes à formação
instituições sociais podem ser orientadas a se constituir como integral de crianças, de adolescentes e de jovens – do
uma “comunidade de aprendizagem”, tal como define Torres: contrário, pode-se estar apenas capturando o seu tempo livre,
Uma comunidade de aprendizagem é uma comunidade com a pretensão de que, na escola, ficarão melhor cuidados ou
humana organizada que constrói um projeto educativo e de que aprenderão mais, permanecendo por mais tempo na
cultural próprio para educar a si própria, suas crianças, seus escola, ou seja, oferecendo-lhes “mais do mesmo” – o que as
jovens e adultos, graças a um esforço endógeno, cooperativo e experiências nessa direção têm demonstrado não melhorar o
solidário, baseado em um diagnóstico não apenas de suas processo de aprendizagem.
carências, mas, sobretudo, de suas forças para superar essas Ao se enfrentar a distância que hoje caracteriza as relações
carências. entre escola e comunidade é que se pode ampliar a dimensão
Para que a escola funcione como uma comunidade de das experiências educadoras na vida dos estudantes,
aprendizagem, constituída pela reunião de diferentes atores e promovendo a qualificação da educação pública brasileira.
saberes sociais, que constrói um projeto educativo e cultural Para isso, as diversas experiências comunitárias precisam
próprio e como ponto de encontro e de legitimação de saberes estar articuladas aos principais desafios enfrentados por
oriundos de diferentes contextos, é necessário o estudantes e professores.
estabelecimento de políticas socioculturais. Além de Quando a escola compartilha a sua responsabilidade pela
reconhecer as diferenças, é preciso promover a igualdade e educação, ela não perde seu papel de protagonista, porque sua
estimular os ambientes de trocas, e, parafraseando ação é necessária e insubstituível, porém não é suficiente para
Boaventura de Souza Santos, pode-se dizer, em um projeto dar conta da tarefa da Educação Integral.

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Toda escola está situada em uma comunidade com um trem para pensar a escola, esses seriam aqueles que viajam
especificidades culturais, saberes, valores, práticas e crenças – sentados nos últimos vagões, que, aos poucos, vão
o desafio é reconhecer a legitimidade das condições culturais descarrilhando.
da comunidade para estimular o diálogo constante com outras Os estudos de Abramovay, já citados anteriormente,
culturas. A educação é um dos ambientes da cultura marcada demonstram, ainda, que os sentimentos de não-pertencimento
pela reconstrução de conhecimentos, tecnologias, saberes e e de exclusão social, vividos pelos alunos, podem estar
práticas. Não importa a área de formação dos professores, seus associados tanto à violência fora da escola, quanto à violência
trabalhos se realizam em territórios culturais nos quais os na escola e contra a escola. A fragilidade do diálogo entre
estudantes estão situados. Segundo Charlot essa perspectiva escola e comunidade pode ser apontada como uma das
desafia os professores a olhar seus alunos de outra maneira, principais causas de fenômenos como a rebeldia frente às
para inscrevê-los simbolicamente no espaço de sala de aula, normas escolares; os altos índices de fracasso escolar;
como sujeitos produtores de significados. pichações e depredações de prédios escolares; atitudes
desrespeitosas no convívio escolar e a apatia dos alunos.
A escola desempenha um papel fundamental no processo A dimensão propositiva que anima o debate acerca da
de construção e de difusão do conhecimento e está situada Educação Integral pretende instigar para o reencantamento
como local do diálogo entre os diferentes saberes, as dos fazeres escolares em seu cotidiano e para a reinvenção do
experiências comunitárias e os saberes sistematizados olhar em relação a todos e a cada um dos estudantes.
historicamente pela sociedade em campos de conhecimento e,
nessa posição, pode elaborar novas abordagens e selecionar Tempos e Espaços da Educação Integral
conteúdos. Assim, o desenvolvimento integral dos estudantes
não pode ser considerado como responsabilidade exclusiva A promoção do projeto de Educação Integral, enraizado no
das escolas, mas também de suas comunidades, uma vez que, projeto políticopedagógico da escola, pressupõe o diálogo com
somente juntas podem ressignificar suas práticas e saberes. a comunidade, de modo a favorecer a complementaridade
Desse modo, a instituição escolar é desafiada a reconhecer os entre os diferentes agentes e espaços educativos e, no sentido
saberes da comunidade, além daqueles trabalhados nos seus dessa lógica, há pelo menos duas posições, à primeira vista
currículos, e com eles promover uma constante e fértil díspares, mas que podem, inclusive, complementarem-se.
transformação tanto dos conteúdos escolares quanto da vida Historicamente, o projeto de Educação Integral está
social. enraizado na instituição escolar, o que a pressupõe como
A relação escola e comunidade pode ser marcada pela espaço privilegiado da formação completa do aluno sem, no
experiência de diálogo, de trocas, de construção de saberes e entanto, considerar-se como o único espaço dessa formação.
pela possibilidade de, juntas, constituírem-se em uma Em outras palavras, a escola – por meio de planejamento,
comunidade de aprendizagem, de modo que a interação entre projetos integrados e também de seu projeto pedagógico –
as pessoas que atuam na escola e as que vivem na comunidade pode proporcionar experiências, fora de seu espaço formal,
pode auxiliar a superação de preconceitos, muitos deles que estão vinculadas a esses seus projetos institucionais,
calcados em estereótipos de classe, raça/etnia, gênero, elaborados pela comunidade escolar. Encontram-se, nesse
orientação sexual, geração, dentre outros. caso, por exemplo, as visitas a museus, parques e idas a outros
Estudos recentes, como os de Abramovay, têm apontado espaços socioculturais, sempre acompanhadas por
que tanto as “dificuldades de aprendizagem” quanto o “bom profissionais que, intencionalmente, constroem essas
desempenho escolar” não se relacionam exclusivamente às possibilidades educativas em outros espaços educativos que
condições cognitivas dos alunos, mas, principalmente, à (in) se consolidam no projeto maior – o do espaço formal de
adequação do sistema escolar, à distância/aproximação aprendizagens.
cultural entre escola e seu público, e ao (des) respeito que Todavia, a discussão sobre os princípios da Educação
alunos e educadores sofrem no ambiente escolar. Integral, pode, também, seguir outros caminhos. Cesar Coll ao
Há inúmeras evidências de que os agentes da educação – tratar do tema na perspectiva do movimento das Cidades
gestores, professores, orientadores pedagógicos, entre outros Educadoras, incita a abertura de um processo de reflexão e de
– reproduzem, muitas vezes, em suas práticas, as diversas debate público que conduza ao estabelecimento de um novo
formas de preconceitos e discriminações ainda existentes em contrato social na educação, um contrato que estabeleça
nossa sociedade. Essas evidências estão configuradas nas claramente as obrigações e responsabilidades dos diferentes
cenas do cotidiano escolar, por meio das situações nas quais os agentes sociais que atuam, de fato, como agentes educativos.
meninos e meninas, muitas vezes, são inscritos Nessa perspectiva, entende-se que não se trata de afirmar a
simbolicamente como lentos, imaturos, dispersivos, centralidade da escola em termos de sediar, exclusivamente,
desorganizados, com dificuldade de aprendizagem e as ações e atividades que envolvem a Educação Integral.
indisciplinados. Na perspectiva do sucesso escolar, é preciso
reconfigurar essas cenas, considerando os sentidos do Essa reflexão remete novamente a Torres, quando afirma
aprender, tal como enfatiza Moll: que, em uma comunidade de aprendizagem, todos os espaços
são educadores – toda a comunidade e a cidade com seus
Aprender significa estar com os outros, implica acolhida, museus, igrejas, monumentos, locais como ruas e praças, lojas
implica presença física e simbólica, implica ser chamado pelo e diferentes locações – cabendo à escola articular projetos
nome, implica sentir-se parte do grupo, implica processos de comuns para sua utilização e fruição considerando espaços,
colaboração, implica ser olhado. tempos, sujeitos e objetos do conhecimento.
Nesse processo de aprender, o tempo assume grande
Aquele que é desprezado pelo olhar da professora também importância, pois a aprendizagem requer elaboração, requer
o será, de alguma forma, pelos colegas. A partir daí produz-se realização de múltiplas experiências, requer poder errar no
uma intrincada rede de preconceitos que se dissemina nos caminho das tentativas e buscas, enfim, requer considerar os
conselhos de classe, nas reuniões de professores, nas diferentes tempos dos sujeitos da aprendizagem. Também
conversas do recreio, nos encontros com os pais. requer considerar o tempo de cada um dos parceiros da
Pouco a pouco, determinados alunos, que são numerosos comunidade: o tempo da escola, que está preso a um
no conjunto das escolas, vão ficando de fora, vão sendo calendário e o da comunidade, que flui e é mais abrangente,
rotulados com marcas invisíveis, vão sendo considerados que envolve mais experiências que podem ajudar a otimizar e
inaptos, incapazes, inoportunos... Se usássemos a metáfora de direcionar melhor o tempo da escola.

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A esse respeito, podemos dizer que a ampliação do tempo Para implementar o projeto de Educação Integral e de
na Educação Integral tem sido alvo de debates sobre a maior tempo integral, é imprescindível a superação de grande parte
permanência das crianças e jovens, seja no espaço escolar, seja dos modelos educacionais vigentes.
na perspectiva da cidade como espaço educativo. Assim, a construção de uma proposta de Educação Integral
Nas experiências de Educação Integral conhecidas, pressupõe novos conteúdos relacionados à sustentabilidade
podemos perceber que as concepções que orientam as ações e ambiental, aos direitos humanos, ao respeito, à valorização das
espaços são muito variadas em relação aos objetivos, à diferenças e à complexidade das relações entre a escola e a
organização, ao tipo de atividade proposta, assim como às sociedade. Esses conteúdos, os tempos e espaços escolares,
próprias denominações contraturno, turno inverso, turno suas interações com as subjetividades e práticas e as
contrário, ampliação de jornada, turno complementar, diferentes etapas e modalidades de ensino ensejam a
atividades extras, entre outros. articulação com os projetos político-pedagógicos11. Trata-se
de tarefa a ser empreendida, tanto pelos cursos de formação
Nesse contexto, é importante ressaltar que o aumento do inicial e continuada, quanto pelos sistemas e pelas próprias
tempo escolar necessário à Educação Integral que propomos escolas.
não objetiva dar conta apenas dos problemas que os alunos Em relação ao currículo, para enfrentar o desafio de
enfrentam devido ao baixo desempenho nos diversos sistemas superar a fragmentação do conhecimento escolar, é preciso
de avaliação, pois o que se pode constatar, em alguns casos, é investir na articulação entre as atividades pedagógicas da sala
que o aumento da jornada de trabalho escolar dos alunos em de aula e as da vida na família, no bairro e na cidade, por meio
disciplinas específicas, como Matemática ou Língua do uso dos equipamentos públicos e das práticas
Portuguesa, tem gerado processos de hiperescolarização, que universitárias. A atuação dos profissionais da educação não se
não apresentam os resultados desejados. deve limitar aos espaços tradicionais da escola e, nesse
A ampliação da jornada, na perspectiva da Educação sentido, ganha relevância a valorização do trabalho e da
Integral, auxilia as instituições educacionais a repensar suas cultura como princípios educativos.
práticas e procedimentos, a construir novas organizações A organização do currículo, dos conteúdos escolares, dos
curriculares voltadas para concepções de aprendizagens como tempos e espaços educativos precisa estar inserida no
um conjunto de práticas e significados multirreferenciados, contexto da produção do conhecimento e da pesquisa
inter-relacionais e contextualizados, nos quais a ação científica. Esse contexto pode fortalecer as iniciativas que
educativa tenha como meta tentar compreender e modificar emergem das escolas e de suas comunidades por evidenciar a
situações concretas do mundo. necessidade da proposição do projeto político-pedagógico,
Nessas circunstâncias, a ampliação da jornada não pode com a participação dos integrantes do Conselho Escolar.
ficar restrita à lógica da divisão em turnos, pois isso pode É importante reconhecer o desempenho de funções
significar uma diferenciação explícita entre um tempo de específicas nessa proposição. O coordenador pedagógico
escolarização formal, de sala de aula, com todas as dimensões assume o papel de articulador da relação entre a escola e a
e ordenações pedagógicas, em contraposição a um tempo não comunidade, na proposição dos projetos políticopedagógicos
instituído, sem compromissos educativos, ou seja, mais que se identificam como democráticos. Essa identificação se
voltado à ocupação do que à educação. manifesta, de modo privilegiado, nos debates acadêmicos por
Assim, faz-se necessária uma nova organização do meio da busca de superação dos reducionismos técnicos ou
currículo escolar, em que se priorize muito mais a políticos, da proposição de um novo modo de vivenciar as
flexibilização do que a rigidez ou a compartimentalização, o dimensões administrativa e pedagógica no planejamento da
que não significa tornar o currículo frágil e descomprometido educação e do incentivo ao protagonismo da população
com a aprendizagem do conjunto de conhecimentos que usuária (estudantes, pais e comunidades).
estruturam os saberes escolares. É somente a partir do projeto Contextualizado nos objetivos e metas gerais que
político-pedagógico, construído coletivamente, que a escola caracterizam a atuação sistêmica, o projeto pedagógico deve
pode orientar e articular as ações e atividades propostas na preocupar-se com o planejamento das atividades cotidianas da
perspectiva da consecução da Educação Integral, baseada em escola; deve prever as possibilidades de interação com a
princípios legais e valores sociais, referenciados nos desafios comunidade e com a cidade por meio da visita a museus,
concretos da comunidade onde está inserida a escola. parques, comunidades indígenas e quilombolas, dentre outras
e deve, ainda, estimular a participação de colaboradores da
Formação de Educadores na Perspectiva da Educação comunidade em atividades pedagógicas extraclasse, sob a
Integral supervisão dos profissionais da educação. Outros aspectos
importantes referem-se à definição dos critérios para
A ideia de que o ofício de professor também pode ser avaliação sistemática do planejado e do realizado, à previsão
entendido como uma arte pode aprimorar o processo da formação continuada dos educadores, enfim, a tudo aquilo
interativo de ensinar e de aprender, tal como define que diz respeito à promoção do aprendizado e bem-estar dos
Stenhouse: atores escolares.
Esses pressupostos para a qualidade social da escola de
Dizer que o ensino é uma arte não significa que os tempo integral, já aplicados em alguns sistemas de ensino de
professores nasçam e que não se façam. Ao contrário, os artistas forma bastante satisfatória, trazem consigo um outro requisito
aprendem e trabalham extraordinariamente para isso, mas indispensável: a democratização da gestão. O projeto político-
aprendem por meio da prática crítica de sua arte. pedagógico tem por princípio superar a recorrente divisão
social do trabalho e as práticas autoritárias existentes na
Nesse sentido, educador é aquele que reinventa a relação escola. Nesse sentido, cabe às direções potencializar a
com o mundo, que reinventa sua relação com o conteúdo que participação social: dos conselhos escolares, dos grêmios
ensina, com o espaço da sala de aula e com seus alunos. É estudantis, das associações de pais, de moradores, dentre
aquele que se permite ver nos alunos possibilidade e outros grupos constituídos na comunidade que queiram
processos em realização. Por isso pode ser comparado a um participar, solidariamente, do projeto escolar, bem como
artista na arte de mediar aprendizagens e buscar sempre o conselhos de idosos, de mulheres, os movimentos negros, de
(re)encantamento com sua profissão. artistas e outros. No que concerne a um projeto de Educação
Integral, o projeto político-pedagógico, pensado sob a lógica da
vivência democrática, congrega sujeitos e agrega valores

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socioculturais bastante significativos à formação completa do gestores públicos, de modo a permitir dedicação exclusiva e
aluno. qualificada à educação. Também pressupõe adequação dos
espaços físicos e das condições materiais, lúdicas, científicas e
Visando à concretização de uma formação que leve em tecnológicas a essa nova realidade. A participação dos
conta os pontos, anteriormente elencados, é preciso pensar em trabalhadores em educação no debate para formular uma
uma política que alcance novos patamares de inclusão, e uma proposta de Educação Integral, com base em tais pressupostos,
consistente valorização profissional a ser garantida pelos é marcada pelas negociações para regulamentar o Piso Salarial
gestores públicos, de modo a permitir dedicação exclusiva e Nacional Profissional, bem como pela mobilização nacional
qualificada à educação. Também é necessário pensar na para que o piso seja operacionalizado. O incremento no
adequação dos espaços físicos e das condições materiais, financiamento da educação e a ampliação dos investimentos
lúdicas, científicas e tecnológicas a essa nova realidade. públicos em educação, de modo a alcançar o mínimo de 7% do
Nesse sentido, para além do debate curricular dos cursos PIB até 2011, são fundamentais para realizar a valorização dos
de graduação, a Educação Integral requer uma maior interação profissionais da educação e para a qualidade da educação.
com os estudantes da pedagogia e das licenciaturas em seu As diferentes etapas e modalidades de ensino ensejam,
universo cotidiano. A escola pautada pela Educação Integral cada uma, olhares e projetos diferentes e representam
representa um laboratório permanente desses futuros demandas que se complexificam no âmbito da Escola de
profissionais que, desde o início de seus cursos, passarão a Educação Integral em tempo integral, segundo as inter-
manter intenso contato com as crianças e com os jovens, numa relações e interdisciplinaridades pertinentes ao currículo e ao
troca de experiências úteis para a formação e o trabalho de projeto político-pedagógico. Na concepção de Santos, a
ambos, bem como para o aprimoramento das instituições – distribuição do tempo pedagógico é marcada pela organização
básica e universitária – que poderão adequar seus conteúdos de períodos fixos para disciplinas, controlada pela
programáticos teóricos e práticos, ao longo desse processo administração e pelo professor, tal organização deve ser
interrelacional. superada. Desse modo, a Educação Integral, por estar
Os funcionários da instituição escolar se inserem nesta implicada na mudança da rotina escolar, por meio da
nova filosofia, conforme já propõe o Programa reestruturação do tempo pedagógico, evidencia o currículo em
Profuncionários, do Ministério da Educação, em parceria com consonância com o referencial teórico que fundamenta o
os Sistemas Públicos de Ensino, de tal modo que a escola passa projeto da escola, e é enriquecida com as concepções da
a reconhecer os diferentes agentes educadores que nela comunidade escolar.
convivem e trabalham. De acordo com as negociações em Dentre as características institucionais do contexto de
curso entre o Ministério da Educação e o Movimento Sindical formulação de uma Política de Educação Integral, destaca-se o
a expansão do referido Programa será feita por meio da Rede reconhecimento da importância da construção do Sistema
Federal de Educação Técnica e Tecnológica que ofertará Nacional de Formação dos Profissionais da Educação, no
cursos em cinco áreas profissionalizantes: gestão, âmbito do Conselho Técnico-Científico da Educação Básica da
infraestrutura, multimeios didáticos, alimentação escolar e CAPES. Esse Sistema será de imensa relevância para orientar
biblioteconomia. os novos currículos acadêmicos, para aferir a qualidade dos
cursos de pedagogia e das licenciaturas ofertadas nas redes
A falta de isonomia entre as carreiras e os salários dos públicas e privadas, e para orientar o ingresso dos
profissionais da educação, no território nacional, tem profissionais do magistério nas redes públicas, seja através da
dificultado avanços na qualidade da educação. A escola revisão dos estágios acadêmicos – dentro da concepção de
integral, de tempo integral, visa, acima de tudo, resgatar os interatividade permanente entre universidade e escola básica
princípios republicanos de equidade, tanto na oferta do direito – seja por meio da reestruturação dos estágios probatórios, de
público e subjetivo do cidadão quanto na prestação dos modo a conferir-lhes maior potencial de avaliação do
serviços dos educadores – agentes públicos –, com os quais o educador e da contraprestação dos sistemas e redes de ensino.
Estado Brasileiro possui imensa dívida a ser honrada para o
bem comum da nação. Outra possibilidade a ser debatida, refere-se à constituição
Esse débito histórico se concentra, sobretudo, na da rede de instituições de educação superior para formação
valorização e no reconhecimento da profissão, na perspectiva dos profissionais da educação, credenciada pelo MEC.
de tornar a carreira atrativa aos jovens, em melhorar as Vale destacar o papel da gestão democrática como
condições de saúde e trabalho, enfim, em evidenciar a condição para a qualidade da educação, enfatizando que em
importância social dos educadores. muitos estados e municípios, ou mesmo comunidades com
A compreensão da jornada de trabalho dos professores na menor financiamento público, as escolas que adotaram a
perspectiva da Educação Integral requer a inclusão de gestão democrática e mantêm projetos pedagógicos bem
períodos de estudo, de acompanhamento pedagógico, de elaborados, têm se destacado nas avaliações institucionais e
preparação de aulas e de avaliação de organização da vida no IDEB, como prova de que a participação social se constitui
escolar. A reorganização dessa jornada exige que a formação um ótimo método de avaliação e de fiscalização do
de educadores inclua conteúdos específicos de formulação e desempenho escolar e que a eficiência gestora não se limita à
acompanhamento de projetos e de gestão intersetorial e racionalidade e à potencialização dos recursos financeiros e
comunitária. Exige também que os processos de formação administrativos. Os sistemas de ensino poderão ampliar a
continuada para a formulação, implantação e implementação prática da gestão democrática ao promover a participação
de projetos de Educação Integral incluam profissionais das social nos Conselhos de Educação (Estaduais e Municipais),
áreas requeridas para compor a integralidade pressuposta bem como realizar eleição para diretores de escola,
neste debate: cultura, artes, esportes, lazer, assistência social, observadas as prerrogativas de autonomia administrativa.
inclusão digital, meio ambiente, ciência e tecnologia, dentre A prática da gestão democrática, todavia, não se confunde
outras. com autonomia indiscriminada e à revelia dos sistemas. Trata-
se de compartilhar responsabilidades e tarefas, conferindo à
Os Trabalhadores em Educação no Contexto da Educação escola a possibilidade de criar sua identidade sem,
Integral necessariamente, precisar emoldurar-se ao cartesianismo das
políticas de cunho global. Ao possibilitar esta forma de
Uma política de Educação Integral pressupõe uma organização, o sistema pode e deve cobrar contrapartidas
consistente valorização profissional, a ser garantida pelos

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sobre os resultados, os quais também deverão observar, para condições de diálogo, reconhecer dissensos e construir
o bem comum, critérios de elaboração democráticos. consensos.
É necessário enfatizar as linhas mestras de discussão do
Poder Público: O Papel Indutor do Estado papel do Estado na efetivação da Educação Integral em tempo
integral tal qual tratadas nos marcos legais. Tais linhas são: as
Na tessitura legal que sustenta a possibilidade de efetivação responsabilidades do Estado, como instância maior de
da Educação Integral nas escolas públicas brasileiras, dois exercício do poder público na condução das políticas
princípios fundamentais com relação à educação precisam ser educacionais; o direito de todos os cidadãos à educação de
destacados: direito de todos e dever do Estado, sem qualidade; e o espaço privilegiado em que se concretizam as
desconsiderar a importância da família e a colaboração da propostas educativas. Uma sociedade democrática e
sociedade nos processos formativos do cidadão. republicana não se consolida sem a prerrogativa da efetiva
educação dos cidadãos, que perpassa os processos escolares,
O atual Governo reconhece que a ampliação dos tempos e seguindo para além deles.
dos espaços educativos é necessária, possível e, por isso,
expressa a proposição da Educação Integral, à luz das Entendemos que, por essa perspectiva, a Educação Integral
experiências bem-sucedidas e em curso no país. Essa ação responde ao direito à educação entre a ampla gama de direitos
indutora expressa a vontade política e a determinação para sociais, políticos e humanos de todos os cidadãos. A esse
investir mais recursos e para estimular e fortalecer os respeito, Vernor Muñoz, assevera que:
mecanismos de controle público. Referenciada no Plano de
Desenvolvimento da Educação, a proposta de Educação Os processos educativos são a máxima evidência da inter-
Integral representa um esforço para superar a dicotomia da relação entre os direitos humanos. Por essa razão, o direito à
quantidade e qualidade enraizada na história da ampliação da educação é uma garantia individual e um direito social cuja
matrícula nos Sistemas Públicos de Ensino, de modo a expressão máxima é a pessoa e o exercício da sua cidadania.
promover o acesso, a permanência e o sucesso das crianças,
dos adolescentes e dos jovens nas escolas. Trata-se, assim, de Diante do exposto, a concepção de Educação Integral, que
um instrumento, por excelência, para a oferta dos serviços promova a formação para o exercício pleno da cidadania em
educacionais sob o princípio segundo o qual “a educação não é uma sociedade democrática implica uma concepção de Estado
privilégio”, que nomeia a consagrada obra de Anísio Teixeira. que atue na construção dos pilares fundamentais, para que as
A insubstituível ação indutora do Governo Federal, no escolas públicas possam atingir esse fim. Para a concretização
entanto, é coadjuvante, pois a oferta dos serviços educacionais da Educação Integral de Tempo Integral, com foco na
para o atendimento dos direitos sociais é parte da tarefa mais qualidade da aprendizagem, é fundamental a intervenção do
ampla de construção de um Sistema Nacional Articulado, Poder Público na orquestração das ações de diferentes áreas
responsável por institucionalizar o esforço organizado, sociais em que cabe, ao Estado, o planejamento, a coordenação
autônomo e permanente do Estado e da sociedade, por meio da implementação, o monitoramento e a avaliação das ações
da gestão democrática e participativa. A ação integrada das pedagógicas que ocorrem no espaço e tempo escolar e outros
esferas de governo e dos entes federados é a tarefa imediata espaços socioeducativos.
para a ampliação das escolas e da jornada escolar, de modo a Para tanto, dois conceitos podem contribuir para o
viabilizar a proposição progressiva para uma Educação entendimento da atual proposta de Educação Integral:
Integral de Tempo Integral, como prevê a LDB. Para intersetorialidade e governança.
possibilitar, efetivamente, políticas de educação pública de Intersetorialidade, segundo Sposati, requer setorialidade.
qualidade, o MEC induziu ações no marco sistêmico do PDE Não podemos partir do princípio de que ela seja boa, em si
para apoiar transformações na estrutura da escola, na mesma, ou que descaracterize as áreas integradas. Muito pelo
reorganização dos tempos e espaços escolares, na formação de contrário, a setorialidade tem-se apresentado como elemento
professores, nas formas de ensinar, de aprender e de avaliar, e de poder na disputa por recursos e espaços para a construção
na implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos, dentre de políticas públicas específicas e eficientes. Para o debate
outros. Portanto, a Educação Integral não pode, acerca da Educação Integral, do ponto de vista das ações
necessariamente, prescindir da reorganização curricular para preconizadas pelo Ministério da Educação, a intersetoralidade
buscar a unidade entre as diversas realidades dos estudantes impõe-se como necessidade e tarefa, que se devem ao
e suas famílias, seus espaços concretos, tempos vividos, de reconhecimento da desarticulação institucional e da
modo que o aprendizado se dê pela socialização, pelas pulverização na oferta das políticas sociais, mas também ao
vivências culturais, pelo investimento na autonomia, por passo seguinte desse reconhecimento, para articular os
desafios, prazer e alegria e pelo desenvolvimento do ser componentes materiais e ideais que qualifiquem essas
humano em todas as dimensões (MEC: ensino fundamental de políticas. Por isso, é preciso ressaltar a intersetorialidade
9 anos, 2004). como característica de uma nova geração de políticas públicas
que orientam a formulação de uma proposta de Educação
É papel do Governo Federal auxiliar na disseminação das Integral.
novas concepções de currículo, conhecimento,
desenvolvimento humano e aprendizado que, muitas vezes, Governança, segundo Diniz, envolve “capacidade de
estão restritas aos espaços de pesquisa acadêmica. Por outro coordenação do Estado entre as distintas políticas e os
lado, ao desempenhar esse papel, o Ministério da Educação diferentes interesses em jogo, capacidade de comando e de
toma como sua responsabilidade na proposição da Educação direção do Estado e capacidade de implementação”.
Integral a oferta das condições técnico-financeiras que
possibilitem a ampliação dos tempos e dos espaços de que a Nesse sentido, governança requer, do Estado, a capacidade
escola dispõe para organizar o processo de ensino e de de coordenar atores sociais e políticos envolvidos, dotados de
aprendizagem como parte da política de qualificação do poder e legitimidade no processo decisório de políticas
processo educativo no país. Nessa oferta, o Ministério da públicas, para que além de fortalecer contextos democráticos,
Educação procura reconhecer demandas, identificar se possa alcançar objetivos comuns a um menor custo, o que
oportunidades e oferecer estratégias sustentáveis, por meio de potencializa novas ações. A governança também torna mais
uma dinâmica especificamente regulada entre os agentes, transparentes as relações entre estado e sociedade e contribui
setores da sociedade e esferas de governo, para manter as para que o Estado seja capaz de responder adequadamente às

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demandas sociais, implementando intervenções ajustadas à


resolução dos problemas diagnosticados.
Considerando o sentido intersetorial que a Educação
Integral adquiriu nas reflexões e marcos legais, Carvalho
destaca que uma nova “arquitetura de ação pública” foi Diretrizes Curriculares
colocada em ação. Com esse efeito, a autora enfatiza a função Nacionais para a Educação
que cabe ao Estado: Básica e para o Ensino
O Estado tem aqui papel central na regulação e garantia da
prestação dos serviços de direito dos cidadãos. Não se Fundamental e Médio.
compreende mais o Estado como agente único da ação pública,
mas espera-se que cumpra sua missão de intelligentia do fazer
público e, em consequência, exerça papel indutor e articulador MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE
de esforços governamentais e societários em torno de EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
prioridades da política pública.
Na articulação promovida pelo Estado deve-se ressaltar a RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 20102
importância de se considerar o aluno como centro de um fazer
educativo integrado que movimenta a parceria entre agentes Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
públicos (gestão intersetorial) e sociedade civil (gestão Educação Básica.
comunitária participativa). A qualidade da aprendizagem do
aluno é o que, atualmente, concretiza seu direito à educação e O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho
a direção na qual devem ser envidados todos os esforços da Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e de
Educação Integral, no sentido de reduzir o baixo rendimento conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do artigo 9º
escolar. da Lei nº 4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº
Ao considerar os contextos de vulnerabilidade e risco 9.131/1995, nos artigos 36, 36A, 36-B, 36-C, 36-D, 37, 39, 40,
social, é preciso reconhecer que a educação constitui-se em 41 e 42 da Lei nº 9.394/1996, com a redação dada pela Lei nº
importante recurso para o rompimento com os ciclos de 11.741/2008, bem como no Decreto nº 5.154/2004, e com
pobreza, e este é o desafio convergente e o compromisso das fundamento no Parecer CNE/CEB nº 7/2010, homologado por
principais políticas sociais do Brasil na atualidade. Vale Despacho do Senhor Ministro de Estado da Educação,
destacar que já são observadas, no país, iniciativas de publicado no DOU de 9 de julho de 2010.
articulação entre as políticas públicas de diferentes áreas
sociais. A Assistência Social e a Educação, por exemplo, têm a RESOLVE:
frequência à escola como critério para a permanência no
Programa Bolsa Família, sendo verificada por uma articulação Art. 1º A presente Resolução define Diretrizes Curriculares
de ações interministeriais. Nacionais Gerais para o conjunto orgânico, sequencial e
articulado das etapas e modalidades da Educação Básica,
Promover essa aproximação entre as diversas arenas da baseando-se no direito de toda pessoa ao seu pleno
vida cotidiana significa, por sua vez, articular diversos setores desenvolvimento, à preparação para o exercício da cidadania
das políticas públicas, fazendo uso dos diversos equipamentos e à qualificação para o trabalho, na vivência e convivência em
sociais. Neste sentido, o Projeto de Educação Integral, ora ambiente educativo, e tendo como fundamento a
proposto, dá concretude ao princípio da transversalidade das responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a
políticas públicas, que deveria estar incorporado às sociedade têm de garantir a democratização do acesso, a
concepções curriculares da Educação Básica. É necessário inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso das
promover maior articulação entre as atividades desenvolvidas crianças, dos jovens e adultos na instituição educacional, a
no campo da educação formal, pelos estabelecimentos de aprendizagem para continuidade dos estudos e a extensão da
ensino e órgãos de gestão – e os demais setores – saúde, obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica.
cultura, esporte, lazer, justiça, assistência social, entre outros.
Recentemente, inúmeros planos de ação governamentais e TÍTULO I
programas intersetoriais propõem essa articulação. Sem a OBJETIVOS
ambição de fazermos aqui um inventário exaustivo,
poderíamos citar o Plano Nacional de Educação em Direitos Art. 2º Estas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
Humanos, o Plano Nacional de Defesa e Garantia do Direito da a Educação Básica têm por objetivos:
Criança e do I - sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da
Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária, o Plano Educação Básica contidos na Constituição, na Lei de Diretrizes
de Enfrentamento do Abuso e Exploração Sexual de Crianças e e Bases da Educação Nacional (LDB) e demais dispositivos
Adolescentes e o Programa Mais Educação. Também, por meio legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para
do Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, foi instituído, assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco
entre o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde, o os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;
Programa Saúde na Escola, que pretende elaborar estratégias II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve
de articulação das políticas nos dois setores. É preciso subsidiar a formulação, a execução e a avaliação do projeto
conhecer essas proposições e, dependendo da proposta político-pedagógico da escola de Educação Básica;
escolhida, articulá-las ao objetivo comum de construção de um III - orientar os cursos de formação inicial e continuada de
projeto de Educação Integral, com qualidade social. docentes e demais profissionais da Educação Básica, os
sistemas educativos dos diferentes entes federados e as
escolas que os integram, indistintamente da rede a que
pertençam.

2 Resolução CNE/CEB 4/2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho

de 2010, Seção 1, p. 824.

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Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais específicas as funções distributiva, supletiva, normativa, de supervisão e
para as etapas e modalidades da Educação Básica devem avaliação da educação nacional, respeitada a autonomia dos
evidenciar o seu papel de indicador de opções políticas, sistemas e valorizadas as diferenças regionais.
sociais, culturais, educacionais, e a função da educação, na sua
relação com um projeto de Nação, tendo como referência os TÍTULO IV
objetivos constitucionais, fundamentando-se na cidadania e na ACESSO E PERMANÊNCIA PARA A CONQUISTA DA
dignidade da pessoa, o que pressupõe igualdade, liberdade, QUALIDADE SOCIAL
pluralidade, diversidade, respeito, justiça social, solidariedade
e sustentabilidade. Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno
acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das aprendizagens
TÍTULO II na escola e seu sucesso, com redução da evasão, da retenção e
REFERÊNCIAS CONCEITUAIS da distorção de idade/ano/série, resulta na qualidade social da
educação, que é uma conquista coletiva de todos os sujeitos do
Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacional de processo educativo.
educação responsabilizam o poder público, a família, a
sociedade e a escola pela garantia a todos os educandos de um Art. 9º A escola de qualidade social adota como
ensino ministrado de acordo com os princípios de: centralidade o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe
I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, atendimento aos seguintes requisitos:
permanência e sucesso na escola; I - revisão das referências conceituais quanto aos
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços
cultura, o pensamento, a arte e o saber; sociais na escola e fora dela;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; II - consideração sobre a inclusão, a valorização das
IV - respeito à liberdade e aos direitos; diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade
V - coexistência de instituições públicas e privadas de cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações de
ensino; cada comunidade;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela
oficiais; aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como
VII - valorização do profissional da educação escolar; instrumento de contínua progressão dos estudantes;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da IV - inter-relação entre organização do currículo, do
legislação e das normas dos respectivos sistemas de ensino; trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor,
IX - garantia de padrão de qualidade; tendo como objetivo a aprendizagem do estudante;
X - valorização da experiência extraescolar; V - preparação dos profissionais da educação, gestores,
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as professores, especialistas, técnicos, monitores e outros;
práticas sociais. VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a
infraestrutura entendida como espaço formativo dotado de
Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e
indispensável para o exercício da cidadania em plenitude, da acessibilidade;
qual depende a possibilidade de conquistar todos os demais VII - integração dos profissionais da educação, dos
direitos, definidos na Constituição Federal, no Estatuto da estudantes, das famílias, dos agentes da comunidade
Criança e do Adolescente (ECA), na legislação ordinária e nas interessados na educação;
demais disposições que consagram as prerrogativas do VIII - valorização dos profissionais da educação, com
cidadão. programa de formação continuada, critérios de acesso,
permanência, remuneração compatível com a jornada de
Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as trabalho definida no projeto político-pedagógico;
dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de
buscando recuperar, para a função social desse nível da assistência social e desenvolvimento humano, cidadania,
educação, a sua centralidade, que é o educando, pessoa em ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde,
formação na sua essência humana. meio ambiente.

TÍTULO III Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mínimos


SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO de qualidade da educação traduz a necessidade de reconhecer
que a sua avaliação associa-se à ação planejada, coletivamente,
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a pelos sujeitos da escola.
institucionalização do regime de colaboração entre União, § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas pela
Estados, Distrito Federal e Municípios, no contexto da escola supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
estrutura federativa brasileira, em que convivem sistemas I - aos princípios e às finalidades da educação, além do
educacionais autônomos, para assegurar efetividade ao reconhecimento e da análise dos dados indicados pelo Índice
projeto da educação nacional, vencer a fragmentação das de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou outros
políticas públicas e superar a desarticulação institucional. indicadores, que o complementem ou substituam;
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um II - à relevância de um projeto político-pedagógico
Sistema Nacional de Educação, no qual cada ente federativo, concebido e assumido colegiadamente pela comunidade
com suas peculiares competências, é chamado a colaborar educacional, respeitadas as múltiplas diversidades e a
para transformar a Educação Básica em um sistema orgânico, pluralidade cultural;
sequencial e articulado. III - à riqueza da valorização das diferenças manifestadas
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade intencional pelos sujeitos do processo educativo, em seus diversos
e organicamente concebida, que se justifica pela realização de segmentos, respeitados o tempo e o contexto sociocultural;
atividades voltadas para as mesmas finalidades ou para a IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno-
concretização dos mesmos objetivos. Qualidade Inicial – CAQi);
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados § 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-se um
pressupõe o estabelecimento de regras de equivalência entre padrão mínimo de insumos, que tem como base um

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investimento com valor calculado a partir das despesas estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de
essenciais ao desenvolvimento dos processos e procedimentos práticas educativas formais e não-formais.
formativos, que levem, gradualmente, a uma educação § 2º Na organização da proposta curricular, deve-se
integral, dotada de qualidade social: assegurar o entendimento de currículo como experiências
I - creches e escolas que possuam condições de escolares que se desdobram em torno do conhecimento,
infraestrutura e adequados equipamentos; permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e
II - professores qualificados com remuneração adequada e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente
compatível com a de outros profissionais com igual nível de acumulados e contribuindo para construir as identidades dos
formação, em regime de trabalho de 40 (quarenta) horas em educandos.
tempo integral em uma mesma escola; § 3º A organização do percurso formativo, aberto e
III - definição de uma relação adequada entre o número de contextualizado, deve ser construída em função das
alunos por turma e por professor, que assegure aprendizagens peculiaridades do meio e das características, interesses e
relevantes; necessidades dos estudantes, incluindo não só os
IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na
responda às exigências do que se estabelece no projeto legislação e nas normas educacionais, mas outros, também, de
político-pedagógico. modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar, e
assegurando:
TÍTULO V I - concepção e organização do espaço curricular e físico
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR: CONCEITO, LIMITES, que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes e
POSSIBILIDADES equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas,
igualmente, os espaços de outras escolas e os socioculturais e
Art. 11. A escola de Educação Básica é o espaço em que se esportivo recreativos do entorno, da cidade e mesmo da
ressignifica e se recria a cultura herdada, reconstruindo-se as região;
identidades culturais, em que se aprende a valorizar as raízes II - ampliação e diversificação dos tempos e espaços
próprias das diferentes regiões do País. curriculares que pressuponham profissionais da educação
Parágrafo único. Essa concepção de escola exige a dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social,
superação do rito escolar, desde a construção do currículo até com responsabilidade compartilhada com as demais
os critérios que orientam a organização do trabalho escolar em autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder
sua multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até
aconchego, para garantir o bem-estar de crianças, porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da
adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento entre todas sociedade;
as pessoas. III - escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar,
pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela
Art. 12. Cabe aos sistemas educacionais, em geral, definir o escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de
programa de escolas de tempo parcial diurno (matutino ou pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos
vespertino), tempo parcial noturno, e tempo integral (turno e escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz
contra turno ou turno único com jornada escolar de 7 horas, curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de
no mínimo, durante todo o período letivo), tendo em vista a redes de aprendizagem;
amplitude do papel socioeducativo atribuído ao conjunto IV - compreensão da matriz curricular entendida como
orgânico da Educação Básica, o que requer outra organização propulsora de movimento, dinamismo curricular e
e gestão do trabalho pedagógico. educacional, de tal modo que os diferentes campos do
§ 1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou conhecimento possam se coadunar com o conjunto de
diferentes espaços educativos, nos quais a permanência do atividades educativas;
estudante vincula-se tanto à quantidade e qualidade do tempo V - organização da matriz curricular entendida como
diário de escolarização quanto à diversidade de atividades de alternativa operacional que embase a gestão do currículo
aprendizagens. escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na
§ 2º A jornada em tempo integral com qualidade implica a organização do tempo e do espaço curricular, distribuição e
necessidade da incorporação efetiva e orgânica, no currículo, controle do tempo dos trabalhos docentes), passo para uma
de atividades e estudos pedagogicamente planejados e gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada
acompanhados. por eixos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes
§ 3º Os cursos em tempo parcial noturno devem campos do conhecimento;
estabelecer metodologia adequada às idades, à maturidade e à VI - entendimento de que eixos temáticos são uma forma
experiência de aprendizagens, para atenderem aos jovens e de organizar o trabalho pedagógico, limitando a dispersão do
adultos em escolarização no tempo regular ou na modalidade conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem
de Educação de Jovens e Adultos. objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta
pedagógica centrada na visão interdisciplinar, superando o
CAPÍTULO I isolamento das pessoas e a compartimentalização de
FORMAS PARA A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR conteúdos rígidos;
VII - estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os utilizando-se recursos tecnológicos de informação e
princípios educacionais garantidos à educação, assegurados comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de
no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o conjunto de superar a distância entre estudantes que aprendem a receber
valores e práticas que proporcionam a produção, a informação com rapidez utilizando a linguagem digital e
socialização de significados no espaço social e contribuem professores que dela ainda não se apropriaram;
intensamente para a construção de identidades socioculturais VIII - constituição de rede de aprendizagem, entendida
dos educandos. como um conjunto de ações didático-pedagógicas, com foco na
§ 1º O currículo deve difundir os valores fundamentais do aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela
interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do consciência de que o processo de comunicação entre
respeito ao bem comum e à ordem democrática, considerando estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e
as condições de escolaridade dos estudantes em cada recursos diversos;

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IX - adoção de rede de aprendizagem, também, como locais, regionais, nacionais e transnacionais, tendo em vista as
ferramenta didático-pedagógica relevante nos programas de demandas do mundo do trabalho e da internacionalização de
formação inicial e continuada de profissionais da educação, toda ordem de relações.
sendo que esta opção requer planejamento sistemático § 3º A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005,
integrado estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto é obrigatoriamente ofertada no Ensino Médio, embora
de unidades escolares; facultativa para o estudante, bem como possibilitada no
§ 4º A transversalidade é entendida como uma forma de Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano.
organizar o trabalho didáticopedagógico em que temas e eixos
temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas Art. 16. Leis específicas, que complementam a LDB,
convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. determinam que sejam incluídos componentes não
§ 5º A transversalidade difere da interdisciplinaridade e disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao meio
ambas complementam-se, rejeitando a concepção de ambiente e à condição e direitos do idoso.
conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto
e acabado. Art. 17. No Ensino Fundamental e no Ensino Médio,
§ 6º A transversalidade refere-se à dimensão didático- destinar-se-ão, pelo menos, 20% do total da carga horária
pedagógica, e a interdisciplinaridade, à abordagem anual ao conjunto de programas e projetos interdisciplinares
epistemológica dos objetos de conhecimento. eletivos criados pela escola, previsto no projeto pedagógico, de
modo que os estudantes do Ensino Fundamental e do Médio
CAPÍTULO II possam escolher aquele programa ou projeto com que se
FORMAÇÃO BÁSICA COMUM E PARTE DIVERSIFICADA identifiquem e que lhes permitam melhor lidar com o
conhecimento e a experiência.
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica § 1º Tais programas e projetos devem ser desenvolvidos
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores produzidos de modo dinâmico, criativo e flexível, em articulação com a
culturalmente, expressos nas políticas públicas e gerados nas comunidade em que a escola esteja inserida.
instituições produtoras do conhecimento científico e § 2º A interdisciplinaridade e a contextualização devem
tecnológico; no mundo do trabalho; no desenvolvimento das assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes
linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na disciplinas e eixos temáticos, perpassando todo o currículo e
produção artística; nas formas diversas de exercício da propiciando a interlocução entre os saberes e os diferentes
cidadania; e nos movimentos sociais. campos do conhecimento.
§ 1º Integram a base nacional comum nacional: a) a Língua
Portuguesa; TÍTULO VI
b) a Matemática; ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade
social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo Art. 18. Na organização da Educação Básica, devem-se
da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena, observar as Diretrizes Curriculares Nacionais comuns a todas
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão, as suas etapas, modalidades e orientações temáticas,
incluindo-se a música; respeitadas as suas especificidades e as dos sujeitos a que se
e) a Educação Física; destinam.
f) o Ensino Religioso. § 1º As etapas e as modalidades do processo de
§ 2º Tais componentes curriculares são organizados pelos escolarização estruturam-se de modo orgânico, sequencial e
sistemas educativos, em forma de áreas de conhecimento, articulado, de maneira complexa, embora permanecendo
disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade individualizadas ao logo do percurso do estudante, apesar das
dos diferentes campos do conhecimento, por meio dos quais mudanças por que passam:
se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao exercício da I - a dimensão orgânica é atendida quando são observadas
cidadania, em ritmo compatível com as etapas do as especificidades e as diferenças de cada sistema educativo,
desenvolvimento integral do cidadão. sem perder o que lhes é comum: as semelhanças e as
§ 3º A base nacional comum e a parte diversificada não identidades que lhe são inerentes;
podem se constituir em dois blocos distintos, com disciplinas II - a dimensão sequencial compreende os processos
específicas para cada uma dessas partes, mas devem ser educativos que acompanham as exigências de aprendizagens
organicamente planejadas e geridas de tal modo que as definidas em cada etapa do percurso formativo, contínuo e
tecnologias de informação e comunicação perpassem progressivo, da Educação Básica até a Educação Superior,
transversalmente a proposta curricular, desde a Educação constituindo-se em diferentes e insubstituíveis momentos da
Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção aos projetos vida dos educandos;
políticopedagógico. III - a articulação das dimensões orgânica e sequencial das
etapas e das modalidades da Educação Básica, e destas com a
Art. 15. A parte diversificada enriquece e complementa a Educação Superior, implica ação coordenada e integradora do
base nacional comum, prevendo o estudo das características seu conjunto.
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da § 2º A transição entre as etapas da Educação Básica e suas
comunidade escolar, perpassando todos os tempos e espaços fases requer formas de articulação das dimensões orgânica e
curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Ensino sequencial que assegurem aos educandos, sem tensões e
Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos rupturas, a continuidade de seus processos peculiares de
tenham acesso à escola. aprendizagem e desenvolvimento.
§ 1º A parte diversificada pode ser organizada em temas
gerais, na forma de eixos temáticos, selecionados Art. 19. Cada etapa é delimitada por sua finalidade, seus
colegiadamente pelos sistemas educativos ou pela unidade princípios, objetivos e diretrizes educacionais,
escolar. fundamentando-se na inseparabilidade dos conceitos
§ 2º A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua referenciais: cuidar e educar, pois esta é uma concepção
estrangeira moderna na parte diversificada, cabendo sua norteadora do projeto político-pedagógico elaborado e
escolha à comunidade escolar, dentro das possibilidades da executado pela comunidade educacional.
escola, que deve considerar o atendimento das características

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Art. 20. O respeito aos educandos e a seus tempos mentais, § 5º A gestão da convivência e as situações em que se torna
sócioemocionais, culturais e identitários é um princípio necessária a solução de problemas individuais e coletivos
orientador de toda a ação educativa, sendo responsabilidade pelas crianças devem ser previamente programadas, com foco
dos sistemas a criação de condições para que crianças, nas motivações estimuladas e orientadas pelos professores e
adolescentes, jovens e adultos, com sua diversidade, tenham a demais profissionais da educação e outros de áreas
oportunidade de receber a formação que corresponda à idade pertinentes, respeitados os limites e as potencialidades de
própria de percurso escolar. cada criança e os vínculos desta com a família ou com o seu
responsável direto.
CAPÍTULO I
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA Seção II
Ensino Fundamental
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes
momentos constitutivos do desenvolvimento educacional: Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, duração, de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos
englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da 6 (seis) anos de idade, tem duas fases sequentes com
criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com características próprias, chamadas de anos iniciais, com 5
duração de 2 (dois) anos; (cinco) anos de duração, em regra para estudantes de 6 (seis)
II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, com 4 (quatro) anos de
duração de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas duração, para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos.
fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher significa
finais; III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) também cuidar e educar, como forma de garantir a
anos. aprendizagem dos conteúdos curriculares, para que o
Parágrafo único. Essas etapas e fases têm previsão de estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe
idades próprias, as quais, no entanto, são diversas quando se permitam usufruir dos bens culturais disponíveis na
atenta para sujeitos com características que fogem à norma, comunidade, na sua cidade ou na sociedade em geral, e que lhe
como é o caso, entre outros: possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado desses
I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar; bens.
II - de retenção, repetência e retorno de quem havia
abandonado os estudos; Art. 24. Os objetivos da formação básica das crianças,
III - de portadores de deficiência limitadora; definidos para a Educação Infantil, prolongam-se durante os
IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta anos iniciais do Ensino Fundamental, especialmente no
incompleta; primeiro, e completam-se nos anos finais, ampliando e
V - de habitantes de zonas rurais; intensificando, gradativamente, o processo educativo,
VI - de indígenas e quilombolas; mediante:
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
internação, jovens e adultos em situação de privação de como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
liberdade nos estabelecimentos penais. cálculo;
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três)
Seção I primeiros anos;
Educação Infantil III - compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o valores em que se fundamenta a sociedade;
desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
afetivo, psicológico, intelectual, social, complementando a tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
ação da família e da comunidade. formação de atitudes e valores;
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
contextos socioculturais, socioeconômicos e étnicos, por isso solidariedade humana e de respeito recíproco em que se
devem ter a oportunidade de ser acolhidas e respeitadas pela assenta a vida social.
escola e pelos profissionais da educação, com base nos
princípios da individualidade, igualdade, liberdade, Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem
diversidade e pluralidade. estabelecer especial forma de colaboração visando à oferta do
§ 2º Para as crianças, independentemente das diferentes Ensino Fundamental e à articulação sequente entre a primeira
condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas, étnico- fase, no geral assumida pelo Município, e a segunda, pelo
raciais, socioeconômicas, de origem, de religião, entre outras, Estado, para evitar obstáculos ao acesso de estudantes que se
as relações sociais e intersubjetivas no espaço escolar transfiram de uma rede para outra para completar esta
requerem a atenção intensiva dos profissionais da educação, escolaridade obrigatória, garantindo a organicidade e a
durante o tempo de desenvolvimento das atividades que lhes totalidade do processo formativo do escolar.
são peculiares, pois este é o momento em que a curiosidade
deve ser estimulada, a partir da brincadeira orientada pelos Seção III
profissionais da educação. Ensino Médio
§ 3º Os vínculos de família, dos laços de solidariedade
humana e do respeito mútuo em que se assenta a vida social Art. 26. O Ensino Médio, etapa final do processo formativo
devem iniciar-se na Educação Infantil e sua intensificação deve da Educação Básica, é orientado por princípios e finalidades
ocorrer ao longo da Educação Básica. que preveem:
§ 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
promovendo ações a partir das quais as unidades de Educação adquiridos no Ensino
Infantil sejam dotadas de condições para acolher as crianças, Fundamental, possibilitando o prosseguimento de
em estreita relação com a família, com agentes sociais e com a estudos;
sociedade, prevendo programas e projetos em parceria, II - a preparação básica para a cidadania e o trabalho,
formalmente estabelecidos. tomado este como princípio educativo, para continuar

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aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas Seção II


condições de ocupação e aperfeiçoamento posteriores; Educação Especial
III - o desenvolvimento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e estética, o desenvolvimento da Art. 29. A Educação Especial, como modalidade transversal
autonomia intelectual e do pensamento crítico; a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte
IV - a compreensão dos fundamentos científicos e integrante da educação regular, devendo ser prevista no
tecnológicos presentes na sociedade contemporânea, projeto político-pedagógico da unidade escolar.
relacionando a teoria com a prática. § 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes
§ 1º O Ensino Médio deve ter uma base unitária sobre a com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
qual podem se assentar possibilidades diversas como altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino
preparação geral para o trabalho ou, facultativamente, para regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE),
profissões técnicas; na ciência e na tecnologia, como iniciação complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em
científica e tecnológica; na cultura, como ampliação da salas de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da
formação cultural. rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou
§ 2º A definição e a gestão do currículo inscrevem-se em filantrópicas sem fins lucrativos.
uma lógica que se dirige aos jovens, considerando suas § 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições para
singularidades, que se situam em um tempo determinado. que o professor da classe comum possa explorar as
§ 3º Os sistemas educativos devem prever currículos potencialidades de todos os estudantes, adotando uma
flexíveis, com diferentes alternativas, para que os jovens pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva e,
tenham a oportunidade de escolher o percurso formativo que na interface, o professor do AEE deve identificar habilidades e
atenda seus interesses, necessidades e aspirações, para que se necessidades dos estudantes, organizar e orientar sobre os
assegure a permanência dos jovens na escola, com proveito, serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade para a
até a conclusão da Educação Básica. participação e aprendizagem dos estudantes.
§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de
CAPÍTULO II ensino devem observar as seguintes orientações
MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA fundamentais:
I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes no
Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode ensino regular;
corresponder uma ou mais das modalidades de ensino: II - a oferta do atendimento educacional especializado;
Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação III - a formação de professores para o AEE e para o
Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas;
Escolar Indígena e Educação a Distância. IV - a participação da comunidade escolar;
V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e
Seção I informações, nos mobiliários e equipamentos e nos
Educação de Jovens e Adultos transportes;
VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais.
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se
aos que se situam na faixa etária superior à considerada Seção III
própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do Educação Profissional e Tecnológica
Ensino Médio.
§ 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no
cursos gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-lhes cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
características do alunado, seus interesses, condições de vida dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e articula-se
e de trabalho, mediante cursos, exames, ações integradas e com o ensino regular e com outras modalidades educacionais:
complementares entre si, estruturados em um projeto Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação a
pedagógico próprio. Distância.
§ 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação
Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar- Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a Educação
se pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de tempo e Profissional e Tecnológica ocorre na oferta de cursos de
espaço, para que seja(m): formação inicial e continuada ou qualificação profissional e
I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e nos de Educação Profissional Técnica de nível médio.
adolescentes, de modo a permitir percursos individualizados e
conteúdos significativos para os jovens e adultos; Art. 32. A Educação Profissional Técnica de nível médio é
II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes desenvolvida nas seguintes formas:
necessidades dos estudantes no processo de aprendizagem, I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas: a)
mediante atividades diversificadas; integrada, na mesma instituição; ou
III - valorizada a realização de atividades e vivências b) concomitante, na mesma ou em distintas instituições;
socializadoras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
de enriquecimento do percurso formativo dos estudantes; concluído o Ensino Médio.
IV - desenvolvida a agregação de competências para o § 1º Os cursos articulados com o Ensino Médio,
trabalho; organizados na forma integrada, são cursos de matrícula
V - promovida a motivação e a orientação permanente dos única, que conduzem os educandos à habilitação profissional
estudantes, visando maior participação nas aulas e seu melhor técnica de nível médio ao mesmo tempo em que concluem a
aproveitamento e desempenho; última etapa da Educação Básica.
VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, § 2º Os cursos técnicos articulados com o Ensino Médio,
destinada, especificamente, aos educadores de jovens e ofertados na forma concomitante, com dupla matrícula e dupla
adultos. certificação, podem ocorrer:
I - na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
oportunidades educacionais disponíveis;

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II - em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento das


oportunidades educacionais disponíveis; escolas indígenas, é reconhecida a sua condição de
III - em instituições de ensino distintas, mediante possuidores de normas e ordenamento jurídico próprios, com
convênios de intercomplementaridade, com planejamento e ensino intercultural e bilíngue, visando à valorização plena das
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. culturas dos povos indígenas e à afirmação e manutenção de
§ 3º São admitidas, nos cursos de Educação Profissional sua diversidade étnica.
Técnica de nível médio, a organização e a estruturação em
etapas que possibilitem qualificação profissional Art. 38. Na organização de escola indígena, deve ser
intermediária. considerada a participação da comunidade, na definição do
§ 4º A Educação Profissional e Tecnológica pode ser modelo de organização e gestão, bem como:
desenvolvida por diferentes estratégias de educação I - suas estruturas sociais;
continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de II - suas práticas socioculturais e religiosas;
trabalho, incluindo os programas e cursos de aprendizagem, III - suas formas de produção de conhecimento, processos
previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). próprios e métodos de ensino-aprendizagem;
IV - suas atividades econômicas;
Art. 33. A organização curricular da Educação Profissional V - edificação de escolas que atendam aos interesses das
e Tecnológica por eixo tecnológico fundamenta-se na comunidades indígenas;
identificação das tecnologias que se encontram na base de uma VI - uso de materiais didático-pedagógicos produzidos de
dada formação profissional e dos arranjos lógicos por elas acordo com o contexto sociocultural de cada povo indígena.
constituídos.
Seção VI
Art. 34. Os conhecimentos e as habilidades adquiridos Educação a Distância
tanto nos cursos de Educação Profissional e Tecnológica, como
os adquiridos na prática laboral pelos trabalhadores, podem Art. 39. A modalidade Educação a Distância caracteriza-se
ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para pela mediação didáticopedagógica nos processos de ensino e
prosseguimento ou conclusão de estudos. aprendizagem que ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
Seção IV professores desenvolvendo atividades educativas em lugares
Educação Básica do Campo ou tempos diversos.

Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do Campo, a Art. 40. O credenciamento para a oferta de cursos e
educação para a população rural está prevista com adequações programas de Educação de Jovens e Adultos, de Educação
necessárias às peculiaridades da vida no campo e de cada Especial e de Educação Profissional Técnica de nível médio e
região, definindo-se orientações para três aspectos essenciais Tecnológica, na modalidade a distância, compete aos sistemas
à organização da ação pedagógica: estaduais de ensino, atendidas a regulamentação federal e as
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às normas complementares desses sistemas.
reais necessidades e interesses dos estudantes da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do Seção VII
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições Educação Escolar Quilombola
climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em
unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura,
Art. 36. A identidade da escola do campo é definida pela requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade
vinculação com as questões inerentes à sua realidade, com étnico-cultural de cada comunidade e formação específica de
propostas pedagógicas que contemplam sua diversidade em seu quadro docente, observados os princípios constitucionais,
todos os aspectos, tais como sociais, culturais, políticos, a base nacional comum e os princípios que orientam a
econômicos, de gênero, geração e etnia. Educação Básica brasileira.
Parágrafo único. Formas de organização e metodologias Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento das
pertinentes à realidade do campo devem ter acolhidas, como a escolas quilombolas, bem com nas demais, deve ser
pedagogia da terra, pela qual se busca um trabalho pedagógico reconhecida e valorizada a diversidade cultural.
fundamentado no princípio da sustentabilidade, para
assegurar a preservação da vida das futuras gerações, e a TÍTULO VII
pedagogia da alternância, na qual o estudante participa, ELEMENTOS CONSTITUTIVOS PARA A ORGANIZAÇÃO
concomitante e alternadamente, de dois ambientes/situações DAS
de aprendizagem: o escolar e o laboral, supondo parceria DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS GERAIS PARA
educativa, em que ambas as partes são corresponsáveis pelo A EDUCAÇÃO BÁSICA
aprendizado e pela formação do estudante.
Art. 42. São elementos constitutivos para a
Seção V operacionalização destas Diretrizes o projeto político-
Educação Escolar Indígena pedagógico e o regimento escolar; o sistema de avaliação; a
gestão democrática e a organização da escola; o professor e o
Art. 37. A Educação Escolar Indígena ocorre em unidades programa de formação docente.
educacionais inscritas em suas terras e culturas, as quais têm
uma realidade singular, requerendo pedagogia própria em CAPÍTULO I
respeito à especificidade étnico-cultural de cada povo ou O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMENTO
comunidade e formação específica de seu quadro docente, ESCOLAR
observados os princípios constitucionais, a base nacional
comum e os princípios que orientam a Educação Básica Art. 43. O projeto político-pedagógico,
brasileira. interdependentemente da autonomia pedagógica,
administrativa e de gestão financeira da instituição

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educacional, representa mais do que um documento, sendo um sujeitos, das suas normas pedagógicas, incluindo os critérios
dos meios de viabilizar a escola democrática para todos e de de acesso, promoção, mobilidade do estudante, dos direitos e
qualidade social. deveres dos seus sujeitos: estudantes, professores, técnicos e
§ 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se na funcionários, gestores, famílias, representação estudantil e
busca de sua identidade, que se expressa na construção de seu função das suas instâncias colegiadas.
projeto pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto
manifestação de seu ideal de educação e que permite uma nova CAPÍTULO II
e democrática ordenação pedagógica das relações escolares. AVALIAÇÃO
§ 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus
sujeitos, articular a formulação do projeto político-pedagógico Art. 46. A avaliação no ambiente educacional compreende
com os planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o 3 (três) dimensões básicas:
contexto em que a escola se situa e as necessidades locais e de I - avaliação da aprendizagem;
seus estudantes. II - avaliação institucional interna e externa;
§ 3º A missão da unidade escolar, o papel socioeducativo, III - avaliação de redes de Educação Básica.
artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero, etnia e
diversidade cultural que compõem as ações educativas, a Seção I
organização e a gestão curricular são componentes Avaliação da aprendizagem
integrantes do projeto político-pedagógico, devendo ser
previstas as prioridades institucionais que a identificam, Art. 47. A avaliação da aprendizagem baseia-se na
definindo o conjunto das ações educativas próprias das etapas concepção de educação que norteia a relação professor-
da Educação Básica assumidas, de acordo com as estudante-conhecimento-vida em movimento, devendo ser
especificidades que lhes correspondam, preservando a sua um ato reflexo de reconstrução da prática pedagógica
articulação sistêmica. avaliativa, premissa básica e fundamental para se questionar o
educar, transformando a mudança em ato, acima de tudo,
Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de político.
construção coletiva que respeita os sujeitos das § 1º A validade da avaliação, na sua função diagnóstica,
aprendizagens, entendidos como cidadãos com direitos à liga-se à aprendizagem, possibilitando o aprendiz a recriar,
proteção e à participação social, deve contemplar: refazer o que aprendeu, criar, propor e, nesse contexto, aponta
I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do para uma avaliação global, que vai além do aspecto
processo educativo, contextualizados no espaço e no tempo; quantitativo, porque identifica o desenvolvimento da
II - a concepção sobre educação, conhecimento, avaliação autonomia do estudante, que é indissociavelmente ético,
da aprendizagem e mobilidade escolar; social, intelectual.
III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos – § 2º Em nível operacional, a avaliação da aprendizagem
que justificam e instituem a vida da e na escola, do ponto de tem, como referência, o conjunto de conhecimentos,
vista intelectual, cultural, emocional, afetivo, socioeconômico, habilidades, atitudes, valores e emoções que os sujeitos do
como base da reflexão sobre as relações vida-conhecimento- processo educativo projetam para si de modo integrado e
culturaprofessor-estudante e instituição escolar; articulado com aqueles princípios definidos para a Educação
IV - as bases norteadoras da organização do trabalho Básica, redimensionados para cada uma de suas etapas, bem
pedagógico; assim no projeto político-pedagógico da escola.
V - a definição de qualidade das aprendizagens e, por § 3º A avaliação na Educação Infantil é realizada mediante
consequência, da escola, no contexto das desigualdades que se acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança,
refletem na escola; sem o objetivo de promoção, mesmo em se tratando de acesso
VI - os fundamentos da gestão democrática, compartilhada ao Ensino Fundamental.
e participativa (órgãos colegiados e de representação § 4º A avaliação da aprendizagem no Ensino Fundamental
estudantil); e no Ensino Médio, de caráter formativo predominando sobre
VII - o programa de acompanhamento de acesso, de o quantitativo e classificatório, adota uma estratégia de
permanência dos estudantes e de superação da retenção progresso individual e contínuo que favorece o crescimento do
escolar; educando, preservando a qualidade necessária para a sua
VIII - o programa de formação inicial e continuada dos formação escolar, sendo organizada de acordo com regras
profissionais da educação, regentes e não regentes; comuns a essas duas etapas.
IX - as ações de acompanhamento sistemático dos
resultados do processo de avaliação interna e externa (Sistema Seção II
de Avaliação da Educação Básica – SAEB, Prova Brasil, dados Promoção, aceleração de estudos e classificação
estatísticos, pesquisas sobre os sujeitos da Educação Básica),
incluindo dados referentes ao IDEB e/ou que complementem Art. 48. A promoção e a classificação no Ensino
ou substituam os desenvolvidos pelas unidades da federação e Fundamental e no Ensino Médio podem ser utilizadas em
outros; qualquer ano, série, ciclo, módulo ou outra unidade de
X - a concepção da organização do espaço físico da percurso adotada, exceto na primeira do Ensino Fundamental,
instituição escolar de tal modo que este seja compatível com alicerçando-se na orientação de que a avaliação do rendimento
as características de seus sujeitos, que atenda as normas de escolar observará os seguintes critérios:
acessibilidade, além da natureza e das finalidades da educação, I - avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
deliberadas e assumidas pela comunidade educacional. estudante, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela eventuais provas finais;
comunidade escolar e conhecido por todos, constitui-se em um II - possibilidade de aceleração de estudos para estudantes
dos instrumentos de execução do projeto políticopedagógico, com atraso escolar;
com transparência e responsabilidade. III - possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
Parágrafo único. O regimento escolar trata da natureza e mediante verificação do aprendizado;
da finalidade da instituição, da relação da gestão democrática IV - aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
com os órgãos colegiados, das atribuições de seus órgãos e

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V - oferta obrigatória de apoio pedagógico destinado à § 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino público
recuperação contínua e concomitante de aprendizagem de e prevista, em geral, para todas as instituições de ensino, o que
estudantes com déficit de rendimento escolar, a ser previsto implica decisões coletivas que pressupõem a participação da
no regimento escolar. comunidade escolar na gestão da escola e a observância dos
princípios e finalidades da educação.
Art. 49. A aceleração de estudos destina-se a estudantes § 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve se
com atraso escolar, àqueles que, por algum motivo, empenhar para constituir-se em espaço das diferenças e da
encontram-se em descompasso de idade, por razões como pluralidade, inscrita na diversidade do processo tornado
ingresso tardio, retenção, dificuldades no processo de ensino- possível por meio de relações intersubjetivas, cuja meta é a de
aprendizagem ou outras. se fundamentar em princípio educativo emancipador,
expresso na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
Art. 50. A progressão pode ser regular ou parcial, sendo divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber.
que esta deve preservar a sequência do currículo e observar as
normas do respectivo sistema de ensino, requerendo o Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instrumento
redesenho da organização das ações pedagógicas, com de horizontalização das relações, de vivência e convivência
previsão de horário de trabalho e espaço de atuação para colegiada, superando o autoritarismo no planejamento e na
professor e estudante, com conjunto próprio de recursos concepção e organização curricular, educando para a
didáticopedagógico. conquista da cidadania plena e fortalecendo a ação conjunta
que busca criar e recriar o trabalho da e na escola mediante:
Art. 51. As escolas que utilizam organização por série I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto ser
podem adotar, no Ensino Fundamental, sem prejuízo da que aprende, que sonha e ousa, em busca de uma convivência
avaliação do processo ensino-aprendizagem, diversas formas social libertadora fundamentada na ética cidadã;
de progressão, inclusive a de progressão continuada, jamais II - a superação dos processos e procedimentos
entendida como promoção automática, o que supõe tratar o burocráticos, assumindo com pertinência e relevância: os
conhecimento como processo e vivência que não se harmoniza planos pedagógicos, os objetivos institucionais e educacionais,
com a ideia de interrupção, mas sim de construção, em que o e as atividades de avaliação contínua;
estudante, enquanto sujeito da ação, está em processo III - a prática em que os sujeitos constitutivos da
contínuo de formação, construindo significados. comunidade educacional discutam a própria práxis
pedagógica impregnando-a de entusiasmo e de compromisso
Seção III com a sua própria comunidade, valorizando-a, situando-a no
Avaliação institucional contexto das relações sociais e buscando soluções conjuntas;
IV - a construção de relações interpessoais solidárias,
Art. 52. A avaliação institucional interna deve ser prevista geridas de tal modo que os professores se sintam estimulados
no projeto políticopedagógico e detalhada no plano de gestão, a conhecer melhor os seus pares (colegas de trabalho,
realizada anualmente, levando em consideração as estudantes, famílias), a expor as suas ideias, a traduzir as suas
orientações contidas na regulamentação vigente, para rever o dificuldades e expectativas pessoais e profissionais;
conjunto de objetivos e metas a serem concretizados, V - a instauração de relações entre os estudantes,
mediante ação dos diversos segmentos da comunidade proporcionando-lhes espaços de convivência e situações de
educativa, o que pressupõe delimitação de indicadores aprendizagem, por meio dos quais aprendam a se
compatíveis com a missão da escola, além de clareza quanto ao compreender e se organizar em equipes de estudos e de
que seja qualidade social da aprendizagem e da escola. práticas esportivas, artísticas e políticas;
VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor no
Seção IV cotidiano da escola e nos espaços com os quais a escola
Avaliação de redes de Educação Básica interage, em busca da qualidade social das aprendizagens que
lhe caiba desenvolver, com transparência e responsabilidade.
Art. 53. A avaliação de redes de Educação Básica ocorre
periodicamente, é realizada por órgãos externos à escola e CAPÍTULO IV
engloba os resultados da avaliação institucional, sendo que os O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA
resultados dessa avaliação sinalizam para a sociedade se a
escola apresenta qualidade suficiente para continuar Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamentação
funcionando como está. da ação docente e os programas de formação inicial e
continuada dos profissionais da educação instauram, reflete-
CAPÍTULO III se na eleição de um ou outro método de aprendizagem, a partir
GESTÃO DEMOCRÁTICA E ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA do qual é determinado o perfil de docente para a Educação
Básica, em atendimento às dimensões técnicas, políticas, éticas
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho e estéticas.
pedagógico e da gestão da escola conceber a organização e a § 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de
gestão das pessoas, do espaço, dos processos e procedimentos formação dos profissionais da educação, sejam gestores,
que viabilizam o trabalho expresso no projeto político- professores ou especialistas, deverão incluir em seus
pedagógico e em planos da escola, em que se conformam as currículos e programas:
condições de trabalho definidas pelas instâncias colegiadas. a) o conhecimento da escola como organização complexa
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as do que tem a função de promover a educação para e na cidadania;
seu sistema de ensino, têm incumbências complexas e b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de
abrangentes, que exigem outra concepção de organização do investigações de interesse da área educacional;
trabalho pedagógico, como distribuição da carga horária, c) a participação na gestão de processos educativos e na
remuneração, estratégias claramente definidas para a ação organização e funcionamento de sistemas e instituições de
didático-pedagógica coletiva que inclua a pesquisa, a criação ensino;
de novas abordagens e práticas metodológicas, incluindo a d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à
produção de recursos didáticos adequados às condições da construção do projeto políticopedagógico, mediante trabalho
escola e da comunidade em que esteja ela inserida.

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coletivo de que todos os que compõem a comunidade escolar Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
são responsáveis. Fundamental de 9 (nove) anos articulam-se com as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010) e
nacional está a valorização do profissional da educação, com a reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos
compreensão de que valorizá-lo é valorizar a escola, com pelo Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas
qualidade gestorial, educativa, social, cultural, ética, estética, públicas educacionais e a elaboração, implementação e
ambiental. avaliação das orientações curriculares nacionais, das
§ 1º A valorização do profissional da educação escolar propostas curriculares dos Estados, do Distrito Federal, dos
vincula-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e ambas Municípios, e dos projetos político-pedagógicos das escolas.
se associam à exigência de programas de formação inicial e Parágrafo único. Estas Diretrizes Curriculares Nacionais
continuada de docentes e não docentes, no contexto do aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental
conjunto de múltiplas atribuições definidas para os sistemas previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
educativos, em que se inscrevem as funções do professor. bem como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indígena
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada dos e à Educação Escolar Quilombola.
profissionais da educação, vinculados às orientações destas
Diretrizes, devem prepará-los para o desempenho de suas FUNDAMENTOS
atribuições, considerando necessário:
a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, saber Art. 3º O Ensino Fundamental se traduz como um direito
pesquisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, público subjetivo de cada um e como dever do Estado e da
interpretar e reconstruir o conhecimento coletivamente; família na sua oferta a todos.
b) trabalhar cooperativamente em equipe;
c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os Art. 4º É dever do Estado garantir a oferta do Ensino
instrumentos produzidos ao longo da evolução tecnológica, Fundamental público, gratuito e de qualidade, sem requisito
econômica e organizativa; de seleção.
d) desenvolver competências para integração com a Parágrafo único. As escolas que ministram esse ensino
comunidade e para relacionamento com as famílias. deverão trabalhar considerando essa etapa da educação como
aquela capaz de assegurar a cada um e a todos o acesso ao
Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura, não conhecimento e aos elementos da cultura imprescindíveis
esgota o desenvolvimento dos conhecimentos, saberes e para o seu desenvolvimento pessoal e para a vida em
habilidades referidas, razão pela qual um programa de sociedade, assim como os benefícios de uma formação comum,
formação continuada dos profissionais da educação será independentemente da grande diversidade da população
contemplado no projeto político-pedagógico. escolar e das demandas sociais.

Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orientações Art. 5º O direito à educação, entendido como um direito
para que o projeto de formação dos profissionais preveja: inalienável do ser humano, constitui o fundamento maior
a) a consolidação da identidade dos profissionais da destas Diretrizes. A educação, ao proporcionar o
educação, nas suas relações com a escola e com o estudante; desenvolvimento do potencial humano, permite o exercício
b) a criação de incentivos para o resgate da imagem social dos direitos civis, políticos, sociais e do direito à diferença,
do professor, assim como da autonomia docente tanto sendo ela mesma também um direito social, e possibilita a
individual como coletiva; formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e culturais.
c) a definição de indicadores de qualidade social da § 1º O Ensino Fundamental deve comprometer-se com
educação escolar, a fim de que as agências formadoras de uma educação com qualidade social, igualmente entendida
profissionais da educação revejam os projetos dos cursos de como direito humano.
formação inicial e continuada de docentes, de modo que § 2º A educação de qualidade, como um direito
correspondam às exigências de um projeto de Nação. fundamental, é, antes de tudo, relevante, pertinente e
equitativa.
Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua I – A relevância reporta-se à promoção de aprendizagens
publicação. significativas do ponto de vista das exigências sociais e de
desenvolvimento pessoal.
CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA II – A pertinência refere-se à possibilidade de atender às
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010 necessidades e às características dos estudantes de diversos
contextos sociais e culturais e com diferentes capacidades e
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino interesses.
Fundamental de 9 (nove) anos. III – A equidade alude à importância de tratar de forma
diferenciada o que se apresenta como desigual no ponto de
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho partida, com vistas a obter desenvolvimento e aprendizagens
Nacional de Educação, de conformidade com o disposto na equiparáveis, assegurando a todos a igualdade de direito à
alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/61, com a redação educação.
dada pela Lei nº 9.131/95, no art. 32 da Lei nº 9.394/96, na Lei § 3º Na perspectiva de contribuir para a erradicação da
nº 11.274/2006, e com fundamento no Parecer CNE/CEB nº pobreza e das desigualdades, a equidade requer que sejam
11/2010, homologado por Despacho do Senhor Ministro de oferecidos mais recursos e melhores condições às escolas
Estado da Educação, publicado no DOU de 9 de dezembro de menos providas e aos alunos que deles mais necessitem. Ao
2010, resolve: lado das políticas universais, dirigidas a todos sem requisito de
seleção, é preciso também sustentar políticas reparadoras que
Art. 1º A presente Resolução fixa as Diretrizes assegurem maior apoio aos diferentes grupos sociais em
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) desvantagem.
anos a serem observadas na organização curricular dos § 4º A educação escolar, comprometida com a igualdade do
sistemas de ensino e de suas unidades escolares. acesso de todos ao conhecimento e especialmente empenhada
em garantir esse acesso aos grupos da população em

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desvantagem na sociedade, será uma educação com qualidade em, pelo menos, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho
social e contribuirá para dirimir as desigualdades escolar.
historicamente produzidas, assegurando, assim, o ingresso, a
permanência e o sucesso na escola, com a consequente CURRÍCULO
redução da evasão, da retenção e das distorções de
idade/ano/série (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução Art. 9º O currículo do Ensino Fundamental é entendido,
CNE/CEB nº 4/2010, que define as Diretrizes Curriculares nesta Resolução, como constituído pelas experiências
Nacionais Gerais para a Educação Básica). escolares que se desdobram em torno do conhecimento,
permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências
PRINCÍPIOS e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente
acumulados e contribuindo para construir as identidades dos
Art. 6º Os sistemas de ensino e as escolas adotarão, como estudantes.
norteadores das políticas educativas e das ações pedagógicas, § 1º O foco nas experiências escolares significa que as
os seguintes princípios: orientações e as propostas curriculares que provêm das
I – Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; diversas instâncias só terão concretude por meio das ações
de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso educativas que envolvem os alunos.
com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater § 2º As experiências escolares abrangem todos os aspectos
e eliminar quaisquer manifestações de preconceito de origem, do ambiente escolar, aqueles que compõem a parte explícita
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de do currículo, bem como os que também contribuem, de forma
discriminação. implícita, para a aquisição de conhecimentos socialmente
II – Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de
cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do conduta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por
regime democrático e dos recursos ambientais; da busca da meio de rotinas, rituais, normas de convívio social,
equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens festividades, pela distribuição do tempo e organização do
culturais e outros benefícios; da exigência de diversidade de espaço educativo, pelos materiais utilizados na aprendizagem
tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os e pelo recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas pela
alunos que apresentam diferentes necessidades; da redução escola.
da pobreza e das desigualdades sociais e regionais. § 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as
III – Estéticos: do cultivo da sensibilidade juntamente com diferentes instâncias que produzem orientações sobre o
o da racionalidade; do enriquecimento das formas de currículo, as escolas e os professores selecionam e
expressão e do exercício da criatividade; da valorização das transformam a fim de que possam ser ensinados e aprendidos,
diferentes manifestações culturais, especialmente a da cultura ao mesmo tempo em que servem de elementos para a
brasileira; da construção de identidades plurais e solidárias. formação ética, estética e política do aluno.

Art. 7º De acordo com esses princípios, e em conformidade BASE NACIONAL COMUM E PARTE DIVERSIFICADA:
com o art. 22 e o art. 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB), as propostas COMPLEMENTARIDADE
curriculares do Ensino Fundamental visarão desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável Art. 10 O currículo do Ensino Fundamental tem uma base
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para nacional comum, complementada em cada sistema de ensino e
progredir no trabalho e em estudos posteriores, mediante os em cada estabelecimento escolar por uma parte diversificada.
objetivos previstos para esta etapa da escolarização, a saber:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo Art. 11 A base nacional comum e a parte diversificada do
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do currículo do Ensino Fundamental constituem um todo
cálculo; integrado e não podem ser consideradas como dois blocos
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema distintos.
político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se § 1º A articulação entre a base nacional comum e a parte
fundamenta a sociedade; diversificada do currículo do Ensino Fundamental possibilita a
III – a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a sintonia dos interesses mais amplos de formação básica do
formação de atitudes e valores como instrumentos para uma cidadão com a realidade local, as necessidades dos alunos, as
visão crítica do mundo; características regionais da sociedade, da cultura e da
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de economia e perpassa todo o currículo.
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se § 2º Voltados à divulgação de valores fundamentais ao
assenta a vida social. interesse social e à preservação da ordem democrática, os
conhecimentos que fazem parte da base nacional comum a que
MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 (NOVE) todos devem ter acesso, independentemente da região e do
ANOS E CARGA HORÁRIA lugar em que vivem, asseguram a característica unitária das
orientações curriculares nacionais, das propostas curriculares
Art. 8º O Ensino Fundamental, com duração de 9 (nove) dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, e dos projetos
anos, abrange a população na faixa etária dos 6 (seis) aos 14 político-pedagógicos das escolas.
(quatorze) anos de idade e se estende, também, a todos os que, § 3º Os conteúdos curriculares que compõem a parte
na idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo. diversificada do currículo serão definidos pelos sistemas de
§ 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental de ensino e pelas escolas, de modo a complementar e enriquecer
crianças com 6 (seis) anos completos ou a completar até o dia o currículo, assegurando a contextualização dos
31 de março do ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da conhecimentos escolares em face das diferentes realidades.
Lei e das normas nacionais vigentes.
§ 2º As crianças que completarem 6 (seis) anos após essa Art. 12 Os conteúdos que compõem a base nacional comum
data deverão ser matriculadas na Educação Infantil (Pré- e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas,
Escola). no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na
§ 3º A carga horária mínima anual do Ensino Fundamental cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades
regular será de 800 (oitocentas) horas relógio, distribuídas desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam

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saberes como os que advêm das formas diversas de exercício diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer
da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da formas de proselitismo, conforme o art. 33 da Lei nº 9.394/96.
experiência docente, do cotidiano e dos alunos.
Art. 16 Os componentes curriculares e as áreas de
Art. 13 Os conteúdos a que se refere o art. 12 são conhecimento devem articular em seus conteúdos, a partir das
constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de
articulam com as áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida
Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. As humana em escala global, regional e local, bem como na esfera
áreas de conhecimento favorecem a comunicação entre individual. Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida
diferentes conhecimentos sistematizados e entre estes e familiar e social, assim como os direitos das crianças e
outros saberes, mas permitem que os referenciais próprios de adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do
cada componente curricular sejam preservados. Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente,
nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº
Art. 14 O currículo da base nacional comum do Ensino 9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal,
Fundamental deve abranger, obrigatoriamente, conforme o trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem
art. 26 da Lei nº 9.394/96, o estudo da Língua Portuguesa e da permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional
Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da comum e da parte diversificada do currículo.
realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem § 1º Outras leis específicas que complementam a Lei nº
como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso. 9.394/96 determinam que sejam ainda incluídos temas
relativos à condição e aos direitos dos idosos (Lei nº
Art. 15 Os componentes curriculares obrigatórios do 10.741/2003) e à educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97).
Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às § 2º A transversalidade constitui uma das maneiras de
áreas de conhecimento: trabalhar os componentes curriculares, as áreas de
I – Linguagens: conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva
a) Língua Portuguesa; integrada, conforme a Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
b) Língua Materna, para populações indígenas; para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e
c) Língua Estrangeira moderna; Resolução CNE/CEB nº 4/2010).
d) Arte; e § 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de ensino compete
e) Educação Física; a produção e a disseminação de materiais subsidiários ao
II – Matemática; trabalho docente, que contribuam para a eliminação de
III – Ciências da Natureza; discriminações, racismo, sexismo, homofobia e outros
IV – Ciências Humanas: preconceitos e que conduzam à adoção de comportamentos
a) História; responsáveis e solidários em relação aos outros e ao meio
b) Geografia; ambiente.
V – Ensino Religioso.
§ 1º O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua Art. 17 Na parte diversificada do currículo do Ensino
portuguesa, assegurada também às comunidades indígenas a Fundamental será incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de ano, o ensino de, pelo menos, uma Língua Estrangeira
aprendizagem, conforme o art. 210, § 2º, da Constituição moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar.
Federal. Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras modernas, a
§ 2º O ensino de História do Brasil levará em conta as língua espanhola poderá ser a opção, nos termos da Lei nº
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação 11.161/2005.
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
africana e europeia (art. 26, § 4º, da Lei nº 9.394/96). PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
§ 3º A história e as culturas indígena e afro-brasileira,
presentes, obrigatoriamente, nos conteúdos desenvolvidos no Art. 18 O currículo do Ensino Fundamental com 9 (nove)
âmbito de todo o currículo escolar e, em especial, no ensino de anos de duração exige a estruturação de um projeto educativo
Arte, Literatura e História do Brasil, assim como a História da coerente, articulado e integrado, de acordo com os modos de
África, deverão assegurar o conhecimento e o reconhecimento ser e de se desenvolver das crianças e adolescentes nos
desses povos para a constituição da nação (conforme art. 26-A diferentes contextos sociais.
da Lei nº 9.394/96, alterado pela Lei nº 11.645/2008). Sua
inclusão possibilita ampliar o leque de referências culturais de Art. 19 Ciclos, séries e outras formas de organização a que
toda a população escolar e contribui para a mudança das suas se refere a Lei nº 9.394/96 serão compreendidos como tempos
concepções de mundo, transformando os conhecimentos e espaços interdependentes e articulados entre si, ao longo dos
comuns veiculados pelo currículo e contribuindo para a 9 (nove) anos de duração do Ensino Fundamental.
construção de identidades mais plurais e solidárias.
§ 4º A Música constitui conteúdo obrigatório, mas não GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA COMO
exclusivo, do componente curricular Arte, o qual compreende GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO
também as artes visuais, o teatro e a dança, conforme o § 6º do
art. 26 da Lei nº 9.394/96. Art. 20 As escolas deverão formular o projeto
§ 5º A Educação Física, componente obrigatório do políticopedagógico e elaborar o regimento escolar de acordo
currículo do Ensino Fundamental, integra a proposta com a proposta do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, por
políticopedagógica da escola e será facultativa ao aluno apenas meio de processos participativos relacionados à gestão
nas circunstâncias previstas no § 3º do art. 26 da Lei nº democrática.
9.394/96. § 1º O projeto políticopedagógico da escola traduz a
§ 6º O Ensino Religioso, de matrícula facultativa ao aluno, proposta educativa construída pela comunidade escolar no
é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui exercício de sua autonomia, com base nas características dos
componente curricular dos horários normais das escolas alunos, nos profissionais e recursos disponíveis, tendo como
públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à referência as orientações curriculares nacionais e dos
respectivos sistemas de ensino.

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§ 2º Será assegurada ampla participação dos profissionais partir de questões da comunidade e articulados aos
da escola, da família, dos alunos e da comunidade local na componentes curriculares e às áreas de conhecimento,
definição das orientações imprimidas aos processos currículos em rede, propostas ordenadas em torno de
educativos e nas formas de implementá-las, tendo como apoio conceitos-chave ou conceitos nucleares que permitam
um processo contínuo de avaliação das ações, a fim de garantir trabalhar as questões cognitivas e as questões culturais numa
a distribuição social do conhecimento e contribuir para a perspectiva transversal, e projetos de trabalho com diversas
construção de uma sociedade democrática e igualitária. acepções.
§ 3º O regimento escolar deve assegurar as condições § 3º Os projetos propostos pela escola, comunidade, redes
institucionais adequadas para a execução do projeto e sistemas de ensino serão articulados ao desenvolvimento
políticopedagógico e a oferta de uma educação inclusiva e com dos componentes curriculares e às áreas de conhecimento,
qualidade social, igualmente garantida a ampla participação observadas as disposições contidas nas Diretrizes Curriculares
da comunidade escolar na sua elaboração. Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução CNE/CEB
§ 4º O projeto políticopedagógico e o regimento escolar, nº 4/2010, art. 17) e nos termos do Parecer que dá base à
em conformidade com a legislação e as normas vigentes, presente Resolução.
conferirão espaço e tempo para que os profissionais da escola
e, em especial, os professores, possam participar de reuniões Art. 25 Os professores levarão em conta a diversidade
de trabalho coletivo, planejar e executar as ações educativas sociocultural da população escolar, as desigualdades de acesso
de modo articulado, avaliar os trabalhos dos alunos, tomar ao consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses
parte em ações de formação continuada e estabelecer contatos e necessidades apresentadas pelos alunos no
com a comunidade. desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas que
§ 5º Na implementação de seu projeto políticopedagógico, melhor respondam às diferenças de aprendizagem entre os
as escolas se articularão com as instituições formadoras com estudantes e às suas demandas.
vistas a assegurar a formação continuada de seus
profissionais. Art. 26 Os sistemas de ensino e as escolas assegurarão
adequadas condições de trabalho aos seus profissionais e o
Art. 21 No projeto políticopedagógico do Ensino provimento de outros insumos, de acordo com os padrões
Fundamental e no regimento escolar, o aluno, centro do mínimos de qualidade referidos no inciso IX do art. 4º da Lei
planejamento curricular, será considerado como sujeito que nº 9.394/96 e em normas específicas estabelecidas pelo
atribui sentidos à natureza e à sociedade nas práticas sociais Conselho Nacional de Educação, com vistas à criação de um
que vivencia, produzindo cultura e construindo sua identidade ambiente propício à aprendizagem, com base:
pessoal e social. I – no trabalho compartilhado e no compromisso
Parágrafo único. Como sujeito de direitos, o aluno tomará individual e coletivo dos professores e demais profissionais da
parte ativa na discussão e na implementação das normas que escola com a aprendizagem dos alunos;
regem as formas de relacionamento na escola, fornecerá II – no atendimento às necessidades específicas de
indicações relevantes a respeito do que deve ser trabalhado no aprendizagem de cada um mediante abordagens apropriadas;
currículo e será incentivado a participar das organizações III – na utilização dos recursos disponíveis na escola e nos
estudantis. espaços sociais e culturais do entorno;
IV – na contextualização dos conteúdos, assegurando que
Art. 22 O trabalho educativo no Ensino Fundamental deve a aprendizagem seja relevante e socialmente significativa;
empenhar-se na promoção de uma cultura escolar acolhedora V – no cultivo do diálogo e de relações de parceria com as
e respeitosa, que reconheça e valorize as experiências dos famílias.
alunos atendendo as suas diferenças e necessidades Parágrafo único. Como protagonistas das ações
específicas, de modo a contribuir para efetivar a inclusão pedagógicas, caberá aos docentes equilibrar a ênfase no
escolar e o direito de todos à educação. reconhecimento e valorização da experiência do aluno e da
cultura local que contribui para construir identidades
Art. 23 Na implementação do projeto políticopedagógico, o afirmativas, e a necessidade de lhes fornecer instrumentos
cuidar e o educar, indissociáveis funções da escola, resultarão mais complexos de análise da realidade que possibilitem o
em ações integradas que buscam articular-se, acesso a níveis universais de explicação dos fenômenos,
pedagogicamente, no interior da própria instituição, e também propiciando-lhes os meios para transitar entre a sua e outras
externamente, com os serviços de apoio aos sistemas realidades e culturas e participar de diferentes esferas da vida
educacionais e com as políticas de outras áreas, para assegurar social, econômica e política.
a aprendizagem, o bem-estar e o desenvolvimento do aluno em
todas as suas dimensões. Art. 27 Os sistemas de ensino, as escolas e os professores,
com o apoio das famílias e da comunidade, envidarão esforços
RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS, INTEGRAÇÃO E para assegurar o progresso contínuo dos alunos no que se
ABORDAGENS refere ao seu desenvolvimento pleno e à aquisição de
aprendizagens significativas, lançando mão de todos os
Art. 24 A necessária integração dos conhecimentos recursos disponíveis e criando renovadas oportunidades para
escolares no currículo favorece a sua contextualização e evitar que a trajetória escolar discente seja retardada ou
aproxima o processo educativo das experiências dos alunos. indevidamente interrompida.
§ 1º A oportunidade de conhecer e analisar experiências § 1º Devem, portanto, adotar as providências necessárias
assentadas em diversas concepções de currículo integrado e para que a operacionalização do princípio da continuidade não
interdisciplinar oferecerá aos docentes subsídios para seja traduzida como “promoção automática” de alunos de um
desenvolver propostas pedagógicas que avancem na direção ano, série ou ciclo para o seguinte, e para que o combate à
de um trabalho colaborativo, capaz de superar a fragmentação repetência não se transforme em descompromisso com o
dos componentes curriculares. ensino e a aprendizagem.
§ 2º Constituem exemplos de possibilidades de integração § 2º A organização do trabalho pedagógico incluirá a
do currículo, entre outros, as propostas curriculares mobilidade e a flexibilização dos tempos e espaços escolares, a
ordenadas em torno de grandes eixos articuladores, projetos diversidade nos agrupamentos de alunos, as diversas
interdisciplinares com base em temas geradores formulados a linguagens artísticas, a diversidade de materiais, os variados

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suportes literários, as atividades que mobilizem o raciocínio, Art. 31 Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, os
as atitudes investigativas, as abordagens complementares e as componentes curriculares Educação Física e Arte poderão
atividades de reforço, a articulação entre a escola e a estar a cargo do professor de referência da turma, aquele com
comunidade, e o acesso aos espaços de expressão cultural. o qual os alunos permanecem a maior parte do período
escolar, ou de professores licenciados nos respectivos
Art. 28 A utilização qualificada das tecnologias e conteúdos componentes.
das mídias como recurso aliado ao desenvolvimento do § 1º Nas escolas que optarem por incluir Língua
currículo contribui para o importante papel que tem a escola Estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o
como ambiente de inclusão digital e de utilização crítica das professor deverá ter licenciatura específica no componente
tecnologias da informação e comunicação, requerendo o curricular.
aporte dos sistemas de ensino no que se refere à: § 2º Nos casos em que esses componentes curriculares
I – provisão de recursos midiáticos atualizados e em sejam desenvolvidos por professores com licenciatura
número suficiente para o atendimento aos alunos; específica (conforme Parecer CNE/CEB nº 2/2008), deve ser
II – adequada formação do professor e demais assegurada a integração com os demais componentes
profissionais da escola. trabalhados pelo professor de referência da turma.

ARTICULAÇÕES E CONTINUIDADE DA TRAJETÓRIA AVALIAÇÃO: PARTE INTEGRANTE DO CURRÍCULO


ESCOLAR
Art. 32 A avaliação dos alunos, a ser realizada pelos
Art. 29 A necessidade de assegurar aos alunos um percurso professores e pela escola como parte integrante da proposta
contínuo de aprendizagens torna imperativa a articulação de curricular e da implementação do currículo, é
todas as etapas da educação, especialmente do Ensino redimensionadora da ação pedagógica e deve:
Fundamental com a Educação Infantil, dos anos iniciais e dos I – assumir um caráter processual, formativo e
anos finais no interior do Ensino Fundamental, bem como do participativo, ser contínua, cumulativa e diagnóstica, com
Ensino Fundamental com o Ensino Médio, garantindo a vistas a:
qualidade da Educação Básica. a) identificar potencialidades e dificuldades de
§ 1º O reconhecimento do que os alunos já aprenderam aprendizagem e detectar problemas de ensino;
antes da sua entrada no Ensino Fundamental e a recuperação b) subsidiar decisões sobre a utilização de estratégias e
do caráter lúdico do ensino contribuirão para melhor abordagens de acordo com as necessidades dos alunos, criar
qualificar a ação pedagógica junto às crianças, sobretudo nos condições de intervir de modo imediato e a mais longo prazo
anos iniciais dessa etapa da escolarização. para sanar dificuldades e redirecionar o trabalho docente;
§ 2º Na passagem dos anos iniciais para os anos finais do c) manter a família informada sobre o desempenho dos
Ensino Fundamental, especial atenção será dada: alunos;
I – pelos sistemas de ensino, ao planejamento da oferta d) reconhecer o direito do aluno e da família de discutir os
educativa dos alunos transferidos das redes municipais para resultados de avaliação, inclusive em instâncias superiores à
as estaduais; escola, revendo procedimentos sempre que as reivindicações
II – pelas escolas, à coordenação das demandas específicas forem procedentes.
feitas pelos diferentes professores aos alunos, a fim de que os II – utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais
estudantes possam melhor organizar as suas atividades diante como a observação, o registro descritivo e reflexivo, os
das solicitações muito diversas que recebem. trabalhos individuais e coletivos, os portfólios, exercícios,
provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua
Art. 30 Os três anos iniciais do Ensino Fundamental devem adequação à faixa etária e às características de
assegurar: desenvolvimento do educando;
I – a alfabetização e o letramento; III – fazer prevalecer os aspectos qualitativos da
II – o desenvolvimento das diversas formas de expressão, aprendizagem do aluno sobre os quantitativos, bem como os
incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa, a Literatura, a resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
Música e demais artes, a Educação Física, assim como o finais, tal como determina a alínea “a” do inciso V do art. 24 da
aprendizado da Matemática, da Ciência, da História e da Lei nº 9.394/96;
Geografia; IV – assegurar tempos e espaços diversos para que os
III – a continuidade da aprendizagem, tendo em conta a alunos com menor rendimento tenham condições de ser
complexidade do processo de alfabetização e os prejuízos que devidamente atendidos ao longo do ano letivo;
a repetência pode causar no Ensino Fundamental como um V – prover, obrigatoriamente, períodos de recuperação, de
todo e, particularmente, na passagem do primeiro para o preferência paralelos ao período letivo, como determina a Lei
segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro. nº 9.394/96;
§ 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a escola, no uso VI – assegurar tempos e espaços de reposição dos
de sua autonomia, fizerem opção pelo regime seriado, será conteúdos curriculares, ao longo do ano letivo, aos alunos com
necessário considerar os três anos iniciais do Ensino frequência insuficiente, evitando, sempre que possível, a
Fundamental como um bloco pedagógico ou um ciclo retenção por faltas;
sequencial não passível de interrupção, voltado para ampliar a VII – possibilitar a aceleração de estudos para os alunos
todos os alunos as oportunidades de sistematização e com defasagem idade-série.
aprofundamento das aprendizagens básicas, imprescindíveis
para o prosseguimento dos estudos. Art. 33 Os procedimentos de avaliação adotados pelos
§ 2º Considerando as características de desenvolvimento professores e pela escola serão articulados às avaliações
dos alunos, cabe aos professores adotar formas de trabalho realizadas em nível nacional e às congêneres nos diferentes
que proporcionem maior mobilidade das crianças nas salas de Estados e Municípios, criadas com o objetivo de subsidiar os
aula e as levem a explorar mais intensamente as diversas sistemas de ensino e as escolas nos esforços de melhoria da
linguagens artísticas, a começar pela literatura, a utilizar qualidade da educação e da aprendizagem dos alunos.
materiais que ofereçam oportunidades de raciocinar, § 1º A análise do rendimento dos alunos com base nos
manuseando-os e explorando as suas características e indicadores produzidos por essas avaliações deve auxiliar os
propriedades. sistemas de ensino e a comunidade escolar a redimensionarem

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as práticas educativas com vistas ao alcance de melhores espaços distintos da cidade ou do território em que está
resultados. situada a unidade escolar, mediante a utilização de
§ 2º A avaliação externa do rendimento dos alunos refere- equipamentos sociais e culturais aí existentes e o
se apenas a uma parcela restrita do que é trabalhado nas estabelecimento de parcerias com órgãos ou entidades locais,
escolas, de sorte que as referências para o currículo devem sempre de acordo com o respectivo projeto
continuar sendo as contidas nas propostas políticopedagógico.
políticopedagógicas das escolas, articuladas às orientações e § 3º Ao restituir a condição de ambiente de aprendizagem
propostas curriculares dos sistemas, sem reduzir os seus à comunidade e à cidade, a escola estará contribuindo para a
propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga escala. construção de redes sociais e de cidades educadoras.
§ 4º Os órgãos executivos e normativos da União e dos
Art. 34 Os sistemas, as redes de ensino e os projetos sistemas estaduais e municipais de educação assegurarão que
político-pedagógicos das escolas devem expressar com clareza o atendimento dos alunos na escola de tempo integral possua
o que é esperado dos alunos em relação à sua aprendizagem. infraestrutura adequada e pessoal qualificado, além do que,
esse atendimento terá caráter obrigatório e será passível de
Art. 35 Os resultados de aprendizagem dos alunos devem avaliação em cada escola.
ser aliados à avaliação das escolas e de seus professores, tendo
em conta os parâmetros de referência dos insumos básicos EDUCAÇÃO DO CAMPO, EDUCAÇÃO ESCOLAR
necessários à educação de qualidade para todos nesta etapa da INDÍGENA E EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA
educação e respectivo custo aluno-qualidade inicial (CAQi),
consideradas inclusive as suas modalidades e as formas Art. 38 A Educação do Campo, tratada como educação rural
diferenciadas de atendimento como a Educação do Campo, a na legislação brasileira, incorpora os espaços da floresta, da
Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar Quilombola e pecuária, das minas e da agricultura e se estende, também, aos
as escolas de tempo integral. espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas,
Parágrafo único. A melhoria dos resultados de conforme as Diretrizes para a Educação Básica do Campo
aprendizagem dos alunos e da qualidade da educação obriga: (Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução CNE/CEB nº
I – os sistemas de ensino a incrementarem os dispositivos 1/2002; Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e Resolução CNE/CEB nº
da carreira e de condições de exercício e valorização do 2/2008).
magistério e dos demais profissionais da educação e a
oferecerem os recursos e apoios que demandam as escolas e Art. 39 A Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar
seus profissionais para melhorar a sua atuação; Quilombola são, respectivamente, oferecidas em unidades
II – as escolas a uma apreciação mais ampla das educacionais inscritas em suas terras e culturas e, para essas
oportunidades educativas por elas oferecidas aos educandos, populações, estão assegurados direitos específicos na
reforçando a sua responsabilidade de propiciar renovadas Constituição Federal que lhes permitem valorizar e preservar
oportunidades e incentivos aos que delas mais necessitem. as suas culturas e reafirmar o seu pertencimento étnico.
§ 1º As escolas indígenas, atendendo a normas e
A EDUCAÇÃO EM ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL ordenamentos jurídicos próprios e a Diretrizes Curriculares
Nacionais específicas, terão ensino intercultural e bilíngue,
Art. 36 Considera-se como de período integral a jornada com vistas à afirmação e à manutenção da diversidade étnica
escolar que se organiza em 7 (sete) horas diárias, no mínimo, e linguística, assegurarão a participação da comunidade no seu
perfazendo uma carga horária anual de, pelo menos, 1.400 (mil modelo de edificação, organização e gestão, e deverão contar
e quatrocentas) horas. com materiais didáticos produzidos de acordo com o contexto
Parágrafo único. As escolas e, solidariamente, os sistemas cultural de cada povo (Parecer CNE/CEB nº 14/99 e Resolução
de ensino, conjugarão esforços objetivando o progressivo CNE/CEB nº 3/99).
aumento da carga horária mínima diária e, consequentemente, § 2º O detalhamento da Educação Escolar Quilombola
da carga horária anual, com vistas à maior qualificação do deverá ser definido pelo Conselho Nacional de Educação por
processo de ensino-aprendizagem, tendo como horizonte o meio de Diretrizes Curriculares Nacionais específicas.
atendimento escolar em período integral.
Art. 40 O atendimento escolar às populações do campo,
Art. 37 A proposta educacional da escola de tempo integral povos indígenas e quilombolas requer respeito às suas
promoverá a ampliação de tempos, espaços e oportunidades peculiares condições de vida e a utilização de pedagogias
educativas e o compartilhamento da tarefa de educar e cuidar condizentes com as suas formas próprias de produzir
entre os profissionais da escola e de outras áreas, as famílias e conhecimentos, observadas as Diretrizes Curriculares
outros atores sociais, sob a coordenação da escola e de seus Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº
professores, visando alcançar a melhoria da qualidade da 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010).
aprendizagem e da convivência social e diminuir as diferenças § 1º As escolas das populações do campo, dos povos
de acesso ao conhecimento e aos bens culturais, em especial indígenas e dos quilombolas, ao contar com a participação
entre as populações socialmente mais vulneráveis. ativa das comunidades locais nas decisões referentes ao
§ 1º O currículo da escola de tempo integral, concebido currículo, estarão ampliando as oportunidades de:
como um projeto educativo integrado, implica a ampliação da I – reconhecimento de seus modos próprios de vida, suas
jornada escolar diária mediante o desenvolvimento de culturas, tradições e memórias coletivas, como fundamentais
atividades como o acompanhamento pedagógico, o reforço e o para a constituição da identidade das crianças, adolescentes e
aprofundamento da aprendizagem, a experimentação e a adultos;
pesquisa científica, a cultura e as artes, o esporte e o lazer, as II – valorização dos saberes e do papel dessas populações
tecnologias da comunicação e informação, a afirmação da na produção de conhecimentos sobre o mundo, seu ambiente
cultura dos direitos humanos, a preservação do meio natural e cultural, assim como as práticas ambientalmente
ambiente, a promoção da saúde, entre outras, articuladas aos sustentáveis que utilizam;
componentes curriculares e às áreas de conhecimento, a III – reafirmação do pertencimento étnico, no caso das
vivências e práticas socioculturais. comunidades quilombolas e dos povos indígenas, e do cultivo
§ 2º As atividades serão desenvolvidas dentro do espaço da língua materna na escola para estes últimos, como
escolar conforme a disponibilidade da escola, ou fora dele, em elementos importantes de construção da identidade;

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IV – flexibilização, se necessário, do calendário escolar, das Art. 44 A Educação de Jovens e Adultos, voltada para a
rotinas e atividades, tendo em conta as diferenças relativas às garantia de formação integral, da alfabetização às diferentes
atividades econômicas e culturais, mantido o total de horas etapas da escolarização ao longo da vida, inclusive àqueles em
anuais obrigatórias no currículo; situação de privação de liberdade, é pautada pela inclusão e
V – superação das desigualdades sociais e escolares que pela qualidade social e requer:
afetam essas populações, tendo por garantia o direito à I – um processo de gestão e financiamento que lhe
educação; assegure isonomia em relação ao Ensino Fundamental regular;
§ 2º Os projetos político-pedagógicos das escolas do II – um modelo pedagógico próprio que permita a
campo, indígenas e quilombolas devem contemplar a apropriação e a contextualização das Diretrizes Curriculares
diversidade nos seus aspectos sociais, culturais, políticos, Nacionais;
econômicos, éticos e estéticos, de gênero, geração e etnia. III – a implantação de um sistema de monitoramento e
§ 3º As escolas que atendem a essas populações deverão avaliação;
ser devidamente providas pelos sistemas de ensino de IV – uma política de formação permanente de seus
materiais didáticos e educacionais que subsidiem o trabalho professores;
com a diversidade, bem como de recursos que assegurem aos V – maior alocação de recursos para que seja ministrada
alunos o acesso a outros bens culturais e lhes permitam por docentes licenciados.
estreitar o contato com outros modos de vida e outras formas
de conhecimento. Art. 45 A idade mínima para o ingresso nos cursos de
§ 4º A participação das populações locais pode também Educação de Jovens e Adultos e para a realização de exames de
subsidiar as redes escolares e os sistemas de ensino quanto à conclusão de EJA será de 15 (quinze) anos completos (Parecer
produção e à oferta de materiais escolares e no que diz CNE/CEB nº 6/2010 e Resolução CNE/CEB nº 3/2010).
respeito a transporte e a equipamentos que atendam as Parágrafo único. Considerada a prioridade de atendimento
características ambientais e socioculturais das comunidades e à escolarização obrigatória, para que haja oferta capaz de
as necessidades locais e regionais. contemplar o pleno atendimento dos adolescentes, jovens e
adultos na faixa dos 15 (quinze) anos ou mais, com defasagem
EDUCAÇÃO ESPECIAL idade/série, tanto na sequência do ensino regular, quanto em
Educação de Jovens e Adultos, assim como nos cursos
Art. 41 O projeto políticopedagógico da escola e o destinados à formação profissional, torna-se necessário:
regimento escolar, amparados na legislação vigente, deverão I – fazer a chamada ampliada dos estudantes em todas as
contemplar a melhoria das condições de acesso e de modalidades do Ensino Fundamental;
permanência dos alunos com deficiência, transtornos globais II – apoiar as redes e os sistemas de ensino a estabelecerem
do desenvolvimento e altas habilidades nas classes comuns do política própria para o atendimento desses estudantes, que
ensino regular, intensificando o processo de inclusão nas considere as suas potencialidades, necessidades, expectativas
escolas públicas e privadas e buscando a universalização do em relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo do trabalho,
atendimento. inclusive com programas de aceleração da aprendizagem,
Parágrafo único. Os recursos de acessibilidade são aqueles quando necessário;
que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos III – incentivar a oferta de Educação de Jovens e Adultos
com deficiência e mobilidade reduzida, por meio da utilização nos períodos diurno e noturno, com avaliação em processo.
de materiais didáticos, dos espaços, mobiliários e
equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos Art. 46 A oferta de cursos de Educação de Jovens e Adultos,
transportes e outros serviços. nos anos iniciais do Ensino Fundamental, será presencial e a
sua duração ficará a critério de cada sistema de ensino, nos
Art. 42 O atendimento educacional especializado aos termos do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, tal como remete o
alunos da Educação Especial será promovido e expandido com Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a Resolução CNE/CEB nº
o apoio dos órgãos competentes. Ele não substitui a 3/2010. Nos anos finais, ou seja, do 6º ano ao 9º ano, os cursos
escolarização, mas contribui para ampliar o acesso ao poderão ser presenciais ou a distância, devidamente
currículo, ao proporcionar independência aos educandos para credenciados, e terão 1.600 (mil e seiscentas) horas de
a realização de tarefas e favorecer a sua autonomia (conforme duração.
Decreto nº 6.571/2008, Parecer CNE/CEB nº 13/2009 e Parágrafo único. Tendo em conta as situações, os perfis e
Resolução CNE/CEB nº 4/2009). as faixas etárias dos adolescentes, jovens e adultos, o projeto
Parágrafo único. O atendimento educacional especializado políticopedagógico da escola e o regimento escolar
poderá ser oferecido no contraturno, em salas de recursos viabilizarão um modelo pedagógico próprio para essa
multifuncionais na própria escola, em outra escola ou em modalidade de ensino que permita a apropriação e a
centros especializados e será implementado por professores e contextualização das Diretrizes Curriculares Nacionais,
profissionais com formação especializada, de acordo com assegurando:
plano de atendimento aos alunos que identifique suas I – a identificação e o reconhecimento das formas de
necessidades educacionais específicas, defina os recursos aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a valorização de
necessários e as atividades a serem desenvolvidas. seus conhecimentos e experiências;
II – a distribuição dos componentes curriculares de modo
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS a proporcionar um patamar igualitário de formação, bem
como a sua disposição adequada nos tempos e espaços
Art. 43 Os sistemas de ensino assegurarão, gratuitamente, educativos, em face das necessidades específicas dos
aos jovens e adultos que não puderam efetuar os estudos na estudantes.
idade própria, oportunidades educacionais adequadas às suas
características, interesses, condições de vida e de trabalho Art. 47 A inserção de Educação de Jovens e Adultos no
mediante cursos e exames, conforme estabelece o art. 37, § 1º, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, incluindo,
da Lei nº 9.394/96. além da avaliação do rendimento dos alunos, a aferição de
indicadores institucionais das redes públicas e privadas,
concorrerá para a universalização e a melhoria da qualidade
do processo educativo.

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A IMPLEMENTAÇÃO DESTAS DIRETRIZES: Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino


COMPROMISSO SOLIDÁRIO DOS SISTEMAS E REDES DE Médio articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais
ENSINO Gerais para a Educação Básica e reúnem princípios,
fundamentos e procedimentos, definidos pelo Conselho
Art. 48 Tendo em vista a implementação destas Diretrizes, Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas
cabe aos sistemas e às redes de ensino prover: educacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
I – os recursos necessários à ampliação dos tempos e Municípios na elaboração, planejamento, implementação e
espaços dedicados ao trabalho educativo nas escolas e a avaliação das propostas curriculares das unidades escolares
distribuição de materiais didáticos e escolares adequados; públicas e particulares que oferecem o Ensino Médio.
II – a formação continuada dos professores e demais
profissionais da escola em estreita articulação com as Capítulo II – Referencial legal e conceitual
instituições responsáveis pela formação inicial, dispensando
especiais esforços quanto à formação dos docentes das Art. 3º O Ensino Médio é um direito social de cada pessoa,
modalidades específicas do Ensino Fundamental e àqueles que e dever do Estado na sua oferta pública e gratuita a todos.
trabalham nas escolas do campo, indígenas e quilombolas;
III – a coordenação do processo de implementação do Art. 4º As unidades escolares que ministram esta etapa da
currículo, evitando a fragmentação dos projetos educativos no Educação Básica devem estruturar seus projetos político-
interior de uma mesma realidade educacional; pedagógicos considerando as finalidades previstas na Lei nº
IV – o acompanhamento e a avaliação dos programas e 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional):
ações educativas nas respectivas redes e escolas e o I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
suprimento das necessidades detectadas. adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos;
Art. 49 O Ministério da Educação, em articulação com os II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
Estados, os Municípios e o Distrito Federal, deverá encaminhar educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
ao Conselho Nacional de Educação, precedida de consulta se adaptar a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
pública nacional, proposta de expectativas de aprendizagem posteriores;
dos conhecimentos escolares que devem ser atingidas pelos III – o aprimoramento do educando como pessoa humana,
alunos em diferentes estágios do Ensino Fundamental (art. 9º, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
§ 3º, desta Resolução). intelectual e do pensamento crítico;
Parágrafo único. Cabe, ainda, ao Ministério da Educação IV – a compreensão dos fundamentos científico-
elaborar orientações e oferecer outros subsídios para a tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
implementação destas Diretrizes. com a prática.

Art. 50 A presente Resolução entrará em vigor na data de Art. 5º O Ensino Médio em todas as suas formas de oferta e
sua publicação, revogando-se as disposições em contrário, organização, baseia-se em:
especialmente a Resolução CNE/CEB nº 2, de 7 de abril de I – formação integral do estudante;
1998. II – trabalho e pesquisa como princípios educativos e
pedagógicos, respectivamente;
Fonte: Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da III – educação em direitos humanos como princípio
Educação Básica / Ministério da Educação. Secretaria de nacional norteador;
Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. IV – sustentabilidade ambiental como meta universal;
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. V – indissociabilidade entre educação e prática social,
considerando-se a historicidade dos conhecimentos e dos
RESOLUÇÃO Nº 2, DE 30 DE JANEIRO 2012 sujeitos do processo educativo, bem como entre teoria e
prática no processo de ensino-aprendizagem;
Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino VI – integração de conhecimentos gerais e, quando for o
Médio. caso, técnico-profissionais realizada na perspectiva da
interdisciplinaridade e da contextualização;
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho VII – reconhecimento e aceitação da diversidade e da
Nacional de Educação, em conformidade com o disposto no realidade concreta dos sujeitos do processo educativo, das
artigo 9º, § 1º, alínea “c” da Lei nº 4.024/61, de 20 de formas de produção, dos processos de trabalho e das culturas
dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de a eles subjacentes;
25 de novembro de 1995, nos artigos 22, 23, 24, 25, 26, 26-A, VIII – integração entre educação e as dimensões do
27, 35, 36,36-A, 36-B e 36-C da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como base da
de 1996, e tendo em vista o Parecer CEB/CNE nº 5/2011, proposta e do desenvolvimento curricular.
homologado por Despacho do Senhor Ministro de Estado da § 1º O trabalho é conceituado na sua perspectiva
Educação, publicado no DOU de 24 de janeiro de 2011, resolve: ontológica de transformação da natureza, como realização
inerente ao ser humano e como mediação no processo de
TÍTULO I – Objeto e referencial produção da sua existência.
§ 2º A ciência é conceituada como o conjunto de
Capítulo I – Objeto conhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao
longo da história, na busca da compreensão e transformação
Art. 1º A presente Resolução define as Diretrizes da natureza e da sociedade.
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, a serem § 3º A tecnologia é conceituada como a transformação da
observadas na organização curricular pelos sistemas de ciência em força produtiva ou mediação do conhecimento
ensino e suas unidades escolares. científico e a produção, marcada, desde sua origem, pelas
Parágrafo único Estas Diretrizes aplicam-se a todas as relações sociais que a levaram a ser produzida.
formas e modalidades de Ensino Médio, complementadas, § 4º A cultura é conceituada como o processo de produção
quando necessário, por Diretrizes próprias. de expressões materiais, símbolos, representações e
significados que correspondem a valores éticos, políticos e

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estéticos que orientam as normas de conduta de uma Parágrafo único. Em termos operacionais, os componentes
sociedade. curriculares obrigatórios decorrentes da LDB que integram as
áreas de conhecimento são os referentes a:
Art. 6º O currículo é conceituado como a proposta de ação I – Linguagens:
educativa constituída pela seleção de conhecimentos a) Língua Portuguesa;
construídos pela sociedade, expressando-se por práticas b) Língua Materna, para populações indígenas;
escolares que se desdobram em torno de conhecimentos c) Língua Estrangeira moderna;
relevantes e pertinentes, permeadas pelas relações sociais, d) Arte, em suas diferentes linguagens: cênicas, plásticas e,
articulando vivências e saberes dos estudantes e contribuindo obrigatoriamente, a musical;
para o desenvolvimento de suas identidades e condições e) Educação Física.
cognitivas e sócio afetivas. II – Matemática.
III – Ciências da Natureza:
TÍTULO II – Organização curricular e formas de oferta a) Biologia;
Capítulo I – Organização curricular b) Física;
c) Química.
Art. 7º A organização curricular do Ensino Médio tem uma IV – Ciências Humanas:
base nacional comum e uma parte diversificada que não a) História;
devem constituir blocos distintos, mas um todo integrado, de b) Geografia;
modo a garantir tanto conhecimentos e saberes comuns c) Filosofia;
necessários a todos os estudantes, quanto uma formação que d) Sociologia.
considere a diversidade e as características locais e
especificidades regionais. Art. 10. Em decorrência de legislação específica, são
obrigatórios:
Art. 8º O currículo é organizado em áreas de conhecimento, I – Língua Espanhola, de oferta obrigatória pelas unidades
a saber: escolares, embora facultativa para o estudante (Lei nº
I – Linguagens; 11.161/2005);
II – Matemática; II – Com tratamento transversal e integradamente,
III – Ciências da Natureza; permeando todo o currículo, no âmbito dos demais
IV – Ciências Humanas. componentes curriculares:
§ 1º O currículo deve contemplar as quatro áreas do a) educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/2009,
conhecimento, com tratamento metodológico que evidencie a que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do
contextualização e a interdisciplinaridade ou outras formas de Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educação
interação e articulação entre diferentes campos de saberes Básica);
específicos. b) processo de envelhecimento, respeito e valorização do
§ 2º A organização por áreas de conhecimento não dilui idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
nem exclui componentes curriculares com especificidades e conhecimentos sobre a matéria (Lei nº 10.741/2003, que
saberes próprios construídos e sistematizados, mas implica no dispõe sobre o Estatuto do Idoso);
fortalecimento das relações entre eles e a sua contextualização c) Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99, que dispõe sobre
para apreensão e intervenção na realidade, requerendo a Política Nacional de Educação Ambiental);
planejamento e execução conjugados e cooperativos dos seus d) Educação para o Trânsito (Lei nº 9.503/97, que institui
professores. o Código de Trânsito Brasileiro);
e) Educação em Direitos Humanos (Decreto nº
Art. 9º A legislação nacional determina componentes 7.037/2009, que institui o Programa Nacional de Direitos
obrigatórios que devem ser tratados em uma ou mais das Humanos – PNDH 3).
áreas de conhecimento para compor o currículo:
I – são definidos pela LDB: Art. 11. Outros componentes curriculares, a critério dos
a) o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o sistemas de ensino e das unidades escolares e definidos em
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social seus projetos político-pedagógicos, podem ser incluídos no
e política, especialmente do Brasil; currículo, sendo tratados ou como disciplina ou com outro
a) o ensino da Arte, especialmente em suas expressões formato, preferencialmente, de forma transversal e
regionais, de forma a promover o desenvolvimento cultural integradora.
dos estudantes, com a Música como seu conteúdo obrigatório,
mas não exclusivo; Art. 12. O currículo do Ensino Médio deve:
b) a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da I – garantir ações que promovam:
instituição de ensino, sendo sua prática facultativa ao a) a educação tecnológica básica, a compreensão do
estudante nos casos previstos em Lei; significado da ciência, das letras e das artes;
c) o ensino da História do Brasil, que leva em conta as b) o processo histórico de transformação da sociedade e da
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação cultura;
do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, c) a língua portuguesa como instrumento de comunicação,
africana e europeia; acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
d) o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e II – adotar metodologias de ensino e de avaliação de
Indígena, no âmbito de todo o currículo escolar, em especial aprendizagem que estimulem a iniciativa dos estudantes;
nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História III – organizar os conteúdos, as metodologias e as formas
brasileiras; de avaliação de tal forma que ao final do Ensino Médio o
e) a Filosofia e a Sociologia em todos os anos do curso; estudante demonstre:
f) uma língua estrangeira moderna na parte diversificada, a) domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter presidem a produção moderna;
optativo, dentro das disponibilidades da instituição. b) conhecimento das formas contemporâneas de
linguagem.

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Art. 13. As unidades escolares devem orientar a definição a) 3.200 (três mil e duzentas) horas, no Ensino Médio
de toda proposição curricular, fundamentada na seleção dos regular integrado com a Educação Profissional Técnica de
conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaços, Nível Médio;
arranjos alternativos e formas de avaliação, tendo presente: b) 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, na Educação de
I – as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da Jovens e Adultos integrada com a Educação Profissional
cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de Técnica de Nível Médio, respeitado o mínimo de 1.200 (mil e
distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão duzentas) horas de educação geral;
histórica e em relação ao contexto social contemporâneo; c) 1.400 (mil e quatrocentas) horas, na Educação de Jovens
II – o trabalho como princípio educativo, para a e Adultos integrada com a formação inicial e continuada ou
compreensão do processo histórico de produção científica e qualificação profissional, respeitado o mínimo de 1.200 (mil e
tecnológica, desenvolvida e apropriada socialmente para a duzentas) horas de educação geral;
transformação das condições naturais da vida e a ampliação VII – na Educação Especial, na Educação do Campo, na
das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos; Educação Escolar Indígena, na Educação Escolar Quilombola,
III – a pesquisa como princípio pedagógico, possibilitando de pessoas em regime de acolhimento ou internação e em
que o estudante possa ser protagonista na investigação e na regime de privação de liberdade, e na Educação a Distância,
busca de respostas em um processo autônomo de devem ser observadas as respectivas Diretrizes e normas
(re)construção de conhecimentos. nacionais;
IV – os direitos humanos como princípio norteador, VIII – os componentes curriculares que integram as áreas
desenvolvendo-se sua educação de forma integrada, de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas,
permeando todo o currículo, para promover o respeito a esses sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos,
direitos e à convivência humana. módulos, atividades, práticas e projetos contextualizados e
V – a sustentabilidade socioambiental como meta interdisciplinares ou diversamente articuladores de saberes,
universal, desenvolvida como prática educativa integrada, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de
contínua e permanente, e baseada na compreensão do organização;
necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser humano IX – os componentes curriculares devem propiciar a
com seu ambiente. apropriação de conceitos e categorias básicas, e não o acúmulo
de informações e conhecimentos, estabelecendo um conjunto
Capítulo II – Formas de oferta e organização necessário de saberes integrados e significativos;
X – além de seleção criteriosa de saberes, em termos de
Art. 14. O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, quantidade, pertinência e relevância, deve ser equilibrada sua
concebida como conjunto orgânico, sequencial e articulado, distribuição ao longo do curso, para evitar fragmentação e
deve assegurar sua função formativa para todos os estudantes, congestionamento com número excessivo de componentes em
sejam adolescentes, jovens ou adultos, atendendo, mediante cada tempo da organização escolar;
diferentes formas de oferta e organização: XI – a organização curricular do Ensino Médio deve
I – o Ensino Médio pode organizar-se em tempos escolares oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades
no formato de séries anuais, períodos semestrais, ciclos, que permitam itinerários formativos opcionais diversificados,
módulos, alternância regular de períodos de estudos, grupos a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de
não seriados, com base na idade, na competência e em outros condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes,
critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o com suas especificidades etárias, sociais e culturais, bem como
interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar; sua fase de desenvolvimento;
II – no Ensino Médio regular, a duração mínima é de 3 XII – formas diversificadas de itinerários podem ser
(três) anos, com carga horária mínima total de 2.400 (duas mil organizadas, desde que garantida a simultaneidade entre as
e quatrocentas) horas, tendo como referência uma carga dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura,
horária anual de 800 (oitocentas) horas, distribuídas em pelo e definidas pelo projeto político-pedagógico, atendendo
menos 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar; necessidades, anseios e aspirações dos sujeitos e a realidade
III – o Ensino Médio regular diurno, quando adequado aos da escola e do seu meio;
seus estudantes, pode se organizar em regime de tempo XIII – a interdisciplinaridade e a contextualização devem
integral com, no mínimo, 7 (sete) horas diárias; assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes
IV – no Ensino Médio regular noturno, adequado às componentes curriculares, propiciando a interlocução entre
condições de trabalhadores, respeitados os mínimos de os saberes e os diferentes campos do conhecimento.
duração e de carga horária, o projeto político-pedagógico deve
atender, com qualidade, a sua singularidade, especificando TÍTULO III – Do projeto político-pedagógico e dos
uma organização curricular e metodológica diferenciada, e sistemas de ensino
pode, para garantir a permanência e o sucesso destes Capítulo I – Do projeto político-pedagógico
estudantes:
a) ampliar a duração do curso para mais de 3 (três) anos, Art. 15. Com fundamento no princípio do pluralismo de
com menor carga horária diária e anual, garantido o mínimo ideias e de concepções pedagógicas, no exercício de sua
total de 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas; autonomia e na gestão democrática, o projeto político-
V – na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, pedagógico das unidades escolares, deve traduzir a proposta
observadas suas Diretrizes específicas, com duração mínima educativa construída coletivamente, garantida a participação
de 1.200 (mil e duzentas) horas, deve ser especificada uma efetiva da comunidade escolar e local, bem como a permanente
organização curricular e metodológica diferenciada para os construção da identidade entre a escola e o território no qual
estudantes trabalhadores, que pode: está inserida.
a) ampliar seus tempos de organização escolar, com menor § 1º Cabe a cada unidade de ensino a elaboração do seu
carga horária diária e anual, garantida sua duração mínima; projeto político-pedagógico, com a proposição de alternativas
VI – atendida a formação geral, incluindo a preparação para a formação integral e acesso aos conhecimentos e saberes
básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar para o necessários, definido a partir de aprofundado processo de
exercício de profissões técnicas, por integração com a diagnóstico, análise e estabelecimento de prioridades,
Educação Profissional e Tecnológica, observadas as Diretrizes delimitação de formas de implementação e sistemática de seu
específicas, com as cargas horárias mínimas de: acompanhamento e avaliação.

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§ 2º O projeto político-pedagógico, na sua concepção e do papel cultural, político e econômico dos meios de
implementação, deve considerar os estudantes e os comunicação na sociedade;
professores como sujeitos históricos e de direitos, XXI – participação social e protagonismo dos estudantes,
participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e como agentes de transformação de suas unidades de ensino e
singularidade. de suas comunidades;
§ 3º A instituição de ensino deve atualizar, periodicamente, XXII – condições materiais, funcionais e didático-
seu projeto político-pedagógico e dar-lhe publicidade à pedagógicas, para que os profissionais da escola efetivem as
comunidade escolar e às famílias. proposições do projeto.
Parágrafo único. O projeto político-pedagógico deve, ainda,
Art. 16. O projeto político-pedagógico das unidades orientar:
escolares que ofertam o Ensino Médio deve considerar: a) dispositivos, medidas e atos de organização do trabalho
I – atividades integradoras artístico-culturais, tecnológicas escolar;
e de iniciação científica, vinculadas ao trabalho, ao meio b) mecanismos de promoção e fortalecimento da
ambiente e à prática social; autonomia escolar, mediante a alocação de recursos
II – problematização como instrumento de incentivo à financeiros, administrativos e de suporte técnico necessários à
pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvimento sua realização;
do espírito inventivo; c) adequação dos recursos físicos, inclusive organização
III – a aprendizagem como processo de apropriação dos espaços, equipamentos, biblioteca, laboratórios e outros
significativa dos conhecimentos, superando a aprendizagem ambientes educacionais.
limitada à memorização;
IV – valorização da leitura e da produção escrita em todos Capítulo II – Dos sistemas de ensino
os campos do saber;
V – comportamento ético, como ponto de partida para o Art. 17. Os sistemas de ensino, de acordo com a legislação
reconhecimento dos direitos humanos e da cidadania, e para a e a normatização nacional e estadual, e na busca da melhor
prática de um humanismo contemporâneo expresso pelo adequação possível às necessidades dos estudantes e do meio
reconhecimento, respeito e acolhimento da identidade do social, devem:
outro e pela incorporação da solidariedade; I – criar mecanismos que garantam liberdade, autonomia e
VI – articulação entre teoria e prática, vinculando o responsabilidade às unidades escolares, fortalecendo sua
trabalho intelectual às atividades práticas ou experimentais; capacidade de concepção, formulação e execução de suas
VII – integração com o mundo do trabalho por meio de propostas político-pedagógicas;
estágios de estudantes do Ensino Médio, conforme legislação II – promover, mediante a institucionalização de
específica; mecanismos de participação da comunidade, alternativas de
VIII – utilização de diferentes mídias como processo de organização institucional que possibilitem:
dinamização dos ambientes de aprendizagem e construção de a) identidade própria das unidades escolares de
novos saberes; adolescentes, jovens e adultos, respeitadas as suas condições e
IX – capacidade de aprender permanente, desenvolvendo necessidades de espaço e tempo para a aprendizagem;
a autonomia dos estudantes; b) várias alternativas pedagógicas, incluindo ações,
X – atividades sociais que estimulem o convívio humano; situações e tempos diversos, bem como diferentes espaços –
XI – avaliação da aprendizagem, com diagnóstico intraescolares ou de outras unidades escolares e da
preliminar, e entendida como processo de caráter formativo, comunidade – para atividades educacionais e socioculturais
permanente e cumulativo; favorecedoras de iniciativa, autonomia e protagonismo social
XII – acompanhamento da vida escolar dos estudantes, dos estudantes;
promovendo o seguimento do desempenho, análise de c) articulações institucionais e comunitárias necessárias
resultados e comunicação com a família; ao cumprimento dos planos dos sistemas de ensino e dos
XIII – atividades complementares e de superação das projetos político-pedagógicos das unidades escolares;
dificuldades de aprendizagem para que o estudante tenha d) realização, inclusive pelos colegiados escolares e órgãos
sucesso em seus estudos; de representação estudantil, de ações fundamentadas nos
XIV – reconhecimento e atendimento da diversidade e direitos humanos e nos princípios éticos, de convivência e de
diferentes nuances da desigualdade e da exclusão na participação democrática visando a construir unidades
sociedade brasileira; escolares e sociedade livres de preconceitos, discriminações e
XV – valorização e promoção dos direitos humanos das diversas formas de violência.
mediante temas relativos a gênero, identidade de gênero, raça III – fomentar alternativas de diversificação e
e etnia, religião, orientação sexual, pessoas com deficiência, flexibilização, pelas unidades escolares, de formatos,
entre outros, bem como práticas que contribuam para a componentes curriculares ou formas de estudo e de
igualdade e para o enfrentamento de todas as formas de atividades, estimulando a construção de itinerários formativos
preconceito, discriminação e violência sob todas as formas; que atendam às características, interesses e necessidades dos
XVI – análise e reflexão crítica da realidade brasileira, de estudantes e às demandas do meio social, privilegiando
sua organização social e produtiva na relação de propostas com opções pelos estudantes.
complementaridade entre espaços urbanos e do campo; IV – orientar as unidades escolares para promoverem:
XVII – estudo e desenvolvimento de atividades a) classificação do estudante, mediante avaliação pela
socioambientais, conduzindo a Educação Ambiental como uma instituição, para inserção em etapa adequada ao seu grau de
prática educativa integrada, contínua e permanente; desenvolvimento e experiência;
XVIII – práticas desportivas e de expressão corporal, que b) aproveitamento de estudos realizados e de
contribuam para a saúde, a sociabilidade e a cooperação; conhecimentos constituídos tanto no ensino formal como no
XIX – atividades intersetoriais, entre outras, de promoção informal e na experiência extraescolar;
da saúde física e mental, saúde sexual e saúde reprodutiva, e V – estabelecer normas complementares e políticas
prevenção do uso de drogas; educacionais para execução e cumprimento das disposições
XX – produção de mídias nas escolas a partir da promoção destas Diretrizes, considerando as peculiaridades regionais ou
de atividades que favoreçam as habilidades de leitura e análise locais;

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VI – instituir sistemas de avaliação e utilizar os sistemas de


avaliação operados pelo Ministério da Educação, a fim de O Plano Nacional de
acompanhar resultados, tendo como referência as
expectativas de aprendizagem dos conhecimentos e saberes a
Educação.
serem alcançados, a legislação e as normas, estas Diretrizes, e
os projetos político-pedagógicos das unidades escolares.
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (LEI 13.005/2014)
Art. 18. Para a implementação destas Diretrizes, cabe aos
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014
sistemas de ensino prover:
I – os recursos financeiros e materiais necessários à
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras
ampliação dos tempos e espaços dedicados ao trabalho
providências.
educativo nas unidades escolares;
II – aquisição, produção e/ou distribuição de materiais
Art. 1º É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE,
didáticos e escolares adequados;
com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta
III – professores com jornada de trabalho e formação,
Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do
inclusive continuada, adequadas para o desenvolvimento do
disposto no art. 214 da Constituição Federal.
currículo, bem como dos gestores e demais profissionais das
unidades escolares;
Art. 2º São diretrizes do PNE:
IV – instrumentos de incentivo e valorização dos
I - erradicação do analfabetismo;
profissionais da educação, com base em planos de carreira e
II - universalização do atendimento escolar;
outros dispositivos voltados para esse fim;
III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase
V – acompanhamento e avaliação dos programas e ações
na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas
educativas nas respectivas redes e unidades escolares.
de discriminação;
IV - melhoria da qualidade da educação;
Art. 19. Em regime de colaboração com os Estados, o
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase
Distrito Federal e os Municípios, e na perspectiva de um
nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
sistema nacional de educação, cabe ao Ministério da Educação
VI - promoção do princípio da gestão democrática da
oferecer subsídios e apoio para a implementação destas
educação pública;
Diretrizes.
VII - promoção humanística, científica, cultural e
tecnológica do País;
Art. 20. Visando a alcançar unidade nacional, respeitadas
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
as diversidades, o Ministério da Educação, em articulação e
públicos em educação como proporção do Produto Interno
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os
Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de
Municípios, deve elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional
expansão, com padrão de qualidade e equidade;
de Educação, precedida de consulta pública nacional, proposta
IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
de expectativas de aprendizagem dos conhecimentos
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
escolares e saberes que devem ser atingidos pelos estudantes
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
em diferentes tempos de organização do curso de Ensino
Médio.
Art. 3º As metas previstas no Anexo desta Lei serão
cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja
Art. 21. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deve,
prazo inferior definido para metas e estratégias específicas.
progressivamente, compor o Sistema de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), assumindo as funções de:
Art. 4º As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter
como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de
I– avaliação sistêmica, que tem como objetivo subsidiar as
Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os censos nacionais
políticas públicas para a Educação Básica;
da educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na
II– avaliação certificadora, que proporciona àqueles que
data da publicação desta Lei.
estão fora da escola aferir seus conhecimentos construídos em
Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o escopo
processo de escolarização, assim como os conhecimentos
das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
tácitos adquiridos ao longo da vida;
informação detalhada sobre o perfil das populações de 4
III– avaliação classificatória, que contribui para o acesso
(quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência.
democrático à Educação Superior.
Art. 5º A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
Art. 22. Estas Diretrizes devem nortear a elaboração da
serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
proposta de expectativas de aprendizagem, a formação de
periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
professores, os investimentos em materiais didáticos e os
I - Ministério da Educação - MEC;
sistemas e exames nacionais de avaliação.
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e
Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;
Art. 23. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
publicação, revogando-se as disposições em contrário, em
IV - Fórum Nacional de Educação.
especial a Resolução CNE/CEB nº 3, de 26 de junho de 1998.
§ 1º Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
I - divulgar os resultados do monitoramento e das
avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet;
II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a
implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
III - analisar e propor a revisão do percentual de
investimento público em educação.
§ 2º A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigência
deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para

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aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e
Anexo desta Lei, com informações organizadas por ente informada a essa comunidade.
federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo como § 5º Será criada uma instância permanente de negociação
referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. 4º, sem e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
prejuízo de outras fontes e informações relevantes. Municípios.
§ 3º A meta progressiva do investimento público em § 6º O fortalecimento do regime de colaboração entre os
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de
poderá ser ampliada por meio de lei para atender às instâncias permanentes de negociação, cooperação e
necessidades financeiras do cumprimento das demais metas. pactuação em cada Estado.
§ 4º O investimento público em educação a que se referem § 7º O fortalecimento do regime de colaboração entre os
o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta 20 do Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos
Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma do art. de desenvolvimento da educação.
212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
nos programas de expansão da educação profissional e deverão elaborar seus correspondentes planos de educação,
superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo
subsídios concedidos em programas de financiamento de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei.
estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de § 1º Os entes federados estabelecerão nos respectivos
educação especial na forma do art. 213 da Constituição planos de educação estratégias que:
Federal. I - assegurem a articulação das políticas educacionais com
§ 5º Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento do as demais políticas sociais, particularmente as culturais;
ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do II - considerem as necessidades específicas das populações
art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos do campo e das comunidades indígenas e quilombolas,
previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural;
compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás III - garantam o atendimento das necessidades específicas
natural, na forma de lei específica, com a finalidade de na educação especial, assegurado o sistema educacional
assegurar o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
214 da Constituição Federal. IV - promovam a articulação Inter federativa na
implementação das políticas educacionais.
Art. 6º A União promoverá a realização de pelo menos 2 § 2º Os processos de elaboração e adequação dos planos de
(duas) conferências nacionais de educação até o final do educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
decênio, precedidas de conferências distrital, municipais e que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla
estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional de participação de representantes da comunidade educacional e
Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério da da sociedade civil.
Educação.
§ 1º O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
referida no caput: deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas de
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento de ensino, disciplinando a gestão democrática da educação
suas metas; pública nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2
II - promoverá a articulação das conferências nacionais de (dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando,
educação com as conferências regionais, estaduais e quando for o caso, a legislação local já adotada com essa
municipais que as precederem. finalidade.
§ 2º As conferências nacionais de educação realizar-se-ão
com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o objetivo Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a elaboração do os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito
plano nacional de educação para o decênio subsequente. Federal e dos Municípios serão formulados de maneira a
assegurar a consignação de dotações orçamentárias
Art. 7º A União, os Estados, o Distrito Federal e os compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e
Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua
alcance das metas e à implementação das estratégias objeto plena execução.
deste Plano.
§ 1º Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais e Art. 11. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais Básica, coordenado pela União, em colaboração com os
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE. Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte
§ 2º As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem de informação para a avaliação da qualidade da educação
a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de básica e para a orientação das políticas públicas desse nível de
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os ensino.
entes federados, podendo ser complementadas por § 1º O sistema de avaliação a que se refere o caput
mecanismos nacionais e locais de coordenação e colaboração produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos:
recíproca. I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
§ 3º Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal desempenho dos (as) estudantes apurado em exames
e dos Municípios criarão mecanismos para o nacionais de avaliação, com participação de pelo menos 80%
acompanhamento local da consecução das metas deste PNE e (oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar
dos planos previstos no art. 8º. periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados
§ 4º Haverá regime de colaboração específico para a pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica;
implementação de modalidades de educação escolar que II - indicadores de avaliação institucional, relativos a
necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a características como o perfil do alunado e do corpo dos (as)
utilização de estratégias que levem em conta as identidades e profissionais da educação, as relações entre dimensão do
especificidades socioculturais e linguísticas de cada corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a

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infraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por
disponíveis e os processos da gestão, entre outras relevantes. creches;
§ 2º A elaboração e a divulgação de índices para avaliação 1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e
da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da Educação respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional
Básica - IDEB, que agreguem os indicadores mencionados no de construção e reestruturação de escolas, bem como de
inciso I do § 1º não elidem a obrigatoriedade de divulgação, em aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria
separado, de cada um deles. da rede física de escolas públicas de educação infantil;
§ 3º Os indicadores mencionados no § 1º serão estimados 1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE,
por etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar, unidade da avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois)
Federação e em nível agregado nacional, sendo amplamente anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim
divulgados, ressalvada a publicação de resultados individuais de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as
e indicadores por turma, que fica admitida exclusivamente condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de
para a comunidade do respectivo estabelecimento e para o acessibilidade, entre outros indicadores relevantes;
órgão gestor da respectiva rede. 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches
§ 4º Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e dos certificadas como entidades beneficentes de assistência social
indicadores referidos no § 1º. na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar
§ 5º A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em pública;
exames, referida no inciso I do § 1º, poderá ser diretamente 1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as)
realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pelos profissionais da educação infantil, garantindo,
Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de progressivamente, o atendimento por profissionais com
ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas formação superior;
próprios de avaliação do rendimento escolar, assegurada a 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos
compatibilidade metodológica entre esses sistemas e o de pesquisa e cursos de formação para profissionais da
nacional, especialmente no que se refere às escalas de educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e
proficiência e ao calendário de aplicação. propostas pedagógicas que incorporem os avanços de
pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às
Art. 12. Até o final do primeiro semestre do nono ano de teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero)
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao a 5 (cinco) anos;
Congresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste 1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e
Poder, o projeto de lei referente ao Plano Nacional de das comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil
Educação a vigorar no período subsequente, que incluirá nas respectivas comunidades, por meio do
diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias para o próximo redimensionamento da distribuição territorial da oferta,
decênio. limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de crianças,
de forma a atender às especificidades dessas comunidades,
Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei específica, garantido consulta prévia e informada;
contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os oferta do atendimento educacional especializado
sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação complementar e suplementar aos (às) alunos (as) com
das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
Educação. habilidades ou superdotação, assegurando a educação
bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da educação
Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. especial nessa etapa da educação básica;
1.12) implementar, em caráter complementar, programas
ANEXO de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das
METAS E ESTRATÉGIAS áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no
desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré- idade;
escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade 1.13) preservar as especificidades da educação infantil na
e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a organização das redes escolares, garantindo o atendimento da
atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que
de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação
com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do (a)
Estratégias: aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os 1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em
das respectivas redes públicas de educação infantil segundo especial dos beneficiários de programas de transferência de
padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos
locais; públicos de assistência social, saúde e proteção à infância;
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade
inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de correspondente à educação infantil, em parceria com órgãos
frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância,
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado preservando o direito de opção da família em relação às
e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo; crianças de até 3 (três) anos;
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colaboração
levantamento da demanda por creche para a população de até da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada ano,
3 (três) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o levantamento da demanda manifesta por educação infantil em
atendimento da demanda manifesta; creches e pré-escolas, como forma de planejar e verificar o
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, atendimento;
normas, procedimentos e prazos para definição de 1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo
integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos,

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conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e
para a Educação Infantil. cinco por cento).
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove)
anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e Estratégias:
garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos 3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do
alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com
último ano de vigência deste PNE. abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
teoria e prática, por meio de currículos escolares que
Estratégias: organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte,
Municípios, deverá, até o final do 2o (segundo) ano de vigência garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a
deste PNE, elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de produção de material didático específico, a formação
Educação, precedida de consulta pública nacional, proposta de continuada de professores e a articulação com instituições
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para acadêmicas, esportivas e culturais;
os (as) alunos (as) do ensino fundamental; 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e colaboração com os entes federados e ouvida a sociedade
Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata mediante consulta pública nacional, elaborará e encaminhará
o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e ao Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 2o(segundo)
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que ano de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de
configurarão a base nacional comum curricular do ensino aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de
fundamental; ensino médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento organização deste nível de ensino, com vistas a garantir
individualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; formação básica comum;
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata
beneficiários de programas de transferência de renda, bem o § 5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos
como das situações de discriminação, preconceitos e de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base
violências na escola, visando ao estabelecimento de condições nacional comum curricular do ensino médio;
adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), em 3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de
colaboração com as famílias e com órgãos públicos de forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva,
assistência social, saúde e proteção à infância, adolescência e integrada ao currículo escolar;
juventude; 3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes fluxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento
fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar
social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude; defasado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, turno complementar, estudos de recuperação e progressão
de maneira articulada, a organização do tempo e das parcial, de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira
atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, compatível com sua idade;
considerando as especificidades da educação especial, das 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio -
escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas; ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e
organização flexível do trabalho pedagógico, incluindo psicométricas que permitam comparabilidade de resultados,
adequação do calendário escolar de acordo com a realidade articulando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da
local, a identidade cultural e as condições climáticas da região; Educação Básica - SAEB, e promover sua utilização como
2.8) promover a relação das escolas com instituições e instrumento de avaliação sistêmica, para subsidiar políticas
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de públicas para a educação básica, de avaliação certificadora,
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) possibilitando aferição de conhecimentos e habilidades
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que as adquiridos dentro e fora da escola, e de avaliação
escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; classificatória, como critério de acesso à educação superior;
2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no 3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de
acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio ensino médio integrado à educação profissional, observando-
do estreitamento das relações entre as escolas e as famílias; se as peculiaridades das populações do campo, das
2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em comunidades indígenas e quilombolas e das pessoas com
especial dos anos iniciais, para as populações do campo, deficiência;
indígenas e quilombolas, nas próprias comunidades; 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o
2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino monitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens
fundamental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no
filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar
itinerante; e à interação com o coletivo, bem como das situações de
2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo discriminação, preconceitos e violências, práticas irregulares
aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive de exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez
mediante certames e concursos nacionais; precoce, em colaboração com as famílias e com órgãos
2.13) promover atividades de desenvolvimento e estímulo públicos de assistência social, saúde e proteção à adolescência
a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano e juventude;
de disseminação do desporto educacional e de 3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) a
desenvolvimento esportivo nacional. 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescência
para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e e à juventude;
elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa

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3.10) fomentar programas de educação e de cultura para a 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
população urbana e do campo de jovens, na faixa etária de 15 promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
(quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualificação garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
social e profissional para aqueles que estejam fora da escola e deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta de
com defasagem no fluxo escolar; transporte acessível e da disponibilização de material didático
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegurando,
diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis e
escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, modalidades de ensino, a identificação dos (as) alunos (as)
de acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos com altas habilidades ou superdotação;
(as); 4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na
médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda
de profissionais que se dedicam a atividades de caráter língua, aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva
itinerante; de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do
motivada por preconceito ou quaisquer formas de Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e
discriminação, criando rede de proteção contra formas 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
associadas de exclusão; Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de leitura
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cursos para cegos e surdos-cegos;
das áreas tecnológicas e científicas. 4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e
(dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o atendimento educacional especializado;
acesso à educação básica e ao atendimento educacional 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, acesso à escola e ao atendimento educacional especializado,
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
especializados, públicos ou conveniados. desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
beneficiários (as) de programas de transferência de renda,
Estratégias: juntamente com o combate às situações de discriminação,
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de condições adequadas para o sucesso educacional, em
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de
matrículas dos (as) estudantes da educação regular da rede assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e
pública que recebam atendimento educacional especializado à juventude;
complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o
dessas matrículas na educação básica regular, e as matrículas desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos,
efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à
educação especial oferecida em instituições comunitárias, promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas condições de acessibilidade dos (as) estudantes com
com o poder público e com atuação exclusiva na modalidade, deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
nos termos da Lei no11.494, de 20 de junho de 2007; habilidades ou superdotação;
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a 4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas
universalização do atendimento escolar à demanda manifesta interdisciplinares para subsidiar a formulação de políticas
pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com públicas intersetoriais que atendam as especificidades
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas educacionais de estudantes com deficiência, transtornos
habilidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as superdotação que requeiram medidas de atendimento
diretrizes e bases da educação nacional; especializado;
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos 4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e
multifuncionais e fomentar a formação continuada de políticas públicas de saúde, assistência social e direitos
professores e professoras para o atendimento educacional humanos, em parceria com as famílias, com o fim de
especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de desenvolver modelos de atendimento voltados à continuidade
comunidades quilombolas; do atendimento escolar, na educação de jovens e adultos, das
4.4) garantir atendimento educacional especializado em pessoas com deficiência e transtornos globais do
salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços desenvolvimento com idade superior à faixa etária de
especializados, públicos ou conveniados, nas formas escolarização obrigatória, de forma a assegurar a atenção
complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com integral ao longo da vida;
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da
habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de educação para atender à demanda do processo de
educação básica, conforme necessidade identificada por meio escolarização dos (das) estudantes com deficiência,
de avaliação, ouvidos a família e o aluno; transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de superdotação, garantindo a oferta de professores (as) do
apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições atendimento educacional especializado, profissionais de apoio
acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saúde, ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-
assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o intérpretes para surdos-cegos, professores de Libras,
trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as) prioritariamente surdos, e professores bilíngues;
alunos (as) com deficiência, transtornos globais do 4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE,
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão
para o funcionamento de instituições públicas e privadas que

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prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou cultural das comunidades quilombolas;
superdotação; 5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação, de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o
nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas
a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e programas de pós-graduação stricto sensu e ações de
altas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) formação continuada de professores (as) para a alfabetização;
anos; 5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência,
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização
demais cursos de formação para profissionais da educação, bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de
inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto terminalidade temporal.
no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no
teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de
ensino-aprendizagem relacionados ao atendimento forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos
educacional de alunos com deficiência, transtornos globais do (as) alunos (as) da educação básica.
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, Estratégias:
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação
com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio básica pública em tempo integral, por meio de atividades de
ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência, acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência
superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino; dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade,
4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de
com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação professores em uma única escola;
continuada e a produção de material didático acessível, assim 6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de
como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno construção de escolas com padrão arquitetônico e de
acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com mobiliário adequado para atendimento em tempo integral,
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em
habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de situação de vulnerabilidade social;
ensino; 6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração,
4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas,
com o poder público, a fim de favorecer a participação das laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades
famílias e da sociedade na construção do sistema educacional culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios,
inclusivo. banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final material didático e da formação de recursos humanos para a
do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental. educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes
Estratégias: espaços educativos, culturais e esportivos e com
5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, equipamentos públicos, como centros comunitários,
nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e
as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação e planetários;
valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com 6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação
apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da
plena de todas as crianças; rede pública de educação básica por parte das entidades
5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de
periódicos e específicos para aferir a alfabetização das forma concomitante e em articulação com a rede pública de
crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular os ensino;
sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos 6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art.
instrumentos de avaliação e monitoramento, implementando 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em atividades
medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos e alunas de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da
até o final do terceiro ano do ensino fundamental; rede pública de educação básica, de forma concomitante e em
5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias articulação com a rede pública de ensino;
educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a 6.7) atender às escolas do campo e de comunidades
diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo
acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em integral, com base em consulta prévia e informada,
que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, considerando-se as peculiaridades locais;
preferencialmente, como recursos educacionais abertos; 6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas
5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro)
assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional
escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as especializado complementar e suplementar ofertado em salas
diversas abordagens metodológicas e sua efetividade; de recursos multifuncionais da própria escola ou em
5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, instituições especializadas;
indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a 6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de
produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão
instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da da jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com
atividades recreativas, esportivas e culturais.

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Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas redes de ensino para a melhoria de seus processos e práticas
as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da pedagógicas;
aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais 7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da
para o Ideb: qualidade da educação especial, bem como da qualidade da
educação bilíngue para surdos;
IDEB 2015 2017 2019 2021 7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, de
forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a
Anos iniciais 5,2 5,5 5,7 6,0
diferença entre as escolas com os menores índices e a média
do ensino
nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzindo
fundamental
pela metade, até o último ano de vigência deste PNE, as
Anos finais 4,7 5,0 5,2 5,5
diferenças entre as médias dos índices dos Estados, inclusive
do ensino
do Distrito Federal, e dos Municípios;
fundamental
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os
Ensino 4,3 4,7 5,0 5,2 resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional
médio de avaliação da educação básica e do Ideb, relativos às escolas,
às redes públicas de educação básica e aos sistemas de ensino
Estratégias: da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação assegurando a contextualização desses resultados, com
interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica relação a indicadores sociais relevantes, como os de nível
e a base nacional comum dos currículos, com direitos e socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos transparência e o acesso público às informações técnicas de
(as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada concepção e operação do sistema de avaliação;
a diversidade regional, estadual e local; 7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação
7.2) assegurar que: básica nas avaliações da aprendizagem no Programa
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como
(setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental instrumento externo de referência, internacionalmente
e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de reconhecido, de acordo com as seguintes projeções:
aprendizado em relação aos direitos e objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50%
(cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável; PISA 2015 2018 2021
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) Média dos 438 455 473
estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham resultados em
alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos matemática, leitura e
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de ciências
seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o
nível desejável; 7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o
Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas
indicadores de avaliação institucional com base no perfil do pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo
alunado e do corpo de profissionais da educação, nas escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de
condições de infraestrutura das escolas, nos recursos métodos e propostas pedagógicas, com preferência
pedagógicos disponíveis, nas características da gestão e em para softwares livres e recursos educacionais abertos, bem
outras dimensões relevantes, considerando as especificidades como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de
das modalidades de ensino; ensino em que forem aplicadas;
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das 7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as)
escolas de educação básica, por meio da constituição de estudantes da educação do campo na faixa etária da educação
instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem escolar obrigatória, mediante renovação e padronização
fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento integral da frota de veículos, de acordo com especificações
estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a definidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
formação continuada dos (as) profissionais da educação e o Tecnologia - INMETRO, e financiamento compartilhado, com
aprimoramento da gestão democrática; participação da União proporcional às necessidades dos entes
7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo médio
dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para de deslocamento a partir de cada situação local;
a educação básica pública e às estratégias de apoio técnico e 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de
financeiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à atendimento escolar para a população do campo que
formação de professores e professoras e profissionais de considerem as especificidades locais e as boas práticas
serviços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento nacionais e internacionais;
de recursos pedagógicos e à melhoria e expansão da 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE,
infraestrutura física da rede escolar; o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de
7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação
à fixação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de
conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando educação básica, promovendo a utilização pedagógica das
sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional; tecnologias da informação e da comunicação;
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar
avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de mediante transferência direta de recursos financeiros à escola,
forma a englobar o ensino de ciências nos exames aplicados garantindo a participação da comunidade escolar no
nos anos finais do ensino fundamental, e incorporar o Exame planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação
Nacional do Ensino Médio, assegurada a sua universalização, da transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão
ao sistema de avaliação da educação básica, bem como apoiar democrática;
o uso dos resultados das avaliações nacionais pelas escolas e 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de
atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação

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básica, por meio de programas suplementares de material 7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à específicas para educação escolar para as escolas do campo e
saúde; para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os
7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação conteúdos culturais correspondentes às respectivas
básica o acesso a energia elétrica, abastecimento de água comunidades e considerando o fortalecimento das práticas
tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos, socioculturais e da língua materna de cada comunidade
garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, indígena, produzindo e disponibilizando materiais didáticos
a bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com deficiência;
ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às 7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil,
pessoas com deficiência; articulando a educação formal com experiências de educação
7.19) institucionalizar e manter, em regime de popular e cidadã, com os propósitos de que a educação seja
colaboração, programa nacional de reestruturação e aquisição assumida como responsabilidade de todos e de ampliar o
de equipamentos para escolas públicas, visando à equalização controle social sobre o cumprimento das políticas públicas
regional das oportunidades educacionais; educacionais;
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos 7.29) promover a articulação dos programas da área da
digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a educação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas,
todas as escolas públicas da educação básica, criando, como saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e
inclusive, mecanismos para implementação das condições cultura, possibilitando a criação de rede de apoio integral às
necessárias para a universalização das bibliotecas nas famílias, como condição para a melhoria da qualidade
instituições educacionais, com acesso a redes digitais de educacional;
computadores, inclusive a internet; 7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos
7.21) a União, em regime de colaboração com os entes responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o
federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) atendimento aos (às) estudantes da rede escolar pública de
anos contados da publicação desta Lei, parâmetros mínimos educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e
de qualidade dos serviços da educação básica, a serem atenção à saúde;
utilizados como referência para infraestrutura das escolas, 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas
recursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde e
como instrumento para adoção de medidas para a melhoria da à integridade física, mental e emocional dos (das) profissionais
qualidade do ensino; da educação, como condição para a melhoria da qualidade
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas educacional;
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Distrito 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da
Federal e dos Municípios, bem como manter programa União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os
nacional de formação inicial e continuada para o pessoal sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com
técnico das secretarias de educação; participação, por adesão, das redes municipais de ensino, para
7.23) garantir políticas de combate à violência na escola, orientar as políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o
inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à fornecimento das informações às escolas e à sociedade;
capacitação de educadores para detecção dos sinais de suas 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância com
causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a
adoção das providências adequadas para promover a formação de leitores e leitoras e a capacitação de professores
construção da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da
segurança para a comunidade; comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência na leitura, de acordo com a especificidade das diferentes etapas
escola para adolescentes e jovens que se encontram em regime do desenvolvimento e da aprendizagem;
de liberdade assistida e em situação de rua, assegurando os 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os
princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Municípios e o Distrito Federal, programa nacional de
Criança e do Adolescente; formação de professores e professoras e de alunos e alunas
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a para promover e consolidar política de preservação da
história e as culturas afro-brasileira e indígenas e implementar memória nacional;
ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, de 9 de 7.35) promover a regulação da oferta da educação básica
janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008, pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o
assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes cumprimento da função social da educação;
curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
fóruns de educação para a diversidade etnicorracial, conselhos melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o
escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil; mérito do corpo docente, da direção e da comunidade escolar.
7.26) consolidar a educação escolar no campo de Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18
populações tradicionais, de populações itinerantes e de (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no
comunidades indígenas e quilombolas, respeitando a mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência
articulação entre os ambientes escolares e comunitários e deste Plano, para as populações do campo, da região de menor
garantindo: o desenvolvimento sustentável e preservação da escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais
identidade cultural; a participação da comunidade na pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não
definição do modelo de organização pedagógica e de gestão negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de
das instituições, consideradas as práticas socioculturais e as Geografia e Estatística - IBGE.
formas particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, Estratégias:
em língua materna das comunidades indígenas e em língua 8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnologias
portuguesa; a reestruturação e a aquisição de equipamentos; a para correção de fluxo, para acompanhamento pedagógico
oferta de programa para a formação inicial e continuada de individualizado e para recuperação e progressão parcial, bem
profissionais da educação; e o atendimento em educação como priorizar estudantes com rendimento escolar defasado,
especial; considerando as especificidades dos segmentos populacionais
considerados;

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8.2) implementar programas de educação de jovens e 9.11) implementar programas de capacitação tecnológica
adultos para os segmentos populacionais considerados, que da população jovem e adulta, direcionados para os segmentos
estejam fora da escola e com defasagem idade-série, com baixos níveis de escolarização formal e para os (as) alunos
associados a outras estratégias que garantam a continuidade (as) com deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede
da escolarização, após a alfabetização inicial; Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação da universidades, as cooperativas e as associações, por meio de
conclusão dos ensinos fundamental e médio; ações de extensão desenvolvidas em centros vocacionais
8.4) expandir a oferta gratuita de educação profissional tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a
técnica por parte das entidades privadas de serviço social e de efetiva inclusão social e produtiva dessa população;
formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de forma 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos,
concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pública, para as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políticas
os segmentos populacionais considerados; de erradicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas, à
assistência social, o acompanhamento e o monitoramento do implementação de programas de valorização e
acesso à escola específicos para os segmentos populacionais compartilhamento dos conhecimentos e experiência dos
considerados, identificar motivos de absenteísmo e colaborar idosos e à inclusão dos temas do envelhecimento e da velhice
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a nas escolas.
garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por
estimular a ampliação do atendimento desses (as) estudantes cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos
na rede pública regular de ensino; ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola profissional.
pertencentes aos segmentos populacionais considerados, em
parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção à Estratégias:
juventude. 10.1) manter programa nacional de educação de jovens e
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à
(quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e formação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão
cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência da educação básica;
deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e
50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. adultos, de modo a articular a formação inicial e continuada de
trabalhadores com a educação profissional, objetivando a
Estratégias: elevação do nível de escolaridade do trabalhador e da
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e trabalhadora;
adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
na idade própria; adultos com a educação profissional, em cursos planejados, de
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino acordo com as características do público da educação de
fundamental e médio incompletos, para identificar a demanda jovens e adultos e considerando as especificidades das
ativa por vagas na educação de jovens e adultos; populações itinerantes e do campo e das comunidades
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e indígenas e quilombolas, inclusive na modalidade de educação
adultos com garantia de continuidade da escolarização básica; a distância;
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens e
transferência de renda para jovens e adultos que adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por meio
frequentarem cursos de alfabetização; do acesso à educação de jovens e adultos articulada à educação
9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação profissional;
de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de 10.5) implantar programa nacional de reestruturação e
colaboração entre entes federados e em parceria com aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria
organizações da sociedade civil; da rede física de escolas públicas que atuam na educação de
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, jovens e adultos integrada à educação profissional, garantindo
que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos acessibilidade à pessoa com deficiência;
com mais de 15 (quinze) anos de idade; 10.6) estimular a diversificação curricular da educação de
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação
educação de jovens e adultos por meio de programas para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações
suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da
atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o
em articulação com a área da saúde; tempo e o espaço pedagógicos adequados às características
9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, nas desses alunos e alunas;
etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas privadas de 10.7) fomentar a produção de material didático, o
liberdade em todos os estabelecimentos penais, assegurando- desenvolvimento de currículos e metodologias específicas, os
se formação específica dos professores e das professoras e instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e
implementação de diretrizes nacionais em regime de laboratórios e a formação continuada de docentes das redes
colaboração; públicas que atuam na educação de jovens e adultos articulada
9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores à educação profissional;
na educação de jovens e adultos que visem ao 10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e
desenvolvimento de modelos adequados às necessidades continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à
específicas desses (as) alunos (as); educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com
9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem apoio de entidades privadas de formação profissional
os segmentos empregadores, públicos e privados, e os vinculadas ao sistema sindical e de entidades sem fins
sistemas de ensino, para promover a compatibilização da lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, com
jornada de trabalho dos empregados e das empregadas com a atuação exclusiva na modalidade;
oferta das ações de alfabetização e de educação de jovens e 10.9) institucionalizar programa nacional de assistência ao
adultos; estudante, compreendendo ações de assistência social,

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financeira e de apoio psicopedagógico que contribuam para permanência dos (as) estudantes e à conclusão dos cursos
garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a técnicos de nível médio;
conclusão com êxito da educação de jovens e adultos 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais
articulada à educação profissional; no acesso e permanência na educação profissional técnica de
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jovens nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas
e adultos articulada à educação profissional, de modo a afirmativas, na forma da lei;
atender às pessoas privadas de liberdade nos 11.14) estruturar sistema nacional de informação
estabelecimentos penais, assegurando-se formação específica profissional, articulando a oferta de formação das instituições
dos professores e das professoras e implementação de especializadas em educação profissional aos dados do
diretrizes nacionais em regime de colaboração; mercado de trabalho e a consultas promovidas em entidades
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de empresariais e de trabalhadores
saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação
considerados na articulação curricular dos cursos de formação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para
inicial e continuada e dos cursos técnicos de nível médio. 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e
técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das
pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no novas matrículas, no segmento público.
segmento público.
Estratégias:
Estratégias: 12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e
11.1) expandir as matrículas de educação profissional de recursos humanos das instituições públicas de educação
técnica de nível médio na Rede Federal de Educação superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de forma
Profissional, Científica e Tecnológica, levando em a ampliar e interiorizar o acesso à graduação;
consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e
territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e interiorização da rede federal de educação superior, da Rede
culturais locais e regionais, bem como a interiorização da Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do
educação profissional; sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação densidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação
profissional técnica de nível médio nas redes públicas à população na idade de referência e observadas as
estaduais de ensino; características regionais das micro e mesorregiões definidas
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
profissional técnica de nível médio na modalidade de educação IBGE, uniformizando a expansão no território nacional;
a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
democratizar o acesso à educação profissional pública e cursos de graduação presenciais nas universidades públicas
gratuita, assegurado padrão de qualidade; para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço
11.4) estimular a expansão do estágio na educação das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes
profissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, por professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de
preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerário aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que
formativo do aluno, visando à formação de qualificações valorizem a aquisição de competências de nível superior;
próprias da atividade profissional, à contextualização 12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e
curricular e ao desenvolvimento da juventude; gratuita prioritariamente para a formação de professores e
11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento de professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de
saberes para fins de certificação profissional em nível técnico; ciências e matemática, bem como para atender ao défice de
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação profissionais em áreas específicas;
profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas 12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical e estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições
entidades sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com públicas, bolsistas de instituições privadas de educação
deficiência, com atuação exclusiva na modalidade; superior e beneficiários do Fundo de Financiamento
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à Estudantil - FIES, de que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho
educação profissional técnica de nível médio oferecida em de 2001, na educação superior, de modo a reduzir as
instituições privadas de educação superior; desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de acesso e
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade permanência na educação superior de estudantes egressos da
da educação profissional técnica de nível médio das redes escola pública, afrodescendentes e indígenas e de estudantes
escolares públicas e privadas; com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito altas habilidades ou superdotação, de forma a apoiar seu
integrado à formação profissional para as populações do sucesso acadêmico;
campo e para as comunidades indígenas e quilombolas, de 12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do
acordo com os seus interesses e necessidades; Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei
11.10) expandir a oferta de educação profissional técnica no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de fundo
de nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos garantidor do financiamento, de forma a dispensar
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou progressivamente a exigência de fiador;
superdotação; 12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total
11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos de créditos curriculares exigidos para a graduação em
cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação programas e projetos de extensão universitária, orientando
Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência
cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos (as) social;
por professor para 20 (vinte); 12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação
11.12) elevar gradualmente o investimento em programas na educação superior;
de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade 12.9) ampliar a participação proporcional de grupos
acadêmica, visando a garantir as condições necessárias à historicamente desfavorecidos na educação superior,

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inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma 13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de
da lei; Desempenho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o
12.10) assegurar condições de acessibilidade nas quantitativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz
instituições de educação superior, na forma da legislação; respeito à aprendizagem resultante da graduação;
12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a 13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das
necessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa instituições de educação superior, fortalecendo a participação
e mundo do trabalho, considerando as necessidades das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação de
econômicas, sociais e culturais do País; instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedicação do
incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de corpo docente;
graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e 13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de
internacional, tendo em vista o enriquecimento da formação pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de
de nível superior; instrumento próprio de avaliação aprovado pela Comissão
12.13) expandir atendimento específico a populações do Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES,
campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a integrando-os às demandas e necessidades das redes de
acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais educação básica, de modo a permitir aos graduandos a
para atuação nessas populações; aquisição das qualificações necessárias a conduzir o processo
12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de formação pedagógico de seus futuros alunos (as), combinando formação
de pessoal de nível superior, destacadamente a que se refere à geral e específica com a prática didática, além da educação
formação nas áreas de ciências e matemática, considerando as para as relações étnico-raciais, a diversidade e as necessidades
necessidades do desenvolvimento do País, a inovação das pessoas com deficiência;
tecnológica e a melhoria da qualidade da educação básica; 13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades,
12.15) institucionalizar programa de composição de direcionando sua atividade, de modo que realizem,
acervo digital de referências bibliográficas e audiovisuais para efetivamente, pesquisa institucionalizada, articulada a
os cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às programas de pós-graduação stricto sensu;
pessoas com deficiência; 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regionais Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso
para acesso à educação superior como forma de superar de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, a
exames vestibulares isolados; fim de apurar o valor agregado dos cursos de graduação;
12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ociosas 13.7) fomentar a formação de consórcios entre instituições
em cada período letivo na educação superior pública; públicas de educação superior, com vistas a potencializar a
12.18) estimular a expansão e reestruturação das atuação regional, inclusive por meio de plano de
instituições de educação superior estaduais e municipais cujo desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior
ensino seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino,
Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de pesquisa e extensão;
reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e cursos de graduação presenciais nas universidades públicas,
as necessidades dos sistemas de ensino dos entes de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições
mantenedores na oferta e qualidade da educação básica; privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e
12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e fomentar a melhoria dos resultados de aprendizagem, de
qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os modo que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta por
procedimentos adotados na área de avaliação, regulação e cento) dos estudantes apresentem desempenho positivo igual
supervisão, em relação aos processos de autorização de cursos ou superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de
e instituições, de reconhecimento ou renovação de Desempenho de Estudantes - ENADE e, no último ano de
reconhecimento de cursos superiores e de credenciamento ou vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos
recredenciamento de instituições, no âmbito do sistema estudantes obtenham desempenho positivo igual ou superior
federal de ensino; a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área
12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento ao de formação profissional;
Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº 13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as)
10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade profissionais técnico-administrativos da educação superior.
para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no11.096, de 13 de Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na
janeiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação
financiamento a estudantes regularmente matriculados em anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco
cursos superiores presenciais ou a distância, com avaliação mil) doutores.
positiva, de acordo com regulamentação própria, nos Estratégias:
processos conduzidos pelo Ministério da Educação; 14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto
12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios sensu por meio das agências oficiais de fomento;
multifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas 14.2) estimular a integração e a atuação articulada entre a
pela política e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
inovação. Superior - CAPES e as agências estaduais de fomento à
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e pesquisa;
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente 14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do
em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação Fies à pós-graduação stricto sensu;
superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, 14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stricto
no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores. sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos e
Estratégias: tecnologias de educação a distância;
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da 14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades
Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, de étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das
14 de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação, populações do campo e das comunidades indígenas e
regulação e supervisão; quilombolas a programas de mestrado e doutorado;

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14.6) ampliar a oferta de programas de pós- inicial e continuada de profissionais da educação, bem como
graduação stricto sensu, especialmente os de doutorado, para divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos;
nos campi novos abertos em decorrência dos programas de 15.5) implementar programas específicos para formação
expansão e interiorização das instituições superiores públicas; de profissionais da educação para as escolas do campo e de
14.7) manter e expandir programa de acervo digital de comunidades indígenas e quilombolas e para a educação
referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação, especial;
assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência; 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de
14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos de licenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a
pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados às assegurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo a
áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, Informática carga horária em formação geral, formação na área do saber e
e outros no campo das ciências; didática específica e incorporando as modernas tecnologias de
14.9) consolidar programas, projetos e ações que informação e comunicação, em articulação com a base nacional
objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós- comum dos currículos da educação básica, de que tratam as
graduação brasileiras, incentivando a atuação em rede e o estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
fortalecimento de grupos de pesquisa; 15.7) garantir, por meio das funções de avaliação,
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico, regulação e supervisão da educação superior, a plena
nacional e internacional, entre as instituições de ensino, implementação das respectivas diretrizes curriculares;
pesquisa e extensão; 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco em cursos de formação de nível médio e superior dos profissionais
desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como da educação, visando ao trabalho sistemático de articulação
incrementar a formação de recursos humanos para a inovação, entre a formação acadêmica e as demandas da educação
de modo a buscar o aumento da competitividade das empresas básica;
de base tecnológica; 15.9) implementar cursos e programas especiais para
14.12) ampliar o investimento na formação de doutores de assegurar formação específica na educação superior, nas
modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por 1.000 respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de
(mil) habitantes; nível médio na modalidade normal, não licenciados ou
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o licenciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo
desempenho científico e tecnológico do País e a exercício;
competitividade internacional da pesquisa brasileira, 15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível médio
ampliando a cooperação científica com empresas, Instituições e tecnológicos de nível superior destinados à formação, nas
de Educação Superior - IES e demais Instituições Científicas e respectivas áreas de atuação, dos (as) profissionais da
Tecnológicas - ICTs; educação de outros segmentos que não os do magistério;
14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e 15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência desta
promover a formação de recursos humanos que valorize a Lei, política nacional de formação continuada para os (as)
diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica e profissionais da educação de outros segmentos que não os do
do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no magistério, construída em regime de colaboração entre os
semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de entes federados;
emprego e renda na região; 15.12) instituir programa de concessão de bolsas de
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e estudos para que os professores de idiomas das escolas
das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e públicas de educação básica realizem estudos de imersão e
registro de patentes. aperfeiçoamento nos países que tenham como idioma nativo
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, as línguas que lecionem;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 15.13) desenvolver modelos de formação docente para a
(um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação educação profissional que valorizem a experiência prática, por
dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III meio da oferta, nas redes federal e estaduais de educação
do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, profissional, de cursos voltados à complementação e
assegurado que todos os professores e as professoras da certificação didático-pedagógica de profissionais experientes.
educação básica possuam formação específica de nível Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50%
superior, obtida em curso de licenciatura na área de (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até
conhecimento em que atuam. o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os
(as) profissionais da educação básica formação continuada em
Estratégias: sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas
15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estratégico e contextualizações dos sistemas de ensino.
que apresente diagnóstico das necessidades de formação de
profissionais da educação e da capacidade de atendimento, por Estratégias:
parte de instituições públicas e comunitárias de educação 16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamento
superior existentes nos Estados, Distrito Federal e Municípios, estratégico para dimensionamento da demanda por formação
e defina obrigações recíprocas entre os partícipes; continuada e fomentar a respectiva oferta por parte das
15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes instituições públicas de educação superior, de forma orgânica
matriculados em cursos de licenciatura com avaliação positiva e articulada às políticas de formação dos Estados, do Distrito
pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - Federal e dos Municípios;
SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, 16.2) consolidar política nacional de formação de
inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efetiva professores e professoras da educação básica, definindo
na rede pública de educação básica; diretrizes nacionais, áreas prioritárias, instituições
15.3) ampliar programa permanente de iniciação à formadoras e processos de certificação das atividades
docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, formativas;
a fim de aprimorar a formação de profissionais para atuar no 16.3) expandir programa de composição de acervo de
magistério da educação básica; obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários,
15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para e programa específico de acesso a bens culturais, incluindo
organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação obras e materiais produzidos em Libras e em Braille, sem

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prejuízo de outros, a serem disponibilizados para os área de atuação do (a) professor (a), com destaque para os
professores e as professoras da rede pública de educação conteúdos a serem ensinados e as metodologias de ensino de
básica, favorecendo a construção do conhecimento e a cada disciplina;
valorização da cultura da investigação; 18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsidiar cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste
a atuação dos professores e das professoras da educação PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito
básica, disponibilizando gratuitamente materiais didáticos e Federal e os Municípios, mediante adesão, na realização de
pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com formato concursos públicos de admissão de profissionais do magistério
acessível; da educação básica pública;
16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós- 18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da
graduação dos professores e das professoras e demais educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
profissionais da educação básica; licenças remuneradas e incentivos para qualificação
16.6) fortalecer a formação dos professores e das profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto
professoras das escolas públicas de educação básica, por meio sensu;
da implementação das ações do Plano Nacional do Livro e 18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de
Leitura e da instituição de programa nacional de vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação,
disponibilização de recursos para acesso a bens culturais pelo em regime de colaboração, o censo dos (as) profissionais da
magistério público. educação básica de outros segmentos que não os do
Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das magistério;
redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu 18.6) considerar as especificidades socioculturais das
rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência no provimento de cargos efetivos para essas escolas;
deste PNE. 18.7) priorizar o repasse de transferências federais
Estratégias: voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito
17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação, Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica
até o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais da
permanente, com representação da União, dos Estados, do educação;
Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da 18.8) estimular a existência de comissões permanentes de
educação, para acompanhamento da atualização progressiva profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, em
do valor do piso salarial nacional para os profissionais do todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos
magistério público da educação básica; competentes na elaboração, reestruturação e implementação
17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o dos planos de Carreira.
acompanhamento da evolução salarial por meio de Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos,
indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - para a efetivação da gestão democrática da educação,
PNAD, periodicamente divulgados pela Fundação Instituto associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas
17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para
Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os tanto.
(as) profissionais do magistério das redes públicas de
educação básica, observados os critérios estabelecidos na Lei Estratégias:
no 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação gradual do 19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da
cumprimento da jornada de trabalho em um único União na área da educação para os entes federados que
estabelecimento escolar; tenham aprovado legislação específica que regulamente a
17.4) ampliar a assistência financeira específica da União matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a
aos entes federados para implementação de políticas de legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a
valorização dos (as) profissionais do magistério, em particular nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios
o piso salarial nacional profissional. técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação da
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência comunidade escolar;
de planos de Carreira para os (as) profissionais da educação 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às)
básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e
para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação controle social do Fundeb, dos conselhos de alimentação
básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos (às)
profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII representantes educacionais em demais conselhos de
do art. 206 da Constituição Federal. acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses
colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado,
Estratégias: equipamentos e meios de transporte para visitas à rede
18.1) estruturar as redes públicas de educação básica de escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções;
modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE, 19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os
90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação,
profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no com o intuito de coordenar as conferências municipais,
mínimo, dos respectivos profissionais da educação não estaduais e distrital bem como efetuar o acompanhamento da
docentes sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e execução deste PNE e dos seus planos de educação;
estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a
vinculados; constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e
18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e associações de pais, assegurando-se lhes, inclusive, espaços
superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, adequados e condições de funcionamento nas escolas e
supervisionados por equipe de profissionais experientes, a fim fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos
de fundamentar, com base em avaliação documentada, a escolares, por meio das respectivas representações;
decisão pela efetivação após o estágio probatório e oferecer, 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de
durante esse período, curso de aprofundamento de estudos na conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como

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instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e acompanhamento regular dos indicadores de gastos
educacional, inclusive por meio de programas de formação de educacionais com investimentos em qualificação e
conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento remuneração do pessoal docente e dos demais profissionais da
autônomo; educação pública, em aquisição, manutenção, construção e
19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais conservação de instalações e equipamentos necessários ao
da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos ensino e em aquisição de material didático-escolar,
projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de alimentação e transporte escolar;
gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a 20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e será
participação dos pais na avaliação de docentes e gestores continuamente ajustado, com base em metodologia formulada
escolares; pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado pelo
19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho Nacional de
administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de Educação - CNE e pelas Comissões de Educação da Câmara dos
ensino; Deputados e de Educação, Cultura e Esportes do Senado
19.8) desenvolver programas de formação de diretores e Federal;
gestores escolares, bem como aplicar prova nacional 20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. 211
específica, a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por lei
para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser complementar, de forma a estabelecer as normas de
utilizados por adesão. cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Meta 20: ampliar o investimento público em educação Municípios, em matéria educacional, e a articulação do sistema
pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete nacional de educação em regime de colaboração, com
por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do País no equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos recursos
5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o e efetivo cumprimento das funções redistributiva e supletiva
equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio. da União no combate às desigualdades educacionais regionais,
com especial atenção às regiões Norte e Nordest
Estratégias: 20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementação
20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito Federal
sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da e aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQi
educação básica, observando-se as políticas de colaboração e, posteriormente, do CAQ;
entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. 60 20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do § Responsabilidade Educacional, assegurando padrão de
1o do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que qualidade na educação básica, em cada sistema e rede de
tratam da capacidade de atendimento e do esforço fiscal de ensino, aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas
cada ente federado, com vistas a atender suas demandas por institutos oficiais de avaliação educacionais;
educacionais à luz do padrão de qualidade nacional; 20.12) definir critérios para distribuição dos recursos
20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que
acompanhamento da arrecadação da contribuição social do considerem a equalização das oportunidades educacionais, a
salário-educação; vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de
20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensino, gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância
em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art. 212 prevista no § 5o do art. 7o desta Lei.
da Constituição Federal, na forma da lei específica, a parcela da
participação no resultado ou da compensação financeira pela
exploração de petróleo e gás natural e outros recursos, com a
finalidade de cumprimento da meta prevista no inciso VI A Portaria/SEC nº
do caput do art. 214 da Constituição Federal;
20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que 1.128/2010, de 27 de janeiro
assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei 2010, publicada no Diário
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência Oficial do Estado em 28 de
e o controle social na utilização dos recursos públicos
aplicados em educação, especialmente a realização de janeiro de 2010.
audiências públicas, a criação de portais eletrônicos de
transparência e a capacitação dos membros de conselhos de
acompanhamento e controle social do Fundeb, com a
colaboração entre o Ministério da Educação, as Secretarias de PORTARIA Nº 1.128/2010 - Reorganização Curricular
Educação dos Estados e dos Municípios e os Tribunais de das Escolas da Educação Básica da Rede Pública Estadual.
Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de O SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, no
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, uso de suas atribuições, e considerando:
estudos e acompanhamento regular dos investimentos e
custos por aluno da educação básica e superior pública, em • A necessidade de realizar ajustes na organização
todas as suas etapas e modalidades; curricular da escola de educação básica (ensinos fundamental
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, será e médio), tendo em vista os dados levantados pelo Programa
implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, Escola 10, no que tange às adequações dos componentes
referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos curriculares da parte diversificada.
na legislação educacional e cujo financiamento será calculado • A premente necessidade de realizar modificações na
com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo organização curricular da escola de educação básica (ensinos
de ensino-aprendizagem e será progressivamente reajustado fundamental e médio), tendo em vista a consolidação das
até a implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ; aprendizagens da base nacional comum.
20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como
parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas RESOLVE
e modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do

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Art. 1º - Ficam Canceladas todas as disciplinas de cunho


estritamente profissional da organização curricular do
segundo segmento do ensino fundamental, em todas as escolas
da rede pública estadual.
Parágrafo único – Esse ato fundamenta-se no disposto pela
Resolução CNE/CES Nº. 3/98, ao propugnar que “não haverá
dissociação entre a formação geral e a preparação para o
trabalho, nem esta se confundirá com a formação profissional”.

Art. 2º - Considerar que as indicações para a organização


da parte diversificada do currículo da educação básica devem
estar apoiadas no Anexo II da Portaria Nº. 1.285/2000,
publicada do DOE em 28 de janeiro de 2000, exceto Educação
Ambiental, que não condiz com o § 1º do Art. 10 da Lei Nº.
9.795/99, não se traduzindo, todavia, as citadas indicações em
componentes curriculares de cunho profissionalizante.
§ 1º - Ficam extintas, doravante, todas as disciplinas cuja
denominação seja Educação Ambiental ou Estudos
Ambientais, nas matrizes curriculares da escola pública da
rede estadual de educação básica.
§ 2º - A educação ambiental deve estar contida nas
orientações do Programa de Educação Ambiental do Sistema
Educacional – ProEASE, em que todas as escolas estão aptas a
participar.
§ 3º - O ProEASE incluirá preocupação sobre os ambientes
naturais e o uso ecoeficiente dos recursos naturais como a
água, gastos supérfluos de energia e a lida pela redução de
resíduos.

Art. 3º - A Portaria N.º 1.892/2008, que formaliza a


programação dos Projetos Sócio-Educativos está suspensa em
2010, reiterando-se que a revisão e reorganização das
matrizes curriculares dos ensinos fundamental e médio terão
como foco as aprendizagens prioritárias decorrentes da base
nacional comum.

Art. 4º - A presente Portaria estabelece o currículo


referenciado, com ênfase no cuidado para com os
componentes da base nacional comum, sem nenhum
componente de natureza estritamente profissional no
segundo segmento do ensino fundamental e no ensino médio,
exceto o vinculado diretamente com a formação profissional
técnica de nível médio assegurado pela Superintendência de
Educação Profissional – SUPROF.
Parágrafo único – Entende-se como currículo referenciado
o que privilegia a ênfase nos componentes curriculares da base
nacional comum, vistos como fonte técnica de apropriação dos
conteúdos universalmente aceitos para a estruturação dos
currículos escolares e, sobremaneira, o alcance disso na ordem
social, em que a escola formal se constitui em um dos
elementos essenciais.

Art. 5º - O currículo referenciado da educação básica da


rede pública de escolas estaduais será constituído à luz das
Diretrizes Curriculares Nacionais em vigência.
§ 1º - Para a escola de ensino fundamental, reitera-se a
Resolução CNE/CES Nº. 2/98, destacando-se que as áreas de
conhecimento ali mencionadas devem enfatizar a correlação
entre as disciplinas formais destas áreas com a vida cidadã, por
intermédio dos nexos transversais entre estas ditas disciplinas
e os campos da saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio
ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura e linguagens.
§ 2º - Para a escola de ensino médio, reitera-se a Resolução
CNE/CES Nº. 3/98, destacando-se as referências da
organização curricular nas três áreas de conhecimento
constantes nesta Resolução e, também, a importância dos
princípios da interdisciplinaridade e contextualização no
desenvolvimento das atividades escolares.

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§ 3º - Considera-se a Diretoria Regional de Educação – DIREC como órgão responsável pela supervisão da proposta curricular
advinda das escolas, estando apta para efetuar ajustes e sugerir alterações para, em seguida, notificar a Superintendência de
Desenvolvimento da Educação Básica – SUDEB sobre a finalização da proposição de cada escola, cabendo à mesma a o registro e
acompanhamento gerencial.

Art. 6º - A formação profissional técnica de nível médio poderá conter componentes de profissionalização no sentido estrito, nos
termos das orientações legais advindas do Ministério de Educação e do Conselho Nacional de Educação.

Art. 7º - Ficam estabelecidas as datas 11 de fevereiro de 2010 para a conclusão dos trabalhos de organização do currículo pelas
escolas e seu encaminhamento para a DIREC e 19 de fevereiro de 2010 para a remessa de cada DIREC para a SUDEB.

Art. 8º - Estabelecem-se os projetos relacionados a seguir como aqueles referendados pela Secretaria da Educação para que as
unidades escolares realizem suas programações institucionais correlatas à programação de carga horária e institucionalização de
projetos.
a. Mais Educação
b. Centro Juvenil de Ciência e Cultura
c. Escola de Tempo Integral
d. Escola Aberta
e. Ensino Médio Inovador
f. Ensino Médio no Campo com Intermediação Tecnológica
g. Pro-Jovem Campo/Saberes da Terra
h. Escola Ativa
i. Rede das Escolas Famílias Agrícolas
j. Artes (Festival Anual da Canção Estudantil; Artes Visuais Estudantis; Tempos de Arte Literária) k. Ressignificação da
Dependência
l. Educação Ambiental – ProEASE
m. Altas Habilidades
n. Gestar
o. Jogos Estudantis da Rede Pública
Parágrafo único – Subentende-se que o ato contido no caput direciona a ação educativa da escola para valorização da base nacional
comum e seus efeitos na ordem social a partir da escolarização formalizada, ficando estes mencionados projetos e programas na pauta
da programação da carga horária docente fora do âmbito dos componentes listados no currículo referenciado, no limite de 20 horas.

Art. 9º - O Anexo I estabelece o padrão de organização curricular que sustenta a noção de currículo referenciado e se constitui no
fundamento para as unidades escolares realizarem a programação de carga horária dos docentes.

Art. 10º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação e os casos omissos serão resolvidos pelo núcleo intersetorial da
Secretaria da Educação.

Salvador, 27 de janeiro de 2010.

OSVALDO BARRETO FILHO


Secretário da Educação

ANEXO I
MATRIZ CURRICULAR REFERENCIADA

MODELO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DIURNO

Ensino Fundamental (2º segmento) 5ª 6ª 7ª 8ª

I – BASE NACIONAL COMUM


Português 04 04 04 04

Matemática 04 04 04 04

Geografia 03 03 03 03

História 03 03 03 03

Ciências 03 03 03 03

Artes 02 02 02 02

Ed. Física 02 02 02 02

Ed. Religiosa xx xx xx xx

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APOSTILAS OPÇÃO

Sub Total 21 21 21 21

II – PARTE DIVERSIFICADA

Eixo Temático 1 – Meio Ambiente

Foco: Recursos Naturais 02

Eixo Temático 2 – Ciência e Tecnologia

Foco: Leitura de Rótulos de Alimentos 02

Eixo Temático 3 – Identidade e Cultura

Foco: Território, memória histórica e identidade 02

Eixo Temático 4 – Linguagens e Comunicação

Foco: Língua Estrangeira Moderna 02 02 02 02

Eixo Temático 5 – Cidadania

Foco: Consumo e Cidadania 02

Sub Total 04 04 04 04

III- ESTUDOS TRANSVERSAIS xx xx xx xx

TOTAL 25 25 25 25

Nota:
1. Na Parte Diversificada, os docentes serão destinados aos Eixos Temáticos; os focos sobre os quais são materializadas as
atividades didáticas destes citados Eixos são produtos de orientações das escolas e, no caso de haver mais de um deles, será necessária
a avaliação sobre qual (is) Eixo (s) deixará (ão) de ser oferecidos. Os Focos impressos nesta matriz se constituem apenas em exemplos
possíveis, com exceção de Língua Estrangeira Moderna. Caberá, portanto, à Unidade Escolar definir os focos respectivos de cada Eixo.
2. Educação Religiosa é um componente desdobrado em atividades a ser desenvolvida em dias específicos, previstos no Projeto
Político Pedagógico, sem notas/conceitos para efeito de promoção, a ser realizado de forma a assegurar o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil.
3. Arte tem sua dimensão cultural e se propõe a valorizar as possibilidades criadoras e discutir a inserção da arte na sociedade
como elemento dinamizador da cultura.
4. Estudos transversais apontados no Projeto Político Pedagógico, especificados nas disciplinas correspondentes e nas devidas
unidades didáticas, sobre as temáticas:

a) Estudos transversais sobre a temática da Lei Nº. 11.645/2008 – Educação das Relações Etnicorraciais.
b) Estudos transversais sobre a temática da Lei Nº. 9.795/99 – Educação Ambiental no Sistema Educacional.
c) Estudos transversais sobre a temática do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.

5. A Matriz Curricular para a Educação Fundamental para adolescentes de 15 a 17 anos, será objeto de uma Portaria específica.

Matriz Curricular Referenciada


MODELO PARA O ENSINO MÉDIO DIURNO

COMPONENTES CURRICULARES Séries

1ª 2ª 3ª

SEM ANO SEM ANO SEM ANO

I – BASE NACIONAL COMUM

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Área de Linguagens, Códigos e suas tecnologias

Ling. Portuguesa e Lit. Brasileira 03 120 03 120 03 120

Educação Física 02 80 02 80 01 40

Arte 02 80 atividade ---- atividade ---

Informática atividade --- atividade --- atividade ---

Subtotal 07 280 05 200 04 160

Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias

Matemática 03 120 03 120 03 120

Química 02 80 02 80 02 80

Física 02 80 02 80 02 80

Biologia 02 80 02 80 02 80

Subtotal 09 360 09 360 09 360

Área de Ciências Humanas e suas


tecnologias

História 02 80 02 80 02 80

Geografia 02 80 02 80 02 80

Filosofia 01 40 02 80 02 80

Sociologia 01 40 02 80 02 80

Sub Total 06 240 08 320 08 320

II – PARTE DIVERSIFICADA

Componente Curricular de uma das áreas do 01 40 01 40 02 80


conhecimento

Língua Estrangeira 02 80 02 80 02 80

Sub Total 03 120 03 120 04 160

TOTAL 25 1000 25 1000 25 1000

III – Estudos Transversais xx --- xx --- xx ---

Nota:
1. O foco dessa organização curricular está dirigido para os conteúdos universais e a Parte Diversificada visa à consolidação da
habilidade próprias da escrita e do conhecimento em Língua Estrangeira, como acentuam as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Ensino Médio.
2. O desenvolvimento de Informática será através de atividades previstas no Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar.
3. Arte tem sua dimensão cultural e se propõe a valorizar as possibilidades criadoras e discutir a inserção da arte na sociedade
como elemento dinamizador da cultura.
4. A organização da carga horária de Filosofia e Sociologia, componentes obrigatórios em todas as séries do ensino médio está
feita considerando os aspectos: uma carga horária destinada à iniciação ao pensamento filosófico e sociológico no primeiro ano e outra
que possa se tornar compatível com a possibilidade de sua consolidação nos anos seguintes.
5. Estudos transversais apontados no Projeto Político Pedagógico, especificados nas disciplinas correspondentes e nas devidas
unidades didáticas, sobre as temáticas:

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a) Estudos transversais sobre a temática da Lei Nº. Art. 4º Além das avaliações previstas no artigo anterior, as
11.645/2008 – Educação das Relações Etnicorraciais. Unidades Escolares deverão desenvolver, durante todo o
b) Estudos transversais sobre a temática da Lei Nº. percurso das unidades didáticas, estudos e atividades de
9.795/99 – Educação Ambiental no Sistema Educacional. recuperação paralela, obedecendo aos mesmos
c) Estudos transversais sobre a temática do Plano procedimentos e critérios das demais avaliações didáticas.
Nacional de Educação em Direitos Humanos.
d) Estudos transversais sobre a temática da Lei N.º Art. 5º A recuperação paralela é um momento avaliativo
10.741/03 – Estudo sobre Idosos. que se configura como uma estratégia de recuperação
processual da aprendizagem devendo ser planejada em todas
1. O Componente Curricular da parte diversificada as unidades didáticas, com foco nas aprendizagens que não
exceto Língua Estrangeira poderá ser conduzida de modo que foram consolidadas, refletido no aproveitamento escolar
em cada trimestre, semestre ou ano letivo, seja ofertado um adquirido na avaliação parcial em um ou mais componentes
componente diferente entre si. Exemplos: Redação, curriculares.
Cartografia, Estatística, dentre outros.
2. A Matriz Curricular para o turno noturno do Ensino Art. 6º A recuperação paralela tem como objetivos:
Médio será objeto de uma Portaria específica em conjunto com I - identificar as aprendizagens adquiridas e as
a Educação Fundamental para adolescentes de 15 a 17 anos. dificuldades dos(as) estudantes;
II - promover processualmente, na unidade didática,
avaliações que visem à superação dessas dificuldades de
A Portaria/SEC nº aprendizagem apresentadas no itinerário formativo do(a)
estudante;
1882/2013, publicada no III - adequar estratégias de ensino;
Diário Oficial do Estado, em IV - oferecer oportunidades de aprendizagens com
de 03 de abril de 2013. ações que contribuam para que as dificuldades diagnosticadas
possam ser superadas, e;
V - acompanhar o desenvolvimento do(a) estudante
para construção de aprendizagens.
PORTARIA Nº 1882/2013.
Art. 7º Os estudos paralelos de recuperação consistem em
Dispõe sobre a sistemática de Avaliação do Ensino e da momentos planejados e articulados ao andamento dos estudos
Aprendizagem nas Unidades Escolares da Educação Básica da no cotidiano da sala de aula, possibilitando reflexões com
Rede Pública Estadual. O SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO DO vistas aos avanços de aprendizagem dos(as) estudantes.
ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições, e considerando
o disposto: no artigo 24, inciso V, alínea a e da Lei de Diretrizes Art. 8º A avaliação da aprendizagem com os estudos da
e Bases da Educação Nacional (LDB) recuperação paralela devem ser desenvolvidos observando as
seguintes orientações:
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; nos artigos 45 a I - no primeiro momento avaliativo do componente
50, que tratam da sistemática da avaliação da aprendizagem; curricular, o professor deverá utilizar instrumentos
artigos 55 a 59, que tratam dos estudos de recuperação avaliativos diversificados e definir os seus valores, gerando a
paralela todos do Regimento Escolar Comum, aprovado pela NOTA 1 como resultado do somatório desses valores
Portaria nº 5.872, de 15 de Julho de 2011; no art. 14 da atribuídos em cada instrumento utilizado;
Resolução CEE n. 127/1997, RESOLVE: II - no caso de observar lacunas no desenvolvimento de
habilidades e competências previstas para esse momento
Art. 1º Estabelecer orientações específicas sobre a previsto no inciso anterior e de identificar aprendizagens não
sistemática da Avaliação do Ensino e da Aprendizagem a consolidadas pelos (as) estudantes, o professor deverá
serem adotadas nas Unidades Escolares da Educação Básica da implementar no seu planejamento, atividades voltadas para a
Rede Pública Estadual. superação das dificuldades diagnosticadas, garantindo assim,
o processo de recuperação paralela a ser realizado no segundo
Art. 2º A Avaliação é um dispositivo pedagógico de momento avaliativo;
formação que deve orientar todo o processo de ensino e de III - no segundo momento avaliativo do componente
aprendizagem contemplando as dimensões qualitativa e curricular, o professor deverá utilizar instrumentos
quantitativa, configurando-se como uma ação de caráter avaliativos diversificados e definir os seus valores, gerando a
investigativo, processual, contínuo, cumulativo e NOTA 2 como resultado do somatório desses valores
emancipatório, tendo como objetivo: atribuídos em cada instrumento utilizado;
I - realizar o diagnóstico e o acompanhamento das IV - no caso de observar lacunas no desenvolvimento de
aprendizagens; II - realizar a revisão e o planejamento dos habilidades e competências previstas para esse momento
procedimentos de ensino e; III - maximizar o aproveitamento previsto no inciso III e de identificar aprendizagens não
escolar. consolidadas pelos (as) estudantes, o professor deverá
implementar no seu planejamento, atividades voltadas para a
Art. 3º Cabe à Unidade Escolar, no desenvolvimento do superação das dificuldades diagnosticadas, garantindo assim,
processo de avaliação do ensino e da aprendizagem, realizar o processo de recuperação paralela a ser realizado no terceiro
no mínimo, 3 (três) avaliações em cada unidade didática momento avaliativo;
através de testes, provas, trabalho de pesquisa individual ou V - no terceiro momento avaliativo do componente
em grupo, além de outros instrumentos didáticos para curricular, o professor deverá utilizar instrumentos
construção de aprendizagens e/ou revisão de aprendizagens avaliativos diversificados e definir os seus valores, gerando a
já construídas, conforme disposto no artigo 50 do Regimento NOTA 3 como resultado do somatório desses valores
Escolar. atribuídos em cada instrumento utilizado;
VI - no caso de observar lacunas no desenvolvimento de
habilidades e competências previstas para esse momento e de
identificar aprendizagens não consolidadas pelos(as)

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APOSTILAS OPÇÃO

estudantes, o professor deverá implementar no seu (A) Duas assertivas estão corretas.
planejamento, atividades voltadas para a superação das (B) As três assertivas estão corretas.
dificuldades diagnosticadas, garantindo assim, o processo de (C) Apenas duas assertivas estão corretas.
recuperação paralela a ser realizado na próxima unidade (D) Nenhuma das assertivas está correta.
didática.
§ 1º Caso o professor opte por utilizar mais de três 02. (Prefeitura da Estância Climática de Caconde/SP –
avaliações na unidade didática deverá seguir as mesmas Professor Assistente – INTEGRI BRASIL/2013) Segundo o
orientações acima, quanto ao processo da recuperação Artigo 1º da Lei Federal 10.172/01, fica aprovado o Plano
paralela da aprendizagem. Nacional de Educação, constante do documento anexo, com
§ 2º As atividades avaliativas referentes à recuperação duração de:
paralela serão realizadas conforme planejamento do professor (A) dois anos.
no momento avaliativo de cada unidade ou na unidade didática (B) cinco anos.
subsequente e todos (as) os(as) estudantes devem participar (C) oito anos.
das aulas e atividades de revisão do conteúdo estudado, de (D) dez anos.
modo a fortalecer a aprendizagem, garantindo outra
oportunidade a quem não obteve êxito. 03. (SEAP/DF- Professor- IBFC/2013) De acordo com o
§ 3º Os valores atribuídos e resultantes do processo de que disserta a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da
recuperação paralela serão refletidos no resultado das Educação Brasileira (LDB), julgue os itens a seguir:
avaliações subsequentes previsto em cada momento avaliativo I. A LDB reconhece que a educação abrange os processos
e nas unidades didáticas. formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
§ 4º Para efeito de resultado final da unidade didática e convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino,
registro no SGE, será considerada sempre a nota obtida pelo nos movimentos sociais e nas manifestações culturais. Por
(a) estudante em cada componente curricular, observando o isso, a lei disserta, expressamente, que a educação escolar
somatório das notas de cada momento avaliativo realizado. deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos 6 anos aos
Art. 9º Fica estabelecido que os (as) estudantes dos três 17 anos de idade, organizada da seguinte forma: pré-escola,
primeiros anos do Ensino fundamental deverão ser avaliados ensino fundamental e ensino médio. Sendo a educação infantil
nos termos do artigo 2º desta Portaria, devido a não retenção gratuita às crianças de até 6 anos de idade. III. O atendimento
nesse período, conforme dispõe a Resolução CNE/CEB Nº 07, ao educando é previsto, em todas as etapas da educação básica,
de 14 de Dezembro de 2010. por meio de programas suplementares de material didático-
escolar e alimentação. Transporte e assistência à saúde não
Art. 10. Todos (as) os (as) estudantes terão direito aos estão expressamente previstos na LDB 9394/96, sendo
estudos de recuperação paralela e, aqueles, que por motivos deixados à lei ordinária.
devidamente justificáveis e comprovados, não realizaram III. O atendimento ao educando é previsto, em todas as
algum instrumento de avaliação, deverão, conforme legislação etapas da educação básica, por meio de programas
em vigor, solicitar a segunda chamada no prazo de 48h suplementares de material didático-escolar e alimentação.
(quarenta e oito horas). Transporte e assistência à saúde não estão expressamente
previstos na LDB 9394/96, sendo deixados à lei ordinária.
Art. 11. A progressão do(a) estudante para a série seguinte IV. É garantida a vaga na escola pública de educação
está sujeito à aprovação nas disciplinas curriculares assim infantil ou de ensino fundamental mais próxima da residência
como a frequência de no mínimo 75% da carga prevista para o a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de
ano letivo, conforme previsto nos artigos 51 a 53 do idade.
Regimento Escolar. V. É garantido acesso público e gratuito aos ensinos
fundamental e médio para todos os que não os concluíram na
Art. 12. Esta Portaria entra em vigor na data de sua idade própria, porém vedado acesso aos níveis mais elevados
publicação. Art. 13. Ficam revogadas todas as disposições em do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
contrário, em especial, a Portaria nº 5.520/2012. Salvador, 01 capacidade de cada um.
de abril de 2013. Osvaldo Barreto Filho - Secretário da É correto o que afirma em:
Educação. (A) I, II e III, apenas.
(B) I e IV, apenas.
(C) II, III e V, apenas.
(D) I, IV e V, apenas.
Questões
04. É correto afirmar, conforme artigo 24, inciso V da LDB,
que a verificação do rendimento escolar expressa uma ênfase
na
01. (Prefeitura de Itajaí/SC – Professor de Ens.
(A) classificação dos estudantes de acordo com suas notas.
Fundamental Geografia – IESES/2013) Leia as assertivas e
(B) reprovação e aprovação nos diferentes níveis de
assinale a alternativa correspondente:
ensino.
I. O direito à educação e o dever do Estado com a educação
(C) evasão e retenção dos estudantes nos diferentes anos
escolar pública está efetivado em lei, por exemplo, mediante a
de escolaridade.
garantia de ensino fundamental obrigatório e gratuito,
(D) promoção dos estudantes ao longo dos níveis de
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
ensino.
própria.
II. A União incumbir-se-á de elaborar o Plano Nacional de
05. (TJ/GO- Analista Judiciário- Pedagogia- FGV/2014)
Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e
A educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
os Municípios.
da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é dever da
III. Os Municípios incumbir-se-ão de organizar, manter e
família e do Estado.
desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas
Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art.
de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da
4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013:
União e dos Estados.

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos 09. (IF-SP- Professor- Biologia- IF-SP/2015) Segundo a
quatorze anos de idade; Lei nº 9394, de 1996, a respeito do tema “diplomas", é
(B) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios e incorreto afirmar que:
gratuitos; (A) Os diplomas de cursos de educação profissional técnica
(C) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e
gratuitos; habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação
(D) educação básica obrigatória e gratuita a todos que superior.
desejarem cursá-la; (B) Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
(E) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos quando registrados, terão validade nacional como prova da
dezessete anos de idade. formação recebida por seu titular.
(C) Os diplomas de graduação expedidos por
06. (Prefeitura de Campo Verde/MT- Professor- universidades estrangeiras serão revalidados por
Ciências- Consulplan/2013) Com base na Lei de Diretrizes e universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e
Bases da Educação Nacional, LDB nº. 9394/96, em relação às área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais
escolas que oferecem a Educação Básica, analise: de reciprocidade ou equiparação.
I. O calendário escolar deverá adequar-se às (D) Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir por universidades que possuam cursos de pós-graduação
o número de horas letivas previsto em lei. reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
II. A carga horária mínima anual será de oitocentas horas em nível equivalente ou superior.
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo (E) Os diplomas expedidos pelas universidades e aqueles
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames conferidos por instituições não-universitárias serão
finais, quando houver. registrados pelo Conselho Nacional de Educação.
III. A classificação em qualquer série ou etapa pode ser
feita por promoção, para alunos que cursaram, com 10. (INSS- Analista Pedagogia- FUNRIO/2014) Segundo
aproveitamento, a série ou a fase anterior, na própria escola: o artigo 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
por transferência, para candidatos procedentes de outras 9394 de 1996, em seu inciso VI, o controle de frequência dos
escolas. alunos ficará a cargo da
IV. O controle de frequência fica a cargo da escola, (A) secretaria de ensino municipal, conforme o disposto no
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do seu regimento, e exigida a frequência mínima de setenta e
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de cinco por cento do total de horas letivas para aprovação.
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para (B) secretaria de ensino estadual, conforme o disposto no
aprovação. seu regulamento, e exigida a frequência mínima de setenta e
Estão corretas apenas as afirmativas: cinco por cento do total de horas letivas para aprovação.
(A) I, II, III (C) escola, conforme o disposto no seu regimento e nas
(B) I, III, IV normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência
(C) II, III, IV mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas
(D) I, II, IV para aprovação.
(E) I, II, III, IV (D) escola, conforme o disposto no seu regimento, e exigida
a frequência mínima de oitenta e cinco por cento do total de
07. (TSE- Analista Judiciário- Pedagogia- horas letivas para aprovação.
Consulplan/2014) Segundo o art. 9º inciso IV da LDB (E) secretaria de educação básica do MEC, conforme o
9394/96, a incumbência de traçar um conjunto de diretrizes disposto em regimento federal, e exigida a frequência mínima
capaz de nortear os currículos e os seus conteúdos mínimos, de oitenta e cinco por cento do total de horas letivas para
reforçando a necessidade de se propiciar a todos a formação aprovação.
básica comum é
(A) dos Municípios em colaboração com o Conselho 11. (SAP/SP – Analista Sociocultural – Pedagogia –
Municipal de Educação. VUNESP/2013) A organização do sistema educacional pode
(B) da União em colaboração com os Estados, o Distrito ser considerada em três grandes instâncias: o sistema de
Federal e os Municípios. ensino como tal, as escolas e as salas de aula. As escolas
(C) dos Estados em colaboração com os Municípios. situam-se entre as políticas educacionais, as diretrizes, as
(D) dos Conselhos de Educação em regime de colaboração formas organizativas do sistema e as ações pedagógico-
com os Estados e a União. didáticas na sala de aula.
Nesse sentido, é correto afirmar que a autonomia da escola
08. (SEDUC –AM- Pedagogo- FGV/2014) As opções a pública:
seguir apresentam destaques da Lei nº 9394/96, à exceção de (A) é a possibilidade e a capacidade de a escola elaborar e
uma. Assinale-a. implementar um projeto político-pedagógico que seja
(A) Flexibilidade do currículo – permite a incorporação de relevante à comunidade e à sociedade a que serve.
disciplinas considerando o contexto e a clientela. (B) é o diretor ter a liberdade para organizar e conduzir a
(B) Educação Artística e Ensino Religioso – disciplinas escola da forma como achar conveniente.
obrigatórias no Ensino Básico. (C) não existe, uma vez que ela sempre deve prestar contas
(C) Jornada escolar no Ensino Fundamental – pelo menos de suas ações a uma instância superior.
quatro horas em sala de aula. (D) é definida pela ausência de uma relação de influência
(D) Educação Profissional – constitui um curso mútua entre a sociedade, o sistema de ensino, a instituição
independente do Ensino Médio. escolar e os sujeitos.
(E) Educação organizada em dois níveis – Educação Básica
e Educação Superior.

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12. (Prefeitura de Santa Rosa/RS - Professor de Ed. Respostas


Infantil – UNIJUUI/2013) O Art. 2º, da Resolução nº 7, de 14
de dezembro de 2010, no seu Parágrafo único expressa que as 01. Resposta: B
Diretrizes Curriculares Nacionais, para o Ensino Fundamental Lei de diretrizes e bases da educação - Lei nº 9394, de 20
de 9 (nove) anos e para a Educação Básica aplicam-se: de dezembro de 1996.
(A) às modalidades Presenciais e a Distância, bem como a Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
Educação Especial. será efetivado mediante a garantia de:
(B) às modalidades Presenciais, bem como à Educação do I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
Campo e à Escolar Indígena. para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
(C) a todas as modalidades do Ensino Fundamental, bem Art. 9º A União incumbir-se-á de:
como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indígena e à I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
Educação Escolar Quilombola. com os estados, o
(D) a todas as modalidades do Ensino Fundamental e Distrito Federal e os municípios;
Médio, à Educação de Jovens e Adultos e à Educação Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de:
Quilombola. I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas
13 (SEDUC/PI – Professor – NUCEPE/2013) O Ensino e planos educacionais da União e dos estados.
Fundamental com duração de 9 anos, (Diretrizes Curriculares
Nacionais), abrange a população na faixa etária dos: 02. Resposta: D
(A) 5 aos 13 anos de idade. LEI FEDERAL Nº 10.172/01 de 09 de janeiro de 2001.
(B) 6 aos 14 anos de idade. Aprova o plano nacional de Educação.
(C) 6 aos 15 anos de idade. Art. 1o Fica aprovado o Plano Nacional de Educação,
(D) 7 aos 14 anos de idade. constante do documento anexo, com duração de dez anos.

14. (IF-PE - Técnico em Assuntos Educacionais - IF- 03. Resposta: B.


PE/2014) Considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais Errada: II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos 4
Gerais para a Educação Básica, é CORRETO afirmar que anos (e não dos 6 anos como escrito na afirmativa) aos 17 anos
(A) o credenciamento para a oferta de cursos e programas de idade, organizada da seguinte forma: pré-escola, ensino
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de fundamental e ensino médio. Sendo a educação infantil
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na gratuita às crianças de até 5 anos de idade (e não 6 como
modalidade a distância, compete aos sistemas estaduais e afirmado).
municipais de ensino, atendidas a regulamentação federal e as Errada: III. O atendimento ao educando é previsto, em
normas complementares desses sistemas. todas as etapas da educação básica, por meio de programas
(B) o credenciamento para a oferta de cursos e programas suplementares de material didático-escolar e alimentação,
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de transporte e assistência à saúde (estão, sim, expressos na
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na referida lei)
modalidade a distância, compete ao sistema federal de ensino, Errada: V. É garantido acesso público e gratuito aos
consideradas as especificidades regionais. ensinos fundamental e médio para todos os que não os
(C) o credenciamento para a oferta de cursos e programas concluíram na idade própria, e também o acesso aos níveis
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na segundo a capacidade de cada um.
modalidade a distância, compete aos sistemas estaduais de
ensino, atendidas a regulamentação federal e as normas 04. Resposta: D.
complementares desses sistemas. A ênfase é na promoção dos alunos ao longo dos níveis de
(D) o credenciamento para a oferta de cursos e programas ensino de acordo com a verificação da aprendizagem,
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de possibilitando o avanço nos cursos e nas series mediante a
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na verificação do aprendizado adquirido.
modalidade a distância, compete ao sistema federal de ensino,
atendidas as disposições das Diretrizes Curriculares Nacionais 05. Resposta: E.
Gerais para a Educação Básica. Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
(E) o credenciamento para a oferta de cursos e programas será efetivado mediante a garantia de:
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na aos 17 (dezessete) anos de idade.
modalidade a distância, compete ao sistema federal de ensino,
atendidas as suas normas e regulamentações. 06. Resposta: D.
Errada: III. A classificação em qualquer série ou etapa
15. (Prefeitura de Goiânia – GO - PE II – Português - CS- (exceto a primeira do ensino fundamental) pode ser feita
UFG/2016) As Diretrizes Curriculares Nacionais para a por promoção, para alunos que cursaram, com
Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais aproveitamento, a série ou a fase anterior, na própria escola:
para: por transferência, para candidatos procedentes de outras
(A) a educação continuada, a formação docente e a escolas.
educação ao longo da vida.
(B) a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino 07. Resposta: B.
médio. De acordo com a referida Lei, a União com a colaboração
(C) a educação infantil, o ensino fundamental e a educação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem
especial. traçar um conjunto de diretrizes capaz de nortear os
(D) o ensino fundamental, o ensino médio e o ensino currículos e os seus conteúdos mínimos, reforçando a
profissionalizante. necessidade de se propiciar a todos a formação básica comum,
ou seja, para elaboração das diretrizes que devem nortear os

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currículos a União junto com os Estados, Distrito Federal e Parágrafo único. Estas Diretrizes Curriculares Nacionais
Municípios devem elabora-las. aplicam-se a todas as modalidades do Ensino Fundamental
previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
08. Resposta B. bem como à Educação do Campo, à Educação Escolar Indígena
De acordo com o Art.33 da LDB, ela diz, que o ensino e à Educação Escolar Quilombola.
religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da
formação básica do cidadão.... Cabe aos pais decidir se os filhos 13. Resposta: B
vão ou não frequentar as aulas. A opção pela faixa etária dos 6 aos 14 e não dos 7 aos 15
anos para o Ensino Fundamental de nove anos segue a
09. Resposta E. tendência das famílias e dos sistemas de ensino de inserir
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, progressivamente as crianças de 6 anos na rede escolar. A
quando registrados, terão validade nacional como prova da inclusão, mediante a antecipação do acesso, é uma medida
formação recebida por seu titular. contextualizada nas políticas educacionais focalizadas no
§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por Ensino Fundamental. A adoção de um ensino obrigatório de
elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições nove anos iniciando aos seis anos de idade pode contribuir
não-universitárias serão registrados em universidades para uma mudança na estrutura e na cultura escolar.
indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por 14. Resposta: C / 15. Resposta: B
universidades estrangeiras serão revalidados por
universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e
área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais
de reciprocidade ou equiparação.
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos Anotações
por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
por universidades que possuam cursos de pós-graduação
reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
em nível equivalente ou superior.

10. Resposta C.
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola,
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para
aprovação;

11. Resposta: A
A questão da autonomia na nova LDB
Com relação a esse tema, a Lei 9.394/96 representa um
extraordinário progresso, já que pela primeira vez autonomia
escolar e projeto pedagógico aparecem vinculados num texto
legal. O Artigo 12 (inciso I) estabelece como incumbência
primordial da escola a elaboração e execução de seu projeto
pedagógico e os Artigos 13 (inciso I) e 14 (incisos I e II)
estabelecem que esse projeto é uma tarefa coletiva, na qual
devem colaborar professores, outros profissionais da
educação e as comunidades escolar e local. Além dessas
referências explicitas sobre a necessidade de que cada escola
elabore e execute o seu próprio projeto pedagógico, a nova lei
retomou no Art. 32 (inciso III), como princípio de toda
educação nacional, a exigência de “pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas” que, embora já figure na
Constituição Federal (Art. 205, inciso III), nem sempre é
lembrado e obedecido. A relevância desse princípio está
justamente no fato de que ele é a tradução no nível escolar do
próprio fundamento da convivência democrática que é a
aceitação das diferenças. Porque o simples fato de que cada
escola, no exercício de sua autonomia, elabore e execute o seu
próprio projeto escolar não elimina o risco de supressão das
divergências e nem mesmo a possibilidade de que existam
práticas escolares continuamente frustradoras de uma
autêntica educação para a cidadania. Na verdade, a autonomia
escolar desligada dos pressupostos éticos da tarefa educativa
poderá até favorecer a emergência e o reforço de sentimentos
e atitudes contrários à convivência democrática.

12. Resposta: C
RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE DEZEMBRODE 2010
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental de 9 (nove) anos
Art. 2º

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CONTEÚDOS BÁSICOS QUE DÃO
SUSTENTAÇÃO TEÓRICA À
EDUCAÇÃO BÁSICA NO CAMPO

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dinâmica que se estabelece no campo a partir da convivência


com os meios de comunicação e a cultura letrada.

Assim sendo, entende a Câmara da Educação Básica que o


presente Parecer, além de efetivar o que foi prescrito no texto
da Lei, atende demandas da sociedade, oferecendo subsídios
para o desenvolvimento de propostas pedagógicas que
contemplem a mencionada diversidade, em todas as suas
Princípios e Fundamentos dimensões. Ressalte-se nesse contexto, a importância dos
movimentos sociais, dos Conselhos Estaduais e Municipais de
da Educação do Campo. Educação, da Secretaria de Ensino Fundamental (SEF/
MEC), do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de
Educação (CONSED), da União Nacional dos Dirigentes
Na longa história das comunidades humanas, sempre Municipais de Educação (UNDIME), das universidades e
esteve bem evidente a ligação entre a terra da qual todos nós, instituições de pesquisa, do Conselho Nacional de
direta ou indiretamente, extraímos nossa subsistência, e as Desenvolvimento Rural Sustentável, das organizações não
realizações da sociedade humana. E uma dessas realizações é governamentais e dos demais setores que, engajados em
a cidade… (Wiliams Raymond, 1989). projetos direcionados para o desenvolvimento socialmente
A Câmara da Educação Básica (CEB), no cumprimento do justo no espaço diverso e multicultural do campo, confirmam
estabelecido na Lei nº 9.131/95 e na Lei n° 9.394/96 (LDB), a pertinência e apresentam contribuições para a formulação
elaborou Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil, o destas Diretrizes.
Ensino Fundamental, o Ensino Médio, a Educação de Jovens e
Adultos, a Educação Indígena, a Educação Especial, a Educação Educação rural nas Constituições Estaduais brasileiras
Profissional de Nível Técnico e a formação de professores em
nível médio na modalidade normal. Em geral, as Constituições dos Estados abordam a escola
A orientação estabelecida por essas Diretrizes, no que se no espaço do campo determinando a adaptação dos currículos,
refere às responsabilidades dos diversos sistemas de ensino dos calendários e de outros aspectos do ensino rural às
com o atendimento escolar sob a ótica do direito, implica o necessidades e características dessa região.
respeito às diferenças e a política de igualdade, tratando a Alguns Estados apontam para a expansão do atendimento
qualidade da educação escolar na perspectiva da inclusão. escolar, propondo, no texto da Lei, a intenção de interiorizar o
Nessa mesma linha, o presente Parecer, provocado pelo art. 28 ensino, ampliando as vagas e melhorando o parque escolar,
da LDB, propõe 267 medidas de adequação da escola à vida do nessa região.
campo. Também está presente nas Constituições a determinação
A Educação do Campo, tratada como educação rural na de medidas que valorizem o professor que atua no campo e a
legislação brasileira, tem um significado que incorpora os proposição de formas de efetivá-la.
espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, Na verdade, os legisladores não conseguem o devido
mas os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, distanciamento do paradigma urbano. A idealização da cidade,
caiçaras, ribeirinhos e extrativistas. O campo, nesse sentido, que inspira a maior parte dos textos legais, encontra na
mais do que um perímetro não-urbano, é um campo de palavra adaptação, utilizada repetidas vezes, a recomendação
possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos de tornar acessível ou de ajustar a educação escolar, nos
com a própria produção das condições da existência social e termos da sua oferta na cidade, às condições de vida do campo.
com as realizações da sociedade humana. Quando se trata da Educação Profissional, igualmente
Assim focalizada, a compreensão de campo não se presente em várias Cartas Estaduais, os princípios e normas
identifica com o tom de nostalgia de um passado rural de relativos à implantação e expansão do ensino
abundância e felicidade que perpassa parte da literatura, profissionalizante rural mantêm a perspectiva residual dessa
posição que subestima a evidência dos conflitos que modalidade de atendimento.
mobilizam as forças econômicas, sociais e políticas em torno Cabe, no entanto, um especial destaque à Constituição do
da posse da terra no país. Rio Grande do Sul. É a única unidade da federação que inscreve
Por sua vez, a partir de uma visão idealizada das condições a Educação do Campo no contexto de um projeto estruturador
materiais de existência na cidade e de uma visão particular do para o conjunto do país. Neste sentido, ao encontrar o
processo de urbanização, alguns estudiosos consideram que a significado do ensino agrícola no processo de implantação da
especificidade do campo constitui uma realidade provisória reforma agrária, supera a abordagem compensatória das
que tende a desaparecer, em tempos próximos, face ao políticas para o setor e aponta para as aspirações de liberdade
inexorável processo de urbanização que deverá homogeneizar política, de igualdade social, de direito ao trabalho, à terra, à
o espaço nacional. Também as políticas educacionais, ao saúde e ao conhecimento dos(as) trabalhadores(as) rurais.
tratarem o urbano como parâmetro e o rural como adaptação
reforçam essa concepção. Educação rural e características regionais
Já os movimentos sociais do campo propugnam por algo
que ainda não teve lugar, em seu estado pleno, porque perfeito Alguns Estados apenas preveem, de forma genérica, o
no nível das suas aspirações. Propõem mudanças na ordem respeito às características regionais na organização e
vigente, tornando visível, por meio das reivindicações do operacionalização de seu sistema educacional, sem incluir, em
cotidiano, a crítica ao instituído e o horizonte da educação suas Cartas, normas e/ou princípios voltados especificamente
escolar inclusiva. para o ensino rural. É o caso do Acre, que no art. 194, II,
A respeito, o pronunciamento das entidades presentes no estabelece que, na estruturação dos currículos, dever-se-ão
Seminário Nacional de Educação Rural e Desenvolvimento incluir conteúdos voltados para a representação dos valores
Local Sustentável foi no sentido de se considerar o campo culturais, artísticos e ambientais da região.
como espaço heterogêneo, destacando a diversidade Com redações diferentes, o mesmo princípio é proclamado
econômica, em função do engajamento das famílias em nas Constituições do Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná e
atividades agrícolas e não-agrícolas (pluriatividade), a Pernambuco. Em outros Estados, tal diretriz também está
presença de fecundos movimentos sociais, a expressa nas Constituições, mas juntamente com outras que se
multiculturalidade, as demandas por Educação Básica e a

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referem, de forma mais específica e concreta, à educação rural. visão assistencialista que acompanha essa modalidade de
É o que se observa, por exemplo, nas Cartas da Bahia, de Minas educação, desde suas origens. Eis alguns deles, como se
Gerais e da Paraíba. verifica nas Cartas a seguir:
Ao lado disso, observa-se que algumas Cartas estaduais a) Amapá, no inciso XV do art. 283 de sua Constituição,
trazem referências mais específicas à educação rural, estabelece, como dever do Estado, promover a expansão de
determinando, na oferta da Educação Básica para a população estabelecimentos oficiais aptos a oferecer cursos gratuitos de
do campo, adaptações concretas inerentes às características e ensino técnico-industrial, agrícola e comercial. No parágrafo
peculiaridades desta. É o que ocorre nos Estados de Alagoas, único do art. 286, esta mesma Carta determina que o Estado
Bahia, Ceará, Maranhão, Sergipe e Tocantins, que prescrevem deverá inserir nos currículos, entre outras matérias de caráter
sejam os calendários escolares da zona rural adequados aos regional, como História do Amapá, Cultura do Amapá,
calendários agrícolas e às manifestações relevantes da cultura Educação Ambiental e Estudos Amazônicos, também Técnica
regional. Agropecuária e Pesqueira.
O Maranhão, por exemplo, inseriu, no § 1° do art. 218 de b) A Constituição do Ceará, no § 6° do art. 231, determina
sua Constituição, norma determinando que, na elaboração do que as escolas rurais do Estado devem obrigatoriamente
calendário das escolas rurais, o poder público deve levar em instituir o ensino de cursos profissionalizantes. O § 8° do
consideração as estações do ano e seus ciclos agrícolas. Já o mesmo artigo, norma de característica programática, prevê
Estado de Sergipe, no art. 215, § 3° da Carta Política, orienta que, em cada microrregião do Estado, será implantada uma
que o calendário da zona rural seja estabelecido de modo a escola técnico-agrícola, cujos currículos e calendários
permitir que as férias escolares coincidam com o período de escolares devem ser adequados à realidade local.
cultivo do solo. c) A Carta do Mato Grosso do Sul, em seu art. 154, dentre
Essa orientação também é identificada nos Estados do os princípios e normas de organização do sistema estadual de
Pará, Paraíba, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins, ensino, insere a obrigatoriedade de o Estado fixar diretrizes
que determinam a fixação de currículos para a zona rural para o ensino rural e técnico, que será, quando possível,
consentâneos com as especificidades culturais da população gratuito e terá em vista a formação de profissionais e
escolar. trabalhadores especializados, de acordo com as condições e
Neste aspecto, a Constituição paraense, no art. 281, IV, necessidades do mercado de trabalho.
explicita que o plano estadual de educação deverá conter, d) Minas Gerais, no art. 198 de sua Lei maior, determina
entre outras, medidas destinadas ao estabelecimento de que o poder público garantirá a educação através, entre outros
modelos de ensino rural que considerem a realidade estadual mecanismos, da expansão da rede de estabelecimentos oficiais
específica. A Constituição de Roraima, no art. 149, II, diz que os que ofereçam cursos de ensino técnico-industrial, agrícola e
conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental e Ensino comercial, observadas as características regionais e as dos
Médio serão fixados de maneira a assegurar, além da formação grupos sociais.
básica, currículos adaptados aos meios urbano e rural, visando e) O Pará, no art. 280 de sua Constituição, diz que o Estado
ao desenvolvimento da capacidade de análise e reflexão crítica é obrigado a expandir, concomitantemente, o Ensino Médio
sobre a realidade. A Constituição de Sergipe, no art. 215, VIII, através da criação de escolas técnico-agrícolas ou industriais.
manda que se organizem currículos capazes de assegurar a f) O Rio Grande do Sul proclama em seu texto
formação prática e o acesso aos valores culturais, artísticos e constitucional, no art. 217, que o Estado elaborará política
históricos nacionais e regionais. para o Ensino Fundamental e Médio de orientação e formação
profissional, visando, entre outras finalidades, auxiliar, através
Expansão da rede de ensino rural e valorização do do ensino agrícola, na implantação da reforma agrária.
magistério g) Rondônia, no art. 195 de sua Carta, autoriza o Estado a
criar escolas técnicas, agrotécnicas e industriais, atendendo às
Alguns Estados inseriram, em suas Constituições, normas necessidades regionais de desenvolvimento. O mesmo artigo
programáticas que possibilitam a expansão do ensino rural e a determina, em seu parágrafo único, seja a implantação dessas
melhoria de sua qualidade, bem como a valorização do escolas incluídas no plano de desenvolvimento do Estado.
professor que atua no campo. Como se vê, em que pese o esforço para superar, em alguns
Neste caso, temos o Estado do Amapá, que, no inciso XIV Estados, uma visão assistencialista das normas relativas à
do art. 283 de sua Carta, declara ser dever do Estado garantir educação e formação profissional específica, nem todas as
o oferecimento de infraestrutura necessária aos professores e Constituições explicitam a relação entre a educação escolar e o
profissionais da área de educação, em escolas do interior; a processo de constituição da cidadania, a partir de um projeto
Constituição da Paraíba, no art. 211, prescreve caber ao social e político que disponibilize uma imagem do futuro que
Estado, em articulação com os Municípios, promover o se pretende construir e a opção por um caminho que se
mapeamento escolar, estabelecendo critérios para a pretende seguir no processo de reorganização coletiva e
ampliação e a interiorização da rede escolar pública; o Rio solidária da sociedade.
Grande do Sul, no art. 216 de sua Carta, estabelece que, na área Nos dias atuais, considerando que a nova legislação aborda
rural, para cada grupo de escolas de Ensino Fundamental a formação profissional sob a ótica dos direitos à educação e
incompleto, haverá uma escola central de Ensino Fundamental ao trabalho, cabe introduzir algumas considerações sobre as
completo, visando, com isto, assegurar o número de vagas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
suficientes para absorver os alunos da área. Essas escolas Profissional, elaboradas pela Câmara da Educação Básica do
centrais, segundo o § 4° do mesmo artigo, serão indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. Essas Diretrizes traduzem a
Conselho Municipal de Educação; Tocantins, no art. 136 de sua orientação contida nas Cartas Constitucionais Federal e
Constituição, assegura ao profissional do magistério da zona Estaduais, se não em todas, no mínimo, na maioria delas,
rural isonomia de vencimentos com os da zona urbana, incorporando, ao mesmo tempo, os impactos das mudanças
observado o nível de formação. que perpassam incessantemente a sociedade em que vivemos.
Aprovadas em 5 de outubro de 1999, tais normas
O ensino profissionalizante agrícola estabeleceram 20 áreas e formação profissional, entre elas a
de agropecuária, como referência para a organização dessa
Enfim, há de se destacar que um conjunto de Estados- modalidade de atendimento educacional.
membros enfatizam, em suas Constituições o ensino Lembre-se ainda que, não sendo possível, no momento,
profissionalizante rural, superando, nos mencionados textos, a consultar todas as Leis Orgânicas Municipais, torna-se

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necessário proceder a sua leitura com o propósito, em cada culturais. Também prevê a adequação do período de férias à
Município, de ampliar as assimilações específicas sobre a época de plantio e colheita de safras e, quando comparado ao
matéria. texto da Lei nº 4.024/61, a Lei nº 5.692/71 reafirma o que foi
disposto em relação à Educação Profissional. De fato, o
Território da educação rural na Lei de Diretrizes e trabalho do campo realizado pelos alunos conta com certa
Bases da Educação Nacional (LDB) cumplicidade da Lei, que se constitui a referência para
organizar, inclusive, os calendários. Diferentemente dos
A Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, resultou de um tempos atuais, em que o direito à educação escolar prevalece
debate que se prolongou durante 13 anos, gerando e cabe ao poder público estabelecer programas de erradicação
expectativas diversas a respeito do avanço que o novo texto das atividades impeditivas de acesso e permanência dos
viria a representar para a organização da educação nacional. O alunos no ensino obrigatório.
primeiro anteprojeto e os demais substitutivos apresentados Mais recentemente, os impactos sociais e as
deram visibilidade ao acirrado embate que se estabeleceu na transformações ocorridas, no campo, influenciaram
sociedade em torno do tema. O anteprojeto, elaborado pelo GT decisivamente nas diretrizes e bases da oferta e do
indicado sob a orientação do ministro Clemente Marianni, financiamento da educação escolar.
representou o primeiro esforço de regulamentação do À luz dos arts. 208 e 210 da Carta Magna de 1988, e
previsto na Carta Magna de 1946. Este, além de reforçar o inspirada, de alguma forma, numa concepção de mundo rural
dispositivo constitucional, expressa as mudanças que enquanto espaço específico, diferenciado e, ao mesmo tempo,
perpassavam a sociedade em seu conjunto. Logo em seguida, integrado no conjunto da sociedade, a Lei nº 9.394/96 (LDB)
diversos substitutivos, entre os quais os que foram estabelece que:
apresentados por Carlos Lacerda, redirecionaram o foco da
discussão. Enquanto o primeiro anteprojeto se revelava Art. 28 Na oferta da educação básica para a população
afinado com as necessidades educacionais do conjunto da rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
sociedade, dando ênfase ao ensino público, a maior parte necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e
desses substitutivos, em nome da liberdade, representavam os de cada região, especialmente.
interesses das escolas privadas. I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
Em resposta, os defensores da escola pública retomaram reais necessidades e interesses dos alunos da
os princípios orientadores do anteprojeto inicial, zona rural;
apresentando um substitutivo elaborado com a participação II - organização escolar própria, incluindo a adequação do
de diversos segmentos da sociedade. calendário escolar as fases do ciclo agrícola e as condições
Quanto ao ensino rural, é possível afirmar que a Lei não climáticas;
traduz grandes preocupações com a diversidade. O foco é dado III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
à integração, exposta por sua vez, no art. 57, quando
recomenda a realização da formação dos educadores que vão Neste particular, o legislador inova. Ao submeter o
atuar nas escolas rurais primárias, em estabelecimentos que processo de adaptação à adequação, institui uma nova forma
lhes prescrevam a integração no meio. Acrescente-se a isso o de sociabilidade no âmbito da política de atendimento escolar
disposto no art. 105 a respeito do apoio que poderá ser em nosso país. Não mais se satisfaz com a adaptação pura e
prestado pelo poder público às iniciativas que mantenham na simples. Reconhece a diversidade sociocultural e o direito à
zona rural instituições educativas orientadas para adaptar o igualdade e à diferença, possibilitando a definição de
homem ao meio e estimular vocações e atividades Diretrizes Operacionais para a educação rural sem, no entanto,
profissionais. No mais, a Lei atribui às empresas recorrer a uma lógica exclusiva e de ruptura com um projeto
responsabilidades com a manutenção de ensino primário global de educação para o país.
gratuito sem delimitar faixa etária. Neste sentido, é do texto da mencionada lei, no art. 26, a
concepção de uma base nacional comum e de uma formação
Art. 31 As empresas industriais, comerciais e agrícolas, em básica do cidadão que contemple as especificidades regionais
que trabalhem mais de 100 pessoas, são obrigadas a manter o e locais.
ensino primário gratuito para os seus servidores e os filhos
desses. Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem
Com vistas ao cumprimento dessa norma, são admitidas ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada
alternativas tais como: instalação 277 de escolas públicas nas sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma base
propriedades, instituição de bolsas, manutenção de escolas nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
pelos proprietários rurais e ainda a criação de condições que ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
facilitem a frequência dos interessados às escolas mais exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
próximas. cultura, da economia e da clientela.
Por último, resta considerar que o ensino técnico de grau
médio inclui o curso agrícola, cuja estrutura e funcionamento Além disso, se os incisos I e II do art. 28 forem devidamente
obedecem ao padrão de dois ciclos: o primeiro, o ginasial, com valorizados, poder-se-ia concluir que o texto legal recomenda
duração de quatro anos, e o segundo, o colegial, com duração levar em conta, nas finalidades, nos conteúdos e na
mínima de três anos. metodologia, os processos próprios de aprendizagem dos
Nada, portanto, que evidencie a racionalidade da educação estudantes e o específico do campo.
no âmbito de um processo de desenvolvimento que responda Ora, se o específico pode ser entendido também como
aos interesses da população rural em sintonia com as exclusivo, relativo ou próprio de indivíduos, ao combinar os
aspirações de todo povo brasileiro. arts. 26 e 28, não se pode concluir apenas por ajustamento.
Em 11 de agosto de 1971, é sancionada a Lei nº 5.692, que Assim, parece recomendável, por razões da própria lei, que a
fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus e dá outras exigência mencionada no dispositivo pode ir além da
providências. reivindicação de acesso, inclusão e pertencimento.
A propósito da educação rural, não se observa, mais uma E, neste ponto, o que está em jogo é definir, em primeiro
vez, a inclusão da população na condição de protagonista de lugar, aquilo no qual se pretende ser incluído, respeitando-se
um projeto social global. Propõe, ao tratar da formação dos a diversidade e acolhendo as diferenças sem transformá-las
profissionais da educação, o ajustamento às diferenças em desigualdades. A discussão da temática tem a ver, neste

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particular, com a cidadania e a democracia, no âmbito de um entanto, que as formas flexíveis não se restringem ao regime
projeto de desenvolvimento onde as pessoas se inscrevem seriado. Estabelecer entre as diretrizes a ampliação de anos de
como sujeitos de direitos. escolaridade, é uma coisa.
Assim, a decisão de propor Diretrizes Operacionais para a Outra coisa é determinar que tal processo se realize
Educação Básica nas escolas do campo supõe, em primeiro através da organização do ensino em série. É diretriz do PNE:
lugar, a identificação de um modo próprio de vida social e de (…) a oferta do ensino fundamental precisa chegar a todos
utilização do espaço, delimitando o que é rural e urbano sem os recantos do País e a ampliação da oferta das quatro séries
perder de vista o nacional. regulares em substituição às classes isoladas unidocentes é meta
A propósito, duas abordagens podem ser destacadas na a ser perseguida consideradas as peculiaridades regionais e a
delimitação desses espaços e, neste aspecto, em que pese sazonalidade.
ambas considerarem que o rural e o urbano constituem polos
de um mesmo continuum, divergem quanto ao entendimento De modo equivalente, o item objetivos e metas do mesmo
das relações que se estabelecem entre os mesmos. texto remete à organização em séries:
Assim, uma delas, a visão urbano-centrada, privilegia o
polo urbano do continuum, mediante um processo de Objetivos e metas
homogeneização espacial e social que subordina o polo rural. 16. Associar as classes isoladas unidocentes remanescentes
No caso, pode-se dizer que o rural hoje só pode ser entendido a escolas de, pelo menos, quatro séries completas.
como um continuum urbano… O meio rural se urbanizou nas
últimas décadas, como resultado do processo de É necessário, neste ponto, para preservar o eixo da
industrialização da agricultura, de um lado, e, do outro, do flexibilidade que perpassa a LDB, abrindo inúmeras
transbordamento do mundo urbano naquele espaço que possibilidades de organização do ensino, remeter ao disposto
tradicionalmente era definido como rural. no seu art. 23 que desvela a clara adesão da lei à multiplicidade
Mais forte ainda é o pensamento que interpreta o firmar- das realidades que contextualizam a proposta pedagógica das
se do campo exclusivamente a partir da cidade, considerando escolas:
urbano o território no qual a cidade está fisicamente assentada
e rural o que se apreende fora deste limite. No bojo desse Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
pensamento, os camponeses são apreendidos, antes de tudo, anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
como os executores da parte rural da economia urbana, sem estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na
autonomia e projeto próprio, negando-se a sua condição de competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
sujeito individual ou coletivo autônomo. organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar.
Em resumo, há no plano das relações, uma dominação do
urbano sobre o rural que exclui o trabalhador do campo da Por outro lado, uma segunda abordagem na análise das
totalidade definida pela representação urbana da realidade. relações que se estabelecem entre os polos do continuum
Com esse entendimento, é possível concluir pelo esvaziamento urbano-rural, tem fundamentado no Brasil a defesa de uma
do rural como espaço de referência no processo de proposta de desenvolvimento do campo à qual está vinculada
constituição de identidades, desfocando-se a hipótese de um a educação escolar. É uma perspectiva que identifica, no
projeto de desenvolvimento apoiado, entre outros, na espaço local, o lugar de encontro entre o rural e o urbano onde,
perspectiva de uma educação escolar para o campo. No segundo estudos de Wanderley, as especificidades se
máximo, seria necessário decidir por iniciativas advindas de manifestam no plano das identificações e das reivindicações
políticas compensatórias e destinadas a setores cujas na vida cotidiana, desenhando uma rede de relações
referências culturais e políticas são concebidas como recíprocas que reiteram e viabilizam as particularidades dos
atrasadas. citados polos.
Mas essa é apenas uma forma de explicar como se dá a E, neste particular, o campo hoje não é sinônimo de
relação urbano-rural em face das transformações do mundo agricultura ou de pecuária. Há traços do mundo urbano que
contemporâneo, em especial, a partir do surgimento de um passam a ser incorporados no modo de vida rural, assim como
novo ator ao qual se abre a possibilidade de exercer, no campo, há traços do mundo camponês que resgatam valores
as atividades agrícolas e não agrícolas e, ainda, combinar o sufocados pelo tipo de urbanização vigente. Assim sendo, a
estatuto de empregado com o de trabalhador por conta inteligência sobre o campo é também a inteligência sobre o
própria. modo de produzir as condições de existência em nosso país.
O problema posto, quando se projeta tal entendimento Como se verifica, a nitidez das fronteiras utiliza critérios
para a política de educação escolar, é o de afastar a escola da que escapam à lógica de um funcionamento e de uma
temática do rural: a retomada de seu passado e a compreensão reprodução exclusivos, confirmando uma relação que integra
do presente, tendo em vista o exercício do direito de ter direito e aproxima espaços sociais diversos.
a definir o futuro no qual os 30 milhões de brasileiros, no Por certo, este é um dos princípios que apoia, no caso do
contexto dos vários rurais, pretendem ser incluídos. disciplinamento da aplicação dos recursos destinados ao
Na verdade, diz bem Arroyo que o forte dessa perspectiva financiamento do Ensino Fundamental, o disposto na Lei nº
é propor a adaptação de um modelo único de educação aos que 9.424/96 que regulamenta o FUNDEF. No art. 2º, § 2º, a Lei
se encontram fora do lugar, como se não existisse um estabelece a diferenciação de custo por aluno, reafirmando a
movimento social, cultural e identitário que afirma o direito à especificidade do atendimento escolar no campo, nos
terra, ao trabalho, à dignidade, à cultura e à educação. seguintes termos:
Isso é verdadeiro, inclusive, para o Plano Nacional de
Educação (PNE), recentemente aprovado no Congresso. Este, Art. 2º Os recursos do Fundo serão aplicados na manutenção
em que pese requerer um tratamento diferenciado para a e no desenvolvimento do ensino fundamental público e na
escola rural e prever em seus objetivos e metas formas valorização de seu magistério.
flexíveis de organização escolar para a zona rural, bem como a § 1º …
adequada formação profissional dos professores, § 2º A distribuição a que se refere o parágrafo anterior, a
considerando as especificidades do alunado e as exigências do partir de 1998, deverá considerar, ainda, a diferenciação de
meio, recomenda, numa clara alusão ao modelo urbano, a custo por alunos segundo os níveis de ensino e tipos de
organização 279 do ensino em séries. Cabe ressaltar, no estabelecimentos, adotando-se a metodologia do cálculo e as

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correspondentes ponderações, de acordo com os seguintes vida na terra. Trata-se do campo como lugar de trabalho, de
componentes: cultura, da produção de conhecimento na sua relação de
existência e sobrevivência.
I - 1ª a 4ª séries; Assim, essa compreensão de campo vai além de uma
II - 5ª a 8ª séries; definição jurídica. Configura um conceito político ao
III – estabelecimento de ensino especial; considerar as particularidades dos sujeitos e não apenas sua
IV – escolas rurais. localização espacial e geográfica. A perspectiva da educação do
campo se articula a um projeto político e econômico de
Trata-se, portanto, de um esforço para indicar, nas desenvolvimento local e sustentável, a partir da perspectiva
condições de financiamento do ensino fundamental, a dos interesses dos povos que nele vivem.
possibilidade de alterar a qualidade da relação entre o rural e O que caracteriza os povos do campo é o jeito peculiar de
o urbano, contemplando-se a diversidade sem consagrar a se relacionarem com a natureza, o trabalho na terra, a
relação entre um espaço dominante, o urbano e a periferia organização das atividades produtivas, mediante mão-de-obra
dominada, o rural. Para tanto, torna-se importante explicitar a dos membros da família, cultura e valores que enfatizam as
necessidade de um maior aporte de recursos para prover as relações familiares e de vizinhança, que valorizam as festas
condições necessárias ao funcionamento de escolas do campo, comunitárias e de celebração da colheita, o vínculo com uma
tendo em vista, por exemplo, a menor densidade populacional rotina de trabalho que nem sempre segue o relógio mecânico.
e a relação professor/aluno.
Torna-se urgente o cumprimento rigoroso e exato dos A identidade dos povos do campo comporta categorias
dispositivos legais por todos os entes federativos, sociais como posseiros, boias-frias, ribeirinhos, ilhéus,
assegurando-se o respeito à diferenciação dos custos, tal como atingidos por barragens, assentados, acampados,
já vem ocorrendo com a Educação Especial e os anos finais do arrendatários, pequenos proprietários ou colonos ou sitiantes
Ensino Fundamental. – dependendo da região do Brasil em que estejam – caboclos
Assim, por várias razões, conclui-se que esse Parecer tem dos faxinais, comunidades negras rurais, quilombolas e,
a marca da provisoriedade. Sobra muita coisa para fazer. Seus também, as etnias indígenas.
vazios serão preenchidos, sobretudo, pelos significados A identidade política coletiva é gerada a partir da
gerados no esforço de adequação das diretrizes aos diversos organização das categorias em movimentos sociais, a exemplo
rurais e sua abertura, sabe-se, na prática será conferida pela do MST, das etnias indígenas, dos quilombolas, dos atingidos
capacidade de os diversos sistemas de ensino universalizarem por barragens e daqueles articulados ao sindicalismo rural
um atendimento escolar que emancipe a população e, ao combativo.
mesmo tempo, libere o país para o futuro solidário e a vida A identidade sociocultural é dada pelo conceito de cultura.
democrática. Schelling (1991) traz uma definição de cultura como práxis
que pode ser útil à educação do campo. Para a autora, a
Fonte: Disponível em: capacidade do homem de se transformar e ser transformado é
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=downloa
d&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192
uma característica humano-genérica (estruturar e ser
estruturado) e essa capacidade está na base do conceito de
cultura como práxis, por meio da qual
[...] o homem não só se adapta ao mundo, como também o
Concepções e conceitos da transforma. Essa transformação ocorre em dois níveis: em
Educação do Campo: Campo, primeiro lugar no nível da interação do homem com a natureza
e como ser da natureza, modificando o ambiente natural com
Educação do Campo, o uso de ferramentas. Ocorre também no nível da consciência,
Desenvolvimento da interação comunicativa entre os indivíduos e sua
Sustentável, Trabalho e organização social (SCHELLING, 1991).
Nas teses sobre Feuerbach (trad. 1999, Marx afirma que “É
Educação. na práxis que o homem deve demonstrar a verdade, isto é, a
realidade e o poder, o caráter terreno de seu pensamento”. Ele
faz a crítica à doutrina materialista tradicional, para a qual os
homens seriam produto das circunstâncias e da educação, bem
O CAMPO como que os homens transformados seriam produtos de
outras circunstâncias e de uma educação modificada. Destaca
É importante fazer uma distinção dos termos “rural” e que o materialismo tradicional “esquece que são precisamente
“campo”. A concepção de rural representa uma perspectiva os homens que transformam as circunstâncias e que o próprio
política presente nos documentos oficiais, que historicamente educador deve ser educado” (FEUERBACH, 1991). Por sua vez,
fizeram referência aos povos do campo como pessoas que Schelling cita Marx ao demonstrar o atributo genérico do
necessitam de assistência e proteção, na defesa de que o rural modo humano de existir.
é o lugar do atraso. Trata-se do rural pensado a partir de uma
lógica economicista, e não como um lugar de vida, de trabalho, O animal forma uma unidade com sua atividade vital. Ele
de construção de significados, saberes e culturas. não distingue a atividade de si mesmo. Ele é sua atividade. Mas
Como consequência das contradições desse modelo de o homem faz de sua atividade vital um objeto de sua vontade e
desenvolvimento, está, por um lado, a crise do emprego e a consciência. Ele tem uma atividade vital consciente. Não é uma
migração campo-cidade e, por outro, a reação da população do determinação com a qual ele se identifique completamente. A
campo que, diante do processo de exclusão, organiza-se e luta atividade vital consciente distingue o homem da atividade vital
por políticas públicas, construindo alternativas de resistência dos animais [...] Apenas por essa razão sua atividade é
econômica, política e cultural que também inclui iniciativas no atividade livre. O trabalho alienado inverte a relação, na
setor da educação. medida em que o homem, por seu autoconsciente, faz de sua
A concepção de campo tem o seu sentido cunhado pelos atividade vital, seu ser, apenas um meio para sua existência [...]
movimentos sociais no final do século XX, em referência à (MARX apud SCHELLING, 1991).
identidade e cultura dos povos do campo, valorizando-os como
sujeitos que possuem laços culturais e valores relacionados à

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É na práxis que o homem tem condições de superar a eixo é a monocultura e a produção em larga escala para a
própria situação de opressão, mediante a análise de que a exportação, com o agronegócio, os insumos industriais,
divisão do trabalho é característica de uma determinada agrotóxicos, as sementes transgênicas, o desmatamento
formação social e não um fato natural. A práxis passa a ser irresponsável, a pesca predatória, as queimadas de grandes
condição para a ação revolucionária, de modo que os homens extensões de florestas, a mão-de-obra escrava.
podem pensar o sentido de suas atividades, a sua organização Eis por que a educação do campo deve ter como
política e ações conjuntas na luta contra a opressão. fundamento o interesse por um modelo cujo foco seja o
Schelling (1991) cita a crítica de Gramsci ao conceito desenvolvimento humano. Como afirma Fernandes (2005),
afirmativo de cultura: que seja um debate da questão agrária mediante o princípio da
Precisamos nos livrar do hábito de ver a cultura como superação, portanto, da luta contra o capital e da perspectiva
conhecimento enciclopédico, e os homens como simples de construção de experiências para a transformação da
receptáculos a serem preenchidos com fatos empíricos e um sociedade. Na educação do campo, devem emergir conteúdos
amontoado de fatos brutos isolados, que tem de ser e debates, entre outros, sobre:
catalogados no cérebro como nas colunas de um dicionário, - a diversificação de produtos relativos à agricultura e o
permitindo a seu proprietário responder aos vários estímulos uso de recursos naturais;
do mundo exterior. Essa forma de cultura é realmente - a agroecologia e o uso das sementes crioulas;
perigosa, em particular para o proletariado. Serve apenas para - a questão agrária e as demandas históricas por reforma
criar pessoas mal-ajustadas, pessoas que acreditam ser agrária;
superiores ao resto da humanidade por terem memorizado um - os trabalhadores assalariados rurais e suas demandas por
certo número de fatos e datas [...] (GRAMSCI apud SCHELLING, melhores condições de trabalho;
1991). - a pesca ecologicamente sustentável;
Estudiosa de Gramsci, Schlesener (2002) demonstra a - o preparo do solo.
compreensão que o respectivo político e filósofo italiano tem Vale destacar que tais temas possibilitam o estudo de um
sobre cultura: modelo de desenvolvimento do campo que se contraponha ao
Dou à cultura este significado: exercício do pensamento, modelo hegemônico.
aquisição de ideias gerais, hábitos de conectar causa e efeito.
Para mim, todos já são cultos, porque todos pensam, todos A EDUCAÇÃO DO CAMPO
conectam causas e efeitos. Mas o são empiricamente,
primordialmente, não organicamente. A educação do campo tem sido historicamente
Schlesener (2002) demonstra que a cultura marginalizada na construção de políticas públicas. Tratada
[...] apresenta-se como saber que se produz na relação com como política compensatória, suas demandas e sua
a ação, o pensar que cria e transforma [...] os homens são especificidade raramente têm sido objeto de pesquisa no
capazes de renovar, de mudar o mundo conhecendo a história espaço da academia e na formulação de currículos nos
e a sua própria capacidade de reviver “do seu esforço atual diferentes níveis e modalidades de ensino. A educação para os
numa força do amanhã”. povos do campo é trabalhada a partir de um currículo
Um desafio está posto à educação do campo: considerar a essencialmente urbano e, quase sempre, deslocado das
cultura dos povos do campo em sua dimensão empírica e necessidades e da realidade do campo. Mesmo as escolas
fortalecer a educação escolar como processo de apropriação e localizadas nas cidades têm um currículo e trabalho
elaboração de novos conhecimentos. pedagógico, na maioria das vezes, alienante, que difunde uma
Assim, o conceito de cultura como práxis guarda relação cultura burguesa e enciclopédica. É urgente discutir a
com a compreensão da história como processo coletivo de educação do campo e, em especial, a educação pública no
autocriação do homem, sob a possibilidade de criar uma Brasil. Será que a educação tem servido para desenvolver
ordem social de maior liberdade e justiça (SCHELLING, 1991). cultura entendida como práxis, ou tem contribuído para
afirmá-la na perspectiva do conceito burguês?
Entender o campo como um modo de vida social contribui A cultura, os saberes da experiência, a dinâmica do
para autoafirmar a identidade dos povos do campo, para cotidiano dos povos do campo raramente são tomados como
valorizar o seu trabalho, a sua história, o seu jeito de ser, os referência para o trabalho pedagógico, bem como para
seus conhecimentos, a sua relação com a natureza e como ser organizar o sistema de ensino, a formação de professores e a
da natureza. Trata-se de uma valorização que deve se dar pelos produção de materiais didáticos.
próprios povos do campo, numa atitude de recriação da Essa visão, que tem permeado as políticas educacionais,
história. Em síntese, o campo retrata uma diversidade parte do princípio que o espaço urbano serve de modelo ideal
sociocultural, que se dá a partir dos povos que nele habitam: para o desenvolvimento humano. Esta perspectiva contribui
assalariados rurais temporários, posseiros, meeiros, para descaracterizar a identidade dos povos do campo, no
arrendatários, acampados, assentados, reassentados atingidos sentido de se distanciarem do seu universo cultural.
por barragens, pequenos proprietários, vileiros rurais, povos Essa lógica faz parte de um modelo de desenvolvimento
das florestas, etnias indígenas, comunidades negras rurais, econômico capitalista, baseado na concentração de renda; na
quilombos, pescadores, ribeirinhos e outros mais. Entre estes, migração do trabalhador rural para as cidades, atuando como
há os que estão vinculados a alguma forma de organização mão-de-obra barata, na grande propriedade e na agricultura
popular, outros não. São diferentes gerações, etnias, gêneros, para exportação que compreende o Brasil apenas como
crenças e diferentes modos de trabalhar, de viver, de se mercado emergente, predominantemente urbano e que
organizar, de resolver os problemas, de lutar, de ver o mundo prioriza a cidade em detrimento do campo.
e de resistir no campo.
Tal diversidade encontrada nas populações do campo Entre as características da educação do campo que se
paranaense sinaliza um fato que não pode ser deixado de lado: pretende construir, estão:
as escolas do campo terão presente no seu interior essa - concepção de mundo: o ser humano é sujeito da história,
conflituosa, portanto rica, diversidade sociocultural e política. não está “colocado” no mundo, mas ele é o mundo, faz o
A educação do campo deve estar vinculada a um projeto de mundo, faz cultura. O homem do campo não é atrasado e
desenvolvimento peculiar aos sujeitos que a concernem. São submisso; antes, possui um jeito de ser peculiar; pode
povos que ao longo da história foram explorados e expulsos do desenvolver suas atividades pelo controle do relógio mecânico
campo, devido a um modelo de agricultura capitalista, cujo ou do relógio “observado” no movimento da Terra, manifesto

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no posicionamento do Sol. Ele pode estar organizado em de forma crítica, que também não tem impedido o
movimentos sociais, em associações ou atuar de forma isolada, desenvolvimento capitalista, uma vez que
mas o seu vínculo com a terra é fecundo. Ele cria alternativas [...] a exclusão se tornou parte integrante da reprodução do
de sobrevivência econômica num mundo de relações capital [...] há quem fale numa espécie de auxílio estatal à
capitalistas selvagens; pobreza que dispensaria a reforma agrária, custosa, e
- concepção de escola: local de apropriação de asseguraria a sobrevivência dos pobres em condições mínimas
conhecimentos científicos construídos historicamente pela sem necessidade de pagar o custo de grandes transformações
humanidade e local de produção de conhecimentos em econômicas e sociais como a reforma agrária (MARTINS, 2000).
relações que se dão entre o mundo da ciência e o mundo da Essas são questões que a educação do campo pode
vida cotidiana. Os povos do campo querem que a escola seja o desvelar, numa atitude de elaboração de um conhecimento
local que possibilite a ampliação dos conhecimentos; portanto, que parte dos próprios povos do campo e de suas experiências
os aspectos da realidade podem ser pontos de partida do vividas, como diria Gramsci, uma cultura ligada à vida social.
processo pedagógico, mas nunca o ponto de chegada. O desafio No âmbito da educação do campo, objetiva-se que o estudo
é lançado ao professor, a quem compete definir os tenha a investigação como ponto de partida para a seleção e
conhecimentos locais e aqueles historicamente acumulados desenvolvimento dos conteúdos escolares, de forma que
que devem ser trabalhados nos diferentes momentos valorize singularidades regionais e localize características
pedagógicos. Os povos do campo estão inseridos nas relações nacionais, tanto em termos das identidades sociais e políticas
sociais do mundo capitalista e elas precisam ser desveladas na dos povos do campo quanto em valorização da cultura de
escola; diferentes lugares do país.
- concepção de conteúdos e metodologias de ensino: Trata-se de uma educação que deve ser no e do campo - No,
conteúdos escolares são selecionados a partir do significado porque
que têm para determinada comunidade escolar. Tal seleção [...] o povo tem o direito de ser educado no lugar onde vive;
requer procedimentos de investigação por parte do professor, [Do, pois] “o povo tem direito a uma educação pensada desde
de forma que possa determinar quais conteúdos contribuem o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e
nos diversos momentos pedagógicos para a ampliação dos às suas necessidades humanas e sociais” (CALDART, 2002).
conhecimentos dos educandos. Estratégias metodológicas
dialógicas, nas quais a indagação seja frequente, exigem do Há uma produção cultural no campo que deve se fazer
professor muito estudo, preparo das aulas e possibilitam presente na escola. Os conhecimentos desses povos precisam
relacionar os conteúdos científicos aos do mundo da vida que ser levados em consideração, constituindo ponto de partida
os educandos trazem para a sala de aula; das práticas pedagógicas na escola do campo.
- concepção de avaliação: processo contínuo e realizado em Quais são os conhecimentos dos povos do campo?
função dos objetivos propostos para cada momento Damasceno (1993) entende que a prática produtiva e política
pedagógico, seja bimestral, semestral ou anual. Pode ser feita dos camponeses é a fonte básica do conhecimento social. Para
de diversas maneiras: trabalhos individuais, atividades em ela, os saberes sociais dos camponeses podem ser:
grupos, trabalhos de campo, elaboração de textos, criação de - engendrados na prática produtiva do campesinato;
atividades que possam ser um “diagnóstico” do processo - elaborados na prática política, envolvendo a construção
pedagógico em desenvolvimento. Muito mais do que uma da identidade de classe e a organização política do
verificação para fins de notas, a avaliação é um diagnóstico do campesinato.
processo pedagógico, do ponto de vista dos conteúdos Portanto, são os conhecimentos do mundo do trabalho no
trabalhados, dos objetivos, e da apropriação e produção de campo, das negociações em torno da produção, das
conhecimentos. É um diagnóstico que faz emergir os aspectos necessidades básicas para a produção de determinados
que precisam ser modificados na prática pedagógica. produtos, a organização dos trabalhadores em cooperativas,
iniciativas na área da agroecologia, organização das
Para a educação que se quer construir, um procedimento comunidades de pescadores, que fortalecem grupos de
essencial é a escuta: resistência, que se recusam a inserir-se no modelo capitalista
- escutar os povos do campo, a sua sabedoria, as suas competitivo de produção e criam alternativas para manter o
críticas; vínculo com o trabalho e vida no campo.
- escutar os educandos e as suas observações, reclamações Os conhecimentos do mundo da política, a participação ou
ou satisfações com relação à escola e à sala de aula; a observação de como se dá a tomada de decisão, por parte do
- escutar as carências expostas pelos professores das poder público local ou nacional, fazem-se necessários aos
escolas do campo; enfim, ouvir cada um dos sujeitos que fazem povos do campo, para que sobrevivam na lógica perversa que
o processo educativo: comunidade escolar, professores e o mercado impõe àqueles que constituem força de trabalho
governos, nas esferas municipal, estadual e federal; e/ou vivem da produção em pequenas parcelas de terras.
- por meio da escuta, será gerado o diálogo e nele serão Nesse aspecto, a escola deve realizar uma interpretação da
explicitadas as propostas políticas e pedagógicas necessárias à realidade que considere as relações mediadas pelo trabalho no
escola pública. campo, como produção material e cultural da existência
humana. A partir dessa perspectiva, deve construir
Busca-se uma educação que seja crítica, cuja característica conhecimentos que promovam novas relações de trabalho e de
central é a problematização dos conhecimentos. vida para os povos no e do campo.
Problematizar implica discutir os conteúdos de forma a gerar
indagações e não de forma enciclopédica e mecânica. Para Outra importante reflexão, quando se fala dos povos do
tanto, na educação do campo, o tema questão agrária é campo, é o conceito de “camponês”, que é polêmico. Embora
essencial para compreender os determinantes que levaram a não seja objeto de reflexão deste texto, indicamos alguns
educação do campo a estar historicamente marginalizada nas referenciais que podem auxiliar em sua definição. Segundo
políticas educacionais. Poli (1995), os principais elementos para caracterizar o
No Brasil, como diz Martins (2000), a questão agrária não camponês são:
tem impedido o desenvolvimento do capital, porque no país o - é um trabalhador que cultiva uma pequena área de terra,
grande capital já se apropriou das grandes parcelas de terras. com uso de ferramentas simples, ou pequenas máquinas de
Porém, há que se discutir a geração de empregos, a condição tecnologia rudimentar;
da grande massa de miseráveis, o que, observa Martins (2000)

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- está baseado quase exclusivamente na mão-de-obra que ele seja sujeito do processo pedagógico, sinta-se sujeito,
familiar, podendo empregar, esporadicamente, trabalhadores queira ser sujeito.
assalariados; Com isso, muitas escolas foram retiradas das
- combina a produção dos meios de vida com a produção comunidades, passando a se localizar nas sedes dos
de mercadorias, sem as condições de acumular capital; municípios. Ainda que essa escola não esteja próxima ao local
- é um sujeito inserido e reproduzido no interior do modo de moradia, ela deve ser concebida como uma escola do campo
de produção capitalista, sem ser um capitalista, na sua e não pode recair no equívoco de privilegiar a cultura da
essência; cidade, desvalorizando a identidade desses alunos, sejam
- a família é a sua unidade básica de posse, produção e crianças, adolescentes, jovens ou adultos.
consumo; Da mesma forma, a escola não pode reduzir o processo
- organizado de forma coletiva, tem na própria família, no pedagógico às discussões da realidade camponesa,
interior da sociedade global, a função de permitir a oferta de desconsiderando a interdependência campocidade. A grande
produtos agropecuários a preços inferiores aos das empresas maioria das sedes dos municípios em que se encontram essas
capitalistas. escolas possui características do campo, na produção, no
- a família camponesa está sempre ligada a uma unidade trabalho, na diversão, no modo de vida. Essa forma própria de
maior, o bairro rural, o grupo de vizinhança, a comunidade, existência produz saberes que foram acumulados ao longo das
sendo a família uma das unidades básicas de socialização; experiências vividas pelos sujeitos do campo.
- mantém contato frequente com a sociedade urbana,
numa relação subordinada a ela, de inferioridade, social, Destaca-se a importância de a escola localizar-se no
política e econômica; campo, para que seja reforçado o debate da educação do
- possui grau elevado de autonomia no processo de decisão campo. Mesmo havendo necessidade de nuclearização, é
e gestão da produção; importante que esta seja efetivada no próprio campo. A escola
- o contato com o mercado é frequente, com caráter parcial vai além de um local de produção e socialização do
e incompleto; vende seus produtos excedentes e adquire conhecimento, sendo espaço de convívio social, onde
mercadorias complementares para satisfazer necessidades acontecem reuniões, festas, celebrações religiosas, atividades
básicas; comunitárias como bazar, vacinação etc., que vivificam as
- tem objetivos de produzir valores de uso e não valores de relações sociais na comunidade, potencializam-lhe a
troca; permanente construção de uma identidade cultural e, em
- sua agricultura está voltada à manutenção de um modo especial, a elaboração de novos conhecimentos. Fixada no
de vida e não de um negócio. campo, evita o desgaste provocado pelas grandes distâncias e
pelo transporte de baixa qualidade.
Poli entende, portanto, que “o camponês representa um A política de transporte escolar que vem sendo
modo de vida”, isto é, uma cultura. implementada nas últimas décadas contraria o sentido da luta
Esses elementos, dentre outros, caracterizam a pela educação do campo, pois retira as crianças e adolescentes
diversidade sociocultural peculiar ao modo de vida camponês. da sua realidade local, levando-os para os núcleos urbanos. Os
Compreender a educação a partir da diversidade camponesa, professores que atuam nas escolas do campo denunciam, em
do modo de vida, implica construir políticas públicas que suas falas, a condição precária de muitas estradas rurais e dos
assegurem o direito à igualdade, com respeito às diferenças; ônibus usados para o transporte dos alunos. Isso faz alunos
implica a construção de uma política pública de educação na perderem boa parte do ano letivo, prejudicando o processo de
qual a formação de professores possa contemplar esses ensinoaprendizagem.
fundamentos. Ao entender o campo como lugar de um modo de vida, de
Hoje, os professores saem dos bancos escolares, dos cursos produção econômica e de organização política, alguns eixos
de licenciatura, sem ter estabelecido qualquer discussão sobre temáticos são sugeridos na sequência. O intuito é motivar e
o modo de vida camponês, pressupondo que o modo de vida enriquecer o debate nas escolas do campo, ampliar as
urbano prevalece em todas as relações sociais e econômicas proposições pedagógicas, propiciar um repensar das aulas, da
brasileiras. Da mesma forma, a maioria dos cursos de prática social dos professores, dos alunos e da comunidade
formação continuada deixa de valorizar a educação do campo. escolar.
A formação continuada, conforme era concebida por Freire,
permite que o educador faça de sua prática objeto de estudo, Fonte:
Disponível:
reflita-a coletivamente e à luz de teoria, recriando-a http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/diretrizesc
permanentemente. urricularesestaduaisdaeducacaodocampo.pdf
Apoiando-se em Freire, escrevem Benincá e Caimi (2002): TRABALHO
A formação continuada, no pensamento de Paulo Freire,
tem como pressuposto a existência de um processo político- Tendo em vista que trabalho é atividade humana de
pedagógico e, ao mesmo tempo, de uma antropologia transformação da natureza e do próprio ser humano,
fenomenológico-hermenêutica. Isto implica um passado que considera-se pertinente que um dos eixos temáticos na
se faz história, um presente em permanente transformação e educação do campo permita a reflexão sobre a organização
um futuro a ser construído. O passado se faz história e produtiva na sociedade capitalista e em outros modos de
realidade, embora seja sempre uma determinada leitura dos produção. O ponto de partida é a análise sobre as atividades
acontecimentos e textos já construídos. O futuro, porém, é humanas produtivas desenvolvidas pelos povos do campo.
sempre um presente em transformação, enquanto desejo e Para Damasceno (1993), os saberes sociais são gestados na
utopia. prática produtiva e na prática política do campesinato. Se
Iniciativas das universidades em parcerias com os trabalho é atividade humana que gera transformação humana
movimentos sociais precisam ser valorizadas pelo poder e territorial, estudar quais atividades os povos do campo
público, pois partir delas a formação inicial e/ou continuada desenvolvem e quais atividades agrícolas, industriais e de
poderá ser incrementada, pela difusão de conhecimentos que serviços marcam determinadas conjunturas dos países é uma
permitam aos professores valorizar o campo e a cultura dos forma de aprofundar o conceito de trabalho e compreender as
povos do campo no Brasil. Também, a atitude de disposição relações socioterritoriais.
por parte do professor precisa estar manifesta. É necessário

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Do mesmo modo, é importante identificar quais atividades Cultura e identidade


humanas marcam a sociedade capitalista e outros modos de
produção. Mediante a análise do trabalho, estuda-se a sua Cultura é entendida, neste contexto, como toda produção
divisão social e territorial. Divisão social é a organização da humana que se constrói a partir das relações do ser humano
atividade humana em função das especialidades das com a natureza, com o outro e consigo mesmo. Não pode ser
características sociais, como no caso das comunidades resumida apenas a manifestações artísticas, devendo ser
indígenas, em que a divisão do trabalho pode ser organizada compreendida como os modos de vida, que são os costumes,
em função da idade e do sexo, não em função do aumento da as relações de trabalho, familiares, religiosas, de diversão,
produtividade de cada mercadoria e da geração de lucro. festas etc. Trata-se de elementos culturais presentes os quais
Na sociedade capitalista, a divisão social do trabalho é caracterizam os diferentes sujeitos no mundo e, portanto, os
marcada pela fragmentação do trabalho humano, uma vez que diferentes povos do campo. A cultura é gerada na prática social
cada indivíduo fica responsável por uma parte do produto que produtiva de cada uma das categorias sociais dos povos do
está sendo elaborado. O objetivo é a ampliação da campo.
produtividade e o aumento do lucro por parte dos donos dos Esses conteúdos culturais devem estar presentes nas
meios de produção. E no campo, como se dá a divisão social do práticas pedagógicas, pois são eles que fazem a escola ter um
trabalho? Como os jovens, mulheres, homens, vizinhos se sentido na formação dos alunos. O professor Jurjo Santomé
organizam para a atividade produtiva? oferece subsídios ao entendimento da importância dos
É sabido que os povos do campo conhecem o ciclo conteúdos culturais, ao afirmar que:
completo da produção: plantio, cuidados técnicos e colheita. Não podemos esquecer que o professorado atual é fruto de
Em algumas lavouras, pode haver a necessidade de que um modelos de socialização profissional que lhes exige
grupo de trabalhadores se dedique à capina, enquanto outros unicamente prestar atenção à formulação de objetivos e
se dedicam à colheita, sejam eles proprietários ou não. A metodologias, não considerando objeto de sua incumbência a
divisão social do trabalho, seja no campo ou na cidade, é seleção explícita dos conteúdos culturais. Essa tradição
fundamentada na “especialidade” em determinada função e contribuiu de forma decisiva para deixar em mãos de outras
assim são originadas as diferentes profissões: técnicos pessoas (em geral, as editoras de livros didáticos) os
agrícolas, agrônomos, professores, médicos etc, mas também conteúdos que devem integrar o currículo [...] Em muitas
pode estar assentada em valores ligados aos costumes de um ocasiões os conteúdos são contemplados pelo alunado como
determinado grupo social. É a formação educacional que dará fórmulas vazias, sem sequer a compreensão de seu sentido. Ao
a peculiaridade à função social de determinado indivíduo na mesmo tempo se criou uma tradição na qual os conteúdos
lógica produtiva capitalista. Mas, entre os povos do campo, há apresentados nos livros didáticos aparecem como os únicos
uma lógica da divisão social do trabalho que é cultural, possíveis, os únicos pensáveis. Como consequência, quando
podendo estar centralizada na organização da família, ou nas um/a professor/a se pergunta que outros conteúdos podiam
particularidades de cada atividade produtiva. ser incorporados ao trabalho em sala de aula, encontra
dificuldade para pensar em conteúdos diferentes dos
Diante do exposto, nesse eixo temático são inúmeras as tradicionais (SANTOMÉ, 1995).
possibilidades de trabalho em sala de aula, pois a própria A não-inserção desses conteúdos nas práticas pedagógicas
lógica da divisão do trabalho na escola pode ser explorada com provocou, ao longo da história, a negação da cultura dos povos
as crianças. A formação do professor e sua disposição para do campo nas escolas. Quando esta é apresentada, na maioria
problematizar os aspectos da vida cotidiana são essenciais à das vezes, aparece de forma estereotipada e preconceituosa.
educação que se quer dos povos do campo. Exemplo disso são as festas juninas que fazem uso de roupa
A divisão territorial do trabalho demonstra a organização rasgada e remendada, dentes estragados, maquiagem
dos países e a função que cada um ocupa no âmbito exagerada etc., como características dos camponeses, em
internacional. Por exemplo, o Brasil desde o período da detrimento da valorização das músicas, das danças e das
colonização, caracteriza-se como fornecedor de matéria-prima comidas típicas e da própria origem da festa.
para o exterior. Sua especialidade, naquele período, era
preparar a matéria-prima para a exportação. Nos dias atuais, o Assim, na superação de conteúdos estereotipados sobre o
Brasil continua a exportar matéria-prima (madeira, café, soja, modo de vida camponês, a educação do campo pode trazer as
trigo etc.) e importar materiais industrializados, embora tenha características de sociabilidade e de trabalho comunitário
um parque industrial significativo. Também, no Brasil, cada presentes nas experiências camponesas. A troca de produtos
um dos estados possui particularidades produtivas que de consumo básico, as atividades do tipo mutirão, a
demonstram uma divisão territorial do trabalho. solidariedade no momento da colheita de determinado
No eixo trabalho, estão as discussões sobre relações sociais produto agrícola.
produtivas e o lugar que cada país ocupa no âmbito econômico, Portanto, valorizar a cultura dos povos do campo significa
político e social no planeta. Trabalho é um conceito que guarda criar vínculos com a comunidade e gerar um sentimento de
relação com classe social. Trabalhador é aquele que vende a pertença ao lugar e ao grupo social. Isso possibilita criar uma
sua força de trabalho e dono do meio de produção é aquele que identidade sociocultural que leva o aluno a compreender o
detém o capital. Terra, indústria, dinheiro constituem o capital. mundo e transformá-lo.
Assim, num país, como está organizada a divisão da riqueza? Cultura e identidade são dois conceitos que podem ser
Historicamente, como se constitui a divisão dessa riqueza? problematizados a partir da identificação da trajetória de vida
Quais os movimentos que questionam a concentração de dos alunos, da caracterização das práticas socioculturais
renda? Quais são os movimentos de trabalhadores num país vividas na comunidade onde a escola está localizada, da
como o Brasil? O que dá origem aos movimentos sociais? análise das relações sociais vividas nos ambientes familiar,
Quantos são os movimentos sociais do campo e o que comunitário e de trabalho. É importante que os aspectos da
reivindicam historicamente? Questões como essas auxiliam no realidade constituam apenas o ponto de partida, pois o ponto
desenvolvimento do conceito trabalho, divisão social e de chegada depende da inserção de conteúdos devidamente
territorial do trabalho, modo de produção e classes sociais. selecionados, que junto a uma seleção de outros materiais,
sejam livros, jornais, documentários etc., possam auxiliar os
alunos no exercício na reflexão e produção de conhecimentos.

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O ponto de chegada é síntese que permite compreender a Fonte:


Disponível:
diversidade social, étnica, racial e sexual que compõe a http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/diretrizesc
sociedade brasileira e dos aspectos culturais diversos. urricularesestaduaisdaeducacaodocampo.pdf
Reconhecer a identidade dos povos latino-americanos é
essencial para superar a visão de que a cultura europeia ou
norte-americana é superior à brasileira. Reconhecer as Marco legal da Educação do
particularidades do próprio país leva à superação da ideia de Campo (Resolução CNE nº
subordinação a que o povo brasileiro foi submetido no
processo de colonização e que ainda se reproduz nos dias 1/2002 – Diretrizes
atuais. Operacionais para Educação
Básica das Escolas do Campo e
INTERDEPENDÊNCIA CAMPO-CIDADE, QUESTÃO Resolução n° 2/2008, -
AGRÁRIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Diretrizes Complementares,
A interdependência campocidade ficou evidenciada a normas e princípios para o
partir do início do século XX, com o início da industrialização desenvolvimento de políticas
no Brasil. Até então, havia predominância do campo no âmbito públicas de atendimento da
das relações capitalistas e da inserção do país nas relações Educação Básica; Decreto
econômicas internacionais. Com a ampliação do número de
indústrias, houve necessidade de “atrair” trabalhadores do 7.342 de 04 de novembro de
campo para as cidades. Com isso, ocorreram as demandas 2010 – PRONERA - Resolução
sociais (saúde, educação, transporte, creches etc) nas cidades. CEE nº 103/2015 que dispõe
O campo passava por um momento de “expulsão” dos sobre a oferta de educação do
trabalhadores, em função da redefinição das atividades
agrícolas, da concentração da terra e das políticas agrícolas,
Campo no Sistema Estadual de
que mais tarde desencadearam a chamada “modernização Ensino da Bahia, dentre
agrícola conservadora”, em que a questão agrária não foi outros),
tocada.
No Brasil, imensas áreas de terra encontram-se nas mãos
do grande capital, grandes fazendas produzem para
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE
exportação. O grande capital e os fazendeiros são
EDUCAÇÃO BÁSICA
proprietários da maioria das terras agricultáveis do país,
RESOLUÇÃO CNE/CEB 1, DE 3 DE ABRIL DE 2002.
enquanto as pequenas parcelas de terra estão nas mãos de
uma população que se constitui em maioria no campo – os
Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica
povos do campo. Nas cidades, as favelas e as moradias
nas escolas do campo.
precárias são ampliadas, juntamente com o desemprego e com
outras formas de violência, como a empreendida pelo
O Presidente da Câmara da Educação Básica, reconhecido
narcotráfico. Pacotes sociais são viabilizados para “acalmar”
o modo próprio de vida social e o de utilização do espaço do
os ânimos da população, que carece de tudo o que é elemento
campo como fundamentais em sua diversidade, para a
básico para a sobrevivência (comida, saúde, educação, roupa,
constituição da identidade da população rural e de sua
moradia, trabalho).
inserção cidadã na definição dos rumos da sociedade
brasileira, e tendo em vista o disposto na Lei nº 9.394, de 20 de
Manifestações sociais acontecem em determinadas
dezembro de 1996 (LDB); na Lei nº 9.424, de 24 de dezembro
conjunturas políticas e econômicas, tanto de trabalhadores
de 1996, que dispõe sobre o Fundo de Manutenção e
rurais quanto de produtores rurais. Elas têm o apoio dos
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
comerciantes e de inúmeros profissionais liberais e
Magistério; na Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que
organizações de classe. A alimentação é o exemplo mais claro
aprova o Plano Nacional de Educação; e no Parecer CNE/CEB
da necessidade da atividade produtiva no campo, ainda que
nº 36/2001, homologado Despacho do Senhor Ministro da
nos dias atuais muito tenha sido dito sobre a produção de
Educação, publicado no DOU de 13 de março de 2002, resolve:
frutas e verduras em laboratórios e muitos produtos já sejam
cultivados em estufas, embora estas façam parte da atividade
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes
produtiva no campo. Com a alimentação, discute-se o
Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo a
desenvolvimento sustentável, pois cada vez mais a saúde
serem observadas nos projetos das instituições que integram
humana é preocupação internacional e, com ela, as
os diversos sistemas de ensino.
manifestações favoráveis à produção agroecológica.
Quando se discute campo, é possível pensar ainda o
Art. 2º Estas Diretrizes, com base na legislação
deserto verde – grandes áreas de pastagem, soja, cana-de-
educacional, constituem um conjunto de princípios e de
açúcar entre outros produtos, com uso de mecanização
procedimentos que visam adequar o projeto institucional das
moderna e de pouca mão-de-obra. Ampliam-se os desertos
escolas do campo às Diretrizes Curriculares Nacionais para a
verdes, ao mesmo tempo em que se tornam frágeis as
Educação Infantil, para o Ensino Fundamental, para o Ensino
condições de trabalho e de sobrevivência na terra por parte
Médio, para a Educação de Jovens e Adultos, para a Educação
dos povos do campo.
Especial, para a Educação Indígena, para a Educação
A interdependência campocidade pode ser
Profissional de Nível Técnico e para a Formação de Docentes
problematizada a partir das atividades cotidianas e das
da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino
necessidades sociais básicas, como alimentação e água
Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal.
potável. O desenvolvimento sustentável requer um projeto
Parágrafo único. A identidade da escola do campo é
político de sociedade que contemple a dimensão
definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua
socioambiental do ser humano, da sociedade e do planeta.
realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios
dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na
rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos

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movimentos sociais em defesa de projetos que associem as II - direcionamento das atividades curriculares e
soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida pedagógicas para um projeto de desenvolvimento sustentável;
coletiva no país. III - avaliação institucional da proposta e de seus impactos
sobre a qualidade da vida individual e coletiva;
Art. 3º O Poder Público, considerando a magnitude da IV - controle social da qualidade da educação escolar,
importância da educação escolar para o exercício da cidadania mediante a efetiva participação da comunidade do campo.
plena e para o desenvolvimento de um país cujo paradigma
tenha como referências a justiça social, a solidariedade e o Art. 9º As demandas provenientes dos movimentos sociais
diálogo entre todos, independente de sua inserção em áreas poderão subsidiar os componentes estruturantes das políticas
urbanas ou rurais, deverá garantir a universalização do acesso educacionais, respeitado o direito à educação escolar, nos
da população do campo à Educação Básica e à Educação termos da legislação vigente.
Profissional de Nível Técnico.
Art. 10 O projeto institucional das escolas do campo,
Art. 4° O projeto institucional das escolas do campo, considerado o estabelecido no art. 14 da LDB, garantirá a
expressão do trabalho compartilhado de todos os setores gestão democrática, constituindo mecanismos que
comprometidos com a universalização da educação escolar possibilitem estabelecer relações entre a escola, a comunidade
com qualidade social, constituir-se-á num espaço público de local, os movimentos sociais, os órgãos normativos do sistema
investigação e articulação de experiências e estudos de ensino e os demais setores da sociedade.
direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o
desenvolvimento social, economicamente justo e Art. 11 Os mecanismos de gestão democrática, tendo como
ecologicamente sustentável. perspectiva o exercício do poder nos termos do disposto no §
1º do art. 1º da Constituição Federal, contribuirão
Art. 5º As propostas pedagógicas das escolas do campo, diretamente:
respeitadas as diferenças e o direito à igualdade e cumprindo I - para a consolidação da autonomia das escolas e o
imediata e plenamente o estabelecido nos arts. 23, 26 e 28 da fortalecimento dos conselhos que propugnam por um projeto
Lei nº 9.394/96, contemplarão a diversidade do campo em de desenvolvimento que torne possível à população do campo
todos os seus aspectos: sociais, culturais, políticos, viver com dignidade;
econômicos, de gênero, geração e etnia. II - para a abordagem solidária e coletiva dos problemas do
Parágrafo único. Para observância do estabelecido neste campo, estimulando a autogestão no processo de elaboração,
artigo, as propostas pedagógicas das escolas do campo, desenvolvimento e avaliação das propostas pedagógicas das
elaboradas no âmbito da autonomia dessas instituições, serão instituições de ensino.
desenvolvidas e avaliadas sob a orientação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Básica e a Educação Art. 12 O exercício da docência na Educação Básica,
Profissional de Nível Técnico. cumprindo o estabelecido nos arts. 12, 13, 61 e 62 da LDB e
nas Resoluções CNE/CEB nº 3/97 e nº 2/99, assim como os
Art. 6º O Poder Público, no cumprimento das suas Pareceres CNE/CP nº 9/2001, nº 27/2001 e nº 28/2001, e as
responsabilidades com o atendimento escolar e à luz da Resoluções CNE/CP nº 1/2002 e nº 2/2002, a respeito da
diretriz legal do regime de colaboração entre a União, os formação de professores em nível superior para a Educação
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, proporcionará Básica, prevê a formação inicial em curso de licenciatura,
Educação Infantil e Ensino Fundamental nas comunidades estabelecendo como qualificação mínima, para a docência na
rurais, inclusive para aqueles que não o concluíram na idade Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o
prevista, cabendo, em especial aos Estados, garantir as curso de formação de professores em Nível Médio, na
condições necessárias para o acesso ao Ensino Médio e à modalidade Normal.
Educação Profissional de Nível Técnico. Parágrafo único. Os sistemas de ensino, de acordo com o
art. 67 da LDB desenvolverão políticas de formação inicial e
Art. 7º É de responsabilidade dos respectivos sistemas de continuada, habilitando todos os professores leigos e
ensino, através de seus órgãos normativos, regulamentar as promovendo o aperfeiçoamento permanente dos docentes.
estratégias específicas de atendimento escolar do campo e a Art. 13 Os sistemas de ensino, além dos princípios e
flexibilização da organização do calendário escolar, diretrizes que orientam a Educação Básica no país, observarão,
salvaguardando, nos diversos espaços pedagógicos e tempos no processo de normatização complementar da formação de
de aprendizagem, os princípios da política de igualdade. professores para o exercício da docência nas escolas do campo,
§ 1° O ano letivo, observado o disposto nos arts. 23, 24 e 28 os seguintes componentes:
da LDB, poderá ser estruturado independente do ano civil. I - estudos a respeito da diversidade e o efetivo
§ 2° As atividades constantes das propostas pedagógicas protagonismo das crianças, dos jovens e dos adultos do campo
das escolas, preservadas as finalidades de cada etapa da na construção da qualidade social da vida individual e coletiva,
Educação Básica e da modalidade de ensino prevista, poderão da região, do país e do mundo;
ser organizadas e desenvolvidas em diferentes espaços II - propostas pedagógicas que valorizem, na organização
pedagógicos, sempre que o exercício do direito à educação do ensino, a diversidade cultural e os processos de interação e
escolar e o desenvolvimento da capacidade dos alunos de transformação do campo, a gestão democrática, o acesso ao
aprender e de continuar aprendendo assim o exigirem. avanço científico e tecnológico e respectivas contribuições
para a melhoria das condições de vida e a fidelidade aos
Art. 8° As parcerias estabelecidas visando ao princípios éticos que norteiam a convivência solidária e
desenvolvimento de experiências de escolarização básica e de colaborativa nas sociedades democráticas.
Educação Profissional, sem prejuízo de outras exigências que
poderão ser acrescidas pelos respectivos sistemas de ensino, Art. 14 O financiamento da educação nas escolas do campo,
observarão: tendo em vista o que determina a Constituição Federal, no art.
I - articulação entre a proposta pedagógica da instituição e 212 e no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a respectiva etapa da Transitórias, a LDB, nos arts. 68, 69, 70 e 71, e a
Educação Básica ou da Educação Profissional; regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Lei nº

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9.424/96), será assegurado mediante cumprimento da § 3º A Educação do Campo será desenvolvida,


legislação a respeito do financiamento da educação escolar no preferentemente, pelo ensino regular. § 4º A Educação do
Brasil. Campo deverá atender, mediante procedimentos adequados,
na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, as populações
Art. 15 No cumprimento do disposto no § 2º do art. 2º, da rurais que não tiveram acesso ou não concluíram seus estudos,
Lei nº 9.424/96, que determina a diferenciação do custo-aluno no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, em idade própria.
com vistas ao financiamento da educação escolar nas escolas § 5º Os sistemas de ensino adotarão providências para que as
do campo, o Poder Público levará em consideração: crianças e os jovens portadores de necessidades especiais,
I - as responsabilidades próprias da União, dos Estados, do objeto da modalidade de Educação Especial, residentes no
Distrito Federal e dos Municípios com o atendimento escolar campo, também tenham acesso à Educação Básica,
em todas as etapas e modalidades da Educação Básica, preferentemente em escolas comuns da rede de ensino
contemplada a variação na densidade demográfica e na regular.
relação professor/aluno;
II - as especificidades do campo, observadas no Art. 2º Os sistemas de ensino adotarão medidas que
atendimento das exigências de materiais didáticos, assegurem o cumprimento do artigo 6º da Resolução CNE/CEB
equipamentos, laboratórios e condições de deslocamento dos nº 1/2002, quanto aos deveres dos Poderes Públicos na oferta
alunos e professores apenas quando o atendimento escolar de Educação Básica às comunidades rurais.
não puder ser assegurado diretamente nas comunidades Parágrafo único. A garantia a que se refere o caput, sempre
rurais; que necessário e adequado à melhoria da qualidade do ensino,
III - remuneração digna, inclusão nos planos de carreira e deverá ser feita em regime de colaboração entre os Estados e
institucionalização de programas de formação continuada seus Municípios ou mediante consórcios municipais.
para os profissionais da educação que propiciem, no mínimo,
o disposto nos arts. 13, 61, 62 e 67 da LDB. Art. 3º A Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino
Fundamental serão sempre oferecidos nas próprias
Art. 16 Esta Resolução entra em vigor na data de sua comunidades rurais, evitando-se os processos de nucleação de
publicação, ficando revogadas as disposições em contrário. escolas e de deslocamento das crianças.
§ 1º Os cincos anos iniciais do Ensino Fundamental,
FRANCISCO APARECIDO CORDÃO excepcionalmente, poderão ser oferecidos em escolas
nucleadas, com deslocamento intracampo dos alunos, cabendo
RESOLUÇÃO N° 2/2008, - DIRETRIZES aos sistemas estaduais e municipais estabelecer o tempo
COMPLEMENTARES, NORMAS E PRINCÍPIOS PARA O máximo dos alunos em deslocamento a partir de suas
DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE realidades.
ATENDIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA; § 2º Em nenhuma hipótese serão agrupadas em uma
mesma turma crianças de Educação Infantil com crianças do
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Ensino Fundamental.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Art. 4º Quando os anos iniciais do Ensino Fundamental não
CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA puderem ser oferecidos nas próprias comunidades das
RESOLUÇÃO Nº 2, DE 28 DE ABRIL DE 2008 crianças, a nucleação rural levará em conta a participação das
comunidades interessadas na definição do local, bem como as
Estabelece diretrizes complementares, normas e possibilidades de percurso a pé pelos alunos na menor
princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de distância a ser percorrida.
atendimento da Educação Básica do Campo. Parágrafo único. Quando se fizer necessária a adoção do
A Presidenta da Câmara de Educação Básica do Conselho transporte escolar, devem ser considerados o menor tempo
Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais e de possível no percurso residência-escola e a garantia de
conformidade com o disposto na alínea “c” do § 1º do art. 9º da transporte das crianças do campo para o campo.
Lei nº 4.024/1961, com a redação dada pela Lei nº
9.131/1995, com fundamento no Parecer CNE/ CEB nº Art. 5º Para os anos finais do Ensino Fundamental e para o
23/2007, reexaminado pelo Parecer CNE/CEB nº 3/2008, Ensino Médio, integrado ou não à Educação Profissional
homologado por despacho do Senhor Ministro de Estado da Técnica, a nucleação rural poderá constituir-se em melhor
Educação, publicado no DOU de 11/4/2008, resolve: solução, mas deverá considerar o processo de diálogo com as
comunidades atendidas, respeitados seus valores e sua
Art. 1º A Educação do Campo compreende a Educação cultura.
Básica em suas etapas de Educação Infantil, Ensino § 1º Sempre que possível, o deslocamento dos alunos,
Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional Técnica como previsto no caput, deverá ser feito do campo para o
de nível médio integrada com o Ensino Médio e destina-se ao campo, evitando-se, ao máximo, o deslocamento do campo
atendimento às populações rurais em suas mais variadas para a cidade. § 2º Para que o disposto neste artigo seja
formas de produção da vida – agricultores familiares, cumprido, deverão ser estabelecidas regras para o regime de
extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e colaboração entre os Estados e seus Municípios ou entre
acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, Municípios consorciados. Art. 6º A oferta de Educação de
indígenas e outros. Jovens e Adultos também deve considerar que os
§ 1º A Educação do Campo, de responsabilidade dos Entes deslocamentos sejam feitos nas menores distâncias possíveis,
Federados, que deverão estabelecer formas de colaboração em preservado o princípio intracampo.
seu planejamento e execução, terá como objetivos a
universalização do acesso, da permanência e do sucesso Art. 7º A Educação do Campo deverá oferecer sempre o
escolar com qualidade em todo o nível da Educação Básica. indispensável apoio pedagógico aos alunos, incluindo
§ 2º A Educação do Campo será regulamentada e oferecida condições infraestruturas adequadas, bem como materiais e
pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, nos livros didáticos, equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas
respectivos âmbitos de atuação prioritária. de lazer e desporto, em conformidade com a realidade local e
as diversidades dos povos do campo, com atendimento ao art.

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5º das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas CLÉLIA BRANDÃO ALVARENGA CRAVEIRO
escolas do campo.
§ 1º A organização e o funcionamento das escolas do DECRETO 7.342 DE 04 DE NOVEMBRO DE 2010 –
campo respeitarão as diferenças entre as populações PRONERA
atendidas quanto à sua atividade econômica, seu estilo de vida,
sua cultura e suas tradições. DECRETO Nº 7.352, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2010
§ 2º A admissão e a formação inicial e continuada dos
professores e do pessoal de magistério de apoio ao trabalho Dispõe sobre a política de educação do campo e o
docente deverão considerar sempre a formação pedagógica Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária -
apropriada à Educação do Campo e às oportunidades de PRONERA.
atualização e aperfeiçoamento com os profissionais
comprometidos com suas especificidades. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea "a", da Constituição,
Art. 8º O transporte escolar, quando necessário e e tendo em vista o disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro
indispensável, deverá ser cumprido de acordo com as normas de 1996, e no art. 33 da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009,
do Código Nacional de Trânsito quanto aos veículos utilizados. DECRETA:
§ 1º Os contratos de transporte escolar observarão os
artigos 137, 138 e 139 do referido Código. Art. 1º A política de educação do campo destina-se à
§ 2º O eventual transporte de crianças e jovens portadores ampliação e qualificação da oferta de educação básica e
de necessidades especiais, em suas próprias comunidades ou superior às populações do campo, e será desenvolvida pela
quando houver necessidade de deslocamento para a União em regime de colaboração com os Estados, o Distrito
nucleação, deverá adaptar-se às condições desses alunos, Federal e os Municípios, de acordo com as diretrizes e metas
conforme leis específicas. estabelecidas no Plano Nacional de Educação e o disposto
§ 3º Admitindo o princípio de que a responsabilidade pelo neste Decreto.
transporte escolar de alunos da rede municipal seja dos § 1º Para os efeitos deste Decreto, entende-se por:
próprios Municípios e de alunos da rede estadual seja dos I - populações do campo: os agricultores familiares, os
próprios Estados, o regime de colaboração entre os entes extrativistas, os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os
federados far-se-á em conformidade com a Lei nº assentados e acampados da reforma agrária, os trabalhadores
10.709/2003 e deverá prever que, em determinadas assalariados rurais, os quilombolas, os caiçaras, os povos da
circunstâncias de racionalidade e de economicidade, os floresta, os caboclos e outros que produzam suas condições
veículos pertencentes ou contratados pelos Municípios materiais de existência a partir do trabalho no meio rural; e
também transportem alunos da rede estadual e vice-versa. II - escola do campo: aquela situada em área rural,
Art. 9º A oferta de Educação do Campo com padrões conforme definida pela Fundação Instituto Brasileiro de
mínimos de qualidade estará sempre subordinada ao Geografia e Estatística - IBGE, ou aquela situada em área
cumprimento da legislação educacional e das Diretrizes urbana, desde que atenda predominantemente a populações
Operacionais enumeradas na Resolução CNE/CEB nº 1/2002. do campo.
§ 2º Serão consideradas do campo as turmas anexas
Art. 10 O planejamento da Educação do Campo, oferecida vinculadas a escolas com sede em área urbana, que funcionem
em escolas da comunidade, multisseriadas ou não, e quando a nas condições especificadas no inciso II do § 1o.
nucleação rural for considerada, para os anos do Ensino § 3º As escolas do campo e as turmas anexas deverão
Fundamental ou para o Ensino Médio ou Educação elaborar seu projeto político pedagógico, na forma
Profissional Técnica de nível médio integrada com o Ensino estabelecida pelo Conselho Nacional de Educação.
Médio, considerará sempre as distâncias de deslocamento, as § 4º A educação do campo concretizar-se-á mediante a
condições de estradas e vias, o estado de conservação dos oferta de formação inicial e continuada de profissionais da
veículos utilizados e sua idade de uso, a melhor localização e educação, a garantia de condições de infraestrutura e
as melhores possibilidades de trabalho pedagógico com transporte escolar, bem como de materiais e livros didáticos,
padrão de qualidade. equipamentos, laboratórios, biblioteca e áreas de lazer e
§ 1º É indispensável que o planejamento de que trata o desporto adequados ao projeto políticopedagógico e em
caput seja feito em comum com as comunidades e em regime conformidade com a realidade local e a diversidade das
de colaboração, Estado/Município ou Município/Município populações do campo.
consorciados.
§ 2º As escolas multisseriadas, para atingirem o padrão de Art. 2º São princípios da educação do campo:
qualidade definido em nível nacional, necessitam de I - respeito à diversidade do campo em seus aspectos
professores com formação pedagógica, inicial e continuada, sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero,
instalações físicas e equipamentos adequados, materiais geracional e de raça e etnia;
didáticos apropriados e supervisão pedagógica permanente. II - incentivo à formulação de projetos político-
pedagógicos específicos para as escolas do campo,
Art. 11 O reconhecimento de que o desenvolvimento rural estimulando o desenvolvimento das unidades escolares como
deve ser integrado, constituindo-se a Educação do Campo em espaços públicos de investigação e articulação de experiências
seu eixo integrador, recomenda que os Entes Federados – e estudos direcionados para o desenvolvimento social,
União, Estados, Distrito Federal e Municípios – trabalhem no economicamente justo e ambientalmente sustentável, em
sentido de articular as ações de diferentes setores que articulação com o mundo do trabalho;
participam desse desenvolvimento, especialmente os III - desenvolvimento de políticas de formação de
Municípios, dada a sua condição de estarem mais próximos profissionais da educação para o atendimento da
dos locais em que residem as populações rurais. especificidade das escolas do campo, considerando-se as
condições concretas da produção e reprodução social da vida
Art. 12 Esta Resolução entra em vigor na data de sua no campo;
publicação, ficando ratificadas as Diretrizes Operacionais IV - valorização da identidade da escola do campo por meio
instituídas pela Resolução CNE/CEB nº 1/2002 e revogadas as de projetos pedagógicos com conteúdos curriculares e
disposições em contrário. metodologias adequadas às reais necessidades dos alunos do

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campo, bem como flexibilidade na organização escolar, IX - oferta de transporte escolar, respeitando as
incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo especificidades geográficas, culturais e sociais, bem como os
agrícola e às condições climáticas; e limites de idade e etapas escolares.
V - controle social da qualidade da educação escolar, § 1º A União alocará recursos para as ações destinadas à
mediante a efetiva participação da comunidade e dos promoção da educação nas áreas de reforma agrária,
movimentos sociais do campo. observada a disponibilidade orçamentária.
§ 2º Ato do Ministro de Estado da Educação disciplinará as
Art. 3º Caberá à União criar e implementar mecanismos condições, critérios e procedimentos para apoio técnico e
que garantam a manutenção e o desenvolvimento da educação financeiro às ações de que trata este artigo.
do campo nas políticas públicas educacionais, com o objetivo
de superar as defasagens históricas de acesso à educação Art. 5º A formação de professores para a educação do
escolar pelas populações do campo, visando em especial: campo observará os princípios e objetivos da Política Nacional
I - reduzir os indicadores de analfabetismo com a oferta de de Formação de Profissionais do Magistério da Educação
políticas de educação de jovens e adultos, nas localidades onde Básica, conforme disposto no Decreto no 6.755, de 29 de
vivem e trabalham, respeitando suas especificidades quanto janeiro de 2009, e será orientada, no que couber, pelas
aos horários e calendário escolar; diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
II - fomentar educação básica na modalidade Educação de § 1º Poderão ser adotadas metodologias de educação a
Jovens e Adultos, integrando qualificação social e profissional distância para garantir a adequada formação de profissionais
ao ensino fundamental; para a educação do campo.
III - garantir o fornecimento de energia elétrica, água § 2º A formação de professores poderá ser feita
potável e saneamento básico, bem como outras condições concomitantemente à atuação profissional, de acordo com
necessárias ao funcionamento das escolas do campo; e metodologias adequadas, inclusive a pedagogia da alternância,
IV - contribuir para a inclusão digital por meio da e sem prejuízo de outras que atendam às especificidades da
ampliação do acesso a computadores, à conexão à rede educação do campo, e por meio de atividades de ensino,
mundial de computadores e a outras tecnologias digitais, pesquisa e extensão.
beneficiando a comunidade escolar e a população próxima às § 3º As instituições públicas de ensino superior deverão
escolas do campo. incorporar nos projetos político-pedagógicos de seus cursos
Parágrafo único. Aos Estados, Distrito Federal e Municípios de licenciatura os processos de interação entre o campo e a
que desenvolverem a educação do campo em regime de cidade e a organização dos espaços e tempos da formação, em
colaboração com a União caberá criar e implementar consonância com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho
mecanismos que garantam sua manutenção e seu Nacional de Educação.
desenvolvimento nas respectivas esferas, de acordo com o
disposto neste Decreto. Art. 6º Os recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos,
culturais e literários destinados à educação do campo deverão
Art. 4º A União, por meio do Ministério da Educação, atender às especificidades e apresentar conteúdos
prestará apoio técnico e financeiro aos Estados, ao Distrito relacionados aos conhecimentos das populações do campo,
Federal e aos Municípios na implantação das seguintes ações considerando os saberes próprios das comunidades, em
voltadas à ampliação e qualificação da oferta de educação diálogo com os saberes acadêmicos e a construção de
básica e superior às populações do campo em seus respectivos propostas de educação no campo contextualizadas.
sistemas de ensino, sem prejuízo de outras que atendam aos Art. 7º No desenvolvimento e manutenção da política de
objetivos previstos neste Decreto: educação do campo em seus sistemas de ensino, sempre que o
I - oferta da educação infantil como primeira etapa da cumprimento do direito à educação escolar assim exigir, os
educação básica em creches e pré-escolas do campo, entes federados assegurarão:
promovendo o desenvolvimento integral de crianças de zero a I - organização e funcionamento de turmas formadas por
cinco anos de idade; alunos de diferentes idades e graus de conhecimento de uma
II - oferta da educação básica na modalidade de Educação mesma etapa de ensino, especialmente nos anos iniciais do
de Jovens e Adultos, com qualificação social e profissional, ensino fundamental;
articulada à promoção do desenvolvimento sustentável do II - oferta de educação básica, sobretudo no ensino médio
campo; e nas etapas dos anos finais do ensino fundamental, e de
III - acesso à educação profissional e tecnológica, educação superior, de acordo com os princípios da
integrada, concomitante ou sucessiva ao ensino médio, com metodologia da pedagogia da alternância; e
perfis adequados às características socioeconômicas das III - organização do calendário escolar de acordo com as
regiões onde será ofertada; fases do ciclo produtivo e as condições climáticas de cada
IV - acesso à educação superior, com prioridade para a região.
formação de professores do campo;
V - construção, reforma, adequação e ampliação de escolas Art. 8º Em cumprimento ao art. 12 da Lei no 11.947, de 16
do campo, de acordo com critérios de sustentabilidade e de junho de 2009, os entes federados garantirão alimentação
acessibilidade, respeitando as diversidades regionais, as escolar dos alunos de acordo com os hábitos alimentares do
características das distintas faixas etárias e as necessidades do contexto socioeconômico-cultural-tradicional predominante
processo educativo; em que a escola está inserida.
VI - formação inicial e continuada específica de professores
que atendam às necessidades de funcionamento da escola do Art. 9º O Ministério da Educação disciplinará os requisitos
campo; e os procedimentos para apresentação, por parte dos Estados,
VII - formação específica de gestores e profissionais da Municípios e Distrito Federal, de demandas de apoio técnico e
educação que atendam às necessidades de funcionamento da financeiro suplementares para atendimento educacional das
escola do campo; populações do campo, atendidas no mínimo as seguintes
VIII - produção de recursos didáticos, pedagógicos, condições:
tecnológicos, culturais e literários que atendam às I - o ente federado, no âmbito de suas responsabilidades,
especificidades formativas das populações do campo; e deverá prever no respectivo plano de educação, diretrizes e

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metas para o desenvolvimento e a manutenção da educação do VI - realização de estudos e pesquisas e promoção de


campo; seminários, debates e outras atividades com o objetivo de
II - os Estados e o Distrito Federal, no âmbito de suas subsidiar e fortalecer as atividades do PRONERA.
Secretarias de Educação, deverão contar com equipes técnico- Parágrafo único. O INCRA celebrará contratos, convênios,
pedagógicas específicas, com vistas à efetivação de políticas termos de cooperação ou outros instrumentos congêneres
públicas de educação do campo; e com instituições de ensino públicas e privadas sem fins
III - os Estados e o Distrito Federal deverão constituir lucrativos e demais órgãos e entidades públicas para execução
instâncias colegiadas, com participação de representantes de projetos no âmbito do PRONERA.
municipais, das organizações sociais do campo, das
universidades públicas e outras instituições afins, com vistas a Art. 15. Os projetos desenvolvidos no âmbito do PRONERA
colaborar com a formulação, implementação e poderão prever a aplicação de recursos para o custeio das
acompanhamento das políticas de educação do campo. atividades necessárias à sua execução, conforme norma a ser
Parágrafo único. Ato do Ministro de Estado da Educação expedida pelo INCRA, nos termos da legislação vigente.
disporá sobre a instalação, a composição e o funcionamento de
comissão nacional de educação do campo, que deverá Art. 16. A gestão nacional do PRONERA cabe ao INCRA, que
articular-se com as instâncias colegiadas previstas no inciso III tem as seguintes atribuições:
no acompanhamento do desenvolvimento das ações a que se I - coordenar e supervisionar os projetos executados no
refere este Decreto. âmbito do Programa;
II - definir procedimentos e produzir manuais técnicos
Art. 10. O Ministério da Educação poderá realizar parcerias para as atividades relacionadas ao Programa, aprovando-os
com outros órgãos e entidades da administração pública para em atos próprios no âmbito de sua competência ou propondo
o desenvolvimento de ações conjuntas e para apoiar atos normativos da competência do Ministro de Estado do
programas e outras iniciativas no interesse da educação do Desenvolvimento Agrário; e
campo, observadas as diretrizes fixadas neste Decreto. III - coordenar a Comissão Pedagógica Nacional de que
trata o art. 17.
Art. 11. O Programa Nacional de Educação na Reforma
Agrária - PRONERA, executado no âmbito do Ministério do Art. 17. O PRONERA contará com uma Comissão
Desenvolvimento Agrário pelo Instituto Nacional de Pedagógica Nacional, formada por representantes da
Colonização e Reforma Agrária - INCRA, nos termos do art. 33 sociedade civil e do governo federal, com as seguintes
da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009, integra a política de finalidades:
educação do campo. I - orientar e definir as ações político-pedagógicas;
II - emitir parecer técnico e pedagógico sobre propostas de
Art. 12. Os objetivos do PRONERA são: trabalho e projetos; e
I - oferecer educação formal aos jovens e adultos III - acompanhar e avaliar os cursos implementados no
beneficiários do Plano Nacional de Reforma Agrária - PNRA, âmbito do Programa.
em todos os níveis de ensino; § 1º A composição e atribuições da Comissão Pedagógica
II - melhorar as condições do acesso à educação do público Nacional serão disciplinadas pelo Presidente do INCRA.
do PNRA; e § 2º A Comissão Pedagógica Nacional deverá contar com a
III - proporcionar melhorias no desenvolvimento dos participação de representantes, entre outros, do Ministério do
assentamentos rurais por meio da qualificação do público do Desenvolvimento Agrário, do Ministério da Educação e do
PNRA e dos profissionais que desenvolvem atividades INCRA.
educacionais e técnicas nos assentamentos.
Art. 18. As despesas da União com a política de educação
Art. 13. São beneficiários do PRONERA: do campo e com o PRONERA correrão à conta das dotações
I - população jovem e adulta das famílias beneficiárias dos orçamentárias anualmente consignadas, respectivamente, aos
projetos de assentamento criados ou reconhecidos pelo INCRA Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário,
e do Programa Nacional de Crédito Fundiário - PNFC, de que observados os limites estipulados pelo Poder Executivo, na
trata o § 1º do art. 1º do Decreto no 6.672, de 2 de dezembro forma da legislação orçamentária e financeira.
de 2008;
II - alunos de cursos de especialização promovidos pelo Art. 19. Este Decreto entra em vigor na data de sua
INCRA; publicação.
III - professores e educadores que exerçam atividades
educacionais voltadas às famílias beneficiárias; e Brasília, 4 de novembro de 2010; 189º da Independência
IV - demais famílias cadastradas pelo INCRA. e 122º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Art. 14. O PRONERA compreende o apoio a projetos nas
seguintes áreas: RESOLUÇÃO CEE Nº 103/2015 QUE DISPÕE SOBRE A
I - alfabetização e escolarização de jovens e adultos no OFERTA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO NO SISTEMA
ensino fundamental; ESTADUAL DE ENSINO DA BAHIA, DENTRE OUTROS
II - formação profissional conjugada com o ensino de nível
médio, por meio de cursos de educação profissional de nível RESOLUÇÃO CEE Nº 103, de 28 de setembro de 2015
técnico, superior e pós-graduação em diferentes áreas do
conhecimento; A PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO,
III - capacitação e escolaridade de educadores; no uso das atribuições que lhe confere a lei de sua criação nº
IV - formação continuada e escolarização de professores de 172, de 25 de maio de 1842, considerando a Lei Federal – LDB
nível médio, na modalidade normal, ou em nível superior, por nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei nº 11.947, de 16 de
meio de licenciaturas e de cursos de pós-graduação; junho de 2009, principalmente o seu art.33, Lei nº 11.352, de
V - produção, edição e organização de materiais didático- 23 de dezembro de 2008; Lei nº 12.960 de 27 de março de
pedagógicos necessários à execução do PRONERA; e 2014; o Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009, Decreto nº
7.352, de 04 de novembro de 2010, Resolução CNE/CEB nº1,

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APOSTILAS OPÇÃO

de 03 de abril de 2002, Resolução CNE/CEB nº 02, de 28 de Art. 5º. A oferta da Educação no Campo deve garantir:
abril de 2008, Resolução CNE/CEB nº 05 de 22 de junho de I - criação e reabertura de escolas e reestruturação das
2012 e Resolução CEE/CEB nº 106 de dezembro de 2004, existentes, no campo, prioritariamente para oferta da
Resolução CEE/CEB nº 68 de 30 de julho de 2013; e as normas Educação Infantil;
vigentes do CNE e do CEE-BA, II - condições de infraestrutura, atendendo os critérios de
sustentabilidade socioambiental e bem estar estabelecidos nas
RESOLVE: normas vigentes, incluindo ainda as áreas de lazer, desporto e
atividades culturais adequadas aos processos pedagógicos;
Art. 1º. Estabelecer que a oferta da Educação do Campo, no III - materiais e livros didáticos que dialoguem com o
nível da Educação Básica, destina-se à formação integral das contexto local;
populações do campo, em escolas do campo, entendidas como IV - equipamentos, laboratórios, bibliotecas e
unidades de ensino situadas na área rural, caracterizada brinquedotecas previstos nos respectivos projetos educativos;
conforme a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e V - alimentação Escolar, preferencialmente produzida na
Estatística/IBGE ou aquelas situadas em áreas urbanas, desde própria escola;
que atendam prioritariamente as populações do campo. VI - profissionais qualificados para atuar na Educação do
Parágrafo único. A Educação Profissional do Campo, Campo; e
fundada nos princípios da Educação do Campo, desenvolver- VII - transporte escolar, observando as normas de
se-á com base nas normativas vigentes e, principalmente, o segurança e de qualidade, adequado às condições locais e
disposto nesta Resolução. priorizando o intracampo;
Parágrafo único. As Escolas do Campo devem observar, nos
Art. 2º. As populações do campo compreendem os seus projetos políticos- pedagógicos, as Diretrizes
agricultores familiares, os extrativistas, os pescadores Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, em
artesanais, os ribeirinhos, os assentados e acampados da todas as suas etapas e modalidades.
reforma agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os
quilombolas, os povos indígenas, os caboclos, os moradores de Art. 6º. Compete ao Estado, em regime de colaboração com
fundo de pastos e outros que produzam suas condições a União e Municípios, instituir e implementar políticas de
materiais de existência com base no trabalho rural. educação pública do campo e viabilizar mecanismos para:
I - a oferta de educação de qualidade, em todas as etapas e
Art. 3º. A Educação do Campo compreende a oferta da modalidades, integrando a Educação Básica com a
Educação Básica e da Superior, em todas as suas modalidades, Profissional, enfatizando a ampliação de vagas no Ensino
tendo em vista a formação inicial e continuada das populações Médio;
do campo e de profissionais da educação, e contemplando a II - a valorização das tecnologias sociais tanto como
política da Educação Inclusiva, da sustentabilidade e bem equipamento escolar, quanto como objeto pedagógico;
estar, em consonância com a realidade local e a diversidade III - a inclusão digital, ampliando o acesso e conexão à rede
das populações do campo. mundial de computadores e a outras tecnologias digitais,
Parágrafo único. Entende-se por educação inclusiva aquela beneficiando estudantes, profissionais de educação e a
que se fundamenta no respeito à diversidade humana, que comunidade do entorno;
requer uma organização nos aspectos: administrativo, IV - o atendimento com equidade no sistema escolar do
estrutural, arquitetônico, material e pedagógico, para Estado da Bahia entre escolas situadas nas áreas urbanas e
favorecer a aprendizagem de todos os estudantes. rurais;
V - o levantamento da demanda das populações do campo
Art. 4º. A Educação do Campo tem como princípios: por meio da Chamada Escolar dentro do princípio da busca
I - compreensão do trabalho como princípio educativo e da ativa;
cultura como matriz do conhecimento; VI - o reconhecimento de saberes construídos na vida e no
II - respeito à diversidade da população do campo em todos trabalho para fins de equivalência e certificação da
seus aspectos; escolaridade na Educação Básica, na modalidade de Educação
III - garantia da definição de projetos educativos com Profissional;
pedagogias condizentes às condições e aos anseios das VII - o apoio técnico-pedagógico e financeiro, inclusive os
populações do campo; específicos, visando à efetivação das políticas públicas;
IV - reconhecimento das unidades escolares como espaços VIII - a constituição de instâncias colegiadas, com
públicos de ensino e aprendizagem, produção de participação de representantes das organizações e
conhecimento e articulação de experiências de vida dos movimentos sociais populares e de instituições educacionais,
educandos; com vistas a colaborar com a formulação, implementação e
V - desenvolvimento de políticas de formação de acompanhamento das políticas públicas, no âmbito da
profissionais da educação para o atendimento às Educação do Campo;
especificidades, considerando-se as condições concretas da IX - a realização de parcerias, com a anuência da escola,
produção e reprodução social da vida no campo; com outros órgãos e entidades da administração pública e/ou
VI - valorização da identidade da escola por meio de organizações da sociedade civil ligadas a questões do campo
projetos políticopedagógico com organização curricular e para o desenvolvimento de ações conjuntas de apoio a
metodológicas adequadas às necessidades dos educandos e programas e outras iniciativas de fortalecimento da educação
comunidades do campo; escolar, a exemplo da pesquisa e extensão rural;
VII - flexibilização na organização escolar, visando à X - a garantia da oferta de formação continuada para os
adequação do tempo pedagógico, à definição do calendário, os profissionais de Educação.
processos de organização de turmas, sem prejuízos das Parágrafo único. As instâncias colegiadas referidas no
normas de proteção da infância contra o trabalho infantil; e inciso VIII deste artigo deverão articular-se com o Fórum
VIII - controle social da qualidade da educação escolar, Estadual de Educação do Campo (FEEC) e/ou sucedâneos, e
mediante a efetiva participação da comunidade e dos com os respectivos movimentos sociais demandantes da
movimentos sociais relacionados às questões do campo, na educação, tendo em vista o atendimento das necessidades
gestão da escola. comuns e a superação dos problemas coletivos.

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Art.7º A organização curricular das etapas educação § 3º O transporte de estudantes com deficiência deverá ser
infantil, ensino fundamental e médio deverá atender às feito, quando necessário, em veículos adaptados, conforme
especificidades do público para o qual serão ofertadas, em legislação específica.
formas diferenciadas, conforme recomende o interesse do § 4º O transporte deverá ser realizado considerando
processo de aprendizagem. horários de acordo com as peculiaridades e as necessidades da
§ 1º A organização dos espaços e tempos pedagógicos vida no campo, especialmente nas creches e nos primeiros
diferenciados requer elaboração de planos de estudos anos do ensino básico.
adequados à realidade, à pesquisa, aos trabalhos práticos, à
avaliação e acompanhamento docente, e ao envolvimento dos Art. 12. A formação inicial e continuada dos profissionais
diferentes segmentos que constituem as comunidades para a Educação do Campo observará o Plano do Fórum
escolares, sendo permitida a alternância, a itinerância docente Permanente de Formação de Professores do Estado da Bahia,
e a contabilização dos períodos vivenciados na comunidade além da Política Nacional de Formação de Profissionais do
(com supervisão da escola) como dias e horas letivos. Magistério da Educação Básica, das diretrizes operacionais do
§ 2º O calendário escolar na oferta da Educação do Campo Conselho Nacional de Educação e as normas do Conselho
deverá ser flexibilizado, independente do ano civil, Estadual de Educação.
considerando as condições climáticas, as fases de produção § 1º A formação inicial e permanente dos profissionais da
agrícola, os tempos formativos e atividades práticas Educação do Campo deverá ser garantida com base em
apropriadas às reais necessidades e interesses do Projeto concepção e metodologia própria, atendendo as
Político Pedagógico de cada escola. especificidades da educação do campo, por meio de atividades
de ensino, pesquisa e extensão, desenvolvidas pelas
Art. 8º. A organização de turmas formadas por estudantes Instituições Públicas de Educação Superior.
da mesma etapa na educação básica poderá observar, quando § 2º As instituições formadoras deverão referendar nos
necessário, diferentes possibilidades de funcionamento: projetos políticopedagógico de seus cursos de licenciatura os
a) unidocência na educação infantil e nos anos iniciais do processos de interação entre o campo e a cidade, com a
ensino fundamental; organização dos espaços e tempos da formação, em
b) multidocência, por área do conhecimento, para atender consonância com a Política Nacional de Educação do Campo,
estudantes dos anos finais do ensino fundamental e médio; as Diretrizes do Conselho Nacional de Educação e as normas
c) multisseriação, na perspectiva da inovação pedagógica, do Conselho Estadual de Educação.
no ensino fundamental, respeitando os segmentos anos
iniciais e anos finais, desde que garantida a formação Art. 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
específica do professor e sem prejuízo da qualidade do ensino; publicação, revogadas as disposições contrárias.
e
d) multiturmas no ensino médio, para atender estudantes Salvador, 28 de setembro de 2015
do primeiro e segundo anos ou do segundo e terceiro anos.
Ana Maria Silva Teixeira
Art. 9º. Os recursos didáticos, pedagógicos, tecnológicos, Presidente/CEE
culturais e literários destinados à educação do campo deverão Avelar Luiz Bastos Mutim
atender às suas especificidades considerando os saberes Presidente da CJA e Relator
próprios das comunidades e em diálogo com os saberes
universalizados.

Art. 10. Na oferta da alimentação escolar, os cardápios Políticas de Educação do


deverão ser elaborados e avaliados por profissionais Campo (Diretrizes e
devidamente habilitados, observando as diretrizes da Política
Nacional de Segurança Alimentar, a Política Estadual de programas em execução).
Segurança Alimentar, além de:
a) utilizar gêneros alimentícios básicos, adquiridos da
agricultura familiar/camponesa preferencialmente de base
orgânica e agroecológica, observado, no mínimo, o percentual Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas
previsto na legislação vigente; e escolas do campo: proposição pertinente?
b) respeitar e garantir os referenciais nutricionais, os
hábitos alimentares saudáveis, a cultura e a tradição alimentar No Brasil, todas as Constituições contemplaram a educação
da localidade. escolar, merecendo especial destaque a abrangência do
Parágrafo único. A Alimentação Escolar deve priorizar a tratamento que foi dado ao tema a partir de 1934. Até então,
produção local, tendo em vista a dinamização da base em que pese o Brasil ter sido considerado um país de origem
econômica da agricultura familiar. eminentemente agrária, a educação rural não foi sequer
mencionada nos textos constitucionais de 1824 e 1891,
Art. 11. O transporte escolar do campo deverá atender as evidenciando-se, de um lado, o descaso dos dirigentes com a
necessidades dos Projetos Políticos Pedagógicos, garantindo Educação do Campo e, do outro, os resquícios de matrizes
qualidade e segurança para o deslocamento dos estudantes e culturais vinculadas a uma economia agrária apoiada no
profissionais da educação. latifúndio e no trabalho escravo.
§ 1º O transporte deverá ser realizado considerando o Neste aspecto, não se pode perder de vista que o ensino
menor tempo possível no percurso dando prioridade para que desenvolvido durante o período colonial ancorava-se nos
seja intracampo. princípios da contrarreforma, era alheio à vida da sociedade
§ 2º O atendimento do transporte escolar, nas nascente e excluía os escravos, as mulheres e os agregados.
comunidades situadas nos limites entre municípios, poderá Esse modelo que atendia aos interesses da metrópole
ser efetuado mediante consórcio sob a responsabilidade dos sobreviveu, no Brasil, se não no seu todo, em boa parte, após a
municípios e/ou em parceria com o Estado. expulsão dos jesuítas, em 1759, mantendo-se a perspectiva do
ensino voltado para as humanidades e as letras.

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Na primeira Constituição, jurada a 25 de março, apenas transformação de crianças indigentes em cidadãos


dois dispositivos, os incisos XXXII e XXXIII do art.179, trataram prestimosos.
da educação escolar. Um deles assegurava a gratuidade da A perspectiva salvacionista dos patronatos prestava-se
instrução primária, e o outro se referia à criação de instituições muito bem ao controle que as elites pretendiam exercer sobre
de ensino nos termos do disposto a seguir: os trabalhadores, diante de duas ameaças: quebra da
harmonia e da ordem nas cidades e baixa produtividade do
Art.179. A inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos campo. De fato, a tarefa educativa destas instituições unia
Cidadãos Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança interesses nem sempre aliados, particularmente os setores
individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do agrário e industrial, na tarefa educativa de salvar e regenerar
Império, pela maneira seguinte: os trabalhadores, eliminando, à luz do modelo de cidadão
XXXII. A instrução primária é gratuita a todos os Cidadãos. sintonizado com a manutenção da ordem vigente, os vícios que
XXXIII. Colégios, e Universidades, aonde serão ensinados os poluíam suas almas. Esse entendimento, como se vê, associava
elementos das Sciencias, Bellas Letras e Artes. educação e trabalho, e encarava este como purificação e
disciplina, superando a ideia original que o considerava uma
A Carta Magna de 1891 também silenciou a respeito da atividade degradante.
educação rural, restringindo-se, no art. 72, parágrafos 6 e 24, Havia ainda os setores que temiam as implicações do
respectivamente, à garantia da laicidade e à liberdade do modelo urbano de formação oferecido aos professores que
ensino nas escolas públicas. atuavam nas escolas rurais. Esses profissionais, segundo
educadores e governantes, desenvolviam um projeto
Art.72 A Constituição assegura aos brasileiros e a educativo ancorado em formas racionais, valores e conteúdos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dos direitos próprios da cidade, em detrimento da valorização dos
concernentes à liberdade, à segurança individual e à benefícios que eram específicos do campo. De fato, esta
propriedade nos termos seguintes: avaliação supervalorizava as práticas educativas das
§ 6º. Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos instituições de ensino, que nem sempre contavam com o
públicos. devido apoio do poder público, e desconhecia a importância
§ 24º É garantido o livre exercício de qualquer profissão das condições de vida e de trabalho para a permanência das
moral, intelectual e industrial. famílias no campo.
A Constituição de 1934, acentuadamente marcada pelas
Além disso, uma dimensão importante do texto legal diz ideias do Movimento Renovador, que culminou com o
respeito ao reconhecimento da autonomia dos Estados e Manifesto dos Pioneiros, expressa claramente os impactos de
Municípios, imprimindo a forma federativa da República. No uma nova relação de forças que se instalou na sociedade a
caso, cabe destacar a criação das condições legais para o partir das insatisfações de vários setores cafeicultores,
desenvolvimento de iniciativas descentralizadas, mas os intelectuais, classes médias e até massas populares urbanas.
impactos dessa perspectiva no campo da educação foram Na verdade, este é um período de fecundas reformas
prejudicados pela ausência de um sistema nacional que educacionais. Destaque-se a de Francisco Campos, que
assegurasse, mediante a articulação entre as diversas esferas abrangia, em especial, o ensino secundário e superior e as
do poder público, uma política educacional para o conjunto do contribuições do já citado Manifesto. Este, por sua vez,
país. 269 formulou proposições fundadas no estudo da situação
Neste contexto, a demanda escolar que se vai constituindo educacional brasileira e, em que pese a ênfase nos interesses
é predominantemente oriunda das chamadas classes médias dos estudantes, pautou a discussão sobre as relações entre as
emergentes que identificavam, na educação escolar, um fator instituições de ensino e a sociedade.
de ascensão social e de ingresso nas ocupações do embrionário
processo de industrialização. Para a população residente no A propósito, o texto constitucional apresenta grandes
campo, o cenário era outro. A ausência de uma consciência a inovações quando comparado aos que o antecedem. No caso,
respeito do valor da educação no processo de constituição da firma a concepção do Estado educador e atribui às três esferas
cidadania, ao lado das técnicas arcaicas do cultivo que não do poder público responsabilidades com a garantia do direito
exigiam dos trabalhadores rurais, nenhuma preparação, nem à educação. Também prevê o Plano Nacional de Educação, a
mesmo a alfabetização, contribuíram para a ausência de uma organização do ensino em sistemas, bem como a instituição
proposta de educação escolar voltada aos interesses dos dos Conselhos de Educação que, em todos os níveis, recebem
camponeses. incumbências relacionadas à assessoria dos governos, à
Na verdade, a introdução da educação rural no elaboração do plano de educação e à distribuição de fundos
ordenamento jurídico brasileiro remete às primeiras décadas especiais. Por aí, identificam-se, neste campo, as novas
do século XX, incorporando, no período, o intenso debate que pretensões que estavam postas na sociedade.
se processava no seio da sociedade a respeito da importância À Lei, como era de se esperar, não escapou a
da educação para conter o movimento migratório e elevar a responsabilidade do poder público com o atendimento escolar
produtividade no campo. A preocupação das diferentes forças do campo. Seu financiamento foi assegurado no Título
econômicas, sociais e políticas com as significativas alterações dedicado à família, à educação e à cultura, conforme o seguinte
constatadas no comportamento migratório da população foi dispositivo:
claramente registrada nos annaes dos Seminários e
Congressos Rurais realizados naquele período. Art. 156. A União, os Estados e os Municípios aplicarão nunca
É do 1º Congresso da Agricultura do Nordeste Brasileiro, menos de dez por cento e o Distrito Federal nunca menos de
em 1923, por exemplo, o registro da importância dos vinte por cento da renda resultante dos impostos, na
patronatos na pauta das questões agrícolas que deveriam ser manutenção e no desenvolvimento dos sistemas educativos.
cuidadosamente estudadas. Parágrafo único. Para realização do ensino nas zonas rurais, a
Tais instituições, segundo os congressistas, seriam União reservará, no mínimo, vinte por cento das cotas
destinadas aos menores pobres das regiões rurais e, pasmem, destinadas à educação no respectivo orçamento anual.
aos do mundo urbano, desde que revelassem pendor para a
agricultura. Suas finalidades estavam associadas à garantia, Como se vê, no âmbito de um federalismo nacional ainda
em cada região agrícola, de uma poderosa contribuição ao frágil, o financiamento do atendimento escolar na zona rural
desenvolvimento agrícola e, ao mesmo tempo, à está sob a responsabilidade da União e passa a contar, nos

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termos da legislação vigente, com recursos vinculados à sua reconhecimento da importância da cultura geral e da
manutenção e desenvolvimento. Naquele momento, ao informação científica, bem como o esforço para estabelecer a
contrário do que se observa posteriormente, a situação rural equivalência do ensino agrícola com as demais modalidades,
não é integrada como forma de trabalho, mas aponta para a traduzia as restrições impostas aos que optavam por cursos
participação nos direitos sociais. profissionais destinados aos mais pobres.
Para alguns, o citado dispositivo constitucional pode ser Isto é particularmente presente no capítulo que trata das
interpretado como um esforço nacional de interiorização do possibilidades de acesso aos estabelecimentos de ensino
ensino, estabelecendo um contraponto às práticas resultantes superior, admitidas para os concluintes do curso técnico-
do desejo de expansão e de domínio das elites a qualquer agrícola.
custo, em um país que tinha, no campo, a parcela mais
numerosa de sua população e a base da sua economia. Para Art. 14. A articulação do ensino agrícola e deste com outras
outros, no entanto, a orientação do texto legal representava modalidades de ensino far-se-á nos termos seguintes:
mais uma estratégia para manter sob controle as tensões e III - É assegurado ao portador de diploma conferido em
conflitos decorrentes de um modelo civilizatório que virtude da conclusão de um superior para a matrícula em
reproduzia práticas sociais de abuso de poder. Sobre as curso diretamente relacionado com o curso agrícola técnico
relações no campo, o poeta Tierra faz uma leitura assaz concluído, uma vez verificada a satisfação das condições de
interessante e consegue iluminar, no presente, como o faz João admissão determinadas pela legislação competente.
Cabral de Melo Neto, em seu clássico poema Morte e Vida Além disso, o Decreto reafirmava a educação sexista,
Severina, um passado que tende a se perpetuar. mascarada pela declaração de que o direito de ingressar nos
Em 10 de dezembro de 1937, é decretada a Constituição cursos de ensino agrícola era igual para homens e mulheres.
que sinaliza para a importância da Educação Profissional no
contexto da indústria nascente. Esta modalidade de ensino, Art. 51. O direito de ingressar nos cursos de ensino agrícola
destinada às classes menos favorecidas, é considerada, em é igual para homens e mulheres.
primeiro lugar, dever do Estado, o qual, para executá-lo,
deverá fundar institutos de ensino profissional e subsidiar os Art. 52. No ensino agrícola feminino serão observadas as
de iniciativa privada e de outras esferas administrativas. Essa seguintes prescrições especiais:
inovação, além de legitimar as desigualdades sociais nas 1. É recomendável que os cursos de ensino agrícola para
entranhas do sistema de ensino, não se faz acompanhar de mulheres sejam dados em estabelecimentos de ensino de
proposições para o ensino agrícola. exclusiva frequência feminina.
2. Às mulheres não se permitirá, nos estabelecimentos de
Art. 129 É dever das indústrias e dos sindicatos econômicos ensino agrícola, trabalho que, sob o ponto de vista da saúde,
criar, na esfera da sua especificidade, escolas de aprendizes, não lhes seja adequado.
destinadas aos filhos de seus operários ou de seus associados. A 3. Na execução de programas, em todos os cursos, ter-se-á
lei regulará o cumprimento desse dever e os poderes que em mira a natureza da personalidade feminina e o papel da
caberão ao Estado sobre essas escolas, bem como os auxílios, mulher na vida do lar.
facilidades e subsídios a lhes serem concedidos pelo poder 4. Nos dois cursos de formação do primeiro ciclo, incluir-
público. se-á o ensino de economia rural doméstica.
Por outro lado, o art. 132 do mesmo texto ressalta
igualmente a importância do trabalho no campo e nas oficinas Com isso, o mencionado Decreto incorporou na legislação
para a educação da juventude, admitindo inclusive o específica o papel da escola na constituição de identidades
financiamento público para iniciativas que retomassem a hierarquizadas a partir do gênero.
mesma perspectiva dos chamados Patronatos. A Constituição de 1946 remonta às diretrizes da Carta de
1934, enriquecida pelas demandas que atualizavam, naquele
Art. 132. O Estado fundará instituições ou dará o seu auxílio momento, as grandes aspirações sociais.
e proteção às fundadas por associações civis, tendo umas e No campo da educação, está apoiada nos princípios
outras por fim organizar para a juventude períodos de trabalho defendidos pelos Pioneiros e, neste sentido, confere
anual nos campos e oficinas, assim como promover-lhe a importância ao processo de descentralização sem
disciplina moral e o adestramento físico, de maneira a prepará- desresponsabilizar a União pelo atendimento escolar, vincula
la ao cumprimento dos seus deveres para com a economia e a recursos às despesas com educação e assegura a gratuidade do
defesa da Nação. ensino primário.
O texto também retoma o incremento ao ensino na zona
No que diz respeito ao ensino primário gratuito e rural, contemplado na Constituição de 1934, mas
obrigatório, o novo texto institui, em nome da solidariedade diferentemente desta, transfere à empresa privada, inclusive
para com os mais necessitados, uma contribuição módica e às agrícolas, a responsabilidade pelo custeio desse
mensal para cada escolar. incremento. No inciso III, do art. 168, fixa como um dos
Cabe observar que, no período subsequente, ocorreu a princípios a serem adotados pela legislação de ensino, a
regulamentação do ensino profissional, mediante a responsabilidade das empresas com a educação, nos termos a
promulgação das Leis Orgânicas. Algumas delas emergem no seguir:
contexto do Estado Novo, a exemplo das Leis Orgânicas do
ensino industrial, do ensino secundário e do ensino comercial, Art. 168. A educação é direito de todos e será dada no lar e
todas consideradas parciais, em detrimento de uma na escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos
reestruturação geral do ensino. O país permanecia sem as ideais de solidariedade humana.
diretrizes gerais que dessem os rumos para todos os níveis e I - (…)
modalidades de atendimento escolar que deveriam compor o II - (…)
sistema nacional. III - as empresas industriais, comerciais e agrícolas, em que
No que se refere à Lei Orgânica do Ensino Agrícola, objeto trabalham mais de cem pessoas, são obrigadas a manter ensino
do Decreto-Lei 9.613, de 20 de agosto de 1946, do Governo primário gratuito para os seus servidores e para os filhos destes;
Provisório, tinha como objetivo principal a preparação
profissional para os trabalhadores da agricultura. Seu texto, Esclareça-se, ademais, que o inciso transcrito, em sendo
em que pese a preocupação com os valores humanos e o uma norma de princípio, tinha eficácia jurídica limitada, desde

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que dependia de lei ordinária para produzir efeitos práticos. Cartas fazem referências ao respeito que os sistemas devem
Ao contrário, o art. 156 da Constituição de 1934, a que acima ter às especificidades do ensino rural, quando tratam das
nos referimos, era uma norma de eficácia plena, que poderia diferenças culturais e regionais.
produzir efeitos imediatos e por si mesma, não necessitando
de lei ordinária que a tornasse operacional. PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO
Registre-se, enfim, que, também como princípio balizador
da legislação de ensino, a Constituição de 1946, no inciso IV do Didático - PNLD Campo
mesmo art. 168, retoma a obrigatoriedade de as empresas
industriais e comerciais ministrarem, em cooperação, a Objetivo:
aprendizagem de seus trabalhadores menores, excluindo Produção e disseminação de materiais didáticos
desta obrigatoriedade as empresas agrícolas, como já havia específicos para os estudantes e professores do campo que
ocorrido na Carta de 1937, o que denota o desinteresse do permitam o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem de
Estado pela aprendizagem rural, pelo menos a ponto de forma contextualizada, em consonância com os princípios da
emprestar-lhe status constitucional. política e as Diretrizes Operacionais da Educação do Campo na
Na Constituição de 1967, identifica-se a obrigatoriedade de Educação Básica.
as empresas convencionais agrícolas e industriais oferecerem,
pela forma que a lei estabelece, o ensino primário gratuito de Caracterização da Ação:
seus empregados e dos filhos destes. Ao mesmo tempo, Objetivo Geral do PRONACAMPO
determinava, como nas cartas de 1937 e 1946, que apenas as Disponibilizar apoio técnico e financeiro aos Estados,
empresas comerciais e industriais, excluindo-se, portanto, as Municípios e Distrito Federal para a implementação da Política
agrícolas, estavam obrigadas a ministrar, em cooperação, de Educação do Campo, visando à ampliação do acesso e a
aprendizagem aos seus trabalhadores menores. qualificação da oferta da Educação Básica e Superior, por meio
Em 1969, promulgada a emenda à Constituição de 24 de de ações para a melhoria da
janeiro de 1967, identificavam-se, basicamente, as mesmas - infraestrutura das redes públicas de ensino, a formação
normas, apenas limitando a obrigatoriedade das empresas, inicial e continuada de professores, a produção e a
inclusive das agrícolas, com o ensino primário gratuito dos disponibilização de material específico aos estudantes do
filhos dos empregados, entre sete e quatorze anos. Deixava campo e quilombolas, em todas as etapas e modalidades de
antever, por outro lado, que tal ensino poderia ser ensino.
possibilitado diretamente pelas empresas que o desejassem,
ou, indiretamente, mediante a contribuição destas com o Eixos e Ações
salário educação, na forma que a lei viesse a estabelecer. Conforme publicação do Edital PNLD/FNDE nº 5/2011,
esta ação contempla a elaboração e disponibilização de
Do mesmo modo, esse texto determinou que as empresas coleções com metodologias específicas voltadas a realidade do
comerciais e industriais deveriam, além de assegurar campo e com conteúdos curriculares que favoreçam a
condições de aprendizagem aos seus trabalhadores menores, interação entre os conhecimentos científicos e os saberes das
promover o preparo de todo o seu pessoal qualificado. Mais comunidades.
uma vez, as empresas agrícolas ficaram isentas dessa A escolha das coleções didáticas após seleção via Edital
obrigatoriedade. será realizada pelas redes de ensino participantes do PNLD
Quanto ao texto da Carta de 1988, pode-se afirmar que com base na análise do Guia de Livros Didáticos para o PNLD
proclama a educação como direito de todos e dever do Estado, Campo, indicando o tipo de coleção adotada e a primeira e a
transformando-a em direito público subjetivo, segunda opção. Essa escolha deverá contar com a participação
independentemente dos cidadãos residirem nas áreas urbanas de gestores e professores das escolas do campo e comunidades
ou rurais. Deste modo, os princípios e preceitos quilombolas, considerando a adequação e a pertinência das
constitucionais da educação abrangem todos os níveis e coleções em relação à proposta pedagógica.
modalidades de ensino ministrados em qualquer parte do país. O PNLD Campo é disponibilizado a todas as escolas do
Assim sendo, apesar de não se referir direta e campo e comunidades quilombolas com matrícula de
especificamente ao ensino rural no corpo da Carta, possibilitou estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. Após a
às Constituições Estaduais e à Lei de Diretrizes e Bases da conclusão do processo de escolha dos títulos as redes de
Educação Nacional (LDB) o tratamento da educação rural no ensino procederão ao registro das coleções no Sistema de
âmbito do direito à igualdade e do respeito às diferenças. Material Didático - SIMAD, no Módulo Escolha, disponível no
Ademais, quando estabelece no art. 62 do Ato das portal: www.fnde.gov.br, no link “SIMAD”. A implementação
Disposições Constitucionais Transitórias a criação do Serviço desta ação contempla a avaliação, a aquisição das obras
Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), mediante lei inscritas e a entrega das coleções aos sistemas de ensino no
específica, reabre a discussão sobre educação do campo e a início de 2013.
definição de políticas para o setor.
Finalmente, há que se registrar na abordagem dada pela Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE
maioria dos textos constitucionais, um tratamento periférico Temático
da educação escolar do campo. É uma perspectiva residual e
condizente, salvo conjunturas específicas, com interesses de Objetivo:
grupos hegemônicos na sociedade. As alterações nesta Atender as escolas da rede pública de ensino, com obras de
tendência, quando identificadas, decorrem da presença dos referência que ampliem a compreensão de professores e
movimentos sociais do campo no cenário nacional. É dessa estudantes sobre as temáticas da diversidade, inclusão e
forma que se pode explicar a realização da Conferência cidadania e atendam ao desafio de promover o
Nacional por uma Educação Básica do Campo, que teve como desenvolvimento de valores, práticas e interações sociais.
principal mérito recolocar, sob outras bases, o rural e a
educação que a ele se vincula. Caracterização da ação:
A propósito, se nos ativermos às Constituições Estaduais, Conforme edital PNBE/FNDE nº 1/2012, esta ação prevê a
privilegiando-se o período que se segue à promulgação da disponibilização de obras que abordem as temáticas da
Carta Magna de 1988, marco indelével do movimento de educação indígena, do campo e quilombola, para os direitos
redemocratização no país, pode-se dizer que nem todas as humanos, a sustentabilidade socioambiental, as relações de

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gênero e diversidade sexual, as relações étnicorraciais, a do campo, poderão ser apresentadas para adesão no âmbito
juventude, a educação especial na perspectiva inclusiva e a das Resoluções 2013 e 2014.
educação de jovens e adultos.
Na modalidade de Educação do Campo, as obras ESCOLA DA TERRA
contemplam referenciais para a compreensão do campo no
contexto socioeconômico e cultural brasileiro, abordando: Objetivo:
agroecologia; desenvolvimento sustentável; territorialidade; Promover a melhoria das condições de acesso,
questão agrária; produção agrícola; desenvolvimento permanência e aprendizagem dos estudantes do campo e
econômico; história e cultura das diferentes populações do quilombolas em suas comunidades, por meio do apoio à
campo. Na modalidade de Educação Quilombola, as obras formação de professores que atuam em turmas multisseriadas
contemplam referenciais para a compreensão das dos anos iniciais do ensino fundamental e escolas quilombolas,
comunidades remanescentes de quilombos como espaços de fortalecendo a escola como espaço de vivência social e cultural.
resistência, abordados na perspectiva da territorialidade, da
ancestralidade, da cultura, da religião e tradição oral e da Caracterização da ação:
história e saberes tradicionais das diferentes comunidades. A ação caracteriza-se por disponibilização de material
A implementação contemplará a avaliação, a aquisição e a didático pedagógico, de acompanhamento pedagógico e
entrega das coleções aos sistemas de ensino no segundo formação de professores. O curso de formação continuada de
semestre de 2013. professores em parceria com as instituições formadoras com
experiência na área da Educação do Campo e quilombola visa
MAIS EDUCAÇÃO CAMPO elevar o desempenho escolar dos estudantes dos anos iniciais
do ensino fundamental e fortalecer o desenvolvimento de
Objetivo: propostas pedagógicas e metodologias adequadas às escolas
Contribuir para a estruturação da proposta de educação do campo e às escolas quilombolas.
integral nas escolas do campo e comunidades quilombolas, por A implementação da ação ocorrerá com a oferta de curso
meio da disponibilização de recursos específicos para a de aperfeiçoamento de no mínimo 180 horas, por meio de
ampliação da jornada escolar, integrando atividades de encontros presenciais, no tempo universidade (de 90 a 120h)
acompanhamento pedagógico e enriquecimento curricular e atividades no tempo escola-comunidade (90 às 60h) sob a
nas diversas áreas do conhecimento. Caracterização da ação: coordenação da Instituição Formadora que designará o
A proposta do Mais Educação Campo contemplou, em coordenador do curso, o supervisor, os professores
2012, os seguintes macrocampos: Acompanhamento pesquisadores, professores formadores e tutores para a
pedagógico; execução e acompanhamento da formação. A ação
Agroecologia; Iniciação Científica; Educação em Direitos disponibilizará também bolsas para coordenadores das redes
Humanos; Cultura e Arte Popular; Esporte e Lazer; Memória e de educação e para professores em função de assessoria
História das Comunidades Tradicionais. Os planos de pedagógica com o objetivo de promover o acompanhamento
atendimento deverão ser definidos de acordo com o Projeto pedagógico do professor cursista, no tempo escola
Político Pedagógico das unidades escolares e desenvolvidos comunidade e a articulação entre a proposta da formação das
por meio de atividades que ampliem o tempo, os espaços e as IPES, o projeto político pedagógico das escolas e a política
oportunidades educativas, na perspectiva da educação educacional da secretaria de educação a qual está vinculado,
integral. Para o desenvolvimento dessas atividades devem ser promovendo também a participação das comunidades.
formadas turmas de 20 a 30 estudantes, levando em A adesão à proposta de formação da Escola da Terra será
consideração as diferentes faixas etárias, os espaços de feita pela secretaria estadual, municipal ou distrital de
aprendizagem e o repertório de competências e habilidades a educação por meio do PAR, em módulo específico
ser desenvolvido, atendendo preferencialmente, todos os PRONACAMPO/Escola da Terra, a partir de janeiro de 2013,
estudantes matriculados nas escolas do campo. Após a onde o gestor indicará as escolas e o número de professores
disponibilização da lista de escolas pré-selecionadas pela cursistas a serem atendidos, assumindo como contrapartida o
Secretaria de Educação Básica -SEB e Secretaria de Educação apoio necessário ao desenvolvimento da ação, conforme termo
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI do de compromisso.
Ministério da Educação -MEC no Sistema Integrado de
Monitoramento, Execução e Controle - SIMEC, a Entidade FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Executora (EEx) deverá confirmar a adesão ao Mais Educação,
via ofício, e nomear no mínimo um técnico da Secretaria FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
Estadual, Distrital ou Municipal de Educação com a
responsabilidade de coordenar as atividades realizadas nas Objetivo:
escolas participantes. Esses técnicos ficarão responsáveis por Apoiar prioritariamente à formação inicial de professores
acompanhar a disponibilização das senhas, o preenchimento em exercício na Educação do Campo e quilombola,
do Plano de Atendimento pelos representantes das escolas, a assegurando condições de acesso aos cursos de licenciatura
tramitação dos documentos no SIMEC e a confirmação do destinados a atuação docente nos anos finais do ensino
Plano Geral Consolidado. fundamental e no ensino médio.
Cabe à Secretaria Estadual, Municipal ou Distrital de Caracterização da ação:
Educação disponibilizar um professor vinculado à escola, com Cursos de Licenciatura em Educação do Campo -
dedicação de no mínimo vinte horas, preferencialmente, PROCAMPO ofertados pelas Universidades Federais e
denominado "Professor Comunitário". Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de
Este é responsável pelo acompanhamento pedagógico e Ensino Superior, com organização curricular cumprida em
administrativo do Programa e seus custos referem-se à regime de alternância entre tempo-escola e tempo
contrapartida oferecida pela Entidade Executora (EEx). comunidade e habilitação para docência multidisciplinar nos
A adesão 2012 contemplou 9.779 escolas do campo e anos finais do ensino fundamental e no ensino médio em uma
aquelas que tiveram seus planos de trabalho aprovados das áreas do conhecimento: linguagens e códigos, ciências
receberam os recursos depositados por meio do PDDE, humanas, ciências da natureza, matemática e ciências agrárias.
conforme a Resolução nº 21, de 22/06/2012. As novas A proposta pedagógica de formação do PROCAMPO,
propostas de implementação de educação integral nas escolas construída com a participação social, tem como base a

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realidade dos povos do campo e quilombola e a especificidade EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, EDUCAÇÃO
da organização e oferta da educação básica às comunidades PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
rurais. Para atender a demanda de formação, o MEC, por meio
da SECADI, da SESU e SETEC, publicou no DOU de 05.09.2012 EJA Saberes da Terra
o Edital nº 02, para adesão das IFES com a disponibilização de
professores, equipe administrativa e aporte financeiro de Objetivo:
custeio e capital para a implantação de novos cursos e turmas Elevar a escolaridade de jovens e adultos em consonância
do PROCAMPO, viabilizando a oferta a partir de 2013. O a um projeto de desenvolvimento sustentável do campo a
ingresso dos professores cursistas se efetivará mediante partir da organização e expansão da oferta da modalidade
processo seletivo a ser definido pela instituição formadora educação de jovens e adultos, anos iniciais e finais do ensino
ofertante, tendo como prioridade a garantia da formação fundamental de forma integrada à qualificação profissional e
inicial de professores em exercício nas escolas do campo que ensino médio.
não possuem o Ensino Superior.
Licenciatura para professores do campo, na modalidade Caracterização da ação: Para o desenvolvimento dessa
presencial e a distância, por meio de edital específico no ação, as secretarias de educação receberão:
âmbito do Plano Nacional de Formação de Professores da Apoio Financeiro: com base na Lei nº 12.695/2012 será
Educação Básica - PARFOR/CAPES, contemplando maior disponibilizado recurso financeiro aos sistemas de ensino para
contingente de cursistas com a expansão dos polos da a oferta do primeiro ano de novas turmas de educação de
Universidade Aberta do Brasil - UAB. Com início dos cursos jovens e adultos integrada à qualificação profissional. De
previsto para o segundo semestre de 2013, a inscrição dos acordo com a Resolução FNDE nº 48/2012, o repasse de
professores do campo para a licenciatura do PARFOR será recursos será efetuado mediante a adesão e cadastro das
realizada por meio da Plataforma Freire, disponibilizada no turmas no SIMEC (http:/ simec.mec.gov.br - módulo educação
endereço http://freire.mec.gov.br de jovens e adultos) em uma única parcela, com aplicação
exclusiva para a manutenção de turmas com novas matrículas
Formação Continuada de Professores ainda não contempladas pelo FUNDEB, que devem ser
apuradas no censo do ano subsequente. O valor utilizado será
Objetivo: o valor mínimo por estudante definido nacionalmente para
Apoio à oferta de formação continuada de professores, EJA e calculado a partir do início do funcionamento da nova
gestores e coordenadores pedagógicos que atuam na educação turma.
básica, nas diferentes etapas e modalidades, em escolas do Para o desenvolvimento da proposta de qualificação
campo e quilombola. profissional ou ensino técnico, a articulação com o PRONATEC
financiará as ações desenvolvidas pelos institutos federais e
Caracterização da ação: escolas técnicas da rede estadual no âmbito dessa ação que
Os cursos de formação em nível de aperfeiçoamento e tenham experiências e atuação na Educação do Campo.
especialização em Educação do Campo e quilombola serão Apoio Técnico: Para a elaboração da proposta pedagógica
ofertados por Instituições Públicas de Ensino Superior no de ensino fundamental de acordo com a matriz de referência
âmbito da Rede Nacional de Formação - RENAFOR e da UAB de do Programa Saberes da Terra, deverão ser assegurados os
acordo com o Plano de Formação Continuada proposto pela princípios da alternância, da Educação do Campo, educação
escola para aprimoramento do seu corpo docente e diretivo, popular e desenvolvimento sustentável. Para contribuir na
elaborado a partir de um planejamento prévio, feito no PDE elaboração da proposta está prevista a realização de reuniões
Interativo. Os diretores das escolas deverão acessar o PDE para a articulação entre as secretarias, instituições federais e
Interativo, que se caracteriza como uma ferramenta de movimentos sociais, bem como a formação de coordenadores
planejamento da gestão escolar, no site pedagógicos e educadores no âmbito da Rede Nacional de
http://simec.mec.gov.br e preencher o plano de formação, que Formação de Professores - RENAFOR, para a construção de
será posteriormente validado pelas secretarias de educação. referenciais e o desenvolvimento de práticas político
Caso o gestor não tenha a senha ou não disponha de acesso à pedagógicas que possibilitem a formação integrada dos jovens
internet, deverá solicitar ao responsável pelo PDE Interativo e adultos do campo quanto as suas relações sócio históricas,
na Secretaria de Educação de sua rede, que providencie o políticas e culturais.
cadastro ou as condições para a elaboração do plano.
Ao abrir a aba do Plano de Formação estará disponível ao PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO
gestor, a relação dos profissionais da escola e o catálogo de TÉCNICO E EMPREGO - PRONATEC CAMPO
cursos. Para a Educação do Campo e quilombola foram
disponibilizados os cursos: Educação do Campo, Educação Objetivo:
Quilombola, EJA Saberes da Terra, Classes Multisseriadas e Promover a inclusão social de jovens e trabalhadores do
Educação Integral. O gestor da escola, em comum acordo com campo por meio da ampliação da Rede Federal de Educação
os professores, indica a demanda de formação, que será Profissional e Tecnológica e da oferta de cursos de formação
submetida à validação da Secretaria de Educação do Estado, inicial e continuada para trabalhadores de acordo com os
Município ou Distrito Federal, por meio do Sistema Nacional arranjos produtivos rurais de cada região.
de Formação - SINAFOR, com acesso através do SIMEC, módulo
PAR e enviada aos Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Caracterização da ação:
Formação Docente para pactuação com as IPES até junho de Por meio da interface com o Programa Nacional de Acesso
cada ano, para oferta no ano seguinte. ao Ensino Técnico e Emprego - PRONATEC, o PRONACAMPO
promoverá o acesso à educação profissional e tecnológica aos
jovens e trabalhadores do campo e quilombolas,
disponibilizando vagas nos cursos de formação inicial e
continuada - FIC e no Programa Escola Técnica Aberta do
Brasil - E-Tec, constantes no Guia Pronatec de cursos técnicos
e de formação inicial e continuada, disponível no endereço:
http:/pronatec.mec.gov.br/

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O Ministério do Desenvolvimento Agrário/MDA é o de Regime Diferenciado de Contratações Públicas para


demandante desta ação e Institutos Federais, escolas técnicas Registro de Preços de Construção de Escolas Padronizadas do
vinculadas às Universidades Federais, CEFET e redes PRONACAMPO. Tal processo permitirá que municípios e
estaduais são instituições ofertantes. Especificamente na estados façam a adesão à ata de registro de preços, dando
Bolsa-Formação PRONATEC CAMPO, os ofertantes poderão celeridade à construção das escolas do campo.
estabelecer parcerias com prefeituras, redes de ATER, Centro
Familiar de Formação por Alternância - CEFFAs, entre outras INCLUSÃO DIGITAL
entidades, para ampliar a oferta de cursos e viabilizar a
execução das metas previstas pelo Plano Safra de Agricultura Objetivo:
Familiar 2012/13, criando Unidade Remotas, com salas de Promover à inclusão digital e o uso pedagógico da
aulas funcionando fora da sede da instituição ofertante. informática nas escolas do campo, disponibilizando
computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais.
PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PRONATEC Caracterização da ação:
Disponibilização de equipamento de informática,
Comitês Estaduais PRONATEC CAMPO - organizados pelas possibilitando o uso de recursos da educação digital e
Delegacias Federais do MDA compostos por Delegado (a) do melhores condições de participação dos professores nos
MDA, Superintendência Regional do INCRA, Ofertantes, processos de formação e planejamento das aulas. Os recursos
Representantes de Movimentos Sociais e Sindicais, Fórum previstos visam complementar os laboratórios já existentes
Estadual de Educação do Campo (ou equivalente), EMATER, com computador interativo, conexão internet, conteúdos
UNDIME, Rede Estadual de Colegiados Territoriais, Conselho específicos e tecnologia assistiva, bem como a implantação de
Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável. O Comitê novos laboratórios Proinfo e a disponibilização de notebook
estadual coordena, monitora e cria estratégias para UCA, para as escolas com até 20 matrículas e que não dispõem
implementação da PRONATEC CAMPO no estado, sendo de infraestrutura para o laboratório. A divulgação das escolas
responsável por pactuar os cursos demandados pelas selecionadas e o “Aceito” das Secretarias Municipais, Estaduais
Instâncias Territoriais bem como o número de vagas e forma e Distrital é realizada por meio do SIGETEC, endereço:
de funcionamento com as instituições ofertantes. Colegiados http://sip.proinfo.mec.gov.br Mais informações no link:
PRONATEC Campo http://portal.mec.gov.br/
Territoriais – organizados nos colegiados territoriais,
constituído pelas câmaras temáticas de educação, sempre que PDDE CAMPO - PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA
houver, por representantes dos ofertantes e podendo ser ESCOLA
ampliado de acordo com a articulação de cada território. É
responsável por definir os cursos necessários e de interesse do Objetivo:
público do território, considerando as demandas de formação Destinar recursos financeiros de custeio e de capital a
contidas nos Planos Territoriais de Desenvolvimento Rural escolas públicas municipais, estaduais e distritais, localizadas
Sustentável - PTDRS e respeitando os princípios da Educação no campo, que tenham estudantes matriculados no ensino
do Campo, bem como as estratégias para a mobilização dos fundamental a fim de propiciar adequação e benfeitoria na
beneficiários e acompanhamento dos cursos. infraestrutura física dessas unidades, necessárias à realização
de atividades educativas e pedagógicas voltadas à melhoria da
INFRAESTRUTURA FÍSICA E TECNOLÓGICA qualidade do ensino.

Construção de Escolas Caracterização da ação:


Os recursos financeiros serão liberados em favor das
Objetivo: escolas de ensino fundamental do campo que possuam
Disponibilizar apoio técnico e financeiro para a melhoria Unidade Executora Própria (UEx) devendo ser empregados na
das condições de infraestrutura das escolas, atendendo as contratação de trabalhadores para realização de reparos e/ou
necessidades da Educação do Campo e quilombola, para a pequenas ampliações e cobertura de outras despesas, que
oferta de atividades pedagógicas, profissionalizantes, favoreçam a manutenção, conservação e melhoria de suas
esportivas, culturais, de horta escolar, alojamentos para instalações, bem como na aquisição de mobiliário escolar e na
professores e educandos e espaço para a educação infantil. concretização de outras ações que concorram para a elevação
do desempenho escolar. De acordo com Resolução FNDE nº
Caracterização da ação: 36/2012, os recursos variam de acordo com o número de
Disponibilização de recursos financeiros para a construção matrículas: de 15 a 50 matrículas R$ 11.600,00; de 51 a 150
de escolas com projetos arquitetônicos específicos e matrículas R$ 13.000,00 e com mais de 150 matrículas R$
padronizados para a Educação do Campo, que contemplam 15.000,00.
módulos pedagógicos de 2, 4 e 6 salas de aula, módulos A relação nominal das escolas passíveis de atendimento é
administrativo, de serviço e para atividades práticas de disponibilizada no endereço www.mec.gov.br> SECADI >
agroecologia. No projeto é prevista a construção de quadra Destaques e http://www.fnde.gov.br/resoluções
esportiva coberta para escolas de 4 e 6 salas, e ainda, poderá
ser solicitado de forma independente, módulo de alojamentos PDDE ÁGUA E ESGOTO SANITÁRIO - PROGRAMA
de professores e estudantes e de educação infantil. A adesão DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA
será feita pelo gestor da rede de ensino, conforme a demanda
informada no PAR, por meio do endereço http://simec.gov.br Objetivo:
módulo PAR, ícone PRONACAMPO, onde indicará o número de Destinar recursos financeiros de custeio e de capital às
escolas com o respectivo número de salas bem como os escolas do campo e quilombolas, garantindo as adequações
módulos complementares que irão compor o espaço necessárias ao abastecimento de água em condições
educacional, além de dados técnicos referentes à implantação apropriadas para consumo e o esgotamento sanitário nessas
do projeto (topografia do terreno, localização do terreno, unidades escolares.
estudo de demanda, levantamento fotográfico, etc).
Para a implementação dessa ação está prevista a utilização
de novas metodologias construtivas, publicando-se um Edital

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Caracterização da ação:
Os recursos financeiros devem ser empregados na
aquisição de equipamentos, instalações hidráulicas e Questões
contratação de trabalhadores, necessários à construção de
poços, cisternas, fossa séptica e outras formas que assegurem
provimento contínuo de água adequada ao consumo humano
01. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 1, 3 a 26 –
e esgotamento sanitário.
CESPE/2017). Tendo como referência a legislação
Para a adesão, o secretário estadual, municipal ou distrital
educacional brasileira e do DF, julgue o item a seguir.
de educação deverá validar o Termo de Adesão disponível no
A educação do campo é um ramo da educação básica cujo
Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do
objetivo é profissionalizar os trabalhadores rurais.
Ministério da Educação (SIMEC), acompanhada de anexo de 3
(...) Certo
(três) a 5 (cinco) fotos do prédio escolar que evidenciem a
(...) Errado
necessidade de melhoria das condições do abastecimento de
água e/ou do esgotamento sanitário na escola. Os recursos
02. (SEDF - Conhecimentos Básicos - Cargos 36 e 37 –
serão liberados às escolas, conforme os critérios estabelecidos
CESPE/2017). Em relação às diretrizes para educação básica
na Resolução FNDE nº 32/2012 a partir do número de
no DF, julgue o seguinte item.
matrículas, sendo que de 4 a 50 matrículas receberá R$
A elaboração de políticas públicas voltadas à educação do
25.000,00; de 51 a 150 matrículas receberá R$ 28.000,00 e
campo deve nortear-se por princípios como o respeito à
com mais de 150 matrículas receberá R$ 32.000,00. A relação
diversidade do campo nos aspectos sociais, culturais,
nominal das escolas e o manual de orientação com todas as
ambientais, políticos, econômicos, de gênero, geracionais e de
informações necessárias para a adesão estão disponíveis no
raça e etnia.
sítio www.fnde.gov.br -> Dinheiro Direto na Escola ->
(...) Certo
Legislação > anexos da Resolução nº 32, de 13 de agosto de
(...) Errado
2012. Também no endereço www.mec.gov.br> SECADI >
Destaques.
03. (Prefeitura de Quixadá/CE - Professor Educação
Básica I – Ensino Fundamental I – Serctam/2016). Na
LUZ PARA TODOS NA ESCOLA
modalidade de Educação Básica do Campo, a educação para a
população rural está prevista com adequações necessárias às
Objetivo:
peculiaridades da vida no campo e de cada região. São
Garantir o fornecimento de energia elétrica às escolas, em
características da educação do campo:
articulação com o Programa Luz para Todos.
(A) Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
necessidades e interesses dos estudantes da zona rural, que,
Caracterização da ação:
em geral, circulam em torno da formação para a ocupação de
As escolas sem fornecimento de energia elétrica terão
postos de trabalho nas grandes cidades.
atendimento prioritário no Programa Luz para Todos do
(B) Construção de uma identidade escolar definida pela
Ministério de Minas e Energia, para tanto, o gestor local deverá
vinculação com as questões inerentes à sua realidade, com
encaminhar ofício com o georeferenciamento
propostas pedagógicas que contemplam sua diversidade em
(latitude/longitude) da escola à concessionária responsável
todos os aspectos, tais como sociais, culturais, políticos,
pelo Programa no estado, com cópia para o email
econômicos, de gênero, geração e etnia.
educacaocampo@mec.gov.br.
(C) Adequação das atividades educativas à natureza do
trabalho da zona urbana.
TRANSPORTE ESCOLAR
(D) Organização escolar própria, combinando a adequação
do calendário escolar às condições climáticas da zona urbana
Objetivo:
e às fases do ciclo agrícola.
Apoiar os sistemas de ensino para a garantia de transporte
(E) Formas de estruturação e metodologias pertinentes à
dos estudantes do campo para o campo, especialmente até os
realidade do campo, como a pedagogia da terra, pela qual se
anos finais do Ensino Fundamental, com o menor tempo
busca um trabalho pedagógico fundamentado no princípio das
possível no percurso residência-escola, respeitando as
competências e habilidades, a fim de assegurar a inserção no
especificidades geográficas e culturais e os limites de idade dos
mercado de trabalho das cidades, processo inevitável diante
estudantes.
do êxodo rural.
Caracterização da ação:
04. (Prefeitura de Itaquitinga/PE - Pedagogo –
Disponibilização de transporte escolar conforme a
IDHTEC/2016). Acerca da oferta da Educação Básica para a
demanda apresentada pela Secretaria de Educação no PAR. A
população do campo, a Lei nº 9394/1996, Lei de Diretrizes e
ação prevê a entrega de lancha escolar a gasolina (20 lugares)
Base da Educação Nacional assegura no artigo 28 que:
e a diesel (31 e 53 lugares); bicicletas escolares e capacetes e
(A) Todas as escolas do campo devem ofertar o ensino em
ônibus escolar em quatro modelos: pequeno (29 lugares), 4x4
tempo integral.
(23 lugares), médio (44 lugares) e grande (59 lugares). A
(B) O calendário escolar deve ser igual ao calendário das
adesão é feita pelo gestor local por meio do SIMEC, aba Plano
escolas urbanas para que todos os estudantes tenham as
de Ações Articuladas - PAR.
mesmas oportunidades de ensino.
(C) Sejam construídas escolas de referência nucleando-se
todas as escolas rurais em seu entorno.
(D) O fechamento das escolas do campo seja realizado
considerando-se a justificativa apresentada pela secretaria de
educação, a análise do diagnóstico do impacto dessa ação e a
manifestação da comunidade escolar.
(E) O fechamento das escolas do campo seja efetuado
gradativamente, visando-se oferecer escolas com maior
estrutura nos centros urbanos que atendam toda a população
rural

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05. (UFAL - Pedagogo - COPEVE-UFAL). O programa


Escola Ativa busca melhorar a qualidade do desempenho
escolar em classes multisseriadas das escolas do campo. Entre
as principais estratégias estão: implantar nas escolas recursos
pedagógicos que estimulem a construção do conhecimento do
aluno e capacitar professores. No âmbito do Ministério da
Educação, qual o setor responsável?
(A) Secretaria da Educação Básica.
(B) Secretaria da Educação Superior.
(C) Rede de Educação para a Diversidade.
(D) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade.
(E) Programa Nacional do Livro Didático.

Respostas

01. Resposta: errado

02. Resposta: certo

03. Resposta: B
A escola deve se identificar com o ambiente vivido por cada
pessoa, observando os costumes, cultura vividos.

04. Resposta: D
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e
de cada região, especialmente:
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.

05. Resposta: D
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade (Secad), criada em julho de 2004, é a secretaria
mais nova do Ministério da Educação. Nela estão reunidos
temas como alfabetização e educação de jovens e adultos,
educação do campo, educação ambiental, educação em direitos
humanos, educação escolar indígena, e diversidade étnico-
racial, temas antes distribuídos em outras secretarias. O
objetivo da Secad é contribuir para a redução das
desigualdades educacionais por meio da participação de todos
os cidadãos em políticas públicas que assegurem a ampliação
do acesso à educação.1

Anotações

1 fonte:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=29
0&Itemid=816

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tolteca, dando início ao chamado Novo Império Maia, que,


lentamente, entrou em declínio.
Quando os espanhóis chegaram, os maias já estavam em
decadência. Entretanto, deixaram a marca da sua cultura em
muitos povos vizinhos na Mesoamérica. As hipóteses para
explicar a sua decadência são muitas. Entre elas podemos citar
o esgotamento do solo em razão da pratica da agricultura de
coivara ou queimada, a deficiência alimentar (o consumo de
carne e portanto de proteína era raríssimo) e ainda os
acirrados conflitos internos entre os diversos líderes das
A compreensão do processo cidades-Estados.
No período de 1517 os espanhóis conquistaram o Império
histórico de transformação da Maia, o que foi marcado pela violência do branco contra o
sociedade: as primeiras civilizações, indígena, pela força das armas em busca do ouro. Entre as
a passagem do mundo feudal para o culturas pré-colombianas, somente os maias resistiram a
moderno e do moderno para o conquista europeia, já que não acreditavam, como os outros
povos, que os europeus fossem deuses que chegavam na
contemporâneo. América.

ASTECAS
Os astecas possuíam uma sociedade simples, na qual
AS PRINCIPAIS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS1 prevalecia a igualdade entre os membros do grupo, que era
liderado por um chefe guerreiro. Em 1325, fundaram a capital
OS MAIAS do império, às margens do Lago Texcoco, que recebeu o nome
Durante o apogeu de sua civilização, os maias dominaram de Tenochtitlán (que significa Rocha de Cactus e corresponde
a Península de Iucatã no sul do México, quase toda a a atual Cidade do México). Firmou aliança com as cidades-
Guatemala, parte de Honduras e El Salvador e Belize. estados de Tlacopan e Texcoco, que juntas submeteram os
A denominação maia é utilizada em razão da semelhança povos do Vale e deram origem ao Império Asteca.
linguística entre os povos da região. Originários das regiões A religião Asteca era politeísta. Entre os deuses adorados
setentrionais, atualmente Estados Unidos. Estabeleceram-se pelos astecas, estavam o Colibri-Azul ou Uitzilopochtli (o deus
inicialmente ao norte da Guatemala e Honduras, constituindo do Sol do Meio-Dia) e Tezcatlipoca (deus protetor dos
a mais antiga das civilizações pré-colombianas. guerreiros e escravos, simbolizado pela noite). O contato com
Os maias não chegaram a construir um Império, pois suas outras civilizações os fez adorar deuses corno Quetzalcoatl (a
cidades estiveram constantemente em conflito, gerando uma Serpente de Plumas).
organização caracterizada pela formação de cidades-Estados. Os astecas acreditavam na ideia de que seriam o povo
O poder político era teocrático e hereditário. Cada cidade- incumbido de zelar pela manutenção da harmonia no universo.
Estado possuía um governante local que devia obediência ao O que só poderia acontecer por meio da alimentação dos
poder central. A sociedade era rigidamente dividida e a deuses. Assim o seu código religioso admitia o sacrifício
posição social era dada pelo nascimento. No topo da pirâmide humano. Os deuses que regiam o universo e asseguravam as
social, estava a família governante, altos funcionários do boas colheitas e vitorias militares também regiam o destino
Estado (sacerdotes e militares) e comerciantes; abaixo destes, dos homens.
vinham os cobradores de impostos, militares e responsáveis Os astecas organizavam-se em clãs denominados calpulli,
pelas cerimônias; na base da pirâmide, encontravam-se os que tinham por base os laços de parentesco. Nesse período, a
trabalhadores braçais. Na economia, o cultivo da terra era posse da terra era coletiva.
coletivo e as comunidades pagavam um imposto também O imperador e sua família estavam no topo da pirâmide
coletivo. O principal produto cultivado era o milho, base da social. A expansão sobre o Vale do México e a conquista de
alimentação dos maias. Os mercadores eram os responsáveis terras - realizada da meio da guerra - conferiram aos militares
pela realização de trocas de produtos agrícolas e artesanais. um grande poder no Império. Os sacerdotes e os militares
A religião defendia que o destino dos homens era constituam a nobreza, compondo a classe dominante. Esta
controlado pelos deuses, aos quais prestavam cultos, rezavam recebia como privilégios a isenção de impostos e o domínio
cerimonias e construíam templos em forma de pirâmides com sobre extensões de terras, das quais não era proprietária
escadarias, utilizando mão de obra camponesa recrutada de particular. Os comerciantes (denominados pochtecas) e os
forma compulsória. Ainda em função da religião, artesãos compunham a camada social intermediária. Os
desenvolveram a escultura em terracota a pintura e o comerciantes organizavam-se em corporações e detinham o
calendário cíclico, com 52 anos, Fundamentando-se em seus monopólio sobre a atividade mercantil, que era transmitida de
avançados estudos de astronomia. Com a intenção de facilitar pai para filho. Os artesãos trabalhavam com a ourivesaria e a
os cálculos, Inventaram o zero. A escrita elaborada e confecção de peças em plumas; também se organizavam em
denominada glífica e consiste em um conjunto de caracteres corporações e pagavam impostos ao Estado. A profissão era
que representam parcialmente um objeto ou algo relacionado hereditária dentro das famílias. Na base da pirâmide social,
a esse objeto. estavam os camponeses e os escravos. Os primeiros, de origem
Por volta do ano 900, iniciou-se o declínio do Império Maia asteca, deviam obrigações ao Estado, corro trabalhar em obras
que, dois séculos mais tarde passou a sofrer influência da públicas, na agricultura, pagar impostos e prestar serviço
cultura tolteca. Os toltecas originários do grupo linguístico militar. Quando casavam, recebiam um lote de terra para
naua haviam ocupado o Planalto Central Mexicano e cultivar e nos combates militares, havia a possiblidade de
transformado Tula em sua capital. Formavam uma sociedade ascensão social.
urbanizada e militarista, na qual se destacava a religião, que Os escravos, adquiridos em guerras, como pagamento de
tinha como deus principal Quetzalcoatl (serpente dívidas ou condenados por crimes, trabalhavam a terra e
emplumada). Ocorreu, então, a fusão das culturas maia e podiam ser libertados. A poligamia era admitida no grupo pelo

1 Adaptado de Silva & Costa.

Conhecimentos Específicos 1
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fato de a população masculina diminuir em períodos de O tributo em espécie não era pago diretamente ao Estado,
guerra, mas predominava a monogamia. mas este detinha o direito de requisitar a mita, paga sob a
Os astecas produziam milho, feijão, cacau e algodão, entre forma de trabalho compulsório nas minas, construção de
outros produtos. Utilizavam as chinampas e aperfeiçoaram o estradas e obras públicas, corro canais de irrigação. Na época
sistema de regadio em suas plantações. O comercio, apesar de em que a mita era requisitada, o Estado devia prover os
não ser a principal atividade econômica, também se destacava trabalhadores com víveres.
na sociedade. Esse comercia levou ao aprimoramento do O comercio também se desenvolveu com base na produção
sistema de troca, que transformou a semente de cacau em de cerâmica, tecidos e artesanato em ouro, bronze e prata
“moeda corrente”. Com a conquista incaica sobre a região do altiplano no
Sua arquitetura foi extremamente desenvolvida, século XIII, as comunidades foram subordinadas e o poder
destacando-se a construção de pirâmides, palácios e sistemas político ficou nas mãos de um imperador - Inca ou Sapa Inca -,
de irrigação, além de aquedutos. Estudavam astronomia e cuja força se fundamentava na religião e no Exército, do qual
criaram um calendário dividindo o ano em dezoito meses era o comandante supremo
(cada mês com vinte dias), mais cinco dias complementares; a Abaixo do imperador estava a nobreza, formada por seus
cada 52 anos, concluía-se um ciclo. Utilizando esse parentes, por altos funcionários do Estado e do clero e pelos
conhecimento, previam eclipses lunares e os solstícios. curacas. Em seguida vinham os artesãos, médicos, artistas,
A escrita era pictórica e hieroglífica. militares e contabilistas. Na base da pirâmide social estavam
Em 1440, Montezuma I inicia a construção de grandes os camponeses e os escravos.
aquedutos e obras para a irrigação do solo e, principalmente, a Dentro do Império, o ayllu continuou a ser a base da
organização do Império. Quando os espanhóis chegaram à organização social e administrativa sendo formado de acordo
região do Império Asteca em 1521, Montezuma II era com os laços de parentesco e chefiado pelo curaca, cujo poder
reconhecido como o único imperador, e os astecas viviam seu era transmitido hereditariamente.
momento de apogeu. Para tentar evitar os conflitos internos, graças as
conquistas sobre outros povos, os incas tomavam os filhos dos
INCAS curacas dominados como “reféns” e os enviavam a capital do
Os Incas ocuparam o território que corresponde Império para estudar, forçando a submissão dos líderes
atualmente ao Peru, Bolívia, Equador, Chile e Norte da derrotados. Administrativamente, o Império foi dividido em
Argentina. quatro partes (províncias), que eram interligadas por
Antes dos Incas, o Altiplano Andino foi calco de culturas numerosas estradas, permitindo tanto o serviço dos correios
que são denominadas pré-incaicas. Entre essas culturas, quanto a ação do Exército em caso de revolta. Mais tarde, essas
estavam a Chavin, que existiu dos séculos IX a II a.C., no norte vias acabaram facilitando o trabalho dos invasores espanhóis.
do Peru. Com a decadência dessa cultura, o Altiplano Andino Os incas dedicaram-se a astronomia, elaborando um
assistiu a um longo período em que predominaram grupos calendário que, além de marcar o tempo, servia para fazer
fragmentados e, no século VI da Era Crista, três grandes previsões astrológicas. Na religião, além do Sol, da Lua, do
culturas floresceram nessa região. Trovão e da Terra, cultuavam Vira-cocha, o "Criador do
São elas: Universo". Completando as suas cerimônias, que incluam
Império Tiahuanaco, no Altiplano boliviano, próximo ao danças e uso da chicha (espécie de cerveja feita de cereais),
Lago Titicaca; sacrificavam humanos e lhamas.
Civilização huari, na bacia do Rio do Aiacucho,
estendendo-se da região de Cuzco até a costa norte do Peru; O FEUDALISMO E A IDADE MÉDIA
Império Chimu, costa norte do Peru.
O feudalismo
Os incas constituíam um povo nômade, parte integrante do O Feudalismo, ou sistema feudal, corresponde ao modo de
grupo quíchua, da regido da Amazônia. Após sucessivas organização da vida durante a Idade Média na Europa
conquistas, os incas estenderam o seu poder sobre uma área Ocidental. Suas origens remontam à crise do Império Romano
de quase 5.200.00 km², com uma população estimada entre 3.5 a partir do século III.
milhões e 7 milhões de habitantes. A Idade Média abrange um longo período da história
Quando os espanhóis chegaram, em 1532, o Império Inca europeia, e é comum dividi-la em duas fases: Alta Idade
vivia seu auge, impressionando os espanhóis pela sua Média e Baixa Idade Média.
organização e suas imponentes obras arquitetônicas. Apesar - A Alta Idade Média, é o período que vai do século V ao
da dominação espanhola, a influência dos incas faz-se presente XI, corresponde à formação e consolidação do sistema feudal;
até hoje. No Peru, o quíchua, antiga língua dos Incas, é - A Baixa Idade Média, é o período que vai século XI ao XV,
atualmente uma das línguas oficiais do país. caracteriza-se pela crise do feudalismo e início da formação do
A base da economia Inca era a agricultura, na qual a batata sistema capitalista.
e o milho ocupavam lugar de destaque. Para ampliar a área
cultivável, faziam terraços nas regiões do Altiplano Andino, o A formação do sistema feudal tem início com a crise do
que, além de favorecer a agricultura, evitava a erosão da terra. século III do Império Romano e acentua-se no século V, com
O solo era fertilizado com guano, fertilizante natural de as invasões dos povos germânicos. A queda do escravismo, a
excremento de aves. A terra no Altiplano Andino era formação do colonato e a posterior implantação de um regime
propriedade coletiva da comunidade ayllu, que trabalhava em servil constituem o passo decisivo para a formação do sistema.
conjunto nas plantações. Por outro lado, os germanos que invadiram o Império
Urna corte da produção era recolhida aos depósitos Romano levaram consigo relações sociais comunitárias de
públicos para ser distribuída aos habitantes em tempo de crise exploração coletiva das terras e subordinação aos grandes
pelo curaca, líder local. chefes militares (comitatus). As invasões, além de despovoar
Com a chegada dos Incas e seu processo de expansão e as cidades, aumentando a população rural, dificultaram as
submissão das comunidades, as terras passaram a pertencer comunicações e provocaram o isolamento das localidades,
ao Estado e a estrutura fundiária original foi alterada. As terras forçando-as a adotar uma economia de subsistência
foram então divididas em terras da comunidade e terras do autossuficiente.
Estado, cultivadas peba membros do ayllu. O feudalismo pode ser definido de vários modos. A melhor
maneira, porém, é defini-lo conforme suas relações sociais

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básicas: relações vassálicas (entre os senhores ou nobreza), Na talha, o camponês ficava obrigado a entregar ao senhor
relações comunitárias (entre os servos) e relações servis (que feudal parte de sua produção;
ligavam o mundo dos senhores ao mundo dos servos). Nas banalidades o servo era obrigado a pagar pela
Esta última ligação se processava por meio das obrigações, utilização do moinho, do forno e demais utensílios
que resultavam das imposições feitas pelo senhor aos servos, pertencentes ao senhor.
de realizar paga mentos em produtos ou serviços, e que Mão-morta, uma espécie de taxa que o servo devia pagar
constituem a própria essência do feudalismo. Tais obrigações ao senhor feudal para permanecer no feudo quando o pai
eram costumeiras e não contratuais, como ocorre no sistema morria.
capitalista. Note-se que o servo era vinculado ao feudo, dele Tostão de Pedro (10% da produção), que o servo devia
não podendo sair. pagar à Igreja de sua região.

Os feudos Outra classe social existente no feudo era o clero, os


A posse de bens variava de acordo com as circunstâncias: membros da Igreja. Os clérigos eram os responsáveis pela
Propriedade privada, no manso senhorial (terra do transmissão religiosa e cultural. Também eram os
senhor); responsáveis pelas leis, que nesta época eram transmitidas
Propriedade coletiva, nos pastos e bosques (de uso pela interpretação religiosa. Isto tudo garantia ao clero a
comum para senhores e servos); responsabilidade pelo caráter moral da sociedade. E, não por
Propriedade dupla, isto é, copropriedade, no manso acaso, que foi neste período que a Igreja Católica se
servil. (O senhor detinha a posse legal e o servo, a posse útil da transformou na mais poderosa instituição da Idade Média. O
terra.) domínio da Igreja foi garantido por ela ser a única com acesso
Levando-se em consideração que a maior parte da ao saber. Afinal, somente os membros do clero podiam ser
produção obtida pelo servo não se conservava em suas mãos, instruídos de educação e, consequentemente, eram os poucos
pois passava para o senhor feudal, seu interesse era mínimo. que sabiam ler e escrever. O clero era sustentado pelos dízimos
Associando-se a este fato o de que os trabalhos agrícolas eram entregues à Igreja.
realizados coletivamente, tolhendo a iniciativa individual, eles A definição do bispo Adalberon de León para a sociedade
resultavam em baixo nível da técnica e pequena medieval reflete muito bem o pensamento da época, pois para
produtividade: para cada grão semeado, colhiam-se dois. Daí o o bispo “na sociedade feudal o papel de alguns é rezar, de
regime de divisão das terras cultiváveis em três campos, outros é guerrear e de outros trabalhar”. Para a Igreja
destinados alternadamente para o plantio de cereais e de medieval, cada indivíduo tinha um importante papel na
forragem, reservando-se o terceiro para o descanso (pousio). sociedade, por isso, deveria executar a sua função com zelo e
Realizava-se a rotação trienal dos campos, com vistas a gratidão como se estivesse trabalhando para o próprio Deus.
impedir o esgotamento do solo. Com isso, a Igreja garantia a manutenção da sociedade tal e
qual ela era.

A sociedade feudal
De acordo com as bases materiais descritas não havia
possibilidade de mobilidade social nos feudos. O princípio de
estratificação era o nascimento, surgindo então duas camadas
básicas: senhores e servos. Existiam também categorias As relações vassálicas
intermediárias, tais como os vilões (camponeses livres) e os O poder político no sistema feudal era exercido pelos
ministeriais (corpo de funcionários livres do senhor). senhores feudais, daí seu caráter localista. Não tendo
O número de escravos reduziu-se cada vez mais, pois não autoridade efetiva, os reis apenas aparentavam poder, pois na
havia guerras de expansão para apresá-los; além disso, a Igreja prática existia uma descentralização político-administrativa.
condenava a escravização de cristãos. Por outro lado, os vilões Impossibilitados de defender o reino, os soberanos
tendiam a se tornar servos, pois de nada lhes adiantava a delegaram essa tarefa aos senhores feudais. Por isso, e com
liberdade dentro da insegurança reinante: o fundamental era vistas a se protegerem, os senhores procuravam relacionar-se
a obtenção de proteção. diretamente por um compromisso: o juramento de fidelidade.
No topo da hierarquia social estavam os senhores feudais. O senhor feudal que o prestasse tornar-se-ia vassalo e aquele
Os senhores feudais viviam com suas famílias em casas que o recebesse seria seu suserano. Na hierarquia feudal,
fortificadas. Nas regiões mais ricas, os nobres habitavam em suseranos e vassalos tinham obrigações recíprocas, pois à
castelos. homenagem prestada pelo vassalo correspondia o benefício
Na base da sociedade feudal estavam os servos, que concedido pelo suserano. Essa relação definia-se em um rito
representavam aproximadamente 98% da população de um denominado "cerimônia de investidura" ou "cerimônia de
feudo. Os servos viviam nas terras do senhor e a ele deviam adubamento".
uma série de serviços como a corveia, a talha e as banalidades.
Na corveia o servo ficava obrigado a trabalhar nas terras A Igreja Medieval
do nobre por alguns dias da semana; Em meio à desorganização administrativa, econômica e
social produzida pelas invasões germânicas e ao

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esfacelamento do Império Romano, a Igreja Católica, com sede Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela
em Roma, conseguiu manter-se como instituição. Concordata de Worms, assinada pelo papa Calixto III e pelo
Consolidando sua estrutura religiosa e difundindo o imperador Henrique V. Adotou-se uma solução de meio termo:
cristianismo entre os povos bárbaros. caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos
Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja (representada pelo báculo), isto é, antes de assumir a posse da
passou a exercer importante papel em diversos setores da vida terra de um bispado, o bispo deveria jurar fidelidade ao
medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da imperador.
fragmentação política da sociedade feudal.
Os sacerdotes da Igreja era divididos em duas categorias: Inquisição
Clero secular (aqueles que viviam no mundo fora dos Nos países cristãos, nem sempre a fé popular manifestava-
mosteiros), hierarquizado em padres, bispos, arcebispos etc. se nos termos exatos pretendidos pela doutrina católica. Havia
Clero regular (aqueles que viviam nos mosteiros), que uma série de doutrinas, crenças e superstições, denominadas
obedecia às regras de sua ordem religiosa: beneditinos, heresias, que se chocavam com os dogmas da Igreja.
franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos. Para combater essas heresias, o papa Gregório IX criou, em
No ponto mais alto da hierarquia eclesiástica estava o 1231, os tribunais da Inquisição, cuja missão era descobrir e
papa, bispo de Roma, considerado sucessor do apóstolo Pedro. julgar os heréticos. Os condenados pela inquisição eram
Nem sempre a autoridade do papa era aceitar por todos os entregues às autoridades administrativas do Estado, que se
membros da Igreja, mas em fins do século VI ela acabou se encarregavam da execução das sentenças. As penas aplicadas
firmando, devido, em grande parte, à atuação do papa Gregório a cada caso iam desde a confiscação de bens até a morte em
Magno. fogueiras.
Além da autoridade religiosa, o papa contava também com O processo inquisitorial cumpria basicamente as seguintes
o poder temporal da Igreja, isto é, o poder advindo da riqueza etapas: o tempo de graça, o interrogatório e a sentença.
que acumulara com as grandes doações de terras feitas pelos
fiéis em troca da salvação. A vida cultural
Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar Quando se compara a produção cultural da Idade Média
um terço das terras cultiváveis da Europa Ocidental. com a Antiguidade ou a Modernidade, ela é considerada
O papa, desde 756, era o administrador político do tradicionalmente um período de trevas. Ao longo do tempo,
Patrimônio de São Pedro, o Estado da Igreja, constituído por esse conceito tem sofrido algumas revisões, graças à
um território italiano doado pelo rei Pepino, dos francos. reabilitação da Idade Média por certos autores que nela
O poder temporal da Igreja levou o papa a envolver-se em encontram as raízes culturais do Mundo Moderno e - num
diversos conflitos políticos com monarquias medievais. sentido mais imediato - do Renascimento.
Exemplo marcante desses conflitos é a Questão da Também é importante lembrar que a Igreja foi a grande
Investiduras, no século XI, quando se chocaram o papa mantenedora da cultura durante o Período Feudal, apesar de o
Gregório VII e o imperador do Sacro Império Romano fazer de forma que justificasse suas ideias e dogmas. O
Germânico, Henrique IV. privilégio da leitura e da escrita também estava vinculado à
Igreja.
A Questão das Investiduras e o Movimento Reformista Já na crise do feudalismo, com a expansão comercial e a
A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a criação das universidades, o pensamento filosófico
quem caberia o direito de nomear sacerdotes para os cargos desenvolveu-se, surgindo, então, a escolástica ("filosofia da
eclesiásticos, ao papa ou ao imperador. escola"), produzida por São Tomás de Aquino, autor da Suma
As raízes desse conflito remontam a meados do século X, Teológica. O ideal tomista era conciliar o racionalismo
quando o imperador Oto I, do Sacro Império Romano aristotélico com o espiritualismo cristão, harmonizando fé e
Germânico, iniciou um processo de intervenção política nos razão.
assuntos da Igreja a fim de fortalecer seus poderes. Fundou
bispados e abadias, nomeou seus titulares e, em troca da A baixa Idade média e as mudanças na sociedade
proteção que concedia ao Estado da Igreja, passou a exercer Feudal
total controle sobre as ações do papa. Na Baixa Idade Média, ocorreu a transição para o sistema
Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um capitalista. Ao mesmo tempo, surgiram novas classes sociais,
clima crescente de corrupção, afastando-se de sua missão principalmente a burguesia, que auxiliou a realeza no processo
religiosa e, com isso, perdendo sua autoridade espiritual. As de centralização política.
investiduras (nomeações) feitas pelo imperador só visavam os A questão fundamental para entender as mudanças
interesses locais. Os bispos e os padres nomeados colocavam durante a Baixa Idade Média é a crise do feudalismo. A
o compromisso assumindo com o soberano acima da produção feudal era baseada no trabalho servil, sendo limitada
fidelidade ao papa. e estática, o que, por sua vez, representava o baixo nível de
No século XI surgiu um movimento reformista, visando técnica do sistema feudal.
recuperar a autoridade moral da Igreja, liderado pela Ordem No século XI, cessaram as ondas invasoras, criando uma
Religiosa de Cluny. Os ideais dos monges de Cluny foram certa estabilidade na Europa, além de condições de segurança
ganhando força dentro da Igreja, culminando com a eleição, em para o aumento da circulação de mercadorias. Houve uma
1073, do papa Gregório VII, antigo monge daquela ordem maior redistribuição da produção, gerando um crescimento
reformista. demográfico que não foi acompanhado pelo aumento da oferta
Eleito papa, Gregório VII tomou uma série de medidas que de empregos e alimentos.
julgou necessárias para recuperar a moral da Igreja. Instituiu Com o aumento da circulação de mercadorias e a
o celibato dos sacerdotes (proibição de casamento), em 1074, introdução de novos artigos de luxo, os senhores feudais
e proibiu que o imperador investisse sacerdotes em cargos passaram a ter necessidade de aumentar as suas rendas. Para
eclesiásticos, em 1075. Henrique IV, imperador do Sacro obter mais recursos, eles eram obrigados a aumentar as
Império, reagiu furiosamente à atitude do papa e considerou- obrigações dos servos, que, pressionados, partiam para as
o deposto. Gregório VII, em resposta, excomungou Henrique cidades em busca de uma vida melhor. A solução para a crise
IV. Desenvolveu-se, então, um conflito aberto entre o poder seria a substituição do regime de trabalho servil pelo trabalho
temporal do imperador e o poder espiritual do papa. assalariado, porém essa mudança incentivou a evolução do

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modo de produção feudal para o capitalista, o que não seria acentuou-se, principalmente depois das cruzadas. Ao voltarem
viável num curto período. das batalhas em terras orientais, os cruzados traziam consigo
Dessa forma, a crise do feudalismo ocorreu pela produtos de luxo, como tapetes persas, porcelanas chinesas,
incapacidade da antiga estrutura econômica de sustentar as tecidos finos ou especiarias (temperos como cravo, canela e
mudanças, o que foi gerando uma nova organização do modo pimenta), que atraíam a população europeia, proporcionado o
de vida. Renascimento do Comércio.
A crise do sistema feudal deu origem a um processo de Por haverem estabelecido feitorias nessas regiões mais
marginalização social, quer pela fuga dos servos, quer pelos afastadas, os europeus abriram um novo eixo comercial
deserdamentos ocorridos na camada senhorial. Essa ligando o Ocidente ao Oriente. As principais rotas de comércio
marginalização trouxe como consequência o aumento da eram feitas pelo mar Mediterrâneo e estavam sob o controle
belicosidade, marcada por assaltos e sequestros a ricos de cidades como Gênova, Veneza, Pisa, Constantinopla,
cavaleiros. Barcelona e Marselha. No mar Báltico e no mar do Norte, o
A Igreja Católica, para tentar conter a crise, propôs a "Paz domínio ficava por conta de cidades como Hamburgo, Bremen
de Deus" (proteção aos cultivadores, viajantes e mulheres) e a e pela região de Flandres (Países Baixos).
"Trégua de Deus" (na qual os dias para realizar guerras
ficavam limitados a 90 por ano). Porém, essa intervenção da Burgos e burgueses
Igreja não foi suficiente para conter a crise e a violência Com a retomada do comércio, muitos europeus deixaram
feudais. o campo e foram viver dentro dos burgos - vilas fortificadas
com muralhas, construídas entre os séculos IX e X e
As Cruzadas posteriormente abandonadas -, onde esperavam encontrar
Como as tentativas anteriores não obtiveram o resultado melhores condições de vida. Em pouco tempo, contudo, esses
esperado, a Igreja propôs as Cruzadas, uma contraofensiva da lugares tomaram-se pequenos e as pessoas viram-se obrigadas
cristandade diante do avanço do Islã. A Europa, que, entre os a se instalar do lado de fora de suas muralhas.
séculos VIII e XI, não teve condições de reagir contra os árabes, Essa população, formada principalmente por artesãos,
passava a reunir nesse momento as condições necessárias: operários e comerciantes, acabou dando origem a novos
- Mão-de-obra militar marginalizada e ociosa; burgos em vários pontos da Europa. Seus habitantes, por
- Controle espiritual e religioso que a Igreja exercia sobre oposição aos nobres que viviam em castelos, ficaram
o homem medieval, que o levou a crer na necessidade de conhecidos como burgueses.
resgatar o Santo Sepulcro e combater o infiel muçulmano; O aumento do comércio e do volume de negociações gerou
- Poder papal que se fortalecera quando Gregário VII uma nova necessidade: a padronização de unidades de valor.
impôs sua autoridade a Henrique IV, na Querela das O uso de moedas tornou-se essencial, substituindo o escambo
Investiduras: ou troca de mercadorias. Com a criação das moedas, surgiram
-A Igreja do Ocidente pretendia a reunificação da também primeiras casas bancárias, responsáveis pelas
cristandade, quebrada pelo Cisma de 1054; operações de câmbio e empréstimos a juros. Toda essa
- O desejo do imperador de Constantinopla em afastar o dinâmica fez com que o dinheiro passasse a ganhar
perigo que os muçulmanos representavam; importância e a terra e a produção agropecuária deixassem de
- Para Urbano II, o papa do exílio imposto pela Querela das ser a base da riqueza na Europa.
Investiduras, convocar as Cruzadas demonstrava prestígio e Com o aumento do comércio, e, consequentemente, dos
autoridade perante toda a Igreja. lucros, os mercadores e banqueiros conquistavam
maior status social e passaram a ansiar pelo poder político. A
Em 1095, durante Concílio de Clermont, Urbano II burguesia ganhava prestígio e espaço, aproximando-se dos
convocou a cristandade para uma guerra santa contra o Islã. reis e emprestando-lhes dinheiro em troca de medidas
Foram realizadas oito Cruzadas, entre 1095 e 1270. políticas favoráveis ao comércio. Ao mesmo tempo, os
Apesar da mobilização realizada pelas Cruzadas, elas são senhores feudais viam-se envolvidos em dívidas, muitas delas
consideradas um insucesso, que se deve em primeiro lugar ao decorrentes das altas despesas com as Cruzadas.
caráter superficial da ocupação. A presença cristã no Oriente
Médio não criou raízes entre as populações locais. Outra razão Humanismo
foi a anarquia feudal, que enfraquecia as colônias militares Além dos empreendimentos comerciais, o maior contato
estabelecidas em território inimigo. A luta fratricida foi uma entre os burgueses e os monarcas financiou o surgimento de
constante entre as ordens religiosas e os cruzados latinos. novas universidades. Com a expansão comercial surgiu a
necessidade de formar pessoas que entendessem de direito e
Consequências das Cruzadas comércio. Com a criação das universidades, a difusão do
As Cruzadas não se limitaram às expedições ao Oriente. Ao conhecimento deixou de ser algo exclusivo da Igreja, e o ensino
mesmo tempo, os reinos ibéricos de Leão, Castela, Navarra e tomou-se laico, voltado cada vez mais para questões
Aragão começavam a Reconquista da Península Ibérica contra mundanas.
os muçulmanos. A ofensiva teve início com a tomada da cidade As aulas voltaram-se para os textos clássicos,
de Toledo, em 1036, e concluiu-se, em 1492, com a tomada de principalmente os dos gregos e romanos, e as atenções dos
Granada. A vitória dos italianos sobre os muçulmanos no Mar estudiosos dirigiam-se a diversas áreas do saber e das artes.
Tirreno e norte da África fez com que as cidades italianas Iniciava-se o Humanismo, movimento cultural que viria a
iniciassem o seu domínio sobre o Mediterrâneo, lançando as influenciar a Europa por quase três séculos. Até então
sementes do comércio e do capitalismo. As relações entre hegemônico, o pensamento da Igreja passou a ser questionado
Ocidente e Oriente foram redinamizadas depois de séculos de por religiosos e filósofos leigos.
bloqueio, e as mercadorias orientais se espalhavam pela
Europa. O contato com o Oriente trouxe o conhecimento de Guerra, fome e peste
novas técnicas de produção, fabricação de tecidos e O crescimento que a Europa obteve nos séculos anteriores
metalurgia. sofreu um forte golpe no século XIV. As mudanças climáticas
geraram um grave colapso no abastecimento agrícola e, apesar
O Renascimento do Comércio dos diversos avanços tecnológicos verificados no campo, como
As transformações econômicas e sócias entre os séculos XI a invenção da charrua, da ferradura, a difusão dos moinhos
e XIV na Europa foram imensos. A crise do feudalismo de vento, a produção não era suficiente para abastecer a

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população europeia, que duplicou entre o ano 1000 e o ano (C) surgiu como consequência da crise do modo de
1300, levando boa parte da população a passar fome. produção asiático;
Entre 1346 e 1352, o continente foi assolado pela Peste (D) entrou em crise após o surgimento do comércio;
Negra, uma epidemia decorrente das péssimas condições de (E) apresentava uma considerável mobilidade social.
higiene das cidades, transmitida ao ser humano através das
pulgas dos ratos-pretos ou outros roedores, matando cerca de 05. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o
30 milhões de pessoas, mais de um terço da população ponto de vista político, foi o enfraquecimento do Estado
europeia na época. A situação ficou ainda mais grave depois enquanto instituição, porque:
que a nobreza da França e Inglaterra deram início à (A) a inexistência de um governo central forte contribuiu
chamada Guerra dos Cem Anos, conflito que se estendeu de para a decadência e o empobrecimento da nobreza;
1337 a 1453 provocando grande número de mortos em ambos (B) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os
os países. Outras guerras ocorreram também na Península feudos, enfraquecendo o poder político dos senhores;
ibérica, na Itália e na Alemanha. (C) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal,
tais como a fidelidade e a lealdade ao suserano;
Questões (D) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus
súditos onerava-lhe as rendas;
01. (FGV) "A palavra 'servo' vem de 'servus' (latim), que (E) a competência política para centralizar o poder,
significa 'escravo'. No período medieval, esse termo adquiriu reservada ao rei, advinha da origem divina da monarquia.
um novo sentido, passando a designar a categoria social dos
homens não livres, ou seja, dependentes de um senhor. (...) A Respostas
condição servil era marcada por um conjunto de direitos
senhoriais ou, do ponto de vista dos servos, de obrigações 01. E/02. C/03. B/04. B/05. C.
servis". (Luiz Koshiba, "História: origens, estruturas e
processos") Revolução Industrial
Assinale a alternativa que caracterize corretamente uma
dessas obrigações servis: A revolução industrial é um dos momentos de maior
(A) Dízimo era um imposto pago por todos os servos para importância e influência sobre o modo de vida das sociedades
o senhor feudal custear as despesas de proteção do feudo. atuais. Ela marca a passagem e as transformações sociais
(B) Talha era a cobrança pelo uso da terra e dos ocorridas primeiramente na Europa e que se espalharam pelo
equipamentos do feudo e não podia ser paga com mercadorias restante do mundo, principalmente a passagem da sociedade
e sim com moeda. rural para a sociedade urbana e a transformação do trabalho
(C) Mão morta era um tributo anual e per capita, que recaía artesanal e manufatureiro para o trabalho assalariado e a
apenas sobre o baixo clero, os vilões e os cavaleiros. organização fabril.
(D) Corveia foi um tributo aplicado apenas no período A Revolução Industrial normalmente é dividida em três
decadente do feudalismo e que recaía sobre os servos mais fases:
velhos.
(E) Banalidades eram o pagamento de taxas pelo uso das A Primeira Fase que vai de 1760 a 1850,
instalações pertencentes ao senhor feudal, como o moinho e o predominantemente na Inglaterra, quando surgiram as
forno. primeiras maquinas a vapor;
A Segunda Fase que vai de 1830 a 1900 e marca a difusão
02. (Fatec-SP) Uma das características a ser reconhecida da revolução por países europeus como Bélgica, França,
no feudalismo europeu é: Alemanha e Itália, além dos Estados Unidos e Japão. Durante
(A) A sociedade feudal era semelhante ao sistema de esse período surgem formas alternativas de energia, como a
castas. hidrelétrica e motores de combustão interna, movidos a
(B) Os ideais de honra e fidelidade vieram das instituições gasolina e diesel.
dos hunos. A Terceira Fase começa em 1900, caracterizada pela
(C) Vilões e servos estavam presos a várias obrigações, inovação nas comunicações e o aumento da produção em
entre elas o pagamento anual de capitação, talha e massa.
banalidades.
(D) A economia do feudo era dinâmica, estando voltada O que é Industrialização?
para o comércio dos feudos vizinhos. A industrialização pode ser entendida como a
(E) As relações de produção eram escravocratas. transformação de matérias-primas para serem consumidas e
utilizadas pelo ser humano.
03. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se A transformação de matérias-primas em produtos através
caracterizava pela: da utilização de maquinas é conhecida como maquinofatura.
(A) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores de A transformação manual é conhecida como manufatura e
terras; existe também o artesanato, em que o processo de produção
(B) relação direta entre posse dos feudos e soberania, é efetuado por uma única pessoa do início ao fim. O processo
fragmentando-se o poder central; artesanal também pode ser conhecido como indústria
(C) relação entre a vassalagem e suserania entre doméstica.
mercadores e senhores feudais; A manufatura é um estágio mais avançado, em que
(D) absoluta descentralização administrativa, com numerosos trabalhadores dividem um mesmo espaço,
subordinação dos bispos aos senhores feudais; possuem funções definidas e são coordenados por um chefe
(E) existência de uma legislação específica a reger a vida de que gerencia a produção.
cada feudo. A maquinofatura e a manufatura possuem diferenças em
relação às maquinas e ferramentas que são utilizadas.
04. (UNIP) O feudalismo:
(A) deve ser definido como um regime político
centralizado;
(B) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil;

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APOSTILAS OPÇÃO

O algodão mostrou-se uma alternativa mais atraente para


os comerciantes ingleses, devido à sua abundancia de
produção nas colônias britânicas no Oriente e nos Estados
Unidos, que ainda pertenciam à Inglaterra. Como não havia
regulamentação sobre o comercio do algodão e a mão-de-obra
disponível juntamente com a matéria-prima era
extremamente atraente do ponto de vista econômico, os
esforços empresariais concentraram-se nessa área.
Toda essa rede de comercio e produção garantiu para a
Inglaterra o acumulo de capital, ou seja os recursos
necessários para investir e aumentar a produção industrial.
Além do capital, outros fatores ajudaram a Inglaterra a
destacar-se como pioneira na revolução industrial como o
A imagem mostra crianças trabalhando um uma fábrica. O aluguel de terras produtivas, o lucro obtido na venda de
trabalho infantil era comum até o início do século XX e ainda matérias primas e a elevação constante de preços, que
existe em várias partes do mundo. garantiam uma grande margem de lucro para os comerciantes.
Com uma grande quantidade de capital disponível era possível
Um dos elementos marcantes da revolução industrial foi a fazer empréstimos que possuíam juros baixos, o que permitia
passagem da indústria doméstica para a manufatura. Mas fazer investimentos e empréstimos a longo prazo, em produtos
como isso aconteceu? e maquinas que levavam um longo tempo para garantir
Quando os artesões não conseguiam competir com o preço retorno e compensação financeiros.
dos produtos no mercado, passava a trabalhar para um grande A Inglaterra possuía além de fatores econômicos e sociais
comerciante, que normalmente é dono dos meios necessários necessários para a criação de industrias, elementos minerais
para a produção, como maquinas e ferramentas que aceleram que eram utilizados na construção das maquinas: Ferro e
a transformação de matéria prima em produtos. Ao trabalhar Carvão.
para esse comerciante o artesão torna-se um empregado, que A existência de ferro e carvão no país colaboraram para as
agora recebe um salário fixo por seus serviços. invenções que ajudaram a mudar a indústria. A criação de
Como começou? mecanismos que aumentavam determinada etapa da
produção obrigava outros setores a buscar alternativas para
Para entender a revolução industrial é preciso entender as acompanhar o ritmo de produção, transformando-se em um
mudanças ocorridas na Inglaterra a partir do século XVIII e o ciclo de desenvolvimento industrial, gerados através da busca
restante da Europa no século XIX. pela produção.
Um dos fatores que colaborou com a Revolução Industrial
é a melhoria de condições de higiene e alimentação, Confira as principais invenções que ajudaram no
garantindo uma maior longevidade, que aumentava o desenvolvimento da indústria:
consumo de produtos e também disponibilizava mão-de-obra
para o trabalho na indústria. Lançadeira volante
As revoluções inglesas que ocorreram no século XVIII
colocaram o poder político da Inglaterra nas mãos da
burguesia capitalista. Seu interesse no desenvolvimento
econômico colaborou para a organização do sistema de
circulação de mercadorias através da abertura de canais,
estradas, portos e comercio exterior. Além disso os impostos
foram organizados.
A subida da burguesia ao poder colaborou para o processo
de cercamento de terras baldias e terras de uso comum, o que
extinguiu os yeomen, que formavam uma classe de pequenos
proprietários e trabalhadores rurais que sobreviviam do
cultivo de terras arrendadas e da utilização de das áreas
comuns. Com as terras que eram utilizadas pelos yeomen
confiscadas pelo governo, muitos trabalhadores rurais
acabaram migrando para as cidades em busca sobrevivência,
onde acabavam tornando-se empregados nas manufaturas.
A religião teve um importante papel para a mentalidade e Criada em 1733 pelo Maquinista, engenheiro e inventor
economia na Inglaterra. O Puritanismo é uma concepção da fé inglês John Kay, que permitia tecer com mais velocidade. Sua
cristã que surgiu na Inglaterra, criada por grupos protestantes invenção provocou um desequilíbrio na produção, já que os
radicais após as reformas que ocorreram no país. Inspirados fios começaram a ficar mais escassos. Antes de sua introdução
pelo calvinismo, tinham a crença da acumulação, poupança e os tecidos eram produzidos manualmente, o que consumia
enriquecimento, que eram vistos como demonstrativos da bastante tempo de uma pessoa. Com a lançadeira volante o
salvação. tempo de produção se tornava mais eficiente, já que uma
Além disso, durante muito tempo, os ingleses pessoa era capaz de produzir o tecido quatro vezes mais
desenvolveram sua maneira de fazer comercio e sua rápido, porem utilizando mais material, o que exigia uma
agricultura. O comercio foi expandido em escala mundial, maior demanda de matéria-prima.
criando um grande mercado que pudesse comprar seus
produtos e absorver sua produção de produtos
industrializados, em especial o algodão.
Antes do algodão, a lã foi o produto de investimento dos
industriais ingleses. Percebendo sua importância, o poder
político da época buscou protegê-la através do regulamento de
sua produção e comercio com uma legislação rígida.

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APOSTILAS OPÇÃO

Spinning Jenny Tear mecânico

O tear mecânico foi uma das tentativas de aumentar a


Em 1764 o Carpinteiro, fiandeiro e inventor britânico tecelagem. Foi criado em 1785 por Edmund Cartwright, que
James Hargreaves inventou uma máquina que aumentou a apesar de não ter emplacado comercialmente seu invento,
produção de fios, a Spinning Jenny. A máquina era uma roca de serviu de inspiração para outras maquinas parecidas.
fiar capaz de produzir diversos fios ao mesmo tempo, porém
seus fios se tornavam quebradiços e dificultavam a tecelagem. Máquina a vapor

Water frame Aperfeiçoada pelo matemático e engenheiro escocês


James Watt, foi essencial para a tecnologia que seria depois
utilizada pela indústria e para a criação de locomotivas.

A industrialização e o trabalho

Para suprir a grande produção e atender o mercado


consumidor, as fabricas precisavam de mão-de-obra para
operar a produção. Se antes os trabalhadores, principalmente
artesãos, trabalhavam em suas casas, agora o trabalho era
concentrado no ambiente das fabricas. Para conseguir lucros
as fabricas precisavam produzir em larga escala, o que
barateava a produção. Não fazia sentido a utilização de
recursos imensos como maquinas a vapor e represamento de
Richard Arkwright produziu em 1769 uma máquina capaz rios para a utilização de energia hidráulica para produzir
de produzir fios mais grossos. Sua grande vantagem era a pouco.
utilização de força d’água para funcionar, o que reduzia seu Outra grande mudança para os trabalhadores era a relação
custo de operação. entre o tempo e o trabalho. Para produzir com eficiência as
fabricas precisavam organizar seus funcionários, seja em
Mule turnos ou escalas, que garantam que a produção nunca pare ou
caia, o que ajudava a maximizar os lucros e evitar prejuízos, é
ai que entra o conceito de tempo. Até o período anterior à
revolução industrial era comum que pessoas trabalhassem
sem horários ou dias fixos, normalmente até obter o
necessário para os gastos da semana ou semelhante.
Com o trabalho concentrado nas fabricas e a necessidade
de manter a produção, era agora essencial que os
trabalhadores cumprissem horários determinados de entrada
e saída de seus postos de serviço. O relógio popularizou-se, já
que era necessário para garantir a rotina imposta pela fábrica.
Com a introdução da maquinofatura outro importante
aspecto ganha forma: a separação entre trabalhador e meio de
produção. Como assim?
Antes da Revolução Industrial um artesão era capaz de
produzir com suas próprias ferramentas. Com o trabalho nas
indústrias e o custo dos equipamentos, o trabalhador agora
A Mule foi uma combinação das invenções Spinning Jenny utilizava os meios de produção, mas não os possuía. Se antes
e Water frame. Criada por Samuel Crompton em 1779, a da Revolução industrial um fabricante de tecidos utilizava seus
máquina era movida pela força d’água e possuía a capacidade equipamentos como a roca de fiar, agora ele dependia de
de fabricar fios mais finos porém resistentes, o que gerou um equipamentos sofisticados para tornar seus produtos
grande aumento na produção de fios e o acumulo nas competitivos. O preço desses equipamentos normalmente
tecelagens que precisavam adaptar-se novamente para atingiam valores altos, que poucas pessoas poderiam pagar.
garantir a oferta de produtos. Como não possuía os meios necessários para produzir de
maneira competitiva, a pessoa acabava tornando-se
funcionário de uma empresa, e a partir daí utilizar os meios de
produção. Com essa mudança a sociedade divide-se em duas
categorias: quem possuía os meio de produção, capital,

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APOSTILAS OPÇÃO

matéria prima e equipamentos – uma pequena minoria; e as Suas exigências eram:


pessoas que vendiam sua força e capacidade de trabalho para
o primeiro grupo em troca de um salário. -voto universal;
As mudanças que ocorriam no século XVIII não agradaram -igualdade entre os distritos eleitorais;
a todos. Muitos artesãos e trabalhadores ficaram insatisfeitos -voto secreto por meio de cédula;
com as rotinas de trabalho de impostas. Não era nada -eleição anual;
incomum existirem jornadas de trabalho de 14 a 16 horas -pagamento aos membros do Parlamento;
diárias em condições extremamente desfavoráveis e -abolição da qualificação segundo as posses para a
arriscadas como o barulho incessante de maquinas e o participação no Parlamento;
trabalho repetitivo a que se sujeitavam para receber baixos
salários. A situação era ainda mais complicada no caso de O movimento cartista buscava melhorias nas condições
mulheres e crianças, que recebiam uma quantia menor, dos operários, que mesmo após quase cem anos do início da
independentemente do nível de trabalho executado em Revolução Industrial ainda eram péssimas. Possuiu uma
relação aos homens. grande adesão da população e é considerado o primeiro
O desemprego era algo que assombrava as pessoas. Com a grande movimento tanto de classe como de caráter nacional
grande leva de camponeses que buscavam oportunidade nos que lutava contra a condição social na Grã Bretanha. A
centros industriais, a concorrência aumentava, com os donos intenção era de que a Carta do Povo fosse aprovada pelo
de fabricas dando preferência para a mão-de-obra barata e parlamento inglês, de maneira a garantir os direitos
abundante que vinha do campo. Além disso muitos perdiam reivindicados. O parlamento não só rejeitou a carta como
empregos quando as fabricas atingiam excessos de produção, perseguiu os líderes e simpatizantes do movimento, com a
que paralisava as atividades. intenção de acabar com sua influência.
A concentração em grandes centros também prejudicava Apesar dos esforços do parlamento, o movimento exerceu
aqueles com pouco poder aquisitivo. Nas regiões grande influência no operariado, tanto inglês como
industrializadas a população crescia em ritmo acelerado, internacional e conseguiu convocar para 1848 uma grande
chegando a cidade a possuir mais de 1 milhão de habitantes mobilização que estimava reunir 500 mil trabalhadores e
antes do século XIX. O crescimento da população nem sempre pressionar o parlamento. Apesar do fracasso da mobilização
era acompanhado pela oferta de moradia, o que gerava por conta de uma grande tempestade, diversas leis
alugueis com altos preços e aglomeração de pessoas em trabalhistas foram criadas para beneficiar os trabalhadores.
pequenos espaços, muitas vezes abrigando diversas famílias.
Nessa época a Inglaterra dividia-se em dois contextos: a As Trade Unions
Inglaterra Negra, que era dominada por industrias, instaladas Como maneira de conseguir melhores condições de
principalmente onde havia disponibilidade de carvão, em trabalho, muitos trabalhadores partiram para a formação de
geral no norte e oeste do país, e a Inglaterra Verde no sul e associações e clubes para lutar por seus direitos. Entre as
sudeste, que era responsável pela agricultura e pastoreio. primeiras organizações desse tipo surgiu o clube dos
tecedores e artesãos na Inglaterra na primeira metade do
Movimentos organizados século XVIII e que teve uma curta duração, pois assim que seus
As dificuldades enfrentadas levaram à criação de membros atingiram os objetivos desejados foi dissolvido.
movimentos organizados de trabalhadores que reivindicavam Em várias partes da Inglaterra, em especial nas cidades
melhores condições de remuneração e segurança no trabalho. com grande concentração de indústrias como Lancashire,
Entre os movimentos de reinvindicação que ocorreram no Yorkshire e Manchester, diversas sociedades de trabalhadores
século XVIII, o Ludismo possui grande importância. (conhecidas como Trade Unions) começam a aparecer com o
Os ludistas eram contra a mecanização e a industrialização objetivo de promover ajuda mútua entre os trabalhadores.
da produção e do trabalho. Ficaram famosos por quebrarem É claro que os patrões ficaram atentos ao movimento dos
maquinas em indústrias têxteis. Seus membros acreditavam trabalhadores e também se organizaram para conter as
que as maquinas tiravam o trabalho das pessoas e que era revoltas. Uma das formas de protesto mais prejudiciais para a
necessário acabar com elas para garantir empregos para a indústria, até hoje, eram as greves. Com trabalhadores
população. Apesar do movimento ludista ter durado pouco paralisados em manifestações e protestos, as maquinas
tempo (Entre 1811 e 1812) ele teve uma grande repercussão paravam e portanto não produziam, o que afetava os lucros. De
e serviu de inspiração para movimentos posteriores. Entre os olho em formas de conter tanto greves como associações, os
atos mais notáveis de seus participantes está a invasão empresários e patrões tiveram que recorrer à influência que
noturna na manufatura de William Cartwright que ficava no possuíam no governo da Inglaterra. Em 1799 uma lei foi criada
condado de York, durante abril de 1812. 64 pessoas foram para proibir as associações de trabalhadores, que foi
acusados de participar da invasão e julgadas um ano depois. derrubada pela oposição forte que eles conseguiram fazer.
Dentre as penas sofridas, 13 pessoas foram condenadas à pena Além de leis também era utilizada a violência para conter o
de morte, sob o crime de atentado contra a manufatura de aumento de associações de trabalhadores. Apesar da grande
Cartwright e duas pessoas foram deportadas para as colônias disputa entre os dois lados, em 1824 as leis que proibiam as
britânicas. associações foram revogadas.
O termo Ludismo ainda hoje é utilizado para referir-se a
pessoas que são contra o desenvolvimento tecnológico e Outros países na disputa
industrial. Seu nome deriva do nome de um operário chamado
Ned ludd, que supostamente teria quebrado as maquinas de Durante mais de 50 anos, desde 1760 até 1930, a
seu patrão. A história serviu de inspiração para que outras Revolução Industrial ocorreu praticamente na Inglaterra, que
pessoas aderissem a essa ideia. fez o possível para manter as maquinas e técnicas de produção
O Cartismo foi outro movimento importante, que ocorreu em seu território. Apesar de toda a legislação e proibições,
nas décadas de 1830 e 1840 na Inglaterra. Sua origem vem da muitos fabricantes tinham interesse em expandir seus
carta escrita pelo radical William Lovett, que ficou conhecida negócios.
como Carta do Povo, documento que continha as Em 1807 William Cockrill criou fabricas para a produção
reivindicações do grupo. de tecidos na Bélgica, que se desenvolveram com bastante
eficiência, já que além do interesse também haviam ferro e
carvão disponíveis em quantidades satisfatórias.

Conhecimentos Específicos 9
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APOSTILAS OPÇÃO

A França passava por um período turbulento na época, O Fordismo tem como características: produção em série
com o fim da Revolução Francesa. Além disso havia uma e a introdução de linhas de produção mecanizadas. É famosa a
tradição da pequena indústria no país juntamente com a frase de seu idealizador Henry Ford quando se referia ao seu
produção de artigos de luxo. Somente após 1848 a indústria famoso automóvel, o Ford T: “Quanto ao meu automóvel, as
começa a desenvolver-se timidamente e com uma política pessoas podem tê-lo em qualquer cor, desde que seja preta!”.
protecionista de mercado, ou seja, com o impedimento de Acontece que, para a Linha de Produção Fordista, a cor preta é
importações e o incentivo de exportação de produtos o que secava mais rápido.
franceses. No Taylorismo existe o controle da produtividade dos
Tanto Itália como Alemanha começam a desenvolver suas operários através da análise técnica de seus gestos e
industrias após 1870, quando os países terminam seus movimentos diante das maquinas.
processos de unificação. As grandes inovações e novas invenções que surgiam
Fora da Europa os Estados Unidos foram o único país a quase diariamente tornavam cada vez mais difícil os
desenvolver com êxito a Revolução Industrial, com uma investimentos feitos por uma única pessoa. Nesse contexto os
grande produção de artigos manufaturados no fim do século bancos ganham muito destaque, lucrando através de
XIX empréstimos e de ações de empresas na bolsa de valores. Você
sabe como funciona a bolsa de valores?
A segunda Revolução Industrial
A bolsa de valores é o mercado organizado onde se
No final do século XIX novas tecnologias propiciaram o que negociam ações de sociedades de capital aberto (públicas
ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial ou ou privadas) e outros valores mobiliários, tais como as
Revolução Tecno-científica. A produção agora não estava opções
restrita somente a tecidos e produtos do gênero, com o Tudo começa quando uma empresa decide lançar ações
investimento em pesquisa e produção em outras áreas e a ao público. Essa iniciativa é conhecida como abrir o capital.
descoberta de novas fontes de energia e transporte. Com o capital aberto, novos acionistas são atraídos e
No setor energético duas mudanças foram significativas: injetam dinheiro na empresa. Em caso de lucro, todos
a utilização de produtos derivados do petróleo e a energia ganham. Se houver prejuízo, as perdas também são
elétrica. Edwin Drake perfurou o primeiro poço de petróleo divididas proporcionalmente. Para participar das apostas
em 1859, no estado da Pensilvânia. A técnica utilizada por na bolsa, a companhia precisa credenciar-se em uma
Drake foi desenvolvida a partir das técnicas de exploração das corretora de valores. Essas instituições estão por trás de
minas de sal. A descoberta de uma maneira viável de extrair o todas as negociações, fazendo as transações para quem
petróleo ajudou a expandir sua utilização em vários setores quer investir em ações e mantendo a bolsa financeiramente.
industriais.
O dínamo industrial também foi um passo muito Neste período as práticas monopolistas também se
importante e marcou a passagem da utilização do carvão para intensificaram. As consequências foram o acumulo de capital
a energia elétrica, que se mostrava mais barata e eficiente. O nas mãos de poucos grupos ou pessoas. Assim surge o que
dínamo é um aparelho que gera corrente contínua, ficou conhecido como capitalismo financeiro ou
convertendo energia mecânica em eléctrica, através de monopolista.
indução eletromagnética. O monopólio é a pratica de dominação do mercado
A descoberta de novas técnicas para a produção de aço, através do controle de um determinado produto. Além do
como o processo de Bessemer na Inglaterra possibilitou a monopólio outras práticas surgiram e se fortaleceram:
criação de maquinas mais resistentes. A indústria química Cartel: O cartel é um acordo entre empresas
também se desenvolveu e possibilitou a criação de novos independentes com a finalidade de criar uma ação coordenada
ramos de produção como tintas, corantes, fertilizantes e para o estabelecimento de preços. Atualmente no Brasil a
munições. prática de cartel é considerada uma atividade criminosa, e
Os transportes se desenvolveram em grande escala com a como exemplo é possível citar os carteis em redes de postos de
invenção e aprimoramento de maquinas a vapor, com combustível.
destaque para a locomotiva criada na Inglaterra em 1814 e o Dumping: O dumping é a pratica da venda de produtos a
navio a vapor em 1805 nos Estados Unidos. A criação de um preço artificialmente baixo, para eliminar a concorrência e
meios de transporte mais rápidos e eficientes possibilitou uma voltar a praticar preços mais altos.
melhor movimentação no transporte de cargas e produtos, Holding: O holding é a pratica de uma empresa controlar
deixando de depender de condições climáticas e naturais. Um as ações de diversas outras empresas.
exemplo são os trilhos da locomotiva que estavam sempre no Sociedades anônimas: são um tipo de sociedade em que
mesmo lugar e evitavam que ela atolasse ou tivesse que parar o capital é dividido em ações que podem ser livremente
durante a viagem. Os navios também não dependiam mais da negociáveis.
força dos ventos para navegar. Truste: É a fusão de empresas que visam obter controle
Outras invenções que revolucionaram o setor de sobre alguma atividade econômica.
transportes foram o avião, no início do século XX e motor de
combustão interna, que popularizou a utilização do automóvel A Terceira Revolução Industrial
como meio de transporte.
As comunicações passaram por grandes mudanças A Terceira Revolução Industrial ocorre após o termino da
durante o período e permitiram o contato entre duas pessoas Segunda Guerra Mundial, em meados de 1940. Sua principal
a uma longa distância através de mensagens em tempo real. característica é o uso de tecnologias avanças para a produção
Em 1837 Samuel Morse inventou o telégrafo nos Estados industrial e teve como líder os Estados Unidos e ajudou o país
Unidos e ao longo do século XIX a colocação de cabos a firmar-se como grande potência econômica.
submarinos permitiram a ligação telegráfica entre os Estados As fontes de energia passam a ter importância maior ainda
Unidos e a Europa. e começa a busca por fontes alternativas como a energia
O trabalho também passou por diversas mudanças que nuclear e eólica.
buscavam aumentar a eficiência e os lucros das empresas A tecnologia tem papel fundamental na para a Terceira
através da organização da produção. O fordismo e o Revolução Industrial. Sua utilização vem sendo cada vez mais
taylorismo foram as duas principais ideias adotadas. explorada e comercializada.

Conhecimentos Específicos 10
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APOSTILAS OPÇÃO

Uma grande mudança proporcionada pela tecnologia é a 03. São razões para a ocorrência da Revolução Industrial,
disputa com a mão-de-obra humana. Linhas de produção que teve como berço a Inglaterra:
passaram a dispensar trabalhadores e substitui-los por (A) forte envolvimento britânico nas guerras continentais
maquinas que conseguem fazer o serviço com mais rapidez e em consequência da sua localização.
precisão e abrir o leque de industrias ainda mais, com (B) os "cercamentos" que ampliaram as áreas de cultivo
destaque para a Biotecnologia e a Nanotecnologia. agrícola.
No cenário mundial surgem outras potências tecnológicas (C) rede fluvial limitada.
como a Alemanha, o Japão e a China. A globalização é um (D) riqueza abundante do subsolo, com a presença de
fenômeno bem característico do período, com a produção de ferro, estanho, carvão dentre outros minerais.
produtos com peças que são fabricados em diversas partes do (E) alta concentração de camponeses nas áreas rurais.
mundo.
Com o grande investimento e desenvolvimento da 04. Leia os dois textos seguintes.
tecnologia, ela passa a ser cada vez mais acessível para as "No Ocidente Medieval, a unidade de trabalho é o dia [...]
pessoas, o que revolucionou novamente os meios de definido pela referência mutável ao tempo natural, do levantar
comunicação com a produção em massa e de baixo custo de ao pôr-do-sol. [...] O tempo do trabalho é o tempo de uma
telefones celulares, computadores pessoais, notebooks, tablets economia ainda dominada pelos ritmos agrários, sem pressas,
e smartfones. sem preocupações de exatidão, sem inquietações de
Questões produtividade".
(Jacques Le Goff. "O tempo de trabalho na 'crise' do século
01. "As primeiras máquinas a vapor foram construídas na XIV".)
Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada "Na verdade não havia horas regulares: patrões e
nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos, muitos administradores faziam conosco o que queriam. Normalmente
tecidos. Graças às máquinas a vapor, a produção de os relógios das fábricas eram adiantados pela manhã e
mercadorias ficou muito maior." atrasados à tarde e em lugar de serem instrumentos de medida
(Schmidt, Mário. "Nova História Crítica". São Paulo: Nova do tempo eram utilizados para o engano e a opressão".
Geração, 2002). (Anônimo. "Capítulos na vida de um menino operário de
O texto citado refere-se: Dundee", 1887.)
(A) à Revolução Francesa Entre as razões para as diferentes organizações do tempo
(B) à Revolução Industrial do trabalho, pode-se citar:
(C) à Revolução Gloriosa (A) a predominância no campo de uma relação próxima
(D) ao Renascimento entre empregadores e assalariados, uma vez que as atividades
(E) à Revolução Russa agrárias eram regidas pelos ritmos da natureza.
(B) o impacto do aparecimento dos relógios mecânicos,
02. "Um fato saliente chamou a atenção de Adam Smith, ao que permitiram racionalizar o dia de trabalho, que passa a ser
observar o panorama da Inglaterra: o tremendo aumento da calculado em horas no campo e na cidade.
produtividade resultante da divisão minuciosa e da (C) as mudanças trazidas pela organização industrial da
especialização de trabalho. Numa fábrica de alfinetes, um produção, que originou uma nova disciplina e percepção do
homem puxa o fio, outro o acerta, um terceiro o corta, um tempo, regida pela lógica da produtividade.
quarto faz-lhe a ponta, um quinto prepara a extremidade para (D) o conflito entre a Igreja Católica, que condenava os
receber a cabeça, cujo preparo exige duas ou três operações lucros obtidos a partir da exploração do trabalhador, e os
diferentes: colocá-la é uma ocupação peculiar; prateá-la é industriais, que aumentavam as jornadas.
outro trabalho. Arrumar os alfinetes no papel chega a ser uma (E) a luta entre a nobreza, que defendia os direitos dos
tarefa especial; vi uma pequena fábrica desse gênero, com camponeses sobre as terras, e a burguesia, que defendia o
apenas dez empregados, e onde consequentemente alguns êxodo rural e a industrialização.
executavam duas ou três dessas operações diferentes. E
embora fossem muito pobres, e portanto mal acomodados com 05. A Revolução Industrial, iniciada na segunda metade do
a maquinaria necessária, podiam fazer entre si 48.000 século XVIII, gerou profundas transformações, econômicas e
alfinetes num dia, mas se tivessem trabalhado isolada e sociais.
independentemente, certamente cada um não poderia fazer Entre essas transformações, pode-se apontar
nem vinte, talvez nem um alfinete por dia." (A) a retração do mercado consumidor nos países
FARIA, Ricardo de Moura et all. "História". Vol. 1. Belo industrializados.
Horizonte: Lê, 1993. [adapt.]. (B) a superação do conflito capital-trabalho em face dos
O documento sobre a Revolução Industrial, na Inglaterra, acordos sindicais.
(A) relaciona a divisão de trabalho com a alta (C) a dominação de todas as etapas da produção pelo
produtividade, situação bem diferente da produção artesanal trabalhador.
característica da Idade Média. (D) a proliferação do trabalho doméstico nas áreas mais
(B) enfatiza o trabalho em série e as condições do mecanizadas.
trabalhador nas fábricas, reforçando a importância das leis (E) a redução dos preços ampliando o mercado
trabalhistas, no início da Idade Moderna. consumidor.
(C) demonstra que a produtividade está diretamente
relacionada ao número de empregados da fábrica, ao contrário Respostas
das Corporações de Ofício, em que a produção artesanal
dependia do mestre. 01. B/02. A/03. D/04. C/05. E.
(D) destaca a importância da especialização do trabalho
para o aumento da produtividade, situação semelhante à que
ocorria nas Corporações de Ofício, de que participavam
aprendizes, oficiais e mestre.
(E) evidencia as ideias fisiocráticas e mercantilistas, ao
realçar a divisão do trabalho, características marcantes da
Revolução Comercial.

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APOSTILAS OPÇÃO

A maior baixa argentina ocorreu em 2 de maio: longe da


zona de conflito, o cruzador General Belgrano foi torpedeado
Os conflitos mundiais e os
por um submarino britânico de propulsão atômica e afundou,
processos de democratização matando 368 homens.
e redemocratização. Em 4 de maio, a resistência aérea argentina conseguiu uma
vitória a oeste das Malvinas ao atingir o destroier Sheffield,
matando 20 homens. Nos dias seguintes, ataques argentinos
afundam mais quatro navios. Mas as baixas não conseguiram
Os conflitos do final do Século XX - a Guerra das
impedir o avanço da moderna esquadra britânica, que se
Malvinas, a Guerra Irã-Iraque (1980 - 1989), ‘), a Guerra
aproximava cada vez mais das ilhas Malvinas
Civil no Afeganistão (1989 - 2001), a Guerra do Golfo
(1991), a Guerra do Chifre da África (1977 - 1988); a
O avanço britânico foi consolidado em 21 de maio, com um
Guerra Civil na Somália (1991); o 11 de Setembro de
desembarque anfíbio na costa norte da ilha Malvina Oriental.
2001 e a nova Guerra no Afeganistão
Enfrentando tropas mal preparadas e com armas antiquadas,
os britânicos capturam povoados menores, como Goose Green,
Guerra das Malvinas
até cercarem a capital, Stanley. Em 14 de junho, os argentinos
se rendem e a guerra acaba.
As ilhas Malvinas formam arquipélago localizado a 480
O saldo final do conflito resultou em 750 mortos do lado
quilômetros da costa Argentina. Em 1833, uma expedição
argentino e 256 mortos do lado britânico, com um profundo
britânica, invadiu as Ilhas do Atlântico Sul. A partir de então, a
sentimento de derrota que perdura até a atualidade.
Argentina reclamou em várias oportunidades a soberania das
Ilhas Malvinas – Falklands para os britânicos.
Guerra Irã x Iraque (1980-1988)
Apesar das reclamações argentinas sobre a posse das ilhas,
seu controle permaneceu por mais de um século com os
O conflito entre Irã e Iraque teve início em 22 de setembro
britânicos, até que em 1982 os argentinos resolveram retomar
de 1980, apresentando como justificativa a partilha das águas
as ilhas com o uso da força.
do Estreito do Chatt-el-Arab. Na verdade, as hostilidades entre
No princípio de 1982, o regime militar argentino estava
os dois países datam de uma época anterior.
chegando ao seu fim, e contestava-se o caráter e a legitimidade
do poder dos militares. O regime militar estava desgastado
politicamente devido às atrocidades contra os direitos
humanos bem como pelos erros repetitivos de ordem político
e econômico.
Com a tentativa de desencadeamento de uma contenda,
cuja emotividade patriótica pudesse aglutinar em torno da
junta militar e sua representatividade um certo respaldo
social, a fim de se manter interinamente no governo e
conseguir assim “limpar” a imagem que estava totalmente
deteriorada e desfocada, o governo argentino define um
ambicioso plano de tomada das ilhas Geórgias e Sandwich do
Sul, nome pelo qual os inglês as denominam.
O ataque é lançado em 2 de abril de 1982, em uma
operação conjunta das forças área, naval e do exército. Porém,
a desastrosa ação militar desempenhada pelo alto comando
militar argentino, tanto na parte logística de sua ação militar
Fonte:
não obteve o resultado esperado, gerando na verdade o efeito
https://historiablog.files.wordpress.com/2008/10/conflito_o
oposto.
ri_medio_mapa1.gif
O conflito nas Malvinas, apesar de sua pequena extensão
territorial, exigia que as forças militares envolvidas estivessem
Durante o século XX, o Irã conviveu com um governo
preparadas para enfrentar o clima hostil marcado por nevadas
totalitário controlado diretamente pela dinastia Reza Pahlevi.
e chuvas constantes. A primeira invasão realizada pelos
Durante a década de 1930, esse novo governo decidiu se
argentinos foi vitoriosa e resultou no controle de Port Stanley,
afastar da influência política dos russos e britânicos para
que, com a conquista, mudaram o nome da cidade para Puerto
empreender uma aproximação com o regime totalitarista dos
Argentino. Enquanto o regime propagandeava sua vitória na
alemães. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939 -
mídia, os ingleses tentaram negociar uma retirada pacífica dos
1945), o posicionamento político iraniano acabou sofrendo a
militares argentinos.
oposição das tropas aliadas, que decidiram invadir o país
Mediante a negativa do governo Galtieri, a primeira-
árabe.
ministra britânica Margaret Thatcher ordenou a preparação
Com isso, ocorreu um processo de renovação política no
das forças britânicas para um conflito contra os argentinos. A
Irã que veio a colocar esse país em proximidade com os países
evidente superioridade bélica inglesa poderia antever o
ocidentais. Contudo, a predominância religiosa xiita organizou
resultado deste conflito. Após uma fase de relativo equilíbrio
um forte movimento de oposição que veio a lutar contra o
entre as forças militares envolvidas na guerra, o lado britânico
processo de ocidentalização das práticas e instituições do país.
colocou em ação a chamada Operação Sutton, enviando um
No ano de 1977, esse movimento conseguiu promover o
grande número de armas e fuzileiros para participar da guerra.
retorno do conservador aitaolá Ruholá Khomeini, que viria a
Os números estavam totalmente contra os argentinos: o
transformar o país em um Estado teocrático.
exército britânico possuía quase três vezes mais soldados em
A consolidação de um novo governo no Irã repercutiu na
relação ao exército argentino (28 mil contra 10 mil), além de
influência dos Estados Unidos no Oriente Médio e também
um estoque maior e mais sofisticado de armamentos.
representou uma ameaça ao Iraque, país vizinho. Ao cortar
relações com os Estados Unidos, os americanos perderam no
Irã um importante aliado e também um grande fornecedor de
petróleo.

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APOSTILAS OPÇÃO

A busca pela retomada do controle americano sobre a Os Mujahedins


região convergiu com os interesses expansionistas do ditador
iraquiano Saddam Hussein, que recebeu apoio militar para a Os mujahedins formaram o principal grupo de oposição ao
empreitada. governo central. Eram unidades de guerrilheiros, alguns deles
Outros motivos ainda podem ser lembrados, como o desejo dissidentes das forças armadas afegãs, porém a maioria era
do Iraque de recuperar terras perdidas para o Irã em 1975; a formada por civis, em geral agricultores, pastores,
questão do separatismo curdo, que sempre foi um ponto de comerciantes ou inimigos do governo socialista.
desacordo entre os dois países; a preocupação do governo de O que unia os mujahedins era o fundamentalismo islâmico,
Bagdá com a evolução do Islamismo xiita em seu território, o razão inclusive que os motivou no combate.
ódio pessoal de Khomeini contra o Iraque, de onde foi expulso Assim que o governo assumiu o poder, uma série de
em seu exílio. reformas contrárias aos ensinamentos do corão foi posta em
Enquanto os iranianos realizavam ataques contra a ação prática, o que significava, para os mujahedins, um sacrilégio,
intervencionista do regime de Saddam Hussein, os EUA e vindo de um governo blasfemador, que deveria ser destituído
outras nações árabes de orientação sunita apoiaram e dar lugar a um regime teocrático, um califado muçulmano no
militarmente as forças iraquianas. Nesse meio tempo, a Afeganistão, organizado com base na Sharia.
minoria curda que vivia no Iraque aproveitou do período Sharia é um termo árabe que significa "caminho", mas, que
instável para guerrear contra Hussein na esperança de historicamente, dentro da religião islâmica, tem sido
estabelecer um governo independente na região. Contudo, o continuamente empregado para se referir ao conjunto de leis
reforço bélico estrangeiro serviu para promover o genocídio da fé, compreendida pelo Alcorão, a Suna (obra que narra a
dessa minoria. vida do profeta Maomé), além de sistemas de direito árabe
A deflagração desse conflito paralelo permitiu que os mais antigos, tradições paralelas, e trabalho de estudiosos
iranianos resistissem durante oito anos contra as intenções muçulmanos ao longo dos primeiros séculos do Islã.
políticas e econômicas de seus principais inimigos. O
prolongamento das lutas acabou desgastando os dois lados do A retirada soviética
conflito e com isso, seguindo a orientação da ONU, assinaram
um cessar-fogo que preservou os mesmos limites territoriais A retirada soviética ocorre em 1988 e 1989. A retirada
anteriores à guerra. Dessa maneira, mais de 700 mil vidas ocorreu pela resistência dos mujahedin (guerrilheiros
foram ceifadas para que não houvesse nenhum tipo de islâmicos apoiados pelos EUA, Paquistão e Irã).
alteração que acabasse com o impasse. O “Vietnam” da URSS foi visto pelo Ocidente como uma
Depois disso, vários países árabes decidiram se operação expansionista de Moscou em direção a sul, para uma
reaproximar do governo iraniano, respeitando seu regime e área de grande importância estratégica. Com a eleição de
seus governantes. Por outro lado, Saddam Hussein acabou Ronald Reagan, em 1980, os Estados Unidos lançaram a
perdendo o apoio militar dos EUA que também desistiram de Iniciativa de Defesa Estratégica, ou Guerra das Estrelas,
intervir indiretamente no cenário político do Oriente Médio. forçando a URSS a entrar nessa corrida aos armamentos. No
terreno afegão, a guerrilha também impunha fortes custos
Guerra do Afeganistão financeiros e milhares de mortos ao regime soviético
A invasão soviética do Afeganistão, foi um conflito armado
A União Soviética invadiu o Afeganistão a 24 de dezembro de nove anos entre tropas soviéticas, que apoiavam o governo
de 1979, fator que acirrou a disputa com os EUA, no contexto marxista do Afeganistão, e insurgentes mujahidin afegãos, que
da Guerra Fria. procuravam derrubar o regime comunista no país. A União
Em 1919 o Afeganistão foi reconhecido pela Grã-Bretanha Soviética apoiou o governo, enquanto que os rebeldes
como Estado independente e Amanullah Khan tornou-se rei. receberam apoio dos Estados Unidos, do Paquistão e de outros
Durante a década de 1920, o país passou por uma série de países muçulmanos. O conflito coincidiu no tempo com a
reformas e medidas de modernização, entre as quais a Revolução Iraniana. As primeiras tropas soviéticas a entrar no
educação para as mulheres, o que acabou provocando revoltas Afeganistão chegaram em 25 de dezembro de 1979. A retirada
internas. final começou em 15 de maio de 1988 e foi concluída em 15 de
Apesar da forte oposição de grupos tradicionais durante o fevereiro de 1989.
reinado de Zahir Shah, o programa de modernização foi Durante os nove anos de guerra no Afeganistão, a União
intensificado e, em 1946, o Afeganistão passou a fazer parte da Soviética perdeu quinze mil soldados.
Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1973, o rei Zahir Além dos Estados Unidos, participaram da ofensiva contra
Shah foi derrubado e proclamou-se a República do a Rússia, Irã, Arábia Saudita, Egito e Paquistão, que declararam
Afeganistão. uma guerra santa contra os comunistas ateus. Esses países
Em 1973, a república é proclamada por Daud Khan, que passaram a enviar mais insurgentes islâmicos para o
seria deposto e morto em 1978. No mesmo ano, após o violento Afeganistão, o que intensificou o conflito e exauriu as forças
golpe de Estado, um Conselho Revolucionário tomou o poder, russas.
dando início a um programa socialista que provocou a ira de
parte dos muçulmanos ao ponto de levá-los à resistência A Guerra Civil
armada. Um militar chamado Mohammad Taraki (deposto e
fuzilado, em 1979) toma o poder e implanta um governo com Em 1989 a União Soviética retira-se do Afeganistão. Após a
partido único e dentro dos moldes comunistas. Em 1979, dá- saída dos soviéticos o governo continua sendo fortemente
se a ocupação soviética, que tinha interesses estratégicos, atacado pelos mujahidin. Mesmo após a retirada, a URSS
entre eles o de aproximar suas fronteiras do mar e proteger, continua auxiliando os comunistas afegãos com apoio
com maior eficácia, as fronteiras do sul e apoiar o regime pró- financeiro e bélico. Os esforços conjuntos dos dois países tem
comunista, afastando a ameaça de que o país caísse nas mãos fim quando um dos principais generais do governo, Abdul
do fundamentalismo islâmico. Rashid Dostum, passa para o lado dos mujahidin.
Em 1992, divergências internas provocaram a cisão dos
mujahidin. Gulbuddin Hekmatyar foi apontado como o
responsável por um devastador ataque de foguetes contra
Cabul, e Dostum começou a atacá-lo. Os confrontos destruíram
grande parte de Cabul.

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O Talibã A Guerra do Golfo teve início em agosto de 1990, quando o


ditador iraquiano Saddam Hussein acusou o Kuwait praticar
O movimento Talibã, com características de milícia, surge uma política de super-extração de petróleo causando uma
em 1994, no sul do país, apoiado pelo Paquistão. A milícia tem queda nos preços e prejudicando a economia iraquiana.
origem nas tribos que vivem na fronteira entre esses dois Saddam também ressuscitou problemas antigos e exigiu
países e se formou após a ocupação soviética do Afeganistão e indenização. Como o Kuwait não aceitou foi invadido por
durante o governo dos também rebeldes mujahedins. A milícia tropas iraquianas.
invadiu a capital Cabul e tomou o poder, governando o país de Aparentemente era mais uma das diversas tensões do
1996 até a invasão americana, em 2001. Apesar de ter sido Oriente Médio. Em 1991, se dá a invasão iraquiana de 100 mil
destituído do governo formal, o grupo continuou sendo soldados no Kuwait. Boa parte da família real kuwaitiana
influente. Para tentar desestabilizar o inimigo, o grupo utiliza conseguiu fugir. Somente a força aérea do Kuwait demonstrou
táticas de guerrilha e ataques de homem-bomba. A alguma resistência durante a ocupação.
característica principal do grupo é ter uma interpretação A força do corpo de elite iraquiana era tão grande que nem
muito rígida dos textos islâmicos, incluindo proibição à cultura se pode dizer que foi uma guerra, mas sim uma manobra
ocidental e a obrigação ao uso da burka pelas mulheres militar. Com isso o Kuwait foi anexado ao Iraque como a 19ª
O movimento islâmico Talibã se propunha a implantar a lei província do país. Veio da ONU a primeira reação concreta, um
islâmica no país, desagregado pela queda do regime embargo econômico contra o Iraque. O que significava que os
comunista. Era composto por jovens treinados em escolas países não podiam comprar do Iraque nem vender para ele.
religiosas islâmicas rurais, surgidas ao longo da década de A atitude de Saddam mobilizou o mundo e diversas nações,
1980. Estas escolas haviam sido berço de militantes que lideradas pelos EUA, se uniram para tentar reverter esse
lutaram contra a ocupação soviética no país. quadro. A ONU fixou o prazo de 15 de janeiro de 1991 para que
Seu governo tem-se caracterizado por uma aplicação as forças iraquianas se retirassem do Kuwait. Passado o tempo
rígida da lei islâmica. Decretos do Ministério da Virtude e dado pela ONU para a desocupação, as forças aliadas deram
Supressão do Vício impuseram leis que incluem: início à Operação Tempestade no Deserto, em 17 de janeiro de
Uma rígida segregação das mulheres. As meninas são 1991. Foi o maior aparato militar colocado em operação desde
impedidas de cursar a escola. Mulheres que trabalhavam em a Segunda Guerra Mundial. Consistindo primordialmente em
hospitais e escolas foram mandadas de volta para casa e ataques aéreos e no lançamento de mísseis de cruzeiros,
obrigadas a cobrir-se dos pés à cabeça. durante a Tempestade no Deserto foram realizadas mais de
Os homens são obrigados a deixar a barba crescer. A 116 mil viagens de ataque ao Iraque, a partir das quais foram
televisão está proibida, assim como a música ocidental e os lançadas mais de 85 mil toneladas de bombas.
jogos de azar. As salas de cinema foram fechadas e a imprensa Buscando envolver outros países árabes no conflito, os
que não foi proscrita teve que banir das páginas fotos e iraquianos atacaram Israel com mísseis scund, de fabricação
imagens. soviética. Tendo em vista a ideia de que se Israel respondesse
As punições para qualquer tipo de transgressão incluem ao ataque, provavelmente os outros países árabes iriam apoiar
açoites em praça pública para os que consumirem álcool, a o Iraque e se retirariam da aliança anti-Iraque. No entanto, a
amputação de membros para os culpados de roubo e morte diplomacia e o dinheiro norte-americano foram fundamentais.
por apedrejamento para os adúlteros. Pois com isso os EUA conseguiram convencer Israel de não
Apesar de ter sido denunciado por organizações contra-atacar e premiaram-no com baterias antimísseis
internacionais de direitos humanos, o novo regime solicitou o patriot.
reconhecimento da comunidade internacional, com o Em 28 de fevereiro, o presidente americano George Bush
argumento de que havia restaurado a ordem na maior parte do declarou o cessar fogo, porém o Iraque só o aceitou em abril.
solo afegão. O conflito resultou em centenas de mortes, dentre elas
Os talibãs provocaram mais protestos mundiais ao civis e militares. Milhares de mísseis foram usados e o mundo
promulgar uma lei que obrigava outros grupos étnicos, como presenciava, pela primeira vez, uma guerra com a cobertura
os hindus, a usar um broche que os identificassem. Outra onda total da mídia.
de protestos surgiu após os talibãs terem dado ordem para Após a guerra, os prejuízos foram enormes. O Kuwait
destruir esculturas de Buda em todo o país. Entre elas estavam perdeu quase 10 bilhões de dólares com a queda da produção
duas gigantescas estátuas no vale de Bamiyan, próximo a de petróleo, mas voltou a ser independente. O Iraque sofreu
Cabul, talhadas em pedra há mais de 1.500 anos. Uma delas, de sanções econômicas e os EUA conseguiram despertar o ódio
53 metros de altura, era a maior representação de Buda já em mais gente.
construída. Ambas foram explodidas em março de 2001. A Em relação à perda de vidas humanas, entre 60 mil e 200
razão para a destruição de uma parte da herança cultural afegã mil soldados iraquianos pereceram no conflito. Do lado aliado,
é a proibição islâmica de adoração de ídolos. 148 soldados caíram em batalha e outros 145 morreram em
outras situações, como ataques realizados por engano nas
Guerra do Golfo próprias tropas aliadas.
Outro fato marcante da Guerra do Golfo foi o desastre
ambiental causado pela queima de centenas de poços de
petróleo que resultou em uma intensa poluição do ar, que se
espalhou por milhares de quilômetros. Foram necessários dez
meses para que o fogo fosse apagado. Milhões de barris de
petróleo foram despejados no Golfo Pérsico, resultando na
contaminação das águas do Oceano Índico e na zona costeira
do Kuwait, além da morte de milhares de espécies animais que
habitavam a região.

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A Guerra do Chifre da África Após a revolução Etíope ocorrida em 1974, que derrubou
o imperador Haile Selassié, Siad Barre aproveitou-se desse
O chamado Chifre da África também conhecido como período de instabilidade interna no país vizinho e aumentou
Nordeste Africano e algumas vezes como península Somali, é a significativamente o apoio aos grupos guerrilheiros
região mais oriental do continente africano, sendo formada nacionalistas que lutavam pela autonomia da região do
por quatro países: Etiópia, Eritreia, Somália e Djibuti. As Ogaden, entre os quais o mais forte e bem organizado
paisagens dominantes são de deserto e semideserto, com movimento de libertação, a Western Somali Liberation Front
exceção do sul da Etiópia e da Somália, onde o clima é menos (WSLF) visando a desestabilização do novo regime.
seco. Em julho de 1977, de certa forma encorajada pela Arábia
Saudita, Egito, EUA e Sudão, a Somália invadiu a região do
Ogaden com um efetivo aproximadamente de 35 mil soldados
em apoio aos guerrilheiros da WSLF que contavam com 15 mil
combatentes.
Alguns meses antes da inclusão do conflito armado entre
os dois aliados da União Soviética na região na época e logo no
início da guerra, os Soviéticos tentaram mediar a agitação por
meios pacíficos enviando conselheiros militares à região, entre
eles Fidel Castro, onde propuseram uma solução negociada ao
conflito. A URSS propôs uma confederação entre os Estados do
Chifre da África que formalmente se definiam como Socialista,
Etiópia, Eritréia e a Somália. A proposta foi rejeitada por Siad
Barre.
Em um primeiro momento, a ocupação foi bem-sucedida,
as tropas Somalis e os combatentes da WSLF conseguiram
A região do Ogaden, hoje sob soberania da Etiópia foi o vitórias significativas, chegaram a ocupar 90% do deserto do
principal motivo de discórdia entre a Etiópia e a Somália desde Ogaden.
os finais do século XIX. A disputa foi intensificada com a guerra A virada veio quando a União Soviética e demais aliados
de 1977-1978, que foi diferente e mais complexa de todos os deixaram de apoiar a Somália e passaram a apoiar a Etiópia.
confrontos anteriores envolvendo os dois países. Assim, aproximadamente 16.000 soldados Cubanos foram
enviados à Etiópia, e o fluxo de armamentos aumentou
consideravelmente.
O Exército Nacional da Somália perdeu a guerra, quando
um completo bloco oriental (composta por Cuba, Alemanha
Oriental, Líbia, Iêmen do Sul e exército da União Soviética)
uniram-se para a causa etíope.
Além de sair derrotada no conflito, a Somália também
perdeu seu maior fornecedor de armas e se viu isolada na
região, pois a maioria dos vizinhos apoiaram a Etiópia,
principalmente o Quênia, país com a qual a Somália também
possui disputa territorial á várias décadas. Durante o Conflito
o Governo Queniano permitiu que Etiópia recebesse armas
através do seu território e fechou o seu espaço aéreo para as
aeronaves militares Somalis.
Depois dessa derrota, em março de 1978, Barre ordenou a
A guerra foi o primeiro conflito interestatal ocorrido no
retirada das suas forças do Ogaden, porém a WLSF continuou
continente após a Segunda Guerra Mundial, Além disso, a
com as suas ações de guerrilha na região.
guerra Etíope-Somali estava inserida dentro da lógica dos
Os dois países só vieram assinar o acordo de paz dez anos
conflitos da Guerra Fria envolvendo a disputa das duas
depois, em 1988.
superpotências (URSS e EUA) pelas áreas de influências, já que
a posição geográfica estratégica dos dois países conferia-lhes
Guerra Civil da Somália
grande relevância no contexto da guerra fria.
A Somália manteve relações estreitas com a União
Após a derrota para a Etiópia na Guerra do Ogaden, a
Soviética desde a revolução ocorrida no país em 1969 e em
Somália entrou em um processo de crises do qual não
1974 foi assinado um tratado de cooperação e amizade entre
conseguiu se recuperar, tornando inevitável a queda do
os dois países, com o oferecimento equipamentos militares,
regime político imposto por Siad Barre em 1991, o que deu
assistência técnica e treinamentos para o exército Somali, por
origem a uma sangrenta guerra civil que perdura até a
parte dos soviéticos, que em troca receberiam parte do
atualidade.
território somali para instalações de bases de apoio naval.
As consequências da derrota para a Etiópia foram
Já a Etiópia, até a revolução ocorrida em 1974 era o
desastrosas para o regime. A população passou a perder a
principal aliado dos Estados Unidos na região e continuou
confiança no governo, dificultando a obtenção de apoio
sendo até 1977, porém a partir de 1974 o país começou uma
popular; a perda da União Soviética como aliado externo
aproximação com a União Soviética e em 1977 rompeu as
deixou um grande espaço vago, que os Estados Unidos não
relações com os Estados Unidos, tornando-se o maior aliado
conseguiram preencher de imediato, e inicialmente se
dos Soviéticos no chifre da África.
reservaram a um relacionamento cuidadosa e limitada com o
Depois de conduzir os problemas internos mais urgentes,
regime Barre; Por fim, o exército estava enfraquecido tanto
Siad Barre, presidente da Somália desde 1969, voltou a
tecnicamente como moralmente.
atenção para os problemas externos do país, particularmente
Uma outra grande consequência do conflito foi o aumento
com os seus vizinhos. O objetivo de reunir todos os territórios
no número de refugiados da etnia somali, de quase 1 milhão de
Somali sobre uma única bandeira “a grande Somália” foi o
pessoas, o que abalou o já frágil sistema econômico do país.
principal impulso da política externa de Barre na época.

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Na tentativa de reverter essa situação caótica e visando Em 2004, uma nova reunião tentou reatar o diálogo entre
atrair a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), Barre os clãs e os grupos armados para a formação de um
abandonou formalmente o Socialismo em 1980. Apesar da parlamento capaz de reorganizar a nação somali. A partir de
mudança, o resultado esperado não foi alcançado e o país então, a influência e a predominância da religião muçulmana
passou a depender de ajuda externa. A Somália passou a acabou estabelecendo a adoção de leis islâmicas para todo o
década de 80 recebendo doações e empréstimos flexíveis do território. Entretanto, o alcance da paz foi novamente
Banco Mundial e do FMI e ajuda alimentar através da USAID. ameaçado quando os grupos islâmicos armados do país
O regime de Siad Barre começou a enfrentar opositores, resolveram declarar guerra a Etiópia, país vizinho apoiado
principalmente dentro do exército, que mostrou sinais de pelos Estados Unidos.
agitação e indisciplina dentro do corpo dos oficiais. Logo após A invasão das tropas etíopes acabou aprofundando o caos,
a Guerra do Ogaden um grupo oficiais liderados pelos Coronéis a miséria e a fome que se arrastam entre a população somali.
Mahammad Shaykh Usmaan e Abdullahi Yusuf Ahmed tentou Somente em 2008, um acordo de cessar fogo conseguiu
derrubar Barre do poder, porém foram duramente reprimidos. empreender a paz entre os dois países. Em janeiro de 2009, a
Em 1988, após uma investigação iniciada pelo Congresso completa saída da Etiópia do país foi seguida pela organização
Americano sobre a violação dos direitos humanos na Somália, de um novo Parlamento agora tomado pela oposição islâmica
particularmente a violenta repressão aos movimentos moderada. Ainda hoje, o novo governo enfrenta a ação das
opositores no norte do país, levou os Estados Unidos a milícias islâmicas de orientação radical, como o a do grupo Al
suspender toda ajuda militar ao país. Poucos meses depois, Shabab.
com o fim da Guerra Fria já evidente, a região perdeu o
interesse dos norte-americanos, e toda a ajuda financeira foi Ataques de 11 de setembro
retirada, deixando o país à beira de uma guerra civil.
Após a perda do auxílio externo, a oposição armada Na manhã de 11 de setembro de 2001, dois aviões
ganhou força e começou a conquistar territórios importantes comerciais colidiram com o World Trade Center, símbolo do
no norte e no sul do país. Em 1990 o governo controlava poder econômico dos Estados Unidos, um avião colidiu com o
apenas 10% de todo o território nacional, com sinais de que a Pentágono, centro do comando militar do país e um não
queda do regime era inevitável. alcançou seu destino, supostamente a Casa Branca. Os aviões
Em Setembro do mesmo ano durante um encontro na foram sequestrados por membros do grupo terrorista Al
Etiópia, os líderes dos três maiores grupos insurgentes (USC, Qaeda, sob a liderança de Osama Bin Laden, e foram
SNM e SPM) acordaram em coordenar as suas estratégias para causadores da morte de 2996 pessoas, incluso aí os 19
depor barre. Dessa forma, percebendo a vulnerabilidade do sequestradores dos aviões. A maior consequência dos ataques
regime, as forças rebeldes sob o comando da USC, liderada por foi a destruição das torres gêmeas, localizadas na cidade de
Mohamed Farah Aidid invadiram a capital Mogadíscio no Nova York.
início de janeiro de 1991. Depois de duas semanas de intenso Os motivos que levaram ao atentado devem ser analisados
confronto entre USC e as tropas governamentais, Said Barre pela política externa dos Estados Unidos quanto aos países do
perseguido pelas forças do General Aidid fugiu da capital em Oriente Médio. O governo norte-americano, por possuir a
26 de janeiro de 1991. maior economia do mundo a partir do século XX, realizou uma
A deposição de Barre, realizada sem um projeto de estratégia de intervenção nos assuntos políticos de países
governo definido para substituí-lo, gerou um caos vulneráveis economicamente. Uma dessas estratégias foi o
generalizado no país, e a região sul e central do país incluindo apoio a regimes ditatoriais em diversos países, como nos casos
a capital Mogadíscio transformaram-se num violento campo do Egito e da Líbia.
de batalha com diversos grupos extremamente armados O financiamento de regimes ditatoriais em alguns países
lutando entre si visando o controle de territórios e busca pelo árabes foi motivado por razões econômicas. Os Estados Unidos
poder. procuravam consolidar sua influência política fornecendo
Conhecidos como “warlords” (senhores da guerra), esses apoio bélico a líderes políticos locais. Alguns especialistas
grupos se dividem em três principais facções: o Movimento afirmam que o interesse do governo norte-americano estava
Nacional Somali (SNM), o Movimento Patriótico Somali (SPM) no controle de regiões com reservas petrolíferas, uma vez que
e o Congresso Somali Unido (USC). Tendo cada um dos eles são os maiores consumidores desse produto.
“warlords” reivindicando o poder para si, o cenário político A ação norte-americana na região não foi encarada como
somaliano mergulhou em uma profunda crise em que positiva por grupos que faziam oposição às lideranças locais
nenhuma autoridade central ou conciliadora tivesse em diversos países árabes que recebiam apoio econômico dos
capacidade de alcançar a estabilidade nacional. norte-americanos. Para os fundamentalistas islâmicos, o
interesse dos Estados Unidos em financiar regimes ditatoriais
Não bastando isso, em maio de 1991, os clãs do norte se no Oriente Médio era de massacrar a população islâmica em
unificaram e declararam a sua independência com a formação seu próprio território.
da República da Somalilândia. Mesmo sem reconhecimento O atentado do dia 11 de Setembro chocou a humanidade
internacional, essa região acabou firmando a sua autonomia devido ao uso de extrema violência. As consequências desse
com uma forma de governo própria. Em meio a crise política, a fatídico dia foram a Guerra do Afeganistão em 2001 e a prisão
grave situação de fome e miséria impeliu a ONU a intervir na do ditador Saddam Hussein em 2003, realizadas pelo governo
Somália com o oferecimento de mantimentos para a população Bush em resposta aos atentados. Além disso, o mais procurado
menos favorecida. terrorista do mundo, Osama Bin Laden, foi supostamente
No ano de 2000, a crise política e os constantes conflitos capturado por tropas militares dos Estados Unidos e
internos foram discutidos em uma reunião no Djibuti, onde assassinado em 2011.
houve a reunião de 200 delegados somalis. O evento acabou
estabelecendo a criação de uma Assembleia Nacional e
repassou o governo ao presidente Abdulkassim Salad Hasan.
No mês de outubro, o novo governo foi formado. Logo em
seguida, alguns grupos armados dissidentes não
reconheceram a nova autoridade e, com isso, preservaram o
desgastante estado de guerra.

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O pós 11 de setembro2 Em 2010, o valor gasto pelas forças armadas foi de 720
bilhões de dólares. Já o orçamento federal dos EUA, que estava
O pós-11 de Setembro foi marcado por uma reformulação no azul desde 2001, ficou no vermelho nos anos seguintes e
dos objetivos estadunidenses no cenário internacional. chegou a 400 bilhões de dólares negativos em 2004, quando os
Valores como liberdade, justiça e dignidade humana serviriam EUA já estavam nas guerras do Afeganistão e do Iraque.
para inspirar a nova estratégia norte-americana. Enxergou-se
nesse momento a possibilidade de colocar em prática diversas Questões
ações que culminariam na formulação de documentos pelo
Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca e na Guerra 01. (UERJ 2013) Guerra das Malvinas ainda divide
do Iraque, em 2003 Argentina e Inglaterra apó s 30 anos
Dentre os documentos formulados, um é especialmente No dia 2 de abril de 2012, o início da guerra pelo controle
lembrado por pesquisadores como a origem da doutrina Bush. das Ilhas Malvinas completou 30 anos. O conflito, que durou
Trata-se da “Estratégia de Segurança Nacional dos Estados dois meses e meio, marcou uma geração de argentinos e
Unidos” (National Security Strategy of the United States – NSS), britânicos. Para os britânicos, elas são Falkland Islands; para
divulgado em 2002 e que trazia à discussão possíveis formas os argentinos, Ilhas Malvinas. No mapa, a distancia para o
de intervenção dos EUA em outros Estados. As principais continente sul-americano é pequena. Mas, na prá tica, a viagem
características do documento envolvem a distinção entre é longa. É um voo por semana, que parte do Chile. Assim, quem
guerra preventiva e guerra preemptiva e a possibilidade do sai da Argentina tem que seguir primeiro para Santiago. Quase
uso de ambas; a classificação de Estados em “fracos” e oito horas depois, chega-se ao destino. A catedral é anglicana.
“falidos”; a reafirmação do termo “eixo do mal” e a colocação O pastor prega em inglês, a língua oficial, apesar de o espanhol
de alguns Estados nessa classe; a necessidade de evitar que constar do currículo escolar. Os jovens entre 16 e 17 anos
terroristas e Estados que os hospedem ou patrocinem de podem ir para a Inglaterra cursar uma faculdade. Tudo por
alguma forma possuam armas de destruição em massa; e a conta do governo britanico. Sao 3 mil habitantes, 62
disseminação dos valores liberais democráticos às nações nacionalidades, mas só́ 29 argentinos.
oprimidas por regimes “déspotas” e “tirânicos” Adaptado de http://g1.globo.com.
O presidente Bush, em 2003, vincula a guerra ao terror à Ocupadas pelos britânicos a partir da década de 1830,
existência de Estados “fora da lei”. Essa comparação pode ter a ainda hoje, como mostra a reportagem, as ilhas mencionadas
intenção de buscar no imaginário do público a noção de são alvo de disputas entre Reino Unido e Argentina.
mocinho/bandido, num contraponto direto dos EUA e seus A polemica sobre o controle dessas ilhas é acentuada,
inimigos. Essa construção procuraria demonstrar o padrão de na atualidade, pela seguinte característica da sociedade
justiça pelo “mocinho” em detrimento do “bandido” arruaceiro local:
e irracional. Pode-se assim distinguir e localizar a ameaça no (A) persistência das rivalidades entre as etnias latinas e
cenário internacional, de forma que os líderes desses países europeias
sejam tidos como a “encarnação do mal”. (B) isolamento da economia em contexto de globalização
Além dos Estados Fracos, o governo Bush usou mais uma capitalista
expressão para identificar possíveis inimigos e ameaças ao seu (C) vigência de costumes em oposição aos ideais pan-
país. Trata-se do “eixo do mal”, termo utilizado pela primeira americanistas
vez num discurso à nação (State of the Union) no ano de 2002. (D)valorização do nacionalismo por meio da defesa da
“Nesse discurso, foram identificados como ameaças à identidade cultural
segurança Estados autoritários que desenvolviam projetos de
hegemonia regional, armas de destruição em massa e 02. (IFSul-Integrado/2013) Em março de 1982, a
promoviam o terrorismo internacional”. Nesse grupo Argentina, pressionada pelos problemas sociais e econômicos
encontravam-se Iraque, Síria, Irã e Coreia do Norte, seguindo- que colocavam a população contra o governo, declara guerra
-se Líbia, Síria e Cuba. A única forma de eliminar a ameaça que ao Império Britânico pela posse de um arquipélago situado ao
esses países representavam seria a disseminação dos valores sul de seu território. A manobra política também vai se revelar
e das instituições democráticas após a derrubada dos regimes um desastre militar para o país latinoamericano. O episódio
preexistentes. que contribuiu para a derrocada da ditadura naquele país ficou
conhecido como
A Guerra do Afeganistão (A) Guerra das Malvinas.
(B) Guerra do Pacífico.
Logo após os ataques, o presidente americano George (C) Guerra dos 6 dias.
Bush, há meses no cargo, declarou guerra ao terror e exigiu (D) Guerra do Prata.
que o regime talibã no Afeganistão entregasse Bin Laden e os
demais responsáveis. 03. (Uerj) "(...) é de assustar o número de partidos que
Diante da recusa, a Guerra do Afeganistão começou em vêm se formando e ganhando apoio popular em diversos
outubro daquele ano, com o território sendo invadido a fim de países muçulmanos, usando muitas vezes a violência para
depor o regime dos talibãs e desmantelar a rede terrorista. alcançar seus objetivos. A Argélia e o Afeganistão são apenas
A guerra derrubou o regime dos talibãs, mas não acabou os exemplos mais evidentes desta situação, e a contínua
com a Al Qaeda. Hamid Karzai virou presidente afegão com existência de grupos fundamentalistas entre a população
apoio dos EUA, mas o governo só conseguiu controlar a capital palestina é prova da vitalidade de suas ideias. Da mesma
Cabul e arredores. Em várias regiões, as milícias locais forma, Israel, hoje, vive as consequências do profundo
continuaram a dominar e apoiar redes terroristas. dissenso ideológico e cultural entre judeus seculares e
A guerra afetou significativamente a economia norte- fundamentalistas. Acirrando um conflito que teve origem no
americana. O orçamento militar dos EUA que vinha caindo próprio momento de fundação do Estado, opostos à paz com
desde o fim da Guerra do Golfo, em 1991, voltou a subir depois os árabes e à pluralidade política e religiosa, os judeus
dos ataques de 11 de setembro. fundamentalistas são a maior ameaça à consolidação da
democracia em Israel. (...) Isto muda completamente a situação

2 LEITE, Lucas Amaral Batista. George W. Bush e a construção do inimigo na

guerra ao terror. Fronteira. Belo Horizonte, v. 8, n. 16, p. 27 - 59, 2º sem. 2009.


Adaptado.

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com a qual israelenses e árabes estavam acostumados a lidar A educação, deve dar ao aluno a capacidade de
há quase um século, quando o inimigo era o vizinho. Agora, o compreender as complexidade das relações sociais e de
inimigo está do lado de dentro." produção da sociedade contemporânea. O ensino de história
(CRINBERG, Keila. In: REIS FILHO, D. e outros (org.). "O não deve ficar baseado apenas na acumulação. No Brasil, o
século XX: o tempo das dúvidas". Rio de Janeiro: Civilização pedagogo Paulo Freire procura aplicar essas ideias, ainda que
Brasileira, 2000.) com algumas complementações.
Segundo a ideia central deste texto, as dificuldades para a Para historiadores marxistas o trabalho é o princípio para
consolidação da paz, neste momento, no Oriente Médio, estão que se haja a compreensão da sociedade. Marx afirma que o
relacionadas de forma mais geral com: trabalho não é apenas uma força produtiva, mas sim essência
(A) permanência de divergências entre árabes e judeus da atividade humana. O homem produz as suas condições de
(B) disputas internas no mundo muçulmano e em Israel existência, faz a história determinado pelas suas relações
(C) dissolução do fundamentalismo religioso na Argélia e sociais e de produção. Através do trabalho de dos modos de
no Afeganistão produção, podemos estudar não só o mundo e as sociedades
(D) enfrentamento entre os partidos da esquerda na antigas como também as do presente.
Argélia e em Israel Nas últimas décadas tivemos contribuições significativas
na produção historiográfica marxista, tendo maior destaque
Respostas aos ingleses, o que nos permitiu ampliar a nossa visão da
história, aprendendo e ensinando não só tendo como base a
01. D/02.A/03.B. visão das classes dominantes, mas também daqueles que por
tanto tempo ficaram excluídos dos livros.

I. Metodologias mais comuns no ensino de História


A prática pedagógica voltada
para a garantia do direito de I-a. Tradicional
aprender o conhecimento Essa metodologia, foi inspirada no método francês do
histórico e sua importância na século XIX, ela consiste em memorizar fatos e datas em ordem
cronológica, tendo como fundamento a construção do estado-
percepção das relações sociais; nação, dando ênfase a importância de um ensino pautado nos
a ética docente no contexto das valores morais e cívicos.
relações de aprendizagem.
I-b. Anarquista
Esse modelo de ensino surge após a Revolução Francesa,
na Europa, e no Brasil surge após a proclamação da República,
Metodologia do Ensino de História mas só é introduzida nas escolas após 1920.
Essa metodologia consiste em ensinar aos alunos a história
O curso de metodologia do Ensino de História, procura através das luta sociais, descontruindo a visão política
formar o docente e prepara-los para atuar na Educação Infantil romantizada. A sua estratégia de ensino está em levar os
e nas séries do Ensino Fundamental e Médio. alunos a museus para fazerem pesquisas que estimulem a
O conteúdo de História, foi inserido no Brasil no ano de reflexão crítica.
1838, a primeira escola a contemplar a matéria no seu
currículo foi o colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. I-c. Moderna
Quando se começa a ensinar Histórias no colégio, a matéria Essa metodologia é baseada nas teorias cognitivas de Jean
tinha pouca relação com o que conhecemos dela hoje. O Piaget e Lev Vygotsky e na ideia de que se deve buscar diversas
Objetivo na época era mostrara história de homens ilustres, de abordagens, como sociais, econômicas, políticas e culturais. O
datas e de batalhas. Influenciada pelo pensamento positivista, seu foco está em ensinar os alunos a ter uma visão crítica e a
a História tradicional enfatizava a nação e a criação de uma percepção de que não existe uma história única e verdadeira.
identidade nacional homogênea. A sua estratégia de ensino está na proposição de eixos
Ainda influenciados pela história positivista, os temáticos, consulta a diversas fontes e pesquisas para
historiadores da época produziam uma história voltada estabelecer a relação entre o passado e o presente.
apenas para aquela história que poderiam ser comprovados
por documentos oficiais. Era-se produzido estudos voltados II. Situações didáticas de História
aos acontecimentos políticos, evidenciando as datas e Apesar das aulas de História já terem sido reduzidas a
comemorações importantes, pensadores, personagens e memorização de datas e acontecimentos, hoje já existem
“heróis” da nação ganhavam destaque. outras abordagens que permitiu que a disciplina se tornasse
Apesar dessa história tradicional ser predominantes, mais dinâmica. Essa abordagem considera questões sociais
começaram a surgir correntes historiográficas que que atuam na aprendizagem como noções essenciais do
questionavam essa forma de se fazer história. Influenciados pensamento histórico.
por Marx e Engels, a escolas dos Annales começa a transformar
as metodologias, possibilitando um estudo fundamentado no II-a. Trabalho com sujeitos históricos e perspectivas
materialismo histórico, que mostra uma nova forma de ver a O que é: A identificação, em fontes documentais, do ponto
história, que é explicada através das formas de trabalho, de vista de quem conta a história e a recriação dela com base
técnicas e modo de produção. em outros personagens e outras concepções. Uma alternativa:
No modelo de escolada unitária, com base em Marx e comparar informações sobre um mesmo fato ou tema em
defendida por Gramsci, o elemento fundamental do ensino diferentes fontes bibliográficas.
deve ser pautado no trabalho e na formação profissionalizante, Quando propor: Sempre que se trabalhar com relato
contudo, ele não deve ser voltado ao mercado de trabalho, ao histórico (narrativas).
contrário, ele deve ter características culturais e humanistas.

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O que a criança aprende: Que, dependendo do sujeito que Para ensinar História a partir da experiência de vida do
escreve, existem várias versões sobre um fato e que os aluno faz-se necessária uma perspectiva teórico-metodológica
diferentes registros são fontes de informação para conhecer o que fale da vida das pessoas, as memórias e lembranças dos
passado. sujeitos de todos os segmentos sociais. É preciso dar voz às
histórias desses sujeitos que sempre estiveram excluídos dos
II-b. Leitura e escrita sobre História conteúdos ensinados. O ensino de História pode também
O que é: O professor distingue nos textos funções, estilos, possibilitar ao aluno reconhecer a existência da história crítica
argumentos e pontos de vista e propõe leitura e atividades. e da história interiorizada e a viver conscientemente as
Uma delas é identificar e utilizar os tempos verbais adequados, especificidades de cada uma delas. O estudo de sociedades de
os marcadores temporais, os de causalidade e os de outros tempos e lugares pode possibilitar a constituição da
contextualização. própria identidade coletiva na qual o cidadão comum está
Quando propor: Em todas as aulas. A complexidade dos inserido, à medida que introduz o conhecimento sobre a
textos lidos deve aumentar ano a ano. dimensão do ‘outro’, de uma ‘outra sociedade’, ‘outros valores
O que a criança aprende: Que as obras de conteúdo e mitos’, de diferentes momentos históricos
histórico possuem organização temporal e contemplam as A seleção dos conteúdos faz parte de um conjunto formado
relações entre os acontecimentos. pela preocupação com o saber escolar, com as capacidades e
as habilidades e não pode ser trabalhada independentemente.
II-c. Leitura de mapas geográficos e históricos Busca-se a coerência entre os objetivos da disciplina e os
O que é: Atividades para localizar transformações fundamentos historiográficos e pedagógicos. Com isso, o aluno
históricas no espaço. Uma delas é a comparação de mapas de estará construindo um instrumental conceitual que permitirá
diferentes épocas com os da atualidade. a identificação das diferenças e de suas formas próprias de
Quando propor: Em todas as aulas, de forma incorporada realização na História. O ensino de História fornece aos seus
ao conteúdo. alunos a capacidade de compreensão da construção do
O que a criança aprende: A noção de espacialidade, conhecimento histórico oferecendo habilidades e
localizando a História no espaço e percebendo que existe competências para o seu aprendizado.
mudança tanto no tempo quanto no espaço. A compreensão da disciplina História passa por uma
compreensão de como a história é construída a partir das
II-d. Representação gráfica do tempo evidências do passado e essa construção é feita sempre
O que é: Elaboração de linhas do tempo, com escala, de distanciada do mesmo. A história não é o passado, mas a sua
determinados recortes históricos. A seleção dos fatos deve reconstrução a partir das evidências balizadas pelas
permitir ao estudante localizar sua vida na linha. É compreensões possíveis e pelos interesses do momento da
interessante trabalhar com diferentes linhas do mesmo reconstrução. A apreensão das noções de tempo histórico em
período para discutir a simultaneidade de acontecimentos. suas diversidades e complexidades pode favorecer a formação
Quando propor: Em todas as aulas, de forma incorporada do estudante como cidadão, fazendo-o aprender a discernir os
aos temas estudados. limites e possibilidades de sua atuação na permanência ou na
O que a criança aprende: Noções de tempo cronológico, transformação da realidade histórica em que vive.
duração, simultaneidade, causalidade, anterioridade e O objetivo primeiro do conhecimento histórico é a
posteridade e relação entre momentos da história local, compreensão dos processos e dos sujeitos históricos e o
regional e nacional. desenvolvimento das relações que se estabelecem entre os
grupos humanos em diferentes tempos e espaços.
II-e. Análise de imagens O estudo histórico desempenha um papel importante na
O que é: Estudo com fotografias, propagandas e desenhos medida em que contempla reflexões das representações
de diferentes épocas. construídas socialmente e das relações estabelecidas entre os
Sempre que possível, é interessante comparar essa indivíduos, os grupos, os povos e o mundo social em uma
produção histórica com situações atuais. determinada época. Por isso este ensino pode proporcionar
Quando propor: Em todas as aulas. De acordo com o ano, escolhas pedagógicas capazes de possibilitar ao aluno refletir
aprofundar as discussões, introduzindo, por exemplo, a sobre seus valores e suas práticas cotidianas e relacioná-las
questão da intencionalidade na produção de fotos ou pinturas. com problemáticas históricas inerentes ao seu grupo de
O que a criança aprende: A identificar visualmente convívio, à sua localidade, à sua região e à sociedade nacional
mudanças no tempo e a investigar como era determinada e mundial.
época com base em imagens, construindo hipóteses e A História, se concebida como processo, busca aprimorar o
pesquisando sobre o contexto em que foram feitas. exercício da problematização da vida social como ponto de
(Fonte: Revista Escola) partida para a investigação produtiva e criativa, buscando
identificar as relações sociais de grupos locais, regionais,
A percepção do fato no ensino de História nacionais e de outros povos; perceber as diferenças e
semelhanças, os conflitos, as contradições e as solidariedades,
O ensino de História pode desempenhar um papel igualdades e desigualdades existentes nas sociedades;
importante na configuração da identidade ao incorporar a comparar problemáticas atuais e de outros momentos;
reflexão sobre o indivíduo nas suas relações pessoais com o posicionar-se de forma crítica no seu presente e buscar as
grupo de convívio, suas afetividades, sua participação no relações possíveis com o passado.
coletivo e suas atitudes de compromisso com classes, grupos
sociais, culturais, valores e com gerações passadas e futuras. Referência
De acordo com os PCN, o ensino de História é portador da http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia/ensino
possibilidade de levar o aluno a estabelecer relações e -historia-memoria-historia-local.htm
produzir reflexões sobre culturas, espacialidades e
temporalidades variadas através da construção de noções que Ética: o fator humano na educação
contemplem os seus valores e os de seu grupo, desenvolvendo
para isto relações cognitivas que o levem a intervir na É evidente que como todo processo humano, a educação
sociedade. tem seus momentos de dificuldade. Todo docente que se preze,
ao preparar suas aulas, tem a esperança de que os educandos

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irão responder prontamente aos apontamentos e discussões incentivo à sua socialização; a consideração das necessidades
gestados em sala. O sonho do retorno é algo que todo docente dos docentes e dos problemas do seu dia-a-dia (FRANCO,
tem. Porém, nem tudo é o que parece. Infelizmente, 2003, p. 10).
encontram-se situações em que o desinteresse é tamanho, que Vale lembrar que tal formação continuada não visa o
educar se transforma em dever irremediável. A falta de enquadramento nos ditames das instituições de ensino e das
empenho por parte dos educandos e de apoio por parte dos instituições mantenedoras. Em variadas situações o que se vê
gestores, acaba por levar o ato de educar a uma situação é uma busca por enquadrar os docentes em um sistema pré-
inviável. É preciso muita paciência e muita calma. Neste ponto moldado; decisões, metas e caminhos a serem seguidos
é que a práxis educacional possibilitará um diferencial ao acabam por serem estabelecidos pelo corpo de diretores e
docente: o verdadeiro retorno. Em muitos casos, tal retorno especialistas educacionais. A grande questão é que tais
acaba por se distorcer e se perder em meio aos valores – profissionais – ocasionalmente – não têm a prática e a
salários; eclode o que se chama de mecanicidade. O docente experiência de sala de aula. Carecem de uma ambientação na
passa a agir por pura repetição. Não mais existe o preparar a educação prática e, consequentemente, acabam vivendo
aula. Ano após ano o plano de ensino continua o mesmo. As somente a teoria. Não que essa não seja importante, mas deve
mesmas fichas de anotações são usadas. As mesmas provas haver uma junção de teoria e prática, formando o que
aplicadas. Os mesmos problemas aparecem, devido à não chamamos de educação teórico-prática. É preciso que a
atualização da prática docente, uma prática ética. educação acompanhe a mudança global e atualize a linguagem,
Ao se falar de atualização da prática docente, pauta-se pela sem deixar sua essência de lado, educando para competências
lógica de que todo processo educacional começa pela realidade e não só para o conhecimento. É aqui que entra uma educação
em que está inserida a escola, o docente, a comunidade e os ética, que reconhece a sala de aula e a prática docente como
educandos. Uma educação que não observa tais fatores corre formadora de princípios morais, que leva à formação do
o risco de se tornar apática, chata e irrelevante. Dessa forma, caráter da pessoa humana e, consequentemente, à informação.
[...] a prática docente deve ser revista como produtora de
um conhecimento que lhe é próprio, gerando uma O docente e a ética: a formação e a informação
racionalidade específica como produtora de conhecimento. O
docente, pelo diálogo na gestão de classe, contextualizada no Um erro comum que acontece nos ambientes educacionais,
ambiente educativo, promove a elaboração de saberes que se seja ele a sala de aula, ou a mesa de reuniões, é a confusão entre
fazem pela sua dimensão emancipadora, fruto de uma formação e informação. Normalmente, a definição de
racionalidade pedagógica (CAMPOS, 2007, p. 25). informação se resume à transmissão de conhecimentos, sem
Uma ação que vise alcançar tais metas pode e deve ser deixar margem para a interpretação e para colocações
encarada como a real docência ética, onde o respeito pela pessoais.
realidade, pela opinião, pela crítica, de cada um, seja mantida. Literalmente, a informação busca um enquadramento no
Não basta ser docente, é preciso ser docente comprometido. sistema em questão resumindo-a em educação e aprendizado
Ser docente é respeitar a opinião dos educandos e dos colegas inquestionáveis.
de trabalho. Muito mais que mediar os caminhos do Já a formação visa um conhecimento aprofundado, onde se
conhecimento, é preciso unir vida e educação. Quando a percebe uma evolução qualitativa e quantitativa do saber. É
educação não se une à realidade, ela corre o risco de se tornar aqui que educando e docente podem se expressar, na busca de
abstrata e, consequentemente, fazer do ser humano, que dela uma construção verdadeira do ensino e da aprendizagem,
depende, um ser também abstrato. “[...] Como consequência da mediante a,
cisão entre pensamento e vida surge “esse homem abstrato, [...] interinfluência entre o objetivo e o subjetivo, cuja
guiado sem mitos, a educação abstrata, os costumes abstratos, essência é a experiência social em toda a sua multilateralidade
o direito abstrato, o Estado abstrato”” (NIETZSCHE apud e complexidade que se transforma em conhecimentos,
OLIVEIRA, 1996, p. 36). habilidades e hábitos do educando, em ideias e qualidade do
É fundamental que o docente ouça as opiniões dos homem [...] em seu desenvolvimento intelectual, ideológico e
educandos, que saiba entender as críticas recebidas e, além do cultural geral (DANILOV apud PIMENTA, 2005, p. 206).
mais, que dê também a sua opinião. Opinião que forma a É preciso ressaltar que a formação não visa somente a
“dimensão relacional”; lugar onde “se concretizam trocas, exposição dos conteúdos; mas inclui a necessidade de uma
intercâmbios e aprendizagens entre os atores que lá se apresentação do conteúdo8
colocam” (CAMPOS, 2007, p. 40). O docente que compreende a É necessário que o educando consiga elaborar uma ideia
educação sob esse aspecto, voltará a percorrer o caminho da central para, a partir daí, criar os meios de entendimento com
sala de aula para a sala dos docentes, com uma renovada visão o docente. E dentro dessa ótica da formação como parte do
acerca da educação. O período a ser passado na sala dos conhecimento, é preciso ressaltar o papel da cognição, já que
docentes passará a ser marcado, não por tédio e desânimo, na organização das atividades de ensino, o papel de atenção
mas por uma verdadeira troca de experiências, onde o que se aos educandos envolvidos é de fundamental importância.
visa é a qualidade no ensino e na aprendizagem. Experiências Dentro da compreensão filosófica, a cognição ainda é
que são – em teoria – ouvidas nas reuniões pedagógicas. considerada como o conjunto de operações lógicas –
As reuniões pedagógicas visam a formação continuadas do associação e implicação – formativas de uma linguagem do
docente, contribuindo para o avanço da qualidade educacional pensamento, semelhante a um programa de computador.
e, ao mesmo tempo, promovendo uma interação entre os Assim, o processo de reflexão mediatiza a apreensão da
docentes, o corpo dirigente e os especialistas em educação. O realidade. É semelhante a esse processo a função exercida pelo
que acontece é que muitas dessas reuniões são mal docente: mediar.
preparadas; não buscam efetivamente tratar de assuntos que Na atual conjuntura do mundo globalizado, mediar parece
engrandeçam os docentes. A experiência pessoal e profissional ser o mais lógico a se fazer por parte do docente, mas não se
é substituída por assuntos aleatórios, que, em muitas vezes, resume somente a isso. Em um emaranhado tecnológico, onde
nada acrescentam ao dia de reflexão. É preciso que a escola a informação percorre rapidamente os passos da educação, é
aprenda realmente a formar seus docentes, pois preciso construir uma forma diferenciada de lidar com os
[...] a formação de docentes implica a busca, pela escola, de educandos. O grande e maior problema – que pode se tornar
formas institucionais que favoreçam processos coletivos de aliado – é a internet. O mundo da web alcança cada vez mais
reflexão e interação; a oferta de espaços e tempos para os adeptos e não é diferente na escola. Não é preciso ir longe para
docentes dentro da própria escola; a criação de sistemas de se encontrar exemplos disso. Em sala de aula, onde os recursos

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pedagógicos são “giz e cuspe” é praticamente sobre humano impostos pelo sistema, por regras ditadas por terceiros. O
competir com formas coloridas em quatro dimensões, docente se motiva pelo seu educador, seus valores, seus
possibilitadas pelos educandos via internet. modos, sua história de vida, seus problemas, sonhos e modos.
Em uma aula, que gira em torno de cinquenta minutos ou Tal motivação se une à experiência, à reflexão, e com o passar
uma hora, acaba se levando cerca de vinte minutos a meia dos anos, surge a didática.
hora, para se desenhar os processos de reprodução celular, A didática se classifica pela forma como o docente passa a
sendo que na internet não se leva nem cinco minutos. interagir em sala de aula, mediando conhecimentos e saberes,
Portanto, é preciso que o docente saiba fazer dos meios dando forma e cor à educação, partindo da realidade de cada
tecnológicos um aliado. educando. Assim, a educação se torna
Criar novas formas de adaptação curricular, onde não se [...] um processo de humanização que ocorre na sociedade
perca de vista o objetivo comum: educar com ética. Ser humana com a finalidade explícita de tornar os indivíduos
mediador é muito mais que saber gerenciar o mundo exterior participantes dos processos civilizatório e responsáveis por
e os educandos; é, antes de tudo, ser [...] um intermediário levá-lo adiante. Enquanto prática social é realizada por todas
entre três mundos – o mundo objetivo das coisas materiais, o as instituições da sociedade (PIMENTA, 2005, p. 23).
mundo subjetivo das mentes e o mundo dos produtos do A prática social pode entender que a educação está
espírito humano [...] (LOUREIRO, 2004, p. 83). inserida em um meio social. Ela depende não só do docente,
A lógica da existência entre tais mundos deve ser mas também da família, da comunidade e da escola. Vale
perpassada pela postura ética – como já mencionado; do ressaltar a problemática da temática em questão, devido ao
contrário, corre-se o risco de simplificar a mediação em seu caráter de transdiciplinariedade; são tematizações que
simples exposição que, dessa forma, cabe ainda saber incluir ultrapassam os limites da escola e da família como instituição
no campo dos mundos, o mundo do ethos que, social.
[...] envolve a individualidade (subjetividade) e a Quando se olha para a trilogia família, comunidade e
coletividade (intersubjetividade) dos seres humanos dotados escola, nota-se que antes da educação há uma defasagem nos
de sentimento (pathos) e razão (logos). Nesse sentido, a preceitos morais e éticos, que dificultam o agir da educação e
prática do bem ou da justiça estaria ligada ao respeito às leis da aprendizagem. A crise ética que assola a humanidade torna-
da polis (heteronomia) e a intenção individual (autonomia) de se alvo de grandes discussões, debates e diálogos; a ética
cada sujeito (PEQUENO, 2003, p. 2). ganhou um renome de qualidade, e não mais é vista como algo
Portanto, no processo de educar deve-se levar em puramente natural, intrínseca e inata ao ser humano. Em
consideração a pessoa do educando como parte do processo linhas gerais, não é mais vista como uma virtude. Diante de tais
do ensino-aprendizagem. Ha a necessidade de que o docente fatos, surgem inúmeros argumentos para se explicar por que a
saiba quem são seus educando, de onde vieram, quais as humanidade perdeu sua raiz ética natural e,
expectativas, anseios, entre outros. Essa interação entre o consequentemente, o sentido de sua liberdade. Não uma
docente e o educando dará uma característica informal à aula simples liberdade, erroneamente concebida como fazer o que
e tornará, indubitavelmente, o ambiente mais agradável. se quer, mas a liberdade natural que “[...] consiste menos em
Ações desse porte levam a uma baixa nos índices de fazer sua vontade do que submeter-se à dos outros; consiste
desinteresse por parte dos educando, dando precedente para ainda em não submeter a vontade de outrem à nossa”
um trabalho detalhado sobre a falta de comprometimento, (ROUSSEAU, 2006, p. 428) .
passividade, individualismos, formas tão conhecidas da Ao se tomar por base a relação família e escola. Na
globalização, conforme apontam pesquisas (Davis, Kogan e conjuntura atual, a escola tem assumido os papéis que antes
Soliman, 1999; Fleith, 2000; Mitjáns Martínez, 2000; Sternberg eram da família. Diuturnamente assiste-se a cenas lastimáveis
e Williams, 1996; Wechesler, 1995; Woods, 1995). Dessa de agressão em escolas e nas famílias. Ouvem-se depoimentos
forma, de mães e pais desesperados que não sabem mais o que fazer
[...] o docente é o grande mediador da escola, pois transita com seus filhos e filhas; universitários que maltratam os
entre instâncias hierarquicamente constituídas entre as quais colegas por conta de recepções acadêmicas; enfim, casos em
estabelece pontes, atua dentro e fora da sala de aula, medeia que a moral, antes familiar, vem sendo substituída pela
todo o processo ensino-aprendizagem ao trabalhar o imoralidade social. Ao invés de se tomar medidas cabíveis, o
conhecimento no processo informativo dos alunos e procede à que se vê são docentes reclamando das famílias e famílias
mediação entre os significados do saber do mundo atual e reclamando dos docentes.
aqueles dos contextos nos quais foram produzidos Assim, “[...] devemos compreender que a posição dos pais
(LOUREIRO, 2004, p. 83). é de quem pede ajuda, pois eles não sabem o que é educar”
Cabe ao docente a missão de cativar e educar, de (CAMPOS, 2007, p. 53).
encaminhar e caminhar, de saber e partilhar, de ouvir e Daí a importância da escola criar projetos pedagógicos que
refletir, de dizer e fazer. E para isso é preciso motivação, envolvam toda a família; é preciso abraçar a educação como
motivação educacional. A motivação educacional não pode ser um todo e tornar os pais educadores por excelência. Não
confundida como motivação profissional. Mesmo que muitos adianta fugir dessa realidade. Os problemas surgirão em sala
docentes dependam exclusivamente de sua docência para de aula, pois os educandos vêm dessa realidade. Mais cedo ou
sobreviver, não se pode deixar de lado o amor à educação. É mais tarde os docentes acabarão por lidar com problemas
evidente que a profissão existe e, com ela, todos os possíveis e diversificados das famílias dos educandos.
cabíveis encargos. Alocar salários dignos aos educadores com Portanto, a escola tem que tentar promover uma interação
certeza aumentará o desempenho profissional, mas nem com os pais, seja com projetos, palestras, visitas em casa,
sempre o educacional. A profissão emerge em dado contexto e enfim, há a necessidade de se mudar esse perfil de família e
momento histórico já a motivação educacional surge com a escola, antes que todos aqueles que fazem parte desse
historicidade e a experiência do docente. É por isso que processo se percam: pais, filhos, escola e docentes,
algumas profissões surgem e desaparecem ao longo do tempo. contribuindo para a formação e a informação.
A docência existe, de variadas formas, de vários modelos, em
épocas distintas. Referências Bibliográficas:
O docente nunca desapareceu; ele simplesmente “[...] se SANTOS, Savio Gonçalves dos. O ambiente em sala de aula
transforma adquirindo novas características para responder a e a ética no trabalho docente. Revista Iberoamericana de
novas demandas da sociedade” (PIMENTA, 2005, p. 18). Toda Educación / Revista Ibero-americana de Educação - ISSN:
motivação profissional aparece a partir de regras e ditames 1681-5653, n.º 54/1 – 25/10/10 - Organización de Estados

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APOSTILAS OPÇÃO

Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura


(OEI) - Organização dos Estados Iberoa-americanos para a
Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). (Adaptado).

Questões

01. Entre as metodologias de ensino de História, as mais


comuns são:
(A) Tradicional, Moderna e Marxista
(B) Marxista, Positivista e Anarquista
(C) Tradicional, Anarquista e Moderna
(D) Moderna, Anarquista e Marxista

02. (SEDUC-AM - Professor – História – FGV/2014)


Embora não tenham instituído oficialmente um currículo
mínimo obrigatório para o ensino de História no país, os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) apresentaram
propostas de conteúdos a serem trabalhados com os alunos.
Os conteúdos de História propostos nos PCN’s para os anos
finais do Ensino Fundamental foram escolhidos tendo em vista
a preocupação central de que os alunos desenvolvam a
capacidade de:
(A) perceber relações entre vivências sociais em tempos
históricos distintos.
(B) valorizar a homogeneidade do patrimônio
sociocultural brasileiro.
(C) utilizar as crises como instrumento de tomada de
decisão.
(D) construir o conhecimento a partir de uma única fonte.
(E) adotar, no cotidiano, atitudes de aceitação das
injustiças.

Respostas

01. D/02. A.

Anotações

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