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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA E O COTIDIANO DA SALA DE

AULA: entre o embate, o dilaceramento, e o fazer histórico


Um grande conjunto de variáveis pode ser responsabilizado pelo relativo
insucesso da renovação do ensino de História, destacando-se, principalmente,
o descaso a que vem sendo submetida a educação brasileira por parte das
autoridades governamentais. Na verdade, pode-se afirmar que o quadro negro
ainda persiste na educação brasileira, inclusive, e muitas vezes, como único
recurso, na formação do professor e no cotidiano da sala de aula. A imagem do
professor de História é, geralmente, marcada pela ambiguidade. Ora é visto
como sacerdote; ora espera-se que seja um profissional da ciência, parteiro da
nação, da revolução, militante, porta-voz do verdadeiro passado ou aglutinador
de diferenças, de indeterminados. Dilaceramentos e embates podem ser
capturados em sua concentricidade no grande espetáculo que é a sala de aula.
Isto porque a aula não é, apenas, um espaço de transmissão de informações,
mas uma relação de interlocutores que constroem sentidos. Trata-se de um
espetáculo impregnado de tensões, onde se torna inseparável o significado da
relação teoria e prática, ensino e pesquisa e se evidencia, de forma mais
explícita, os dilaceramentos da profissão de professor e os embates da relação
pedagógica. No que se refere ao fazer histórico e o fazer pedagógico, um
elemento se destaca no conjunto dos desafios enfrentados pelos educadores na
sala de aula, e pode ser lembrado como necessário à formação do professor de
História: - realizar a transposição didática dos conteúdos e do procedimento
histórico e também da relação entre as inovações tecnológicas e o ensino de
História. O procedimento histórico comporta, ainda, a preocupação com a
construção e historicidade dos conceitos, bem como com a contextualização
temporal. Para reconstruir o passado, o acontecimento no tempo, os
historiadores manipulam as características essenciais do tempo: a sucessão, a
duração, a simultaneidade. Além disto, os próprios historiadores têm
reconstruído o passado a partir de periodizações e recortes temporais, bem
como têm tentado apreender a temporal idade própria das várias sociedades.
Assim, dominar, compreender e explicitar os critérios de periodização histórica,
das múltiplas temporalidades das sociedades, bem como tornar efetiva a
aprendizagem da cronologia, são também desafios do procedimentos histórico
em sala de aula. Parece que, para que a prática de sala de aula adquira "o cheiro
bom do frescor" é preciso que se assume definitivamente, os desafios que a
educação histórica enfrenta hoje em dia. Esta seria uma das formas de se
contribuir para que os educandos se tornem conhecedores da plural idade de
realidades presentes e passadas, das questões do seu mundo individual e
coletivo, dos diferentes percursos e trajetórias históricas.

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