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RESUMO
O desenvolvimento de uma nova forma farmacêutica envolve a realização
preliminar do estudo de pré-formulação para que sejam reunidas informações sobre
as características físicas, químicas e mecânicas dos constituintes da formulação.
Neste trabalho, uma pesquisa de caráter experimental, o estudo de pré-formulação
foi realizado mediante a execução dos seguintes testes: identificação do ácido
acetilsalicílico por reações químicas, identificação do produto de degradação ácido
salicílico, análise da solubilidade e determinação granulométrica do princípio ativo e
excipientes. Após a caracterização química e física dos constituintes da formulação,
um pó efervescente medicamentoso foi desenvolvido. Os excipientes selecionados
para compor a formulação foram: sacarina, um edulcorante utilizado para mascarar
o sabor desagradável de outros componentes; bicarbonato de sódio com função de
base efervescente; ácido tartárico e o ácido cítrico para reagirem com a base e dar
início à efervescência e, finalmente, o ácido acetilsalicílico, fármaco antiinflamatório
não esteroidal amplamente comercializado em diversas formas farmacêuticas.
Durante a reconstituição em água do pó efervescente medicamentoso desenvolvido,
observaram-se a formação de bolhas devido ao desprendimento de gás carbônico,
característica desta forma farmacêutica e a completa solubilização do ácido
acetilsalicílico.
ABSTRACT
The development of a dosage form new involves preliminary pre-formulation
study in order to assemble the informations about physical, chemical, and
1,2
Farmacêutica graduada pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais; email para correspondência -
denise.albergaria@hotmail.com; 2Farmacêutica mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Docente do
. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. Rua Bárbara Heliodora 725, Bom Retiro, Ipatinga-MG
mechanical characteristics of the formulation constituents. In this work, an
experimental research, a preformulation study was conducted by the following tests:
acetylsalicylic acid and salicylic acid identification, solubility study and particle size
determination of drug and excipients. After the chemical and physical constituents
characterization in the formulation, an effervescent powder was developed. The
excipients selected to compose the formulation were saccharin, a sweetener widely
used to mask the unpleasant taste of the constituents, sodium bicarbonate which is
the basic effervescent, citric acid and tartaric acid for react with the base and initiate
effervescence and finally acetylsalicylic acid, nonsteroidal anti-inflammatory drug
widely marketed in various dosage forms. In the medicine developed reconstitution in
water, was observed the formation of bubbles, typical this dosage form and the
complete acetylsalicylic acid dissolution.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
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Farmácia & Ciência, v.3, p20-33, abr/jul. 2012.
ESTUDO DE PRÉ-FORMULAÇÃO
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Farmácia & Ciência, v.3, p20-33, abr/jul. 2012.
Método C
A 0,20 g de AAS foram adicionados 4 mL de NaOH 2 mol/L. A solução foi
fervida por 3 minutos. Após esfriar, 5,0 mL de H2SO4 foram adicionados. De acordo
com a F. Bras. V (2010), deve ser produzido um precipitado cristalino. Filtrou e lavou
o precipitado com água.
Método D
O filtrado obtido no método C foi aquecido com 2 mL de etanol e 2 mL de
H2SO4. De acordo com a F. Bras. V (2010), deve ser formado acetato de etila,
reconhecido pelo seu odor característico.
LIMITE DE ÁCIDO SALICÍLICO
Pesou-se 0,10 g de AAS e dissolveu-se em 5 mL de etanol. Em seguida,
adicionou-se água gelada e 2 gotas de FeCl3 0,5% p/v (solução amostra). Preparou-
se solução padrão de ácido salicílico (AS) 5 mg/100 mL em etanol. Transferiu-se 1
mL desta solução padrão para frasco adequado, adicionaram-se 2 gotas de FeCl3, 4
mL de etanol e 15 mL de água destilada.
De acordo com a F. Bras. V (2010), a cor da solução amostra não deve ser
mais intensa que a cor da solução padrão, o que corresponde a um limite máximo de
2,5.10-4 % p/v de AS.
DETERMINAÇÃO DA GRANULOMETRIA DOS PÓS
De acordo com o procedimento descrito na F. Bras. V (2010) foi realizada a
determinação da granulometria dos pós (determinação do tamanho das partículas).
Foram utilizados quatro tamises (Bertel®) de tamanhos diferentes sendo
estes sobrepostos de maior para menor diâmetro de malha. Os tamises utilizados
foram os seguintes: número 12 com malha de 1,70 mm de diâmetro, 14 com 1,40
mm, 18 com 1,00 mm de diâmetro e 20 com 0,850 mm de diâmetro. Adicionaram-se
16,00 g de AAS no primeiro tamis e realizaram-se movimentos horizontais e
verticais, por 20 minutos. Ao término do tempo indicado, calculou-se a porcentagem
das porções de princípio ativo presentes nas malhas dos tamises e realizou a
classificação da granulometria do pó, levando-se em consideração as informações
indicadas na Tabela 2. O mesmo procedimento foi realizado para os excipientes que
compunham a formulação.
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Tabela 2 – Classificação da granulometria dos pós.
Aquele cujas partículas passam em sua
totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha
Pó grosso
de 1,70 mm, e no máximo, 40% pelo tamis com
abertura nominal de 355 µm.
Aquele cujas partículas passam em sua
Pó
totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha
moderadamente
de 710 µm e, no máximo, 40% pelo tamis com abertura
grosso
nominal de malha de 250 µm.
Aquele cujas partículas passam em sua
totalidade pelo tamis de abertura nominal de malha de
Pó semi-fino
355 µm e, no máximo, 40% pelo tamis com abertura
nominal de malha de 180 µm.
Aquele cujas partículas passam em sua
Pó fino totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha
de 180 µm.
Aquele cujas partículas passam em sua
Pó finíssimo totalidade pelo tamis com abertura nominal de malha
de 125 µm.
FONTE - F. Bras. V (2010).
DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO
Para elaboração do pó efervescente medicamentoso, pesaram-se
quantidades definidas do AAS, ácido cítrico (Dinâmica®), bicarbonato de sódio,
sacarina sódica (Synth®) e ácido tartárico (Dinâmica®). Todas as matérias-primas
passaram, previamente, por redução de tamanho de partícula utilizando-se gral e
pistilo. Em seguida, o princípio ativo, na dose de 400 mg e os excipientes foram
submetidos ao processo de mistura por 10 minutos.
ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA FORMULAÇÃO
TESTE DE EFERVESCÊNCIA
Na análise da efervescência foi colocada uma dose de pó efervescente em
um béquer contendo 200 mL de água na temperatura ambiente. O teste foi realizado
em sextuplicata. Segundo a Farmacopéia Portuguesa (1962), devem ser liberadas
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bolhas de gás e quando o desprendimento gasoso terminar, os grânulos deverão
estar desagregados e dissolvidos ou dispersos na água em menos de cinco minutos.
DETERMINAÇÃO DO pH
Determinou-se o pH de três soluções resultantes do teste de efervescência,
por meio de pHmêtro (Tecnal®) previamente calibrado.
LIMITE DE ÁCIDO SALICÍLICO NA FORMULAÇÃO
Pesou-se quantidade de formulação desenvolvida, contendo o equivalente a
0,10 g de AAS e dissolveu-se em 5 mL de etanol. Procedeu-se conforme descrito no
item Estudo de Pré-Formulação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ESTUDO DE PRÉ-FORMULAÇÃO
O AAS foi caracterizado como pó branco, cristalino e inodoro como descrito
na F. Bras. V (2010). Foram necessários 1300 mL de água destilada na temperatura
ambiente para solubilizar 1,00 g de AAS, sendo classificado como muito pouco
solúvel (Tabela 3). O resultado encontrado está em desacordo com a F. Bras. V
(2010), provavelmente, pela temperatura da água não ter sido monitorada durante o
experimento, o que pode ter influenciado na solubilidade do fármaco, já que essa
propriedade físico-química pode variar muito com a temperatura.
Tabela 3 - Resultados do Estudo de Pré-formulação.
Testes Resultado Esperado Resultado Obtido
Descrição Física Pó branco, inodoro De acordo
Em desacordo (muito
Solubilidade Pouco solúvel em água
pouco solúvel)
Método B: Coloração De acordo
vermelho-violeta
Método C: Formação de De acordo
Identificação do AAS um precipitado cristalino
Método D: Odor
característico de acetato
Em desacordo
de etila
Limite de Ácido Salicílico Cor da solução amostra De acordo
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não se apresentou mais
intensa que a cor da
solução padrão
Granulometria dos Pós Pó grosso De acordo
FONTE- dados experimentais.
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Figura 1 - Reações químicas pertinentes aos métodos B, C e D de
identificação de AAS descrito na F. Bras V (2010).
O AAS e a mistura de excipientes foram, primeiramente, classificados como
sendo pó grosso (Tabela 4). O tamanho das partículas das matérias-primas
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selecionadas para compor a formulação do pó medicamentoso efervescente é um
parâmetro físico importante a ser avaliado no estudo de pré-formulação, pois
interfere no processo de mistura e na velocidade de dissolução da formulação.
Quanto menor e mais homogêneo é o tamanho das partículas, mais fácil será o
processo de mistura e maior será a superfície de contato e, consequentemente, a
velocidade de dissolução dos componentes da formulação incorporados à água. Por
este motivo, o AAS e a mistura de excipientes foram pulverizados em gral, antes de
serem utilizados para elaboração da formulação.
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Ácido orgânico que participa da
Ácido tartárico 26,83
formação de efervescência
Base que participa da formação
Bicarbonato de sódio 48,80
de efervescência
Edulcorante para mascarar sabor
Sacarina sódica 0,55
desagradável
FONTE – dados experimentais.
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Figura 2 - Processo de efervescência da formulação desenvolvida de AAS.
CONCLUSÃO
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A formulação desenvolvida apresentou efervescência adequada, boas
propriedades organolépticas e não mostrou degradação significante do fármaco, o
que sugere compatibilidade entre os componentes da formulação.
Enfim, o pó efervescente medicamentoso representa uma forma farmacêutica
alternativa e viável para a administração de fármacos e fácil de ser produzida em
farmácias magistrais.
REFERÊNCIAS
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Farmácia & Ciência, v.3, p20-33, abr/jul. 2012.
PALUDETTI, L.A; GAMA, R. Medicamentos Efervescentes. Revista Rx. 3: 18-22,
2007. Disponível em <http://revistarx.com.br/wp-content/uploads/2009> Acesso em
03 out. 2009.
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