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Mestrado em Ensino da Música

Unidade Curricular: Fundamentos da Didática da Música

A Pedagogia do Interesse Patente no Ensino da Direção


de Leonard Bernstein

Docente: António Pacheco


Discente: Pedro Filipe Soares de Almeida
PG37905

Universidade do Minho

2018/2019
A Pedagogia do Interesse Patente no Ensino da Direção de Leonard Bernstein

Índice

Introdução…………………………………………………………………………...… 3

Leonard Bernstein: Breve Resumo do Seu Legado………………………………..... 4

Pianista, maestro e compositor ................................................................................... 4

Pedagogo: professor universitário e professor de direção .......................................... 5

Modelo de Ensino da Direção de Leonard Bernstein como Pedagogia do Interesse. 7

Com base nas experiências de três alunos de direção……………………………….. 7

Conclusão……………………………………………………………………...……... 11

Referências……………………………………………………………………...……. 12

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Introdução

A Pedagogia do Interesse Patente no Ensino da Direção de Leonard Bernstein foi o


tema que escolhi para desenvolver, com base na proposta do professor de Didática da
Música (Mestrado em Ensino da Música, Universidade do Minho), que consistia na
elaboração de um trabalho cujo principal foco seria apresentar o método de ensino de um
pedagogo da área da Direção e compará-lo com a teoria lecionada em aula.
De imediato me surgiu em mente o nome do maestro Leonard Bernstein, uma vez que
é um maestro que admiro imenso e cujo modelo pedagógico sempre me intrigou, pois
conheço alguns relatos do seu trabalho enquanto professor de Direção e até porque o meu
método de ensino é bastante similar ao dele.
Assim sendo, e baseando-me apenas na sua lecionação como Pedagogia do Interesse
(que é uma pedagogia a meu ver bastante interessante, motivadora e cujo aprofundamento
poderá servir para melhorar o meu método de lecionação), realizo este trabalho com o
objetivo de conhecer melhor não só este módulo da matéria da disciplina mas
principalmente a forma como ela é posta em prática por um dos maestros e professores
de Direção de maior renome mundial.
É, também, meu objetivo frisar a importância de um modelo de aprendizagem focado
no aluno e não no professor, que também está bem patente no método de lecionação de
Bernstein. Para a concretização destes objetivos irei ter em conta as observações e
comentários de alguns maestros de renome que foram seus alunos.

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1. Leonard Bernstein: Breve Resumo do Seu Legado

1.1. Pianista, maestro e compositor

Natural de Lawrence, Massachusetts (Estados Unidos da América), Leonard Bernstein


nasceu a 25 de agosto de 1918, filho de judeus ucranianos. Já em criança, Bernstein vivia
fascinado com a música e ansiava um dia fazer carreira como músico, embora contra a
vontade do seu pai. A paixão pela música iniciou com a assistência de vários concertos
que aconteciam nas imediações da sua terra natal, nomeadamente uma performance de
piano, que deixou Bernstein rendido e que o fez de imediato iniciar aulas desse
instrumento.
Decorria o ano de 1935 quando Leonard Bernstein ingressou na Universidade de
Harvard, onde estudou música com Walter Piston, prosseguindo, posteriormente, os seus
estudos no Instituto Curtis de Música, na Filadélfia, onde estudou direção com Fritz
Reiner, piano com Isabelle Vengerova, orquestração com Randall Thompson,
contraponto com Richard Stöhr e leitura de partituras com Renée Longy Miquelle.
A vida profissional de Leonard Bernstein sofreu a sua reviravolta quando, em 1940,
começou a estudar no Instituto de Verão da Orquestra Sinfónica de Boston, em
Tanglewood, sendo aluno de direção do maestro Serge Koussevitzky que lhe deu, pela
primeira vez, a oportunidade de trabalhar como maestro assistente. Três anos depois, a
foi aclamado maestro assistente da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque e em novembro
desse ano estreou-se a dirigir a orquestra em concerto, sem ter realizado nenhum ensaio,
após o maestro Bruno Walter (maestro que iria dirigir aquele concerto) ter contraído uma
enorme gripe. O New York Times não se poupou nos elogios a Bernstein após este
concerto que, tendo sido transmitido em direto para todo o mundo, rapidamente
impulsionou o seu crescimento na carreira e a sua fama.
Apesar de contrair um enorme renome não só nos EUA mas um pouco por todo o
mundo, apenas em 1958 se tornou maestro titular da Orquestra Filarmónica de Nova
Iorque. Ao longo dos onze anos que ocupou este cargo, Bernstein tornou-se imensamente
conhecido nos Estados Unidos pela sua série de concertos didáticos, a que chamou
Concertos para os Jovens, onde demonstrou a sua tremenda vontade de fazer o ensino da
música e a vontade de assistir a concertos de música erudita chegar a todos os jovens do
seu país. A partir da estreia destes concertos, Leonard Bernstein assume-se como o
primeiro maestro nos EUA a assumir uma postura de pedagogo musical.

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Na década de 60 estreia-se em Viena, dirigindo a ópera Estatal de Viena, onde


regressou algumas vezes nas décadas seguintes. Em 1970 estreou-se na Orquestra
Filarmónica de Viena gravando obras de L. van Beethoven, J. Brahms e R. Shumann. No
ano seguinte Leonard Bernstein estreia uma das suas mais importantes peças, Missa: Uma
Peça Teatral para Cantores, Músicos e Dançarinos no Centro de Performances Artísticas
John F. Kennedy em Washington.
No último ano da década de 70, dirigiu a primeira e única vez na sua vida a Orquestra
Filarmónica de Berlim, executando a Sinfonia nº 9 de G. Mahler. Bernstein dirigiu outras
orquestras ao longo da sua carreira, nomeadamente a Orquestra Filarmónica de Israel, em
Tel Aviv e a Orquestra Real Concertgebouw (Amesterdão).
Dedicado, como compositor, aos musicais da Broadway, Leonard Bernstein foi
responsável por dirigir a Orquestra Filarmónica de Boston na estreia das suas mais
renomadas obras, tais como: West Side Story, Candide, On the Town, A Quiete Place e
The Race to Urga. Das suas composições constam obras maioritariamente de Teatro
Musical e obras Sinfónicas, mas também compôs obras de Música de Câmara, obras
Corais e Música Vocal.
O último concerto que dirigiu na sua carreira foi em Taglewood, curiosamente a cidade
onde a iniciou, antes de falecer a 14 de outubro de 1990, vítima de pneumonia e de um
tumor pleural. Devido à sua carreira venceu 14 prémio, dos quais 9 Grammys.

1.2. Pedagogo: professor universitário e professor de direção

Paralelamente à sua carreira mundial de maestro e compositor, Leonard Bernstein


desenvolveu um trabalho importantíssimo na área da pedagogia musical, nomeadamente
no ensino da direção.
O próprio Bernstein assumia-se como um amante e respeitador da profissão de
professor e considerava que «Ensinar é provavelmente a profissão mais nobre do mundo,
a profissão mais altruísta, difícil e honrosa, mas é também a profissão menos apreciada,
menosprezada, mal paga e menos elogiada do mundo» (Young People’s Concerts,
episódio 24: A Tribute to Teachers). Com este ponto de vista, investiu grande parte da
sua vida numa abordagem pedagógica diferente daquele que via acontecer na sociedade
do seu tempo.

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Leonard Bernstein foi professor na Universidade Brandeis, em Waltham,


Massachusetts, uma instituição de arte patrocinada pelos judeus. Fundada após o término
da Segunda Guerra Mundial, em 1948. O primeiro diretor desta recém-fundada instituição
foi Abram L. Sachar, que convidou Leonard Bernstein para ocupar o cargo de Professor
de Música no Colégio das Artes e Ciências em 1951. Logo no ano seguinte, assumiu-se
como Diretor do Festival de Artes Criativas, idealizado por si e realizado com o apoio da
Universidade de Brandeis.
A metodologia de ensino de Leonard Bernstein não visava apenas a aprendizagem
teórica e prática da música. Deparado com um ensino tradicionalmente maçador e
equalizado, Bernstein assume com força a preocupação com a individualidade cada aluno,
criando formas de aprender com base em atividades que mobilizariam os alunos para a
absorção daqueles que eram os conteúdos lecionados nas suas aulas. Assim surge o
Festival de Artes Criativas.
Com a criação deste festival, Bernstein assume a sua posição inovadora face ao ensino
da música nos EUA no século XX impulsionando um método de ensino que era
totalmente centrado nos alunos. O festival de 1952 teve a duração de quatro dias e incluiu
concertos, palestras, filmes, congressos, sessões de recitação de poemas, apresentações
de teatro e balé. O objetivo de Bernstein era proporcionar aos seus alunos uma visão
alargada sobre o mundo do espetáculo onde se viriam a incluir no futuro, proporcionando,
assim, meios para o desenvolvimento de novas paixões artísticas, que levariam a uma
maior facilidade de aquisição de competências nos alunos.
Neste festival ouviram-se obras contemporâneas, até então desconhecidas pela
comunidade escolar, tais como Les Noces de I. Stravinsky e The Threepenny Opera de
Kurt Weill e Bertolt Brecht.
Infelizmente, quatro anos após a estreia do Festival de Artes Criativas, o contrato
celebrado entre Leonard Bernstein e a Universidade de Brandeis cessou e o maestro não
procedeu à sua renovação porque a sua vida pessoal e profissional não lhe permitia que
se dedicasse de corpo e alma, como gostaria, ao ensino da música. Então durante vários
anos, Bernstein não leciona música.
Apenas em 1972 regressou ao ensino artístico, quando foi convidado para lecionar na
Universidade de Harvard. Devido à pouca disponibilidade que tinha, Bernstein limitou o
seu trabalho à realização seis palestras onde explorava a tonalidade e gramática da
música, não evidenciando a sua metodologia que anteriormente criara.

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Paralelamente à sua carreira performativa, Leonard era professor de direção de quem


lhe requeresse aulas. Não punha entraves nem afastava músicos que quisessem ingressar
no ramo da direção ou mesmo maestros que quisessem aperfeiçoar as suas capacidades.
Diversas vezes convidado a orientar imensas masterclasses um pouco por todo o mundo,
foi também responsável, juntamente com Ernest Fleishmann, pela fundação do Instituto
de Direção de Orquestra da Filarmónica de Los Angeles (EUA), uma escola inteiramente
vocacionada para a formação de maestros de orquestra, que tinham a oportunidade de
dirigir a Orquestra Filarmónica de Los Angeles.

2. Modelo de Ensino da Direção de Leonard Bernstein como Pedagogia do Interesse

2.1. Com base nas experiências de três alunos de direção

Havia um pequeno grupo de maestros, do qual faziam parte Marin Alsop, atualmente
maestrina da Orquestra Sinfónica de Baltimore (EUA) e da Orquestra Sinfónica do Estado
de São Paulo (Brasil), Michael Tilson Thomas, atualmente maestro da Orquestra
Sinfónica de São Francisco (EUA) e Carl St. Clair, atualmente maestro da Orquestra
Nacional da Costa Rica e da Orquestra Pacific Symphony (EUA), que trabalhavam
regularmente com Leonard Bernstein e puderam trazer a público o método de ensino dele.
Marin Alsop descreve os momentos em que trabalhava com Bernstein como mágicos
e diz que sentia sempre que era a sua única aluna.

Foi quase uma experiência espiritual onde se perde consciência do que nos rodeia. E
cada segundo com ele parece uma hora. Lembro-me de cada pequena coisa que ele
me disse. Tu nunca sentias que ele te estava a ensinar, não era esse tipo de
experiência. Na verdade, ele estava a partilhar contigo a forma como se empolgava
com a música. (Simurda. 1991, p.3)
É claro, de acordo com o comentário de Marin Alsop, que Bernstein se assume como
um professor de mente aberta, cuja principal preocupação era levar a aluna numa viagem
espiritual, onde não havia uma sobreposição do aluno ao professor, eles os dois eram
apenas um.
Assim sendo, a sua pedagogia não tem o professor como protagonista do processo de
aprendizagem, mas sim a aluna, dando ênfase aos interesses subjetivos dela mais do que
ao interesse objetivo dos conteúdos de ensino. Há, também, referência a uma partilha de

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sentimentos da parte do professor para a aluna, que demonstra uma naturalidade e


espontaneidade da parte de Bernstein, qualidades essas que valorizava nos seus alunos.
Por fim, é importante perceber que a aluna nãos e sentia a ser ensinada, mas sentia que
estava a aprender, isto mostra que o professor não estava a lecionar com o objetivo de
ensinar a aluna, o seu principal foco era a aprendizagem da aluna.
Este método de ensino é apelidado de Educação Funcional por Claparède quando
estabelece os pilares da Pedagogia do Interesse, assumindo, tal como Bernstein, a
aprendizagem como aspeto principal.

Esta aprendizagem começa quando a criança [neste caso a aluna] percebe, à sua
volta, factos ou saberes que satisfazem as suas necessidades espontâneas:
curiosidade, instinto de conhecer, de fazer ou de resolver problemas, etc.; como
reação subjetiva suscita-se na criança um interesse espontâneo em relação a tais
conteúdos, que, em consequência, são assimilados por ela de um modo natural, com
o consequente sentimento de prazer. (Claparède, citado por Cabanas, 2002, pp. 83-
84).
O segundo aluno a tecer comentário sobre Leonard Bernstein, Michael Tilson Thomas,
elogia a «extraordinária paciência e generosidade» (Ledbetter. 1988, p.94) de Bernstein
e acrescenta que ele fazia constantemente perguntas aos alunos para que eles ficassem a
pensar por algum tempo e respondessem assim que estivessem preparados para responder.
Sentia que Bernstein dava imensa importância aos processos de pensamento dos alunos e
fazia-os sentir que o pensamento e a forma como ele tinha de ser construído, era mais
importante do que a prática da direção.
Mais uma vez está patente a Pedagogia do Interesse no método de ensino do maestro
Bernstein. Na sua preocupação com os pensamentos dos alunos demonstra que lhe é mais
importante a forma como o aluno pensa sobre as matérias do que a técnica que o aluno
possa ter, ou seja, o conhecimento interior do aluno sobre a matéria é-lhe mais importante
do que o conhecimento sobre a técnica que deve ter para dominar essa matéria.
Na sua teoria acerca da Educação Funcional, Claparède afirma que a escola, ou neste
caso será o professor uma vez que as aulas eram individuais e privadas, tem de agarrar
uma «conceção funcional da educação e do ensino» (citado por Cabanas, 2002, p. 83) e
que essa conceção deve consistir em «considerar a própria educação como uma adaptação
progressiva dos processos mentais e ações determinadas por certos desejos» (citado por
Cabanas, 2002, p. 83). Deste modo, Bernstein apresenta-se como um professor
determinado em perceber esses processos mentais, nomeadamente os pensamentos e a
forma como o aluno atinge o objetivo final, de modo a que o aluno busque o conhecimento

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por si próprio. As questões que, propositadamente, lhe colocava, serviam como mediação
para o aluno atingir o seu fim, que era a compreensão dos conteúdos.
Por último, o terceiro aluno, Carl St. Clair, faz referência a muitas outras características
da pedagogia de Bernstein nomeadamente no que diz respeito à energia de que ele fazia
uso no momento em que trabalhava com os seus alunos.

Ele tira energia de todas as pessoas em que ele toca. Ele precisa dessa energia das
pessoas, mas dá em troca o seu amor e inspiração. O que quer que ele tire de ti, tu
voltas com interesse. E é por isso que eu sempre senti que precisava de ser tão aberto
quanto podia enquanto estava ao seu redor, para que eu pudesse obter o máximo que
pudesse dele. (Ledbetter. 1988, p.106)
Outras particularidades são também elogiadas por este maestro, nomeadamente a
capacidade de responder às questões juntamente com os alunos. Bernstein não dava a
resposta aos alunos, fazia com que eles se envolvessem numa pesquisa conjunta com ele,
com o objetivo de descobrir a resposta. Por exemplo, no que diz respeito a questões sobre
uma determinada partitura, Bernstein abria a partitura, chamava o aluno e esmiuçavam-
na juntos até o aluno encontrar, por si só, a resposta.
O primeiro aspeto a considerar é o uso da energia, que é uma prática pouco comum no
mundo da música nos dias de hoje. Os alunos são tecnicistas, preocupam-se demasiado
com não errar nenhuma nota e esquecem-se de que a música vive de energia, de intenção.
Bernstein certamente sabia o que fazia quando transmitia a sua importância com o uso da
energia a este seu aluno. Podemos imaginar que Carl. St. Clair era um aluno mais
introvertido, com pouca capacidade de expressar a música que já existia dentro de ele.
Por este motivo, Bernstein, como catalisador para o aluno se sentir mais à vontade, fá-lo
ver e sentir que a energia está em qualquer lado, em qualquer pessoa e que essa energia é
tudo o que ele necessita para ser mais extrovertido, mais natural e, por consequente, um
maestro mais musical.
É impossível não perceber que Bernstein nunca dava a resposta imediata a uma
pergunta, assim como também não respondeu diretamente a este aluno com estratégias
que o levassem a desinibir-se. Mais uma vez ele mostra-lhe o caminho, ele transforma-se
em algo que quer que o aluno acate para si mesmo, suscitando, deste modo, o interesse
nele para descobrir por si só a importância que tem de acatar aquela postura.
St. Clair também diz que Leonard Bernstein era muito permissivo no que diz respeito
aos gestos da direção. Contudo, ele tinha uma pedagogia própria que queria que os alunos
considerassem que consistia em deixar os gestos surgirem através da música e não apenas

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dirigir segundo o que dizem os livros de técnica. St. Clair acredita que o seu propósito era
«levar as pessoas a conhecer-se a elas próprias e deixar a música surgir através delas em
vez de impor algo de fora» (Ledbetter. 1988, p.108).
Em suma e com base nestas observações de alguns dos alunos de direção mais
próximos de Leonard Bernstein, pode assumir-se que o seu modelo de ensino consiste
numa aprendizagem centrada no aluno. Ele deixava cada um dos seus alunos aprender ao
seu próprio ritmo e dava-lhes liberdade para interpretar as matérias à sua maneira, com
base nas experiências que já tinham.
Visto de uma perspetiva geral, são três opiniões aparentemente distintas. Isto, pois,
como um professor cujo foco principal é o aluno e não ele próprio, cada aluno era único
e especial para ele. Não tinha uma metodologia igual para todos os alunos, não lecionava
da mesma forma estes três alunos, mas adequava a sua forma de ensinar com base no
aluno a quem estava a dar uma aula.
Por outro lado, a sua pedagogia era transversal num aspeto importantíssimo: não havia
uma preocupação pelo ensino das matérias, havia. Sim, pela aprendizagem de cada aluno.
Para isso, o maestro Bernstein criava diferentes metodologias, procurava conhecer o
interior do aluno, aquilo que ele já conhecia ou que lhe era familiar/natural para, através
disso, lhe transmitir as matérias que desejava.
Pode afirmar-se, com base nos comentários destes alunos e nas reflexões de Ledbetter
que a Pedagogia do Interesse, embora ainda hoje sendo posta um pouco de parte, era
realmente funcional com aqueles alunos, que hoje têm carreiras grandiosas no mundo da
direção de orquestra e que são reconhecidos pelas suas pedagogias e métodos de trabalho
subtis, diferentes dos demais e imensamente mais funcionais, isto porque, sem se
aperceberem ao princípio, os métodos de Leonard Bernstein estão intrinsecamente
ligados com os seus próprios métodos.

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Conclusão

Com a realização deste trabalho, concluo que na área do ensino, é importante ser
versátil e atender às dificuldades ou facilidades de cada um dos alunos. Consegui observar
mais aprofundadamente o método de ensino da Direção de um dos maestros de maior
renome mundial, Leonard Bernstein, e perceber que na sua pedagogia estão patentes
diversas ideias do ensino, o que fazia dele não um mentor tradicional para o aluno mas
sim uma pessoa que lhe dava os materiais, que o fazia aproximar das matérias e que se
dedicava a orientar o aluno para atingir os seus objetivos de ensino.
Foi interessante ver como Leonard Bernstein se reduziu ao seu papel de auxiliador e
não se deixava levar pelo típico cargo de professor, que colocava todo o seu foco
pedagógico no aluno e que se interessava pela compreensão dos pensamentos, das
sensações e do espírito crítico de cada um dos seus alunos muito mais do que ensinar os
conteúdos.
Fiquei a saber que Bernstein era muito paciente, esperava que os resultados dos seus
alunos chegassem da própria experiência deles aquando da aprendizagem das matérias;
Bernstein não tinha problemas em esperar semanas ou meses para que os seus alunos
atingissem os objetivos, pois para ele o importante era que conseguissem atingi-los por si
mesmos, baseando-se apenas nas oportunidades e nos encaminhamentos que lhe dava,
enquanto se mantinha um pouco à margem, observando a forma como os seus alunos
evoluíam e estavam cada vez mais perto do seu objetivo final.
Concluo que a Pedagogia do Interesse é, portanto, bastante evidente no método de
ensino da direção do maestro Leonard Bernstein, assim como um modelo de
aprendizagem focado no aluno e, tendo por base o sucesso profissional de todos os alunos
do maestro Bernstein, atrevo-me a concluir que é um método bastante eficaz no ensino
da direção, pois esta é uma área da música onde se tem mesmo de ter uma identidade
musical própria e isso não se consegue imitando o professor, assim como o professor não
deveria lecionar fazendo com que o aluno aprenda exatamente a ser como ele. A meu ver
esta é uma das graves lacunas do ensino da direção no mundo inteiro e, após a realização
deste trabalho, fico mais relaxado em saber que já no século passado havia um grande
maestro que a tentava combater.

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Referências

Ledbetter, S. (1988). Sennets & Tuckets (1a edição). Boston: David R. Godine Pub.
Simurda, S. J. (Julho, 1991). Maestro Lenny. Berkshire Magazine, pp.24-33.
Rozen, B. D. (1991a). Leonard Bernstein’s Educational Legacy. Music Educators
Journal, 78 (1), 43-46.
Rozen, B. D. (1991b). Reflections for teachers in all fields: Leonard Bernstein’s
Educational Legacy. Education Digest, 57 (4), 70-71.
Secrest, M. (1994). Leonard Bernstein: a life (1a edição). Nova Iorque: Vintage Books.
Cott, J. (1990). Leonard Bernstein: The Rolling Stone Interview. Rolling Stone, pp. 70-
93, 130.
Wikipedia (acedido em 18/12/2018). Leonard Bernstein. Recuperado de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Bernstein#Biografia.

Wikipedia (acedido em 19/12/2018). Orquestra Filarmónica de Los Angeles. Recuperado


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https://pt.wikipedia.org/wiki/Orquestra_Filarm%C3%B4nica_de_Los_Angeles#Diretores_musi
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Classical.org (acedido em 18/12/2018). Leonard Bernstein Praises Tea hing, The No lest
Profession in the World. The Holiday Experience. Retrieved from
https://bernstein.classical.org/features/leonard-bernstein-in-praise-of-teachers-the-noblest-
profession-young-peoples-concert-24/.

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