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Gerencimento de Riscos Barragens PDF
Gerencimento de Riscos Barragens PDF
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BRASIL. Ministério da integração Nacional. Manual de
Segurança e Inspeção de Barragens. Brasília. 2002. 148p.
M. C. FONTENELLE; A. S. FONTENELLE; Y. M. P. MATOS; F. F. MONTEIRO REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 14 - nº 1 ( 2017-2018)
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MEDEIROS, C. H. de A. C . How Risky can be a Risk SILVEIRA, J.F.; CARNEIRO, E. F.; PÍNFARI J. C. O Grande
Assessment Technique on Safety Dams Evaluation - A Potencial Apresentado pela Análise de Risco de Usinas
Critical Review. In: 73rd Annual Meeting, ICOLD, Teerã, Hidrelétricas – A Experiência da CESP. XXVII Seminário
2005. Nacional De Grandes Barragens. Belém – Pa, 2007.
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Por fim, calcula-se o NPB por meio do Vulnerabilidade (V) e a Importância Estratégica (I). A
somatório dos produtos entre o peso do NP e o peso Periculosidade engloba dados técnicos e de
das quantidades de anomalias encontradas em cada construção, calculada a partir do somatório dos
NP durante a inspeção (FONTENELLE, 2007). Utiliza- índices de acordo com os critérios e pontuações do
se, geralmente, o Quadro 3 como o apresentado a Quadro 5. Sendo considerada elevada se a
seguir, para o cálculo de NPB total da Barragem. pontuação for maior que 30, significativo para uma
As barragens são classificadas, ainda, pontuação entre 20 e 30 e baixo a moderado para
quanto ao NPB no desempenho da estrutura em pontuações entre 10 e 20.
operação, como é possível se observar no Quadro 4. Com base em inspeções de campo e em
leituras de instrumentação, tais como piezômetros
4.2 TIPOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO e medidores de recalques magnéticos, é calculada a
Para se evitar possíveis eventos, como os estimativa de Vulnerabilidade (V) segundo o Quadro
citados anteriormente, ocasionados pela 6, e a partir de critérios econômicos, técnicos,
manutenção inadequada de uma barragem, ambientais e sociais é estabelecida a importância
desenvolvem-se metodologias de avaliação de risco, estratégica (I) com base no Quadro 7 (FONTENELLE,
visando adequar-se a cada necessidade de análise. 2007).
A Vulnerabilidade é dada pela soma dos
4.2.1 Metodologia da Companhia de Gestão e índices da tabela e pode ser classificada em: elevada
Recursos Hídricos do Estado do Ceará (COGERH)
se for maior que 35, moderada a elevada se for
Instituída em 2001 pela COGERH entre 20 e 35, baixa a moderada se for entre 5 e 20
(MENESCAL et al., 2001), esta metodologia utiliza e muito baixa se menor que 5. A importância
três parâmetros para calcular o potencial de risco estratégica (I), por sua vez, é dada pela média
(PR). São os parâmetros: a Periculosidade (P), aritmética dos valores.
MÉDIO 35 a 60
BAIXO < = 35
(*) Pontuação (8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente
CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem.
ALTO > = 16
ÇÃO
As classes A, B, C e D definidas pela Matriz uma camada de brita, ambos os taludes têm
de Categoria de Risco e Dano Potencial, são inclinação de 2H:1V. O sistema de drenagem interno
apresentadas no Quadro 17, as quais são utilizadas da barragem é constituído de um filtro vertical e
para definir a abrangência do Plano de Segurança da tapete drenante horizontal de 1 metro de espessura
Barragem (PSB) e a periodicidade mínima da com um dreno de pé.
Revisão Periódica de Segurança de Barragens A barragem engloba uma área de bacia
(RPSB), definidos através da Resolução nº 236 de 30 hidrográfica de 81.000 km². O reservatório tem
de janeiro de 2017. capacidade de armazenar 36,55 hm³ de água. Vale
ressaltar que no dia de realização da inspeção, 19 de
agosto de 2016, a cota do nível d’água do açude era
QUADRO 17: Matriz Categoria de Risco e Dano
Potencial Associado. de 17,52 m e o volume era de 5,87 hm³, portanto
tendo 16,06% do reservatório ocupado.
DANO POTENCIAL
CATEGORIA DE RISCO ASSOCIADO Por tratar-se de uma obra financiada com
ALTO MÉDIO BAIXO recursos do Banco Mundial, a SRH, por obrigação
ALTO A B C das normas operacionais do banco, teve que
MÉDIO A C D
contratar uma junta de consultores de renome
BAIXO A D D
FONTE: ANA, 2017 nacional na área de barragens (denominado de
Painel de Inspeção de Segurança de Barragens
(PISB), cuja equipe avaliou o projeto executivo e
5. ESTUDO DE CASO acompanhou o andamento das obras do início
até à fase elaboração do projeto como construído
5.1 DADOS DA BARRAGEM (“as-built”) da obra.
A barragem Malcozinhado é uma
5.2 METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA
barragem de terra homogênea que interrompe o
fluxo do riacho Malcozinhado, e está localizada no 5.2.1 Inspeção
nordeste brasileiro, mais precisamente no Parte da gestão da segurança cabe ao
Município de Cascavel-CE a 68 km de Fortaleza Agente de Guarda e Inspeção do Reservatório
(coordenadas 578.784E e 9.545.914N). A barragem (AGIR) que faz inspeções diárias e é capacitado para
foi construída pela Superintendência de Obras solucionar algumas pequenas anomalias que
Hidráulicas (SOHIDRA), órgão executor da Secretaria possam surgir na estrutura. Em caso de surgir
dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH), anomalias que não podem ser solucionadas por este
sendo concluída em novembro de 2002. A obra tem agente, deve este entrar em contato com a gerência
como finalidade principal o abastecimento de água, regional para a solução.
atendendo à Região Metropolitana de Fortaleza. Para a elaboração deste trabalho,
O barramento tem altura máxima de 18,34 realizou-se uma inspeção formal acompanhada pelo
m, tomada d’água do tipo caixa submersível com AGIR da barragem, na data de 19 de agosto de 2016,
tubulação de aço envelopada de concreto de 600 com a finalidade de identificar e fotografar as
mm de diâmetro e vertedouro de perfil tipo Creager anomalias presentes na barragem.
com 60 m de extensão. O coroamento da barragem
tem comprimento de 832 m com largura de 6 5.2.2 Cálculo da ameaça utilizando a metodologia
metros. NPB
O maciço foi executado com materiais O Cálculo da pontuação total do nível
argilo-arenosos provenientes de jazidas e escavação de ameaça utilizando a metodologia NPB da
obrigatória do vertedouro. A proteção do talude de Barragem Malcozinhado em 2016 em comparação
montante é de uma camada de rip-rap e de jusante ao do ano de 2006 está apresentada na Tabela 1.
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QUADRO 19: Comparativo entre os anos 2006 e 2016 quanto à Vulnerabilidade (V) da Barragem Malcozinhado.
ANO 2006 2016
TEMPO DE OPERAÇÃO 6 < 5 anos (3) 10 a 30 anos (1)
Existem projetos "as built" e
EXISTÊNCIA DE PROJETO (AS BUILT) 7 Existem projetos "as built" (3)
avaliação do desempenho (1)
CONFIABILIDADE DAS ESTRUTURAS
Muito Satisfatória (2) Satisfatória (3)
VERTEDOURAS 8
Satisfatória, Controle a
TOMADA DE ÁGUA9 Satisfatória, Controle a jusante (2)
montante (1)
Totalmente controlada pelo Totalmente Controlada Pelo
PERCOLAÇÃO 10
sistema de drenagem (1) sistema de drenagem (1)
DEFORMAÇÕES/ AFUNDAMEN-TOS ASSENTA-
Inexistente (0) Inexistente (0)
MENTOS 11
Falhas no rip-rap e na proteção
DETERIORAÇÃO DOS TALUDES/ PARAMENTOS 12 Inexistente (1)
de Jusante (3)
TOTAL = 12 10
FONTE: Adaptado de FONTENELLE, 2007.
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Por fim, houve uma pequena diminuição de inspeções, os requisitos mínimos quanto à
no PR ao longo de 10 anos, passando de 22,61 manutenção e o critério para instrumentação,
em 2006 para 21,28 em 2016, mas ainda respectivamente, recomendados pela
pertencendo à Classe D, isto é, risco baixo. COGERH à barragens que pertençam a esta classe
Observa-se nos Quadros 21, 22 e 23 a frequência de risco.
QUADRO 28: Classificação das barragens segundo a metodologia do CNRH no ano de 2006.
MÉDIO 35 a 60
BAIXO < = 35
(*) Pontuação (8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente
CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem.
2 - DANO POTENCIAL ASSOCIADO Pontos
DANO POTENCIAL ASSOCIADO (DPA) 13
DANO POTENCIAL ASSOCIADO DPA
CLASSIFICA-
FAIXAS DE
ÇÃO
ALTO > = 16
MÉDIO 10 < DP < 16
BAIXO < = 10
RESULTADO FINAL DA AVALIAÇÃO:
CATEGORIA DE RISCO BAIXO
DANO POTENCIAL ASSOCIADO MÉDIO
FONTE: Adaptado de ANDERÁOS, ARAÚJO E NUNES, 2013.
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QUADRO 29: Classificação das barragens segundo a metodologia do CNRH no ano de 2016.
MÉDIO 35 a 60
BAIXO < = 35
(*) Pontuação (8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente
CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem.
2 - DANO POTENCIAL ASSOCIADO Pontos
DANO POTENCIAL ASSOCIADO (DPA) 13
ALTO > = 16
ÇÃO
25
22 22 22,61 avaliação de risco como ferramenta para
21,28
20
acompanhar a condição de segurança do
barramento e, caso necessário, deve-se traçar uma
15
12
Pontos
14 13 13
15 11
10 solicitações.
5
0 0 0 Portanto, devido ao fato da Barragem
0
1 2 3 4 5 Malcozinhado ser uma barragem de pequeno a
Aspecto Analisado médio porte, relativamente jovem, inspecionada
2006 2016
regularmente pela COGERH e projetada e
FIGURA 3: Comparativo dos índices da metodologia do CNRH
FONTE: Elaborado pelos Autores, 2017. construída com controles rígidos do PISB, pode-se
afirmar que as metodologias aplicadas neste
Nesse contexto, considerando que o risco trabalho foram satisfatórias.
é o produto da Ameaça com a Consequência, apesar
da inspeção atual ter indicado o aumento da
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ameaça no período considerado, as avaliações de
risco não apresentaram variação quanto à ANA. (2017). Resolução nº 236/2017. Disponível em:
classificação. Este resultado pode estar relacionado <http://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2017/236-
ao fato de que em 2016 o nível do reservatório 2017.pdf> Acesso em: 29/05/2017.
estava mais baixo que em 2006, e, portanto, a ANDERÁOS, A.; ARAÚJO, L. M. N.; NUNES, C. M.
consequência é menor, as anomalias identificadas Classificação de Barragem quanto à Categoria de Risco e
na inspeção não têm um peso considerável nas ao Dano Potencial Associado – Um Exercício. XX
Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, Bento
avaliações de risco e a barragem já ter ultrapassado
Gonçalves - RS, 2013.
o período de primeiras solicitações.
BRASIL. Ministério da integração Nacional. Manual de
Segurança e Inspeção de Barragens. Brasília. 2002. 148p.
7. CONCLUSÃO
BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Org.). Relatório
Foram utilizadas metodologias de de Segurança de Barragens 2011. Brasília, 2012.
M. C. FONTENELLE; A. S. FONTENELLE; Y. M. P. MATOS; F. F. MONTEIRO REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 14 - nº 1 ( 2017-2018)
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