Departamento de Física
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
2007
Temperatura e sua medição
Departamento de Física
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
2007
I often say that when you can measure what you are speaking about, and
express it in numbers, you know something about it; but when you cannot
measure it, when you cannot express it in numbers, your knowledge is of a
meagre and unsatisfactory kind.
Lord Kelvin
Uma teoria tem tanto mais impacte quanto maior for a simplicidade das suas
premissas, quanto mais diversas forem as coisas relacionadas e quanto maior for
a sua área de aplicabilidade. Daí a impressão profunda que a Termodinâmica
clássica me causou. É a única teoria física de conteúdo universal a respeito da
qual estou convencido que, no quadro da aplicabilidade dos seus conceitos
básicos, nunca será ultrapassada. Somente por estas razões é uma parte muito
importante da formação de um físico.
Albert Einstein
A natureza não esconde os seus segredos por malícia, mas devido à sua
própria imensidão.
Albert Einstein
i
Agradecimentos
iii
Sumário
v
Abstract
vii
Résumé
ix
Índice
1 Introdução ...................................................................................................................... 1
1.1 Objectivos ............................................................................................................. 1
1.2 A relevância do estudo.......................................................................................... 1
1.3 Enquadramento curricular..................................................................................... 2
1.4 Estrutura da Tese................................................................................................... 6
4 Metrologia da temperatura........................................................................................... 71
4.1 Introdução ........................................................................................................... 71
4.2 Breve história da medição de temperatura .......................................................... 72
4.3 Termometria e escalas termométricas................................................................. 79
4.3.1 Escalas de temperaturas e princípios gerais ............................................... 79
4.3.2 Termómetro de gás a volume constante ..................................................... 83
4.3.3 Calibração e padrões de medida ................................................................. 86
4.3.4 Padrão de temperatura termodinâmica ....................................................... 89
4.4 A Escala Internacional de Temperatura (ITS-90) ............................................... 89
xi
Temperatura e sua medição
8 Conclusão................................................................................................................... 179
xii
3 Calibração e intercomparação de termómetros
Referências........................................................................................................................ 181
xiii
1 Introdução
1.1 Objectivos
Com este trabalho pretende-se abordar o conceito de temperatura e a sua medição.
A temperatura é provavelmente a grandeza física mais medida e que se revela importante
em contextos muito diversificados, desde o científico até ao do quotidiano.
A temperatura é uma variável essencial em Termodinâmica, área da Física que
aborda os fenómenos físicos do ponto de vista macroscópico e cujas leis – em particular
a primeira e a segunda leis – ditam a evolução dos sistemas físicos. Por isso, e porque a
Termodinâmica é, com bastante ênfase, parte integrante dos programas do ensino básico
e secundário (sobretudo nos 7º e 10º anos), um outro objectivo do presente trabalho é
uma abordagem sucinta dos conceitos fundamentais da Termodinâmica.
Como qualquer grandeza física, a temperatura precisa de ser traduzida num número
e respectiva unidade o que nos leva ao problema da sua medição. Nesta perspectiva,
pretende-se abordar a metrologia da temperatura e os termómetros utilizados em diversas
situações e gamas de temperaturas. A Metrologia como ciência da medição compreende
todos os aspectos teóricos e práticos relativos à medição pelo que é essencial para
assegurar a qualidade das medições e a sua validade. Assim pretende-se usar um
termómetro de resistência de platina calibrado nas actividades experimentais de
intercomparação de vários termómetros.
Para além dos objectivos específicos referidos, pretende-se também desenvolver
actividades experimentais de medição de temperatura que envolvam uma diversidade
considerável de instrumentação. Em particular o contacto com alguns termómetros que
envolvem tecnologias de fibra óptica.
1
Temperatura e sua medição
2
1 Introdução
recuperar atrasos e contribuir para um nível de literacia e cultural mais elevado dos
alunos que frequentam a escola, aproximando-os dos seus colegas de países mais
desenvolvidos (Ministério da Educação, 2001).
Sob o ponto de vista da ciência, a visão do mundo depende da compreensão dos
fenómenos e das leis que regem esses fenómenos. Esse conhecimento, por sua vez, está
vinculado ao conhecimento quantitativo das grandezas que constituem esses fenómenos.
Em Física a dificuldade de aprendizagem conceptual está relacionada com a falta
de compreensão da quantificação de grandezas físicas fundamentais como comprimento,
tempo, massa, temperatura e dos conceitos matemáticos como o da fracção, medida e
número decimal (Cunha et al, 2004). Talvez por isso o tema Grandezas e Medidas é
reconhecido em documentos curriculares oficiais portugueses como sendo promotor da
aprendizagem conceptual.
Medições de grandezas físicas em geral, e em particular de temperatura, estão
intimamente associadas ao trabalho experimental, que está presente em todos os níveis de
ensino associado à Física e à Química.
Assim no Ensino Básico uma das finalidades do ensino é: A compreensão da
importância das medições, classificações e representações como forma de olhar para o
mundo perante a sua diversidade e complexidade (Ministério da Educação, 2001).
No programa de Física e Química A do Ensino Secundário, um dos objectivos é a
realização de registos e de medições, utilizando instrumentos e unidades adequadas, nas
actividades experimentais. Pode ler-se: “As actividades desenvolvem-se em continuidade
e articulação com a parte prática de Química, onde os alunos foram sensibilizados para
o erro inerente à medição, suas causas, assim como aos procedimentos a adoptar com o
fim de o minimizar e ainda para o significado dos algarismos significativos. Os alunos
devem, portanto, continuar a ter em conta estes aspectos em todas as actividades.
Terão oportunidade de, aos poucos, aprofundarem os conhecimentos sobre erros
experimentais”.
Nos erros experimentais está inserida a problemática da calibração dos
instrumentos de medição, mas parte-se do pressuposto que estes estão calibrados,
tendo-se apenas em conta a sensibilidade da escala utilizada para a apresentação dos
resultados. Na verdade, o conceito de calibração, de cadeia metrológica e de
rastreabilidade dos instrumentos não são abordados. Contudo, dever-se-ia transmitir que
estes conceitos são muito importantes e que, em geral, os instrumentos não se adquirem
calibrados. Muitas vezes a calibração de um instrumento tem um custo superior ao do
próprio instrumento e, além disso, a calibração tem de ser realizada periodicamente.
3
Temperatura e sua medição
2. Conservação da energia
• Sistema, fronteira e vizinhança. Sistema isolado
• Energia mecânica
• Energia interna. Temperatura
• Calor, radiação, trabalho e potência
• Lei da Conservação da Energia. Balanços energéticos
4
1 Introdução
5
Temperatura e sua medição
6
1 Introdução
7
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
9
Temperatura e sua medição
10
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
1
Há autores que defendem que uma formulação mais actual desta lei deve incluir o termo radiação
(Caldeira et al, 2007), embora tal formulação seja controversa (Cruz et al, 2004).
2
Admite-se aqui, sem perda de generalidade conceptual, que as energias potencial e cinética
macroscópicas permanecem constantes durante o processo.
11
Temperatura e sua medição
O estudo de qualquer ramo das ciências começa com a definição de uma região
restrita do espaço (ou de uma porção de matéria), recorrendo-se a uma superfície
fechada, real ou imaginária, chamada fronteira. Se a fronteira for real tem o nome de
parede. A região dentro da fronteira e sobre qual recai a nosso estudo é o que
designamos por sistema. Tudo fora do sistema e que pode interagir com este chama-se
vizinhança ou exterior, que pode ser considerada outro sistema (ver Figura 2.1). O
conjunto do sistema e exterior é o universo. Um sistema pode ser dividido em
subsistemas ou ele próprio ser um subsistema de um outro maior.
fronteira
exterior
B
A
C
vizinhança
3
Em rigor, basta que o sistema seja isolado termicamente (Güémez et al, 1998).
12
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
4
A relação E = mc 2 , devida a Einstein, estabelece a equivalência entre a massa m de um sistema e
a sua energia total E, onde c é a velocidade da luz no vazio, cujo valor exacto é 299 792 458 m s -1 .
13
Temperatura e sua medição
14
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
transferência de substância de uma parte do sistema para outra, então está num estado de
equilíbrio químico.
Um sistema em equilíbrio mecânico e químico, separado da sua vizinhança por
paredes diatérmicas5, está em equilíbrio térmico quando não há mudança espontânea das
suas coordenadas termodinâmicas. No equilíbrio térmico, todas as partes do sistema
estão à mesma temperatura, sendo esta a mesma que a temperatura da vizinhança.
Quando estas condições não são satisfeitas, ocorre uma mudança de estado até o
equilíbrio térmico ser atingido. Se o sistema estiver separado da vizinhança por paredes
adiabáticas6, não há interacção na forma de calor e o equilíbrio termodinâmico depende
apenas dos equilíbrios mecânico e químico.
Se todos os três tipos de equilíbrio são verificados, o sistema está num estado de
equilíbrio termodinâmico. Estes estados podem ser descritos em termos de coordenadas
macroscópicas que não envolvem o tempo, isto é, em termos de coordenadas
termodinâmicas.
Quando qualquer um dos três tipos de equilíbrio não se verifica, o sistema está num
estado de não-equilíbrio, não podendo ser descrito por coordenadas termodinâmicas
que se referem ao sistema como um todo.
5
Paredes diatérmicas são paredes que permitem a transferência de energia por calor entre o sistema
e a vizinhança.
6
Paredes adiabáticas são paredes que não permitem a transferência de energia por calor entre o
sistema e a vizinhança, mesmo havendo entre eles uma diferença de temperatura.
15
Temperatura e sua medição
corresponde a uma transferência de energia para o sistema na forma de trabalho, mas não
implica uma variação de volume. Como exemplo, podemos pensar na agitação de um
líquido com uma vareta.
Pode também modificar-se o estado do sistema de outra forma, por exemplo,
colocando o sistema em contacto com outro sistema a uma temperatura diferente. Este
tipo de interacção, que não se pode identificar com uma interacção do tipo trabalho
designa-se por interacção térmica, por contacto térmico ou simplesmente por calor
(Güémez et al, 1998).
Os conceitos de trabalho e calor referem-se a dois tipos distintos de interacções
termodinâmicas entre o sistema e a sua vizinhança e só têm significado enquanto ocorrer
a transformação do sistema.
Num estado de equilíbrio as grandezas trabalho e calor não têm significado. Ainda
se lê frequentemente “troca (ou fluxo) de calor”, mas o que se quer dizer é “troca (ou
fluxo) de energia por calor”. O mesmo se verifica para a grandeza trabalho: “troca de
trabalho” significa “troca de energia por trabalho”. Assim, os termos calor e trabalho
aparecem-nos, por vezes, com dois significados em simultâneo: o valor da energia
trocada e o tipo de interacção, o que pode sugerir que o calor (ou o trabalho) é uma
substância que pode passar de uns sistemas para outros, o que é errado7.
2.2.6 Ligações
7
Na literatura anglo-saxónica aparecem frequentemente os termos heat exchange, work exchange,
heat transfer, heat capacity, entre outros.
16
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
Y
A
YA Processo quase-estático
(reversível ou não)
dY Processo infinitesimal
XA dX XB X
17
Temperatura e sua medição
18
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
Existe, portanto, uma função de estado cuja diferença dos valores correspondentes
aos estados final e inicial é igual à energia trocada por trabalho adiabático entre o sistema
e a sua vizinhança. Esta função é designada por energia interna, U . Temos então
U f - U i = Wa (2.1)
19
Temperatura e sua medição
Gás
princípio da conservação da energia leva-nos a ter que concluir que houve transferência
de energia por outros processos diferentes do trabalho. Esta energia transferida entre o
sistema e a vizinhança devido a uma diferença de temperatura entre o sistema e a sua
vizinhança é designada por calor, Q . Temos então a definição de calor dada por
(
Q = U f - Ui - W) (2.2)
DU = Q + W (2.3)
20
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
A Primeira Lei expressa três ideias relacionadas entre si (Zemansky et al, 1997):
(1) a existência duma função de estado, a energia interna; (2) o princípio da conservação
da energia; e (3) a definição de calor como a troca de energia que não pode ser descrita
como trabalho termodinâmico.
Historicamente, não foi fácil compreender que calor estava relacionado com
energia. A ideia de que calor é uma transferência de energia foi referida em 1839 por M.
Séguin, um engenheiro Francês. Em 1842, Mayer, um físico Alemão, descobriu a
equivalência entre calor e trabalho e formulou o Princípio da Conservação da Energia
(Primeira Lei da Termodinâmica).
Para um processo infinitesimal (processo que envolve variações infinitesimais das
coordenadas termodinâmicas) a Primeira Lei toma a forma
dU = d Q + d W (2.4)
21
Temperatura e sua medição
sistema. Assim, a eficiência não poderá ser 100 %. A fonte que cede a energia por calor
ao sistema, Q1 , é designada por fonte quente e a fonte que recebe energia por calor do
que origina o ciclo é chamada uma máquina térmica. O propósito de tal máquina é
fornecer continuamente energia por trabalho ao exterior descrevendo o mesmo ciclo
repetidamente. A energia trocada por trabalho é a energia útil fornecida pelo sistema, e a
energia trocada por calor com a fonte quente é a energia absorvida. A eficiência térmica
da máquina, h , é definida como
trabalho realizado
Eficiência térmica = , ou seja,
energia recebida por calor
W W Q
h= =- = 1+ 2 (2.5)
Q1 Q1 Q1
22
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
FONTE FONTE
QUENTE QUENTE
Q1 Q1
W W
Sistema Sistema
Q2 Q2
FONTE FONTE
FRIA FRIA
a) b)
Figura 2.4 Representação esquemática da operação de: a) uma máquina
térmica; e b) uma máquina frigorífica (Anacleto, 2004).
Q1 = W + Q2 (2.6)
O propósito de uma máquina frigorífica é retirar energia por calor da fonte fria ou
ceder energia por calor à fonte quente. No primeiro caso, a eficiência, h F , é definida por
Q2 Q
hF = = -1 - 1 (2.7)
W W
Q1 Q
h BC = = 1+ 2 (2.8)
W W
23
Temperatura e sua medição
fonte fria com o menor dispêndio possível de trabalho. É sempre necessário haver troca
de energia por trabalho para se transferir energia por calor de uma fonte fria para uma
fonte quente. Esta constatação restritiva leva-nos ao postulado de Clausius da Segunda
Lei (PC):
24
2 Conceitos básicos de Termodinâmica
temperatura menor, T2 , é a fonte fria. As energias trocadas por calor com as fontes
P
2
Q1
3
T1
1
Q2
4 T2
V
Figura 2.5 Ciclo de Carnot representado num diagrama P-V (Anacleto,
2004).
A máquina de Carnot tem uma eficiência máxima. Este facto constitui o Teorema
de Carnot, que pode ser enunciado da seguinte forma:
Nenhuma máquina térmica que opere entre duas fontes pode ser mais eficiente
do que uma máquina de Carnot operando entre as mesmas fontes.
25
Temperatura e sua medição
26
3 Lei zero da Termodinâmica e Temperatura
27
Temperatura e sua medição
Q
Capacidade térmica média = (3.1)
T f - Ti
Q
C = lim (3.2)
T f ÆTi T f - Ti
ou, à temperatura Ti ,
dQ
C= (3.3)
dT
C 1 dQ
c= = (3.4)
m m dT
28
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
Uma mole é definida como a quantidade de substância que contém tantas entidades
elementares (átomos, moléculas, iões, electrões, ou outras partículas) como de átomos
existentes em, exactamente, 0,012 kg de 12C. Este número de átomos de 12C é chamado
número de Avogadro N A e é igual a 6, 022 ¥ 1023 partículas por mole. Se a massa de um
C 1 dQ
c= = (3.5)
n n dT
Êd Qˆ
CP = Á (3.6)
Ë dT ˜¯ P
Êd Qˆ
CV = Á (3.7)
Ë dT ˜¯ V
8
Um sistema hidrostático é um sistema termodinâmico com massa e composição constantes e que
exerce sobre a sua vizinhança uma pressão hidrostática uniforme, na ausência de campos
gravitacionais e electromagnéticos. Os sistemas hidrostáticos são normalmente caracterizados
pelas variáveis pressão, P, volume, V, e temperatura, T (Zemansky et al, 1997).
29
Temperatura e sua medição
cV
3R
0 T/K
9
Uma questão interessante a colocar aos alunos é: por que é que CP é maior que CV ?
30
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
c=
(m água )(
+ E q f - q água ) cágua (3.8)
msólido (q sólido - q f )
( )
Er [msólido ] = 2, 00 ¥ 10 -4 e Er ÈÎ mágua + E ˘˚ = 4,85 ¥ 10 -5 . O termo que tem maior
( )
contribuição para o erro do resultado é q f - q água , cujo valor é de apenas 1,5 ºC. O erro
relativo total é 0,072, o que corresponde termos para valor da capacidade térmica mássica
do aço o valor de c = (0, 46 ± 0, 03) kJ kg -1 ºC -1 .
31
Temperatura e sua medição
32
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
33
Temperatura e sua medição
Nos fluidos, que são os líquidos e os gases, o calor por condução também ocorre.
Neste caso, deve-se às colisões das moléculas durante o seu movimento aleatório. Nos
fluidos, contudo, o mecanismo do calor mais relevante é a convecção.
Consideremos uma porção de um material, na forma de um paralelepípedo, como se
mostra na Figura 3.3. A energia por calor Qcd por condução que atravessa a área A num
Qcd DT
= -k A (3.9)
Dt Dx
x
T2
T1
Energia
por calor
Área
A
Dx
Figura 3.3 Fluxo de energia por calor através de uma camada de espessura
Dx e área A, submetida a uma diferença de temperaturas
DT = T2 - T1 .
d Qcd dT
= -k (3.10)
dA dt dx
34
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
A equação anterior é designada por Lei de Fourier da condução por calor. Fazendo
uma generalização para o caso tridimensional obtém-se a seguinte equação vectorial
(Feynman et al, 1975)
G Ê dT dT dT ˆ G
J = -k Á , , ˜ = -k —T (3.11)
Ë dx dy dz ¯
G
onde J é o vector densidade de fluxo de energia por calor, cujo módulo é dado por
J = d Qcd dA dt . A constante de proporcionalidade κ é a condutividade térmica, e é uma
grandeza positiva pois o escoamento da corrente térmica dá-se no sentido contrário ao do
gradiente de temperatura.
Um dos vários métodos para medirmos a condutividade térmica de metais consiste
em utilizarmos os materiais em forma de barra, sendo uma das extremidades aquecida
electricamente (por exemplo) enquanto que a outra extremidade é mantida a uma
temperatura constante, por exemplo, utilizando gelo fundente (0ºC), conforme mostra a
Figura 3.5. A superfície da barra é isolada termicamente, e as perdas de energia através
do isolamento são calculadas subtraindo a taxa a que a energia entra na água da taxa a
que a energia eléctrica é fornecida. Em muitas situações, a perda de energia através da
superfície é muito pequena em comparação com a que flúi através da barra.
Quando a substância a investigar é um não-metal, usamos uma amostra em forma de
um disco fino, e o mesmo método geral é utilizado. O disco é colocado entre dois blocos
de cobre, um dos quais é aquecido electricamente e o outro arrefecido a uma determinada
temperatura usando água. Na maioria dos casos, a taxa a que a energia é fornecida é
praticamente igual à taxa a que entra na água, o que mostra que as perdas pelos bordos
são desprezáveis.
A condutividade térmica dos metais é bastante sensível às impurezas. A mudança de
estrutura devida a um aquecimento contínuo ou um aumento grande de pressão também
afecta o valor da condutividade térmica, k . Contudo, nos sólidos e nos líquidos o valor
de k não muda apreciavelmente com variações moderadas de pressão. A liquefacção
provoca sempre uma diminuição de k , e para um líquido k usualmente aumenta com o
aumento da temperatura. Os sólidos não-metálicos têm um comportamento idêntico ao
dos líquidos. À temperatura ambiente, estes são maus condutores térmicos. Em geral, a
condutividade térmica diminui à medida que a temperatura aumenta. Para temperatura
muito baixas, contudo, o comportamento é bastante diferente, como se vê na Figura 3.4.
35
Temperatura e sua medição
k / W m -1 K -1
T/K
Figura 3.4 Condutividade térmica em função da temperatura para algumas
substâncias (adaptado de Zemansky et al, 1997).
36
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
variação da temperatura ao longo da barra, uma das extremidades era aquecida com água
em ebulição e na outra extremidade era mantida à temperatura do gelo fundente.
37
Temperatura e sua medição
O erro relativo do resultado é dado pela soma dos erros relativos dos termos da
equação (3.10). Os erros absolutos dos declives das rectas dos gráficos foram obtidos a
partir da aplicação Origin (da OriginLab Corporation): dT dx = ( -1,154 ± 0, 023) K cm -1
e dT dt = (0, 0200 ± 0, 0007 ) K s -1 . As outras grandezas que contribuem para o erro final
38
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
39
Temperatura e sua medição
YA = hAB ( X A , X B , YB ) (3.12)
YA = hAC ( X A , X C , YC ) (3.13)
estado de cada sistema. Pelo mesmo raciocínio, mas agora partindo de B em equilíbrio
térmico com A e C, e considerando, pela Lei Zero, também A e C em equilíbrio térmico,
obtemos, quando os três sistemas se encontrarem em equilíbrio térmico,
q A ( X A , YA ) = q B ( X B , YB ) = q C ( X C , YC ) . (3.15)
41
Temperatura e sua medição
3.2.3.1 Isotérmicas
todos eles, pela Lei Zero, estão em equilíbrio uns com os outros. Todos esses estados,
quando representados num diagrama Y -X , pertencem a uma curva como a I representada
na Figura 3.9. Tal curva é chamada isotérmica. Uma isotérmica é o conjunto de todos os
pontos que representam estados de um sistema em equilíbrio térmico com um dado
estado de outro sistema.
Analogamente, em relação ao sistema B, encontramos um conjunto de estados –
X 1¢, Y1¢ ; X 2¢ , Y2¢ ; X 3¢ , Y3¢ ; ... – todos em equilíbrio térmico com um estado X 1 , Y1 do
Sistema A Sistema B
Y Y¢ III¢
II¢
I¢
III X 3¢ , Y3¢
X 1 , Y1 II
X 2¢ , Y2¢
X 2 , Y2
X 3 , Y3 I
X 1¢, Y1¢
X X¢
43
Temperatura e sua medição
temperatura do padrão, T0 , pois, pela Lei Zero, o sistema cuja temperatura queremos
medir está em equilíbrio térmico com o padrão, embora estes nunca tenham estado em
contacto térmico.
f ( X , Y ,q ) = 0 (3.16)
que é a equação de estado térmica. A existência de uma equação deste tipo é geral não se
limitando a sistemas termodinâmicos particulares, podendo envolver outras variáveis
para além das X e Y consideradas.
A Termodinâmica, através da Lei Zero, garante a existência de uma equação de
estado para todos os sistemas em equilíbrio, embora não especifique a sua forma. Esta
equação permite relacionar variações de grandezas termodinâmicas.
44
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
Por outro lado, a propriedade da substância usada no termómetro deve variar muito
quando a temperatura varia pouco (elevada sensibilidade).
Convém chamar a atenção que se dois sistemas estão à mesma temperatura, isto
não significa necessariamente que se encontrem em equilíbrio termodinâmico completo.
Para que tal aconteça devem verificar-se mais duas condições: a de equilíbrio mecânico e
a de equilíbrio químico.
Na Figura 3.10 mostra-se os registos de um aluno e a montagem experimental para
a determinação dos pontos de fusão e de ebulição da água.
Partindo de uma mistura de água (líquida) e gelo, aqueceu-se até se obter o estado
de ebulição.
45
Temperatura e sua medição
E n E +n E +n E +"
E= = 1 1 2 2 3 3 (3.17)
N n1 + n2 + n3 + "
ni = Ae - Ei kT
(3.18)
32
4N Ê m ˆ Ê m v2 ˆ
n (v ) = Á ˜ v 2 exp Á - (3.19)
p Ë 2kT ¯ Ë 2 k T ˜¯
47
Temperatura e sua medição
10
No entanto o conceito de temperatura pode ser aplicado a certas propriedades das partículas. Por
exemplo, há estudos da medição da temperatura de núcleos atómicos em função da sua energia
de excitação (Melby et al, 1999). Outro exemplo interessante, é atribuir uma temperatura aos
electrões livres num metal a 0 K, cujo valor máximo é designada por temperatura de Fermi, que
está associada à energia de Fermi, mas que não tem uma relação com a temperatura do metal
como um todo (Omar, 1993).
11
Os pirómetros não são termómetros de contacto. Medem a temperatura com base na radiação
emitida pelos corpos (ver secção 5.5).
48
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
unidade de tempo e de área da superfície emissora é tanto maior quanto maior for a
temperatura a que o corpo se encontra. Assim a diferença entre a energia que a lata
absorve e a que ele emite é cada vez menor, num mesmo intervalo de tempo, até que essa
diferença se anula, quando é atingido o equilíbrio térmico. Neste estado, a rapidez com
que a energia é absorvida é igual àquela com que é emitida.
12
O olho humano é sensível ao espectro electromagnético na banda espectral de 400 nm a 700 nm.
50
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
51
Temperatura e sua medição
•
ER = Ú RT (n ) dn (3.20)
0
13
As leis do Electromagnetismo são unificadas pelas equações de Maxwell (Alonso et al, 1977).
52
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
ER = s T 4 (3.21)
n max μ T (3.22)
53
Temperatura e sua medição
Figura 3.18 Cavidade que com um orifício. A radiação que entra é totalmente
absorvida devido às sucessivas reflexões no interior da cavidade,
que se aproxima a um corpo negro.
54
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
temperatura T das suas paredes. O espectro de radiação emitido pelo orifício da cavidade
pode ser especificado em termos da função radiância espectral, RT (n ) . No entanto, é
mais útil especificar o espectro da radiação dentro da cavidade, chamada radiação de
cavidade, em termos de uma densidade de energia, rT (n ) , que é definida como a energia
contida por unidade de volume da cavidade, à temperatura T , no intervalo de frequência
n e n + dn . É evidente que as duas quantidades são proporcionais entre si, isto é,
rT (n ) μ RT (n ) (3.24)
14
A função densidade de energia dentro da cavidade deve ser independente da sua forma. A
escolha da forma cúbica deve-se a uma conveniência do ponto de vista matemático.
55
Temperatura e sua medição
z
z=a
y
y=a
0
x=a
x
Figura 3.19 Uma cavidade cúbica, com aresta de comprimento a, preenchida
por radiação electromagnética.
Mas como a radiação electromagnética é uma onda transversal com o vector campo
G
eléctrico E perpendicular à direcção de propagação, e como a direcção de propagação é
perpendicular à parede em questão, o seu vector campo eléctrico é paralelo à parede. Mas
uma parede metálica não pode suportar um campo eléctrico paralelo à sua superfície, já
que isso produzia uma corrente eléctrica no sentido de anular tal campo. A superfície de
um condutor em equilíbrio é uma superfície equipotencial e se existir campo eléctrico na
superfície terá que lhe ser perpendicular. Portanto, a conciliação do equilíbrio eléctrico
das paredes e a transversalidade da onda electromagnética exige que o vector campo
eléctrico seja nulo nas paredes. Assim, a onda estacionária associada à componente
segundo x deve ter um nó em x = 0 e outro em x = a . Analogamente, as componentes
segundo y e z , têm nós em y = 0 e y = a , e em z = 0 e z = a , respectivamente.
Estas condições colocam limitações nos comprimentos de onda possíveis da
radiação contida na cavidade. Se a radiação de comprimento de onda l e frequência
n = c l se propagara na direcção definida pelos ângulos a , b e g , tal como mostra a
Figura 3.20, e for uma onda estacionária, então as suas componentes segundo x , y e z
também são ondas estacionárias. Na Figura 3.20 estão indicadas algumas localizações
dos nós fixos desta onda estacionária onde se fez passar em cada um deles um plano
perpendicular à direcção de propagação. A distância entre eles é de l 2 , onde l é o
comprimento de onda.
56
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
ly
lz
2 y
2
Direcção de
lz propagação
2
l
2
g
b
a
lx lx x
2 2
Figura 3.20 Planos nodais de uma onde estacionária que se propaga numa
dada direcção na cavidade cúbica.
Ïlx 2 = (l 2) cos (a )
Ô
Ô
Ìl y 2 = (l 2) cos ( b ) (3.25)
Ô
ÔÓlz 2 = ( l 2) cos (g )
sin (2p x lx ) se anula para 2 x lx = 0, 1, 2, 3, ... , trata-se de uma onda estacionária cujo
comprimento de onda é lx , uma vez que tem nós separados por uma distância de
57
Temperatura e sua medição
Ï 2 a l x = nx
Ô
Ô
Ì 2a l y = n y (3.27)
Ô
ÔÓ2a lz = nz
Ï( 2a l ) cos (a ) = nx
Ô
Ô
Ì( 2a l ) cos ( b ) = n y (3.28)
Ô
ÔÓ( 2a l ) cos (g ) = nz
2
Ê 2a ˆ
l
( 2 2 2
)
ÁË ˜¯ cos a + cos b + cos g = nx + n y + nz
2 2 2
(3.29)
2a
= nx2 + n y2 + nz2 (3.30)
l
onde nx , n y e nz podem tomar qualquer valor inteiro. Esta equação descreve a restrição
c c
n= = nx2 + n 2y + nz2 (3.31)
l 2a
r = nx2 + n y2 + nz2 ,
2a
r= n (3.32)
c
dV = r 2 sin (f ) dr df dq (3.33)
59
Temperatura e sua medição
p p
2 2
N (r ) dr = Ú Ú r 2 sin (f ) d f dq dr
0 0
p
N (r ) dr = r 2 dr (3.34)
2
3
Ê 2a ˆ
N (n ) dn = p Á ˜ n 2 dn (3.35)
Ë c ¯
Com isto fica concluído o cálculo do número de ondas estacionárias contidas numa
cavidade cúbica de aresta a . O resultado da equação (3.35) vem multiplicado por dois já
que, considerando uma radiação segundo o eixo dos xx , por exemplo, o seu vector
campo eléctrico, tendo uma direcção perpendicular, pode tomar qualquer direcção entre
os eixos yy e zz (dois modos de polarização). A amplitude da radiação pode ser escrita
da seguinte forma:
A= Ay2 + Az2
A = 2 Ay
Sendo a energia de uma radiação dada pelo quadrado da sua amplitude, essa energia
será então de 2 Ay2 , o que significa que se pode multiplicar o número de ondas por um
60
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
e = kT (3.36)
( )
dada pela multiplicação das duas expressões, a dividir pelo volume da cavidade a 3 , ou
seja,
8p n 2 k T
rT (n ) dn = dn (3.37)
c3
Esta ideia surgiu pela primeira vez a Rayleigh e Jeans, e embora aparentemente
baseada em teorias sólidas, não coincide com os resultados experimentais. A Figura 3.21
faz a comparação entre as previsões da equação (3.37) e a experiência. Como se pode
observar da figura, a discrepância é enorme. A baixas frequências as duas curvas são
aproximadamente iguais, no entanto, à medida que a frequência cresce, a previsão teórica
aponta que a energia tende para infinito, enquanto que na prática todas as experiências
conduzem ao resultado de que essa energia tende para zero. A previsão da Física clássica
é conhecida por catástrofe do ultravioleta.
61
Temperatura e sua medição
exemplo) e que a sua energia total é 3De . Tem-se em mente a generalização posterior
para sistemas com grande número de partículas e para qualquer valor de energia total.
Nº de
e = 0 e = De e = 2 De e = 3De e = 4 De possibilidades
Pi
i =1 3 1 4 4 20
i=2 2 1 1 12 12 20
i=3 1 3 4 4 20
n ¢ (e ) 40 20 24 20 12 20 4 20 0 20
Uma vez que as quatro partículas podem trocar energia entre si, todas as divisões
possíveis da energia 3De entre as quatro entidades podem ocorrer. Na Tabela 3.2
mostra-se todas as possibilidades de distribuição da energia total pelas quatro partículas,
identificadas pela letra i . Para i = 1 , três partículas têm energia nula, tendo a quarta
energia igual a 3De , tendo o sistema a energia e = 3De . Nesta situação podem existir
quatro possibilidades diferentes, uma vez que qualquer uma das quatro entidades pode
ser a que tem energia de 3De .
No caso de i = 2 , duas partículas têm energia nula, a terceira e a quarta têm,
respectivamente, energias e = De e e = 2 De . Nesta situação podem existir doze
possibilidades distintas de distribuição da energia (qualquer uma das quatro partículas
pode ter energia e = 2 De e qualquer uma das restantes três pode ter energia e = De , ou
seja, 4 ¥ 3 = 12 possibilidades).
Para i = 3 , existem quatro modos distintos de fazer uma partícula com energia
e = 0 e as restantes três partículas com energia e = De .
A última hipótese a considerar é a de que todas as possibilidades de dividir a
energia pelas partículas ocorrem com igual probabilidade. Então a probabilidade de
ocorrerem as divisões de determinado tipo ( i = 1 , 2 ou 3) é proporcional ao número de
divisões distintas desse mesmo tipo. A probabilidade relativa, Pi , é então igual ao
número de divisões de determinado tipo a dividir pelo número total de divisões. As
probabilidades relativas estão calculadas na coluna da direita da Tabela 3.2.
O parâmetro que falta calcular é o número provável de entidades num dado estado
de energia e , n ¢ (e ) . Para o nível de energia e = 0 existem três entidades em divisões do
63
Temperatura e sua medição
valores de n ¢ (e ) estão calculados na última linha da Tabela 3.2. É de notar que a soma
dos n ¢ (e ) é quatro, já que existem quatro partículas no sistema. Na Figura 3.22 estão
n (e ) = Ae - e e0
(3.38)
onde A e e 0 são constantes que foram calculadas de modo que a curva se ajuste o melhor
64
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
número de partículas do sistema for muito grande, chega-se à conclusão de que a função
que se encontraria para n ¢ (e ) é idêntica à exponencial negativa da equação (3.38).
No exemplo apresentado anteriormente, outro método para se calcular a energia
total do sistema seria multiplicar cada nível de energia pelo número provável de
entidades com essa energia. No final, a energia total do sistema, e s , é dada pela soma de
todas as multiplicações, ou seja, pode ser calculada pela expressão
N De
es = Â e n ¢ (e )
0
A energia média de cada partícula também pode ser obtida dividindo o resultado
anterior pelo número total de entidades, que no exemplo apresentado são quatro. Portanto
a energia média de cada entidade será dada por
N De
 e n¢ (e )
e = 0
N De
(3.39)
 n¢ (e )
0
Ú e n (e ) d e
e = 0
•
(3.40)
Ú n (e ) d e
0
Ú Ae e
-e e0
d e
e = 0
•
(3.41)
Ú Ae
-e e0
de
0
65
Temperatura e sua medição
n (e ) = Ae - e kT
(3.42)
• •
1
Ú P (e ) d e = 1 ¤ B Ú e
- e kT
=1¤ B = (3.43)
0 0
kT
e - e kT
P (e ) = (3.44)
kT
66
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
Ú e P (e ) d e
e = 0
•
(3.45)
Ú P (e ) d e
0
uma radiação tende para kT quando a frequência tende para zero. Também se pode
observar a partir dos resultados experimentais que lim e = 0 .
n Æ•
Ao tentar encontrar uma solução para o problema, Planck supôs que a energia e
poderia ter apenas certos valores discretos, em vez de qualquer valor, e que esses valores
discretos eram múltiplos de um valor mínimo: e = 0 , De , 2 De , 3 De , 4 De , … ,ou seja
e = n De , n Œ ` .
Planck chegou à conclusão de que para a energia média dum sistema tender para
zero quando a frequência tende para infinito bastava fazer De proporcional à frequência,
ou seja, De = hn e e = n hn , n Œ ` , onde h = 6, 626 ¥ 10 -34 J s é hoje conhecida como a
constante de Planck.
A equação (3.45) dará lugar a uma forma discreta em que os integrais darão lugar a
somatórios
• •
e - nhn kT
 e P (e )  n hn kT
e = n =0
•
= n=0
•
(3.46)
e - nhn kT
 P (e )  kT
n=0 n=0
67
Temperatura e sua medição
hn
e (n ) = hn kT
(3.47)
e -1
8p h n 3
rT (n ) dn = dn (3.48)
c3 e hn kT - 1
Esta fórmula, conhecida como lei de Planck está em excelente acordo com as
experiências feitas até ao momento.
Em grande parte da literatura a lei de Planck aparece como função do comprimento
de onda e não como função da frequência. Para se obter tal expressão basta saber que:
c c
n= e dn = - dl
l l2
Então, temos
8p hc dl
rT (l ) d l = hc l kT
(3.49)
l 5
e -1
ER = e s T 4 (3.50)
68
3 Lei Zero da Termodinâmica e Temperatura
69
4 Metrologia da temperatura
4.1 Introdução
Através dos sentidos o homem trava conhecimento com o mundo físico que o
rodeia. A primeira noção de temperatura de um sistema é estabelecida a partir da
sensação térmica que o tacto proporciona, sendo traduzida pelos termos frio, quente,
gelado, morno, etc.
No entanto, a nossa percepção de quente e frio é, por vezes, enganadora. Por
exemplo, sente-se a sensação de frio quando se mergulha uma mão em água morna
depois de a ter mergulhado durante algum tempo em água quente e sente-se a sensação
de quente quando se mergulha a mão na mesma água morna depois de a ter mergulhado
durante algum tempo em água fria.
Portanto o carácter “sensitivo” não pode, para fins científicos, ser utilizado como
um termómetro pois é um instrumento diferencial, pois só consegue distinguir entre
“mais frio” e “mais quente” em relação à sua própria temperatura. Além disso tem um
carácter relativo que depende da pessoa, da condição fisiológica em que se encontrava
anteriormente e da natureza dos objectos tocados. Por exemplo, uma maçaneta metálica
“parece mais fria” ao tacto do que a porta onde está colocada, apesar de estarem ambas à
mesma temperatura. A explicação tem a ver com os valores das suas condutividades e
capacidades térmicas.
Surge, portanto, a necessidade de se estabelecer um instrumento normalizado de
medição de temperatura que seja independente do operador – o termómetro. A
metrologia da temperatura antecede a compreensão do conceito científico de temperatura.
De entre todas as grandezas físicas, a temperatura é provavelmente aquela que é
medida com mais frequência, pois é relevante em muitas áreas científicas e tecnológicas.
Citam-se como exemplo de actividades onde é essencial a medição de temperatura, as
indústrias químicas, siderúrgicas, de plástico e de papel, alimentar, farmacêutica,
automóvel, aviação, entre outras. Também na meteorologia, na medicina e investigação
científica em geral.
71
Temperatura e sua medição
72
4 Metrologia da temperatura
líquido dentro do tubo. Este primeiro instrumento foi designado por termoscópio
(instrumento que indica variações temperatura por mudança de volume).
73
Temperatura e sua medição
74
4 Metrologia da temperatura
75
Temperatura e sua medição
água. Surgia assim a escala centígrada, a outra denominação da escala Celsius (até 1948,
quando a IX Conferência Internacional de Pesos e Medidas mudou o nome para grau
Celsius, ºC).
76
4 Metrologia da temperatura
PV = (constante) T (4.1)
77
Temperatura e sua medição
78
4 Metrologia da temperatura
Y Isotérmica correspondente
ao ponto triplo da água
Y = Y1
79
Temperatura e sua medição
q (X ) = a X (Y constante) , (4.2)
onde a é uma constante arbitrária. De notar que à medida que X se aproxima de zero, a
temperatura também tende para zero, porque não há nenhuma constante somada à
função. Deve ser notado, ainda, que quando esta relação arbitrária é aplicada a diferentes
tipos de termómetros se obtém escalas empíricas de temperatura diferentes. A equação
(4.2) aplica-se, em geral, a um termómetro posto em contacto com um sistema cuja
temperatura q ( X ) queremos medir. Portanto, aplica-se quando o termómetro é colocado
em contacto com um dado sistema padrão num estado reproduzível. Este estado do
sistema padrão, escolhido arbitrariamente, é designado por ponto fixo, isto é, tem uma
temperatura fixa. Os pontos fixos permitem temperaturas de referência para a construção
de escalas de temperatura.
Antes de 1954, a escala de temperatura internacional era a escala Celsius, a qual
era baseada no intervalo de temperatura entre dois pontos fixos: (1) a temperatura à qual
o gelo puro coexiste em equilíbrio, à pressão atmosférica normal15, com o ar saturado de
vapor de água (o ponto do gelo) – ao qual era atribuída a temperatura q PG = 0 ∞C ; e (2) a
temperatura de equilíbrio, à pressão atmosférica normal, entre a água pura e vapor puro
(o ponto de vapor) – ao qual era atribuída a temperatura q PV = 100 ∞C . Por esta razão esta
escala era também designada por escala centígrada de temperatura.
Em 1954, foi escolhido um outro ponto fixo de referência, como base de uma nova
escala de temperatura, baseada nas propriedades dos gases. Esse ponto corresponde à
temperatura do estado onde gelo, água líquida, e vapor de água coexistem em equilíbrio,
e é designado por ponto triplo (PT) da água.
Quando um gás é mantido a volume constante, a sua temperatura varia linearmente
com a pressão, se esta for suficientemente baixa. É esta propriedade que torna os gases
importantes em termometria. Utilizando gases diferentes, todos a uma pressão muito
baixa, obtém-se experimentalmente o gráfico da temperatura em função da pressão, para
cada gás, conforme se ilustra na Figura 4.3.
As rectas de ajuste dos valores experimentais intersectam-se no mesmo ponto do
eixo das temperaturas, obtendo-se a menor temperatura teórica possível, q = -273,15 ∞C .
Considera-se então uma escala de temperatura (escala Kelvin) com a mesma amplitude
15
A pressão atmosférica normal tem o valor exacto de 1, 01325 ¥ 105 Pa .
80
4 Metrologia da temperatura
Gás A
Gás B
Extrapolação Gás C
para P = 0
Gás D
-273,15 0 q PT = 0, 01 q PV = 100 θ / ºC
273,16 K
a= (4.3)
X PT
X
q ( X ) = 273,16 K (Y constante) . (4.4)
X PT
81
Temperatura e sua medição
Termómetro Selado
Vapor
de água
Camada
de água
Gelo
Água
Ê 5º C ˆ
ºC = Á ¥ (º F - 32º F) (4.6)
Ë 9º F ˜¯
82
4 Metrologia da temperatura
Reservatório
Tubo capilar de mercúrio
Ponteiro
Gás
M M¢
83
Temperatura e sua medição
O gás está contido num reservatório que comunica com a coluna de mercúrio M
através dum tubo capilar. O volume do gás é mantido constante por ajustamento da
coluna de mercúrio M até tocar num pequeno ponteiro que se encontra no espaço acima
de M. A coluna M é ajustada elevando ou baixando o reservatório do mercúrio.
A pressão no sistema é igual à pressão atmosférica mais a que é devida à diferença
de altura entre M¢ e M, h, e é medida duas vezes: quando o gás está rodeado pelo
sistema cuja temperatura queremos medir, obtendo-se P, e quando está rodeado por água
no ponto triplo, obtendo-se PPT . A temperatura é, então, dada por
P
q ( P ) = 273,16 K (V constante) . (4.7)
PPT
No séc. XIX, o termómetro mais preciso era o termómetro de gás. Foi oficialmente
adoptado pelo Comité Internacional de Pesos e Medidas em 1887 como o termómetro
padrão, substituindo o termómetro de mercúrio-num-tubo. A base teórica para o
termómetro de gás é a relação entre a pressão, volume, e temperatura expressa pela lei
dos gases ideais,
PV = n RT , (4.8)
reservatório do gás está inserido numa célula de ponto triplo. Suponhamos que PPT é
igual a 120 kPa. Mantendo o volume constante, seguimos os seguintes procedimentos:
PPEN
q ( PPEN ) = 273,16 K .
120
84
4 Metrologia da temperatura
2. Retiramos algum gás de tal maneira que PPT tenha um valor inferior, por
para θ,
PPEN
q ( PPEN ) = 273,16 K .
60
e PPEN tenham cada vez valores menores, por exemplo, PPT tenha os valores
40 kPa, 20 kPa, etc. Para cada valor de PPT , calculamos o valor correspondente
da temperatura q ( PPEN ) .
Os resultados de uma série de testes desta natureza estão esboçados na Figura 4.6
para três gases diferentes com o objectivo de medir q ( P ) para o ponto de ebulição
normal da água. O gráfico indica que, embora as leituras do termómetro de gás a volume
constante dependam da natureza do gás a valores ordinários de PPEN , todos os gases
q /K
373,60
373,50 N2
T (vapor) = 373,124 K
373,40
373,30
373,20 H2
373,10 He
85
Temperatura e sua medição
Ê P ˆ
T = 273,16 K lim Á (V constante) (4.9)
PPT Æ 0 Ë P ˜
PT ¯
86
4 Metrologia da temperatura
16
http://www.nist.gov
87
Temperatura e sua medição
Escalão I
1. Padrões internacionais.
2. Padrões primários (padrões nacionais).
3. Padrões secundários (padrões de referência do NIST).
4. Padrões de trabalho (utilizados pelo NIST para serviços de calibração).
Escalão II
1. Padrões de referência; padrões secundários mantidos por laboratórios
particulares e industriais.
2. Padrões de trabalho; padrões usados para calibrar e verificar aparelhos de
laboratório de uso geral.
Escalão III
Instrumentos de uso geral para produção, manutenção e ensaios externos.
88
4 Metrologia da temperatura
Além disso, deve ser dado especial cuidado aos aspectos de utilização e armazenamento
do padrão de modo a manter as suas qualidades metrológicas ao longo da sua vida útil.
89
Temperatura e sua medição
90
4 Metrologia da temperatura
Temperatura
a
Nº T90/K t90/°C Substância Estado
1 3a5 – 270,15 a – 268,15 He V
2 13,8033 – 259,3467 e-H2 T
3 ~ 17 ~ – 256,15 e-H2 (ou He) V (ou G)
4 ~ 20,3 ~ – 252,85 e-H2 (ou He) V (ou G)
5 24,5561 – 248,5939 Ne T
6 54,3584 – 218,7916 O2 T
7 83,8058 – 189,3442 Ar T
8 234,3156 – 38,8344 Hg T
9 273,16 0,01 H20 T
10 302,9146 29,7646 Ga F
11 429,7485 156,5985 In S
12 505,078 231,928 Sn S
13 692,677 419,527 Zn S
14 933,473 660,323 Al S
15 1234,93 961,78 Ag S
16 1337,33 1064,18 Au S
17 1357,77 1084,62 Cu S
a
Os símbolos têm os seguintes significados:
V – ponto de pressão de vapor;
T – ponto triplo (temperatura à qual as fases sólida, líquida e vapor coexistem em
equilíbrio);
G – ponto do termómetro de gás;
F, S – ponto de fusão, ponto de solidificação (temperatura, à pressão de 101 325 Pa, à qual
as fases sólida e líquida coexistem em equilíbrio).
91
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Princípio de funcionamento
Os termómetros de dilatação de líquidos, baseiam-se na lei de expansão
volumétrica de um líquido com a temperatura dentro de um recipiente fechado.
A equação que rege esta relação é:
Vq = V0 È1 + b1Dq + b 2 ( Dq ) + b 3 ( Dq ) ˘
2 3
Î ˚
93
Temperatura e sua medição
Vq = V0 [1 + b Dq ]
94
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Os líquidos mais usados são: Mercúrio, Álcool, Tolueno e Acetona. O álcool etílico
é usado para medições de temperaturas baixas (-38,9 ºC). Costumam-se adicionar
corantes para visualizar a leitura (Pires et al, 2006), visto que o álcool etílico é incolor.
Foi muito utilizado o mercúrio por possuir um coeficiente de expansão uniforme,
não molhar o vidro, purificar-se facilmente e tornar fácil a leitura (devido à sua aparência
metálica), mas o seu uso traz problemas ambientais, motivo pelo qual tem sido
substituído por outros.
O termómetro clínico de mercúrio, que foi muito utilizado, é um termómetro de
máxima. O tubo capilar apresenta nas proximidades do reservatório um estrangulamento.
Quando a temperatura aumenta, o mercúrio dilata-se, subindo na haste, mas, se a
temperatura diminuir, fica o mercúrio no tubo, devido ao estrangulamento, o que permite
determinar a maior temperatura atingida pelo corpo do paciente.
95
Temperatura e sua medição
96
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
B
A
97
Temperatura e sua medição
B
A
98
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
5.2.1 Constituição
Metal A
T TRef
Metal B eS Metal B
As junções podem ser feitas por vários métodos, sendo os mais importantes os
apertos dos materiais e as soldaduras. Embora se possa, em princípio, construir um
termopar com dois metais quaisquer, utilizam-se normalmente algumas combinações
normalizadas de metais, porque possuem tensões de saída previsíveis e suportam grandes
gamas de temperatura.
O termopar é um sensor activo, isto é, ele próprio gera uma força electromotriz18
(f.e.m.), não sendo portanto necessário alimentá-lo.
17
Os termopares com semicondutores têm um comportamento não linear, pelo que são pouco
utilizados na medição de temperatura.
18
Em rigor dever-se-ia dizer tensão electromotriz, em vez de força electromotriz, mas o seu uso
está generalizado.
99
Temperatura e sua medição
19
Thomas Johann Seebeck foi um físico alemão (1770-1831).
20
Jean Peltier foi um físico francês (1785-1845).
21
William Thomson (Lord Kelvin) foi um físico britânico (1824-1907).
100
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
temperatura deve usar-se um bom voltímetro (com elevada resistência interna), para que
a corrente eléctrica no circuito seja suficientemente pequena para que os efeitos Peltier e
Thomson sejam desprezáveis.
Para que sejam evitados possíveis erros causados por efeitos decorrentes da lei das
temperaturas sucessivas ou intermédias (ver secção 5.2.8), convencionou-se que o ponto
de abertura do circuito seria a própria junção de referência, onde fios de cobre seriam
ligados para que esses pontos fossem ligados ao voltímetro, conforme se ilustra na Figura
5.8. Como é descrito pela lei dos metais homogéneos (ver secção 5.2.8), a presença
desses fios de cobre não altera a f.e.m. lida no voltímetro.
Figura 5.8 Termopar onde a junção dos fios A e B constitui a junção de teste
e a junção de referência consiste em duas junções com fios de
cobre (Anacleto, 2004).
101
Temperatura e sua medição
Diferença de temperatura DT
E E
EF EF
Quente Frio
Diferença de potencial De
1 f (E ) 1 f (E )
de
a =- (5.1)
dT
102
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
T
De = Ú a dT (5.2)
T0
3 È 5p 2 Ê k T ˆ ˘
2
E = EF Í1 + ˙ (5.3)
5 Í 12 ÁË EF ˜¯ ˙
Î ˚
p 2k 2 T
a= (5.4)
2 e EF
5.2.5 O termopar
103
Temperatura e sua medição
aparece uma diferença de potencial simétrica nos fios de ligação ao voltímetro, conforme
se ilustra na Figura 5.10.
Metal A
+ -
Quente Frio
+ -
Metal A eS = 0 Metal A
Metal A
Quente + - Frio
T + - T0 = TRef
+ -
Metal B eS π 0 Metal B
Figura 5.11 Um termopar tem que ser constituído por duas junções de dois
metais diferentes A e B.
T T
e AB = Ú (a A - a B ) dT = Ú a AB dT (5.5)
T0 T0
104
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
O valor de a AB pode ser obtido por duas formas: a) como a diferença entre os
De AB d e AB
a AB = lim =
Dt Æ 0 DT dT
105
Temperatura e sua medição
junção de dois metais diferentes numa direcção, a junção arrefece, absorvendo energia
por calor do meio em que se encontra. Quando a direcção da corrente é invertida, a
junção aquece, aquecendo o meio em que se encontra. Este efeito está presente quer a
corrente seja gerada pelo próprio termopar quer seja originada por uma fonte de tensão
externa. Por isso, na utilização de um termopar deve-se reduzir tanto quanto possível esta
corrente, utilizando voltímetros com elevada resistência interna.
A potência trocada por calor (libertada ou absorvida), d QP dt , é proporcional à
intensidade de corrente eléctrica, I , no circuito
d QP
= p AB I (5.7)
dt
d QP
= e S I = a AB T I (5.8)
dt
p AB = a AB T (5.9)
106
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
malha numa direcção. Se a temperatura desta última diminuir abaixo da primeira por
arrefecimento externo, o sentido da corrente eléctrica será invertido. Portanto, o efeito
Peltier está intimamente relacionado ao efeito Seebeck.
O efeito de Peltier aparece adicionado ao efeito de Joule, no qual a passagem de
uma corrente através de uma resistência, neste caso a junção, dá origem à produção de
uma libertação de energia por calor proporcional ao quadrado da corrente I. No caso dos
metais vulgares, e para as intensidades de corrente eléctrica normalmente usadas, a
potência trocada por calor devida ao efeito de Peltier, d QP dt , é muito menor do que a
107
Temperatura e sua medição
d QT
= s I DT (5.10)
dt
T2
e T = Ú s dT (5.11)
T1
108
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Um circuito que utilize termopares deve conter pelo menos dois metais distintos e
pelo menos duas junções (Figura 5.12a).
temperatura T2 .
109
Temperatura e sua medição
A T3 A T4
T1 T2 T1 T2
+ - T6 + - T5
B e0 B e0
B B
a) b)
Ti C T
j A
A A T2
T1 T2 T1
+ - + - T2
B e0 B B e0
B
c) d)
A A A
T1 T3 = T1 T2 + T2 T3
+ - + - + -
B e13 B B e12 B B e 23 B
e)
A A C
T1 T2 = T1 T2 + T1 T2
+ - + - + -
B e AB B C e AC C B e CB B
f)
Uma outra consequência dessa lei é que fios ou cabos de extensão, que tenham as
mesmas características termoeléctricas dos fios do termopar, podem ser ligados a ele sem
que a f.e.m. térmica da malha seja modificada. Isso é aplicado principalmente em
termopares nobres, em virtude do custo dos termoelementos.
110
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
e AB = e AC + e CB
111
Temperatura e sua medição
112
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
e (q ) = c0 + c1 q + c2 q 2 + c3 q 3 (5.12)
Sensibilidade
A sensibilidade de um termopar é dada por
de
ST = (5.13)
dT
113
Temperatura e sua medição
114
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
R/ W
600
Semicondutor
Ni
500
W
400
Cu
300
Pt
200
5.3.1.1 Constituição
115
Temperatura e sua medição
Em 1821 Sir Humphrey Davy descobriu que a resistividade dos metais apresentava
uma forte dependência da temperatura. Sir William Siemens propôs, por volta de 1861, o
uso de termómetros de resistência de platina com os quais a medição da temperatura seria
feita à custa da variação da resistência eléctrica de um fio de platina (Güths, 1998).
Actualmente, a medição de temperaturas por meio de termómetros de platina
assume grande importância em numerosos processos de controlo industrial; são também
usados termómetros de platina de construção especial como instrumentos metrológicos
de interpolação das escalas internacionais de temperatura, a nível primário. O termómetro
de resistência feito de platina opera na gama de temperatura de -253ºC a +1200 ºC .
O termómetro de resistência metálico possui como propriedade termométrica a
resistência eléctrica que pode ser dada por uma função cúbica da temperatura, obtida por
calibração, e dada por (norma CEI 751)
116
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Rq = R0 ÈÎ1 + Aq + B q 2 ˘˚ (5.15)
S=
( DR R ) (5.16)
DT
1 dR
S= (5.17)
R dT
Gama de medida em (ºC) -100 ; 500 -100 ; 450 -260 ; 800 -70 ; 2700
( )
Sensibilidade a 0ºC K -1 0,0067 0,0042 0,003925 0,0045
117
Temperatura e sua medição
• Fonte de corrente
Este método exige uma fonte de corrente constante, e pode ter duas configurações
fundamentais: medição a dois fios, e a quatro fios22.
Rfio
I IV ª 0
Fonte de Termo-resistência
corrente V
Rfio
22
Por vezes são utilizadas resistências com três fios. Em alguns casos, como na medição por ponte
de Wheatstone, isto trás vantagens evidentes sobre a montagem com dois fios, noutras situações
aparece como compromisso entre a montagem com dois fios e quatro fios.
118
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Rfio
I I V ª 0 Rfio
Fonte de Termo-resistência
corrente V
Rfio
Rfio
a)
Tempo
6 ms 0,2 ms
Tensão
b)
Tempo
Figura 5.19 Minimização do efeito de auto-aquecimento usando uma corrente
pulsada: a) corrente injectada; b) sinal em tensão detectado.
119
Temperatura e sua medição
• Ponte de Wheatstone
A Ponte de Wheatstone é uma técnica muito utilizada pois necessita apenas de uma
fonte de tensão, que é mais simples que uma fonte de corrente. Consideremos o caso da
ligação em três pontos, conforme se ilustra na Figura 5.20. O efeito da variação da
resistência do cabo pode ser minimizado, com o custo do cabo adicional B.
A tensão de saída, V , da ponte depende da relação entres os valores das
resistências e da tensão de alimentação, e , e é dada por
Ê 1 1 ˆ
V =e Á - (5.18)
Ë 1 + R1 R2 1 + R3 R ¯˜
R3 - ( R3V e ) (1 + R1 R2 )
R= (5.19)
R1 R2 + (V e ) (1 + R1 R2 )
R1 R3
e V A
B
Fonte de
tensão R
R2
Termo-resistência
C
5.3.2 Termístores
5.3.2.1 Constituição
120
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
5.3.2.2 Características
Ê1 1ˆ
bÁ -
Ë T T0 ˜¯
R = R0 e (5.20)
T e T0 - temperaturas absolutas ( K ),
121
Temperatura e sua medição
1 dR
S= (5.21)
R dT
Efectuando este cálculo usando para R (T ) a função dada por (5.20) obtém-se
b
S=- (5.22)
T2
A título de exemplo, para um termístor com β = 4000 K e para T = 300 K (~26 ºC)
a sensibilidade tem o valor - 0, 044 K -1 . Comparando este valor com a sensibilidade da
termo-resistência de platina constata-se que a sensibilidade de um termístor é, em valor
absoluto, cerca de 10 vezes maior do que a sensibilidade da termo-resistência. As
elevadas sensibilidades dos termístores permitem a detecção de variações de temperatura
da ordem de 0,0005 K.
A sensibilidade varia com a temperatura o que constitui um problema, para o
resolver associa-se uma associação de resistências em paralelo, o que lineariza a variação
da resistência com a temperatura.
122
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
5.5.1 Termopilha
Abertura
e
Bismuto
Prata
Numa termopilha há dois lugares característicos onde são colocadas as junções dos
elementos, sendo que um é chamado de lugar das junções quentes e o outro de lugar das
junções frias. As junções quentes da termopilha estão no centro do transdutor abaixo de
uma membrana que irá receber a radiação. As junções frias vão estar protegidas da
radiação presas a um substrato que será utilizado como massa térmica.
123
Temperatura e sua medição
5.5.2 Pirómetro
124
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
125
Temperatura e sua medição
Corpo Sensor 2
Lente
Sensor 1
Divisor de feixe
126
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Sensor 1
Sensor 2
Para temperaturas abaixo dos 700 ºC, as radiações emitidas pelo corpo estão
concentradas na região do infravermelho e não são visíveis para o olho humano, não
sendo por isso possível usar o pirómetro óptico. Então neste caso usa-se o pirómetro de
127
Temperatura e sua medição
Para este pirómetro, as dimensões do corpo e a distância deste à lente são críticos.
O campo de visão do pirómetro de infravermelhos depende da distância focal e do
diâmetro da lente. O sistema óptico do aparelho capta toda a radiação proveniente dos
objectos que estão no seu campo de visão, e a medida dada por ele representa a média
das temperaturas desses mesmos objectos.
A maioria dos pirómetros tem uma lente de distância focal fixa que define o seu
campo de visão. Este campo de visão é expresso normalmente em termos de uma relação
d D em que d representa a distância da lente ao objecto e D o diâmetro do campo de
visão na posição d.
Os pirómetros de infravermelhos de uso geral usam lentes com distâncias focais
entre 0,5 m e 1,5 m. Também existem os instrumentos de foco curto que usam lentes com
distâncias focais entre 10 mm e 100 mm e os de foco longo que usam lentes com
distâncias focais de 10 m ou mais.
128
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
129
Temperatura e sua medição
As tiras da figura seguinte são fabricadas com cristal líquido que, calibrado a
diferentes temperaturas e impresso sobre papel auto-adesivo actua como um termómetro
convencional, a temperatura a medir aparece sobre tom verde sobre um fundo negro.
130
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
131
Temperatura e sua medição
A variação da corrente do díodo semicondutor com a tensão aos seus terminais tem
uma forma aproximadamente exponencial: em boa aproximação a corrente I é dada por:
( )
I = I s eV VT - 1 com VT = h k T q (5.23)
Temperatura / K
Figura 5.32 Tensão eléctrica nos terminais de um díodo de Silício polarizado
directamente com uma corrente de 10 μA em função da
temperatura (www.lakeshore.com/temp/sen/sd670_po.html).
132
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
133
Temperatura e sua medição
As uvas pinot noir são plantadas na região de Borgonha, na França, desde a Idade
Média e a data exacta do início de sua colheita tem sido registada fielmente nas
municipalidades e igrejas. Em cada ano a colheita era determinada por decreto, de modo
a garantir que as uvas fossem colhidas apenas quando estavam prontas para a produção
de vinho. Usando as datas de início de colheita, os cientistas determinaram a temperatura
média dos verões entre 1370 e 2003. Para isso tiveram que entender a relação entre a
velocidade de amadurecimento das uvas e a temperatura. Usaram as temperaturas
fornecidas pelo serviço de meteorologia entre 1964 e 2001, correlacionando-as com as
datas em que a pinot noir floresce, amadurece e finalmente é colhida. Com os dados
recolhidos construíram uma equação que relaciona a temperatura média da primavera e
do verão com a data do início da colheita. Utilizando-a juntamente com a data da colheita
das uvas calculam a temperatura média de cada verão.
Anéis de árvores
Muitas árvores produzem um anel por
ano, devido ao rápido crescimento na Primavera
e no Verão e ao pouco crescimento no Outono e
no Inverno.
Um ano mais quente resulta em um anel
mais largo. Os padrões na largura, densidade da
madeira e composição isotópica do hidrogénio
e oxigénio dos anéis das árvores podem ser utilizados para estimar a temperatura
(www.seed.slb.com/pt/scictr/watch/climate_change/causes_co2.htm).
Corais
Os corais têm esqueletos de carbonato de cálcio
(CaCO3) duro. Alguns corais, à medida que crescem,
formam anéis anuais de carbonato de cálcio que podem
ser usados para estimar temperaturas. Quando a
temperatura do mar é quente, o coral crescerá mais
rápido que se a temperatura for fria, portanto, anos mais
quentes formarão anéis de crescimento mais largos e
anos mais frios criarão anéis mais finos. Isótopos de
oxigénio contidos no carbonato de cálcio também podem
ser usados para estimar a temperatura da água quando o
coral cresceu (www.seed.slb.com/pt/scictr/watch/climate_change/causes_co2.htm).
134
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
Núcleos de gelo
O gelo nos pólos foi acumulado durante centenas de
milhares de anos e contém informação sobre o clima e em
particular sobre a temperatura. Retirando núcleos de gelo a
elevadas profundidades podemos estudar certas
propriedades do passado. Na estação de Vostok na
Antárctica foi retirado um núcleo com 2083 metros de
comprimentos, trazido em partes de 1970 a 1974 e de 1982 a
1983. O gelo na parte inferior do núcleo tem quase 500 000
anos (www.seed.slb.com/pt/scictr/watch/climate_change/causes_co2.htm).
Observações durante períodos em que a temperatura também era conhecida
levaram a uma relação entre a concentração de deutério (isótopo do hidrogénio que
constitui a água) e a temperatura ambiente. Com base nessa relação, o estudo das
sucessivas camadas de gelo permite estimar a temperatura do passado.
O gelo também contém pó e ar antigos, que a sua análise permite inferir,
respectivamente, a existência de importantes erupções vulcânicas e as concentrações de
gases, tais como a de CO2.
135
Temperatura e sua medição
5.6.6 Curiosidades
136
5 Tipos mais usuais de termómetros e sua aplicação
137
6 Calibração e intercomparação de termómetros
6.1.1 Introdução
23
TRP é a sigla para Termómetro de Resistência de Platina. Na língua inglesa a sigla é PRT
(Platinum Resistence Thermometer).
24
Pt-100 designa um TRP com uma resistência nominal de 100 Ω a 0 ºC.
139
Temperatura e sua medição
Multímetro HP 34401
Temperatura lida Incerteza Erro em
Resistência Temperatura no padrão em º C em º C ºC
medida em equivalente em º C
(TRP LMT/704)
W (CEI 751)
Segundo a norma CEI 751, a relação entre a resistência do TRP com a temperatura
é estabelecida pela equação
Ï A = 3,90830 ¥ 10 -3 ºC -1
Ô
-200 º C < q < 0 º C Ì B = -5, 77500 ¥ 10 -7 ºC -2 (6.2)
Ô -12 -3
ÔÓ C = -4,18301 ¥ 10 ºC
25
IPQ – Instituto Português da Qualidade
140
6 Calibração e intercomparação de termómetros
Ï A = 3,90830 ¥ 10 -3 ºC -1
Ô
0 º C < q < 850 º C Ì B = -5, 77500 ¥ 10 -7 ºC -2 (6.3)
ÔC =0
ÔÓ
Pt-1000 3,850 W K -1
141
Temperatura e sua medição
142
6 Calibração e intercomparação de termómetros
143
Temperatura e sua medição
• Termómetro de mercúrio
Gama de temperaturas: de -20 ºC a +110 ºC
Resolução: escala graduada em 1ºC
• Termopar 1
Tipo K (Cromel/Alumel)
Medidor de temperatura Metrix TH3050
• Termopar 2
Tipo T (Cobre/Constantan)
Sensibilidade: 40μV ºC -1
Microvoltímetro Thurlby 1905A, 200 mV, 5 1/2 dígitos
144
6 Calibração e intercomparação de termómetros
• Termopar 3
Tipo T (Cobre/Constantan)
Construído no Instituto de Física dos Materiais da Universidade do Porto (IFIMUP)
Microvoltímetro Thurlby 1905A, 200 mV, 5 1/2 dígitos
• Termístor 1
Código RS 151-221 com curva R-T ajustada com 5 k W a 25ºC .
Gama de temperaturas: de -80 ºC a +150 ºC ; b = 3914 K
Instrumento de leitura: Univolt DT-64, 2 kΩ e 20 kΩ
• Termístor 2
Código RS 256-045 (Ref. GM103) com resistência nominal de 10 k W a 25ºC
Gama de temperaturas: de +10 ºC a +100 ºC ; b = 3555 K
Instrumento de leitura: Datron 1059, 100 kΩ
• TRP Pt-100 4 fios (calibrado) (Modelo da RS 158-985, Labfacility)
Instrumento de leitura: HP 34401A, medição em 4R
• Rede de Bragg
Fibra óptica SMF28
Rede de valor nominal de reflexão a 1535 nm.
Analisador de Espectros Óptico (OSA) da FiberSensing.
145
Temperatura e sua medição
q = -248, 45686 + 2, 41822 RPt + 4,88091 ¥ 10-4 RPt2 + 1, 63458 ¥ 10-6 RPt3 (6.4)
146
6 Calibração e intercomparação de termómetros
Figura 6.5 Funções termométricas obtidas por ajuste linear e cúbico dos
pontos experimentais para o termopar 1.
147
Temperatura e sua medição
termopar com incertezas muito menores que as incertezas associadas ao termopar não
calibrado.
e ( termopar ) versus q (Pt-100) foi obtida por ajuste linear e cúbico, conforme se mostra
no gráfico da Figura 6.7.
Figura 6.7 Funções termométricas obtidas por ajuste linear e cúbico dos
pontos experimentais para o termopar 2
148
6 Calibração e intercomparação de termómetros
obtidos verifica-se que para este termopar esse valor é cerca de 36, 7 μV ºC -1 .
Para calcular os erros, foi necessário obter os ajustes correspondentes às funções
inversas das apresentadas no gráfico da Figura 6.7, que são
ITS-90.
Considerando a calibração, vemos que apenas o ajuste cúbico permite reduzir
significativamente as incertezas nas medições de temperatura com este termopar,
conforme mostra o gráfico da Figura 6.8.
149
Temperatura e sua medição
150
6 Calibração e intercomparação de termómetros
È Ê 1 1 ˆ˘
R = R0 exp Í b Á - ˜ ˙ (6.9)
Î Ë T T0 ¯ ˚
b
T= (6.10)
ln ( R R0 ) + ( b T0 )
Figura 6.11 Ajuste dos valores experimentais à curva dada pela equação (6.9)
considerando T0 = 298,15 K , para o termístor 1.
151
Temperatura e sua medição
R0 = 10 kW (a 25 ºC ) e b = 3555 K .
152
6 Calibração e intercomparação de termómetros
Figura 6.13 Ajuste dos valores experimentais à curva dada pela equação (6.9)
considerando T0 = 298,15 K , para o termístor 2.
153
Temperatura e sua medição
Os erros são mostrados no gráfico da Figura 6.16. As incertezas mais baixas são
obtidas com um ajuste quadrático, sendo mais uma vez de salientar que a calibração é
essencial quando pretendemos fazer medições de temperatura fiáveis.
154
6 Calibração e intercomparação de termómetros
Grande parte do sucesso das fibras ópticas de sílica reside nas suas propriedades de
reduzido volume e massa, flexibilidade, baixa reactividade química do material, longa
distância de transmissão, elevada largura de banda de transmissão, isolamento eléctrico e
imunidade electromagnética.
Umas das aplicações das fibras ópticas são como sensores de diversas grandezas
físicas (acústica, magnética, temperatura, rotação, deformação entre outras). Para além de
apresentarem uma sensibilidade semelhante à dos sensores convencionais, apresentam
vantagens específicas: têm geometria versátil, a sua natureza dieléctrica permite o seu
uso em alta tensão, a altas temperaturas, em ambientes electricamente ruidosos e
corrosivos, e em outras condições agressivas para sensores convencionais. Apresenta
ainda inerente compatibilidade com sistemas de telemetria através de fibra óptica e tem
custos potencialmente baixos (Giallorenzi et al. 1982). Além disso, devido à baixa
atenuação dos sinais ópticos transmitidos pela fibra os sensores de fibra óptica podem ser
utilizados a grandes distâncias.
Relativamente ao uso da fibra óptica como sensor de temperatura, trataremos aqui a
rede de Bragg e na secção 6.3 abordaremos o termómetro baseado no efeito de Brillouin.
O surgimento das redes de Bragg nas fibras ópticas permitiu que elas fossem
usadas como sensores de grandezas físicas estáticas e dinâmicas tais como a temperatura,
a pressão e a deformação (Kersey et al, 1997). Estes sensores permitem efectuar medidas
com grande precisão e estabilidade, podendo ser usados em grande número na mesma
fibra, através de técnicas de multiplexagem. O principal desafio na utilização das redes
de Bragg como elementos sensores é determinar os menores deslocamentos possíveis no
comprimento de onda de Bragg.
Como a informação do sensor está codificada em comprimento de onda, o sensor
torna-se insensível das flutuações de potencia da fonte óptica e das perdas nas
interligações dos vários componentes do sistema e devidas a eventuais macro e micro
curvaturas a que a fibra fique sujeita (Keiser, 2000).
155
Temperatura e sua medição
lB = 2neff L (6.11)
Luz incidente
Intensidade
Luz transmitida
Intensidade
Fibra óptica
l
Luz reflectida
l
Intensidade
156
6 Calibração e intercomparação de termómetros
DlB = lB (a + x ) DT
157
Temperatura e sua medição
158
6 Calibração e intercomparação de termómetros
159
Temperatura e sua medição
WB = w p - ws (6.12)
G G G
k A = k p - ks (6.13)
G G
onde w p e w s são as frequências, e kp e ks são os vectores de onda do campo de
160
6 Calibração e intercomparação de termómetros
W B = n A kA ª 2n A kp sin (q 2) (6.14)
n B = W B 2p = 2 nn A lp (6.15)
onde a equação (6.14) foi usada com kp = 2 p n lp e n o índice de refracção modal para
O EEB pode ser usado para construir sensores de fibra óptica distribuídos capazes
de medir temperatura e tensões mecânicas em longas distâncias. A ideia básica
subjacente ao uso do EEB para aplicações em sensores de fibra óptica é simples e pode
ser compreendida através da equação (6.15). Como o deslocamento Brillouin em
frequência depende do índice de refracção efectivo do campo modal, ele muda sempre
que o índice de refracção da sílica se altera como resposta às variações locais do
ambiente. Quer a temperatura quer a tensão mecânica alteram o índice de refracção da
sílica. Monitorizando as variações no deslocamento Brillouin em frequência ao longo da
fibra, é possível obter a distribuição da temperatura ou das tensões mecânicas ao longo
de grandes distâncias.
161
Temperatura e sua medição
Laser Circulador
EDFA
óptico
Fibra Fibra Fibra
FUT
Forno
Fibra
ESA
Cabo
coaxial
Fotodetector
162
6 Calibração e intercomparação de termómetros
(l = 1550 nm) .
e L Termopilha
A
d
V V
(
R (q ) = R0 1 + a q + b q 2 ) (6.16)
164
6 Calibração e intercomparação de termómetros
R (q a )
R0 = (6.17)
1 + a q a + bq a2
1 È 2 Ê R ˆ ˘
T = 273,15 + Í a + 4 b Á - 1˜ - a ˙ (6.18)
2b Í Ë R0 ¯ ˙˚
Î
165
Temperatura e sua medição
166
7 A Temperatura absoluta
rejeita a energia Q2 por calor para a fonte fria T2 , com uma eficiência que é
26
Um ciclo de Carnot é um processo cíclico reversível, realizado por um sistema arbitrário,
durante o qual o sistema só troca energia por calor com duas fontes. A fonte que se encontra a
uma temperatura maior é designada por fonte quente e a outra fonte é designada por fonte fria.
Num diagrama, o ciclo de Carnot é constituído por duas curvas adiabáticas e duas curvas
isotérmicas. O teorema de Carnot diz que a eficiência duma máquina de Carnot é máxima, em
relação a uma máquina qualquer que opere entre as mesmas fontes (Zemansky et al, 1997).
167
Temperatura e sua medição
Q1 1
= = f (T1 , T2 ) (7.1)
Q2 1 - f (T1 , T2 )
Consideremos três máquinas de Carnot, RA, RB e RC, que operam entre três fontes
cujas temperaturas satisfazem a relação T1 > T3 > T2 , conforme ilustrado na Figura 7.1.
T1
Q1
RB WB Q1
Q3
T3 RA WA
Q3
RC WC Q2
Q2
T2
Q1
= f (T1 , T2 ) (7.2)
Q2
168
7 A Temperatura absoluta
igual à absorvida pela máquina RA, Q1 ; a energia por calor Q3 rejeitada é absorvida
Pelo corolário de Carnot27, como a máquina RA rejeita para a fonte fria a energia
por calor Q2 , para que as máquinas RB e RC, operando em conjunto, sejam equivalentes
à máquina RA, RC deve também rejeitar para a fonte fria a energia por calor Q2 . Temos,
Q1 Q1 Q3
Como = , temos que
Q2 Q2 Q3
f (T1 , T3 )
f (T1 , T2 ) = (7.3)
f (T2 , T3 )
Q1 y (T1 )
= (7.4)
Q2 y (T2 )
Q1 T1
= (7.5)
Q2 T2
27
O corolário de Carnot, obtido facilmente do teorema de Carnot, estabelece que todas as
máquinas de Carnot que operem entre as mesmas fontes têm a mesma eficiência.
169
Temperatura e sua medição
Para uma máquina de Carnot que opera entre fontes a temperaturas T e TPT , temos
Q T
= (7.7)
QPT TPT
Q
T = 273,16 K (7.8)
QPT
Comparando esta equação com a equação para a temperatura definida por um gás a
volume constante,
170
7 A Temperatura absoluta
Ê P ˆ
T = 273,16 K lim Á (V constante) (7.9)
PPT Æ 0 Ë P ˜
PT ¯
temperatura T1 e rejeita energia por calor Q2 para a fonte fria à temperatura T2 tem uma
28
Uma curva adiabática e uma curva isotérmica não se podem intersectar em mais que um ponto.
29
Esta hipótese violaria o Postulado de Kelvin-Planck da Segunda Lei da Termodinâmica.
171
Temperatura e sua medição
Q2
h = 1- (7.10)
Q1
Q2 T2
= (7.11)
Q1 T1
concluímos que a eficiência de uma máquina de Carnot pode ser expressa em termos das
temperaturas absolutas das duas fontes,
T2
h = 1- (eficiência de uma máquina de Carnot). (7.12)
T1
Para um ciclo de Carnot ter uma eficiência de 100 % é necessário que T2 seja zero.
Apenas quando a fonte fria está à temperatura do zero absoluto é que toda a energia
absorvida por calor é convertida em trabalho. Como a natureza não nos proporciona uma
fonte à temperatura do zero absoluto, uma máquina térmica com 100 % de eficiência, o
que violaria a Segunda Lei, é uma impossibilidade prática e teórica.
172
7 A Temperatura absoluta
PV = N k T (7.14)
173
Temperatura e sua medição
Gás PV = N k T P – pressão
V – volume
N – número de partículas
k – constante de Boltzmann
Constante e = e0 + a0 N V e – permitividade do gás
dieléctrica de e 0 – permitividade do vazio
um gás P = k T (e - e 0 ) a 0
a 0 – polarizabilidade estática
dipolar de um átomo
total R= = negro
p 15 c 2 h3 ( ) s – constante de
Stefan-Boltzmann
Dn D - Largura Doppler em
Alargamento
(m c )˘˚
12
Dn D = È 2 k T 2
n0
Doppler Î frequência da linha com
frequência central n 0 , emitida ou
absorvida por um gás ideal à
temperatura T
Foi escolhido então como ponto fixo o ponto triplo da água (PTA), o único ponto
no diagrama de fase onde vapor, água líquida e gelo coexistem, conforme se ilustra no
diagrama da Figura 7.2. A temperatura do ponto triplo TPT é, por convenção, 273,16 K,
de tal forma que a unidade de temperatura, o Kelvin, vem dada por
174
7 A Temperatura absoluta
O valor numérico de 273,16 foi escolhido para que o kelvin estivesse tão próximo
quanto possível do grau Celsius usado anteriormente, que era definido como a centésima
parte da diferença de temperaturas entre o ponto de ebulição e o ponto de fusão da água à
pressão atmosférica normal (101,325 kPa).
DT ( ºC) = DT (K ) (7.17)
175
Temperatura e sua medição
Notemos que o nome da unidade kelvin (K) não é acompanhada da palavra grau ou
do símbolo º, embora originalmente fosse designada por grau kelvin em 1954. Contudo,
essa designação foi modificada para kelvin pela Conferência Geral de Pesos e Medidas
(CGPM) em 1967.
A magnitude da unidade da temperatura termodinâmica não pode ser determinada
por considerações termodinâmicas. Isto acontece porque a temperatura T acorre sempre
na combinação kT em todas as leis físicas fundamentais, conforme se pode ver nos
exemplos dados na Tabela 7.1. Esta combinação é referida habitualmente por energia
térmica, pois é proporcional à energia cinética média, E , de uma partícula de um gás em
equilíbrio à temperatura T , E = 3kT 2 .
Portanto, em rigor um termómetro primário não mede a temperatura T , mas a
energia térmica kT . Assim, podemos redimensionar T para aT , se esta transformação
for acompanhada e compensada pelo redimensionamento da constante de Boltzmann k
para k a , mantendo-se assim o valor de kT .
Essencialmente, há duas formas de extrair a temperatura T de uma medição da
energia térmica kT . A escolha de definir a temperatura do ponto triplo da água, TPT ,
como sendo exactamente 273,16 K corresponde à escolha de um valor particular do
“factor de escala” a e, portanto, implicitamente determina também o valor numérico da
constante de Boltzmann k , a qual tem de ser determinada experimentalmente e de
preferência à temperatura do ponto triplo da água. Esta forma é a escolhida actualmente
na definição SI de kelvin, e a constante de Boltzmann no actual SI é dada por30
com uma incerteza absoluta de 0, 000 002 4 ¥ 10-23 J K -1 e uma incerteza relativa de
1, 7 ¥ 10-6 .
Esta definição tem a vantagem do facto de que diferentes realizações experimentais
precisas da temperatura do ponto triplo da água mostraram concordância elevada entre si,
sendo as variações relativas menores que 3 ¥ 10 -7 , que é cerca de uma ordem de
grandeza menor que a incerteza do valor medido da constante de Boltzmann. Como
desvantagem, há um aumento da incerteza na medição de temperatura particularmente a
30
Ver http://physics.nist.gov/cuu/Constants/
176
7 A Temperatura absoluta
muito baixas e muito altas temperaturas, pois as medições de temperaturas têm de ser
rastreadas de alguma forma a uma medição feita à temperatura TPT .
177
8 Conclusão
179
Temperatura e sua medição
180
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184
Índice de figuras
186
Índice de figuras
187
Temperatura e sua medição
Figura 6.1 Funções termométricas R (q ) R0 obtidas por ajuste quadrático e cúbico dos
Figura 6.4 Dispositivo constituído por um bloco de cobre e um elemento peltier onde
foram incorporados os diversos termómetros a comparar. 144
Figura 6.5 Funções termométricas obtidas por ajuste linear e cúbico dos pontos
experimentais para o termopar 1. 147
Figura 6.6 Erros na utilização do termopar 1 calibrado (ajustes linear e cúbico) e não
calibrado (pontos experimentais). 148
Figura 6.7 Funções termométricas obtidas por ajuste linear e cúbico dos pontos
experimentais para o termopar 2 148
Figura 6.8 Erros na utilização do termopar 2 calibrado (ajustes linear e cúbico). 149
Figura 6.9 Comparação dos termopares 2 e 3 com a curva teórica para o termopar tipo T
(srdata.nist.gov/its90/download/type_t.tab). 150
Figura 6.10 Erros dos termopares 2 e 3 relativamente à curva teórica e erros após
calibração do termopar 2. 150
Figura 6.11 Ajuste dos valores experimentais à curva dada pela equação (6.9)
considerando T0 = 298,15 K , para o termístor 1. 151
Figura 6.12 Erros na utilização do termístor 1 calibrado (ajuste dos pontos experimentais à
equação (6.9)) e não calibrado (valores nominais dos parâmetros R0 e b ). 152
Figura 6.13 Ajuste dos valores experimentais à curva dada pela equação (6.9)
considerando T0 = 298,15 K , para o termístor 2. 153
Figura 6.14 Erros na utilização do termístor 2 calibrado (ajuste dos pontos experimentais à
equação (6.9)) e não calibrado (valores nominais dos parâmetros R0 e b ). 153
188
Índice de figuras
Figura 6.20 Erros na utilização da rede de Bragg em função da temperatura medida com o
TRP Pt-100 (para o ajuste linear). 159
Figura 6.21 Esquema experimental para caracterização do termómetro de Brillouin. 162
Figura 6.22 Calibração do controlador de temperatura do forno utilizado para variar a
temperatura da fibra óptica. 162
Figura 6.23 Erros do controlador de temperatura do forno relativamente à temperatura
estabilizada obtida pelo TRP calibrado. 163
Figura 6.24 Desvio em frequência da radiação rectro-reflectida em função da temperatura
da fibra óptica. 163
Figura 6.25 Esquema da montagem experimental para o estudo da lei de Stefan-
Boltzmann: V – voltímetro; A – amperímetro; e - fonte de tensão variável (0
– 12V); L – lâmpada com filamento de tungsténio. 164
Figura 6.26 Potência na termopilha em função da quarta potência da temperatura do
filamento da lâmpada. 166
Figura 6.27 Logaritmo da potência na termopilha em função do logaritmo da temperatura
do filamento da lâmpada. 166
Figura 7.1 Diagrama esquemático das máquinas de Carnot utilizadas para estabelecer a
escala termodinâmica absoluta de temperatura (Anacleto, 2004). 168
Figura 7.2 Diagrama de fase para a água. O ponto triplo corresponde à temperatura de
273,15 K e à pressão de 612 Pa. 175
189
A1 Certificado de calibração do Pt-100
191
Temperatura e sua medição
192
A2 Laboratório de Temperatura – IPQ
193
Temperatura e sua medição
194
A3 Laboratórios de Temperatura acreditados
195
A4 Procedimento experimental
Material
• Calorímetro (vaso calorimétrico + agitador + termómetro)
• Gobelé
• Disco eléctrico
• Peça de aço presa com um fio
• Água
• Vaso de Dewer (Garrafa termo)
• 2 Termómetros
• Balança
Procedimento
Deve seguir-se a sequência apresentada, visto o equilíbrio térmico demorar algum
tempo a atingir-se
197
Temperatura e sua medição
Tabelas de registo
198
A4 Procedimento experimental
Material
O material utilizado constitui um kit da Phywe
• Dois suportes universais
• Grarras e nós
• Barra de cobre com 10 cavidades para encaixes dos termómetros e isolada
lateralmente, excepto no extremo que encaixa no vaso calorimétrico
• Vaso calorimétrico, com encaixe na parte inferior para a barra
• Vaso calorimétrico
• Massa térmica
• Resistência eléctrica
• 2 termómetros
• Medidor digital de temperatura
• Balança, craveira, cronómetro
199
Temperatura e sua medição
Procedimento
• Por que é que na determinação do fluxo de energia a água no vaso inferior deve
estar o mais próximo possível de 0 ºC?
200