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UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA AFRO-

BRASILEIRA-UNILAB
MESTRADO INTERDISCIPLINAR EM HUMANIDADES- MIH
DISCIPLINA: INTERCULTURALIDADE E EDUCAÇÃO
PROFESSORES: Jeannete Filomento Pouchain Ramos e Bas’Ilele Malomalo
TEMA: Afrocentricidade e educação
Resenhado por Santana Glícia M. Maia

ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade: nota sobre uma posição disciplinar. In:
NASCIMENTO, Elisa Larkin (Org.) Afrocentricidade: uma abordagem inovadora.
São Paulo: Selo Negro, 2009, p, 93 – 110.

Molefi Kete Asante, uma figura de destaque nas áreas de estudos afro-
americano, estudos Africanos e estudos de comunicação, é professor no Departamento
de Estudos Afro-Americanos na Universidade de Temple, onde fundou o programa de
doutoramento em Estudos afro-americanos. Autor de mais de 66 livros, editor fundador
do Jornal de Estudos negros é conhecido por seus escritos sobre Afrocentricidade.
Em seu texto, Asante discorre sobre Afrocentricidade como uma perspectiva,
abordagem e ação para leitura, entendimento e reescrita dos assuntos africanos pelos
próprios sujeitos africanos, ou seja, propõe uma espécie de visão de mundo onde a
conscientização política e a agência do africano seja restituída, e que promova a
centralidade histórica e cultural das realizações e desenvolvimento africanos que foram
marginalizados pelo pensamento eurocêntrico.
O autor erige características a serem observadas em uma análise afrocêntrica de
temas do mundo africano como: o interesse pelo ponto de vista africano; compromisso
com a descoberta do lugar do africano como sujeito e a não adoção da óptica do
europeu; defesa dos elementos culturais africanos; compromisso com o refinamento
léxico e com uma nova narrativa da história da África. Pois, conforme sabiamente
aponta o autor, em uma investigação de fatos relativos às experiências de vida dos
africanos, “... não são os dados que estão em questão, mas o modo como as pessoas os
interpretam, como percebem aquilo com que se defrontam e como analisam os temas e
valores africanos contidos nesses dados.” (ASANTE apud NASCIMENTO, 2009,
p.105)
Ser afrocentrista/afrocentrado é buscar o conhecimento emancipador e
afirmativo das contribuições africanas para a humanidade. É apropriar-se
conscientemente da posição de resistência frente à aniquilação cultural, política e
econômica relativa ao processo de opressão e dominação europeia.
O texto se encerra abordando os desafios presentes à construção da
afrocentricidade, como a crítica e o desbaratamento da cultura europeia como norma,
alçada por ela mesma ao status de universal, e necessidade da afirmação do valor
recíproco das várias culturas em oposição ao estabelecimento de hegemonias, no que se
refere à questão do multiculturalismo.
A obra é basilar no entendimento do que é, e a que se propõe a Afrocentricidade
enquanto perspectiva de conhecer e revelar a África. O pensamento de Asante é,
portanto, referência primordial para os interessados nesta temática.

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