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INTRODUÇÃO
A origem do Nosódio se confunde com a própria Homeopatia, já que tem sua concepção com
os continuadores diretos de Hahnemann, como Hering, Stapf e Gross. Isoterápico em sua origem
obedece à farmacotécnica homeopática, encaixa-se perfeitamente como um dos medicamentos a
serem utilizados na terapêutica correspondendo à necessidade de um medicamento que atenda à
etiologia do processo analisado.
DEFINIÇÃO
– Órgãos doentes,
– Secreções patológicas,
– Germes em geral e suas toxinas.
Segundo Almeida (2011) essa categoria de medicamentos acabou sendo incorporada pela
homeopatia, não segundo a lógica isopática da aplicação automática na doença que o originou, mas
de acordo com as próprias premissas da Homeopatia (prova e experiência clínica). No entanto,
esse caminho não foi trilhado sem debate e polêmica. A discussão e a disputa entre o idem
isopático e o símile homeopático foram uma constante no movimento homeopático, na primeira
metade do século XIX.
ISOPATIA e ISOTERAPIA
Almeida (2011) afirma que isopatia significa a terapêutica pelo igual (iso, aequale, idem),
tendo surgido no interior do movimento homeopático, mas não segue o princípios do símile
hahnemanniano.
A cura pelo igual foi um caminho quase natural aberto pela Homeopatia. O impulso pela
busca do resultado terapêutico fez com que muitos médicos ligados ao movimento homeopático
fizessem um by-pass pelo símile de Hahnemann e buscassem um caminho mais direto entre doença
e remédio.
A Isoterapia visa tratar as doenças por meio dos produtos elaborados pela própria doença ou
com material do órgão afetado. Se for material retirado do próprio paciente é chamado de Auto-
nosódio. O Nosódio é um Isoterápico.
A Isoterapia é citada no § 56 do Organon. São usados os sufixos gregos sosí = igual; therapeía
= terapêutica, tratamento; páthos = sofrimento, doença; autót = o mesmo. Já foi sugerida a
denominação Tautoterapia no lugar de Isoterapia. Utiliza o princípio “Aequalia aequalibus
curantur”, enquanto que na homeopatia é o “Similia, similibus, curentur”.
DIÁTESE
COSTA (1988) chama atenção para uma pequena distinção entre terreno biotipológico, ou
constituição, e diátese, sendo que “o terreno é o que é, nasceu assim. Diátese pode ser terreno e
pode ser adquirida”.
Para entender a diátese, COSTA (idem) apresenta a noção, trazida por SPEMANN, de
“indução embrionária” resultante da ação do “organizador”, em que um grupo de células
localizado no lábio posterior do blastóporo da gástrula de um embrião branco é indutor da
formação da corda neural negra num embrião negro. Essa descoberta lhe rendeu o prêmio Nobel de
Medicina e Fisiologia, de 1935. COSTA (idem) afirma ainda, que “o organizador é o representante
ou equivalente biofisiológico da Energia Vital ou bioenergia”.
O Nosódio tem sua experimentação natural, conhecida através dos estudos da fisiopatologia
e toxicologia descritas nos compêndios especializados. A rigor, um isopático é a substância
proveniente do próprio doente, destinada ao seu tratamento. O isopático submetido às regras da
farmacotécnica homeopática, pronto para ser usado como medicamento é um isoterápico.
Quanto à sua origem o Nosódio é classificado como isopático (igual ou própria substância)
enquanto os demais medicamentos homeopáticos são considerados homeo (semelhantes). Entre nós
é mais comum usarmos a expressão “Auto-nosódio” em lugar de auto-isoterápico.
1. Psorinum – a sua descrição é explicada por uma disindução do processo biológico. Esse
fenômeno de disfunção vai do psíquico ao soma.
2. Syphilinum – é caracterizada por hipoindução, expressa por vazios mentais, feridas, úlceras,
hipofunção, atrofia e destruição de tecidos, funções, etc.
3. Medorrhinum – entendida como hiperindução, vista como uma hipercondutividade,
tumorações, hipertrofias, hiperfunção, etc.
À exceção dos Nosódios Clássicos que são dados em altas dinamizações e repetidos a médios e
longos intervalos, os Nosódios de estoque sugeridos pelos resultados clínico-laboratoriais, são
administrados em média potência, geralmente a 30 DH, com repetições de várias vezes ao dia, de
acordo com a gravidade do caso, até serem atenuados e eliminados os sinais e sintomas da doença
base, alternados com medicamentos indicados como de fundo ou simillimum e o episódico,
cobrindo o conjunto de sinais e sintomas.
O Prof. Dr. Roberto Costa, médico pesquisador homeopata, ampliou a concepção do Nosódio
que já era utilizada desde longa data na Europa e desenvolveu uma teoria e sua aplicação.
A questão TRI-Una se liga à ideia de uma ação tríplice, procurando cobrir sintomas da
patologia que se pretende curar ou aliviar. São três os medicamentos utilizados: (1) o simillimum,
de fundo ou diatésico, correspondendo à totalidade do indivíduo; (2) o sintomático, que
corresponde ao quadro atual da doença cobrindo os sinais e sintomas reacionais; e (3) o
etiopatogênico ou etiológico, que representa o seu agente causador.
A experiência clínica diuturna de três décadas e meia me sugere que a ação do Nosódio seja
bacteriostática (“microbiostática”?) (PORTUGAL,1985), pois há casos que podem requerer
complementação antibiótica. O Nosódio associado a outros medicamentos homeopáticos vence a
infeção ou auxilia o organismo nesta luta, muitas vezes reduzindo a dose do antibiótico indicado, o
tempo de tratamento, efeitos tóxicos e colaterais, predispondo o doente a uma recuperação mais
rápida e segura. Este fator parece estar ligado ao tipo de germe em questão, a sua virulência, a
quantidade de formas ativas, o nível de defesas do hospedeiro, órgãos e aparelhos comprometidos,
patologias preexistentes, fatores genéticos, ambientais, emocionais, culturais, sócio-econômicos e
higiênicos.
Apresento a seguir um modelo de receita no método citado. Não pode ser tido como “receita
de bolo”, mas uma contribuição à compreensão da técnica descrita:
Exemplo de prescrição:
Caso de Asma extrínseca em homem adulto, desde criança, alternado com rinite alérgica:
CONCLUSÃO
O presente artigo visa colocar à vista a questão dos Bioterápicos ou Nosódios, até então
pouco conhecida e valorizada, se bem que prescrita por alguns homeopatas desde longa data.
Divulgar este método homeopático e lembrar a figura do saudoso Roberto Costa, estão
incluídos.
Não é o escopo desse trabalho esgotar o assunto, mas contribuir para os que buscam
caminhos para a pesquisa e a prática da Ciência Homeopática.
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nosódios, procurar pelos nomes)
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39. VOISIN, H. O QUE É REALMENTE A HOMEOPATIA. Editorial Homeopática Brasileira. São Paulo: 1967.
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41. http://www.huffingtonpost.com/dana-ullman/luc-montagnier-homeopathy-taken-
seriously_b_814619.html - “Luc Montagnier, ganhador do Prêmio Nobel, toma Homeopatia a sério”.
Acesso 14/set/2013.