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CAMPO FREUDIANO
Editorial 2
Passe e Escola U n a
O impasse da garantia
Comitê de Ação da Escola Una
Repensar a escola
Romildo do Rêgo Barros
"Autorizar-se de si mesmo... e de alguns outros" 23
Sara Perola Fux
Texto
Os dois "nadas" da anorexia
Massimo Recalcati
Agenda
Comemoração d o centenário de Jacques Lacan
Judith Miller
XI Encontro Brasileiro d o Campo Freudiano
Colóquio Jacques Lacan 2001
ENCARTE INFORMATIVO
Comunicados
Recados
Via Internet
y&;516L16 76
Expediente
Escsltr #miie/pude Ps!eane!rse = Si3$ fr@If!@
%b$Wefi 78
CHOVENDO NO MOLHADO
Considerando ser este (1 últinio número do Correio publicad« nesta
gestão, preferi destacar neste Editorial algo que penso ser funda-
meiital para a estruturação de unia coniiiiiidade de analistas: a
diferença. o trabalho coni a particularidadc, com o subjetivo.
Assim, "chovendo no iiiolhado", reprodiizo o Recado da Di-
rcrora no 5, piiblicado em Veredas em 1711 1199 que trata do tema.
P.S.O Curso de Jncqurs-Alain Millrr dc 2000 "Os usos do I;ipio", rm siin nol:i de
ti" 14, hr rncnç5o n Batnillc r Blanihot n:i pdgin:i ri0 181.
O IMPASSE D A GARANTIA
Documento elaborado pelo Comitê de Ação e divulgado em
francês, espanhol, inglês. italiano e português nas Escolas da
AMP, em 21 de dezembro de 2000
' Gr.icicla Brnlsky. " Ili>iiilc cnciriitrnr el AME I ", Nixlicr d ~ I:., Cnrnntia E01.. 1995.
relação d o psicanalista coni a psicanálise. O AE permite à Escola
verificar que ela produz psicanalista, eriquaiito o AME recebe
dela a garantia de sua formação. Taiito o AE conio o AME são da
Escola e náo de si mesmos, como seu próprio rítiilo iiidica. Só
existe lima autorização qiie iião procede da Escola, mas existem
dois tipos de garantias coiicedidas por ela, que sáo lieterogêneas
e assimétricas, embora articuladas ciirre si.
O Passe \;erifica a prod~içãodo psicanalista que resulta da
conclusão do percurso arialisaiire, relatado no procedimento d o
passe. Nele, o que está eni jogo é o ato analítico. do qual o AE dá
testcmuiiho. Para qiie exista (3 psicanalista, é preciso qiie ele seja
produzido, e ele é produzid« pelo ato analítico. Este produto é
formado ? A produçáo d o analista e sua fornasão não são equiva-
Icntes, mesmo que não exista formação d o aiialista sem sua pro-
d u ~ á o visto
, que a forniação iião é pensável sem implicar o psi-
canalista praticante, seni por em jogo a prática da psicanálise.
A íinica prática em jogo na produção do AE é a prática de seu
aiialista (como veremos adiante). E, iio que concernc ao passatite,
é siia própria prática de aiialisaiire já concliiída. poder-se-ia dizer.
?:)de ocorrer - é o caso iiiais frequerite nos dias de Iioje - que o
passaiite exerça, por outros caniiiilios, uma prática analítica. Mas
não é em fuiiçáo dessa prática que ele é nomeado AE. O fato de
alguns AE testeniiiiiliaretii, depois de passarem pelo procedinien-
to, sobre a importaiite influfincia dos efeitos da iionieação eni suas
práticas de analistas, não aiiula essa distiiisão.
Eiitáo, se faz necessário niarcar beni a diferença eiitre o analista
analisado e o analista praticante. Os dois não procedem da mesma
seleçáo, e sua heterogeiicidade corresponde aos dois títulos do gradus
conferidos pela Escola, ou seja, às duas vertentes assiiiiétricas da
garantia. Sua distiiiçao dá acesso àquela entre produção e forinação
do psicanalista. Não valeria a pciia assinalar para L) analista prati-
cante, devidamente preociipado coni sua forniação, a iiecessidade
de náo oniitir sua relação coni a prduçáo do analista! Lacaii consi-
derava a nomeação de AME coiiio Lirn convite a se apresentar ao
Passe. Hoje, a ênfase é posta sobre a formação. O q ~ i eperiiiaiiece, é
a pertinência rerio\zada das duas vertentes, sem descuidar de ne-
nliuiiia, com sua heterogeiieidade, eni primeiro Iiigar.
II - O A.M.E. NA ESCOLA, HOJE
Coiistatanios que as claboraçóes sobre a produção d o psicanalista
são muito mais tiunierosas e precisas do as que concertieni à sua
formação. O Passe, (1s dados qiie resultani d o seu procedimento,
tal como os testeniiinhos dos A€ são sempre colocados em desta-
que n a Escola. Lacan assim o quis, a fim de levantar o véii sobre
o final da análise e sobre o que é o analista, enquanto a IPA
tinha salientado ~iiiicamcnteo praticante. O Passe tevc várias
conseq~iêiicias.entre as quais unia transmissão vivaz da psican5-
lise, que póe ein evidêiicia o que o desejo d o analista teni de
novo e de inédito.
O AME e a garantia de formação do analista praticante fica-
ram sobretudo na (~bscuridade.Para dar um fundamento real a
essa nomeação, nenhum procediniento original foi inventado,
tampouco se tem de formular uma demanda para ter acesso ao
título. Lacan fez e~itenderque esperava muito do AE e quase
nada do AME, que simplesmente respondia a uma necessidade
institucional perante o niundo externo. Segundo Lacan, o AME
devia ser escolhido em fiiiição d o que ele chamava o " bom senso",
uma conveniência que evoca o peso de uma pessoa, ali onde o
rumor, as relaçóes pessoais e as itifluéncias incideni . Contudo,
Lacati acrescentou iini certo número de dados que deveriam ser
recolhidos pela Coniissão de Garantia, tendo eni vista a nomea-
ção dos AME.
Assim, no último anuário da Escola Freudiana de Paris em
1977, no alto da lista dos AME (que nunca mais fig~iro~i como tal
nos anuários das Escolas depois da Dissol~ição),esráo ati~iriciadas
algiimas recomcndaçóes de Lacan, destinadas à instância encar-
regada de nomeá-los. A mixinia segundo a qual " o analista só se
autoriza de si nicsmo niesmo", iiáo exclui de modo algum a " sele-
çáo que garanta a competência", permitindo "um discernimento
ao menos tão severo, senão mais fundamentado que alhures". Essa
seleção deve levar em conta "o questioriameiito permanente da
formação", constitiiído pelo Passe. "para a delegaçáo do título do
qual a Escola como tal garante náo somente a competfticia, mas
tanibém a regularidade da prática de uma de suas jurisdições, em
nome do que a especifica: a qualidade analítica".
"Para tanto:
- Pede 0 acordo d o analista do sujeito.
- Escuta o testemunho dos seus super\~isores(dois ou menos).
- Informa da qualidade analítica d o trabalho d o candidato
nas suas atividades de grupo e também nos seus escritos.
- Se as inforniaçóes recolhidas não forem suficientes, o Juri
convcica o sujeito a fini de se informar da qualidade analítica do
seu trabalho".
Podenios notar que não faltam precisóes, mas também que
elas são bastante clássicas, e não entram em contradição com a
tese segundo a qual o AME é o quc resta da IPA, no plano da
formação, na Escola Una, hoje. Qiianto aos faros, esses dados
são recolhidos de modo muito desigual no curso das delibera-
ções das Comissões de Garantia das Escola. Certamente os AME
são nomeados, mas sem que disso se tenha verdadeiramente
dado conta, nos ensinos aos qiiais as Comissóes estão formal-
mente sujeitadas.
Pois a nomeação do AME não está ligada nem a lima expe-
riência subjetiva própria ao nomeadci, nem a uma transmissão
epistêmica desta. E, uma vez qiie as provas de formação sufici-
ente não são regularniente recolhidas quanto aos fatos, "hoje, é
difícil definir o AME, a náo ser como um membro da Escola
nomeado pela Comissão de Garantia", com a devida prudén-
cia, n o melhor dos casos. Lacan, sem dúvida, o quis assim, ao
fazer com que esse títiilo não fosse nem o objeto de uma deman-
da, nem desejável, nem brilhante. Tal como qiialquer título,
ele é um semblante, mas a ausência de unia performance que o
fundamentaria n o real, o afasta de uma pertinência analítica
precisa.
Os inconvenientes que resultanl dessa situação são evideii-
tes. A competência profissional que o título é suposto sancionar,
está mal documentada o siificicnte para expô-lo às influências
"políticas", no sentido mais pejorativo do termo. A obscuridade
em que ele é niantidc atenua seus efeitos, inclusive os negativos.
Mas devemos nos contentar coni esta situação?
Na hora atual, esse título dewria encontrar uma melhor
pertinência, considerando seu papel na extcnsão da psicanálise,
oii seja, ria sua relação com o niundo externo e coni a maneira
cotifornie ela, ali, sc apresenta. E verdade que a situação da psi-
canálise neste niiiiido mudou .Essa sitiiação é difereiitc da que
conlieceu Lacaii, quando êle estabeleceu as condiçócs que lhe
parecerani necessárias para a obtenção do título de AME. A nova
atenção voltada para a forniação d o para o qiie a
prática da psicanálise tcm de específico na era das psicoterapias
de massa, exige uma reiio\~açãoda abordagcni do títiilo de AME,
exigindo, iticliisivc, que a Escola Una utilize mellior seus AME,
além de inscreve-los iiiima lista.
O questiotianicrito permanente da formação do psicanalista
é o que podcria servir dc contrapeso à permanência do títiilo de
AME. Seria então possivel explorar outras vias que nos pcrniitis-
sem uma mellior iitilizaçái) dos impasses da garantia?
' J. Lnc:tn " Lcrrrc atix imlicrir ", La Irtrrc Mcnsurllc dc I'ECF n' 9, ahiil 1962.
' 1.-A. Millcr. " Sictc adjcrivor d c 1;s pal:ihr;i c<ioiittiid;>d". M:ir- Uno no 2. agosto
1977.
que a ironia isola da sociedade a comunidade dos que entcii-
deni a ironia. Todo o eiisiiio de Lacan é tão iroiiico quanto ma-
temático. A comunidade analítica mesma deve ser ironica dian-
te das autoridades sociais : ter a consideração devida para com
os poderes. e sempre manter a distância e a irrisão".
IV - UM NOVO A.M.E.?
Trata-se de achar uma nova utilidade para o títiilo de AME par-
tindo de suas pertiiiêiicias, sobretudo na perspectiva de iinia abor-
dagem renovada da formação d o praticante da psicanálise. Mas
poderia ocorrer também, que liou\~esselugar para refletir sobre as
modificaçóes d o regulamento e dos proccdiiiieiiros que levam à
atribuição desse título, a partir da Escola Una e da sua posiçáo
de êxtinio, eni relação às outras Escolas da AMP. Jacques-Alaiii
Miller evocou o ensejo de ver o procedimento de iiomeação dos
AME "aperfeiçoado". A rcforiiiiilaçáo dos priiicípios de estabele-
cimento da garantia poderia coiitribuir para renovar a Escola no
limiar d o novo século.
O psicanalista se define pelo seu desejo, mas o que se torna o
desejo do analista ao longo do percurso de sua prática! O AE
nomeado certifica qiie há psicanalista, mas conio ele funciona no
caso por caso de sua prática? Como se analisa hoje ! Como se
utiliza a psicanálise aplicada, tal cnnio definida no Ato de Fun-
dação, distinguindo-a da psicaiiálisc pura, já qiie a psicanálise
aplicada se caracteriza pelo exercício do ato analítico que, sem
desdobrar todos os seiis efeii:os, evita também que a psicanálise
seja rebaixada, por sua sediição, à siniples psicotcrapia?
Essas questões e outras qiie poderáo advir, nos ajudarão a
circunscrever os contoriios da nomeação do AME. Será preciso,
sobret~ido,apostar na necessidade da s~ipervisáo,conio prova priii-
cipal de capacitação, seg~iiidoos princípios eiiuiiciados no Do-
cumento precederite do Coniitê de Ação. Esses sáo os debates a
suscitar, que podem reavivar o interêssc apresentado pela qiies-
tão da garantia, no iiionienro da Escola Una. No que conceriic
ao AME, tal qual existe atiialmeiite, por que não convidá-lo a
falar do qiie é o AME! O AE tanibéni, como analista da experi-
éiicia da Escola, tem algo a dizer, assim conio cada um dos outros
membros, analistas praticantes ou tiáo, analistas ou riáo analistas
da Escola Una.
Dirigindo-se à Comissáo de Garantia da ECF, Jacques-Alain
Miller se expressou nos termos seguintes:
"Ou nós conservamos (...) a prática dcssc titulo dada por
Lacari, ou vamos niais além. Se nos mantemos aqui, evitamos
fazer ondas. N o máximo se anunciará discretamente que o mais
autêntico para sancionar o títiilo de AME é a s~ipervisão(...). Ir
mais adiante, seria definir para o AME em esperança uma
performance. Mas qual! E a quem demandar, uma vez que ser
AME náo se demanda?".
MASSIMO RECALCATI
1. O Culto do nada
Hoje escollio como porta de eiitrada iia clínica da aiiorexia a
porta do 1iada.É esta a perspectiva fiiiidaniciital valorizada por
Lacan: a escollia a~ioréxicaé a escolha do nada, é a escolha do
"coiiier nada"'. A nossa experiéiicia clínica com o sujeito aiioréxico
coiifirma esta centralidade absoluta iio iiada.
"Gosto de liada ... como nada ... desejo nada ... devo não sen-
tir iiada ...".Trata-se de um eiiuiiciado típico do sujeito anoréxico.
Eni geral, se pode afirmar que a aiiorexia se coiifigura como uni
culto, um elogio, uni faiiatismo, unia paixão pelo nada.
Também a clínica iios eiisiiia que o liso iio singular da catc-
goria da aiiorcxia não ~ o d eorieiitar eficazniente, cvideiitenien-
te, iicm o diagiióstico difereiicial. nem a cond~içãoda cura. Na
nossa prática tomamos como ceiitral e decisivo o critério do diag-
nóstico difereiicial da anorexia como critério guia para o trata-
'Esre rcrta rcl>rodiiz :> c<inicri.ncia .~cotirc.ciila tia SccíIii dc Mndri da Escola Eiiro-
etii 5/5/2IKiO, c i ~ i i incri.srirni> dr iii>r;is niccsrbrias.
pfia de Psici>:~~i51isc,
I Cf. J.L;ica~i,11 Serninario XI:i qtiuirro crilicerti fondoiiicriiali dellu pricoanolisi,
' Vcj:rni o rncii: L'ulti!m cena: unorecria e btilimio, Bruno Motidado", Milatiii. 199i.
'Cf. 1.-A.Millcr r É. hurciir, L'Aurre que n'erislste par
rr ser romirb d'éthijuc, curso
aciintecidu no Drrarramcnru dc Psicnnrilise da Univcrsidadc Paris VI11. lipio de
211511997, infditir.
'Cf. J. Lacan, 'La dircii<>i>rdclla ciir;i c i principi dcl suo potcrc", Srrirri.
Einnudi.Toriiio. 1974, p. 624
Este tipo de recusa, porém, fica para sempre como uma recu-
sa dialética. Não é tinia pura exclusáo do Outro, mas é uma re-
cusa que vale como uni apelo ao Outro. E em outras palavras a
forma negativimda que pode assumir a deiiianda de amor. uma
volta que esbarra na ausência de signo de amor tio Outro, um
Outro que não é de fato dono da própria falta.
Este primeiro nada é o nada que se coloca na forma de recusa
sustentando a causa do desejo coriio irredutível àqucla da satis-
fação da necessidade. A recusa defende o desejo do risco de sua
ahsorção na denianda. Daí, a afinidade do ponto de vista estru-
tiiral da anorexia coni a histeria da qual o "soiilio da bela
açougueira" constitui o paradignia: liada satisfai a não ser o mes-
iiio desejo da insatisfaç2o perpétua ... E este o significado d o ca-
ráter infinito que pode assim assumir a demanda anoréxica em
respeito à qual cada objeto aparece como incompatível, como
totalmente inadequado. Esta disjunção é o ponto cardeal de uma
manobra particular que um sujeito anoréxico realiza com o ali-
mento e que ilustra d e niodo formidável o trato histérico da
ánnrexia: "Devo mastigar tudo de niodo que possa ter idéia d o
sabsr. Mas, não devo engolir nada. Depois, boto tudo para fora ...
Assim, perniaiieço eu niesma, mas seni reiiiiiiciar ao sabor".
Vê-se beni aqui o valor fálico do sabor como sigiiificante d o
desejo d o Outro mesmo enquanto privado de sua substância. Esta
separação entre o sabor c a substância manifesta a anorexia como
operação Iiistérica de defesa d o desejo (ter unia idéia d o sabor)
através da recusa d o gozo (o \,«mirar).
Este prinieiro nada - do qual a recusa aiioréxica se constitiii,
como temos visto, a expressão mais pura - n o ciirso da cura pode
dar lugar ao amor edípico remotn. Por isto niiiitas vezes podemos
encontrar na história d o sujeito uiiia desilusão edípica - unia
frustração paterna da questão d o amor - a partir da qual o sujei-
to pode fazer d o scu corpo uni iiistrumeiito de ameaça no con-
fronto com o Outro do amor. Neste sentido, o corpo aiioréxico
pode fazer-se corpo-obstáculo para o Outro. Isto é, pode usar esse
instrumento para ameaçar o Outro, para inipulsionar o Outro a
dar náo o que o Outro tem, mas aquilo que o Outro não tem, a
fazer signo de siia falta, a dar uni sinal de amor.
Esta dimensão ameaçadora da aiiorexia já foi isolada a scu
modo com grande lucidez por Charles Lasègue quando se refere
a um tipo de "potência de inkrcia" que caracteriza o corpo
anoréxico" 0 corpo se cotisome, se esqiieletiza, se faz morrer.
mas só para abrir no Outro uni buraco, para mexer no Outro.
Neste sentido a feiúra do corpo esqiieletico, freqiiciitemente exi-
bido obscenamente pelo sujeito anoréxico, mantém, por rever-
são, o mesmo valor fslico d o corpo. E neste sentido que o corpo
reduzido à pele e osso se torna desvalorizado, mas só por valori-
zar-se nesta desvalorizaçáo. Faz-se invisível, tende a diminuir,
desaparecer, secar, mas só por guardar uma maior consistência,
por existir verdadeiramente para o Outro, para cegar o Oiitro.
Por esta razão o primeiro nada é em relaçáo ao desejo d o
Outro. Sobretudo como exigtncia de signo de amor. De fato a
negaçáo do objeto-alimento aparece com a finalidade de fazer
surgir o signo do amor. O drama da anoréxica é que o signo e o
objeto aparecem separados. Para fazer existir o sinal do amor ela
deve barrar o objeto. deve poder recusar o objeto pois que 0 O u -
tro da anoréxica náo soube realizar a dimensáo de dono d o objeto
como o que faz signo de amor, mas, ao contrário, ~~tilizou a oferta
do objeto (dos cuidados) para matar o sigiio'. A anoréxica, para
fazer existir o signo de amor. deve então poder negar, poder
recusar o objeto. N a bulimia se verifica exatamente o contrá-
rio: é através d o c o ~ ~ s u minfinito
o d o objeto que a bulímica
tenta compensar o signo da falta d o Outro. Para seu desespe-
ro, porém, hii o fato de que nem mesnio todo o pão d o mundo
'Cf 1. Lic;in, Lei coinplexe, /a~itilmuz rlum ln fonnulio!i 'Ir. rindividi~,Nauarici. Piiris.
198%.pp. 301 35.
segundo nada riáo 6 o indício de um apelo ao desejo, mas de uma
corrida para a morte, de um cnipuxo do corpo à siia destruig8o.
Qual é a natureza desta aiiulaçáo do corpo!
Náo estamcis aqui frciite à dimensão histérica da recusa do
corpo9. Não se trata da recusa d o corpo, da anestcsia d o corpo
sensual, da sua dessexurilização a que corresponde, conio se pode
ver, os casos de anorexia Iiistérica, iitiia sexualização da pulsão
oral. A anulaçáo do corpo que contradistingue os casos graves de
anorcxia náo é a reabsorção na lógica Iiistfrica do sacrifício ex-
tremo do corpo para ter do Outro o sinal de siia falta. Trata-se,
melhor dizendo, de uni tipo de mineraliíaçáo do corpo, de uma
espécie de ideiitificaçáo paradoxal d o corpo à Coisa, de lima
rnumificação psicossoniática, de tinia forma radical de nirvanização
d o sujeito. O ideal fálico do corpo magro iiáo é operativo; o corpo
magro não é falicizado. mas se reduz a uma barreira relacionada
ao risco de uma destruição percebida como real.
Em uma alusão a unia nirvanização do sujeito introduzo tini
conceito freudiaiio que náo teve uma aplicaçáo clínica precisa,
mas que a experiFiicia com siijeitos atii)réxicos impele a reler
atcntaniente. Trata-se do coiiliecido Princípio do Niwana. Nessa
teorizaçáo de Freud isto, como se nota, indica a tendência d o
aparato psíqiiico a reduzir a zero o nível de tensão interna. Esta
tendência vem moderada do princípio do prazer qiie se estrutiira
sobre a impossibilidade de iim retorno integral ao zero. É, no f i i i i -
do, o ser da própria vida que, conio escreve Freud, impede a
redução integral ao zero. O princípio do prazer sanciona assim a
possibilidade de unia Iionieostase náo destrutiva. O aparato psí-
quico tende a reduzir ao mínimo o nível de excitaçáo interna.
Procura o prazer e evita 0 dcsprazer. Sabemos, t ri ni b'em, como
Freud construiu a clínica sobre o modelo de um conflito específi-
co entre o princípio d o prazer e o princípio da realidade. Trata-se
de iirn conflito que se produz eritre programas inconciliáveis: o
da pulsáo e o da Civilidade.
Colóquio
Jacques Lacan 2001
Buenos Aires,
21 e 22 de abril de 2001
/ encarte i n f o r m a t i v o y
Escola Brasileira de Psicanálise
Relatório da reunião da AMP
COMUNICADO No 7
Paris. 31 de janeiro de 2001
A reunião do conselho
O Cotiselho se reuniu eni I'aris, rios dias 2 7 e 28 de jaiieiro, coin
o "Burcaii".
Seus membros estavani todos presentes.
Para o Consellio: Alicia Arenas. Guy Briole, Gracicla Brodsky.
Yasmirie Grasser, Angelina Harari, Ricardo Nepoiiiiachi, Celso
Rennó Lima, Vicente Palomera, Alexandre Stevens, HebeTizio.
Outros preseiites: Carole Dewarnbrccliies-La Sagna, Tesou-
reira; Flory Krugcr, Secretária ; Éric Laurent. pela delegação;
Jacqucs-Alain Miller, Delegado Gcral.
O relato dessa reunião será objeto de vários Comunicados
escalonados ao longo do tenipo. e este 6 o primeiro deles.
O desenrolar da reunião
O delegado geral abrili a reuiiiáo ress;lltaiid» que ela acontecia
pouco depois da Asseniblçia de Ruenos Aires, iiiarcada pela ado-
ção da Declaração da Escola Una. Um novo capítiilo está desde
então aberto, pela escolha que se fez do tenia da formação analí-
tica. Coiisideraiid~?que teiiios ainda tini ano e nieio antes de nos
reencoiitramos em Bruxelas, r> Consellio cst'a fe I'izmente em con-
diçóes de realizar tinia reuiiiáo de reflexáo, livre das pressfies da
urgência.
].-A. Millcr deu prosseguinieiito, em seguida, a unia volta pa-
norâmica pelas Escolas, resuniiiido as contrihuiçóes quc lhe che-
garaiii, a partir dos menibros do Conselho, no início d o mês. Uma
discussão geral se seguiu, conceriiiiido às Escolas unia por uma.
O Conselho, na scqiiêiicia, tomou a forma de um seminário
para estudar os docunieiitos d o Comitê dc açáo sobre a supervi-
são e a garantia, e para prolongar sua reflexão nesse sentido: como
itiscrcver essa teniática renovada lia orieiitação lacaiiiana, coii-
sideraiido que esta tem sido pouco acentuada até o niomento!
Como avaliar o que Lima prática pode ter de psicaiialítico! Como
autenticar sua qualidade psicatialítca! Quais as coiisequências
para a construçáo da Escola Una! Esse scniinário prosseguiu pela
inaiihã de domingo.
O Conscllio retoriiou h tardc para as tarefas de curto e médio
prazo: preparação do Coiigresso de Bruxelas; tesouraria; homolo-
gações; adniiss6es; secretariado do passe; rcsoluçáo de questões
deixadas eiii suspeiiso. A jornada deseniboco~iem uni amigável
jaiitar; a próxinia reunião foi fixada para os dias 19 e 20 de janei-
ro de 2002 eni Paris.
Documentos
Quatro brochuras haviam sido preparados pelo "Biireau" para a
rcunião: a primeira, rcagrupava as contribi~iç~es dos membros d o
Conselho; a scg~itida,retomava aquelas dos nienibros do Comitf
de Ação que liaviani sido solicitadas pelo Delcgado Geral; a ter-
ceira. foi o dossié da tesouraria; a quarta, dizia respeito às adniis-
sóes, reiiitcgraçóes e hoinoiogações.
A Diretoria da ELP (Espaiilia) cnviou 0 primeiro Aiiuário da
nova Escola fundada eiii niaio último: exemplares foraiii distribu-
ídos. O mesnio aconteceu com o priiiieiro Aiiuário da NEL, rcu-
iiindo nove sedes distribuídas cni seis países da zona andino-
caribenha; ele foi distribuído prir Graciela Hrodsky, encarregada
de sua edição enqiiaiito Vice-Presideiite da Escola.
D a s Escolas
Q u a n t o à ECF, há iiiiaiiiniidade sobre » sucesso da última
Conferencia Iiistit~icioiialsobre a f<iriiiaçã«, a garantia, a
supcrl:isáo. Parece quc, desde Bucnos Aircs, uni novo processo
foi iniciado e que « trabalho ganliou uma rcorientação: uin niaior
cuidado foi dispensado ao processo de adniissão e à qualidade
psicanalítica da prática; os ensinos forani repensados eni fiitição
dessa orieiitaçáo; as ACF, aliviadas de múltiplas tarefas adminis-
trativas, retornaram a seu dinamismo prhprio.
Na EOL. o dinamisnio é constante e seu crescimciito conti-
nua; nota-se, entretanto, que o movimeiito segue, com maior fa-
cilidade, as vias periféricas previstas (aqiielas d o Institiito. dos
grupos, dos ateliês); as atividades prhprias à Escola, especialmen-
te o que acontece em siias Noites, precisaiii ainda ser repensadas
para o próximo ano. E desejável que 0 processo de admissão siga,
como na ECF, no sentido de um maior cuidado.
O coiiiunto dos nieiiibros da Escola Brasileira se rcuniii para
lima anipl:i Conversação de trés dias, em dezembro último, em
Belo Horizonte, em torno do delegado geral e de sua adjunta,
com o Presidente e a Diretora da Escola. Essa Coiiversaçáo abriu
novas perspectivas: evitando-se a modificação dos estatutos; a
AssemblCia será consultada a propósito da escolha d o Presidente
e d o Diretor; o programa do próximo Eiicoiitro da Escola em Sáo
Paulo foi completado; visando ao estabelecimento de ligações
entre os Institutos, uma Comissão "Matenias" foi formada, e foi
tomada a decisão de sc criar unia revista comum aos diversos
Institiitos; unia nova fórniiila foi aprovada para o Instituto de São
Paulo; etc. N o final de seis anos de fiiiicioiianiento do passe, já é
tempo, para as autoridades respoiisá\~eispertencentes à Escola,
de pensarem em preparar e convocar o colégio previsto, nas con-
dições e circiinstâncias que niellior Ilies parecerem.
N o quadro da EEP, a ELP tomou rapidanieiite sua consistência
própria; sua Diretoria tonioii posse de suas tarefas coni seriedade e
decisão; seti Conselho se esforça para se reunir com frcquência; a
Conversação de iiovenibro, sobre "a prAtica analítica Iioje*, ani-
mada por É. Laurent, escaiidiu com sucesso esse período de insta-
lação. Resta inventar, no futuro, o qiie dar&chatice a um trabalho
de Escola aprofutidado, ";iiiio por iitio". O encontro de Valência,
em maio, poderá ser a ocasiáo para se avançar nessa via.
Sempre n o quadro da EEP, 0 processo da SLP (Itália) terá
tima escansão em fevereiro próximo eni Bolonha. para uma Con-
versação destinada a evidenciar a qualidade psicanalítica da prá-
tica; ela será animada pelo Delcgad« Geral a partir do relato de
trabalhos redigidos, para essa ocasião, pelos AME italiaiios. Essa
escaiisáo vai siiccder jquela de Miláo qiic permitiu criar nunie-
rosos grupos de pesqiiisas reunidos rio CIRIS, c precederá hqiiela
que está prevista para Ronia. iio mês de niaio. Quanto à EEP-
Développemeiit, os tenias que lhe concerncni s%oatualiiicnte tra-
tados no quadro da EEP; eles seráo evocados iio âmbito da AMP
no moniento oportuno.
A N E L : G. Brodsky transmitiu dados detalhados sobre a cons-
trução de nove sedes da Escola, e tanibfiii de Centros de Pesqui-
sa e ensino, CID; ela avalia q ~ i erealizou o essencial do programa
estabelecido pelo Delegado Geral em julho último, e difundido
em dei comunicados retomados no Anuário. O Conselho a felici-
tou por sua açá«.
Teina de honiologaçáo. As listas traiisinitidas pelos Coiise-
lhos vieram, em sua maioria. de Buenos Aires. nos últinios dias;
com isso, o Conselho começou a exaniiná-Ias, mas não pôde ter-
m i ~ a rtal tarefa; o trabalho, portanto. deverá prosseguir no qua-
dro de unia Comissáo. É. Laurent foi delegado para essa honiolo-
gaçáo; ele fará contato com os responsáveis das Escolas; ele vai
estabelecer unia coiiiissão AMP de honioiiigaçáo que poderá,
eveiitiialmente, se dar sob unia forma descentralizada.
Sobre os outros temas ediniiiistrativos d o mesmo registro, ad-
niissões diretas, rciiitegrações após pagamento de cotizaçáo, can-
celanient«s de inscrição devido a iiáo-pagamento, regulariiações,
um coiiiiinicado da Tesolireira nos colocará a par, logo qiie for
possível; uina lista de nienihros da Associação será difundida após
a atiialiiaçáo.
Outros comuiiicados \:irão.
o : Laia
T r a d ~ i ~ ãSérgio
Relatório da reunião do Conselho da AMP
2 7 e 28 de janeiro de 2001
Alexandre Steuens
Diretor Bruxelas-Paris 2002
Um ponto de capitonê
Reunião do Conselho
1. Decide-se qiic a reiiniáo scrvirá conio preparação da quc cstá
prevista para 6 de agosto prhximo.
2. Accita-se a proposta dc abrir unia lista lia Intcrrict para os
nicnibros d o conscllio e outra para os membros da EPB, com a
fiiialidade de discutir a reestruturaçáo da EBP.
3. Discute-se a coiiversação proposta por J. A Miller (dezenihro
de 2000 - Minas Gerais):
a) Finalidade: discutir os prohlcnias da EBP e a sua reestru-
turaçáo. O s pr«blemas: cstagnaçáo, niut~ialisnio,falta de dife-
renciaçáo.
h) Preparaçáo da Conversação:
A nova lista de niembros na Internet será moderada por Ser-
gio Laia e coordenada por Romildo do Rêgo Barros, e ter'a como
um de seus objetivos preparar a Conversaçao.
Romildo fará a aprcscntaçáo da lista. O s temas a serem dis-
cutidos serão Cartéis. Passe na entrada c a situação da EBP.
Romildo frisa que será considerado bom texto aqiiele que con-
duz á Conversação.
4. Admissões:
a) O Conselho Iioniologa coiiio menibri~saderentes da EBP
1) Alessia Silva Fonteiiellc (Bahia)
2) Nilton Ubirajara Cerqueira (Bahia)
1 ) Demissões:
Sydiiéa Teixeira Lima (nienibro aderente-Bahia)
8. Admissóes:
a) Membros da EBP
Indicações d o Cartel do passe;
1) Luis Fernando Carrijo da Cunha. (SP)
Entrada pelo Consellio.
2) Carmeni L. Cervelatri (SP)
b) Membrcis aderentes da EBP
1) Rosane Padilla (SC)
2) Inés Laniy (RJ)
9. Demissões:
1) Ana Lucia Ribeiro (membro aderente R])
2) Fany Placlita (membro aderente R])
Romildo do Rêgo Barros
Stella limenei
Comunicado da reunião do conselho da EBP
1 1 de março de 2001
1 . Niivas adniissões:
M E M B R O S D A EBP
Vera Lúcia Avellar Ribeiro (R])
Lilany Vicira Pacheco (MG)
Antonio Teixcira (MG)
M E M B R O S ADERENTES DA EBP
Maria Teresa Wciidliauseii (SC)
Roscane Lyrio (ES)
Silvia Farias (PE)
Eliane Teixeira de Freiras (PR)
Liicv de Castro (BA)
Marcia Sjnbock (SP)
Aiidréa Reis (RJ)
Maria Lídia Arraes Alciicar (RJ)
Jaime Araújo Oliveira (R])
Lcticia Rayniiiiido Carvalho Tiiioco (R])
Cristina Duba Silveira Elia (R])
Maria das Graças Moiitczano Rodrigiies(RJ)
Clara Huber Pced (R])
Ilka Fraiico Fcrrari (MG)
Márcia de Souza Mezêiicio (MG)
Maria da Coiiceição Merriglii de Figuciredo Silva (MG)
Informa-se que Angela Pequeno se traiisfcrirá, a partir de maio,
da Seçáo Rio para a Delcgaçáo Gcral dc Natal.
2. Demiss5cs
Liicimar Rosalém Meiisli, membro da Escola (R])
14 de Março de 2001
4. Divulgaçáo
A Comissão Orgaiiizadora, através de sua coordenadora Maria
Helena Barbosa Bogoclivr~l,informa que os responsáveis pela di-
\:ulgaçáo d o Eiicoiitro em cada Lima das Seçóes e DelegaçUes,
estão em contato permanente com a «rgaiiização e deveni ser
contactados em suas regi6es sempre que iiecessário.
São eles:
Seção Minas - Cristiana Mattos;
Seção Rio - Giselc Goniii;
Seção Bahin - SOiiia Vicentc;
Seção São Paulo - Maria Heleiia Barbosa Bogoch\.ol;
Delegação Espírito Santo - Alberto Miirta;
Delegação Purctíha - Cassandra Dias;
Delegação Perimiiibuco - Gisella Sette Lopes;
Delegação Paraná - Gleuia Salonion;
Delegação Geral - Florian6polis - Oscar Reymundo;
DeJqcT Geral - Ceiitrc~Oeste- Carlus Gciiam Cauto Femández;
Delegação Geral - Maranlião - Thaís Moraes Correa;
Delegação Geral - Natal - Kuth Dantas.
5. Conversações
Os Curadores das Conversações "O trabalho do psicanalista nas
instituiçóes" e "O trabalho do psicanalista no consultório" - Dire-
tores das Seçóes e Coordenadores das Delegaç6es - encaminha-
ram a Antonio Beneti, os seguintes colegas para representá-las:
Conversação Institiiiçóes
Seção Minas - Simone Oliveira Souto;
Seção Bahia - Maria Luiza Miratida;
Seção Rio - Maria do Rosário d o Rêgo Barros;
Seção São Paulo - Durval Mazzei Nogueira Filho;
Delegação Paraíba - Margarida Assad;
Delegação Paramí - Maria de Souza;
Delegação Geral - ainda sem dcfiniçáo.
Conversação Coiisultório
Seção Mina7 - Cristiiia Drumond ;
Seção Bahia - Maria Luiza Raiigcl de Moura;
Seção Rio - Carlos Eduardo Leal;
Seção São Paulo - Maria Helena Barbosa Bogochvol;
Delegaçào Espírito Santo - Claúdia Murta
Delegação Pemmbuco - Gisclla Settc Lopes;
6. MASP
O Encontro será realizado de 19 a 22 de abril próximo, no MASP -
Museu Arte de São Paulo, situado à Av. Paulista, 1578.
7. Inscriçóes
Até 15 de março as inscriçóes estáo reservadas exclusivameiite
para Membros e Aderentes da EBP. As inscriçóes poderão ser
feitas desde já, através de depósito na conta bancária da Escola
Brasileira de Psicanálise, Banco Itaú ag. 0383 c/c 63236-1 São
Paulo. S 6 seráo consideradas efetuadas as inscriçócs que forem
enviadas por fax ou e-niail com o nome, endereço con~pleto,te11
fax, e-mail e o comprovante do depósito para a secretaria do
evento.
ASSUNTOS:
A. Neurose; B. Psicose; C. Perversão; D. Criança ; E. Toxiconiaiiia;
F. Psicanálise e coiiexóes; G. Téciiica; H. Conceitos Fundamentais;
I. Transmissão; 1. Outros.
Mais, Ainda
1 . ENTREGA DOS TRABALHOS
O prazo para eiitrega dos trabalhos das Coiivcrsaçóes Clínicas a
Antonio Beneti (aabeiieti@africanet.coni.br) é dia 3013101, ini-
preterivelmente.
Capítulo I1 - A Jakobsoii - p. 26
O N O V O AMOR
De seu dizer, de q ~ i eo inconsciente é estruturado como unia
linguagem, Lacan aponta que este náo é do caiiipo da linguística,
nieiicioiia os usos d o dito pois "6 pelas coiiseqiiências do dito que
se julga o dizer", e diz de iim texto de Riiiibaud: "de que tratei
ano passado, que se chama A Uma Razáo, c que se escande por
esta réplica que termina cada versículo - Uni novo amor. Já que
dizem que da última vez eu falei de amor, por que não retomá-lo
neste iiível. e sempre coni a idéia de marcar a distância entre a
linguística e a litiguisteria!
O amor, nesse texto, é o signo, apontado como tal, de que se
troca de razao, e é por isso que o poeta se dirige a essa razáo, quer
dizer - mudamos de discurso."
A seguir, o texto de Rimbaud:
A UNE RAISON
Uni coup de turi doiilit silr Ic ramboiir d6charge toiis les sons e t commence ia
nouwlle hannunie.
Uii pas dc nii c'est Ia Icvfc des noovcaiix hommcs cr Iciir eii marche.
T.i tGtr se dCtuuriir: le iiuuvçl amoiir! Ta tete se retoiiriiç. - le noiivel aniour!
"Chaiigerios luts, crible les fléaux. à coiniiiriicer tiar le tclnps", te clia~ite~it
ces
enfaiits. "Élève ~i,irnpiirteoii Ia sohsraiice de nus íortiiiies et de tios vr>eiix",rrii
t'en prie.
Arrivée de tuiljoiirs, qiii t'cii iras paroiiir.
RIkIBAUD, Artliiir. Ilumiliu~~s - Grai,uras Coloridu. Tt;id. Rudrigo C;ircia. Lipcs
c Maurício Arrudn btcndon~:i.SZo Paiilu: Iluri\inuns, 1946. p. 32 c 33.
Camen Silvia Ceruelatti
Yara Valione
USUFRUTO
No primeiro dia do Seminário de 1973. Lacaii faz meiiçáo ao ins-
tituto jurídico do usufrut« para dizer que aí se reútie, em uma
palavra, a diferença que 1iá entre « útil e 0 gozo. Na ocasiáo,
explicou:
O usufriito quer dizcr que podcnios gozar de nossos meios,
nias que não devemos enxovalhá-los. Quando temos usufruto de
uma herança, podenios gozar dela, coiii a condiçáo de não gastá-
Ia demais. E nisto qiie está a essêiicia do direito - repartir, distri-
buir, retribuir. o q ~ i cdiz respeito ao g«zo. (Seniinário XX, p. 11)
T a n t o na Fraiiça quanto n o Brasil o instituto aprcsenta a
mesriia definição geral. Sua origeni é roniana. de uni direito esta-
belecido até o século Vi, e que serviu de inspiração especial-
mente aos sistenias jurídicos da Europa continental e daqueles
por esta colonizados. É mais fácil comprceiider o usufruto a partir
da explicaçáo da propriedade. Ela é o direitn que conipreeiide o
poder de agir diversanieiite eni relaçáo ao bem, usando, gozando
ou dispondo dclc. Ficam listados aí os direitos do proprietário,
como apresenta o texto do Código Civil brasileiro:
Art. 524 - A lei assegura ao proprietário o direito de usar,
gozar e dispor de seus bens, e de reavC-los do poder de queni
quer que iiijustanieiite os possua.
Assini defiiieni-sc cada uni dos eleiiieiitos da propriedade iiunia
das obras niais coiisultadas da doutrina jurídica brasileira (Maria
Heleiiri Diniz, Curso de Direito Civil, Direitos das Coisas, Ed.
Saraiva):
Direito de tisar da coisa é o de tirar dela rodos os serviços que
lea pode presrar, seiii que haja modificação eiii sua subst2ncia. O
titular do jus utciidi pode empregá-lo ciii seu próprio proveito ou
tio de terceiro, beiii conio deixar de utilizá-lo, g~iardaiido-oou
maiitetido-o inerte. Usar do bem náo 6 apenas retirar vailtageiis,
nias também ter o beni cni condições de servir.
O jus frueiidi (dircito de fruir oii, também cliamado, direito
de gozar) exterioriza-se na percepçáo dos frutos e na utilizaçáo
dos produtos da coisa. E o direito de gozar da coisa ou de explorá-
Ia econoniicamente. O direito de fruiçso, juiitanieiite coiii o di-
reito dc liso, estio presentes, via de rcgra, lia posse.
O jus disponeiidi equivale ao direito de dispor da coisa ou de
poder alienlí-Ia a tít~ilooneroso (venda) o ~gratuito
i (doaçáo). Abran-
ge o poder de coiisuiiii-Ia e de gravá-la de 6iius (penhor, hipoteca).
Assini os exeniplos: usar de unia casa é habitá-la, dela gozar,
alugá-la e dela dispor: denioli-Ia ou veiid6-Ia; usar de uni quadro
é iitilizá-lo na decoraçáo de lima casa, dele gozar é exibi-lo numa
exposição a troco de dinlieiro e dele dispor é destruí-lo ou alieiiá-
10 ou. ainda. doá-lo.
Estes atributos da propriedade podeni concentrar-se num só
indivíduo, caso em que a propriedade é plena, ou desmembrar-
se. se transferem a outrem. No caso do usufruto há este
desmembramento, e ao ~isufrutiiárioatribuem-se os direitos d e
uso e gozo (fruição) do beni. A o proprietário que cede seu bem
em usufruto, resta-lhe a chamada nua propriedade, e só lhe cabe
a opçso de transferir a titularidade deste bem, caso em que, mes-
mo assim, o adquirente terá apenas a propriedade destituída de
uso ou gozo. Náo poderá 0 i~sufrutiiáriodispor do beni sobre o
qual ele tem usufruto, iio entanto ele pode ceder 0 próprio excr-
cício do usiifruto sobre o bem, alugando, por exemplo, um imóvel
d o qual seja usufrutuário. Neste caso, ele estará gozando do iiiió-
vel ao colher dele o valor do aluguel. N o Código Civil:
Art. 713 - Constitui usufruto o direito real de fruir as utilida-
des e frutos de uma coisa, enquanto tcmporariarnente destacado
da propriedade.
O mais importante é notar que a niia propricdade apenas se
sustenta graças a duas caracrerísticas essenciais d o usufriito: a
impossibilidade, ao iisiifrutiiário, de modificar substancialmetite
a coisa. de niaiieira que se altere seu caráter (ou, nas palavras de
Lacan, sem "eiixovalliar" ou "gastar demais" a coisa). e a
temporalidade, qiie significa que náo se pode atribuir usufruto
por tempo maior que vida d o iisiifrutuário (e portanto seus Iier-
deiros não recebem os direitos de uso e gozo do bem. que retornam
ao proprietário).
Enl Roma, inicialmente, não se admitia o usufruto de coisa
que se coiisumisse com o uso (como alimento ou dinlieiro). Pos-
teriormente, este tipo dc iisufruto foi sendo aceito, de modo que
o usufrutiiário, iieste caso, findo o usufri~to,deve entregar ao
proprietário o11 o valor da coisa ou, se possível. equivalente do
niesrno gênero, qualidade e quantidade.
Moderadores
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expediente
@
co~issAo DE PUBLICAÇÕES
ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE
Diretora
Maria do Carrno Dias Batista (São Paulo)
Coordenadora da Comissão
Angelina Harari (São Paulo)
Consultores
Antonio Beneti (Minas Gerais)
iordan Gurgel (Bahia)
CORREIO
revista e encarte
Composição, c o n c e p ç ã o g e r a l d o v o l u m e e
estabelecimento d o sumário
Angelina Harari
Maria do Carrno Dias Batista
Rubricas
Entrevistas: Alberto Murta (Delegação Espirito Santo)
Critica de Textos: Sérgio Mattos (Minas Gerais)
Passe: lordan Gurgel e Tânia Abreu (Bahia)
T r a d u ç ã o de t e x t o s / r e v i s ã o
Ana Lydia Santiago (Minas Gerais)
N o t i c i a s / Eventos i n t e r n a c i o n a i s
Nora Gonçalves (Bahia)
Encarte I n f o r m a t i v o
Regina Puglia (São Paulo)
Sergio Laia (Minas Gerais)
Secretaria
Heloisa Prado Rodrigues da Silva Telles (São Paulo)
Recebimento, revisão. m o n t a g e m f i n a l
e a c o m p a n h a m e n t o j u n t o a C o n t r a Capa L i v r a r i a
Vera A. Ribeiro
Rosa Guedes (Rio de Janeiro)
ANUÁRIO
Angelina Harari
Meire Kanashiro
(serterbriada ~rcola)
CATÁLOGO DE CARTÉlS
Antonio Beneti (Minas Gerais)
Lucia Helena Agnoletto (São Paulo)