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1 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

2 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Índice
Apresentação...................................................................3
Introdução........................................................................4
O Trader LifeStyle...........................................................6
Mercados no Brasil.......................................................10
Renda Fixa..................................................................10
Renda Variável...........................................................12
Gestão Própria e Terceira........................................15
Reguladores...............................................................17
Ferramentas do Trader................................................19
Ferramentas de Análise e de Trading.....................19
De Carteira.................................................................22
Custos e Tributação..................................................23
Modelos de Análise.......................................................26
Análise Fundamentalista..........................................26
Análise Gráfica e Análise Técnica............................28
Análise de Fluxo e Tape Reading.............................32
Métodos quantitativos e robôs...............................33
Seu Mix de Análise....................................................34
Setups & Técnicas de Trading.....................................35
Tudo começa no Trading Plan.................................35
Controle de Risco......................................................38
Gestão de Carteira....................................................40
Blindagem Emocional & Alta Performance..............42
Como Deve Funcionar a Cabeça do Trader...........42
Vieses Psicológicos que Podem Afetar o Trader...43
Trading de Alta Performance...................................45
Considerações Finais..................................................46
Afinal, é possível viver de Trading?.........................46
Opte sempre pelo mais simples..............................47
3 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Rodrigo Cohen
Com o Cohen, só Gain!

Eu adoro essa piada boba. Por trás dela tem muito suor e lágrimas, mas também
muito trabalho duro e a dedicação que só quem faz o que AMA consegue enten-
der.

Esse sou eu, Rodrigo Cohen. Muito prazer!


Me formei em Engenharia Elétrica/Computação e depois fiz pós-graduação pelo
Instituto Coppead/UFRJ, mas a maior parte da minha bagagem profissional veio
do mercado financeiro, da prática. Dos dias de ganhos e de perdas.

Trabalho desde os 17 anos. Comecei com tecnologia em projetos multinacionais


e fiz minha primeira operação na bolsa em 2000. Nunca mais parei. Nove anos
depois migrei de vez para o mercado financeiro e estou aqui até agora.

Hoje tenho comigo uma das maiores legiões de traders do Brasil, seja no meu
grupo de Facebook “Trading Insights”, seja no meu Blog Profissão Trader dentro
do Infomoney, seja no canal do Youtube da Rico Corretora ou no meu programa
diário de trades que é o Ponto a Ponto. Estou com eles TODO DIA! E me divirto
muito!

Aproveitando a deixa, sou analista da Rico Corretora e apresento diariamente o


programa Ponto a Ponto a partir das 8h40. Venha me conhecer!

É um prazer saber que o meu material chegou até você. Espero, de coração, que
ele seja aquele gatilho que te faltava para começar a operar no mercado financei-
ro... Ou aquele ponto de inflexão que você esperava para lhe fazer um trader de
sucesso... Ou mesmo aquela gota de inspiração para começar a investir.

Qualquer que seja o motivo que te trouxe aqui, aproveite o passeio. E se você
ainda não me conhece, vai lá na minha página, cadastre-se no BLOG para receber
notificações exclusivas e faça parte desta família super unida!!!

QUER ME CONHECER UM POUQUINHO ANTES DE COMEÇAR?


Nesse vídeo de 180 segundos, eu resumo como é um dia de Trades que faço ao-vivo em
minha sala de Chat. É bem doido, mas eu sou assim!!!
Espero que goste: A Minha Paixão em 180 segundos
4 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Introdução
Diz a lenda que Munehisa Homma, pai dos candlesticks, acumulou uma fortuna
gigantesca ao manter e analisar registros históricos do mercado. Por meio de sua
análise gráfica rudimentar misturada à psicologia, chegou a realizar a façanha de
100 trades consecutivos vitoriosos.

Detalhe: tudo isso no mercado de arroz do Japão Feudal do século XVIII. Além de
rico, Homma acabou se tornando conselheiro do império japonês.

Simplesmente mitou: o cara era day trader (como eu), desenvolveu uma escola de
análise gráfica para analisar os mercados e multiplicou este conhecimento com
seus livros escritos! Que história top das galáxias!

Essa é apenas uma das várias histórias conhecidas de traders de sucesso. Há


outras, como as de Ralph Elliott, Jim Simons, e George Soros, claro. Inspiração não
falta, mas, nem tudo são rosas (ou tulipas…).

Se fosse fácil assim, estava todo mundo rico. Porém, a realidade é que muita gen-
te fracassa ao tentar ser trader. Mas quer saber? Não nos interessa saber quanta
gente ganha como investidor/trader/day trader. O que interessa mesmo saber é: o
que fazer para estar no lado vencedor?

Como eu disse, não é fácil, mas também não precisa ser da NASA pra ganhar no
mercado, para ser um trader de sucesso.

Para mim um trader de sucesso precisa dos três Cs do Trader (ou do Cohen!):
Conhecimento, Controle e Cabeça. Isto é:

01 02
Cabeça: O preparo mental do Controle: Este item se divide em dois. O
trader é fundamental. Prepare primeiro é o controle gerencial, que são as
sua mente, saiba como funcio- ferramentas pelas quais você sabe como está
na a psicologia trader e como o balanço da sua carteira, seus riscos e a ges-
tirar proveito disso de forma tão das execuções. O segundo e o controle
positiva. Se algo sair do con- contábil, no qual você apura custos operacio-
trole na sua cabeça, tudo pode nais e tributação. Se não fizer os dois, pode
ir para o brejo. acabar achando que ganhou quando perdeu.
5 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

03
Conhecimento: Como toda profissão de alto valor agregado, você precisa acu-
mular conhecimento, precisa estudar e entender com profundidade o seu tema.
Não dá para ter dúvidas no calor do mercado.

Tudo é muito rápido! Portanto, prepare yourself, soldier!!

Com os 3 Cs você toca o bumbo, mas quem vai te ajudar a fechar a apoteose é
sua META. Com base no seu objetivo, você vai desenhar todo o caminho. Quem
não tem meta, não sabe onde quer chegar. Simples assim. Foi desse modo, aliás,
que eu escrevi este ebook: eu pensei em cada um destes tópicos e em como te
ajudar a definir a meta. O resto é aprofundamento e dedicação.
6 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

O Trader LifeStyle
Jesse Livermore conta em seu livro “Reminiscências de um Especulador Financei-
ro” que jogava com um sistema, e não com ações favoritas ou rumores de mer-
cado. Ele se interessava apenas na aritmética do negócio. E estava tão certo em
operar nos mercados desta forma que foi um dos homens mais ricos do mundo
no começo do século XX. Seu livro, junto a “Os Axiomas de Zurique”, de Max
Gunther, são dois clássicos que sintetizam o Estilo de Vida do Trader.

Vou apresentar aqui para você o que eu acredito ser um bom “Trader LifeStyle”.

Ser trader
Como um comerciante (tradução literal de trader), seu foco é em ganhar margens
entre aquilo que você compra e vende, e vice-versa. Por mais simples que seja
esta definição, ela é pouco praticada.

O trader deve ser racional e frio neste papel, não se apegando aos ativos que “co-
mercializa” ou muito menos agindo e reagindo com emoções.

Não deve ficar triste ou comemorar. Só assim você vai conseguir fazer seu sistema
trader funcionar por você.

Apague agora da sua mente a ideia carros luxuosos, casas de praia e viagens
de primeira classe. Isso pode até ser a consequência da sua vida de trader, mas
nunca deve ser o objetivo.
7 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Seja comprometido
Seja comprometido, de verdade! Ser um trader comprometido vale totalmente a
pena, afinal, tem retorno financeiro. Você não precisa ser trader 24 horas por dia.
Existem aqueles que mantêm seu trabalho e são traders de meio período. Mas
naquelas horas que você tem para ser trader, SEJA TRADER! Assim, se tudo der
errado, você nunca poderá dizer que não foi até o final. Então vá!

Foque na execução

Só planejar bem não basta, tem que saber executar. E uma boa execução começa
com um bom teste do seu trading plan. Antes de sair por aí disparando ordens,
use as contas de demonstração que várias corretoras disponibilizam.

Saber executar também é dominar alguns outros aspectos operacionais, como


transferir recursos, pagar impostos e balancear sua carteira, medir seu desempe-
nho e avaliar onde melhorar. A execução é o feedback do seu trading plan. Depois
de praticar muito na conta demonstração você pode dar os primeiros passos na
vida real.

Ser trader
Se você está buscando nos fóruns da internet
aquela estratégia infalível, que chamamos de
santo graal, PARE AGORA MESMO!

Primeiro porque não existe estratégia infalível.


Uma ou outra vez qualquer estratégia dará
algum prejuízo; segundo porque o que fun-
ciona para outra pessoa não necessariamente
funciona para você. Cada um tem sua aversão
ao risco, cada um tem um capital, um conhe-
cimento de mercado diferente... Desenvolva
para você algo que funcione para você!
8 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Tenha uma rotina


Dedicação e disciplina são a base do sucesso do trader. E desenvolver rotinas
ajuda a tornar estes hábitos algo automático. Não estamos falando só do hábito
de abrir um jornal ou checar suas posições. Uma rotina de vida também ajuda
sua cabeça (o primeiro C!) a se equilibrar e te levar a um bom desempenho nos
tradings e nos timings que o seu perfil de operador exigirá. Você precisa estar de
bem com a saúde, com a mente e com sua técnica.

Seja flexível
Desenvolver um trading plan eficaz é uma tarefa que exige dedicação e muito
tempo de aprendizado. Uma vez desenvolvido um bom trading plan, monitore
seu desempenho para saber o quanto antes é hora de mudá-lo ou mesmo hora
de abandoná-lo. Flexibilidade de mudar suas convicções e estratégias é essencial
para a sobrevivência do trader.

Saiba lidar com seus erros


Errar é extremamente frustrante no mercado, pois custa dinheiro. Porém, a for-
ma como você, trader, lida com isto fará toda a diferença no seu futuro como in-
vestidor. Evite canalizar energias negativas dos seus erros, afinal, perder já é dor
suficiente. Foque em responder a essa pergunta: “O que aprendi com este erro?”
9 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

As armadilhas de um trader

Resumidamente, a maior armadilha para


um trader é não viver o estilo de vida
trader que eu expliquei antes, ou seja, ter
pouco comprometimento, não seguir uma
rotina, ser cabeça dura, e por aí vai.

Além disso, gosto de reforçar: NÃO EXISTE


CAMINHO FÁCIL para o sucesso do trader.
Duvide de mamatas e métodos infalíveis.
Duvide de discursos do tipo “deixe seu di-
nheiro comigo que é sucesso garantido”,
ou qualquer outra coisa que pareça exigir
baixo esforço com retorno alto.

11 em cada 10 são furada. 11 em cada 10!


Mais do que altos retornos, o trader precisa buscar consistência e sustentabilida-
de nos seus retornos. Não adianta ganhar 1000% num dia e perder 90% no outro.
Quem perde 90% num dia precisa ganhar 1000% para voltar ao capital original (a
matemática é essa, pode conferir).

Aquele trader que controla bem as suas perdas e vai aumentando seu capital com
uma estratégia têm mais chance de sucesso do que qualquer um que siga um
método “bom demais para ser verdade”.

MUITA GENTE É BARRADA ANTES DE COMEÇAR


Alunos e mais alunos me dizem que quando está tudo pronto ficam travados e não conse-
guem dar o pontapé inicial. Gravei um vídeo falando sobre o
MEDO DE APERTAR O BOTÃO. Espero que goste!!!
10 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Mercados no Brasil
E stamos vivendo uma época incrível na evolução do mundo dos investimentos
no Brasil. Desde que comecei a trabalhar no mercado financeiro, vi tanta coisa
legal ser criada que já dá para dizer que hoje no Brasil é possível fazer o que quiser
com seus investimentos.

Hoje temos produtos e serviços sofisticados, além de muitos canais de investimen-


tos (principalmente nas corretoras). E o mais importante: com a ajuda dos nossos
reguladores, temos bastante segurança de que as coisas vão funcionar bem.

Renda Fixa
Devo ter renda fixa na minha carteira de investimentos? A resposta é: SIM. Os
investimentos de renda fixa podem ser um excelente fator de diversificação e
até mesmo de rentabilização de carteira em momentos em que a Bolsa esteja de
lado ou andando contra você.

É verdade que, para a maioria dos traders, a renda fixa pode parecer pouco ren-
tável e até entediante. E por isso preciso dizer algo logo para você: a renda fixa
pode ser incrível! Vamos falar agora dos principais instrumentos que todo trader
precisa conhecer:

Os investimentos de renda fixa são aqueles que nos retornam um valor ou refe-
rencial conhecido de forma periódica e com retorno do capital inicial investido.
Por exemplo, um título que pague o CDI pode ser considerado renda fixa pois
durante seu período de vigência, ainda que não saibamos o valor exato, sabe-
mos que é uma referência conhecida — no caso, o CDI (Certificado de Depósito
Interbancário), que nada mais é que a taxa pela qual os bancos emprestam di-
nheiro entre si. No geral apresentam risco menor que os investimentos de renda
variável.

Renda Fixa Bancária: os bancos são grandes ofertantes de diversas modalida-


des de investimentos de renda fixa, que em sua maioria não são tão atraentes
e nem flexíveis. Produtos como Poupança, CDB e Títulos de Capitalização são
os nomes mais comuns, mas na prática do investidor mais engajado raramente
ganham espaço
11 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Debêntures: são títulos de dívida de empresas emitidos publicamente. Quando


ocorre uma nova emissão no mercado (neste caso, mercado primário), você com-
pra debêntures direto da empresa, com a vantagem de ser o primeiro investidor
a ter acesso àquele título. A alternativa é recorrer ao mercado secundário
(BOVESPAFIX) e comprar em uma negociação com outros investidores. A vanta-
gem de comprar uma dívida direto das empresas é obter taxas melhores, pois
não há o banco no meio. Por outro lado, quem compra debêntures está exposto à
saúde financeira da empresa.

Fundos de Investimento Imobiliário (FII): diferentemente do fundo de investi-


mentos tradicional, os FIIs são negociados em Bolsa. Pode-se dizer que são quase
um híbrido entre renda fixa e variável. Isso porque a maioria valoriza-se à medida
que recebem aluguéis dos imóveis que possuem. O preço também pode variar
em função do valor dos imóveis na carteira do fundo. Como no geral não são tão
voláteis, prefiro classificá-los como renda fixa.

LCIs, LCAs, CRIs e CRAs: estes quatro são isentos de IR e IOF e não têm taxa de
administração. Quem aplica em CRs (Certificados de Recebíveis) adquire o direito
de receber fluxos de pagamentos de financiamentos (Agropecuários ou Imobiliá-
rios, no caso). Como desvantagem, geralmente seguram o capital por mais tempo
e não contam com a garantia do FGC, o Fundo Garantidor de Crédito.

Por outro lado, as LCs (Letras de Crédito) funcionam de forma parecida com CDB,
exceto pelo fato de que os bancos direcionam os recursos captados para o setor
Imobiliário e Agrícola e por sua vez então contam com a garantia do FGC.

Tesouro Direto (TD): o TD é o sistema criado pelo Tesouro Nacional para permi-
tir que pequenos investidores possam comprar e vender títulos da dívida pública
federal brasileira como alternativa de investimento. Para acessá-lo você precisa
de uma Corretora (como a Rico Corretora!). Tem muita coisa legal lá, para todos
os bolsos e estratégias de renda fixa.
12 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

O que considerar na hora de escolher sua renda fixa?

Rentabilidade: Deve estar ACIMA da Selic ou CDI. Se qualquer produto


que estiver considerando render menos, melhor comprar um título público
que pague Selic, por exemplo.

Custo de administração: Pode não parecer, mas num mundo onde as


rentabilidades disputam cada 0,1% ao ano, uma administração de 1% pode
ser muito cara (e para a Renda Fixa, de fato é). Olhe o custo dela antes de
investir;

Risco: por mais que o risco em geral seja baixo na renda fixa, é bom co-
nhecer as condições em que você pode perder, quanto pode perder e a
chance disso acontecer;
Tributação: observe os prazos da tributação para resgatar seus investi-
mentos.

Devo ter renda fixa na minha carteira de investimentos? A resposta é: SIM. Os


investimentos de Renda Fixa podem ser um excelente fator de diversificação e
até mesmo de rentabilização de carteira em momentos em que a Bolsa esteja de
lado ou andando contra você.

Renda Variável

Os investimentos de renda variável são aqueles cujos retornos são incertos e


dados normalmente por forças dinâmicas dos mercados. Ao comprar uma ação,
nada lhe garante que seu preço subirá ou cairá em qualquer prazo. Seu preço
depende totalmente da dinâmica de sua negociação nas bolsas de valores. Na
maioria das vezes apresentam risco maior que os investimentos de renda fixa.
13 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Ações

Ações são títulos de posse no capital das empresas. É o tipo mais conhecido de
investimento de renda variável. No Brasil são negociados na B3
(ex-BM&FBOVESPA).

Existem dois tipos principais de ações. As ordinárias (exemplo: ITUB3, do Itaú) e


as preferenciais (exemplo: ITUB4). A principal diferença entre elas é que as or-
dinárias dão ao seu detentor direito de voto nas assembleias de acionistas. As
preferenciais permitem o recebimento de dividendos em valor superior ao das
ordinárias.

É possível ao investidor comprar ações de duas maneiras: por meio de emissões


da própria empresa ou na Bolsa. As emissões das empresas, chamadas primá-
rias, podem ser IPOs (Initial Public Offer, em inglês, ou Oferta Pública Inicial), ou
Follow-ons, se for um aumento de capital aberto. O ambiente de negociação na
bolsa de valores é chamado de mercado secundário.

Opções e Futuros

Opções e Futuros são dois tipos de uma classe de ativos chamada de derivati-
vos. Um derivativo é um título cujo preço depende diretamente de outro ativo.
Cada derivativo possui uma determinada dinâmica em função das condições que
o ligam ao ativo principal, por exemplo: o preço de uma opção de compra sobe
quando o preço da ação sobe. Porém, neste mesmo movimento certamente o
preço das opções de venda estão caindo.

No Brasil as opções mais negociadas são as opções de ações, ou seja, opções


cujos preços estão ligados aos das ações. Já os principais futuros negociados são
de índice Bovespa (ou mini-índice) e do dólar americano (mini-dólar).

VOCÊ CONHECE OPÇÕES?


Este é um assunto que chama a atenção de muita gente e eu gravei um vídeo explicando o
básico de opções para você dar os primeiros passos: MINI-AULA DE OPÇÕES.
Ficou bem legal!
14 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Nos futuros também temos a oportunidade de negociar contratos agrícolas de


café, milho e boi.
Qualquer contrato futuro é alavancado, pois usa somente uma margem de nego-
ciação. Essa margem pode ser em dinheiro, ações ou mesmo títulos públicos. Os
ganhos (e as perdas) tendem a ser muito maiores do que nas negociações do mer-
cado à vista (com ações). Portanto, esteja certo do que vai fazer antes de executar
uma ordem!

Exchanged Traded Funds (ETFs): instrumento popular no mercado americano, o


ETF é um fundo de investimento cujo valor está atrelado a uma carteira de refe-
rência. Por exemplo: o BOVA é o ETF que acompanha o movimento do Ibovespa no
seu preço, isto é, se o Ibovespa subir 10%, é esperado que o BOVA suba os mes-
mos 10% (ou algo muito próximo disso). Nesse caso o fundo é negociado em bolsa
para você comprar ou vender como se fosse uma ação.

Estes são apenas alguns dos vários títulos de renda variável negociados na B3
(BM&FBOVESPA). Vale a pena ir ao site deles e conferir mais.

O que é necessário avaliar na hora de escolher um instrumento de renda variável


para investir ou operar?

Dinâmica de preços: procure olhar o histórico para entender como o preço


daquele ativo se comporta, buscando identificar sua volatilidade e volume e
se você aceita conviver com elas;

Condições de negociação: alguns ativos podem ter validade, horário de


negociação limitado, lotes mínimos, execução de direito e muitas outras ca-
racterísticas intrínsecas. Saiba exatamente o que você está comprando, para
não perder dinheiro por não saber as regras do jogo;

Direitos e obrigações: o investidor também precisa ter ciência do que mais


a posse pode implicar para ele. Fatores como pagamento de dividendos, ex-
piração, depósito de margem e transformação (grupamento e desdobramen-
to) são alguns exemplos de condições que podem confundir o investidor. E
aqui vale a mesma dica do ponto anterior: saiba exatamente o que você está
comprando para não perder dinheiro por não saber as regras do jogo.
15 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Conhecer bem os produtos de renda variável é crucial para o trader, afinal é


aqui que ele estará a maior parte do tempo. Além de entender bem os produ-
tos de renda variável, invista também um tempo aprendendo um pouco mais
sobre Governança Corporativa, e como funcionam os segmentos de
Governança Corporativa na B3 (BM&FBOVESPA).

Gestão Própria e Terceira


Gestão própria é aquela em que o investidor decide diretamente quais inves-
timentos entram e quais saem da sua carteira de investimentos, mesmo que
assessorado por um analista de investimentos.

Por outro lado, na gestão terceira o investidor delega a decisão de onde inves-
tir a um terceiro. Ela, por sua vez, divide-se em dois tipos: gestão particular,
quando uma pessoa ou instituição faz a gere o capital do investidor; e gestão
coletiva, quando colocamos o nosso dinheiro em um fundo com vários outros
investidores. No segundo caso, o gestor do fundo define a direção toda da car-
teira, independentemente das características de cada investidor.

O que é melhor? Gerenciar eu mesmo os meus investimentos ou terceirizar


a gestão?

Depende muito, claro! Mesmo para quem é um trader experiente e rentável,


deixar uma parte do seu capital num fundo ou numa gestão particular pode não
ser nada estranho. Levando em consideração algumas variáveis típicas que se
costuma avaliar para esta decisão, montei a tabela a seguir com as vantagens
dos dois modelos:
16 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Gestão Própria Gestão Particular Gestão Coletiva

Pode-se começar com Existem opções para


É uma gestão cara, por-
pouco capital, porém todos os capitais, e
Capital gerenciar muito capital
tanto não vale a pena se
existem opções baratas
o capital for pequeno.
pode ser desafiador e opções caras.

Em geral exige mais Permite ao investidor Permite ao investidor


Tempo tempo e dedicação do fazer um acompanha- fazer um acompanha-
investidor. mento baixo. mento baixo.

Exige um conhecimento
inicial para se realizar Não exige muito conhe- Não exige muito conhe-
Conhecimento uma gestão com mais cimento do investidor. cimento do investidor.
segurança.

Com bom preparo, as Vai depender muito do


rentabilidades podem preparo e experiência São poucos os fundos
Rentabilidade ser muito superiores se do gestor, e do relacio- com rentabilidade supe-
comparada aos outros namento com o inves- rior à média.
dois modelos. tidor.

Varia em função dos in- Varia em função dos in- Varia em função dos in-
Tributação vestimentos realizados. vestimentos realizados. vestimentos realizados.

Geralmente fazem o
Cálculo e pagamento Cálculo e pagamento
Pagamento dos cálculo, porém paga-
são responsabilidade do são responsabilidade do
tributos investidor.
mento deve ser feito
gestor.
pelo investidor.

Minha mensagem aqui para você é: caro trader, reflita sobre quando a gestão
terceira pode ser útil para você e não tenha medo de usá-la para montar uma
carteira diversificada e vencedora!
17
17 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Reguladores
Os reguladores têm um papel relevante no dia a dia de todos os participan-
tes do mercado financeiro e, portanto, na vida do investidor. Os reguladores
do mercado de capitais atuam principalmente com o objetivo de garantir que
todos os participantes jogam com as mesmas regras e que se dê o máximo de
transparência nos processos e negociações.

Vamos aqui então apresentar os reguladores que mais interessam para a vida
do trader, qual sua função e em que situações o trader pode recorrer a eles
em sua própria defesa:

Banco Central do Brasil (BCB): é conhecido por ser o ”banco dos bancos”.
E o que isso quer dizer? Quer dizer que o nosso Banco Central tem o papel de
organizar o mercado bancário do Brasil por meio da centralização de pagamen-
tos, ditando normas, auditando e fiscalizando instituições financeiras, pesqui-
sando a opinião dos participantes e até mesmo analisando a economia do país;

Fundo Garantidor de Crédito (FGC): Entidade privada e sem fins lucrativos


que administra mecanismos de proteção a investidores e poupadores. Garante
depósitos em diversos tipos de investimentos. Em outras palavras: em caso de
liquidação, falência ou intervenção em sua instituição financeira, o FGC devolve
seu dinheiro até o limite de R$ 250 mil.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM): é uma autarquia federal do governo
brasileiro responsável pela normatização e fiscalização do mercado de capitais.
A CVM, por exemplo, fiscaliza as corretoras de valores e normatiza que estas
instituições deixem públicos seus balanços anuais. A CVM também certifica ana-
listas e registra pedidos de emissões públicas (como ações), por exemplo;
18 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

BM&FBOVESPA Supervisão de Mercados (BSM): é o organismo independente


de autorregulação dos mercados e participantes (corretoras, por exemplo) da
B3 (antiga BM&FBOVESPA). Um importante mecanismo da BSM é o MRP (Meca-
nismo de Ressarcimento de Prejuízos), para aqueles investidores que se senti-
rem lesados por sua corretora, administradora ou banco que administra seus
investimentos;

US Securities and Exchange Comission (SEC): de forma prática, podemos di-


zer que a SEC é a CVM americana. Por mais que suas regras só se apliquem aos
participantes diretos do mercado de capitais dos Estados Unidos, muito do que
acontece lá interessa ao mundo inteiro, inclusive aos investidores brasileiros,
claro. Para você ter uma ideia, empresas brasileiras com negociação em merca-
dos dos EUA estão sujeitas à sua regulação, e, além disso, as disposições defini-
das lá tendem a ser tornar regra em outros mercados e a interferir no compor-
tamento dos investidores. Olho na SEC!

A função dos reguladores é de extrema importância para todos os participantes


do mercado, mesmo para os pequenos investidores. Não vamos aprofundar aqui
todas as funções destes reguladores, mas estão aí os links dos respectivos sites
para você saber mais.
19 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Ferramentas do Trader
Usar as ferramentas do trader
não é um luxo dos grandes in-
vestidores, é uma necessidade
principalmente para os inician-
tes. Se você não conhece as
principais, leia abaixo minhas
sugestões!

Mas antes de sair por aí buscando aquela planilha que faz até macarrão, ou
aquele software potente que custa uma fortuna, o importante é saber sua ne-
cessidade primeiro. Foi por isso que dividi este tópico desta forma, dependendo
de como você vai analisar, operar e controlar sua carteira, existem diversas fer-
ramentas no mercado para te ajudar a fazer um bom controle gastando pouco
tempo.

Ferramentas de Análise e de Trading


Analisar e operar são momentos às vezes distintos, às vezes simultâneos na ro-
tina de um trader. Por isso as ferramentas integram estes dois momentos, como
forma de simplificar e agilizar a decisão na hora do “vamo ver”. Este tópico aborda
os dois assuntos ao mesmo tempo.

Para cada modelo de análise existe uma ferramenta.


Vou explicar aqui as principais:

ESPECIAL DE METATRADER
Gravei uma super aula (para todos os níveis) falando de metatrader. Acho legal você assistir
para conhecer as funcionalidades dessa ferramenta: ESPECIAL DE METATRADER
20 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Nome O que faz? Para quem é indicado?

Todos são softwares de análise gráfi- Traders intensivos de análise grá-


ProfitChart, Tryd, ca. Alguns permitem análise de Fluxo fica/técnica/tape reading. Aqueles
Tradezone, e roteiam ordem que precisam de algo com mais
ProTrader. (enviam compra ou venda) recursos e que seja mais parrudo
e outros não. para o dia a dia.

Uma das plataformas mais popula- Traders que não têm tempo de
res do mundo para análise técnica e acompanhar o mercado durante o
Metatrader programação de robôs. O Metatra- dia ou que não conseguem ter um
der permite que um robô opere por bom controle emocional. Nesse
você enquanto está no trabalho. caso o robô faz tudo pra você.

Por natureza um home broker é um Traders iniciantes e de baixa inten-


terminal de execução de ordens. sidade. Normalmente quem está
No entanto a qualidade de cada um iniciando na análise técnica pode
Home Broker
varia de corretora para corretora e usar este tipo de terminal para
alguns têm boas ferramentas suas análises, sem grandes
de análise e execução (trading). perdas na qualidade.

São terminais de informação em


tempo real, como notícias, índices
Um trader profissional e com um
e cotações, tanto do Brasil como de
Terminais Broa- capital relevante nas mãos não
qualquer mercado do mundo. Seus
dcast, Reuters e pode se dar ao luxo de não ter uma
preços variam muito a depender das
Bloomberg ferramenta como estas, porém pa-
funcionalidades contratadas, desde
ga-se um preço elevado por isso.
algumas centenas de reais a milha-
res de dólares por mês.

Traders e investidores de todos os


Maior portal de notícias, análises e níveis tem ampla cobertura de
Infomoney
informações do mercado financeiro. informações sobre diversos
assuntos do mercado financeiro.

Traders que querem informações


Cotações, notícias ao vivo e
Investing.com em tempo real sobre os aconteci-
análises.
mentos do dia a dia.
21 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Oferece acesso gratuito aos dados


Analistas fundamentalistas inician-
Fundamentus de balanços das empresas de capital
tes e para rápidas consultas.
aberto no Brasil. Básico e funcional.

Analistas fundamentalistas e inves-


Concorrente mais forte do Funda-
tidores de fundos e de renda fixa,
Comdinheiro mentus, com dados de vários tipos
que desejam informações mais
de ativos brasileiros, porém pago.
aprofundadas.

Sistema de análise fundamentalista,


além de prover dados de mercado, Investidores experientes em análise
Economatica
eles tratam os dados e dão uma fer- fundamentalista.
ramenta para realizar a análise.

Minha dica: nem sempre a ferramenta mais cara e mais completa é a melhor na-
quele momento, então comece com algo grátis, ou que tenha demonstração, e vá
testando para ver o que lhe falta para buscar um novo provedor de serviço.
Outro ponto importante é que você não precisa analisar diretamente o mercado.
Sério! A corretora em que você opera (no meu caso na Rico Corretora), possui re-
latórios elaborados pelas equipes de análise para facilitar sua tomada de decisão.
E mais importante ainda do que isso é a interatividade que você pode ter através
das salas de chat. Eu fico numa sala chamada Ponto a Ponto em que 3.000 traders
passam por dia para me escutar e aprender.
22 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

De Carteira

Uma boa gestão de carteira fará


toda a diferença nos ganhos
do investidor no longo prazo,
portanto escolher uma boa fer-
ramenta de gestão de carteira é
super importante!

A principal ferramenta de contro-


le de carteira é o nosso famoso
Microsoft Excel, software de pla-
nilhas da Microsoft.

Como não existe a planilha universal de gestão de carteira, vou citar aqui o que
eu diria que são as informações mais importantes que devem entrar e o que
deve sair de resultado para você numa boa planilha de Excel:

Entradas:

1. Armazenar históricos de ordens de compra e venda dos ativos negociados


na B3 (BM&FBOVESPA). Para uma análise mais completa, você pode tam-
bém querer armazenar dados do setup de compra, como preços de stop
(vamos falar mais dele no capítulo Controle de Risco) e condições dos indi-
cadores, para análises futuras;

2. Armazenar dados de entrada e saída de fundos de investimentos e outros


produtos de investimento, principalmente renda fixa, como Tesouro Direto;

3. Deve ser capaz de registrar entradas e saídas de caixa (dinheiro).

Saídas:

1. Rentabilidade por operação, por tipo de investimento e retorno total da


carteira;
Valor total dos tipos de investimentos a valor de mercado;

2. Se possível, cálculo parcial e total do Imposto de Renda devido.


23 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Nome O que faz? Para quem é indicado?

Gestão de carteira com muitas op-


Investidores iniciantes e
ções de customização. Possui ver-
avançados que prefiram fa-
LiveCapital sões gratuitas, porém as versões
zer controles de carteira sem
completas podem sair caro. Tam-
Excel.
bém calcula imposto de renda.

Gestão de carteira mais voltada Investidores iniciantes e


para trading. Possui versão para avançados que prefiram fa-
Zimma Invest
celular. Também calcula Imposto zer controles de carteira sem
de Renda. Excel.

Mais uma vez algumas corretoras


às vezes oferecem uma boa solu- Investidores iniciantes, que
ção econômica (muitas vezes gra- utilizam investimentos pouco
“Home Broker”
tuita) e útil de gestão de carteira. complexos e com operações
Vale a pena verificar isso com sua igualmente simples.
corretora.

Importante também não confundir softwares de gestão de carteira de investi-


mentos com softwares de gestão de finanças pessoais, este segundo tipo geral-
mente costuma ser bem limitado na parte de investimentos.

Custos e Tributação

Dois importantes fatores às vezes acabam


sendo menosprezados pelo investidor, e que
podem pesar muito no retorno dos investimen-
tos: os custos operacionais e a tributação.
Custos operacionais são aqueles valores pagos
no processo de negociação de investimentos,
podem ser fixos ou variáveis em relação ao
capital investido/movimentado. São custos
operacionais mais comuns a corretagem, taxa
de negociação e taxa de custódia.
24 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Corretagem

É a taxa paga pelo investidor para a sua Corretora relativo à execução de sua
ordem. Cada corretora pratica um ou mais tipos de cobrança (as vezes depende
do que você está operando), geralmente sob forma de corretagem fixa por ope-
ração (exemplo: R$ 10 por ordem executada) ou variável (exemplo: 0,25% sobre
o montante executado). Isso significa que para comprar e vender, na sequência,
normalmente se paga 2 corretagens.

Taxa de Negociação
É a taxa paga pelo investidor à B3 (BM&FBOVESPA) relativa à compra e venda de
ativos nos seus ambientes eletrônicos. O valor básico (para ações, não day tra-
de) é de 0,0325% sobre o montante movimentado. Para outras condições, veja a
tabela no site B3 (BM&FBOVESPA).

Taxa de Custódia
É a taxa paga pelo investidor para a sua Corretora relativo à guarda na CBLC dos
ativos em nome do investidor. Assim como a corretagem, as corretoras cobram
ou sob forma de valor fixo mensal (exemplo: R$ 10 por mês) ou variável (exem-
plo: 0,25% sobre o total custodiado), ou até mesmo mista (taxa fixa + variável).
25 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Tributação
A Receita Federal do Brasil tributa investimentos sob duas formas básicas: investi-
mentos em renda fixa e em renda variável.

A tributação em investimentos classificados como Renda Fixa, com Imposto de


Renda Retido na Fonte, pratica-se a seguinte alíquota de tributação:

22,5%, em aplicações com prazo de até seis meses;


20%, em aplicações com prazo de seis meses e um dia até doze meses;
17,5%, em aplicações com prazo de doze meses e um dia até vinte
e quatro meses;
15%, em aplicações com prazo acima de vinte e quatro meses.
Para a Renda Variável, temos apenas duas alíquotas:
20%, no caso de operação day trade;
15%, nas operações realizadas nos mercados à vista, a termo,
de opções e de futuros.

Ainda que esta parte pareça simples, dependendo da complexidade de suas ope-
rações a tributação pode ser tão difícil quanto o trading, acredite se quiser!

Por isso a minha dica é ter de largada uma boa planilha de cálculo da DARF ou
um serviço de cálculo contratado, o que geralmente as Corretoras oferecem.
26 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Modelos de Análise
Análise Fundamentalista

A análise fundamentalista recebe este nome por utilizar como fonte de informa-
ção os fundamentos da companhia, que são em essência os relatórios contábeis
e os comunicados públicos da empresa.

Para entender como funciona a análise fundamentalista basta entender o concei-


to de fluxo de caixa.

Numa visão financeira, uma empresa é um fluxo de caixa, ou seja, uma empre-
sa é constituída de uma sequência de pagamentos (salários e fornecedores, por
exemplo) e recebimentos (vendas) de dinheiro. Quanto maior for a diferença
entre os recebimentos e os pagamentos, mais valiosa é a empresa, e vice-versa.

Mais importante do que olhar o histórico do fluxo de caixa desta empresa é


olhar a expectativa de fluxos futuros. Por exemplo: duas empresas similares têm
o mesmo histórico de fluxo de caixa, porém espera-se que o da primeira seja
maior que o da segunda empresa. Neste caso a primeira empresa será natural-
mente mais valiosa.

Para terminar, o risco é outra grande variável determinante do valor da compa-


nhia. Se esperamos o mesmo fluxo de caixa futuro entre duas empresas, porém
a primeira está num negócio mais arriscado que uma segunda, naturalmente a
segunda será mais valiosa, pois entrega o mesmo resultado que a primeira com
risco menor.

O resto são contas e modelos financeiros que desenvolvem a linha de raciocínio


acima, trabalho que é o dia a dia dos analistas de investimentos de análise fun-
damentalista. Este preço calculado pelos analistas ser chamado de valor teórico.
27 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Já o valor calculado na bolsa de valores (que é o preço unitário da ação vezes to-
tal de ações que empresa possui) é chamado de preço de mercado. Da diferença
entre estes dois valores, derivamos as seguintes possíveis conclusões:

Preço teórico maior que o preço de mercado: significa que, na visão dos
analistas, a empresa vale mais do que a percepção do mercado, e que por
isso o preço da ação deve subir;

Preço teórico menor que o preço de mercado: desta vez significa que,
a empresa vale menos do que a percepção do mercado, e que por isso o
preço da ação deve cair.

Além de olhar o valor geral da companhia, a análise fundamentalista também se


utiliza de indicadores que permitam comparar empresas de tamanhos e até de
setores diferentes, como forma de simplificar a avaliação financeira do investi-
dor. Dentre os vários tipos de indicadores existentes, destacamos:

Preço sobre o Lucro (P/L): preço da ação dividido pelo lucro por ação,
indica de forma simples quantos períodos de lucro o investimento na ação
se paga sob forma de lucro;

Preço de Mercado sobre Valor Patrimonial (P/VP): é um indicador de


geração de valor da companhia. Se for maior que 1 significa que a empre-
sa vale mais do que seus ativos a valor de mercado;

Dividend Yield: é o retorno sobre o valor investido na ação sob forma de


dividendos;

Retorno do Patrimônio Líquido (ROE, Return on Equity): indica o retor-


no percentual de lucro sobre o valor investido pelos donos da companhia.

Quando é melhor usar a análise fundamentalista?

Como as grandes alterações de relatórios de análise ocorrem a cada publicação


trimestral de resultado, os movimentos costumam ser lentos e graduais, o que
faz com que a análise fundamentalista seja “lenta”. Além disso, quem geralmente
olha o fluxo de caixa da empresa está provavelmente buscando empresas lucra-
tivas e perenes, pois estas tendem a se valorizar de forma consistente ao longo
do tempo.
28 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Análise Gráfica e Análise Técnica

A análise gráfica se utiliza da identificação de padrões visuais no histórico de


preços dos ativos para estimar movimentos futuros. A análise técnica se utiliza
deste mesmo histórico de preços para estimar movimentos a partir de cálculos
sobre estes preços.

A sustentação teórica destes dois modelos (que andam juntos)


começa com a Teoria de Dow, isso mesmo, um dos caras que
inventou o índice Dow Jones. Estes são seus princípios:

1. Os preços descontam tudo: notícias velhas e novas,


boas e ruins, verdades e boatos, tudo o que está disponí-
vel pode ser visto pelo preço da ação. E por isso a análise
gráfica é tão auto-suficiente, na visão dos grafistas mais
engajados;

2. Os mercados se movem em tendências de alta e de baixa;

3. Uma tendência se desenvolve em três etapas: conhecidas como Acu-


mulação (quando os primeirvos ver a tendência iniciam ele); Movimento
(quando a tendência é surfada pelo mercado como um todo) e Distribui-
ção (quando os que entraram na acumulação começam a se desfazer de
suas posições);

4. Os índices confirmam os movimentos: um movimento de alta ou de bai-


xa de um ativo devem estar em linha com dos índices dos quais ele partici-
pa para ser considerado um movimento sustentável;

5. Tendências são confirmadas pelo volume: uma tendência de alta ou de


baixa que seja forte e duradoura tem volume relevante;

6. A tendência permanece até que esteja claro que houve uma inversão
da tendência
O desenho das cotações sob forma gráfica é feito principalmente em dois
tipos de padrões: candlesticks e barras. As imagens abaixo ilustram a for-
ma de ler estes padrões de desenho de gráfico:
29 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Candlestick Barras

Dia de alta

Dia de baixa

A partir destes princípios, que podem ser lidos nos gráficos de cotações, a análise
gráfica nos permite identificar tendências de alta, de baixa e padrões que sinali-
zam algum movimento específico.

Nome Como identificar Uso

Sequência de topos e fun-


Tendência de Alta Operações de compra
dos ascendentes

Sequência de topos e fun-


Tendência de Baixa Operações de venda
dos descendentes
Inversão de tendência com
Ombro Cabeça Ombro simetria entre topos Operações de venda
e fundos
Encurtamento da distância
Triângulo Ascendente entre topos e fundos, com Operações de compra
eventual “rompimento”
30 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Ombro cabeça ombro

Triângulo ascendente

Os indicadores de análise técnica se dividem em três tipos:

Tendência: apontam a direção da tendência do ativo;


Osciladores: identificam os momentos de exaustão de um movimento de
curto prazo;
Volume: qualquer indicador que utiliza volume na sua composição.
31 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Aqui exemplifico o uso de alguns indicadores técnicos mais conhecidos:

Nome Tipo Cálculo

Identificação de
Média Móvel Tendência
tendências.

Indicador de tendência
Bandas de Bollinger Tendência
com desvio padrão.

Compara a quantidade de
dias de alta e baixa num
Índice de Força Relativa Oscilador
determinado
período de tempo.

Se baseia no tamanho das


Estocástico Lento Oscilador altas e baixas num deter-
minado período de tempo.

Simples soma e subtração


de volume, em função dos
On Balance Volume (OBV) Volume
dias de alta e de baixa, res-
pectivamente.

Quando é melhor usar a análise gráfica/técnica?

Todo dia tem gráfico novo de todos os ativos com negócios fechados, e mesmo
dentro do dia você pode configurar seu candlestick para surgir a cada minuto,
por exemplo. Ou seja: os gráficos são rápidos, e, portanto, é a ferramenta do
trader intensivo e do day trader.

Quem me acompanha no Blog Profissão Trader, no InfoMoney, no canal de


youtube da Rico ou no meu programa diário Ponto a Ponto, sabe que eu sou
um grafista (analista que usa análise gráfica/técnica). Portanto, para mim, a
resposta é: sempre!

TÉCNICAS BÁSICAS PARA INICIANTES


Com toda a humildade do mundo, me superei nesse vídeo em que consigo sin-
tetizar de forma muito clara a visão básica que todo iniciante deve ter na forma
gráfica sobre o mercado para VENCEREM A BATALHA.
32 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Análise de Fluxo e Tape Reading

São duas modalidades intimamente ligadas, nas quais se analisam os livros de


ofertas dos ativos operados, o histórico de negócios fechados do mesmo ati-
vo com o intuito de interpretar as dinâmicas e interesses dos participantes do
mercado. Trata-se de uma abordagem bastante empírica, porém prática, que é
utilizada por day traders intensivos.

A seguir detalharei como os principais insumos do Tape Reading ajudam o tra-


der a executar uma estratégia viável:

Histórico de Negócios Fechados: permite identificar os tipos de estraté-


gias executadas pelos players (corretoras) relevantes de determinado
ativo, com foco nos negócios com maior volume;

Book de Ofertas: aponta provável concentração de compradores e ven-


dedores e agressores de preço.

É importante citar que a Análise de Fluxo e o Tape Reading só são viáveis uti-
lizando ferramentas tecnológicas de suporte ao trader, gerando a informação
em tempo real. Sem isso o Tape Reading pode ser ineficaz.
33 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Métodos quantitativos e robôs

Na década de 80 os nerds resolveram entrar no mercado financeiro. Com o avan-


ço da computação na época, estes nerds trouxeram um novo tipo de análise para
o mercado financeiro: a análise quantitativa. Esqueça os modelos de avaliação fi-
nanceira e mesmo os suportes e resistências. Os físicos e matemáticos (chamados
de quants na época) traziam modelos matemáticos que, sem saber que se tratam
de dados financeiros, mastigavam as informações de preços e volumes em tempo
real para decidir o que comprar e vender com lucro. São os chamados “robôs”. O
livro “Os Profetas de Wall Street” conta esta história de forma viciante!

Hoje os robôs dominam os mercados financeiros, executando milhares de cálcu-


los e cruzamentos de informações em tempo real e são capazes de realizar infini-
tas operações por milissegundo. Graças a estes robôs hoje é possível lucrar nos
mercados sem nem saber o que é uma ação.

E a melhor parte é que hoje não é preciso ser nenhum físico da NASA para usar
um deles. Já existem ferramentas gratuitas de análise de mercado por meio das
quais é possível desenvolver um algoritmo robusto em qualquer computador bá-
sico. São ferramentas como o Metatrader.

Quem me conhece sabe que eu sou um entusiasta dos métodos quantitativos


também.

Para quem gostou dessa história toda de robôs, a dica é: seja um bom trader, e
tudo aquilo que você aprender poderá ser usado no seu robô de mercado
financeiro.
34 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Seu Mix de Análise

A escolha do tipo de análise que funciona melhor para você depende de fato-
res como a sua aversão ao risco, prazo de investimento e tempo de dedicação
à atividade de trading, principalmente. Isto não significa dizer que a escolha de
um método implica em abandonar os demais. Aliás, muito pelo contrário: estar
em contato com todos os modelos de análise pode ajudar o trader a identificar
novas oportunidades — mas isso demanda tempo.

Também não existe um modelo melhor que outro. Mas, claro, é importante sa-
ber as limitações de cada modelo. E isso exige um pouco de prática mesmo.
Exemplo: um papel sem liquidez não dará um gráfico para ser analisado, bem
como uma companhia com preço de ação muito volátil indica que as opiniões
sobre os fundamentos da empresa estão divergindo rapidamente, tornando o
investimento em longo prazo arriscado.

Acompanhe comigo no meu blog, no YouTube da Rico ou no meu programa diá-


rio de trades nossas análises, e isso te ajudará a ganhar a confiança que é neces-
sária para seu desenvolvimento como trader.
35 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Setups & Técnicas de Trading


Tudo começa no Trading Plan
Numa das inúmeras icônicas cenas do filme Wall Street (se você ainda não as-
sistiu a este filme, assista já!), Gordon Gekko diz para Fox uma frase de Sun Tzu:
Toda batalha é vencida antes de ser lutada (até correu uma lágrima aqui agora).

Esse é o espírito da coisa aqui: um bom Trading Plan vai te dizer onde você pode
chegar, antes de você entrar nele! Essa é a meta!

Você não está aqui para apostar no mercado como uma roleta ou um jogo de
cartas, você está nessa para ganhar. Nenhum método é infalível, claro (e para
isso existem os stops), mas jamais entre quando seu trading plan não permitir.
Jamais jogue contra você. Óbvio, não?

Trading Plan

Para mim, um trading plan bem suce-


dido é aquele que vai te entregar re-
sultados consistentes. Ainda que seja
possível obter resultados consistentes
de diversas formas (até mesmo sorte),
eu recomendo que você monte um pla-
no com metas muito bem definidas. E
uma vez com esse plano montado, siga
a regra a risca. Ou melhor: Plan the
Trade and Trade the Plan. As regras
abaixo proporcionarão a execução do
seu plano de trade:
36 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

1. Defina os indicadores de qualidades dos seus trades: o que é um trading bom


para você? Não basta dizer “lucro”. Não tem sustância aí! É a relação lucro/
prejuízo? É entrar com padrões gráficos clássicos? Ou simplesmente é durar 15
minutos? Leia alguns gráficos e veja aquilo que lhe parece mais atraente. Como
capturar estes momentos? Esse é o começo de um bom trading plan!

2. Defina sua recorrência/período de operação: De quanto tempo você dispõe


para ser trader? Um dia por semana? Uma hora por dia? Manhãs de segunda?
Tenha isso em mente para saber qual é a recorrência que você dará 100% de
atenção para seu trading, pois se não for 100%, seu risco operacional será alto;

3. Defina os limites da sua disposição a operar: saber até quanto de capital pode
ser empregado é importante para definição do risco que estará correndo de
fato. Eu recomendo para quem está começando da regra do 2% — 6%, do
Alexander Elder. Ela diz que você não deve colocar em risco mais de 2% do seu
capital em um trade e limitar as perdas a até 6% do seu capital no mês. É uma
regra simples e prática. Exemplo: num trade em que o potencial de perda é de
4%, você pode colocar no máximo 50% do seu capital;

4. Defina os ativos com os quais você tem mais facilidade em lidar: se você tra-
balha, por exemplo, no setor agrícola, talvez tenha mais facilidade em operar
ações de frigoríficos e CRAs, por exemplo. Por outro lado, você também pode
preferir operar ações voláteis, por saber lidar melhor com este tipo de estresse
pessoal. De qualquer forma, a mensagem aqui é, encontre o nicho que te faz
sentir bem. Mas não se apegue a estes ativos se o seu desempenho neles está
ruim. Busque um novo tipo para conhecer e operar;

5. Defina um setup: o setup é a condição para o envio de ordens do trader. O se-


tup é o clímax do trading, e por isso será o tópico seguinte dentro deste capítu-
lo;

6. Faça um backtesting: é o teste dos seus setups com preços de mercado antigos.
Após um tempo de leitura do mercado e aprendizado, tendo um setup defini-
do, busque situações aleatórias nos ativos em que você quer operar para ter
certeza que seu setup é eficaz. Além do backtest, também é importante sempre
olhar seu histórico de ordens executadas, para ver se seus setups estão indo
bem, ou se precisam de ajustes para melhorar seus desempenhos.
37 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Setup

Um setup é uma condição de mercado que dispara uma série de instruções


de trading, junto a uma ordem direcional. Ter um ou vários setups conhecidos
prontos para identificação e uso agilizam a decisão e retiram a carga emocional
que pode impactar seu desempenho na operação. Podemos dividir um setup
nas seguintes partes e suas respectivas atribuições:

Análise: tudo o que você aprendeu no capítulo anterior gerará uma análise
(seja ela gráfica/técnica ou fundamentalista). E é importante que esta análise
conclua quais são os preços mais relevantes do ativo analisado. Por exemplo:
você pode se focar em rompimento de tendências.

Critério de entrada: responda-se às seguintes perguntas: qual é o preço exato


da compra/venda? Qual é a condição de indicadores que sinaliza a compra/ven-
da?

Critério de saída em caso de lucro: responda-se às seguintes perguntas:


como é a liquidez deste ativo? O que fazer ao atingir lucro? Subimos stop e
novo alvo ou zeramos tudo?

Critério de saída em caso de perda: responda-se às seguintes perguntas:


como é a liquidez deste ativo? O ponto de stop me gera uma perda suportável?

Balanceamento da carteira: responda-se às seguintes perguntas: operando


este ativo, vou me concentrar demais em um setor/tipo de ativo? Como fica o
risco da carteira? é um ativo arriscado demais? Caso haja algum fator externo,
consigo me desfazer desta posição com facilidade?

VOCÊ PODE ESTAR FAZENDO TUDO ERRADO


Que tal pensar certo? Ao lado uma aula sensacional sobre o mindset correto para
um trader: TRADING PLAN & ETC.
38 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Controle de Risco

Risco é a incerteza de um evento. Quanto mais arriscado é algo, mais incerto


este evento é, e vice-versa. O nascer e pôr do sol são eventos diários com bai-
xo risco de falhar, pois temos uma certeza muito alta de que os dois ocorrerão
todos os dias.
Quando falamos de risco no mercado financeiro, podemos classificar o risco em
duas naturezas separadas: risco sistemático e risco não-sistemático:

Risco sistemático: é aquele que está presente em


toda parte, em todo o sistema financeiro. O risco de
variação da taxa de inflação está em todos os lugares,
seja numa ação, seja no fundo ou até na poupança. Ou
seja, ao investir você está correndo o risco sistemático
da inflação, quer você queira ou não. Outro exemplo é
o risco cambial;

Risco não-sistemático: também chamado de risco


específico, é aquele risco diretamente relacionado
a um tipo de investimento ou a um único ativo. Por
exemplo, o risco de roubo de carga no Sul do país é
específico das empresas desta região que operam com
bens transportados. Não afeta em nada uma empresa
de tecnologia sediada no Norte do país (a não ser que
haja alguma conexão específica, claro).

DOIS VÍDEOS SELECIONADOS PARA VOCÊ


Eu selecionei dois vídeos especialmente para ilustrar com prática o meu uso de
setups. O primeiro deles fala sobre PIVOT POINT que é um indicador muito utili-
zado em meus trades. O segundo fala sobre MÉDIAS MÓVEIS que também fazem
arte do meu dia-a-dia. Espero que goste!!!
39 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Risco no trading
Do ponto de vista prático, gestão de risco no dia a dia do trader é saber quanto
se está colocando em risco do capital total, baseado no stop definido pelo setup.
Um consenso entre os traders é que não se deve entrar em trades cuja relação
entre retorno e prejuízo potencial seja menor que 2:1. Se o seu alvo der um lucro
de R$ 3,00 por ação, o stop loss não pode ter prejuízo potencial maior que R$
1,50 por ação. Na prática a proporção média mais comum é 3:1.
Outro fato importante é saber a probabilidade de sucesso de um trade que você
está entrando. Para isso o backtesting dos seus setups é fundamental.
Imagine que, após passar por todo o processo de trading plan, e rodar um teste
você percebe que seu modelo acerta 75% dos trades (3 em cada 4) numa relação
típica de 2:1. Isso significa que você vai ganhar 6 vezes para cada vez que perder,
de forma simplória. Como eu cheguei nessa conta? Assim:

# Trade Lucro/Preju Resultado Fluxo de Caixa


1 2:1 Lucro +2
2 2:1 Lucro +2
3 2:1 Lucro +2
4 2:1 Prejuízo -2
Total 2:1 Taxa de acerto: 75% 6:1

Saber sua taxa de acerto e sua relação lucro:prejuízo é fundamental, tem que
estar na ponta da língua!
40 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Stop Loss
No cotidiano do trader, a ferramenta mais importante do controle de risco é o
stop loss. Nunca deixe de estabelecer um! Funciona assim: imagine que você com-
prou uma ação a R$ 10, imaginando que ela subiria até a R$ 10,20. Mas o merca-
do andou de uma maneira diferente da que você imaginava e o preço começou
a cair. Você, como um trader consciente, já havia estabelecido seu stop loss, di-
gamos, em R$ 9,90, limitando suas perdas a 1%. Assim, quando a ação chega ao
valor de R$ 9,90, o stop loss é acionado e você perde só o que estava preparado
para perder.

Gestão de Carteira

Longe do calor do mercado, a gestão de carteira vai te ajudar a rever se as coisas


estão caminhando na direção desejada no seu objetivo maior, como um retorno
anual ou um objetivo de longo prazo (dez anos, por exemplo).
Gerenciar a carteira significa que seu portfólio está adequadamente diversificado
e que o risco da carteira está de acordo com seu perfil.
Um portfólio adequadamente diversificado possui diversas classes de ativos. Aqui
vai a minha abordagem simplificada: compre títulos públicos para a parte de ren-
da fixa e ações para a parte de mais risco.
41 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

1. Regra do 80: quanto colocar de renda variável no meu portfólio? Faça a conta
80 menos a sua idade. Exemplo, se tenho 50 anos, devo colocar em média 30%
do meu capital em renda variável. Esta regrinha simples e funcional parte da
premissa de que nossa disposição ao risco cai conforme nossa idade, algo que
faz bastante sentido de forma geral;

2. Regra dos setores: para diversificar bem seu portfólio, procure deixar a parte
do capital alocado em renda variável em uma ação de cada setor da economia.
Isso irá te dar um mínimo de diversificação de forma simples e fácil;

3. Balanceamento mensal ou trimestral: não precisa balancear sua carteira a


todo momento, deixe a renda variável fazer seu papel de desbalancear a cartei-
ra. E então a cada mês ou trimestre veja o que precisa movimentar para voltar
ao seu percentual ideal (usando a regra dos 80, por exemplo).
Usando estas regras simples e práticas você já estará fazendo uma gestão de
carteira top das galáxias!
42 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Blindagem Emocional &


Alta Performance
Rafaela Silva, primeira medalhista de ouro do Brasil nas Olímpiadas do Rio em
2016 tinha comprado quadro e moldura para medalha sonhada ainda em 2013,
como parte de um trabalho psicológico para atingir sua meta. Está bom para você?

É disso que vamos falar aqui: do papel do preparo psicológico no desempenho do


trader.

Como Deve Funcionar a Cabeça do Trader


Antes de tudo, apesar de um típico trader parecer um cara doidão, no fundo, no
fundo ,ele é uma pessoa de bem com a vida. Não que o trading deixe ele tran-
quilo… Longe disso! Mas se houver preocupações grandes enquanto ele estiver
operando, isso vai se refletir em vieses psicológicos que vão acabar com o tra-
ding plan dele, por melhor que seja.

Tenha em mente: você nunca vai aprender a operar adequadamente se precisa


ganhar dinheiro imediatamente. Fazendo uma analogia: fazer compras no su-
permercado com fome é uma péssima ideia. A fome de alguma forma afeta sua
racionalidade e você acaba comprando coisas que não deveria, e pode até se
esquecer das outras coisas que não tinham a ver com sua barriga.
43 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Sem conhecimento você não entra no mercado financeiro, mas sem preparo
emocional você não SOBREVIVE! Qual é a sua relação com o dinheiro? Como está
sua autoconfiança? Como você lida com sua impulsividade? Você se considera
ganancioso? Se você tiver vergonha de responder a uma destas quatro perguntas,
reflita sobre suas emoções e não comece a operar no mercado até que, sendo
honesto consigo mesmo, possa gostar das respostas que vai dar.

Se você é um day trader ou scalper (day trader que busca poucos pontos por ope-
ração), mais cuidado ainda! Afinal, clicar numa compra/venda ruim é a coisa mais
fácil quando se está fora de controle emocional. Errou um trade? Espere pelo me-
nos 15 minutos para entrar numa nova operação. Assim você pode minimamente
se acalmar e refletir sobre as decisões seguintes que irá tomar.

Vieses Psicológicos que Podem Afetar o Trader

Em 1979, Daniel Kahneman e Amos Tversky publicaram o artigo quebrador de


paradigmas sobre a Teoria da Perspectiva. De forma simplificada, a teoria da
perspectiva indica que o comportamento humano tende a enviesar decisões que
deveriam ser baseadas em processos racionais. Este artigo é tão importante que
em 2002 lhes rendeu um prêmio Nobel de economia, por praticamente terem
criado o ramo das Finanças Comportamentais.

Grosso modo, um viés psicológico é qualquer processo cerebral que desvia a


ação humana da resposta lógica mais adequada. Existem dezenas de vieses psi-
cológicos identificados em finanças... E vai saber quantos ainda desconhecemos!
Por conta disso eu escolhi apenas cinco deles que acredito serem os mais co-
muns ao operar nos mercados. E que você, trader, deve evitar a todo custo:
44 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

1. Ancoragem: todo investidor toma uma decisão com base em informações


parciais que lhe estão disponíveis no momento da decisão. Uma vez tomada a
decisão, o viés da ancoragem te faz perseguir fatos e análises que confirmem
que a decisão está correta, mesmo que existam informações que indiquem o
contrário;

2. Aversão à perda: ao segurar uma posição ruim o investidor acredita que não
há prejuízo, pois afinal a posição não foi encerrada. Porém, segurar uma posi-
ção ruim não impede de esta posição fique ainda pior e inclusive te impede de
realizar uma operação nova melhor;

3. Atribuição: a ideia de que os bons feitos são de sua própria responsabilidade,


porém os erros são causados pelo ambiente externo. Este aqui é bem comum
de se ver até mesmo nos relatórios anuais das empresas;

4. Efeito manada: a ideia de seguir a maioria sem que existam sinais convincen-
tes de que esta maioria está correta. Este parece bem óbvio, mas no dia a dia,
nós, como um bichos sociais, caímos com muita facilidade. O trader deve igno-
rar o efeito manada;

5. Ilusão do controle: ainda que seja estatisticamente pouco provável, um in-


vestidor pode fazer uma sequência de operações bem sucedidas. O que acon-
tece a seguir é decisivo: (1) ou ele acredita que, ainda que dotado de um bom
trading plan, o acaso lhe favoreceu um pouco; ou (2) ele acredita que ele, de
alguma forma, é capaz de prever os movimentos do mercado. O processo do
segundo item é o viés chamado de ilusão de controle, pois sabemos que na
verdade ninguém é capaz de prever os movimentos do mercado.

A conclusão que eu quero trazer aqui, meu caro trader, é que você perceba a
importância de se focar nos dados de análise e no processo de decisão definido
por você no seu trading plan.

Na prática é impossível se blindar de todos os vieses psicológicos possíveis. No


fim ainda somos humanos, mas o trader preparado é aquele que tem ciência de
que está seguindo o plano e aquele que PARA quando percebe que sua cabeça
está atrapalhando, em vez de ajudar.
Um bom registro de operações executadas e os setups utilizados vão te ajudar a
identificar quais vieses estão te atrapalhando.
45 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Trading de Alta Performance

O Trader de Alta Performance é a evolução


constante de um trading plan bem feito. Depen-
de de engajamento contínuo e superação do
trader.

A melhor analogia para o trader de alta perfor-


mance são os atletas profissionais, aqueles que
estão sempre no topo e que superam sucessiva-
mente seus próprios marcos. Para além do que
falamos na parte de setups e técnicas de tra-
ding, o trader que deseja uma alta performance
deve se lembrar dos seguintes pontos:

Preparação: quanto maior sua preparação diária, melhor será seu desem-
penho. Às vezes um belo trade que durou apenas 15 minutos é fruto de uma
preparação de horas de estudo da agenda econômica do dia e de trades de
dias parecidos com o atual. Lembre-se: a preparação deve ser técnica, física e
mental. Um trader de alta performance deve estar de bem com sua saúde!

Grave vídeo dos seus trades: isso mesmo, faça um vídeo de sua tela, princi-
palmente se você for day trader. Assista para poder refletir o que precisa ser
melhorado cada vez que você opera;

Separe os bons trades dos maus trades: existem bons trades que dão certo
e bons trades que dão errado, que são aqueles em que o setup era ótimo e
ainda assim o mercado não se comportou da forma esperada. Um mau trade
é aquele que, independente de ter dado lucro ou prejuízo, você não consegue
explicar o setup utilizado, ou mesmo fez tudo no impulso. Identifique os mau
trades e as condições nas quais eles aparecem para eliminar isso do seu dia a
dia de trading;

VOCÊ SE PREPARA DE VERDADE?


Uso uma abordagem bem interessante que se complementa com esse capítulo
no que diz respeito aos aspectos psicológico, físico e técnico para o
início do dia. CONFIRA AQUI.
46 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Visualize e tangibilize: além de ser autoconfiante, você precisa incorporar a


ideia de ser um trader vencedor. Isso não deve significar que você será exces-
sivamente confiante, e sim que você deseja ser o trader vencedor, o trader
número 1, assim como a Rafaela Silva, que falamos no começo do capítulo.
E depois de todo esse desafio que é a vida de trader, depois de muito treino,
suor e lágrimas, não se esqueça de se recompensar. Recompensar não é ape-
nas obter e apurar os ganhos do mercado financeiro por si só, e sim de fato
tirar férias e desfrutar um pouco hoje daquilo que se está construindo para o
longo prazo. ☺

Considerações Finais
Afinal, é possível viver de Trading?
A Profissão Trader é muito atrativa pela alta possibilidade de retorno financeiro.
Ela deve ser considerada como qualquer outra profissão em que a pessoa pre-
cisa estudar muito para ter uma chance mínima de competir com o mercado. É
muito difícil mas não é impossível. É uma luta nova a cada dia. Matar um leão
por dia não é fácil e às vezes você sairá machucado. É algo estressante e muitos
desistem no meio do caminho pelos motivos errados.

Não existe pré-disposição para ser trader. Ninguém nasce sabendo e todos
podem aprender. Portanto, antes de desistir, antes de achar que isso não é
pra você, lembre-se que muitos já acharam isso e desistiram, mas muitos per-
sistiram mesmo com as perdas, e concluíram que precisavam somente nadar
um pouco mais para chegar à praia. Busque seu sonho, com o pé no chão, sem
aventuras e sempre muito focado nos seus objetivos de vida.
47 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Opte sempre pelo mais simples

Já ouviu falar no método KISS? É a abreviação para Keep It Simple, Stupid! Tradu-
zindo, Seja Simples, seu Estúpido. Grosserias à parte, a ideia aqui é: não complica!
Imagina só: você está lá na correria do seu trabalho, no seu ganha-pão, e te apare-
ce uma chamada de um trade para você no celular. É pegar ou largar! Se for muito
complicado para você decidir, você corre o risco de uma decisão ruim ou perde o
timing (que é outra forma de falar que você errou).

E a sua vida será sempre assim. Seja no trading ou em qualquer outra profis-
são: cercada de escolhas.

E o meu desejo é que você tenha encontrado nesse pequeno livro uma grande
contribuição para os primeiros passos de sua vida como trader.

Desejo-lhe muito sucesso e aguardo notícias da sua trajetória!


Carinhosamente,

Rodrigo Cohen.

É POSSÍVEL VIVER DE TRADE: ARTIGO COMPLETO


Uso uma abordagem bem interessante que se complementa com esse capítulo
no que diz respeito aos aspectos psicológico, físico e técnico para o
início do dia. CONFIRA AQUI.
48 Trading Plan O guia definitivo para vencer na Bolsa

Bibliografia e Outros Links de Referência


Come Into my Trading Room, Alexander Elder

http://www.learntotradethemarket.com/forex-articles/most-successful-price-ac-
tion-trader-in-history-munehisa-homma
https://en.wikipedia.org/wiki/Homma_Munehisa
http://www.investopedia.com/articles/technical/111401.asp
http://www.candlestick.com.br/Historia.htm
http://www.tradeciety.com/24-statistics-why-most-traders-lose-money/
http://www.infomoney.com.br/blogs/profissao-trader/post/3940170/que-tape-
rea-ding-parte
http://www.portaldoinvestidor.gov.br/
http://eminimind.com/10-steps-to-developing-a-winning-traders-mindset-trans-
cript/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_de_Dow
http://www.investopedia.com/university/dowtheory/dowtheory1.asp
http://pensologoinvisto.cvm.gov.br/financas-comportamentais-e-a-teoria-da-pers-
pectiva/

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