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Poríferos, mesozoários e placozoários
OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: Pré-requisitos
• Conhecer os aspectos básicos da arquitetura Aulas 1 e 2.
corporal, fisiologia e biologia dos filos Mesozoa,
Placozoa e Porifera. Disciplina Introdução à
Zoologia.
• Discutir o posicionamento filogenético desses três
filos em relação aos demais metazoários. Noções básicas sobre
Citologia e Histologia.
Noções básicas sobre
diversidade e filogenia
dos animais.
INTRODUÇÃO Nas duas primeiras aulas do nosso curso, você estudou aspectos gerais
da arquitetura e do desenvolvimento dos animais. A partir desta aula, o curso
entra em uma nova etapa, na qual você estudará as características gerais
de 23 filos de animais invertebrados, incluindo aspectos de sua morfologia,
fisiologia, reprodução, comportamento e diversidade taxonômica.
Nesta aula, nós iremos começar por três filos cujo padrão de relacionamento
filogenético com os demais metazoários ainda é objeto de muita controvérsia.
Esses três filos são os seguintes: Mesozoa, Placozoa e Porifera.
De tudo que você já viu sobre os animais, procure pensar se você seria
capaz de enumerar algumas características desses três filos. Anote-as e depois,
ao fim da aula, compare-as com o que você aprendeu.
FILO MESOZOA
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AULA
as células reprodutivas de alguns adultos desenvolvem estruturas similares
a gônadas, as quais são HERMAFRODITAS, produzindo gametas masculinos e HERMAFRODITA
femininos. Após a fecundação, os zigotos se desenvolvem em diminutas larvas Organismo que
possui os órgãos
ciliadas (infusoriformes), que são muito diferentes dos adultos (Figura 3.1). reprodutores
masculino e feminino.
Essas larvas são liberadas, juntamente com a urina do cefalópodo hospedeiro, Sinônimos: monóico
na água do mar. A parte subseqüente do ciclo de vida ainda não é conhecida. ou andrógino.
Célula a urina
ciliada eiro
Gônada hermafrodita
cefalópodos) (infusorigênica)
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FILO PLACOZOA O FILO PLACOZOA possui uma única espécie conhecida, Trichoplax
O nome Placozoa (do adhaerens (Figura 3.3). Os membros dessa espécie são pequenos animais
grego, plax, plakos =
placa + zôon = animal) marinhos (2-3 mm de tamanho), os quais já foram considerados por
foi estabelecido pelo
zoólogo Grell em vários autores como mesozoários ou mesmo larvas de cnidários.
1971.
O corpo de T. adhaerens (Figura 3.3) é achatado e não possui
simetria, órgãos ou sistemas muscular e nervoso. Ele é formado por:
(1) um epitélio dorsal de células de revestimento e esferas brilhantes;
(2) um espesso epitélio ventral contendo células monociliadas (cilíndricas)
e células glandulares não-ciliadas; e (3) um espaço entre os epitélios
contendo fluidos e células fibrosas.
Os indivíduos de T. adhaerenss se posicionam sobre o alimento, liberam
enzimas digestivas e absorvem os produtos digeridos. Os placozoários podem
ser animais diploblásticos. O epitélio dorsal seria homólogo ao ectoderma,
enquanto o ventral seria homólogo ao endoderma, o que explicaria a sua
função na alimentação.
Esfera brilhante
Célula de
Célula fibrosa
ti t
Flagelo
Epitélio
dorsal
Camada
intermediária
Epitélio
ventral
a b
Célula Célula
cilíndrica glandular
Figura 3.3: (a) Trichoplax adhaerens. Animal marinho achatado com 2 a 3mm de
diâmetro. (b) Corte de um T. adhaerens mostrando a estrutura histológica.
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AULA
Assim como no caso do filo Mesozoa, a posição filogenética
dos placozoários não é clara. Estudos recentes, baseados em dados
moleculares, sugerem que os Placozoa poderiam ser o grupo-irmão do
filo Cnidaria. Portanto, eles seriam, realmente, metazoários.
FILO PORIFERA
Esponja cilíndrica,
Coral (filo delgada
e e alongada
Esponja cnidaria)
n
p Esponja tubular
encrustante
Figura 3.5: Larva
Figura 3.4: Alguns padrões de crescimento e formas de esponjas. anfiblástula das esponjas.
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AULA
várias vezes na filogenia das esponjas. O padrão leuconóide possui,
claramente, grande valor adaptativo, pois ele permite um aumento
das superfícies flageladas em relação ao volume da esponja. Assim, o
processo de obtenção de alimentos se torna mais eficiente.
Colêncito
Arqueócito Pinácocito
Tipos de células das esponjas
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AULA
por meio de fagocitose pelos arqueócitos, os quais se deslocam pelo
sistema de canais. Pinacócitos podem fagocitar partículas alimentares
grandes que se depositam sobre a superfície do corpo. As partículas de
menor tamanho, contendo aproximadamente 80% do carbono orgânico
ingerido, são fagocitadas pelos coanócitos. As esponjas podem também
absorver nutrientes dissolvidos na água que passa pelos canais. Os
coanócitos podem obter moléculas protéicas por meio de processos
de pinocitose. A digestão é intracelular e, até onde se sabe, realizada
pelos arqueócitos (Figura 3.12). Os coanócitos transmitem as partículas
alimentares aos arqueócitos para que seja realizada a digestão.
Os poríferos não possuem órgãos respiratórios ou excretores.
Essas funções, aparentemente, ocorrem por meio de difusão nas células.
Vacúolos contráteis são encontrados nos coanócitos e arqueócitos das
esponjas de água doce.
Além da propulsão de água, as únicas atividades e respostas
percebíveis das esponjas são leves alterações na forma do corpo e a abertura
e o fechamento dos diversos poros. Tais atividades se processam de maneira
bastante lenta. A resposta mais comum é o fechamento dos ósculos. Um
sistema nervoso aparentemente não está presente nos poríferos, sendo os
estímulos para as atividades e respostas provavelmente transmitidos de
uma célula à outra. É possível também que a coordenação entre as células
seja gerada por substâncias transportadas pelas correntes de água.
Reprodução
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émonóica.Oesperma
a se origina
por meio de transformações dos
coanócitos. Nos Calcarea e em
alguns Demospongiae, oócitos
também se desenvolvem a
partir dos coanócitos. Em
membros da última classe,
os oócitos podem também,
Figura 3.14: Corte da gêmula de uma esponja de
aparentemente, se desenvolver água doce. Gêmulas representam mecanismos
a partir dos arqueócitos. de sobrevivência durante o inverno, quando
as condições são adversas. Com o retorno de
A maioria das esponjas condições favoráveis, os arqueócitos saem
através da micrópila para formar novas esponjas.
VIVÍPARO é VIVÍPARA. Após a fertilização, Os arquéocitos originam todos os tipos celulares
Animais vivíparos são o zigoto permanece retido no da nova esponja.
aqueles nos quais o
zigoto se desenvolve
corpo parental, do qual ele obtém alimento. Posteriormente, uma larva
no interior do corpo ciliada
a é liberada. Nessas esponjas, o esperma é liberado na água por um
parental, do qual ele
recebe nutrientes. indivíduo e entra no sistema de canais de outros. Os coanócitos, então,
fagocitam o esperma e se transformam em células transportadoras.
Eles conduzem os gametas masculinos, através do mesohilo, para
OVÍPARO os oócitos. Existem também poríferos OVÍPAROS. Neste caso, os oócitos e o
Nos animais ovíparos, esperma são liberados na água, onde se processa a fecundação.
o zigoto se desenvolve
no interior de um ovo, A maioria das esponjas possui uma larva de vida livre chamada
o qual contém mate-
rial nutriente (vitelo). parenquímula
a (Figura 3.15). Essa larva possui o corpo compacto e uma série
de células flageladas voltadas para fora. Após a fixação da parenquímula
no substrato, as células flageladas migram para o interior do corpo e se
transformam em coanócitos nas câmaras flageladas (Figura 3.15).
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AULA
marinhas. Exemplos de gêneros incluídos: Thenea, Cliona, Spongilla,
Myenia, assim como todas as esponjas de banho.
RESUMO
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EXERCÍCIOS
AUTO-AVALIÇÃO
Procure determinar se você compreendeu com clareza os seguintes tópicos desta aula:
(1) características gerais (arquitetura corporal, fisiologia e biologia) dos filos
Mesozoa, Placozoa e Porifera; (2) hipóteses sobre o posicionamento filogenético
desses três filos. Caso você tenha compreendido esses tópicos, e respondido
corretamente às questões propostas nos exercícios, você certamente está preparado
para avançar para a quarta aula.
Nas próximas duas aulas, você estudará o filo Cnidaria, que inclui as anêmonas,
medusas, corais e formas relacionadas, e o filo Ctenophora.
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