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1. INTRODUÇÃO
Figura 1 – Estrutura dos cinco hormônios clássicos de plantas (Kende & Zeevaart,
1997).
215
2. CONCEITOS DE HORMÔNIO E DE REGULADORES DE CRESCIMENTO
3. IDENTIFICAÇÃO DE HORMÔNIOS
a) Bioensaios
O bioensaio precisa ser escolhido de acordo com a substância que está sendo estudada.
Assim, se estivermos estudando giberelinas, precisamos utilizar um teste específico para
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giberelinas. Além disso, toda vez que um extrato vegetal é testado, deve-se montar uma
curva-padrão com doses conhecidas da substância padrão (por exemplo, ácido giberélico).
A figura 2 ilustra um bioensaio típico que relaciona a concentração de auxina (AIA -
ácido indol acético) com o crescimento de segmentos de caule de ervilha. Note que o
crescimento aumenta com o aumento da concentração de AIA, atingindo um ótimo.
Concentrações acima do ótimo resultam na redução da taxa de crescimento, ou seja, se a
concentração de auxina for muito alta pode ocorrer inibição do crescimento. Quando este teste
é usado para determinar a quantidade de auxinas em um extrato vegetal, deve-se trabalhar na
faixa em que a resposta é linear (observe no gráfico que o crescimento é linear quando as
concentrações estão na faixa de zero a 0,1 mg L-1 de AIA).
b) Análise Instrumental
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c) Imunoensaios
Outra técnica que tem ganhado considerável importância para a análise de hormônio é o
imunoensaio, incluindo Radioimunoensaio e o teste ELISA. Imunoensaios, disponíveis para
os quatro grupos de hormônios não gasosos (auxinas, giberelinas, citocininas e ácido
abscísico), empregam anticorpos (produzidos em animais, como ratos) que reagem com o
hormônio (antígeno). A quantificação pode ser feita pela diferença na radioatividade do
precipitado entre um controle e a amostra desconhecida (Radioimunoensaio). No caso do teste
ELISA, uma enzima, a fosfatase alcalina, é ligada ao anticorpo e, a reação da enzima é usada
para quantificar o imunoprecipitado (Consultar Davies, 1988).
218
a) A percepção do sinal
O Sinal a que nos referimos pode ser alguma mudança no ambiente (alteração na
umidade do solo, na temperatura do ar, na concentração de íons, respostas à luz, etc.) ou no
desenvolvimento da planta (germinação ou dormência, passagem do desenvolvimento
vegetativo para o reprodutivo, formação de sementes e frutos, senescência, queda de folhas,
amadurecimento de frutos, etc.). Estes sinais podem induzir a produção de hormônios.
A percepção do sinal envolve a reação do hormônio com o receptor. O hormônio de
planta pode difundir-se de célula para célula através do simplasto ou do apoplasto. Em cada
evento a célula destinada a responder ao hormônio, conhecida como célula alvo, deve ser
capaz de detectar a presença do hormônio, o que é feito através de receptores.
A detecção é acompanhada pela interação entre o hormônio e o receptor celular, o qual
é específico para o hormônio e característico da célula alvo. Estes receptores são
glicoproteínas que se ligam reversivelmente com o hormônio. A formação do complexo ativo
hormônio-receptor, completa o estágio de percepção do sinal.
Um exemplo:
• a raiz percebe a redução na umidade no solo (SINAL) produzindo o hormônio ácido
abscísico - ABA (mensageiro primário).
• ABA é translocado para as folhas, onde altera a concentração de mensageiros secundários
(Ca2+ e IP3) no citosol das células-guardas.
• Esses mensageiros secundários vão amplificar o sinal, através de três vias específicas, as
quais produzem o fechamento estomático (Resposta Final).
c) A Resposta Final
A resposta de cada célula para sinais identificados pelos hormônios, depende de dois
principais fatores: (1) seu programa de desenvolvimento, isto é, os tipos de genes que estão
sendo expressos no tempo de exposição ao sinal; (2) a concentração de outras moléculas de
sinalização (mensageiros secundários).
Dependendo da velocidade da resposta, as vias de transdução de sinal podem provocar
ou não alterações na expressão gênica. Em alguns casos, a resposta envolve alteração na
atividade de enzimas pré-existentes ou na abertura de canais de íons. Em outros casos, a
resposta envolve a ativação ou inibição de fatores de transcrição, os quais alteram a expressão
gênica.
Os resultados mais recentes sobre o modo de ação dos hormônios, inclusive para
respostas específicas, serão descritas posteriormente.
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PARTE II - INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE AS PRINCIPAIS CLASSES
DE HORMÔNIOS
1.1A Descoberta
20
Curvature (degrees)
15
10
0
0,1 0,2 0,3 0,4
IAA Concentration (mg L-1)
Figura 4 – Estudos realizados por Went, demonstrando a relação entre a curvatura do
coleóptilo e a concentração de AIA no lado sombreado (Hopkins, 1998).
220
mais relevante do ponto de vista fisiológico (Figura 5). Em face da estrutura relativamente
simples do AIA (IAA na figura), os laboratórios foram capazes de sintetizar várias moléculas
com atividade de auxina, as quais são conhecidas como auxinas sintéticas (Ácido Indol-3-
Propílico – AIP ou IPA; Ácido Naftaleno Acético – ANA ou NAA; Ácido 2,4
diclorofenoxiacético – 2,4 D, dentre outros).
A
Figura 5 – Estruturas de auxinas naturais (A) e de algumas auxinas sintéticas (B) (Taiz
& Zeiger, 1998).
Embora a estrutura das auxinas ativas sejam quimicamente diversas, uma comparação
destas em pH neutro revela que todas as estruturas possuem uma carga negativa forte no
grupo carboxílico (da cadeia de carbono) e uma carga positiva fraca na estrutura do anel.
Estas cargas são sempre separadas por uma distância de 0,5 nm, independente do tipo de
auxina (Figura 6). Esta separação de carga pode ser um requerimento estrutural essencial para
que a molécula tenha atividade de auxina.
221
Figura 6 – Formas dissociadas de auxinas naturais e sintéticas, mostrando a separação
de cargas nas moléculas (Taiz & Zeiger, 1998).
222
qual sofre descaboxilação, produzindo o Indol-3-Acetaldeído. Este é finalmente oxidado por
uma desidrogenase específica, produzindo o AIA (Figura 7).
223
Embora o AIA na forma livre seja a forma biologicamente ativa do hormônio, a maioria
de auxinas em plantas é encontrada na forma conjugada, em um estado covalentemente
ligada. Estas auxinas conjugadas têm sido identificadas em todas as plantas superiores e são
geralmente inativas. O AIA forma conjugados com compostos de baixa massa molecular
(glicose, mio-inositol e amidas) e de alta massa molecular (glicoproteínas).
Como já comentamos anteriormente, a maior concentração de auxinas livre nas plantas
é encontrada nos meristemas apicais da parte aérea, folhas jovens e frutos em
desenvolvimento, visto que eles são os sítios primários da síntese de auxinas. No entanto,
como a auxina é amplamente distribuída na planta, o metabolismo do AIA conjugado pode
contribuir na regulação dos níveis de auxina livre. Por exemplo, durante a germinação de
sementes de milho, o conjugado AIA-mio-inositol é translocado do endosperma para o
coleóptilo, via floema, e, parte do AIA livre produzido no coleóptilo pode derivar da hidrólise
desse AIA conjugado.
Como a biossíntese, a degradação enzimática de AIA parece envolver mais de uma via.
Uma dessas vias pode envolver a oxidação do AIA por enzimas peroxidases, produzindo o 3-
metilenooxidol, via descarboxilação. No entanto, um processo de oxidação, sem que ocorra
descaboxilação, parece ser a principal via de degradação do AIA, a qual produz o Ácido
Oxidol-3-Acético. Assim, o “pool” de AIA no citosol é metabolisado, tanto via conjugação
como pelo catabolismo puramente oxidativo (sem descarboxilação). O “pool” de AIA nos
cloroplastos é protegido desses processos, sendo regulado pela quantidade de AIA no citosol,
com o qual ele está em equilíbrio.
Há mais de 50 anos foi descoberto que, em seções de coleóptilos isolados, o AIA move-
se preferencialmente do ápice para a base (basipetalmente). Esse tipo de transporte tem sido
chamado de TRANSPORTE POLAR BASÍPETO. A auxina é o único fitohormônio que é
transportado desta forma. Visto que o ápice da parte aérea serve como a principal fonte de
auxina para a planta inteira, o transporte polar contribui para a formação de um gradiente
decrescente de auxina da parte aérea para as raízes. Esse gradiente longitudinal de auxina
parece controlar alguns processos na planta, incluindo o alongamento do caule, a dominância
apical, a cicatrização de ferimentos e a senescência de folhas.
A elucidação do mecanismo quimiosmótico para o transporte de solutos na década de
1960 (Mitchel), permitiu a criação de um modelo para explicar o transporte polar de auxinas
(Figura 8). A primeira etapa no transporte polar é o influxo da auxina (1). Esta absorção
pode ser passiva ou ativa. Essa dupla possibilidade depende fortemente do pH do apoplasto. A
forma não dissociada do AIA (AIAH), na qual o grupo carboxílico está protonado, é lipofílica
e difunde-se livremente através da bicamada lipídica. Visto que a H+-ATPase da membrana
plasmática mantém normalmente a solução na parede celular (apoplasto) com pH em torno de
5,0, cerca de metade das moléculas de AIA (que tem pKa = 4,75) no apoplasto poderá estar na
forma não dissociada e, portanto, poderá difundir-se passivamente para dentro da célula, a
favor do seu gradiente de concentração. O restante da auxina na forma dissociada (AIA-) é
absorvida ativamente, via um transporte ativo secundário (cotransporte), mediado por um
simporte AIA-1 /2 H+.
Uma vez que auxina entra no citosol, o qual tem um pH em torno de 7,2, quase todo o
AIA poderá estar na forma dissociada (AIA-1). Esse AIA dissociado deixa a célula, efluxo (2),
via um carreador que utiliza a diferença de potencial de membrana que é negativo dentro da
célula. Uma feição crucial desse modelo é que o efluxo de AIA-1 ocorre preferencialmente na
membrana basal de cada célula, onde o carreador de efluxo de AIA parece estar localizado.
224
De acordo com esse modelo, a repetição da absorção (influxo) de AIA na parte apical da
célula (1) e a preferencial saída (efluxo) na base de cada célula (2), garante a ocorrência do
transporte polar.
Figura 8 – Modelo quimiosmótico para o transporte polar de auxinas (Taiz & Zeiger,
1998).
Por outro lado, o AIA que é sintetizado nas folhas maduras parece ser transportado para
o resto da planta, via floema. Nesse transporte, a auxina pode mover-se em diferentes direções
e em velocidades muito maiores do que aquelas observadas no transporte polar. Algumas
evidências sugerem que o transporte de auxinas a longa distância via floema é importante para
controlar alguns processos, como a divisão nas células do câmbio vascular e a formação de
raízes laterais. Em algumas situações, o AIA na forma conjugada parece ser transportado via
floema, para as regiões de crescimento.
Do exposto acima, vê-se que o nível de AIA livre no citosol é determinado por alguns
processos interconectados (Figura 9). A soma total desses processos em um dado local na
planta determina a quantidade de AIA livre disponível para a célula.
225
Tryptophan-dependent Tryptophan-independent
biosynthesis biosynthesis
IAA Conjugation
Transport
Oxidation
Descarboxylation
Compartimentation
in chloroplast
Figura 9 – Fatores que influenciam os níveis de AIA livre (representada pelo ácido
indol acético - AIA ou IAA) em células de plantas (Taiz & Zeiger, 1998).
a)Alongamento celular
226
na célula produz um aumento no potencial de turgescência, que atua sobre a parede celular.
Quando o valor de Ψp supera a pressão limite (Y), a parede se distende e a célula cresce.
Alternativamente, alterações nos valores de m (extensibilidade da parede celular)
podem alterar os valores de Y. Células com paredes mais extensíveis crescem com maior
facilidade. Muitas evidências indicam que a auxina causa um aumento na extensibilidade da
parede (m), ou seja, na presença de auxina a parede celular se distende mais facilmente e,
consequentemente, a célula se expande.
A hipótese aceita para explicar o efeito da auxina no alongamento celular é conhecida
como HIPÓTESE DO CRESCIMENTO ÁCIDO. Esta hipótese estabelece que a auxina
causa um aumento no efluxo de H+, com conseqüente queda no pH do apoplasto. Isto ativa
inicialmente as expansinas (grupo de proteínas) que atuam quebrando a spontes de hidrogênio
das ligações cruzadas entre as microfibrilas de celulose e as hemiceluloses. Após, outras
enzimas são ativadas (hidrolases, pectinases, celulases e hemicelulases) que podem atuar
sobre os componentes da parede celular, provocando seu afrouxamento e aumentando sua
extensibilidade.
De acordo com essa hipótese, a auxina poderia aumentar a taxa de efluxo de H+ através
da membrana plasmática agindo sobre os seguintes processos: aumentando a atividade da H+-
ATPase ou aumentando a síntese da H+-ATPase. Evidências para ambos os mecanismos têm
sido obtidas (Figura 10).
É importante destacar que a acidificação da parede celular não é a única maneira pela
qual a auxina induz o alongamento de células de plantas. A auxina deve afetar outros
importantes processos relacionados ao crescimento celular, tais como, absorção e produção de
solutos osmóticos, além de controlar o crescimento e a manutenção da estrutura da parede
227
celular. A absorção de solutos, como já vimos, depende, em grande parte, da atividade da H+-
ATPase, a qual é induzida pela auxina. A auxina também aumenta a atividade de certas
enzimas envolvidas na biossíntese de polissacarídeos. Esses polissacarídeos podem ser
utilizados na síntese de novos materiais da parede celular, contribuindo para a continuação do
crescimento celular.
b) Tropismo e Nastismos
• Nictinásticos (do grego “nyctos” = noite + nastos = fechar) – São mais típicos de folhas
que apresentam uma posição diferente na noite, em relação àquela observada durante o
dia. Tipicamente, folhas e folíolos permanecem na posição horizontal, ou abertos, durante
o dia e assumem uma posição mais vertical, ou fechada, durante a noite. Este movimentos
nictnásticos dependem de mudanças reversíveis de turgescência nas células do pulvino.
Estes movimentos nictinásticos parecem estar sob o controle do fitocromo (veremos isto
na Unidade X)
228
fenômeno é conhecido como Sismonastia. Visto que respostas sismonásticas respondem
ao toque, elas são algumas vezes consideradas como respostas tigmonásticas (movimento
em respostas ao toque, que envolve mudança de turgescência de células). No entanto,
respostas sismonásticas respondem a uma variedade de estímulos incluindo, ventos,
ferimentos, chuvas, calor intenso, etc. A resposta final, ou seja, o movimento da folha,
envolve, também, mudanças na turgescência das células do pulvino.
229
TIGMOTROPISMO
Um tipo de tropismo é o Tigmotropismo, ou crescimento em resposta a um toque. O
tigmotropismo permite o crescimento de raízes em torno de rochas e é também responsável
pela habilidade da parte aérea de plantas trepadeiras para se desenvolver em torno de
estruturas de suporte.
FOTOTROPISMO
Fototropismo, ou crescimento em relação à luz, é expresso em toda a parte aérea e em
algumas raízes. Ele assegura que as folhas poderão ser supridas com a luz do sol e, portanto,
serão capazes de realizar a fotossíntese.
De acordo com o clássico modelo Cholodny – Went para o fototropismo, os ápices de
coleóptilos de gramíneas teriam três funções especializadas:
• Produção de AIA livre;
• Percepção do estímulo de luz unilateral. Uma Flavoproteína (FMN) parece ser o
fotossensor do fototropismo (ela percebe a luz azul) – fototropina;
• Transporte lateral de AIA em resposta ao estímulo fototrópico.
Assim, em resposta ao estímulo direcional da luz, a auxina produzida no ápice, ao invés de ser
transportada basipetalmente (do ápice para a base), é transportada lateralmente para o lado
sombreado. Uma vez que a auxina alcança o lado sombreado, ela é transportada
basipetalmente para a zona de alongamento, onde ela estimula o crescimento da célula. A
aceleração do crescimento no lado sombreado e a diminuição do crescimento no lado
iluminado (Figura 12), conhecido como crescimento diferencial, produz a curvatura em
direção à luz (ver Figura 4).
Figura 12 – O crescimento dos lados sombreado (shaded side) e iluminado (irradiated side) de
coleóptilos (Taiz & Zeiger, 1998).
230
GRAVITROPISMO
Gravitropismo, crescimento em reposta à gravidade, capacita a raiz para crescer para
dentro do solo e a parte aérea para crescer para cima, contra a ação da gravidade, sendo isto
especialmente crítico durante os estádios iniciais de germinação e de desenvolvimento da
plântula. Este alinhamento da planta é conhecido como Ortogravitrópico. A raiz primária que
cresce para o centro da terra, exibe Gravitropismo Positivo. A parte aérea que cresce para
cima, contra a ação da gravidade, exibe Gravitropismo Negativo. Alguns órgãos, tais como
estolões, rizomas e alguns ramos laterais, os quais crescem formando um ângulo reto em
relação à força da gravidade, são denominados de Diagravitrópicos. Órgãos orientados em
ângulos intermediários (0 a 90o) em relação à força da gravidade são denominados
Plagiogravitrópicos. Ramos e raízes laterais são geralmente Plagiogravitrópicos (Figura 13).
(negative orthogravitropic)
(plagiogravitropic)
(diagravitropic)
231
celulares ricos em amido), que nesse caso são conhecidos como Estatólitos. Esses grandes
amiloplastos (estatólitos) são localizados nos estatócitos, no cilindro central ou na coifa da
raiz.
Em uma raiz colocada na posição horizontal, os estatolitos sedimentam, por ação da
gravidade, no lado inferior das células da coifa e dirigem o transporte polar de auxina para o
lado inferior da coifa (Figura 14). A maioria da auxina na coifa é então transportada
basipetalmente (do ápice da raiz para a base) no lado inferior da raiz. A alta concentração de
auxinas no lado inferior da raiz inibe o crescimento neste lado, enquanto o decréscimo na
concentração de auxina no lado superior estimula o crescimento neste lado. Como resultado
desse crescimento diferencial, a raiz curva para baixo.
c) Dominância apical
232
dominância apical foi acompanhada de aumento na concentração de auxinas nas gemas
laterais. Este resultado indica que a dominância apical não seria um efeito direto da auxina na
inibição do crescimento da gema lateral.
Alguns resultados mostram que outros hormônios parecem estar envolvidos com a
dominância apical. Por exemplo, boa correlação entre o nível de citocininas e o crescimento
de gemas laterais tem sido verificada. A retirada do ápice aumenta o acúmulo de citocininas
na gema axilar e aplicação de auxinas na região apical decapitada, reduz esse acúmulo.
Assim, a auxina parece tornar o ápice da parte aérea um forte dreno para a citocinina
proveniente das raízes, e isto poderia ser um fator envolvido na dominância apical. Além
disso, remoção do ápice provoca redução nos níveis de ácido abscísico – ABA (um inibidor
do crescimento da parte aérea) nas gema laterais. Assim, altos níveis de AIA na região apical
da parte aérea podem atuar mantendo altos níveis de ABA nas gemas laterais, inibindo o
crescimento de tais gemas e favorecendo a dominância apical.
Embora o alongamento da raiz seja inibido por concentrações de auxinas maiores que
10-8 M, a iniciação de raízes laterais e adventícias é estimulada por altos níveis de auxinas.
Com base em alguns estudos, os pesquisadores acreditam que o AIA é requerido para, pelo
menos, duas etapas na formação de raízes laterais:
AIA transportado no floema é requerido para iniciar a divisão celular nas células do
câmbio vascular;
Além disso, o AIA é requerido para promover a divisão celular e a manutenção da
viabilidade celular nas raízes laterais em desenvolvimento.
Do ponto de vista prático, soluções de auxinas podem ser utilizadas para induzir a
formação de raízes adventícias em pedaços de caules e de folhas. Como veremos quando
estudarmos as CITOCININAS, a formação de raízes e de parte aérea em cultura de tecidos
depende da relação auxinas/citocininas.
e)Abscisão foliar
f) Desenvolvimento de frutos
233
sementes em desenvolvimento. Acredita-se que o estímulo inicial para o desenvolvimento do
fruto resulta da polinização. Havendo sucesso na polinização, inicia-se o crescimento do
óvulo, um processo conhecido como Estabelecimento do Fruto. Após a fertilização, o
crescimento do fruto pode depender da auxina produzida nas sementes em desenvolvimento.
Em algumas espécies, frutos sem sementes podem ser produzidos naturalmente ou
pode-se induzir a produção desses frutos nessas espécies pelo tratamento de flores não
polinizadas com auxinas. Esta produção de frutos sem sementes é conhecida como
Partenocarpia. A Auxina parece induzir primariamente o estabelecimento do fruto. O
desenvolvimento do fruto parece envolver, também, outros hormônios. Por exemplo, o etileno
pode influenciar o desenvolvimento de muitos frutos e, alguns efeitos da auxina na
frutificação podem ser mediados pela promoção da síntese de etileno.
As auxinas também participam na regulação do desenvolvimento de gemas florais e,
juntamente com as citocininas, induzem a diferenciação vascular.
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ESTUDO DIRIGIDO No 08
1 – Cite as cinco principais classes de hormônios vegetais. Comente sobre suas estruturas
químicas.
6 – Quais o requerimento estrutural essencial para que um composto tenha atividade auxínica
(segundo as pesquisas atuais)?
9 – O que você entende por tropismo e nastismo? Cite os principais tipos de respostas trópicas
e násticas.
235
2. GIBERELINAS: REGULADORES DA ALTURA DAS PLANTAS
2.1 A Descoberta
As giberelinas (GAs) são amplamente distribuídas no reino vegetal. Elas estão presentes
em toda a planta, podendo ser detectadas em folhas, caules, sementes, embriões e pólens.
As giberelinas constituem uma grande família de ácidos diterpênicos e são sintetizadas
por um ramo da via dos terpenóides. Um terpenóide é um composto feito pela junção de
unidades de 5 carbonos, o isopreno:
H3C
C CH CH2
H2C
Giberelinas são diterpenóides tetracíclicos formados por quatro unidades isoprenóides. A
unidade biológica ativa de isopreno é o Isopentenil Difosfato (IPP). O IPP utilizado para a
biossíntese de terpenóides é formado através de duas vias distintas: uma via dependente do
Ácido Mevalônico, que ocorre no citosol e está envolvida primariamente na biossíntese de
236
esteróis; a outra via que é independente do ácido mevalônico, é localizada nos plastídios e
leva à síntese de carotenóides e compostos relacionados. No plastídio, o IPP é sintetizado a
partir de piruvato e de 3-fosfoglicerato e não do ácido mevalônico. Visto que as etapas iniciais
da biossíntese de GAs ocorrem nos proplastídios, o IPP usado na sua biossíntese pode ser
derivado da via independente do ácido mevalônico.
Independente da origem do IPP, as próximas etapas são comuns às vias citosólica e
plastídial da biossíntese de terpenos: as unidades de isopreno (IPP) são adicionadas
sucessivamente para produzir Geranil-Difosfato (10 átomos de carbono), Farnesil-Difosfato
(15 átomos de carbono) e Geranil-Geranil-Difosfato (20 átomos de carbono).
A biossíntese de GAs ocorre a partir do composto de 20 átomos de carbono (geranil-
geranil-difosfato) em uma via com três estágios diferentes, cada um deles residindo em um
diferente compartimento celular (Figura 15):
237
hidroxilase). Finalmente, a β hidroxilação do carbono 2, inativa a GA1, produzindo a GA8.
Esta hidroxilação pode ocorrer diretamente na GA20, produzindo a GA29.
238
Inibidores desse terceiro estágio interferem com as enzimas que utilizam o α-
cetoglutarato como co-substrato. Um desse inibidores, o composto pró-hexadiona (BX –112)
é especialmente útil, pois inibe especificamente a 3β-hidroxilase, a enzima que converte a
forma inativa, GA20, para a forma ativa, GA1.
Diversas observações têm confirmado que, dentre as muitas giberelinas (cerca de 125),
a GA1 é a forma ativa que controla o crescimento do caule. No entanto, há possibilidade que
outras poucas GAs tenham também participações nesse controle. Por exemplo, a GA3, a qual
difere da GA1 somente por ter uma dupla ligação, é relativamente rara nas plantas, porém,
parece ser capaz de substituir a GA1 em muitos bioensaios. Outras giberelinas, como a GA4,
têm mostrado atividade em Arabidopsis e Curcubitáceae, por exemplo.
Figura 16 – Crescimento da parte aérea de plantas de espinafre mantidas em dias curtos (SD),
em dias curtos e tratadas com GA3 (SD + GA3) e em dias longos (LD) (Taiz &
Zeiger, 1998).
239
Trabalhos com plantas de ervilha indicam que as GAs ocorrem primariamente nas
folhas jovens, gemas ativas e entrenós da parte aérea da planta. Estes sítios parecem ser,
também, os locais de síntese da GAs. Na realidade, as GAs sintetizadas na parte aérea podem
ser transportadas para o resto da planta, via floema. De fato, as etapas iniciais da biossíntese
de GAs podem ocorrer em um tecido e a conversão para a forma ativa, em outro. Cloroplastos
maduros, por exemplo, não podem realizar as reações do estágio 1 da biossíntese de GAs.
Assim, células do mesofilo de folhas maduras (que contêm cloroplastos maduros) são também
incapazes de realizar as reações do estágio 1, embora elas sejam capazes de realizar as reações
do estágio 3. Estas diferenças sugerem que intermediários da biossíntese de GAs podem ser
transportados dos tecidos meristemáticos da parte aérea para as folhas verdes, onde são
convertidas para formas ativas de GAs. As giberelinas têm sido identificadas, também, em
exsudatos do xilema e extratos de raízes, sugerindo que as raízes podem, também, sintetizar
GAs. No entanto, evidências conclusivas para a síntese de GAs pela raízes ainda estão
faltando.
Muitas sementes e frutos em desenvolvimento mostram, também, altos níveis de
giberelinas. Na realidade, o nível de giberelinas ativas decresce para valores próximos de zero
nas sementes maduras. Por outro lado, estas sementes maduras contêm GA12-aldeído,
precursora de todas as GAs, a qual pode ser convertida para as formas ativas de GAs, durante
os estágios iniciais de germinação.
Uma variedade de glicosídeos de giberelinas é formada pela ligação covalente entre a
GA e um monossacarídeo. Estas GAs conjugadas ocorrem particularmente em algumas
sementes. O açúcar é usualmente a glucose que pode se ligar a giberelina via o grupo
carboxílico (formando um éster) ou via um grupo hidroxila (formando um éter de glucosil).
De fato, quando GAs são aplicadas às plantas, uma certa proporção torna-se glicosilada
(conjugada). A conjugação pode, todavia, representar outra forma de inativação das
giberelinas. Por outro lado, Glicosídeos de giberelinas aplicados às plantas podem ser
metabolizados para formar GAs livres. Neste caso, os conjugados constituem uma fonte de
estoque de GAs.
Os vários fatores que regulam o nível de giberelinas ativas na planta são sumariados na
figura abaixo (Figura 17).
A síntese da giberelina ativa, GA1, é promovida por fatores ambientais, tais como frio e dias
longos, e ela pode inibir a sua própria síntese via feedback (Figura 16). O nível de GA ativa
240
pode ser reduzido pelo catabolismo (inativação) ou pela conjugação com açúcares. Em alguns
casos, a GA ativa pode ser gerada pela liberação a partir da forma conjugada. Finalmente, o
transporte de GAs (ou precursores de GAs) para o tecido (ou desde o tecido), pode também
afetar o nível da giberelina ativa, GA1.
As GAs podem substituir dias longos ou frio, que são fatores requeridos por muitas
plantas, especialmente as de hábito de crescimento em roseta, para a promoção do
florescimento. Assim, as GAs podem substituir os estímulos ambientais para o florescimento
em algumas espécies.
As flores de angiospermas consistem, usualmente, de quatro partes (verticílos): sépalas,
pétalas, estames e pistilo. Quando as partes feminina (pistilo) e masculina (estame) são
encontradas na mesma flor, ela é denominada hermafrodita ou perfeita. Certas espécies, no
entanto, produzem flores unissexuais ou imperfeitas. O processo no qual as flores unissexuais
são formadas é denominado de “determinação do sexo”. Em plantas monóicas, tais como
pepino e milho, flores macho e fêmea são encontradas na mesma planta. Já nas plantas
dióicas, como espinafre e Cannabis sativa, estas flores estão em indivíduos separados.
O processo de determinação do sexo é geneticamente regulado, porém pode sofrer
influência de fatores ambientais, tais como fotoperíodo, temperatura e estado nutricional e,
estes efeitos ambientais podem ser mediados pelas GAs. Em milho, por exemplo, flores
masculinas são restritas ao pendão e as femininas às espigas. No entanto, exposição destas
plantas a dias curtos ou frio durante a noite aumenta o nível de GA endógena e,
simultaneamente, isto causa a feminilização das folhas do pendão. Essa formação de flores
unissexuais depende do aborto de uma das partes no estádio inicial de desenvolvimento.
Assim, o papel primário da GA na determinação do sexo em milho, parece ser a supressão do
desenvolvimento do estame. No entanto, as giberelinas parecem interagir com outros
hormônios (por exemplo, o etileno), na regulação da determinação do sexo.
b) Crescimento do caule
241
Figura 18 – Efeito da aplicação de giberelinas sobre o crescimento do milho normal e de
um mutante anão (Taiz & Zeiger, 1998).
Muitas plantas perenes não florescem até que elas alcancem um certo estádio de
maturidade. Os estádios juvenil e maduro destas plantas possuem, freqüentemente, diferentes
formas de folhas. Aplicação de GAs parece regular a mudança de juvenil para adulto e vice-
242
versa, dependendo da espécie. Em algumas coníferas, aplicação de uma mistura de GA4 +
GA7 promove a passagem do estádio juvenil para o maduro. Em Hedera helix, aplicação de
GA3 promove a passagem do estádio maduro para o juvenil.
d) Estabelecimento do fruto
e) Germinação de sementes
243
crescimento radicular. Essas alterações levam à modificação da relação raiz/parte aérea
em favor do crescimento das raízes.
Os retardantes de crescimento têm aplicações bastantes práticas em termos
agronômicos, bem como no melhoramento genético, podendo, por exemplo, ser utilizados na
redução do acamamento de plantas, na redução do crescimento de árvores, na tolerância a
estresses ambientais e na indução do florescimento.
Diversos retardantes de crescimento que têm sido utilizados comercialmente atuam
inibindo, de algum modo, a síntese de giberelinas (Ancimidol, Paclobutrazol, fosfon D, etc.).
O paclobutrazol bem como os demais triazóis interagem com o citocromo P - 450. A
interação faz com que essas proteínas transportadoras de elétrons, que catalisa diversas
reações oxidativas do metabolismo vegetal, seja inativada, interrompendo diversas rotas
metabólicas, especialmente o metabolismo dos terpenóides (como as giberelinas). O
paclobutrazol bloqueia, especificamente, as reações de oxidação entre o ent-caureno e o ácido
ent-caurenóico (ver Figura 15, estágio 2 da biossíntese de giberelinas).
A aplicação do paclobutrazol reduz drasticamente o alongamento do caule e a
pulverização com GA3 reverte tal efeito (Figura 19) De acordo com dados técnicos da ICI
(Imperial Chemical Industries), o paclobutrazol pode ser aplicado em injeções no tronco de
árvores e arbustos, diretamente no solo ou por meio de pulverizações diretas nas folhas. Esta
última forma permite que o paclobutrazol atinja diretamente os meristemas apicais e entrenós,
reduzindo o crescimento da planta. Quando aplicado no solo, o paclobutrazol é absorvido
pelas raízes e, via corrente xilemática, é transportado para a parte aérea das plantas.
Sem GA3
50,0 Com GA3
Crescimento Total (cm)
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,00 0,10 0,25 0,50 1,00
Paclobutrazol (ug/vaso)
244
2.4 Mecanismo de Ação
Certos grãos (os conhecidos cariopses de cereais, como milho, trigo, cevada, sorgo,
etc.), podem ser divididos em três partes: o tegumento, o embrião diplóide e o endosperma
triplóide. O embrião se associa a um órgão especializado para a absorção, o Escutelo. Já o
endosperma amiláceo é tipicamente não vivo na maturidade e consiste de células ricas em
grânulos de amido. Este tecido é circundado pela Camada de Aleurona, uma camada de
células citológica e bioquimicamente distintas das células do endosperma. Esta camada de
células vivas contém corpos protéicos e oleossomos.
Durante a germinação e o estágio inicial de crescimento da plântula, amido e proteínas
são degradados por uma série de enzimas hidrolíticas, produzindo açúcares solúveis,
aminoácidos e outros produtos, os quais são transportados para o eixo embrionário em
crescimento (Figura 20). Uma das principais enzimas responsáveis pela degradação do amido
é a α-amilase. A camada de aleurona é o principal sítio de síntese desta enzima hidrolítica.
Estudos realizados na década de 1960 mostraram que a secreção de enzimas hidrolíticas
pela camada de aleurona, dependia da presença do embrião. O embrião produzia uma
substância difusível que estimulava a produção de α-amilase na camada de aleurona.
Posteriormente foi descoberto que a GA3 poderia substituir o embrião no estímulo da
degradação de amido. Estes e outros estudos levaram à conclusão que a substância produzida
pelo embrião que estimulava a função digestiva da camada de aleurona, seria a giberelina
(Figura 20).
245
Figura 20 – A estrutura da semente de cevada e as funções dos vários tecidos durante a
germinação (Taiz & Zeiger, 1998).: (1) As giberelinas são sintetizadas no embrião e
transportadas para o endosperma; (2) No endosperma as giberelinas se difundem para a
camada de aleurona; (3) A camada de aleurona é induzida para sintetizar e secretar α-
amilase e outras enzimas hidrolíticas; (4) Amido e outros compostos são degradados
para substâncias solúveis de baixa massa molecular (açúcares, aminoácidos, etc.); (5)
Finalmente, estas substâncias solúveis são transportadas para o eixo embrionário em
crescimento
246
Figura 21 – Mecanismo de ação das giberelinas na produção e secreção da enzima α-
amilase, durante o processo de germinação. Observe a numeração na figura e compare com o
que está escrito no texto (Taiz & Zeiger, 1998).
247
ESTUDO DIRIGIDO No 09
6 – O que são substâncias retardantes de crescimento? O que elas podem causar na planta?
• Determinação do sexo
• Crescimento do caule e de raízes
• Germinação de sementes
248
3. CITOCININAS: REGULADORES DA DIVISÃO CELULAR
249
A cinetina não é um hormônio de plantas de ocorrência natural e, também, não é
constituinte da molécula de DNA. No entanto, alguns anos após a descoberta da cinetina,
pesquisadores demonstraram que extrato de endosperma imaturo de milho continha uma
substância que causava os mesmos efeitos biológicos da cinetina. Esta molécula foi
identificada como 6-(4-hidroxi-3metilbut-2-enilamino) purina, e recebeu o nome de Zeatina.
A estrutura molecular da zeatina é similar à da cinetina (Figura 21). Ambas são
derivadas da adenina (aminopurina). No entanto, elas possuem diferentes cadeias laterais que
se encontram ligadas ao nitrogênio 6 da adenina. Devido a cadeia lateral da zeatina ter uma
dupla ligação, ela pode existir nas configurações cis e trans. A zeatina natural, que ocorre nas
plantas superiores, é a que apresenta configuração trans, embora as duas formas possuam
atividade biológica. A atividade de uma isomerase tem sido demonstrada em tecidos de
plantas, de modo que a cis-zeatina, quando aplicada a tecidos, pode ser convertida para a
forma trans.
Outras citocininas de ocorrência natural são a Dihidrozeatina e a Isopentenil Adenina.
As citocinas naturais (zeatina, dihidrozeatina e isopentenil adenina) podem ser encontradas na
forma livre, como ribosídeo (uma molécula de ribose ligada ao nitrogênio 9 da adenina),
como ribotídeo (a ribose ligada ao N-9 é esterificada com ácido fosfórico) ou como glicosídeo
(uma molécula de glicose é ligada ao N-7 ou N-9 da adenina ou ainda, ao oxigênio da zeatina
ou dihidrozeatina).
As citocininas são definidas como compostos que possuem atividades similares àquelas
da trans-zeatina. Estas atividades incluem:
• Induzir a divisão celular em callus, na presença de auxinas;
• Promover a formação de parte aérea ou raízes em cultura de tecidos, quando
aplicada em proporção adequada com auxinas;
• Retardar a senescência de folhas;
• Promover a expansão de cotilédones em dicotiledôneas;
250
3.2 Ocorrência, Metabolismo e Transporte
H3C
C CH CH2
H2C
251
Os meristemas apicais das raízes são os principais sítios de síntese de citocininas livres
na planta. As citocininas sintetizadas nas raízes parecem que são transportadas para a parte
aérea via xilema. Algumas evidências confirmam este tipo de transporte:
Quando a parte aérea é cortada próximo à superfície do solo, a seiva do xilema pode
continuar fluindo na região do corte. Este exsudato do xilema contém citocininas;
Se o solo é mantido úmido, o fluxo do xilema na região cortada pode continuar por
alguns dias. Alguns resultados mostram que, mesmo nesse caso, o conteúdo de
citocininas no exsudato não diminui, indicando que a mesma está sendo sintetizada
nas raízes;
Além disso, alguns fatores ambientais que afetam o funcionamento das raízes, como
estresse hídrico e salino, reduzem o conteúdo de citocininas no exsudato do xilema.
252
A figura 26 mostra os diversos fatores que controlam os níveis de citocinas na forma
ativa. Lembre-se que as formas ativas das citocininas naturais são: trans-zeatina,
dihidrozeatina e isopentenil adenina.
BIOSSÍNTESE
IPT
CATABOLISMO
A seguir serão descritos alguns papéis fisiológicos atribuídos, pelo menos em parte, às
citocininas:
253
a) A relação auxina/citocinina regula a morfogênese em cultura de tecidos
254
Figura 28 – Galhas produzidas sobre o caule de plantas de Bryophyllum. O tumor é
conseqüência da infecção com Agrobacterium tumefasciens. As células da
planta hospedeira foram geneticamente modificadas, isto é, os gens que
causam a superprodução de auxinas e citocininas foram incorporados no
genoma da célula hospedeira (Hopkins, 2000).
255
c) Quebra da dominância apical e indução do crescimento de gemas (ver auxinas e ABA)
A B
Apesar desses estudos bastante esclarecedores, relacionados aos papéis das auxinas (ver
auxinas) e das citocininas no controle da dominância apical, outros estudos ainda são
necessários. Acredita-se que outros sinais, promotores ou inibidores, podem estar envolvidos
no desenvolvimento das gemas laterais e, portanto, no controle da dominância apical.
256
folhas. Este processo de envelhecimento programado que leva à morte recebe o nome de
senescência. Este processo parece estar sob o controle das citocininas.
O tratamento de folhas isoladas de muitas espécies com citocininas retarda o processo
de senescência. Este efeito pode ser marcante, particularmente quando a citocinina é aplicada
diretamente sobre a planta intacta. Os efeitos podem também ser localizado dentro de uma
mesma folha, se a aplicação for feita de forma localizada (aplicando-se citocinina apenas em
uma das metades da folha, observa-se o retardamento da senescência somente na região
tratada).
Embora evidências sugiram que folhas jovens podem produzir citocininas, as folhas
maduras não podem. As folhas maduras dependem da citocinina proveniente das raízes, via
xilema. A produção de citocininas nas raízes e o seu transporte para a parte aérea podem ser
influenciados por fatores ambientais e pelo próprio estádio de desenvolvimento da planta. Por
exemplo, estresses hídrico e salino afetam a produção de citocininas nas raízes e aceleram a
senescência de folhas. Já em folhas de soja, a senescência é iniciada pela maturação da
semente, um fenômeno conhecido como Senescência Monocárpica. Esta senescência pode
ser retardada pela remoção da semente no início do seu desenvolvimento. Neste caso, a
retirada da semente controla o transporte de citocininas das raízes para as folhas. As
citocininas envolvidas no retardamento da senescência são primariamente os ribosídios de
zeatina e de dihidrozeatina, os quais são transportados das raízes para as folhas pela corrente
transpiratória (via xilema). Nas folhas, essas formas conjugadas são convertidas para as
formas livres, que são ativas.
As evidências mais convincentes sobre os papéis das citocininas no controle da
senescência têm sido obtidas com a utilização de transgênicos (Figura 30). Por exemplo, a
senescência de folhas é retardada em plantas transgênicas de fumo que possuem um gen que
controla a biossíntese de citocininas.
257
O mecanismo pelo qual as citocininas são capazes de retardar a senescência não é claro,
porém, algumas evidências indicam que as citocininas exercem importante papel na
mobilização de nutrientes. As citocininas influenciam o movimento de nutrientes (orgânicos e
inorgânicos) de outras partes da planta para as folhas, um fenômeno conhecido como
mobilização de nutrientes induzido pelas citocininas.
A participação das citocininas na mobilização de nutrientes tem sido revelada quando
nutrientes marcados radioativamente são fornecidos às plantas, após o tratamento de uma
folha ou parte dela com citocininas (Figura 31). As plantas são, posteriormente,
autorradiografadas para verificar a mobilização dos nutrientes. Os resultados destes estudos
mostram que os nutrientes são preferencialmente transportados para os tecidos tratados com
citocininas, onde eles se acumulam.
Como sabemos, os nutrientes são translocados via floema, do sítio de produção (fonte)
para o sítio de utilização (dreno). Assim, é possível que a citocinina provoque alguma
alteração no relacionamento fonte-dreno. Algumas linhas de evidências também mostram que
as citocininas estimulam o metabolismo nas áreas tratadas, ou seja, as citocininas aumentam a
atividade do dreno e consequentemente, a força do dreno (ver partição de assimilados, na
Unidade VI).
258
e) Maturação de cloroplastos
Embora a maioria das sementes de plantas possam germinar no escuro, a morfologia das
plântulas crescendo no escuro é muito diferente daquelas que crescem na luz. As plantas no
escuro são estioladas, tendo hipocótilo e entrenós alongados, cotilédones e folhas não
expandidos, e cloroplastos não maturos.
Ao invés de maturar como cloroplastos, os proplastídios de plântulas crescendo no
escuro desenvolvem-se em etioplastos. Nos etioplastos, a membrana interna forma um treliça
compacta e altamente regular, conhecido como corpo prolamelar. Os etioplastos também
possuem alguns carotenóides, sendo esta a razão para a coloração amarelada das plantas
estioladas. Porém, os etioplastos não possuem clorofila nem as enzimas e as proteínas
estruturais requeridas para a formação da maquinaria fotossintética. Quando as plantas
germinam na luz, os cloroplastos maturam diretamente dos proplastídios presentes no
embrião, porém, etioplastos podem também gerar cloroplastos quando as plantas estiolados
são iluminadas.
Quando as folhas estioladas são tratadas com citocininas, antes de serem iluminadas,
elas formam cloroplastos com extenso sistema de membrana interna e com maiores taxas de
biossíntese de clorofila e de enzimas fotossintéticas. Também, plântulas de Arabidopsis (não
mutantes) germinando no escuro e na presença de citocininas, desenvolvem características de
plântulas que germinam na luz (Figura 32).
Cytokinin (µM)
0 3 15 30 60 75
259
As características das plantas tratadas com citocininas e mostradas na figura 32 são:
• Encurtamento do caule;
• Expansão dos cotilédones;
• Iniciação de folhas no meristema apical;
• E, também, se observa parcial desenvolvimento dos cloroplastos, incluindo a síntese
de algumas enzimas da fotossíntese.
260
um “screen” de mutantes resistentes à citocinina, sugerindo que etileno e citocininas têm em
comum alguns componentes de suas vias de transdução de sinais.
As citocininas têm profundo efeito sobre a de síntese de proteínas e sobre os tipos de
proteínas feitas pela planta. Em particular, a citocinina estimula a síntese de proteínas
específicas do cloroplasto que são codificadas por genes nucleares.
De modo geral, o aumento na síntese de uma proteína significa um aumento na
expressão do gen que codifica tal proteína. As citocininas aumentam a estabilidade de alguns
mRNAs específicos, mediante aumento na transcrição ou através de efeitos pós-
transcricionais. Por exemplo, o aumento da expressão de proteínas do complexo coletor de luz
em Lemma gibba (pequena planta aquática), parece estar associado a um controle pós-
transcricional, possivelmente um aumento na estabilidade do mRNA.
261
4. ETILENO: O HORMÔNIO GASOSO
4.1 A Descoberta
Durante o século XIX, quando um gás, produzido pelo carvão era utilizado na
iluminação de ruas, observou-se que árvores nas vizinhanças das lâmpadas desfolhavam-se
mais extensivamente do que as que se encontravam mais distantes. Tornou-se aparente que o
gás e poluentes do ar danificavam o tecido vegetal e, em 1901, o etileno foi identificado como
o componente ativo do gás que provocava tal efeito. Posteriormente, observou-se que
plântulas de ervilha crescendo no escuro, no laboratório, mostrava reduzido alongamento do
caule, aumento no crescimento lateral e um anormal crescimento horizontal, o que ficou
conhecido como “tripla resposta”. Quando o ar do laboratório era purificado, as plantas
voltavam a crescer em taxas normais. O etileno, o qual estava presente no ar contaminado do
laboratório, foi identificado como a molécula causadora da resposta.
A primeira indicação que o etileno era um produto natural de tecidos vegetais foi
reportada por H. H. Cousins, em 1910. Ele mostrou que emanações de laranjas estocadas em
uma câmara provocavam o amadurecimento prematuro de bananas. No entanto, visto que nós
sabemos agora que frutos de laranja sintetizam relativamente pouco etileno, comparado com
outros frutos (maçã, por exemplo), é provável que as laranjas utilizadas por Cousins
estivessem contaminadas com o fungo Penicillium, o qual produz copiosos montantes de
etileno.
Em 1934, R. Gane e colaboradores identificaram quimicamente o etileno como um
produto natural do metabolismo da planta e, devido aos seus efeitos sobre as plantas, ele foi
classificado como um hormônio.
Apesar da sua descoberta, a maioria dos fisiologistas não reconheceu o etileno como um
hormônio vegetal, principalmente por que se acreditava que os efeitos do etileno poderiam ser
mediados pela auxina. Assim, acreditava-se que a auxina era o principal hormônio de plantas
e que o etileno tinha somente um insignificante e indireto papel fisiológico. Trabalhos com
etileno eram, também, difíceis de serem feitos pela falta de técnicas para sua quantificação.
No entanto, em 1959, quando a cromatografia gasosa foi introduzida nas pesquisas, o etileno
foi re-descoberto como hormônio e a sua importância no desenvolvimento da planta foi
reconhecida.
O etileno é uma molécula simples (Figura 34) que é mais leve do que o ar sob condições
fisiológicas. Ele é inflamável e pode ser facilmente oxidado. O etileno pode ser oxidado para
óxido de etileno e este pode ser hidrolisado para etileno glicol. Em muitos tecidos de plantas,
o etileno pode ser completamente oxidado até CO2 (Figura 34).
262
Figura 34 – Estrutura e processos de oxidação do etileno (Taiz & Zeiger, 1998).
263
foram obtidos com aplicação exógena de ACC (aplicação de ACC aumentava
substancialmente a síntese de etileno).
A Sintase do ACC, a enzima que catalisa a conversão de S-adenosilmetionina para
ACC, tem sido caracterizada em muitos tecidos de várias plantas. A sintase do ACC é uma
enzima citosólica e sua síntese é regulada por fatores internos (como auxinas, senescência de
flores, amadurecimento de frutos, etc.) ou fatores externos (ferimentos, injúrias pelo frio,
estresse hídrico, encharcamento, etc.). Todos estes fatores promovem a síntese de etileno
(Figura 35). Alguns compostos, como o aminoetoxivinil glicina (AVG), inibem a atividade
dessa enzima e, portanto, a síntese de etileno.
Figura 35 – Etapas da biossíntese de etileno e o ciclo de Yang (Taiz & Zeiger, 1998).
264
A última etapa na biossíntese de etileno, a conversão de ACC para etileno, é catalisada
pela enzima Oxidase do ACC, uma enzima que requer Fe2+ e ascorbato como cofatores. Esta
enzima não é, geralmente, o ponto limitante da biossíntese de etileno, embora tecidos que
mostram altas taxas de produção de etileno (como frutos em amadurecimento e flores
senescentes), mostram aumento na atividade da oxidase do ACC e de seu mRNA.
O aminoácido metionina é encontrado em concentrações muito baixas nos tecidos
vegetais, em valores mais ou menos constantes, inclusive naqueles tecidos que produzem
copiosos montantes de etileno (alguns frutos amadurecendo, por exemplo). Visto que a
metionina é o único precursor do etileno nas plantas superiores, pode-se afirmar que os
tecidos que produzem etileno requerem um contínuo suprimento deste aminoácido. Este
suprimento é assegurado pela reciclagem da metionina via o Ciclo de Yang (Figura 35). Na
reação catalisada pela sintase do ACC, S-adenosilmetionina é convertido para ACC e 5’-
metiltio-adenosina. Este último composto é convertido para metionina através de 4 reações
que completam o Ciclo de Yang.
O ACC produzido no tecido não é convertido totalmente para etileno (Figura 35). O
ACC pode ser convertido, também, para uma forma conjugada não volátil, N-malonil-ACC, a
qual não é degradada e parece se acumular no tecido. Uma segunda forma de conjugação de
ACC, o ácido 1-(L-glutamil-amino) ciclopropano carboxílico (GACC), tem sido também
identificada. A conjugação de ACC pode ter um importante papel no controle da biossíntese
de etileno, em uma maneira análoga à conjugação de auxinas e citocininas.
Os pesquisadores têm estudado, também, o catabolismo do etileno, suprindo 14C2H4
(etileno) aos tecidos de plantas e acompanhando os compostos radioativos produzidos. Estes
estudos mostraram que CO2, óxido de etileno e etileno glicol (este último livre ou conjugado
com glicose) são produtos do catabolismo do etileno (ver Figura 34).
Em alguns sistemas, auxina e etileno podem causar respostas similares em plantas, tais
como a indução do florescimento em abacaxi e a inibição do alongamento do caule. Estas
respostas similares se devem à capacidade das auxinas (em altas concentrações) de promover
a biossíntese de etileno, pelo aumento na conversão de S-adenosilmetionina para ACC.
Alguns estudos têm mostrado que os níveis do mRNA que codifica a sintase do ACC
aumentam em resposta à aplicação de AIA, sugerindo que um aumento na transcrição do gen
é responsável, pelo menos em parte, pelo aumento na produção de etileno em resposta à
auxina. Estas observações indicam que algumas respostas previamente atribuídas às auxinas
(AIA), são de fato mediadas pelo etileno produzido em resposta à auxina.
A utilização de alguns inibidores da biossíntese e da ação do etileno permite discriminar
entre a ação da auxina e do etileno. Por exemplo, aminoetoxivinil glicina (AVG) e
aminooxiacetato (AOA) bloqueiam a conversão de S-adenosilmetionina para ACC, ou seja, a
reação catalisada pela sintase do ACC. O cobalto (Co2+) é também um inibidor da biossíntese
de etileno, bloqueando a conversão de ACC para etileno, na última etapa da biossíntese
catalisada pela oxidase do ACC (anaerobiose age de modo similar). Íons prata (Ag+),
aplicados como nitrato de prata (AgNO3) ou como tiossulfato de prata [Ag(S2O3)2-3], são
potentes inibidores da ação do etileno. O gás carbônico (CO2) em altas concentrações (5 a
10%) também inibe muitos efeitos do etileno (por exemplo, amadurecimento do fruto),
embora seja menos eficiente que os íons Ag+. O transocteno, um composto volátil, é um forte
inibidor competitivo da ligação do etileno. E, recentemente foi descoberto um novo inibidor
da ação do etileno, o MCP (1-metilciclopropeno), que age ligando-se irreversivelmente ao
receptor de etileno. O MCP apresenta um extraordinário potencial de uso comercial.
Estudos com esses compostos mostraram que, em alguns casos, o etileno é o efetor
primário e que a auxina age indiretamente, promovendo a produção de etileno. Nestes casos, a
aplicação de auxinas não promove a resposta se, ao mesmo tempo, forem aplicados inibidores
da síntese ou da ação do etileno.
265
4.3 Papel Fisiológico
a) Amadurecimento de frutos
Frutos como, maçã, banana, abacate e tomate, são exemplos de frutos climatéricos. Em
contraste, frutos como Citrus, abacaxi e uva, não exibem aumento nem na produção de etileno
nem na respiração, e são conhecidos como frutos não climatéricos. Quando frutos
climatéricos não maduros são tratados com etileno, a iniciação do aumento no climatério é
acelerada. Por outro lado, quando frutos não climatéricos são tratados da mesma maneira, o
aumento na taxa respiratória é proporcional à concentração de etileno. No entanto, o
tratamento não induz a produção de etileno endógeno e também não acelera o
amadurecimento.
266
A relação causal entre o nível endógeno de etileno e o amadurecimento do fruto tem
sido estudada através da aplicação de inibidores da biossíntese (AVG e AOA) ou da ação
(Ag+ e CO2) do etileno. O uso destes inibidores retarda ou evita o amadurecimento de frutos
climatéricos. Estudos com mutantes também confirmam o papel do etileno no
amadurecimento de frutos. Por exemplo, estudos com plantas transgênicas de tomate
deficientes em etileno (esses mutantes são incapazes de produzir etileno devido alterações na
expressão das enzimas sintase do ACC e oxidase do ACC), mostraram completo bloqueio no
amadurecimento do fruto e, o amadurecimento foi promovido pela aplicação exógena de
etileno. Estes experimentos mostraram, inequivocamente, o papel do etileno no
amadurecimento do fruto.
A elucidação do papel do etileno no amadurecimento de frutos climatéricos tem
resultado em muitas aplicações práticas que objetivam uniformizar, acelerar ou retardar o
amadurecimento.
b) Epinastia de folhas
A curvatura para baixo de folhas, que ocorre quando o lado superior (adaxial) do
pecíolo cresce mais rápido do que o lado inferior (abaxial), é denominada epinastia. O etileno
e altas concentrações de auxinas induzem epinastia (Figura 37) e, sabe-se agora, que a auxina
age indiretamente, promovendo a síntese de etileno.
267
c) Expansão celular horizontal e o crescimento lateral do caule
O tipo de crescimento horizontal, que ocorre após exposição ao etileno, pode executar
importante papel durante a germinação, particularmente sob determinadas condições de solo.
Por exemplo, quando barreira física impede a emergência da plântula, ocorre um aumento na
produção de etileno, induzindo então o crescimento horizontal, o que permite à plântula
encontrar condições no solo para propiciar a sua emergência.
268
e) Florescimento em abacaxi
Embora o etileno iniba o florescimento na maioria das espécies, ele induz florescimento
em abacaxi (e em outras espécies taxonomicamente relacionadas ao abacaxi), sendo usado
comercialmente no cultivo de abacaxi para a sincronização da floração e estabelecimento do
fruto.
O etileno pode mudar o sexo de flores em espécies que apresentam flores unisexuais. A
promoção de flores fêmeas em pepino é um exemplo. Este processo de determinação do sexo
está associado principalmente às giberelinas (ver giberelinas)
As evidências descritas acima sugerem que a senescência é regulada pelo balanço entre
citocininas e etileno. Em adição, o ácido abscísico (ABA) tem sido implicado, também, no
controle da senescência foliar.
269
g) Abscisão
270
h) Uso comercial do etileno
271
Nos últimos anos, muitas das descobertas à cerca do mecanismo de ação do etileno têm
sido obtidas através de estudos com mutantes de Arabdopsis. De acordo com esses estudos,
um modelo de sinalização celular envolvendo o etileno pode ser proposto (Figura 41):
• Algum fator estimula a síntese de etileno e ele liga-se ao receptor ETR1 (receptor de
etileno), o qual é uma proteína integral de membrana;
• A ligação do etileno ao receptor ETR1, resulta na inativação de um regulador
negativo, CTR1 (constitutive triple response);
• A inativação de CTR1 permite que a proteína transmembranar EIN2 torne-se ativa.
Essa proteína transmembranar pode agir como um poro ou canal;
• Uma substância, possivelmente um íon, pode difundir-se através do canal (EIN2) e
ativar um fator de transcrição (EIN3). Este EIN3 é uma proteína reguladora.
• O fator de transcrição EIN3 age na regulação da expressão de genes nucleares que
vão especificar uma determinada resposta fisiológica.
Figura 41 - Modelo de
Figura 40– Modelo
sinalização
de sinalização
envolvendo o etileno
envolvendo o etileno
como mensageiro
como mensageiro
primário em
primário em
Arabidopsis (Taiz &
Arabidopsis (Taiz &
Zeiger,
Zeiger,1998)
1998).
272
5. ÁCIDO ABSCÍSICO: UM SINAL PARA A MATURAÇÃO DE SEMENTES E
ANTIESTRESSE
5.1 Descoberta
O ABA tem sido detectado amplamente nas plantas vasculares e em musgos (menos em
hepáticas). Dentro da planta, o ABA tem sido detectado em todos os órgãos e tecidos vivos,
desde a coifa da raiz até a gema apical da parte aérea. Ele é sintetizado em quase todas as
células que possuem cloroplastos ou amiloplastos. O ABA pode ser encontrado na forma livre
ou conjugado com monossacarídeos. Essa forma conjugada se acumula principalmente nos
vacúolos. O ABA na forma livre é encontrado no citosol, podendo uma parte ficar localizada
nos plastídios.
A estrutura química do ABA assemelha-se à porção terminal de algumas moléculas de
carotenóides. Os 15 átomos de carbono do ABA formam (Figura 42):
• Um anel alifático com uma dupla ligação e três grupos metil;
• Uma cadeia lateral insaturada que possui um grupo carboxílico.
273
longo prazo, tal como mudanças na síntese de proteínas, ambos enantiômeros são ativos. É
importante destacar que, ao contrário dos isômeros cis e trans, as formas S e R não são
interconvertidas no tecido vegetal. Isto significa dizer que em trabalhos com respostas de
curto prazo ao ABA (como, fechamento estomático), deve-se aplicar o dobro da concentração
do ABA comercial para se ter a concentração desejada de ABA ativo (S).
274
Figura 43 – Metabolismo do ABA em plantas superiores (Taiz & Zeiger, 1998).
275
O metabolismo do ABA é particularmente interessante por que seus níveis são alterados
de forma abrupta em determinados tecidos, durante o desenvolvimento ou em resposta às
mudanças nas condições ambientais. Em sementes em desenvolvimento, por exemplo, os
níveis de ABA podem aumentar cerca de 100 vezes em poucos minutos e, depois declinam
para níveis baixos quando a maturação ocorre. Já em plantas submetidas a estresse hídrico, os
níveis de ABA nas folhas podem aumentar cerca de 50 vezes após 4 a 8 horas de estresse.
Após 4 a 8 horas do retorno da irrigação se observa um declínio nos níveis de ABA para
valores iniciais.
A biossíntese não é o único fator que regula a concentração de ABA no tecido. Como
ocorre com outros hormônios, a concentração de ABA livre no citosol é também regulada
pela degradação, transporte e compartimentalização. Por exemplo, o aumento na concentração
de ABA nas células-guarda durante o estresse hídrico ocorre como resultado da síntese na
folha, redistribuição dentro do mesofilo e importação do ABA produzido nas raízes. Já o
declínio nos níveis de ABA após a re-irrigação é conseqüência da degradação e do transporte
para outras partes da planta, bem como de um decréscimo na taxa de síntese.
A principal causa de inativação de ABA livre é a oxidação (Figura 43), produzindo um
intermediário instável (6-hidroximetil-ABA), o qual é rapidamente convertido para ácido
faséico (PA) e ácido dihidrofaséico (DPA). O ácido faséico é usualmente inativo. No entanto,
ele pode induzir fechamento estomático em algumas espécies e atua na inibição da produção
da enzima α-amilase (induzida por giberelinas) na camada de aleurona de sementes de
cereais, durante a germinação.
O ABA livre pode também ser inativado pela conjugação covalente com outras
moléculas, principalmente monossacarídeos (Figura 43). A conjugação inativa o ABA como
hormônio e altera sua polaridade e distribuição na célula. Um exemplo comum de conjugado
é o do Éster ABA-β-D-glicosil (ABA-GE). O ABA na forma livre é encontrado
principalmente no citosol, enquanto o ABA-GE se acumula no vacúolo, podendo servir como
uma forma de estoque de ABA.
O transporte de ABA pode ocorrer tanto via xilema como via floema, porém, ele é
normalmente mais abundante no floema. Quando ABA marcado radioativamente é aplicado
em folhas, ele é transportado para caules e raízes via floema. Já o ABA produzido nas raízes
parece ser transportado principalmente via xilema. Isto ocorre quando as plantas são
submetidas a estresse hídrico (Figura 44). Acredita-se que as raízes percebem a falta de água e
sintetizam o ABA que é transportado para as folhas. É provável que o ABA funcione como
um sinal enviado pelas raízes, que reduz a taxa de transpiração (perda de água) promovendo o
fechamento estomático.
O interessante é que, embora a concentração de apenas 3 µM de ABA no apoplasto das
folhas seja suficiente para fechar o estômato, nem todo o ABA no xilema realmente alcança
as células-guarda. Boa parte do ABA do xilema é absorvido e metabolisado nas células do
mesofilo. No entanto, durante o estágio inicial de estresse hídrico, o pH da seiva do xilema
aumenta de 6,3 para 7,2. Essa alcalinização do apoplasto favorece a formação do ABA
dissociado (representado como ABA-COO- ou ABA-), o qual não atravessa facilmente a
membrana celular. Com isso, menos ABA penetra nas células do mesofilo e,
consequentemente, mais ABA alcança as células-guardas (Figura 44). Assim, o aumento no
pH do apoplasto funciona como um sinal que provoca a redistribuição do ABA nas folhas,
favorecendo o acúmulo desse hormônio nas células-guarda e, consequentemente, o
fechamento estomático.
276
Os fatores que afetam os níveis de ABA citosólico de plantas são os seguintes:
Biossíntese
(plastídios)
Oxidação
degradação
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5.3 Papel Fisiológico
a) Desenvolvimento de sementes
b) Dormência de sementes
A dormência imposta pela casca (tegumento) ou por outros tecidos, pode ocorrer por
alguns mecanismos:
Impedimento da absorção de água;
Dureza mecânica;
Interferência nas trocas gasosas;
Retenção de inibidores;
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Produção de inibidores – Alguns tegumentos de sementes podem conter
concentrações relativamente altas de inibidores de crescimento (como o ABA), os
quais podem suprimir a germinação do embrião.
c) Fechamento estomático
A elucidação dos papéis do ABA nos estresses por frio, salinidade e hídrico, levaram à
caracterização do ABA como o hormônio do estresse. Como já comentamos anteriormente, a
concentração de ABA nas folhas pode aumentar cerca de 50 vezes em plantas submetidas a
estresse hídrico. O ABA é muito efetivo no fechamento estomático e sua acumulação nas
folhas de plantas estressadas executa um importante papel na redução das perdas de água pela
transpiração, sob condições de seca (Figura 45). Por outro lado, alguns estudos têm mostrado
decréscimo na abertura estomatal antes que ocorra um aumento no conteúdo total de ABA na
folha. Esta aparente inconsistência é explicada por estudos que mostram que a resposta inicial
do fechamento estomático é causada pela redistribuição de ABA dentro da folha (Figura 44).
279
Note, na figura 45, que a interrupção da aplicação de água provocou uma queda no
potencial hídrico do solo a partir do dia 2, com conseqüente acúmulo de ABA e fechamento
estomático. Com o retorno da irrigação, no dia 5, o potencial hídrico do solo aumentou, os
níveis de ABA decresceram e os estômatos se abriram (a menor resistência estomática indica
maior abertura).
O ABA tem diferentes efeitos sobre o crescimento da raiz e da parte aérea, e os efeitos
dependem fortemente do “status” hídrico da planta. Sob condições de baixo potencial hídrico
(estresse hídrico), quando os níveis de ABA são altos, o hormônio endógeno exerce um efeito
positivo sobre o crescimento da raiz e inibe o crescimento da parte aérea. O resultado é que
plantas estressadas apresentam um aumento na relação raiz/parte aérea.
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g) Dormência de gemas
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O íon K+ também deixa a célula em resposta à despolarização da membrana causada pelo
efluxo de Cl-;
A saída dos íons leva a um aumento no Ψs e, consequentemente, no Ψw das células-
guardas. Com isso, a célula-guarda perde água para a sua vizinhança e, consequentemente,
ocorre diminuição da sua turgescência e, finalmente, o estômato fecha.
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BIBLIOGRAFIA
FERRI, M. G. (Coord.) Fisiologia Vegetal, volumes 1. e 2. 2nd ed. São Paulo: EPU, 1985,
361p.
HOPKINS, W. G. Introduction to Plant Physiology. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons,
Inc., 2000, 512p.
KENDE, H., ZEEVAART, J. A. D. The five “classical” plant hormones. The Plant Cell,
9:1197-1210, 1997.
TAIZ, L., ZEIGER, E. Plant Physiology. 1st ed. California: The Benjamin/Cummings
Publishing Company, Inc., 1991, 559p.
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ESTUDO DIRIGIDO No 10
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