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R u a da Quitanda 77,
E n t r e as ruas do Ouvidor c do Rosario.
RIO DE JANEIBOi
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SOFÁS. »
Sopas ou Potagens.
Sopa de Pão.
Deita-secm uma sopeira c o d e a s d e p â o cortadas; deitâo-
se-lhe duas colheres grandes de caldo, um pouco gordo. ^
deivão-se embeber tim instante; 110 momen'0 de servir,
1 fe * 1
deita-se-lhe caldo suííiciente, tirão-se os legumes dapanella
para'um prato, e põe-se ao lado cia sopa.
Arroz gordo.
Toma-se uma porção de arroz suíTiciente para quatro
pratos ; lava-se muita vez em agua fria esfregando-se com
as mãos; faz-se cozer logo em uma pouca de agua, depois
ajunta-se-lhe caldo em quantidade bastante, á medida que
engrossa ; deixa-se ferver tres quartos de hora em lume
brando.
A letria. ^ :
Dcita-se cm uma cassarola, sobre o lume , caldo para .1
oito pratos de sopa ; logo que ferva , deite-se-lhe meio ar-
ratel de aletria, depois de a ter apertado ligeiramente entre
os dedos, afim de dividil-a; meche-se com uma colher,
deixa-se ferver -vinte minutos.
Sopa de Massa.
Faz-se como a precedente, mas de forma que o caldo
não ferva, porque se tornará em godilliões; em se dei-
tando a massa, meche-se sempre com uma colher, até que
esteja cm perfeita fervura. Emprega-se duas colheres cheias
de massa para cada prato.
Sopas de Leite.
O arroz, a aletria, a massa podem ser feitas cm sopas
de leite , os processos ?ão os mesmos como para o caldo;
ajuntandose-lhe a s s u c a r , uma colher d agua de flor de
laranja , e gemmas de ovos , parecendo.
Sôpa de Hervas.
Toma-se azedas, acelgas, a l f a c e , beldroega, cerefolios,
falsa, cebolinhas, de cada uma d estas hervasem proporção
de sua força ; lavão-se, e picão-se sobre uma meza. Fazem-
se cozer em secco em uma cassarola com um bom pedaço
de manteiga; logo que ellas se reduzem, deita-se agua suf-
i c i e n t e , sal, e nunca pimenta; tempera se a sôpa logo que
f e r v a ; deita-se-lhe, para engrossar o molho, gemmas de ovos.
Pòde-se, segundo o gosto, servir-se em lugar d a g u a , de
caldo de feijões, de lentilhas, ou de ervilhas.
Sôpa de legumes.
Corta-se pequenos bocados bem finos de cenouras, na-
bos, pastinacas, alhos bravos, cebolas, & c . , fazendo-os re-
fogar em uma cassarola com um bom pedaço de manteiga.
Logo que estes legumes começarem a corar, piza-se um
pequeno bocado de azedas, salsa, cebolinha, alface, e
cerefólio, que se porá a cozer também durante um quarto
de liora , molha-se com c a l d o , ou agua , deixa-se ferver
uma hora . e deita-se sobre o pão cortado em talhadas.
Caldo de miolo de pão.
Deiía-se em uma cassarola sobre um fogo vivo meia cana-
da de agua , miolo de um pão molle de dois anateis, uma
quarta de manteiga b e m f r e s c a , sal e pimenta ; faz-se re-
duzirá forma de um m o l h o , mechendo de tempo a tempo
com uma c o l h e r ; e para servir-se deita-se-lhe gemmas de
ovos balidas ; póde-se fazer com miolo de pão d u r o , ou
com a côdea, para que elle seja mais eslomachico.
Poiagcm
o magra
o de cebolas.
Corta-se em filetes pouco mais ou menos uma dúzia de
medianas cebolas, meltem-se em uma cassarola com um
pedaço de manteiga , passa-se sobre o lume , mechendo-as
de tempos em tempos aló cjnc estejão cozidas, e um pouco
coradas igualmente; molhão-se com agua ou caldo magro ;
deita-se s a l , e pimenta inteira; faz-se-lhe dar algumas fer-
vuras. e depois se lhe deita pão para fazer aboborar a sopa
como a ordinaria.
Querendo-se fazer uma sopa de leite com cebolas, se faz
um pouco menos do acima d i l o , passão-se a fogo lento
com manteiga alé que estejão cozidas, sem ficarem cora-
das, faz-se ferver o leite, e deita-se com a cebola temperada
de um pouco de sal; põe-se o pão cortado no prato em que
fe deve servir, com uma parte de caldo, cobre-se, e põe-se
sobre uma pouca de cinza q u e n t e ; quando o pão estiver
bem ensopado , deita-se-lhe o resto de caldo , e serve-se.
Sôpa Dourada.
A sôpa dourada faz-se como a que vai acima : sôpa dc todo
o género de assado. Leva uma dúzia de ovos, um arratel de
assucar, um pão pequeno, uma quarta de manteiga lavada,
canella, e agoa de flor.
Sôpa de Amêndoa.
Faz-sedeilando-se enuncia canada de leite, oilo gemmas
de ovos, meio arratel de assucar, quatro onças de amêndoa
mui bem pisada, c uma quarla de manteiga; tudo isto
junlo , depois de mui b e m balido , poem-se em u m
tacho á cozer a lume b r a n d o ; quando for engrossando,
lança-se em u m prato ou frigideira; poem-se a corar na tor-
teira , ou no forno , e depois de corado serve-se na meza.
Sôpa Tostada.
%
Catdo de Agriões.
Ponha-se a coz.cr em uma panella um arratel de vitella
cm uma canada de agua, temperada com pouco sal, e de-
pois de escumada, deixe-se ferver pouco e pouco ; estando
reduzido o caldo a ametade , deitem-lhe tres ou quatro
molhos de agriões bem lavado?, e picados, e deixem-se
ferver alguma cousa ; coe-se depois por um peneiro de
seda , e dê-se quente pela manhã , e á tarde , a quem se
quizer refrescar.
Caldo de Cerefolio.
Coza-se um f o c a d o de vitella, como n o ' antecedente
se <!ií*c, e reduzido o caldo a aiuetade , pizem tanto cere-
folio quanto baste para se lhe extrahir meio quartilho de
sumo, o qual se misturará com o caldo, que deve estar bem
quente e sem que o deixem ferver, se passe pelo peneiro,
e use-se d elle segundo for necessário.
Ainda que todos estes caldos sejão desagradaveis ao gosto,
são excellentes para a massa do sangue , e ordinariamente
se tomão antes do verão.
Dissecção de Viandas.
*
salsa, cebolinha picada, uma gola de azeile, e polverizadas
com pão ralado, se assão nas grelhas, e se servem com mo-
lho de echalotas.
T a m b é m se cozem em uma bréza, e se servem com dif-
ferenles ragús de legumes.
Também se podem marinar, depois de cozidas na bréza,
e d e p o i s d e frias, com azeile, ou manteiga, salsa, cebolinha,
e echalolas.
T a m b é m se embrulhão em papel, com toda a sua mari-
nada, e se assão na grelha em cima de outra folha de papel,
e se servem quentes na sua papilhota.
Perna de Vacca
A carne da perna serve para c a l d o s , e substancias, b re-
zas, gatéos, empadas, salçhichões, e outros vários guizados.
Vacca em Miroton.
Miolos de Vacca.
Dobrada á Camponeza.
Toma-se a dobrada cozida cm agua simples; corta-se do
tamanho de quatro dedos, e marina-se coin sal, pimenta,
salsa, cebolinha, uma folha de alho v e r d e , tudo p i c a d o ;
uma pouca de gordura de panella, ou manteiga fresca der-
retida ; em tomando todo o tempero a dobrada, cobre-se
de miolo de pão ralado , e assa-se; serve-se cm molho de
vinagre.
Dobrada de Môlho-Robert.
Cortão-se algumas cebolas que se passa o sobre o lume
com urna pouca de manteiga ; em principiando a córar-
se, deita-se-lhe a dobrada cozida em a g u a , e corta-se em
quadrados ; tempera-se dc sal, pimenta, u m fio de vinagre,
e um pouco de caldo ; deixa-se ferver meia h o r a , serve-se
deitando-sc-lhe uma pouca de mostarda.
A dobrada tempera-se como os pés de vitella.
VITELLA
VITELLA.
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dc culi. Deite-se depois um pouco de caldo na cassarola do
verniz, para despegar o que ficou pegado no f u n d o d e l i a ;
passe-se pelo peneiro , deite-se dentro do ragú das ervi-
lhas . e cm estando cozido e de bom gosto, sirva-se por
baixo da vitella.
T a m b é m se lhe pode pôr um ragú de espinafres á crema.
Advertindo porém que todas estas entradas do fricandô são
muita ricas, e devem se fazer com todo o cuidado possível.
Popiétas de Vitella ã Chantilly.
Cortão-se bocadinhos dos mais tenros á perna da vitella,
corno se fossem para polpetar, e depois de se fazerem bem
iguaes, baião-se entre dois pannos com o cabo da f a c a , e
deitem-se de marinada eni um pouco de azeite b o m , sal. "
pimenta, salsa, cebolinha, t r u f a s , cogorncllos , tudo bem
p i c a d o , e um pouco de sumo de limão ; depois de torna-
rem o gosto de marinada, enrolem-se como as polpetas,
emfiem-se em um espeto, ponhào-se a assar; depois sirvão-
se com molho de echalotas, e de bom gosto.
Pá dc Vitella á Italiana.
As pás de vitella, e os polgares, commummcnte cornem-
se assadas embrulhadas em papel manteigado, e servem-se
com substancia, sal, pimenta, echaloías picadas y e sumo de
limão, ou com môllio de péveratlo ligado. Para se prepa-
rarem as pás á Italiana, pegue-se em u m a pá de vitella,
leyanie-se com geito a pelle de c i m a , ficando somente
pegada na ponta do osso do cabo , e tirados todos os mais
ossos, lardêe-se a carne com toucinho grosso ; c temperado
se cobrirá da sua pelle, e depois de alada com barbante,
ponha-se a cozer em uma bréza; tome-se depois, ceboli-
nhas, salsa, alfaces, azedas, cercfolio, tudo picado, passe-se
p e l o l u m e com boa manteiga, molhe-se com substancia,
011 culi, c em estando cozido, ligado, com bom goslo, tire-
se a pá de vitella da bréza, lire-se-lhe o barbante, levante-
se-lhe a pelle, e ponha-se o ragú das hervas sobre a carne,
e cobre-se com a mesma pelle ; e sendo posta no prato
com a outra ametade das hervas por baixo, pingue-se a pá
com manteiga clarificada, involvida com duas ou tres gem-
mas de ovos; cobra-se depois tudo de queijo parmezão ra-
lado , metta-se a corar no forno , e sirva-se quente , alim-
pando muito bem as bordas do prato. Não havendo culi
nem substancias, depois de estarem refogadas as hervas em
manteiga, e um pouco enfarinhadas, molhem-se em leite,
e liguem-se com gemmas, também desfeitas em um pouco
de leite.
Pás, cu Polgares de Vitella á Camponcza, feitas no forno.
Tome-se uma pá, ou um polgar de vitella, ou outro qual-
quer pedaço d e l i a , cobra-se de m a n t e i g a , ponha-se em
uma frigideira de barro com meio quartilho de agua, um
pouco de vinagre, sal, pimenta, duas cebolas em rodas,
salsa, dentes de alho, duas folhas de l o u r o , dois cravos
da índia , e cobra-se com uma folha de papel untado com
manteiga ; ponha-se assim duas ou tres horas a cozer no
lorno, e estando corado, tire-se fora, passe-se o molho pelo
peneiro, e sirva-se quente sobre a vitella.
Chouriços
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de Fréza de Vitella.
L i m p a , entezada em agua unia tripa de vitella, ponha-se
a cozer em uma meia bréza, e depois de cozida e meia
f r i a , pique-se, deite-se em um cassarola com tres quartilhos
de sangue de porco, temperado de sal, pimenta, especies,
hervas finas, salsa, cebolinha, e u m dente dc alho ; estando
de bom gosto, cnchem-se as tripas, passando islo por u m
f u n i l ; atem-se como está dito , e cozão-se em u m adobo
com caldo, e vinho b r a n c o ; depois de cozidos os c h o u -
riços, e f r i o s , assem-sè, e sirvão-se como os precedentes.
Andulhas de Vitella.
Pcgue-se nas tripas meudas dc vitella, chamadas em F r a n -
ccz fréza, um pedaço de t o u c i n h o , e u m u b r e , tudo ente-
zado, e c o r i a d ó e m tiras d e l g a d a s , ou em fatias, e d e i t a d o
em uma caesarola, temperado de s a l , p i m e n t a , especies fi-
nas, hervas finàs, e duas echalotas picadas, ajuntando-se-lhe
mais quatro ou cinco gemmas de ovos, u m puohado de pão
ralado, e um quartilho de leite, ponha-se ao l u m e a re-
q u e n t a r , meclundo-se sempre ; em estando ligado , e dc
bom gosto, enchão-se as tripas, atem-se como a c i m a fica
d i t o , e cozão-se do mesmo m o d o ; cozidas, f r i a s , e en-
chutas, cobrão-se de pão ralado fino, assem-se em lume
b r a n d o , por uma e outra b a n d a , e sirvão-se quentes.
Amoretos dc Vitella.
Tomem-se medullas do espinhaço de vitellas, ou de car-
neiro , a quantidade necessaria, cortem-se em bocados de
cinco ou seis polegadas de c o m p r i d o , marinem-se com ro-
das de c e b o l a , ramos de salsa, mangericão, louro, sal, pi-
menta, rodas de limão, meio copo de agua, e um p o u c o de
vinagre ; depois de marinadas duas ou tres horas, ponhão-r e
sobre um panno, enchuguem-sc , envolvão-sé em farinha
de trigo, frijão-se em fritada bem quente ; fritas de boa
cor, sirvão-se para entremeio.
T a m b é m se podem passar por um polme.
Terrina de Peito de Vitella com Ervilhas.
Corte-se em bocados iguaes uns peitos de vitella, enle-
zem-se, aparem-se, e ponhão-se a cozer em uma bréza com
algumas alfaces, já fervidas em a g u a , e atadas; depois,
tome-se umas poucas de ervilhas, refoguem-se em toucinho
derretido, e um bocado de prezunlo ; depois de refogadas,
deite-se-lhc uma pouca de substancia, e um pouco de culi,
e estancio bem temperadas , cozidas, e de bom gosto, po-
nhão-se os bocados da vitella na terrina; depois cie cozida
com as alfaces cortadas em bocados, deite-se-lhe por cima
o ragú das ervilhas, e sirva-se quente para urna entrada.
Da mesma sorte se servem frangãos, pombos, adens no-
vas, azas de perus, & c .
Giaça de Carne de Vitella.
Farão-se.em bocados tres ou quatro arraíêis de vitella,
deitem-se de molho com um bocado de prezunlo , enteze-
se, deite-se-lhe caldo simples, quanto baste, tempere-se so-
mente com uma capella de salsa, hervas finas , e uma ce-
bola com dois ou tres cravos, e deixe-se ferver pouco e
pouco ; em estando a carne cozida, passe-se o caldo por
um peneiro, levem-se outra vez ao lume, até se reduzir, mas
que se não queime ; em principiando a pegar-sc, deite-se-lhe
meia colher de caldo, e mecha-se com uma colher de páo ;
cm estando desfeito, e engrossando ao ponto necessário,
c com boa cor, sirva para todas as peças de c a ç a , grana-
das, filetes, c tudo o cjue se quizer.
* CARNEIRO.
Dissecção do Carneiro.
Do r o s b i f , e quarto de c a r n e i r o : servem-se ambos da
mesma maneira ; cortãô-se até ao fim do filete. O bocado
mais delicado que se corta atravéz , e em f a t i a s , acba-se do
lado da noz e x t e r i o r ; o lado da c a u d a , para a parte do
lombo corta-se em filetes, e serve-se por um bocado mi-
:
moso. % v : > íí •. ri
O quadrado serve-se em costeletas.
A espadoa corta-se por talhadas de b a i x o , e de cima.
O peito: depois de se ter levantado a pelle , que está so-
bre os tendões, corta-se pelos lados ; toma-se das partes
onde a faca não resista; tira-se do lado dos tendões.
O cabrito e o cordeiro: cortão-se da mesma maneira.
c
também, quando está bem lardeado, cozer-se como um fri-
candô, e pôr-se de fiambre.
Serve-se ainda cozido na bréza, e dcsfarça-se comdiíTe-
rentes accpipcs de legumes , ou diversos molhos.
Do Pescoço do Carneiro.
Do Peito do Carneiro.
»
Perna de Carneiro Armada.
Lingoas
O de Carneiro ao Gratin.
Toma-se um prato de prata, ou outro qualquer que possa
ir ao lume, ponha-se 110 fundo deste um pouco de picado,
feito com duas mãos cheias de miolo de pão ralado, um
bocado de manteiga, ou de toucinho raspado,, quatro gem-
mas de ovos c r u s , salsa, cebolinha picada, um pouco de
culi temperado com pouco sal, e p i m e n t a , e estando tudo
bem misturado, guarneça-se o fundo do prato, e faça-se
pegar em lume brando ; escorra-se-lhe a gordura, e con-
certem-se em cima as lingoas com o seu m o l h o , como o
de c i m a , ou qualquer outro que melhor parecer.
Também se podem servir depois de cozidas em um prato
de prata, com um pouco de culi, queijo ralado, e coradas
no forno.
Espichas de Lingoa de Carneiro,
Cozidas as lingoas em agoa simples, com pouco s a l , ou
na b r é z a , cortão-se em dados iguaes, deitão-se em uma
cassarola, e passão-se por manteiga derretida com cebo-
linha, e salsa picada, temperadas de sal e pimenta ; passa-
das que sejão, deita-se-lhe um punhadinho de farinha triga,
e uma gota de caldo ; tendo f e r v i d o , e o molho estando
grosso, e de bom gosto, ligue-se com algumas gemmas
de ovos, e estando frias , mettem-se nos seus espichos, bo-
cado por bocado, fazendo-llie pegar tudo o molho; cobrão-
se depois com pão ralado, e ponhão-se a assar nas grelhas,
pingando-as de quando cm quando com manteiga derre-
tida; em estando assadas, sirvão-se assim seccas, ou com
uma pouca de substancia, echalota picada, sal, pimenta,
e sumo de limão.
Todas as lingoas , depois dc cozidas , sc podem lar-
dear de toucinho fino, e depois assar, 'e servirem-se com
molho de c u l i , sumo de agraço, e um bocado de man-
teiga, tudo bem ligado, e de b o m goslo.
Fazem-se também empadas delias, com seu picado ; b e m
nutridas e cozidas que sejão, tira-se-lhe a gordura, e ferve iri-
se com molho de nom gosto.
Rabos de Carneiro.
Tomc-se a quantidade de rabos que se julgarem neces-
sários, entezem-se em agua q u e n t e , apareoi-se, e amar-
rem-se dois a dois , e ponhão-se a cozer em u m a meia
bréza feita com caldo, duas cebolas, duas raizes, uma
capella de salsa, e hervas finas; teuiperein-se com pouco
sal c pimenta; em estando cozidos, servem-se de differen-
tes modos.
Querendo-se assar nas grelhas, passem-se primeiro por
ovos batidos, cobrão-se de pão ralado fino, vá-se pingando
com manteiga derretida, ou com azeite fino, e cobrem-se
segunda vez com pão ralado; lornão-se a assar, pingaiido-
os de quando cm quando com uma pouca de manteiga ;
estando em boa c o r , servem-se com molho de echalotas,
sumo de limão , ou com uma sòssa á remolada quente.
Também sc servem fritos em manteiga de p o r c o , guar-
necidos com salsa frita.
Rabos de Carneiro com Arroz.
Toma-se a quantidade de arroz que se q u e r , c depois do
muito bem lavado duas ou tres vezes com agua quente,
ponha-se a cozerem um tacho com caldo ordinário, ajun-
tando-se-lhe uma colher do caldo da bréza um tanto gordo ;
estando quasi cozido, e meio f r i o , cobra-se o f u n d o do
prato com um pouco de arroz; arruma-se-lhe em cima os
rabos de carneiro cozidos na bréza, como os anteceden-
tes; cobrem-se coin o resto de arroz, conservando a cada
rabo a sua figura; doire-se com ovos batidos', e corado
que esteja o arroz, cscorra-se-lhe a g o r d u r a , alimpe-se a
borda do prato, e sirva-se quente para uma entrada.
Servem-se também á Parmezã. com um pouco de cuft.
e queijo ralado no fundo do prato, e estando arrumados,
deita-se-lhe em cima o resto do m o l h o , engrossado c o m
um bocado de manteiga lavada ; bem cobertos de queijo
ralado, mettem-se no forno á c o r a r , e servem-se ajun-
tando-se-lhe uma pouca de substancia.
%
T a m b c m se servem com ragú dc nabos, cenouras tornea-
d a s , e castanhas inteiras. Cozidos que sejão os rabos na
bréza, servem-se com culi de lentilhas, e toucinho entre-
meiado.
Pés de Carneiro á PouLctlc.
Depois de se terem feito cozer bem em agua por cinco
h o r a s , alimpão-se de todas as pelles que escaparão á pri-
meira limpeza ; escorrem-se, e tirão-se os ossos das pernas;
reduz-se algumas colheres de culi branco , com cogomelos
passados antes por manteiga; ligão-se tres gemmas de ovos,
tres quartas de manteiga fresca, salsa picada e lavada, sumo
de u m l i m ã o ; deilão-se os pés de carneiro roeste m o l h o ;
serve-se depois.
Pés de Carneiro à Sainie-Mcnehould.
Quando já estão cozidos em agua, tirão-se os ossos gros-
sos, e se deixão inteiros os p é s ; mellcm-se depois em uma
cassarola com um bom bocado de manteiga , salsa, cebo-
linha. um dente de alho, tudo picado ; salpimcnta-se, coa-
se até quazi não ficar molho a l g u m ; no fim, meche-se para
que não se peguem quando estiverem fria,s, embebem-se
no resto do m o l h o , e cobrem-se de miolo de pão ralado;
tostão-se, e fervem-se em secco com um molho picante e
claro.
Carneiro Picado.
Pique-se um ou dois arrateis de carneiro da perna,
alimpando-a primeiro com cuidado, sem levar pelle nem
.nervo a l g u m , com uma quarta de toucinho, com tres-
* * ^ •
g e m m a s de ovos, e com iodos os cheiros; depois de pi-
c a d o , ponha-se a afogar em uma iigella, e estando quazi
a f o g a d o , deitem-lhe o vinagre necessário , e como estiver
já bem cozido, com pouco caldo, tempere-se com as espe-
cies pizadas , coallie-se com tres gemmas de ovos , e cleile-
se 110 p r a t o , untado esle com uma onça de manteiga de
v a c c a , com sumo de l i m ã o , e canela por cima..
Se este prato houver dô levar gemmas de ovos, cscalfem-
se á parte em uma. panella,. e ponhão-se por cima do
picado^
Carneiro Mourisco..
Põem-se a afogar um quario de toucinho picado com
os cheiros; depois, deitcm-se-lhe dois anateis de carneiro
meio assado, leito em p e q u e n o s ; coza-se muito b e m , e
depois tempere-se com todos os adobos, coálhe-se com
(juatro gemmas de ovos, unte-se um prato com manteiga*,
e deite-se n e l l e com canela e limão por cima..
Carneiro cm Almôndegas..
Alimpão-se dois arraieis de carneiro, da perna, dos nervos
e pelles, e picão-se com uma quarta de toucinho e cheiros ;
depois, deitem-lhe tres o v o s , um miolo de pão ralado,
adobos, v i n a g r e , e s a l ; feito i s i o p i q u e - s e outra vez
tudo muito bem picado, tenha-se ao fogo uma. tigella.
cozão-se nella as almôndegas em lume brando r as quaes
se faráõ do tamanho que quiz/Ciem; lornem-se a temperar
com todos os adobos, e coallie-se com Ires geminas de o\ os,
e com sumo de l i m ã o ; ponhão-se 110 p r a t o , que estará
untado com uma onça de manteiga de vacca, fatias de
pão ; ponhão-se sobre cilas as almôndegas com o caldo,
grosso, e logo por c i m a , canela, e limão e a ai á, meza..
Assim também se fazem de gallinlia..
Desfeito de Carneiro
Faz-se em pondo dois arraieis de carneiro da perna em<
pedaços pequenos, sem osso . e mettendo-os a afogar com.
uma quarta de toucinho, e seus cheiros; estando já bem
cozido, tempera-sé com u n a g r e , adobos, e depois dá.-se-
Ihè outra fervura; feilo isto, deita-se-lhe u m quarto de pão
ralado, coalha-se com seis ovos, e põem-se 110 prato, pre-
viamente untado de manteiga, sobre falias de pão, talhadas
de limão por c i m a , e sua canela.
Isto mesmo se faz á carneiro de pescoço, mas com osso.
Também se faz de cabrito.
Carneiro Ensopado.
Poem-se a afogar dois arraieis de carneiro partido pelo
meio, com meio arratel de toucinho e seus cheiros; tempera-
se com todos os adobos, estando já quasi cozido ; depois
de cozido, lança-se o caldo em um prato covo, ou f r i g i -
deira, sobre fatias de pão cobertas com meio arratel de
queijo r a l a d o ; põem-se a aboborar sobre umas brazas, e
mettendo o carneiro por cima com sumo de l i m ã o , vai
á meza.
Também se faz com o carneiro assado.
Carneiro de Gigo te.
Para carneiro cm gigote sc põem a assar dois arraieis,
com uma frigideira debaixo para apanhar o p i n g o , em a
qual deitarão um golpe de v i n h o , outro de v i n a g r e , p i -
menta, cravo, gengibre, e noz moscada; estando já o car-
neiro assado, se esprema sobre o pingo de maneira que
deite toda a substancia; depois, se pica com a faca. c der-
rctc-sc meio arratel de toucinho , e limpo dos torresmos,
se ajunta com o pingo do carneiro, e posto tudo junto com
o carneiro a ferver, se tempera outra vez de tudo o que é
necessário, põem-se no prato , e manda-se á meza com
suíno de limão por cima.
Se quizerem, também lhe podem escalfar alguns ovos.
Beste modo se faz carneiro picado com cautella.
Também se faz este gigote de peru , gallinlia , vitella, e
de qualquer carne.
Carneiro de Alfdete.
Logo que cslivcrem quasi assados dois arrateis de c a r -
neiro da perna , se fará um polme dc favinha triga, ovos,
vinho branco, uma quarta de toucinho , ou b a n h a , d e r r e -
tida, e uma quarta de assucar, para que fique o polme
doce ; depois de feito este p o l m e , se irá coin u m a colher
deitando sobre o carneiro emquanto se vai assando, que ^
ha de ser em lume esperto , para que coalhe, e isto até
se acabar o polme.
Deste modo se fazem frangãos, pombos, qualquer lombo,
ou .polgar de vitella.
Do Cabrito, e do Cordeiro.
Ordinariamente comem-se os cabritos e os cordeiros pela
primavera, e não devem ler mais de dois mezes ; sendo
ainda de leite, e bem gordos, podem servir-se nas mezas
mais delicadas.
Quartos trazeiros de Cordeiro em Fricasse.
Depois de entezado, e lardeado um quarto de cordeiro,
ponha-se a cozer em uma cassarola do seu comprimento,
r o m bocados de vitella, pranchas de prezunlo, uma capella
de salsa, l o u r o , c mangericão , uma cebola cravejada; e
coberta com algumas pranchas de toucinho , molhe-se
com caldo , e deixe-se ferver pouco e pouco duas horas ;
cozido que s e j a , tire-se fóra , passe-se o caldo por u m
p e n e i r o , c tire-se-lhe a g o r d u r a ; reduz-se o caldo sobre o
l u m e , e posto em caramelo , põem-se-lhe em cima o quarto
de cordeiro, ou cabrito, c pegado que seja o verniz ao lar-
deado, e de boa cor, sirva-se com molho c l a r o , c sumo de
limão.
T a m b é m se pôde servir com ragú de ervilhas, molho de
espinafres, ou de azedas.
Os quarlos do cabrito, ou do cordeiro, sem serem lar-
deados, podem servir do mesmo modo , e com os mesmos
molhos.
Quartos de Cabrito para uma entrada.
Ponha-se a assar um quarto de cabrito bem g o r d o , co-
berto de papel manteigado; estando assado, tire-se o papel,
pingue-se o quarto, cobra-se de pão ralado, e dé-se-lhe boa
c o r ; sirva-se com molho de culi claro , duas enchovas,
cebolinha picada, sal, pimenta, e sumo de limão.
líagu de Motejas.
Deite-se de molho algumas moléjas de cordeiro ou de
vitella ; entezem-se , e refoguem-se depois em toucinho
derretido, e uma fatia de prezunto ; polverizeni-sc de fari-
nha triga, deile-se-lhe um pouco de caldo c de substancia,
pimenta, uma capella dc salsa, e hervas finas, uma cebo-
linha com dois cravos, e deixem-se c o z e r ; em estando
cozidas, ajunte-se-lhe umas cristas, e fundos d a l c a x o f r a s ;
ligue-se depois tudo com um pouco de c u l i , tire-se-lhe
a gordura, e sirva, com sumo dc limão, para guarnecer em-
p a d a s , tortas, ou qualquer entrada qúe se quizer.
POUCO.
M S A V S W W S W W V
PORCO.
Salchichas.
Fritas as salchichas, em talhadinhas com pimenta e limão
por cima, mandem-se á meza.
Também sc faz de paio ou chouriço.
Salchichas de Champanha.
Picada a carne dc uma perna, ou lombo de porco , corte-
se em dados outra tanta gordura; tempere-se de s a l , pi-
m e n t a , especies, e hervas finas; deile-se-lhe meia garrafa
de vinho branco, c tudo bem misturado e m a r i n a d o , en-
chão-se as tripas como sc costuma , c ponlião-se alguns dias
ao f u m o ; em estando enchutas, servem-se para o que me-
lhor convier. •
Salpicõcs de Porco. •
Andulhas de Porco.
Limpas, e lavadas as tripas, deitem-se dc molho em agua r
e vinagre , com louro, tomilho, e mangeric&o ; corte-st?
parte delias em filetes , e assim mesmo banha , e carne dó
COZINHEIRO IMPERIAL. '
p o r c o ; salpimen\e-se t u d o , cspecies, hervas finas , e u m a
pouca de erva doce ; temperado, e de bom gosto, enchão-
.se as tripas maiores, mas que lhes fique uma terça parte va-
xia, para não rebentarem; atem-se por uma e outra ponta,
efação-se todas de um mesmo comprimento; depois, ciei-
iem-se a cozer em u m adobo com caldo , vinho branco,
hervas finas, e b a n h a ; cozidas que sejão, deixem-se es-
friar no mesmo caldo, tirem-se depois, ponhão-se a escor-
rer sobre um panno, e depois de enchutas, assem-se por
uma e outra b a n d a , e sirvão-se para entrada.
Saichichões.
Tomão-se dez ou doze arrateis de carne de porco , deite-
se-lhe em cirna meia garrafa de vinho branco ; metta-se de-
pois cm um panno branco , aperle-sc em uma prensa , ou
entre duas taboas carregadas com pedras, e deixe-se estar
dois dias ; depois, pique-se grosseiramente sobre a meza,
ajunte-se-lhe outro tanto de g o r d u r a , e banha cortada em
dadinhos meudos, tempere-se com um pouco cie salitre, sal,
pimenta, e cspecies finas; deite-se-lhe meia garrafa de vi-
nho branco , mella-se tudo em*alguidar, e cobra-se por dez
ou doze h o r a s ; enchão-se depois as tripas mais grossas,'
atem-se iguaes , e ponhão-se a escorrer, e depois ao fumo
por alguns dias ; em estando seccos , sirvão-se delles , con-
forme parecer.
Deste mesmo modo se fazem saichichões de Porco
Montez. J
Cnouiuços E SALCIIICHAS.
Chouriço Branco.
Ponha-se a ferver cm uma cassarola uma canada de leite
temperado com sal, rodas de cebola, salsa, tomilho, man-
gericão, semente de coentro, e folhas de louro ; depois de
tudo fervido, c reduzido a ametade, tire-se do lume, e passe-
se pelo peneiro, misture-se-lhe uma quarta de amêndoas
pizadas, passe-se por um guardanapo com f o r ç a ; ajunte-se-
lhe um arratel de banha cortada em dadinhos, tres peitos
de gallinhas, ou de capões assados, uma dúzia de gemmas
de ovos, com cinco ou seis claras batidas, e acabe-se dc
temperar com sal moido, pimenta, e especies finas; posto a
aquentar, e mechendo sempre com a colher, principiando
a ligar-se, e com bom gosto, sem se deixar esfriar, enche-se
com islo umas tripas de porco, que se ataráõ, segundo se
costuma, com toda a igualdade ; depois de cheias, ponlião-
se a ferver um quarto de hora em a g u a ; estando cozidos,
ponlião-se a escorrer sobre um panno, e depois de frio,
assem-sc sobre papel untado, c sirvão-se quentes.
Chouriço Prelo.
Chouriços de Fígados.
MÃOS DE PORCO.
Fígado do Porco.
Asse-se o fígado bem assado, derretem em uma tigella
um redenho de p o r c o , no qual afogarão urna cebola em
pedaços, e depois de afogada, a temperarão de sal, e vina-
gre, com especies, cravo, pimenta, pouco açafrão, e alho ;
logo lhe deitarão o fígado, e como tiver fervido, o tirarão
fora, e lhe deitarão sumo dc laranja, e sobre fatias se man-
dará á meza.
Lombo de Porco*
T
VEADO.
\
/
tini o, ou b r a n c o ; tempcre-se de sal, pimenta, louro, um
bocado de limão inteiro, uma cebola cravejada, uma c a -
pella de ervas finas, e deixe-se ferver pouco e p o u c o ; es-
tando cozidos, c o mõllio reduzido, ligue-se com um pou-
co de culi, e pouco vinagre, u sirva-se com sumo de limão.
Deve-se aItender que os veados não se devem matar na
estação do c i o , visto que seria perniciosa esta comida.
Lebre Annada.
Tire-se a uma lebre a carne do lombo, e das pernas, de
maneira que fiquem os ossos inteiros, e pique-se com dois
arrateis de carneiro, uma quarta de t o u c i n h o , e alguns
cheiros; logo que tudo isto estiver picado, se armará e m
uma frigideira untada de manteiga, ficando a lebre com a
proporção que era d antes; e finalmente se comporá com
lardos por cima , e se mandará á meza sobre sopas de
queijo.
Deste modo se faz Coelho.
Lebre Cozida.
T i r e - s e a uma lebre o sangue com muita limpeza, e de-
pois de muito bem lavada, ponha-se a cozer com uma quar-
ta de toucinho, duas cabeças de alhos , e alguns cheiros ;
tempere-se com cravo, pimenta, gingibre, cominhos e vi-
nagre, e como estiver cozida, deitem-lhe o sangue.
Assim se faz o Coelho.
Lebre cm Potagcm.
Poráõ a assar uma lebre mui bem lavada , e lardeada
com toucinho ; depois de assada, picaráõ um pouco de
toucinho, e o poráõ a derreter cm uma tigella alta; como
estiver derretido, lhe deitarão duas cebolas, todos os chei-
ros, e todos os adobos, e como estiverem afogados, lhe ti-
rarão os torresmos com a escumadeira , e lhe deitaráõ meio
quartilho de vinho, temperando-se de tudo o que lhe for
necessário. Feita esta p o l a g e m , a deitaráõ por cima da le-
bre , que ha-de estar posta em um prato, cem suas alca-
parras, e talhadas de limão por cima.
Desta sorte se faz o coelho.
Leboracla.
Esfolarão uma lebre fresca sem ser lavada , e tirando-
] h e a b u c h a d a , que limpa dos cabellos ha de ser lavada
do sangue, poráõ a lebre a afogar cm uma p a n e l l a , com a
mesma agua em que a buchada se lavou do s a n g u e , com
toucinho derretido, limpo dos torresmos, cheiros migados,
c cebola; como estiver cozida, deilaráõ u m miolo de pão
de rala (do tamanho de um ovo), torrado, e desfeito em
vinagre no g r a l , com cspecies, c r a v o , p i m e n t a , açafrão
p o u c o , cominhos, e vinho b o m ; logo ponha-se no prato
com fatias de pão, e mande-se á meza com talhadas, e s u -
mo de limão azedo.
Coelho de Sallada.
Assados os coelhos que quizerem, se faráõ logo em g i -
gote, o qual se ha de deitar em um prato de sallada mui
bem armado, com seu sal e pimenta; quando se houver
de mandar á méza, lhe deitaráõ azeite, vinagre, e pimenta
fervendo.
Coe lho de João P ires.
Ponha-se a afogar meio arratel de toucinho picado com
cebola, e salsa bem picada; como estiver afogado, lhe dei-
tarão dentro os coelhos partidos em pedaços, e depois co-
zidos se temperarão com todos os adobos, cominhos, limão,
azeite, agraço (se o houver), ou vinagre , e posto sobre fa-
tias de pão com talhadas de limão por cima, se mandará á
meza.
Coelho de Horta. $
Coelhos á Maruja.
Láparos cm Papilhota.
Limpos osláparos, e cortados em quatro ou cinco boca-
d o s , quebrem-lhes os ossos maiores com a cosia da faca,
e tempere-se com pouco sal e p i m e n t a ; fazendo um pica-
do com os ligados dos mesmos Jáparos, toucinho raspado,
salsa, cebolinha, t r u f a s , echalota, um dente de alho bem
picado, temperado de sal e pimenta ; tomem umas folhas
de papel, e feitas em quartas, ponhão em cima d é c a d a
um uma pranchinha de toucinho com u m pouco do tal
picado, e o quarto do láparo 110 meio, com outro tanto pi-
cado , e outra prancha de toucinho ; embrulhem depois o
papel com g e i l o , e por forma cie uma papilhota; assim
mesmo farão aos mais bocados, e ponhão-nos a assar sobre
umas grelhas com lume brando, e sobre uma folha de pa-
pel, un ada com azeite; depois de assados de ambas as
bandas , sirvão-se seccos nas suas papilhotas para uma en-
trada. %
• v *
COFTTTLLEÍUO IMPERIAL» 7
AVES.
V
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DA DISSECÇÃO
>
DAS. AVES , 7 E CACA.
*
/
104 AVES.
se-lhe uru pouco cio vinagre. uma capella de hortelã, e
coentro, e depois de ferver dei te-se-lhe a quantidade de arroz
neccssaria, para que fique inteiro, c enchuto ; estando as-
sim cozido, concertão-se as gallinhas nos pratos, com o ar-
roz por cima , guarnecidas com os bocados de prezunto
cortados cm fatias, e sirvão-se quentes.
])a mesma sorte se fazem B e r ú s , Adens, Patos, Pombo?,
R o l l a s , Perdizes, Gallinhas, e todas as aves.
Advertencia,
Devc-se observar que todos estes peitos de gallinhas assa-
das se cortão por differentes modos, segundo o para que
devem servir; como por e x e m p l o , se forem para paste-
linhos, cortão-se em dadinhos pequenos; da mesma forma
se devem cortar quando sen irem para caixinhas de pão.
Corta-se a comprido, e como uns alfinetes, se houverem
de servir em caixas de papel, ou em qualquer outra fórma,
com picado delicado por baixo ou por cima, ou em crcspina
de vitella.
Cortados em dadinhos para deitar em uma .bexamela
bem ligada, para se servirem embrulhados em obrea, e
fritos; finalmente, para tudo o que se quizerem servir del-
l e s , conforme a capacidade do ollicial, e segundo lhe f o r
necessário, e melhor parecer.
Manjar Branco.
Depois que um peito de gallinlia estiver meio cozido,
desfiado, e desfeito em um tacho, com a colher se lhe
deita duas canadas de leite, dois arrateis de assucar, e a r -
raiei e quarta de farinha de arroz; mechendo-se ao cozer,
deitando-se-lhe pouco a pouco meia canada de leile, para
se refrescar, e um arratel de assucar; quando estiver cozi-
do, (o (pie se pode conhecer mettendo-lhe a ponla de uma
f a c a , e ésta-se despegando lizo,) deita-se-lhe agua de flor,
tira-se do l u m e , e corta-se em pelles.
Do mesmo modo se faz de Peixe, ou de Lagosta em lu-
gar de gallinlia.
Manjar Branco Amarcllo.
Logo que estiver mais de meio cozido um peito de gal-
linlia, desfiado, e desfeito com a colher em um tacho, com
canada e meia de leite, dois arrateis de assucar, e um ar-
ratel de farinha de arroz, ponha-se a cozer, deitando-se-lhe
pouco a pouco meia canada de leile ; e quando estiver quazi
cozido, deitem-se-lhe ovos molles, quantidade de uma d ú -
zia de gemmas, e depois de cozidos, agua de flor ; tire-se
do l u m e , e deite-se nos pratos.
v Galtinlia de Alfitetc.
Para se fazer uma gallinlia de alíilele, coza-se a gallinlia
com um arratel de toucinho, e cheiros, com todos os ado-
bos, e agua p o u c a , para que fique bem substancia; logo
que estiver cozida, se derreterá o toucinho, e se lançará em
uma tigella baixa , em que se porá a gallinlia em quartos
para se córar em lume brando por baixo, e por cima ; sen-
do cozida, faça-se a massa fina de uma oitava de farinha de
trigo, com meio arratel de assucar, seis ovos, sua manteiga,
e um golpe de vinho ; desta massa se iráõ fazendo uns bo-
linhos com folhas de l o u r o , frigindo-se , e pondo-se cm
cama, com assucar , c canela por cima, em v*n prato, ate
se encher; em cima se porá a gallinha.
Neste prato sc pódein pôr ovos de letria, se quizerem.
Assim também se faz Carneiro, P o m b o s , F r a n g ã o s , e
Cabrito.
Gallinha Mourisca.
* Ponha-se a frigir u m arratel de toucinho, cortado do ta-
manho de ciados, e deite-se o pingo limpo cios torresmos
em uma tigella com o peito de uma gallinha, que ha de
estar meia assada, u m golpe de vinho b r a n c o , pouco
v i n a g r e , agua a que baste, e ponha-se a a f o g a r ; tempere-
se com todos os adobos , com duas folhas de louro , e
coalhe-se com duas gemmas de ovos ; põem-se fatias por
baixo, e limão por cima.
Deste modo se f a z e m : P e r u s , P o m b o s , Cabritos, e
Lombos.
Gallinha sem Osso.
Dcpene-se uma gallinha em secco, e ainda quente;
abrindo-a pelas costas, lhe tirem toda a carne, e ossos, dei-
xando-lhe só as pontas das azas, para quando se armar ;
pique-se logo a carne da gallinha com dois arrateis cie car-
neiro , meio dc toucinlio, cheiros bem picados ; fritos em
manteiga, leve-se ao cepo para se temperar de todos os
a d o b o s ; encha-se logo a gallinha com o picado, e com oito
ovos cozidos, ponha-se a cozer na tigella em lume brando;
estando cozida, tempere-se outra vez com todos os adobos;
feito isto, ponha-se em um prato ou frigideira, em que ha
de estar já feita uma sôpa de queijo.
O mesmo se faz de F r a n g ã o s , Pombos , ou Peru.
Gallinha Assada.
Depois que uma gallinha estiver depenada, limpa, e espe-
tada , tome-se uma posta de toucinho ao comprimento de
u m palmo, e da largura de quatro dedos, faça-se ein pos-
tas, e ponha-se na gallinha por c i m a , c por baixo, embru-
lhe-se logo a gallinha em quatro ou cinco folhas de papel
bem untadas de manteiga, ate-se mui bem com um cordel
de barbante, e com muitas voltas, de maneira que se não
desate ; feilo i s l o , ponha-se a gallinlia a assar, molhando-
se primeiro o papel por cima com a g u a , para que se não
q u e i m e ; depois de assada a gallinlia, ponha-se no prato
com as mesmas postas de toucinho , c fatias de pão por
baixo , e mande-se á meza.
Deste modo se assa: Capão, P e r u , Frangãos, & c .
GallÍ7ilia Ensopada.
Uma gallinlia cortada em pedaços põem-se a afogar com
uma quarta de toucinho, cheiros , sal, e vinagre ; tempera-
se com todos os adobos, coalha-se 110 fim com quatro ovos,
(se lhe não quizerem ovos, fação-lhe potagem de salsa,)
ponha-se sobre fatias, sumo de limão por c i m a , e m a n d e -
se á meza.
O mesmo se faz de P e r u , Pombos, Frangãos, e Cabritos.
Gallinlia Armada.
Pica-se uma gallinlia, com dois arrateis de carneiro, meio
arratel de toucinho, e todos os cheiros, deixando-se com
advertencia os ovos da gallinlia inteiros; logo que estiver
afogada metade de toda esta carne, se tornará 110 cepo
para se picar junto com a outra metade, e temperar com
todos os adobos, vinagre, quatro ovos, e u m quarto de pão
ralado; depois de temperada a c a r n e , arme-se a gallinlia
com os ossos em uma frigideira untada de manteiga ; como
estiver do tamanho que era , componha-se com lardos de
toucinho por c i m a , e ponha-se a cozer em lume brando
por baixo e por cima; como estiver cozida, ponha-se sobre
sôpa de nata feita na forma da dourada, e mande-se á
meza. *
Desle modo se fazem : Perus, F r a n g ã o s , e Pombos.
Também se fazem Perdizes e Coelhos, mas põem-se so-
bre sôpa de queijo.
Gallinlia Recheada.
Para se rechear um gallinlia, pica-se em uma parte arra-
tel e meio de carneiro, e em outra parte u m a quarta de
toucinho com cheiros, tudo muito bem picado ; ponha-se
logo a afogar o toucinho, e os cheiros, com ametade do
carneiro; estando meio afogado, se botará 110 c e p o , mis-
turando-se com outra ametade do carneiro; pique-se tudo
junto com tres ovos, lodos os adobos, vinagre, c pão rala-
do. Feito isto , rechea-se a gallinlia , e põem-se a assar cm
uma frigideira, ou a cozer se quizerem, e pondo-se sobre
a sôpa doirada com sumo de limão por c i m a , m a n d e - s e
á meza.
Assim se fazem P o m b o s , F r a n g ã o s , e Perus.
Substancia de Gallinlia.
Para se fazer esta substancia , metta-se uma gallinlia
gorda em uma prensa, depois de meia assada, na qual se
apertará até se delir os ossos; apanharão a substancia em
uma tigella, e temperando-a de s a l , se misturará, se f o r
para são, com outro tanto caldo de gallinlia; e se f o r p a r a
doente, em uma tigella de caldo se deitará uma ou dois
colheres pequeninas da dita substancia.
Almôndegas de Gallinhas— vide Almôndegas de Carneiro. ..
Gallinlia de outros muitos modos — vide o í n d i c e .
Empadas de Gallinhas.
Dos Frangãos.
è
Adverte.ncia acerca dos Frangãos*
Frangãos Assados•
Frangãos de Fricasse.
Frangãos Albardados.
Frangãos Doces.
Frangãos á Franceza«
á Allemã.
á Ingleza.
de Ravigóta.
dc Enchovas e Alcaparras.
/
de Ovinhos.
Picante.
de Echalolas.
de Prezunto.
de L o u r o . '
de Aspic.
Frangas dc Fricandô.
t » Peni em Fricandô.
Escanhoado, e limpo um peru n o v o , e com as pernas
mettidas por dentro, segundo o costume, enteze-se em uma
fornalha accza, e esfregue-se com uma prancha de toucinho;
depois de bem enchuto, lardêe-se com toucinho fino, deite-
se de m o l h o , e ponha-se a cozer em caldo sem sal, com
pranchas de vitella , prezunto, cebola cravejada , capellas
de salsa, e pranchas de t o u c i n h o ; depois de bem espu-
mado e cozido, passe-se o caldo pelo peneiro, reduza-se,
acabc-se o verniz, como sc faz aos dos fricandós de vitella,
e ponha-se-lhe o perú com o lardeado para baixo ; estando
pegado ao toucinho, e de boa cor , tire-se o b a r b a n t e , e
sirva-se com essencia clara , passada pelo (pie fica no fun-
do da cassarola , e sumo de limão.
Também se pôde servir com ragú de pepinos, ou de chi-
cória á bexamela, ou com molho de espinafres á crema, ou
com molho de azeda, ou qualquer outro.
Pombinhos de Fricandô.
Preparados os p o m b o s , chamuscados, com as pernas
mellidas para dentro , achatão-se entre dois pannos com a
prancha da cutella, e depois de emborcados, entezados, lim-
pos, e escanhoados, lardeão-se com toucinho fino, e lança-
dos um pouco de tempo em agua fria, lornein-se a entezar
em agua quente, e ponhão-se depois a cozer entre pranchas
de toucinho, uma prancha de prezunto, uma capella de
salsa, louro, mangericão, cebola cravejada, e um pouco de
caldo ; deixem-se ferver pouco e pouco ; eslando cozidos,
tirem-se f ó r a , passe-se o caldo pelo peneiro , tire-se-lhe a
gordura, ajunle-se em uma giaça de vitella ; depois de re-
duzido, e de boa c o r , giaçem-se os p o m b o s , e sirvão-se
com o molho ou guarnição de legumes que parecer.
Popetões de Pombos.
Pcgue-se em uma pouca dc carne de vitella, gordura de
vacca, e toucinho; temperado tudo com pouco sal, pimen-
ta, salsa, eclialota p i c a d a , adobos, ehervas finas, pique-se
tudo muilo bem; pize-se em um gral com um miolo de pão
ensopado em leite, quatro gemmas de ovos, um bocadinho
de noz moscada ralada ; estando tudo bem picado , g u a r -
neça-se uma pope leira com pranchas de toucinho como
por baixo, e metta-se a cozer 110 forno ; estando prompto,
vire-se sobre o seu prato, tirem-se-lhe as pranchas de tou-
cinho, e toda a gordura, sirva-se com molho de essencia, e
um pouco de culi para uma entrada.
Assim mesmo se f a z e m , e servem popetões de P e r d i g o -
tos, de Frangãos, Codornizes, Rolas, T o r d o s , e outros pas-
sarinhos.
DAS EMPADAS, T O R T A S , E TIMBALES.
Pombos Doirados.
Logo que estiverem limpos os pombos, abrindo-se pelas
costas, lhes metteràõ prezunto, e descaídas, cortado tudo
do tamanho de d a d o s ; feito isto, tornarão a ajustar os
pombos , e assentando-os em uma frigideira , lhes deitarão
uma colher de caldo da panella ; ponha-se ao lume a cozer
devagar, juntamente com a tampa de brazas por cima , e
sendo cozidos, se untarão por cima com uma gemma de
ovos; põem-se sobre sôpa doirada, e assim se mandão
á meza.
N. 13. Deste modo se fazem Rolas,' e Frangãos.
u
Pombos de D. Fernando.
Depois cie assados os pombos, se afogará um pequeno de
toucinho com uma pouca dc manteiga, Iodas as especies,
cheiros, vinho branco, um golpe de vinagre, agraço inteiro,
se o houver, e quando n ã o , sumo de limão, para que fique
appetiloso; estando temperado, ponhão-se os pombos sobre
fatias de pão , e lance-se por cima o molho ; assim vai
á meza. ' ' -
/ Pombos de Salsa Negra.
r Pombos Enredados.
Pombos a Delfina.,
Devem os pombinhos ter ainda p e n u g e m , e depois de
sangrados, escanhoados, e limpos, emborcão-se com os pés
por dentro do corpo , entezão-se em agua quente , cozem-se
depois entre pranchas de toucinho , duas rodas de limão
sem casca, e uma capella de salsa; estando cozidos, ser-
vèui-se todos guarnecidos de molejas de vitella , lardeadas
de toucinho fino, e giaçados com o 1'ricandó, com o molho
de essencia, e sumo de limão.
Outras vezes servem-se com molho á Rainha, culi verde,
culi de camarões, ou qualquer outro.
%
fazendo o folhado F r a n c e z , ou o que quifcerem; lavrada
que seja mui lo bem, cozão-a em lume brando com o picado,
c mistura dentro-, e mande-se ã meza.
D A S R O L A S , CODOHNIZES, E TORDOS»
Tordos Guizados.
Tome-se uma dúzia de tordos, d e p e n e m - s e , c h a m u s -
quem-se, endireitein-se , metlendo-se-lhes as pernas d e n -
tro do corpo, esfreguem-se com toucinho d e r r e t i d o , p o l -
verizem-se depois com farinha de trigo em uma cassarola
com vinho b r a n c o , sal, p i m e n l a , u m a capella com c e b o -
linha, hervas finas, e dois cravos da í n d i a ; ponha-se a fer-
ver pouco e p o u c o ; estando cozidos, e ligados, com uma
pouca de essencia , sirvão-se com sumo de limão.
T a m b é m se servem com azeitonas.
§
alimpem-sc, lardêem-se ou cobrão-se com pranchas dc tou-
cinho , mettão-se no espeto embrulhadas em papel m a n -
t e i g a d o , e ponhão-se a assar ; depois de assadas, e de boa
c o r . servem-se para prato de assado.
Querendo servir-se delias para uma e n t r a d a , ou para
prato de guizado, depois de chamuscadas e vazadas, faça-se
u m picado dos seus mesmos ligados , toucinho raspado,
pouco s a l , pimenta , salsa, e cebolinha p i c a d a ; depois de
recheadas, e atadas com os pós sobre o p e i t o , entezem-se
em manteiga de porco , com algumas rodas de limão sem
casca ; entezadas que s e j ã o , tirem-se , cobrão-se de p r a n -
chas de toucinho e papel manteigado, atravessem-se pelas
coxas em u m espetinho, atem-se a outro espeto g r a n d e , e
ponhão-se a assar; depois, sirvão-se com qualquer molho,
ou guarnição que parecer, como s ã o :
Molho á Hespanhola.
de Laranjas azedas.
de Echalotas.
de Funcho.
Ra&ús
O de Azeitonas.
de T r u f a s .
de Morilhas.
dc Enxovas á Provençal.
Perdigotos cm Papilliota.
Depois de vazados, e chamuscados tres ou quatro per-
d i g o t o s , com as pernas mettidas dentro do c o r p o , a cha-
tem-se entre dois pannos com a prancha da cutella, e mari-
nem-se cm azeite bom, sal, pimenta, salsa, cebolinha, tru-
f a s , meio clenle de a l h o , tudo picado f i n o ; depois de
marinado duas ou tres h o r a s , para tomarem gosto, cm-
brulhe-se cada u m em meia (ollia de papel, com os mesmos
temperos, e ponha-se a assar nas grelhas em lume brando,
da iorma que não queime o papel ; estando assados de
ambas as bandas, sirvão-se embrulhados no mesmo papel.
Perdigotos cm Aguardente.
L i m p o s , c chamuscados os perdigotos, e as pernas mettidas
dentro do corpo, abrão-se pelas costas, o recheein-se com
um picadinho feito dos seus proprios fígados, e toucinho
raspado; ponhão-se a cozer entre pranchas de toucinho,
de vitella, e de prezunto ; e temperados como é costume, es-
tando quazi cozidos , deitc-se-lhes um copinho de dez reis
de agua ardente ; acabados de cozer, tirem-se fóra , e mo-
lhado o que licar no fundo da cassarola, com uma colher
de substancia, e meia colher de culi, reduza-se, passe-se
pelo peneiro , tire-se-lhe toda a gordura, ajunte-se-lhe um
bocado de manteiga boa. e acabado de ligar ao f o g o , sirva-
se quente com sumo de laranja, e pimenta inteira.
Empadas de Perdizes.
Depois de entezadas em agua duas perdizes, lardeem-se
muito bem com lardos de toucinho, e o que sobrar de meio
arratel, tirados os lardos, mui bem salpimentados, p i q u e -
se com alguns dentes de alhos ; amassada a massa com meio
arratel de manteiga, fazendo delia um bolo grande, ponhão-
se nella as perdizes , com o toucinho picado por baixo , e
por c i m a , e duas folhas de louro; fechem a empada com
recolpego grosso, para que quando se cozer não arrebente ;
depois de cozida, mande-se á meza.
Deste modo se faz : Coelho , L e b r e , Vitella.
DAS G A L L I M I O L A S E INARCEJAS.
Gallinhola Assada.
As gallinholas, n a r c e j a s , e tarambolas , ordinariamente
comem-se assadas, as quaes depois de depenadas, e embor-
cadas com os seus proprios bicos, entezão-se sobre as brazas,
e depois de entezadas, e escanhoadas, lardeão-se de touci-
nho fino, ou prancheão-se, e sem se lhes tirar as tripas, as-
são-se em um espetinho, que se ata a outro espeto grande,
e debaixo põem-se fatias de pão , para receberem o pingo ;
depois de assadas, e de boa c o r , servem-se guarnecidas de
roda, ou por cima, das mesmas fatias, com laranjas azedas'.
Torrijas de Galiinltola.
Pique-se u m peito cie gallinlia , (ou o fígado e tripas de
gallinlia, que hão de estar de molho,) com uma quarta de
assucar muito bem pizado, canela moída, e quatro gemmas
de ovos ; depois de picado tudo , ponhão-se urnas fatias de
pão em uma bacia de fartes, ou frigideira, com uns pós de
farinha triga por baixo, e sobre cilas o picado ; pondo-se so-
b r e umas brazas, e depois de coradas com a tampa das bra-
zas por cima, tirem-se f ó r a , e mandem-se á meza.
GALEIRÕES.
!Terrinas Reaes.
Limpas, aparadas, e entezadas as carnes, c aves seguin-
tes, lardèem-se com toucinho mediano, e temperado: duas
perdizes, duas gallinholas, quatro pombos, dois coelhos, seis
codornizes, ou rolas, uns bocados de lombo de vacca, e
- 7 * *
Pasteis de Passarinhos.
Afogados cm meio arratel de toucinho duas dúzias de
passarinhos, com umas talhadinhas de lombo de p o r c o , e
temperados com lodos os adobos, picados, ponhão-se a es-
friar depois de cozidos. Constão estes pasteis de uma oitava
de farinha triga com meio arratel dc manteiga e duas gem-
mas de ovos, feitos em massa bem sovada ; fazem-se caixi-
nhas, mettendo-lhe dentro os passarinhos, põem-se a cozer,
c mandào-se á meza.
T a m b é m se fazem de Gallinhas, Frangãos, Pombos, Pvô-
las, tudo cortado cm pequenos.
i
>
PEIXES.
D o SOLHO.
/
Solho Assado no Espeto.
Cortese uma posla cie solho cio tamanho do prato que ha
de servir, lardee-se com encovas, e bocados de eirozes em
filetes, e temperados ; a c-se em um espeto , e ponha-se a
assar, pingando—se com uma marinada feita de caldo chi
peixe, \inagre, rodas de cebolas e de l i m ã o , folhas de lou-
ro, sal, pimenta, e um bocado de manteiga; estando assa-
d o , sirva-sç para entrada com molho do restan!e da mari-
n a d a , ligado com uma colher de c u l i , e uma pouca de
manteiga lavada.
Solho á Maruja,
\
Lampréa Assada no Espeto.
L i m p e - s e a lamprea, cortc-se crn bocados iguaes, marine-
se em azeite, com sal, pimenta , cspecies, e hervas finas ;
cortem-se outras tantas fatias de p ã o , metlão-se alternativa-
mente em um espetinho, amarre-se a outro espeto grande,
e ponhão-se a assar, pingando-se com manteiga; em estan-
do assada, sirva-se com molho d o c e , ou molho picante.
EIRÓ, OU ENGUIA.
Eiró Enrolado.
Depois de preparado u m eiró grosso, como os preceden-
tes, corte-se-lhe a cabeça, abra-se pela parle da barriga,
lire-se-lhe fóra toda a espinha , parta-se em. dois bocados de
todo o seu comprimento , tempere-se de s a l , pimenta, noz
moscada, salsa, cebola, cchaloia , e um dente cie a l h o , tudo
muito bem picado ; faz-se depois dois rolos., atem-se com
b a r b a n t e , cada u m sobre s i , c põem-se a ferver em um
a d o b o , com vinho b r a n c o , h e n a s finas, e um pouco de
caldo, mais um bocado de manteiga; em estando cozidos,
tire-se-lhes o b a r b a n t e , e sirvão-se com um ragú de trufas,
morilhos , rriusserões, ou outro qualquer.
Estes mesmos eirozes enrolados depois de cozidos, molha-
dos em manteiga derretida, cobertos de pão ralado, e as-
sados nas grelhas, servem-se com môlluo cie remolada.
\
COZINHEIRO IMPERIAL. 11
mette-se nos rios ; os melhores são os passados em agua
clara e corrente , e devem ser g o r d o s , bem nutridos, e a
carne cor de rosa ; ordinariamente comem-se á corbuyon,
cozidos cm c a l d a , e de escabeche; eslando em manteiga e
hervas finas, e assados nas grelhas, e feitos em postas, >er-
vem para empadas, terrinas, e mais pratos, como se verá nos
artigos seguintes.
Pescadiuhas Fritas.
Escamadas as pescadiuhas, l i m p a s , e bem lavadas , sal-
picão-se com sal pizado íino ; enchugão-se depois, enlari—
nlião se, e frijem-se em azeite bem quente sobre lume vivo;
depois de fritas , servem-se com salsa frita corada.
Do mesmo modo se servem todos os peixes pequenos ,
tanto do mar como dos rios.
RODOVALHO.
t
dinario habita nas margens do mar , c nas embocadura*
dos rios , onde se nutre de peixes pequenos, se não encon-
tra camarões.
Prepara-se por diversos modos lanlo para gordo, como
para magro, das maneiras seguintes:
Rodovalho ao Corboyon branco,
Depois de limpo pelas guelras, e sem se abrir um rodo-
v a l h o , lava-se muilo b e m , e ferve-se em uma cassarola re-
donda, com um guardanapo por baixo, e uma salmoira de
agua e sal; em fervendo n elía meia hora pouco e pouco,
estando quasi cosido, tire-se a cassarola, ponha-se sobre
umas poucas de brazas; deita-se-lhe uma canada de leile
quente, deixa-se eslar, sem que ferva, meia hora; estando
cozido, suspcnde-se o guardanapo, para que não se q u e -
b r e , e posto no ponto em que se ha de servir, manda-se á
%
meza guarnecido de salsa. . x
Rodovalho para uma Entrada cm Dca de Carne.
Escolha-se um rodovalho do tamanho e proporção do
pralo que ha de servir, e depois de l i m p o , e a p a r a d o , Iar-
dêe-se com toucinho fino, e se for demasiadamente grande,
tirem-sc-lhe os lombos, c lardôem-se ; guarneça-se o fun-
do de uma torteira com pranchas de toucinho , ponha-se
em cima o peixe, tempere-se com pouco sal, rodas de ce-
bola, dois ou Ires cravos da í n d i a , hervas finas, duas f a -
tias de prezunto; cobra-se com outras pranchas de touci-
nho, e metta-se no forno ; depois de estar dentro um pouco
de tempo, deila-se-lhe um quartilho de vinho do Rheno,
ou b r a n c o , e deixa-se acabar de cozer devagar; eslando
cozido, e de boa c o r , sirva-se com molho á ilespanhola,
c sumo de limão.
LINGOADOS,
O lingoado é um dos melhores e mais delicados peixes,
que se comem, e pelo bom gosto que tem pode ser chama-
do a perdiz do m a r ; estes prcparão-se por muitos modos,
porque delles se fazem: empadas, torlas, timbales, pope-
tões , e terrinas ; além d isto , servem para f r i g i r , e outros
diversos guizados, v
Lingoado Cozido.
Escamado, limpo, e aparado que seja um lingoado gran-
de, faça-se-lhe uma incisão pela» banda cias costas, desde a
cabeca alé ao rabo, e ponha-se a cozer em urna c a l d a , ou
c m uma salmoura, como os outros peixes, e deixe-se a fer-
ver pouco e pouco ; em estando cozido, sirva-se com molho
á ííollandeza, ou quando não, coma-se com molho de azeite
b o m , vinagre, pimenta, e sal.
Sarda Assada.
Tirada a tripa, e lavada muito bem a sarda, corta-se-lhe
a cabeça e a ponta do rabo , abre-se pelas costas, e m a r i n a -
se em azeite, sal, e pimenta ; depois, põem-se a assar nas
grelhas ; assa-se muito b e m , põem-se no prato em que se
ha de servir, abre-se, tira-se-lhe a espinha , e serve-se com
molho de manteiga e alcaparras.
Também se pódem servir com molho de manteiga quei-
mada, e salsa frita.
ARRAIA.
Empadas de Atum.
Duas postas de atum fresco , depois que estiverem duas
horas em conserva de vinho, vinagre, e alhos, ponhão-se a
assar 110 forno em uma frigideira com uma pequena da
calda em que esteve, e um golpe de azeite ; como estiver
meio cozido, tempere-se de todos os adobos pretos, c sumo
de l i m ã o ; faça-se a caixa de uma oitava de farinha triga,
mettendo-lhe o atum com o molho dentro v ponha-se a
cozer, c mande-se ã meza.
D'este modo se faz Agulha.
TRUTA.
D o M E U LUZ , o u MELI L U Z A .
Bacalhau á Provençal*
Bacalhau á Bexaméla«
A TARTARUGA
Torta de Peixe. i
Pique-se uma pequena de salsa, e cebola muito b e m , e
ponha-se a afogar; depois que estiver a f o g a d a , piquem-se
muito bem duas postas de qualquer p e i x e , e ponha-se a
afogar nos mesmos cheiros , com seu vinagre ; como esti-
ver cozido. tempere-se com todos os adobos, deitem-lhe
camarões, ou amêijoas, ou mexilhões, coalhe-se com qua-
tro gemmas de ovos, e ponha-se a esfriar; faça-se a massa
de maneira que quizerem; feita, e cozida a torta, mande-
se á meza.
Fatias com Peixe.
Pique-se sobre urna meza uns filetes de peixes, como
eirozes, chernes, r o b a l o , ou pescada; deile-se em um gra!
de pedra, tempere-se com sal, salsa, casca de limão, assucar
fino, c alguns biscoitos de amêndoas d o c e s , e amargozas;
indo picado, e feilo em massa, e um bocado dc maníeiga
ligado depois em gemmas de ovos , e u m bocado de miolo
de pão ensopado em leite; corle-se uni pão em fatias del-
gadas, ponlião-se em uma lorleira untada de maníeiga,
guarneção-se as fatias com o picado, e mellão-se a cozer
no f o r n o ; em eslando cozidas , giacem-se com assucar fino,
e a pá q u e n t e , e sirvão-se para entremeio.
Alluméla de Enchovas. A
Conserva de Peixe.
\át>
S. Quatro pratos de Torta de F r u c l a s .
Vinte pratinhos de Milicia de A m ê n d o a s .
9. Quatro pratos de Peixe frito.
Vinte pratinhos de F r u c t a de Ciringá.
1 0 . Quatro pratos de Pasteis de Ovos molles.
Vinte pratinhos de Cidrão assado.
*
L^O MARISCO.
LAGOSTINS E CAMARÕES.
Ha duas castas de lagostius, e camarões, uns são do mnr,
e outros de agua doce, mas uns c outros tem as me&oia»
c ualidades, e são excellentes para sôpas, culís, ragús, sfcla-
f
das, e dilTerenles outras g u v r 'cões^. [jj
• • i m A
V
•v
7 i
. M
Camarões Guizaclos.
Camarões de Salada.
Ragú de Camarões.
Cozidos os camarões, e esburgados os r a b o s , refoguem-
se em toucinho derretido , com fatias de Irufas, musserões,
e u m bocado de prezunto ; em estando todo refogado,
deite-se-lhe uma colher de substancia, temperem-se, e dei-
xem-se cozer; liguem-se com um pouco de culi de cama-
s ; e acabado e de bom gpsto, serve-se para o que se
ier.
Camarões á Bexamela.
L i m p o s , c esburgados os rabos dos camarões, cozão-se
cm bom a d o b o , feilo de vinho b r a n c o , manteiga, e hervas
finas ; depois de cozidos, passem-se para uma bexamela,
feila como é costume, e dc bom gosto, e postos ao lume a
aquentar, liguem-se com duas ou tres gemmas de ovos
batidos, sumo dc l i m ã o , e sirvão-se quentes para entre-
meio.
LAGOSTAS E OSTRAS.
Ostras de Cassaroly.
Abertas, e deitadas com a sua proprk agua em uma cas-
sarola, põem-se ao l u m e , e antes que fervão, tirem-se f ó r a ,
aparem-se, arrumem-se cm u m prato com manteiga lavada
no f u n d o , meio dente de alho , salsa picada bem meuda,
pimenta, e uma ou duas colherinhas de vinho branco ; c o -
brão-se com outro bocado de manteiga, e de pão ralado
fino ; mettão-se no forno ou debaixo de huma tampa; em
estando cozidas, e coradas, sirvão-se para* unv^prato de
entremeio.
Ostras de Comadre.
Entezadas as ostras, sem que fervão, ponhão-se a escorrer
em um peneiro; d e p o i s , piquem-se bem meudas , deitem-
scem úm gral de pedra, pizem-se com miolo de pão fervi-
do cm leite, salsa, enxovas e cebolinha, tudo picado p r i -
meiro, um bocado de manteiga lavada* pouco sal, pimenta,
e noz moscada; ligue-se com algumas gemmas de ovos, o
com este aparelho se enchem as mesmas cascas, cobrem-se
de miolo de pão ralado fino, e mettem-se a cozer no f o r n o ;
estando coradas, servem-se 'vara entremeio.
Ostras em Conchas de Romeiro.
Faça-se u m picado de ostras misturado com um bocado
de peixe, pelo mesmo modo que o antecedente, e depois de
pizado, e temperado da mesma sorte , guarnece-se com elle
o fundo e rodas de umas conchas de peregrino , pondo-se-
Ihe 110 meio duas ou tres outras temperadas com hervas
finas, e manteiga; cobrão-se, como por baixo, com o mesmo
picado, e por cima doeste miolo de pão ralado fino ; mettão-
se a cozer no f o r n o , e em estando muito bem coradas, sir-
vão-se para prato de entremeio.
Ostras com Queijo Parmezão.
Guarneça-se o fundo de um prato de manteiga lavada,
ponhão-se-Ihe em cima as ostras polverizadas de pimenta e
salsa picada, deite-se-lhe meio copo de vinho b r a n c o , c o -
brão-se com outro bocado de manteiga, e queijo parinezão
r a l a d o , mettjp-se a cozer no f o r n o , e em estando cozidas,
sirva-se pa) j entremeio, como as antecedentes.
- de Espichas.
Abertas e entezacUs as ostras na sua mesma agua , tirem-
sc antes que fervão , limpem-se, e ponhão-se a escorrer em
um peneiro; depois refoguem-se por um instante cm man-
teiga, com salsa, cebolinha, e meio dente de alho, tudo pi-
cado fino ; deite-se-lhe depois uns pós de farinha de trigo,
ligue-se com gemmas de ovos desfeitas em caldo , e sumo
de limão, deixem-se esfriar, espetem-se em uns espichos d e
prata, polverizem-se com pão ralado fino, assem-se nas gre-
lhas, e em estando coradas, sirvão-se sem molho para p r a -
tinho de Ilors-doeuvre.
Ostras em fórma de Sonhos.
Abertas c entezadas as ostras, assim como as anteceden-
tes, alimpem-se, e marinem-se em vinho branco, com alho,
cebolas, hervas finas, sal, p i m e n t a , e rodas de limão; cm
estando marinadas o tempo necessário , escorrão-se, enchu-
guem-se em um panno ; passem-se por um polme feito com
f a r i n h a t r i g a , ovos, e vinho branco ; depois, frijão-se em
manteiga clarificada ; fritas, e de boa c o r , sirvão-se para
prato de entremeio, guaruecicf 0 ' com salsa frita de roda,
Ragú de Ostras.
Desfação-se duas enxovas em uma pouca de manteiga, ou
toucinho derretido; deile-sc-lhes, depois de desfeitas, meio
copo de vinho b r a n c o , e meia colher de substancia, tem-
pere-se de pimenta, uma capella, e uma cebolinha com dois
cravos da índia ; deixe-se r e d u z i r , ligue-se depois com u m
pouco de c u l i , ajunte-se-lhe duas ou tres dúzias de ostras
entezadas, e aparadas; ponha-se sobre o l u m e , e sem que
ferva, e de bom gosto, servirá para varias guarnições.
Pastelinhos de Ostras.
Guarnecidas as formas da massa folhada, metta-se-lhes um
pouco de picado , e em cima d e s t e , uma ostra passada p r i -
meiro por uma pouca de salsa e alho picado , e temperadas
de pimenta, cobra-se com oulro bocado de picado, c este de
manteiga lavada ; ponha-se-lhe a sua tampa de ny^sr^doire-
s e , coza-se no f o r n o , e em eslando c oAr a d o s , sirvão-se
quentes.
Todos os pasteis de marisco, como são r^iexiílioe^^Ta-
marões, e Amejoas, se podem fazer d esta fórma.
MEXILHÕES.
Tortas de Mexilhões.
Pique-se muilo bem uma pequena de salsa, e cebola, e
ponha-se a a f o g a r ; depois de a f o g a d a , deite-ltu os^mexi-
Ihões com seu vinagre ; como ferverem . teinoei P-se com
ovos, e ponha-se a e s f r i a r ; feita a tcnTa, C o z i d a TJTR^Ífj í ,
mande-se á meza.
Bribigões de Tigellada.
o o
Lavados muito bem os bribigões da are a , ponhão-se a
abrir em um t a c h o ; como estiverem abe los, l a v e m - s e
outra vez em agua l i m p a , enchuguem-se eu* iin panno
lavado, e enfarinhando-os com uns pós de fâ j!Mle trigo,
mandein-se ao forno em uma tigella comyífi.Lx. e , vinagre,
alhos, e sumo de l i m ã o ; depois de cozidos, mandem-se á
meza na mesma tigella.
I) este modo se faz — Tigellada
o de Mexilhões.
Pasteis de Bribigões.
Depois de escascados os bribigões, e afogados com sal-
s a , e cebola, temperem-se com quatro gemmas de ovos;
(como quem faz picado de peixe) fação-se os pasteis de
lolhado do tamanho que quizerem, e mandem-se á meza
quentes.
N. 13. I) este modo se fazem pasteis de Camarões, Ame-
joas, ou Mexilhões. «
Galeirões Assados e Recheados.
Chamuscados, limpos, e tiradas as tripas aos galeirões,
rechefvo-sc com um picado feilo de miolo de pão ralado,
uma quarta de manteiga fresca , uns pós de farinha tiiga,
duas colhcrinhas de \inho l i n l o , salsa, alho picado, tem-
perado com s a l , p i m e n t a , c r a v o , noz moscada ralada,
l o u r o , e tomilho cm p ó ; tudo amassadojunto, e mettido
dentro dos galeirões, coza-se a abertura com linhas, met-
tão-se em u m espeto, e ponhão-se a assar, pingando-se com
vinho branco , s a l , e manteiga derretida; estando assados,
'sirvão-se com o seu mesmo molho, pulverizados com côdea
de pão ralado, e sumo de limão.
W V v » \ \ > > V »
Cenouras dc Tigclada
Cozidas as c e n o u r a s , depois fritas em q u a r t o s , e passa-
das por polme de f a r i n h a de trigo, ponhão-se a frigir, vão-
nas escamando em u m a f r i g i d e i r a , e deitem-lhes por cima
unia potagem, que se fará cm afogando cm manteiga de
vacca u m pouco de perrexil, coentro , salsa, cebola, e or-
telã, temperando-se com vinagre, canela, lodos os adobos.
mel ou assucar, para que seja bem agra e doce ; sobre esta
potagem deitem-se seis ovos batidos, coza-se em lume bran-
do por baixo e por cima, e corada mande-se á meza.
Favas de Fricassé.
Esburgadás, e entezadas as favas, refoguem-se em man-
teiga com uma capella de salsa, segurelha, uma cebolinha
com dous cravos, e polverizadasde farinha de trigo; depois,
deitem-lhe uma gottá de agua quente, temperem-se de sal
e pimenta j em eslando cozidas, e com pouco mOlho , l i -
<vUem-se com gemmas cie ovos desfeitas em leite, salsa pica-
da, noz moscada, eum golpe de vinagre; estando com bom
gosto, sirvão para entremeio.
Favas d Provençal.
Tomem favas bem tenras, refoguem-se em azeite, com
meia dúzia de alcaxofras também tenras, c cortadas em quar-
tos, temperadas de sal, pimenta, uma capella de salsa, e
segurelha, e uma cebola; polverizadas de farinha de trigo,
deixem-se cozer na sua mesma substancia ; cozidas que se-
j ã o , liguem-se com gemmas de ovos desfeitas em vinagre,
com noz moscada ralada; depois de ligadas, e com bom
gosto, sirvão para entremeio.
Favas d Portugueza.
Fervão-se as favas com uns olhos cie alfaces em agua sim-
ples; escorrão-se pelo peneiro, deitem-se cm uma cassarola
com azeite, temperadas cie sal, pimenta, cebolinha, e coen-
tro picado, e refoguem-se pouco e pouco; depois de refo-<*
gadas, deitem-lhcs uma gotta de agua quente, e deixem-se
ferver pouco e pouco ; em estando cozidas, e com pouco
molho., deitem-se 110 prato com assucar, e ovos escalfados
em cima., e sirvão-se conforme parecer. '
Ervilhas d Çrr'ma.
Tomem-se ervilhas bem tenras, passem-se por manteiga
derretida polverizada de farinha de trigo ; deite-se-Ihes de-
pois um copo cie agua quente , temperem-se de sal, u m a
capella de salsa, uma cebolinha, e dois cravos , e deixem-se
ferver pouco e pouco ; em estando cozidas, deite-se-lhes u m
bocadinho de assucar, liguem-se com gemmas de ovos des-
feitas com crema de leile, esirva-se para prato de entre-
meio.- •
CARDOS, A L C A X O F R A S , E ESPARGOS.
Cardos á Italiana.
Ponhão-se a cozer cm agua e sal, alimpando-os primeiro
muito bem e cortando-os do tamanho de um dedo , meia
dúzia de cardos; depois dc cozidos, afogue-se uma pouca
de cobôla picada cm meio arratel de manteiga ; como esti-
ver afogada, deitem-lhe dentro os cardos; como se acaba-
rem de cozer, tempere-se com adobos, e mandem-se á me-
za com bem sumo de laranja por cima.
Alcaxofras Recheadas.
Aparadas, e entezadas as alcaxofras, tire-sedhes o feno
que tiverem no m e i o , rechêem-se com qualquer picado
de carne, de peixe, ou de hervas, e ponhão-se a cozer enlre
pranchas de t o u c i n h o , com meia colher de caldo, sal, p i -
menta, dois cravos, e uma capella de hervas finas; em es-
tando cozidas, ponhão-se a escorrer sobre o peneiro, e sir-
vão-se depois com essencia de prezunto.
Alcaxofras Cozidas.
Corladas com igualdade as pontas das folhas de umas
alcaxofras, deixem-se ferver em a g u a , e sal, com um bo-
cado de manteiga; eslando cozidas, ponhão-se a escorrer,
1ire-se-lhcs o feno com urna colher, concertem-se no prato,
e sirvão-se com molho de essencia ligada com manteiga,
pimenta grossa, e u m golpe de vinagre.
Alcaxofras Fritas.
Aparadas as alcaxofras, corladas cm quartos, tirado o
feno , e as primeiras f o l h a s , deilem-se em agua f r i a , c um
pouco de v i n a g r e ; escorrão-se depois, e ao tempo de se
servirem, deitem-se em urna tigella com ovos, farinha triga,
sal, pimenta, e um golpe de vinagre; misturado tudo muilo
b e m , frijão-se pouco e pouco cm manteiga de porco, que
não esteja demasiadamente quente; cm eslando M i a s , sir-
vão-se guarnecidas de salsa para prato de entremeie
Querendo-se para dia de peixe, frijão-se em manteiga de
vacca, ou em azeite. #
Bringelas
o de Tigelada.
o
Cozidas-as bringelas em quartos, e escaldadas por d e n -
tro, abafem-nas um pouco, cozão-se em agua c sal, e depois
de esprimidas e enfarinhadas com farinha de trigo, ponlião-
se em uma frigideira, (não indo umas sobre outras,) d e i -
tem-lhe por cima manteiga derretida, que as unte todas,
U m môliio de vinagre destemperado com m e l , quanto
baste para o fazer d o c e , e cravo pizado ; cozão-se no f o r -
n o , e mande-se á meza com canela por cima.
PEPESOS , A B O B O R A S , M E L A N C I A S , E M E L Õ E S .
Vepinos á Bexamela.
Cortem-se cm bocados iguaes tres ou quatro pepinos; en-
tezem-se, escorrão-se, e deitem-se em um molho á bexamela
de bom gosto; em fervendo n elle um pouco , c estando
cozidos, liguem-se com gemmas de ovos, e sirvão para en-
tremeio.
Pepinos Recheados.
Pellados, e tirada a tripa a cinco ou seis pepinos , ente-
zem-se, rccheein-se depois com um picado á crema bem
ligado, e ponhão-se a cozer em c a l d o , com pranchas de
toucinho, cebola em rodas, e hervas finas ; em estando co-
zidos, ponhão-se a escorrer em um peneiro, e sirvão-se com
essencia de prezunlo, e sumo de limão, para entremeio.
ALCAPARRAS , e PERREXIL.
MOLHOS.
MOLHOS.
Molho á Bexamela.
. Corlem-se em dados grandes uns bocados de vitella, e
de prezunlo, duas raizes, e uma cebola; passe-se iudopelo
fogo em uma cassarola, com toucinho derretido , e um bo-
cado de manteiga polverizada de farinha triga ; deite-se-
lhesdepoisrestorão, e leite de vacca reduzido, sal, pimenta,
um dente de a l h o , uma cebolinha cravejada , hervas finas,
e deixe-se ferver pouco e pouco ; estando cozido, e reduzi-
d o , passe-se pelo peneiro, e sirva-se este molho para filetes
de vacca assada, legumes, e outras guarnições.
Molho Doce.
Deite-se a ferver em uma cassarola um quartilho de vi-
nho tinto, e assucar em pedra, dous cravos, canela, um bo-
cado de casca de limão, uma pouca de semente de coen-
tro, e deixe-se cozer pouco e p o u c o ; estando reduzido
a duas terças partes, passe-se pelo peneiro, e sirva-se a par-
te em salseiras, para lingoas assadas, lebi*es, láparos, ou
qualquer outra caça brava.
Molho de Echalotas.
Piquem-se cinco ou seis echalotas, deitem-se em uma
cassarola com substancia de vacca, ou de vitella, sal, pimcn-
\
ta, e sumo de l i m ã o ; ponha-se ao lume a aquentar , e sem
que f e r v a , servirá para vitella, v a c c a , carneiro assado, e
costellas assadas nas grelhas.
T a m b é m , em lugar de substancia, póde-se deitar as echa-
lotas em uma essencia tiara.
Molho de Salsa.
Môlho de Pobres.
Molho a Ingleza.
Deite-se cm uma cassarola essencia clara: uma enxova
picada, alcaparras meudas, duas cebolinhas inteiras, e um
bocado de manteiga fresca; posta sobre o lume, e meçhen-
do-se sempre até estar ligado, ajunte-se-lhe duas gemmas de
ovos duros picadas sobre um panno , e sumo de limão.
Este môlho serve para caça cozida, assada, ou como pa-
recer.
Molho á Moscovita.
Deite-se em uma cassarola: uma colher de essencia de pre-
zunlo, meia mão cheia de passas de Coriniho, pepinos de
conserva em filetes, duas rodas de limão sem ca.^ea, e posto
«
Molho á Provençal.
Piqucm-se duas enxovas, trufas, cogomelos , cebolinha,
salsa, e refogue-se tudo em azeite; em estando refogado,
deite-se-lhe um copo de vinho branco, dous dentes de alho,
pimenla, meia folha de louro, c duas fatias de limão ; em fer-
vendo, ajunte-se-lhe uma colher de culi de vitella, e prezun-
to ; e em estando de bom goslo, tire-se-lhe a gordura, e sirva-
se, com sumo de limão, no que for útil.
Molho à Romana,
Guarnece-se no fundo de uma cassarola com pranchas
de vitella, de prezunto, raízes, cebolas em rodas, e ponlião-
se ao lume a suar pouco e pouco ; cm a substancia se pegan-
do, deite-se-lhe um copo de vinho branco, duas colheres de
caldo ; ajunte-se-lhe a i p o , duas echalotas, dous dentes de
alho, semen'e de coentro, duas rodas de limão sem casca;
tempere-se de sal, pimenta, dous cravos, e deixe-se ferver
pouco e pouco ; em estando reduzido, ligue-se com um
pouco de culi, e lendo bom gosto, tire-se-lhe a gordura,
passe-se pelo peneiro, e sirva-se para o que for necessário.
Molho de Laranja.
Deile-se em uma cassarola uma colher de culi de vitella,
e d e prezunto, ajunte-se-lhe um bocado de manteiga fresca,
alguns lileles de casca de laranja, e o sumo d elias espremi-
das; tempere-se de pimenta, e cm estando ligado, serve
para patos e marrecas assadas, & c ,
Môlho para Salmis.
Assadas duas ou tres gallinholas, tirem-se-lhes os peitos,
e as covas ; ponhão-se de parte as moellas, e pizem-se os os-
sos , tripas, e fígados; depois de tudo muito bem pizado,
desfaça-se em vinho tinto, e um pouco de reslaurão, c deixe*
se ferver temperado com sal, pimenta, e uma tolha de lou-
ro ; em estando reduzido-, passe-se pelo peneiro, e metta-
se-lhe dentro os quartos das gallinholas com filetes, e sumo
de laranjas azedas; em estando quentes, mas que não fer-
vão , sirva para patos, maçaricos, taram bolas, narcejas,
tordos, e outros passaros, guarnecidos com bocados de
iniolo de pão fritos.
Molhos Picantes,
Deite-se em uma cassarola: meio copo de vinagre, dous
dentes de alho, umas rodas de cebolas, mangericão secco,
uma folha de louro, salsa inteira, duas fatias de limão sem
casca, sal, pimenta, e ponha-se a ferver ; em fervendo um
instante, ajunle-se-lhe uma colher de substancia, meia de
culi, e deixe-se ir fervendo pouco e pouco ; em estando redu-
zido, e de bom gosto, passe-se pelo peneiro, e sirva-se para
lebres, veados, e toda a caça brava que se quizer.
% *
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meio dente de alho. pize-sé depois muito bem ; em eslan-
do pizado, desfaz-se em azeite fino , mostarda , c vinagre
salpimentado ; serve-se a parte em uma salseira.
Este molho serve para Perdizes, Gallinhas, Capões assa-
dos 110 espeto, ou nas grelhas. ^
Molho de Prezunto. 1
Essencia de Prezunto.
Guarnecido o fundo de uma cassarola de falias de Pre-
zunlo. com duas raizes, duas cebolas em rodas, e um pouco
de toucinho derretido, ponha-se no lume a suar pouco e
p o u c o ; em eslando corado, c principiando a pegar-se,
deitem-lhe um quartilho de vinho branco, urna colher de
caldo, e duas de substancia ; tempere-se de pimenta, uma
capella de salsa, e hervas finas, duas cebolinhas verdes,
com dous cravos, e dei\e-se ferver pouco c pouco ; reduza-
s c , ligue-se depois com duas colheres de c u l i , tire-se-lhe a
gordura, e tendo bom gosto, passe-se pelo peneiro, ou pela
estamenha, e servirá para lodos os molhos, ou ragús em que
convier melhor.
Culi Ordinário.
- Guarnece-se o fundo de uma cassarola com pranchas dc
vitella, e duas fatias de prezunlo, algumas raizes, e cebola* ;
ponha-se a suar sobre lume brando, deitando-se-lhe de
quando em quando uma gola de c a l d o ; e s p u m e - s e , e
tempere-se com uma capclía de salsa, e hervas finas,
nma cebola com dous ou Ires cravos ; ligue-se.eom farinha
de trbo
O corada,' ou então com farinha desfeita em subsían-
cia, e deixe-se ferver pouco e p o u c o ; em estando cozida
a carne, tire-se-lhe a gordura, passe-se pelo peneiro, e sirva
para ragús.
Culi Magro.
Deile-se em uma cassarola um bocado de manteiga, ce-
bolas em rodas, paneis, cenouras, e postas de peixe; deixe-
se suar pouco e p o u c o ; em estando pegado, deite-se-lhe
caldo, uma colher de substancia, e ligue-se com farinha de
trigo corada em manteiga ; tempere-se com meio quartilho
de vinho branco, uma capella de salsa, hervas finas, e al-
guns dentes de alhos; em estando cozido, e de bom goslo,
tire-se-lhe a gordura, passe-se pelo peneiro, e sirva para
todos os molhos em que for necessário.
Culi Branco.
Guarnece-se o fundo de uma cassarola com pranchas de
vitella, de prezunto, cebolas, raizes, como para o culi ordi-
nário, e depois de ter suado, e antes de se pegar, molhe-se
I -»^co»rt caldo , e tempere-se com uma capella de salsa , hervas
/finas, e uma cebola cravejada ; deixe-se ferver pouco e
p o u c o ; eslando a carne cozida, e de bom gosto, pizém-se
os peitos de gallinhas de capão, ou de perdizes assadas,
gemmas de ovos duras, e miolo de pão ensopado em leile ;
desfeito tudo com o c a l d o , passe-se pelo peneiro, e depois
de quente, mas que não ferva, servirá para sôpas, molhos,
e raçús brancos,
Culi de Camarões.
- Guarnece-se uma cassarola com manteiga, cebolas, rai-
zes ? e postas de peixe, como para culi magro, e depois de
ter suado , principiando a pegar-se , molhe-se com caldo , e
tempere-se com uma capella de salsa , e hervas finas , dous
ou tres cravos da índia, e deixe-se ferver uma hora ; pizem-
se depois uns camarões com algumas amêndoas, quatro
geminas de ovos duras, duas codeas de pão ensopadas, e
desfeito tudo no caldo, passe-se pelo peneiro, ponha-se a
aquentar, e sem que f e r v a , sirva para sôpas, entradas, ter-
rinas, tortas, e para tudo o que necessilar de culi de c a -
marões.
MOLHOS. 217
%
^
Ragú de Nabos.
Cortem-se os nabos em bocados i g u a e s , fervão-se em
agua por um instante, escorrão-se, passem-se pelo lume em
uma cassarola com manteiga, ou toucinho derretido, e um
bocado de prezunto ; polverizem-sc com farinha de trigo,
deite-se-lhe uma pouca de substancia, temperem-se de sal e
pimenta, uma capella, c uma cebola com dous cravos; deixe-
se ferver pouco e pouco ; estando cozidos, tire-se-lhes a ca-
pella, e a gordura, liguem-se com culi, c tendo bom gosto,
serve para terrinas, e guarnições de entradas.
Ragú de Cardos.
Cortem-se uns pés de cardos cm bocados iguaes, f e r v ã o -
C
c em agua com uma gota de vinagre , deitem-se depois em
agua f r i a , alimpem-se dos fios ; deitem-se depois a cozer
cm um branco com manteiga, ou gordura de vacca, e ro-
das de limão; em estando cozidos, escorrão-se e deitem-se
por um instante a ferver em uma boa essencia ; depois,
ajunte-se-lhe um bocadinho de manteiga, um golpe de
vinagre * e serve para entradas.
Ragú de Azedas.
L a v a d a s , e amortecidas as azedas em a g u a , escorrão-se
por um peneiro; p i n g u e m - s e , e refogue-se em manteiga
uma cebola picada ; depois d'esta refogada , deite-se-lhe
dentro as azedas, e uma pouca de essencia, e deixe-se f e r -
ver um instante; estando de bom gosto, liguem-se com
gemmas de ovos desfeitas em leite, e sirvão-se por baixo de
qualquer entrada, ou para entremeios com ovos por cima.
Ragú de Castanhas.
Tomem-se meio cento de castanhas verdes, descasquem—
se , pellem-se em agua fervendo , acabem-se de cozer em
vinho branco, e caldo, ou* substancia; estando cozidas, e
inteiras, liguem-se com um culi de prezunto, ou de vitella, p-
e tendo bom gosto, sirva para t e r r i n a s , e outras entrada^;
c lambem se-lhe pódem juntar salchichas.
Ragú de Azeitonas.
Pegue-se em um cento de azeitonas, tirem-se-lhes os caro-
ços por forma que pareção inteiras; deitem-se a entezar e m
a g u a , e s c o r r ã o - s e , e ponhão-se a ferver u m instante e m
culi de vitella, com u m a e n x o v a picada, uma capella, e vi-
nho branco ; depois de ferverem quanto baste , tire-se-lhes
a capella, e tendo bom gosto, serve para entradas de t o r - -V
dos, gallinholas, ou qualquer peça de caça.
Ragú de Alcaxofras.
Tomc-se meia dúzia de alcaxofras, cortem-se em quartos,
aparem-se ; entezem-se, e deitem-se a cozer em uma bréza ;
estando cozidas, mettão-se em uma essencia de prezunto,
dêem-sc-lhe quatro f e r v u r a s , e liguem-se com um pouco
de culi ; serve para guarnições de entrada.
T a m b é m se pódem f a z e r : brancas, polverizadas com la
rinha de t r i g o , cozidas cm c a l d o , e ligadas com ovos,
leite, e assim servirão para entremeio.
Ragú de Ervilhas.
Refoguem-se as ervilhas em toucinho derretido, ou cm
m a n t e i g a ; depois de refogadas, deile-se-lhes uma pouca d e
substancia, uma capella de salsa, u m a cebolinha com dous
cravos, e deixem-se cozer ; tirem-se-lhe depois a g o r d u r a ,
liguem-se com u m culi de vitella, e de prezunlo ; e tendo
bom gosto, serve-se para guarnições de entradas com sumo
de limão.
Ragú de Feijões.
Escolhão-se os mais tenros, e os mais verdes, q u e b r e m -
se-lhes as pontas, e cozão-se em agua simples; depois de
cozidos, refoguem-se em manteiga com cebolinha, e salsa
picada , temperados de sal e pimenta ; em estando r e f o g a -
dos, molhem-se com substancia, liguem-se depois com culi
de vitella, e de p r e z u n l o , e sirva-se para guarnições de en-
tradas.
Ragú de Espargos.
Cortem-se os espargos em bocados iguaes , entezem-se,
passem-se depois por manteiga, com uma fatia de prezunlo,
e polverizados de farinha de trigo; deite-se-lhe depois uma
pouca de substancia, temperem-se de sal, e pimenta, e uma
capella de salsa; deixem-se ferver um instante; em estancio
cozidos, tire-se-lhes a manteiga, a capella, e o prezunlo ; li-
guem-se com culi c limão, e tendo bom gosta, sirva-se para
guarnições de qualquer entrada.
Ragú de Espinafres.
Lavadas, c cozidas em agua simples as folhas dos espina-
fres, pizadas, e bem espremidas, refoguem-se em manteiga,
ou em toucinho derretido ; depoisde refogadas, deite-se-lhes
uma essencia de bom goslo, ou então, molhem-se com uma
bexamela ; depois, ligue-se com gemmas de ovos, e servirá
por baixo de entradas , lardeadas de prezunto , e de tudo o
que f o r conveniente.
Ragú de Pepinos.
Pellados, e cortados em dados os pepinos, e duas saladas.
marinem-se em vinagre e sal ; depois, espremão-se em um
panno ; refoguem-se em maníeiga corada, e uma falia d e
p r e z u n l o ; depois de r e f o g a d o s , molhein-se com substan-
cia, temperem-se, e deixem-se cozer; tire-se-lhes a gordura,
liguem-se com culi de vitella, e sirva-se para todas as en-
tradas de bréza, de espeto, ou lardeados.
Ragú de Couvc-Flôr.
Partão-se as couves em bocados, tire-se-lhes as pelles, e
ponhão-se a cozer em agua com sal, farinha de trigo, e um
bocado de t o u c i n h o , - o u de manteiga; estancio cozidas,
ponhão-se em roda de qualquer peça de carne com essen-
cia, e um bocado de manteiga ligada por cima.
Ragú de Chicorias.
Lavadas muito bem as chicorias, e entezadas, espremão-
s e , atem-se com barbante, e cozão-se com uma bréza l i -
geira; escorrão-se, cortem-sc em bocados iguaes, deitem-
se em uma boa essencia, e deixem-se ferver um instante,
ajuntando-lhe echalola p i c a d a , c depois sumo de limão.
Serve para guarnecer entradas.
Ragú de Trufas.
Pclladas, e cortadas as trufas em falias delgadas, r e f o -
guem-se com uma fatia de prezunlo, e toucinho derretido;
depois, deitem-lhes caldo, meio copo de vinho branco, uma
capella , e uma cebolinha com dois cravos, e pimenta , e
deixe-se ferver pouco e pouco ; eslando cozidas , e sem
g o r d u r a , deitem-lhes u m a colher de c u l i , e sirvão para-
guarnições de qualquer entrada.
Ragú de Prezunto.
.Cortem de um mesmo tamanho, e bem iguaes, seis fatias
de p r e z u n l o ; deitem-se duas horas de môlho em agua, en-
xuguem-se mui ! .o b e m , e ponhão-se a suar em toucinho
derrelido ; em eslando coradas de ambas as bandas, tirein-
«e fóra, deitem no que ficou pegado no fundo da cassarola
.m pouco de vinho branco, e um pouco de c u l i ; deem-lhe
quatro fervuras, ajuntem-lhe pimenta, e uma gota de vina-
gre, tire-se-lhe a gordura, passe pelo peneiro , e sirva para
guarnição de entrada.
Ragú de Ostras.
Desfação duas enxovas em uma pouca de manteiga , ou
toucinho derretido, deitem-lhe meio copo de vinho b r a n -
, c o , e meia colher de substancia, tempere-se de pimenta,
uma capella , e uma cebolinha , com dois cravos da í n d i a ;
deixe-se r e d u z i r , ligue-se depois com um pouco de culi,
ajuntem-lhe duas ou tres dúzias de ostras entezadas e apa-
radas , ponha-se sobre o lume , e sem que ferva, e de bom
gosto, servirá para varias guarnições.
Ragú de Camarões.
Cozidos os camarões, e esburgados os rabos , refoguem-
se em toucinho derretido, com fatias de trufas, mosserões,
e um bocado de prezunlo ; em estando refogados, d e i -
tem-lhe uma colher de substancia, temperem-se, e deixem-
se cozer; em est.mdo cozidos, liguem-se com um pouco de
culi dc camarões, c acabado, e de bom gosto, sirva para o
que quizciem.
Substancia de Carne.
Guarneça-se o f u n d o de uma cassarola com um potico
de toucinlio, e cebolas em rodas ; ponha-se-lhe em cima
pranchas de v a c c a , ou de vitella, corladas delgadas, emba-
tidas entre dous pannos ; algumas raízes, como p a n e i ^ f
cenouras , e ponha-se ao lume a suar pouco e p o u c o , d e i -
tando-lhe de quando em quando umas gotas de caldo, p a f S
que não queime ; em estando suílicientemente pegado,
deite-se-lhe caldo, e deixe-se ferver pouco e pouco ; estando
cozida a carne, tire-se-lhe a gordura, passe-se pelo peneiro,
e depois de descançar, e estar clara, serve para sopas, ragús,
e outros molhos.
Substancia de Peixes.
Cortem-se em rodas meia dúzia de cebolas, quatro paneis,
e cenouras; refoguem-se em manteiga, e em as cebolas es-
tando coradas, como c o n v é m , deite-se-lhe caldo de peixe,
ou de raizes, e ajunte-se-lhe algum ruivo, charroco, ou f r a g -
mentos de outros peixes; estando tudo cozido, temperado,
e de bom gosto , passe-se pelo peneiro , deixe-se descançar,
e sirva para sopas, ragús, e molhos.
Rcstaurão.
Ponha-se 110 fundo de uma panella : tres ou quatro arra-
ieis de vitella, falias de prezunto, uma gallinha em quartos,
chias raízes, duas cebolas, uns dentes de alho, uma capella
de salsa e hervas finas, dous cravos da í n d i a , um pouco de
toucinho derretido, e uma gola de azeite bom ; cobra-se
a panella, e ponha-se sobre o lume v i v o , e em a carne es-
tando refeita, e teza, deite-se-lhe caldo sufficiente, espume-
se, e deixe-se ferver, pouco e pouco, quatro h o r a s ; estando
reduzido , e de bom gosto , passe-se pelo peneiro , e tirada
a gordura, sirva para dar alma a vários ragús e molhos.
ovos
Dos Ovos.
Ovos de Espelho. *
Barrem o fundo de um prato com manteiga , ponha-se
no lume , quebrem-se dentro um a um os ovos , que forem
necessários, que sejão frescos, e que fiquem bem inteiros ;
temperem-se com sal e pimenta, e deixem-se cozer em
lume brando, passem-lhe a pá quente por cima, e em es^
laudo cozidos, e que não esteja dura a g e m m a , sirvão-se
quentes.
Ovos de Capote.
Quebremos ovos dentro de u m prato com manteiga n<*
•fundo, batão á parte meia dúzia de claras, e depois de bati-
das, e levantadas , ajuntem-lhe seis geminas com enxovas,
alcaparras . salsa , cebolinha, tudo picado fino; temperem
com pouco sal e pimenta, e depois de tudo b a t i d o , e m i s -
turado, cobrão com este apparelho os ovos , que já estão
no prato, e mettão-se a cozer no forno, ou debaixo de urna
tampa; em estando cozidos, e sem os deixar endurecer,
sirvão-se quentes para uma entrada.
Ovos Verdes.
Lavem , e pizem uma mão cheia de folhas de espinafres,
desfaça o-se em meia colher de a g u a , espremãò-se, c pas-
sem-se por um peneiro ; estando verde a agua. ponha-se a
ferver., escalfem.neila uns ovos frescos, e em estancio cozi-
d o s , c aparados, sirvão-se com molho de asplc, ou molho
de essencia clara.
Ovos com Sumo dc Azedas.
Pizados cm nm gral dous molhos de folhas de azedas, e
espremido o sumo por um panno dentro de urna cassarola,
ajunlem-lhe um bocado de manteiga lavada, polverizada
de farinha de trigo, duas gemmas de ovos, pouco sal, e noz
moscada ralada, ponha-se ao lume, e mechendo com uma
colher até estar ligado e de bom gosto, sirva-se com ovos
frescos escalfados em cima.
Ovas em Rcstaurão.
Depois de se ter feito um rcstaurão com vitella, prezunto,
caça, e raizes, clariiique-se, c pizem a quantidade de hervas
que quizerem, como são: espinafres, azedas, salsa, estragão,
& c . ; depois de pizada, esprema-se por um panno, deite-se
110 rcstaurão, e sirva-se como os antecedentes, coin ovos
escalfados cm cima.
Ovos ({ Crema.
Deitem cm uma cassarola: uma pouca dc manteiga, o
miolo de dous ou tres vinténs de pão, e meia canada de leite
bem quente por c i m a ; em o pão estando ensopado , t e m -
pere-se com s a l , assucar fino, canella, flor de laranja c o -
berta, uma pouca de casca de l i m ã o , tudo em p ó , e bem
picado; ajuntem-lhesdpze ou quinze gemmas de ovos com
outras tantas claras batidas á parte, e misturado tudo com
geito, passe-se para uma cassarola guarneçida por dentro
com papel manleigado; metta-se em um forno com calor
moderado ; em estando cozidos, vcltcm-sç sobre o seu pra-
to. tire-se-lhes o papel, córem-sc com assucar, e a pã quen-
te, e sirvão-se.
O o os à Bcxaméloy;
Baião doze ou quinze gemmas de ovos, com ametade das
suas claras , dei«em-l!iès «uma colher de molho á Bexamela
bem temperado, e acabndo ; misturem tudo, e mecha-se em
COZI-SUEIKO IMPERIAL. * 13
uma pouca de manteiga derretida ; estando cozidos, c um
pouco b r a n d o s , sirvão-se com sumo de limão , e guarneci-
dos com bocados de miolo de pão frito.
Ovos com Hervas Finas em Caixa.
Untadas de manteiga por dentro umas f o r m a s , corno
para pasteis, cobrão-se-lbes os fundos, e de roda, com tru-
fas , prezunto, gemmas de ovos duras, tudo cozido, e bem
picado com salsa, cebolinha, e temperado de sal, pimenta,
e hervas finas; quebrem um ovo , que seja fresco , dentro
de cada f o r m a , e polverizem-se por cima com as mesmas
guarnições picadas que se pozérão por baixo; mettão-se
a cozer dentro de uma cassarola com uma pouca de agua
no f u n d o , coberta com a sua t a m p a , e brazas por cima;
em estando cozidos, tirem-se da cassarola, voltem as f o r -
mas sobre o seu p r a t o , e sirvão-se com restaurào, ou com
môlho de essencia clara , ou segundo parecer.
Ovos de Senhoras.
Pizem em um gral de pedra uma mão cheia de amêndoas
doces, e duas amêndoas amargosas, deitando-lhe ao mesmo
tempo algumas gotas de leite ; ajuntem-lhe, depois de bem
pizados dois peitos de perdizes assados e picados; estando
tudo bem pizado, desfaça-se com leite reduzido, tempere-se
de sal, semente de coentro, assucar, e casca de limão ; posto
no lume a aquentar, deitem-lhe as gemmas de ovos neces-
sárias, passe-se pela estamenha, cozão-se sobre agua no seu
mesmo prato, e sirvão-se para entremeio, quentes.
Falias de Ovos.
Amassem uma dúzia de ovos com doze onças de farinha
de trigo , um arratel de amêndoas muito bem pizadas , um
arratel dc assucar dc pedra peneirado, uma colher dc man-
teiga de vacca, agua de ílôr misturada com agua rozada ;
depois de muito b e m amassado tudo isto, deitem uns pós
de farinha de trigo em uma b a c i a , e ponha-se por*cima
umas obreas borrifadas com agua de ílôr, sobre ellas deite-
se amassa baixinha, e coza-se no f o r n o ; como estiver co-
zida, corlem-se as fatias, e virando-as, ponha-se a cozer da
outra banda sobre outras obreas; depois de cozidas, m a n -
dem-se á meza. • •
%
Talhas de Ovos.
Deite-se em um alguidar meia dúzia de ovos com tres
claras, meio arratel de farinha de trigo, um arratel de as-
sucar de pedra peneirado, com um arratel de amêndoas
muito bem pizadas, sal, uma colher de agua de Ílôr, e duas
dc agua do pote ; (desfaça-se tudo isto com a m ã o , como
quem desfaz cuscús,) depois de muito bem desfeito, mecha-
se com a colher até erguer empolas, e deite-se em uma ba-
cia com uns pós de farinha triga por baixo ; metta-se a ba-
cia cheia dentro no forno, coza-se muito bem entre o pão,
depois de cozida, corlc-se em talhadas, e querendo, mettão-
sc 110 forno a biscoitar.
Bolos de Ovos.
Deitem-se duas ou tres dúzias de gemmas de ovos muito
bem batidas em um tachinho alto, que ha de estar ao lume
com assucar cm ponto de espadana ; como se forem coa-
lhando , bola-se com o tachinho para que se não peguem;
estancio já coalhado, cscorrão-lhe o assucar, e ponha-se a
tomar cor no mesmo tacho, vire-sé em um prato, c ponha-
se a corar da outra banda; deitando no tacho um pouco do
assucar que cscorrco ; depois d e c o r a d o , arme-se 110 prato,
e mande-se á meza com canella por cima.
Popelina.
Facão uma massa Ileal c o m u m arratel de farinha de tri-
g o , amassada com o a o s como para Sonhos; depois de
amassada, untem por dentro uma cassarola com manteiga
clarificada, deitem-lhe a massa dentro, e metta-se a cozer
no forno por espaço de duas horas; estando cozido, Corte-
se ao meio com a ponta de uma f a c a , e depois de estar em
duas ametades, tirem-lhe toda a massa c r u a , unte-se por
dentro com manteiga clarificada, polverize-se com assucar
fino, casca de limão, ou de laranja bem picada, ponhão um
bocado sobre o outro , untem-se de manteiga por fóra , co-
brão-se de assucar, córem-se com pá quente, e servirá para
prato de entremeio.
Aletria de Ovos.
Logo que um arratel de assucar estiver em ponto alto,
vai-se-lhe deitando urna dúzia de gemmas de ovos balidos
por uma casca de ovos, fazendo-lhe um buraquinho 110
f u n d o , por onde corra o ovo por fio delgado ; emquanto
se for deitando , abane-se muito bem o fogareiro, para que
o assucar não afrouxe o ponto ; depois de deitado todo o
ovo, ponha-se a aletria em um prato, abrindo-a com um
g a r f o ; com ovos molles, ou massapões 110 meio, se pôde
servir.
N. 13. Do mesmo modo se fazem OvosReaes, mais grossos.
Biscoitos de Ovos.
]3ota-se uma dúzia de ovos com claras, c um arratel de
assucar, um arratel de farinha de trigo, uma pouca de herva
doce escolhida, e agua rozada ; depois de balido este polme
muito bem, deite-se com uma colher em bacias sobre obrêas
á porta do forno, com farinha triga por baixo das obrêas;
quando estiverem meio cozidos , tirem-se f ó r a , cortem-se
com uma faca, do tamanho que se quizer, e virando-os aca-
bem-se dc cozer 110 forno.
Massapões de Ovos.
Amassados mui!o bem dois arrateis de amêndoas pizadas
bastante, com dois arraieis de assucar de pedra peneirado,
e agua rozada, põem-se a cozer em um tacho com duas dú-
zias de geuunas de ovos, mechendo-se sempre para que se
não peguem , até que a massa esleja dura ; tire-se o tacho
do lume, e ponha-se a esfriar sobre uma vazilha de agua ;
fazem-se os bolinhos não muito pequenos, põem-se na ba-
cia com farinha de trigo e canella, manda-se cozer muito
bem ao forno, com canella por cima.
Bolos p o d r e s , c <Tovos m a s s a p õ e s ,
Perdoa-se ale trinta indigestões.
D o LEITE.
Crema de Pasteleiro.
Deite-se em uma cassarola tres ou quatro mãos cheias de
llôr de farinha, desfaça-se com um pouco de leile, ajunle-
se-lhe dúzia e meia de ovos balidos, misture-se todo; deile-
se-lhe depois canada e meia de leite, tempere-se de sal, ca-
nella inteira, e casca de limão ; deite-se-lhe meio arratel de
manteiga clarificada, ponha-se ao lume , mechendo-se sem-
pre até estar ligada, e cozida, e com o cuidado de que se
não pegue ; depois, tira-se do lume, deixa-se esfriar, serve-
se d elia para tortas, sonhos e outros enlremeios.
Crema Queimada.
Desfaz-se em leite: uma mão clieia cie farinha de trigo, oi-
to gemmas de ovos, e seis onças de assucar; passe-se depois
pelo peneiro, tempere-se de sal, deite-se-lhe um p-io de
canella, e casca de limão ; ponha-se ao lume, mechendo-
se sempre, até se cozer pouco e pouco ; em estando ligada,
tire-se-lhe o limão e a canella, deite-se em um p r a l o , pol-
verize-se dc assucar fino, passe-se-lhe a pá quente por cima',
e sirva-se para prato de entremeio.
Crema Meringada.
Crema â Delfina.
Créma á Italiana.
Ponha-se a ferver em uma cassarola uma canada de lei-
te, temperada com sal, semente de coentro, canella, casca
dc limão, e uma quarta dc assucar ; em fervendo, reduzido
á metade., e quazj frio, còe-se por um guardanapo com sele
ou oilo gemmas de ovos, e duas ou tres claras ; depois de
cozido, deile-se cm um pralo, ou em taças de porcelana, e
coza-se em um vazo com agua fervendo ; depois.de cozido.
polverize-se cie assucar f i n o , passe-sc-lhe a pá quente por
cima, e sirva-se f r i o , querendo-se.
Crema de Abbadcssas.
Crema de Pisiaches.
Crema de Morangos.
Poslos os morangos ao lume em uma cassarola com a s -
sucar, e esmagados com a colher, deitem-se em leite e gem-
inas de ovos, passem-se pelo peneiro, deitem-se no prato,
coza-se como a precedente, e sirva-se guarnecida de mo-
rangos inteiros em roda. • ''
Créma Batida.
Deile-se em um alguidar uma canada de leite de vacca
b o m , com meio arrátel de assucar peneirado e f i n o , uma
colhe rinha de agua de ílôr de laranja, e batido sobre a b o r -
da com um molho dc varinhas, ajunte-se-lhe tanto como
urna avelã de gomma adragante em p ó , e continuando
sempre a bater, levantando espuma, deite-se com a espu-
madeira dentro do peneiro, com um praio por baixo ; assim
continuará até acabar o leite ; concertado com geito, com
a espumadeira, sirva-se com a fructa ao ultimo serviço.
Risso las,
Estenda-se com o páo de massa um bocado de massa
tenra, ou dc massa folhada sovada; corte-se em tiras da
largura de uma mão travessa, ponha-se em cima, e de dis-
tancia em distancia uns bocados de picados á créma, ou ou-
tro qualquer composição de hervas, sendo tudo bem liga-
do, untc-sc a massa de roda com ovos batidos, dobre-sc a
massa, uma sobre a outra ao comprimento, e em estando
pegado, corte-se com a carretilha , frijão-se cm manteiga
clarificada, ou manteiga de porco ; depois de fritas, sirvão-
se com assucar ralado por cima.
Pastelinhos de Nata.
Desfeitas em assucar fino seis tigellas de natas, e quinze
gemmas de ovos, engrosse-se ao l u m e ; guarneçào-se de-
pois umas formas de massa folhadas, e mettendo-se a nata
dentro, põem-se a cozer no forno; em a massa estando co-
zida, e com boa c o r , sinão-se quentes.
Biscoitos de Leite.
L m arratel de assucar, outro de manteiga, meio q u a r -
tilho de leite, e tres arrateis de farinha de trigo; amassa-se
tudo muito unido, e depois se estende esta massa com o es-
tendedor, e cortão-se os bolinhos pequenos, ou redondos,
para se cozerem em forno brando.
Pãosinlios á Delphina.
t
. frescos, meio arratel de manteiga, e umas pedras de sal;
amassem tudo com leile. quanto for necessário, ajuntem-
lhe um bocadinho de pimenta ; em eslando a massa ligada,
e sovada, ponha-se sobre uma folha de papel, cobra-se com
um guardanapo quente, e deixe-se fermentar ao pé do l u -
me cinco quartos de hora; depois, forme-se o bolo como
de ordinário, ponha-se sobre o papel manteigado, e metta-
se a cozer 110 f o r n o ; em estando cozido, coma-se quando
quizerem.
MASSAS.
D E TODAS AS M A S S A S EM G E R A L .
Massa Folhada.
Deite-se sobre uma meza uma oitava de farinha de trigo,
amasse-se com agua, sal pouco, de maneira que depois de li-
gada não fiquebranda,nemdura; coza-sc,e deixe-se descan-
çar meia hora ; tenda-se depois com um pão de massa até
ficar da grossura de um d e d o , assente-se-lhe por cima ou-
tro tanto de manteiga como de massa; enrole-se muito bem,
de sorte que a manteiga fique encerrada dentro, estenda-se
com o pão ; continua-se a fazer o mesmo tres ou quatro ve-
zes; reduz-se finalmente a grossura que se entender neces-
saria, e servirá para tortas de carne, tortas de doce, paste-
linhos, timbales, fritadas, e outras peças de forno.
Outra Massa Folhada.
Tire-se muito bem todas as pelles a um bocado de gor-
dura de vacca, do pezo de dous ou tres arrateis, e depois
de muito bem picada, pize-se até ficar bem branda, e ma-
cia como manteiga; e estendida sobre a massa, e enrolada
como a antecedente quatro ou cinco vezes, servirá para tor-
tas, pastelinhos, e para tudo o que for de carne, e se c o m e r
quente.
Massa Real.
Deitc-sc em uma cassarola meia canada de agua tempe-
rada de sal, um bocadinho de assucar, duas onças de man-
teiga, e ponha-se ao lume ; em fervendo um instante, deite-
se-lhe farinha, c meche-se com a colher até se ligar a massa,
e ficar de firme consistência, trabalhando sempre com a
colher, e sobre o lume até se despegar do fundo ; ajunte-
se-lhe um bocadinho de casca de limão ralada bem meuda
e vá-se-lhe deitando os ovos um a um ; em estando a massa
desfeita, e sem godilhões, serve para sonhos, popelinos, e
outros entremeios differentes.
Massa para Brioches e outros Bolos.
Amasse-se com agua quente meia onça de fermento dc
pão, ou de cerveja, e meia oilava de farinha de trigo ; em
estando bem ligada, embrulhe-se em um panno, ponha-se
em lugar quente, e deixe-se fermentar um quarto de hora,
se for 110 Verão, e sendo no Inverno uma hora ; depois po-
nha-se sobre uma meza, com uma oilava de farinha triga,
oito ovos, um arratel de manteiga, meia onça de sal, e uma
pouca de agua, e amassando-se tudo junto, e com a palma
da mão duas ou tres vezes, polverizc-se de farinha de trigo,
embrulhe-se outra vez no panno, e deixe-se fermentar nove
ou dez horas ; tire-se a massa , corte-se em bocados, mol-
dem-se com a mão , achatem-se, dourem-se com ovos bali-
dos , mettão-se 110 forno a cozer; sendo pequenos, basla
meia hora, e sendo grandes, hora e meia.
Estes bolos comem-se quentes, frios, ou como se quer.
Massa Frotc.
Tome-se tanta farinha de trigo como assucar bem fino,
amasse-se com gemmas de ovos, e manteiga fresca ; em es-
tando formada , cstenda-se com o páo de massa, recorte-se
em bocados, conforme parecer, e ponha-se a cozer em for-
no brando; cozida que s e j a , virc-se com assucar.-, e a pá
quente; sirva-se para vários pratos de entremeio.
Massa á IIespa?iliola.
Amasse-se uma oitava de farinha cie trigo com agua quen-
te, manteiga de porco, sal pizado, e duas ou tres gemmas
de ovos, mas que não fique branda; estando sovada, deixe-
se descançar um pouco ; estenda-se com o páo, até que
fique delgada ; corte-se cm dous ou tres bocados iguaes;
imtem-se com manteiga de porco pela parte de cima, quen-
te ; fazem-se uns rolos bem fechados, e depois de cortados
ao revez, e redondos, serve para tortas, pasteis, & c .
Massa de Amêndoas.
Passem-se as amêndoas por agua quente, pellem-se, p i -
zem-se em um gral de pedra, deitando-lhe de quando em
quando uma clara de ovo batida, e meia colherinha de agua
de ílôr de laranja; estando pizadas e reduzidas a massa,
disseque-se ao lume com assucar muito fino, e mcchendo-
se sempre com acolher, até se despegar da cassarola ; deile-
se depois sobre a meza com assucar em pó, e sirva para tor-
tas, torteletas, fundos de crôcantes, caixas, cabazinhos, 11o-
res, e outras cousas.
Os retalhos, pizados com claras de ovos para os amolle-
c e r , servem para frigir, para se cozerem no f o r n o , e para
varias guarnições.
Empada de Prezunto.
Aparado de toda a sua pelle um prezunto de Lamego, ou
de Montagne, e tirados lodos os ossos, deite-se de molho o
tempo necessário para llie tirar todo o sal; depois, ponha-
se a cozer entre pranchas de vacca, de vitella, e de touci-
nho , temperado com adobos inteiros, grãos de pimenta, e
hervas finas; depois de suar , deitem-lhe meia garrafa de
xinho branco, e deixe-se ferver pouco e pouco, enlre b r a -
zas, por cinco ou seis horas ; cozido que seja. passem pelo
peneiro a substancia que se extrahio , e em o prezunlo es-
tando f r i o , metta-se na empada , feita esta de massa tenra,
ornada, e dourada com uma camada de gordura por baixo,
e com toda a sua substancia; cobra-se a empada com a sua
tampa de massa, e faça-se cozer no forno por mais duas ho-
ras; estando cozida, abra-se, escorra-se-lhe a gordura, p o -
nha-se no seu prato, e sirva-se com môlho á ilespanhola,
ou com qualquer outro que seja picante.
Pastelinhos de Carne.
Faça-se um picado com um bocado de vitella, gordura
de vacca, salsa, cebolinha, temperado de sal, pimenta, not
moscada ralada; e ligado com tres ovos, e um pouco de
leite, tome-se delle tanto como uma noz, e ponha-se 110
meio de umas formas guarnecidas de massa folhada por
baixo, e por cima pegada com ovos batidos ; depois de dou-
rados, cozão-se 110 forno, e sirvão-se quentes.
1
ligado com pão cozido cm leite, e com algumas gemmas de
ovos, c sumo de limão ; cheias as formas, cobrão-se com um
bocado de massa, dourem-se, cozão-se 110 forno, e sirvão-
se quentes.
Torta de Franclupana. « ,
Faça-se uma créma ligada como para frigir, ajuntem-lhe
uns biscoitos de amêndoas doces, e amargozas, desfeitos
em p ó , casca dc l i m ã o , de cidrão, flor dc laranja de con-
serva, tudo picado, um pouco de assucar, cinco ou seis gem-
mas de ovos, e um bocado de manteiga clarificada; depois
de tudo bem misturado, e posto em uma torteira, com mas-
sa folhada por baixo, e acabada como a antecedente, sirva-
se da mesma fórma.
Torta de Espinafres.
Fervidos os espinafres em agua, picados, c espremidos,
refoguem-se por um instante com manteiga; deitem-se de-
pois em um gral com cascas de cidrão , de laranja, e limão
picadas, pize-se tudo, ajuntem-lhe uma pouca de nata bem
ligada, sai, assucar, c duas gemmas de ovos, faça-se a torta
com massa folhada, como ó costume, e depois de cozida, e
vidrada de assucar, e a pá quente, sirva-se para entremeio.
Torteletas.
Eslcnda-se sobre a meza um bocado de massa folhada,
que fique pouco mais grosso que um cruzado novo; corte-
se em rodas, ponhão-se cm umas formas para pasteis, guar-
neça-se o meio com créma á franchipana, ou qualquer
frucía feita em doce, cobrão-se com algumas liras de massa,
com relevo á r o d a , e mettão-se por meia hora a cozer no
f o r n o ; giaçaclas com assucar, e a pá quente, sirvão-se para
entremeio.
Timbãle de Macarrão á Italiana.
Fervido pouco e pouco o macarrão em agua e sal. por
espaço de sete ou oilo miuulos, ponha-se a escorrer cni um
peneiro, e depois de escorrido, deite-se em dois ou tres
canadas de leite de vacca quente, c o b r a - s e , e ponha-se
sobre rescaldo, alé i n c h ã r , e estar c o z i d o ; escorra-se-
lhe o l e i l e , t e m p e r e - s e com canella pizada, manteiga
fresca, e queijo Parmezão r a l a d o ; depois, unte-se uma
cassarola de manteiga fresca, c de roda, e umas tiras de
massa; ponha-se uma f o l h a , também de massa, estendida
sobre as mesmas tiras, deite-se dentro o macarrão, cobra-
se com outro bocado de massa estendida, c soldado com
ovos, metta-se uma hora a cozer 110 f o r n o , e voltando o
timbãle sobre o seu prato, sirva-se quente.
T a m b é m , para Dias de Carne, se fazem timbales e em-
padas de macarrão com falias de prezunlo mui delgadas,
queijo r a l a d o , e substancia de vacca estufada.
Pão de Ló de Amêndoas.
Deite-se um arratel de amêndoas cortadas pelo meio, e
outro arraiei mal pizadas, em dous arrateis e meio de assu-
car cm ponto do pedra ; dando-se-lhes duas voltas no lume ;
tira-se f ó r a , bale-se muito bem até levantar; deite-se na
pedra, ou em uma bacia untada-, bolindo-se com ella, para
que perca o lustre ; corta-se em talhadas, e manda-se á
meza.
Po cl ir,1 de Pão.
Ponha-se em uma cassarola o miolo de Ires ou quatro
vinténs de pão, deite-se-lhe por cima meia canada de leite
fervente ; em estando ensopado, ajunle-se-lhe quinze gem-
mas de ovos, uma quarta de manteiga clarificada, ou de
tutano de vacca, casca de l i m ã o , ou cie laranja picada, as-
sucar ralado, e algumas passas d e C o r i n t h o ; tempere-se de
sal , cspecies finas, meio quartilho de vinho da Madeira ;
rnisture-se tudo com as claras balidas, ate-seem um guarda-
napo untado de manteiga, por dentro, e enfarinhado com
farinha cie trigo, deite-se em urna panella com agua fer-
vendo , e assim continuará até esíar cozido ; depois, deixe-
se escorrer, ponha-se no seu p r a t o , e sirva-se com molho
como os antecedentes.
Poclim de Arroz.
Cozido o arroz cm leite, c enchuto, pize-se em um gral
de pedra, com manteiga, dez ou doze gemmas de ovos, as-
sucar ralado, temperado de sal, canella, noz moscada, casca
de limão ralado, e uma gota de malvazia ; ajunte-se-lhe de-
pois as claras batidas, e posto tudo em um prato com uma
borda de massa ao r e d o r , metta-se a cozer 110 forno por
tempo de uma hora ; eslando corado, sirva-se com assucar
polverizado por cima.
Os podins de Aletria, ou de qualquer outra massa, t e m -
perão-se e servem-se do mesmo modo.
Podim dc Naias.
E m tres natas deita-se uma dúzia de gemmas de ovos, e
quatro claras , canella cm p ó , casca de limão ralado, e um
arratel de assucar; bate-se tudo muito bem, depois deita-
se-lhe duas mãos cheias de farinha triga, e torna-se a bater
muito; unla-se uma cassarola de manteiga, cobre-se-lhe o
fundo com papel manleigado, e deita-se-lhe então o polme
dentro , coberto de canella cm pó ; rnelte-se em forno
b r a n d o , e logo que torne a consistência preciza, deixe-se
esfriar, parta-se, e coma-se.
Podim à Ingleza..
Desfação cm a g u a , ou em leite, uma ou duas libras de
farinha de trigo, ajuntem-lhe depois gordura de vacca pi-
cada, oito ou dez ovos, passas de Alicante, algum assucar.
e um pingo de aguardente ; tempere-se de sal, flor de noz
moscada, e canella pizada ; misturado tudo muito bem,
metta-se em um guardanapo, aie-se, deite-se em agua que
esteja fervendo, e continue a ferve-'por duas ou tres horas;
estando cozido, p o n h a - s e a escorrer, tire-se depois do
guardanapo, polverize-se de assucar, e sirva-se com nu lho
de manteiga.
Outro Poclim cí Ingleza.
O %
Romaquinos*
Deile-se em uma cassarola um quartilho de a g u a , uma
quarta dc manteiga, umas pedras de sal, e p o n h a - s e ao
fogo ; em fervendo, deite-se-lhe duas mãos cheias de fari-
nha triga; em estando em massa, e bem desscccada, deite-
se em um gral de pedra ; ajunle-se-lhe meio arratel de
queijo molle e gordo, cinco ou seis ovos, duas enxovas pi-
c a d a s , e uns pós de pimenta; picado tudo , e niuilo bem
misturado, guarneeão-se de massa folhada umas formasi-
nlias de cobre, e ponha-se sobre cada uma um bocado d este
picado, do tamanho de uma noz ; mctlão-se no forno a c o -
zer, que não haja demaziado c a l o r ; depois de cozidos,
sirvão-se para entremeio.
T a m b é m se pódem cozer cm folhas de papel m a n l e i -
gado , e servirem-se sem massa.
Talmussas.
Pizem em u m gral de pedra um pedaço de q u e i j o , bem
g o r d o , um bocadinho de maníeiga lavada, um pó de p i -
menta, uma mão cheia dc farinha de trigo bem fina , dous
ou tres ovos, e um pouco de leite, mas de modo que não
fique muilo r a l o ; eslendão depois um bolo de massa fina,
cortado em bocados quadrados, da largura de uma mão
travessa, ponlião-liie no meio um bocado cFeslc apparelho,
levantando os cantos da massa para cima ; deitem-se com
ovos batidos, e mettão-se a cozer no forno ; em estalido
corados, sirvão-se para entremeio. •
Cuscús.
Tomem uma quarta de farinha de trigo b o a , peneirada
pela peneira branca, e ralla, botem-na 110 alguidar da mas-
s a ; vá-se borrifando com limitada agua, e torccndo-se nas
mãos com muita força só para uma b a n d a , de sorte que fi-
que em granilas; como esliver toda a farinha feita d esta
f ó r m a , se deitará em uma j o e i r a , c se joeirará, e o que fi-
car de cima são os cuscús ; o que f o r abaixo se tornará a
borrifar com o mesmo borrifador fino, 011 com um ramo
de m u r t a , ou de outra qualquer cousa l i m p a , que não
amargue; na agua com que se borrifar a farinha, se ha de
ter delicio um bocado de fermento ; acabada esta farinha
da fórma dita, se botarão os cuscús denlro em um cuscu-
zeiro, forrado muito bem de papel por dentro, por-sc-ha ao
fogo uma panella de f e r r o , ou de b a r r a , em uma trempe,
com agua ; fervendo bem, se porá o cuscuzeiro em cima da
boca da panella; sendo cozido o c u s c ú s , isto é sabendo o
pão cozido, tire-se para fóra , e torne a ir ao alguidar, a
desfazer-se também com grande força, só para uma b a n d a ;
desfeita que seja, sc porá ao sol a seccar e durar.
Quando se houver de c o m e r , se faz o caldo a parle em
uma tigella, como quizerem, ou de carne, ou doce, ou qual
se faz para letria; feilo o dito caldo, ou fervido, se tirará o
lume, e por cima se lhe deitaráõ os cuscús, deixar-se-hão
enchugar, e assim feitos se poráõ nos pratos com canella
por c i m a , e iráõ á meza. ; . - '.
N. B. Assim se faz o Caldo para Leiria.
BOCE.
Doce do Brasil.
Pega-se em massarocas de milho ainda em leite, tirão-se
os grãos todos do carolo , e pizão-se muito bem n um gral,
sendo depois passados em um peneiro, e peza-se esle polme
com igual pezo de assucar; pondo-se este em ponto de voar,
deita-se o polme, e deixa-se cozer á pôr em ponto subido ;
tira-se para fóra do lume alé esfriar, para se-lhe juntar Ires
gemmas batidas de ovos por cada arratel de polme; deila-
se em uma tigellinha, com canella em pó por c i m a , e
mette-se 110 forno brando a tostar; depois, t i r a - s e , e
come-se.
Esta receita nunca pôde ser m á ; experimente-se, porém
não é afiançada sem que se-lhe tire a prova.
Boroas.
Queréndo-se fazer um alqueire, deve levar meio alqueire
e uma oitava de farinha de milho, sendo boa, e betn penei-
rada, e tres oitavas de farinha de trigo alva, uma canada de
azeite b o m , uma quarta de herva doce escolhida, e bem pi-
7,ada ; deita-se o azeite em um tachinho com a herva doce
dentro, põem-se ao lume até a estar quazi a ferver, e então
estando a farinha de milho separada em um alguidar, deita-
se-lhe por cima o azeite, e herva doce para escaldar o milho,
mechendo-se rnuilo bem com uma colher, para ficar o azeite
bem introduzido na farinha ; abafa-se um bocadinho, e de-
pois deita-se a farinha alva de maneira que fique bem mis-
turada com a outra; leva tres arrateis de assucar de caixa
limpo , não perdendo por levar m a i s , e levando m e l , seja
um quartilho, tiràndo-se um arraiei de assucar; o assucar
põcm-se ao lume com a agua suffieiente para se derreter;
leva uma quarta de canella pizada, e o sal e pimenta s u f -
ficiente, fazendo-se a preza como para amassar bolos, mis-
turando-se a canella e o assucar ou m e l , e um arraiei de
cidrão picado ; fórmão-se as boroas, vão ao forno, e eriçai-
xão-se entre os cientes para passarem ao canal do buclio.
Giaça Real.
I)eile-se em uma tigella vidrada meio arraiei de assucar
pisado, e passado pelo tambor, e do mais fino; ajunle-se-
lhe uma ou duas claras de ovos, algumas gotas de agua de
flor de laranja , e o sumo de um limão ; desfeilo tudo com
uma colher de p á o , e bem batido, em chegando a ponto
necessário, e que esteja branco de neve, ponha-se com geito
sobre todas as peças em que for preciza ; mettão-se estasem
forno muito brando, e 'anto que a giaça estiver secca, sirva-
se para entremeio.
Manjar Real.
Deite-se em um tacho um peito de gallinlia, meio cozido,
c desfiado, desfaz-se muito bem, delindo-se no mesmo tacho
com a colher, misture-se com o miolo de um vintém de pão
ralado, uma quarta de amêndoas bem picadas, e dois arra leis
e meio de assucar em ponto de espadana ; depois de batido
tudo islo, ponha-se a cozer em lume b r a n d o , até que e n -
grosse , quando estiver grosso deite-se nos pratos, e mande-
se á meza.
Toucinho do Céo.
Põem-se um arratel de assucar ao l u m e , e ém fervendo
côa-se, e torna ao lume a ferver até chegar a ponto de es-
padana, ou pasta muito larga ; tira-se para fóra , e deita-se-
lhe meio arratel de amêndoa, tão picada que esteja em oleo;
vai de novo ao lume a dar lima pequena fervura, tira-sc e
se deixa esfriar; baie-se então meia dúzia de ovos levando
tres claras, e se deitão no tacho; mccha-se muito bem, e
depois se-lhe ajunta quatro mãos cheias de farinha de tri^o
alva, e mecha-se até se esconder a farinha; ainda torna ao
lume brando, um espaço pequeno; vai a cozer ao forno em
uma bacia, ou tacho redondo , bem barrado de manteiga
lavada ; deve entrar no forno depois de estar o pão dentro,
com borralho debaixo da dita b a c i a , e para se saber se está
cozido, mclle-se um pãozinho que deve sahir enchuto ; es-
tando quazi frio, se parte em talhadas, passando-se por as-
sucar areado.
Feito isto, cada bocado vai de uma vez pela boca dentro ; e
se gostarem, facão mais, que á bom.
Chocolate.
Ponhão-se a torrar cinco arrateis de cacáo, depois de tor-
rado, alimpem-no, e tirem-lhe a casca; pize-se muito bem,
misturem-se com tres arrateis de assucar de pedra, e tres
onças de canella fina peneirada; logo que estiver tudo isto
muito bem misturado, vá-se movendo em uma pedra, como
quem rnóe tintas; môa-se segunda e terceira vez, e como
estiver em massa, deitem-lhe oito baonilhas pizadas, e pe-
neiradas, e fação-se os bolos na forma que q u i z e r e m , por
meio dc moldezinhos appropriados.
Arroz Doce.
Enteze-se em agua um arratel de arroz, e depois coza-se
com uma canada de leite , um arratel de assucar, e agua
de ílôr; como estiver cozido, mande-se á meza com canella
por cima.
Melicias.
Coza-se em um tacho meio arratel de amêndoas pizadas
com u m arratel de assucar cm ponto, dez reis de pão rala-
do, um pouco de mel branco, almiscar, canella, cravo da
índia, e meio arratel de manteiga de vacca; estando o tudo
duro , faça-se as melicias em tripa de porco , e passando!
se por agua quente, ponhão-se a enchugar cm uma cana-
come-se em dia de peixe, assando-as em uma frigideira.
Morcelas.
Deite-se em um alguidar arratel c meio de pão de c e n -
têo, ou de rala ; passado por uma rala com arratel e meio
de manteiga de vacca f r i t a , mcchendo-se primeiro mui
bem com uma colher, a b a f e m - n o um pouco ; deitem-lhe
logo u m arratel de amêndoas bem pizadas; misturando lo-
d o , ponha-se a cozer com dous arraieis e meio de assucar
clarificado, dúzia c meia de ovos balidos, com meias claras,
sele oitavas de cravo peneirado, pimenla pouca, e dous d e -
dos de sal cozido; tirando isto do l u m e , deitem-lhe por
cima uma oitava de canella peneirada ; fação-se as morce-
las em tripa de porco direitas, e não sejão cheias , e ponhão-
se a enchugar em uma cana, em parle que não dê fumo.
Bolos Mimozos.
Bolos Podres.
Para meio alqueire de farinha de trigo cucullado, toma-
se quatro arrateis de assucar; limpo este, c poslo em ponto
de pastilha , deite-se-lhe duas canadas de azeite, e um arra-
tel de amêndoas muilo bem pizadas, cravo, herva doce, ca-
nella , e salsa; quando isto ferver bastante, vai-se deitando
o meio alqueire de farinha cucullado, mechendo-se com a
colher alé estar bem cozida ; prompta assim , deite-se em
u m alguidar, e vai-se mechcnclo alé que se possa amassar;
ao amassar-se, j u n t a - s e - l h e fermento pouco e pouco, leilo
em bocadinhos, porém sempre amassando ; quando fórem
promplos, cobrão-se até estarem levados; fazem-se então
os bolos, apertando-se bem as mãos, e pondo-se nas bacias,
se mandão ao forno.
Bolos cie A meneio a.
Ajunlão-se quatro arraieis de amêndoas com outros tan-
tos de assucar em ponto de alambre; deitão-lhe duas claras
dc ovos, torna-sc a baier; põem-se no lume, e como o tacho
mostrar o f u n d o , deitem-lhe oito gemmas de ovos , e uma
boa colher de manteiga ; depois que lhe derem um par de
voltas, deitem-no aonde quizerem, tendão-se com farinha
os bolos, e pondo-sc cm uma bacia afastados uns dos o u -
tros, mande-se a cozer; depois de cozidos, passem-se por
assucar, e mandem-se á meza com canella por cima.
Bolos cie Compicna.
Fação um bolo dc papel grosso do feitio de caixa de um
mauguito , unte-se de manteiga pela parte de dentro , c n -
chão pela metade dc uma massa como para brioches, feito
de farinha de trigo., fermento de cerveja, ovos, manteiga, e
casca de limão ralada ; metta-se a cozer no forno por espaço
de duas ou tres horas ; cm eslando cozido, tire-se-lhe o pa-
pel, unte-se com manteiga clarificada, e assucar em ponto,
e sirva-se com grangeas de cores por cima.
Bolos de Assucar.
D e i l e - s e em uma quarta de farinha do A l e m - T e j o
dous arrateis de assucar da Ilha da Madeira, meio arratel
de manteiga, duas gemmas de ovos, um copinho de vinho
branco, agua almiscarada, fermento, e sal; esfregue-se esta
massa muito bem nas mãos; fazem-se os bolinhos, e quan-
/
Empanadilhas de Grãos.
Toma-se um arratel de assucar, e meio arratel de amêndoas
pizadas; grãos na mesma f ó r m a , os que parecerem neces-
Covilhetes de Amêndoa.
A um arraiei de assucar cm ponto cie secar, deita-se-lhe
uma quarta de amêndoa bem pizada, e assim que levantar
fervura, tira-se o tacho do lume a esfriar; neste meio tem-
po, batem-se muito bem quinze ovos , tres d estes com cla-
ras, deita-se no tacho este polme, com canella, alguma cas-
ca de limão ralada, c torna ao lume, que seja mais brando ;
sempre mechendo para que não se pegue ; e quando a massa
b a r r a r a c o l h e r , tira-se outra vez o tacho para esfriar de
novo ; untão-se latas com manteiga, e deite-se-lhe a massa
dentro, sem as acabar de encher, para quando crescer não
deitar para f ó r a ; vão ao forno, que deve ser lambem bran-
do; quando estiver l o u r o , estão cozidos; lirão-se, e co-
mem-se todas estas receitas, que são magnificas, c de bom
gosto.
Abobora de Covilhete.
Logo que a abobora estiver csburgarla , peze-se crúa em
uma balança, e quantos arrateis pezar, oulros tantos deve-
rão ser de assucar; depois, pôr-se-ha a abobora a cozer em
nin tacho, e tanto que estiver cozida, sc pizará eui um gral
de p e d r a , e se porá em uma peneira , para que escorra de
agua, e depois metle-se entre um panno , e lorce-se bem
para que não fique com alguma agua. Pôr-se-ha o assucar
em outro tacho ao l u m e ; depois de l i m p o , deita-se-lhe a
abobora paia se ir cozendo no assucar, e quando não sahir
d a c o l h e r , quando com a mesma se-lhe der volta, está fei-
ta , e se-lhe pôde deitar almiscar conforme o gosto, e von-
tade ; deita-se em covilhetes, e córa-se ao sol.
Biscoitos de la Reyna.
Ponhão-se em tacho, espaço de tres horas, quinze ovos,
tirando as claras a cinco, ajuntem um arratel de assucar em
pó ; como estiverem balidos, deitem-lhe um arratel de fa-
rinha de trigo, mechendo-a até que se encorpore com elles ;
corte-se sobre papel de comprimento de um palmo, e de al-
tura de um dedo , mettão-se 110 forno com assucar em pó
por cima; como estiverem meio cozidos, tirem-se fóra, des-
peguem-se do papel com uma f a c a , e mettão-se outra vez
110 forno a biscoilar.
Biscoitos de Massa.
Amassada uma quarta de farinha de trigo com meio ar-
raiei de manteiga de vacca sem sal. c meio arratel de assu-
car, meia dúzia de gemmas de ovos, agua morna com uma
pedra de sal derretida n e l l a , e estando bem sovada, fação-
se os biscoilinhos do tamanho de um d e d o , ou argolinhas,
e cozão-se em uma bacia.
Biscoitos Ordinários.
Tomem-se de ovos a quantidade necessaria aos bolos, que
se houverem de fazer, ponhão-se em uma balança, epezem-
se com outro tanto assucar fino; tirem a metade dos ovos
da balança, e pezem da.pulra banda outra tanta farinha de
trigo corno os que ficarão.;,deitadas as gemmas em um ta-
cho ou alguidar,, com assucar , e uma pouca de casca de
limão bem pizada, balão tudo muito bem por meia
hora ; ajuntem-lhe depois as claras bem balidas , e levanta-
das, misturc-se tudo com geito, vãod< itando a farinha pouco
e pouco, elevemente, misturando a coma composição ; de-
pois dc mui bem preparado, formem umas caixas de papel
a l v o , unieuKsc de manteiga por dentro, enchão-sc até ao
meio d a t a i massa, deitem-lhe um pouco de assucar fino
por c i m a , e mellão-se a cozer por meia hora 110 forno, que
não lenha muito calor; cozidos, e com uma cor dourada,
tirem-se do forno, e intes que.esfriem para íora das caixas,
para se servirem d ellcs quando for occasião.
Biscoitos de Colher.
A sua composição é a mesma que a dos antecedentes, com
a diflercnça que, segundo a quantidade que delles se fizer,
se deitará uma clara de ovos de mais; preparada a compo-
sição, se encherá cVclI.a uma eolherinha de prata, e vão pon-
do, com graça, e ao comprido, os bocadinhos sobre folhas
de papel branco; deitem-lhe um pouco de assucar fino por'
cima, e meltão-sc a çozçr em forno muito brando ; cozidos,
tirem-se, despcguym-se logo do papel com uma faca, e sir-
vão-se quanto mais frescos melhor.
Biscoitos de-Vários Doces.
Pizem em um gral de pedra duas ou tres onças de cidrão,
o u de casca de l i m ã o , ajuntem-lhe uma pouca dc ílôr de
laranja em pouco de assucar, até a massa se despegar das
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COZINHEIRO IMPERIAL. 1
mãos; corte-se depois em bocados, facão-se cm rolozinhos,
formem os massapões da figura que quizerem, passem-se
por claras de ovos meio balidas, ponhão-se sobre assucar
fmo, e polverizem-se por todas as partes com o mesmo as-
sucar; bem cobertos d-elle, ponhão-se sobre fol has de pa-
pel branco, e estas sobre folhas de cobre ; vão a cozer em
forno brando , e sirvão-se quando assim for preciso.
Biscoitos, F6rma%de SS.
E m um arratel de assucar se deitão quinze ovos, sendo tres
destes com claras, e mui pouco sal, e batendo-se com umas
canas como se bate o pão de l ó ; ajunla-se-lhe canella, e um
arratel de farinha de trigo ; fazendo-se depois no feitio de
S S , vão ao forno, o qual esteja em quentura ordinaria, ten-
do untado as latas em que vão estendidos, com manteiga.
Fatias da China.
Para fazer um prato de guardanapo dasdilas, são preci-
zas quatro dúzias de gemmas de ovos ; estas se batem até
ficarem quazi brancas, e depois se deitão em uma tigella de
folha, eslando esta bem untada de manteiga de vacca; tapa-
se, e cozem-se os ovos em banho-Maria, e em estando cozi-
dos, tira-se a tigella do b a n h o , deitão-se os ovos em um
prato, os quaes ficarão como um pão de ló , c em estando
frios, cortão-se em fatias, passão-se por caldo de assucar,
cobrem-se depois de canella, e grangêa, e assim se servem
na meza. .
Fatias á Prussiaaa.
Corte-se em falias o miolo de dous pãeá, que fiquem da
grossura de dous dedos ; quando não, cortados em rodas
do tamanho de uma maçã ; deilem-sc de môlho em aguar-
BOCE. 279
Falias a Pompaclur.
Cortado o miolo de pão em bocados redondos, ou qua-
drados, da grossura de. dous ou tres dedos, deite-se por um
instante de molho em vinho branco da Madeira, ou em
qualquer outro vinho branco ; passem-se, depois de escor-
ridos, por ovos balidos, frijão-se, e repilão o mesmo duas ou
tres vezes, como acima foi dito; depois de fritas, e de boa
c o r , sirvão-se com calda dje vinho do Hheno, e assucar em
ponlo. •
N. 13. Todas as fatias sc podem fazer, molhando-sc cm
agua, leile, ou em o liquor que quizerem.
Moringas lieckêádas.
Balidas com varas, c bem levantadas, uma dúzia de cla-
ras de ovos, deilem-lhe uma pouca de casca de limão pica-
da meudo, e assucar em pó bem peneirado; misturado tu-
do , divida-se em bocadinhos do tamanho de nozes, sobre
folhas de papel, polverizadas de assucar fino, c mettão-se a
cozer sobre a mesma meza, debaixo da tampa de um forno
de campanha, e fogo por cima; em eslando cozidas, e de
boa cor, tira-se do meio, com uma colherinha, a clara que
não estiver pegada, e pondo-lhe em lugar da clara gelèa de
f r u t a , e pegadas umas nas outras, sirvão-se no mesmo i n -
stante, e antes que amolleção.
Beilhózes.
Faz-se um polme de farinha de trigo desfeita em serveja,
ou vinho branco, uma gota de,azeite, ou manteiga clarifi-
cada, e sal, e ao tempo "de servir, çleita-se-lhes duas ou tres
claras de ovos bem balidas; passa-sc por isto uma pouca de
abobòra menina ralada , frije-se com maníeiga de porco,
e servem-se quentes polverizàdas com assucar, em pó, ou
calda. t
Verdadeira Receita dos Beillióies.
Coze-se a abobora menina , escorre-se-lhc a agua pelo
passador, desfaz-se até ficar sem pevida nenhuma; pôde-
se-lhe deitar quantas gemmas de ovos se quer, com as cla-
r a s , e bate-se tudo muito b e m ; deita-se-lhe sal pizado, e
depois sc engrossa com farinha triga , c vai-se deitando
com uma colher em azeite bem fervente, e em estando fri-
tas, faz-se-lhes calda de assucar e m e l , mislurando-lhe c a -
nella.
Filhózcs Finas.
Para uma oitava de farinha de trigo deve-se deitar duas
dúzias de gemmas de ovos, c algumas pitadas de canella em
pó, e lodo o liquido que for necessário para as amassar deve
ser sumo de laranjas doces, das melhores e mais maduras;
depois de assim preparada a massa, deve-se ligar, ou amas-
sar o mais que for possível , e depois de bem amassada,
deve-se dei «ta-ía trabalhar pelo espaço de quatro ou cinco ho-
ras , para qúe a massa se torne a mais ílexivèl, ou macia pos-
sivel; assim p r c m p l o , deve-se estender em cima de uma
m e z a , que deve ser untada de azeite para que a massa se
não pegue á madeira, devendo as porções que se forem cs-
lendendo para serem rccartilhadas , ou cortadas as filhotes.,
serem pouco mais grossas que uma moeda de dez reis ; um
tacho de arame, ou uma tigella de folha (que tenha o fundo
bem largo) com tanto azeite quanto seja sufíicienle para ir
cozendo as filliózes, o que se deve calcular segundo a massa
que ha , que n este caso talvez baste uma canada.
Logo que o azeite esteja bem a f e r v e r , devem-se deitar
somente as íilhózes, que forem bastante, para cobrir a s u -
perficie do azeite, para que não se peguem umas ás outras;
logo que a fillióz empola, e corou a parle que está sobre o
azeile. deve-se' virar do outro lado, até que coze; assim to-
das promplás, dèvem-se passar por caldo de assucar, de-
baixo da mesma ordem q u e se cozerão 110 azeite.
Fiíhóies de Ferro.
Para meia quarta de farinha de trigo medida : meia quar-
ta de manteiga de vaeea, meia quarta de manteiga de por-
co, meio quartilho de vinho branco, a casca de um limão
ralada, um vintém de canella em pó. Põem-se ao lume até
derreter a manteiga; c depois sc tira para fóra, deixa-se es-
friar, e deila-se em unia cousa que seja cova ; deite-se-lhe
agua com muni, quanto baste para desenvolver a farinha,
que deve licar n um polme grosso , junta-se-lhe uma dúzia
cíe ovos, sendo meia com claras sómenle. Depois de promp-
lo, põem-se o azeite ao lume em uma frigideira, e se mette
dentro o ferro, e quando esteja bem quente, tira-se o ferro
do azeite , e logo se mette no polme; tqrua-se a metler no
azeite, e pouco depois se torna a tirar o ferro , que deixará
ficar a filhóz com o leilio do ferro, e se torna a deixar ficar
o ferro no azeite, e assim se continua até acabar o polmç,
e depois de todas fritas se passão por calda de assucar.
Coscorões.
Tobefe.
Outras Raivas.
Eín dez ovos, cinco em claras, e os cinco últimos só as
gemmas, deilão-se um arratel de assucar de caixa, Ires
quartas de manteiga, e farinha de trigo até que este polme
engrosse ; uma porção pequena de canella, e casca de li-
mão ralada; tendem-sé as raivas com assucar refinado e
claríssimo por cima, fazem-se seus bonilinhos para saberem
melhor.
Melindres.
Em um arratel de assucar se deitão vinte ovos, porém só
tres claras, e depois de bem batidos, ajunta-se-llie canella,
e um arratel de farinha de trigo, continua a operação do
bale-bate para, finda ella, irem dentro de lalas a cozer ao
forno.
E s t e doce é melindroso,
Mão de mulher lhe não b u l a ! 3!
P ô d e p e r d e r a virtude
F a z e n d o a s p e c c a r na g u l a .
Palitos.
Em um arratel de assucar se deitão doze ovos, destes-
nove com claras, e depois de batidos, deita-se-lhe canella,
e um arratel de farinha de Irigo; mette-se este polme em
lalas de beira alta, untadas com manteiga, e depois de se
fazerem louros no forno, lirão-se fóra, parlem-se em talha-
dinhas,? e tornão-se a metter no forno a tostar.
As coslinbas fazem-se, sendo só nove ovos, com todas as
claras, e sem as tres gemmas mencionadas acima.
O 1 lá b o q u i n h a s ,
Os palitinhos,
]5oas r a i v i n h a s ,
Melindres: n h ã s ,
São sim n i q u i n h a s ,
Dos folhetinhos.
Supplicas.
Em um arratel de assucar se deilão doze ovos, oito gem-
mas, e quatro com claras, canella sufficiente para tempero,
casca de limão ralada, e sal preciso ; bate-se tudo muito,
e depois se-lhe ajunta um arratel de farinha de trigo, e
d esta massa se fazem as supplicas, pondo-se em lalas para
irem ao forno.
284 DOCE. ;
• , Escjáêcídõs.
Tomão-se oito ovos, dous com claras, c seis com gem-
inas somente, áèííãò-se em cirna de um arratel de assucar
cm pó, posto cm um tacho ou alguidarinho, e bate-sè tudo
muito bem até que fique alvo, c grosso, e se-lhe irá deitan-
do um arraiei de farinha de trigo, sempre mechendo sem
parar. Vai-se tirando aos bocadinhos oVesta massa rolando-se
na mão, embrulhando-a em alguma farinha de trigo para
que se não pegue, c sc vão pondo nas latas, untadas de
manteiga, indo depois ao forno.
A s Argòlírihas (Tániòiidoas,
Dos grãos as E m p a n á d i l b a s j
Os gostosos K s q u c c i d o s ,
S ã o ás tripas maravilhas.
G alijes.
Quebrem-sc dentro de uma tigella Ires ou quatro ovos
frescos, dbsfação-se com outra tanta farinha de trigo, unia
pouca de agua de jlôr de laraiija, e uínà pouca de casca de
limão bem picada; depois de desfeitos, deite-se meio quar-
tilho de leite bom, misturc-sé tudo com uma colher, até a
massa estar bem liquida, e 110 seu ponto ; em estando feita,
aquenle-se o molde de ferro erii uma fornalha bem aceza,
passe-se com cera pela parte de dentro para sc não pegarem;
em o molde estando quente, deite-se-lhe uma colherzinha
de massa dentro, fechc-sc 110 mesmo instante, e ponha-se
sobre o lume ; sendo cozida de uma banda, volte se o ferro
da outra, para se acabar dc cozer ; cozida, tire-se com geilo,
e ponhão-se á roda de um páo de massa, para que fiquem
dobradas, guardem-se depois em lugar secco , ou em uma
estufa, para servirem quando forem necessarias.
Cavacas.
Beijinhos.
Depois de xim arratel de assucar estar cm ponto de pé-
rola, deita-se-lhe uma quarta de amêndoa bem pizada, e
logo que levanta fervura, tira-se o tacho do lume, e batem-
se quinze ovos, destes duas claras, canella, e alguma casca
de limão ralada; deita-se dentro; põem-se tudo ao lume,
e vai-se mechendo sempre para que se não pegue até en-
grossar , mas que fique de maneira que se possuo fazer os
beijinhos nas mãos; unlão-se as latas com manteiga, e
mettem-se no forno brando.
«
Assopros.
Bale-se na doceira uma quarta de amêndoa ralada, meio
arratel de assucar, meia dúzia de claras, alé ficar cm muita
espuma; depois, cortão-se redondos de hóstias 110 tamanho
que se quer, e deste polme se-lhe deita uma colher por
cima, mas que não transborde; vai ao forno que esteja
brando, e tirados d e l l e , se pódem guardar no estomago, o
que é muitíssimo proveitozo.
Sonhos.
Faz-se a porção que se quer, medindo da seguinte ma-
neira: por cada uma tigella de calda, cheia de farinha de
trigo, uma outra cheia de agua, vou leite, (que é medida
igual ,) uma colher de sôpa de manteiga de vacca , uma co-
lher de assucar areado, um bocadinho de canella inteira, e
umas pedras de sal; põem-se a agua a ferver com a man-
teiga, assucar, canella, e sal; em fervendo, tem-se a farinha
medida em um prato, e deila-se-lhe dentro de repente,
mechendo-se muito, a é que fique enchuta, e que não pe-
gue ; depois, deita-se em um alguidar, e em estando morna,
junla-se-lhe por cada tigella meia dúzia de ovos, deitando-
se-lhe dous a dous, um com a gemina, outro só a clara, (que-
rendo-se, se-lhe pôde, n esta proporção, deitar mais ovos,)
vai-se batendo para que não fique a massa em granitos ; es-
tando boa , põe-se um tacho ao lume, bem cheio de azeile,
e em estando fervente, vai-se deitando a massa aos boca-
dinhos com uma colher de sôpa ; assim se vão formando
os sonhos, c depois de frios, passão-se por calda de as-
sucar.
Sonhos de Forma.
Cidrão de Conserva.
Aparadas as cidras mui b e m , deitão-se em uma panella,
e se f o r mais quantidade, em um pote em salmoura de ovo ;
depois, traga-se a adoçar nove dias, em nove aguas, elaça-se
a conserva de assucar.
Querendo cobrir o c i d r ã o , tire-se da conserva, p o n h a -
se a escorrer em uma joeira; depois de escorrido, deite-se
em assucar f e r v e n d o , até que esteja em ponto de pelouro,
tire-se o tacho do lume, ponha-se 110 chão, tire-se o cidrão
com umas caninhas, e deitando-se-lhe com uma colher as-
sucar por cima , ponhão-se em uma grade , 011 joeira, c m -
brulhem-se em p a p e l , e não se ponhão cm parte húmida,
porque se estragão.
Peras de Conserva.
* Damascos de Conserva.
*
limão ; depois, cscorra-sc e deite-se em assucar em ponto,
e leve-se repetidas vezes ao lume a aquentar, mas não se
dei KC ferver; enche-se depois pucarinlios, deixem-se esfriar,
cobrão-se, e sirva-se
Na p r i m e i r a occasião
Que a p p a r e ç a uni golofeSo.
Pccegos Scecos.
Limpos os pecegos em uma semada, (não sejão pequenos,
nem mollares,) e encluitos mui bem, tirem-lhe os caroços
com um ferro, que corre em redondo; como despedir o
caroço, metla-se outra vez 110 pecego; depois de feito isto
a todos, tenbão-se quaíro dias em assucar em ponlo de es-
padana, dando-lhe cada dia uma fervura ; na ultima f e r -
vura, tirem-se do assucar, para tirarem os caroços, cobrão-
se com o mesmo assucar, que lia de estar cm ponto, es-
corrão-se sobre uma grade, ou joeira, e ponhão-se em um
taboleiro a seccar ao sol, para que lhe não de o frio; quan-
do se guardarem depois de bem seceos, deitem-nos em
panno de linho, para que não liumedeção.
Marmelada.
Fervão-se os marmelos em agua, e em estando quazi co-
zidos, deitem-se em agua fria; depois de frios, alimpem-se
por dentro, esburguern-se, desfação-se com uma colher de
páo, passem-se por um peneiro, e leve-se ao lume o que se
passou, mechendo sempre para que se não pegue; estando
enchuto, deite-se em assucar cm ponto de cabellinlio, mis-
ture-se com a colher muito bem, leve-se outra vez ao lume,
mechendo-se sempre, e levantando fervura, tire-se fora;
deite-se em pucarinlios, ou cm ervilhetes, deixe-se esfriar,
cubrão-se e guardão-se para quando for necessário. N
Bastante fazer d e v e i s ,
Que mil urgências tereis.
Marmelada Crua.
Tomem dous arrateis de assucar limpo, e posto em ponto
de bola, lhe deitaráõ um arraiei de marmelo, o qual estará
já cozido, aparado, feito cm talhadas, e pezado; tanto que
o assucar estiver no dito ponto dc bola, iráõ com as mãos
desfazendo as talhadas do marmelo em bocadinhos, c dei-
tando dentro no tacho do assucar, iora do lume, mechendo-
sc o marmelo 110 assucar com uma colher muito bem; feito
assim, se torna a pôr ao lume, mcchcndo-se que não pegue
o marmelo 110 fundo do tacho, c tanto que ferver um
pouco, que faça caracol, se tire do lume, e se vá deitando
nos covilhetes.
K. 13. Se lhe quizerem deitar cheiros, o faráõ quando o
assucar estiver em p o n t o , e antes que se-lhe deite o mar-
melo.
Marmelada de Sumos.
Deilem-sc dous arrateis de marmelos, em quartos apara-
dos, cm tres arraieis de assucar em ponto delgado, para
que n e l l e se cozão; cm quanto se vão cozendo, desJação-
se com a colher; como estiverem bem cozidos, e enchutos,
deitem-lhe cheiro, se quizerem, c vão, dentro dos covilhe-
tes, a corar ao sol.
Quartos de Marmelo.
Descascão-se os marmelos em cru, tira-se-lhes o caroço, e
partexn-se em quarlos , ou mais .talhadas; deitão-se eru um
tacho com agua fria, e logo que levante fervura, tirão-se,
e põem-se a escorrer n um peneiro de cabello; pezão-se de-
pois, e quanto for o pezo, tanto será o assucar de caixa;
limpa-se este, e logo se-lhe deila o marmelo dentro, deixan-
do-se ferver até ao ponto que se quizer, notando que quem
o quizer para guardar , o deve pôr em ponto alto, levando
também, conforme a porção, cravo da índia, e canella par-
tida; depois d isto, deitão-se em boiões,
Ou c m o âmbito t r i p o r i o ,
Que imla é m a i s consolatório.
Xarope de Maçãs.
Cortada em bocados delgados uma dúzia de maçãs, po-
nha-se a ferver em uma pouca de agua ; cozidas, deitem-se
em um panno forte, espremão-se muito bem , deixe-se des-
cançar o sumo, e depois de claro, ajuntem por cada quar-
tilho d elle um arratel dc assucar em ponlo de Cabello, e
deixe-se ferver até a consistência de um xarope; deixe-se es-
friar, e guarde-se como foi dito.
D este modo se faz o Xarope de Pccegos, Cajus, Ana-
nases, &c.
Xarope de Orgêala.
Pelle-se em agua quente um arratel de amêndoas doces,
uma onça de amêndoasamargozas, e quatro onças de pevides
esburgados; pize-se tudo muilo bem, deilando-lhe de vez
em quando uma colherinha d agua , para que se não fação
em azeite ; bem pizadas, c delidas, deitem-se em meia cana-
da d agua quente, e ponhão de infusão duas ou tres horas
sobre rescaldo; passem-se, á força de colher, por um guar-
danapo, e deitem o que se extrahir em dois arrateis de as-
sucar em ponto de quebrar; sem que ferva, e bem mistu-
rado, deite-se em uma tigella , cobra-se com a sua tampa,
ponha-se sobre um pouco de rescaldo com calor igual, e
deixe-se es!ar dous ou Ires dias ; em o assucar estando r e -
duzido a ponto dc xarope dc avenca, metta-se cm garrafas,,
e guarde-se como foi dito.
COMPOTAS.
( CONSERVAS D E DOCES, j
A A•A • %
WAW^ • w w ^ V^ V^ ^^V^V ^V"^ w ^
Compota de Pecegos.
Compota de Ameixas.
Deilem-se as ameixas em agua a ferver, e em estando
brandas, e quazi cozidas, passem-se para a agua fria ; tirem-
se, escorrão-se, deitem-se em assucar clarificado, ponhão-se
ao l u m e , e sem que fervão, ficarão assim ate se fazerem
verdes ; concertem-se depois 110 pralo ; reduza-se o assucar
ao seu ponlo necessário , deite-se-lhes em cima, e sirva-se
como as antecedentes.
. 'Compota de Damascos.
Sejão inteiros, ou partidos ao meio os damascos, deilem-
se em agua fervendo, déem-lhe duas fervuras , e passem-se
para agua fria; escorrão-se depois por um peneiro, ponhão-
se ao lume em assucar em ponto, e deem-lhes tres ou quatro
fervuras, escumem-se muito bem, arrumem-se no prato,
reduza-se o assucar, deite-se-lhe em cima, e sirvão-se.
Compota de Amêndoas e Damascos verdes.
Fervão em agua quatro mãos cheias de cinza, e feila uuia
cenrada, deilem-lhe dentro as amêndoas, e os Damascos, e
deem-lhes uma fervura; tirem-se da cenrada, esfreguem-se
entre as mãos, para se lhes tirar a pellicula, e vão-se deitando
em agua fria ; passem-se depois para agua fervendo, deixem-
se cozer, e estando cozidos, o que se conhecerá furanclo-os
com uma agulha e em ésta entrando com facilidade, pas-
sem-se para outra agua fria; deitem-se depois em assucar
clarificado, ponhão-se ao lume, e deixem-se ferver pouco
nelle, até se fazer bem verdes ; acabados que sejão, e o as-
sucar reduzido ao seu ponlo, sirvão-se como quizerem.
Compota de Ginjas, ou de Cerejas.
Cortados com igualdade a metade dos pés das ginjas, ou
das cerejas, deitão-se em assucar em ponto alto, e põem-se
ao lume ; depois de ciadas tres ou quatro fervuras, arrumem-
se no prato, reduza-se o assucar, tirem-lhe a escuma, deite-
se-lhe por cima, e sirvão-se frias.
N. B. Da mesma fórma fazem-se Compotas de Morangos,
e pódem-se fazer de Grumixames, Cambucás, &c.
Compota de Marmelos.
Calda de Assucar.
1
se. deitem-se cm assucar clarificado, deixem-se ferver pouco,
e ponha-se em lume brando em o assucar estando redu-
zido, e 110 seu ponto, tirem-se, guardem-se, e sirvão para
compotas, para cobrir, e para todo mais que for neces-
sário.
Cidrada.
Aparadas as cidras da casca, para ficar o doce mais alvo,
lavadas em duas ou tres aguas frias, escaldadas em duas ou
tres aguas fervendo, e de cada vez espremidas em um panno
grosso, depois que estiverem já adoçadas, deitem-se em tres
aguas frias, espremendo-as sempre com o panno ; rallem-se
as cidras, ou pizem-se, e deite-se um arratel de cidras em
dous de assucar em ponto de cabello, e por esta conta faça-
se a quantidade que se quizer, mecha-se alé enchugar, e
quando mostrar o fundo, tire-se fóra, deite-se-lhe cheiro,
querendo-se, e enchão-se os covilhetes.
Perada.
Limpas e aparadas as peras , ponhão-se a cozer em agua
tres arrateis delias; depois de cozidas, ralem-se, ou pizem-
se, e deitem-se cm quatro arrateis de assucar em ponto de
espadana; mecha-se até que enchugue; como estiver en-
chuta, tire-se do lume, deitem-lhe cheiro, se quizerem, evá
guardada em covilhetes.
Pecêgada.
Aparados os pecegos, e cortados em talhadas, ponhão-
se a cozer em agua; depois que estiverem cozidos, deitem-
se em uma joeira, e ponhão-lhe o trincho em cima com
um pezo grande, para que escorrão; depois de escorridos,
deitem se tres arrateis de pecegos em tres arrateis de assucar
em ponto de alambre ; coza-se até fazer empolinhas, tire-
se do lume, botem-lhe cheiro, se quizerem, e deite-se nos
covilhetes.
Meigo e D o c e , acjui dou m e u fim,
Chorai, Golozos, que gostaes de m i m .
ORDINÁRIOS E EXTRAORDINÁRIOS
BANQUETE ORDINÁRIO.
A
MERENDA EXTRAORDIIVARIA.
Terceira Coberta.
1 . ° prato: Leitões assados, guarnecidos com Salchichas.
2. Peito de Vitella de conserva, recheado com peito de
Vacca, guarnecido com passarinhos e tutanos.
5. Coelhos de calda picados.
à. Gallinhas de Fernão de Souza, guarnecidas com pasteis
de gallinha sem massa.
5. Pombos Turcos, guarnecidos com natas e amêndoas.
6. Frangãos de Adobe, guarnecidos com Lingoas de Car-
neiro fiitas.
7. Trouxas de Carneiro.
8. Ades de Marquim com fidéos*
9. Empadas Inglezas de todas as carnes.
Pratinhos.
1 . Dous pratinhos de Cabeça de Vitella em achar.
2. Dous pratinhos de Pasteis de Manjar Real Descobertos.
Quarta Coberta.
1 . ° p r a t o : Rolas assadas, guarnecidas com Lombo dc Vi-
tella. •
2. Perús Salchichados.
3. Gallinhas de Alfilete.
à. Lombos estofados, guarnecidos com Perrcxil.
5. Perdizes de peito picado.
6. Empadas de Vitella.
7. Gallinhas em pé.
8. Torta de Fructa c Ovos.
9. Fructa de Siringa.
1 0 . Olha de iodas as Carnes.
P ratinhos.
1 . Dois pralinhos de Fructa de Manjar branco.
Quarta Iguaria.
5 Pratos dc Gallinhas em pó.
1 pralo de Peru.estofado.
1 prato de Frangãos assados com sôpa de alface.
1 pralo de Coelhos de João Pires.
í pralo de Cabeça de Vitella.
1 pralo de Prezunlo Lamprêado.
1 pralo de Mãos de Carneiro com alfilete.
1 prato dc Alcaparras com Perrexil, e rins de Vitella.
1 prato de Gigote de Perdiz com cardo.
1 pralo de Coelhos cm gigole.
prato de Almôndegas assadas de Vitella com cardo.
Quinta Iguaria.
5 Pratos de Frangãos, e Prezunlo á Franceza.
1 prato de Lingoas Assadas com sua peverada.
1 prato dc Capões á Tudesca.
I prato de Cabrito de Carril.
1 prato de Talhadas de Vitella á Romana.
i pralo de Tulanos de Vacca.
í pralo de Gallinhas com Azedas.
1 prato de Alcaparras e Perrexil.
1 prato de Prezunto, Paio, e Chouriços, com Salsa.
1 prato de O veiros dc Gallinhas.
1 pralo de Crcadilhas fritas, com Prezunlo e Alcaparras.
Sexta Iguaria.
5 Pratos de Pombos Turcos.
1 pralo dc Fructa de Tutanos. #
1 prato cie Constrada de Forçura dc Cabrito»
1 prato de Arleleles de Viiella.
1 pralo de Gallinhas Moriscas.
1 prato de Frangãos á Portugueza.
1 prato de Ubre de Vacca.
1 prato de Salchichão com Ervilhas,
i prato de Cabeças de Cabrito, com Alfaces e Cardo.
1 prato de Alcaparras, Azeitonas, e Perrexil.
4 prato de Cardo com Ervilhas.
Sétima Iguaria.
5 Pratos de Pasteis de Peito de Vacca.
1 prato de Bolinhos.
1 prato de Cardo de Folhado Francez.
1 prato de Pombos á Franceza, guarnecidos com Folhado
Francez.
1 prato de Pastelinhos de Gallinlia.
1 pralo de Pasteis de Tutanos.
1 prato de Frangãos feito albardados.
1 prato de Capella de Vitella.
1 pralo de Carneiro á Franceza.
1 prato de Caravonadas de Gallinhas.
•1 pralo de Prezunlo e Chouriços.
Oitava Iguaria.
1 Prato de Empadas Inglezas.
1 pralo de Pastellinhos de Santa Clara.
1 prato de Coroa Real de Folhado Francez.
1 pralo de Pastelinhos de Tutanos.
1 prato de Mãos de Cabrito.
1 prato de Frangas assadas com sua Salsa.
1 prato de Frangãos com Hervas.
1 prato de Pastelão de Pombo e Cardo.
1 prato de Alfaces e outras llervas.
1 pralo de Ades assadas com S a l , e Amêndoas.
Nona Iguaria.
5 Pratos de Manjar Branco passado c coberto.
1 prato de Pastelão de Sirigaia.
1 prato de Bolinhos de Queijo fresco.
1 prato de uma Torta de Nata.
1 prato de Picatostes de Manjar Branco.
N
1 pi ato dc Pasteis de Requeijão folhados.
1 prato de Fructa de Manjar Branco.
1 prato de Peras doces e Cerejas.
Decima Iguaria.
O
2 Pratos de Supplicaciones.
1 prato de Amêndoas de Carapinha.
1 pralo de Melindres.
1 prato de Biscoutos Banhados.
1 prato de Biscoutos de la Reyna para Chocolate.
FORMA DE UM BANQUETE
COM QUE
SE P O D E S E R V I R A U M A A L T A PERSONAGEM.
PRIMEIRA CEA. .
Quaria Coberta.
1 . Iguaria. Quatro pratos grandes de Empadas de Vitella
com Perdizes, e Mãos de Porco sem osso.
2. Iguaria. Quatro pratos de Empadas de Folhado de Peruas
sem osso, e Pombos.
3. Iguaria. Quatro pratos de Tortas de Frangãos, com T u -
tanos e Almôndegas de Perú.
h. Iguaria. Qnalro pratos de Pastelões de Carneiro, Lingoas.
Lombos, Paios, e Prezunlo.
5. Iguaria. Quatro pralos de Empadas de Gallinha Cartuxa.
8 Pratinhos. — 2 Pralinhos de Pasteis folhados de Galli-
nhas. — 2 Pratinhos de Empadinhas de Passarinhos.—
2 Pratinhos de Pasteis Saboianos de Peito de Perú.
2 Pratinhos de Tortinhas Inglezas.
Quinta Iguaria.
1. Iguaria. Quatro pratos de Triumphos de Doces de Freiras
2. Iguaria. Quatro pratos de Almojavenas de Ovos, eCidrão.
3. Iguaria. Quatro pratos de Capelhis Imperiaes das Freiras.
l\. Iguaria. Quatro pralos de Lombos.
5. Iguaria. Quatro pratos de Doces seccos.
8 Pratinhos. — 2 De Fructa de Siringa. — 2 De Marme-
los. — 2 De Queijadinhas dc Manjar Real. — 2 De
Queijadinhas de Ovos.
2 Pratos de Manteiga.
2 pratos de Salada.
2 pratos de Prezunto.
2 pratos de Laranja da China.
2 pratos de Limões doces.
cozinheiro imperial. 20 V
DA COZINHA.
A o s H O M E N S DE P É .
6 pratos de Princípios.
G pratos de Potagens.
G pratos de Assados,
tí pratos de Massas.
G pratos de Doces.
G pratos de Fructas. ^
Nesta mesma fórma poderão continuar os mais comeres
com que em Portugal costuma a Policia Real hospedar os
seus Embaixadores, com seis comeres, tres c c a s , e tres jan-
tares ; principiando sempre pela côa, c acabando por jantar,
com que os demais comeres se seguiráõ pelo mesmo modo,
assim na qualidade dos pratos, como lambem na quantidade
das cobertas, e com tal ordem entre si, que na coberta onde
iórem assados, não hão de entrar guizados; da mesma sorte
rice versa; com que a que constar de Massa não admittirà
qualquer outro genero de temperos que não pertenção ao
das Massas; porém as carnes, aves, ou outro qualquer g e -
nero se pódem variar em cada um dos comeres, como
também os mesmos guizados assados, ou massas com ad-
vertência assim repartidos, porque d esla sorte brilhão mais
as mezas, c íicão servidas com mais capricho os hospedados.
W . VVVVVN \ V \ V V \ \ V \ W \ V ^ n w w V \ W » W » V » V V \ W V \ V W \ V V \ VVA % V V W V W W V W V W \ V W W W \ W W W w s W W W V \ W \ V \ \ V \ \ V V V W * ^
BAS MATEHIAS.
^ ^ w i
SOPAS.
Sòpas ou Potagens pag. 5 Sôpa de Culi de Camarões 14
Sôpa de Pão 5 de Culi Pardo 14
Uso do Caldo de V a c c a 6 de J o c õ e s 15
A r r o z gordo 6 de Crostas ao G r a t c m 15
Aletria 6 a Portugueza 15
S ô p a de Massa 6 de Peixe com Culi branco 16
D i f e r e n t e s Sôpas Magras 6 de Arroz p a r a dias de peixe 1(>
S o p a s de L e i t e 6 Parda de Cebolas inteiras 17
Sôpa de Couve com T o u c i n h o 7 Branca de Cebola 17
de ('ouves é Porco fresco 7 Caldo Geral e Ordinário 17
dc Hervas 7 p a r a dillcrcntes Sôpas 18
de L e g u m e s 7 para varias Sopas e Molhos 18
Caldo de Miolo dc Pão 8 Substancia d e V a c c a e de Vitella para
P o t a g e m m a g r a de Cebolas 8 Sôpas e Molhos 18
Sôpa de Espargos com polme verde 8 Caldo em Pastilhas ou de Conserva
gordo ou m a g r o 8 para sc transportar, ou por m a r
de queijo, em gordo e magro 9 ou por terra á paizes desertos
dc L e i t e de Gallinha (geminada) 9 e m j o r n a d a s dilatadas: pari*
á Italiana 9 Commandantes de e x e r c i t o s ,
a Franceza 10 Governadores de praças sitia-
dc q u a l q u e r genero de Assado 10 das, Cidades aftlictasda p e s t e ,
Dourada t 11 e outros accidentes que pódem
de A m ê n d o a 11 s o b r e v i r , e e m que por nem-
D o u r a d a de Nata 11 h u m dinheiro se pôde encon-
Outra de Nata 11 trar nem g a l l i n h a , nem carne 19
Tostadíj 12 para Doentes e p a r a Sãos 20
de Queijo e L o m b o de P , r c o p a r a dias de peixe 20
ou de V a c c a 12 para Sôpas de Hervas c m dias
de j j u m 21
de Pato com R e p ^ l i o 13
Fi esco e Purgativo 21
ue Culi de Ervilhas
Caldo p a r a I n f l a m m a ç ã o do Peito 21 Caldo p a r a ObstrucçÕes do Mesen-
p a r a Purificar a massa do S a n - iherio, do F í g a d o , e do Baço 23
gue 21 para Dôres de Cabeça ' 23
p a r a Defluxos Catarrhaes 22 Amargoso para todas as Doen-
p a r a D o e n ç a do Peito 22 ças do Peito e Vomitos 24
de R a ã s e Caracoes para Tos- para Convalescentes 24
si s seccas 22 de Agriões 24
para V a p o r e s e Flatos que so- de Cerefolio 24
b e m á cabeça 23 de Chicória Brava 25
VACCA.
Dissecção de V i a n d a s 26 Perna de V a c c a 34
Da V a c c a 27 Panella de V a c c a sem Couve 34
Alcatra 27 Carne de V a c c a Assada na Agua 35
de V a c c a á Bréza 27 V a c c a em Miroton 35
á Cardeal 27 Picado de V a c c a 36
P o n t a de Alcatra á Ingleza 28 Pão de V a c c a 36
no F o r n o 28 Lingoa de V a c c a ao Natural 36
Aloió ou Alcatra de V a c c a de vários Assada 37
modos 28 em Gratém 37
V a r c a E s t u f a d a á Moda 29 Guizada 37
"ftifes de Filetes de V a b c a 29 em Popiétas
JL
37
V a c c a Assada em Papelotes 29 a Parmezã . 38
Uso do Peito de V a c c a 30 á Poloneza 38
Peito de V a c c a á Parmezã. 30 de F u m o 38
no Espeto 30 Lamprêada 39
a Allèmãa 31 Paladar de V a c c a e m Bocadinhos di-
l l a l a d o ou Corado no reitos e outras Maneiras 39
Forno 31 com Mostarda 39
Difíerentes Modos de preparar as Cos- Frito 40
tellas de V a c c a 31 á Bexaméla 40
L o m b o de V a c c a Marinado e Assa- Mechas de Paladar de V a c c a 40
do no Espeto 32 Croquettes de Paladar de V a c c a 41
c m Manguito 32 Outros vários Modos de Paladar de
em Crespina ou Vacca 41
Redenho 32 Miolos de V a c c a 42
de F r i c a n d ó 33 á Italiana 42
c o m Talos de Al- á Camponeza 42
face 33 D o b r a d a de V a c c a 43
á Bréza 33 á Camponeza 43
e m Gelêa 34 de Mólho-Robert 45
com Enxovas á
Uollandeza 34
V I T E L L A .
CARNEIRO.
Carneiro 57 Pés de Carneiro á S . t c Mcnchould 68
Dissecção do Carneiro 57 Recheados 68
Rosbif de Carneiro de muitas Ma- á Ingleza 69
neiras 57 com Pepinos , c m
Assado de Carneiro e m Frigideira 58 Fricassé de Poulets 69
de Agua de Carneiro 58 com Mangericão 69
Do Pescoço do Carneiro 59 de Môlho R o b e r t 70
Do Peito do Carneiro 59 Carneiro para qualquer Recheado 70
Sélla de Carneiro d e vários M o d o s 59 Picado 70
Perna de Carneiro com L e g u m e s 60 Mourisco 71
com Couve - F l o r cm Almôndegas 71
e Queijo P a r m e - Desfeito de Carneiro 71
'/ão 60 Carneiro Ensopado 72
Armada 61 dc Gigote 72
Recheada 61 com Arroz 72
Pastel de uma Perna de Carneiro 61 Verde 73
Costellas de Carneiro 62 de Caldo Amarello 73
em R o u p ã o 62 Preto 73
em Crespi na 62 Estofado 74
de Cassarola 62 com Couve Merciana e com
ao G r a t é m 63 qualquer outra hortaliça 74
em F r i c a n d ô 63 para Capella 74
Quadrados de Carneiro á Conty 64 Tigellada de Carneiro 75
c o m Salsa 64 Carneiro para vários Rechêos 75>-
L i n g o a s dc Carneiro de V á r i o s Modos 64 de Allilete 75
ao G r a t é m 65 D o Cabrito e do Cordeiro 76
Espichas de L i n g o a dc Carneiro 65 Quartos trazeiros dc Cordeiro em
R a b o s de Carneiro 66 Fiicassé 76
com Arroz 66 deCabrito p a r a uma E n t r a d a 76
á Prussiana 67 dc Cordeiro de vários Modos 76
por Diversos Mo- de Cabrito Assados 77
dos 67 R a g ú de Molejas 77
Pé» de Carneiro á Poulette 68
PORCO.
Porco 78 Queijo de Paio e Prezunto 79
Dissecção do Porco 78 Salchichas de Porco 79
do Porquinho Montez e do Outras 80
Leitão 78 Salchichas 80
79 de Champanha
Cabeça de Porco
79 Salpicões de Porco
M
Queijo da Cabeça de Porco
79
81
Outro Liugoiça
L i n g o i ç a Assada 81 R a g ú de Salpicão 85
de Outro Modo 81 Essencia de Prezunto 85
Orelhas e Lingoas de Porco 81 A n d u l h a s de Porco 85
F o r ç u r a , T r i p a s , B a n h a s , e Rcdenhús Saichichões 86
do Porco 81 Chouriços e Salciiichas 86
Dos T o u c i n h o s , Prezuntos, L o m b o s Chouriço B r a n c o 86
e Costellas 82 Preto 87
Modo excellcnte para conservar Pre- de Figa dos 87
zuntos 82 Mouro 88
Prezunto Cozido para prato de F i a m - Mãos de Porco 88
bre 82 Albardadas 88
Assado para u m a E n t r a d a 83 de J u d é o 88
Frito 84 de Caravonada 88
E m p a d a de Prezunto Quente para E m p a d a s de Pés de Porco 89
uma Entrada 84 de Porco do' Matto 89
Dillerentes Modos de servir o Pre- F i g a d o do Porco 89
zunto á Ingleza 84 L o m b o do Porco 89
R a g u de Prezunto 84
VEADO.
Advertência 91 Coelhos de Fricassé 96
Quarto de V e a d o para u m a E n t r a d a 91 de Cebolada á Portugueza 97
L o m b o s , Polgares e Pas de V e a d o 92 de Môlho de Villão ' 97
G a r u p a de V e a d o a Allemãa 92 de Sallada 97
V e a d o Guizado 92 de J o ã o Pires 98
D a s L e b r e s , Coelhos c L á p a r o s 93 de Horta 98
Guizado de L e b r e para u m a E n t r a d a 93 Cozido em B r a n c o 98
T e r r i n a s de L o m b o s de L e b r e p a r a Albardado 98
Fiambre 93 Real 98
E m p a d a Quente de L o m b o de L e b r e 94 á Maruja 99
de L e b r e para F i a m b r e 94 Agachados para uma En-
L e b r e Assada com Pelle 95 trada • 99
Armada 95 em T a r t a r u g a para uma E n -
Cozida 95 trada 100
em Potagem 95 Láparos em Papilhota 100
Leborada 96 para E m p a d a Quente 100
Coelhos Enrolados para u m a E n t r a d a 96
AVES.
Da Dissecção das Aves e C a ç a 102 Gallinlia Assada 106
D a Gallinlia, Capão e F r a n g a s 103 Ensopada 107
Gallinlia com Arroz para Prato de Armada 107
Relevo 103 de F e r n ã o de Souza 107
1
á Portugueza' 103 c m Potagem á Franceza 108
Peitos de F r a n g a s , ou Gallinhas No- c m Pé 108
vas, Assados por V á r i o s Modos 104 Agra e Doce 109
• Advertencia 104 Recheada 109
Manjar Branco 105 com Cidrão 109
Amarcllo 105 OlhaPodrida . 110
Gallinlia de Alfilete 105 Franceza 410
Mourisca 106 F i n a Olha M o u r a HO
sem Osso 106 Olha Podrida t m Massa 111
Substancia dc G a l l i n h a 111 F r a n g a s f e i t a s c o m S a n g u e para u m a
A l m ô n d e g a s de Gallinha 111 Entrada 127
Coxas d c G a l l i n h a s c o m Queijo P a r - e m Crostadas 128
mezão 111 ou G a l l i n h a s Novas de Mari-
e m Botinas 112 nada 128
Gallinhas c o m A r r o z a Persiana 113 D o Peru 129
E m p a d a s de Gallinhas 113 P e r ú para G u i z a d o s c Assados 129
D o C a p a õ e Franca 114 em Lobo para u m a Entrada 129
Capão c F r a n g a Assados 114 em Fricandô . 130
c o m Enxovas 114 á Bréza p a r a u m a E n t r a d a 130
com Trufas 115 a Cardeal para u m a Entrada 131
com Cerneau para em Galantina p a r a u m a E n -
uma Entrada 115 t r a d a , ou para F i a m b r e 131
Dos Fraxgaõs 115 á Provençal p a r a u m a E n t r a d a 132
A d v e r t e n c i a a c e r c a dos F v a n g ã o s 116 com Hervas Finas 132
F r a n g ã o s Cozidos d e b a i x o d a Cinza 116 R e c h e a d o c o m Salchichas c
e m f o r m a de P ê r a s para Castanhas p a r a u m a E n t r a d a 133
Entrada 116 á C r é m a , e Assado p a r a u m a
feitos e m C h o u r i ç o s 117 Entrada 133
E m b r u l h a d o s e m R e d e n h o 117 Peitos d c P e r ú s para u m a E n t r a d a 134
Assados 118 P e r u Assado a I t a l i a n a para u m a
de Fricassé p a r a u m a E n - Entrada 135
trada 118 c o m Prezunto 135
cm Agraço 118 á Montmorency 135
com Vinho á P r i n c e z a p a r a u m a E n t r a d a 136
Branco 119 Alerões de P e r ú de vários Modos '136
O b s e r v a ç ã o s o b r e os Fricassés de Rechéados para E n -
Frangãos 119 trada 136
F r a n g ã o s de F r i c a s s é 119 E m p a d a s d c P e r u s e m Ossos 137
Estrelados 120 Perú Salchichado 137
Fritos 120 com Salsa Real 138
Albardados 120 Pato, ou Gallinha M o u r i s c a 138
Doces 120 Difterentes Modos de c o m p ô r os P e -
com Ffdéos 121 rús V e l h o s 13.S
a Franceza 121 A d e n s Ordinarias ou E x t r a o r d i n á r i a s 139
dc C a l d o dc V a c c a 121 A d e dc M a r q u i m 139
Capões e F r a n g a s c o m Prezunto 122 Ante-Pato de D e s c a í d a s 139
F r a n g a s ã I n g l e z a p a r a u m a E n t r a d a 122 C a p r o l a d a d e Pato 140
ou Gallinhas Novas, de E s c a - Patos Dourados 140
lopc 122 de P c v e r a d a 140
F r a n g ã o s d c F r i c a s s é para u m a E n - c o m Môlho ' 140
trada 123 D o s Pombos 141
com Vinho P o m b o s Velhos e m B r é z a 141
Branco 123 Novos ) 141
O b s e r v a ç ã o sobre os Fricassés de Assados nas Grelhas 142
Frangos 123 P o m b i n h o s em C o m p o s t a de E r v i l h a s 142
F r a n g o s Assados por Diversos Modos 123 dc F r i c a n d ô 142
L a r d e a d o s c o m Salsa p a r a Popctoes dc P o m b o s 142
Entradas 124 Das E m p a d a s , T o r t a s e T i m b a l e s 143
e m Caixa 124 E m p a d a de P o m b o s 143
dc M a r i n a d a 125 T i m b a l e s de F r a n g ã o s e P o m b o s 143
F r a n g a s c o m Azei tonas p a r a u m a En- Pombos Assados nas Grelhas 144
trada 125 Fricassé de P o m b o s feito c o m S a n g u e 144
c o m Ovinhos 126 Pombinhos c m Conchas c o m Queijo
c o m Mariscos p a r a E n t r a d a 126 Parmezão 144
dc F r i c a n d ô 126 P o m b o s e m Sol p a r a E n t r a d a 145
de M a n j a r B r a n c o p a r a E n - Dourados 145
trada 127 de D . F e r n a n d o • 146
a Créma 127 dc Salsa Negra l*6
Pombos R c c h ê a d o s 146 DiíTcrentcs Guarnições 151
E n r i dados 146 Perdizes Novas e Perdigotes 151
Turcos 147 Perdigotes c m Papilhota 152
á Delli na 147 c m Aguardente 152
T o r t a de P o m b o s c Nata 147 E m p a d a s de Perdizes 153
Das Rolas, Codornizes, k Tordos 148 J)as Galmmiolas e Narcejas 153
R o l a s e Codornizes com Louro 148 Gallinhola Assada 153
a Italiana 148 Guizada para E n t r a d a 154
c o m Prezunto 149 T o r r i j a s de Gallinhola 154
Tordos Guizados 149 Galeirões 154
Rolas Assadas nas Grelhas com Her- G a l e i r õ e s Assados no Espeto 154
vas F i n a s 149 Das T e r r i n a s c Popetões 155
emCassarola para uma Entrada 150 T e r r i n a s Reaes 155
com Repolho dito 150 R a g ú d e Cristas 155
em G r a t é m dito 150 de Ovinhos e Grãos de Gallo 155
Das Perdizes 151 Pasteis de Passarinhos 156
Perdizes- Velhas feitas em Bréza c o m
PEIXES.
Dos Peixes do Mar, dos Rios, e M a - Do SAI.MAÕ 165
riscos o q u e ordinariamente sc S a l m ã o para E n t r a d a e m D i a de
c o m e : Cozido, Assado, o u Frito 157 Carne 166
D o Soi.no 157 Postas de S a l m ã o a Mestre d'Uôlel 166
S o l h o Assadobem Hervas F i n a s 157 e m Caixa 166
110 Espeto 158 Pescada Cozida p a r a Entrada 167
para D i a de Carne 158 G u i z a d a dito 167
á Maruja dito 158 Pescadinhas F r i t a s , 167
de F r i c a n d ó dito 158 Do R o d o v a l h o 167
D o Sável 159 Rodovalho ao C o r b u j o n Branco 168
S á v e l Cozido ao C o r b u y o n 159 p a r a E n t r a d a e m Dia d e
Assado * 159 Carne 168
Da L a m p r ê a 160 D o s Lixgoados 168
L a m p r ê a G u i z a d a para Entrada 160 L i n g o a d o s Cozidos 169
com Môlho D o c e 1 6 0 feitos c o m V i n h o B r a n c o 1 6 9
Assada nas Grelhas 160 F r i t o s p a r a Prato de As-
110 Espeto 161 sado 169
l)o Ernó oc Exgcia 161 e m Polpetas e Fritos 169
E i r ó de F r i c a n d ó para Di a de C a r n e 1 6 1 R e c h e a d o s p a r a Dias de
Frito a Basílica 161 Peixe 170
de Fricassé 161 p a r a Dias d e
E í i ózes ou E n g u i a s Marinadas eFritas 1 6 2 Carne 170
Eiró Enrolado 162 S a l m o n c t e , V e z u g o s , G o r a z e s c Ca-
de Môlho P a r d o 162 chuchos 170
Pargos, Doirados, Robalos, Corvinas Salmonetes Assados 170
e Cherne Cozidos 163 Gorazes ou Cacbuchos Guizados p a r a
D o i r a d o s , Pargos c Robalos Assados Entrada 171
nas Grelhas ' 163 Sarda Assada 171
Pargos ou R o b a l o s Enrolados 163 Sardinhas co:n Hervas F i n a s 171
e Outros Peixes a Jlollandeza 1 6 4 Da Arraia 172
Robalos e T a i n h a s a Maruja 164 Arraia Assada nas Grelhas 172
Doirados e Robalos com Ilervas F i n a s 1 6 4 de Môlho P a r d o 172
Pargos e Outros Peixes a Frita 173
Cré 111 a. 165" Chocos Guizados 173
C b e r n e s , R o b a l o s , Doirados e S a l - D o Atum e do Peixe Aculua 173
mões á Cbambor 165 Empadas de Atum 174
DA Truta 174 Peixe Mourisco 178
T r u t a s Cozidas ao Azul 17/, • Frito e m Manteiga 178
á G e i t e b r i n a para E n t r a d a 174 Inteiro Assado, Cozido c Frito 17S
Assadas c o m Molho do E n - R e c h e i o de Peixe 179
xovas 175 T o r t a d e Peixe 179
Do Merluz ou Merluza 175 Fatias c o m Peixe 180
Bacalhau á Provençal 176 A l l u m é l a de E n c h o v a s 180
ã Bexamela ' 17(J Popetões para Dias de Magro 180
Assado n a s Grelhas, c por E m p a d a s de L o m b o s ou Filetes de
Outros Modos 176 Lingoados 181
Da Tartaruga 177
T i m b a l e s de Enguias e Outros Peixes 181
T a r t a r u g a de Fricassé 177
Caril para q u a l q u e r Peixe 181
de Molho Pardo 177
Conserva de Peixe 182
para Dias de C a r n e - 177
Banquete de Peixe para Q u a r e s m a 182
Escabeche 178
MARISCOS.
D o Marisco 184 Ostras c m C o n d i a s de R o m e i r o 188
R a g ú de Mariscos p o r Di Aferentes com Queijo P a r m e z ã o 188
Modos + 184 de E s p i c h a s 188
Dos Lagostixs e Camarões 184 e m f o r m a de Sonhos 188
Camarões Guizados 1S5 R a g ú de Ostras 189
para Dias de Pastelinhos de Ostras * 189
Carne 185 D o s Mexilhões 189
de Salada 185 Mexilhões para Dias dc Carne 189
R a g ú de Camarões 185 a Provençal 190
Camarões a B e x a m e l a 186 p a r a Dias de Peixe 190
Chouriços de Lagostas e Camarões 186 R a g ú de Mexilhões 190
Das Lagostas k Ostras 186 Mexilhões c o m Achar. 190
Lagostas Guizadas 186 Tortas de Mexilhões 191
Ostras ao Natural •187 Pasteis de Bribigões 191
e m Conchas Assadas nas Galeirões Assados e Recheados 192
Grelhas 187 de V á r i o s Modos para En-
de Cassarola 187 trada 192
de C o m a d r e 187
LEGUMES.
DO UZO QUR D I A R I A M E N T E S E F A Z IN*AS C O Z I N I I A S DOS I / E G U M E S ,
RAÍZES, E SEMENTES; DO MODO DE S E C O N S E R V A R E M P A R A O
I N V E R N O , E EMBARQUES DE V I A G E N S PROLONGADAS, pag. 193.
MOLHOS.
Môlho ã B e x a m é l a 208 Culi de Perdizes p a r a Sôpas 217
Doce 208 ou de outra Qual-
de Echalotas 208 quer C a ç a 217
de Salsa 209 de Castanhas 217
de Pobres 209 R a g ú d e Alfaces e Aipos 217
c o m Azeite 209 de N a b o s 218
a Robert 209 de Cardos 218
a Arlequim 210 Branco 218
de A l m i r a n t e 210 de Azedas 218
d e Princeza 210 de Perrcxi) e outros L e g u m e s 219
de M a r f i m 210 de Castanhas 219
a Allemãa 210 de Azeitonas 219
para Veado 211 de A l c a x o f r a s 219
a líollandeza 211 de Ervilhas 220
á Ingleza 211 de F e i j õ e s 220
a Moscovita 211 de Espargos 220
a llespanhola 212 de Espinafres 220
á Provençal 212 de Pepinos 220
a Romana 212 de Couve-Flôr 221
de L a r a n j a 212 de Repolhos c Couves L o m b a r -
p a r a Salmis 213 das 221
p a r a Dias de Peixe 213 de Chicorias 221
Picante 213 Branco 221
de Aspic 213 de T r u f a s 222
Verde 214 de Prezunto 222
Outro, F r i o 214 de Ostras 222
de R e m o l a d a 214 de Camarões 222
Frio 214 de Mariscos por Diflercntcs
de Prezunto 215 Modos 223
Essencia de Prezunto 215 Substancia de C a r n e 223
Culi Ordinário 215 de Peixes 223
Magro 216 Restaurão 223
Branco 216 para Dia de Peixe 224
de Camarões 216
%
OVOS.
Dos Ovos 225 T r o u x a s de Ovos com F i g a d o s de
Ovos Cozidos com a Casca 225 Corças 232
Molles de V á r i o s M o d o s , ou com Polpetas 232
Escalfados 225 a Bexamela 232
F r i t o s com Diversos Molhos 226 Ovos em T i m b a l e s e Outros Moldes 232
d e F r i c a s s é b r a n c o , e pardo 226 R e c h e a d o s com Queijo Par-
x
Mechidos 226 mezão 233
com Legumes 226 Queijo derretido com Ovos 233
Estrelados 227 Pasteiinhos de Ovos Molles 233
dc Espelho 227 T r o u x a s de V á r i o s Modos 234
de Capote 227 dc Ovos com Assucar 234
Verdes 227 Outras 234
com S u m o de Azedas 228 á Delfina 234
cm Rcstaurão 228 ã Noailles 235
F r i t o s a Italiana 228 Ovos Molles com Assucar 235
a Franciscana 228 Outra Re-
de C o m a d r e 228 ceita 235
de M e r i n g á s 229 de Aveiro 235
1
á Créma * 229 Fatias de Ovos 236
á Bexamela 229 T a l h a s dito 236
c o m Hervas F i n a s c m Caixa 230 Bolos dito 236
•de Senhoras 230 Popelina 237
Omeletas ou T r o u x a s de Ovos 230 Aletria de Ovos 237
T r o u x a s de Ovos com Prezunto 230 Biscoitos dito 237
com R i n s de Vitella 231 Massapões dito 238
com Tutanos de Pão de L ó , ou Bolo dc Sabóia 238
Vacca 231 Èofo 238
com Queijo Parme- Torrado 239
são 231
LEITE.
D o Leite 240 Créma Batida com Morangos 244
C r é m a dc Aletria . 240 A d v e r t e n c i a sobre a V a r i e d a d e das
de Pasteleiro 240 Cremas 245
Queimada 2 4 1 Manjar Branco Banhado 245
Meringada 241 Assado 245
a Delfina 241 de Peros 246
á Italiana 2 4 1 Fructa de Manjar Branco 246
de Abbadcssas 242 Rissollas 246
de Pi st aches 2 4 2 Pasteiinhos dc Natas 247
de Morangos 2 4 2 Biscoitos de Leite 247
de B a u n i l h a s , C h o c o l a t e , c Pão de Créma para Entremeio 247
Café 242 Pãesinhos a Delfina 247
Aveludada 2 4 3 Bolo de Caracol 248
com Amêndoas 243 á Poloncza 248
Ligeira e Branca 243 de Queijo 248
Virgem 244 Flamengo 248
á Suissa 2 4 4 Queijo ou Manteiga Gelados m
Batida 244
MASSAS
l)r. todas i s Massas em Geral 250 T o r t a de Pombos ou dc Frangos 258
Massa para Pão 250 de F r a n c h i p a n a 258
V a r i a s Qualidades dc Massa p a r a Pão 250 de E s p i n a f r e s 258
Massa p a r a E m p a d a s de F i a m b r e 251 de C r é m a G e l a d a c o m Pista-
dc Caixa 251 ches ou Qualquer F r u c t a 259
Folhada 4
251 de R i m dc Vitella 259
outra 251 de Espargos 260
Real 252 de A r r o z 260
p a r a Brioches e outros Bolos 252 de Espinafres 260
dc L i m ã o 260
para Escaldados 252
de Marmelos 261
p a r a Crôcantes 253
dc Manjar Real 261
Frolc 253
de Nata 261
a IIespanhola 253
de Ginjas 261
para Canudos 253
de Agraço 262
a Duqueza 254
de Pecegos , de A m e i x a s , de
a Ingleza 254
Damascos, e Maçãs 262
de A m ê n d o a s 254
Torteletas 262
E m p a d a s dc Prezunto 254
T i t n b a l e de M a c a r r ã o á Italiana 263
de Peixe p a r a Dias de Carne
P ã o de L ó de A m ê n d o a s 263
e de J e j u m 255 P o d i m d e Pão 263
de L o m b o s ou de Filetes d e dc Arroz 264
Lingoados 255 de Natas 264
de P o m b o s 256 a Ingleza 264
de P i c a d o 256 Outro 264
Pasteis de Cidrão 256 Sonhos de Massa Fritos 265
Pastelinhos d e M a n j a r B r a n c o 257 Romaquinos 265
de R o c a de D a m a 257 Talmussas 265
de Carne 257 Cuscús 266
de Peixe 257
DOCE.
M o d o de ClariGcar Assucar para T o d a F a r t e s de Especies 273
a Qualidade de Doce 267 E m p a n a d i l h a s de Grãos 273
D o c e do Brasil • 267 Queijadinhas de A m ê n d o a s 274
D o c e s feitos c o m Mel 267 Argolinhas 274
c o m Mosto 268 Covilhetes 275
Boroas 268 A b o b o r a dc Covilhete 275
Giaca Real 269 Biscoitos de F a r i n h a de Arroz 275
Manjar Real 269 á Italiana 276
T o u c i n h o do Céo 269 Inglezes Batidos 276
Chocolate 270 de la R e y n a 276
A r r o z Doce 270 de Massa 276
Melicias 270 Ordinários 277
Morcelas 271 de C o l h e r 277
Bolos Mimozos 271 de V á r i o s Doces 277
Podres 271 F ó r m a dc S S 278
de A m ê n d o a 272 Outros 278
de Compiéna 272 Fatias da China 278
de Rodilhas 272 á Prussiana 278
de Assucar 272 á Pompadur 279
Bolo de Bacia 273 Meringas Recheada» 279
Bcilhózes 279 V a r i a s F r u c t a s dc Conserva eni
V e r d a d e i r a Receita 280 Aguardente 287
Filhózes F i n a s 280 Conservas de C a f é e Chocolate 288
de Fecuo 281 Peras dc Conserva 288
Coscorrões 281 Damascos dito 288
Tobefe 281 Flor de L a r a n j a dito 289
Suspiros 282 Gat u, ou Bolo de F l ô r dc Laranja 289
Raivas 282 Doce dito 289
Outras 282 Pecegos Seccos 290
Melindres 283 Marmelada 290
v
Palitos 283 dc Geléa 290
Supplicas 283 Commum 291
Esquecidos 284 Crua 291
Caules 284 de S u m o s 291
Cavacas 284 Quartos de Marmelo 292
Beijinhos 285 Gelêa de Maçãs 292
Assopros 285 Caldo ou X a r o p e de Marmelos 292
Sonhos 285 X a r o p e de Maçãs 293
dc F ó r m a 286 de Orgêata 293
de Pecegos ou de Maçãs 286 Capilé, ou Cliarope de Avenca ' 293
de Morangos e outros 287 Florada 294
de F r u c t a d c Seringa 287 Aguas para dc V e r ã o , e para Sor-
Cidrão dc Conserva 287 vetes 294
COMPOTAS.
Compota dc Pecegos 295 Compota de Marmelo*
á Portugucza 295 de T o d a a Qualidade de
Assados 295 Fructas Assadas 29S
dc Maças 296 Calda de Assucar 298
por Outro Modo 296 F r u c t a dc Calda, em Quartos, c In-
a Portugucza 296 teira 299
dc Peras * 296 Ginjas de Calda 299
a Burguinhona 296 Cidra, Limões, L a r a n j a s , e V e r g a -
de Ameixas 297 molas 299
de Damascos 297 Cidrada 500
de Amêndoas e Damascos Perada 300
Verdes 297 Pecegada 300
de Ginjas, ou de Cerejas 297
BANQUETES.
Banquetes Ordinários c Extraordi- Banquete a Franceza Extraordiná-
nários para Qualquer T e m p o do rio 304
Anno 301 F ó r m a de u m Banquete com que
sc pódc servir a u m a Alta Perso-
Banquete Ordinário 301 1
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307
Merenda Ordinaria 301
Merenda E x t r a o r d i n a r i a 302
» v . V N W r t » . \ > M \ v \ v \ M V V \ H % V M V
E x p l i c a t i v o de v a r i a s p a l a v r a s e m p r e g a d a s no
Cozinheiro I m p e r i a l .
A.
ABAFAR (em toucinho). — Isto é por ao Togo em uma cassa-
rola ou p a n e l l a , j u n t a m e n t e com t o u c i n h o , até este ficar der-
retido.
A B O B O R A n . — "Engrossar no ibero um caldo ou môlho.
Çy
c.
C ABELLO. — V i d e Pon i o.
G A B O DE C A R N E I R O . — Osso da pá de carneiro.
C A B R I T O DE L E I T E . — Que foi criado no ubre da cabra.
C A M O E Z A S e C A M O E Z E S . — Certa qualidade de maçãs e peras.
C A N A . — Páo atravessado na cozinha para pendurar e en-
chugar vários preparos.
C A N A D A . — Medida Portugucza de quatro quartilhos, assim
como a medida Brasileira.
C A P E L L A . — Reunião de cheiros e temperos, quer inteiros em
môlho ou ramalhete, quer picados e arranjados comsymetria,
conforme o exigir o prato.
C A R A C Õ E S . — Animalejo de concha, commum nas hortas.
C A R A V O N A D A . — Assado nas grelhas.
C A R D O . — Planta espinhosa de cujas especies duassecomem ;
a alcaxofra é uma d'eilas.
C A R G U E J A ou C A R Q U E J A . — Arbusto pequeno, cuja folha se as-
semelha á do carvalho; mata rasteira, mui combustível, que
berve para accender fogo, e aquecer forno; também é medi-
cinal.
C A R I L . — Vide pag. 481.
C A R O L O . — Espiga de milho, esbulhada dos grãos.
C A R R E T I L H A . — Instrumento em fórma de roda, com que %t
recorta a massa.
C E B O L I N H A S . — Especie de cebolas meudas e delicadas.
CENRADA. — D e c ò a d a . Vide pag. 205.
CENTAURÈA. — Herva medicinal e mui amargosa.
C E N T Ê O OU C K N T E I O . — Grão farinaceo, de que se faz pão in-
ferior ao do trigo.
C E R E J A . — Fructa de caroço, pequena e redonda; ha de va-
rias especies.
COZINHEIRO IMPERIAL. 21
CERNEAU. — Miolos do nozes verdes.
C H A M U S C A R . — Expor ao iogo uma ave ou caça somente ale*
queimar a penugem.
C H A P E L A R . — Ralar a côdea do pão. Vide Rala.
C H E I R O S . — Islo é : salsa, lolhas de cebolas, louro, cere-
folio, & c .
C I R A OU S I B A . — Peixe cujo sangue é preto.
C I N C H O DE P A O . — Molde para queijo , que accompanha no
pralo certos queijos mui molles.
C I R I G A I A ou S I R I G A I A . — De Cirigaía, islo é cozido com ovos,
assucar, e ás vezes farinha de trigo.
CIZELAR. — Cizelar massa, é formar n'ella desenhos e re-
levos.
C L A R I F I C A R . — Manteiga clarificada é a que foi ao fogo, E
que depois de derretida fica limpa e pura.
C O A L H O DE C A B R I T O . — Pelle interior do estomago do cabrito,
que serve de fazer coalhar o leite. •
C Ô D E A DO P Ã O . — A crosta ou tostado.
C O D O R N I Z . — Ave de arribação, e comida delicada.
C O G O M E L O . — Excrescência spongiosa que vem 1 1 0 esterco e
nas florestas; lia varias especies sendo umas d elias mui sabo-
rosas ao paladar, e sãs; outras porém são venenosas.
C O M I is no. — Ilortalice commum usada na cozinha.
C O M P I É N A . — Villa de França afamada por seus doces.
C O N D I M E N T O S . — Temperos, adobos.
C O R Ç A . — Femea do veado.
C O R D E I R O DE L E I T E . — Vide Cabrito dc Leite.
C O R T N T H O . — Vide Passas.
C O U V F . - F L Ô R . — Especie de repolho, cuja flôr voluminosa é
comer delicado.
C O V I L H E T E . — Pratinho fundo de barro, de conservar doces.
C o v o . — Prato covo, pralo fundo.
C R A V E J A D A . — Cebola cravejada, isto é em que fincarão cravos*
C R I Í M A ou C R É M E . — Além de significar nata do leite, entende-
se ás vezes de um polme pegado.
C R O Q U A N T E S OU C R Ô C A N T E S . — Palavra franceza que quer dizer
manjar torradinho, que estra-a nos dentes.
C R O S T A DE P Ã O . — A ide Codca.
C L T E L A . — Facão de cozinha.
D.
DADOS, DADINHOS. — Cortar ou aparar em dados, e dar * for-
ma de dados de jogar.
DAMASCO.— Fructa de caroço, parecida com o pecego.
D E B U X O S . — Ornamentos fingindo desenhos.
D E L I R . — Dissolver, desfazer.
D E S C A Í D A S . — V i d e p a g . 439.
DESENGORDURAR CALDO. — Tirar-Ihe a gordura por via de
peneiro, estamenha, ou escu madeira.
D E S P R E N D E R C A L D O OU M O L H O . — Quando está grudado ao
f u n d o da panella ou cassarola o caído ou molho, desprendesG
ajunlando-lhe maior quantidade, e mechendo-o.
D E S O V A R . — Diz-se da feméa do peixe, quando chegou a
época de ella pôr ovas.
D E S O S S A R . — Tirar, em crú, os ossos da carne, ou espinhas
do peixe.
D O B R A D A . — Tripas.
D O C E I R A . — Vasilha de fazer ou conservar Doce.
D O I R A D A OU D O I R A D O , D O U R A D A OU D O U R A D O . — Peixe deli-
cado e estimado.
D O I R A R OU D O U R A R . — Doirar carne ou doce é dar-lhes uma
cor de oiro, quer com o verniz, vide pag. GO, 62, 134, quer com
assucar derretido. .
E.
ECHALOTAS/—Especie de alho.
EMBKBER.— Ensopar.
— Diz-se de uma ave com as pernas
E M B O R C A D O , EMPER.NADO.
mettidas para dentro. Vide pag. 153.
E M P O L A . — Fervura.
EMPOLAR.— Diz-se da massa que tem f e r m e n t o , no acto de
crescer.
E M P L E I T A DE P Ã O . — Vide Chicho. Diz-se melhor empreita.
E N F A R I N H A R . — Cobrir com farinha de trigo.
E N G O R L A D O , OU E N G R O L A D O . — Meio cozido.
E N T E Z A R . — Escaldar; vide Afogar. Enlczar legumes, vide
pag. 495. '" ' ,
E N T R E M E I A DO. — Toucinho entremeiado é aquelle em que ha
gordo e magro. —'
E N T R E M E I O . — Pratos de entremeio são cs q u e a c c o m p a n h ã o
os p r a l o s p r i n c i p a e s na m e z a .
E N X O V A S OU E N C H O V A S . — Peixe meudo, especie de sardinha,
mais delicada.
E Q U E N E F A S OU E Q U E N E F E S . — Bolos de carne picada, com vá-
riosE S Ctemperos.
A L A D O . — Aberto, fendido com a faca.
ESCALFADO.—Ovos escalfados, isto É passados por agua quente
até ficarem duros. |È à
E S C A N H O A R . — Depennar aves.
Esc A R R A M Õ E S . — Guizado de carneiro picado com cebola ò
toucinho.
E S C O L O P B N D R A . — Ilerva medicinal.
E S C U D E L A . — Vasilha pequena, com duas azas.
E S P A D A N A . — Vide Ponto.
E S P A L M A D O . — Feito chato.
E S P E C Í E S . — Pimenta do Reino, canella, cravo, açafrão, noz
moscada. Especies inteiras, isto é em pedaços; especies finas,
isto é moidas ou raladas. •;'1
E S P I C H O S . — Pãosinlios que servem de segurar a carne esca-
lada. - ^ jF*^
E S P I N A F R E S . — Hortaliça, cujas folhas cozidas são gostosas.
E S T A M E N H A . —Peneira cujo fundo É um tecido delgado de lã,
E S T O F A D O OU ESTUFADO.—Cozido a fogo lento cm vaso tapado.
E S T R A G Ã O . — Planta que se come em salada, e que metlida
no vinagre dá-lhe cheiro e gosto agradavel.
E S T R I P A R . — Diz-se das aves, caça, e fructas, sendo paia as
primeiras tirar as tripas, e para as fructas tirar o miolo e as
pevides.
I .I S ; 3
F.
FACEIRAS. — Carne das faces da Vacca, Vitella, ou Porco.
F A R I N H A . — Deve sempre entender-se farinha de trigo.
F E R R O DE F I L H Ó Z E S . — Molde de ferro que serve para esta
massa. , j ||S ^ |,
F I A M B R E . — Diz-se de qualquer carne sem osso, cozida, e que
se come fria. x . |
F I D É O S DE M A S S A . —Letria ou massa da Italia feita em fio»
Também significa bolinhos de massa.
F I O A B A I X O . — Vide Ponto.
F L Ô R . — Vide Agua dc Flor.
F O R Ç U R A ou F R E S S U R A . — Vide Buchada.
F U M E I R O . — Vão da chaminé, onde se pendura carne para ir
seccando ao fumo.
F U N C H O . — Herva medicinal.
FUNDO DE A L C A X O F R A . — Vide Alcaxofra.
G.
GALÉIRÃO. — Passaro d'agua, bom para comer; serve para
dias de magro.
DSCCIONAREO. 329
li.
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* R . L i
LACÃO. —Prezunto.
L A G O S T A S e L A G O S T I N S . — Especie de camarão de agua doce,
L A M P R Ê A D O . — Isto é feito brilhante, giaçado.
L A P A R O . — Coelho novo.
L A R D E A R . — Atravessar carne com tiras dc toucinho por
meio de agulhas competentes.
LARDOS. —Tiras dc toucinho.
1
L E N T I L H A S . — Legume meudo redondo e chato, cujo gos
se assemelha ao do feijão meudo.
L I G A R . •— Liga-se nm môlho com gemmas de ovos.
L I M A R (peixe). — E raspar a pelle com faca.
L O S N A . — Planta aroinatica, medicinal.
L U M E . — Fogo, quer de cervão, quer de lenha.
M.
M A Ç Ã S DE A N A F E G A ou — Fructa de caroço de uma
NAFEGA.
arvore ; a náfega é mais pequena do que a maçã, de còr parda,
de polpa mucilaginosa, grossa, e azeda, e conserva-se por me-
zes sobre palha.
M A C I R . — Flor da noz moscada. JÊ u
M A L - A S S A D A . — Fritada de ovos.
M A L A G A . — Vide Passas. yty I
M A N G A . — Sacco de coar.
M A N G E R I C Ã O . —Planta arofriatica ; tempero.
M A N G E R O N A . — Ilerva aromaiica.
M A R I N A R . — Temperar carne em cru com adobos, e ás vezes
azeite doce, e deixa-la ficar assim^por 3 ou L\ horas.
M A R M E L A D A . — Diz-se por extensão de qualquer doce de
fructas desfeitas em assucar.
M A S S A P Ã O . — Biscoito doce.
M A S S A R O C A . — Espiga do milho.
M E R C U R I A L . — Ilerva medicinal.
M E R E N D E I R O . — Pão mcrenlciro, pão pequeno para merenda.
M K R L U Z ou M E R L U Z A . — E o peixe Bacalháu, quando vivo,
ou fresco.
M E X I L H Õ E S . — Marisco de agua salgada, que se ccme co-
zido, ficando então a casca azulada, e a carne amarclla ; é in-
digesto.
M I L Í C I A OU M E U C I A . — Doce composto de mel ou assucar,
amêndoas pizadas, caneila e cravo.
M O L E J A S . — Faltando de carneiro ou de vitella, significa os
grãos.
M Ô L H O DE V A R AS. — Isto é varas aladas. Vide J'arase Varinhas.
M O N T A G N E . — Prezunlo dc Monlagne, isto é de Porco-montez,
ou Porco do Mallo.
M O N T E Z . — A ide Montagne.
Mo R I L H A S . — Espécie do cogomelos espongiosos , cujo gosto
approxima-se ao das Trufas.
DICCSONARIO. " " 331
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Q I T A D R A B O DK C A R N E I R O . — ^ Idc ScUa.
— Espécie de queijo
Q U E I J O DE G R L Y L R E . ^p^Suissa,
ou na província de F r a m he Comté em F i a n ç a .
Q U E I J O P A R . *ÍZÃO. — E s p e c i e de queijo feilo lado de
Parma na If alià v u?u se ralado na sopa e massas.
II.
s. •:! m
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T.
TALHAR. —Coalhar.
T A L O . — Parte em que eslão pegadas as folhas nas hortaliças,
como : a l f a c e , chicória , & c . Talos dc cardos, a parte carnuda.
Talo dc alcaxofra, e Talo dc dentro dc alcaxofra, vide Alcaxofra.
TARAMBOLA. — A v e de se c o m e r .
T A R T A R U G A . — Trata-se da do m a r , única que se come.
J Í T A T A G A R Ç A . — E s p e c i e de p a n n o aberto.
T E N D E R . — A p r o m p t a r , o r d e n a r , armar.
T I T E L L A . — O peito carnudo das aves.
TOMILHO. — Tomates.
T O R D O . — A v e de cor negra e branca , e que se come.
T O R N E A R DE RODA. — A p a r a r r e d o n d a m e n t e .
LORRESMOS. — Pedaços torrados que ficão do toucinho oi
lia derretidos.
B R I G A S , ou T O R R I / A S . . — Fatias torradas ensopadas ciu
e cobertas de ovos.
JEIRA. — "Vasilha de cobre em que se cozem Tortas.
E L E T A s , T O R T I J A S . — E s p e c i e de Tortas p e q u e n a s .
AR. — Assar de sorte que a parte exterior fique quei-
mada.
T R I N C H O . — Prato sobre que se trincha , ou bem a parte da
ave por onde se trincha facilmente.
T R I P A DK F R I eros. — V i d e Estripar.
T R I U M P H O . — Pralo de s o b r e m e z a , ou e n t r e m e i o , mui or-
nado.
T R U F A S . — E s p e c i e de balatas pretas mui delicadas e esti-
madas. • « *
T U B A R A S DK C A R N E I R O . — Vide Motejas.
T U B A R A S DA T E R R A . — \ ide Trufas.
Ti D I S C A . — A' Tudesca, isto é á aliemà.
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UBRE.— Trias.
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