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NORMALIZAÇÃO E EXECUÇÃO 79
JUL-SET
VIDA ÚTIL
www.ibracon.org.br
Fundada em 1972, seu objetivo é promover e divulgar conhecimento sobre a tecnologia do concreto e de
seus sistemas construtivos para a cadeia produtiva do concreto, por meio de publicações técnicas, eventos
técnico-científicos, cursos de atualização profissional, certificação de pessoal, reuniões técnicas e premiações.
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da revista CONCRETO & Construções pelo IBRACON, inclusive o Congresso Brasileiro
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técnicas do IBRACON e de até 20% nas Oportunidade de participar de Comitês Técnicos,
publicações do American Concrete Institute intercambiando conhecimentos e fazendo valer
(ACI) suas opiniões técnicas
seções
& Construções & Construções
7 Editorial
9 Coluna Institucional REVISTA OFICIAL DO IBRACON PRESIDENTE DO COMITÊ
DURABILIDADE DO CONCRETO Instituto Brasileiro do Concreto
DURABILIDADE DO CONCRETO Instituto Brasileiro do Concreto
ISSN 1809-7197
CONCRETO DE ALTO
DESEMPENHO x COMPOSTOS
ACONTECE NAS REGIONAIS
(protendido)
CONCRETO DE ALTO
DESEMPENHO x COMPOSTOS
ACONTECE NAS REGIONAIS
(projetista de fundações)
PUBLICIDADE E PROMOÇÃO à Guilherme Parsekian
à Arlene Regnier de Lima Ferreira
(alvenaria estrutural)
arlene@ibracon.org.br à Helena Carasek
hugo.rodrigues@abcp.org.br
(argamassas)
à Hugo Rodrigues
gill@ellementto-arte.com
(cimento e comunicação)
à Inês L. da Silva Battagin
(normalização)
à Íria Lícia Oliva Doniak
(pavimentação)
à Nelson Covas
GRÁFICA
(informática no projeto
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA Ipsis Gráfica e Editora
Preço: R$ 12,00 estrutural)
58
à Paulo E. Fonseca de Campos
Durabilidade das estruturas de concreto como As ideias emitidas pelos entre- (arquitetura)
parâmetro de sustentabilidade vistados ou em artigos assinados à Paulo Helene
são de responsabilidade de seus (concreto, reabilitação)
87
INSTITUTO BRASILEIRO DIRETOR DE MARKETING
Durabilidade de armaduras enterradas DO CONCRETO Hugo da Costa
sob processo natural de corrosão Fundado em 1972 Rodrigues Filho
Declarado de Utilidade
93
Pública Estadual | Lei 2538 DIRETOR DE EVENTOS
Termografia de infravermelho na avaliação de 11/11/1980 Luiz Prado Vieira Júnior
de manifestações patológicas em edifícios Declarado de Utilidade
Pública Federal | Decreto DIRETORA TÉCNICA
86871 de 25/01/1982 Inês Laranjeira
da Silva Battagin
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DIRETOR PRESIDENTE
Túlio Nogueira Bittencourt DIRETOR DE RELAÇÕES
110 Grau de saturação nos modelos de durabilidade DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE E DIVULGAÇÃO TÉCNICA
Nelson Covas Paulo Helene
do concreto para ataques de cloretos
DIRETOR 1º SECRETÁRIO DIRETORA DE PESQUISA
120
DIRETORA DE CURSOS
Teor de cloretos na resistividade elétrica do DIRETOR 1º TESOUREIRO Iria Lícia Oliva Doniak
concreto armado como parâmetro de durabilidade Claudio Sbrighi Neto
DIRETORA DE CERTIFICAÇÃO
DIRETOR 2º TESOUREIRO DE MÃO DE OBRA
Carlos José Massucato Roseni Cezimbra
O
IBRACON é reconhecidamente uma or- EPUSP, com início
ganização de utilidade pública Estadual na década de 70.
e Federal, de caráter técnico-científico
e de valorização da engenharia nacio- Tanto o CNPq como a CAPES têm as mesmas finali-
nal, que tem a nobre missão de criar, dades de promover e estimular o desenvolvimento do
divulgar e defender o correto conhecimento sobre as País através da valorização da investigação científica
obras em concreto, desenvolvendo o seu mercado, a e tecnológica.
serviço da sustentabilidade do planeta e do bem estar
da sociedade. Para lograr tal objetivo era necessário que a produção
científica dos centros de pesquisa timidamente implan-
Transformar essa visão romântica e clara do papel do Ins- tados naquele tempo fosse divulgada através de even-
tituto em ações concretas, transcendentes e profícuas, tos científicos sérios, com Comitê Científico reconheci-
tem sido historicamente o grande desafio Institucional. do, capacitado e voluntário, conhecido por pares com
atuação ad hoc.
Uma das atividades-suporte desse ideal, iniciada com o
congresso de fundação do Instituto em 1972, tem sido A expressiva maioria desses Congressos de alto nível à
promover, pelo menos uma vez ao ano, um Congresso época só existiam no exterior, o que dificultava a par-
de caráter científico, hoje denominado Congresso Bra- ticipação de pesquisadores nacionais e inviabilizava o
sileiro do Concreto (CBC), cuja 57ª edição se dará na desejado desenvolvimento em larga escala dos centros
magnífica e ecológica cidade de Bonito, em Mato Gros- de pesquisa em concreto no país.
so do Sul, em fins de outubro deste ano.
Naquela época e mesmo até hoje, no setor de obras em
A instituição desses eventos científicos a partir do início concreto, o IBRACON foi a única Instituição nacional a
da década de 70, colaborou na época com o incipien- viabilizar, com qualidade e prestígio, essa divulgação da
te movimento nacional de formação de profissionais de produção acadêmica de excelência, constituindo-se no
alto nível através da pós graduação stricto sensu, ou maior fórum de conhecimento científico e tecnológico
seja viabilizou os programas de mestrado e doutorado do Brasil em engenharia de concreto.
acadêmico, hoje amplamente disseminados nas melho-
res Universidades do país. O Instituto vem premiando as teses e dissertações de
excelência, recebe anualmente mais de mil resumos de
Apesar do CNPq (MCTI) e da CAPES (MEC) terem sido trabalhos técnico-científicos, mobiliza mais de 120 con-
fundados em 1951, as regras básicas dos programas sultores voluntários ad hoc que revisam cuidadosamente
de pós-graduação stricto sensu só foram definidas em cada artigo científico submetido e aprovam cerca de 250
1965, quando então puderam dar seus primeiros pas- para apresentação oral, além de outros tantos para apre-
sos os programas da COPPE, fundada em 1963, e o da sentação na modalidade pôster nas edições dos CBCs.
de se editar uma Revista Científica (RIEM), mais um ria e arquitetura para o concreto é outro ponto alto do
meio indispensável à divulgação da produção acadê- IBRACON. Os lendários concursos do IBRACON, só
mica do país. Sem ela, os pesquisadores brasileiros neste ano, estão mobilizando cerca de 450 jovens pro-
teriam como alternativa apenas publicar em periódicos venientes de mais 35 Universidades brasileiras e até de
estrangeiros. universidades do exterior, com mais de 200 inscritos no
57º CBC 2015. Esses engenheirandos dão muita vida e
Essa Revista é reconhecida pelo sistema Qualis da movimento ao Congresso e o Instituto cumpre sua mis-
CAPES e pelo sistema SCOPUS / SCielo, sendo obje- são estratégica de longo prazo de formar profissionais
tivo do IBRACON alcançar, a médio prazo, também o engajados no universo do concreto.
sistema ISIS.
S
into-me honra- deram constatar a excelência da
concreto para a sustentabilidade nas construções”. polos do Brasil e do mundo para a região. O evento ajudará a
O tema escolhido não poderia ser outro, levando em fortalecer a economia local, bem como incentivará ainda mais
conta o local de realização do 57º CBC, a cidade de Bonito, o turismo de Bonito. Um dos critérios que pautam o trabalho
no Mato Grosso do Sul, foi eleita como o melhor destino de da Comissão Organizadora Regional é tomar o cuidado de uti-
turismo sustentável do mundo na World Travel Market, con- lizar toda a infraestrutura oferecida na região, fazendo com que
siderada uma das maiores feiras da indústria de turismo da população e fornecedores locais sejam beneficiados.
Europa. A cidade acolhedora, com seus 19 mil habitantes, A passagem do Congresso em Bonito deve deixar
oferece mais de 35 atrações naturais e recebe cerca de 230 também um legado arquitetônico: durante a realização
mil turistas por ano. do evento vai acontecer a 8ª edição do Concurso OUSA-
Para trazer o Congresso para o Centro-Oeste, formamos DIA, que desafia os estudantes dos cursos de Engenharia
em 2007 uma equipe para captar o evento. Após diversas Civil, Arquitetura e Tecnologia no país e no exterior ade-
articulações e com o apoio do Bonito Convention & Visitors senvolverem um projeto de um Portal de Entrada com um
Bureau (Bonito CVB), ganhamos a candidatura em 2014. Centro de Informações Turísticas para a cidade. O planeja-
Com a visita dos organizadores nacionais à cidade, eles pu- mento deve conciliar os elementos paisagísticos do local e
parte das construções. O projeto vencedor do Concurso do Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON.
Ousadia será entregue à Prefeitura de Bonito, que deve usá- A comissão organizadora do Mato Grosso do Sul está
-lo para a construção do Portal da cidade. agradecida pela colaboração de todos os profissionais, as
Nesta edição do CBC, para que os congressistas possam empresas e entidades do setor de construção civil, que acre-
usufruir das atrações turísticas da cidade, nós, Comissão ditam e apoiam a realização do 57º Congresso Brasileiro do
Organizadora Regional e Nacional, concentramos as ativida- Concreto em Bonito. Sabemos das dificuldades enfrentadas
des dos quatro dias do evento nos períodos verpertino e no- pelo setor da construção civil no ano corrente, mas acredita-
turno. A extensão e profícua programação, característica do mos que conhecimento, pesquisa, informação, tecnologia e
CBC, foi mantida, com a apresentação de trabalhos técnico- experiências são bem-vindos para superar a crise e para nos
-científicos de pesquisadores de universidades e institutos preparamos para uma nova fase de crescimento.
cias paralelos, com os concursos estudantis, com a XI Feira SANDRA REGINA BERTOCINI
de concretagem (gatos). Portan- trutor tanto faz que os operários do IBRACON e diretor da PhD Engenharia
Comentários e Exemplos
de Aplicação da ABNT
NBR 6118:2014
A publicação traz
mentários e exemplos
de aplicação da nova nor-
co- tas do Instituto Brasileiro do
Concreto (IBRACON) e da As-
sociação Brasileira de Enge-
ma brasileira para projetos nharia e Consultoria Estrutural
de estruturas de concreto (ABECE), para normali-
- ABNT NBR 6118:2014, zar o Concreto Estrutural, a
objetivando esclarecer os obra é voltada para enge-
conceitos e exigências nor- nheiros civis, arquitetos e
mativas e, assim, facilitar tecnologistas.
seu uso pelos escritórios A publicação contou com
de projeto. o patrocínio da Ancora Pro,
Fruto do trabalho do Comi- Engeti, Equilibrata, Gerdau,
tê Técnico CT 301, comitê Schwing Stetter, Vedacit e
formado por especialis- Votorantim.
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cimento com a força do Brasil.
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Concreto
Permite concretagem em
de Alto
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Autoadensável (CAD) Permeável difícil acesso, reduzindo custos.
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Usado em obras de pequeno
porte, quando não é possível
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14 | CONCRETO & Construções
u encontros e notícias | LIVROS
/gerdau /gerdausa
16 | CONCRETO & Construções
u encontros e notícias | LIVROS
Propriedades do Concreto
O livro oferece uma visão abran- Departamento da Universidade
gente e detalhada do concreto de Leeds e reitor da Universi-
como material de construção. dade de Calgary. A tradução
Em sua quinta edição, seu ob- da quinta edição em inglês
jetivo é fornecer aos projetistas, coube ao professor do Depar-
empreiteiros e fornecedores o en- tamento de Engenharia Civil da
tendimento consolidado do com- Universidade do Rio Grande
portamento do concreto, seja em do Sul, Ruy Cremonini.
laboratório, seja em estruturas Editado pela Bookman, a nova
reais, para facilitar a obtenção de edição contém tópicos adi-
construções em concreto com cionais: formação de etringita
maior qualidade. tardia, agregado reciclado de
Seu autor, Adam Neville, tem lar- concreto, concreto autoaden-
ga experiência como professor, sável, ataque de sulfatos, além
pesquisador e consultor em en- das atualizações dos tópicos
genharia civil. Foi diretor da Uni- das edições anteriores.
versidade de Dundee, chefe de à Informações: www.grupoa.com.br
Concreto Autoadensável
O livro Concreto Autoaden-
sável, de Bernardo Tutikian
e Denise Dal Molin, está em
resolver um dos maiores gargalos
relacionados à disseminação do
material no Brasil: o custo eleva-
sua segunda edição, revisada do. A partir de tais métodos, foi
e ampliada. Resultado de mais possível que o concreto autoa-
de quinze anos de estudos, a densável tivesse custos compe-
publicação tem início com uma titivos em relação aos concretos
extensa revisão bibliográfica do convencionais, tornando o pro-
concreto autoadensável (CAA), cesso de produção de estruturas
ressaltando aplicações, vanta- com CAA viável economicamen-
gens, desvantagens e equipa- te, como demonstrado nos capí-
mentos de verificação da traba- tulos seguintes.
lhabilidade, entre outros tópicos Lançado pela Editora PINI com
abordados. No capítulo 5 são patrocínio da MC Bauchemie, o
apresentados dois métodos de livro foi lançado na feira Concrete
dosagem que foram desenvolvi- Show South America, ocorrida
dos para CAA com o intuito de em agosto último.
A Normalização Brasileira
de Estruturas de Concreto
enfrenta novo desafio
internacional
N o próximo mês de outubro a cidade de Seoul, na Coréia do Sul,
receberá representantes do mundo todo para a reunião anual do
ISO/TC71 - International Committee of Concrete, Reinforced Con-
crete and Pre-Stressed Concrete.
Em sua 21ª edição, o evento será realizado no período de 26 a 29
de outubro 2015, sob o patrocínio do KATS – Korean Agency for
Technology and Standards, que é o organismo de normalização na-
cional do País.
Para o Brasil esse pode ser um momento histórico, pois a nossa
Norma de Projeto de Estruturas de Concreto, ABNT NBR 6118, será
submetida a uma nova avaliação para revalidação de seu registro na
ISO - International Organization for Standadization.
A conquista obtida em 2008, quando pela primeira vez a Norma
Brasileira foi considerada como documento de validade interna-
cional por cumprir com as exigências da ISO 19338 Performance
and assessment requirements for design standards on structural
FSB
Para um país crescer, é preciso investimento. Mas é necessário também pensar no meio
ambiente, na sociedade e nas futuras gerações.
A indústria do cimento investe em qualidade e utiliza as tecnologias mais avançadas para
promover um desenvolvimento sustentável. Colabora ainda para tornar o meio ambiente mais
limpo com o co-processamento: a destruição de resíduos industriais e pneus em seus fornos.
Onde tem gente tem cimento.
22 | CONCRETO & Construções
u encontros e notícias | EVENTOS
concrete, deve se repetir este ano, quando agora, para a reunião do TC71 de 2015. encaminhamento de sugestões e votos bra-
a revalidação do registro está sendo exigida Na reunião a ser realizada em Seoul, o Bra- sileiros para os documentos internacionais
de todos os países, em vista da revisão da sil será representado pela Coordenadora da nesse âmbito, ao longo dos últimos dez anos
ISO 19338. Comissão de Estudo da ABNT e do CT 301 de atuação, têm garantido ao Brasil uma pre-
Muito trabalho foi empreendido nos últimos IBRACON/ABECE, Engª Suely Bacchereti sença forte, técnica e muito positiva.
anos com a revisão da Norma Brasileira e Bueno, pela Prof. Dra. Sofia Maria Carrato A Diretoria do IBRACON participa desse
de seus documentos complementares, de Diniz e pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Pinto da trabalho com a atuação de seu Presiden-
forma a ser mantido o estágio de atualiza- Silva Filho. te, Prof. Dr. Túlio Bittencourt, de seus Vice-
ção com relação às exigências internacio- Toda a documentação exigida pela ISO foi já -Presidentes, Engo. Júlio Timerman e Engo.
nais, mas vale salientar que a mais expres- oficialmente enviada pelo Brasil, através de Nelson Covas, do seu Diretor de Publica-
siva modificação da ABNT NBR 6118 com seu organismo nacional de normalização, ções, Prof. Dr. Paulo Helene, da Diretora de
relação ao documento apresentado à ISO a ABNT. No dia 28 de outubro, os repre- Cursos, Enga. Íria Lícia Oliva Doniak e da
em 2008 é a ampliação de seu escopo, sentantes brasileiros devem apresentar ao Diretora Técnica, Enga. Inês Battagin, que
abrangendo agora as estruturas de concre- TC71/SC4 informações sobre o conteúdo responde também pela Superintendência
to de alto desempenho. da Norma Brasileira e de que forma ela do ABNT/CB18.
O CT 301 – Comitê Técnico IBRACON/ atende às exigências estabelecidas na nova No 57º Congresso Brasileiro do Concreto
ABECE de Projeto de Estruturas de Concre- ISO 19338. do IBRACON, que será realizado em Boni-
to atuou fortemente para esses resultados, Na programação estão previstas muitas ou- to, Mato Grosso do Sul, no mês de outubro,
tendo preparado os textos-base encami- tras atividades nas reuniões dos subcomitês será lançado o caderno de Práticas Reco-
nhados à Associação Brasileira de Normas do ISO/TC 71, que serão realizadas como mendadas IBRACON/ABECE, elaborado
Técnicas (ABNT) para a revisão da Norma apresentado no Quadro. A presença dos pelo CT 301, com Comentários e Exemplos
em 2003 e 2014, bem como a documen- representantes brasileiros em todas elas e de Aplicação da versão de 2014 da ABNT
tação para seu registro na ISO em 2008 e, o trabalho desenvolvido com a análise e o NBR 6118.
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CONCRETO & Construções | 23
u encontros e notícias | CURSOS
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CONCRETO: DO PROJETO À OBRA PRONTA
Data: 28/10/2015
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e-mail: vanessa@ibracon.org.br
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do 57º Congresso Brasileiro do Con- das Faculdades Metropolitanas de Créditos Master Pec: 8 créditos
creto. Seu ministrante é diretor do Campinas (Verismetrocamp). Local: Centro de Convenções de Bonito
Escritório Brasileiro de Protensão e Data: 29/10/2015 Realização: Instituto Brasileiro do Concreto
ex-professor do Centro Universitário Horário: 9:00h às 18:00h – IBRACON
Adventista de São Paulo (Unasp) e Carga horária: 8 horas à Informações: www.ibracon.org.br
T O P I C S
u Bridge Diagnostics u Earthquake and Accidental u Life-Cycle Assessment u Service Life Prediction
u Foundation Engineering
I N F O R M A T I O N
SECRETARIAT
Ms. Tatiana Razuk
secretariat@iabmas2016.org CONCRETO & Construções | 25
u personalidade entrevistada
Oswaldo
Cascudo
&
Helena
Carasek
“
Recentemente, Oswaldo e Helena CASCUDO: “A GRANDIOSIDADE DAS
coordenaram a tradução e edição
do livro “Durabilidade do Concreto:
OBRAS E A CAPACIDADE DE
“
bases científicas para a formulação de TRANSFORMAÇÃO DOS ESPAÇOS DADA
concretos duráveis de acordo com o
PELA ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO
ambiente”, lançado pelo IBRACON.
SEMPRE ME EMOCIONARAM”
“
SINTOMATOLÓGICAS DE FENÔMENOS, A ABORDAGEM
DA DURABILIDADE CAMINHA AGORA PARA UMA
ABORDAGEM BASEADA NO DESEMPENHO”
a minha carreira profissional começou de que estava na profissão certa concentração de estruturas, com
em 1982, quando fiz vestibular para o e com desejo de me aperfeiçoar uma dissertação sobre alvenaria
curso de Engenharia Civil na UNISINOS, mais, ingressei no mestrado. Nessa estrutural. Quando terminei o
em São Leopoldo, no Rio Grande do época, novamente, muito por mestrado, decidi continuar a minha
Sul. Após as dúvidas normais de uma influência do exemplo do meu pai, formação, fazendo prontamente o
adolescente, decidi por essa profissão que apesar de atuar com sucesso doutorado. A minha pesquisa de
com base em um teste vocacional, mas como engenheiro mecânico na mestrado, por tratar do sistema
também inspirada no meu pai, também direção de uma indústria, sempre construtivo alvenaria estrutural, abriu
engenheiro. Rapidamente descobri que encontrou tempo para lecionar a possibilidade para trabalhar também
tinha acertado na escolha da profissão, engenharia, eu já pensava em ser, na área de construção civil, e, por
principalmente quando ingressei no além de engenheira, professora. essa razão, optei por continuar as
ciclo profissional da faculdade. Com Incentivada pela família e também investigações com foco nos materiais
boas notas e me destacando em pelo Prof. João Luiz Campagnolo de construção. Então, busquei o que
relação aos colegas, gostava de todas (UFRGS), estimado amigo, ingressei de melhor existia no país, em termos
as matérias e de fazer qualquer tipo de no Curso de Pós-Graduação em de pós-graduação “stricto-sensu” na
projeto de engenharia. Engenharia Civil da UFRGS. área de construção civil, ingressando
Ao concluir a faculdade, convicta Defendi o meu mestrado na área de na tradicional Escola Politécnica da
USP. Foi nessa época que o Oswaldo
e eu nos conhecemos; depois de
um rápido namoro nos casamos e, a
partir daí, a nossa trajetória pessoal
e profissional se mistura, como, por
exemplo, na realização do Pós-
Doc na França, que o Oswaldo já
comentou, e toda a trajetória como
docentes e pesquisadores na UFG.
Quando estava próxima a conclusão
do meu doutorado, fiz concurso
para docente na UFG e tomei posse
em 1994. Esta ação representou a
tomada de decisão mais relevante
da minha carreira profissional,
uma vez que definiu meu domicílio
pessoal e minha filiação institucional,
dando-me assim condições para
que eu pudesse desenvolver minhas
atividades como engenheira e como
docente e pesquisadora.
Pavilhão de Portugal no Parque das Nações, em Lisboa. Esbeltez, forma e audácia
no elemento em concreto da cobertura do vão Desde então, já são mais de 20
com a definição correta e conforme químicos, biológicos e eletroquímicos Oswaldo Cascudo – As manifestações
dos materiais e componentes de (das armaduras). Eu acho, no entanto, patológicas em estruturas de
construção, e com um adequado uso interessante, a forma como a ABNT concreto são oriundas do projeto
e operação, que contemple as ações NBR 6118 divide os mecanismos de ruim e da especificação inadequada
de manutenção preventiva e, quando deterioração, em 3 tipos: mecanismos do concreto, evidentemente
necessária, corretiva. A durabilidade, preponderantes de deterioração potencializadas pelos mais altos níveis
portanto, deixou de ter um significado relativos ao concreto; mecanismos de agressividade ambiental. Há na
“
CARASEK: “A ABNT NBR 6118 DIVIDE OS
“
MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO EM TRÊS TIPOS:
RELATIVOS AO CONCRETO, À ARMADURA E À
ESTRUTURA PROPRIAMENTE DITA”
“
OSWALDO: “O MELHOR CAMINHO PARA O COMBATE
“
DESSAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS É PREVENTIVO,
LANÇANDO-SE MÃO DO BOM CONHECIMENTO
ATUALMENTE EXISTENTE SOBRE O ASSUNTO”
“
PARA SE PREVENIR AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
É SEGUIR AS NORMAS TÉCNICAS EXISTENTES, TAIS
COMO A ABNT NBR 6118 E 14931”
“
FONTES CAUSADORAS DO PROBLEMA E BLOQUEAR OS MECANISMOS
DELETÉRIOS. A EXPECTATIVA É DE RESGATE DO DESEMPENHO
MECÂNICO-ESTRUTURAL E DA DURABILIDADE DA ESTRUTURA”
carbonatação do concreto. Nesse adequados de compactação e cura, aquisição do concreto, o que se vê,
sentido, o IBRACON, por meio etc.), mas tenho visto, inclusive, com frequência, é que a concreteira
dos seus Comitês Técnicos, tem problemas com os concretos atende contratualmente ao que foi
importante atuação na discussão e fornecidos por usinas, que, por solicitado, porém com o ônus da
elaboração de textos-base para a vezes, têm sido elaborados com não conformidade em relação às
futura normalização, como é o caso relação água/cimento mais alta do prescrições da ABNT NBR 6118
do comitê, do qual participamos, que que os limites especificados na (especificamente nessa questão da
está trabalhando sobre a temática da ABNT NBR 6118. Evidentemente relação a/c). Aí não adianta muito
carbonatação do concreto. que a “culpa” nesses casos pode ser avançar em pesquisas científicas se
No entanto, o que eu observo compartilhada, seja pela existência isso, de fato, não chega às obras.
na prática é que grande parcela de um projeto incompleto, que não Precisamos também trabalhar na
das estruturas que se deteriora especifica a relação água/cimento conscientização do meio técnico.
precocemente não seguiu nem as máxima, seja por falhas na aquisição
prescrições básicas existentes. Em do concreto, em que os construtores IBRACON – E a terapia das estruturas
parte por problemas de execução não solicitam o material de forma de concreto, porque não
(não garantindo o cobrimento mínimo, adequada. Nessas situações de há normalização nem consenso?
“
OSWALDO: “TERMODINAMICAMENTE, A CORROSÃO DO AÇO
“
É UM FENÔMENO ESPONTÂNEO, JÁ QUE NA NATUREZA OS
SISTEMAS EVOLUEM PARA NÍVEIS ENTÁLPICOS MAIS BAIXOS
E PARA NÍVEIS ENTRÓPICOS MAIS ALTOS”
“
CARASEK: “O CONCRETO, DESDE QUE BEM
“
CONCEBIDO E ELABORADO, É UM MATERIAL DE
ALTA DURABILIDADE NA MAIORIA DOS AMBIENTES
NATURAIS E INDUSTRIAIS”
“
DESEMPENHO SEJAM COMPLEMENTARES E NÃO ENTREM EM
COMPETIÇÃO ENTRE SI, É EVIDENTE QUE A ABORDAGEM BASEADA
NO DESEMPENHO SIGNIFICA UM AVANÇO CONSIDERÁVEL”
a resistência à compressão do IBRACON tem feito esforços para publicado no país. Você considera que
concreto. A sofisticação dentro dinamizar essa discussão dentro colaborou para minimizar o problema?
“
DURABILIDADE DE FORMA INDIRETA, PORQUE
ESTAMOS ATRASADOS NA NORMALIZAÇÃO DE
ENSAIOS DE DURABILIDADE”
para a difusão do conhecimento e, me pelo livro e pela oportunidade com significativas mudanças em
dessa forma, fundamental para o de apreender e de evoluir no tema. 2003. A partir daí ela passou a
avanço em termos de formação e de Senti naquele momento uma grande ter um capítulo exclusivo sobre
qualificação profissional. Estimulado emoção, que me fez ter certeza que durabilidade, tendo introduzido as
pela importante e pioneira publicação valeu à pena o esforço. classes de agressividade ambiental
do Paulo Helene, trouxe em meu livro (CAA I, II, III e IV) para subsidiar o
uma contribuição no aprofundamento IBRACON – Qual tem sido projeto de estruturas de concreto
conceitual da corrosão, além de a contribuição de vocês quanto à durável. Foi um grande marco para
uma vasta parte concernente às normalização no país nesse campo da a engenharia nacional, mas agora
técnicas de avaliação e diagnóstico durabilidade e ensaios? precisamos evoluir mais na questão
da corrosão do aço no concreto. Oswaldo Cascudo – Particularmente, da durabilidade, introduzindo
Muito me orgulha essa publicação, no campo da durabilidade de na normalização brasileira os
pois mesmo sendo um livro esgotado, estruturas de concreto, participei indicadores de durabilidade e, se
ele ainda é muito veiculado, sem ativamente das reuniões de uma possível, modelos de previsão de
falar que recebo constantemente comissão de estudo do CB 1 (Comitê vida útil, de forma a tratar a questão
demandas para a sua atualização e Brasileiro de Mineração e Metalurgia) da durabilidade de forma mais
reedição. A produção de um livro de da ABNT, no final dos anos 80, efetiva e calcada no desempenho.
bom conteúdo envolve uma grande durante o meu período de mestrado. Temos que normalizar, também, os
energia. No modelo de avaliação Na época, por indicação do Prof. ensaios acelerados de carbonatação
curricular ao nível da pós-graduação Paulo Helene, eu representava do concreto e ensaios para
no Brasil, esse tipo de publicação a Escola Politécnica da USP na determinação de parâmetros de
é, infelizmente, pouco considerado. comissão de normalização abrigada transporte de cloretos.
É uma pena, pois os livros técnicos nesse comitê, que foi a primeira
atingem tanto os ambientes comissão a estudar e a se preocupar IBRACON – Para aonde devem
acadêmicos quanto os profissionais, com a normalização sobre corrosão caminhar as pesquisas para haver
com penetração que vai além das de armaduras em estruturas de avanços na prevenção de problemas
sua ação! Verdadeiramente, os na sede da ABRACO – Associação Helena Carasek – São vários temas
livros cumprem um importante papel Brasileira de Corrosão, no Rio de de pesquisa ainda necessários. Para
social. Só para compartilhar um fato, Janeiro. Em meados dos anos citar um deles, creio que poderemos
em recente participação minha em 90, particularmente nos anos de avançar na prevenção de problemas
um evento em Portugal, ao final da 1995 e 1996, participei em São patológicos por meio de pesquisas
apresentação, veio me cumprimentar Paulo de reuniões para a revisão que visem o desenvolvimento de
um congressista de Moçambique. da ABNT NBR 6118, a principal modelos de previsão de vida útil. A
Ele se aproximou de mim, com muita norma de estrutura de concreto do ideia é a modelagem dos mecanismos
deferência, dizendo que me conhecia país. Depois de muitos anos de sua de deterioração das estruturas
há anos, por intermédio do livro de revisão anterior (em 1978/1980), de concreto (como, por exemplo,
corrosão e pelas muitas horas de essa norma teve uma grande revisão a corrosão das armaduras, por
leitura e estudo. Por fim, agradeceu- nos anos 90, tendo sido editada carbonatação e/ou cloretos, ou a
“
OSWALDO: “AGORA PRECISAMOS EVOLUIR MAIS NA QUESTÃO
“
DA DURABILIDADE, INTRODUZINDO NA NORMALIZAÇÃO
BRASILEIRA OS INDICADORES DE DURABILIDADE E,
SE POSSÍVEL, MODELOS DE PREVISÃO DE VIDA ÚTIL”
“
CARASEK: “A IDEIA É A MODELAGEM DOS MECANISMOS DE
“
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO, DE FORMA QUE ESSES
MODELOS, NO FUTURO, POSSAM SER APLICADOS NA PRÁTICA PELOS
PROFISSIONAIS PARA QUANTIFICAR A VIDA ÚTIL DE UMA ESTRUTURA”
“
O PROFISSIONAL PARTICIPAREM DE CONGRESSOS E
DE CURSOS DE ATUALIZAÇÃO, POIS A GERAÇÃO DE
CONHECIMENTO É MUITO DINÂMICA”
durabilidade. Isto permitirá a realização são várias as pesquisas que vêm Helena Carasek – Sem dúvida
de novas pesquisas nessa temática. sendo desenvolvidas ao longo dos nenhuma. Um traço marcante
anos na EEC sobre durabilidade do das nossas carreiras na UFG (do
IBRACON – O ensino de graduação concreto, das quais, também, alunos Oswaldo e a minha) é a orientação
de engenharia civil tem focado de graduação têm oportunidade de alunos em todos os níveis
devidamente a questão da durabilidade de participar. Mesmo assim, (iniciação científica, trabalho final
nas obras, ou se fazem necessários sempre é importante o estudante e de curso, mestrado e monografia
cursos de atualização e eventos que também o profissional participarem de especialização). Nós dois juntos
complementem essa formação? de congressos e de cursos de já orientamos mais de 300 alunos
Helena Carasek – Esta é uma atualização, pois a geração de nos diversos níveis. Eu partilho dos
pergunta complexa de responder, conhecimento é muito dinâmica. preceitos do filósofo do Império
pois acredito que dependa Romano Sêneca, que afirmou
muito da grade curricular de IBRACON – Considerando que que “os progressos obtidos por
cada universidade, que, por sua a Helena já orientou mais de 40 meio do ensino são lentos; já os
vez, é função do seu quadro de dissertações de mestrado, vocês obtidos por meio de exemplos
professores. Falando especificamente acham que esses trabalhos ajudam são mais imediatos e eficazes”.
da EEC-UFG, nós contemplamos na formação do futuro engenheiro? Nesse sentido, sempre me esforço
em algumas disciplinas essa
temática, tanto na graduação como
na pós-graduação. A questão
da durabilidade das estruturas é
abordada na nossa graduação desde
as disciplinas básicas de Materiais
de Construção (ministrada pelo
Oswaldo) e de Construção Civil
(ministrada por mim), assim como,
de forma mais direta, na disciplina de
Patologia e Terapia das Construções
(esta disciplina foi instituída na grade
curricular da engenharia em 1992,
quando o Oswaldo foi contratado
na UFG; desde essa época, ela tem
sido ministrada por ele ou por mim
todos os anos). Assim, o aluno da
UFG sai com um bom conhecimento
básico no tema. Já em nível de
mestrado, temos uma disciplina
específica de durabilidade das LABITECC, construído em concreto pré-moldado, onde se observam a ponte
estruturas de concreto. Além disso, rolante e o pórtico de reação
“
MEDIDA EM QUE TRABALHÁVAMOS NO PROJETO, VIVÍAMOS A
TECNOLOGIA DO CONCRETO E EXECUTÁVAMOS METICULOSAMENTE
O CONCRETO DESSES APARATOS [PARA O APO E O CONCREBOL]”
para atuar de forma mais próxima engenharia”, na melhor acepção sustentável. Por fim, acreditamos que
dos alunos, orientando trabalhos da palavra, na medida em que o IBRACON, por meio de seus comitês
experimentais e mostrando-lhes os trabalhávamos intensamente no técnicos, possa ser um uma espécie
exemplos. A pesquisa científica é projeto (calculando e dimensionando de “catalizador” da normalização
de extrema importância na formação o APO ou a bola do Concrebol), técnica específica de concreto no
do profissional, pois ela contribui vivíamos a tecnologia do concreto Brasil, potencializando e dinamizando
para ampliação dos conhecimentos na formulação das misturas e a produção de textos-base para as
específicos, além de contribuir com executávamos meticulosamente comissões de estudo da ABNT.
o desenvolvimento de habilidades o concreto desses aparatos.
como a autorreflexão e a gestão e A expectativa do resultado e a IBRACON – O que vocês gostam de
RESUMO cados) estanque, de alta resistência e aquário nacional e primeiro de porte in-
O
CEPRIC, conhecido como aparente em alguns trechos. Os resul- ternacional do Brasil (com padrão cha-
Aquário do Pantanal, é tados demonstraram que o projeto es- mado de “World Class Aquarium”). O
um aquário de água doce trutural, os procedimentos executivos aquário possui propósitos contempla-
dentro do Parque das Nações Indí- e o concreto utilizado foram determi- tivos, turísticos, educacionais e cien-
genas, na cidade de Campo Grande, nantes no sucesso da obra e conse- tíficos, sendo a finalidade do projeto
Mato Grosso do Sul (Brasil). Projetado guiram atender aos desafios rigorosos incentivar o desenvolvimento de pes-
pelo renomado Arquiteto Ruy Ohtake, do projeto arquitetônico, resultando em quisas e diálogos com universidades
é considerado o maior aquário de água elementos estruturais com integridade nacionais e internacionais, fortalecer a
doce do mundo, com 18.635m², sen- e durabilidade condizentes com a im- educação ambiental e ainda funcionar
do constituído por 23 grandes aquários portância desta obra emblemática para como um espaço de turismo e lazer
dentro do edifício e 9 na área externa, a região e o país. para a população campo-grandense e
totalizando um volume de água de a sociedade brasileira.
aproximadamente 6 milhões de litros, 1. INTRODUÇÃO O aquário apresentará espécies de
que vão abrigar 263 espécies da fau- Localizado no Parque das Na- peixes, anfíbios e répteis da fauna sul-
na aquática. Este artigo apresenta os ções Indígenas, o Aquário do Panta- -mato-grossense, parte das espécies
desafios e engenhosidades envolvidos nal, nome popular para o Centro de vegetais locais, além de espécies da
no projeto e construção da estrutura Pesquisa e Reabilitação da Ictiofau- Amazônia, Bacia do Paraná e do lito-
de concreto (cerca de 17.500m³ apli- na Pantaneira (CEPRIC), será o maior ral brasileiro, tornando-se referência
u Figura 1
Vista externa e seções (longitudinal e transversal) do pavilhão central
u Figura 3
Biblioteca: vista geral e detalhe do pilar central
u Figura 5
Tipologia dos aquários, com abertura para painel de acrílico
bem como algumas práticas de bem de serviço com relação às estruturas cionados com a técnica de bem cons-
construir e outras engenhosidades, fo- convencionais (ACI 350-06). truir, requerendo cuidados especiais
ram determinantes para a obtenção de É importante esclarecer que imper- durante a execução, de modo a evitar
elementos estruturais íntegros e ade- meabilidade de um material e estan- ninhos de concretagem, adensamento
quados às especificações de projeto e queidade de uma estrutura são concei- inadequado, fissurações não previstas
às necessidades da obra. A maior parte tos distintos. O concreto, quando visto e juntas frias ou de concretagem não
dos conceitos e procedimentos empre- exclusivamente como um material, é estanques, através das quais possa ha-
gados consta nas premissas das nor- capaz de prover condições suficientes ver, eventualmente, percolação ou infil-
malizações nacionais vigentes à época de baixíssima permeabilidade, promo- tração de água [5].
(ABNT NBR 6118:2007, ABNT NBR vendo uma barreira eficiente à percola- Corroborando esse ponto de vista,
12655:2006, ABNT NBR 14931:2004, ção de água, ou seja, pode ser consi- o ACI 350-06 destaca que usualmente
ABNT NBR 15823:2010) e em literatu- derado impermeável para a maioria dos é mais econômico e seguro garantir a
ras consagradas [1][2][3][4]. usos (piscinas, coberturas, tanques, estanqueidade de uma estrutura com
fundações, paredes diafragma etc.). uso da qualidade do material concre-
2. BOAS PRÁTICAS: Por outro lado, uma estrutura de to (dosagem adequada) e de procedi-
ESTANQUEIDADE E CONCRETO concreto estanque é aquela capaz de mentos executivos condizentes com
AUTOADENSÁVEL não permitir a percolação de água por as boas práticas de construção (lan-
A partir do entendimento da função nenhuma imperfeição, ou fissura, ou çamento, adensamento, cura, juntas
das estruturas do Aquário do Pantanal insert nas paredes e laje que a confinam, bem executadas e projetadas, entre
percebe-se que, especialmente para a e envolve principalmente aspectos rela- outros) do que através da aplicação de
região do circuito dos aquários, a es-
tanqueidade dos tanques é uma ne-
cessidade e premissa de projeto [ACI u Declaração do ministro-chefe da Secretaria de Assuntos
224.3R-95 (Reapproved 2008)]. Esse Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira,
cuidado com a estanqueidade é fun- para o Diário Digital de Campo Grande, por conta de sua visita às
damental, pois essas estruturas estão obras do Aquário do Pantanal no último dia 8 de julho
sujeitas a cargas diferenciadas, condi-
“É uma imensa oportunidade de colocar o Brasil e o Mato Grosso do
ções de exposição mais severas (forte Sul na vanguarda do grande projeto nacional que é a mudança da
preocupação com as questões de du- educação no Brasil”.
rabilidade) e exigências mais restritivas
3. PROJETO, INSUMOS E
barreiras ou revestimentos protetivos, ceder com a elaboração de um con- PROCEDIMENTO EXECUTIVO
ou seja, o concreto bem especificado e creto especial, fino, fluido e com maior
executado é suficiente para promover a plasticidade, além de teor de argamas- 3.1 Projeto: dimensionamento
estanqueidade. sa e granulometria compatíveis com as estrutural e modelos de cálculo
As dimensões dos elementos estru- necessidades do projeto.
turais impostas pelo projeto básico da Neste contexto, o concreto au- O projeto estrutural executivo foi
obra resultaram em um Projeto Estrutu- toadensável é um material que pode elaborado pela FHECOR DO BRASIL, a
ral Executivo densamente armado, onde atender a todos estes requisitos, pois partir de um projeto básico já existente.
a dificuldade de concretagem tornou-se é capaz de fluir e autoadensar pelo seu Para determinar as cargas emprega-
outro grande desafio, exigindo grande peso próprio, preenchendo adequa- das no dimensionamento estrutural foi
esforço de montagem de fôrmas e ar- damente as fôrmas e envolvendo em- utilizada a norma vigente para estruturas
maduras, com pouco ou nenhum espa- butidos (armaduras, dutos e insertos), de edificações ABNT NBR 6120:1980.
ço para vibração e adensamento ade- enquanto mantém sua homogeneidade Versão corrigida: 2000. As cargas con-
quados do concreto (Figura 7). (ausência de segregação) nas etapas sideradas foram as seguintes:
Esta característica, somada às for- de misturas, transporte, lançamento e u Cargas permanentes: incluem as
mas diversas dos elementos estruturais, acabamento (ABNT NBR 15823:2010). cargas de peso próprio dos dife-
consistiu um grande inconveniente para Este concreto apresenta um equi- rentes elementos estruturais, assim
o emprego de um concreto convencional. líbrio entre elevada fluidez e moderada como as cargas permanentes dos
Diante disso, fez-se necessário pro- viscosidade, obtido através da utilização pavimentos e divisórias, além dos
u Figura 7
Aquário do Pantanal: trechos de armadura de vigas e lajes
fck 50MPa;
Traço do
slump-flow >
concreto
650mm
Consumo de
cimento CPIIF32 489 kg
por m³
Relação
0,35
água/cimento
Teor de argamassa
57%
seca
Areia artificial
245 kg
por m³
Areia natural por m³ 515 kg
u Figura 10 Pedrisco por m³ 941 kg
Envoltória de momentos fletores na laje de fundo
Água por m³ 170 L
pelos muros laterais e a viga dianteira do Rio Paraguai levou em conta o su- Aditivo plastificante
3,400 L
por m³
(Figura 10). porte de maiores cargas de pressão hi-
Aditivo
Assim, para aumentar a área de drostática. O modelo realizado permitiu superplastificante 4,150 L
distribuição da carga transmitida pelo obter os esforços nas paredes laterais por m³
tanque sobre a laje de fundo, foram que formam o tanque, considerando
dispostas chapas metálicas abaixo dos adição do efeito conjunto de todas as dosagem, foi escolhido e empregado o
cantos dianteiros do tanque, conecta- paredes (Figuras 12 e 13). seguinte traço referência de concreto
das à estrutura de concreto por pinos resultante, que pode ser observado na
tipo Stud (Figura 11). 3.2 Concreto e procedimentos Tabela 1.
Por ser o de maior capacidade do executivos Em estruturas massivas, a com-
aquário, o dimensionamento do tanque A partir de um cuidadoso estudo de binação do calor produzido pela
u Figura 11
Detalhe das chapas de distribuição abaixo dos cantos dianteiros da laje de fundo
de um traço de concreto apropriado, a somente no que diz respeito à arquitetura, ciais de Engenharia (como o caso da
concepção de protótipos e uma execu- mas também às demais considerações protensão), assim como à realização
ção adequada e em conformidade com relacionadas com a estrutura, sujeita a es- de um rigoroso Controle de Qualida-
as normas vigentes e práticas de bem forços não convencionais, e às interfaces de de Projeto (CQP) por parte do pro-
construir foram determinantes para a com outros sistemas construtivos, como a prietário (governo do Estado), que foi
execução da estrutura de concreto do estrutura metálica de cobertura. imprescindível para os bons resultados
Aquário do Pantanal, resultando em in- Sem dúvida, a garantia de de- obtidos ao longo da obra.
tegridade, estanqueidade e durabilidade sempenho frente aos requisitos de
condizentes com as necessidades da estética, forma e função deve-se, es- 5. AGRADECIMENTOS
obra (Figura 15). pecialmente, à interdisciplinaridade e Os autores agradecem aos parceiros
O estudo de caso apresentado neste integração das equipes de Arquitetu- arquiteto Ruy Ohtake e sua equipe, à
artigo demonstra claramente uma obra ra, Estrutura, Tecnologia do Concreto, Profa. Sandra Regina Bertocini, ao Eng.
emblemática de grande singularidade, não Controle Tecnológico, Serviços Espe- Egydio Hervé Neto, ao Eng. Paulo Sérgio
u Figura 15
Aquário do Pantanal: integridade, estanqueidade e durabilidade
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] HELENE, Paulo R. L.; TERZIAN, P. R.; SARDINHA, V. L. A. Considerações sobre estanqueidade de estruturas de concreto. In: Anais do 2º Simpósio Brasileiro de
Impermeabilização. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Impermeabilização, 1980, p. 176-197.
[02] MEHTA, P.; K; MONTEIRO, J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais. IBRACON, 2ª edição. São Paulo, 2014.
[03] NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Concrete Technology. New York: Longman Scientific & Technical, 1987. 438 p.
[04] KOSMATKA, Steven H.; WILSON, Michelle L. Design and control of concrete mixtures. 15ª edição. Illinois: Portland Cement Association, 2011.
[05] BRITEZ, Carlos; HELENE, Paulo; BUENO, Suely; PACHECO, Jéssika. Estanqueidade de Lajes de Subpressão. Caso MIS-RJ. Trabalho apresentado ao 55º Congresso
Brasileiro do Concreto (55º CBC), Gramado, 2013.
[06] BRITEZ, C.; PACHECO, J.; BUENO, S.; HELENE, P. Recomendações para a concepção de pilares inclinados em concreto aparente. Caso MIS-RJ. 2014. Trabalho
apresentado ao 56º Congresso Brasileiro do Concreto – CBC2014, Natal, 2014.
MARQUE PRESENÇA!
O 57º Congresso Brasileiro do Concreto é o maior evento
técnico-científico sobre tecnologia do concreto e seus sistemas construtivos
27 a 30 de outubro | Bonito - MS
Presença institucional da empresa/instituição
O 57º Congresso Brasileiro do Concreto é destinado à divulgação técnica do bom uso do concreto e
enquadra-se no Fundo de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que permite às
empresas patrocinadoras e expositoras deduzirem do Imposto de Renda o valor da contribuição.
E
sta publicação objetiva dis-
ponibilizar análise simplifica-
da sobre o comportamento,
ao longo de cerca de 2000 anos, de
uma estrutura magnânima construída
entre os anos de 118 e 128, durante
o império de Adriano, com o emprego
de materiais até hoje pouco conheci-
dos em vários países e com uma con-
cepção estrutural arrojada. Na cons-
trução desse edifício, os romanos
empregaram todo o conhecimento
sobre construção com concreto que
u Figura 1
Geometria utilizada no modelo
u Figura 2
Foto 2 – Cúpula do Panteão, maior vão Parâmetros do concreto utilizados no modelo
livre em concreto não armado
u Figura 4
Foto 3 - Vista interna do Panteão, com Vista lateral do modelo com as propriedades (espessuras) exibidas
destaque do altar da Basílica Santa por cores
Maria ad Martires
u Figura 6
Vista renderizada do modelo Foto 5 - Detalhe da vista lateral
do Panteão
u Figura 8
Foto 6 - Detalhe da construção Distribuição das tensões principais na face interna
da alvenaria estruturada por arcos
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PROJETO E CONSTRUÇÃO DE PAVIMENTOS DE CONCRETO AEROPORTUÁRIOS EM FACE DAS NOVAS DIRETRIZES QUE SERÃO
IMPLEMENTADAS NESTE ANO PELA AGÊNCIA FEDERAL DE AVIAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS (FAA)
David Brill (FAA)
ORGANIZAÇÃO
INFORMAÇÕES
www.ibracon.org.br
Investimentos com
visão de longo prazo
MAURÍCIO RUSSOMANNO – Diretor de Vendas e Marketing
Votorantim Cimentos
A
Votorantim Cimentos bus- No Brasil, a prioridade é ampliar a próximas para ouvir o cliente em todo
ca a evolução constante de produção nas regiões Centro-Norte e o País e entender suas expectativas –
seus produtos, por meio de Nordeste. A empresa, que segue uma seja em relação ao nível de serviço ou
pesquisas e inovação, e o aperfeiço- forte estratégia de longo prazo, vê nes- ao produto, com maior rentabilidade
amento de seu modelo de negócio, sas regiões espaço para crescimento para obra. Nossa força de vendas ofe-
pautando-se sempre pelo foco no do setor de construção e do consumo rece todos os produtos e serviços da
cliente, pela excelência operacional, de cimento. Até 2017, serão inaugura- VC de forma integrada para o cliente,
por práticas sustentáveis e por funcio- das cinco unidades: Edealina (GO), Pri- do início ao fim da obra – do concreto
nários com autonomia. Esses quatro mavera (PA), Sobral (CE), Pecém (CE) e ao acabamento final.
pilares guiam a atuação da empresa Caaporã (PB). Em paralelo com a nossa crescente
em todas as regiões do Brasil e nos Os investimentos da companhia aproximação com os clientes de todo
outros 13 países onde estamos pre- estão sempre alinhados ao seu perfil o País e dos 13 países nos quais a Vo-
sentes. Ao todo, são 26 unidades de de forte disciplina financeira, com perfil torantim Cimentos atua, investimos em
cimento em operação no Brasil e 30 conservador de endividamento e uma inovação, que consideramos um “dri-
no exterior. cultura de busca da eficiência opera- ver” estratégico para a companhia. A
Apesar do cenário econômico de- cional contínua. Como reconhecimento empresa tem intensificado os estudos e
safiador, nossa perspectiva de longo aos bons resultados no balanço entre pesquisas visando à oferta de produtos
prazo permite a continuidade de um investimentos e disciplina financeira, a e serviços que reduzem os custos das
plano de investimentos robusto: até companhia tem grau de investimento obras de seus clientes.
2018, serão R$ 5 bilhões direcionados global, pelas principais agências classi- Os investimentos em inovação sob
a cinco fábricas no Brasil, uma na Tur- ficadoras de risco - Fitch Ratings, Stan- a perspectiva do cliente nos permiti-
quia e uma na Bolívia, ampliação nos dard & Poor’s e Moody’s. ram desenvolver produtos inovadores,
EUA, além da modernização de unida- Entretanto, para a Votorantim Ci- como concreto de alta resistência, que
des já existentes. mentos, investir não é apenas inaugurar reduz o número de pilares de grandes
novas unidades. Também investimos na construções, ampliando a área disponí-
aproximação com nossos clientes, em vel nos edifícios; o concreto auto-aden-
inovação, no aperfeiçoamento de nossa sável, que não necessita ser espalha-
governança e em sustentabilidade. do, demandando menos mão de obra e
Para melhor atender aos nossos finalizando o trabalho com mais agilida-
clientes, implementamos um novo mo- de; e o concreto permeável - adequado
delo de negócio, estruturando as áreas para captação e reaproveitamento de
comerciais em quatro grandes seg- água da chuva.
mentos: Autoconstrução, Imobiliário, Além de concretos inovadores,
Industrial e Infraestrutura. A partir desta outro “case” da companhia é o do ci-
nova estratégia, definimos equipes de- mento de menor impacto ambiental,
Unidade Rio Branco do Sul, vista à noite dicadas para cada segmento e mais produzido a partir da argila pozolana.
LIVRO
DURABILIDADE
DO CONCRETO
à Editores Jean-Pierre Ollivier e Angélique Vichot
à Informações: www.ibracon.org.br
D
esenvolvimento sustentá- para a discussão de temas estratégicos tem sido amplamente divulgado, mas
vel é aquele que atende às sobre meio ambiente. Nessa linha, em apenas o processo de aculturamento
necessidades do presente, 1993 deu-se início aos trabalhos de nor- da sociedade pode gerar o necessário
sem comprometer a possibilidade das malização com a formação do ISO/TC comprometimento, para que em todas
gerações futuras atenderem às suas 207 – International Technical Committee as esferas se pratiquem ações que
próprias necessidades, segundo o Re- of Environmental Management, com for- levem essa mesma sociedade, como
latório da Comissão Brundland “Nosso te participação do Brasil. um todo, a uma melhor qualidade de
Futuro Comum, 1987” da Organização O envolvimento da ISO nas ques- vida ao longo do tempo.
das Nações Unidas. tões da sustentabilidade transcen- O tema deste artigo está inserido no
Apesar de simples em sua essên- de os ideais e limites de governos e campo das construções, onde o con-
cia, esse conceito vem exigindo mu- possibilita soluções que agreguem di- sumo de materiais e energia é ainda ex-
danças sociais importantes, pois o ferentes culturas e amenizem os efei- pressivo, assim como a geração de ga-
modelo de crescimento econômico tos de opiniões antagônicas, pois a ses do efeito estufa e resíduos diversos.
tradicional tem deixado de ser viável normalização é, em sua essência, um Especialmente ao longo dos úl-
(ou sustentável), passando a depender veículo para a discussão de temas de timos vinte anos, muitos estudos,
de outros fatores, antes relegados a interesse da sociedade, possibilitando pesquisas e ações, tanto da iniciativa
um segundo plano. a popularização do conhecimento e o privada como pública, têm gradativa-
Há alguns anos a preservação am- desenvolvimento com base técnica e mente minorado os valores específicos
biental passou a ser vista como funda- consenso social. (unitários) desses impactos, porém é
mental para a continuidade do cres- A barreira cultural é de tal forma ex- ainda pequeno o resultado final (total)
cimento econômico, possibilitando pressiva que, somente dez anos após em função do aumento populacional e
a manutenção dos recursos naturais o início dos trabalhos na área ambien- do consequente anseio da população
indispensáveis à industrialização; mais tal, foi possível divulgar as iniciativas da por conforto (moradia, saneamento,
recentemente essa preocupação foi ISO para as questões relacionadas à infraestrutura de transporte, etc).
estendida à preservação da própria hu- responsabilidade social. A publicação Como o concreto é o material de
manidade. Diversos países voltaram sua da ISO 26000 Social Responsibility, construção mais utilizado no mundo,
atenção para essa necessidade e, em em 2010, trazendo apenas diretrizes sua composição, aplicações, durabi-
1990, foi criado pela ISO (International gerais, mostra de forma velada as difi- lidade e possibilidades de reciclagem
Organization for Standardization) o Stra- culdades enfrentadas nesse processo. têm sido objeto de muitas pesquisas,
tegic Advisory Group on Environment, O tripé da sustentabilidade (cres- dispondo-se atualmente de vasto ca-
que possibilitou agregar representan- cimento econômico, respeito ao meio bedal de informações.
Os Guias ISO são documentos que estabelecem diretrizes gerais e devem ser considerados no desenvolvimento das Normas Técnicas Internacionais e Nacionais dos países membros
1
da ISO.
de lajes alveolares, ABNT NBR como um todo integrado e aos seus o conceito de vida útil de projeto da
16258:2014, de estacas pré-fa- sistemas, independentemente dos ABNT NBR 6118 publicada em 2003.
bricadas e Projeto 18:600.19-001, materiais utilizados na construção. Tendo em vista incentivar o cres-
que trata de painéis de parede, No quesito durabilidade, a im- cimento dos setores da construção
em fase final de aprovação), que portância da Norma de Desempe- com base em critérios de desempe-
seguem a linha estabelecida por nho está nos conceitos trazidos da nho ideais, como os praticados em
sua norma-mãe, a ABNT NBR BS 7543:2003 (Guide to durability of
3
países desenvolvidos, a ABNT NBR
9062, estabelecendo os requisitos buildings and building elements, products 15575 traz um anexo de caráter in-
específicos para os processos de and components) e no estabelecimento formativo com dados de desempe-
produção, controle e montagem de prazos para a vida útil de projeto. nho denominados de intermediário (I)
das estruturas com esses elemen- O efeito de uma falha no desempe- e superior (S) para alguns requisitos.
tos - vale destacar os requisitos nho (da estrutura, do elemento, do sis- No caso da vida útil de projeto das
estabelecidos para a qualidade tema, etc.), o grau de dificuldade nas estruturas, tem-se, na Parte 1 dessa
da execução das estruturas pré- operações de manutenção e reparação Norma, os valores recomendados de
-fabricadas, onde os controles e o custo envolvido, são os três fatores 63 anos para o desempenho interme-
industriais proporcionam aumento considerados pela BS 7543, e também diário e 75 anos para o superior.
na durabilidade, com relação aos pelas ABNT NBR 15575 e ISO 15686- O significado da vida útil de proje-
padrões convencionais. 1:2000 , para as avaliações de durabili-
4
to segundo a ABNT NBR 15575:2013
dade e estabelecimento dos prazos de está a seguir registrado:
4. NORMA DE DESEMPENHO vida útil de projeto. A Figura 1 exemplifica 3.43
Marco inovador no setor da cons- esse processo e nela verifica-se que, no Vida Útil de Projeto (VUP)
trução civil, a ABNT NBR 15575, pu- caso das estruturas, a vida útil de projeto Período estimado de tempo
blicada em segunda versão em 2013, deve sempre ser a maior dentre os siste- para o qual um sistema é pro-
compila o conteúdo de um acervo mas que compõe uma edificação. jetado a fim de atender aos
normativo construído ao longo dos A lógica do crescimento continua- requisitos de desempenho es-
anos e nem sempre absorvido pelo do no campo da normalização técni- tabelecidos nesta Norma, con-
meio técnico de maneira adequada, ca merece aqui ser explicitada, pois a siderando o atendimento aos
estabelecendo requisitos e critérios Norma de Desempenho reafirma a ida- requisitos das normas aplicá-
de desempenho para o conforto dos de mínima de 50 anos para estruturas veis, o estágio do conhecimen-
usuários de edificações habitacionais. de qualquer material, prazo já previsto to no momento do projeto e
A Norma, composta de seis Par- pela ABNT NBR 8681:2004 (Ações e supondo o cumprimento da pe-
tes, aplica-se ao edifício habitacional segurança nas estruturas), e também riodicidade e correta execução
3
A edição mais recente da BS 7543 foi publicada em abril de 2015 pelo BSI – British Standards Institution.
4
ISO 15686 Buildings and constructed assets – Service life planning, composta de 11 Partes, sendo que a primeira, de Princípios Gerais, foi publicada no ano 2000
e revisada em 2011.
dos processos de manutenção vés dos Comitês Brasileiros da Asso- seus SCs, é sempre realizada em dife-
especificados no respectivo ciação Brasileira de Normas Técnicas rentes países (e preferencialmente em
Manual de Uso, Operação e que atuam nessa área (ABNT/CB-18 continentes diferentes), de forma a di-
Manutenção (a VUP não deve Cimento, Concreto e Agregados e vulgar o trabalho do Comitê.
ser confundida com tempo de ABNT/CB-02 Construção Civil). A normalização com foco na dura-
vida útil, durabilidade, prazo de Atualmente com sete subcomitês bilidade das estruturas de concreto tem
garantia legal e certificada). (SC) ativos (ver Quadro 1) e a Secre- sido o principal aspecto de atenção dos
Nota: A VUP é uma estimativa taria Geral sendo administrada pelo trabalhos do ISO/TC71, envolvendo
teórica de tempo que compõe American Concrete Institute (ACI), o 5
todos os seus subcomitês, em temas
o tempo de vida útil. O tempo ISO/TC71 é um dos mais ativos Co- de seu escopo, que possam convergir
de VU pode ou não ser confir- mitês Internacionais, congregando 95 para a perfeita conceituação e o esta-
mado em função da eficiência países, com a soma de seus mem- belecimento de requisitos nessa área.
e registro das manutenções, de bros participantes (P) e observadores Assim, em 2012, foi possível a
alterações no entorno da obra, (O, sem direito a voto). publicação da ISO 16204 Durabili-
fatores climáticos, e outros. O ACI assumiu os trabalhos de co- ty – Service Life Design of Concrete
ordenação do ISO/TC71 em 1993 e Structures, a partir de trabalhos de-
5. O ISO/TC71 E O MODEL CODE nesses vinte anos tem atuado de forma senvolvidos ou em desenvolvimento
2010 DA fib dinâmica e competente, conseguindo na ocasião, como os a seguir:
O Brasil participa da Normalização agregar países e grupos econômicos u metodologias de ensaios prepara-
Internacional de Concreto, a cargo do no trabalho de desenvolvimento de das pelo SC1, como as estabele-
ISO/TC71 (Concrete, Reinforced Con- normas técnicas. cidas na ISO 1920 – Parte 11:2013
crete and Prestressed Concrete) atra- A reunião anual do ISO/TC71, e (Determination of the chloride
5
A ANSI – American National Standards Institute é o organismo oficial responsável por representar os EUA na ISO, tendo indicado o ACI para gerenciar a Secretaria Geral do
ISO/TC71, por este último atuar especificamente na área de concreto e estruturas de concreto.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, ABNT. ABNT NBR 6118 Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
[02] ______. ABNT NBR 12655 Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
[03] ______. ABNT NBR 15575 Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho (6 Partes). Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
[04] BRITISH STANDARDS INSTITUTION, BSI. Guide to durability of buildings and building elements, products and components. London, 2003.
[05] COMITÊ EUROPEU DE NORMALIZAÇÃO, CEN. EN 206-1 Concrete. Specification, performance, production and conformity. Brussels, 2000.
[06] ______. Eurocode 2 (EN 1992). Design of concrete structures, Brussels, 2004.
[07] FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON. fib Model Code for Concrete Structures 2010. Lausanne, 2013.
[08] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, ISO. ISO/Guide 64 Guide for addressing environmental issues in product standards. Geneva, 2008.
[09] ______. ISO 16204 Durability – Service Life Design of Concrete Structures. Geneva, 2012.
[10] ISAIA, G. (Ed). Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 2v. São Paulo: IBRACON, 2010.
[11] ISAIA, G. (Ed). Concreto: Ciência e Tecnologia. 2v. São Paulo: IBRACON, 2011.
SIMPÓSIO SOBRE
ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES
ASPECTOS ESTRUTURAIS E GEOTÉCNICOS
28 de outubro | Centro de Convenções de Bonito – MS
Fundações são projetos multidisciplinares por serem interfaces
entre a estrutura e o solo, envolvendo análises estrutural e geotécnica
e suas respectivas interações, bem como a compatibilização
de seus aspectos construtivos
PALESTRAS DE DESTAQUE
www.ibracon.org.br
Segundo a Norma de Desempenho, projetistas, construtores e incorporadores são responsáveis pelos valores teóricos de Vida Útil de Projeto que podem ser confirmados
1
5 por meio de atendimento às normas Brasileiras ou Internacionais (exemplo: ISO e IEC) ou Regionais (exemplo: Mercosul) e não havendo estas, podem ser consideradas normas
estrangeiras na data do projeto.
Carga (kN/m²)
Descrição ocupação Norma
NBR 6120 NZ 4203 EN 1991 IS 875 BS 6399 ASCE 7-05
Quartos 1,5 1,8 1,5 a 2,0 2,0 1,5 1,44
Cozinhas 1,5 1,8 1,5 a 2,0 2,0 1,5 1,92
Salas de jantar 1,5 1,8 1,5 a 2,0 2,0 1,5 1,92
Banheiros 1,5 1,8 1,5 a 2,0 2,0 2,0 1,92
Área de serviço 2,0 1,8 1,5 a 2,0 2,0 2,0 1,92
Lavanderias 2,0 1,8 1,5 a 2,0 2,0 2,0 1,92
Escadas 2,5 a 3,0 1,8 2,0 a 4,0 3,0 3,0 1,92-4,79
Terraços 2,0 a 3,0 1,8 1,5 a 2,0 3,0 3,0 3,83
de ocupação muito semelhante a 4. DEDUÇÃO E PROPOSIÇÃO DE vel aleatória com distribuição normal
apresentada pela norma neozelande- AÇÕES PARA AS DEMAIS VUP média μ e desvio padrão σ, pode-se
sa, embora com valores distintos das Utilizando princípios fundamen- relacionar o valor característico esta-
ações. No entanto, a IS 875:1987 não tais da estatística aplicada, pode-se, belecido para um período de 50 anos
faz qualquer referência para as cargas através dos critérios apresentados com o valor estabelecido para outros
variáveis por ela propostas, levando- por normas, realizar deduções. períodos através da equação (1).
-nos a entender que trata-se de um Segundo a ABNT NBR
período de retorno de 50 anos pelas 8681:2003, o valor característico [1]
presunções identificadas. das cargas acidentais apresenta um
Para os Estados Unidos, a ASCE risco entre 25% e 35% de serem ul- Sendo:
7-05: Minimum design loads for trapassadas em um período de 50 R – Risco permissível do valor ser atin-
buildings and other structures (2005) anos. Algumas normas internacio- gido ou ultrapassado durante a vida útil;
define que as ações variáveis pos- nais apresentam valores inferiores a T – Período de retorno em anos;
suem a chance de 1% de serem este, tal como a australiana e neo- p – Probabilidade de ocorrência (p=1/T);
igualadas ou excedidas anualmente, zelandesa. No entanto, para efeitos n – Vida útil considerada em anos.
diferentemente do que o Eurocode desta dedução, adotando-se um Através deste critério calcula-se o
propõe (2%). No entanto, para as risco de 35%, entende-se estar tra- período de retorno, a probabilidade
ações variáveis de neve e sismos, a balhando com uma hipótese conser- de ocorrência e o desvio padrão para
norma cita a fundamentação de seus vadora e já plenamente consagrada cada período admitido nos diferentes
princípios em 50 anos de período pela norma brasileira. níveis de desempenho estipulados
de retorno. Ainda, assumindo o valor das pela ABNT NBR 15575:2013, con-
A Tabela 2 mostra um compa- cargas acidentais como uma variá- forme Tabela 3.
rativo entre ações variáveis de uso
(normalmente empregadas no cál- u Tabela 3 – Correlação entre os parâmetros estatísticos empregados na dedução
culo de estruturas convencionais)
praticadas pelas principais normas T (anos) p Vida útil (anos) R Q
internacionais, válidas para edifica- 116,6 0,00858 50 35% 2,38
ções residenciais. 146,7 0,00681 63 35% 2,47
Observa-se que não há uma dife- 174,6 0,00573 75 35% 2,53
rença significativa entre estas ações.
u Tabela 5 – Valores de algumas cargas verticais propostas para uma vida útil mínima, intermediária e superior
de durabilidade
VUP (anos)
Tipo Descrição
50 63 75
Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5 1,55 1,57
Edifícios residenciais
Despensa, área de serviço e lavanderia 2 2,05 2,09
Com acesso ao público 3 3,08 3,14
Escadas
Sem acesso ao público 2,5 2,57 2,61
Sem acesso ao público 2 2,06 2,09
Terraços Com acesso ao público 3 3,08 3,13
Inacessível a pessoas 0,5 0,51 0,52
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] BOLINA, F.; TUTIKIAN, B. Especificação de parâmetros da estrutura de concreto armado segundo os preceitos de desempenho, durabilidade e segurança contra
incêndio. Revista Concreto e Construções, n. 76, p. 24–38, 2014.
[02] SOUZA JUNIOR, A. C. Aplicação de confiabilidade na calibração de coeficientes parciais de segurança de normas brasileiras de projeto estrutural. Dissertação
(Mestrado em Engenharia). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo: 2008.
Discussão dos mais recentes avanços nas pesquisas, nos projetos e na execução
de obras de concreto com maior durabilidade, bem como nos procedimentos para
mantê-las e reabilitá-las com maior eficiência
PALESTRAS DE DESTAQUE
• Modelos de vida das estruturas de concreto em serviço
Maria del Carmen Andrade Perdrix
(Instituto de Ciências da Construção Eduardo Torroja – CSIC, Espanha)
• Projeto de estruturas de concreto em ambiente severo
Odd Gjorv
(Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia – NTNU)
INFORMAÇÕES
www.ibracon.org.br
Organização Apoio Institucional
E
m 2012, representantes realização de inspeções de estruturas sabilidade da ABECE e da ALCONPAT,
do IBRACON – Instituto de concreto em edificações. com a coordenação geral da NGI Con-
Brasileiro do Concreto, da O curso é conduzido sob a respon- sultoria e Desenvolvimento.
ALCONPAT – Associação Brasileira Caberá ao IBRACON, numa se-
de Patologia das Construções, e da gunda fase do Programa, desenvol-
u Tabela 1 – Conteúdo e distribuição
ABECE – Associação Brasileira de de carga horária entre os módulos ver e implementar o método de cer-
Engenharia e Consultoria Estrutural tificação de profissionais de inspeção
iniciaram uma série de reuniões para Carga de estruturas.
horária
estruturar uma proposta de programa Módulo Conteúdo O curso foi organizado em módu-
(horas/
setorial visando fomentar a especia- aula) los, que tratam de grandes temas re-
lização e a difusão do conhecimento Conceitos e lacionados à inspeção, que abrangem
fundamentos para
referente à conservação de estruturas 1 16 desde uma revisão de fundamentos
a conservação de
no Brasil. estruturas sobre os mecanismos de degradação
Mecanismos de
Nascia o “Programa de redução atuantes em estruturas de concreto e
deterioração
2 12
de riscos e aumento da vida útil de de estruturas chegam até à discussão de princípios
de concreto
estruturas” ou Programa Edificação norteadores para eventuais atividades
Metodologia e
+ Segura, cujas primeiras ações fo- de reabilitação necessárias para res-
procedimentos
ram: a estruturação de um curso de 3 de inspeção de 20 taurar o desempenho (Tabela 1).
estruturas de
capacitação em inspeção de estru- O curso conta com 9 instrutores
concreto
turas de concreto voltado às edifica- de relevante experiência e reconheci-
Princípios para
ções, a produção de material didático recuperação de da competência em suas respectivas
4 16
estruturas de
para este curso e a elaboração de um áreas de atuação. A equipe foi mon-
concreto
método recomendado para orientar a tada considerando a necessidade de
Aula na turma de São Paulo, em 2014, proferida pelo projetista e professor sistência técnica pós-entrega de em-
Eng. Francisco Paulo Graziano, da Escola Politécnica da USP e da Pasqua presas construtoras e, ainda, profes-
& Graziano Associados
sores universitários.
ofertar uma abordagem multidiscipli- alunos. Novas turmas já estão sendo O curso inclui a realização de uma
nar, altamente focada e prática, em- planejadas para Belo Horizonte, Rio prova, para testar conhecimentos es-
basada no conhecimento mais atual de Janeiro e Porto Alegre. pecíficos na área, e de um trabalho
e qualificado disponível no país e in- Em setembro de 2015, com a con- prático como condições optativas,
ternacionalmente sobre os diversos clusão da 2ª Turma em São Paulo, o podendo o profissional optar por re-
aspectos relacionados à inspeção de Programa deverá atingir mais de 80 ceber um certificado de participação,
estruturas de concreto. profissionais capacitados, gerando caso não realize a prova e desenvolva
Para atingir esse objetivo, o cor- uma quantidade importante de profis- o trabalho com nota mínima de apro-
po docente mescla professores/pes- sionais que receberam conhecimento vação, e desde que tenha tido a fre-
quisadores de renome ligados a três teórico e treinamento para realizar quência mínima. Realizando a prova e
instituições de ensino com consulto-
res e projetistas atuantes e reconheci-
MITÚ DIGITAL
O
desenvolvimento de con- pliam a propriedade dúctil das matri- ISAIA; HELENE, 2011).
cretos avançados à base zes. Assim, verifica-se no mercado Os concretos avançados apre-
de cimento Portland fez da construção civil que os concretos sentam maior consumo de cimento,
surgir a “ciência do concreto”, que convencionais estão sendo substitu- comparado com os concretos con-
utiliza equipamentos cada vez mais ídos pelos concretos de alto desem- vencionais, porém elevado desem-
sofisticados para estudar a micro e penho em várias situações, nas quais penho mecânico, proporcionando à
nanoestrutura das misturas. O sur- se almeja propriedades específicas estrutura maior durabilidade e me-
gimento do concreto de alto desem- não alcançadas com as corriqueiras nor consumo dos materiais para seu
penho ocorreu por volta do ano de composições e processos de produ- uso, dada sua elevada capacidade
1990, tendo sido desenvolvido por ção. portante e a consequente diminuição
Mehta e Aïtcin. Este material pos- O avanço decorrente do surgi- das seções transversais.
sui um comportamento superior em mento e do desenvolvimento da ci- Segundo Tutikian, Isaia e Hele-
relação ao concreto convencional, ência do concreto proporcionou a ne (2011), a utilização deste material
com propriedades específicas que evolução do concreto convencional em edifícios no Brasil ocorreu de ma-
atendem a grande maioria dos parâ- (CC) para o concreto de alta resis- neira pioneira no município de São
metros de exigência dos projetistas, tência (CAR), com a utilização de Paulo no edifício e-Tower, na região
frente à durabilidade das estruturas aditivos redutores de água e com sudeste do país, em 2001, com um
de concreto armado. a ampliação de suas propriedades concreto de 125 MPa de resistência à
O progresso desses novos pro- mecânicas; com o aprimoramento compressão. Todavia, o material não
dutos fomenta o desenvolvimento deste obtém-se o concreto de alto se restringe apenas ao melhor de-
de misturas com maior resistência desempenho (CAD). Os materiais sempenho mecânico, apresentando
mecânica e durabilidade. Os con- utilizados na produção de CAD são ainda boa trabalhabilidade, bom aca-
cretos modernos são compostos praticamente os mesmos do CC, po- bamento final nas peças, integridade
por minerais selecionados, como rém com algumas adições e procedi- e, principalmente, durabilidade frente
aditivos químicos, que melhoram a mentos especiais de execução (do- aos agentes agressivos do meio.
2. CONCRETOS DE ALTO
DESEMPENHO lidade; cimento Portland, cujo tipo jetado e características geométricas.
Mehta e Monteiro (2014) definem depende da utilização da estrutura,
os concretos de alto desempenho com consumo em torno de 450/550 3. COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS
como concretos que possuem ca- kg/m ; sílica ativa entre 5 a 15% em
3
AVANÇADOS
racterísticas específicas vitais para relação à massa total de cimento; Sendo o passo seguinte aos con-
alguns tipos de aplicação, além da aditivos químicos, para contribuir na cretos de alto desempenho, este ma-
elevada resistência mecânica, sendo plasticidade do material; e uma baixa terial apresenta em sua composição
essas: relação água/aglomerante, que se si- agregados similares aos utilizados nos
u Facilidade de aplicação; tua entre 0,20 a 0,25. CAD, porém limitando-se ao diâmetro
u Adensamento sem segregação; A quantidade de água presente máximo de 0,6 mm e contando com
u Resistência mecânica nas primei- na mistura dos concretos de alto a incorporação de microfibras. Devi-
ras idades; desempenho é uma característica do a isso, este material se assemelha
u Resistência de longo prazo e pro- fundamental para que o material
priedades mecânicas; alcance o desempenho desejado.
u Reduzida permeabilidade; Aïtcin (2004) ilustra que, quando a
u Elevada densidade; relação de água/cimento é reduzida,
u Reduzido calor de hidratação; as partículas de cimento acabam
u Tenacidade; se aproximando mais dos demais
u Estabilidade de volume; agregados. A consequência dessa
u Longa vida útil em ambientes aproximação é uma menor existên-
agressivos. cia de poros capilares e vazios, miti-
O concreto de alto desempenho gando a possibilidade de ataque por
pode ser definido como material que agentes deletérios, que migram do
atende uma combinação especial exterior para o interior do concreto
entre o desempenho e os requisitos (Figura 1).
de uniformidade, que não é alcança- A utilização deste tipo de concreto
u Figura 2
da com os concretos usuais. Para visa, conforme citado, um desempe- Visualização em 3D do
tal, estes materiais são constituídos nho satisfatório e durável, que é vin- empacotamento das partículas
por: agregados comuns graúdos e culado a uma série de requisitos que de uma mistura
(Fidjestol; Thorsteinsen;
miúdos, porém com processos rigo- variam em função do ambiente de in-
Svenneving, 2012)
rosos de seleção e controle de qua- serção da estrutura, de seu uso pro-
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Simpósio em Modelagem
Computacional de Estruturas
de Concreto
30 de outubro | Centro de Convenções de Bonito
Divulgar novas técnicas numéricas para análise e projeto de estruturas, que sejam capazes
de assegurar uma melhor compreensão do comportamento das estruturas de concreto
PALESTRAS DE DESTAQUE
AS FERRAMENTAS DE ANÁLISE ESTRUTURAL NÃO LINEAR TENDÊNCIAS PASSADAS, PRESENTES E FUTURAS SOBRE A MODELAGEM
E OS PADRÕES DE SEGURANÇA COMPUTACIONAL DA FISSURAÇÃO NO CONCRETO
Alfred Strauss (Universidade de Recursos Naturais e das Ciências da Vida, Viena, Áustria) Javier Oliver (Universidade Técnica da Catalunha, em Barcelona, Espanha)
NOVO MODELO COMPUTACIONAL PARA SIMULAÇÃO DO RECENTES AVANÇOS NA MODELAGEM DISCRETA DO CONCRETO
ENVELHECIMENTO E DA DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS REFORÇADO COM FIBRAS
DE CONCRETO John Bolander (Universidade da Califórnia, em Davis, Estados Unidos)
Gianluca Cusatis (Universidade Northwestern, Estados Unidos)
ORGANIZAÇÃO APOIO
INFORMAÇÕES
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78 | CONCRETO & Construções
u estruturas em detalhes
1. INTRODUÇÃO
D
e uma maneira geral, as
estruturas de concreto
apresentam desempenho
satisfatório quando expostas a varia-
das condições ambientais, incluindo
o contato com água e solos conten-
do agentes agressivos. Entretanto,
determinadas condições de exposi-
ção podem comprometer a vida útil
de uma estrutura, caso não sejam
tomadas medidas adequadas para
prevenir ou reduzir o risco potencial
de deterioração. A frequência cada
vez maior de solos contaminados re-
u Figura 1
sultantes de atividades industriais no Condições para a ocorrência de ataque do concreto por íons agressivos
passado, quando as preocupações contidos nos solos e águas subterrâneas
com o meio ambiente e a legislação
eram brandas ou inexistentes, leva importância a análise da água e da par- tes componentes para definir o grau
à necessidade nos dias atuais de te solúvel dos solos em contato com a de agressividade:
estudos mais abrangentes desses estrutura. Diversas normas internacio- u Água: determinação do pH, CO2
terrenos. A Figura 1 esquematiza o nais e também nacional (ABNT NBR agressivo, magnésio, amônia, teor
ataque de íons agressivos, mostran- 12655:2015) estabelecem critérios de sólidos e íons sulfatos; é neces-
do as condições para ocorrência de para classificar o grau de agressivida- sário tambem conhecer o teor de
100danos ao concreto de da água e do solo ao concreto e a álcalis por conta da reação álcali-
Para serem nocivos ao concreto, partir dessa classificação projetar para -agregado, caso o agregado cons-
95
os agentes químicos agressivos de- o concreto determinadas propriedades, tituinte do concreto a ser aplicado
75
vem estar numa determinada propor- entre elas as decorrentes da relação seja comprovadamente reativo e,
ção, diluídos nas soluções aquosas, água/cimento e da resistência caracte- para, então, tomar as medidas ca-
uma vez que normalmente o concreto rística à compressão (fck), com vistas a bíveis de prevenção;
25
não é atacado por substâncias sólidas aumentar a sua durabilidade e vida útil. u Solos: determinação do grau de
(ACI, 2008). Por esse motivo, para es- Assim, segundo essas normas, acidez e teor de sulfatos.
5
truturas enterradas de concreto tem devem ser considerados os seguin- As normas europeias EN-206-1 e
0
Condições
Sulfato solúvel
de exposição CO2 agressivo Íon magnésio Íon amônia Resíduo sólido
pH (SO4)
em função da mg/L mg/L mg/L mg/L
mg/L
agressividade
Fraca 7a6 < 30 < 100 < 100 > 150 0 a 150
Moderada 6 a 5,5 30 - 45 100 - 200 100 - 150 150 a 50 150 a 1.500
Severa < 5,5 > 45 > 200 > 150 < 50 Acima de 1.500
Fonte: Adaptação da ABNT NBR 12655:2015
suas versões nacionais estabelecem reza da água. Considera-se bastante deletéria de despassivação das arma-
critérios para definir o grau de agres- oportuno a norma brasileira ter incluído duras, os cloretos até seriam desejá-
sividade, com pequenas variações ou esse parâmetro, pois as águas puras veis quando da presença de sulfatos,
com adoção de normas específicas correntes têm forte efeito na lixiviação pois poderiam impedir o ataque destes
complementares, como, por exemplo, dos compostos hidratados da pasta ao concreto.
a BS 8500 (inglesa), a Instrucción de de cimento. Por outro lado, apesar de A Tabela 3 mostra os critérios es-
Hormigón Estrutural EHE (espanhola) parâmetros idênticos, os valores são tabelecidos pela norma europeia EN
e a ACI 318 (norte-americana). A ver- divergentes, sendo a norma brasileira 206-1 para classificação dos graus de
são de 2015 da ABNT NBR12655 está de maneira geral mais rigorosa; a ex- agressividade.
bem completa, com inclusão de todos ceção são os íons NH4 . Isso se deve
+
os agentes agressivos citados em ane- ao fato de que ambas as normas não 2. AS RAZÕES DA LIMITAÇÃO
xo próprio e considerando os mesmos estabelecem a limitação em função da DOS COMPOSTOS
compostos tratados na EN 206-1. combinação dos cátions (Mg e NH4) CONSIDERADOS AGRESSIVOS
A Tabela 1, adaptada da ABNT com ânions ( cloretos, sulfatos e nitra- AO CONCRETO
NBR 12655:2015, mostra os critérios tos), mas sim da limitação isolada de
para classificação do ambiente, em íons e cátions. Algumas combinações 2.1 Por que limitar os Sulfatos?
função dos componentes dissolvidos são mais danosas ao concreto do que
na água. outras. Por exemplo, é conhecido o O ataque da pasta de cimento por
A água do mar é considerada para fato do sulfato de magnésio ser muito águas sulfatadas é bastante conhe-
efeito do ataque de sulfatos como con- mais agressivo que o sulfato de só- cido e, se medidas preventivas não
dição de agressividade moderada, em- dio ou potássio e o sulfato de amônio forem tomadas, pode ocorrer o com-
bora o seu conteúdo de SO4 seja acima ser o mais agressivo de todos. Outro prometimento da obra decorrente da
de 1500 ppm, devido ao fato de que a exemplo são os cloretos, sendo o clo- expansão causada pela formação de
etringita é solubilizada na presença de reto de magnésio mais agressivo que componentes deletérios.
cloretos. o cloreto de sódio. Não fosse sua ação Embora o mecanismo efetivo do
Para solos, as exigências da Tabela
2 são as mais comumente estabeleci- u Tabela 2 – Grau de agressividade em função das características do solo
das, sendo que, no Brasil, a ABNT NBR
12655: 2015 não estabelece exigência Condições Norma Europeia EN 206-1 ABNT NBR12655
quanto ao grau de acidez do solo, fo- de exposição Grau de acidez Sulfato solúvel em Sulfato solúvel em
em função da BAUMANN-GULLY ácido (SO4) no solo água (SO4) no solo
cando apenas no seu teor de sulfatos. agressividade (ml/kg) % em massa % em massa
Para água, a norma Europeia EN-
Fraca > 200 0,2-0,3 0,00 a 0,10
206 considera os mesmo parâmetros,
Moderada – 0,3-1,2 0,10 a 0,20
com exceção da limitação de resíduos
Severa – 1,2-2,4 Acima de 0,20
sólidos para estabelecer o grau de pu-
Condições
Sulfato solúvel
de exposição CO2 agressivo Íon magnésio Íon amônia Resíduo sólido
pH (SO4)
em função da mg/L mg/L mg/L mg/L
mg/L
agressividade
Fraca 6,5 - 5,5 15 - 40 300 - 1.000 15 - 30 – 200 - 600
Moderada 5,5 - 4,5 40 - 100 1.000 - 3.000 30 - 60 – 600 - 3000
> 100 até > 3000 até
Severa 4,5 - 4,0 60 - 100 – 3.000 - 6.000
saturação saturação
Fonte: Adaptação da EN 206-1
u Tabela 4 – Características recomendadas para concreto armado exposto a soluções aquosas agressivas
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 201.2R Guide to Durable Concrete, reported by ACI Committee 201. 2008. p. 1-53.
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IBRACON. São Paulo.
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in concrete, 5th cape town, south africa,1981
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Bétons, Presses Pont et Chaussés, cap.11 2a Ed., 2008
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SÃO PAULO. IPT: 2332. São Paulo. 1995.
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concreto. IMCYC: Concreto y Cemento, v. 4, nº 1, p. 63-86. México. 2012.
Durabilidade de armaduras
enterradas sob processo de
corrosão natural
CARLOS EDUARDO TINO BALESTRA – Engenheiro MSc
MARYANGELA GEIMBA DE LIMA – Professora Doutora
Programa de Pós Graduação em Infraestrutura Aeronáutica,
Instituto Tecnológico de Aeronáutica
1. INTRODUÇÃO
O
emprego de armaduras no
concreto, dando origem
ao compósito denominado
concreto armado, possibilitou superar
a limitação daquele como material prio-
ritariamente resistente à compressão,
permitindo a construção de estruturas
mais esbeltas e capazes de vencer vãos
maiores graças ao melhoramento das
propriedades mecânicas, garantindo,
assim, a difusão de seu uso em diversos
segmentos da construção civil, abran-
gendo desde obras de uso residencial
até obras de infraestrutura. Todavia, pro-
blemas relacionados à corrosão das ar-
maduras são observados com uma alta Armaduras de espera das fundações da Ala Zero do Instituto Tecnológico de
Aeronática (ITA), em São José dos Campos
frequência, sendo uma das principais
causas de degradação em estruturas de e o dióxido de carbono presentes no armaduras exercendo tensões radiais
concreto armado, envolvendo aportes ambiente, penetram através da camada ao eixo das barras, que não são supor-
financeiros significativos para a reabilita- de cobrimento do concreto atingindo a tadas pela limitada deformação plástica
ção das mesmas. região das armaduras e destruindo este do concreto, levando, assim, à fissura-
O pH da solução presente nos poros filme, criando condições para o desen- ção e posterior destacamento da cama-
do concreto propicia condições à esta- cadeamento de um processo corrosivo da de cobrimento.
bilidade de um filme de passivação que delas, havendo, consequentemente, a A corrosão das armaduras não ape-
reveste as armaduras no interior do con- formação de produtos de corrosão de nas gera um impacto visual pela forma-
creto, protegendo-as frente à corrosão, caráter expansivo. Estes produtos de ção de fissuras, destacamento do cobri-
porém agentes externos, como cloretos corrosão depositam-se no entorno das mento e aparecimento de manchas nas
* Nota: Atualmente, após diversos processos de revisão, trata-se da ABNT NBR 6118:2014 Projeto de estruturas de concreto CONCRETO & Construções | 89
variaram de 24.300 à 100.000 Ohm.cm
em todos os pontos. Foi observado que,
mesmo dobrando a distância entre as
estacas de medição, os valores de re-
sistividade apresentaram uma variação
inferior a 5%, sendo que os valores obti-
u Figura 3
dos são superiores aos valores propos- Formação de produtos de corrosão de coloração distinta sobre a superfície
tos pela NACE (2014), caracterizando o das armaduras
solo como essencialmente não agressi-
vo em todos os pontos determinados, sentido, os pites produzem excentrici- 3.3 Velocidades de corrosão
representando que o solo local apresen- dades entre o eixo da seção transversal
ta boa resistência ao fluxo iônico. Assim, original da barra e o eixo da seção cor- As velocidades de corrosão dos cor-
como o solo local foi caracterizado como roída por pites, sendo que, quanto maior pos de prova são apresentadas na Figu-
essencialmente não corrosivo pelo crité- esta excentricidade, maior o impacto ra 4, onde é possível observar altas velo-
rio proposto, era esperado que as arma- sobre as propriedades mecânicas das cidades de corrosão segundo o critério
duras de espera não apresentassem um armaduras. Portanto, embora pequenas do CEMCO (2001).
estágio de corrosão acentuado. variações de massa possam ser verifica- As velocidades observadas demons-
das, os pites causam um grave impacto tram que, mesmo o solo sendo caracte-
3.2 Tipologias de corrosão à durabilidade das estruturas de concre- rizado como essencialmente não corro-
verificadas nas armaduras to armado, com a consequente redução sivo pelo critério da resistividade, uma
de espera de seu desempenho e vida útil. alta taxa de corrosão das armaduras de
As armaduras de espera apresen- espera foi observada ao longo do perí-
Por meio das micrografias foi pos- taram diferentes produtos de corrosão odo em que estas permaneceram en-
sivel observar a presença de pites em aderidos à sua superfície conforme terradas. Tal fato pode estar associado
todos os corpos de prova obtidos das observado na Figura 3. Neste caso, a a duas hipóteses. (1) A classificação da
armaduras de espera, conforme obser- coloração apresentada pelos produtos agressividade do solo. Neste caso, uma
vado pela Figura 2. Os pites tem como de corrosão está associada à forma- classificação unicamente pelo critério da
caracteristicas produzir pequenas varia- ção de um determinado tipo de óxido, resistividade pode ser insuficiente, uma
ções de massa, porém danos conside- sendo que colorações mais escuras in- vez que a ação de outros fatores não é
raveis às seções transversais das bar- dicam condições de baixa aeração na levada em consideração, assim como
ras, com decréscimos significativos das formação dos óxidos e colorações que uma análise pontual do microambiente
propriedades mecânicas delas. Neste tendem ao avermelhado/alaranjado in- onde as fundações estão presentes, ou,
dicam condições de boa aeração. Isto por outro lado, a classificação proposta
demonstra que, mesmo presentes em pelo CEMCO (2001) apresenta-se com
um mesmo meio corrosivo, diferentes valores restritivos. (2) A presença dos
condições de aeração podem levar à pites observada nas barras tem sua
formação de diferentes produtos de formação associada a fontes externas
corrosão; dessa forma, o microambien- de íons cloreto. Neste caso, deve ser
te também pode ser um fator importan- pontuado que o entorno da área onde
te para contribuir com a durabilidade as antigas fundações estavam presen-
de armaduras enterradas. A determina- tes apresentam edificações construídas;
ção química dos produtos de corrosão assim, o uso e descarte no solo de ma-
u Figura 2 encontrados não faz parte do objetivo teriais de limpeza a base de cloro denota
Exemplo de pite observado na deste artigo; portanto, a análise aqui uma potencial fonte externa de íons clo-
superfície das barras – aumento reto que contribui para o surgimento dos
realizada é qualitativa, baseada nas co-
de 10x
lorações observadas. pites. Os íons cloreto são responsáveis
4, CONCLUSÕES
Foram discutidos neste artigo aspec-
tos a respeito da agressividade do solo
como meio corrosivo, além das tipolo-
gias de corrosão e seus efeitos sobre as
propriedades mecânicas de armaduras
u Figura 4
Velocidades de Corrosão das armaduras de espera de espera corroídas naturalmente por
um período de 60 anos. As principais
por reduzir drasticamente a vida útil de são de 12%, há uma tendência geral de conclusões apresentadas são:
estruturas de concreto armado devido à decréscimo das propriedades mecânicas, u Mesmo com medidas de resistivi-
corrosão localizada nas armaduras. com uma redução maior em valores resis- dade do solo superiores aos níveis
tentes à medida que o grau de corrosão recomendados, altas velocidades
3.4 Propriedades mecânicas e atinge 25%, indicando, assim, que a par- de corrosão foram evidenciadas nas
grau de corrosão dos corpos tir de um grau de corrosão da ordem de armaduras de espera. Tal fato pode
de prova 12% há uma aceleração progressiva no estar associado a: (1) sinergia de di-
decréscimo das propriedades mecânicas versos fatores atuando em conjunto,
O valor médio correspondente à re- de barras submetidas à tração. demonstrando que classificar o solo
sistência ao escoamento dos corpos de Deve ser ressaltado que trata-se de unicamente segundo o critério da
prova tomados como referência foi de 262 um conjunto de corpos de prova limita- resistividade pode ser insuficiente,
MPa. As relações entre o grau de corrosão do para o estabelecimento de um grau ou ainda que o limite proposto para
e a resistência ao escoamento dos corpos de corrosão tolerável para as armadu- determinar a alta velocidade de cor-
de prova provenientes das armaduras de rosão assumido neste artigo é muito
espera é apresentada na Figura 5.
De acordo com a Figura 5, é possível
observar que mesmo corpos de prova
com grau de corrosão de até 7% apre-
sentam valores de resistência ao es-
coamento equiparáveis ao valor médio
observado nos corpos de prova de re-
ferência, fornecendo, assim, um possí-
vel indicativo a respeito de um grau de
corrosão tolerável, onde a variação das
propriedades mecânicas das armaduras
corroídas não foi muito diferente em re-
lação às propriedades mecânicas das
armaduras de referência.
u Figura 5
Por outro lado, é possivel obser-
Propriedades mecânicas das armaduras de referência
var que, a partir de um grau de corro-
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS - ASTM G1 – Standard Practice for Preparing, Cleaning, and Evaluating Corrosion Test, Pennsylvania, United
States of America, 2003.
[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS – ABNT - NB-1– Cálculo e execução de obras de concreto armado – Rio de Janeiro, 1940, 23p.
[03] CEMCO – Durabilidad del Hormigón y Evaluacion de Estructuras Corroídas – Instituto de Ciências de la Construccíon Eduardo Torroja, CSIC, 2001.
[04] European Standards - EN 14630 - Products and systems for the protection and repair of concrete structures – test methods – determination of carbonation depth
in hardened concrete by the phenolphthalein method- Committee B/517/8, Brussels, 2006.
[05] NATIONAL ASSOCIATION OF CORROSION ENGINEERS - NACE – Soil Corrosion – Disponível em: http://www.nace.org/StarterApps/Wiki/Wiki.aspx?wiki=141;
Acessado em 24 de setembro de 2014.
Livro
Termografia de infravermelho
na identificação e avaliação de
manifestações patológicas
em edifícios
ELTON BAUER – Professor-Doutor
ELIER PAVÓN – Doutorando
Programa de Pós-Graduação em Estruturas e
Construção Civil, Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade de Brasília
C
ada vez mais é necessá- geneidades superficiais, dentre outras vados custos dos equipamentos. Para
rio empregar técnicas que aplicações. A inspeção é feita coletan- aplicação no estudo da degradação e
permitam conhecer, iden- do-se imagens termográficas (distri- das patologias dos elementos e ma-
tificar e avaliar os materiais empre- buição das temperaturas sobre a su- teriais, ainda é necessário estabelecer
gados na construção civil. Quando é perfície dos elementos, por exemplo, um conjunto importante de critérios e
necessário investigar tanto a questão sobre a superfície da fachada), que padrões que permitam identificar as
da durabilidade quanto dos estudos pode ser feita a distâncias significati- anomalias com segurança. Todavia,
das manifestações patológicas, faze- vas (até 20 metros com equipamentos a técnica tem grande potencialidade,
mos uso de técnicas, muitas vezes usuais), e de forma instantânea. Ou principalmente com técnica para iden-
não destrutivas que nos permitem in- seja, a mensuração das temperaturas tificação de anomalias principalmente
ferir sobre causas, comportamentos e na imagem (termograma) é feita sem pela agilidade e simplicidade na inspe-
anomalias, bem como identificar e ma- contato e em tempo real: o que ocorre ção, possuindo um leque significativo
pear regiões de danos nas estruturas no objeto alvo é observado na câmera de possíveis outras novas aplicações.
e nos demais sistemas dos edifícios termográfica [1] [2]. O conjunto de in-
(alvenarias, revestimentos,
Organização impermea- formações fornecidas por esta aborda- 2. TERMOGRAFIA
bilização, dentre outros). gem pode auxiliar na inspeção de edi- INFRAVERMELHA
Entre os métodos não destrutivos, fícios e no diagnóstico e mapeamento A termografia infravermelha em-
100
a termografia de infravermelho vem ao de patologias, a partir da mensuração prega termovisores (câmeras infra-
encontro da necessidade de estudos e identificação das diferenças de tem- vermelhas), que coletam e medem a
95
para estabelecer parâmetros e índices peratura observadas na superfície dos intensidade da radiação infravermelha
75 que contribuam com a realização de elementos e componentes do edifício emitida pela superfície dos objetos e a
inspeções com diferentes finalidades, (o Delta-T é um dos critérios para iden- converte em sinais elétricos, os quais
de forma rápida e mais eficiente. tificar a existência de anomalias). através de softwares apropriados per-
25 Com a inspeção termográfica é Embora essa técnica seja de uso mitem obter imagens térmicas [1]. Esta
possível localizar elementos estrutu- consagrado na engenharia, na cons- técnica, com base na análise do cam-
5
rais, observar e delimitar fissuras e trução civil brasileira ainda ela é pouco po de temperaturas, permite identificar
0
u Figura 6
u Figura 5 Avaliação de problemas de umidade no interior de uma edificação com
Identificação e mapeamento termografia infravermelha
de fissuras em fachadas com
revestimento em argamassa
e pintura no termograma se conseguiu avaliar a analisado com esta técnica, além de
magnitude do problema de umidade (A) ser identificado, é possível definir sua
tos estruturais em uma fachada revesti- na união entre a laje e a parede (cortina magnitude. A figura 7 mostra um estu-
da com argamassa e pintada pode ser em concreto). As inspeção foi feita na do de absorção de água por capilari-
observado na figura 4. Note-se, neste face inferior de uma laje, no encontro dade (A) onde se define claramente a
caso, como são facilmente identificadas com a cortina de concreto, em uma altura da franja de água no corpo de
as vigas (A) e os pilares (B) que formam garagem em subsolo que apresentava prova prismático. Note-se aqui que em-
a estrutura porticada de concreto da problemas de infiltração na laje (falha bora a franja seja relativamente visível
edificação. Aparecem aqui como zonas da impermeabilização). A evaporação na fotografia digital (o que nem sempre
mais frias na imagem térmica. de água na superfície do objeto alvo ocorre), no termograma ela passa a ser
Para o caso de fachadas revestidas (superfície de concreto) faz com que identificada e mensurada pela redução
com argamassa e pintura, é possível diminua a temperatura na superfície, de temperatura superficial que a evapo-
identificar também outros tipos manifes- sendo essa diferença de temperatura ração proporciona.
tações patológicas, como as fissuras. A detectada no termograma.
figura 5 mostra a imagem térmica com Os problemas de umidade causa- 4. ERROS E DIFICULDADES NA
a localização das fissuras (A) na fachada dos por capilaridade são detectados APLICAÇÃO DA TERMOGRAFIA
em um estudo de mapeamento de ano- também com o uso da termografia in- A aplicação da termografia infra-
malias. Observa-se que, na inspeção fravermelha. Quando este problema é vermelha na detecção de patologias
visual, essas anomalias não são detec-
táveis (aspecto similar ao da figura 4(b)).
Na análise da inspeção global efetuada,
constatou-se que essa fissuração ocor-
reu na alvenaria, sendo as mesmas ma-
peadas pela inspeção termográfica.
Com a termografia infravermelha
também podem ser detectados pro-
blemas de umidade em diferentes
elementos da edificação. Isso ocorre a Termograma indicando as franjas b Fotografia digital do experimento
porque a evaporação da água causa de umidade
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] BARREIRA, E.; DE FREITAS, V. P. Evaluation of building materials using infrared thermography. Construction and Building Materials, v. 21, n. 1, p. 218–224,
jan. 2007.
[02] BAUER, E.; CASTRO, E. K.; HILDENBERG, A.; PAVON, E. Critérios para a aplicaçao da termografia de infravermelho passiva como técnica auxiliar ao diagnóstico
de patologias em fachadas de edifícios. Revista Politecnica (Instituto Politécnico Bahia), v. 26, p. 266–277, 2014.
[03] BAUER, E.; FREITAS. V. P.; MUSTELIER, N.; BARREIRA, E.; FREITAS, S. Infrared thermography – evaluation of the results reproducibility. Structural Survey, v. 31,
n. 3, p. 181–193, 2015a.
[04] BAUER, E.; PAVON, E.; HILDENBERG, A. Erros na utilização de parâmetros termográficos da argamassa e da cerâmica na detecção de anomalias em
revestimentos. XI Simpósio Brasileiro de tecnologia das Argamassas. Anais...Porto Alegre: SBTA, 2015b.
[05] BAUER E, CASTRO E.K, PAVON E, OLIVEIRA A.H.S. Criteria for application and identification of anomalies on the facades of buildings with the use of passive
infrared thermography. In: Freitas VP, editor. 1st Int. Symp. Build. Pathol., Porto, Portugal: 2015c, p. 12.
[06] MALDAGUE, X. Theory and Practice of Infrared Technology for Nondestructive Evaluation. Michigan: Wiley Series, 2001. p. 704.
Análise comparativa da
eficiência de transferência
de cargas em pavimentos
de concreto simples e
continuamente armados
LUCIO SALLES DE SALLES – Candidato a Doutorado
JOSÉ TADEU BALBO – Professor Associado
Universidade de São Paulo
A
construção de rodovias e apresentam também uma vasta malha gem) de forma que a concentração de
vias urbanas de alto tráfego rodoviária em concreto. Portanto é in- tensões durante a cura ocorra exata-
no Brasil, antes inteiramen- teressante para o desenvolvimento da mente naquele ponto, gerando a fis-
te baseada em pavimentos asfálticos, infraestrutura rodoviária do país o in- sura. Em relação à descontinuidade
começa lentamente a demonstrar inte- vestimento pesado em estruturas que física gerada pela fissura, são projeta-
resse por tecnologias mais duradouras apresentem alta durabilidade, como os das e instaladas barras de transferên-
com concreto. Para uma comparação pavimentos de concreto. cia abaixo do corte, fazendo a união
rápida do número de pavimentos de Entretanto, o já pouco incentivo na- das placas e provendo a transferência
concreto no Brasil e em outros países, cional na pavimentação em concreto é de carga entre elas. Esse é o conceito
confrontam-se informações de Bal- totalmente baseado em pavimentos de das juntas de retração em PCS, são
bo (2009). Nos EUA, em números de concreto simples (PCS), ou seja, pavi- elementos estruturais que induzem a
1999, estima-se que a porcentagem de mentos de concreto em placas com fissura e dos quais depende todo o
rodovias de concreto seja de aproxima- juntas de retração. Devido à liberação desempenho do pavimento.
damente 20%. Na Alemanha, constam de calor durante a hidratação do con- Contudo, a eficácia de tais elemen-
incríveis 40% (em quilômetros totais, creto, grandes massas do material fa- tos é extremamente dependente da
valor inferior ao dos EUA). Já no Bra- zem com que o grau de concentração perfeita execução das juntas (posicio-
sil, há algo em torno de 2% de rodovias de tensões durante a cura seja muito namento correto das barras de trans-
em concreto do total pavimentado. grande. Para aliviar tais tensões, sur- ferência e serragem na profundidade
Pavimentos de concreto são mais co- gem fissuras de retração aleatórias nas e no tempo certo), o que corriqueira-
mumente encontrados em nações alta- placas, o que é bastante problemático mente não acontece na pavimentação
mente industrializadas, como os países visto que a estrutura antes contínua nacional. Erros na serragem levam ao
da Comunidade Europeia e da América passa a ser seccionada, inviabilizan- aparecimento de fissuras fora do local
do Norte, tendo os EUA como princi- do a perfeita resistência às cargas dos projetado e barras mal posicionadas di-
pal precursor e incentivador da técnica. veículos. Com o objetivo de contornar ficultam a transferência de carga levan-
Existem exceções: países em desen- essa situação, são criados pontos de do ao surgimento de esborcinamento
Local Experiência
Texas PCCA construídos entre 1967 e 1994 suportaram um tráfego maior do que aquele de projeto.
Texas PCCA com 33 anos apresentando LTE nas fissuras sempre maior do que 90%.
Califórnia Ótimo desempenho de seções construídas nos anos 1970.
Califórnia Durabilidade e baixo custo de manutenção compensa o investimento inicial.
Califórinia Projetos para tráfego pesado e locais de difícil acesso para manutenção.
Connecticut Rodovias construídas nos anos 1960 só apresentaram defeitos após suportar o dobro do tráfego de projeto.
Georgia PCCA com 20 anos de operação em ótimo desempenho.
Georgia Sucesso com recapeamento de pavimentos asfálticos e de PCS com PCCA.
Illinois PCCA da década de 1960 suportando um tráfego maior do que aquele de projeto.
Illinois Recapeamento de PCCA com asfalto não apresenta reflexo de fissuras.
Mississippi Desempenho altamente satisfatório das 89 seções com PCCA.
Oklahoma De 36 seções construídas nos anos 1970, somente duas precisaram de reabilitação.
Oregon Desempenho excelente; anos em operação maiores do que o tempo de projeto.
Virginia PCCA com 25 anos de serviço em ótimo estado.
Canada Sucesso do PCCA, apesar das variações de mais de 60 ºC de uma estação para a outra .
França Poucas seções se aproximando dos 15 anos de serviço sem defeitos.
Bélgica Projetos de 1970 recebendo os primeiros recapeamentos 30 anos depois
Reino Unido Alguns PCCA em operação desde 1980. Técnica abandonada pelo alto custo inicial (primeiro fator de decisão)
Espanha Construção desde 1975 com ótimo desempenho e exigindo um mínimo de manutenção
Holanda Experiência excelente com seções construídas durante os anos 1980
SEÇÃO 4 Seção 2
SEÇÃO 3 Seção 1
u Figura 3
Detalhes das seções da pista experimental
a b
c d
e f
u Figura 4
Detalhes da execução da pista experimental
a b
c d
Junta entre a pista e o pavimento intertravado (seção 1) Armadura longitudinal (seção 4) e cura (Seções 1 e 2)
e f
u Figura 5
Detalhes da execução da pista experimental
80%
70%
60%
50%
Seção 3
40%
30% Seção 4
20%
10%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Espaçamento entre fissuras (m)
u Figura 9
u Figura 8 Medição da abertura da fissura
Espaçamento nas seções 3 e 4
espessura de 150 e 250 mm sobre res de LTE acima de 90%, ou seja, al- namento das barras de transferência,
bases granulares ou de concreto com- tamente satisfatórios. Nas juntas com tão comuns no segundo, são evitados
pactado com rolo (CCR). Somente uma barras de transferência do PCS, os va- no primeiro.
das placas não apresenta barras de lores também são altos, porém algu-
transferência nas juntas. A tabela 3 traz mas juntas (B1, B3 e C3) apresentam 5. CONCLUSÕES
a descrição das seções. valores abaixo de 90%, o que pode ser Neste artigo foi apresentado o pa-
um indicativo de problema construtivo vimento de concreto continuamente
4.1 Resultados de LTE leve. Nas juntas sem barras de transfe- armado (PCCA) com destaque ao reco-
rência, o LTE foi baixo justamente por- nhecido sucesso internacional da estru-
Na Figura 11, são apresentados que nesses pontos a transferência de tura devido a sua elevada durabilidade
os valores individuais de LTE para as carga dá-se somente por intertrava- e baixa necessidade de manutenção.
fissuras do PCCA (numeradas con- mento de agregados. A superioridade Os detalhes construtivos de quatro se-
forme a Figura 6) e para as juntas do das fissuras do PCCA está no conceito ções experimentais de curta extensão
PCS. Nos PCA foram coletados dados de que nesta estrutura a transferência mostram que a ausência de juntas de
em junho de 2006 e março de 2007 de carga também ocorre unicamente retração facilita o processo de execu-
contemplando estações climáticas di- por intertravamento de agregados; a ção desse pavimento e o torna menos
ferentes. Nota-se um pequeno aumen- armadura longitudinal somente man- suscetível a erros de projetos típicos do
to da LTE média quando as tempera- tém as fissuras apertadas. Portanto, pavimento de concreto simples (PCS).
turas estão mais quentes, resultado da mesmo sem barras de transferência A análise do padrão de fissuração
expansão natural do concreto, que au- e no inverno, onde as fissuras ficam do PCCA de curta extensão mostra
menta o contato entre agregados faci- mais abertas, o PCCA apresenta va- que a falta de ancoragem, aliada à ri-
litando a transferência de carga. Para o lores de LTE maiores que 90%. Além gidez da base e à presença de uma
PCCA, somente foram obtidos dados disso, devido ao processo construtivo elevada taxa de armadura, faz com
de julho de 2013. Como visto, todas do PCCA ser mais homogêneo do que que nem todas as fissuras fiquem apa-
as fissuras do PCCA apresentam valo- no PCS, erros localizados no posicio- rentes na superfície da placa. Como
E1
E3
C1
C3
B1
B3
F4.3
F3.3
F4.5
F3.5
F4.2
F4.1
F3.2
F3.1
F2.2
F2.1
A1
F3.9
A3
F4.7
F3.7
F4.6
F3.8
F3.6
F3.10
D1
D3
F4.4
F3.4
PCCA PCS
Inverno Verão
u Figura 11
Comparação de LTE em juntas e fissuras
resultado disso, o espaçamento entre vamente, foram analisados dados de tencial de erros em juntas do PCS.
fissuras é muito maior do que aquele LTE de um PCS experimental localiza-
comumente encontrado em referên- do nas proximidades do PCCA. O efei- 6. AGRADECIMENTOS
cias internacionais. Porém, apesar das to da expansão natural do concreto Os autores são gratos à Fundação
diferenças no número de fissuras, o faz com que haja mais contato entre de Apoio à Pesquisa do Estado de São
principal parâmetro de avaliação do os agregados na junta, favorecendo a Paulo (FAPESP) pelo suporte forneci-
PCCA – a abertura de fissuras – apre- transferência de carga em dias quen- do ao estudo por meio do processo #
senta valores mínimos condizentes tes. A comparação de valores mostra 98/11629-5, ao Prof. Dr. Antonio Marcos
com exemplos de pavimentos com que, apesar das fissuras do PCCA não de Aguirra Massola, da EPUSP (Prefeito
ótimo desempenho. apresentarem barras de transferência, do Campus USP, Campus da Capital do
Testes com FWD nas fissuras per- a LTE é maior do que nas juntas dos Estado de São Paulo entre 2008 e 2010,
mitiram o cálculo da transferência de PCS com esses elementos. Além responsável pelo projeto de implantação
carga entre fissuras (LTE). Os resulta- disso, a uniformidade de valores da dos pavimentos experimentais) e a CA-
dos apontam uma LTE bastante eleva- LTE comprova a superioridade cons- PES (Ministério de Educação) pela bolsa
da para todas as fissuras. Comparati- trutiva do PCCA em relação ao po- concedida ao primeiro autor.
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTRODUÇÃO to, por ser aproximadamente o teor ção RC, RT, RGS, RSC, respectivamente,
O
s modelos deterministas de despassivação do aço no interior a partir de coeficientes de difusão ob-
de penetração de agentes do concreto) depende da concen- tidos em laboratório executados com
agressivos no concreto tração de cloretos na superfície da cimento Portland comum e com GS
normalmente levam em consideração a estrutura, da temperatura, do tem- de 100%:
segunda lei de Fick. po de exposição e do coeficiente de
difusão do concreto. Por sua vez, o Dconst.Cl- (ef) = Dconst.Cl- (lab.). RC.RT.RGS.RSC [2]
CcCl - C O x
= erfc [1] coeficiente de difusão do concreto
C Seq - C O 2 D.t
depende das características do con- Sendo:
Sendo: creto e do meio ambiente em que Dconst.Cl- (ef) : coeficiente de difusão consi-
CcCl: concentração de cloretos na pro- está inserido. derando as condições de exposição no
fundidade x, no tempo t; GUIMARÃES e HELENE (2000), micro- ambiente;
CO: concentração inicial de cloretos no CLIMENT et al. (2002) e NIELSEN e Dconst.Cl- (lab.)
: coeficiente de difusão
interior do concreto do componente GEIKER (2003) demonstraram que o obtido em laboratório na condição
estrutural; grau de saturação do concreto (GS) de concreto saturado (GS =100%),
CSeq: concentração de cloretos na su- tem grande influência na difusão executado com cimento Portland
perfície do componente estrutural de de cloreto. comum;
concreto, admitida constante; GUIMARÃES e RODRIGUES RC : coeficiente relacionado ao cimento;
D: coeficiente de difusão, admitido (2010), ao estimar o coeficiente do RT : coeficiente relacionado à temperatura;
constante; concreto, considera a influência do RGS: coeficiente relacionado ao GS;
erfc(z): função complementar de erro tipo de cimento, da temperatura mé- RSC: coeficiente relacionado à superfície.
de Gauss. dia por estação do ano, do GS e da Este trabalho tem o objetivo de
Na equação 1 a profundidade de posição da superfície de ataque em mostrar os avanços obtidos em pes-
penetração de teor de cloretos (nor- relação à superfície de concretagem quisas realizadas até a presente data
malmente considerado ao redor de sobre o coeficiente de difusão do clo- sobre a influência do GS na vida útil
0,4% em relação à massa de cimen- reto, aplicando coeficientes de redu- de projeto.
0,6
D/Dmax
8E-12
0,5 H3/0,63
6E-12 0,4
P1/0,54
4E-12 0,3
0,2 P2/0,45
2E-12 0,1
P3/0,63
0 0
40,0 60,0 80,0 100,0 40,0 60,0 80,0 100,0
GS - % GS - %
u Figura 1
Variação do coeficiente de difusão em relação ao GS de concretos executados com cimento de alta resistência inicial
com adição de fábrica de 12% de cinza volante, com abatimento de 10±1 cm – H (RODRIGUES e GUIMARÃES, 2008)
e com cimento pozolânico - P (GUIMARÃES e HELENE, 2007)
2. MODELOS DE INFLUÊNCIA DO Os corpos de prova não saturados são O melhor desempenho do concreto
GS NA DIFUSÃO DE CLORETOS mantidos em sacos plásticos (no míni- executado com cimento pozolânico em
mo 2) com massa relativa à umidade relação ao cimento ARI, conforme Fig. 1,
2.1 Cimento Portland pozolânico do GS desejado, sendo o excesso de é confirmado pelo ensaio de distribuição
e cimento de alta resistência ar retirado e os sacos plásticos lacra- de poros por intrusão de mercúrio (PIM),
inicial dos. Após aproximadamente 30 dias, apresentado na Fig. 2. Os concretos exe-
os corpos de prova são contaminados cutados com cimento pozolânico apre-
GUIMARÃES e HELENE (2007) mos- no topo com cloreto de sódio finamente sentam um refinamento de poros, obten-
tram a influência do GS na difusão de moído e novamente armazenados até do valores de percentual de poros mais
cloretos em diversos traços de concreto as idades de desgaste para obtenção interligados (D > Dcrit) bem inferiores aos
com cimento pozolânico. RODRIGUES do perfil de cloretos. concretos executados com cimento ARI.
e GUIMARÃES (2008) utilizam concreto
com cimento de alta resistência inicial –
100% 100%
ARI, com adição de fábrica de 12% de
80% 80%
cinza volante, e apresentam modelo da
60% 60%
variação de D/Dmáx em função do GS diam<50
40% 40% 50<diam<Dcrit
(Fig. 1), sendo D o coeficiente de difusão diam>Dcrit
20% 20%
para um GS e Dmáx o maior valor de co-
0% 0%
eficiente de difusão do concreto. P1 P2 P3 H1 H2 H3
GUIMARÃES e HELENE (2007) uti- GUIMARÃES e HELENE RODRIGUES e GUIMARÃES (2008)
(2007)
lizam corpos de prova de argamassa
peneirada do concreto de aproximada-
u Figura 2
mente 30 mm de diâmetro e 45 mm de Distribuição de poros conforme ensaio de porosimetria por intrusão de
altura e tempo de cura de 6 meses no mercúrio – diâmetro crítico (Dcrit) de 106 nm, 110 nm e 110 nm,
mínimo. Os corpos de prova saturados respectivamente, para P1, P2 e P3(GUIMARÃES e HELENE, 2007);
e 141 nm 119 nm e 163 nm, respectivamente, para H1, H2 e H3
são mantidos parcialmente submersos
(RODRIGUES e GUIMARÃES, 2008)
em recipiente hermeticamente fechado.
1.2E-11
corpos de prova de 70 x 100 x 100 mm3
D [m /s] 1.0E-11
de argamassa executada com cimento
2
8.0E-12
de alta resistência inicial e curados por
6.0E-12
6 meses. A contaminação dos corpos
4.0E-12
de prova, após estabilização do GS, é
2.0E-12
obtida por imersão em solução de 26%
0.0E+00
de NaCl por duas horas e secos com
20 40 60 80 100 120
Saturation degree [%]
secador de cabelo, sendo novamente
armazenados por 60 dias, quando são
H-25 H1
obtidos os perfis de cloretos. Os cor-
pos de prova saturados são de 60 x
u Figura 3
100 x 100 mm3, os quais são mantidos
Comparação entre coeficientes de difusão para o concreto H1
e de CLIMENT et al. (2002), para concreto H25 (GUIMARÃES em uma solução de 3% de NaCl por
e RODRIGUES, 2010) 30 dias, quando são desgastados para
obtenção dos perfis de cloreto.
2.2 Comparação com resultados perfis de cloretos. Na Fig. 4 são comparados os re-
de CLIMENT et al. (2002) GUIMARÃES e RODRIGUES (2010) sultados de concretos similares de
comparam valores de coeficiente de di- RODRIGUES e GUIMARÃES (2008) e
CLIMENT et al. (2002) utiliza corpos fusão em função do GS para o concreto NIELSEN e GEIKER (2003). Os resulta-
de prova de concreto de 100 mm de H1 e valores obtidos por CLIMENT et al. dos são muito próximos, sendo os mé-
diâmetro e 200 mm de altura., sendo (2002) para concreto similar (H-25) (Fig. todos de ensaio diferentes.
curados por aproximadamente 6 me- 3). Embora os métodos utilizados apre-
ses. Os corpos de prova são mantidos sentem significativas diferenças, a curva 2.4 Comparação com resultados
em câmaras com umidade relativa con- ajustada apresenta boa correlação. de BANDEIRA et al. (2014)
trolada para obtenção do GS desejado
e a contaminação do topo é feita em 2.3 Comparação com resultados BANDEIRA et al. (2014) realizam
câmara de queima de PVC. Após tem- de NIELSEN e GEIKER (2003) ensaios seguindo o método de GUI-
pos pré-determinados, os corpos de MARÃES e HELENE (2007), utilizando
prova são desgastados e obtidos os NIELSEN e GEIKER (2003) utilizam corpos de prova de aproximadamente
100 mm de diâmetro e 50 mm de al-
tura. Utilizam concretos denominados
1,60E-11
M1, M2 e M3, todos executados com
1,40E-11
cimento espanhol ARI, sendo M2 e M3
1,20E-11
com adição, conforme Tab. 1.
1,00E-11
D - m2/s
25,00
a/c, maior o GS. Possivelmente isso se
M1
20,00
D (10-6. mm2/s)
4. ESTUDOS DE CASO
A seguir são apresentados resulta-
dos de estudos de caso onde foram
obtidos perfis de cloretos em estruturas
em uso com idade superior a 20 anos.
Foram comparados os perfis medidos
na idade da extração das amostras
com os resultados do modelo determi-
nístico baseado na segunda lei de Fick
u Figura 7
não considerando o GS e consideran- Medição de GS no extremo sul do Brasil: a) Cais do Terminal
do o GS. de Conteiners - TECON- pontos PS e PI – cimento CP IV-32,
A Figura 9 apresenta valores de co- b) Cais do TECON – pontos ES e EI – cimento CP IV-25, c) Torre de
telecomunicações – medição a 40 m de altura e à 500 m do mar – cimento
eficiente de penetração de íons cloreto
Portland comum, d) Testemunhos do ponto PS expostos em pavilhão no
(k), conforme equação 3, para o ponto TECON, ponto a 10 m de altura e à 120 m do mar
PS – TECON (GUIMARÃES e RODRI- (GUIMARÃES e RODRIGUES, 2010)
GUES, 2010), relativo à viga de para-
mento de cais marítimo no extremo sul cais, relativo a estacas prancha (Fig. o GS, foi de 150% e, considerando o
do Brasil (Fig. 7a). O concreto desta 7b), o erro não considerando o GS e GS, este erro baixa para 61%. Para os
estrutura foi executado com cimento considerando o GS foram de 141% e pontos ES e EI, os erros considerando
pozolânico. 45%, respectivamente. Para o ponto o GS ainda são altos, embora tenha
EI (Fig. 7b), o erro, não considerando reduzido muito em relação ao modelo
c = k(t)1/2 [3]
90
c: profundidade de ataque - mm;
k: coeficiente de penetração do cloreto
80 PS
– mm.ano-1/2; ES
t: tempo de ataque – ano. EI
Grau de Saturação - %
70
Conforme equação 3, k é propor- Pavilhão
Torre
cional a profundidade de ataque, sen- 60
Rack-Poz-L
do kmedido obtido diretamente no perfil
Rack-Poz-b
de cloretos obtido na estrutura (Figura 50 Rack-Poz-i
9a) e Kestimado, considerando ou não o Rack-ARI-L
GS, obtido através das equações 1, 2 40 Rack-ARI-b
Observa-se que o modelo apre- *L – testemunho com superfície lateral, em relação à superfície de concretagem, exposta para o sul;
b – testemunho com superfície exposta para baixo (ambiente aberto protegido de intempérie;
senta um erro de 128% quando não i – testemunho exposto ao ambiente de laboratório (interno).
considerado o GS (Fig. 9d) e que este
erro cai para 3,6% quando considera- u Figura 8
do o GS (Fig. 9b), em relação ao valor Valores de GS para os pontos PS, ES, EI; testemunhos de PS expostos no
pavilhão do TECON; Torre; rack para o traço P1(Poz) e para o traço H1(ARI)
obtido no perfil medido aos 22 anos
(GUIMARÃES e RODRIGUES, 2010)
(Fig. 9a). Para o ponto ES do mesmo
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1 INTRODUÇÃO cesso de cogeração de energia libere di- gado à cinza do bagaço da cana de
O
Brasil é o maior produtor óxido de carbono (CO2) para a atmosfera, açúcar, uma vez que a CBC não possui
de cana de açúcar no mun- a quantidade de emissões é significativa- características fertilizantes.
do e também o principal mente menor, comparada com outras Dependendo das condições de
exportador de seus derivados (etanol e fontes de energia como o petróleo, em queima do bagaço, podem ser geradas
açúcar). A Política Nacional de Biocom- função da produção da mesma quanti- CBC com atividade pozolânica (estado
bustíveis assegura ao setor a expec- dade de energia, o que acaba por cor- amorfo) ou não (estado cristalino). As
tativa de grande desenvolvimento por roborar estudos relacionados à produção CBC no estado amorfo podem ser uti-
meio do incentivo à participação dos de energia com processos alternativos lizadas como materiais pozolânicos e
biocombustíveis na matriz de combus- e também estudos que abordem sobre substituir parte do cimento, enquanto
tíveis brasileira, por serem resultantes possíveis aplicações técnicas com valor que as CBC no estado cristalino são
de fontes renováveis e, também, por agregado para os resíduos oriundos de inertes e podem ser utilizadas como fíler
trazerem contribuições econômicas, tais atividades. na produção de concretos.
sociais e ambientais (BESSA, 2011). A geração da cinza do bagaço de Assim, no estudo da cinza do baga-
Assim como o vinhoto, torta de fil- cana de açúcar (CBC) ocorre na quei- ço da cana de açúcar, além do desen-
tração, palha, levedura, dentre outros, o ma do bagaço nas caldeiras durante volvimento da tecnologia de agregados
bagaço da cana de açúcar é um subpro- o processo de cogeração de energia, alternativos para a indústria do concre-
duto das agroindústrias sucroalcooleiras. sendo essa uma fase complementar do to e de substituintes parciais para o ci-
Estima-se que toda energia necessária aproveitamento do bagaço de cana de mento, valoriza-se também a utilização
para o funcionamento do processo da açúcar no processo de obtenção do de um subproduto agroindustrial gera-
usina (mecânico, elétrico, acionamento açúcar e álcool (FREITAS, 2005). do nas usinas sucroalcooleiras, agre-
das bombas, moendas e para o proces- Após o processo de queima do gando novos valores há um subproduto
so de destilação e concentração do cal- bagaço da cana de açúcar, o principal que é descartado em lavouras.
do) pode ser abastecido pelo sistema de destino para a CBC são os depósitos
cogeração de energia usando somente junto ao local de saída, de onde serão 1.1 Resistência do concreto
o bagaço de cana queimado nas caldei- removidas por caminhões tendo como ao ataque por cloretos
ras como fonte energética, o que pode destino a disposição em lavouras. No
tornar a usina energeticamente autossu- entanto, conforme destacam Paula Um concreto durável, conforme
ficiente (FREITAS, 2005). Ainda, Freitas (2006) e Altoé (2013), esta aplicação destacam Mehta e Monteiro (2008),
(2005) destaca que, mesmo que o pro- é inadequada e não atribui valor agre- deverá preservar sua forma, qualidade
a c
u Figura 3
Metodologia do EPCANP – a) Procedimentos de Ensaio. b) Representação da face rompida do CP, demonstrando a
região onde é medida a profundidade de penetração dos íons cloreto. c) Fotografia de um CP em que foi borrifada
a solução de AgNO 3. A região mais clara (laterais) representa a parte do CP com cloretos livres (Saciloto (2005)
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2005.
A
s maiores densidades integridade física da estrutura (ME- de potencial entre eletrodos posi-
demográficas brasileiras DEIROS JR et al., 2014). A RES é cionados sobre a superfície do con-
(acima de 100 habitan- uma característica dos materiais em creto. Dentre os métodos de ensaio
tes/km²) ocorrem em torno dos ei- geral, sendo o inverso da conduti- existentes, destaca-se o de Wenner
xos intensamente urbanizados e nas vidade elétrica e indica a habilidade ou dos quatro eletrodos. Original-
áreas litorâneas (IBGE, 2010). Isso de transporte de cargas elétricas no mente era utilizado para solos e mais
leva à urbanização e industrialização material avaliado. tarde foi adaptado para uso no con-
de uma região onde há forte agres- A medida é realizada através da creto. O ensaio consiste em colocar
sividade às estruturas de concreto leitura de uma corrente elétrica gera- quatro eletrodos em contato direto
(ABNT NBR 6118: 2014), tanto pelo
processo de carbonatação quan-
to pelo ataque por cloretos. Atual-
mente, a resistência à compressão
é utilizada como principal parâmetro
de controle de qualidade do concre-
to (ABNT NBR 1265: 2006). Porém,
nem sempre a avaliação da durabi-
lidade com base nos resultados de
resistência mecânica é adequada.
Neste contexto, surge a necessida-
de de avaliar e quantificar parâme-
tros relacionados diretamente com
a durabilidade do concreto armado.
O ensaio de Resistividade Elétri-
ca Superficial (RES) é não destruti- u Figura 1
Esquema do ensaio de quatro pontos para medir resistividade
vo e de fácil execução, que permite
(Adaptado de MEDEIROS, 2001)
contínuo monitoramento da qualida-
dosagem, sendo rompidos 3 aos 28 25 cm (Figura 2), os quais foram das por outros autores (LEOCINI,
dias e 3 aos 63 dias. Para mensu- dimensionados com base nas re- 2011), a fim de simular um meio
rar a resistividade elétrica superfi- comendações de Gowers e Millard infinito que não influenciasse a RES
cial do concreto foram moldados 4 (1999) e Medeiros (2001). Dimen- devido à geometria da peça. As lei-
corpos de prova cúbicos de aresta sões semelhantes já foram adota- turas foram realizadas aos 63 dias,
com o Eletrodo de Wenner de es-
paçamento igual a 50 mm, em cada
uma das faces do paralelepípedo,
totalizando 24 resultados por con-
creto executado (Figura 3). A fim de
não influenciar nas leituras de RES,
não foram utilizados óleos ou ceras
desmoldantes para as moldagens.
As amostras foram desformadas
com 24 horas de idade e submeti-
a b das à cura submersa saturada com
cal por 7 dias e, em seguida, per-
maneceram em uma câmara úmida
u Figura 2
(a 23±2°C, umidade relativa acima
a) Formas dos corpos de prova cúbicos b) Corpos de prova moldados
de 90%) até o momento das rup-
turas e leituras. Assim, todas as
medições de resistividade elétrica
foram realizadas com o concreto
saturado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como os traços unitários utili-
zados no programa experimental
foram os mesmos (1: 2,12: 2,88:
0,59), variando apenas a concen-
tração de cloretos, os concretos
deveriam pertencer a mesma classe
u Figura 3
de resistência à compressão. Aos
Leituras de resistividade elétrica do concreto
28 dias, considerando os desvios
u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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à Data: 8 a 10 de setembro
à Local: Lisboa, Portugal
à Realização: Alconpat 14º Congresso Internacional sobre Química
à Informações: www.conpat2015.com do Cimento
à Data: 13 a 16 de outubro
à Local: Pequim, China
Conferência Internacional sobre Concreto à Realização: ICCC
Estrutural Sustentável à Informações: www.iccc2015beijing.org
à Data: 15 a 18 de setembro
à Local: La Plata, na Argentina
à Realização: AATH, AAHES, LEMIT, RILEM Seminário Desafios do projeto, produção
à Informações: www.sustainconcrete2015.com.ar e aplicação do concreto
à Data: 15 de outubro
à Local: São Paulo, SP
Seminário da Reciclagem de Resíduos à Realização: ABCP
à Data: 17 de setembro
à Local: São Paulo, São Paulo
à Realização: Abrecon
57º Congresso Brasileiro do Concreto
à Informações: www.acquacon.com.br/seminariorcd
à Data: 27 a 30 de outubro
à Local: Bonito, Mato Grosso do Sul
ENECE 2015 – 18º Encontro Nacional à Realização: IBRACON
à Data: 8 e 9 de outubro
à Local: São Paulo, SP
à Realização: ABECE
ACI Convention – Fall 2015
à Informações: www.abece.com.br
à Data: 8 a 12 de novembro
à Local: Denver, Estados Unidos
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