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NELCINO HENRIQUE NASCIMENTO DE AQUINO

Plano de intervenção

JUAZEIRO - BA
2023
Este trabalho busca desenvolver um plano de intervenção junto aos estudantes dos anos finais
do ensino fundamental, na disciplina de História, conforme as etapas propostas pelo Arco de
Maguerez. Frente a isso, deve-se seguir as seguintes etapas: observação da realidade concreta,
determinação de pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e, por fim, aplicação prática à
realidade.

A primeira etapa dessa intervenção tem a finalidade de apresentação do problema. Diante disso,
deve-se destacar que há milhares de anos seres humanos se reuniam para contar histórias ao
redor de fogueiras. Essas narrativas transmitiam experiências vividas e indagavam a respeito
dos mistérios do mundo. Assim, as histórias nos humanizaram. E a linguagem criou uma
estrutura narrativa que gerou ficções, identidades e culturas. Essa arte de contar histórias
acompanha a jornada evolucionária do homo sapiens. Porém, deve-se refletir acerca do seguinte
problema: Por que as aulas de História se tornaram desinteressantes?

Ora, na segunda etapa, cabe apresentar os fatores que estão diretamente relacionados e
contribuem para a existência e continuidade do problema. Nesse cenário, destaca-se que se
estabeleceu no ensino de história uma metodologia tradicional - que define o professor como
transmissor do conhecimento, enquanto o aluno passivo o memoriza. Essa abordagem torna
essa disciplina desinteressante e diminui o aprendizado. Portanto, pode ser identificada como
uma determinante do problema.

Contudo, as relações de ensino-aprendizagem e a construção desse saber escolar vêm sofrendo


mudanças, estimuladas pela nova historiografia bem como pelas transformações na ciência
pedagógica, para romper com isso. Atualmente, busca-se desenvolver a autonomia investigativa
dos estudantes. Assim, eles deixam de ser meros reprodutores de conteúdos e tornam-se sujeitos
históricos.

Ora, inicia-se a terceira etapa do Arco de Maguerez. Nesse momento, busca-se uma análise do
problema sob a ótima da literatura (associação teórico-prática). Frente ao desinteresse dos
estudantes nas aulas de História. Portanto, é necessário refletir acerca da mediação pedagógica
desse conhecimento histórico escolar. Para Freire (1997, p. 25): “A mediação pedagógica é um
processo de interação, dialógico, no qual tanto professor quanto aluno aprendem e ensinam
juntos, em co-construção, pois quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender”. Desse modo, o professor deve utilizar metodologias ativas para engajar os alunos na
construção do saber.
Vale destacar que nos últimos anos tornou-se comum o debate sobre a produção do saber
histórico escolar. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) é função da
disciplina de História desenvolver a autonomia intelectual dos sujeitos para que eles
investiguem em diversas fontes e compreendam que o saber representado na mídia e em outras
fontes de informação não representam uma verdade absoluta. Todavia, isso ainda não se reflete
na realidade escolar. Assim, é necessário que os discentes não apenas confrontem diversos
documentos históricos, como também produzam narrativas capazes de explicar os problemas
do presente por meio do conhecimento do passado.

O ensino de história tradicional estimula principalmente o aprendizado através da memorização


do conteúdo. Isso impossibilita que o aluno questione esse saber. Para poder questioná-lo o
estudante precisa identificar como o conhecimento histórico é construído. A melhor maneira de
aprender isso é experimentando a escrita da história por meios de linguagens contemporâneas
e narrativas digitais

Hoje, existe uma polissemia em torno do termo história. Umas das definições refere-se ao
conhecimento científico, produzido através da problematização do passado a partir das
demandas do tempo presente. Bloch (2001) caracteriza a história como a ciência que estuda as
ações humanas através do tempo. Esse saber é transposto didaticamente e ensinado no processo
de escolarização.

Diante disso, na penúltima etapa, deve-se refletir acerca do que é necessário para chegar a uma
solução para o problema. Portanto, é importante desenvolver outras mediações pedagógicas que
estimulem nos educandos um papel ativo e investigativo bem como o encantamento diante de
narrativas históricas.

Frente a esse desafio, por conseguinte, com base nas etapas anteriores, deve acontecer uma
aplicação prática à realidade com o objetivo de superar/ minimizar o problema identificado.
Essa prática pode resultar em intervenções do saber histórico construído em sala de aula no
cotidiano escolar. Essas manifestações podem resultar, por exemplo, em encontros
literomusicais, festivais da canção estudantil, publicação de livros de literatura de cordel,
batalhas de rap e outras produções discentes relacionadas ao conhecimento histórico escolar.
Por fim, deve-se avaliar coletivamente o impacto dessas intervenções no que diz respeito ao
engajamento e encantamentos dos alunos pela História e suas narrativas.

Essa estratégia didática deve estimular um ensino investigativo, por meio de metodologias
ativas, em um processo que a aprendizagem se constrói em três movimentos principais, “a
construção individual – em que cada aluno percorre seu caminho -; a grupal – em que
aprendemos com os semelhantes, os pares e a orientada, em que aprendemos com alguém mais
experiente, com um especialista um professor”. (MORAN, 2018, p.3)

É necessário, pois, experimentar, no ensino de História, mediações pedagógicas que


possibilitem superar a centralização do conhecimento no professor, bem como a passividade do
aluno na construção do aprendizado.

REFERÊNCIAS

BLOCH, M. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,


2001. BURKE, Peter.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais– Terceiro e Quarto Ciclos do ensino
fundamental - História e Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1997.
MORAN, J. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. Metodologias
ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, p.
02-25, 2018.

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